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Capítulo 6 Função Motora, Fadiga e Dor em Adolescentes e Adultos com Paralisia Cerebral Aline Duprat Ramos * , Adriana Ferreira Dias, Rosane Luzia de Souza Morais, Ana Paula Santos Resumo: Neste cap´ ıtulo investigou-se a percep¸c˜ ao da fadiga e da dor cotidiana em vinte adolescentes e adultos com Paralisia Cerebral (PC), idade superior a 12 anos e cogni¸c˜ao preservada. Os instrumen- tos instrumentos utilizados foram os question´arios sociodemogr´ afico, de fadiga e de dor, Medida de Fun¸ c˜ao Motora Grossa (GMFM), Sis- temadeClassifica¸c˜aodaFun¸ c˜ao Motora Grossa (GMFCS), Sistema deClassifica¸c˜aode Habilidade Manual(MACS),e Crit´ erio de Deam- bula¸c˜ ao. Os dados obtidos foram relacionados com a fun¸c˜ ao motora (FM). Todos os sujeitos da pesquisa relataram dor no corpo e fadiga mental ou f´ ısica, por´ em de baixa intensidade para a maioria. Houve correla¸ c˜ao significativa apenas entre fadiga mental e o MACS. Palavras-chave: Fadiga mental, Dor, Atividade motora, Paralisia cerebral. Abstract: This chapter investigated the daily fatigue and pain per- ception in twenty adolescents and adults with Cerebral Palsy (CP), with age 12 and above, and with preserved cognition. The instru- ments used were: Sociodemographic, fatigue and pain questionnai- res, Gross Motor Function Measure (GMFM), Gross Motor Func- tion Classification System (GMFCS), Manual Ability Classification System (MACS), and the Ambulation Criteria. Acquired data were correlated with the motor function (MF). All the individuals re- ported body pain as well as mental or physical fatigue, however of low intensity, for most of them. We found a positive correlation between mental fatigue and manual motor function. Keywords: Mental fatigue, Pain, Motor activity, Cerebral palsy. * Autor para contato: [email protected] Castilho-Weinert & Forti-Bellani (Eds.), Fisioterapia em Neuropediatria (2011) ISBN 978-85-64619-01-2

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Capítulo 6

Função Motora, Fadiga e Dorem Adolescentes e Adultos com Paralisia Cerebral

Aline Duprat Ramos∗, Adriana Ferreira Dias,Rosane Luzia de Souza Morais, Ana Paula Santos

Resumo: Neste capıtulo investigou-se a percepcao da fadiga e dador cotidiana em vinte adolescentes e adultos com Paralisia Cerebral(PC), idade superior a 12 anos e cognicao preservada. Os instrumen-tos instrumentos utilizados foram os questionarios sociodemografico,de fadiga e de dor, Medida de Funcao Motora Grossa (GMFM), Sis-tema de Classificacao da Funcao Motora Grossa (GMFCS), Sistemade Classificacao de Habilidade Manual (MACS), e Criterio de Deam-bulacao. Os dados obtidos foram relacionados com a funcao motora(FM). Todos os sujeitos da pesquisa relataram dor no corpo e fadigamental ou fısica, porem de baixa intensidade para a maioria. Houvecorrelacao significativa apenas entre fadiga mental e o MACS.

Palavras-chave: Fadiga mental, Dor, Atividade motora, Paralisiacerebral.

Abstract: This chapter investigated the daily fatigue and pain per-ception in twenty adolescents and adults with Cerebral Palsy (CP),with age 12 and above, and with preserved cognition. The instru-ments used were: Sociodemographic, fatigue and pain questionnai-res, Gross Motor Function Measure (GMFM), Gross Motor Func-tion Classification System (GMFCS), Manual Ability ClassificationSystem (MACS), and the Ambulation Criteria. Acquired data werecorrelated with the motor function (MF). All the individuals re-ported body pain as well as mental or physical fatigue, however oflow intensity, for most of them. We found a positive correlationbetween mental fatigue and manual motor function.

Keywords: Mental fatigue, Pain, Motor activity, Cerebral palsy.

∗Autor para contato: [email protected]

Castilho-Weinert & Forti-Bellani (Eds.), Fisioterapia em Neuropediatria (2011) ISBN 978-85-64619-01-2

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108 Duprat Ramos et al.

1. Introdução

A Paralisia Cerebral (PC) e um grupo de perturbacoes permanentes nodesenvolvimento do movimento e da postura, que causa limitacoes nasatividades funcionais, atribuıdas a disturbios nao progressivos que ocorremno encefalo imaturo (Rosenbaum et al., 2007). A PC e uma condicaopermanente e, embora a lesao neurologica possa ser estatica, as sequelasmusculoesqueleticas mudam significativamente ao longo da vida (Paterson,2004).

A expectativa de vida de indivıduos com PC tem aumentado (Jones,2009), e junto a isto complicacoes como: deformidades osseas (Paterson,2004) degeneracao articular (Carter & Tse, 2009), fraqueza e diminuicao deforca muscular (Moreau et al., 2009; Shortland, 2009) deficits de equilıbriocorporal (Opheim et al., 2009), fadiga (Jahnsen et al., 2003) e dor (Jahnsenet al., 2004a).

As alteracoes musculoesqueleticas, como a fadiga e a dor, contribuempara a deterioracao da funcao motora de indivıduos com PC e a marcha ea mais estudada (Jahnsen et al., 2004b; Moreau et al., 2008; Opheim et al.,2009; Maanum et al., 2010). Opheim et al. (2009) analisaram a marcha, ador e a fadiga de 226 adultos com PC num perıodo de sete anos. Os autoresobservaram que a deterioracao da marcha estava associada a fadiga fısica ea relatos de aumento da frequencia, da intensidade e do numero de regioesdo corpo com dor, alem de um alto impacto causado pela dor nas atividadesde vida diaria. Segundo Jahnsen et al. (2004b), em um estudo com 406adultos com PC, a fadiga e a dor influenciaam na deterioracao da marcha.

Embora estudos descritivos indiquem uma associacao entre a fadiga, ador e a funcao, apenas Moreau et al. (2008) investigaram a relacao entre afuncao motora grossa e a fadiga em indivıduos adultos com PC. Estes auto-res estudaram a fadiga muscular induzida por um protocolo de atividadesfısicas realizado em um ambiente controlado com o uso de um dinamometroisocinetico. Como conclusao, observaram que a fadiga muscular mensuradapoderia ou nao estar relacionada a um relato subjetivo do sintoma. Deve-seconsiderar que as demandas fisiologicas requeridas para a deambulacao e arealizacao de atividades de vida diaria podem aumentar a percepcao de es-forco, pois ocorre maior geracao de forca muscular associada e contribuicaodo sistema cardiorrespiratorio.

Embora a literatura (Andersson & Mattsson, 2001; Jahnsen et al., 2003,2004a,b; Moreau et al., 2008; Jones, 2009; Opheim et al., 2009) reporte apresenca de dor e fadiga em adultos com PC e ressalte a interferencia destasvariaveis na funcao motora grossa, ainda nao ha evidencias suficientes quesustentem tal proposicao. A literatura sugere novos estudos com diferentesdesenhos de pesquisa, nos quais se considere a influencia destes fatores emcontexto de vida real (Jahnsen et al., 2003, 2004b; Moreau et al., 2008;Opheim et al., 2009). A partir da compreensao dos fatores que interferem

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Função motora, fadiga e dor em adolescentes e adultos com PC 109

na funcao motora de adultos com PC sera possıvel desenvolver intervencoespara as necessidades especıficas desta populacao.

Desta forma, o presente estudo teve como objetivo geral investigar apercepcao da fadiga e a dor que adolescentes e adultos com PC apresentamem seu cotidiano e, como objetivo especıfico, verificar de que forma estasvariaveis se correlacionam com funcao motora destes indivıduos.

1.1 Fundamentação TeóricaA dor e a fadiga sao sintomas de natureza subjetiva, comum na populacaoem geral (Loge et al., 1998). Entretanto, em criancas com PC estes sin-tomas sao mais frequentes e chegam a influenciar no convıvio social e nafuncao escolar das mesmas (Berrin et al., 2007). Entende-se por fadiga asensacao de exaustao, cansaco, fraqueza ou falta de energia (Kaasa et al.,1999). Por outro lado, a dor e um sintoma que pode variar com a experi-encia subjetiva do indivıduo a danos reais ao tecido, bem como com o seulimiar de tolerancia (IASP Task Force on Taxonomy, 1994).

Criancas com PC geralmente apresentam, ao longo de suas vidas, umapobre capacidade aerobia e padroes neuromusculares anormais que favore-cem o aparecimento de alteracoes musculoesqueleticas como deformidadesarticulares, fraquezas musculares e instabilidade postural (Bottos & Ge-ricke, 2003). Todas estas alteracoes favorecem a realizacao da funcao den-tro de uma incongruencia biomecanica. Isto aumenta os gastos energeticosdurante a realizacao das tarefas e se torna importante fonte de dor e fadiga,que geralmente perduram e se agravam na fase adulta (Jahnsen et al., 2003,2004a). Fowler et al. (2007) sugerem que abordagens com gesso seriado,toxina botulınica, cirurgias, treinamento aerobio e de forca muscular, saoboas alternativas para o controle da fadiga e da dor.

Tradicionalmente, o tratamento fisioterapeutico em criancas com PCtem como foco principal a aquisicao da marcha independente, sem conside-rar quanto tempo podera levar para se atingir tal objetivo, ou por quantotempo esta capacidade podera ser mantida pelo indivıduo. Ao se planejaruma intervencao em criancas com PC deve-se ter em vista uma perspec-tiva de uma vida inteira, nao so da infancia, para minimizar situacoes quepodem ser futuras limitantes da funcao motora (Bottos et al., 2001).

2. Metodologia

Este trabalho foi um estudo transversal, aprovado pelo Comite de Eticaem Pesquisa da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri(protocolo no 001/10).

A amostra foi composta por vinte indivıduos que atendiam aos crite-rios de inclusao: possuir PC diagnosticada e registrada em prontuario deum dos centros de reabilitacao de referencia do municıpio de Diamantina(MG), ter idade igual ou superior a doze anos e possuir cognicao preservada

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110 Duprat Ramos et al.

conforme resultados obtidos no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)versao adaptada para a populacao brasileira (Brucky et al., 2003).

Para caracterizacao da amostra, foram coletados dados economicos edemograficos. Para a classificacao economica utilizou-se um questionarioproposto pela Associacao Brasileira de Empresas de Pesquisa (AssociacaoBrasileira de Empresas de Pesquisa, 2009).

Para a classificacao da funcao motora grossa foi utilizado o Sistema deClassificacao da Funcao Motora Grossa (Gross Motor Function Classifica-tion System – GMFCS), que se baseia no movimento iniciado voluntaria-mente, enfatizando a posicao sentada e a marcha. As distincoes entre osnıveis de funcao motora, I a V, sao baseadas nas limitacoes funcionais e nanecessidade de tecnologia assistiva (Palisano et al., 1997).

Para classificar a funcao motora fina utilizou-se o Sistema de Classi-ficacao das Habilidades Manuais (Manual Ability Classification System –MACS), que e um sistema para classificar o modo como indivıduos com PCmanuseiam os objetos em atividades diarias, necessidades de assistencia eadaptacoes. O MACS e composto pelos nıveis I a V, crescentes quanto aslimitacoes presentes (Eliasson et al., 2006).

Para avaliar a funcao motora grossa utilizou-se o Gross Motor FunctionMeasure – GMFM (Russell et al., 2002) que avalia quantitativamente afuncao motora grossa em cinco dimensoes: (1) deitar e rolar, (2) sentar,(3) engatinhar e ajoelhar, (4) de pe e andar e (5) correr e pular.

Na avaliacao da marcha, utilizou-se o Criterio de Deambulacao Funcio-nal e Nao Funcional (CDFNF) (Montgomery, 1998) que classifica a marchabaseando-se na necessidade do uso de dispositivo de auxılio, no nıvel de in-dependencia e na distancia percorrida. A avaliacao da percepcao subjetivada fadiga foi feita por meio do Questionario de Fadiga (Fatigue Question-naire – FQ) (Chalder et al., 1993) que avalia a gravidade da fadiga fısicae mental atraves de 11 perguntas. Tambem utilizou-se a Escala de Seve-ridade da Fadiga (Fatigue Severity Scale – FSS) (Krupp et al., 1989) queavalia a intensidade do sintoma por meio de uma escala visual analogica.

Para avaliacao da percepcao da intensidade de dor no corpo, bem comodo impacto que ela possa causar nas atividades do dia a dia, foram uti-lizadas as perguntas sete e oito do Medical Outcomes Study 36 – ItemShort-Form Health Survey (SF-36), conforme a metodologia utilizada nosestudos de Jahnsen et al. (2004a) e Opheim et al. (2009). Estas perguntasobjetivam identificar quanta dor no corpo o indivıduo teve durante os ulti-mos seis meses e quanto esta dor interferiu no trabalho normal, incluindoo trabalho dentro de casa, durante as ultimas quatro semanas.

Para avaliar a frequencia de dor em diferentes seguimentos do corpo,utilizou-se o domınio “problemas musculoesqueleticos” do questionario de-senvolvido por Andersson & Mattsson (2001). Quanto a avaliacao da inten-sidade da dor nestes locais, utilizou-se como instrumento a Escala Visual

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Função motora, fadiga e dor em adolescentes e adultos com PC 111

Analogica (EVA) que variam de zero (ausencia total de dor) a dez (dormaxima suportavel).

Os questionarios de fadiga e de dor foram respondidos pelos propriosparticipantes. Os participantes que apresentaram dificuldades para se ex-pressar verbalmente, foram orientados a utilizar gestos e movimentos comos olhos e com a cabeca. Foram feitas adaptacoes para os questionarios FQ,SF-36 e questionario sobre seguimentos corporais dolorosos. Para tal, fo-ram utilizados frascos contendo lıquidos coloridos a diferentes nıveis, cadaqual representando uma opcao de resposta (Figura 1). Com relacao ao FSSe a intensidade da dor nos seguimentos corporais dolorosos, confeccionou-seuma EVA em maior dimensao para facilitar a indicacao da resposta peloparticipante (Figura 2). Segundo Sabbadini et al. (2001) e Varni et al.(2005), tais estrategias oferecem autonomia aqueles que apresentam dificul-dades de expressao verbal e minimizam a chance do examinador influenciara resposta do participante.

As alteracoes musculoesqueleticas foram avaliadas atraves de um breveexame postural e fısico.

Para analise dos dados, utilizou-se o software aplicativo SPSS (Statisti-cal Package for the Social Sciences) versao 17.0, e para a caracterizacao daamostra da funcao motora, da dor e da fadiga realizou-se analise descritivados dados. Para avaliar a relacao entre funcao motora e fadiga ou dor,efetuou-se a analise de correlacao de Spearman, com nıvel de significanciade 0,05.

Figura 1. Adaptacoes para opcoes de resposta aos questionarios de dor efadiga.

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Figura 2. EVA confeccionada em tamanho maior.

3. Resultados

A Tabela 1 apresenta a caracterizacao da amostra quanto aos dados de-mograficos, as informacoes sobre a PC, a realizacao de atividade fısica oufisioterapia e a presenca de alteracoes de linguagem.

A Tabela 2 caracteriza a funcao motora dos vinte participantes do es-tudo. Quanto ao GMFM, as pontuacoes totais dos participantes se situa-ram, principalmente, nas faixas entre 0 e 25% (40% dos sujeitos) e entre76 e 100% (45% dos sujeitos). Dos vinte participantes, apenas treze de-ambulavam, nove com deambulacao do tipo funcional e quatro do tipo naofuncional. Dos sete (35%) participantes classificados como nao deambu-lantes, quatro (20%) nunca adquiriram a funcao da marcha e tres (15%)perderam tal funcao ao longo da vida. Pode-se observar tambem umamaior concentracao de pessoas no nıvel I do GMFCS (40%) seguida demaior concentracao no nıvel IV (35%). No que diz respeito ao MACS, umagrande proporcao foi encontrada no nıvel I (60%).

No FQ todos os participantes relataram possuir algum nıvel de inten-sidade de fadiga, de origem fısica ou mental. A maioria dos indivıduos seencontrava na faixa de pontuacao de ate 25% no que se refere a fadiga ge-ral, fısica e mental, seguida de maior concentracao na faixa de 26 a 50% e51 a 75%, respectivamente, para os tres tipos de fadiga citadas (Tabela 3).

De acordo com os resultados da FSS, todos os participantes relataramque os sintomas de fadiga causaram alguma incapacidade em diferentesnıveis. Dentre as incapacidades geradas pelo sintoma de fadiga fısica esta-vam a dificuldade em se manter em atividades ja iniciadas como o andar,o brincar com outros colegas e a auto higienizacao. Dentre as relaciona-das com a fadiga mental estavam a dificuldade em manter a concentracao,

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Função motora, fadiga e dor em adolescentes e adultos com PC 113

Tabela 1. Caracterizacao sociodemografica dos participantes.

Idade Sexo NE Escolaridade Tipo Complicacoes A.F./ Linguagem(anos) PC Musculares Fisio

54 F E 1a a 4a serie Quadriplegia 1, 2, 3, 4, 5 Fisio Afasia12 F B2 5a a 8a serie Quadriplegia 1, 2, 5 Fisio Afasia20 F D Analfabeto Quadriplegia 1, 3, 5 Fisio Disartria16 F C1 Medio inc. Discinetico 1, 2, 5, 6 Nao Disartria38 M C2 Medio comp. Quadriplegia 1, 3, 5 A.F./Fisio Disartria17 M D 5a a 8a serie Quadriplegia 1, 5 A.F./Fisio Disartria59 F D 1a a 4a serie Ataxia 1, 3, 4 Nao Disartria20 M D 5a a 8a serie Diplegia 1 A.F. Disartria32 M C2 Analfabeto Diplegia 1, 3, 4, 5 A.F./Fisio Disartria34 M C2 Analfabeto Quadriplegia 1, 2, 3, 5 Fisio Disartria15 M C2 5a a 8a serie Diplegia 1 Fisio Disartria36 M C1 Medio comp. Hemiplegia 1 A.F./Fisio Disartria12 F C1 5a a 8a serie Hemiplegia 1, 5 A.F./Fisio Disartria40 F B2 1a a 4a serie Quadriplegia 1, 5 Fisio Disartria15 M C2 Analfabeto Discinetico 1, 2, 4, 5, 6 Fisio Afasia17 M B2 Medio inc. Quadriplegia 1, 3, 5 A.F. Disartria24 M C2 5a a 8a serie Misto 1 Fisio Disartria14 M E 5a a 8a serie Hemiplegia 0 A.F./Fisio Disartria17 M D 1a a 4a serie Diplegia 1, 4 Fisio Disartria20 M C1 Medio inc. Quadriplegia 1, 2, 5 Fisio Disartria

M = Masculino, F = Feminino, NE = Nıvel Economico, Medio inc. = Ensino Medio incompleto,Medio comp. = Ensino Medio completo, Complicacoes. Musc. = Complicacoes Musculoesque-leticas: (1) escoliose, (2) cifose, (3) alteracoes nos tornozelos/pes, (4) contraturas de joelho outornozelo ou punho ou cotovelo, (5) obliquidade pelvica, (6) luxacao de quadril. A.F. = AtividadeFısica, Fisio = Fisioterapia

em organizar os pensamentos e a memoria. Tais relatos de incapacidadese concentraram na faixa de porcentagem compreendida entre 51 e 75%seguida de maior concentracao na faixa de 26 a 50%, e de igual proporcaonas faixas ate 25% e entre 76 e 100% (Tabela 3).

A Tabela 4 mostra a frequencia e a intensidade da dor no corpo e emsuas diferentes partes. Treze participantes (65%) relataram dor e todos osseguimentos corporais citados no questionario obtiveram relato de dor. Osseguimentos com maior frequencia de relato de dor foram a cabeca com80%, seguida das costas com 70% e o tornozelo ou o pe com 60%. Houveum predomınio das intensidades de dor leve e moderada no que se refereaos varios locais do corpo (Tabela 4).

A Tabela 5 mostra a intensidade da influencia da dor no corpo nasatividades do cotidiano. Dos treze participantes que relataram sentir dorno corpo, dez (76,92%) relataram que tal sintoma influenciou na realizacaode atividades do dia a dia.

A Tabela 6 apresenta os coeficientes de correlacao de Spearman obtidosentre as variaveis relacionadas a fadiga e a dor, com as relacionadas a funcaomotora. A unica correlacao com significancia estatıstica observada foi entrea fadiga mental e o MACS.

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114 Duprat Ramos et al.

Tabela 2. Caracterizacao da funcao motora grossa e do tipo de marcha.

Classificacao GMFM* Tipo de MarchaMotora 0-25% 26-50% 51-75% 76-100% F. N.F. N.D.

GMFCS (n)Nıvel I (8) – – – 8 8 – –Nıvel II (1) - - - 1 1 - -Nıvel III (3) 1 1 1 - - 3 -Nıvel IV (7) 6 - 1 - - 1 6Nıvel V (1) 1 - - - - - 1

MACS (n)Nıvel I (12) 1 1 1 9 9 2 1Nıvel II (3) 2 - 1 - - 1 2Nıvel III (1) 1 - - - - - 1Nıvel IV (2) 2 - - - - 1 1Nıvel V (2) 2 - - - - - 2

n = numero de participantes; * = distribuicao dos participantes por faixade pontuacao atingida em porcentagem, F. = Funcional, N.F. = Nao Fun-cional, N.D. = Nao Deambula.

Tabela 3. Nıveis de intensidade de fadiga e incapacidade gerados.

Questionarios Ausencia de ≤25%* 26–50%* 51–75%* 76–100%*fadiga (n) (n) (n) (n) (n)

Fadiga geral (FQ) – 13 6 1 –Fadiga fısica (FQ) 1 10 8 1 –Fadiga mental (FQ) – 15 4 1 –Incapacidade gerada – 2 6 10 2por fadiga (FSS)

n = numero de participantes; * = faixa de pontuacao atingida em porcentagem, FQ =Fatigue Questionnaire, FSS = Fatigue Severity Scale.

4. Discussão

Segundo a literatura recente (Hirsh et al., 2010; Horsman et al., 2010), umadas maiores razoes de procura pelos servicos de fisioterapia por adultos comPC sao a dor e a fadiga, bem como as consequencias que estes sintomastrazem para a funcao motora.

A dor cronica e um sintoma bastante comum em adultos com PC euma das causas de incapacidades (Engel et al., 2003; Jahnsen et al., 2004a;Vogtle, 2009; Riquelme et al., 2011). Engel et al. (2003) concluıram que67% de sua amostra relatou dor cronica em um ou mais locais do corpo,e as costas e os membros inferiores foram os locais mais relatados. Nopresente estudo, todos os participantes relataram ter sentido dor no ultimo

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Função motora, fadiga e dor em adolescentes e adultos com PC 115

Tabela 4. Frequencia de relatos e intensidades de dor em diferentes partesdo corpo e a influencia do sintoma nas atividades.

Dor Numero de Intensidade de dorparticipantes relatada segundo EVA (n)

Leve Moderada Grave(1 a 3) (4 a 7) (8 a 10)

Dor no corpo 13 6 6 1(SF36-7)Costas 14 9 5 –Pescoco 11 8 2 1

Tornozelo/pe 12 5 5 2Ombro 6 4 2 –Joelho 9 4 2 3Quadril 4 1 2 1Braco 9 4 3 2

Cabeca 16 1 9 6

Tabela 5. Influencia da dor no corpo nas atividades do cotidiano.

Participantes que Intensidade de dor relatadarelataram influencia segundo EVA (n)

da dor (SF36-8)

Leve (1 a 3) Moderada (4 a 7) Grave (8 a 10)10 6 2 2

ano em um ou mais locais do corpo. No entanto, a cabeca apresentoumaior frequencia de relato de dor, seguida das costas, do tornozelo e pe, edo pescoco. Jahnsen et al. (2004a), em um estudo com 406 adultos comPC, observaram que os relatos de dor na cabeca eram mais prevalentes emindivıduos com PC do tipo discinetica. No presente estudo, a quantidade deindivıduos com PC do tipo espastica foi maior do que a do tipo discinetica.Embora ainda nao haja uma compreensao mais aprofundada sobre as fontesde dor em adultos com PC (Vogtle, 2009) a literatura pesquisada aponta asalteracoes musculoesqueleticas como importantes causas (Paterson, 2004;Jones, 2009; Vogtle, 2009).

Assim como nos resultados encontrados por Jahnsen et al. (2004a), nopresente estudo, nem todos os participantes que referiram dor no corporelataram que o sintoma influenciou as atividades de vida diaria. SegundoRiquelme et al. (2011), a dor na PC parece ser um fenomeno relevantedesde tenra idade, cuja intensidade nao sofre alteracoes relacionadas como avancar da idade, diferentemente do que se observa em indivıduos sau-daveis.

Apesar de todos os participantes relatarem dor em um ou mais locaisdo corpo, nem todos relataram sentir dor no corpo de acordo com as per-

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116 Duprat Ramos et al.

Tabela 6. Resultado das correlacoes de Spearman.

Questionarios GMFCS GMFM Tipo de MACSmarcha

Fadiga geral r = -0,339 r = -0,379 r = -0,335 r = -0,350(FQ) ρ = 0,143 ρ = 0,099 ρ = 0,263 ρ = 0,131

Fadiga fısica r = -0,249 r = -0,277 r = -0,394 r = -0,108(FQ) ρ = 0,289 ρ = 0,238 ρ = 0,183 ρ = 0,651

Fadiga mental r = -0,386 r = -0,377 r = -0,047 r = -0,617*(FQ) ρ = 0,093 ρ = 0,101 ρ = 0,879 ρ = 0,004

Incapacidade gera- r = -0,003 r = 0,070 r = -0,014 r = 0,346da por fadiga (FSS) ρ = 0,989 ρ = 0,752 ρ = 0,963 ρ = 0,136

Dor no corpo r = 0,170 r = 0,039 r = 0,279 r = 0,271(SF36-7) ρ = 0,472 ρ = 0,869 ρ = 0,356 ρ = 0,248

Influencia da dor r = 0,102 r = -0,040 r = 0,394 r = 0,087nas atividades (SF36-8) ρ = 0,667 ρ =0,867 ρ = 0,183 ρ = 0,714

Intensidade geral r = 0,095 r = 0,167 r = 0,073 r = 0,415da dor (EVA) ρ = 0,691 ρ = 0,482 ρ = 0,761 ρ = 0,690

* Correlacao estatisticamente significativa (ρ < 0, 05).

guntas do SF-36. Durante a coleta dos dados observou-se que, ao fazer asperguntas padronizadas do referido questionario (a sete e a oito), a maioriados participantes entendeu o termo “dor no corpo” como mialgia, artralgia,moleza e mal estar generalizados. Entende-se que isto ocorreu porque estestermos sao bastante utilizados pelo Ministerio da Saude para descrever ossintomas de doencas comuns no paıs, como a dengue.

Horsman et al. (2010) observaram em um estudo qualitativo, realizadocom doze adultos com PC, que ao aceitarem que o sintoma e um crescenteem suas vidas, os indivıduos buscam descansar mais e gerenciar melhorsuas energias com atividades mais funcionais e praticas. Tais estrategiasde enfrentamento foram percebidas pelos participantes do estudo comouma derrota, gerando uma angustia psicologica devido as limitacoes nasatividades e as restricoes sociais causadas.

Os resultados deste estudo mostram que todos os participantes relata-ram fadiga seja ela fısica ou mental, porem para a maioria, esta fadiga ede pequena intensidade. Porem, a faixa etaria dos participantes era predo-minantemente abaixo de vinte e cinco anos e a maioria dos participantes

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realizava fisioterapia ha mais de um ano ou praticava atividades fısicas li-vres. Ha evidencias sobre os efeitos beneficos do exercıcio fısico, bem comoda fisioterapia, nos sintomas de fadiga e tambem de dor em adolescentese adultos com PC (Allen et al., 2004; Taylor et al., 2004; Slaman et al.,2010). Porem, um estudo recente de revisao sistematica sobre as evidenciasda intervencao fisioterapeutica em adolescentes e adultos com PC concluiuque as evidencias sobre o assunto sao escassas e que ha uma necessidadeurgente de estudos nesta populacao (Jeglinsky et al., 2010).

Quanto a funcao motora grossa, os participantes dividiram-se princi-palmente em dois grupos: um grupo com maiores limitacoes (GMFCS IVe V, GMFM com pontuacao baixa e ausencia de marcha) e um grupo commelhor desempenho funcional (GMFCS I e II, GMFM com pontuacao altae presenca de marcha funcional). Por outro lado, na funcao motora finahouve maior numero de indivıduos com menores limitacoes (MACS I).

Hanna et al. (2009) acompanharam o desenvolvimento motor grosso de657 indivıduos com PC desde os dezesseis meses de vida ate os vinte e umanos de idade. Observaram que, para cada nıvel do GMFCS, existia umacurva de pico e declınio da funcao motora grossa em relacao a idade. Osnıveis III, IV e V estavam sob maior risco de declınio nesta curva. Acredita-se que a combinacao entre o crescimento fısico e a diminuicao da funcaomotora voluntaria pode estar associada a uma tendencia de aumento decustos energeticos, de contraturas e de rigidez muscular, que perduram nosanos seguintes.

Ha interesse na comunidade cientıfica atual em compreender o queocorre em termos de funcao motora em adultos com PC. Especula-se queha uma deterioracao funcional ao longo dos anos, principalmente no quese refere a locomocao (Bottos et al., 2001; Day et al., 2007; Hanna et al.,2009).

Neste estudo, dos sete participantes que nao deambulavam, tres perde-ram a funcao da marcha ao longo da fase adulta. O participante 1 inicioua marcha aos 12 anos e perdeu aos 20. O participante 7 iniciou aos quatroanos e perdeu aos 39. O participante 10 iniciou com um ano e perdeu aos28. As idades de perda de marcha dos participantes do estudo reforcam osresultados obtidos por Bottos & Gericke (2003) sobre a faixa etaria maiscomum de deterioracao e perda da marcha, ou seja, entre 20 e 40 anos.

Segundo Shortland (2009), em um estudo de revisao, o atraso na aqui-sicao dos marcos motores, o comprometimento neurologico e o envelheci-mento podem comprometer o aumento da reserva muscular e, consequen-temente, a realizacao de tarefas motoras como a marcha em adultos comPC. Outros autores (Jahnsen et al., 2003, 2004a,b; Opheim et al., 2009;Vogtle, 2009; Palisano et al., 2010) associaram o achado tambem a fato-res intrınsecos e extrınsecos ao indivıduo: o desequilıbrio entre a demandaenergetica da atividade e a capacidade fısica, as alteracoes musculoesque-leticas que se desenvolvem no decorrer da vida, a falta de atividades fısicas

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que se adaptem as necessidades de adultos com PC, os relatos de fadiga,e o aumento da frequencia e do impacto causado pela dor em varios locaisdo corpo.

Embora varios estudos descritivos citem a fadiga e a dor como contri-buintes para o declınio das funcoes motoras de adultos com PC, o presenteestudo nao verificou correlacao entre a percepcao subjetiva da fadiga e dador com a funcao motora. A unica correlacao com significancia estatıs-tica encontrada foi entre a fadiga mental e o MACS, a qual foi classificadacomo forte, e com poder estatıstico de 85% ao considerar-se o tamanho daamostra (Cohen, 1988).

A literatura pesquisada na area de adultos com PC e escassa ao des-crever a funcao motora fina. Nao houve registro de estudos publicadoscorrelacionando funcao motora fina e a fadiga geral ou mental. SegundoEliasson et al. (2006) a avaliacao da funcao motora manual em indivıduoscom PC atraves do MACS requer um controle motor fino associado a umademanda cognitiva. Assim, a parte motora envolve o indivıduo fazer a ta-refa corretamente, e a parte da cognicao se refere a saber o que se deve fazer.Desta forma, e possıvel que a dificuldade no controle muscular seletivo emindivıduos com PC requeira maior esforco mental. Wittemberg (2009), emum estudo para mapeamento motor cortical da mao de hemiplegicos e di-plegicos com PC, observou que havia uma reorganizacao da representacaomotora da mao afetada e que o hemisferio cerebral nao afetado continha arepresentacao motora da mao nao afetada e da mao afetada.

Estudos sobre fadiga mental em indivıduos com lesao nervosa centralsao mais frequentes em condicoes como a poliomielite (Bruno et al., 1995;Schanke & Stanghelle, 2001) e a esclerose multipla (Tartaglia et al., 2008).Ao associar a realizacao de tarefas motoras manuais a uma demanda cog-nitiva Marcora et al. (2009) e Tartaglia et al. (2008) conseguiram induzirfadiga mental em indivıduos saudaveis e com esclerose multipla, respecti-vamente. Em indivıduos saudaveis, a fadiga mental limita a tolerancia aoexercıcio fısico atraves do aumento da percepcao de esforco (Marcora et al.,2009).

5. Conclusão

O presente estudo indica que a fadiga e a dor, apesar de serem sintomascom baixa intensidade, foram relatos comuns entre os participantes. Noentanto, a unica correlacao encontrada entre estas variaveis e a funcaomotora, ocorreu entre a fadiga mental e o MACS. Apesar de a literaturarelatar que a fadiga e a dor sao sintomas associados a deterioracao da funcaomotora de adultos com PC, ha uma escassez de estudos que mostrem acorrelacao destes sintomas com a funcao motora.

Como a fadiga e a dor sao sintomas de prevalencia importante nestapopulacao, sugere-se a realizacao de estudos controlados e com amostras

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significativas, a fim de se entender como tais sintomas limitam as atividadese a participacao social em adolescentes e adultos com PC. Alem disto, asintervencoes fisioterapeuticas em indivıduos com PC, desde tenra idade,devem focar estrategias preventivas ou de alıvio destes sintomas.

Agradecimentos

As autoras agradecem ao Nucleo de Reabilitacao Fısica Nossa Senhora daSaude de Diamantina, MG, da Associacao de Pais e Amigos dos Excepci-onais (APAE) e da Clınica-Escola de Fisioterapia da Universidade Federaldos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) pelo apoio fornecido. Asautoras agradecem tambem a Revista Brasileira de Fisioterapia pelo apoio.

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124 Duprat Ramos et al.

Notas Biográficas

Aline Duprat Ramos e Fisioterapeuta (UFVJM, 2010) e atua como fisio-terapeuta no Hospital Pronto Socorro Joao XXIII - Rede FHEMIG de BeloHorizonte, MG.

Adriana Ferreira Dias e Fisioterapeuta (UFVJM, 2010).

Rosane Luzia de Souza Morais e Fisioterapeuta (UFMG, 1996), Especialistaem Fisioterapia (USP, 1998) e Mestre em Ciencias da Reabilitacao (UFMG,2005). Atualmente e doutoranda em Saude da Crianca e do Adolescente (UFMG)e Professor Assistente da UFVJM, Departamento de Fisioterapia.

Ana Paula Santos e Fisioterapeuta (UEL, 1999), Especialista em FisioterapiaNeurologica (UEL, 2001), Mestre e Doutor em Ciencias Medicas – Neurociencias(USP, 2004 e 2009, respectivamente). Atualmente e Professor Adjunto daUFVJM, Departamento de Fisioterapia.