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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS SILVIO SILVESTRE BARCZSZ CARACTERÍSTICAS DA INTERNACIONALIZAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA EXPORTADORA DE FRANGO DE CORTE DO BRASIL E DE MATO GROSSO DO SUL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM AGRONEGÓCIOS CAMPO GRANDE/MS FEVEREIRO/2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

SILVIO SILVESTRE BARCZSZ

CARACTERÍSTICAS DA INTERNACIONALIZAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA EXPORTADORA DE FRANGO DE CORTE DO BRASIL E DE MATO GROSSO DO SUL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM AGRONEGÓCIOS

CAMPO GRANDE/MS

FEVEREIRO/2009

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SILVIO SILVESTRE BARCZSZ

CARACTERÍSTICAS DA INTERNACIONALIZAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA EXPORTADORA DE FRANGO DE CORTE DO BRASIL E DE MATO GROSSO DO

SUL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MULTIINSTITUCIONAL EM AGRONEGÓCIOS (CONSÓRCIO ENTRE A UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL, UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA E A UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS), COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM AGRONEGÓCIOS NA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO DE COMPETITIVIDADE DOS SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS.

ORIENTADOR: PROFESSOR Dr. DARIO DE OLIVEIRA LIMA-FILHO AGÊNCIAS FINANCIADORAS: FUNDECT e CNPq

CAMPO GRANDE/MS

FEVEREIRO/2009

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E CATALOGAÇÃO BARCZSZ, S. S. Características da internacionalização da agroindústria exportadora de frango de corte do Brasil e de Mato Grosso do Sul. Campo Grande: Departamento de Economia e Administração, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2009, 160 p. Dissertação de Mestrado.

Documento formal, autorizando reprodução desta dissertação de mestrado para empréstimo ou comercialização, exclusivamente para fins acadêmicos, foi passado pelo autor à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Universidade de Brasília e Universidade Federal de Goiás e acha-se arquivado na Secretaria do Programa. O autor reserva para si os outros direitos autorais, de publicação. Nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. Citações são estimuladas, desde que citada a fonte.

FICHA CATALOGRÁFICA

Barczsz, Silvio Silvestre Características da internacionalização da agroindústria exportadora de frango de corte do Brasil e de Mato Grosso do Sul. / Silvio Silvestre Barczsz; orientação de Dario de Oliveira Lima Filho. Campo Grande, 2009.

160 p.: il. Dissertação de Mestrado (M) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Departamento de Economia e Administração, 2009. 1. Internacionalização 2. Comércio internacional. 3. Exportação. 4. I. Lima-Filho, II. Doutor

CDD ou CDU

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Dedico esta dissertação a minha família.

Minha esposa Jamisse que sempre ficou ao meu

lado, dando força e coragem em mais essa

etapa da minha vida e as minhas filhas Bianca

e Izabela

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AGRADECIMENTOS

As mais diversas conquistas e superações experimentadas ao longo do caminho do

mestrado exigem muitos agradecimentos.

Primeiramente a Deus, pela vida, pela saúde e pela oportunidade.

A minha família, esposa e as minhas filhas, pela compreensão, paciência e incentivo, e

por todos os sacrifícios, que sei que foram muitos.

Ao Professor Dr. Dario de Oliveira Lima-Filho, meu orientador, por todas as sugestões

e contribuições, bem como pela sua postura de ânimo e boa disposição constante.

Ao Professor Dra. Mayra Batista Bitencourt Fagundes e ao Professor Dr. Luís

Henrique Pereira, pela participação e pelas sugestões realizadas durante a banca de

apresentação dessa dissertação.

Ao DEA/UFMS pela oportunidade de realizar o Curso de Mestrado em Agronegócios,

nas pessoas de seus professores, funcionários e secretárias.

Agradeço a FUNDECT pela bolsa de estudo concedida, que permitiu segurança

financeira até a conclusão do mestrado e ao CNPq pelo apoio financeiro no desenvolvimento

deste trabalho.

Agradeço, por fim, a todos os meus amigos, que sempre me deram apoio durante essa

caminhada.

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RESUMO

Internacionalização dos negócios é um processo crescente e continuado do envolvimento de uma empresa nas operações com outros países. O sistema agroindustrial de frango de corte brasileiro adquiriu o status de maior exportador mundial desta commodity e o terceiro maior produtor mundial. Essa posição se deve a diversos fatores, entre eles: utilização de novas tecnologias, tanto na produção como no manejo; melhoria da qualidade sanitária; e grande disponibilidade de insumos (mão-de-obra e grãos a baixo custo). A atividade apresenta elevado dinamismo e importância econômica e social para o país e também para Mato Grosso do Sul. O objetivo deste estudo é caracterizar a internacionalização da agroindústria exportadora de frango de corte brasileira e de Mato Grosso do Sul, utilizando como arcabouço teórico o modelo de internacionalização da escola de Uppsala. Para tanto, foi adotada metodologia qualitativa, com base no estudo de casos múltiplos. Buscou entender e classificar as empresas processadoras dentro deste processo. Os resultados revelam que as grandes empresas são as mais internacionalizadas e o processo do aprendizado adquirido por elas são copiados pelas demais empresas do setor, acirrando, cada vez mais, a competitividade entre elas. Outro aspecto da internacionalização do setor avícola brasileiro, à distância psíquica, indica que os principais destinos das exportações brasileiras são distantes cultural e geograficamente do Brasil. Vale destacar a importância institucional da ABEF e da APEX no processo de internacionalização das empresas brasileiras e sul-matogrossenses, via fixação da marca setorial e do selo junto aos importadores e consumidores internacionais. Atuam também em feiras internacionais, rodadas de negociações em diversos países, além da formação de cooperativas de exportação e no apoio logístico e comercial, entre outros. São apresentadas, ainda, contribuições acadêmicas, gerenciais e para políticas publicas.

Palavras-chave: Exportação. Estratégia. Carne de Frango. Comércio Internacional.

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ABSTRACT

Internationalization of the businesses is a growing and continuous process of the involvement of a company in the operations with other countries. The Brazilian agroindustrial system of cut of chicken acquired the status of larger world exporter of this commodity and the third largest producer in the world. That position is due to several factors, among them: the use of new technologies, in the production and in the handling; sanitary quality`s improvement; and great accessibility of inputs (labor and grains to a lower cost). The activity presents a high dynamism along with economical and social importance to the country. The objective of this study is to characterize the the main agroindustry exporter's of chicken of cut of Brazil and the of Mato Grosso do Sul, using as theoretical skeleton the model of internationalization of the school of Uppsala. For so much it was adopted qualitative methodology, with base in the study of multiple cases. Was searched the understanding and classification the agroindustries inside of this process. The results reveal that the big companies are what most internationalized, and the process of the learning acquired by them were copied by the other companies of the sector, stimulating more and more the competitiveness among them. Another aspect of the internationalization of the Brazilian aviary sector concerns to the psychic distance, due to the principal destinies of the Brazilian exports are culturally and geographically distant than the national market. It is worth to detach the importance institutional of ABEF and of APEX, in the process of internationalization of the Brazilian and sul-mato-grossenses companies, through fixation of the sectorial mark and of the stamp close to the importers and international consumers, participation in having done and rounds of negotiations in several countries beyond, of the formation of export cooperatives and in the logistic and commercial support, among others. They are presented, still, the contributions, managerial and public policy. Key words: Export. Strategy. Poultry. International Trade.

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SUMÁRIO

Capítulos/Sub-capítulos Página 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12 1.1 PROBLEMÁTICA E RELEVÂNCIA .................................................................. 12 1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 17 1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 17 1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 17 1.3 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS ..................................................... 18 2. CONTEXTO TEÓRICO ....................................................................................... 20 2.1 A INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS NAS CIÊNCIAS

ECONÔMICAS .....................................................................................................

22 2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO PARA AS CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO .... 27 2.3 MODELO DE UPPSALA E A ESCOLA NÓRDICA DE NEGÓCIOS

INTERNACIONAIS .............................................................................................

31 2.4 CANAIS DE ENTRADA AO MERCADO-ALVO OU MERCADO

EXTERNO .............................................................................................................

47 3. CARACTERIZAÇÃO DO SETOR DE FRANGO DE CORTE BRASILEIRO

E A SUL-MATOGROSSENSE ............................................................................

56 3.1 HISTÓRICO DA AVICULTURA NO BRASIL .................................................. 56 3.2 MERCADO INTERNACIONAL E AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE

CARNE DE FRANGO DE CORTE .....................................................................

58 3.3 AVICULTURA SUL-MATOGROSSENSE ......................................................... 64 3.4 AGÊNCIA DE PROMOÇÃO DE EXPORTAÇÕES E INVESTIMENTOS DO

BRASIL - APEX-BRASIL ....................................................................................

68 3.5 O PAPEL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES E

EXPORTADORES DE FRANGOS – ABEF .......................................................

74 4. METODOLOGIA .................................................................................................. 78 5. CARACTERIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS EMPRESAS EXPORTADORAS .... 87 5.1 CASO SADIA ....................................................................................................... 88 5.1.1 Atuação da Sadia em seus principais mercados externos ...................................... 97 5.1.2 Desafios da Internacionalização da Sadia no mercado Russo ............................... 102 5.2 CASO PERDIGÃO ............................................................................................... 105 5.3 FUSÃO DA SADIA COM A PERDIGÃO ........................................................... 114 6. PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA AVICULTURA DE

CORTE DE MATO GROSSO DO SUL ...............................................................

117 7. FATORES DETERMINANTES DA INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR

AVÍCOLA BRASILEIRO E DE MATO GROSSO DO SUL ..............................

123 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 147 8.1 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA .................................................................... 149 8.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA NOVOS

TRABALHOS .......................................................................................................

150 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 152

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura Página

Capítulo 2

2.1 – Modelo Uppsala de Internacionalização ............................................................... 34 2.2 – Matriz do Processo de Internacionalização da Escola Nórdica ............................ 37 2.3 – Classificação das formas de acesso de acordo com o local de produção .............. 48

Capítulo 5

5.1 – Estrutura Organizacional da Sadia ........................................................................ 95

Quadro Página

Capítulo 2

2.1 – A conexão entre fatores ambientais e fatores motivacionais na internacionalização das empresas .........................................................................

29

2.2 – Estágios de internacionalização das empresas ...................................................... 45

Capítulo 3

3.1 – Frigoríficos de frangos de corte no Estado de Mato Grosso do Sul (2008) ............... 68

Capítulo 4

4.1 – Cargo ocupado pelos executivos entrevistados ..................................................... 83

Capítulo 5

5.1 – Unidades Operacionais da Sadia ........................................................................... 96

Tabela Página

Capítulo 3

3.1 – Produção Mundial de Carne de Frango Principais Países (1999-2008) em mil toneladas ...............................................................................................................

59

3.2 – Exportação Mundial de Carne de Frango Principais Países (2000-2008) em mil toneladas ...............................................................................................................

59

3.3 – Consumo Mundial de Carne de Frango Principais Países (2000-2007) em mil toneladas ...............................................................................................................

60

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3.4 – Importação Mundial de Carne de Frango Principais Países (2000-2008) em mil toneladas ...............................................................................................................

61

3.5 – Exportação Brasileira de Carne de Frango (1975-2007) ...................................... 62 3.6 – Os Maiores Exportadores Brasileiros de Carne de Frango em 2007 .................... 63

Capítulo 5

5.1 – Receita Operacional Bruta de Exportação (em milhares de R$) .......................... 93 5.2 – Fusão Sadia e Perdição com dados de 2008 ......................................................... 115 5.3 – Participação de Mercado dos produtos da Sadia .................................................. 115 5.4 – Participação de Mercado dos produtos da Perdigão ............................................. 116

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEF Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos ADRs Recibos de Depósitos de Ações ANBA Agência de Notícias Brasil-Árabe APEX-BRASIL Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil BM&FBovespa Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CCCFA Câmara Chinesa de Comércio de Carnes CD Centro de Distribuição CIFE China International Foodstuff Exposition CN Centro de Negócio CNI Centro de Negócio Internacional COOAGRI Cooperativa Agropecuária e Industrial COOPAVE Cooperativa Avícola Vale do Taquari Ltda. DNC Doença de Newcastle EFSIS European Food Safety Inspection System EU União Européia EUA Estados Unidos da América FCO Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-oeste FDC Fundação Dom Cabral FINAME Financiamento de Máquinas e Equipamentos FOB Free on Board GATT General Agreement on Tariffs and Trade IAGRO Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços IDE Investimentos Diretos Externos IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social IPC The Brazilian Broiler Industry IPIC Índice de Patogênicidade Intracerebral IPTU Imposto Predial Territorial Urbano ISO International Organization for Standardization ISS Imposto Sobre Serviços KGB Komityet Gosudarstvennoy Bezopasnosty MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MERCOSUL Mercado Comum do Sul MS Mato Grosso do Sul NAFTA North American Free Trade Agreement NYSE New York Stock Exchange OIE Oficina Internacional de Epizootias OLI Ownership, Location and Internalization OMC Organização Mundial do Comércio OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo PCGA Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos PDA Programa de Desenvolvimento da Agricultura de MS PROGER Programa de Geração de Emprego, Trabalho e Renda

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PRONAF Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar PSI Processo de Substituição de Importações SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor SDA Secretaria de Defesa Agropecuária SIAL Salão Internacional da Alimentação TI Tecnologia da Informação UBA União Brasileira de Avicultura UHT Ultra High Temperature UNEF União de Exportadores de Frangos USDA United States Department of Agriculture

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1. INTRODUÇÃO

1.1 PROBLEMÁTICA E RELEVÂNCIA

O comércio entre as nações são práticas de negócios seculares, que remonta do tempo

feudal, no qual foram potencializados os descobrimentos marítimos pelo mercantilismo entre

os séculos XVI e XVIII. Tinha como objetivos o acúmulo de riquezas, principalmente por

metais preciosos (ouro e prata) por uma nação, com exportações sempre maiores que as

importações e da restrição de importação, preferencialmente em lugares distantes, que tinha

como finalidade assegurar saldos positivos na balança comercial e o não-enriquecimento dos

países vizinhos, e nem de negociantes rivais (LARANJEIRA, 2006).

Com o passar do tempo, com o advento da Revolução Industrial, configura-se um

novo modelo dentro do comércio internacional. Neste período, surgem os primeiros

pesquisadores que influenciariam e influenciam toda uma geração de pensadores “a

posteriori”, como Adam Smith (séc. XVIII), com sua visão de livre mercado, e David Ricardo

(séc. XIX), com a teoria das vantagens comparativas. Ambos mostravam posições contrárias

ao mercantilismo e favoráveis ao comércio entre as nações.

Entende-se como comércio internacional a troca de bens e serviços pelas fronteiras

internacionais ou territórios. O comércio internacional sempre esteve presente em grande

parte da história da humanidade (Rota da Seda); dada a sua importância econômica, social e

política o comércio internacional tornou-se crescente nos últimos séculos, em função do

avanço industrial, dos transportes, da globalização, do surgimento das corporações

multinacionais e do outsourcing que tiveram grande impacto.

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O período compreendido entre o final do século XX, sobretudo a partir da década de

1970 e o início do século XXI, foi marcado por profundas transformações nos modelos social,

político, econômico, produtivo e, principalmente, tecnológico da sociedade mundial. Esse

período também ficou marcado pelo rompimento do sistema de Bretton Woods1, em 1971,

caracterizando a década de 1970 como um período de “crise dos capitalismos centrais” e altas

taxas de inflação nos países industrializados e na adoção de políticas protecionistas em face

dos desequilíbrios na balança de pagamentos. Além disso, o colapso do sistema culminou com

a quadruplicação do preço do barril de petróleo pela OPEP – Organização dos Países

Exportadores de Petróleo (CRUZ, 2004). Porém, por outro lado, esse rompimento

potencializou o comércio internacional, pois desvincula as transações internacionais do

lastreamento do padrão ouro.

Castells (2002) argumenta que a evolução do comércio internacional, no último século

XX, caracterizou-se, basicamente, por quatro tendências principais: a) transformações

setoriais; b) diversificação relativa, com proporção cada vez maior se deslocando para os

países em desenvolvimento; c) interação entre a liberalização do comércio global e a

regionalização da economia mundial; d) formulação de uma rede de relações comerciais entre

firmas que atravessam regiões e países.

O comércio mundial entre o período de 1950 a 1996 observou um crescimento em

torno de 16 vezes no volume total de exportações e de 31 vezes das exportações de produtos

manufaturados. Esse fato é consequência do aumento da produção que neste mesmo período

cresceu seis vezes; já a produção mundial de manufaturas elevou-se em nove vezes

(LARANJEIRA, 2006).

1 Esse sistema teve início em julho de 1944, em um hotel chamado Bretton Woods, localizado na cidade norte-americana de Littleton (New Hampshire), onde 44 países assinaram um acordo para organizar o sistema monetário internacional. A conferência estabeleceu uma paridade fixa entre as moedas do mundo e o dólar, que poderia ser convertido em ouro pelo Banco Central estadunidense a qualquer instante. Todos os países participantes fixaram o valor de sua moeda em relação ao ouro, criando uma paridade internacional fixa.

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O Brasil passa a ter participação mais intensa no contexto internacional no início dos anos

1990, no governo Collor, que abriu a economia brasileira e inseriu as empresas nacionais em um novo

contexto competitivo global. O novo contexto é marcado por profundas e sucessivas transformações

em sua dinâmica e arquitetura organizacional, exigindo adequação contínua às mudanças, como

condição fundamental para manutenção e desenvolvimento de suas atividades (SOUZA, 1999).

As reformas econômicas e institucionais que a economia brasileira vêm passando vão

ao encontro do novo padrão de expansão da economia mundial. Neste contexto, incluem as

empresas a um novo modelo econômico de comércio internacional, que exigem

especialização crescente da competitividade na atividade por elas desenvolvidas. Todavia, são

necessários estudos que avaliem o nível de eficiência dos sistemas mais expostos ao mercado

internacional, como é o caso do agronegócio da carne de frango de corte.

O agronegócio, principalmente no Brasil, é setor de atividade sujeito à concorrência

em nível internacional. É necessário produzir a custos menores, mas, também, incrementar a

qualidade, concentrar esforços nos produtos industrializados, antecipar-se às principais

tendências do mercado consumidor e articular-se comercialmente para conseguir se apropriar

dos resultados de investimentos em qualidade e produtividade.

A representatividade da economia brasileira no comércio internacional é de

aproximadamente de 1,13% do total comercializado entres as nações no ano de 2005. No que

tange ao agronegócio brasileiro, no ano de 2007 foram exportados US$ 58,41 bilhões;

comparando com 2006, as exportações apresentaram um aumento de US$ 8,99 bilhões, o que

significou uma taxa de crescimento de 18,2%. Com isso, as exportações do agronegócio

representaram 36,4% do total das exportações brasileiras, no mesmo período, que foram de

US$ 160 bilhões. As importações apresentaram variação anual de 30,2%, totalizando US$

8,72 bilhões. Como consequência, registrou-se um superávit da balança comercial do

agronegócio de US$ 49,7 bilhões. No que se refere aos destinos das exportações do

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agronegócio, ressalta-se o crescimento dos valores exportados para os seguintes blocos

econômicos e regiões geográficas: ALADI – Associação Latinoamericana de Integração

(excluindo Mercosul – Mercado Comum do Sul) com 52,2%; União Europeia-27 (EU-272),

com 32,6%; Mercosul com 24,8%; e Ásia com 15,5% (MAPA, 2008a).

A participação do agronegócio nas exportações parece indicar alta competitividade do

setor, mesmo tendo de enfrentar forte protecionismo exercido por países desenvolvidos

(barreiras tarifárias e não-tarifárias), haja vista ser um dos setores mais conflitantes quando se

trata de comércio multilateral.

A maior contribuição para a expansão das exportações do agronegócio no ano de 2007 foi

dada pelo setor de carnes, cujas vendas externas cresceram 30,7%, passando de US$ 8,6 bilhões

em 2006 para US$ 11,3 bilhões em 2007. Os produtos de maior participação foram: carne de

frango, US$ 4,62 bilhões (40,9%); carne bovina, US$ 4,43 bilhões (39,2%); e carne suína, US$

1,16 bilhão (10,3%). Esse bom desempenho de 2007 para a carne de frango é dada pela forte

recuperação das exportações desse setor em consequência da retomada da demanda mundial após

o arrefecimento dos efeitos das ocorrências de gripe aviária na Ásia e Europa (MAPA, 2008a).

Em 2007, o Brasil se destacou como o maior exportador mundial de carne de frango,

status mantido desde 2004, seguido pelos norte-americanos, representando 41,93% das

exportações mundiais, além de ser o terceiro maior produtor mundial de frango, com 15,54% da

produção; também é o segundo maior consumidor per capita. Seus maiores clientes, segundo

MAPA (2008a), são: EU-27, com 21%, Japão, com 12,5%, Arábia Saudita com 11,4%, Hong

Kong com 9,3%, Rússia com 6,7%, Emirados Árabes Unidos 6,5% e os demais com 33,1%.

De acordo com MAPA (2008a), a receita global das exportações brasileiras obtidas no

ano de 2007 pelo setor frango somou US$ 4,62 bilhões, registrando aumento de 44,2% em

comparação ao ano anterior. Com relação ao volume, nesse ano foram exportadas 3,16

2 EU-27: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Estônia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia, Suécia, e o Reino Unido.

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milhões de toneladas de carne de frango, incremento de 16,6% na comparação com o ano de

2006. Deste total, 35,50% são de frango inteiro, 55,99% de cortes, 3,78% carne salgada e

somente 4,73% industrializados. Demonstrando que dentre as cadeias de proteína animal do

Brasil, a da carne de frango é a que apresenta o melhor desempenho competitivo no mercado

mundial. No entanto, os dados sobre as exportações evidenciam que a maior parte das

exportações é de produtos de baixo valor agregado.

De acordo com Pereira, Melo e Santos (2007), a avicultura representa uma atividade de

grande dinamismo e importância econômicossocial, que estimula o emprego no campo de

milhares de produtores que fornecem matéria-prima para a agroindústria processadora. Além

disso, a atividade tem estimulado a dinâmica de outros setores responsáveis pelo fornecimento de

matérias-primas, como o da indústria genética, de alimentação animal, sanidade animal e

máquinas e equipamentos, que obtêm maiores receitas em função do crescimento da produção e

consumo da carne de frango. Nesse sentido, este trabalho busca a compreensão das estratégias e

práticas adotadas dentro do comércio internacional, contribuindo para melhor entendimento do

processo de internacionalização da agroindústria exportadora de frango de corte nacional.

A revisão mostra diversos trabalhos sobre o frango de corte, com foco no Brasil e em

Mato Grosso do Sul, destacando Rodrigues (2008), Carona (2008), Silva (2007), Cortes

(2005), Michels et al. (2004), Pereira (2003), Zylbersztajn (2000), Zylbersztajn e Farina

(1999), Batalha e Silva (1999), Costa (1999) e Souza (1999). No entanto, nenhum deles

aborda questões relacionadas ao processo de internacionalização. Já os trabalhos que tratam

sobre internacionalização, como o de Garrido (2007), Versiani (2006), Schmitt et al. (2006),

Forte e Sette (2005), Kraus (2000) e Welch e Luosterinen (1988), não contemplam a

avicultura de corte. Neste sentido, o presente estudo buscou preencher essa lacuna no

aprofundamento da internacionalização do setor avícola brasileiro e de MS. Buscou também,

ampliar o poder explicativo dos modelos de internacionalização como o de Uppsala,

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aplicando-os para caracterizar o processo de internacionalização das empresas exportadoras

de frango de corte, nacionais e de Mato Grosso do Sul, com o intuito de compreender e,

possivelmente, ampliar sua implicação teórica.

Dentro deste contexto, o presente estudo teve como propósito responder a seguinte

pergunta de pesquisa:

Que elementos caracterizam a internacionalização da agroindústria exportadora de

frango de corte brasileira e sul-mato-grossense no período após abertura comercial de 1990?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é caracterizar os elementos que delineiam o perfil da

internacionalização da agroindústria exportadora de frango de corte brasileira e de Mato

Grosso do Sul, no período pós 1990.

1.2.2 Objetivos específicos

No intuito de melhor responder ao objetivo geral, formularam-se os seguintes

objetivos específicos:

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a) identificar as principais empresas exportadoras de frango de corte brasileira e sul-

mato-grossense;

b) contextualizar à importância das principais entidades institucionais ligadas

diretamente ao setor exportador;

c) caracterizar as principais empresas exportadoras de frango de corte brasileira e sul-

mato-grossense;

d) contextualizar o processo de internacionalização das principais empresas

exportadoras de frango de corte brasileira e de MS;

e) analisar a internacionalização do setor avícola brasileiro à luz do modelo de

internacionalização identificando os aspectos do aprendizado e, também, a

distância psíquica.

1.3 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS

O resultado esperado, com a realização deste trabalho, é a melhor compreensão do

desempenho da agroindústria exportadora de frango de corte, possibilitando:

a) aos governos (Federal, Estadual e Municipal) a concepção ou revisão de políticas

públicas, a fim de estimular novos empreendimentos voltados à exportação. Nesse

sentido, a ação do Estado deve abranger a política de zoneamento industrial, a

política tributária, a política de sanidade animal e indução à melhoria do ambiente

tecnológico;

b) à cadeia produtiva, enquanto sistema agroindustrial, à execução de ações conjuntas

dos agentes visando o compartilhamento de informações e de ativos fixos;

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c) às empresas produtoras e processadoras de frango de corte, o estabelecimento de

estratégias para aperfeiçoar sua atuação no mercado internacional. O entendimento

do processo de internacionalização poderá proporcionar melhor orientação de seus

sistemas produtivos (ativos de produção) dedicados à produção, transformação e

distribuição nos mercados internacionais;

d) à academia, esse trabalho espera contribuir nas discussões e aplicações da teoria de

internacionalização, que visa caracterizar empresas produtoras e exportadoras

brasileiras e sul-matogrossenses de frango de corte, utilizando os fundamentos da

escola de Uppsala.

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2. CONTEXTO TEÓRICO

Com o objetivo de posicionar este trabalho na literatura sobre internacionalização,

nesse capítulo foi feita uma revisão sobre o tema proposto para compreensão do problema e

para a análise dos dados qualitativos e empíricos apresentados posteriormente; inicia-se com

a discussão sobre Internacionalização.

Segundo Versiani (2006), internacionalização é o movimento de expansão da

economia pelo envolvimento das empresas em atividades além de seu país de origem, visando

à construção da vantagem competitiva focada na ampliação de alcance geográfico. A

motivação das empresas em se internacionalizarem está ligada a uma vontade de tirar

proveito de uma concentração industrial crescente e de um poder reforçado sobre o mercado

que as conduzem, na procura de melhor rentabilidade de um mercado nacional aos mercados

internacionais.

Para Goulart, Arruda e Brasil (1996), internacionalização consiste em um processo

crescente e continuado de envolvimento de uma empresa nas operações com outros países

fora de sua base de origem. De acordo com Kraus (2000), a internacionalização refere-se a

um processo ocorrido ao longo do tempo, no qual a empresa produtora e exportadora amplia

o seu envolvimento e o comprometimento nas operações internacionais.

Revisando a literatura sobre internacionalização, Forte e Sette (2005) constataram que

as empresas usam diferentes estratégias e em diferentes níveis, quais sejam: exportação

indireta (fazendo uso de tradings, por exemplo); exportação direta; licenças e franquias; joint

ventures; criação de novas unidades de operação em outros países ou aquisições.

Na concepção de Hitt, Ireland e Hoskisson (2001), existem vários motivos para que

uma empresa atue no mercado externo. Alguns exemplos, por eles destacados, baseiam-se na

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necessidade de recursos, na diminuição dos custos dos fatores de produção, no aumento da

integração global das operações e no uso de tecnologias mais avançadas que permitam

economias de escala, dentre outros. Há, ainda, fatores, como a possibilidade de expansão dos

mercados, a melhoria da rentabilidade, o aproveitamento de economia de escala e o escopo e

vantagens locacionais, que aparecem como benefícios ou incentivos para que as empresas se

internacionalizem.

Para Dib e Carneiro (2006), a motivação e a escolha da estratégia de

internacionalização podem variar de empresa para empresa, dependendo da especificidade de

cada negócio, bem como do perfil dos tomadores de decisão. Com relação aos últimos,

existem aqueles que buscam maiores ganhos econômicos, a partir do investimento em países

cujas taxas de juros são mais generosas; outros que procuram novos mercados ou buscam

maior eficiência, a partir de novas tecnologias e redução de custos; e, ainda, aqueles que

procuram manter-se na rede de negócios nas quais estão inseridos.

Forte e Sette (2005) identificaram, em estudos realizados junto a empresas brasileiras,

que a motivação das estratégias de internacionalização (excetuada a estratégia de exportação

indireta) está ligada à: a) conquista de novos mercados; b) maior acesso à inovação

tecnológica; e c) maior proximidade da realidade cultural do país receptor, redundando esta

última, em maior proximidade com os clientes. Nesse sentido, os autores definiram cinco

indicadores (que varia de zero a um) para medir o grau de internacionalização de um negócio:

a) vendas no mercado externo - venda total; b) quantidade de atividade exercida pela empresa

com o exterior - quantidade de atividade possível no mercado externo; c) quantidade de

subsidiárias no exterior - totais de subsidiárias; d) distância psicológica; e e) quantidade de

anos na atividade internacional - quantidade de anos de existência da empresa.

No que tange à distância psicológica, isto é, com relação aos fatores que dificultam o

fluxo de informações entre a empresa e um mercado específico, Johanson e Vahlne (1990)

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asseguram que é necessário avaliar, no mercado de interesse, aspectos relacionados à cultura,

língua, educação e prática de negócio, dentre outros.

No âmbito acadêmico, o termo “internacionalização de empresas” vem ganhando lugar

de destaque em diversas pesquisas sobre o assunto, tendo duas grandes correntes teóricas:

uma com foco econômico estudado pela Ciência Econômica e outra de caráter

comportamental estudado pela Ciência da Administração. Tanto a corrente econômica quanto

à administrativa estudam a internacionalização de empresas que se utilizam de diferentes

perspectivas. As teorias econômicas analisam o fenômeno a partir das concepções teóricas

dos custos de transação, internalização, localização e vantagem monopolista, enquanto as

teorias da administração dão ênfase em aspectos comportamentais do fenômeno entendendo a

internacionalização como um processo evolutivo de etapas incrementais a partir da aquisição

de experiência e acumulação de conhecimento em mercados internacionais (ROSA, 2006).

2.1 A INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS NAS CIÊNCIAS ECONÔMICAS

O comércio entre as nações é uma prática secular de negócios que remonta desde o

tempo feudal, quando foram potencializados os descobrimentos marítimos pelo mercantilismo

no século XVI. Porém, os estudos sobre comércio internacional ou comércio entre nações têm

origens na Doutrina Econômica conhecida como mercantilismo, que prevaleceram durante os

séculos XVII e XVIII. O principal objetivo desta doutrina era a obtenção de excedentes

monetários que acabam por não postular o benefício mútuo dessa prática, o que será retomado

por Adam Smith, em sua Teoria da Vantagem Absoluta (LARANJEIRA, 2006).

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Os estudos sobre internacionalização de empresas, nas Ciências Econômicas,

tiveram origem nos trabalhos dos economistas: a) Adam Smith, em 1776, com a Teoria da

Vantagem Absoluta, em sua obra "A Riqueza das Nações", editada em 1776; b) inglês

David Ricardo, que em 1817 formulou a Teoria da Vantagem Comparativa, também

conhecida como Teoria dos Custos Comparativos; c) Ohlin e Heckscher que, em 1950,

explicam os padrões de comércio pela diferença dos fatores abundantes de produção

(capital e trabalho) entre as nações; e d) Linder que, em 1961, com a ideia da similaridade

de demanda, entre outros (SCHMITT NETO; CORRÊA; CANCELLIER, 2006).

Para Versiani (2006), na corrente teórica econômica o termo internacionalização de

empresas divide-se em quatro vertentes principais: a) teoria das vantagens monopolísticas

de Hymer; b) teoria de internacionalização de Buckley e Casson; c) teoria do ciclo de

produto de Vernon; e d) teoria do paradigma eclético de Dunning.

A Teoria da Vantagem Monopolista de Hymer, datada de 1976, pressupõe a análise

dos seguintes fatores: comportamento das empresas diante da constatação de um mercado

imperfeito, marcado por falhas estruturais e vantagens competitivas específicas “unique

asset” que uma empresa pode apresentar (HYMER, 1976). O argumento básico do autor

baseia-se na capacidade de uma firma penetrar nos mercados externos depende da posse

de algum ativo não-disponível para outras firmas, proporcionando a esta firma uma

vantagem competitiva específica. Por exemplo, a existência de patentes e conhecimentos

técnicos específicos. Em resumo, uma firma tem três razões principais pelas quais as

empresas decidem partir para o investimento direto no exterior: a) neutralizar os

concorrentes; b) explorar vantagens competitivas; e c) diversificar-se (SCHMITT NETO

et al., 2006).

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Outra teoria que busca explicar o processo de internacionalização de empresas é o

modelo do “Ciclo de Vida do Produto” (Product Life Cycle), desenvolvida por Raymond

Vernon3, em que tem como pressupostos o potencial do mercado consumidor.

Segundo Vernon (1966), uma vez exploradas as oportunidades e atendida à demanda

no mercado de origem da empresa, esta exportaria para outros países suas tecnologias e

operações ‘saturadas’ na matriz para recomeçar todo o ciclo de lucratividade em outro

mercado e melhorar o desempenho global da organização. Nesta perspectiva, as empresas

consideram os países estrangeiros como locais de exploração e uma grande oportunidade para

elevar sua demanda. As subsidiárias estrangeiras implementam um modelo desenvolvido na

matriz para vender um produto ou um serviço já testado no mercado original.

Dentre as teorias de internacionalização de empresas quem vem ganhando destaque dentro

da Ciência Econômica e, também, da Administração é a “Teoria dos Custos de Transações”

baseada em Coase, datado de 1937, e em Williamson4, datado de 1975. Dentro do contexto de

internacionalização de empresas, essa teoria busca explicar a decisão da firma em relação à sua

atuação no mercado exterior, analisando os custos de coordenação da atividade dentro da

hierarquia da empresa (ex: subsidiária no exterior) e, também, os custos de transação que incidem

nas operações decorrentes das atividades via mercado (ex: exportação, licenciamento etc.). Diante

disso, a empresa decide contratar as atividades nas quais os custos de transações (busca de

informação, contratos, monitoramento etc.) sejam menores que os custos que incidem na

coordenação por meio da hierarquia da organização. Assim, se dão as decisões que da a entrada

no mercado externo (SCHMITT NETO et al., 2006).

3 Para maiores informações ver: Raymond Vernon. International Investment and International Trade in the Product Cycle. The Quarterly Journal of Economics, Vol. 80, No. 2 (May, 1966), pp. 190-207 doi: 10.2307/1880689 disponível em <http://links.jstor.org/journals/00335533.html>

4 Oliver E. Williamson é um dos autores mais proeminentes da Teoria dos Custos de Transação. Suas principais obras são Markets and Hierarchies (1975) e The Economics Institutions of Capitalism (1985), onde se encontram sistematizados seus escritos sobre o tema. A economia dos custos de transação é uma abordagem interdisciplinar - abrangendo as áreas de direito, economia e organização - do estudo da Nova Economia das Instituições e se aplica ao estudo das formas de organização, particularmente a capitalista, com especial referência às firmas, ao mercado e à relação contratual.

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Outra abordagem econômica que busca explicar o processo de internacionalização de

empresas é a Teoria da Internalização de Buckley e Casson, datada de 1976, e de Rugman, de

1981, demonstrando que a empresa tem a função de internalizar ou integrar as transações

ineficientes ou dispendiosas quando realizadas pelo mercado. A organização opera no mercado

externo realizando as atividades internamente e obtém vantagem por conseguir manter a

propriedade do conhecimento circulado dentro da firma. Esta facilidade de coordenação traria

melhor desempenho para a organização (OLIVEIRA JR.; PROENÇA, 2006).

A principal abordagem econômica utilizada para explicar o fenômeno da

internacionalização é a Teoria do Paradigma Eclético de Dunning (1980, 1988, 1993, 2000).

Baseia-se na aplicação dos conceitos da Teoria dos Custos de Transações às decisões de

internacionalização da firma e, também, o conceito da Teoria da Internalização, aliados a

outros determinantes que visam à identificação das características que explicam a produção

internacional do ponto de vista da distribuição geográfica dos ativos da empresa e do padrão

industrial adotado. Ou seja, a Teoria do Paradigma Eclético combina as principais abordagens

econômicas até então existentes e afirma que o custo econômico não é o único fator de

influência na decisão de internacionalizar-se (OLIVEIRA JR.; PROENÇA, 2006).

De acordo com esta teoria, segundo Schmitt Neto et al. (2006), a empresa só investe

diretamente em um mercado externo quando reunir, simultaneamente, três conjuntos distintos

de vantagens, identificadas pela sigla OLI (Ownership, Location and Internalization):

vantagens de propriedade, internalização e localização entre países.

A primeira refere-se as “Vantagens de Propriedade” (Ownership specific advantages)

que dizem respeito às capacidades próprias desenvolvidas pela organização (tecnologias,

conhecimentos, informações, marcas, patentes, entre outros) e que lhe permitem posicionar-se

melhor no mercado externo, relativamente aos produtores locais ou estrangeiros. Desta forma,

por exemplo, uma subsidiária no exterior manteria sob controle da empresa (manter a

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propriedade) a marca ou a tecnologia, em vez de licenciá-las a uma parceira local que poderia

se apropriar das vantagens desses recursos.

As “Vantagens de Internalização” (Internalization specific advantages) referem-se à

habilidade da organização em transferir suas vantagens de propriedade para o exterior por

meio de uma subsidiária, substituindo a exportação pela produção no mercado externo.

E, por último, as “Vantagens de Localização” (Location specific advantages) são

aquelas oferecidas por um país ou região determinada que estimulam as empresas a optarem

por aquele mercado que oferecer melhores condições, como infraestrutura, custos de mão-de-

obra e/ou especializada, matéria-prima, energia, menor burocratismo, carga tributária etc.

Para a corrente teórica econômica de internacionalização de empresa, “Paradigma

Eclético”, os processos decisórios relativos à internacionalização são predominantemente

racionais e objetivos. Explica o padrão do investimento no exterior, mas não explica o

processo, o modo de entrada e as sequências de comprometimento dos recursos.

Dunning (1988) relata que a produção ocorrerá no mercado que proporcionar melhores

vantagens, porém não fica claro como a empresa sabe das suas vantagens antes de iniciar as

operações em um novo mercado internacional.

Segundo Johanson e Vahlne (1990), a crítica ao modelo do paradigma eclético é a

necessidade de informação para conduzir a escolha do padrão de investimento. O gestor da empresa

não conhece perfeitamente todas as opções à disposição antes de experimentar o mercado em

questão. O modelo assume que existem informações disponíveis a respeito dos custos envolvidos

antes da empresa escolher o mercado e estrutura a adotar. Baseia-se na racionalidade limitada para

otimizar as vantagens. Mesmo com informações disponíveis e exemplos de outras organizações,

cada empresa é única e reage ao ambiente de determinada forma.

Outra crítica recebida pelo modelo é seu caráter estático, pois não considera o

aprendizado como fator para atenuar os custos envolvidos. Dunning, em 1988, pressupõe que

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os gestores conheçam os custos envolvidos antes de tomar a decisão de investimento. Custos

que não variam. E o aprendizado? O processo de internacionalização atenua os custos durante

o processo de aprendizagem e à medida que as atividades se desenvolvem no exterior

(OLIVEIRA JR.; PROENÇA, 2006).

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO PARA AS CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO

Nas Ciências da Administração, a internacionalização é estudada com ênfase em

abordagens comportamentais do fenômeno internacionalização de empresas, também

conhecidas como abordagem processual ou de internacionalização em estágios; são mais

recentes que os estudos nas Ciências Econômicas, tendo surgido na década de 1970, na

Universidade de Uppsala, na Suécia, como uma linha de pesquisa em negócios internacionais

separadas da economia (SCHMITT NETO et al., 2006).

Na década de 1960, com base no trabalho de Penrose (1959), deu-se origem a teoria do

crescimento da firma, onde utiliza-se a firma como unidade de análise, partindo do

pressuposto de que a função econômica da firma seria adquirir e organizar recursos, de modo

a fornecer ao mercado, de forma lucrativa, produtos e serviços. Segundo Oliveira Junior e

Proença (2006), a partir de Penrose, a firma passou a ser encarada como um campo

independente de estudos. Os pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, e

posteriormente de outros países escandinavos, desenvolveram estudos do processo de

internacionalização de empresas, formando um arcabouço teórico que mais tarde seria

chamado de Escola Nórdica do processo de internacionalização da firma.

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Segundo Oliveira Junior e Proença (2006), além do trabalho de Penrose, outros

estudos foram importantes como base teórica para a Escola Nórdica, como a teoria

comportamental da firma, proposta por Cyert e March, no ano de 1963, e Aharoni, em 1966,

bem como o estudo desenvolvido por Carlson no ano de 1966 sobre como as empresas

lidavam com as incertezas dos mercados externos.

A firma internacional, na visão da Escola Nórdica, é definida como uma organização

caracterizada por processos cumulativos baseados em aprendizagem e que apresenta uma

complexa estrutura de recursos, competências e influências.

Segundo Oliveira Junior e Proença (2006), os principais autores pioneiros da Escola

Nórdica de negócios internacionais foram: Carlson, Hörnell, Johanson, Vahlne, Wiedershein-

Paul, e os dois mais importantes trabalhos da Escola foram as pesquisas de Johanson e

Wiedersheim-Paul, em 1975, e de Johanson e Vahlne, em 1977.

Ainda segundo Oliveira Junior e Proença (2006), Johanson e Vahlne apresentaram uma

sequência de estratégias de entrada em mercados internacionais, bem como uma sequência na

seleção dos mercados-alvo. Com relação às estratégias de entrada, os autores sugerem que as

empresas iniciem a sua internacionalização com um envolvimento leve, geralmente representado

por exportação, alcançando, com o passar do tempo, um envolvimento mais aprofundado,

representado pelo estabelecimento de subsidiárias em outro país.

Com relação às seleções dos mercados-alvo, Johanson e Vahlne explicam que as

empresas escolhem, de início, os mercados psiquicamente mais próximos, evoluindo, na

medida em que fossem adquirindo experiência em operações estrangeiras, para mercados

cada vez mais distantes psiquicamente (OLIVEIRA JR.; PROENÇA, 2006).

Pesquisadores de todo o mundo, apoiados nas teorias de internacionalização, vêm

procurando identificar padrões nos processos de internacionalização das empresas, propondo

modelos explicativos desse processo.

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No cenário internacional, os estudos sobre internacionalização de empresas tiveram

início na década de 1970. No Brasil, os estudos se desenvolveram principalmente a partir da

década de 1980. Entretanto, foi depois do ano de 1992, com a abertura econômica

proporcionada no governo Collor e com a consequente ampliação da participação das

empresas brasileiras no comércio internacional, que os estudos sobre o assunto passaram a ser

mais frequentes. Porém, conforme Kraus (2000), estudos até então existentes no Brasil não

explicam em sua totalidade a realidade das empresas brasileiras, pois estão baseados em

experiências de empresas multinacionais ou transnacionais internacionais.

Rocha (2003) apresenta uma conexão entre os fatores ambientais e os fatores

motivacionais na internacionalização das empresas brasileiras, iniciando na década de 1960

até meados de 2000, conforme ilustrado no Quadro 1.

Fatores Ambientais Fatores Motivacionais Impactos na Internacionalização Década de 1960-70 forte crescimento da economia brasileira; grande expansão do comércio internacional; política governamental de promoção das exportações.

pedidos inesperados do exterior; incentivos Governamentais;

estímulo à internacionalização via exportação.

Década de 1980 recessão internacional; expansão do Japão e dos Tigres Asiáticos; recessão, década perdida; fechamento da economia.

escasseiam os pedidos do exterior; os pedidos vão para a Ásia; escasseiam os incentivos à exportação; falta competitividade aos produtos brasileiros.

freio à internacionalização via exportação.

Década de 1990: até 1995 abertura de mercado/entrada de concorrentes; criação do Mercosul.

percepção de risco no mercado doméstico aumenta; expansão do contexto de referência; abertura psicológica a novos mercados.

estímulo ao investimento direto no exterior.

Década de 1990: 1995-98 expansão do mercado interno (após 1995); Política Cambial de sobrevalorização do real.

atratividade do mercado doméstico aumenta; falta competitividade das exportações.

freio à internacionalização via exportação; estímulo ao investimento direto no exterior.

Década de 1990: 1998-2000 crise cambial de 1999; desvalorização do real.

competitividade dos produtos brasileiros no exterior aumenta.

estímulo à internacionalização via exportação, freio ao investimento direto no exterior.

Quadro 2.1 – A conexão entre fatores ambientais e fatores motivacionais na internacionalização das empresas. Fonte: Rocha (2003, p. 21).

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Segundo a autora, nas décadas de 1960 e 1970, a internacionalização se deu,

principalmente, por meio das exportações estimuladas por incentivos governamentais e

pedidos inesperados provenientes do exterior. Na década 1980, que ficou conhecida como a

“década perdida”, os principais fatores ambientais que interferiram na internacionalização

foram a recessão internacional e a expansão do Japão e dos Tigres Asiáticos, além do

fechamento da economia brasileira, que teve como consequência o freio da

internacionalização via exportação, dada a diminuição dos incentivos governamentais. Entre

os anos 1990 e 1995, houve a abertura da economia brasileira (abertura do comércio), entrada

de concorrentes e a criação do Mercosul, que teve por consequência para as empresas

brasileiras a ampliação da percepção de risco somada a uma abertura psicológica a novos

mercados, o que resultou em estímulos a investimentos direto no exterior, internacionalização

de fora pra dentro.

No período que compreende os anos de 1995 a 1998, houve expansão do mercado

interno e a política cambial de sobrevalorização do real, a competitividade em preços dos

produtos brasileiros cai, reduzindo as exportações e aumentando o investimento no exterior. E

por fim, entre 1998 e 2000, com a crise cambial e a desvalorização do real, a competitividade

dos produtos brasileiros aumenta no exterior estimulando a exportação e reduzindo o estímulo

a investimento direto no exterior.

Para Sarli (2002), o principal fator que inibiu a comercialização brasileira com outras

nações, no período de 1950 a 1990, foram as proteções tarifárias e as não-tarifárias à indústria

nascente, em um programa incentivado pela substituição de importações (PSI), sustentado por

importações de tecnologias, atraindo capitais estrangeiros que, não podendo exportar para o

mercado brasileiro, passaram a produzir internamente.

De acordo com a mesma autora, após 1990, o governo brasileiro, frente às

transformações mundiais, implementa uma série de medidas que inseriu a economia brasileira

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ao mercado mundial, como: abertura dos portos, desregulamentação das proteções não-

tarifárias, reduziu, em programa de quatro anos, as barreiras tarifárias, e reescreveu a Lei de

Informática5.

No próximo item deste trabalho será apresentado o modelo desenvolvido por Johanson

e Vahlne (1977), que será utilizado como base para caracterizar as empresas exportadoras

brasileiras de frango de corte, visando posicioná-las de forma qualitativa dentro do processo

de internacionalização junto ao complexo agroexportador de frango de corte.

2.3 MODELO DE UPPSALA E A ESCOLA NÓRDICA DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

Segundo Freitas (2006), a linha de pensamento denominada “Modelo Tradicional da

Escola de Uppsala” sugerida pelos pesquisadores suecos Johanson e Wiedershein-Paul, em

1975 e por Johanson e Vahlne, em 1977, teve sua concepção na observação do processo de

internacionalização das empresas suecas em meados da década de 1970, que combina a

perspectiva penroseana e os conceitos propostos por Cyert e March, em 1963 com o estudo “A

behavioral theory of the firm” expandidas por Yair Aharoni em 1966, com o trabalho “The

foreign investiment division process”.

O modelo é sobre construir o aprendizado e comprometimento ou, mais precisamente,

na interação entre desenvolvimento de conhecimento e o aumento dos compromissos de

mercados estrangeiros. Esse modelo explica a internacionalização das empresas como sendo

um processo de aprendizagem em que a empresa investe seus recursos gradualmente e adquire

5 Em 1984 foi editada a Lei de Informática, vedando a presença de capital e de tecnologia estrangeiras em importantes segmentos. Em 1988, a Constituição brasileira estabeleceu tratamento não-nacional ao capital estrangeiro. Em 1995, a revisão da Constituição reexamina o tratamento ao capital estrangeiro.

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conhecimentos sobre um determinado mercado internacional de maneira incremental. A ideia

de gradualismo no processo de internacionalização das empresas está associada, num primeiro

momento, à pesquisa conduzida por Johanson e Wiedersheim-Paul (1975), que observaram

por meio de estudos empíricos sobre empresas suecas, que suas trajetórias em mercados

internacionais apresentavam algumas características comuns as quais foram denominadas de

cadeia de estabelecimento e distância psíquica.

O conceito de cadeia de estabelecimento refere-se à ideia de que a empresa se

desenvolve em determinado mercado internacional investindo recursos de forma sequencial.

O montante de recursos investido no mercado-alvo é, por sua vez, dependente do grau de

conhecimento que a empresa tem a respeito deste mercado. Em linhas gerais, quanto maior o

grau de conhecimento da empresa sobre o mercado, maior a tendência em investir recursos

nele. Os autores ilustram o conceito de cadeia de estabelecimento propondo cinco estágios

sucessivos na evolução da internacionalização das empresas, cada um representa um maior

grau de envolvimento internacional. No primeiro estágio não ocorre nenhuma atividade

exportadora, seguido por um estágio de exportações ocasionais. O terceiro estágio envolve

exportações sistemáticas pelos agentes intermediadores independentes. É no quarto estágio

que a empresa estabelece subsidiárias para gerir as vendas no exterior e, por último, o quinto

estágio, é quando a empresa parte para o estabelecimento de unidades produtivas no exterior.

De acordo com Johanson e Wiedersheim-Paul (1975), nem todas as empresas seguem

os quatro estágios da cadeia de estabelecimento, por exemplo, empresas que possuem muitos

recursos e que podem não percorrer os estágios iniciais. Da mesma maneira, se o tamanho do

mercado-alvo não for suficientemente atrativo, as empresas não irão investir montante

substancial de recursos nesse mercado que, normalmente, é representado pela produção local.

A segunda característica observada por Johanson e Wiedersheim-Paul (1975) é a

distância psíquica, definida como as diferenças percebidas entre valores, práticas gerenciais e

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educação de dois países. A distância psíquica possui papel importante em processos de

internacionalização, já que restringe investimentos iniciais da empresa em países considerados

culturalmente distintos. Em outras palavras, esses autores encontraram evidências de que a

empresa começa o seu processo de internacionalização em países considerados culturalmente

próximos. Além disso, ao transferir suas operações para países culturalmente próximos, a

empresa adquire conhecimentos não só do mercado-alvo, mas, também, sobre como

internacionalizar suas atividades. Enquanto o primeiro tipo de conhecimento não pode ser

transferido para outros países, pois se refere às características específicas do mercado-alvo, o

segundo tipo pode ser utilizado posteriormente para penetrar em outros mercados

internacionais, uma vez que se refere a know-how em internacionalização (CASSON, 1994;

BARBOSA, 2004).

Em 1977, a compilação desses resultados deu origem ao modelo de Uppsala

(JOHANSON; VAHLNE, 1977), que é baseado em três pressupostos: a) a falta de

conhecimento é o maior obstáculo em processos de internacionalização; b) o conhecimento

necessário à internacionalização é adquirido principalmente pelas operações atuais da

empresa em determinado mercado-alvo. Penrose (1959), considera o conhecimento adquirido,

pela experiência, como o mais importante nos processos de internacionalização; e c) a em

presa internacionaliza suas operações investindo recursos de maneira gradual.

Segundo Johanson e Vahlne (2006), um pouco de conhecimento é fácil de ser

adquirido, pode ser através da leitura material escrito/produzido – denominado conhecimento

objetivo, ou pode ser pela prática – conhecimento experimental (PENROSE, 1959 apud

JOHANSON; VAHLNE, 2006). Tal conhecimento poderia interessar para uma empresa, por

exemplo, através do conhecimento de rotinas “uncodified” dos mercados em que pretende

atuar. Tais rotinas podem ser implícitas (POLYANI, 1967 apud JOHANSON; VAHLNE,

2006). Como o conhecimento de rotina não é feito explicitamente, só pode ser assimilado por

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uma moda experimental que também pode se tornar implícita no mercado. Ou seja, fazer

experiências leva tempo.

Assim, o processo de internacionalização é visto como um processo de aprendizagem

em que a empresa adquire conhecimentos gradualmente e investe recursos em determinado

mercado internacional de forma paulatina. Baseados nesses pressupostos, Johanson e Vahlne

(1977) introduzem dois conceitos para explicar o modelo: conhecimento, que se refere ao

conhecimento do mercado-alvo, e comprometimento, que diz respeito ao montante de

recursos investidos em determinado mercado internacional e ao grau de especificidade desses

recursos, ou seja, a possibilidade de utilizar esses recursos em outros mercados sem que

ocorra sua desvalorização.

Conhecimento do mercado e o comprometimento com o mercado-alvo são entendidos

como os estados do modelo. Esses dois aspectos interagem com o que Johanson e Vahlne

(1977) denominam de aspectos transitórios: as decisões de comprometimento e as operações

atuais, conforme Figura 1. O primeiro aspecto transitório (as decisões de comprometimento)

refere-se às decisões de investimentos de recursos em determinado mercado internacional. A

ideia básica é a de que as empresas investem recursos em alternativas que já foram testadas no

passado com o intuito de minimizar o grau de incerteza inerente às atividades internacionais

(CYERT; MARCH, 1963 apud JOHANSON; VAHLNE, 1977).

Figura 2.1 – Modelo Uppsala de Internacionalização. Fonte: Johanson e Vahlne (1977, p. 26).

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O segundo aspecto transitório (as atividades atuais) diz respeito às operações atuais da

empresa no mercado-alvo que, conforme exposto anteriormente, se constituem na principal

fonte de conhecimento da empresa sobre esse mercado (PENROSE, 1959; JOHANSON;

VAHLNE, 1977).

Johanson e Vahlne (1977) sugerem que a interação entre estados e aspectos

transitórios confere dinâmica ao modelo. De maneira geral, essa dinâmica pode ser ilustrada

pelas seguintes relações: a) quanto mais uma empresa investe em determinado mercado

internacional, mais ela adquire conhecimentos sobre esse mercado; b) quanto maior o grau de

conhecimento da empresa sobre esse mercado, maior o seu grau de aptidão para efetuar novos

investimentos; e c) quanto maior o grau de aptidão da empresa, maior a probabilidade de que

os investimentos sejam realizados; e assim sucessivamente. Portanto, os aspectos transitórios

possuem duplo papel no processo de internacionalização da empresa. Eles não só resultam de

conhecimento e comprometimento efetuados no passado, como também determinam os níveis

de conhecimento e de comprometimento a serem efetuados no futuro.

Em um artigo mais recente Johanson e Vahlne (2006, p. 11), reivindicam que “não

tenhamos nenhuma opinião definida sobre a forma exata do caminho da internacionalização”,

ou seja, que não é possível afirmar que alguns caminhos de internacionalização são mais

prováveis do que outros e que se o processo de conhecimento crescente e compromisso na

empresa focal e seus sócios no mercado estrangeiro evoluiu prosperamente, “o próximo

passo” será caracterizado por investimentos maiores e níveis consequentemente mais altos de

controle e riscos. Mas o oposto poderia acontecer, como é evidente em qualquer relação:

compromisso mútuo não tem aumentado ou aprendizagem em comum demonstrou que há

nenhuma oportunidade para explorar. Neste sentido, os autores reivindicam que o modelo não

é determinístico.

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A construção de aprendizagem e o comprometimento são ingredientes importantes no

processo empresarial. Postulando um caminho para desenvolver o negócio do empregador da

pessoa, ou pelo menos o desejo do engenheiro para melhorar a eficiência de uma solução

técnica particular usada pelo cliente, aprendizagem e construção do compromisso são passos

nesta direção. Claramente, aprendizado inclui, então, a descoberta ou construção de

oportunidades (BERGER; LUCKMANN, 1966 apud JOHANSON; VAHLNE, 2006).

Segundo Johanson e Vahlne (2006), em seu artigo de 1977 está claro que aprender e

construir compromisso eram tão importantes como as medidas de redução da incerteza.

Porém, postulam que há uma mudança no foco de redução de incerteza para desenvolvimento

de oportunidade, mas o modelo é o mesmo. Aprender e construir compromisso são mais sobre

descobrir ou construir oportunidades para melhorar no negócio. O processo de

internacionalização incremental é como explorar as oportunidades identificadas no momento.

Isso se justifica, por diversas razões, as oportunidades são identificadas em um determinado

ponto no tempo em particular e são fortemente dependentes do estoque e de compromisso

prevalecente, exatamente como explica o modelo. Isto implica que oportunidades

identificadas e exploradas são marginais em relação ao que a companhia já está fazendo

(MARCH, 1963 apud JOHANSON; VAHLNE, 2006). Destacando que esse processo é um

incrementalismo.

Freitas (2006), ao citar Reid (1981), Hermais e Hial (2002) e Hermais (2005), destaca

que o processo de internacionalização da firma, via exportação ou pelo investimento direto no

exterior, será em decorrência do crescimento desta no seu país de origem. Destacando que

para aumentar sua competitividade ela tem que expandir vertical e geograficamente na busca

de soluções para uma saturação do mercado do país de origem ou pela perda expressiva de

lucratividade. Para o pensamento Uppsaliano, a firma internacional deve consolidar suas

atividades no mercado doméstico ou país de origem, por meio de sua coleção de recursos,

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tornando a internacionalização um produto de uma série de decisões incrementais, conforme

destacado na Figura 2, em que, Freitas sintetiza a matriz do Processo de Internacionalização

da Escola Nórdica.

Figura 2.2 – Matriz do Processo de Internacionalização da Escola Nórdica. Fonte: Freitas (2006, p. 65).

Na Figura 2, Freitas (2006) busca sintetizar o modelo da Escola de Uppsala em que o

conhecimento adquirido e as solidificações da experiência são limitantes do processo de

internacionalização, juntamente com a distância psíquica. Johanson e Vahlane (1986) definem

que a distância psíquica é “a soma de fatores que impedem o fluxo de informações do e para o

mercado e que esses fatores relacionam-se à linguagem, à educação, às práticas comerciais, à

cultura e ao desenvolvimento industrial”. Tendo em vista que as atividades do processo de

internacionalização são graduais ao processo de aprendizado, as firmas acessam o mercado

externo adotando o seguinte sequenciamento evolutivo, representado na Figura 2 pelo eixo de

Y, que está organizado em quatro fazes distintas: a) atividade exportadora não regular; b)

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exportadora via representante ou agente; c) instalação de subsidiárias de vendas; e d)

instalação de subsidiárias de produção.

No eixo X da Figura 2 estão os mecanismos básicos da internacionalização, os quais

ocorrem de maneira independente entre si e dependente da tomada de decisão e conhecimento

experimental, que estão divididos em quatros estágios: a) conhecimento do mercado externo;

b) comprometimento de decisão com o mercado externo; c) atividades correntes na atividade

externa; e d) comprometimento com o mercado-alvo. Ambos os eixos se cruzam

gradualmente, a partir do momento em que a firma opta pela estratégia de internacionalização

e passa a adquirir conhecimento para tal. Para cada nova tomada de decisão, ocorre uma

demanda de tempo para a absorção e a consolidação da experiência anterior. Esse processo

estende-se até que se complete totalmente a internacionalização dos negócios da firma no

mercado-alvo. Conforme o modelo, essa etapa é denominada de primeiro ciclo de

internacionalização, fase considerada pelos autores como sendo a mais morosa em função da

qualidade e do grau de dificuldade no processo de aquisição da primeira experiência de

internacionalização; também é a fase em que a tomada de decisão acontece de maneira mais

lenta, em função da demanda de maior tempo para aprendizagem. Por isso, normalmente a

firma internacional opta por mercados psiquicamente mais próximos, visando à redução das

incertezas (FREITAS, 2006).

Na primeira etapa, em que a empresa faz a opção pela internacionalização,

representada no eixo de X, como o estágio 1, e no eixo de Y, como fase 1, é o estágio em que

a firma inicia a buscar por informações sobre as condições para a realização de negócios no

mercado-alvo. Define modos de entrada e avalia o comportamento de consumidores e

clientes, procedimentos burocráticos, impactos de flutuações cambiais, barreiras técnicas e

tarifárias. Adapta produtos, rotulagem e certifica processos. Normalmente, inicia também a

participação em feiras e rodadas de negócios internacionais, realiza visitas a potenciais

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clientes e pequenas exportações via correios, por exemplo (FREITAS, 2006; HEMAIS, 2005;

BRASIL, 2002; WOODS, 2001).

A segunda etapa, que marca a busca de representantes e inserção no mercado-alvo,

representada no eixo de X, pelos estágios 1+2, e no eixo Y, como sendo as fases 1+2, é o

estágio em que a firma internacional inicia o processo de verticalização dos seus negócios a

jusante, estruturando seus canais de distribuição sem a participação direta na comercialização,

via seleção de agentes e representantes confiáveis, que possam fortalecer a conquista de novos

clientes e a solidificação de marca e de nichos de mercado. De modo geral, empresas

comerciais exportadoras podem facilitar o acesso a estes mercados anfitriões, dada a

disponibilidade de estrutura própria na área de distribuição (BRASIL, 2002; COUGHLAN et

al., 2002; HEMAIS, 2005; FREITAS, 2006). Nessa etapa, o exportador ainda retém uma

grande parcela do controle do processo, podendo usufruir dos benefícios oriundos da

negociação (estabelecimento de contratos e relações comerciais com concorrentes

internacionais, aprender mais sobre as novas tecnologias, etc.) (BRASIL, 2002; FREITAS,

2006).

Segundo Freitas (2006), no caso em que a firma internacional não opte por um

representante comercial, nessa etapa ela selecionará um agente no mercado anfitrião, em que

este profissional deve ser capaz de oferecer credibilidade, pontualidade, consistência e

segurança na praxe exportadora, o que garante a conquista de espaços no mercado. Muitas

firmas internacionais, dependendo do mercado importador, não seguem para a terceira etapa,

em função das dificuldades de acesso a mercados alvo ou por julgar que detêm limitações em

relação às suas competências (Ex.: a competência de firma A centra-se na produção, enquanto

a da firma B, na distribuição).

Na terceira etapa, “a exportação via intermediários e análise da viabilidade para a

exportação direta e instalação de subsidiárias de venda”, é representado, no eixo de X estágios

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1+...+3 e no eixo de Y fases 1+...+3, onde a firma já detém alguma tradição na exportação

para o mercado importador e o considera um importante contribuinte para o nível de

lucratividade de seus negócios; ao passo que fortalece o fluxo exportador via intermediários, a

firma inicia o processo de análise quanto à realização da exportação direta, ao mesmo tempo

em que pode avaliar a possibilidade da instalação de uma subsidiária de vendas (FREITAS,

2006). Além de avaliar a “construção” de seu próprio canal de distribuição, a firma ao assumir

a governança de sua ação exportadora, assume não apenas os riscos do processo, mas também

os sucessos inerentes à operação, que estão vinculados à compreensão da dinâmica do

mercado: vantagens competitivas e comparativas, comportamento de clientes em potencial,

tendências sociais e políticas de cada nação (BRASIL, 2002; FREITAS, 2006).

Na quarta etapa, a fixação no mercado-alvo por meio de uma subsidiária de vendas,

representada pelo eixo de X como sendo o estágio 1+...+4 e no eixo de Y pelas fases 1+...+3,

a firma intensifica sua presença no mercado internacional, tornando-se um braço da firma

exportadora naquele mercado, assumindo o processo de comercialização e distribuição. Nesta

fase, a firma começa sua inserção no contexto empresarial e social local, participa de

organizações representantes do setor na qual se insere, passa a impactar mais diretamente no

nível de concorrência setorial do país anfitrião, interfere de maneira mais direta no

comportamento do consumidor local e estabelece maior intimidade com o mercado. Inicia

também o processo de recrutamento de nativos para a composição da força de vendas, bem

como o processo de expatriação de executivos para a coordenação de áreas-chave e aquisição

de marcas locais (FREITAS, 2006).

Na quinta etapa, a solidificação da presença no mercado-alvo, com a instalação de

plantas industriais, é representada no eixo de X pelos estágios 1+...+5 e no eixo de Y, nas

fases 1+...+4, é o estágio em que ocorre depois da solidificação dos negócios da firma

internacional no mercado-alvo; a firma realiza o investimento direto. Este investimento pode

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ocorrer via aquisição ou construção de uma planta industrial, aquisição de marcas líderes

naquele mercado e a realização de fusões ou joint ventures. Além disso, a organização

desenvolve respeitando as características locais, políticas de negócios (marketing, vendas,

produção, distribuição), contrata pessoal nativo e expatria executivos para funções-chave. A

adoção dessa etapa significa importante posicionamento diante de mercados que detêm altas

barreiras à entrada, como as barreiras técnicas, tarifárias ou tecnológicas, as quais tornam o

processo de exportação inviável.

Como se pode observar, pela Figura 2, se for de interesse continuar sua expansão para

outros mercados, após a conclusão do primeiro ciclo de internacionalização, a firma inicia o

segundo ciclo, depois o terceiro e assim sucessivamente, o acúmulo de experiência em relação

ao novo mercado não demandará tanto esforço quanto em relação ao primeiro, desde que

psiquicamente próximo. Porém em mercados psiquicamente distantes, a experiência

acumulada pode ser útil para reduzir o esforço de aprendizagem, embora o grau de dificuldade

seja distinto de acordo com cada mercado. A menor demanda por conhecimento experimental

significa maior agilidade na tomada de decisões em relação ao novo mercado. Esse

dinamismo também significa menor tempo dependido no processo de aprendizagem

(FREITAS, 2006).

Ao longo dos anos, o modelo de Uppsala se tornou objeto de estudos de vários

pesquisadores no âmbito internacional e nacional, levando aos autores Johanson e Vahlne a

publicar novas considerações sobre o modelo e a forma em que os autores interpretam seu

modelo de internacionalização de empresas, como é observado em seu artigo “Commitment

and Opportunity Development in the Internationalization Process: A Note on the Uppsala

Internationalization Process Model”. Nele, os autores rebatem algumas críticas sobre o

modelo, entre elas a de que seu modelo não é determinismo, e que a construção de

aprendizagem e o comprometimento são ingredientes importantes no processo empresarial e

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que o aprendizado inclui a descoberta ou construção de oportunidades. Outra consideração é

que não existem mudanças no modelo de 1977 para o de 2006; os autores destacam que só

existe uma mudança no foco, de redução de incertezas para o desenvolvimento de

oportunidades, e que o processo de internacionalização incremental é como explorar as

oportunidades identificadas no momento da escolha da estratégia que será adotada pela

organização.

Mattos e Cabral (2004), no seu trabalho sobre o caso de duas empresas brasileiras

exportadoras de castanha de caju orgânica, no geral, concluíram, utilizando o modelo de

Uppsala, que apesar das empresas não estarem explorando mercados em países com distâncias

psíquicas mais próximas que as suas, os autores afirmam que esse fato pode estar relacionado

ao tipo de mercado ou do produto em questão, que neste caso podem estar relacionadas ao

hábito de consumo dos mercados-alvos. Tal hábito pode interferir na estratégia de

internacionalização da empresa ou na escolha de mercado com distâncias geograficamente e

culturalmente mais distantes que as da empresa local, buscando explorar oportunidades de

mercado ou nicho de mercado. Outra conclusão está relacionada com o processo de

aprendizagem, pois, apesar das empresas não seguirem o modelo de estágio e fases de

Uppsala, neste caso, as empresas locais já obtiveram certo tipo de aprendizagem, em

exportação por experiências anteriores, com outros produtos (a exportação convencional de

castanha de caju), dando a essas empresas autonomia de pular algumas fases e estágios,

escolhendo a melhor estratégia para internacionalização, bem como o mais apropriado modo

de entrada nesses mercados.

Kraus (2000), ao propor seu modelo sobre internacionalização, afirma que os modelos

existentes em âmbito internacional, citando o modelo de Uppsala, não contemplam as

explicações para as empresas brasileiras. Para Barbosa (2004), o modelo de Uppsala oferece

poder de explicação. E, nesse sentido, Johanson e Vahlne (2006) colocam que seu modelo não

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propõe uma forma exata para o caminho rumo à internacionalização e concluem que o

processo de internacionalização com incremento é explorar as oportunidades identificadas no

momento.

Barbosa (2004), ao estudar a internacionalização do Grupo Gerdau, identificou que a

evolução do comprometimento de recursos na atividade internacional, amparada na maior

confiança advinda com o conhecimento acumulado com a própria experiência internacional,

foi ao encontro do exposto pelo modelo clássico de Uppsala. Chama a atenção para alguns

fatores que levaram à diversificação da sua atuação em outros mercados-alvo, como a

diversificação de risco do país ou a maior facilidade de acesso a crédito internacional, além da

busca por novos e maiores mercados. Outro aspecto importante levantado por esse trabalho,

refere-se à “Distância Psíquica”, pois a primeira expansão territorial foi em um país vizinho e

culturalmente próximo, o Uruguai. Na segunda expansão, ou o novo ciclo de

internacionalização em um novo mercado-alvo, o grupo passa atuar no mercado canadense,

que Barbosa (2004) conclui como não tendo relação como o modelo de Uppsala, ou como ele

mesmo coloca “não permite maiores aproximações ao modelo”. Porém, no trabalho de

Johanson e Vahlne (2006) percebe-se que tal interpretação parece estar equivocada, pois a

ideia geral do modelo é que quando a empresa se internacionaliza, ela busca aprender com

esse processo. Neste caso, o grupo buscou o aprendizado em sua experiência internacional em

um país mais próximo, o Uruguai, e com o sucesso da internacionalização deste conhecimento

se lançou em um novo mercado, o canadense, onde não tem tantas proximidades psíquicas,

mas o sucesso anterior motivou a se arriscar mais, assumindo maiores riscos, como é

observado nos comentários dos autores abaixo, observando que, neste ponto, o modelo de

Uppsala também é válido.

[...] We believe though, that if the process of increasing knowledge and commitment in the focal firm and its partners on the foreign market has evolved successfully, ‘the next step’ will be characterized by larger investments and consequently higher levels

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of control and risks. But the opposite might occur as is evident in any relationship: mutual commitment has not increased or joint learning has demonstrated that there is no opportunity to exploit. So, we claim our model is not deterministic (JOHANSON; VAHLNE, 2006, p. 11).

O modelo de Uppsala se divide em dois: o modelo U-model (Uppsala model) e o

modelo I-model (Innovation-related internationalization model). Ambos têm por base a

teoria da internacionalização ou teoria dos estágios de exportação, na qual a empresa, ao

entrar no mercado internacional, evolui por meio de estágios determinados.

O U-model, como já descrito anteriormente, considera-se que esta evolução é realizada

à medida que a empresa adquire experiência e domínio do mercado externo. Dessa forma, ao

iniciar seu processo de internacionalização, a empresa busca mercados fisicamente próximos,

utilizando métodos indiretos de comercialização, reunida sob a denominação de

intermediários. Porém, ao adquirir confiança no processo, a empresa evolui para estágios

correspondentes aos métodos diretos de operação que podem culminar no estabelecimento de

filiais ou até mesmo fábricas no país estrangeiro. A proximidade de mercados é aqui definida

não somente em relação a mercados fronteiriços ou com distâncias físicas menores, mas

também como sendo “a soma de fatores que interferem no fluxo de informações entre

mercados, como a diferença entre línguas, educação, práticas de negócios, cultura,

desenvolvimento industrial, dentre outros” (JOHANSON; VALHNE, 1977).

Já o I-model, ou modelo de estágios de inovação, postula que, de forma análoga às

etapas do ciclo de vida de um produto, os estágios vivenciados pela empresa durante a

entrada no mercado internacional apresentam relação direta com as inovações, tecnológicas

ou de processo, ocorridas dentro da própria empresa. Dessa forma, alguns estágios do modelo

são normalmente operacionalizados, levando-se em consideração a relação entre o total de

vendas e as exportações. Essa relação representa o nível de envolvimento da empresa com o

mercado externo (LOPES, 2006).

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Bilkey e Tesar (1977), partindo de revisões em estudos empíricos em empresas

americanas de pequeno porte, sugerem os seguintes estágios com relação à exportação: a)

falta de interesse na atividade; b) atendimento de pedidos sem a preocupação de manter os

mercados exportados; c) exportação ativa de mercados externos; d) exportação experimental;

e) exportação ativa; e, por último, e) exportador para mercados distantes. Segundo os autores,

na passagem de um estágio a outro seriam verificados novos determinantes comportamentais,

que ratificam o caráter gradual do processo de internacionalização da firma.

Dentre os principais trabalhos relativos ao I-model, o proposto por Cavusgil (1980

apud ANDERSEN, 1993) é apresentado no Quadro 2. Nele, nos estágios 2 e 3, a empresa

utiliza os serviços de um intermediário para localizar possíveis compradores interessados no

seu produto. A partir do estágio 4, com o desenvolvimento de uma estrutura de apoio às

exportações, a empresa encontra-se em condições de assumir o controle integral de suas

operações. E do estágio 3 em diante a empresa dá início ao processo de comprometimento de

sua produção com o mercado externo. O autor destaca que o envolvimento da empresa, com o

mercado externo é gradual por causa da incerteza deste mercado, do alto custo de obtenção de

informações e por falta de conhecimento experimental da atuação no mercado internacional.

Estágio Descrição Exportações/ Vendas totais

(%) Estágio 1: Não exportador

A empresa se interessa apenas pelo mercado doméstico. Não tem interesse em adquirir experiência com a exportação.

0

Estágio 2: Pré-exportador

A empresa busca informação e avalia a possibilidade de exportar.

0

Estágio 3: Exportador experimental

A empresa inicia as exportações, porém de maneira intermitente.

0 – 9

Estágio 4: Exportar ativo

A empresa se empenha no aumento das vendas para diferentes países. É desenvolvida uma estrutura de apoio.

10 – 39

Estágio 5: Exportador comprometido

A empresa é dependente do mercado externo >= 40

Quadro 2.2 – Estágios de internacionalização das empresas. Fonte: Andersen (1993, p. 213).

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Conforme Goulart, Brasil e Arruda (1996), a internacionalização não indica que deva

ser obrigatoriamente composta por características evolutivas por meio de etapas sequenciais

rígidas e impositivas. A entrada no mercado-alvo pode ser um processo contingencial e

eventual, não sendo tratada como determinística, uma vez que podem ocorrer casos onde a

ordem das etapas seja subvertida, e mesmo casos de exportações descontínuas.

De um modo geral, o processo de internacionalização ocorre de forma gradual ou

incremental pelas incertezas e imperfeições das informações recebidas sobre o novo mercado.

Este processo consiste basicamente de três principais etapas que envolvem decisões não

necessariamente sequenciais, que são: estabelecimento de canais de exportação,

estabelecimento de subsidiárias de vendas e estabelecimento de subsidiárias de produção no

próprio país estrangeiro (JOHANSON; VAHLNE, 1977).

Keegan (2004) classifica a atuação geral de uma empresa e não apenas o estágio de

internacionalização, destacando que as empresas atuam nos mercados-alvo de cinco maneiras: a)

mercado doméstico: restrito ao próprio país da sede da empresa; b) mercado de exportação: a empresa

inicia seu processo de internacionalização, usualmente com um parceiro local; c) mercado

internacional: a firma possui uma estrutura própria de exportação; d) mercado multinacional: a

empresa interage com o mercado dos países para onde exporta; e e) mercado global: a empresa possui

experiência para adaptar seus produtos de forma única e diferente para cada país para onde exporta.

A partir do Modelo de Uppsala e das teorias acerca das formas de entrada em mercados

internacionais, Root (1987) desenvolve uma escala de comprometimento em forma de entrada,

como segue, da menos comprometida (1) para a forma mais comprometida (8): 1) Exportação por

intermédio de terceiros. 2) Exportação direta. 3) Licenciamento. 4) Associação/alianças estratégicas

com empresas estrangeiras. 5) Franchising. 6) Instalação de subsidiária/escritórios próprios voltados

à comercialização. 7) Instalação de subsidiária/unidade de produção. 8) Centro de pesquisa.

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Dessa forma, a exportação por meio de terceiros seria a forma menos comprometida,

pois a empresa não tem sequer o comprometimento de investir em área de exportação própria,

e o grau de comprometimento vai crescendo até a instalação de unidades de produção e de

centros de pesquisa, que envolvem maiores investimentos em ativos tangíveis, no primeiro

caso, e em ativos tangíveis e, principalmente, intangíveis, no caso de centros de pesquisa.

Para as empresas que utilizam mais de uma forma de entrada (ex. empresas que utilizam

exportação e também alianças estratégicas), foi considerada a forma com maior

comprometimento, uma vez que esta é a que representa melhor o quanto a empresa está

disposta a comprometer recursos e assumir riscos em suas operações internacionais.

2.4 CANAIS DE ENTRADA AO MERCADO-ALVO OU MERCADO EXTERNO

No intuito de familiarizar o leitor referente a alguns termos sobre as formas de entrada

no mercado-alvo ou mercado externo, este tópico apresenta alguns conceitos relevantes sobre

as formas de entrada em novos mercados, tendo em vista que após a decisão da firma de se

internacionalizar surge a questão “de que modo dar-se-á essa entrada nesses novos mercados”.

Isso é importante tendo em vista que o modo de internacionalização depende de uma série de

fatores, como as condições existentes no ambiente doméstico e global, a situação econômica,

social e política do país e o conjunto de capacidades, recursos e competências da empresas,

entre outros.

Serão iniciadas as discussões sobre o modo de entrada em outros mercados-alvo para

Exportação: indireta; direta; e exportação cooperativa, pela opção via contratual:

licenciamento; franquia; contratos de produção; contratos de gestão; operações prontas

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(turnkey) e alianças estratégicas. E, por último, investimento direto: aquisições e fusões;

Estabelecimento de Subsidiária; conforme Figura 3.

Figura 2.3 – Classificação das formas de acesso de acordo com o local de produção. Fonte: Terpstra e Sarathy (1997, p. 373).

Segundo Simões (1997), a exportação é o modo de operação em que os produtos são

vendidos num país diferente daquele onde são fabricados. Ou seja, exportação é a venda de

produtos a um país no exterior sem que sejam necessários investimentos produtivos na nação

onde serão comercializados os produtos. A maioria das empresas inicia suas práticas

internacionais por meio das exportações, já que este modo não requer dispendiosos

investimentos em plantas produtivas, embora precise de investimentos em marketing e

logística. Salomon e Shaver (2005), coloca que a exportação é a fórmula mais utilizada pelas

empresas nos seus processos de expansão. Esta forma de entrada permite rápido acesso aos

mercados externos, grande flexibilidade de atuação e baixo risco. As exportações podem se

dar de três formas:

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a) Exportação intermediada e auxiliada: é o tipo de exportação feita por terceiros

ou intermediários. Apresenta como vantagem um contato rápido da empresa com o

mercado externo, além de assumir menores riscos, no envolvimento no processo de

exportação, que consequentemente envolve menores os custos em comparação a

outras formar de entrada.

b) Exportação direta: é aquela em que a organização estabelece seu próprio

departamento de exportação para a venda de seus produtos no mercado externo.

Sua vantagem se dá em maior controle por parte do exportador sobre o seu

produto, possibilitando a construção de uma rede própria de distribuição no

mercado externo.

c) Exportação Cooperativa ou Piggyback: ocorre quando uma empresa exportadora

utiliza a rede de canais de distribuição de outra empresa local, para vender seus

produtos no mercado externo, Tendo seus custos e os investimentos relativamente

menores e a organização dispõe de mais controle sobre seus produtos no mercado

externo do que se utilizasse a exportação intermediada ou a exportação auxiliada.

A forma de entrada em mercados-alvo via contrato é aquela em que se estabelece um

contrato com uma empresa normalmente estrangeira e uma empresa local e que é formalizada

por meio de (KOTABE; HELSEN, 2000):

a) Licenciamento ou acordos de licença é o que garante à empresa local o direito de

produzir ou vender – ou ambos – determinado produto. Implica muitas vezes na

transferência temporária de direitos sobre utilização da marcas registradas, para

distribuição, para patentes, segredos comercias, tecnologia, processo produtivos e

know-how, entre outros (SIMÕES, 1997). Em contrapartida, o licenciador recebe

os royalties desta operação. É possivelmente a mais barata das alternativas por

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implicar em baixo investimento, tornando-se como uma maneira lucrativa de

penetração em mercados externos, sendo uma opção de baixo custo de conquista

de novos mercados. Essa opção se mostra muito atrativa para empresas de pequeno

e médio porte com limitados recursos financeiros.

b) Franquia ou franchising: constitui um acordo segundo o qual o franqueador

fornece ao franqueado o direito de utilização de conceito de seu negócio, incluindo

os planos de marketing, os manuais, as marcas, a competência, o sistema de gestão

e os serviços, os padrões e procedimentos e monitoração da qualidade, em troca de

pagamentos de royalties (CATEORA; GRAHAM, 1996) Em contrapartida, o

franqueado se compromete pessoalmente na gestão do negócio (BARBOSA,

2004). Assim como o licenciamento, esta alternativa é de risco relativamente

baixo. A franquia pode ser a estratégia ideal para empresas pequenas que queiram

crescer utilizando recursos dos franqueados. O fundamental é o controle de

qualidade do franqueado que se torna difícil com a crescente dispersão geográfica.

c) Contrato de Gestão: é uma estratégia em que se estabelece um acordo entre uma

empresa estrangeira (contratante) e uma local (contratada) em que a empresa local

produz parte ou todo o produto da estrangeira. Permite que uma empresa

administre as operações diárias de um determinado empreendimento, sem o poder

de tomar decisões sobre a propriedade, ao financiamento ou a mudanças de política

e estratégia, quanto ao Marketing do bem produzido continua sobre a

responsabilidade da empresa contratante. Estes contratos são geralmente

combinados com acordos do tipo joint ventures. Essa estratégia é de risco

relativamente baixo, porém de curto prazo, o que proporciona rendimentos

limitados. Os rendimentos podem ser maiores caso essa entrada permita que a

empresa tome uma posição mais permanente no mercado. Um aspecto negativo

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deste tipo de contrato é que a empresa contratada torna-se um futuro concorrente

da empresa contratante.

d) Contratos de produção: as empresas encomendam a produção de bens acabados

ou de componentes em países com mão-de-obra mais barata, por exemplo. Esses

bens podem voltar ao país sede ou serem vendidos no país do contratado. Essa

estratégia garante rápida entrada no país, com baixo investimento em capital e sem

problema relacionado à propriedade local. Existe, porém, a necessidade de garantir

a confiabilidade e qualidade do contratado, e também uma forma adequada para a

repatriação do lucro.

e) Operações prontas (turnkey): é uma operação em que a empresa projeta e

constrói instalações no exterior, treina o pessoal local e entrega a chave à

administração local (turnkey), mediante pagamento. Os fatores críticos para essa

operação são a disponibilidade local de materiais e mão-de-obra, infraestrutura

confiável e formas aceitáveis de repatriação de lucros. Este tipo de contrato é feito,

na maioria das vezes com governos locais, como no caso da Fiat com o governo

russo, o que pode gerar alta exposição de risco. Outra característica é que este tipo

de operação pode ser combinada com um contrato de licenciamento. Nesta

alternativa, a empresa pode ficar exposta a riscos do tipo anulação do contrato e

rescisão das garantias bancárias.

f) Alianças estratégicas: entende-se como sendo uma coalizão entre duas ou mais

organizações para alcançar objetivos significativamente estratégicos e que são

mutuamente benéficos a todas as empresas envolvidas. As alianças estratégicas

geralmente se dividem em três categorias: joint ventures; alianças acionárias

estratégicas; alianças estratégicas não-acionárias. As motivações que podem estar

associadas são: a) contornar as barreiras de importação, exigências para

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licenciamento e outras leis protecionistas; b) compartilhar os riscos e custos da

pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos; c) compartilhar os

riscos e custos da pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos; d)

conquistar acesso a mercados específicos; e e) reduzir os riscos políticos e ao

mesmo tempo abrir caminho em novos mercados. Conquistar entrada rápida em

um setor industrial novo ou em consolidação e tirar proveito das sinergias.

i) Joint Venture: envolve acordo entre duas organizações com o fim de

produzir conjuntamente bens e serviços. A propriedade é compartilhada,

normalmente entre uma empresa estrangeira e entre outra empresa já

estabelecida localmente, e ambas as empresas concordam em estabelecer

papéis e dividir recursos, no intuito de estabelecer uma nova empresa no

mercado-alvo. Esta estratégia facilita a entrada da organização no país ao

utilizar o conhecimento e familiaridade do parceiro local. Esta alternativa

reduz o risco de expropriação do país local, mas pode ser em alguns setores e

em países seja a única forma de entrar neste mercado. A adequação

estratégica e complementaridade do sócio, mercados e produtos e a

capacidade de proteger as tecnologias são fatores críticos para o sucesso da

joint venture. A capacidade de partilhar o controle e a adaptabilidade cultural

dos sócios são também fatores essenciais para a viabilidade desta aliança. Se

comparadas à implantação de subsidiária e filiais, essa estratégia apresenta

investimentos, controles e riscos menores.

ii) Aliança Acionária Estratégica: ocorrem quando dois ou mais sócios têm

fatias de ações diferentes em um novo empreendimento. Muitas destas

alianças se dão com fornecedores e distribuidores. Elas podem também

envolver empresas de diferentes setores e até mesmo governos.

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iii) Aliança Estratégica Não-acionárias: são alianças realizadas pelo

fechamento de acordos mediante contratos. Estes contratos são assinados

geralmente entre as empresas e seus fornecedores, distribuidores ou

produtores. Também podem ser fechados com objetivo de compartilhamento

de mercado e informações estratégicas.

g) Consórcios em negócios internacionais: constituem um agrupamento de

empresas com interesses comuns, reunidas em uma entidade estabelecidas

juridicamente. Esta entidade será constituída sob a forma de uma associação sem

fins lucrativos, na qual as empresas produtoras tenham maneiras de trabalho

conjugado e em cooperação com vista aos objetivos comuns de melhoria da oferta

exportável e de promoção das exportações (APEX-Brasil, 2008). Algumas

possíveis vantagens são a redução de custos gerais de exportação, pois serão

divididos entres as empresas consorciadas, minimizando o risco de exportação

individual, oferta em grupo que possibilita o atendimento de cliente com escala

maiores, entre outros. Quanto à desvantagem, pode-se destacar a falta de

profissionalismo de gerente do consórcio, em que a maioria dos gerentes

contratados não entende do produto que estão comercializando, não sendo capazes

de negociar com o comprador internacional, individualismo e a preocupação de

que outros consórcios obtenham mais vantagens durante as atividades entre outros

(LIMA, 2006).

Os Investimentos Diretos Externos (IDE), de uma maneira geral, são as formas que

algumas organizações que queiram expandir suas atividades para o mercado global optam

pelo controle total das operações, que podem se dividir em duas opções: a aquisição de uma

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planta já existente no mercado-alvo, ou início de um novo negócio, por meio da construção e

implantação de subsidiárias e filiais (green field investments). Os IDE são classificados como:

a) Aquisições e fusões: por aquisição, entende-se a compra do controle de uma

empresa por outra organização. Ao contrário das fusões que são acordadas, as

aquisições podem ser hostis quando a empresa comprada não solicita ou concorda

com a aquisição, o denominado takeover. Entende-se por fusão a ocorrência de um

acordo entre duas empresas com o objetivo de integrar suas operações em uma

base relativamente igual. A motivação das empresas é, ao fundir suas capacidades

e recursos, criar vantagem competitiva mais forte. Sua principal vantagem é a

rápida entrada no mercado local, a possibilidade de acesso a marcas já

estabelecidas, os canais de distribuição e às tecnologias. O processo, porém é

dispendioso, necessita de negociações complexas e é de difícil implementação. A

dificuldade de implementação surge principalmente das diferentes culturas das

empresas, a compradora e a adquirida.

b) Estabelecimento de subsidiária: ocorre quando a empresa constitui uma nova

companhia, ou subsidiária, de produção ou serviços em um país estrangeiro. Por

operar no país e ter maior contato com a cultura, gera empregos, investe e por isso

tem aceitação maior. As maiores vantagens são o máximo controle e alto potencial

de lucros, e a coordenação estratégica. A empresa pode proteger, em geral, a

tecnologia e a base de capacitação. Existe a possibilidade de integração com outras

unidades e de atingir economias de escala global. As empresas também se livram

de quaisquer barreiras impostas ao produto que fabricam, tendo acesso total ao

mercado. As desvantagens estão principalmente ligadas ao alto risco desta

operação. A entrada pode ser complexa, já que alguns países exigem algumas

contrapartidas como disponibilização de tecnologia, e a saída impeditiva dado o

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alto investimento. Instabilidades políticas e econômicas impactam de forma

acentuada nessas operações.

Segundo Kuada e Sorensen (2000), a escolha da forma de entrada nos mercados

dependerá dos motivos em que essas empresas têm para entrar no processo de

internacionalização, a natureza dos produtos, os recursos disponíveis, assim como os

mercados selecionados. Por exemplo, as empresas produtoras de bens como conteúdo

tecnológico inovador devem optar por exportação direta ou licenças. Como estas empresas

têm recursos limitados para investimento, no seu estágio inicial, é provável que não optem por

joint ventures ou construção de fábricas (green field investments) durante os processos iniciais

de internacionalização. Desta forma, os autores afirmam que empresas de países em

desenvolvimento têm uma gama menor de opções do que as empresas de países

desenvolvidos, em virtude da escassez de recursos para investimento, para entrarem nos

mercados internacionais.

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3. CARACTERIZAÇÃO DO SETOR DE FRANGO DE CORTE BRASILEIRO E DE

MATO GROSSO DO SUL

Neste capítulo, é apresentada uma breve caracterização do setor de frango de corte

brasileiro, com contextualização histórica da avicultura nacional e, em seguida, são

apresentados dados macroeconômicos desta atividade e também, algumas instituições ligadas

diretas com a promoção das exportações brasileiras deste setor.

3.1 HISTÓRICO DA AVICULTURA NO BRASIL

A produção brasileira de frango de corte, em escala industrial, teve início na década de

1940, após a Segunda Guerra Mundial, com destaque para os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro

e Minas Gerais. Haja vista, que eram nestes estados os maiores centros consumidores do país. Na

década seguinte, com a importação de novas linhagens híbridas de frango específico para corte,

vindas dos Estados Unidos, feitos por empresas estabelecidas em São Paulo e Rio de Janeiro o setor

passa por reestruturações na produção e no manejo, adotando o sistema de criação intensivo. Essas

empresas não utilizavam o sistema de integração, de forma que cada etapa da cadeia produtiva do

frango pertencia a diferentes empresas que agiam de forma independente. Esse tipo de sistema

começou a mudar a partir do início da década de 1960, quando empresas localizadas no Estado de

Santa Catarina começaram a adotar o sistema de integração (PEREIRA et al., 2007).

A avicultura implementada no oeste de Santa Catarina foi organizada sob o sistema de

contratos de parceria entre abatedouros e criadores, baseado no modelo norte-americano de

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integração e na experiência acumulada na região pela parceria na produção de suínos

(NOGUEIRA, 2003). De acordo com Costa (1999), a produção de frango de corte nos

Estados da região Sul, é efetuada basicamente por pequenas propriedades, em pequenas

escalas utilizando principalmente mão-de-obra familiar.

Esse modelo trouxe condições para a expansão da produção e industrialização das

aves, para toda região Sul do país, gerou ganhos de produtividade, redução de custos,

qualidade e padronização, redução de preços, aumento do consumo interno e a evolução da

renda per capita brasileira e da estrutura fundiária regional que consolidou a agroindústria de

aves no Sul do Brasil (SILVA, 2007).

Nogueira (2003) explica que o sistema de integração vertical é feito por meio de

contratos de parceria, se dá pela relação entre as indústrias processadoras, que oferecem

insumos (rações, pintos de linhagens selecionadas, medicamentos) e assistência técnica e

veterinária e os produtores de aves para a engorda, com direito à exclusividade na aquisição

dos frangos em peso de abate. Os produtores se responsabilizam pelas instalações e

equipamentos das granjas e pelo manejo, com o compromisso de vender o frango para o

processador contratante. O autor ressalta que este tipo de contrato favoreceu o rápido

desenvolvimento tecnológico da produção e industrialização de aves.

Na década de 1970, o complexo agroindustrial de frango de corte foi formado por

meio da instalação de diversas empresas dispersas por algumas regiões brasileiras (RIZZI,

2004 apud PEREIRA et al., 2007). A partir dos anos 80, ocorreram importantes modificações

no sistema produtivo avícola que podem ser atribuídas a fatores tecnológicos, como as

contribuições advindas da biotecnologia, da microeletrônica e da automação. Essas mudanças

influenciaram a capacidade competitiva das empresas, gerando bom desempenho nos

mercados interno e externo. Esse bom desempenho também pode ser atribuído à redução do

custo das matérias-primas e ao atendimento das necessidades específicas dos consumidores.

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No final dos anos 90 e início de 2000, começam ocorrer, no país, as aquisições de empresas

concorrentes e/ou o controle acionário adquirido por outros capitais, de origem nacional ou

internacional. É nesse período, ainda, que aparecem no mercado produtos de maior valor agregado

como consequência de uma demanda tanto do mercado interno como internacional (SILVA, 2007).

A fim de atender uma demanda interna e externa crescente, a produção de frangos de

corte, de excepcional desempenho no agronegócio brasileiro, tem se expandido, nos últimos

anos, para outros Estados do país além dos tradicionais produtores. Essa expansão passa por

reorganização da base agroindustrial desta cadeia produtiva, principalmente por meio da

implantação de modernos projetos avícolas nos Estados da região Centro-oeste brasileiro,

surge um novo produtor integrado ao sistema, com perfil diferenciado. Produtores com áreas

de terra maiores e com escalas mais significativas de produção, tornando possível que a

capacidade de abate das empresas seja suprida com um número menor de grandes avicultores.

Segundo Silva (2007), com a incorporação desta região, pelo sistema agroindustrial de

frango de corte, passa a ser o novo polo de expansão das grandes agroindústrias de carne de

frango com características diferenciais, tais como contrato com um menor número de granjas com

maior capacidade de produção, visando à diminuição dos custos logísticos e administrativos.

Outro fator importante do Centro-oeste brasileiro, é que essa região se destaca como a maior

região produtora de milho e soja, ingredientes básicos da alimentação dos animais.

3.2 MERCADO INTERNACIONAL E AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE

CARNE DE FRANGO DE CORTE

No cenário mundial, a avicultura vem assumindo cada vez mais importância

econômica. Em 2007, os Estados Unidos destacam-se como o maior produtor de frango do

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mundo, com 16.413 mil toneladas, seguido pela China com 11.500 mil toneladas e o Brasil

com 10.246 toneladas, colocando-o em terceiro maior produtor mundial. Das 67.753 mil

toneladas de carne de frango produzidas mundialmente, no último ano, 43,08% são

produzidas no continente americano, conforme Tabela 1.

Tabela 3.1 – Produção Mundial de Carne de Frango Principais Países (1999-2008) em mil toneladas

ANO/PÁIS EUA CHINA BRASIL UNIÃO EUROPEIA MÉXICO MUNDO 2000 13.703 9.269 5.977 7.606 1.936 50.097 2001 14.033 9.278 6.736 7.883 2.067 52.303 2002 14.467 9.558 7.517 7.788 2.157 54.155 2003 14.696 9.898 7.843 7.512 2.290 54.282 2004 15.286 9.998 8.494 7.627 2.389 55.952 2005 15.870 10.200 9.297 8.169 2.498 62.902 2006 15.930 10.350 9.335 7.440 2.592 63.797 2007 16.211 11.500 10.246 8.111 2.730 67.753 2008* 16.558 12.500 10.895 8.200 2.825 70.748 Fonte: ABEF (2008a). * Previsão.

Com relação às exportações mundiais de carne de frango, conforme Tabela 2, o maior

exportador mundial é o Brasil, com 3.287 mil toneladas em 2007, mantendo-se na colocação

desde 2004, seguido pelos Estados Unidos com 2.618 mil toneladas. Juntos são responsáveis

por 81,61% das exportações mundiais.

Tabela 3.2 – Exportação Mundial de Carne de Frango Principais Países (2000-2008) em mil toneladas

ANO/PÁIS BRASIL EUA UNIÃO EUROPEIA TAILÂNDIA CHINA MUNDO 2000 907 2.231 774 333 464 4.856 2001 1.265 2.520 726 392 489 5.527 2002 1.625 2.180 871 427 438 5.702 2003 1.960 2.232 788 485 388 6.023 2004 2.470 2.170 813 200 241 6.055 2005 2.846 2.360 691 240 331 6.801 2006 2.718 2.361 684 261 322 6.494 2007 3.287 2,618 623 297 358 7.236 2008* 3.570 2.722 620 320 400 7.722 Fonte: ABEF (2008a). * Previsão.

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No que tange ao consumo mundial de carne de frango, conforme Tabela 3, o principal

consumidor são os Estados Unidos, com consumo de 13.901 mil toneladas, seguido pela

China, com 10.585 mil toneladas, União Europeia 7.120 mil toneladas. E em quarto lugar o

Brasil, com o consumo de 7.120 mil toneladas no ano de 2007. No período de 2000 a 2007, o

consumo mundial de carne de frango obteve crescimento de 21,04%, apesar de todos os

problemas que ocorreram com a gripe aviária6.

Tabela 3.3 – Consumo Mundial de Carne de Frango Principais Países (2000-2007) em mil toneladas

ANO EUA CHINA UNIÃO EUROPEIA BRASIL MÉXICO MUNDO 2000 11.474 9.393 6.934 5.110 2.163 49.360 2001 11.558 9.237 7.359 5.341 2.311 50.854 2002 12.270 9.556 7.417 5.873 2.424 52.846 2003 12.540 9.963 7.312 5.742 2.627 52.903 2004 13.081 9.931 7.280 5.992 2.713 54.172 2005 13.428 10.088 7.503 6.612 2.871 57.339 2006* 13.817 10.370 7.405 6.622 3.010 58.888 2007** 13.901 10.585 7.490 7.120 3.148 59.744 Fonte: ABEF (2007). * Preliminar. ** Previsão.

Ainda com relação ao consumo, aqueles países que não conseguem produzir

internamente o suficiente para suprir seu consumo, buscam, por meio do comércio

internacional, produtos para abastecimento do mercado interno. Os principais países

importadores mundiais de carne de frango estão representados na Tabela 4, e pode-se

constatar que o maior importador mundial é a Rússia, com 1.122 mil toneladas de carne de

frango importadas de outros país, seguido pelo Japão e União Europeia.

6 É uma doença causada pelo vírus Influenza, semelhante ao vírus que afeta os humanos e provoca a gripe. Os vírus aviários apresentam 16 subtipos, dos quais alguns são altamente patogênicos. O H5 e o H7 são os dois que caracterizam a gripe do frango. Nas aves, geralmente, a doença é devastadora, provocando lesões sérias nos sistemas respiratório, digestivo, nervoso e reprodutivo. Nos humanos, nos casos relatados até agora, a doença se manifesta como uma infecção pulmonar aguda (SOUZA, 2006).

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Tabela 3.4 – Importação Mundial de Carne de Frango Principais Países (2000-2008) em mil toneladas

ANO/PÁIS RUSSIA JAPÃO UNIÃO EUROPEIA ARÁBIA SAUDITA MÉXICO MUNDO

2000 943 721 278 348 228 3.940 2001 1.281 710 202 399 245 4.149 2002 1.208 744 500 391 267 4.443 2003 1.081 695 588 452 338 4.625 2004 1.016 582 466 429 326 4.384 2005 1.225 748 609 484 374 6.144 2006 1.189 716 605 423 400 6.282 2007 1.122 696 640 482 424 7.236 2008* 1.240 690 650 485 490 7.264 Fonte: ABEF (2008a). * Previsão.

As exportações comerciais da avicultura brasileira têm iniciou na década de 1970,

quando o setor, acompanhando o processo de modernização da agricultura, modificou sua

base de produção, passando de uma atividade do tipo colonial para uma atividade voltada ao

mercado consumidor.

Segundo Pereira et al. (2007), as empresa agroindustrial brasileira de frango de corte

abatem, processam e coordenam esse segmento, principalmente via contratos estabelecidos

com os produtores rurais e pelas joint ventures estabelecidas com grandes empresas

multinacionais de desenvolvimento genético. Esse nível de articulação entre os diferentes

agentes da cadeia produtiva é o mais elevado do agronegócio brasileiro. Ao incorporar o

modelo norte-americano de produção de frangos - baseado na integração vertical e no elevado

nível de organização – o Brasil assumiu posição de destaque no mercado mundial de frango.

No período de 1975 a 1983, as exportações caracterizam por frangos inteiros, tem

menor valor agregado, só no ano de 1984 é que passa a exportar frango em cortes, no mercado

de maior valor agregado, em vista dos esforços do setor em capacitação tecnológica,

observados a partir de 1980 (COSTA, 1999).

De fato, conforme Tabela 5, observa-se que, na segunda metade da década de 1980,

ocorreu a desaceleração no ritmo das exportações brasileiras, com posterior retomada no

crescimento das vendas externas no decênio de 1990.

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Tabela 3.5 – Exportação Brasileira de Carne de Frango (1975-2007)

Ano Volume (ton) Receita (Mil US$)** Ano Volume (ton) Receita (Mil US$)** 1975 3.469 3.290 1992 371.719 430.110 1976 19.636 19.565 1993 433.498 478.815 1977 32.829 31.572 1994 481.029 588.407 1978 50.805 46.871 1995* 435.226 641.648 1979 81.096 81.148 1996 571.328 849.569 1980 168.713 206.690 1997 651.409 883.917 1981 293.933 354.291 1998 616.593 752.920 1982 301.793 285.475 1999 776.495 893.037 1983 289.301 242.312 2000 916.216 828.831 1984 287.494 268.976 2001 1.266.083 1.334.047 1985 273.010 238.570 2002 1.625.226 1.393.070 1986 224.652 220.306 2003 1.960.538 1.799.286 1987 215.163 212.971 2004 2.469.697 2.594.891 1988 236.302 224.636 2005 2.845.953 3.508.576 1989 243.891 263.065 2006 2.717.534 3.213.182 1990 299.218 319.765 2007 3.286.775 4.975.564 1991 321.700 392.859 Fonte: ABEF (2007). * A partir de 1995 estão computadas as exportações de industrializados e salgados. ** Preço constante.

Em 1997, as exportações brasileiras apresentaram um incremento em torno de 117%

no volume exportado em relação a 1990. Já em 1998, houve redução de 5,68%, em

comparação ao ano anterior. Porém, a partir deste ano, observou-se crescimento ascendente,

que pode estar associado à desvalorização do câmbio, que até então se encontrava apreciado.

De 1998 a 2006, observa-se incremento nas exportações de 346%, no volume total em

toneladas. De acordo com Ipardes (2002), esse crescimento está associado à abertura de novos

mercados, como o Canadá, onde só foi possível por um acordo de equivalência sanitária, que

o Brasil firmou com aquele país, provando a erradicação da doença de New Castle7 no Brasil.

As maiores empresas exportadoras brasileiras de carne de frango no em 2006,

conforme exporto na Tabela 6, tem-se a Sadia, em seguida a Perdigão e em terceiro a Seara.

As três empresas juntas detêm 52,67% no total do Market Share, porem ao incluir a Doux

7 A doença de Newcastle (DNC) é uma doença viral, aguda, altamente contagiosa que acomete aves comerciais e outras espécies aviárias, com sinais respiratórios (tosse, espirro, estertores) freqüentemente seguidos por manifestações nervosas e por diarreia e edema da cabeça. A manifestação clínica e a mortalidade variam segundo a patogenicidade da amostra do vírus. Segundo definição do Escritório Internacional de Epizootias (OIE), regulamentada pela Portaria da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MAPA) n.º 183 de 08/11/94, o agente da doença de Newcastle Velogênica é classificado como sendo: "Qualquer estirpe aviária do paramixovírus tipo I, com Índice de Patogenicidade Intracerebral em pintos de um dia (IPIC), superior a 0,7 (cepa velogênica)".

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Eleva e a Diplomata, as cinco maiores exportadoras correspondem por 66,03% na

participação do Market Share das exportações brasileiras.

Tabela 3.6 – Os Maiores Exportadores Brasileiros de Carne de Frango em 2007

Empresa exportadora Exportação (em ton.) Market Share

Sadia S/A 772.040 23,49% Perdigão Agroindustrial S/A 579.852 17,64% Seara Alimentos S/A 379.139 11,54% Doux Frangosul S/A 278.357 8,47% Eleva Alimentos S/A 161.012 4,90% Diplomata S/A 134.143 4,08% C. Vale Coop. Agroindustrial 70.883 2,16% Aurora Alimento 64.901 1,97% Coop. Agroindustrial Lar 44.532 1,35% Copacol Ltda. 44.062 1,34% Agroavícola Vêneto Ltda. 42.751 1,30% Pena Branca S/A 42.529 1,29% Big Frango Ltda . 42.045 1,28% Penasul Ltda . 41.652 1,27% Dagranja Ltda . 41.446 1,26% Outros 547.431 16,66% TOTAL 3.286.775 100,00% Fonte: ABEF (2008a).

No ano de 2007, os embarques de cortes de frango totalizaram 1,8 milhão de toneladas

alta de 12% em relação a 2006 e receita de US$ 2,7 bilhões (aumento de 40%). Esse segmento

teve como principais mercados a Ásia (principalmente Japão e Hong-Kong) e a União

Europeia (com destaque para Países Baixos e Alemanha). Já as exportações de frango inteiro

foram de 1,1 milhão de toneladas, em alta de 23% em relação a 2006 e receita US$ 1,4 bilhão,

variação de 54% ao ano anterior, tendo como principais clientes o Oriente Médio

(principalmente Arábia Saudita, Emirados Árabes, Iêmen e Couaite), Venezuela, Rússia e

Angola (ABEF, 2008a).

Segundo a mesma entidade, no segmento de industrializados, os embarques foram de

155 mil toneladas, com receita de US$ 402 milhões, e no de carnes salgadas, de 124 mil

toneladas e receita de US$ 356 milhões. Em ambos, a União Europeia foi o principal cliente

(ABEF, 2008a).

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A região que obteve maior destaque, no ano de 2007, foi o Oriente Médio, a receita

cambial chegou a US$ 1,3 bilhão, incremento de 63% na comparação com 2006, em um

volume de 984 mil toneladas (alta de 30%). Os embarques se concentraram para a Arábia

Saudita, Emirados Árabes, Couaite e Iêmen.

Logo atrás aparece a Ásia, destino para o qual foram embarcadas 810 mil toneladas de

frango, incremento de 10% frente a 2006. A receita cambial foi de US$ 1,2 bilhão, com

aumento de 36% frente ao resultado do ano retrasado, tendo Hong Kong e Japão como

maiores compradores. Em seguida, a União Europeia, com 561 mil toneladas vendidas, alta de

36% na comparação com 2006. A receita cambial foi de US$ 1,3 bilhão, com aumento de

77%. Os principais compradores foram Países Baixos e Alemanha (ABEF, 2008a).

As exportadas para a África, 261 mil toneladas de carne de frango, o que representa

um recuo de 9% frente a 2006. Apesar desta redução, houve um incremento de 9% na receita

cambial, atingindo um montante de US$ 233 milhões, tendo como clientes principais África e

Angola. Para a América do Sul foram exportadas 173 mil toneladas entre janeiro e dezembro,

em crescimento de 30%. Na receita cambial, que somou US$ 216 milhões, o aumento foi de

47%. O destaque ficou por conta da Venezuela (ABEF, 2008a).

3.3 AVICULTURA SUL-MATOGROSSENCE

Segundo Michels et al. (2004), a indústria avícola em escala industrial em MS surgiu

no início da década de 1990 e vem passando por um processo de evolução. No princípio, a

avicultura do Estado não utilizava tecnologia de ponta e os aviários não eram construídos de

acordo com os padrões exigidos pelo mercado, situação que mudou com a chegada de

empresas oriundas da região Sul do país, motivadas pela expansão da cultura de grãos (soja e

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milho, insumos utilizados na fabricação de ração) no Centro-oeste brasileiro, além das

políticas de desconcentração industrial para o interior do País, sob a forma de implantação de

distritos industriais, principalmente, para consolidação da política de agroindustrialização, a

partir da racionalização de recursos (e otimização de investimentos) para a criação de plantas

industriais que começam a se instalar nesse período.

Os incentivos fiscais de MS iniciaram-se com o Plano de Desenvolvimento Industrial

do governo estadual, em 1984, e visavam à industrialização da economia estadual que ao

longo dos anos foram sendo aperfeiçoadas e, ainda hoje, é utilizado como mecanismo de

atração empresarial em várias áreas. Segundo Lima-Filho et al. (2007), além das linhas de

créditos tradicionais oferecidas por instituições bancárias (BNDES, FINAME, PROGER e

PRONAF), o estado conta com uma linha de fomento empresarial criada pela Constituição

Federal de 1998, voltada para a promoção do desenvolvimento econômico e social da região

Centro-oeste, denominado Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-oeste (FCO),

que tem prazo de pagamento alongado e suavizado; para investimento em capital fixo o prazo

é de até 12 anos, incluído o período de carência de até três anos, e para os investimentos em

capital de giro associado, o prazo é de até três anos, incluído o período de carência de até um

ano. As taxas de juros são diferenciadas, dado o porte da empresa (receita em Real).

Os aviários podem ser financiados entre 80 a 100% do investimento, numa parceria

com as empresas abatedoras. Os autores afirmam que a inadimplência do setor é próxima de

zero, pois as grandes agroindústrias são as avalistas de todos os integrados que fornecem

frangos para corte, contribuído, assim, para o desenvolvimento da atividade em MS. Outro

benefício se dá por meio do governo do Estado, que elaborou recentemente um plano de

desenvolvimento, chamado Programa de Desenvolvimento da Agricultura de MS (PDA).

Dentre vários projetos, o programa busca a expansão da avicultura em MS, contando com

uma Câmara Setorial Consultiva. A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal

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(IAGRO) executa os serviços de defesa agropecuária do Estado, controlando e erradicando

doenças de aves no perímetro estadual, constantes do Código Zoossanitário da Oficina

Internacional de Epizootias – OIE (LIMA-FILHO et al., 2007).

Dentre os incentivos fiscais estaduais que se destacam para o desenvolvimento da

indústria avicultura em MS estão: a) Programa MS Empreendedor, regulamentado pela Lei

Complementar nº 93/01, e são concedidos: benefícios ou incentivos fiscais às indústrias que

se instalarem ou ampliarem suas instalações, de até 67% do ICMS devido, pelo prazo de até

cinco anos, prorrogável por igual período, conforme perfil do empreendimento; b)

possibilidade de dispensa do pagamento do ICMS incidente sobre as entradas interestaduais

ou sobre a importação de máquinas e equipamentos, destinados ao ativo fixo da empresa,

além do diferimento do ICMS incidente sobre importações de matérias-primas; outras

prerrogativas desta Lei é o aproveitamento da matéria-prima regional; c) outro incentivo ao

setor avícola é o Decreto Lei nº 9.761/99, que estabelece crédito presumido de 58,824% nas

operações internas com aves abatidas, inclusive os produtos comestíveis resultantes do abate,

simplesmente resfriados ou congelados; d) para os frigoríficos, o Decreto Lei n° 9.930/00

estabelece crédito presumido de forma que o ICMS resulte no percentual de 3%, na hipótese

de operações com carne desossada, e de 4%, nas demais hipóteses; e e) Lei Estadual n°

1225/1991, que prevê a suspensão de cobrança do diferencial de alíquotas sobre a compra de

máquinas e equipamentos comprados em outras Unidades da Federação ou no exterior

(SEFAZ/MS, 2008). Na esfera municipal, as políticas de incentivos fiscais são diferenciadas

entre os municípios; para atração de novos empreendimentos, as negociações são feitas

diretamente com o Chefe do Poder Executivo Municipal. Alguns dos benefícios que podem

ser deferidos são: a) doação de áreas; b) execução de serviços de infraestrutura necessários,

como por exemplo: abertura de vias, drenagem e terraplanagem; redução ou isenção de

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Imposto Predial Territorial Urbano - IPTU e Imposto Sobre Serviços - ISS; e c) capacitação

de mão-de-obra.

Os fatores que dificultam o maior desenvolvimento da avicultura em MS são: elevados

custos com frete até os portos marítimos; alto custo da energia (muito utilizada na produção

de frangos); más condições das estradas vicinais; carga tributária incidente sobre as

comercializações interestaduais, haja vista que muitos Estados brasileiros desoneraram o

imposto incidente sobre os frangos comercializados com outras unidades da Federação, uma

vez que a medida fomenta a industrialização do Estado produtor, chamado de “guerra fiscal”

entre os Estados brasileiros. Com isso, as indústrias locais ficam limitadas às vendas do

mercado interno estadual ou focam a atividade para as exportações, que são isentas de

recolhimento de ICMS, conforme prevê a Lei Kandir (RETRAÇÃO..., 2007).

De acordo com os dados do MAPA (2008b), no ano de 2007, foram abatidas no

Estado 125,38 milhões de aves, aproximadamente 2,5% da produção nacional. A capacidade

de alojamento estadual é de 18,38 milhões de aves, em cerca de 604 produtores integrados

contratualmente à empresa motriz. O maior número de integrados encontra-se na Seara, com

196 integrados, seguida pela Avipal/Eleva/Perdigão com 170, Doux Frangosul com 149,

Comaves com 55, Frango Ouro com 20 e Frango Bello com quatorze integrados. A cidade

onde se concentra o maior número de integrados é a cidade de Sidrolândia, com 26,65%,

seguida por Dourados com 13,41% e Caarapó com 9,27% (IAGRO, 2008). Segundo UBA

(2008), no ano de 2007, o total de alojamento de matrizes de corte no Estado foi de 767,86

milhões de cabeças, ocupando a 9ª colocação nacional, ou seja, 1,81% do percentual do total

anual. No que se refere às exportações do agronegócio estadual, neste mesmo ano, obteve

uma receita cambial de US$ 1,19 bilhão, sendo 41,57% do complexo soja e 25,52% do setor

de carnes. No grupo carnes, o item frango é o que apresenta o melhor desempenho, atingindo

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a receita de US$ 185,85 milhões, participando com 61,01% no total deste grupo. Em

comparação ao ano de 2006, o item carne de frango obteve uma variação 54,83%.

As processadoras avícolas de MS, conforme Quadro 3, concentram-se em seis polos

de produção e de industrialização de frangos de corte. Estão localizadas nas cidades de

Campo Grande (Comaves/Frango Vit), Dourados (Avipal/Eleva/Perdigão), Sidrolândia

(Seara/Cargill), Aparecida do Tabuado (Frango Ouro), Itaquiraí (Frango Bello) e Caarapó

(Doux Frango Sul). Entre elas, a Comaves/Frango Vit e a Frango Ouro atendem, na sua maior

parte, o mercado estadual. A Frango Bello atende somente o mercado de MS. As demais

empresas direcionam praticamente 90% de seus produtos para exportação.

Frigorífico Cidade Eleva Alimentos S.A Dourados Doux Frangosul S.A. Agro Avícola Industrial Caarapó Seara Alimentos S.A. Sidrolândia Frango Vit/Comaves Ind. e Com. de Alimentos Ltda Campo Grande Frango Ouro/Savana Agroindústria Ltda Aparecida do Taboado Frango Bello/Abatedouro de Aves Itaquiraí Ltda Itaquiraí

Quadro 3.1 – Frigoríficos de frangos de corte no Estado de Mato Grosso do Sul (2008). Fonte: IAGRO (2008).

3.4 AGÊNCIA DE PROMOÇÃO DE EXPORTAÇÕES E INVESTIMENTOS DO

BRASIL - APEX-BRASIL8

Criada em novembro de 1997 por Decreto Presidencial, a APEX – Agência de

Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil funcionou como uma Gerência Especial

do Sebrae Nacional até 6 de fevereiro de 2003. Nesta data, passou a ser denominada APEX-

Brasil, constituindo-se em um Serviço Social Autônomo ligado ao Ministério do

8 Informações obtidas junto ao site institucional da Apex-Brasil.

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Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ganhou autonomia, passando a

desempenhar, no Governo Federal, a função de coordenar e executar a política de promoção

do país. O seu principal objetivo é o de inserir mais empresas no mercado internacional, e

diversificar a pauta dos produtos exportados, aumentar o volume vendido e abrir novos

mercados, além de consolidar os atuais, sua missão é “Promover as exportações de produtos e

serviços contribuindo para a internacionalização das empresas brasileiras”.

A Agência é responsável pela coordenação da política de promoção comercial do

governo brasileiro conjugando a promoção de exportações com a atração de investimentos. As

duas atividades têm características complementares o que possibilita uma grande sinergia

entre as duas áreas de atuação. A Unidade de investimentos da APEX-Brasil tem sua atuação

potencializada pela credibilidade do Brasil, conquistada pela estabilidade econômica e

política. Isso está sendo feito, entre outras iniciativas, por meio da preparação das empresas

para exportar. Adequar os produtos brasileiros ao mercado internacional e realizar ações de

marketing no exterior sendo fundamental para divulgar e consolidar a Marca Brasil. Esse

trabalho é realizado por meio de ações internas, junto aos Governos Estaduais e aos diversos

segmentos do setor produtivo, e também de ações externas, junto aos governos e entidades

empresariais, às organizações internacionais de promoção comercial e às embaixadas

brasileiras.

A APEX-Brasil possui em sua estrutura os Centros de Negócios (CN), criados como

plataformas de acesso do exportador aos principais mercados globais. Inicialmente, chamados

de Centros de Distribuição, têm como objetivo apoiar a internacionalização de empresas

brasileiras. A agência mantém cinco CN no exterior, sendo: Miami (EUA), Lisboa (Portugal),

Dubai (Emirados Árabes), Varsóvia (Polônia) e Frankfurt (Alemanha). Além destes, outros

dois estão em fase de abertura na China e em Cuba. Visam reduzir a distância entre

exportadores brasileiros e seus clientes no exterior, atendendo à dinâmica da demanda local,

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apoiando atividades e ações, e propondo às micro, pequenas e médias empresas brasileiras

uma participação orientada no mercado externo.

Em cada CN, a APEX-Brasil coloca à disposição das empresas brasileiras uma

estrutura que lhes permite manter estoque de produtos, mostruário e escritório destinado a

atividades comerciais e administrativas, tais como: identificação de oportunidades comerciais;

informações sobre compradores; auxílio em agendamentos; informações sobre publicações

setoriais; mapeamento de produto no mercado; apoio a eventos; serviços de inteligência

comercial; depósito de cheques; preparação de mala direta; postagem de correspondência e

secretária virtual. A agência negocia condições diferenciadas para o exportador, diminuindo

os custos para as empresas e, consequentemente, aumentando sua competitividade.

Em 2007, a partir de um detalhado planejamento estratégico a estrutura organizacional

foi ampliada, e ganhou novas unidades – planejamento, gestão do conhecimento e APEX

Internacional. Também está sendo criada a Rede APEX, que levara escritórios da agência a

todos os Estados brasileiros. Com base em planejamento estratégico de promoção comercial e

ações realizadas em parceria com o setor público e o privado, a agência trabalha com as

seguintes diretrizes:

a) identificar vocações produtivas regionais;

b) fortalecer as entidades de classe;

c) realizar estudos e prospecções de mercado;

d) firmar acordos de cooperação com redes internacionais;

e) realizar grandes eventos, tendo o Brasil como tema;

f) inserir novas empresas no mercado internacional;

g) promover encontros de negócios com importadores;

h) executar/coordenar eventos internacionais (missões comerciais, feiras, encontros

de negócios);

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i) promover a imagem do Brasil.

Em 2007, foram executadas 761 ações entre Feiras Setoriais, Missões Comerciais e de

Prospecção, Rodadas de Negócios, Ações Especiais, Road Shows, entre outros. Entre projetos

e eventos, a APEX-Brasil trabalha com aproximadamente 1.848 empresas exportadoras,

representantes de 63 setores da economia brasileira. As exportações das empresas integrantes

dos projetos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-

Brasil) com mais de 60 entidades setoriais cresceram 27,5% de janeiro a maio de 2008, em

relação ao mesmo período do ano passado.

Exportações dos projetos APEX-Brasil nos 12 meses entre junho de 2007 e maio de

2008, os Projetos Setoriais Integrados da APEX-Brasil exportaram US$ 10,303 bilhões. Os

principais destinos das exportações em 2008 foram Estados Unidos, Rússia, Hong Kong,

Argentina, Holanda, Angola, Reino Unido, Itália e Japão. Até maio de 2008, foram realizados

278 eventos em 35 países, entre feiras no exterior, missões comerciais, Projeto Comprador,

Projeto Imagem, Projeto Vendedor, prospecção e pesquisa de mercado e degustação de

produtos. Com 64 projetos em execução, a Agência atende 4.438 empresas, em parceria com

as entidades setoriais. São empresas de 728 municípios de quase todos os Estados brasileiros,

com exceção apenas de Roraima. Em 2007, 203 exportaram pela primeira vez. São Paulo

concentra 38% das empresas, seguido por Rio Grande do Sul (17%) e Minas Gerais (11%).

Do total de 4.438, 75% são micro e pequenas empresas, com até 99 funcionários.

A APEX-Brasil trabalha com seis complexos produtivos – Agronegócio, Casa e

Construção Civil, Entretenimento e Serviços, Máquinas e Equipamentos, Moda, Tecnologia e

Saúde. Dentre os projetos setoriais que agência desenvolve, encontra-se o convênio número

00-61/06 com a ABEF “Projeto Setorial Integrado de Promoção de Exportações de Frangos -

2007/2008”. O projeto visa divulgar a marca setorial “Brazilian Chicken” e o selo “Brazilian

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Certified Chiken” junto aos importadores e consumidores internacionais, associando-as aos

atributos de boa qualidade, bom preço e segurança alimentar do consumidor, por meio de

diversos materiais de divulgação e da participação das empresas do projeto em eventos do

setor no Brasil e no exterior. Objetiva-se aumentar as exportações brasileiras de carne de

frango, consolidando o País como maior exportador de carne de frango do mundo.

Os mercados-alvo deste projeto são: Cazaquistão, China, Coreia do Sul, Egito, Estados

Unidos da América, Indonésia, Iraque, Leste Europeu, Malásia, México, Oriente Médio e

Rússia. O público-alvo inicial foi 20 empresas frigoríficas de todo o país que já exportam

carne de frango “in natura” e/ou industrializada. Atualmente, o projeto conta com número de

94 participantes distribuídos nos seguintes Estados brasileiros: Bahia, Distrito Federal, Goiás,

Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,

Santa Catarina e São Paulo. Sua concepção está contemplada dentro do setor de agronegócios,

seguimento Carnes “in natura” (frango, suína e bovina) e industrializados. Iniciado em 04 de

dezembro de 2006 com previsão de término em 31 de dezembro de 2008.

Os focos estratégicos estabelecido do projeto são: a) promover a qualidade do frango

brasileiro no mundo pelo conceito “brazilian certified chicken”; b) viabilizar a manutenção de

mercados já acessados; c) ampliar mercados pouco explorados; d) estimular a conquista de

novos mercados e; e) estimular ações relacionadas à segurança alimentar e saúde animal.

Tendo como objetivo geral aumentar significativamente os volumes e receitas exportados das

empresas associadas da ABEF participantes do projeto, pelo lançamento e consolidação do

conceito “Brazilian Certified Chicken” no mundo. Um esforço concentrado na realização de

feiras, projeto imagem e veiculação da campanha institucional do frango brasileiro. A parceria

com a APEX é o impulso necessário para o aumento do volume e faturamento do setor

exportador de carne de frangos, criação de novos postos de trabalho, recuperação de mercados

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abalados pela “gripe aviária” e acesso a novos mercados ainda fechados para a carne de

frango do Brasil.

Tem como premissas: a) não entrada da "gripe aviária" no continente americano e não

proliferação nos mercados alvo; b) implementação do plano de prevenção contra "gripe

aviária" em toda a sua extensão; c) dólar não abaixo de R$ 2,08; e d) diminuição do

protecionismo comercial na Europa. Os resultados finalísticos são: a) aumentar as exportações

de carne de frango brasileira das empresas participantes do projeto de US$ 2,24 bilhões

esperados em 2006 para US$ 2,56 bilhões ao final de 2007 e US$ 2,80 bilhões ao final de

2008; c) aumentar o número de empresas participantes de 11 em 2006 para 14 em 2007 e para

16 em 2008; e d) gerar 188.000 empregos no setor em 2007, (sendo 68 mil diretos e 120 mil

indiretos) e 266 mil em 2008 (80 mil diretos e 186 mil indiretos). Os resultados intermediários

são: atuação em três novos mercados em 2007, (Malásia, Cazaquistão e México) e em dois em

2008 (Estados Unidos e Indonésia).

Dentre as ações desenvolvidas em parceria entre as duas instituições (APEX e a

ABEF) destaca-se a presença na China International Foodstuff Exposition (CIFE), que foi

realizada entre os dias 05 e 07 de julho, na cidade de Guangzhou. O setor exportador de carne

de frango encontra-se na expectativa da abertura definitiva do mercado da China continental.

A ABEF está, inclusive, mantendo contatos com a Associação Chinesa dos Importadores e

Exportadores de Carnes. Hoje, o Brasil embarca 350 mil toneladas por ano de carne de frango

para Hong-Kong, por onde o produto brasileiro chega ao mercado chinês. “A presença da

ABEF na feira, com um stand institucional, marcou o início dos esforços conjuntos com a

Câmara Chinesa de Comércio de Carnes (CCCFA) para o acesso ao mercado de carne de aves

da China continental. Dezenas de visitantes de Shangai, Shenzen e outras regiões do país

ficaram entusiasmados com a possibilidade de a carne de frango brasileira começar a ser

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importada diretamente, além de Hong-Kong”, destacou o Diretor Executivo da ABEF,

Christian Lohbauer, que liderou a equipe da Associação em Guangzhou (APEX, 2008).

“A China tem interesse em comprar e nós estamos capacitados para atender a este

mercado. Temos 24 plantas habilitadas desde março de 2006, e faltam apenas poucos detalhes

para a abertura efetiva deste mercado. O potencial de exportações para a China é de, no mínimo,

100 mil toneladas no primeiro ano”, informa o Presidente Executivo da ABEF, Francisco Turra.

Os presidentes das duas instituições assinaram no dia 04 de setembro de 2008, na

Expointer 2008, em Esteio (RS), um novo convênio entre as duas entidades para promoção da

carne de frango brasileira no exterior. O novo acordo, relativo ao biênio 2008/2010, é de

4,712 milhões de Reais e será partilhado igualmente entre as duas entidades. O montante

representa o aumento de 76% sobre os recursos investidos no período 2006/2008, que foram

de R$ 2,680 milhões. “O frango brasileiro é uma grife no exterior, mas só reforçando

permanentemente a imagem de nosso produto podemos consolidar nossa presença nos

mercados”, destacou o presidente da ABEF, Francisco Turra, citado por ABEF (2008b).

Existem na APEX-Brasil convênios em cerca de 15 setores do agronegócio em função dos

quais participa de mais de 30 feiras internacionais.

3.5 O PAPEL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES E

EXPORTADORES DE FRANGOS – ABEF9

A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos - ABEF foi

fundada em 1976, por nove empresas associadas, com o objetivo comum de desenvolver e

9 Informações obtidas no site institucional da associação.

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dinamizar as exportações de frangos, além de representar o setor junto ao governo e à

sociedade brasileira. Atualmente, as empresas que compõem seu quadro social são

responsáveis por 75% da produção brasileira e 92% da produção destinada ao exterior.

Tem como missões: a) representar os interesses coletivos dos produtores e

exportadores de carne de aves; dedicar-se ao acesso de novos mercados e ao desenvolvimento

das exportações do setor; b) garantir a qualidade do frango brasileiro; c) priorizar os assuntos

de interesse do setor junto às autoridades governamentais e organismos internacionais; d)

promover valores éticos na produção, comercialização e exportação de carne de aves; e e)

zelar pela imagem positiva do setor produtor e exportador de carne de aves. A entidade tem

por objetivo principal acompanhar os processos de acesso a novos mercados exportadores

para carne de frango e monitorar as barreiras tarifárias e não-tarifárias impostas pelos países

importadores, trabalhando em conjunto com as empresas associadas e interligando-as aos

poderes públicos.

Segundo Martins (2008), as principais atividades desenvolvidas pela ABEF, no ano

2007, foram: elaboração de relatórios mensais de estatísticas; periódicos mensais sobre a

cadeia produtiva do frango; relatório anual da ABEF; entrevistas coletivas mensais;

atendimento a demandas específicas de associados; preparação de apresentações para a

entidade; participação em feiras nacionais e internacionais; representação do setor em missões

e rodadas de negociação internacional; além de apresentações, palestras a missões e grupos

estrangeiros, etc..

Neste mesmo ano, os principais eventos ligados ao comercio internacional em que a

ABEF atuou, em prol do setor avícola brasileiros, foram: em janeiro de 2007 – Alberta,

Canadá: Missão Canadá – Palestra: Brazilian Poultry at a Glance; Em fevereiro de 2007 –

Dinamarca: Danish Poultry Congress: The Brazilian Broiler Production; Dubai, GulFood

2007; em março de 2007, Missão Ministerial para Indonésia: The Brazilian Poultry Sector –

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Industry and Exports; Missão Ministerial para o Japão: apresentação para importadores

japoneses e visita à Foodex; Bangkok, Tailândia: Reunião IPC – The Brazilian Broiler

Industry (RG); em maio de 2007 – São Paulo: apresentação para grupo alemão: Brazilian

Aviculture (AHK); Londres, Inglaterra: World Poultry Congress: The future of EU-Brazilian

Relations Following WTO Doha Round; em julho de 2007 – Bruxelas (cotas); em setembro

de 2007 – Visita à Armênia; Rússia – World Food Moscow 2007; apresentação para missão

holandesa: Brazilian Aviculture; em outubro de 2007 – Alemanha: ANUGA 2007; missão

ministerial para Bruxelas (Cotas); Frankfurt – Brazilian Agribusiness – Competitive

Excellence in Food, Feed and Fuel (Bolsa) entre outros (MARTINS, 2008).

O papel da ABEF, na internacionalização do setor avícola brasileiro, pode ser

considerado como representatividade coletiva do setor em negociações internacionais, em

visitas técnicas, missões, em participação de eventos como congressos e feiras. Entre as feiras

internacionais em que a ABEF contou com a participação da APEX-Brasil, destaca-se, em

2007, a feira internacional de alimentos na Alemanha, de 13 a 17 de outubro, na ANUGA,

uma das maiores feiras de alimentos e bebidas do mundo, realizada em Colônia, Alemanha. A

ABEF, contatou com 10 empresas associadas em seu estande, entre elas Ad’oro, Agrovêneto,

Cossisa, Copacol, DaGranja, Diplomata, Penabranca, Nogueira Rivelli, Goiaves e Pif Paf.

Outras associadas como Aurora, Doux Frangosul, Eleva, Frango Forte, Perdigão, Sadia,

Seara/Cargill e Sertanejo terão estandes próprios. Das 24 empresas associadas à ABEF, 18

estiveram presentes na Anuga 2007.

Já em 2008, a ABEF participou da Gulfood, feira de alimentos no Oriente Médio,

entre os dias 24 e 27 de fevereiro, 2008, feira do ramo de alimentos realizada em Dubai, nos

Emirados Árabes Unidos. Realizado desde 1987, o evento recebe algumas das mais

importantes empresas e instituições do mundo ligadas ao setor e tem papel de destaque no

desenvolvimento de negócios não só com o Oriente Médio, mas também com a África. A

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ABEF, que tem o apoio APEX-Brasil, esteve presente na Gulfood com os associados Ad’Oro,

Aurora Alimentos, CVale, Cossisa, Penasul, Penabranca, Seara, Sertanejo Alimentos, Sadia,

Perdigão e Doux/Frangosul. Outra feira que a ABEF e as empresas brasileiras tiveram

presentes foram a Foodex Japan 2008, de 12 a 14 de março 2008, na cidade japonesa de

Chiba, a maior feira asiática de alimentos e bebidas. Também contou com a organização da

APEX-Brasil, entre as empresas presentes do setor avícola e de outros setores brasileiros,

contou com 25 empresas e foi uma exposição temática em homenagem aos imigrantes

japoneses e seus descendentes, que contribuíram para o desenvolvimento do agronegócio

brasileiro. Para Christian Lohbauer, Presidente Executivo da ABEF, a participação na feira é a

consolidação de um mercado fundamental para o setor de frangos. Hoje, de toda a carne de

frango "in natura" importada pelo Japão, 90% vêm do Brasil e 50% do frango industrializado

é brasileiro. Destacam-se outras feiras internacionais que a ABEF também participou no ano

de 2008, como a Foodex Japão, em março foi a Food and Hotel, em Cingapura, em abril e

também vai participar em outubro do Salão Internacional da Alimentação (SIAL), em Paris.

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4. METODOLOGIA

A pesquisa, segundo Come (2001), é o procedimento racional e sistemático que visa

proporcionar respostas aos problemas que são propostos e, assim, contribuir com o

conhecimento científico. De acordo com Gil (2002), a pesquisa é requerida quando não se

dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação

disponível se encontra em tal estado de desordem, impossibilitando a sua adequada relação

com o problema.

A metodologia da pesquisa em um planejamento deve ser entendida como o conjunto

detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem executados ao longo da

pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objetivos inicialmente propostos e, ao mesmo

tempo, atender aos critérios com menor custo, maior rapidez, maior eficácia e mais

confiabilidade de informação (BARRETO; HONORATO, 1998).

Quanto à forma de abordagem da pesquisa, Godoy (1995) estabelece a diferença entre

estudos quantitativo e qualitativo, ao referir-se à condução do trabalho do pesquisador na

abordagem quantitativa. Segundo a autora, esta abordagem se preocupa com a medição

objetiva e a quantificação dos resultados, buscando a precisão, evitando distorções na etapa de

análise e interpretação dos dados para garantir margem de segurança em relação às inferências

obtidas. No entanto, a pesquisa qualitativa, de acordo com a autora, ao contrário da

quantitativa, não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega

instrumental estatístico na análise dos dados.

Na realização deste trabalho foi utilizada predominantemente a abordagem qualitativa

como o intuito de caracterizar o complexo exportador de frango de corte brasileiro e de MS

quanto à internacionalização. Para tanto, usou-se o modelo de Uppsala, que se baseia em

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aspectos comportamentais, para caracterizar e analisar as empresas exportadoras de frango de

corte.

Segundo Marconi e Lakatos (2002), o tipo de investigação da pesquisa pode variar de

acordo com o enfoque dado pelos autores. A divisão obedece a abordagens, interesses,

condições, campos, metodologia, situações, objetivos, objetos de estudo, entre outros. No

ponto de vista de Gil (2002), a classificação é estabelecida com base nos objetivos gerais da

pesquisa que por sua vez é dividida em três grandes grupos de pesquisas:

A primeira é a pesquisa exploratória, que tem como objetivo proporcionar maior

familiaridade com o problema, visando torná-lo mais claro ou constituir hipóteses, explorando

problemas pouco conhecidos. Portanto, tem como característica marcante a flexibilidade no

seu planejamento, de modo a possibilitar a consideração dos mais variados aspectos relativos

ao objeto em estudo. Na maioria dos casos, esse tipo de pesquisa assume a forma de pesquisa

bibliográfica ou de estudo de caso, envolvendo entrevistas com pessoas que tiveram

experiência prática com o problema pesquisado e/ou análise de exemplos.

A segunda é a pesquisa descritiva, que objetivo, descrever e entender o problema

como um todo ou, então, estabelecer relações entre variáveis. Algumas pesquisas descritivas

vão além da descoberta da relação entre as variáveis, servindo mais para proporcionar uma

nova visão do problema, aproximando-as das pesquisas exploratórias.

E, por último, a pesquisa explicativa ou experimental, que procura explicar as relações

de causa e efeito, ou seja, buscar explicar de que modo ou por que causas o fenômeno é

produzido. Gil (2002) acrescenta e destaca que a utilização de pesquisa experimental é muito

útil para possibilitar uma aproximação conceitual. Contudo, para analisar os fatos do ponto de

vista científico, confrontando a visão teórica com os dados da realidade, torna-se necessário

traçar um modelo conceitual e operativo da pesquisa, algo como uma estratégia de pesquisa.

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Neste trabalho, foi utilizada a pesquisa exploratória e a descritiva. Pesquisa

exploratória, pois buscou familiarizar-se com o tema internacionalização, na avicultura

nacional e em Mato Grosso do Sul visando torná-lo mais claro do ponto de vista acadêmico,

no que tange à teoria sobre internacionalização de empresas, tendo em vista que existem

poucos trabalhos que tratam sobre o assunto. E descritiva, no intuito de descrever e entender

como se dá o processo de internacionalização deste setor.

Para Marconi e Lakatos (2002), o planejamento estratégico de uma pesquisa ou

delineamento, ambas têm função que envolvem o desenho (diagramação, design), à previsão

de análise e à interpretação dos dados coletados, considerando também, outros aspectos como

o ambiente em que os dados são coletados e as formas de controle das variáveis envolvidas.

Nesse sentido, o elemento mais importante para o planejamento estratégico de uma pesquisa é

o procedimento adotado para a coleta de dados.

O autor define dois grandes grupos de procedimentos de coleta de dados. Aqueles que

utilizam as chamadas fontes de “papel” (pesquisa bibliográfica e documental). E aqueles cujos

dados são fornecidos por pessoas (pesquisa experimental, levantamento e estudos de caso).

A pesquisa com tipo de investigação exploratória, independentemente da forma de

abordagem ou da estratégia de pesquisa adotada, trabalha sobre os dados ou fatos colhidos no

próprio ambiente do objeto pesquisado, portanto, a coleta de dados configura-se como uma

atividade fundamental e de grande relevância para esse tipo de pesquisa. Entretanto, Cervo e

Bervian (2002), ao discutirem sobre as pesquisas exploratórias, destacam que essa pesquisa

requer um planejamento bastante flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos

aspectos de um problema ou de uma situação.

Neste trabalho, uma das principais fontes de pesquisa se baseou na revisão

bibliográfica, buscando abordar alguns temas que são atuais – estando ainda em debate ou em

evolução –, constituindo-se basicamente de artigos científicos publicados em periódicos,

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congressos, textos encontrados em dissertações, teses e sites da internet, principalmente este

último para caracterizar os estudos de casos das empresas e das instituições. No entanto, os

conceitos e temas já teorizados têm como fonte de pesquisa os livros de diversos autores, os

quais são geralmente debatidos a fim de enriquecer e fornecer maior embasamento teórico

sobre o tema.

Segundo Yin (2005), outro procedimento de coleta de dados é o estudo de caso, que é

considerado como uma estratégia de pesquisa abrangente, pois contempla em seu método a

lógica de planejamento, das técnicas de coleta de dados e das abordagens específicas à análise

dos mesmos. Nesse sentido, o estudo de caso não é nem uma tática para a coleta de dados

nem meramente uma característica do planejamento em si. Eles são aplicados na tentativa de

explicar ligações causais em intervenções ou situações da vida real que são complexas demais

para tratamento por meio de estratégias experimentais ou de levantamento de dados.

Yin (2005) define o estudo de casos como sendo uma forma de se fazer pesquisa

social empírica ao investigar um fenômeno atual dentro do seu contexto de vida-real, em que

as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e na situação em que

múltiplas fontes de evidência são usadas.

Para Yin (2005), uma das vantagens do método de estudo de casos é que mesmo sendo

um procedimento de pesquisa de caráter qualitativo, também possibilita a utilização de

evidências quantitativas, o que contribui para melhor aplicabilidade do método.

Ao comparar o estudo de caso com o experimento, Yin (2005) defende que o objetivo

do pesquisador é expandir e generalizar teorias (generalização analítica) e não enumerar

frequências (generalização estatística). O autor também defende que o estudo de caso é a

estratégia de pesquisa ideal para responder a questões do tipo “como” e “por que” a respeito

de um conjunto contemporâneo de acontecimento sobre o qual o pesquisador tem pouco ou

nenhum controle.

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Com relação a pouca robustez, usualmente associada ao resultado dos estudos de caso,

Yin (2005) acredita que ela pode ser minimizada com os chamados “estudos de casos

múltiplos”, ou seja, projetos que embutem mais de um estudo de caso. Segundo o autor, a

lógica que suporta este tipo de pesquisa é a lógica da replicação e não a da amostragem. Deste

modo, a teoria é confrontada com os resultados de cada caso, de modo análogo com o que

ocorre com os experimentos.

Conforme exposto acima, outro método utilizado no desenvolvimento deste trabalho

foi o estudo de casos múltiplos, objetivando propiciar uma familiaridade com o problema de

forma a instigar sua compreensão, realizada uma investigação empírica que investiga um

fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto natural (GIL, 2002).

O procedimento de estudos de casos adotado para o levantamento de dados primários

foi por meio de questionários aplicados em entrevistas não estruturadas, direcionados junto a

pessoas-chave (especialistas, dirigentes de agroindústria, dirigentes e funcionários de

empresas privadas, dentre outras), todos de algum modo estão envolvidos com o setor de

comércio internacional das empresas agroexportadoras de carne de frango. Esse tipo de

entrevista apresenta como uma das suas maiores vantagens frentes a outros métodos de

pesquisa, a flexibilidade na condução do processo de coleta dos dados.

As entrevistas foram realizadas pelo orientador deste trabalho entre os meses de

outubro e novembro de 2007, nas respectivas empresas, conforme data e horários previamente

agendados. Buscou utilizar as mesmas entrevistas, na intenção de minimizar custos e o melhor

aproveitamento no deslocamento de pessoal/ pesquisador, na realização de outra pesquisa, que

envolve o mesmo objeto de estudo, porém como problemática diferente. Também justifica a

sua utilização, dada a riqueza nas informações prestadas pelos entrevistados, além da sua

experiência e importância, e também pela dificuldade em compatibilizar agenda com alguns

dos entrevistados.

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No Quatro 4 consta a discriminação e a posição ocupada pelos executivos

entrevistados. Na realização deste trabalho, foram mantidos em sigilo a identidade dos

executivos e o nome das empresas em que os mesmos atuavam, tanto em respeito à vontade

dos entrevistados, como também em atenção aos princípios éticos que regem a pesquisa

acadêmica.

Executivo Cargo ocupado na empresa/ Posição Executivo A Diretor Comercial Executivo B Diretor Industrial Executivo C Diretor/Presidente Executivo D Gerente de comércio exterior Executivo E Diretor Comercial Executivo F Diretor/Presidente

Quadro 4.1 – Cargo ocupado pelos executivos entrevistados. Fonte: Dados da Pesquisa.

Neste trabalho, foi utilizado o mesmo critério adotado por Rodrigues (2008) e de

Carona (2008) para a divisão das amostras constituídas pelas empresas pequenas, médias e

grandes. Segundo o autor, esse critério foi definido com o auxílio de dois especialistas do

setor avícola. A amostra estudada, constituída de seis casos divididos em três grupos de duas

empresas, Rodrigues (2008) justifica que assim poderia tornar-se mais compreensível a

realidade das empresas exportadoras, em seus diferentes portes e participações no mercado

internacional. Foram classificadas como grandes empresas, aquelas que possuem participação

acima de 5,0% nas exportações de carne de frango; as empresas classificadas como médias, se

localizaram na faixa estabelecida entre 1,5% e 5,0%; já as classificadas como pequenas

empresas, foram as empresas que contribuíram com menos de 1,5% no volume total

exportado, conforme relatório anual da ABEF.

As entrevistas deram-se de forma pessoal, em que o roteiro de entrevista serviu como

balizador das questões propostas. As entrevistas foram gravadas em meio digital, com

autorização e consentimento dos entrevistados, sendo posteriormente, transcritas para melhor

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análise. Para Yin (2005), a entrevista é uma das mais importantes fontes de informações para

um estudo de caso. Segundo o autor, é muito comum que as entrevistas para o estudo de caso

sejam conduzidas de forma espontânea, pois dessa forma, o entrevistador pode tanto indagar

o respondente quanto pedir a opinião dele sobre determinados eventos.

Com relação à estratégia, para se analisar os dados oriundos de estudos de caso, Yin

(2005) propõe três maneiras. A primeira baseando-se em proposições teóricas, que faz

reflexão sobre o conjunto formado pelas questões de pesquisa, revisão da literatura e novas

descobertas de pesquisa originadas das proposições teóricas. Estas proposições orientam a

coleta e análise dos dados e contribuem para o entendimento da realidade, permitindo a

análise do objeto estudado a partir de um referencial teórico estabelecido.

A segunda estratégia é pensando sobre explanações concorrentes, que busca definir e

testar explanações concorrentes. Essa estratégia pode ser relacionada à primeira, na medida

em que as proposições teóricas originais talvez tenham incluído hipóteses concorrentes. No

entanto, a estratégia é relevante mesmo na ausência dessas proposições teóricas e é

especialmente útil ao se fazer avaliações do estudo de caso.

E, por último, desenvolvendo uma descrição do caso, a fim de elaborar um referencial

descritivo voltado ao objeto do estudo de caso, em que observador, objetiva apenas descrever

a realidade ou quando não há alguma proposição teórica, pois segundo Yin (2005), é

preferível utilizar proposições teóricas ou explanações concorrentes a utilizar essa estratégia.

Para o relato do estudo de casos múltiplos desta pesquisa, foram apresentadas as

empresas exportadoras de frango de corte em formato de apresentação de dados que

penderam ser acompanhado de análises e conclusões parciais sobre a internacionalização, de

modo a facilitar o encadeamento das ideias, bem como facilitar a sua leitura e compreensão.

De acordo com Yin (2005), para relatar os estudos de casos múltiplos, não pode haver

capítulos ou seções separados, destinados a casos individuais. Em seu lugar, o relatório

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inteiro consiste em uma análise cruzada, mesmo que seja puramente descritivo ou que lide

com tópicos explanatórios.

Para o tratamento dos dados, após a transcrição das entrevistas realizadas, procurou-se

identificar categorias – Aprendizado e Distância Psíquica. Utilizando-se do método de a

análise dos dados do tipo, baseando-se em proposições teóricas. De acordo com Yin (2005),

buscará entender a realidade explorada a partir de referencias teóricas pré-existentes.

Em seguida, baseando-se em Mazzotti (2004), foi realizado durante o processo de

análise uma triangulação dos dados coletados, confrontando as entrevistas realizadas e as

anotações geradas da observação participante, entre si, com os dados secundários e com a

teoria levantada sobre o tema. Ou seja, os dados foram analisados qualitativamente, buscando

articulação nos dados primários e secundários levantados sobre as empresas agroexportadoras

de frango de corte brasileiras com base na teoria de internacionalização de empresas da

Escola de Uppsala, conforme demonstrado na Figura 2.

A partir dos dados coletados e com o suporte da teoria, foram caracterizados conforme

a Escola de Uppsala sobre internacionalização da empresa, classificando-as por “etapas”,

“estágios”; os principais canais utilizados para comercialização internacionais, e as principais

evidências que demonstravam que a empresa encontrava-se em cada “fase”.

As variáveis utilizadas, neste trabalho, são aquelas ligadas aos aspectos que tange à

internacionalização de empresas, como a distância psíquica e a forma em que se dá o

processo de aprendizagem das empresas exportadoras de frango de corte. Porém, para

entender esse processo é importante caracterizar as duas maiores empresas brasileiras

exportadoras e as principais empresas presentes dentro do Estado de Mato Grosso do Sul,

tendo em vista a sua respectiva importância para o setor avícola e também por serem a Sadia

e a Perdigão as primeiras empresas exportadoras de carne de frango do Brasil. Outras

variáveis importante no processo de internacionalização do setor exportador brasileiro são as

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instituições ABEF e a APEX-Brasil, dada a sua atuação na promoção das exportações do

setor avícola nacional.

Seguindo colocações de Lakatos e Marconi (2002), não obstante, e como em todos os

outros itens deste trabalho, foram mantidas flexibilidade e abertura para incluir pesquisas com

conteúdo e/ou em formato não-previstos neste trabalho, desde que estes auxiliem no objetivo

geral do trabalho ora proposto.

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5. CARACTERIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS EMPRESAS EXPORTADORAS

Para entender ao processo de internacionalização das empresas brasileiras foi realizada

uma caracterização das duas maiores empresas exportadoras da avicultura brasileira,

conforme ABEF (2008a). A escolha pela caracterização da Sadia e da Perdigão aconteceu

pois, além de ser as maiores, são as que mais estão envolvidas neste processo e, também

conforme ranque de internacionalização da Fundação Dom Cabral – FDC (2008) das

empresas brasileiras para o ano de 2008, a Sadia é a vigésima sétima e a Perdigão a trigésima

quarta. Neste sentido, dada a importância delas para o setor exportador brasileiro de

avicultura, sua caracterização é relevante para entendimento do setor como um todo, tendo em

vista que as informações delas são mais acessíveis de um modo geral em relação às demais

empresas deste setor. E também pelo perfil de transparência que elas têm com ao mercado

acionário com as boas práticas da “Governança Corporativa10”.

Buscando elucidar o processo de internacionalização será apresentado um breve relato

dessas duas empresas, a fim de identificar alguns fatos relevantes delas para o

desenvolvimento do setor como um todo. As informações foram obtidas em seus sites

institucionais, jornais, revistas, relatórios, balanços, trabalhos científicos, teses e dissertações

entre outros que de alguma forma contribuíram para caracterizar o processo de

internacionalização. Com base nessas informações, foi desenvolvido um breve histórico da

empresa ao longo dos anos, desde a sua criação até meados do ano de 2008, para relacionar os

fatos com caracterização da internacionalização da empresa.

10 Governança Corporativa segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os acionistas e os cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.

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5.1 CASO SADIA11

A Sadia S.A. é uma empresa de capital aberto, constituída em 7 de junho de 1944,

adquirido por Attilio Fontana, do Frigorífico Concórdia Ltda., localizado no município de

mesmo nome, no Oeste do Estado de Santa Catarina, Brasil. Na época, a Companhia consistia

de um moinho de trigo e um matadouro inacabado de suínos. No final dos anos 80 e início dos

anos 90, a política de expansão da Companhia deu lugar à racionalização das estruturas

administrativas e de custos, que reduziu o número de companhias do Grupo Sadia por meio de

fusões. A Sadia entrou na década de 90 com o controle acionário de 21 empresas e começou a

concentrar suas operações na fabricação de produtos cárneos industrializados.

Em 1997, a Companhia vendeu seu matadouro de bovinos em Barra do Garças (MT),

quatro unidades de beneficiamento de soja (esmagamento e refino), 12 centros de compra e

armazenamento de grãos e também transformou seu matadouro de Várzea Grande (MT) em

uma unidade de fabricação de produtos cárneos industrializados. Além disso, o transporte dos

produtos, que vinha sendo feito por uma frota de veículos próprios, foi terceirizado para

empresas especializadas de transporte.

Em julho de 1998, a Sadia foi criada com a fusão da Sadia Concórdia S.A. na Sadia

Frigobrás S.A., consolidando suas operações em uma única empresa, simplificando sua

estrutura corporativa, realçando a marca da Companhia e reduzindo as despesas

administrativas. Em dezembro de 1999, a Sadia adquiriu o capital social da Granja Rezende

S.A. (empresa concentrada principalmente na fabricação e distribuição de produtos avícolas e

suínos) e suas subsidiárias integrais Rezende Alimentos Ltda., Rezende Óleo Ltda. e Rezende

Marketing Comunicações Ltda. Imediatamente após a aquisição da Granja Rezende, a

11 Informações obtidas no site institucional da Companhia relação com o investidor.

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Companhia decidiu vender a unidade de esmagamento e produção de óleo de soja da Granja

Rezende e seu complexo administrativo.

Em 2000, a subsidiária Rezende Alimentos Ltda. foi convertida, de uma empresa de

responsabilidade limitada para uma sociedade anônima, e a razão social da subsidiária foi

mudada para Sadia Alimentos S.A. No dia 29 de dezembro de 2000, a então controladora

fundiu-se com a Sadia Alimentos S.A., cuja razão social passou a ser Sadia S.A. O objetivo da

incorporação foi o de permitir a racionalização operacional e administrativa e a utilização de

compensações de prejuízos fiscais. Em agosto de 2002, a Granja Rezende S.A. foi

incorporada à Sadia S.A., visando à redução de custos por meio da padronização e

racionalização das atividades administrativas e operacionais bem como os reflexos de

natureza fiscal e financeira.

Em abril de 2001, a Companhia registrou seu programa de Recibos de Depósitos de

Ações (ADRs) na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), proporcionando aos investidores

um canal alternativo para comprar suas ações. Em junho de 2001, a Companhia aderiu ao

“nível 1” de Governança Coorporativa da Bovespa, atestando seu compromisso com a

transparência e a divulgação justa de informações. Em agosto de 2001, a Sadia abriu um

Centro de Distribuição – CD, no município de Jundiaí - SP, para abastecer o Estado de São

Paulo, considerado o maior mercado do Brasil. A Sadia GmbH foi criada em dezembro de

2001 e sua subsidiária Laxness F.C.P.A. Lda.- Laxness foi constituída com o objetivo de

alavancar as exportações para o mercado europeu. Em fevereiro de 2005, o nome da Laxness

foi alterado para Wellax Food Logistics C.P.A.S.U. Ltd – Wellax.

Em 2004, a Sadia começou a expansão da unidade de Uberlândia a fim de melhorar as

instalações com o intuito de ter as mais modernas instalações da Companhia no Brasil. Em

novembro de 2004, a Companhia abriu um CD na cidade de Ponta Grossa (PR) o que deu à

Companhia maior capacidade e eficiência em seus processos de exportação. Ainda em

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novembro de 2004, as ações preferenciais da Sadia foram autorizadas para comercialização na

Bolsa de Valores de Madri, no Mercado Internacional Latino-Americano – Latibex, sob o

símbolo “XSDI”.

Em janeiro de 2005, a Sadia adquiriu 100% da Só Frango Produtos Alimentícios Ltda.

(Só Frango), empresa sediada em Brasília, com capacidade total de abate de 150.000 frangos

por dia (na época da aquisição). Em março de 2005, a Só Frango foi incorporada pela Sadia

S.A.. Em novembro de 2005, a Sadia decidiu voltar a atuar no segmento de bovinos, por

entender que se tratava de um negócio complementar às suas atividades. A estratégia da Sadia

neste segmento é concentrar as vendas no mercado de exportação; no mercado interno, a

Companhia direcionará seus esforços para os cortes especiais de bovinos. Com o intuito de

melhorar os níveis de governança corporativa e alinhar mais intimamente os interesses entre

seus acionistas, em 2005 a Sadia concedeu direitos de igualdade de condições (tag along) de

80% aos titulares de ações preferenciais sem direito a voto, atendendo às expectativas do

mercado.

Em 2006, a Sadia investiu aproximadamente R$ 970 milhões. Os investimentos em

2006 foram destinados aos segmentos de aves, produtos industrializados, bovinos e expansão

de algumas instalações. Em 2007, a Sadia investiu R$ 1,1 bilhões, distribuídos entre produtos

industrializados; produção de aves, suínos e bovinos; e projetos de tecnologia da informação e

logísticas. Como estratégia para continuar competitiva e reduzir o risco em suas operações, a

Sadia investiu na expansão de sua linha de produtos, particularmente de produtos de aves

empanados e produtos suínos industrializados. Em dezembro de 2007, para reforçar a posição

da Companhia no segmento de produtos industrializados congelados, a Sadia adquiriu a “Big

Foods”, um complexo industrial localizado em Tatuí (SP), especializado na produção de

sanduíches prontos, lasanhas, pizzas, pães, salgados, pão de queijo e produtos de confeitaria.

A Sadia também construiu sua primeira unidade industrial fora do Brasil, na cidade de

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Kaliningrado, Rússia, em uma Joint-Venture com um parceiro local. Esse investimento

finalizou-se no início de 2008, compreende uma unidade processadora de produtos cárneos,

desenvolvida em parceria com um distribuidor da Sadia naquele país. Essa fábrica consumiu

R$ 150 milhões de investimentos, dos quais aproximadamente R$ 92 milhões foram

investidos pela Sadia.

Os planos de investimentos para 2008 contemplam investimentos de R$ 1,6 bilhões, os

quais serão destinados a produtos industrializados (R$ 556 milhões), expansão da capacidade

suína e avícola, principalmente na unidade de Lucas do Rio Verde (MT) (R$ 558 milhões), no

segmento bovino (R$ 70 milhões), matrizes (R$ 150 milhões), Centro de Distribuição de

Pernambuco (R$ 60 milhões) e a diversos projetos de expansão e ampliação, tecnologia da

informação (TI) e infraestrutura. Em 2008, a Sadia construirá outra fábrica no exterior. Essa

unidade, a ser instalada nos Emirados Árabes para a produção de produtos industrializados de

aves e bovinos com o objetivo de aumentar a participação de mercado no Oriente Médio,

receberá investimentos de US$ 100 milhões.

A Sadia é a líder em todos os segmentos em que atua no Brasil, com uma linha de

produtos contendo mais de 1.000 itens. De acordo com a Associação Brasileira de

Exportadores de Frango (ABEF), a Companhia foi o maior abatedor e exportador de aves em

2007. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína

(ABIPECS), a Sadia foi o maior abatedor e exportador de suínos em 2007. A Sadia também é

o maior distribuidor de produtos cárneos congelados e resfriados (de acordo com a AC

Nielsen) e a líder do mercado brasileiro de margarinas. Em 31 de dezembro de 2007, o Grupo

Sadia tinha 52.422 funcionários, um dos maiores empregadores do Brasil. Em 2007, a Sadia

vendeu 1.012,8 mil toneladas de carne de aves, 152,7 mil toneladas de carne suína e 57,2 mil

toneladas de carne bovina e 924,0 toneladas de produtos industrializados, incluindo produtos

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cárneos congelados e resfriados, além de margarina, gerando uma receita operacional bruta de

R$ 10,0 bilhões, com um lucro líquido de R$ 842,0 milhões.

O alto nível de verticalização adotado pela Companhia assegura o controle de todas as

etapas de produção e distribuição de seus produtos. As operações da Sadia compreendem

fazendas para criação de matrizes e reprodutores de aves e suínos, incubadoras, centros de

criação de suínos, abatedouros, unidades industriais, fábricas de ração animal, escritórios de

representação e centros de distribuição. A Companhia foi pioneira na verticalização integrada

da criação de aves e suínos no Brasil, inicialmente adotada no Estado de Santa Catarina. Hoje,

exceto pelo segmento de bovinos, todas as operações da Companhia utilizam um sistema de

integração vertical consistindo de uma parceria com produtores rurais, com a finalidade de

obter animais para abate, criados em condições reprodutoras altamente produtivas e em

condições higiênico-sanitárias controladas. A Sadia produz pintos de um dia e leitões e

fornece-os a produtores integrados, juntamente com ração, transporte, além de assistência

técnica e veterinária.

A Sadia exporta cerca de 1.000 produtos diferentes para aproximadamente 100 países.

Atualmente, a Companhia produz uma gama de produtos, entre os quais, cortes suínos

congelados, resfriados, salgados e defumados, banha suína, toicinho defumado, pertences para

feijoada; miúdos suínos e de frango congelados e resfriados; frangos inteiros congelados e

temperados; cortes e partes de aves congelados e resfriados; cortes de frango marinados e pré-

cozidos; perus inteiros congelados e temperados; cortes e partes de peru congelados e

temperados; cortes de frango empanados; presuntos cru, cozido e defumado; presuntos tipo

“tender”; apresuntados, frios e produtos afins; presunto tipo “Parma”; perus e frangos

defumados; presuntos de peru cozido e defumado e frios à base de carne de peru; produtos

pré-cozidos e congelados, como almôndegas bovinas, de peru e de frango; hambúrgueres

bovinos, de peru e de frango; salsichas suínas, de peru e de frango; linguiças; mortadelas;

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salames; copa; apresuntados de peru; frios em geral; patês à base de carne suína e bovina;

pratos prontos congelados de carne bovina, de frango, de peixe e massas; alimentos

congelados prontos para serem levados ao forno e servidos, lanches, como empanados de

frango, peixe e antepastos, pizzas congeladas e massas frescas resfriadas; margarinas e

sobremesas refrigeradas.

A rede de suprimentos e a cadeia de distribuição da Sadia é composta por quinze

unidades industriais em oito diferentes Estados brasileiros e uma fábrica no exterior, em

Kaliningrado, Rússia. Sua linha de mais de 1.000 produtos é distribuída por meio de centros

de distribuição e vendas localizados no Brasil, na América Latina, no Oriente Médio, na Ásia

e na Europa.

Em 2007, uma média de 46,6% da receita operacional bruta da Sadia foi gerada pelas

exportações. Esse índice foi de 43,2% em 2006 e de 48,9% em 2005. A Tabela 7 mostra as

principais regiões do mundo com as quais a Companhia mantém relações comerciais, e a

análise que se segue trata das principais tendências e expectativas quanto a seus mercados.

Tabela 5.1 – Receita Operacional Bruta de Exportação (em milhares de R$)

Mercado 2005 2006 2007 Europa 978.318 889.171 1.256.325 Oriente Médio 1.047.615 787.838 986.240 Ásia 635.907 533.295 691.273 América do Sul 542.151 528.453 643.770 Mercados emergentes (principalmente Rússia e outros países da ex-União Soviética)

872.333 719.706 946.428

Ajuste para apresentação conforme os PCGA dos E.U.A. (627) (46.426) 111.955 Total 4.075.697 3.412.037 4.635.990 Fonte: Sadia (2008b).

As receitas são atribuídas a regiões com base no local de destino dos produtos. Todos

os ativos operacionais de longo prazo estão localizados no Brasil e em Kaliningrado, bem

como nos escritórios localizados em diversos países. A Europa é um grande comprador de

cortes de aves e produtos industrializados. A Sadia mantém presença tradicional no Oriente

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Médio, com liderança de mercado e forte reconhecimento de marca. Os países do Oriente

Médio consomem principalmente aves inteiras de baixo peso (até 1,4 kg) e produtos

industrializados. Para a Eurásia, que compreende a região do Cáucaso e a Rússia, a

Companhia exporta principalmente cortes suínos e de aves e produtos industrializados. As

exportações para a Ásia concentram-se, majoritariamente, em cortes especiais de aves,

carcaças e cortes suínos. Nas Américas, as vendas estão concentradas principalmente em

produtos industrializados, partes de aves e aves inteiras. Os mercados secundários incluem

regiões com grande potencial de crescimento em médio prazo. Em 2007, 76% das exportações

da Companhia foram para países com grau de investimento.

A Companhia embarca 57,0% de suas exportações pelos portos de Paranaguá e

Antonina, ambos no Estado do Paraná; 39,0% pelos portos de São Francisco do Sul, Itajaí e

Imbituba, no Estado de Santa Catarina, e os restantes 4,0% por outros portos (Santos, SP; Rio

de Janeiro, RJ; Rio Grande, RS). No porto de Paranaguá, a Companhia tem dois armazéns

refrigerados, capazes de receber duas mil toneladas por dia e de carregar duas mil toneladas

por dia em paletes. Esses armazéns contam com um sistema de armazenamento do tipo “drive

in” e operam somente com cargas paletizadas. Como um dos armazéns é localizado na área

portuária, a Companhia tem prioridade no atracamento de navios que chegam ao porto de

Paranaguá, evitando, dessa forma, possíveis aumentos de custo devidos a demoras no

carregamento de cargas. Esses armazéns refrigerados têm capacidade de armazenamento de

13.500 toneladas.

A Companhia também tem um armazém totalmente automatizado na cidade de Ponta

Grossa (PR) com capacidade de armazenamento de 11 mil toneladas e apto a receber e

expedir mil toneladas por dia. A Companhia embarca suas cargas em navios-contêineres ou

em embarcações refrigeradas convencionais, próprias para cargas paletizadas.

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O Grupo Sadia é atualmente composto por 20 empresas, conforme Figura 4. A Companhia

concentra todas as atividades de produção, abate, distribuição e venda de produtos no Brasil. A

Sadia International Ltd. é um dos menores veículos para as vendas da Companhia fora do Brasil. A

Big Foods é um complexo industrial localizado em Tatuí (SP), especializado na produção de

alimentos industrializados prontos. A Rezende Óleo Ltda. e a Rezende Marketing e Comunicações

Ltda. são empresas não-operacionais. A Sadia GmbH. é uma holding que controla a Wellax Food

Logistics C.P.A.S.U. Lda., uma empresa offshore responsável pela maior parte das operações de

exportação da Sadia. A Sadia Alimentos é uma subsidiária da Sadia International estabelecida em

2003, com o objetivo de desenvolver operações comerciais no mercado argentino. A Sadia Uruguai

e a Sadia Chile são responsáveis pela distribuição e venda dos produtos Sadia em seus respectivos

países. A Nordfin Holding Limited detém 40% da Sadia Chile. A Concórdia Holding Financeira é

uma empresa financeira. A Sadia Overseas Ltd. foi constituída para emitir os Eurobônus da

Companhia. As empresas não mencionadas acima são escritórios de representação.

Figura 5.1 – Estrutura Organizacional da Sadia. Fonte: Sadia (2008b).

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O Quadro 5 apresenta uma lista das unidades operacionais da Sadia e suas principais

atividades, no mercado nacional e internacional.

Pais UF Cidade Principal Atividade Brasil DF Brasília Criação e abate de frango, produtos industrializados e ração

animal. Brasil MG Uberlândia Criação e abate de frango, perus e porcos, produtos

industrializados e ração animal. Brasil MT Lucas do Rio Verde Genética suína e ração animal. Brasil MT Várzea Grande / Campo

Verde Criação e abate de frango, produtos industrializados e ração animal abatedouro de bovinos.

Brasil PR Dois Vizinhos Criação e abate de frango, ração animal e esmagarem de soja. Brasil PR Francisco Beltrão Criação e abate de frangos e perus e ração animal. Brasil PR Paranaguá Margarina Brasil PR Ponta Grossa Pizza e massas, sobremesa (Miss Daisy), produtos

industrializados. Brasil PR Toledo Criação e abate de frango e porcos, produtos industrializados,

ração animal e óleo de soja. Brasil RJ Duque de Caxias Produtos Industrializados Brasil RS Três Passos Criação e abate de porcos e ração animal. Brasil SC Chapecó Criação e abate de frango e perus, ração animal e produtos

industrializados. Brasil SC Concórdia Criação e abate de frangos, porcos, produtos industrializados e

ração animal. Brasil SC Faxinal dos Guedes Criação e abate de frangos e ração animal Brasil SP Tatuí Produtos Industrializados Rússia - Kaliningrado Produtos Industrializados Quadro 5.1 – Unidades Operacionais da Sadia. Fonte: Sadia (2008b).

Considerando os desenvolvimentos recentes no contexto macroeconômico e nos

setores pecuário e de alimentos industrializados no Brasil, a Sadia prevê que as suas

operações serão afetadas mais significativamente pelos seguintes fatores: i) novas

regulamentações continuarão a ser emitidas por países importadores no exterior, para proteger

seus produtores locais. Uma vez que uma parte relevante das nossas receitas vem de

operações de exportação, o aumento de barreiras protecionistas poderá afetar nossas

operações; ii) em julho de 2002, a Comissão Sanitária da UE emitiu nova regulamentação

aumentando os impostos sobre o frango fresco importado. Durante o segundo semestre de

2002, exigiu-se que 100% do frango brasileiro exportado para a Europa fossem testados

quanto ao antibiótico proibido Nitrofuran, aumentando os custos das vendas de exportação;

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iii) em novembro de 2003, foi constituído um painel na Organização Mundial do Comércio

(OMC) por solicitação do Brasil e da Tailândia, contra a mudança de classificação das aves

salgadas feita pela UE. Com essa alteração, as aves salgadas do Brasil foram classificadas

como congeladas, e, assim, sofreram aumento “ad valorem” de 15,4% na sua alíquota fiscal.

Em agosto de 2005, a decisão final da OMC favoreceu o Brasil e a Tailândia no painel.

Contudo, desde então, a UE impôs quotas para a importação de aves do Brasil; e iv) o

governo russo também introduziu o regime de quotas para importações de carne suína e de

aves, que permaneceu em vigor durante todo o ano de 2007.

5.1.1 Atuação da Sadia em seus principais mercados externos

A Companhia tem 11 escritórios comerciais espalhados pelo mundo e uma pequena

unidade para finalizar o corte e a embalagem de carne “in natura” na Holanda. Linha de

produção completa em Kaliningrado, na Rússia. A Sadia é líder em diversos segmentos de

mercado no Oriente Médio e, na Rússia, a Companhia investe no desenvolvimento da marca

há mais de duas décadas. A marca Sadia é sinônimo de categoria no que diz respeito a aves

em diversos países do Oriente Médio. A marca é líder absoluta em industrializados de carne,

frango inteiro e frango em partes nos mercados da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos,

Kuwait, Qatar, Omã e Barein, com mais de 25% de market share. Os números são da

MEMRB, empresa de monitoramento que está fortemente presente em 33 países do Oriente

Médio, do Centro e Leste Europeu e do Norte da África.

Outros indicativos mostram que a Sadia é “Top of Mind” nesses países árabes, com

índice médio de 40%. A marca também tem 88% de “Total Awareness” entre os

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consumidores da região e é apontada como a preferida em diversas localidades do Golfo

Pérsico, de acordo com levantamento feito pela Ipsos Research no final do ano 2007.

As ações de desenvolvimento da marca no Oriente Médio tiveram início em 1985, com o

lançamento da personagem Henrietta, uma simpática galinha, e a participação dela em peças e

filmes publicitários.

A campanha, num primeiro momento, associava o produto à dona de casa, ao lar. De

lá para cá, os trabalhos passaram a ressaltar outros conceitos, a exemplo da saudabilidade e da

segurança alimentar, até chegar ao momento atual, em que se explora o sabor e a

confiabilidade do produto, que segue à risca os métodos de abate previstos pela religião

islâmica. “O slogan que utilizamos hoje nos países árabes, The Joy of Good Food, reforça o

conceito do prazer em consumir um alimento gostoso, fresco e de qualidade”, afirma Gilberto

Tomazoni, Diretor-Presidente da Sadia. Daqui para frente, a meta da companhia é trabalhar

cada vez mais o conceito de inovação e marcar presença diferenciada nos pontos de venda,

promovendo campanhas vinculadas ao calendário islâmico. As ações de marketing na região

são desenvolvidas por uma equipe de dez pessoas e todas as campanhas são realizadas por

agências de publicidade locais.

Os resultados obtidos no Oriente Médio são fruto de um trabalho contínuo que a Sadia

vem realizando na região desde a década de 80, quando iniciou as vendas de frango congelado

para alguns países. Atualmente, essas nações recebem o maior volume das exportações da

Companhia e respondem por 26% do total das vendas externas da empresa. São negócios de

aproximadamente R$ 1,2 bilhão por ano, os quais levaram a Sadia a decidir pela construção, a

partir do segundo semestre de 2008, de uma planta na região, mais precisamente nos

Emirados Árabes. Com investimento de R$ 150 milhões, a fábrica produzirá industrializados

de aves e bovinos e terá capacidade para 50 mil toneladas/ano.

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Outro mercado em que a Sadia tem forte presença é a Rússia, o principal destino das

vendas externas da companhia na Eurásia. A empresa mantém no País uma equipe de 12

pessoas dedicadas exclusivamente ao projeto de marketing e desde dezembro de 2003 vem

colocando no ar sucessivas campanhas publicitárias e promovendo ações para tornar cada vez

mais conhecida a marca entre os consumidores russos. Em 2007, o foco do trabalho de marca

iniciou um novo estágio, rompendo com a comunicação mais educacional com o consumidor,

para atuar mais voltada ao emocional, buscando uma ralação mais próxima, quase efetiva com

o consumidor.

A Sadia atualmente é a marca estrangeira do segmento de processados mais conhecida

no mercado local, conforme levantamento do Magram Market Research, um respeitado

instituto de pesquisa da Rússia especializado em varejo. É também líder de mercado nas

categorias nuggets e lasanhas. No segmento de produtos empanados, cozidos e pratos prontos,

por exemplo, a marca tem uma eficiência de retenção de 51%, praticamente empatada com a

concorrente local, Zolotoy Petushok, que tem 52% e está no mercado há muito mais tempo.

Com cinco anos de presença no País, a Sadia conquistou o reconhecimento dos consumidores

russos, especialmente de Moscou e São Petesburgo. Os produtos da empresa estão hoje entre

os mais vendidos dentro de suas categorias em todos os estabelecimentos comerciais (SADIA,

2008c).

Segundo informações da Sadia (2008c), a nova unidade fabril de Kaliningrado, a

Companhia pretende fabricar, na Rússia, industrializados como presuntos, embutidos,

hambúrgueres e empanados adaptados ao estilo do consumidor local e de acordo com

tradicionais receitas. A empresa continuará trabalhando no País com a marca Sadia, mas

também terá uma segunda, chamada Myasnaya Guildia (em português, algo como Clube da

Carne).

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A Companhia, que estreou no mercado russo com a exportação de frango “in natura”

no final dos anos 90, iniciou em 2003 a venda de sua primeira linha de lasanha congelada

adaptada ao paladar russo (com menos sal e massa ao dente). Naquela época não havia um

concorrente sequer. Em 2008, as gôndolas dos supermercados russos possuem diversas

marcas concorrentes, entre importadas e locais. O pioneirismo rendeu à Sadia a liderança,

com cerca de 40% de participação de um mercado que movimenta 50 milhões de dólares por

ano. Com a nova fábrica, a Sadia também quer aproveitar o espantoso crescimento do setor de

Fast Food no país, que avançou 93% nos últimos quatro anos. Um dos principais clientes da

nova fábrica da Sadia será a subsidiária russa do McDonald’s, a que mais cresce da rede no

mundo (MANO, 2008).

Alguns dos desafios que a companhia teve que enfrentar no seu processo de

internacionalização no mercado russo foi o fato dos parceiros locais da empresa queriam

incluir no processo de seleção de funcionários um teste no detector de mentiras. A ideia era

descobrir se participavam de grupos de máfia russas, que foi vetado pelo Presidente da

Companhia. Também foram adaptados, em seus produtos, os hábitos de consumo locais. Em

outro mercado, o Oriente Médio, a Companhia teve que ensinar que ravióli não se come no

café da manhã (ARAGÃO, 2008).

Aragão (2008) ressalta que em alguns países, como a Rússia, certos itens da marca

vendem mais que a maior rival local, que atua há décadas no país. A Sadia está lá há cinco

anos. Na Arábia Saudita, Emirados Árabes e Kuwait, é líder em carne e frango, com 25% de

participação de mercado.

Segundo Aragão (2008), a Companhia tem para cada país um plano diferente de

atuação e de estratégias. Nos países do Oriente Médio, foi preciso criar uma campanha

publicitária para explicar que o frango também podia ser vendido e consumido em pedaços,

pois o costume nesse mercado era comercializar o frango inteiro. Para vender nesse mercado,

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que inclui 33 países, a empresa também teve de seguir à risca os métodos de abate previstos

pela religião islâmica. Todas as campanhas no Oriente Médio e na Rússia são desenvolvidas

por agências de publicidade locais. A parceria com empresas experientes no mercado local faz

parte da estratégia da Sadia, foi com esse tipo de estratégia que a companhia conseguiu

vender no Iraque, pois a empresa chegou ao país logo após a invasão americana. Um contato

no Kuwait topou fazer a distribuição via caminhão até a nação vizinha.

O mercado do Oriente Médio é tão importante para a Companhia que ela tem

campanhas publicitárias exclusivas para a região. Como no Brasil, as propagandas são

estreladas por um personagem. No Brasil é o franguinho Lequetreque, aquele que usa um

capacete e vive apressado, e lá é a galinha Henrietta, personagem criada para a divulgação da

marca no local (ANBA, 2008).

A Sadia pretende construir uma fábrica que permitirá industrializar a carne de frango

em terras árabes, nos Emirados. A Companhia vai importar os frangos do Brasil e processá-

los nos Emirados. Diversos países hoje estão protegendo seus mercados, impedindo de entrar

produtos competitivos. Há a tendência mundial de produzir insumos onde se é mais eficiente

para isso e os derivados do produto no outro país, de acordo com as necessidades e

especificidades de cada região. O mesmo deverá ser produzido na usina da Crystalsev, na

Síria. O açúcar será importado bruto – inclusive do Brasil - e refinado no país árabe (ANBA,

2008).

Na América do Sul e América Central, a Sadia está presente com produtos “in natura”,

industrializados e margarinas. A região responde por 17% das vendas externas da companhia

e conta com três filiais e cerca de 200 clientes. O trabalho de desenvolvimento da marca está

sendo iniciado em países como Argentina, Venezuela, Uruguai, Paraguai e México. No Chile,

porém, as ações de comunicação com o consumidor já existem há pelo menos anos e

envolvem a marca Qualy (SADIA, 2008c).

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Líder no mercado brasileiro desde 1997, a Qualy vem repetindo a boa performance no

Chile, onde conquistou a liderança de 23,6% em volume de vendas no mês de junho, segundo

dados da Nielsen no país. A Sadia, proprietária da marca Qualy, também comercializa no

mercado chileno as margarinas Buen Sabor e Deline que, juntas, foram responsáveis por um

volume de 35,5% das vendas realizadas pelo varejo local naquele mês. As campanhas

publicitárias desenvolvidas de lá para cá incluem ações promocionais, filmes, outdoors, peças

impressas e ações no ponto-de-venda. Todas elas exploram o conceito da qualidade da

margarina Qualy e da praticidade e sabor dos produtos Sadia (SADIA, 2008c).

5.1.2 Desafios da internacionalização da Sadia no mercado Russo

A escolha de Kaliningrado pela Sadia, de acordo com Mano (2008), deu-se após uma

análise de aproximadamente cinco anos pela Companhia. A cidade foi fundada em 1.255, já

passou pelas mãos de prussianos e alemães, até ser controlado pelos russos, no final da

Segunda Guerra Mundial. Sob o domínio soviético, Kaliningrado (uma homenagem a Mikhail

Kalinin, bolchevique que participou da Revolução Russa) tornou-se uma base militar por sua

estratégica proximidade da Europa e de um porto com saída para o mar Báltico, o único do

território russo que não congela no inverno. Com a queda do regime comunista, a economia

da cidade subsistiu do apelo turístico nostálgico das famílias alemãs expulsas pelos russos no

final dos anos 40. A recente criação de incentivos fiscais, como a isenção de impostos sobre o

lucro nos primeiros seis anos de operação, atraiu à região cerca de 56 indústrias. De acordo

com a mesma autora, a Companhia foi atraída pela combinação entre os incentivos, o porto

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que garante o abastecimento durante todo o ano e uma ferrovia local capaz de escoar a

produção para o centro do país.

No ano de 2008, existiam 15 empregados brasileiros da Sadia expatriados para a

Kaliningrado, somando-se aos 500 locais que compõem a força de trabalho da fábrica naquele

país. Os quatro brasileiros que trabalham como operários tiveram de passar por uma série de

provas antes de embarcar. As avaliações incluíram até um teste de mímica para checar as

habilidades dos operários nessa área. Tendo em vista que a mímica ainda representa a

principal ferramenta de comunicação na linha de produção da Sadia “nenhum dos operários

brasileiros aprendeu sequer uma frase completa em russo, tampouco os colegas eslavos se

tornaram fluentes em português” afirma a autora. No caso dos executivos, embora todos os

russos sejam fluentes em inglês, a empresa também contratou três intérpretes, que participam

das principais reuniões.

Mano (2008) destaca que está sendo difícil a tarefa de adaptar produtos ao gosto local

e criar hábitos de consumo entre a população russa para alguns novos produtos. Os

consumidores adoraram a lasanha e só deixou de comê-la no café da manhã quando a Sadia

fez uma campanha publicitária quase em tom de “esclarecimento público”. Segundo

Alexandre de Campos, Diretor-geral da Sadia na Rússia citado pela a autora “O esforço de

todo esse investimento vai valer a pena, pois deve nos render um mercado tão grande quanto o

brasileiro em apenas uma década”.

Outro ponto que Mano (2008) chama a atenção neste mercado é a burocracia que a

empresa brasileira esta tendo. As dificuldades encontradas a partir do início das obras em

Kaliningrado fizeram o desafio de se comunicar com os russos por meio de mímica e

convencê-los a não comer lasanha no café da manhã parecer apenas algo pitoresco.

“Atrasamos o início das operações em cerca de seis meses por causa de uma série de

imprevistos”, diz Hugo Gauer, citado pela autora, ex-Diretor do escritório alemão da Sadia e

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principal executivo da operação em Kaliningrado desde janeiro de 2008. Teve início com os

primeiros detalhes do projeto de engenharia da fábrica. O projeto original de engenharia,

preparado no Brasil, teve de ser adaptado às normas locais, que criam especificações técnicas

únicas e ultradetalhadas, incluindo detalhes como a distância precisa entre os pilares da

construção. Durante a obra, ocorreu uma sucessão de imprevistos, como o atraso nas

autorizações para o uso de energia elétrica no local. Com equipamentos movidos a geradores,

durante cerca de seis meses, os operários tiveram de usar capacetes com lanternas similares

aos de espeleólogos para enfrentar a escuridão.

Em razão dos imprevistos, por enquanto apenas as linhas de hambúrgueres e de

empanados estão em operação em Kaliningrado. As duas outras, de embutidos e defumados,

ainda aguardam autorização do governo local e devem iniciar no ano de 2008. A Sadia já

juntou cerca de 40 páginas de documentos apenas para a aprovação dos sistemas de

aquecedores de uma dessas linhas e já passou por duas inspeções de fiscais russos (MANO,

2008).

O mundo de negócios russo tem outra peculiaridade, que os executivos da Companhia

estão aprendendo a lidar. Os entraves burocráticos mais sérios caem nas mãos de Alexey

Zernov, um afegão recrutado pela Sadia numa empresa estatal em Moscou. Zernov, tal

funcionário tem um cartão com sua foto com inscrições de passe livre pelos prédios do

governo russo. Ele conseguiu, por exemplo, colocar a Sadia na lista de empresas estabelecidas

em Kaliningrado que têm prioridade no fornecimento de energia em caso de racionamento,

tendo em vista que naquela região é comum, sobretudo durante o inverno, quando a

temperatura média cai para 7 graus negativos (MANO, 2008).

Outro funcionário da Companhia apontado por Mano (2008) como diferenciado em

Kaliningrado é Sergey Karpa, ex-quadro da KGB, o serviço secreto russo. Ele trabalha para a

Sadia coordenando os esforços de uma equipe de cerca de 20 profissionais especializados.

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Denominado pela autora como sendo uma espécie de “KGB do frango”. Sua missão é

proteger a empresa brasileira da ação do crime organizado russo, pois, segundo ela, a máfia

costuma criar tentáculos dentro das companhias, montando sofisticados esquemas de desvio

de dinheiro. Gastam um bom tempo vasculhando a vida e o comportamento de funcionários,

clientes e fornecedores da fábrica. “Tive algumas surpresas com as informações da equipe de

investigação sobre novos contratados, por exemplo”, afirma o Diretor Gauer, citado pela

autora e também “já aconteceu de não fazermos negócios com determinada empresa por

indicação deles”.

Mano (2008) coloca que boa parte das peculiaridades do mercado foi apresentada aos

brasileiros da Sadia pelos sócios russos, os irmãos gêmeos Alexander e Victor Linnik, donos

de 49% da nova fábrica. Formados em engenharia óptica e ex-funcionários de uma empresa

de tecnologia estatal, os dois são a personificação das oportunidades de negócios que se

abriram no país. No final dos anos 90, eles iniciaram o grupo Miratorg trazendo frango da

Sadia para o país. Atualmente, o grupo fatura cerca de 800 milhões de dólares por ano.

5.2 CASO PERDIGÃO12

Fundada em 1934, pelas famílias Brandalise e Ponzoni, no Estado de Santa Catarina,

na Região Sul do país, como “Ponzoni Brandalise e Cia”, permanecendo sob a administração

da família Brandalise até setembro de 1994. Nos anos 1940, expandiu-se em operações

ligadas à exploração do comércio em geral, com ênfase em produtos alimentícios e produtos

correlatos, para incluir o processamento de suínos. Nos anos 1950, ingressou no ramo de

12 Informações obtidas no site institucional da Companhia relação com o investidor.

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processamento de aves (no início o abate era realizado de forma artesanal nas dependências

do frigorífico de suínos). Em 1966, implantou o inovador sistema de criação integrada de

aves, com a engorda de lotes experimentais de 1,2 mil pintinhos por produtores parceiros. Nos

anos 1970, ampliou-se a distribuição de produtos para incluir mercados de exportação,

iniciando com a Arábia Saudita. Também liderou a formação de um pool com mais duas

empresas na criação da União de Exportadores de Frangos – UNEF, entidade que projetaria o

Brasil no comércio internacional de carne de frango. Com a finalidade de oferecer ao mercado

uma alternativa diferenciada de consumo de carne de aves, a Perdigão importa dos Estados

Unidos as primeiras matrizes da espécie “Gallus Gallus” dando início ao programa de

melhoramento genético com o objetivo de desenvolver uma ave essencial com 70% de suas

carnes concentradas no peito e nas coxas. Dentro deste contexto nasceu a marca Chester®.

De 1980 a 1990, expandiram-se os mercados de exportação para incluir o Japão, em

1985, e a Europa, em 1990. Também ocorreu uma série de aquisições no negócio de

processamento de aves e suínos13. Em 1990, a Perdigão internacionaliza suas atividades

estabelecendo uma joint-venture com a empresa Persuínos, em Portugal, para a produção de

salsichas e linguiças. A joint-venture é desfeita um ano mais tarde. Neste mesmo ano, a

empresa recebe durante o SIAL – Salão Internacional de Alimentação, em Paris, o Prêmio

Sial D’Or pelo produto Salsicha da Mônica. De 1990 a 1993, ocorre na Companhia prejuízos

substanciais, em razão do aumento de despesas financeiras, baixo investimento em

desenvolvimento de produtos, capacidade limitada, bem como divulgação modesta dos

produtos. Em setembro de 1994, deflagrou-se uma crise de liquidez em decorrência da qual a

família Brandalise vendeu suas participações da Companhia, que consistia em 80,68% das

ações ordinárias além da emissão de 65,54% das ações preferenciais para oito fundos de

pensões.

13 Maiores informações sobre as aquisições podem ser obtidas no site institucional da companhia, no item cronologia.

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107

Em abril de 2006, a Companhia foi listada, no nível “Novo Mercado” de Governança

Corporativa e, atualmente, tem suas ações negociadas nas Bolsas: no Brasil na Bolsa de

Valores, Mercadorias e Futuros – BM&FBovespa S.A., com o códigos de negociação

“PRGA3”, no Estados Unidos na Bolsa de New York Stock Exchange – NYSE, na forma de

Recibos de Depósitos de Ações (American Depositary Receipt – ADR´s) no nível III, com o

símbolo PDA.

Outros fatos relevantes e importantes da Companhia para o desenvolvimento do setor

exportador de frango foram: a) janeiro de 1999, foi a primeira empresa brasileira aprovada e

certificada pela European Food Safety Inspection System – EFSIS, que permitiu à empresa

comercializar produtos nos supermercados europeus; e b) em 2001 ocorre a posse do

Presidente da Perdigão, Nildemar Secches, na Presidência da ABEF.

Atualmente, o foco da Companhia está na criação, produção e abate de aves, suínos e

bovinos, industrialização e/ou comercialização de produtos processados, massas, vegetais

congelados e derivados de soja, a Companhia produz mais de 2.500 itens, entre as carnes

processadas são: a) industrializados: linguiças, salames, presuntaria, mortadelas, salsichas e

outros; b) congelados: hambúrgueres, almôndegas, kibes, nuggets, steak e outros; c) “in

natura”: frangos inteiros e cortes; suínos carcaças e cortes; bovinos cortes; d) elaborados: aves

especiais, cortes temperados e kits. Constam ainda outros produtos processados como:

massas, pizzas, tortas, aperitivos, pão de queijo, vegetais congelados, linha vegetariana,

margarinas, molhos, sucos e outros. No seguimento de lácteo: iogurtes, petit suisse,

sobremesas, leite pasteurizado e UHT, leites aromatizados, leite fermentado, sobremesas de

frutas (frutier), queijos, manteigas e requeijão; creme de leite, leite em pó, doce de leite e

outros. A Companhia também atua no mercado de soja, basicamente com ração e farelo de

soja.

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A Companhia opera com 18 unidades de processamento de carnes, 16 incubatórios,

fábricas de rações animais, três unidades de processamento de lácteos e sobremesas, uma

fábrica de processamento de margarinas, sete pontos de coleta de leite e uma unidade de

processamento de soja distribuídas em seis regiões do Brasil: Rio Grande do Sul, Santa

Catarina, Paraná, Goiás, São Paulo e Mato Grosso. No exterior, a Companhia possui

escritórios de vendas na Inglaterra, França, Japão, Holanda, Rússia, Cingapura e Emirados

Árabes Unidos. A Companhia utiliza-se de 24 centros de distribuição em 13 Estados

brasileiros e no Distrito Federal e um Centro de Distribuição – CD na Europa, atingindo

80.000 supermercados, lojas de varejo, atacadistas, foodservice e outros clientes institucionais

no mercado interno e vendendo para mais de 100 países no mercado externo.

No mercado interno, a Companhia opera, principalmente, com as marcas Perdigão,

Chester®, Batavo e a expressão Turma da Mônica (licenciada) e no mercado externo,

principalmente com as marcas Perdix, Fazenda (Rússia) e Borella (Arábia Saudita). Em 2007,

houve a aquisição do negócio de margarinas da empresa Unilever, passou a trabalhar com as

marcas Doriana, Delicata, Claybom e Becel, esta última por meio de sua Joint Venture.

O mercado externo representou no ano de 2007 cerca de 41,07% do faturamento bruto

da Companhia, esse percentual no ano de 2004 e 2005 representava 48,99% e 48,31%,

respectivamente. De 2003 a 2007, houve crescimento no faturamento bruto em 78,20%, tendo

o mercado interno um crescimento de 81,17% e o externo 74,05%. O faturamento externo da

Companhia no ano de 2007 atingiu R$ 3,2 bilhões, um crescimento de 30% em receitas,

apesar do impacto gerado pela apreciação de 17% do real frente ao dólar norte-americano. Em

volumes, o desempenho do segmento de carnes representou um total de 824,8 mil toneladas,

18,6% a mais do que em 2006. Já os processados de carnes alcançaram índices 33%

superiores em volumes e 45,2% maior na receita. Os outros produtos processados tiveram

desempenho 36% maior em receitas e 67,3% a mais em volumes.

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Os preços médios apresentaram crescimento gradativo, registrando um aumento total

de 24,8% em dólares – FOB (Free on Board) em 2007, comparado ao ano de 2006. O preço

médio em reais do ano ficou 9,6% superior, considerando o reflexo da apreciação do real em

relação ao câmbio nas exportações. Os principais mercados internacionais em que a

companhia atua são: Europa; Oriente Médio; Extremo Oriente; Eurásia; África e a América.

Na Europa, no ano de 2007, em comparação ao ano de 2006, houve crescimento de

18,9% em volumes e 35,2% em receitas, representa 29,7% das exportações da Companhia.

Esse resultado é em consequência da retomada do consumo após a crise da gripe aviária,

associada ao aumento mundial nos preços do milho e à redução dos investimentos locais no

setor, contribuiu para elevar os patamares de exportação para o continente. Os principais

produtos comercializados pela Companhia nesta região são: aves inteiras; cortes de aves;

elaborados; miúdos de frango; e processados.

O mercado do Oriente Médio, no ano de 2007, apresentou crescimento de 21,6% em

volumes e de 40,8% nas receitas, no que se refere à participação de mercado internacional da

companhia, esse mercado participa com 24,8% das exportações. Esse bom desempenho se deu

pela manutenção da abertura do Egito às exportações brasileiras, conjugada com a

recuperação nos preços e aumento da demanda, são os principais fatores que explicam o bom

desempenho na região. Os produtos comercializados nestes mercados são: aves inteiras, cortes

bovinos, cortes de aves, elaborados, industrializados e processados.

No Extremo Oriente, no ano de 2007 (esse mercado representou 22,6% de participação

nas exportações da companhia), houve crescimento de 20,5% em volumes e de 28% nas

receitas. Os resultados confirmaram a tendência de um bom desempenho no mercado asiático.

A exceção foi a retração do consumo na China, motivado pelo anúncio da Doença da Orelha

Azul, nos suínos, e de Gripe Aviária, em patos do Sul da China. Os principais produtos

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exportados para essa região são: aves inteiras, cortes bovinos, cortes de aves, cortes suínos,

elaborados, miúdos de frango processados.

O mercado da Eurásia, com 15,7% de participação das exportações, teve no ano de

2007 um crescimento de 16,2% em volumes e de 16% na receitas. Crescimento moderado

pelo embargo russo à carne suína brasileira, com exceção dos volumes produzidos no Rio

Grande do Sul. Outro fator de impacto foi a restrição da Ucrânia. Os principais produtos

exportados são: aves inteiras, carcaça suína, cortes de aves, cortes suínos, elaborados,

industrializados, miúdos de frango processados.

Os mercados, da África, América e outros países, representam 7,2% das exportações

da empresa no ano de 2007, em comparação com o ano de 2006, houve um crescimento de

10,4% em volumes e 19,8% nas receitas. A boa demanda registrada no mercado africano e o

retorno da Venezuela respaldaram o crescimento nesses mercados, embora a velocidade do

aumento de custos não tenha permitido a assimilação total do repasse de preços. Principais

produtos exportados para essa região são: aves inteiras, corte bovino, corte de aves, cortes

suínos, elaborados, industrializados: margarina, miúdos de frango processados.

A presença internacional da Companhia se fortaleceu com a aquisição da Plusfood,

que possuíam três plantas industriais no continente Europeu para processamento de produtos

de frango e carne bovina, com capacidade instalada para a produção de aproximadamente

20.000 toneladas/ano de produtos acabados. A Perdigão decidiu reestruturar toda a sua área de

vendas, marketing e distribuição no mercado exterior. As gerências internacionais foram

transformadas em diretorias, instaladas em pontos estratégicos como Dubai, Moscou, Tóquio

e Londres. A estrutura comercial e de gestão do mercado europeu está sendo consolidada com

a Plusfood, dando origem a uma empresa capaz de competir com as maiores do mercado

europeu de carnes. Essas bases contarão com o suporte de executivos de Supply Chain e

marketing internacional para o desenvolvimento de toda a estratégia de distribuição da

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Companhia no exterior, além do início a uma política de marketing mais agressiva do que a

adotada anteriormente.

Com a estrutura de comercialização fortalecida permitirá a fusão das vendas das

marcas Friki (licenciada) e Fribo, fabricadas pela Plusfood, com a marca Perdix, vendida pela

Perdigão no mercado internacional. Trabalhando de maneira integrada, será possível

desenvolver novas frentes de entrada nos segmentos varejista e de FoodService, em especial

na Europa, onde estão instaladas as unidades produtivas da Plusfood. Segundo dados da

Perdigão (2008), o próximo passo da Companhia será a reestruturação da produção da

Plusfood para atender aos planos de internacionalização da Perdigão. Neste contexto, a

aquisição de uma empresa de processados de carnes na Europa, fortalece o processo de

internacionalização da Companhia que culminou com a reestruturação das suas áreas: de

venda, de marketing e de distribuição no mercado externo.

No ano de 2007, a Companhia tinha 13 escritórios no exterior nas seguintes cidades:

Assen – Holanda; Budapeste – Hungria; Cingapura – Cingapura; Dubai – Emirados Árabes

Unidos; Shertogenbosch – Holanda; Ilha da Madeira – Portugal; Londres – Inglaterra; Madri

– Espanha; Moscou – Rússia; Tóquio – Japão; Verona – Itália; Viena – Áustria; Paris –

França.

Os principais países em que a Perdição atua são:

a) África: África do Sul; Angola; Argélia; Burkina Faso; Cabo Verde; Congo; Costa

do Marfim; Djibuti; Egito; Gabão; Gâmbia; Gana; Guiné; Guiné Equator; Ilhas

Comores; Libéria; Líbia; Mali; Marrocos; Maurício; Mauritânia; Mayotte;

Moçambique; Namíbia; Níger; República Centro-africano; República Dem.

Congo; República Camarões; República Benin; São Tomé e Príncipe; Senegal;

Serra Leoa; Seychelles; Togo; Tunísia; Zimbabue.

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b) Américas: Antígua e Barbuda; Antilhas Neerl; Argentina; Aruba; Bahamas;

Belize; Bermuda; Canadá; Chile; Cuba; Curaçao; Dominica; EUA; Granada;

Guiana; Haiti; Ilhas Virgens Britânicas Maldivas; Panamá; Paraguai; Suriname;

Trinidad e Tobago; Uruguai; Venezuela.

c) Eurásia: Armênia; Azerbaijão; Cazaquistão; Geórgia; Quirguízia; Rússia;

Tadjiquistão; Ucrânia; Uzbequistão.

d) Europa: Albânia; Alemanha; Áustria; Bélgica; Bulgária; Croácia; Dinamarca;

Eslováquia; Eslovênia; Espanha; Estônia; França; Grécia; Holanda; Hungria;

Inglaterra; Irlanda; Itália; Kosovo; Letônia; Macedônia; Malta; Mônaco;

Moldávia; Polônia; Portugal; República Tcheca; Romênia; Suíça.

e) Extremo Oriente: China; Cingapura; Coreia do Sul; Filipinas; Hong Kong; Ilhas

Marshall; Japão; Nova Caledônia; Vietnã.

f) Oriente Médio: Afeganistão; Arábia Saudita; Barein; Catar; Chipre; Emir. Árabes

Unidos; Iêmen; Irã; Iraque; Jordânia; Kuwait; Líbano; Omã; Síria; Turquia.

Segundo Spers (2007), os atuais motivos para o contínuo processo de

internacionalização da Perdigão têm como objetivo o aumento das vendas, em mercados já

estabelecidos, procurando os mercados que paguem melhor pelos produtos que a empresa

oferece. Desta forma, a Rússia é o maior comprador de suínos e a Europa Ocidental e Oriente

Médio são os maiores compradores de frangos e produtos processados. A empresa não atende

o mercado indiano, pois é muito difícil competir com os preços praticados pelas empresas

locais. Ainda que os custos de produção no Brasil sejam relativamente baixos, ainda assim é

muito difícil competir na Índia, pelos hábitos de consumo e os preços locais. O mercado

americano também não é atendido pela empresa, pelas leis sanitárias rigorosas e muito

específicas. O mercado chinês é atendido, mas existem fortes restrições comerciais, sendo

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necessário adaptar as plantas às necessidades dos chineses. Uma das plantas da Perdigão está

aprovada para atender o mercado e a empresa que exporta para a China, especialmente os pés

dos frangos, que são apreciados pelo mercado. Da mesma forma que a China consome os pés

das aves, outras partes e cortes dos frangos são exportados para diferentes mercados (peito,

coxa etc.). No Oriente Médio, é consumido o frango inteiro, porém são frangos pequenos,

menores do que o tamanho normal, uma vez que o consumo do frango é individual.

A internacionalização que a Companhia buscou por meio de uma Joint Venture com a

Sadia foi uma tentativa de atender alguns mercados emergentes relevantes, mas não houve

êxito e a esta tentativa não se concretizou. A Sadia e Perdigão elevaram a aposta no mercado

externo de forma independente após o fracasso da BRF International Foods, trading criada

para operar na Rússia, países do Cáucaso, Eurásia, África, Cuba e República Dominicana.

Para Spers (2007), a trading BRF era o embrião de uma possível fusão entre os dois maiores

frigoríficos do país, um plano que poderá ganhar força com a entrada da empresa CARGILL e

de outras com a Tyson ao setor de carnes no mercado brasileiro.

Segundo Perdigão (2008), o mercado externo da Companhia, no ano de 2007, teve

como característica a abertura de novas frentes de atuação internacional, ampliando a

presença da empresa por meio de países-chave, o fortalecimento da estrutura comercial e de

distribuição no exterior, consolidação da primeira base industrial fora do Brasil, com a

aquisição da Plusfood. A Perdigão aposta no ingresso em novos mercados, incentivada por

diversas conquistas como a melhoria do desempenho em serviços, aquisição da Plusfood, a

certificação de unidades industriais para o mercado europeu e a queda das barreiras

comerciais impostas por órgãos internacionais aos produtos brasileiros. Entre as principais

metas, destacam-se: a) aumento de 10% para os volumes totais de aves, suínos, bovinos e

produtos processados de carne destinados ao exterior, sobretudo à Europa e ao Oriente Médio;

b) redução da participação do volume de exportação de produtos “in natura”, com aumento

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proporcional do volume de produtos processados; c) incremento na exportação de itens

especificamente direcionados aos segmentos de varejo e FoodService no mercado europeu; e

d) expansão na base de clientes internacionais, incluindo a melhoria de Mix no portfólio de

vendas.

As estratégias para alcançar esses objetivos estão calcadas na busca do crescimento e

da consolidação de forma equilibrada tanto dentre os segmentos de atuação, aves, suínos,

bovinos, lácteos e produtos processados, bem como na relação mercado interno e mercado

externo e buscando também oportunidades de crescimento via processamento de produtos no

exterior. Com o aproveitamento das oportunidades para maior penetração nos mercados de

exportação, especialmente porque houve ampliação das linhas de produto para incluir

produtos bovinos, leite, produtos lácteos e alimentos processados. Fortalecer a Rede de

Distribuição Global, na busca do desenvolvimento da capacidade de distribuição fora do

Brasil para aprimorar os serviços prestados a clientes existentes e expandir a base de clientes

de exportação. Focando na expansão das redes de distribuição na Europa e no Oriente Médio,

a fim de aumentar a cobertura e dar suporte a esforços de comercialização mais direcionados a

estas regiões-chave. Também esta sendo considerada a realização do processamento de alguns

produtos no exterior, de modo a permitir a entrega direta de tais produtos aos clientes

localizados em tais mercados (PERDIGÃO, 2008).

5.3 FUSÃO DA SADIA COM A PERDIGÃO

Uma possível fusão entre as duas maiores exportadoras brasileiras de frango, a Sadia e

a Perdigão, conforme preconizado por Spers (2007), surgirá uma empresa com grande poder

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global. Isso pode ser observado pelos dados constantes na Tabela 8. As duas companhias

juntas teriam de receita líquida mais de R$ 22,1 bilhões, com cerca de 119 mil funcionários,

42 fábricas e mais de R$ 10 bilhões em exportações por ano (cerca de 42% da produção).

Assumiria o posto de maior produtora e exportadora mundial de carnes processadas e seria a

quarta maior força exportadora brasileira, atrás apenas da Petrobras, Companhia Vale do Rio

Doce e Embraer.

A fusão entre a Sadia e a Perdigão pode criar uma empresa de grande porte, levando a

uma maior competitividade, além das vantagens em conseguir crédito mais barato, reduzindo

custos com logística e poder para melhorar o preço dos produtos.

Tabela 5.2 – Fusão Sadia e Perdição com dados de 2008

Dados Sadia Perdigão Com a Fusão Receita líquida R$ 10,7 bi R$ 11,4 bi R$ 22,1 bi Exportação R$ 5,6 bi R$ 5,1 bi R$ 10,7 bi Funcionários 60.580 59.008 119.588 Fonte: Sadia (2009) e Perdigão (2009).

A união das duas empresas também tem implicações no mercado interno, com a

concentração em vários segmentos. Segundo Ramiro (2006), a Perdigão e Sadia juntas têm

mais da metade do mercado de presuntos, dominam 60% do segmento de pizzas congeladas e

têm 90% de participação no caso dos pratos prontos congelados, conforme pode ser

observados nos dados apresentados nas Tabelas 9 e 10.

Tabela 5.3 – Participação de Mercado dos produtos da Sadia

Produto Em % Congelados 45,7 Margarinas 47,5 Refrigerados 32,5 Fonte: Economática (2008).

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De acordo com Ramiro (2006), os concorrentes mundiais estão atentos a essa

movimentação. A CARGILL, que adquiriu a Seara, tem apetite de sobra para crescer no

Brasil. A Tyson, a maior empresa de alimentos do mundo, só espera uma oportunidade para

desembarcar por aqui. A Perdigão, uma empresa rentável, inserida no Novo Mercado da

Bovespa (que exige práticas de governança corporativa, como a transformação de todas as

ações em ordinárias – com direito a voto), com capital pulverizado, fábricas modernas e uma

ampla gama de produtos, seria um empresa ideal para corporações dispostas a enriquecer seu

portifólio no setor de alimentos. E tanto Tyson quanto Cargill ou qualquer outra gigante

internacional poderia adquirir a Perdigão apenas como uma estratégia defensiva (RAMIRO,

2006).

Tabela 5.4 – Participação de Mercado dos produtos da Perdigão

Produto Em % Congelados de Carnes 35,5 Industrializados de Carnes 25,7 Margarinas 18,0 Pizzas Congeladas 34,5 Pratos prontos (massas) 37,4 Processados Lácteos 14,0 Fonte: Economática (2008).

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6. PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA AVICULTURA DE CORTE DE

MATO GROSSO DO SUL

Para melhor compreensão do processo de internacionalização ocorrido na

agroindústria sul-mato-grossense, serão caracterizadas abaixo as três maiores empresas

exportadoras do Estado, conforme informações obtidas em seus respectivos sites corporativos:

Eleva Alimentos - fundada em 1959, em Porto Alegre (RS) como Aviário Porto Alegrense

Ltda - Avipal, originalmente voltada para a produção de carne de frango. Em 1974, tem início

a verticalização das suas atividades, com aquisição do complexo avícola da Cooperativa

Avícola Vale do Taquari Ltda – Coopave, composta por abatedouro de aves em Lajeado (RS),

fábrica de rações e incubatório em Arroio do Meio (RS), além de três granjas. No ano de

1985, é incorporado ao grupo o Frigorífico Porto-Alegrense Ltda. – momento em que atinge a

plena verticalização, operando granjas, fábrica de rações e abatedouro.

Em 1991, associa-se com a Granóleo para constituição da Avigran. Em 1995, o grupo

passa a operar em MS com aquisição do complexo industrial da Cooperativa Agropecuária e

Industrial - Cooagri, em Dourados. No ano seguinte (1996), passa a diversificar seus negócios

adquirindo 80,74% da participação acionária da Elegê Alimentos (ex-Laticínios CCGL) e, em

1997, adquire mais 18,61% de participação acionária na Elegê, totalizando 99,65% do capital

social. No ano de 2002, constitui sua subsidiária Avipal Centro-oeste, com sede em MS.

Neste mesmo ano, ocorre a incorporação da empresa Avigran Comércio Exterior e

Participações. Em 2004, com a incorporação da empresa Elegê, tem início a reestruturação e

processo de profissionalização da gestão, consolidado no ano de 2006 quando também ocorre

a definição dos norteadores estratégicos para os próximos anos – englobando os Negócios

Carnes e Lácteos. No ano de 2007, o Grupo Avipal ganha um novo nome – Eleva, até esse

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momento o capital do grupo é de predominância nacional, sendo as ações comercializadas na

bolsa de valores. Recentemente (2008), o grupo anunciou sua aquisição pela Perdigão.

A administração do Grupo Eleva é centralizada na cidade de Porto Alegre (RS), onde

também são administrados os negócios internacionais da empresa, voltados para exportação.

Em MS, a Eleva conta com unidades industriais de frango de corte, incubadora e fábrica de

ração, no município de Dourados, atuando em treze municípios, com aproximadamente 170

integrados, 324 galpões e capacidade de alojamento de 5.045 milhões de aves. Suas Marcas

voltadas para o mercado externo de frango de corte são compostas por: Avipal

(comercializada no mercado interno e externo); Brazili, L'ami e Al Badiya são voltadas

exclusivamente para o mercado externo. Todas seguem os princípios islâmicos do abate

“halal”, para atender o mercado do Oriente Médio, representado, na sua maioria, por frango

inteiro. Além deste mercado, exporta também para mais de 100 países nas regiões da Ásia,

América Latina e Europa.

Analisando o grupo Eleva, antes de sua aquisição pela Perdigão, realizada em 2008,

verifica-se que sua comercialização externa é centralizada na empresa matriz, na cidade de

Porto Alegre (RS), e também não possui escritórios de vendas internacionais fora da sua

unidade de produção. A empresa atua com quatro marcas internacionais do mesmo produto

(Avipal, Al Badiya, Brazili e L'ami), isso pode ocorrer pelas dificuldades de exportar algumas

marcas em um mesmo mercado, ou por especificidades do mercado importador ou pela

exclusividade com alguma trading company. Observa-se, também, que seus produtos buscam

satisfazer às necessidades ou exigências do importador, que, além de obedecer à tradição

religiosa Muçulmana, as embalagens são identificadas corretamente em árabe.

Grupo Doux Frangosul - é uma das maiores empresas de alimento do país, possui

capital francês e atua nos setores de avicultura, suinocultura e produtos industrializados,

atendendo o mercado nacional e externo. Desenvolvida, num primeiro momento, a partir das

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implantações europeias do Grupo em 1955, no Oeste da França: (com três locais na França:

Châteaulin [Finistère], Plouray [Morbihan] et Chantonnay [Vendée]), esta atividade foi,

depois, reforçada a partir do Brasil, com a aquisição, em 1998, da Frangosul – empresa

brasileira criada em 1970 em Montenegro, dando assim origem à filial Doux Frangosul – a

fim de manter as partes de mercado e os volumes de exportação do Grupo no contexto

europeu com restrições ligadas à implantação dos acordos do GATT.

A Frangosul pertence ao grupo francês Doux, com sede na cidade de Châteaulin, no

Oeste da França, onde fica sua administração central. Possui escritório de vendas na

Argentina e outro no Canadá. O Grupo e suas filiais estão presentes em todos os segmentos do

mercado de aves (frango, peru, pato, galinha-d´angola etc.), desde produtos resfriados e

congelados até os produtos elaborados (empanados, pratos cozidos, embutidos de aves, entre

outros). Também possui 22 abatedouros e plantas de corte, seis locais de transformação, 15

incubatórios e 12 fábricas de ração distribuídos em cinco países (França, Alemanha, Espanha,

Suíça e Brasil). As principais marcas do grupo são Doux, Père Dodu, Frangosul, Lebon e

Alsabia. A estrutura da Doux Frangosul no Brasil é composta por: cinco fábricas de rações,

quatro abatedouros de aves, um abatedouro de suínos, quatro fábricas de produtos

industrializados, sete incubatórios, quatro filiais de vendas no Brasil, 3,5 mil produtores

integrados, e 9 mil funcionários. Em MS, o Grupo conta com um abatedouro e uma fábrica de

rações no Distrito Nova América, em Caarapó. O abatedouro processa atualmente uma média

de 110 mil aves por dia, produzindo frangos inteiros e em pedaços. Possui 149 avicultores

integrados, sendo 54 em Caarapó e 95 em municípios do entorno do abatedouro; conta com

207 galpões com capacidade de alojamento de 3.398 milhões de aves.

O processo de internacionalização da empresa se deu a partir da França para o Brasil,

quando a empresa buscou, no mercado brasileiro, vantagens comparativas de produção e de

mercado, além das localizações estratégicas para outros mercados, confirmando o que

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Versiani (2006) coloca sobre a motivação das empresas em se internacionalizaram. Outro

aspecto da empresa evidenciado é a diversificação dos produtos, que indica preocupação da

empresa em atender às necessidades dos consumidores e não apenas da produção, indicando o

seu comprometimento em nível internacional. Outra característica é a implantação de

escritórios de vendas fora dos locais de produção: o grupo possui dois escritórios de vendas,

sendo um na Argentina e outro no Canadá, considerados por Kraus (2000) como estratégia

sem investimento em plantas industriais, indicando que a empresa está mais próxima dos seus

clientes externos, a fim de conhecer ou antever as necessidades deles. Por outro lado, observa-

se que o grupo mantém relações comerciais em mais de 130 países, o que também evidencia

que parte dessas exportações pode ser realizada por terceiros ou trading company, que,

segundo Kraus (2000), não necessita aboli-los de suas funções, mas não deve ser dependente

deles.

Seara Alimentos – fundada em 1956, na cidade de Seara, em Santa Catarina, iniciou

suas atividades com carnes de aves e suínos “in natura” e processadas. No início da década de

1980, Ceval adquiriu a empresa Seara, conservando a marca já consolidada no mercado e

ampliando o número de unidades industriais. Em dezembro de 1998, foi realizada a cisão da

divisão carnes da Ceval e a imediata constituição da Seara Alimentos, que iniciou em janeiro

de 1999 suas atividades como empresa independente. Em 2005, a Seara foi adquirida pela

norte-americana Cargill e passou a fazer parte da estratégia de uma das maiores empresas do

agronegócio mundial. A sede dessa divisão no Brasil é na cidade de Itajaí – SC, onde há um

terminal privado de cargas frigoríficas. A Seara conta com nove unidades industriais, entre

abatedouros e frigoríficos, e mais de 10 mil funcionários. Opera de forma verticalizada e

totalmente integrada, com matrizes, ovos, incubatórios, engorda e terminação de aves e

suínos, produzindo integralmente as rações empregadas na alimentação de seu plantel. As

nove unidades industriais (sete de aves e duas de suínos) são distribuídas em quatro Estados:

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São Paulo, Santa Catarina, Paraná e MS (em Dourados com suínos e em Sidrolândia opera

com aves em cinco municípios, com 196 avicultores integrados que totalizam 402 galpões e

uma capacidade de alojamento de 7.796 milhões de aves).

O Terminal Privativo de Cargas Frigorificadas (Braskarne) atua no apoio às atividades

de logística de exportação – armazenagem e operação portuária – da Seara Alimentos,

movimentando em média 20 mil toneladas/mês. Também presta estes serviços aos principais

exportadores do segmento de mercadorias frigorificadas. Obteve a certificação ISO 9002/94 e,

também, é habilitado pelas missões do então Mercado Comum Europeu, Estados Unidos,

Rússia e outros países. Os seus principais mercados externos são: África, América Central,

América do Norte, América do Sul, Ásia, Caribe, Cingapura, Hong Kong, Ilhas Canárias,

Japão, Leste Europeu, Oceania, Oriente Médio, Rússia e União Europeia. Seu mix de

produtos à base de frango de corte para o mercado externo é composto por várias

combinações de frango inteiro ou em cortes, além de miúdos de frango e de carne

mecanicamente separada. Seu mercado-alvo tem como finalidade o atendimento a indústrias

processadoras, distribuidores e fornecedores de hotéis. As negociações internacionais da

empresa são realizadas mediante as traders Seara (escritórios comerciais próprios),

localizadas em Hereford (Inglaterra), Buenos Aires (Argentina), Amsterdã (Holanda),

Cingapura (Ásia) Tóquio (Japão) e Dubai (Oriente Médio).

Ao analisar o comércio internacional de frango de corte do grupo Seara, verifica-se

que a atuação da empresa está baseada em “nichos de mercados” voltados a clientes

institucionais (indústrias processadoras, distribuidores e fornecedores de hotéis) e seus

produtos são exportados inteiros ou em corte, agregando baixo valor no produto. Segundo

Kraus (2000), reforçado por Schmitt et al. (2006), esse tipo de atuação diminui as atividades

de promoção comercial e investigação de mercado, além disso, na maioria dos casos acaba

exportando os produtos com a marca do importador; consequentemente, sua demanda segue

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as necessidades dos intermediários e não do consumidor final, apesar da empresa ter no

exterior traders próprios (escritórios comerciais próprios) e que neste caso não indica

comprometimento com o mercado local, mas apenas um ponto avançado de negócios.

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7. FATORES DETERMINANTES DA INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR

AVÍCOLA BRASILEIRO E DE MATO GROSSO DO SUL

Para entender o processo de internacionalização das empresas brasileira de frango de

corte, não basta apenas analisar a empresa no individual, ou como esse processo ocorreu ao

longo dos anos, discriminando cada fase deste processo. Para entender a internacionalização

tem que se entender a dinâmica do mercado, algumas peculiaridades de seu funcionamento,

ou seja, tem que entender as “regas do jogo” e o seu funcionamento. Para depois entender

como se dá o processo de internacionalização da empresa exportadora de frango de corte, no

caso do mercado brasileiro, que segundo alguns especialistas entrevistados colocam como

sendo o setor mais dinâmico e competitivo do mundo. Nesta busca do entendimento da

internacionalização do setor avícola brasileiro, serão iniciadas as discussões caracterizando o

funcionamento de alguns mercados, conforme as colocações feitas pelos entrevistados.

O setor de carne em geral, para efetuar exportações, não basta ter um bom produto, de

qualidade ou preços baixos, existem outros fatores que contribuem para o sucesso nas

exportações e, consequentemente, na internacionalização das empresas. Para que ocorra uma

exportação no setor de carne, primeiramente tem que haver consumidores, para esse produto,

em seguida, tem-se que verificar os aspectos ligados a competitividade, câmbio14. Outro

aspecto relevante, que deve ser levando em conta é o aspecto relacionado à logística como

frete terrestre e frete marítimo, custos portuários, desembaraços da carga, custos aduaneiros,

prêmio de exportação, custos de insumo (soja e milho) e custo da mão-de-obra. Além destes

existem outros fatores que são tão importantes, que se comparados a esses fatores que foram

expostos não dependem apenas das empresas, mas de uma conjuntura de mercado.

14 De uma maneira geral, quanto mais o câmbio esteja desvalorizado (poder de compra do Real < Dólar) maior será o incentivo para o exportador buscar efetuar exportações, para maiores informações consultar Salvatore, Dominick. Economia internacional. 6a. Edição. Rio de Janeiro: LTC.2000. 436p.

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No mercado de carne, especificamente no que se refere à exportação de carne de

frango, objeto de estudo deste trabalho, o processo de internacionalização passa primeiro por

questões relacionadas aos mercados, cada um deles tem sua peculiaridade, por exemplo, se

uma empresa brasileira quer exportar para Europa, ela tem que verificar se existem acordos

entre o governo brasileiro e o europeu, acordos esses que contemplam sanidade animal, cotas

ou tarifas de exportação, entre outras exigências, como as normas fitossanitárias. O próximo

passo para entrar neste mercado é a habilitação da planta industrial produtora da empresa,

conforme as normas e regras expostas por aquele mercado.

Dentro de toda essa dinâmica, o processo de internacionalização passa por algumas

variáveis de extrema importância, como o aprendizado e também sobre a distância psíquica.

Neste sentido, o processo de internacionalização do setor avícola brasileiro passa pela

liderança das maiores empresas do setor, essas empresas têm características empreendedoras,

estão sempre em processo de adaptação de produtos para atender os anseios dos clientes. Por

exemplo, a Sadia, a maior empresa do setor em média, lança 60 novos produtos por ano,

busca trabalhar no mercado internacional sempre com mais de uma marca atingindo muitas

vezes classes de consumidores diferentes ou até mesmo da mesma classe, isso se faz

necessário para segmentação de classes dos consumidores e também por questão estratégica

da empresa. A busca da segunda marca é feita para preencher espaços que se ela não fizer o

seu concorrente fará, conforme colocado pelo Executivo B.

Outra característica das empresas líderes é a atuação em diversos mercados ao redor

do mundo, para diversificação do risco e economias de escala. As empresas líderes têm que

estar presente em diversos mercados, pois cada mercado demanda um tipo de produto, ou

melhor, uma parte do frango. Rodrigues (2008) classifica a demanda dos mercados da

seguinte forma: Japão demanda carne escura (coxa e sobrecoxa), na Europa carne branca

(peito), no Oriente Médio frango inteiro de pequeno porte, na América do Sul frango inteiro

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(médio e grande), as asas para a China, Hong Kong e Canadá, para União Soviética coxa com

osso, porém é necessário o enquadramento nas exigências de cada mercado.

Neste sentido, pode-se observar que as empresas têm em cada lugar do mundo uma

demanda específica por uma parte do frango, sendo necessária a atuação em vários mercados

para comercializar todas as partes do frango. Corroborando com isso, têm-se também as

escalas de produção das grandes empresas, como por exemplo, a Sadia, que abate por dia

aproximadamente dois milhões de frangos por dia. Dessa forma, existe a necessidade de

procurar mercado para escoar toda a sua produção, o que leva a justificar a atuação em

distintos mercados. Buscando estar presente em diversos mercados, pelas peculiaridades

destes mercados, têm-se questões comerciais, políticas, econômicas e culturais diferentes uns

dos outros.

Rodrigues (2008) relata que o mercado africano se divide em três mercados: África do

Sul que é um grande comprador do Brasil; África negra, constituído por Angola e

Moçambique, é um mercado que procura produtos mais baratos ainda; e outro mercado, que

compra do Brasil eventualmente, mas não é constante, é o mercado do Egito. A principal

característica deste mercado africano como um todo é ser demandante de produtos de baixo

custo, sendo o principal item o corte tipo leg quarter, depois moela, e em terceiro frango

inteiro, nessa ordem. O item leg quarter é o frango cortado em quatro, onde se corta o frango

ao meio, e depois separa as duas pernas, então é a coxa e sobrecoxa e o dorso.

O processo de aprendizagem no setor avícola brasileiro passa primeiro pelas empresas

inovadoras, principalmente as líderes, depois alguma média ou pequena, que buscar inovar,

adaptar o seu produto às necessidades do seu consumidor. Por exemplo, o mercado Europeu,

que é demandante de peito de frango, coloca barreiras não-tarifárias aos produtores

brasileiros. Para uma empresa exportar para esse mercado, primeiramente, ela tem que estar

habilitada por aquele mercado, essa habilitação consiste em atender exigência como o bem-

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estar animal, entre elas, tem a exigência que o frango não pode sofrer durante o processo de

transporte até o abate. Para minimizar isso, algumas empresas estão procurando propriedades

rurais mais próximas do abatedouro ou também colocar em seus caminhões vaporizadores de

água para refrescar as aves, com isso eles diminuem o sofrimento dos frangos e também da

mortalidade delas, atendendo as necessidades do cliente e também por outro lado diminuindo

os custos, tendo em vista que uma ave morta não entra no processo normal de abate, ou seja, é

descartada.

Outra exigência imposta por este mercado, que se está tornando tendência para os

demais, é referente à alimentação à base de ração vegetal, isso se faz necessário, pois a

alimentação tradicional do frango é baseada em hormônio de crescimento junto com a ração.

Essa exigência tem por finalidade tirar esse tipo de produto da carne de frango, ou seja,

principalmente os consumidores europeus estão preocupados com a segurança alimentar

humana.

Mas o que isso tem a ver com o processo de internacionalização e em que vai refletir

no processo de aprendizagem das empresas? As empresas inovadoras estão buscando inovar

ou se adaptar no intuito de atender as exigências dos mercados, algumas empresas fazem e

logo, em seguida, as demais empresa têm que fazer também, pois se elas não fizerem estarão

fora daquele mercado. Então para as demais empresas não-líderes e não-inovadoras por

natureza, acompanhar imitando15 as inovadoras e as lideres é uma questão de sobrevivência.

Outro aspecto importante do processo de aprendizagem que ocorre no setor está

relacionado às tradings, principalmente para as médias e as pequenas, pois elas são os canais

de comunicação entre o mercado demandante e as empresas produtoras exportadoras. Como

essas empresas não têm recursos para manter um departamento de marketing internacional ou

de ter um funcionário viajando toda vez que existe uma demanda do seu produto em um

15 Na Administração esse processo é conhecido com “Benchmarking”. É uma técnica que consiste em acompanhar processos de organizações concorrentes ou não, que sejam reconhecidas como representantes das melhores práticas administrativas.

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mercado e também de expor em estandes próprios em feiras internacionais, é às tradings que

acaba fazendo esse papel. São elas que passam informações sobre o mercado para as

indústrias exportadoras. Para o Executivo C, são as tradings que dão o feedback geral, se o

produto está atendendo as necessidades dos consumidores, no caso do frango “se houve

alguma diferença desse produto do lote atual com aquele que foi exportado anteriormente, se

a carne está um pouquinho mais branca” relatando que esse questionamento se dá no dia-a-dia

no departamento comercial.

A trading para as pequenas empresas tem um papel-chave neste processo, pois é ela

quem faz o elo entre o produtor e o cliente no mercado internacional, toda mudança no

produto ou na embalagem (cores), ou qualquer outra mudança relevante, a empresa tem que

entrar em contato com a trading, como ele coloca “tudo o que você for fazer tem que

compartilhar com a trading”, conforme coloca o Executivo C.

As vendas da maior parte das pequenas empresas para o mercado internacional são

feitas por intermédio de terceiros, como as trading. Segundo o Executivo C “se uma empresa

me ligar hoje aqui eu mando procurar a trading, porque se eu chegar lá com um produto com

problema eu não tenho um escritório pra resolver essa divergência, lá no exterior”. Coloca

também que essa situação é diferente de uma empresa pequena e uma grande. As grandes

exportadoras podem vender direto, porque se chegar um produto para o importador

(comprador) e ele colocar dúvida, as empresas grandes estão lá para resolver o problema. Já

as empresas pequenas, segundo o entrevistado, não têm escritório no exterior, se o comprador

falar, por exemplo, “que a nossa caixa veio com um papelão que não serve para a nossa

indústria, o produto está tudo certo, o produto está bonito, mas o papelão que você mandou

aqui não serve”. Então nesse caso, “quem eu teria pra recorrer, na busca de resolver esse

problema? Por isso que tenho que recorrer a trading que resolve esse tipo de problema”.

Diante do exposto, verifica-se que a trading é uma extensão de uma empresa pequena ou

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média no exterior, pois elas necessitam de um representante no exterior e as tradings fazem

esse papel.

Portanto, para as pequenas e as médias empresas que se utilizam deste canal de

comercialização, o processo de aprendizagem sobre o mercado-alvo necessariamente está

relacionado com a trading. Pois é ela que impulsiona e controla a adaptação do produto para o

mercado-alvo, passando o conhecimento necessário para que esse grupo de empresas iniciem

a internacionalização, passando do estágio “um” para o estágio “dois” do modelo de

internacionalização de Uppsala.

Nesse sentido, também se pode relacionar outro aspecto da internacionalização que é a

“distância psíquica”, pois sendo a trading o elo interlocutor entre o mercado consumidor

internacional e a empresa produtora exportadora, ela minimiza essa distância psíquica e

possibilita que uma empresa que não usa o idioma ou não conhece a cultura do país para onde

se está exportando adquira conhecimento e adapte seu produto sem esbarrar nesta

característica.

Alguns autores que trabalham com internacionalização no Brasil, como Rocha (2003),

Kraus (2000) Schmitt Neto et al. (2006) entre outros autores, colocam que as empresas

quando se internacionalizam, normalmente, iniciam em mercados mais próximos ao seu

mercado de origem, buscam semelhanças culturais de mercado entre outros, pois isso

facilitará o acesso e o sucesso da experiência internacional. Mas no caso do frango ou das

empresas avícolas exportadoras brasileiras, em particular, é diferente. Isso porque, segundo os

entrevistados, as empresas brasileiras não são vendedoras de frango, elas são tiradoras de

pedidos. De acordo com os entrevistados, na maioria das vezes, são as empresas

internacionais quem fazem contato com as empresa nacionais na busca de produto brasileiro.

Pois se convenciona no mercado internacional que o frango brasileiro é bom, de boa

qualidade, que existem um “know how” na produção das empresas brasileiras. Outro aspecto

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importante do frango brasileiro é que ele tem mais sabor do que os seus concorrentes diretos.

Por exemplo, ao comparar o produto brasileiro com o norte-americano, o produto brasileiro

tem mais sabor, cheiro, aspectos visuais e organolépticos mais atraentes do que o seu

concorrente, pois a base de alimentação animal no Brasil é milho e soja, enquanto o norte-

americano se utiliza de outros ingredientes na alimentação. Esses aspectos em alguns

mercados como no africano, que consome o corte de carne leg quarter que é a mais barato e o

preço é um fator decisivo na negociação, se paga até a diferença de 40 a 50 dólares por

tonelada pelo frango brasileiro dado a esses aspectos.

Outro aspecto que vem estreitando a distância psíquica são os Centros de Negócios

Internacionais (CNI) da APEX-Brasil, principalmente para as pequenas e médias empresas,

pois nestes CNI´s, as empresas encontram apoio institucional para realização de seus

negócios. Estes centros estão logisticamente bem localizados nos mercados onde estão

instalados, oferecendo estrutura de armazenamento e podem ser utilizados como depósito

aduaneiro das empresas naqueles mercados. Assim, a empresa que se utiliza deste instrumento

de apoio tem sua disposição uma equipe que se relaciona com o mercado local, também tem

informações que a APEX-Brasil disponibiliza, como: informações sobre mercado, principais

clientes, cultura local, entre outros.

A APEX-Brasil também vem atuando em rodadas de negociações e participações de

feiras junto com a ABEF. Nessas feiras, essas instituições buscam divulgar as marcas

“Brazilian Chicken” e o selo “Brazilian Certified Chiken” além da divulgação das empresas

associadas. Segundo destacou os entrevistados, quando se tem uma feira internacional, as

grandes empresas montam seus próprios estandes, como por exemplo, da feira Anuga 2007 na

Alemanha, em que ABEF contou com dez empresas associadas em seu estande, entre elas

Ad’oro, Agrovêneto, Cossisa, Copacol, DaGranja, Diplomata, Penabranca, Nogueira Rivelli,

Goiaves e Pif Paf. Outras associadas como Aurora, Doux Frangosul, Eleva, Frango Forte,

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Perdigão, Sadia, Seara/Cargill e Sertanejo estiveram com seus próprios estandes. Das 24

empresas associadas à ABEF, até aquele momento, 18 estiveram presentes na Anuga 2007.

Ou seja, as empresas que já têm uma identificação ou que já estão presentes naquele mercado

diretamente ou indiretamente, por exemplo, via distribuidor ou empresa de transformação,

buscam expor com seus próprios estandes.

Já as empresas pequenas, que na maioria das vezes não têm recursos e nem estrutura

para manter um estande nestas feiras, utilizam da estrutura da ABEF. Então essas empresas,

principalmente as pequenas e as médias, utilizam desse instrumento para fazer negócios e

para aproximar-se de seus clientes. Neste sentido, esse canal é um importante elo de

aprendizagem das empresas e também pode diminuir a distância psíquica entre os dois

mercados, pois elas podem, com uma contrapartida muito pequena em investimento, se

comparadas com uma colocação de um estande próprio, adquirir conhecimento e fazer

negócios com aqueles possíveis clientes que visitam aquela feira.

Esse trabalho concorda com Lopes (2006) que estudou a internacionalização da Sadia

e concluiu que a Companhia não internacionalizou em mercados com distância psíquica

próximo. Verifica-se que as demais empresas exportadoras de frango de corte também

seguem esse padrão. Como é o caso da Perdigão, que também exporta para mercados com

distâncias psíquicas diferentes ao do mercado brasileiro. Segundo Johanson e Vahlne (2006),

isso ocorre pelo fato das empresas buscarem, na internacionalização, a exploração das

oportunidades identificadas no momento, no caso do frango brasileiro, é o aproveitamento dos

nichos de mercado, da adaptação dos produtos e também da procura pelo nosso produto.

Conforme identificado pelos entrevistados, que os importadores buscam o frango brasileiro

pelos aspectos diferenciados que esse produto tem dos seus concorrentes.

Verifica-se principalmente nas empresas Sadia e a Perdigão, que a decisão das

primeiras exportações, se deu na busca do importador Árabe. Se a teoria coloca que as

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empresas buscam explorar oportunidades, então o fato da distância psíquica nesse caso não

influenciou e não foi o ponto decisivo na internacionalização via exportação intermediada, e

sim a possibilidade de ganhos averiguados pelas empresas brasileiras naquele momento. Isso

é verdade desde o início das exportações até 2007; ainda se realizam negócios com aquele

mercado. Outro fato que reforça essa colocação é a intenção da Sadia de construir no mercado

Árabe uma planta industrial.

Outro aspecto importante do papel institucional que pode ser destacado no processo de

internacionalização das empresas avícolas brasileiras, principalmente as pequenas e médias

que não têm escritórios no exterior, é o papel da ABEF. Pois essa associação, que representa

92% das empresas exportadoras brasileiras, busca divulgar seus associados junto ao mercado

consumidor no exterior. Essa divulgação na maioria dos casos é o único meio que as pequenas

dispõem para expor seu produto no exterior. Além das informações, disponíveis no site da

instituição, também são produzidos, relatórios do setor, folders das empresas associadas,

matérias institucionais em outro idioma principalmente em inglês para divulgar os associados.

Outra atuação da ABEF é a intermediação e negociação em novos mercados e de

fortalecimento dos já presentes.

Executivo F, ao destacar o papel da ABEF, ressalta que a instituição também ajuda na

prospecção de novos mercados, via rodadas de negociação ou visitas técnicas. Cabe destacar,

um exemplo deste tipo de atuação em que, um grupo que vem ao Brasil por intermédio da

ABEF, esta instituição comunica aos seus associados se alguém tem interesse neste mercado,

caso haja, são dimensionadas as diretrizes dos padrões que está sendo exigido por aquele

mercado. Neste sentido, são identificadas quais as empresas associadas que têm condições de

atender e de receber a missão. Lembra o entrevistado que após a visita de uma dessas

comissões, apenas uma empresa ligada ao sistema cooperativismo paranaense teve sua planta

industrial habilitada para aquele mercado. Neste sentido, no entendimento da maioria dos

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entrevistados, são as entidades de classe que articulam, buscam as oportunidades de negócios

internacionais e o governo por intermédio das suas instituições acaba dando o respaldo

necessário para viabilizar essas oportunidades, principalmente para as médias e pequenas

empresas.

Vale ressaltar que algumas ações incentivadas pela APEX-Brasil e a ABEF,

principalmente após a vigência do convênio firmado, entre ambas as instituições, em 2006 e

renovado em 2008, começou a surgir a união destas empresas de pequeno e médio porte, o

que a teoria chama de “Consórcios em Negócios Internacionais”. Ou seja, uma empresa

individual, principalmente a pequena, não tem condições em ofertar em constância suficiente

para atender a demanda de um importador. Então por meio do consórcio é possível atender a

necessidade dos clientes e abrir novas oportunidades para as pequenas e médias empresas

diversificarem mercados, ou melhor, viabilizar a colocação de alguma parte do frango que

anteriormente ao consórcio a empresa individualmente não tinha escala para ofertar. Tendo

em vista que alguns mercados só demandam uma parte especifica do frango, como por

exemplo, peito e coxa, esse tipo de iniciativa apoia o processo de internacionalização dessas

empresas via exportação intermediada.

De um modo geral, foi verificado que as grandes empresas, como a Sadia, Perdigão,

DOX e Seara e também em algumas outras empresas inovadoras de porte médio, como a

Penasul entre outras, mantêm escritórios comerciais ou representantes nos seus principais

mercados. Por exemplo, a Sadia e a Perdigão ambas contam com 13 escritórios comerciais no

exterior. A presença de escritórios no exterior, segundo a teoria de internacionalização, se faz

necessária para aproximar a empresa exportadora de seus clientes, para criar uma identidade

com o mercado local, além de facilitar as vendas naquele mercado e principalmente, como

colocado por um dos entrevistados, a presença destes escritórios facilita, o pós-venda e o

feedback com o mercado. Tendo em vista que se houver qualquer problema com a

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mercadoria, de qualquer natureza, seja ela de embalagem ou de produto, a presença deste tipo

de escritório auxiliará na solução do problema.

Percebe-se de um modo geral, por meio do perfil de alguns dos entrevistados, que o

processo de aprendizagem também ocorre via contratação de profissionais que atuaram em

outras empresas principalmente nas grandes, como a Sadia e a Perdigão, para trabalharem nas

médias e nas pequenas, ou seja, importação de talentos de outras empresas mais experientes

no processo de internacionalização. Neste caso, o processo de aprendizagem se dá pelo

conhecimento adquirido pelo funcionário e importado pela empresa, ajudando a pular e

minimizar algumas fases, como adaptação do produto, adaptação da indústria para

determinado mercado, logística, treinamento de pessoal, mudança da política institucional da

empresa. Por exemplo, em uma das entrevistas realizadas, percebeu-se que o entrevistado já

havia passado por várias outras empresas de grandes e de médio porte. Naquele momento,

apesar da empresa não estar efetuando exportação, o entrevistado que exercia a função de

Diretor Geral, estava adequando e estruturando a empresa, que é de administração familiar,

para efetuar exportações.

Em outro caso, verificou-se, em uma empresa média inovadora, que o cargo de Diretor

Geral e Gerente de Exportação com experiência em outras empresas exportadoras na

avicultura e também pela sua experiência internacional, adquirida junto ao mercado europeu,

onde o mesmo morou e trabalhou, proporcional à empresa média inovadora a pular etapas na

escolha e na formulação das diretrizes e da implantação do seu escritório na Europa. Outra

forma encontrada pelas empresas de adquirirem conhecimento (aprendizagem) é a contratação

de profissionais na assessoria e consultorias.

De uma maneira geral, percebe-se dentre as empresas brasileiras exportadoras de

frango de corte, a empresa que se encontra mais evoluída no processo de internacionalização é

a Sadia seguida da Perdigão. Isso pode ser identificado pelo perfil inovador que ambas as

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Companhias exercem no mercado brasileiro e mundial e pela exportação de funcionário

destas empresas para outras empresas de diversos portes. Isso também pode ser constatado

pela presença destas Companhias em bolsas de valores, brasileira e americana e no caso da

Sadia também na bolsa de Madrid.

Corroborando com isso, verifica-se no índice apresentado pela FDC (2008) que analisa

o processo de internacionalização das empresas brasileiras, destaca a Sadia como a 27a (com

planta industrial por Joint Venture com a empresa russa Miratorg) e a Perdigão em 34a

(aquisição da Plusfood) no ranking apresentado por esta instituição em 2008.

No caso específico da Sadia, verifica-se que a Companhia em 2008, apresenta 13

escritórios internacionais, trabalha com centro de distribuição em diversos mercados onde ela

atual e conta também com terminal portuária no porto de Paranaguá (PR) para efetuar suas

exportações. Além do que, conforme informações obtidas por alguns entrevistados, a empresa

utiliza como estratégia de entrada nos mercados, efetuar parcerias locais, dando prioridade

para as maiores empresas da região, no desenvolvimento daquele mercado, em alguns deles

ela impõe até mesmo qual deve ser o tipo de produto que esse parceiro tem que desenvolver

naquele mercado.

O Executivo A, citou um exemplo que em um determinado mercado, se não existe

demanda por pizza, a Sadia busca desenvolver esse mercado, para que possa auxiliar a venda

do produto e ao mesmo tempo agregar valor aos seus produtos, principalmente o frango.

Mano (2008) expõe que a atuação da Sadia no mercado russo, onde a Companhia teve que

realizar intervenção no mercado mediante a utilização de propagandas, quase no estilo de

esclarecimento ao público para, por exemplo, informar ao consumidor que a lasanha não se

come no café da manhã. O que pode remeter à teoria sobre internacionalização que se criou

uma cultura ou identidade com o mercado local (externo) na busca de fixação nestes

mercados. Observa-se que esse tipo de comportamento também é identificado por Lopes

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(2006), ao estudar a inovação para exportação da Sadia, constatou que a Companhia tem um

processo de inovação ofensiva.

Dentre as empresas brasileiras que internacionalizaram a Sadia, esta fase de

implantação de filiais no exterior, com planta industrial em Kaliningrado, na Rússia a

Companhia também tem intenção de instalar mais uma planta nos Emirados Árabes para a

produção de produtos industrializados de aves e bovinos. Segundo Sadia (2008), Mano (2008)

e Lopes (2006), na Rússia, esse projeto foi realizado por intermédio de uma Joint Venture

entre a Sadia e o seu parceiro local (Miratorg), e a Sadia entrou com 51% e o parceiro 49%. A

sociedade com o parceiro local teve origem no serviço que o sócio desempenhava para

companhia naquele mercado, foi este sócio que apresentou e abriu as portas do mercado russo

para a Companhia. E que o conhecimento do mercado que a Sadia obteve sobre o mercado

que a levou a realizar investimento construindo uma planta industrial naquele país, foi

passado pelo seu parceiro local. Johanson e Vahlne (2006) salientam que, as empresas buscam

conhecimento no seu parceiro local, neste caso da Sadia, essa colocação dos autores sobre o

processo de aprendizagem está ocorrendo.

Outro aspecto importante descrito por Mano (2008) que a Sadia encontrou naquele

mercado foi a expatriação de executivos e de funcionários do Brasil e de outros lugares. A

autora relata que também foram contratados intérpretes para atuar diretamente com os

executivos brasileiros e executivos russos, apesar de ambos terem fluência no idioma inglês.

Quanto aos funcionários brasileiros que atuam diretamente na fábrica, ou seja, no “chão de

fábrica”, no processo de seleção no Brasil, além das atribuições da função do cargo, esses

funcionários também tiveram que passar por um teste de mímica. Pois segundo a autora, é

essencial para a comunicação e o repasse do aprendizado destes com os funcionários russos.

Algumas peculiaridades que a companhia teve que enfrentar no seu processo de

internacionalização naquele mercado envolveu não somente a expatriação de executivo

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brasileiro mais também pela contratação de funcionários como Zernov, um afegão recrutado

pela Sadia numa empresa estatal em Moscou. Sua habilidade de penetração nos organizações

russas trouxe benefícios para a Sadia como colocar a companhia numa lista de prioridade no

fornecimento de energia, liberação diversas, que vão desde o projeto de implantação da

indústria até a habilitação para fabricação de alguns produtos, entre outros exercidos pelo

funcionário. Existem também outros aspectos relacionados aos funcionários, que estão

relacionados diretamente ao mercado russo; a companhia por sugestão dos sócios locais

implantou um departamento de espionagem, chamado por Mano (2008) “KGB do Frango”.

Esse departamento auxilia a empresa a se proteger na atuação da máfia russa naquele país.

Observou também no mercado russo que houve adaptações dos produtos da companhia ao

gosto local, principalmente na linha de lasanhas, que segundo Mano (2008) o hábito local é

menos sal e a massa ao dente.

O motivo da internacionalização da Companhia neste mercado, segundo Alexandre de

Campos, Diretor-Geral da Sadia na Rússia, “o esforço de todo esse investimento vai valer a

pena, pois deve nos render um mercado tão grande quanto o brasileiro em apenas uma

década” (MANO, 2008). A atuação da Companhia neste mercado também pode estar

relacionada ao grande protecionismo que o mercado Russo vem exercendo, inclusive no ano

de 2006, colocou restrições às exportações da carne de frango, entre outras carnes, dada a

febre aftosa ocorrida no Estado do Pará, que segundo alguns entrevistados colocaram que os

russos confundiram o Estado do Pará com o porto de Paranaguá.

Outro aspecto levantado sobre as grandes, especificamente sobre a Sadia, é que ela

busca contratar, nos mercados-alvo onde ela atua, empresas para desenvolver campanhas de

Marketing, sempre na busca de identificar em seus projetos para aquele mercado uma

identidade da companhia com os objetivos traçados para aquele mercado. O que pode

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evidenciar que a cultura das grandes é sempre a busca de atender os anseios dos clientes nos

mercados locais, o que também vai ao encontro das teorias sobre internacionalização.

A Perdigão também é outra empresa grande que no final de 2007 e início de 2008

concluiu a aquisição de ativos no exterior, no mercado Europeu. Neste caso diferentemente da

Sadia, que o processo se deu pela construção de uma filial, a Perdigão optou pela aquisição de

uma empresa já estabelecida a Plusfood. Segundo alguns autores que trabalham as formas de

entrada no mercado internacional, a aquisição pode ser um processo mais doloroso para a

Companhia do que a construção de uma filial, pois no processo de junção das duas empresas

ou da incorporação de uma pela outra, envolvem questão ligadas a um novo sistema de

gerenciamento da adquirida pela adquirente. Apesar de que neste tipo de processo a empresa

adquirente absorve para si toda a estrutura, de logística e de distribuição, marcas e patentes

entre outros que porventura a empresa adquirida tenha consigo.

No mercado chinês, de acordo com Executivo D, apesar de o Brasil ter plantas

habilitadas para exportar para aquele mercado, ainda não está exportando, porque não se

conseguiu chegar a um acordo sanitário entre o Brasil e a China.

Executivo E destaca que para alguns mercados que têm dificuldades de exportar

produtos como o caso da Europa, ele utiliza uma ração especial, um tipo de ração vegetariana,

não se usa promotor de crescimento. Esse tipo de situação compensa para a empresa, pois

além de um diferencial que se paga pelo produto, em comparação com outros mercados, pois

agrega valor ao produto, que no caso do frango é uma commodity. O entrevistado relata que

essa situação é um critério de acordo de mercado, ou como ele coloca “não é nem um critério

de competição, é um critério de exclusão mesmo do mercado”. Ressalta que, isso é uma

exigência de mercado, eles fazem isso porque se chegar esse produto lá e for detectado algum

resíduo, a empresa pode até perder a habilitação para exportar para aquele mercado.

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No mercado japonês, por muito tempo as exigências foram que os produtos exportados

para este mercado não utilizassem na ração animal produtos de origem transgênica, porém

com a disseminação do plantio deste produto no Brasil, esse tipo de exigência acabou não

sendo mais possível de ser cumprida. Outra exigência, quanto à utilização de alguns produtos,

na medicação ou quimioterápicos, que no Brasil é liberado seu uso e que no mercado japonês

esses produtos não deve conter no produto final, ou seja, é imposto limite. O Executivo coloca

“se eles querem participar do mercado eles têm que acabar se adaptando a este mercado, ou

seja, as alternativas que existem aí, de outro produto que seja usado, enfim, a gente tem que

trabalhar, se não a gente tá fora. Tá fora do mercado”.

Para o setor avícola brasileiro, no que se refere à distância psíquica, esse trabalho

discorda das conclusões de Rocha (2003) que conclui que as companhias brasileiras, em geral,

buscam mercados com distanciamentos próximos, como os países sulamericanos. Observa-se

que no mercado de carnes, isso não é tão válido, pois não é o que se observa, neste setores,

principalmente no setor de carne de frango. Isso por que alguns mercados, da América do Sul,

estão fechados para as empresas brasileiras, dada a influência norte-americana,

principalmente em países que apoiam o NAFTA (North American Free Trade Agreement),

outro aspecto dos países da América do Sul diz respeito às compras governamentais, como é o

caso do mercado venezuelano, onde o governo que efetua as compras (importações) para

distribuir junto à cesta básica, para a população local, conforme relatado pelos entrevistados e

que também pode ser comprovado pelo trabalho de Rodrigues (2008).

Para o Executivo B, a competitividade do frango brasileiro está centrado na postura do

exportador brasileiro, principalmente das empresas líderes, quanto ao produto que está sendo

exportado, como ele coloca “o grande mérito do Brasil foi não tentar exportar aquilo que o

Brasil queria, mas sim o que o mercado queria. Mais do que a nossa competitividade foi a

nossa flexibilidade produtiva e o respeito ao consumidor. Esse é o grande mérito”.

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O mesmo entrevistado chama a atenção para uma característica importante do frango

“não há nada mais de commodity do que um frango inteiro” coloca que o produto de uma das

empresas brasileira líderes vale mais do que o de suas concorrentes. Existe um diferencial do

mesmo produto ‘commoditizado’ entre a líder e as outras empresas adversárias, é pago um

diferencial por tonelada. Isso ocorre, segundo ele, “simplesmente porque só se consegue

diferenciar uma commodity por uma percepção de qualidade que você só cria se tiver uma

cultura de qualidade, e qualidade não é “bla, bla, bla” não, qualidade tem que “matar a cobra e

mostrar o pau” e ser persistente, e qualidade você normalmente encerra num conceito que é

marca, você sintetiza através da marca”. Isso significa confiança, tranquilidade, noção de

respeito, adquirido pelas ações persistentes.

No entendimento do Executivo B, no mercado de frango “uma das coisas mais

importantes que precisa ser reconhecida, é que produto com valor não significa produto

industrializado. Produto com valor é produto que tenha valor para o consumidor”, pois alguns

mercados são muitos específicos, cita o exemplo do mercado árabe que as exigências do

produto não são só centradas no abate halal, existe também outras características do produto

(tem que estar concentrado 78% nos calibres 950 até 1.150 gramas).

Segundo o Executivo B, a prospecção de um mercado internacional é feita

individualmente, por cada empresa. Ele coloca que existe apoio governamental via APEX,

não no sentido de prospecção mais no sentido de divulgação. Isso é feito via acordo

estabelecido junto às duas instituições, APEX e ABEF, essa ajuda ao setor é feita

financeiramente e em participação em feiras. Ele coloca que a APEX abre um caminho,

sobretudo, para o pequeno e o médio, já as grandes como a Perdigão e a Sadia já têm seus

estandes próprios como ele coloca “elas estão em outra categoria” no que se refere às

estratégicas internacionais.

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Na questão dos canais de distribuição, o Executivo B coloca que as “grandes empresas

habitualmente têm estruturas próprias de comercialização, e hoje possuem filiais no exterior”,

algumas têm depósitos nesses mercados e na maior parte dos casos escritórios comerciais, em

alguns casos unidades de processamento, como no caso da Sadia e Perdigão.

O Executivo B relata ainda que, mercados como Venezuela, Cuba, Egito e Irã, as

importações de governo são feitas pelo governo ou condicionadas por ele. Ao citar exemplos,

o entrevistado coloca que em Cuba o governo tem uma interferência total no processo, quando

ele mesmo não é o executor do processo. A África está num recente processo de mudança, por

exemplo, Angola que era comércio de Estado está passando para o comércio privado, o Iraque

hoje também está em transição, porque era antes comércio de Estado. Irã é um comércio de

Estado, neste mercado, “não vem aqui um médico veterinário, vem aqui um conselheiro

chamado de “mulah”, que verifica se estão sendo respeitas as normas islâmicas de abate.

Existem outros compradores pequenos na Ásia, que o Estado tem influência, mas são de

pequena expressão. Coloca que “quem proíbe o acesso é o Estado” citando o caso do Chile,

México e EUA, coloca que não existe justificativa científica e sanitária para o Brasil não

poder exportar para esses países.

Executivo A coloca que as empresas que estão no Estado de São Paulo priorizam o

mercado interno, pois segundo ele é o maior centro urbano do Brasil e é o maior mercado

consumidor interno brasileiro. As empresas que estão no Estado têm prioridade ao mercado

interno, ao mercado doméstico regional paulista. Ele coloca que “quem não está em São

Paulo, está no Paraná e Santa Catarina não porque as grandes empresas do ramo estão

inseridas nessas localidades, como, por exemplo, a Seara, Sadia e Perdigão. E no Rio Grande

tem-se a Avipal a Eleva, Frangosul, Minas, Pif-Paf, entre outras”, de acordo com Executivo A

é uma decisão estratégica de destinar 40% a 50% da produção para exportação. Agora as

empresas que estão no Estado de São Paulo dificilmente direcionam 40-50% de sua produção

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para exportação. O mesmo entrevistado destaca que cada vez mais as empresas de pequeno

porte têm que saber administrar isso, e não competir diretamente com uma empresa grande

como essas, Sadia e Perdigão. Esse mercado interno que dá suporte para as pequenas

empresas sobreviverem.

De uma maneira geral, observa-se que, no setor avícola exportador, a cultura do

exportador em efetuar contratos de exportação não foram constatados contratos de longo

prazo. Os contratos existentes são feitos na maioria das vezes de venda por venda, por

exemplo, um contêiner, o contrato tem início na venda (país de origem) e vai até a entrega (no

mercado comprador). Principalmente na pequena empresa, os contratos mais comuns são os

trimestrais, porém existem outros contratos firmados com os mais diversos prazos. Em alguns

casos têm-se contratos que são fixados o volume de compra por um determinado período de

tempo, com preço do produto fixado e em outros não-fixados. Ou seja, existem diversas

formas de realização de contratos neste setor, que segundo alguns entrevistados em alguns

casos existem contratos apenas de compromisso, entre o exportador e o importador, relatam

que se convencionou o compromisso mais não se tem contrato estabelecendo regras e nem as

condições de compra e de venda entre ambas as partes.

Possível explicação para esse tipo de cultura dos exportadores do setor avícola pode

estar associada por um lado no fornecimento de insumos para a ração animal, principalmente

o milho que é vendido no mercado à vista (spot), sem realização de contratos de fornecimento

estabelecido entre indústria avícola e produtor ou cooperativa rural, que pode ser confirmado

pela colocação do entrevistado, quando o executivo C coloca a seguinte situação: no início do

ano de 2007, o governo brasileiro incentivou a exportação do milho brasileiro tendo em vista

que o preço praticado no mercado interno estava muito baixo e a partir do segundo semestre

com o aumento dos preços desta commodity, aquelas empresas que fixaram os preços do

insumo não tiveram tantos transtornos, já aquelas que não fixaram passaram por dificuldades

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na obtenção da matéria-prima, tendo em vista o aumento dos preços. Conforme SEAB (2008),

o preço médio nominal recebido pelo produtor paranaense no ano de 2006 foi de R$ 12,59 a

saca de 60 kg, já em 2007 foi de R$ 17,53 e no mês de dezembro do mesmo ano, o preço

atingiu R$ 24,94, já em 2008 com a entrada da safra de verão, os preços reduziu mês-a-mês,

chegando a agosto com preço de R$ 18,44. Outra possível explicação para a não-existência de

contratos de longo prazo fixando o preço pode estar no fato do frango ser um produto tipo

commodity.

As informações cadastrais para realização de vendas a um cliente internacional,

segundo o Executivo C, a busca por informações antes de vender aos seus clientes

organizacionais (Trading, Atacadista, Varejista, Indústria, Montadora de Alimentos e de

Pratos, entre outros), aqueles em que vai exportar seu produto, num primeiro momento da

mesma forma que se faz no mercado interno. Em seguida, obtêm-se informações em bancos

brasileiros que têm agências naqueles mercados em que a sua empresa pretende atuar e

também em instituições bancárias internacionais que têm agências aqui no Brasil. As

informações levantadas, segundo o entrevistado, são: experiência que a empresa tem no

mercado, quanto tempo ela está no mercado, se tem crédito, situação financeira (se existe

algum problema com a empresa), reputação no mercado fazendo pesquisa sobre a empresa

(não sobre o mercado de atuação da empresa). Confirmada também por outros entrevistados, e

que as empresas brasileiras negociam entre si, trocam informações sobre clientes

internacionais em comum. Neste sentido, a aprendizagem sobre o mercado e sobre a empresa

ocorre via instituições bancárias e também pela troca de informações entre exportadores.

Pereira (2003), ao estudar gerenciamento de cadeias de suprimentos do setor avícola

brasileiro, identificou que as empresas exportadoras de frango de corte buscam informação

sobre o mercado internacional, onde elas atuam, utilizando-se do serviço de atendimento ao

consumidor (SAC). E também, através do seu trader ou pelo seu assistente do trader. Além

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disso, os escritórios que a empresa possui no exterior transmitem informações daquele

mercado ao Brasil, como por exemplo, reclamação de clientes, via e-mail ou via notes, que

por sua vez é repassada para a unidade responsável. A autora, destaca que o cliente externo

recebe a resposta de qualquer reclamação que faça, seja ela procedente ou não.

O processo de internacionalização da Sadia e da Perdigão, as duas maiores

exportadoras de frango de corte brasileira, em alguns mercados, está numa fase mais

comprometida com o mercado. Pois se verifica que essas empresas possuem plantas

industriais fora do mercado brasileiro. No caso da Sadia no mercado russo, conforme

evidenciado no item 5.1.2 deste trabalho, a empresa está comprometida com o consumidor

local, produzindo e ofertando produtos adaptados ao paladar e ao gosto daqueles

consumidores. No que se refere à distância psíquica, observa-se que ela está presente na

burocracia que a empresa enfrentou naquele mercado. No idioma, para minimizar os

problemas com a comunicação, utilizou-se de mímica. E também, pela adaptação de produtos

aos gostos do mercado-alvo. Até o projeto de engenharia da fábrica que feito no Brasil passou

por adaptações das normas do mercado-alvo.

Em outros mercados, como o da África do Sul, por exemplo, onde as exportações são

feitas por trading, ou como coloca a escola Uppsala “exportação via representante ou agente”,

nota-se que nestes mercados as empresas exportadoras buscam um grau de

internacionalização menor, tendo em vista que para adentrarem nestes mercados, a melhor

possibilidade é via representante, pois seria incompatível com o perfil das grandes

trabalharem naquelas condições conforme colocada pelo Executivo A, onde o frango é

vendido porta-a-porta, nas casas dos consumidores. Porém, o produto brasileiro, vendido para

aqueles mercados, são adaptados as características e costumes locas.

Essa adaptação tem em vista outros mercados como o Oriente Médio e também em

outros mercados que obedecem aos costumes religiosos – Halal e o Kosher-, nesses

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mercados, independente do tamanho e o porte da empresa, as exportações são feitas via

trading ou representante local. Porém, no Oriente Médio, existem planos da Sadia para

investimentos na produção naquele mercado, tendo em vista que sua marca já está bem

consolidada naquela região.

Em outros mercados, observa-se que os consumidores dos produtos brasileiros são

empresas institucionais processadoras de alimentos. Neste caso, tanto as grandes como as

pequenas empresas também podem ser consideradas como sendo um mix ou junção entre a

atividade exportadora não-regular com a exportação via representante ou agente, tendo em

vista que essas empresas vendem para uma empresa que beneficia o frango em cortes, que

facilmente pode ser substituído por outra empresa tanto brasileira como estrangeira, sem a

fidelização à empresa exportadora. Porém alguns dos importadores preferem e até pagam um

diferencial pelo frango brasileiro, dadas as características organolépticas deste produto, em

comparação com os concorrentes do Brasil.

Em alguns casos em que se fazem consórcios de exportação, principalmente as

pequenas e médias empresas, que estão sendo incentivadas pela ABEF e a APEX-Brasil, o

processo de internacionalização dessas empresas encontra-se em um estágio de exportação via

agente, mas também pode ser uma exportação eventual ou não-regular, tendo em vista que tal

atividade necessita formar lote (contêiner) para exportação16.

Carona (2008) conclui em seu trabalho sobre as redes de suprimentos brasileiras de

exportação de frango de corte, que as empresas de médio e pequeno porte, em maior ou

menor grau conservam traços de empresas exportadoras de commodities. E as empresas

classificadas em grande porte, como é o caso da Sadia, já apresentam movimentos de

internacionalização, pois não só atuam em escala como também escopo. O foco de negócio

16 Neste trabalho não foi aprofundado sobre esse assunto, apenas caracterizado.

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destas empresas líderes não é mais o da produção de frango, mas sim o de provedores de

alimentação.

Em algumas empresas como a Sadia, Perdigão e também em outras, existe um número

expressivo de países em que seus produtos são exportados, porém, na maioria desses países a

exportação é terceirizada. Isso se faz necessário, dadas às características deste tipo de

empreendimento que é a avicultura, pois a cada dia, chega à indústria mais um lote de frangos

para serem abatidos e processados. E em consequência disso, as empresas têm que buscar

oportunidades de negócios em diversos mercados, tendo em vista que cada mercado demanda

uma parte do frango, o que vai ao encontro da colocação dos autores Johanson e Vahlne

(2006), ou seja, as empresas buscam na internacionalização oportunidades de negócios.

Alguns mercados são mais receptíveis, já em outros, são mais protecionistas, como é o

caso da União Europeia; limitam as quantidades via imposição de cotas e exigências não-

tarifárias, como por exemplo, a qualidade de vida dos frangos – bem-estar animal – e também

a imposição do uso de rações apenas de origem vegetal. Em outros mercados como a China

que, apesar do Brasil ter plantas habilitadas a exportar para aquele mercado, ainda não se

chegou a um acordo fitossanitário com aquele mercado. Portanto, o processo de

internacionalização no setor avícola, ou de carne em geral, pode ser considerado como sendo

um processo de internacionalização via commodity. Ou seja, um produto padronizado e de

fácil substituição entre os produtores, tanto de produtos brasileiros ou por concorrentes

internacionais, ainda mais que a grande maioria das exportações brasileiras ainda é de

produtos com pouco processamento ou quase nenhum processamento, como é o caso da

exportação de frango inteiro, que na maioria das vezes é exportada com a marca do próprio

importador.

No estado de Mato Grosso do Sul, constatou-se que as empresas instaladas têm área

administrativa voltada para exportação, os contatos internacionais são feitos sempre nas suas

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matrizes localizadas na região Sul do Brasil. O que caracteriza que o processo de

internacionalização é feito e decidido fora do estado de MS, cabendo às empresas (filiais)

instaladas, no estado, o status de unidades produtivas, apesar de algumas das plantas

instaladas, em Mato Grosso do Sul, serem habilitadas para efetuarem exportações, conforme

identifica em seu trabalho, Bueno (2006). Algumas delas possuem escritórios no exterior,

como é o caso das empresas Seara (Cargil) e Dox, o que indica, segundo Kraus (2000), maior

comprometimento com o mercado anfitrião, em que a Escola de Uppsala classifica como

sendo a terceira etapa, caracterizada pela instalação de subsidiária de vendas.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De uma maneira geral, pode-se concluir que o processo de internacionalização na

avicultura brasileira está mais evoluída nas grandes empresas, como Sadia e Perdigão, tendo

em vista que as mesmas no ano de 2007 e 2008 deram mais um passo ao rumo da

internacionalização, sendo que a primeira construiu uma planta industrial no mercado russo e

a segunda pelo processo de aquisição incorporou uma subsidiaria na Europa, com a Plusfood,

que a partir dela reestruturou recentemente sua presença no exterior principalmente no

continente europeu.

As empresas grandes são responsáveis pela disseminação do aprendizado que vem

ocorrendo no setor avícola, tendo em vista que as médias e as pequenas buscam inovações ao

espelhar-se nas grandes. Outra contribuição das grandes empresas está relacionada ao

conhecimento, ou seja, a contratação de funcionário/executivos por parte das pequenas e

médias, que buscam nestes profissionais aquisições de conhecimento, tanto relativo ao

mercado quanto ao processo de produção. Nesta mesma linha também ocorre a contratação de

ex-executivos das grandes em assessorias e consultorias das menores.

Outro canal utilizado pelas pequenas e médias na busca do conhecimento são as

Tradings, tendo em vista que são elas quem fazem o canal de comunicação entre o mercado

consumidor e as empresas produtoras/exportadoras. São as tradings que, na maioria dos

casos, responsável por passam o conhecimento sobre o mercado-alvo: forma de entrada; tipo

do produto; qualidade do produto; entre outras peculiaridades do mercado.

O apoio institucional da ABEF e da APEX tem um papel importante no processo de

internacionalização das indústrias brasileiras de frango de corte, principalmente para as pequenas

e médias. Essas instituições são a força motriz no mercado internacional, na divulgação da marca

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Brasil e também qualidade do frango brasileiro. Tem presença ativa em feiras, rodadas de

negociações internacionais ligada ao setor de carne de frango entre outros. APEX-Brasil também

oferece apoio logístico às empresas brasileiras em seus Centros de Negócios Internacionais,

principalmente em Dubai que é a porta de entrada para o mercado do Oriente Médio.

No mercado de frango de corte, existe a necessidade das grandes empresas atuarem em

diversos mercados tendo em vista que cada um deles demanda um porte do frango, ou pelas

características relacionadas à cultura local ou pela imposição do mercado. Faz-se necessário que

as grandes empresas se utilizem dos diversos canais de entrada como distribuidores, tradings,

indústria de transformação entre outros, pois necessitam primeiro buscar mercado para atender a

oferta diária de produção das grandes empresas e também pelo fato que em alguns mercados a

única forma de entrada, é a utilização desses canais, que também estão relacionados à cultura do

mercado local.

A pequena empresa do setor utiliza basicamente da trading para prospectar nos

mercados-alvo, tendo em vista que não dispunha de recursos financeiros e nem condições

para manter pessoal e departamentos de marketing internacional.

A “distância psíquica” no setor exportador avícola brasileiro não segue o mesmo

padrão observado por outras empresas, de outros setores exportadores brasileiros, tendo em

vista que no setor de carne de frango segue a demanda dos mercados consumidores. Já os

países da América do Sul não são representativos nas exportações brasileiras, pois essas

empresas se adaptaram em nichos de mercados como: o mercado europeu, que demanda

frango alimentado à base de ração vegetal; o mercado Árabe, onde são respeitados os aspectos

relacionados à cultura religiosa daquela região entre outras que seguem o mesmo princípio

religioso, abate por Ritual que seguem os requerimentos religiosos (abate pela Lei do Kosher

para Judaísmo e o abate pela regra do Halal para os mulçumanos), adaptação da aparência do

produto para os mercados asiáticos, entre outros.

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Existe a predominância da não-realização de contratos de longo prazo, fixando os

preços dos produtos à base de frango, que está relacionado à forma de comercialização deste

produto no mercado Spot e também pelo fato da não-existência de contratos de fixação de

preços ou integração com os produtores rurais fornecedores de matéria-prima, principalmente,

o milho que apresenta uma sazonalidade muito variada ao longo dos anos.

8.1 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA

Contribuições deste trabalho para o meio acadêmico estão relacionadas à aplicação da

teoria da internacionalização no setor avícola exportador brasileiro que contribuiu para

identificar principalmente como se dá o processo de aprendizagem no setor. Também

contribuiu para levantar algumas explicações sobre a distância psíquica na avicultura

brasileira, mostrando que a internacionalização está ocorrendo com mercados distantes

psiquicamente do brasileiro, ou seja, com culturas diferentes daquelas do mercado brasileiro.

Por que está relacionada à característica do mercado demandante do nosso produto e também

pela oportunidade da realização dos negócios das empresas brasileiras. Outra contribuição

acadêmica foi o avanço em assuntos relacionados à internacionalização que não foram

contemplados em outros trabalhos feitos sobre o setor, a exemplo, Rodrigues (2008), Bueno

(2006) e Michels et al. (2004) entre outros.

Para as empresas, esse trabalho contribuiu para elucidar como se dá o processo de

aprendizagem dentro do setor, disponibilizando e sistematizando informações sobre o

processo de internacionalização que está ocorrendo no setor avícola brasileiro e que o

processo de aprendizagem não é se arriscar em construir novos conhecimentos e também são

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obtidos via informações já existentes, ou via contratação de profissionais, por empresas como

tradings e via espelhamento nas empresas líderes ou inovadoras no setor avícola ou também

em setores próximos como os de carne (bovino e suíno).

Na formulação de políticas públicas, esse trabalho contribui para elucidar informações

importantes sobre a questão da distância psíquica, pois apesar da teoria e outros trabalhos, coloca–se

que as empresas brasileiras buscam internacionalizar para países com distância psíquica próxima,

para o setor avícola isso não ocorre. Neste sentido, os esforços das políticas públicas têm que vir ao

encontro da abertura de novos mercados, tendo como finalidade diversificar os mercados, que ainda

não são explorados pelas empresas brasileiras, principalmente as médias e as pequenas. Formular

políticas que fortaleçam os atributos de competitividade das empresas brasileiras, principalmente as

ligadas às questões sanitárias e fitossanitárias no intuito de fortalecer a fiscalização das fronteiras,

portos e aeroportos. Incentivar outros mercados que as indústrias brasileiras não estão explorando,

como por exemplo, o frango cozido e também abertura do mercado chinês, via atuação

governamental e institucional brasileira no intuito de liberalização do mercado chinês para o frango

brasileiro, tendo em vista que já tem plantas habilitadas para exportar, faltando apenas a liberação e

a sistematização do governo chinês para essas plantas a passagem a exportar. Ou seja, derrubar as

barreiras não-tarifárias impostas aos produtos brasileiros principalmente ao setor de carne de frango.

8.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA NOVOS TRABALHOS

Quanto às limitações deste trabalho, podem ser atribuídas à incompatibilidade de

agenda de alguns membros-chave da cadeia avícola que não foi possível efetuar algumas

entrevistas que se julgam importante para o entendimento desta cadeia.

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Quanto à teoria, sugerem-se novos estudos sobre internacionalização não somente

estudos de caso individuais, mas também estudos que compreendam setores exportadores.

Pois desta maneira as contribuições que a academia leva para as empresas e para as políticas

setoriais do Estado podem ser mais imparciais e não-dirigidas apenas para um determinado

grupo, mas para o setor como um todo, contribuindo com o crescimento brasileiro e do

fortalecimento da empresas brasileiras no exterior.

A sugestão para novos estudos podem ser efetuados tanto em trabalhos qualitativos

quanto quantitativos. Os qualitativos podem ser realizados em estudos com outros agentes da

cadeia, como por exemplo, ABEF, APEX, Aduanas, Agências de Fomento, BNDES, Centros

de pesquisas, Correio (Exporta Fácil), Despachantes, Embaixadas, Itamaraty, Mapa –

Ministério da Agricultura e Pecuária, Ministério de Relações Exteriores, Portos, Produção e

Agroenergia (SPAE), Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), Secretaria Internacional do

Agronegócio (SRI), Tradings, União Brasileira de Avicultura (UBA), entre outros.

Realização de outros estudos com finalidade de focar, principalmente, o processo de

aprendizagem e também buscar outras explicações para o porquê da distância psíquica no

setor de frango não seguir o padrão encontrado normalmente em outros setores, como por

exemplo da Cerâmica Portobello, estudada por Schmitt Neto (2006) ou pelo processo de

Internacionalização do Grupo Votorantim.

No que diz respeito ao assunto contrato no setor, sugere-se que sejam realizados

trabalhos para estudar aspectos relacionados à teoria de contrato. Quanto aos trabalhos

quantitativos podem ser utilizados para mensurar a competitividade da indústria exportadora,

simulações de competitividade, simulação dos prováveis impactos da entrada da gripe aviária

no Brasil, entre outros que podem ser feitos pela ótica da econometria. Outra possibilidade de

novos estudos pode ser feita no processo de internacionalização via formação de consórcio de

exportação, tendo em vista que a teoria de Uppsala não contempla esse assunto.

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