Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE ANGICOS – CMA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL
CLEITON MEDEIROS DE ARAÚJO
CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS HISTÓRICAS: ESTUDO
DE CASO DA PONTE DA PEDRA LAVRADA
ANGICOS-RN
2020
CLEITON MEDEIROS DE ARAÚJO
CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS HISTÓRICAS: ESTUDO
DE CASO DA PONTE DA PEDRA LAVRADA
Monografia apresentada ao
Departamento de Engenharias da
Universidade Federal Rural do Semi-
Árido, campus Angicos, para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Prof(a) Ma. Janaina Salustio
da Silva
ANGICOS-RN
2019
CLEITON MEDEIROS DE ARAÚJO
Dedico esse trabalho a meu anjo da
guarda, que ao lado de Deus, cuida de
minha vida e me acompanha em minha
caminhada, minha saudosa mãe, Maria
Neli.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por sempre me dar forças durante toda minha jornada na UFERSA,
mesmo nos momentos mais difíceis, me deu confiança e nunca me deixou desistir.
A minha mãe, Maria Neli, por sempre está presente em meus pensamentos, à forma e
conforto que me passa, mesmo depois de tantos anos de sua partida, é simplesmente
divino e inexplicável.
Ao meu pai, Jose Alves, pelas lições e conselhos, não só em meu período de graduação,
mas em toda minha vida.
Agradeço ao meu irmão, Clécio Medeiros, por sempre poder contar com você, agradeço
aos meus irmãos, Clebson, Cleomar e Douglas, e as minhas irmãs Nubia e Nívea, minha
família sempre vai ser o que tenho de mais precioso.
A verdadeiros mentores, que Deus colocou em minha vida, Rita Alves minha saudosa tia
e segunda mãe, Fatima Melo pelos puxões de orelha quando mereci e por sempre confiar
em mim, a Maria Da Paz por sempre ser exemplo de dedicação e simplicidade, A Priscila
Melo por me mostrar o quanto posso ser forte.
Agradeço a minha orientadora, Janaina Salustio, pela paciência e compreensão com
minhas falhas, não só durante a realização desse trabalho, mas em todas as disciplinas
onde tive o prazer de ser seu aluno.
Agradeço a essa instituição, UFERSA Campus Angicos, por ter me recebido como um
membro de sua bela comunidade, sou UFERSA hoje e serei pelo resto de meus dias e
tenho um orgulho enorme de poder falar isso, agradeço a cada um que faz parte dessa
universidade, alunos, a Adna Lúcia e em seu nome a todo corpo técnico, aos terceirizados,
motoristas e as meninas da limpeza, tenho um carinho enorme por cada um de vocês.
Agradeço ao professor Edcarlos Leite e em seu nome a todos os professores, hoje deixam
de serem meus mestres de sala de aula, mas serão para sempre meus amigos.
Por fim, agradeço a todos os meus amigos, sempre foram minha válvula de escape, em
especial a Alexandre Brito, Ciro Igor, Kenny Araújo, Moacir, Rodrigo, Paulo Junior,
Pedro Candido, Sirleno, Dhiêgo Abenner e Socorro do Potencia.
RESUMO
A história de uma civilização ou comunidade não está limitada a ser transmitida apenas
em livros ou relatos, o patrimônio arquitetônico histórico de uma região relata fielmente
a cultura de seus antepassados, e como uma herança com valores emocionais e econômica
que perpetua entre as gerações. As argamassas de revestimento desses patrimônios têm a
importante missão de proteger suas estruturas da agressividade do meio e, com isso,
normalmente, são as primeiras a sofrerem deterioração. Diante disso, o presente trabalho
tem como objetivo caracterizar as argamassas da Ponte da Pedra Lavrada, situada no
município de Jardim do Seridó, no interior do Rio Grande do Norte, sendo o mais
importante ponto turístico da cidade. Foram feitas coletas de amostras dessas argamassas
e realizado ensaios laboratoriais para reconstituição do traço, análise granulométrica e
taxa de absorção. Os resultados obtidos revelaram uma proporção de 1:8 na relação
aglomerante a base de cal e demais constituintes e taxas de absorção relativamente
pequenas, sugerindo que na argamassa contenha outro tipo de aglomerante ou material
com características de pozolanicidade.
Palavras chave: Patrimônio arquitetônico. Revestimento. Ataque químico.
Reconstituição do traço.
Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13
2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 15
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS. .............................................................................. 15
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 16
3.1 HISTÓRICO DA PONTE DA PEDRA LAVADA ............................................. 16
3.2 A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO. .. 19
3.3 SURGIMENTO DAS PRIMEIRAS ARGAMASSAS. ....................................... 19
3.4 PRINCIPAIS FUNÇÕES DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO .......... 21
3.5 IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS
HISTÓRICAS ............................................................................................................. 23
3.5.1 MÉTODOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSA HISTÓRICA
.................................................................................................................................... 24
3.6 INTERVENÇÕES EM EDIFICAÇÕES ANTIGAS ........................................... 27
4. METODOLOGIA ..................................................................................................... 30
4.1 ANÁLISE VISUAL DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA PONTE DA
PEDRA LAVRADA .................................................................................................. 31
4.2 COLETA E PREPARO DAS AMOSTRAS ........................................................ 32
4.3 ATAQUE ÁCIDO/ ANALISE QUÍMICA .......................................................... 34
4.4. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA...................................................................... 36
4.5. ENSAIO DE ABSORÇÃO ................................................................................. 37
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 37
5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS HISTÓRICAS DA PONTE DA
PEDRA LAVRADA .................................................................................................. 38
5.1.1 ANÁLISE VISUAL .......................................................................................... 38
5.1.2 ANÁLISE QUÍMICA POR MEIO DE ATAQUE ÁCIDO .............................. 40
5.1.3 ENSAIO DE GRANULOMETRIA .................................................................. 40
5.1.4 ENSAIO DE ABSORÇÃO ............................................................................... 43
6. CONSIDERAÇÕES FI NAIS .................................................................................. 45
7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 46
13
1. INTRODUÇÃO
Na maioria dos pontos turísticos do mundo o patrimônio histórico arquitetônico
se destaca e chama a atenção dos visitantes, são os prédios ou as construções que trazem
pistas sobre a economia, hábitos de vida e cultura de cada civilização. Alguns autores
comparam esse novo tipo de turismo com os pacotes de “turismo de massa dos anos
sessenta e setenta, de praia, coqueiros e sol” (APOSTOLAKIS, 2003).
Na visão de alguns historiadores como Jacques Le Goff (1990), Michael Pollak
(1989) e (1992) e Pedro Paulo Funari (2009), A importância da preservação do patrimônio
histórico pode ser associada à memória coletiva e individual, pois é através da memória
que nos orientamos para compreender o passado, o comportamento de um determinado
grupo social, cidade e nação.
As argamassas de revestimento, presentes na grande maioria dessas edificações,
como é o caso da Ponte em questão, tem a função de criar uma camada superficial que
reveste e protege os paramentos, realizando um acabamento regular e garantindo as
funções higiênicas, estéticas e de proteção ao ambiente. Em geral, os requisitos da
argamassa são diferentes para os rebocos externos e os internos. Para os revestimentos
externos é preponderante a função protetora, embora continue significativa a função
decorativa. Para a formação dos rebocos para exterior, preferem-se cimento e/ou cal
hidráulica como ligante, pelo menos nas primeiras camadas do reboco. (BERTOLINI,
2010).
As argamassas à base apenas de cal aérea, graças às propriedades de baixa
absorção e de rápida restituição da agua, são às vezes utilizadas para a formação de
argamassas para exteriores; é muito importante garantir que a área permaneça seca nos
primeiros meses depois da colocação, (BERTOLINE, 2010).
Entender as edificações históricas significa também compreender materiais que
perduram durante décadas e como os novos materiais de reconstrução se comportam nas
obras, é o passo inicial para as intervenções de conservação e restauração terem sucesso
(KANAN, 2008). A busca de uma boa compatibilidade dos materiais novos com o
substrato antigo torna o estudo das argamassas antigas de suma importância para a
engenharia, já que essas construções são à base da cultura das civilizações modernas, e
buscar a sua preservação é tão quanto importante como investir em novas estruturas.
14
Sendo assim, a busca pela preservação do patrimônio cultural nacional deve ser
elaborada de forma sistemática para não correr o risco de perder a sua identidade histórica
e cultural (SOUSA, 2014).
Depois da exposição desses fatos, o presente trabalho tem como objeto de estudo
a ponte da Pedra Lavrada, situada no município de Jardim do Seridó RN, sendo o mais
importante ponto turístico da cidade seridoense. É fundamental saber quais foram às
propriedades das argamassas utilizadas em sua construção, proporção agregados e
aglomerantes de suas argamassas, como foi dado seu processo construtivo e as técnicas
construtivas utilizadas. Bem como avaliar qual a maneira mais adequada de fazer uma
restauração em suas estruturas sem perder suas propriedades originais.
Tais questionamentos listados no texto, são necessários a serem respondidos para
que assim possibilite a viabilização de uma restauração com sua devida importância,
através da caracterização dos materiais utilizados na construção, que no caso do trabalho
proposto, as argamassas de reboco.
15
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
O estudo tem como pretensão a caracterizar os materiais utilizados na confecção
da argamassa da ponte da Pedra Lavrada.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.
Realizar uma análise visual das amostras de argamassas, analisando sua
coloração, textura e resistência a pressão dos dedos;
Realizar uma reconstituição do traço empregado na produção da
argamassa do revestimento por meio da técnica de ataque químico com
ácido clorídrico;
Caracterizar o agregado utilizado por meio de análise granulométrica;
Analisar os índices de absorção das argamassas usadas;
16
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 HISTÓRICO DA PONTE DA PEDRA LAVADA
A Ponte da Pedra Lavrada (Ponte de Zé de Bastos) é uma estrutura construída a
cerca de 4 km da cidade de Jardim do Seridó. Teve sua construção iniciada no ano de
1924, para solucionar o problema das grandes enchentes. A cidade de Jardim fica entre
os rios Seridó e Cobra, os primeiros anos da década de vinte foram de grandes invernos,
fazendo esses dois rios transbordarem deixando a cidade ilhada. Tal fato atrapalhava o
escoamento do algodão da região para a cidade de Campina Grande na Paraíba, principal
cultivo e renda comercial daquela época no Seridó (AZEVEDO, 1988).
Foi então que surgiu a necessidade de se construir a ponte. A ponte ligava o
município seridoense à cidade paraibana de Santa Luzia, e foi construída nas terras do Sr.
Chico Seráfio na gestão do senhor prefeito Heráclio Pires. A obra ficou estimada em 60
contos de réis, equivalente a sete milhões de reais aproximadamente, sendo trinta contos
por parte do município, que assumiu a responsabilidade pela mão de obra, e trinta contos
por parte do estado, que foi utilizado para compra de materiais destinados a construção.
A ponte de Zé de Bastos, como é conhecida, foi um empreendimento que utilizou um
minucioso trabalho de engenharia e um grande numero de operários, devido a sua
dimensão e material utilizado, já que sua estrutura é toda de cimento armado e aço.
(AZEVEDO, 1988)
A Figura 1, é de uma fotografia tirada logo após sua construção.
Figura 1: Ponte da Pedra Lavrada
Fonte: Acervo José Modesto, (1927).
17
No dia 26 de agosto 2019, o Ministério do Turismo, divulgou no Diário Oficial da
União (DOU), O Novo Mapa do Turismo Brasileiro 2019-2021. Totalizando 2.694
cidades de 333 regiões turísticas do país que, foram validadas e incluídas na atualização
da plataforma. Treze municípios potiguares passaram a fazer parte desse seleto mapa,
entre eles, a cidade de Jardim do Seridó, que tem como seu principal ponto turístico a
Ponte da Pedra Lavrada, já muito visitada e conhecida na região. À tendência é que depois
dessa inclusão, o número de visitantes, passe a crescer gradativamente todos os anos
(PORTAL B2B, 2019).
Nas Figuras 2 e 3, podemos ver toda a exuberância da ponte em tempos de cheias.
Fonte: Openbrasil (2016).
Fonte: Openbrasil (2016)
Figura 2: Ponte da Pedra Lavrada, vista de frente.
Figura 3: Ponte da Pedra Lavrada, vista aérea.
18
O atual estado da ponte é preocupante, são varias as manifestações patológicas em
sua estrutura. Devido sua importância, principalmente no momento que a cidade de
Jardim ganha destaque nacional no âmbito do turismo. É extremamente necessária uma
reforma na ponte, e essa, tem quer ser feita de tal maneira que mantenha suas
características históricas. Esse fato viabiliza esse trabalho além de torná-lo de grande
relevância econômica para aquele município.
Nas imagens a seguir (Figuras 4 e 5), podemos ver o real estado da ponte nos dias
de hoje.
Figura 4: Poças de água em cima da Ponte da Pedra Lavrada
Fonte: Autoria própria (2019).
Figura 5: Desplacamento na estrutura da Ponte da Pedra Lavrada
Fonte: Autoria Própria (2019).
19
3.2 A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO.
O patrimônio histórico representa os bens materiais ou naturais que possuem
importância na história de determinada sociedade ou comunidade. Em sua maioria, tem
relevante importância para a economia de suas localidades por serem pontos turísticos
(CHOAY, 2001).
Pode ser qualquer edificação que represente parte da história local de uma cidade
ou município. A primeira coisa que se destaca quando se faz uma visita a algum lugar,
são os prédios históricos ou as construções que de alguma forma representem ou trazem
em suas características pistas sobre a história da localidade visitada e de seus habitantes.
Quando se falava em preservação de patrimônio histórico, somos direcionados a um
conceito e indenidade, segundo o historiador francês Jacques Le Goff (1990), a memória
acaba por estabelecer um vinculo entre as gerações humanas e o tempo histórico que as
acompanha.
Segundo o site do conselho de Arquitetura do Brasil (2016), pode-se dizer que
Patrimônio é o conjunto de bens materiais e/ou imateriais que contam a história de um
povo e sua relação com o meio ambiente. É o legado que se herda do passado e que
transmitimos a gerações futuras. O Patrimônio pode ser classificado em Histórico,
Cultural e Ambiental. Hoje há uma preocupação mundial em preservá-los, através de leis
de proteção e restaurações que possibilitam a manutenção das características originais.
A importância da preservação desse patrimônio histórico se dá porque esses bens
foram ao longo do tempo construídos ou desenvolvidos pelas sociedades. Estão
intimamente relacionados com a identidade do local e representam uma importante fonte
de pesquisa atual. Através do patrimônio histórico pode-se, portanto, conhecer a história
e tudo que a envolve. Por exemplo, a arte, as tradições, os saberes e a cultura de
determinado povo (FUNARI, 2009).
3.3 SURGIMENTO DAS PRIMEIRAS ARGAMASSAS.
20
Segundo a norma a NBR 13281(2005), argamassa é uma mistura de cimento,
agregado miúdo (areias naturais ou de britagem) e água, podendo ainda ser constituídas
por polímeros.
As argamassas acompanham a evolução humana das primeiras civilizações, citado
como um dos materiais mais antigos do mundo, a cal provavelmente só não teria sido
utilizada antes pela pedra, barro, terra e madeira. As primeiras utilizações de argamassas
de cal desde vem desde a descoberta do fogo, portanto desde o Paleolítico, segundo
(MALINOWISKY, 1991).
O trabalho com argamassas e o conhecimento de seu poder construtivo, espalha-se
pelo mundo antigo e por varias civilizações. Indícios arqueológicos apontam para a
utilização da cal em algumas zonas da atual Turquia que remontam a um período entre
12000 a 5000 a.C (Miller, 1999; Elsen,2006). Boynton (1980) e Zacharopoulou (1998),
referem casos concretos de utilização da cal que datam de 4000 a.C.. A presença de cal
em revestimentos presentes nas câmaras e nas juntas de blocos calcários em algumas
pirâmides egípcias aponta também para a sua utilização e para o conhecimento do sua
fabricação (COWAN, 1977).
Vitrúvio elogia na sua conhecida obra “Tratado de Arquitetura” as argamassas feitas
pelos Gregos: “nem a água as dissolvia, nem as ondas as quebravam” (ALVAREZ, 2007).
As primeiras grandes aplicações da cal, no atual conceito de geotécnica, remontam à
civilização Romana, nomeadamente com o objetivo de estabilizar os terrenos sobre os
quais se aplicaria um ligante de fixação das lajes às plataformas por onde passavam
algumas das suas vias(COELHO et al, 2009).
No desenvolvimento dos ligantes, o uso de certas rochas vulcânicas que eram
adicionadas à argamassa, permitiu a descoberta que aquelas lhe conferiam propriedades
hidráulicas. Vitrúvio (séc. I a. C.) e Plínio (séc. I d. C.) atestaram, na sua altura, a
utilização de argamassas com aquelas características. A atividade vulcânica do Vesúvio
contribuiu fortemente para a utilização de pozolanas naturais para a fabricação de
argamassas romanas. Contudo os Romanos já conheciam a influência das pozolanas
artificiais, não estando por isso as suas obras condicionadas à abundância local de
pozolanas naturais. Vitrúvio refere a este propósito: “a utilização de cerâmica cozida em
forno, moída e passada em crivo”, no sentido da obtenção de argamassas resistentes e
duráveis (MARGALHA, 2008; COELHO et al., 2009).
21
Com o fim do Império Romano e durante a Idade Média o uso de argamassas à base
de cal espalhou-se pelo mundo. Com o domínio árabe na Península Ibérica assistiu-se à
introdução de argamassas à base de gesso, o que permitiu, em conjunto com a cal, reduzir
a retração associada à cal e aumentar o baixo tempo de presa associada ao gesso. Também
eram utilizados nas argamassas aditivos à base de gorduras animais e vegetais
(ALVAREZ et al., 2005)
A necessidade de construir em espaços próximos ao mar e em ambientes fluviais
promoveu várias experiências realizadas por diversos pesquisadores que resultaram na
descoberta de novos ligantes hidráulicos. No séc. XVIII, o engenheiro britânico John
Smeaton (1756-1790), responsável pela construção de uma estrutura sólida para o Farol
Eddystone na costa da Cornualha, em Inglaterra, desenvolveu inúmeras experiências com
argamassas em água doce e salgada, tendo descoberto um cimento à base de calcário, que,
com uma determinada proporção de argila, endurecia debaixo de água. Na verdade não
passava de uma argamassa romana melhorada. Seguiu-se Parker (1796), que fabricou um
produto obtido pela cozedura a temperatura moderada de cais provenientes de calcários
com elevado teor em argila, muito ricas em sílica e alumina (TÉBAR, 1998). No entanto,
o desconhecimento das causas de hidraulicidade das argamassas perdurou até ao séc.
XIX.
Em 1830, o inglês Joseph Aspdin regista a patente do processo de fabrico de um
ligante hidráulica intitulada “uma melhoria nos modos de produção de uma pedra
artificial”, cujo método consistia em juntar proporções bem definidas de calcário e argila,
efetuando a sua cozedura a temperaturas elevadas. A este material chamou-se cimento
Portland. O nome deriva da ilha britânica de Portland, cujas rochas apresentavam uma
coloração semelhante ao produto resultante depois de moído (COELHO et al., 2009).
3.4 PRINCIPAIS FUNÇÕES DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO
As argamassas têm funções primordiais nas edificações, é uma parte fundamental
das construções, tanto na proteção como na arquitetura das obras. As argamassas a base
de cal possuem boa plasticidade, elasticidade e condições favoráveis de endurecimento,
além da facilitar o acabamento, dando condições para que fique plano e regular
(FIORITO, 1994).
22
De acordo com o manual do revestimento, desenvolvido pela comunidade da
construção, a argamassa de revestimento pode ser entendida como a proteção de uma
superfície porosa com uma ou mais camadas superpostas, com espessura normalmente
uniforme, resultando em uma superfície apta a receber de maneira adequada uma
decoração final (ABCP, 2005).
Dentro das argamassas de revestimento existe o chapisco, que é uma argamassa
com consistência mole e aplicada energicamente sobre paredes de alvenaria ou rolado nas
faces de pilares, para melhorar a aderência da alvenaria com a parede erguida depois.
Após a aplicação de chapisco, a argamassa seguinte é o emboço. Ele é mais consistente e
dá o formato da parede, devidamente em plano vertical, com o uso de taliscas, mestras e
o preenchimento. Se não há revestimento cerâmico a aplicar, ainda há a camada de
argamassa, aplicada após o emboço, chamada reboco, que corrige as imperfeições. A
rugosidade do emboço só é útil para aderir a argamassa colante e ancorar as peças
cerâmicas, se elas forem usadas (FIORITO, 1994). Suas principais funções são:
Proteger os elementos de vedação da edificação da ação direta dos
agentes agressivos;
Auxiliar das vedações nas suas funções de isolamento térmico e
acústico, estanqueidade à água e gases;
Regularizar a superfície dos elementos de vedação, servindo de
base regular para outro revestimento ou constituir-se no acabamento final;
Contribuir para a estética de vedações e fachadas.
No que diz respeito às argamassas históricas, elas desempenham um papel ainda
maior, pois além das funções anteriormente citadas, elas também desempenham um papel
fundamental de proteção, uma vez que a argamassa acaba por sofrer deterioração perante
a estrutura, atuando assim como uma camada de proteção a mesma, que se sacrifica em
detrimento da alvenaria. As argamassas também são responsáveis por atenuar inúmeras
solicitações impostas pelo meio à edificação, como por exemplo, o ataque da umidade a
alvenaria, o que seria extremamente prejudicial em virtude da mesma possuir uma alta
taxa de porosidade, o que causaria sua deterioração e desagregação com o tempo
(KANAN, 2008).
23
3.5 IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS HISTÓRICAS
É cada vez mais forte a preocupação com a preservação e recuperação de
construções antigas, um fenômeno recente na historia brasileira, mas em países europeus
como Portugal e Espanha, por exemplo, já vem de muitos anos esse cuidado com a
historia arquitetônica das civilizações passadas (CHOAY2001).
Segundo Souza (2014), o estudo da caracterização das argamassas antigas,
começou a ganhar importância quando a necessidade de preservação do patrimônio
cultural que essas edificações representam começou a ganhar importância, já que para
uma intervenção benéfica na edificação é preciso o conhecimento profundo dos materiais
em sua composição.
Preservar e conservar o patrimônio construído, é permitir que as gerações futuras
possam aproveitar da diversidade cultural. Visto isso, o conhecimento quanto aos
materiais e técnicas tradicionais utilizadas é uma questão importante para que se
obtenham um critério de seleção (MENEZES, 2019).
Com isso, vem à importância da caracterização das argamassas históricas, já que
além de suas funções químicas e físicas na conservação das construções, tem grande
importância também na estética, e quando se fala em restauração, o conhecimento dos
materiais utilizados na sua confecção é de grande relevância. Essa caracterização também
nos permite a avaliação do estado de degradação da argamassa e a elaboração de uma
argamassa de reparo compatível, produção só se torna possível com o conhecimento dos
agregados e do aglomerante, (FIORITO, 1994).
A caracterização também é responsável por fornecer informações importantes, as
tecnologias de construção utilizadas no passado, características dos materiais e as fases
de construção, questões de procedência, avaliação do traço (relação
aglomerante/agregado), entre outros aspectos que podem ser identificados (MENEZES,
2019). Além disso, é preciso compreender também toda a composição e mineralogia, a
textura, a microestrutura e a distribuição do tamanho dos grãos, para chegar a um produto
final.
As argamassas passam por transformações no decorrer do tempo dificultando o
processo de caracterização, é uma espécie de evolução dos materiais, principalmente no
que diz respeito ao seu processo de cristalização, deterioração e recristalização, sofrendo
24
assim um desgaste e a deterioração dos seus componentes, o que torna mais difícil
determinar, o aglomerante utilizado (GODINHO, 2014).
Por isso sua caracterização é feita por um conjunto de testes, começando por
observação a olho nu e chegando a ensaios como difração de raios-X, análise
termogravimétrica, microscopia óptica e eletrônica de varredura, análise química e física,
absorção, entre outros (MENEZES, 2019).
3.5.1 MÉTODOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSA HISTÓRICA
Com o efeito do tempo e das intempéries as construções sofrem degradações. Isso
ocorre principalmente nas que não são mais utilizadas por algum motivo, mas a
importância cultural e histórica dessas edificações só aumenta ao passar dos anos,
preserva-las e fazer intervenções reparatórias significa resguardar uma parte da historia
das civilizações e entender o processo da evolução humana em determinada região. São
muitos os monumentos espalhados pelo mundo, alguns com milhares de anos de sua
construção, que são importantes historicamente e economicamente para o local onde
foram construídas, podemos citar como exemplos as Pirâmides do Egito e a muralha da
China (CHOAY, 2006).
Para que essas intervenções sejam feitas de maneira correta e sem causar danos às
configurações originais das construções antigas, é preciso conhecer não só os materiais
utilizados, mas como as técnicas construtivas implementadas nessas edificações, por isso,
foram desenvolvidos inúmeros meios de caracterizar as argamassas históricas, a fim de
conhecer suas estruturas físicas e químicas, para melhor preservação e reparo sem que as
mesmas percam suas características originais, (KANAN, 2008).
Fazer uma inspeção visual na argamassa estudada é o primeiro passo, essa
inspeção pode ser visual ou com a utilização de instrumentos simples, como lupa, a fim
de buscar informações complementares referentes às amostras. Essa etapa serve para uma
avaliação preliminar da conservação e origem das argamassas da edificação analisada
(MENEZES, 2019; KANAN, 2008).
A próxima etapa é mais trabalhosa e importante, se dá por meio de uma análise
mais detalhada da amostra para determinar suas características físicas, microestrutura,
25
distribuição dos poros, características mineralógicas e químicas com a identificação dos
componentes da argamassa para assim obter resultados completos (KANAN, 2008).
Um conjunto de ensaios é utilizado para melhor caracterizar as argamassas, são
ensaios produzidos em laboratório e por isso precisa da extração de amostras da
edificação estudada, são eles:
I- Análise através da observação no Microscópio Ótico (MO): sua finalidade
detectar fibras de materiais, camadas diferentes e aspecto do agregado.
II- Difração de Raios – X (DRX): determinação das fases cristalinas.
III- Análise térmica termogravimétrica (TG), e térmica diferencial (DTG e DTA),
para determinar o tipo e teor da cal por Fluorescência de raio- x.
IV- Análise química, ataque ácido em ácido clorídrico (HCl): responsável por
determinar o teor de areia e a reconstituição do traço. É uma das análises mais
utilizadas devido a sua facilidade, tem como objetivo a determinação das
proporções dos componentes da argamassa, agregado e aglomerante. A amostra
de argamassa é submetida a uma solução ácida, com isso transforma-se em duas
soluções, uma solúvel o aglomerante e outra insolúvel que são os agregados, dessa
forma, é possível descobrir a relação dos materiais (MOTTA, 2004).
V- Microscopia eletrônica de varredura (MEV): atrelado com EDS para verificar
a estrutura dos constituintes e detectar processos de deterioração microestruturas;
VI- Espectroscopia no infravermelho: para reconhecer compostos de natureza
orgânica;
VII- Distribuição granulométrica da areia para conhecer sua granulometria: essa
análise granulométrica dos agregados proporciona a distribuição das partículas de
uma amostra pelos respectivos tamanhos dos grãos, podendo-se medir as frações
equivalentes a cada tamanho. A análise de suas dimensões permite deduzir sobre
algumas de suas características, como a sua origem, o transporte, resistência das
partículas e sua composição (DIAS, 2004).
VIII- Análise de Absorção de água por imersão: regido pela NBR 9778, esse
ensaio busca determinar a absorção de água pela argamassa, determina também o
índice de vazios e massa específica, que tem por finalidade descobrir a quantidade
de água que será absorvida pelas amostras por meio de seus poros.(ABNT, 2005).
26
A análise química, mesmo sendo um método muito utilizado, tem suas
desvantagens. Kanan (2008), afirma que uma das desvantagens do método é que todo
carbonato presente na amostra é dissolvido com o ataque ácido e na formação de alguns
agregados pode-se conter uma parcela solúvel, por exemplos os que possuem conchas,
assim podendo influenciar no resultado. A solução de ácido clorídrico HCl a 14% dissolve
o carbonato de cálcio ou magnésio (CaCO3 ou MgCaO3) presentes na argamassa deixando
apenas o agregado, parte insolúvel, quando o HCl entra em contato com o CaCO3 reage
liberando CaCl2CO2 e água, já o agregado permanece integro. A proporção do agregado
e aglomerante é definida através da diferença entre a massa inicial e a massa final da
amostra mais os finos (ALMEIDA, 2019).
Já a análise da distribuição granulométrica, segundo Godinho (2014), se apresenta
como uma importante análise e, por isso, é muito utilizada na caracterização de
argamassas históricas e em obras de restauro. O fato de se utilizar mais essa técnica é
devido à capacidade de oferecer diversas informações acerca dos agregados como
percentual dos diâmetros dos grãos na distribuição analítica dos agregados.
É um método considerado simples, mas a existência de vários métodos pode ser
um problema na escolha de qual deles utilizar, outra preocupação é a quantidade da
amostra a ser ensaiada, deve-se considerar o número das partículas ou o peso. Essa
quantidade de material pode influenciar nos estudos de argamassas antigas porque há uma
limitação quanto a quantidade de material ser a mínima possível, devido a extração das
amostras em edificações antigas serem limitadas delas (DIAS, 2004).
Com relação a método que analisa a taxa de absorção, o mesmo é importante
porque influencia o desempenho efetivo dos constituintes que a compõem que podem
interferir nas condições de aplicação, influenciando também quanto à escolha da
argamassa buscando facilitar a aplicação e garantindo mais durabilidade do material
(RODRIGUES, 2004).
A boa capacidade de absorção de agua por parte da cal viabiliza a realização desse
ensaio em argamassas antigas. Segundo Rodrigues (2013), essa grande capacidade de
retenção de água das argamassas, concentra um aumento no volume de agua em seu
interior, podendo interferir na sua resistência as tensões que forem submetidas.
27
3.6 INTERVENÇÕES EM EDIFICAÇÕES ANTIGAS
As intervenções em edificações antigas tem configuração diferente das
tradicionais, pois além da buscar a recuperação de um patrimônio histórico, precisam
atender especificamente algumas solicitações baseadas em um tripé, os valores sociais,
ambientais e econômicos (SILVA, 2017).
Essas intervenções só são viáveis de serem realizadas em casos que sejam a ultima
opção, buscar a preservação e a manutenção dessas edificações sempre é primordial para
garantir que mantenham suas características construtivas intactas, por isso, é importante
o conhecimento de todo e qualquer material e técnicas construtivas utilizadas. Em relação
as argamassa, é primordial o conhecimento profundo de suas propriedades físicas e
químicas, para que posse ser produzida e utilizada uma argamassa com as mesmas
características (KANAN, 2008).
O grau de intervenção depende diretamente das condições de degradação que as
argamassas se encontram, o Quadro 1 mostra critérios gerais para cada uma delas
Quadro 1: Critérios gerais de para intervenção
28
Fonte: Fonseca (2016).
O cuidado para manter o máximo do revestimento original tem que ser prioridade
nessas intervenções, sendo feita a reposição apenas em locais que a argamassa já tenha
perdido suas propriedades e não consiga exercer suas funções, devendo buscar sempre
reparos pontuais e de consolidação. Se for preciso a substituição completo ou parcial
dessa argamassa, e importante que a de substituição mantenha as características da antiga
a fim de evitar possíveis patologias, (VENEZA, 1964).
Alguns fatores são importantes e tem que ser levados em conta na elaboração das
argamassas utilizadas nessas edificações, buscando a adaptação para cada tipo de
edificação e situação que serão submetidas, a época de construção, clima da região e
exposição à intempereis mais agressivas e mão de obra qualificada são alguns desses
fatores (BRANDI, (2004).
É através da análise no local e ensaios laboratoriais, que é possível determinar as
características das argamassas antigas e viabilizar a confecção da nova argamassa
29
utilizada na restauração. Ensaio em amostras desenvolvidas em laboratório permite se
conhecer as propriedades e o comportamento da argamassa, proporcionando a produção
de uma argamassa para intervenções com características similares a argamassa original
(KANAN, 2008).
Vale ressaltar que todos esses cuidados devem ser considerados para que se tenha
uma intervenção eficaz e de sucesso, ainda é comum a utilização de argamassas em
restauração sem as devidas analises cientificas, o cuidado e o conhecimento são
primordiais quando o assunto é patrimônio histórico e cultural e essas intervenções devem
ser cada vez mais elaboradas (DELPHIM, 1999).
30
4. METODOLOGIA
Objetivando realizar a caracterização de argamassas históricas, procurou-se
encontrar uma edificação que atendesse as exigências desse tipo de trabalho. Nesse
sentido, foi decidido que a ponte da Pedra Lavada seria uma ótima escolha uma vez que,
além de sua relevância histórica, ela também tem importante relevância econômica para
o município de Jardim do Seridó, em razão de seu potencial turístico.
Escolhido o tipo de edificação, a presente pesquisa visa caracterizar a argamassa
da Ponte da Pedra Lavrada, identificar as configurações de seus agregados e
aglomerantes, assim como mensurar o traço utilizado, para isso, a pesquisa foi
desenvolvida em duas etapas importantes.
A primeira foi uma visita no local para avaliar o estado de conservação da ponte
devidamente registrado em fotografias digitais, nessa etapa também foram recolhidas
amostras dessas argamassas presentes no revestimento dos pilares, base do pilar, arco e
passeio.
A segunda etapa consistiu da parte laboratorial que, com o intuito de caracterizar
as amostras de argamassas, foram feitos analise visual, ensaio de ataque ácido,
granulometria dos agregados e absorção de agua por imersão das amostras de argamassa.
O laboratório utilizado para a realização dos ensaios foi o laboratório de materiais de
construção civil da UFERSA – Campus Angicos.
Todos os ensaios foram realizados seguindo as orientações normativas vigentes.
Foram observadas a NBR NM 248/03 - agregados – determinação da composição
granulométrica e a NBR 9778/05 - argamassa e concreto endurecidos – determinação da
absorção de água índice de vazios e massa específica. Para realização do ataque ácido não
existe procedimento normativo, tendo sido utilizada orientações contidas em outros
trabalhos que já se utilizaram da técnica (ABNT, 2005).
A Figura 6 trás um fluxograma ilustrando as etapas realizadas para execução do
trabalho.
31
Figura 6: Fluxograma da metodologia de pesquisa
Fonte: Autoria própria (2020)
4.1 ANÁLISE VISUAL DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA PONTE DA PEDRA
LAVRADA
Nessa etapa foi feito uma visita in loco com duração de quatro horas (4 h), foi
observada toda a estrutura da ponte e das argamassas que a reveste e seus estados de
conservação, assim como as condições que a edificação se encontra em relação às
intempéries, já que se trata de uma ponte sobre um rio intermitente e tem contado
periódico com água. Foi feito também um registro fotográfico para melhor análise do
estado da obra e das patologias já existentes e visíveis a olho nu, além disso, na mesma
visita foram coletadas cinco amostras das argamassas em pontos diferentes.
32
Com o intuído de ter mais proveito na analise visual, uma pesquisa preliminar
foi realizada, buscando informações da data de construção da ponte, os motivos que se
atribui a sua construção, o valor gasto na obra na moeda vigente na época, o tipo de
material utilizado e a importância da construção para a cidade de Jardim do Seridó. Todas
as informações obtidas foram relatadas anteriormente no item Histórico da Ponte na
fundamentação teórica.
4.2 COLETA E PREPARO DAS AMOSTRAS
Foi feita levando como base a metodologia de Kannan (2008), que orienta que se
extraiam amostras representativas, com o mínimo de danos tanto para a estrutura da
amostra quando para ao patrimônio histórico. A coleta foi realizada na parte inferior da
ponte, pilares e base, que tem mais contato com a agua, bem como na parte superior.
Para a retirada das amostras das argamassas, usou-se uma talhadeira e um martelo,
depois de coletadas, foram armazenadas em recipientes limpos e secos devidamente
identificados. O transporte foi feito de maneira cuidadosa para evitar choques mecânicos,
assim preservando a integridade de cada uma delas. Na Figura 7 podemos observar os
cinco pontos, (Pilar 1, Pilar 2, Base do Pilar1, Arco e Passeio), da retirada das amostras
no local.
Figura7:Pontos de retirada das amostras
Fonte: autoria própria (2020).
33
No Quadro a seguir, tem-se a nomenclatura utilizada e local de extração das
amostras.
Quadro 2: Nomenclatura e local de Extração
Fonte: Autoria própria (2020).
Já nas instalações do laboratório, a amostras foram limpas com uma lixa, para
retirada de possíveis pigmentos de tinta e poeira. Todas as amostras foram destorroadas
individualmente com o auxílio de uma bandeja e um marreta de borracha e colocadas em
copos de plástico e devidamente identificadas.
Na sequência, foram pesadas 200 gramas de cada amostra e colocadas na estufa
por 24h à temperatura de 100° C, depois desses procedimentos estavam prontas para os
ensaios. A ilustração a seguir mostra cada passo dessa etapa.
Figura 6: Ilustração de preparo de amostras
Fonte: Medeiros (2019).
34
4.3 ATAQUE ÁCIDO/ ANALISE QUÍMICA
Para este ensaio foi utilizado o ácido clorídrico HCL(14%), que ao entrar em
contato com a argamassa dissolve o aglomerante, parte solúvel da amostra, separando do
agregado que não reage ao ataque, essa técnica esta descrita na fundamentação teórica.
Foi separado 100g de cada amostra, depois 100 ml do acido clorídrico, colocados
em um recipiente de vidro e misturados com uma palheta de acrílico para facilitar a
solubilização pela agitação das partículas. Deixou-se a mistura em repouso ate que de
maneira visual, não nota-se mais efervescência, sinalizando que a reação tinha sido
completamente finalizada. Esse processo dura aproximadamente 24h. Essas etapas
podem ser vistas na Figura 9 a seguir.
Figura 9: Ataque Ácido – (a) argamassa destorroada; (b) mistura de argamassa com ácido
Fonte: Autoria própria (2019).
Após esse processo, foi feito uma filtração na mistura, utilizando um filtro de
papel com peso de 2g para impedir a passagem dos finos, e depois uma lavagem com
água em temperatura ambiente, para a retirada do ácido ainda presente. A água foi sendo
acrescentada ao filtro até que o líquido que saísse pelo funil fosse totalmente transparente
e sem resquícios de HCL. O processo de filtragem pode ser visualizado na Figura 10.
Figura 10: Processo de filtragem para eliminação do ácido clorídrico da amostra
(a) (b)
35
Fonte: Autoria própria (2019).
Dando sequência ao ensaio, após a filtragem, as amostras, junto aos filtros de
papel, retornam aos recipientes de vidro, foi levada a estufa por 24h a uma temperatura
média de 100ºC para que decorresse a secagem completa das amostras.
Passadas as 24 horas, foi realizada a pesagem final de cada amostra que sofreu o
ataque químico, sendo este o último processo que resultará na obtenção das proporções
dos materiais usados na argamassa que constituía o revestimento da edificação. Para
obtenção da massa, em gramas, do aglomerante, foi usada a fórmula apresentada:
𝑁𝑥 = 𝑁𝑖 − (𝑁𝑎 − 𝑁𝑓𝑖) Equ.( 1)
Sabendo que:
Nx = massa do aglomerante (g);
Ni = massa inicial da amostra destorroada e seca em estufa (g);
Nfi = massa do papel filtro (g);
Na = massa do agregado que restou após o processo de filtragem do ácido e seco
em estufa (g).
Após a pesagem do material eles foram transferidos para um recipiente e
encaminhados para realização do ensaio de análise granulométrica.
36
4.4. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
Como já citado no trabalho, granulométrica dos agregados proporciona a
classificação das partículas de uma amostra a partir do tamanho dos seus grãos, podendo-
se medir as frações correspondentes a cada tamanho. É possível representar essa
distribuição através de uma curva, possibilitando a determinação das características
físicas, como módulo de finura e diâmetro máximo.
O ensaio foi realizado baseado na NBR 248/03: Agregados – determinação da
composição granulométrica, após a determinação e separação do aglomerante por ataque
ácido. Para o ensaio foi utilizado um conjunto de peneiras com aberturas de malhas igual
a 4,75, 2,36, 1,18, 0,60, 0,30 e 0,15 mm.
O procedimento de ensaio seguiu as seguintes etapas:
1. Primeiramente foi determinada a massa inicial do agregado, que foi levado a
estufa após o ensaio de ataque ácido;
2. Em seguida a amostra foi colocada na peneira superior e acionado o agitador
mecânico durante 1 minuto, para que houvesse a separação dos grãos;
3. Posteriormente, o material retido em cada peneira foi removido para um
recipiente e pesado para determinação do total retido em cada peneira.
O material retido por peneira é determinado a partir da Equação.
%𝑅𝐸𝑇 =𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑝/𝑝𝑒𝑛𝑒𝑖𝑟𝑎
massa total inicial𝑥100 Equ. (2)
Com esse ensaio é possível determinar o módulo de finura (Mf) do agregado que
permite identificar a espessura deste, ou seja, quanto menor o Mf, mais fino será o
agregado. A partir do Mf é possível determinar a zona que se encontra o agregado e assim
classifica-lo.
É determinado também a dimensão máxima (Dm) característica dos grãos.
Segundo a NBR 7211/09: Agregados para concreto – Especificação, o Dm é uma
grandeza característica associada à distribuição granulométrica do agregado,
correspondente á abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal
ou intermediária na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual
ou inferior a 5% em massa(ABNT, 2009).
37
4.5. ENSAIO DE ABSORÇÃO
Este ensaio foi adaptado a partir da NBR 9778/05: Argamassa e concreto
endurecidos – Determinação da absorção de água, índice de vazios e massa específica
que tem como objetivo determinar o comportamento da argamassa quanto ao volume de
poros permeáveis.
A absorção de água por imersão é procedimento pelo qual tende a conduzir a água
para os poros permeáveis de determinado corpo poroso com intuito de preenchê-los.
O procedimento de ensaio consiste primeiramente na limpeza das amostras, onde
são removidas as partículas de tinta, em seguida elas são levadas a estufa por 24 horas
para secagem. Posteriormente, as amostras foram pesadas em uma balança de precisão e
imersas em água. As mesmas foram mantidas na água por 72 horas. Por fim, enxugou-se
a superfície das amostras e foi determinada a massa saturada.
A taxa de absorção (A), em porcentagem, é calculada de acordo com a equação.
𝐴 =𝑚𝑠𝑎𝑡−𝑚𝑠
msx 100 Equ. (3)
Onde:
Msat= massa saturada em água após imersão (g)
Ms=massa da amostra seca (g).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
38
5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS HISTÓRICAS DA PONTE DA
PEDRA LAVRADA
Foram realizada uma serie de analises com o objetivo de caracterizar as argamassas
da Ponte da Pedra Lavrada.
5.1.1 ANÁLISE VISUAL
Os resultados obtidos a seguir foram da observação visual das argamassas coletadas
da Ponte da Pedra Lavrada antes delas serem degradadas. De modo geral, tanto amostras
de revestimentos extraídas da parte inferior, pilares e base, como as extraídas da parte
superior, arco e passeio, possuíam uma boa aderência ao substrato, dificultando a
extração, todas possuíam nódulos de carbonato de cálcio.
Também foi detectado que elas apresentavam ainda um aspecto homogêneo e
possuíam agregados com grãos pequenos e médios. A amostra do arco tinha uma camada
de revestimento de tinta de cor amarelada. Em nenhum das amostras foi observado
vestígio de uso de fibra animal ou vegetal. A Figura 11 traz as amostras da parte superior
da ponte, passeio e arco respectivamente.
Figura11: Amostras Utilizadas para analise visual do Passeio e Arco.
Fonte: Autoria própria (2020).
39
A amostra da parte do passeio da ponte tem como característica uma cor escuro,
já a amostra do arco tem uma cor mais clara, em ambas foram observados pequenos
nódulos de carbonato de cálcio.
As amostras a seguir foram coletadas dos pilares 1 e 2, respectivamente. Pode-se
observá-las na Figura 12.
Figura 12: Amostras utilizadas para análise visual, Pilar 1 e 2.
Fonte: Autoria própria (2020).
Essas amostras têm características semelhantes, possuem agregados pequenos e
médios, uma cor clara, alta resistência à desagregação e presença de pequenos nódulos de
carbonato de cálcio.
A próxima e última amostra, apresentada na Figura 13, foi retirada da base do
pilar 1, tem características semelhantes as dos pilares, a única diferença é a cor um pouco
mais escura, possuia alta resistência a desagregação e nódulos de carbonato de cálcio.
Figura 13: Amostra da Base do pilar 1
Fonte: Autoria própria (2029)
40
5.1.2 ANÁLISE QUÍMICA POR MEIO DE ATAQUE ÁCIDO
Como já foi citado no trabalho, o ataque ácido tem como objetivo determinar à
quantidade de aglomerante e agregado nas amostras de argamassa a base cal. Quando a
amostra é submetida ao ataque, a parte advinda do aglomerante (CaCO3) dissolve e, para
descobrir essa proporção, é preciso fazer a diferença da massa da amostra antes e depois
do ataque ácido.
A Tabela 1 trás a relação aglomerante e agregada em cada amostra, encontradas
depois do ataque ácido.
Quadro 3: Relação aglomerante/agregado das amostras
AMOSTRAS AGLOMERAN
TE
(g)
AGREGADOS
(g)
TRAÇO
EQUIVALENTE
PILAR1 11,1 88,9 1:8
PILAR2 11 89 1:8
BASE PILAR1 10,5 89,5 1:8
ARCO 11,8 88,2 1:7
PASSEIO 11,6 88,4 1:8
Fonte: Autoria própria (2020).
Com base nos resultados encontrados, podemos observar que foram determinados
apenas dois traços, 1:8 e 1:7, são traços costumeiramente encontrados para argamassas
históricas, com também observados nos trabalhos já desenvolvidos nessa área por
Medeiros (2019), Santos (2019) e Almeida (2019).
5.1.3 ENSAIO DE GRANULOMETRIA
Através do ensaio de granulometria foi possível identificar os agregados presentes nas
amostras, isso porque nessa analise foi determinado à porcentagem de massa retida em
cada peneira, como podemos ver na Tabela 2 a seguir.
Quadro 4: Massa retida por peneira
PENEIRAS
(mm)
PILAR 1
%RETIDA
PILAR 2
%RETIDA
B/PILAR1
%RETIDA
ARCO
%RETIDA
PASSEIO
%RETIDA
41
4,75 4,5 4,8 4,3 3,8 4,5
2,36 27,6 29,6 28 25,5 27,5
1,18 23,8 20 20,3 23,8 24,5
0,6 12,3 11,8 15,1 16,3 12,3
0,3 12,2 12 11,5 11,8 11,7
0,15 9,5 13,5 13 9 8,5
FUNDO 10,1 8,3 7,8 9,8 11
Fonte: Autoria própria (2020).
Com base nos resultados encontrados das porcentagens retidas de cada amostra
foi possível calcular os valores de percentuais retidos acumulados, como podemos ver na
Tabela 3.
Quadro 5: Valores de percentuais retidos acumulados
PENEIRAS
(mm)
PILAR1
%R/ACU
PILAR2
%R/ACU
B/PILAR1
%R/ACU
ARCO
%R/ACU
PASSEIO
%R/ACU
4,75 4,5 4,8 4,3 3,8 4,5
2,36 32,1 34,4 32,3 29,3 32
1,18 55,9 54,4 52,6 53,1 56,5
0,6 68,2 66,2 67,7 69,4 68,8
0,3 80,4 78,2 79,2 81,2 80,5
0,15 89,9 91,7 92,2 90,2 89
FUNDO 100 100 100 100 100
Fonte: Autoria própria(2020)
Através da análise dos resultados da granulometria, pode-se afirmar que a
argamassa é composta predominantemente por agregados miúdos, já que em todas as
amostras, o material retido ficou na casa dos 5% na peneira 4,75, tendo passante quase
que totalmente a porção analisada. Há uma semelhança nos valores retidos em cada
peneira das diferentes amostras, indicando que o mesmo agregado miúdo foi utilizado
para compor a argamassa utilizada nas diversas partes da ponte. A Figura 13 apresenta a
curva granulométrica das amostras.
42
Figura 14: Curva granulométrica das amostras
Fonte: Autoria própria (2020).
Analisando as curvas granulométricas das amostras observou-se uma similaridade
entre elas, assim é plausível afirmar que apresentam basicamente a mesma distribuição
granulométrica e com uma boa distribuição entre grãos maiores e menores. É um
indicativo que o material utilizado durante a construção da ponte teve sua extração de
uma mesma mina ou bem próximas.
A NBR 7211 traz em sua segunda tabela, os limites de distribuição granulométrica
aceitáveis para o agregado miúdo. Foi então realizada uma média a partir dos valores de
todas as amostras ensaiadas e comparados com os limites superiores e inferiores
utilizáveis. O resultado está apresentado na Figura 15.
Figura 15: Limites superiores e inferiores utilizáveis
Fonte: Autoria própria (2020)
A média dos agregados ficou fora dos limites superiores utilizáveis, sugeridos pela
norma, nas peneiras de 2,36 e 1,18 mm, com isso podemos afirmar que a distribuição de
43
seus grãos não atende os requisitos atualmente observados para emprego de areia em
argamassas e concretos.
Através da análise das propriedades físicas dos agregados, pode-se averiguar o
módulo de finura e o diâmetro máximo, apresentados na Tabela 4.
Quadro 6: Propriedades físicas dos agregados
AMOSTRAS DE
AGREGADOS
(miúdos)
MODULO DE
FINURA
DIÂMETRO
MÁXIMO
(mm)
PILAR 1 3,31 4,75
PILAR 2 3,30 4,75
BASE PILAR1 3,28 4,75
ARCO 3,27 4,75
PASSEIO 3,31 4,75
Fonte: Autoria própria (2020).
O cálculo do modulo de finura e diâmetro máximo teve como parâmetro a norma
NBR 7211, (2009). Para todas as amostras o diâmetro máximo foi de 4,75 mm, já o
módulo de finura variou entre 3,27 e 3,31 enquadrando o agregado utilizado como areia
grossa, pois seu módulo de finura situa-se entre 2,9 e 3,5, recebendo a classificação
adotada.
5.1.4 ENSAIO DE ABSORÇÃO
Esse ensaio tem como finalidade analisar qualitativamente a quantidade de poros
existentes na argamassa e mensurar o quanto de água a argamassa absorve. Os resultados
obtidos nas amostras estão expostos na Tabela5.
Quadro 7: Resultado do ensaio de absorção (%).
AMOSTRA DE
ARGAMASSA
MASSA
SATURADA (g)
MASSA SECA
(g)
ABSORÇÃO
PILAR 1 720,6 675,4 6,69%
PILAR 2 465,3 428,6 8,56%
B/PILAR 1 537,8 498 7,99%
ARCO 281,8 265,2 6,26%
PASSEIO 441,7 418,4 5,57%
44
Fonte: Autoria própria (2020).
O resultado do teste de absorção nos mostra que a argamassa de revestimento da
ponte tem uma baixa porosidade, quando comparado aos valores de taxa de absorção
observados em outras argamassas históricas que provavelmente continham somente cal
hidratada como único aglomerante. Nos trabalhos desenvolvidos por Medeiros (2019),
Santos (2019) e Almeida (2019), os valores de absorção variaram entre 12% a até 22%.
Este fato sozinho não nos permite afirmar que a argamassa, possivelmente,
contenha outro tipo de aglomerante ou material com características de pozolanicidade,
seria necessário para tanto, realizar estudos com análises capazes de fazer essa
identificação para se chegar a um diagnóstico preciso.
45
6. CONSIDERAÇÕES FI NAIS
Por meio das análises no local e laboratorial e dos resultados apresentados e
discutidos no trabalho, podemos concluir os seguintes pontos:
Na extração das amostras foi observado que tinha uma grande resistência de
aderência ao substrato;
Na analise visual, constatou-se que eram compostas de agregados miúdos,
com características semelhantes.
Na analise química, os traços encontrados foram o traço 1:8 e 1:7, indicando
uniformidade no preparo das argamassas e certo controle nas quantidades de
materiais usados na produção.
Na analise granulométrica constatou-se que o agregado utilizado em todas as
amostras era semelhante, provavelmente extraído de um mesmo local ou de
locais próximos, e classificados com areia grossa;
Na analise de absorção, foi constatado que se tratava de uma argamassa de
pouca porosidade, isso ajuda a entender sua alta resistência.
Diante disso, conhecendo a importância da preservação e manutenção do
patrimônio histérico e as características das argamassas de revestimento que compõem a
Ponte da Pedra Lavrada, como da importância histórica e econômica da ponte, não só
para o município de Jardim do Seridó, mas pra toda região seridoense, deixo como
sugestão um estudo mais direcionado para detectar a presença e caracterizar materiais
pozolânicos que possam vim a compor essa argamassa. Da ênfase também a importância
de conhecer mais a fundo a historia de uma região rica culturalmente e de grandes acervos
em construções antigas e importantes que é o Seridó rio-grandense.
46
7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABCP, 2002 A Associação Brasileira de Cimento Portland. MANUAL DE
REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA. 1. ed. São Paulo, Associação Brasileira de
Cimento Portland (ABCP).2002 Pg 05.
ALMEIDA, José Carlos Gomes de. Caracterização de argamassas históricas: estudo
de caso do mercado público de Jardim de Piranhas/RN. 2019. 51 f. TCC (Graduação)
- Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Angicos, 2019.
ALVAREZ, J.; Sequeira, C.; Costa, M. (2005). Ensinamentos a retirar do passado
histórico das argamassas. 1º Congresso Nacional de Argamassas de Construção,
APFAC, Lisboa.
ALVAREZ, J.A.S. (2007) Alvenarias e argamasass anteriores ao Império Romano.
2º Congresso Nacional de Argamassas de Construção, APFAC, Lisboa.
APOSTOKALIS, A. The convergence process in heritage tourism. Annals of tourism
research, 30 (4), 795-812, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281 Argamassa
para Assentamento e Revestimento de paredes e tetos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9778: argamassa e
concreto endurecidos – determinação da absorção de água índice de vazios e massa
específica. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248/03
Agregados - Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro: ABNT,
2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregados
para concreto – Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
AZEVEDO, Jose Nilton de. Um Passo a Mais na Historia de Jardim do Seridó.
Brasília: Centro Grafico do Senado Federal 1988.
BERTOLINO, M. T. Gerenciamento da Qualidade na Indústria Alimentícia: Ênfase
na Segurança dos Alimentos. Porto Alegre: Artmed, 2010.
BRANDI,Cesare. Teoria da Restauração. São Paulo, Ateliê Editorial, 2004, pp 146.
47
BOYTON, Robert S.- Chemistry and technology of lime and limestone, 2ª edição,
New York, Chichester, Brisbone, Toronto, John Wiley & Sons, Inc., 1980.
CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Ed. Unesp, 2001, pp 828.
CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. 3.ª ed. São Paulo: Estação Liberdade,
UNESP, 2006, p. 95.
COELHO, A. Z. G.; Torgal, F. P. e Jalali, S., "A Cal na Construção", 1ª ed.,
Universidade do Minho, Guimarães, 2009.
COWAN, H. (1977) The Master Builders: a history of structural and environmental
design from ancient Egypt to the Ninetennth Century. John Wiley and Sons, New
York.
DELPHIM, C.F.M. Manual de Intervenção em Jardins Históricos. São Paulo: EDUSP,
1999.
DIAS, J. Alveirinho. A análise sedimentar e o conhecimentos dos sistemas marinhos.
São Paulo: Brasiliense, 2004. 18 p.
ELSEN, J. (2006) Microscopy of historic mortars – A review. Cement and Concrete
Research, Vol. 36, pp. 1416-1424.
FIORITO A.J.S. Manual de Argamassas e Revestimento: Estudo e procedimentos de
Execução. São Paulo. PINI, 1994.p 98.
FUNARI, P. P.; PELEGRINI, S. C. A. Patrimônio Histórico e Cultural. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
FONSECA, Vanessa Rafaela de Sousa. Estudo das principais argamassas utilizadas
na reabilitação de edifícios antigos. 2016. 176 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Civil, Instituto Superior de Engenharia do Porto, Porto, 2016.
GODINHO, Vera Mónica Ferreira. Caracterização das argamassas em edifícios
antigos de Viseu. 2014. 143 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil,
Instituto Politécnico de Viseu, Viseu, 2014.
LE GOFF, Jacques, 1924 História e memória / Jacques Le Goff; tradução Bernardo
Leitão ...-- Campinas, SP Editora da UNICAMP, 1990..
48
KANAN, M. I. C.. Manual de Conservação e Intervenção em Argamassas e
Revestimentos a Base de Cal. Cadernos Técnicos 8. IPHAN/Programa Monumenta,
Brasília, 2008.p 176.
MALINOWSKI, R.- R. Ancient mortars and concrets: Aspects of their durability, in
Histoire of Technology, 7th Annual Volume, Mansell U.K., 1991. p.89-101.
MARGALHA, Maria Goreti- Lime Renders in Southern Portugal, in «Proceedings in
British Masonry Society», Nº8, Londres, 2008. p.125-130.
MEDEIROS, Baraklein. caracterização de argamassas históricas: estudo de caso de
uma residência localizada na palma - município de caicó/rn. 2019. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) - Universidade Federal Rural do
Semi-Árido,2019.
MOTTA, E. V. Caracterização de argamassas de edificações históricas de Santa
Catarina. 2004. 114 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
MENEZES, Adna Lúcia Rodrigues de. Usina Ilha Bela em Ceará Mirim/RN: estudo de
caso sobre a caracterização da argamassa existente e elaboração de uma argamassa
de restauro. 2019. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.
MILLER, M. (1999) Lime. U.S Geological Survey Minerals Yearbook.
NORTE, Portal B2b do Turismo do Rio Grande do (Org.). Treze novos municípios do
RN passam a integrar o Mapa do Turismo Brasileiro. Disponível em:
<https://tradeturisticorn.fecomerciorn.com.br/index.php/2019/09/02/treze-novos-
municipios-do-rn-passam-a-integrar-o-mapa-do-turismo-brasileiro/>. Acesso em: 13
dez. 2019.
RODRIGUES, Paula Nader. Caracterização das Argamassas Históricas da Ruína de
São Miguel Arcanjo/rs. 2013. 142 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-graduação
em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria/RS, 2013.
SANTOS, Rafaela Cavalcante dos. Caracterização de Argamassas Históricas: Estudo
de caso de uma residência histórica no municipio de Campo Redondo/rn. 2019.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) - Universidade
Federal Rural do Semi-Árido, 2019.
49
SOUSA, Adla Kellen Dionisio. Argamassa do Grupo escolar Augusto Severo/RN:
caracterização e incidência de manifestações patológicas. 2014. 142 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, 2014.
POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. In: Estudos Históricos. Rio de
Janeiro, vol. 5.n. 10,. 1992, p. 200-212.
TÉBAR, Demetrio Gaspar- Evolution de los materiales de construcción (cales, yesos
y cementos) através de la história, Tallares 98: Materia y Conservación, Santiago de
Compostela, 1998.
VENEZA.CartadeVeneza,disponívelem:http://www.patrimoniocultural.pt/media/uploa
ds/cc/CartadeVeneza.pdf, acesso em: 2020/01/15.1964.
ZACHAROPOULOU, G. (1998) The renascence of lime based mortar technology. An
appraisal of a bibliographical study. Materials for protection of European Cultural
Heritage, Athens.