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CARINA CALIXTO JANK
Papel de células com função reguladora da resposta imune na endometriose
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção de Título de Mestre em Ciências.
São Paulo 2014
Carina Calixto Jank
Papel de células com função reguladora da resposta imune na endometriose
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção de Título de Mestre em Ciências.
Área de concentração: Imunologia Orientador: Dr. Luiz Vicente Rizzo Versão original
São Paulo 2014
DADOS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) Serviço de Biblioteca e Informação Biomédica do
Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo
© reprodução total
Jank, Carina Calixto. Papel de células com função reguladora da resposta imune na endometriose / Carina Calixto Jank. -- São Paulo, 2014. Orientador: Prof. Dr. Luiz Vicente Rizzo. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo. Instituto de Ciências Biomédicas. Departamento de Imunologia. Área de concentração: Imunologia. Linha de pesquisa: Imunologia da endometriose. Versão do título para o inglês: Role of cells with regulatory function of the immune response in endometriosis. 1. Endometriose 2. Resposta imune 3. Célula T reguladora 4. Célula natural killer 5. Célula supressora mielóide 6. Célula dendrítica I. Rizzo, Prof. Dr. Luiz Vicente II. Universidade de São Paulo. Instituto de Ciências Biomedicas III. Título.
ICB/SBIB054/2014
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS
_____________________________________________________________________________________________________________
Candidato(a): Carina Calixto Jank.
Título da Dissertação: Papel de células com função reguladora da resposta imune na endometriose.
Orientador(a): Prof. Dr. Luiz Vicente Rizzo.
A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de Mestrado,
em sessão pública realizada a .............../................./................., considerou
( ) Aprovado(a) ( ) Reprovado(a)
Examinador(a): Assinatura: ............................................................................................ Nome: ................................................................................................... Instituição: .............................................................................................
Examinador(a): Assinatura: ............................................................................................ Nome: ................................................................................................... Instituição: .............................................................................................
Presidente: Assinatura: ............................................................................................ Nome: .................................................................................................. Instituição: .............................................................................................
À minha família, de sangue e de escolha.
AGRADECIMENTOS
"Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza vai mais longe."
Gostaria de agradecer primeiramente a meus pais, por terem sempre me incentivado a seguir meus sonhos, e aos meus irmãos, a melhor família que eu poderia pedir. Amor incondicional, apoio inquestionável. Tudo em minha vida é reflexo do que vocês me ensinaram. Agradeço também à minha avó, a Dona Dolly, que permitiu que eu invadisse sua vida ao longo desses anos, e facilitou todo o processo o máximo possível.
Ao meu noivo, Danillo. Não é qualquer um que estaria disposto a morar a mais de mil quilômetros de distância da namorada por três anos. Colocar o sonho de outra pessoa acima de sua própria felicidade é algo que só quem ama de verdade sabe fazer. Sem o seu incentivo, nada disso seria possível. Só você sabe realmente o quanto esse período foi difícil. Era para você que eu ligava quando nada mais fazia sentido. Longe da minha zona de conforto, o crescimento pessoal e profissional é inegável. Mas, com toda escolha, temos renúncias. Jamais achei que seria tão difícil, mas estou extremamente feliz por ter passado por tudo que passei. E mais feliz ainda por ter tido seu apoio incondicional ao longo do caminho.
Aos queridos amigos, os de longe e os de perto, os antigos e os novos.
Ao Professor Luiz Vicente Rizzo, meu orientador, muito obrigada pelo voto de confiança. Quando me apaixonei pela Imunologia, ainda na faculdade em Campo Grande, pesquisei os principais orientadores e linhas de pesquisa que eu gostaria de trabalhar. O senhor foi um dos únicos a me responder, e com certeza o mais simpático. Admiro muito a sua inteligência e ética profissional e sou extremamente grata pela oportunidade de ter trabalhado contigo.
À querida amiga, Eliana Marengo, um anjo em minha vida. Sua ajuda foi imprescindível para a execução desse trabalho. Você é extremamente eficiente e competente, e aprendi lições que levarei para sempre. Te admiro muito! Espero que se algum dia eu tiver alunos, eu possa ser como você, sempre tão dedicada e disposta a ajudar.
Ao “grupo do Rizzo”, amigos que tive o privilégio de conhecer. Andressa, Pedro, Karina, Luiz e agora Ana Eduarda, com certeza o melhor grupo de pesquisa que já trabalhei. Mais do que colegas, verdadeiros amigos, que respeito e tenho um carinho muito grande. Obrigada pelas discussões imunológicas e não‐imunológicas. O mestrado foi muito mais divertido com vocês. Sentirei falta do contato diário!
Um obrigada especial à Dra Karina Salmazi, um exemplo de profissional e uma pessoa muito querida. Adorei a oportunidade de ter trabalhado com você. Muito obrigada por todas as dúvidas tiradas e as risadas diárias. Para mim, você é um exemplo de como cientistas devem ser; sempre ansiosa a aprender coisas novas, independente do título ou posição. Mais
importante ainda, sempre disposta a ensinar e compartilhar o que aprendeu. Apenas assim a ciência evolui.
Aos demais colegas do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein. Muito obrigada por terem alegrado o meu dia‐a‐dia durante todo esse tempo. Obrigada pelos cafezinhos no meio da tarde, os bolos e lanches diários, as risadas e palavras de conforto. Vocês são demais!
Muito obrigada aos professores do Departamento de Imunologia pelos ensinamentos. Ser professor é um verdadeiro dom. São pessoas como vocês, que dedicam a vida para ensinar jovens alunos a acreditarem em si mesmos e superarem suas dificuldades, que instigam curiosidade e vontade de buscar sempre mais. Só assim o avanço da humanidade torna‐se possível.
Agradeço também aos novos amigos do Instituto de Ciências Biomédicas que tive a oportunidade de conhecer. Um obrigada especial à Bianca e à Karina, amizades verdadeiras que levarei por toda a vida. Nem consigo começar a descrever o carinho que sinto por vocês. Muito obrigada por tudo.
Muito obrigada aos membros da banca de qualificação pelas sugestões para o trabalho e para os membros da banca de defesa por terem aceitado o convite.
Obrigada à Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp, pelo apoio financeiro.
“Estamos na situação de uma criancinha que entra em uma imensa biblioteca, repleta de livros em muitas línguas. A criança sabe que alguém deve ter escrito aqueles livros, mas não sabe como. Não compreende as línguas em que foram escritos. Tem uma pálida suspeita de que a disposição dos livros obedece a uma ordem misteriosa, mas não sabe qual ela é.”
Albert Einstein
RESUMO
Jank CC. Papel de células com função reguladora da resposta imune na endometriose. [dissertação (Mestrado em Imunologia)]. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo; 2014.
A endometriose (EDT) é uma doença crônica que afeta mulheres em idade reprodutiva, caracterizada pela presença de tecido endometrial ectópico (fora da cavidade uterina). A origem da doença é desconhecida, entretanto, presume‐se que a EDT é multifatorial. Várias alterações na função do sistema imune foram reportadas em pacientes com EDT. Postulamos que alterações na frequência de células T reguladoras (Treg), natural killer (NK), supressoras mieloides (MDSC) e dendríticas (DC) no peritônio justificariam a redução na capacidade do sistema imune de reagir contra as células endometriais, permitindo sua implantação e permanência em locais ectópicos. O objetivo deste estudo foi quantificar as células Treg, NK, MDSC e DC no fluido peritoneal (FP) e sangue de mulheres com EDT (n=19) e controles (CTRL, n=8), a fim de associa‐las ao desenvolvimento da doença. Os níveis de citocinas pró e anti‐inflamatórias também foram avaliados. Os resultados mostram aumento na frequência de Treg, MDSC e DC no sangue e aparente redução destas no FP de pacientes com EDT, comparadas com CTRL. No FP, a população de DC CD11b+ está aumentada, e há tendência à diminuição de DC CD11b‐ dessas pacientes. Quanto à analise de citocinas, observou‐se apenas diferença entre os grupos para a citocina IL‐12, a qual está reduzida no sangue de pacientes do grupo EDT comparadas com CTRL. Não foram observadas diferenças quanto às células NK e as outras citocinas analisadas. Os resultados indicam aumento da frequência de populações reguladoras em amostras de sangue de pacientes EDT, entretanto esses resultados não são refletidos no FP.
Palavras‐chave: Endometriose. Resposta imune. Células T reguladoras. Células natural killer. Células supressoras mieloides. Células dendríticas.
ABSTRACT
Jank CC. Role of cells with regulatory function of the immune system in endometriosis. [Masters thesis (Immunology)]. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo; 2014.
Endometriosis (EDT) is a gynecological disease characterized by the presence of endometrial cells out of the uterine cavity. Its origin is unknown, although it is thought that EDT is a multifactorial disease. Functional alterations in immune cells in patients with EDT have been described. In this study, we postulated that alterations in the frequencies of regulatory T cells (Treg), natural killer cells (NK), myeloid‐derived suppressor cells (MDSC) and dendritic cells (DC) in the peritoneum could justify the reduced capacity of the immune system to react to these ectopic endometrial cells, allowing them to invade distant tissues. Our aim was to quantify Treg, NK, MDSC and DC populations in the peritoneal fluid (PF) and peripheral blood (PB) in women with endometriosis (EDT, n=19) and control (CTRL, n=8), in order to associate these cellular population to the development of the disease. Pro and anti‐inflammatory cytokine levels were also assessed. The results indicate higher frequencies of Treg, MDSC and DC in the PB and an apparent reduction in the frequency of these cells in the PF of patients with EDT, compared to CTRL. In the PF, the CD11b+ DC population is increased, and there seems to be a tendency to reduction of the CD11b‐ portion of DC in these patients. The cytokine analysis indicated a reduction in the concentration of IL‐12 in PB of patients with EDT. No differences were found comparing the results of NK cell populations and the other cytokines evaluated between EDT and CTRL groups. The results indicate an increase in the frequency of regulatory cell populations in PB samples from EDT patients; however, these results are not reflected in PF samples.
Keywords: Endometriosis. Immune response. Regulatory T cells. Natural killer cells. Myeloid‐derived suppressor cells. Dendritic cells.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ‐ Estratégia de análise de células T reguladoras (Treg)............................................... 39
Figura 2 ‐ Frequência de células T CD4+ ativadas em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles .................................................................. 41
Figura 3 ‐ Frequência de células T CD4+CD25high em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles .................................................................. 42
Figura 4 ‐ Frequência de células T reguladoras (Treg) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles ................................................ 43
Figura 5 ‐ Frequência de células T reguladoras (Treg) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles ................................................ 44
Figura 6 ‐ Razão entre a frequência de células T reguladoras (Treg) em amostras de sangue e a frequência dessas em fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), divididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12 )..............................44
Figura 7 ‐ Intensidade de fluorescência média (MFI) do fator de transcrição Foxp3 em células Treg de amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles ................................................................................................................................ 45
Figura 8 ‐ Estratégia de análise de populações de células natural killer (NK)..........................46
Figura 9 ‐ Frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐, CD56brightCD16+ e CD56lowCD16+ em amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) ............................................................... 48
Figura 10 ‐ Comparação da frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐ (A), CD56brightCD16+ (B) ou CD56lowCD16+ (C) entre amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) .......................................49
Figura 11 ‐ Frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐, CD56brightCD16+ e CD56lowCD16+ positivas para os marcadores CD57 e CD161 em amostras de sangue (A e B) e fluido peritoneal (C e D) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8)......................................................................................................................................... 50
Figura 12 ‐ Comparação da frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐ (A e B), CD56brightCD16+ (C e D) e CD56lowCD16+ (E e F) positivas para os marcadores CD57 e CD161 entre amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) ................................................................................................ 51
Figura 13 – Estratégia de análise de células supressoras mieloides (MDSC) ......................... 53
Figura 14 ‐ Frequência de células supressoras mieloides (MDSC) CD11b+CD33+ (A) e CD11b+CD33+CD34+ (B) em amostras de sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) ............................................................... 54
Figura 15 ‐ Frequência de células supressoras mieloides (MDSC) CD11b+CD33+ e CD11b+CD33+CD34+ em amostras de sangue (A e B) e fluido peritoneal (C e D) de pacientes com endometriose subagrupados em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12) e controles (CTRL, n=8)......................................................................................................................................... 55
Figura 16 ‐ Comparação da frequência de células supressoras mieloides (MDSC) CD11b+CD33+ (A) e CD11b+CD33+CD34+ (B) entre amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19), divididas em estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12), e controles (CTRL, n=8) ............................................................................................................. 56
Figura 17 ‐ Estratégia de análise para avaliação de células dendríticas (DC) ........................ 57
Figura 18 ‐ Frequência de células dendríticas (DC) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19), subagrupadas em estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12), comparadas com controles (CTRL, n=8) .................................................................... 59
Figura 19 ‐ Frequência de células dendríticas CD33+ (mDC) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19), subagrupadas em estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12), comparadas com controles (CTRL, n=8) ................................................ 60
Figura 20 ‐ Distribuição de células CD11b+ e CD11b‐ em células dendríticas CD33+ do sangue e fluido peritoneal (FP) das pacientes incluídas nesse estudo .................................................. 61
Figura 21 ‐ Frequência de células dendríticas (DC) CD33+ CD11b+ e CD11b‐ em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19), subagrupadas em estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12), comparadas com controles (CTRL, n=8) ...................... 62
Figura 22 ‐ Concentração de IL‐6, TGF‐b e IL‐12 no sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT), subagrupadas em estágios I/II e III/IV, e controles (CTRL)...................................................................................................................................... 65
Figura 23 ‐ Comparação entre a concentração de TGF‐β (A) e IL‐12 (B) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL) e pacientes com endometriose (EDT), subagrupadas em estágios I/II e III/IV .................................................................................... 66
Figura A1 ‐ Frequência de células CD45+ em amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (FP) (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) ............................. 88
Figura A2 – Comparação entre a frequência de células CD45+ em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8)......................................................................................................................................... 89
Figura A3 ‐ Frequência de células CD3+ em amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (FP) (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) ............................. 89
Figura A4 ‐ Comparação entre a frequência de células CD3+ em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=18/19) e controles (CTRL, n=7)......89
Figura A5 ‐ Frequência de células CD4+ em amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (FP) (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) ............................. 90
Figura A6 ‐ Comparação entre a frequência de células CD4+ em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) .......... 90
Figura A7 ‐ Frequência de células CD4+ em LT de amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (FP) (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) ...................... 90
Figura A8 ‐ Comparação entre a frequência de células CD4+ em LT de amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8)......................................................................................................................................... 91
Figura A9 ‐ Frequência de populações de células Natural killer (NK) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12) ................................................................... 93
Figura A10 ‐ Frequência de populações de células Natural killer (NK) positivas para CD57 em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12) ....................... 94
Figura A11 ‐ Frequência de populações de células Natural killer (NK) positivas para CD161 em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12) ....................... 95
Figura A12 – Razão entre a frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐ (A), CD56brightCD16+ (B) e CD56lowCD16+ (C) no fluido peritoneal (FP) e frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12) .............................................................................................. 97
Figura A13 ‐ Razão entre a frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐CD57+ (A), CD56brightCD16+ CD57+ (B) e CD56lowCD16+ CD57+ (C) no fluido peritoneal (FP) e frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12) ................................................................... 98
Figura A14 ‐ Razão entre a frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐CD161+
(A), CD56brightCD16+ CD161+ (B) e CD56lowCD16+ CD161+ (C) no fluido peritoneal (FP) e frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12) ............................................... 99
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Painel de anticorpos utilizados para caracterização das populações celulares de interesse Treg, NK e MDSC e DC .............................................................................................. 34
Tabela 2 ‐ Comparação entre as frequências das populações de linfócitos estudadas no sangue de pacientes com endometriose e controles ............................................................. 40
Tabela 3 ‐ Comparação entre as frequências das populações de linfócitos estudadas no fluido peritoneal de pacientes com endometriose e controles ............................................. 40
Tabela 4 ‐ Comparação entre as frequências das populações de células NK estudadas no sangue de pacientes com endometriose e controles ............................................................. 47
Tabela 5 ‐ Comparação entre as frequências das populações de células NK estudadas no fluido peritoneal de pacientes com endometriose e controles ............................................. 47
Tabela 6 ‐ Frequências de células supressoras mieloides no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose e controles .............................................................................. 54
Tabela 7 ‐ Comparação da frequência de células dendríticas no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose e controles .............................................................................. 58
Tabela 8 ‐ Avaliação de citocinas no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose, divididas em estágios I/II e III/IV, e controles ................................................ 63
Tabela A1 – Características clínicas das pacientes com endometriose incluídas no estudo..................................................................................................................................... 86
Tabela A2 – Local das lesões nas pacientes com endometriose incluídas nesse estudo........ 87
Tabela A3 ‐ Frequências de populações de linfócitos estudadas no sangue de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV .......................................................................................... 88
Tabela A4 ‐ Frequência de populações de linfócitos estudadas no fluido peritoneal de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV......................................................................................................................................... 88
Tabela A5 ‐ Comparação entre a razão de células Treg encontradas no FP pela frequência destas no sangue de pacientes com endometriose e controles..............................................91
Tabela A6 – Razão entre a frequência de linfócitos T reguladores em amostras de FP pela frequência de células no sangue de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV .........91
Tabela A7 ‐ Frequências de populações de células NK no sangue de pacientes com endometriose I/II e III/IV ........................................................................................................ 92
Tabela A8 ‐ Frequências de populações de células NK no fluido peritoneal de pacientes com endometriose I/II e III/IV ........................................................................................................ 92
Tabela A9 ‐ Comparação entre a razão de células NK encontradas no FP pela frequência destas no sangue de pacientes com endometriose e controles ............................................ 96
Tabela A10 ‐ Razão entre a frequência de populações de células NK em amostras de FP pela frequência de células no sangue de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV......... 96
Tabela A11 ‐ Frequências de células supressoras mieloides no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose I/II e III/IV ................................................................................ 99
Tabela A12 ‐ Frequências de células dendríticas no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV ................................................................................ 100
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
Ang‐2 – angiopoietina 2
APC – aloficocianina
APC – célula apresentadora de antígeno
APC‐H7 ‐ aloficocianina H7
ARG1 – arginase 1
ASRM – Sociedade Americana para Medicina Reprodutiva
BD – Becton Dickison
CA‐125 – antígeno associado ao câncer 125
CAAE – certificado de apresentação para apreciação ética
CAPPesq ‐ Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
CBA – cytometric bead array
CCR7 – receptor de quimiocina do tipo C‐C
CD – cluster of differentiation ‐ agrupamento de diferenciação
CTLA‐4 – antígeno 4 de linfócito T citotóxico
CTRL – controle
DC‐ célula dendrítica
dNK – natural killer decidual
DP – desvio padrão
EDT – endometriose
ELISA – ensaio imunossorvente ligado à enzima
FACS – citometria de fluxo
FITC ‐ isotiocianato de fluoresceína
FMUSP – Faculdade de Medicina da USP
Foxp3 ‐ forkhead box factor p3
FP – fluido peritoneal
G‐CSF – fator estimulador de colônia de granulócitos
HLA‐DR – antígeno leucocitário humano
HRP – horseradish peroxidase
IFN‐γ – interferon gamma
IL – interleucina
iNOS – óxido nítrico sintase induzido
IQR – intervalo interquartil
LB – linfócito B
LC – célula de Langerhans
LT – linfócito T
mDC – célula dendrítica mieloide
MDSC – célula supressora mieloide
MFI – intensidade de fluorescência média
µg/mL – microgramas por mililitro
MMP – metaloproteinase de matriz
mRNA – ácido ribonucleico mensageiro
N ‐ número
NK – natural killer
NKT – natural killer T
NO – óxido nítrico
PBS – tampão fosfato‐salina
pDC – célula dendrítica plasmocitoide
PE – ficoeritrina
PE –Cy7 ‐ ficoeritrina conjugado com cianina 7
PE‐CF594 ‐ ficoeritrina conjugada com CF594
PerCP‐ Cy 5.5 ‐ peridinina de clorofila combinada com cianina
pg/mL – picogramas por mililitro
PlGF – fator de crescimento plaquetário
ROS – espécie reativa de oxigênio
RT‐PCR – PCR em tempo real
TGF‐β – Fator transformador de crescimento β
Th – linfócito T auxiliar
TMB – tetrametilbenzidina
TNF‐α – fator de necrose tumoral α
Tr1 – célula reguladora do tipo 1
Treg – célula T reguladora
uNK – natural killer uterina
USTV – ultrassonografia transvaginal
VEGF – fator de crescimento vascular endotelial
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 22 1.1 Patogênese ...................................................................................................................... 22 1.2 Endometriose e o Sistema Imunológico ......................................................................... 23 1.2.1 Células T reguladoras ................................................................................................ 25 1.2.2 Células Natural Killer (NK) ......................................................................................... 26 1.2.3 Células supressoras mieloides ................................................................................... 28 1.2.4 Células denríticas ....................................................................................................... 29 2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 31 3 PACIENTES, MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 32 3.1 Pacientes ......................................................................................................................... 32 3.2 Obtenção e separação de células ................................................................................... 33 3.3 Análise dos marcadores de superfície celular por citometria de fluxo.......................... 33 3.4 Marcação intracelular de Foxp3 de células T reguladoras............................................. 343.5 Quantificação de citocinas no plasma e fluido peritoneal............................................. 35 3.6 Análises comparativas entre os grupos.......................................................................... 364 RESULTAOS ......................................................................................................................... 374.1 Dados das Pacientes ....................................................................................................... 37 4.2 Avaliação de células T reguladoras ................................................................................ 38 4.2.1 Análise descritiva das células CD45+, CD3+ e CD4+ no sangue e FP ............................. 40 4.2.2 Análise da população de Treg dentre os LT totais e LT auxiliares no sangue e FP ....... 42 4.3 Células Natural Killer ...................................................................................................... 45 4.4 Células Supressoras Mieloides (MDSC) .......................................................................... 524.5 Análise do perfil de células dendríticas .......................................................................... 56 4.6 Quantificação de citocinas pró e anti‐inflamatórias ...................................................... 635 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 67 6 CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 79 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 80 APÊNDICE – Tabelas e figuras suplementares ....................................................................... 86
22
1 INTRODUÇÃO
O termo endometriose (EDT) refere‐se à doença crônica estabelecida pela presença
de células endometriais fora da cavidade uterina. As células endometriais podem implantar‐
se em órgãos peritoneais (caracterizando a forma superficial/peritoneal da doença), ovários
(definida como endometriose ovariana) ou infiltrarem a área retrocervical, parede vaginal
posterior, ureter, região retossigmóide e bexiga (endometriose profunda) (1, 2). É uma
doença ginecológica benigna, estrógeno‐dependente, associada à dor pélvica e infertilidade.
Diferentes sintomas são indicativos de endometriose, porém nenhum deles é
exclusivo da doença. Os pacientes podem ser assintomáticos (2,6%) ou apresentarem
sintomas como dismenorréia (62,2%), dor pélvica crônica (13,3%), infertilidade (14%) e
dispareunia profunda (2,1%), além de outros relacionados à localização das lesões, como
disfunções urinárias e intestinais, incluindo dor e sangramento (3). Outros sinais clínicos
sugestivos de endometriose incluem sensibilidade pélvica, útero retrovertido fixo, frouxidão
dos ligamentos uterossacrais, espessamento dos ligamentos e presença de nódulos (4).
Além disso, existem diferentes estágios de endometriose, e não há correlação desses
com a gravidade dos sintomas ou a evolução da doença; assim, acredita‐se que existem tipos
diferentes de endometriose, cada qual com sua etiologia e consequências variadas. Ainda,
há diversidade de quadros clínicos em indivíduos com mesmo estágio de doença.
Diversas análises são utilizadas para auxiliar no diagnóstico de endometriose, entre elas
ultrassonografia transvaginal (USTV), ressonância magnética, testes sanguíneos para
quantificação de CA‐125, laparoscopia e exames histológicos das lesões (4). Porém, a
laparoscopia ou laparotomia é considerada “padrão ouro” para o diagnóstico de
endometriose, onde os possíveis focos de endometriose são retirados e avaliados por exame
anátomo‐patológico (4).
1.1 Patogênese
Dentre as teorias propostas para a etiopatologia da endometriose, a mais explorada é a
da menstruação retrógrada. De acordo com essa hipótese, durante a menstruação, células
endometriais regridem pelas tubas uterinas e implantam‐se na cavidade peritoneal e ovários
(5). Curiosamente, a menstruação retrógrada é extremamente frequente em mulheres em
23
idade reprodutiva (cerca de 90%) (6), entretanto, a doença estabelece‐se em apenas 10%
destas (7). Conclui‐se, portanto, que além da ocorrência de menstruação retrógrada, outros
fatores que permitem a adesão e proliferação dessas células fora da cavidade uterina
contribuam para a patogênese da endometriose. Entre tais fatores, alterações genéticas,
ambientais, hormonais e do sistema imune podem estar relacionados com o
desenvolvimento da doença (8).
É sugerido que o efluente menstrual contenha fatores que induzem alterações no
mesotélio peritoneal, e consequentemente, proporcionam sítios de aderência para as
células endometriais (9) (10). Após a adesão, há proliferação e invasão das células no
peritônio, o que causa lesões e adesões entre os órgãos, resultando em distorção anatômica,
e, consequentemente, dor. Uma das principais consequências relacionadas à endometriose
é a infertilidade, decorrente principalmente de efeitos tóxicos da reação inflamatória (11).
1.2 Endometriose e o Sistema Imunológico
A endometriose apresenta‐se como uma reação inflamatória, com infiltração de
neutrófilos, eosinófilos, mastócitos, macrófagos, células dendríticas, células natural killer
(NK), linfócitos T CD4+ e CD8+ (12‐14).
Na endometriose, são observados diversos níveis de comprometimento das moléculas
que participam do sistema imunológico, variando de alterações quantitativas e qualitativas
das células, citocinas e quimiocinas no microambiente intraperitoneal. Entre essas
alterações, as células NK e linfócitos T CD8+, que exercem papel fundamental na
imunovigilância e clearance de células, apresentam sua capacidade citotóxica bastante
reduzida em pacientes com endometriose comparativamente às mulheres sem a doença
(14).
Adicionalmente, níveis aumentados de TGF‐β foram observados no fluido peritoneal de
mulheres com endometriose e estão associados, ao menos parcialmente, à angiogênese (9).
Essa citocina pode também contribuir para redução da atividade citotóxica de células NK e a
diminuição da retirada de células endometriais ectópicas, além da geração de células T
reguladoras (Treg).
Quanto às células dendríticas (dendritic cells ‐ DC), observa‐se decréscimo acentuado no
número de DC maduras durante a fase proliferativa do ciclo menstrual, e acréscimo
24
significativo de DC imaturas durante todas as fases do ciclo (13) no endométrio eutópico.
Além disso, há aumento da freqüência de DC imaturas no peritônio, que é indicativo de
recrutamento de células imaturas pelo endométrio ectópico ou pelo ambiente (13), e pode
resultar na menor frequência de apresentação de antígenos a linfócitos T ou na indução de
tolerância imunológica nessas células; isso poderia justificar parcialmente a baixa resposta
das células do sistema imune contra células endometriais ectópicas.
Ainda, foram observados números aumentados de macrófagos no endométrio eutópico
em pacientes com endometriose durante todas as fases do ciclo menstrual (15), fato que
colabora com a natureza inflamatória da endometriose. Apesar do número elevado de
macrófagos nessas pacientes, estes apresentam‐se com capacidade fagocítica reduzida,
prejudicando a remoção de células endometriais ectópicas (16).
Na literatura, os resultados obtidos quanto ao padrão predominante de resposta imune
em mulheres com endometriose são bastante contraditórios. Foram observados níveis
elevados de IL‐4 e IL‐10 na circulação sistêmica (17) e no fluido peritoneal de mulheres com
endometriose (18). Apesar de altas concentrações de IFN‐γ também terem sido relatas no
fluido peritoneal (18), sugere‐se prevalência de resposta Th2 nessas pacientes. Entretanto,
quando aspectos clínicos da doença são relacionados com a produção de citocinas, há
associação da resposta Th1 com a forma infiltrativa da doença, refletida pela maior
produção de TNF‐α e IL‐2 em mulheres com sintomas relacionados à endometriose profunda
(19).
Citocinas inflamatórias produzidas por células endometriais podem contribuir para a
adesão destas ao peritônio. Macrófagos peritoneais estimulam a produção de
metaloproteinases de matriz (MMP), a partir da síntese de IL‐1α, IL‐1β e IL‐8 e proporcionam
a invasão de células ectópicas na matriz extracelular (20). IL‐8 e TNF‐α em combinação com
TGF‐β e fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) produzidos por macrófagos
estimulam a angiogênese, permitindo que as células endometriais proliferem e permaneçam
em local ectópico (21).
Apesar de diversas alterações funcionais em células do sistema imune terem sido
relatadas em pacientes com endometriose, não está claro ainda quais fatores são
responsáveis por essas alterações. O quadro geral da imunidade na endometriose ainda
expõe diversas lacunas, e devido à heterogeneidade da doença, resultados contrastantes são
relatados na literatura.
25
Esse estudo enfoca no estudo das populações de linfócitos T reguladores, células natural
killer, células supressoras mieloides e células dendríticas, a fim de avaliar o papel dessas
populações celulares no desenvolvimento da endometriose.
1.2.1 Células T reguladoras
As células T reguladoras (Treg) (22) são essenciais para a indução de tolerância de
linfócitos autorreativos a antígenos próprios e manutenção da homeostase (23). Compõem 2
a 5% das células CD4+ em humanos e são desenvolvidas continuamente como uma linhagem
T comum no timo, constituindo uma subpopulação distinta de outras células T ou timócito
(24). São descritos dois subgrupos de células T reguladoras (Treg) que diferem entre si em
termos de especificidade e de mecanismo de ação: i) as Treg naturais que se desenvolvem e
emergem do timo com função reguladora, e atuam na periferia regulando possíveis reações
autoimunes potencialmente patológicas, e ii) as Treg induzidas (Treg do tipo 1 ‐ Tr1, Th3 e
outras) que se desenvolvem como consequência da ativação de linfócitos T maduros, em
condições específicas de exposição antigênica e sob influência de diferentes citocinas.
Os mecanismos reguladores das células Treg incluem a supressão por contato célula a
célula, que envolve o receptor inibitório CTLA‐4 e a secreção de TGF‐β1, levando à
diminuição da expressão da cadeia α do receptor da IL‐2 nas células T alvo. Sua atividade in
vivo parece estar associada com a presença de citocinas como IL‐4, IL‐10 e TGF‐β (25).
Apesar da importância das células T reguladoras na manutenção da homeostase e
prevenção de doenças autoimunes, a presença deste tipo celular em algumas condições
pode representar um problema. É sugerido que a presença de Treg em infecções parasitárias
e câncer, esteja relacionada à diminuição da resposta imune protetora (26).
Os estudos até hoje publicados sobre os mecanismos imunológicos associados ao
aparecimento de endometriose indicam que o microambiente gerado pela implantação das
células endometriais gere uma diminuição da resposta imune efetora (13). Esta condição
pode estar associada à presença de células reguladoras no peritônio; nosso grupo de
pesquisa observou aumento da frequência de células CD4+CD25+FoxP3+ no fluido peritoneal
de pacientes com endometriose, em comparação com mulheres sem endometriose (27),
corroborando estudos que reportaram recrutamento de células Treg para o endométrio de
mulheres que desenvolvem endometriose (28).
26
O fator de transcrição Foxp3 (Forkhead box p3) é um fator de transcrição altamente
relacionado à células Treg e sua expressão está relacionada à função supressora dessas
células. A descoberta da relação desse fator com as células Treg, no entanto, só ocorreu em
2003 (29). Antes disso, era comum utilizar a co‐expressão de CD4 e CD25 para caracterização
de uma subpopulação de linfócitos T com potencial ação supressora. O marcador CD25, no
entanto, não é específico de células Treg: ele compreende a cadeia α do receptor de IL‐2, que
é composto ainda pelas cadeias β (CD122) e γ (CD132). A expressão da cadeia α na superfície
da célula é induzida pelo fator de transcrição Foxp3 e garante maior afinidade à IL‐2. Sendo
assim, células Treg possuem maior expressão do CD25 em sua superfície (CD25high) do que
células T convencionais (CD25+) e utilizam isso como mecanismo de supressão da resposta
imune efetora, visto que na ausência de IL‐2 os linfócitos T ativados não proliferam. Um
linfócito T ativado também tem expressão de CD25 em sua superfície, portanto, há de se ter
cautela ao utilizar a expressão de CD25 como marcador de Treg, buscando conciliar a alta
expressão de CD25 com outros marcadores, como o Foxp3. Vários grupos sugerem que
células Treg possuem alta expressão de CD25 e baixa expressão de CD127, e que o conjunto
desses marcadores diferem as populações de células Treg das T convencionais. Essa ideia é
reforçada pelo achado de que cerca de 90% das células CD25highCD127low são Foxp3+ (30, 31).
O fator de transcrição Foxp3 mostra‐se como o marcador mais específico de células Treg,
entretanto, a expressão transiente de Foxp3 é comum em células T convencionais
recentemente ativadas (32). Dessa forma, sugerimos que o conjunto de marcadores
CD3+CD4+CD25highCD127lowFoxP3+ seja o mais apropriado para a caracterização fenotípica de
células Treg.
1.2.2 Células Natural Killer (NK)
As células Natural Killer (NK) estão entre as principais células do sistema imune de
vertebrados. Essas células fornecem respostas rápidas para as células infectadas por vírus e
respondem à formação de tumores, começando a atuar cerca de três dias após a infecção.
Sendo assim, desempenham importante papel na resposta inata podendo distinguir células
infectadas por vírus e células neoplásicas das células normais. As células NK reconhecem
células infectadas ou estressadas através de um balanço de sinais obtidos de receptores
ativadores e inibidores, o que culmina na liberação de grânulos e lise da célula‐alvo. Após o
27
surgimento do conceito de imunovigilância, diversos grupos tem dado atenção especial às
células NK. Conforme citado anteriormente, as células NK apresentam sua capacidade
citotóxica bastante reduzida em pacientes com endometriose comparativamente às
mulheres sem a doença (14).
As células NK podem ser subdivididas em diferentes populações baseado na
expressão diferencial de marcadores clássicos de NK, CD56 e CD16. No sangue, mais de 90%
das células NK são CD56dimCD16+, as chamadas NK convencionais, porém observa‐se também
outras células com fenótipo CD56brightCD16+ e CD56brightCD16‐ (33). As células CD56brightCD16‐
compõem apenas 10% das células NK encontradas no sangue, entretanto em alguns tecidos,
como no útero, compreendem 70% das NK, sendo portanto muitas vezes chamadas de NK
uterinas (uNK) ou NK deciduais (dNK) (34).
Como as células NK CD56dimCD16+ constituem a grande maioria de células NK no
sangue, as outras populações de células NK são pouco estudadas. Sugerimos, no entanto,
que estas outras populações de células NK tenham funções importantes no sistema imune.
Dado o acúmulo preferencial de células CD56brightCD16‐ no endométrio, é possível que estas
células tenham funções não apenas na manutenção da gravidez, mas também em diversas
doenças ginecológicas. Essa sugestão é baseada na observação de que a frequência de
células CD56brightCD16‐ encontra‐se aumentada no endométrio de mulheres grávidas e não
grávidas (35). No endométrio de mulheres não grávidas, o número de NK CD56brightCD16‐
varia durante as fases do ciclo menstrual, apresentando‐se em menor frequência no início da
fase proliferativa; após a ovulação essas células proliferam, atingindo um pico no final da
fase secretora (36).
É sugerido que células CD56bright e células CD56dim apresentem funções imunológicas
distintas; as primeiras estão envolvidas com a regulação da resposta imune pela produção
de citocinas pró‐inflamatórias e as últimas, pela função citotóxica. Isso é sustentado por
experimentos que mostram maior capacidade de produção de TNF‐α e IFN‐γ por células
CD56bright associada à diminuição de grânulos citolíticos, como perforina A e granzimas,
quando comparadas com células CD56dim (37).
As células NK CD56brightCD16‐ são células produtoras de várias citocinas e fatores de
crescimento que modulam a resposta imune, entre eles TNF‐α, IL‐10, G‐CSF, IL‐1 e IFN‐γ
(38). Expressam, também, altos níveis de mRNA de fatores angiogênicos (VEGF, Ang‐2, PlGF)
na fase secretória do ciclo menstrual (35).
28
Pouco se sabe a respeito das diferentes populações de células NK nas pacientes com
endometriose. Visto a importante função de células NK na imunovigilância e alta capacidade
de produção de citocinas reguladoras, mostra‐se importante a investigação dessas
populações em pacientes com endometriose.
1.2.3 Células supressoras mieloides
As células supressoras mieloides (myeloid‐derived suppressor cells ‐ MDSC)
compreendem um grupo heterogêneo de células definidas por sua origem mieloide, estado
imaturo e capacidade supressora. O principal mecanismo de supressão das MDSC acredita‐
se ser por produção de arginase e espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, os quais
impedem a proliferação de linfócitos T (39). As MDSC são amplamente descritas em
pacientes com câncer (40).
Em resposta a estímulo antigênico excessivo, a medula óssea é estimulada a produzir
células mieloides imaturas, que, em indivíduos sadios, rapidamente se diferenciam em
granulócitos maduros, macrófagos ou DC. Em contrapartida, em condições inflamatórias
patológicas (como doenças infecciosas, câncer, trauma e doenças autoimunes) ocorre um
bloqueio na sua diferenciação em células mieloides maduras, o que resulta na regulação
positiva de fatores imunossupressores como arginase‐1 (ARG1) e óxido‐nítrico sintase
induzido (iNOS), com consequente aumento na produção de óxido nítrico (NO) e espécies
reativas de oxigênio (ROS); este processo culmina na expansão dessas células em seu estado
imaturo, as chamadas MDSC (41).
Por tratar‐se de um grupo heterogêneo de células, os marcadores fenotípicos
descritos na literatura para caracterizar as MDSC são bastante divergentes. De um modo
geral, as MDSC podem ser definidas fenotipicamente por expressarem marcadores comuns a
progenitores mieloides (CD33), ausência de marcadores linhagem‐específicos e que
caracterizam células diferenciadas (CD3, CD14, CD16, CD19, CD20, CD56), pela expressão da
molécula de adesão CD11b, além de pouca ou nenhuma apresentação de antígenos (baixa
ou nenhuma expressão de HLA‐DR) (39). Sendo assim, de um modo geral, as MDSCs podem
ser definidas pelo fenótipo Lin1‐HLA‐DR‐CD33+CD11b+, além da avaliação de sua capacidade
supressora. Ainda, por apresentar fenótipo variável, observa‐se também tanto a presença
quanto a ausência de expressão de CD15, CD34 e outros marcadores.
29
Sua importância, em termos de função no sistema imune, vem ganhando destaque
mais recentemente. Foi demonstrado que MDSC suprimem a atividade citotóxica de células
NK in vitro e in vivo, por inibição de perforinas e de modo dependente de contato celular
(42).
Até o momento, não existem na literatura estudos avaliando a presença de células
supressoras mieloides em amostras de sangue, fluido peritoneal ou lesões endometrióticas
de pacientes com endometriose.
1.2.4 Células Dendríticas (DC)
As células dendríticas (DC) constituem uma ponte entre a imunidade inata e a
imunidade adaptativa; isso porque são consideradas as principais células apresentadoras de
antígenos (APC). As DC possuem longas projeções, alta capacidade fagocítica e estão
situadas nas principais portas de entrada de microrganismos (pele e mucosas do trato
respiratório e gastrointestinal); por tal razão, são consideradas sentinelas imunológicas. As
DC captam antígenos protéicos com suas longas projeções e os apresentam aos linfócitos T
(LT) nos linfonodos. Isso ocorre, pois assim que fagocita um antígeno, as DC passam a
expressar o CCR7, receptor para quimiocinas produzidas nos linfonodos, o que permite que
elas migrem para o linfonodo mais próximo e entrem em contato com os linfócitos. No
processo de migração até o linfonodo regional, as DC amadurecem e adquirem a expressão
de moléculas co‐estimuladoras (como CD80 e CD86), tornando‐se aptas a apresentarem o
antígeno aos LT. Na ausência desses sinais co‐estimuladores, o LT não é capaz de ser ativado,
tornando‐se muitas vezes anérgico. A apresentação de antígenos com poucos sinais
estimuladores também pode fazer com que o LT se torne uma célula Treg (43, 44).
As DC são células com alta expressão de moléculas MHC de classe II, por isso são
comumente caracterizadas pela expressão de HLA‐DR. O fenótipo geral para seleção dessas
células por citometria de fluxo consiste na expressão de HLA‐DR e ausência de expressão de
marcadores linhagem específicos (CD3, CD14, CD16, CD19, CD20 e CD56).
A subdivisão de DC em humanos nas diversas subpopulações como as descritas em
camundongos ainda não está clara na literatura. De um modo geral, as DC do sangue são
classificadas como DC mieloides (mDC), Lin‐HLA‐DR+CD11c+, e plasmocitoides (pDC), Lin‐HLA‐
DR+CD11c‐, devido a diferenças na origem, expressão de marcadores e funções dessas
30
células. As mDC são a maioria das DC no sangue e tecidos linfoides e não linfoides e podem
ser subdivididas, ainda, em diversas subpopulações (45). Um método simples de distinguir a
população mieloide da plasmocitóide é pela utilização do CD33, marcador encontrado
apenas em populações de origem mieloide (46‐48).
A redução na frequência de DC ou na capacidade dessas de apresentar antígenos a LT
pode ser um fator contribuinte para o desenvolvimento da endometriose. Nesse estudo,
tentaremos estabelecer uma relação entre a frequência de DC e o desenvolvimento da
endometriose.
Três fenótipos foram escolhidos para a caracterização de DC nesse estudo: i) Lin‐HLA‐
DR+, fenótipo mais geral de DC; ii) Lin‐HLA‐DR+CD33+, fenótipo que seleciona DC mieloides
(mDC); e iii) Lin‐HLA‐DR+CD33+CD11b+ e Lin‐HLA‐DR+CD33+CD11b‐, fenótipo que investiga a
expressão de CD11b nas mDC, porém pouco utilizado.
O marcador Lin1‐ (BD Biosciences), aqui utilizado na caracterização de MDSC e DC
consiste em um conjunto de marcadores linhagem‐específicos (CD3, CD14, CD16, CD19,
CD20 e CD56), todos conjugados a um mesmo fluorocromo. Ao utilizar esse marcador,
podemos excluir populações de LT, LB, monócitos e células NK utilizando apenas um
marcador (ou seja, ocupando apenas um canal de leitura no citômetro).
Baseado nos diversos relatos do desequilíbrio quantitativo e funcional de células imunes
no microambiente endometrial como fator contribuinte da progressão da endometriose, a
hipótese aqui aventada é de que o ambiente peritoneal de pacientes susceptíveis esteja
imunorregulado e proporcione a implantação e/ou desenvolvimento da endometriose;
nesse sentido, essa imunorregulação pode ser parcialmente sustentada por populações
celulares de Treg, NK, MDSC e DC. Nesse estudo, foi investigada a avaliação da frequência
dessas populações em amostras de sangue e fluido peritoneal de pacientes com
endometriose, além da análise do microambiente peritoneal no qual essas células se
encontram, a partir da produção de citocinas.
31
2 OBJETIVOS
O principal objetivo deste trabalho foi caracterizar e quantificar as células T
reguladoras (Treg), populações de células natural killer (NK), células supressoras mieloides
(MDSC) e células dendríticas (DC) no sangue e no fluido peritoneal de mulheres com
endometriose, na tentativa de esclarecer seus papéis na patogênese dessa doença.
Além disso, foi avaliado o microambiente peritoneal no qual essas células se encontram
a partir da produção de citocinas IL‐2, IL‐4, IL‐ 6, IL‐10, IL‐12(p70), IL‐17A, TNF‐α, IFN‐γ e TGF‐
β1, em amostras de sangue e fluido peritoneal das pacientes com endometriose.
32
3 PACIENTES, MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Pacientes
As pacientes incluídas neste estudo estão em acompanhamento no Setor de
Endometriose da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP) ou no Hospital Sírio‐Libanês. A seleção das pacientes foi
realizada sob a responsabilidade dos médicos Maurício Simões Abrão e Sérgio Podgaec.
Foram incluídas no estudo mulheres entre 26 e 51 anos, com endometriose profunda
confirmada por análise histopatológica, ausência de doença autoimune, inflamatória ou
condição neoplásica (confirmado por exames médicos ou testes laboratoriais quando
necessário) e sem uso de terapia hormonal por três meses prévios à cirurgia laparoscópica.
No grupo controle, foram incluídas mulheres entre 32 e 46 anos submetidas à
videolaparoscopia principalmente para realização de laqueadura, mas também para
realização de outros procedimentos ginecológicos (histerectomia, ooforectomia ou
miomectomia) ou para diagnóstico de endometriose. Todas as pacientes incluídas no grupo
controle preencheram os mesmos critérios de inclusão e exclusão das pacientes com
endometriose, e tiveram diagnóstico de endometriose descartado durante a laparoscopia.
Foram coletadas amostras do sangue e do fluido peritoneal (FP) de cada paciente
com endometriose após o preenchimento do consentimento informativo por escrito. Na
admissão, as pacientes com endometriose responderam a um questionário padrão onde
constam os antecedentes pessoais, enfocando principalmente os sintomas comuns
relacionados à endometriose e a doenças ginecológicas, além de informações sobre
antecedentes familiares.
Com base nos achados cirúrgicos, as pacientes foram classificadas em estágios de
gravidade da doença de acordo com as diretrizes da Sociedade Americana para Medicina
Reprodutiva (ASRM) (49) onde o estágio I corresponde à endometriose mínima, o estágio II
relativo à endometriose leve, o III, à endometriose moderada e o IV, à endometriose grave.
Nesse estudo, as pacientes foram divididas em grupos: a) pacientes com endometriose
estágios I e II (I/II) (n=7), representando as mulheres com doença mínima e leve; e b)
pacientes com endometriose estágios III e IV (III/IV) (n=12), grupo que compreende as
mulheres com doença moderada e grave.
33
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Israelita Albert
Einstein nº 11/1711 (CAAE – 0205.0.028.015‐11), pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (registrado na Plataforma
Brasil sob CAAE 01461012.2.1001.5467) e pela Comissão de Ética para Análise de Projetos de
Pesquisa do Hospital das Clínicas da FMUSP (CAPPesq nº 0386/11).
3.2 Obtenção e separação das células
As amostras de sangue e fluido peritoneal foram centrifugadas a 500 x g por cinco
minutos em temperatura ambiente; o sobrenadante individual foi congelado a ‐80ºC em
alíquotas para a análise de citocinas. O pellet celular do fluido peritoneal foi ressuspendido
em 1 mL de tampão de lise 1X (BD FACS Lysing Solution) enquanto que para o sangue foi
utilizada a proporção 3:1 (v:v). As amostras foram incubadas no escuro por dez minutos a
37°C ou até que a lise total das hemácias fosse observada. Em paralelo, parte das amostras
foi reservada para avaliação da viabilidade, com azul de Trypan, e contagem em câmara de
Neubauer e contador automático Countess (Invitrogen); para essa análise, as hemácias
foram lisadas, conforme descritas acima, utilizando‐se tampão de lise de hemácias sem
paraformaldeído (BD Pharm Lyse Lysing Solution).
A seguir, as amostras foram centrifugadas a 500 x g por cinco minutos a temperatura
ambiente, e ao pellet celular foi adicionado 500 µL de Tampão de FACS (tampão fosfato‐
salina (PBS) suplementado com 1% albumina sérica humana e 0,1% azida). As células foram
novamente centrifugadas (500 x g, cinco minutos, temperatura ambiente), ressuspendidas
em PBS e utilizadas para as análises descritas a seguir.
3.3 Análise dos marcadores de superfície celular por citometria de fluxo
As células obtidas do sangue e do fluido peritoneal de mulheres com endometriose e
controles foram marcadas com três diferentes painéis de anticorpos, como mostra a Tabela
1. Para cada um dos painéis, 1 x 106 células por poço foram transferidas para placas fundo V
para marcação com anticorpos contra os marcadores de superfície celular. Às células, foi
adicionada a solução contendo os anticorpos dos respectivos painéis (Tabela 1). Foram
utilizados, para tanto, anticorpos monoclonais anti‐CD45, CD33, CD34, CD11b, HLA‐DR, Lin1,
34
CD15, CD3, CD4, CD25, CD127, LAP, CD16, CD56, CD57, CD161 e CD14 conjugados com
fluorocromo isotiocianato de fluoresceína [FITC], ficoeritrina [PE], aloficocianina [APC],
ficoeritrina conjugado com cianina 7 [PE‐Cy7], peridinina de clorofila combinada com cianina
[PerCP‐Cy5.5], aloficocianina H7 [APC‐H7] ou ficoeritrina conjugada com CF594 [PE‐CF594]
na concentração 0,5‐1,0 μg/106 células, por 30 minutos em temperatura ambiente, e ao
abrigo da luz. Após incubação, as amostras foram lavadas, ressuspendidas 300 µL de tampão
de FACS e analisadas em citômetro de fluxo BD LSRFortessa (BD Biosciences). As células do
painel Treg foram então marcadas com o FoxP3, como descrito a seguir.
Tabela 1 ‐ Painel de anticorpos utilizados para caracterização das populações celulares de interesse Treg, NK e MDSC e DC.
Populações celulares
Fluorescências
FITC PE APC PE‐Cy7 PE‐CF594 APC‐H7 PerCP‐Cy5.5
Treg anticorpo ‐ FoxP3 CD25 CD3 CD4 CD45 CD127
clone 259D/C7 M‐A251 SK7 RPA‐T4 2D1 HIL‐7R‐M21
NK anticorpo CD3 CD56 CD161 CD16 CD57 CD45 CD14
clone HIT3a B159 DX12 B73.1 NK‐1 2D1 M5E2
MDSC e DC
anticorpo Lin1 CD11b CD34 CD33 CD15 CD45 HLA‐DR
clone
NCAM16.2, MφP9, L27,
SJ25C1, 3G8, SK7
ICRF44 8G12 P67.6 W6D3 2D1 L243
Treg = linfócito T regulador; NK = célula natural killer; MDSC = célula supressora mieloide; DC = célula dendrítica. 3.4 Marcação intracelular de Foxp3 de células T reguladoras
Para a marcação de FoxP3, e após as marcações de superfície celular, as células foram
fixadas e permeabilizadas com tampões apropriados para marcação intracelular de FoxP3
(Human FoxP3 Staining Kit, BD), conforme instrução do fabricante. Resumidamente, foram
adicionados 200 μL de Tampão A para fixar as células, e incubados por dez minutos, a
temperatura ambiente, ao abrigo da luz, e então, as células foram centrifugadas por cinco
minutos a 500 x g. Em seguida, as células foram permeabilizadas com 200 μL de Tampão C
(Tampão A + Tampão B – 1:200 v/v) e incubadas por 30 minutos, à temperatura ambiente e
protegidas da luz. Após nova centrifugação (cinco minutos, 500 x g), o anticorpo Foxp3 foi
adicionado ao pellet (0,5‐1,0 μg/106 células) e as células foram novamente incubadas por 30
35
minutos, no escuro. Após incubação, as amostras foram lavadas com 200 μL de tampão de
FACS e analisadas em citômetro de fluxo BD LSRFortessa (BD Biosciences). Um mínimo de
500 000 eventos foram adquiridos para cada amostra.
3.5 Quantificação de citocinas no plasma e fluido peritoneal
Amostras de plasma e do sobrenadante obtidas do fluido peritoneal de mulheres
com endometriose foram aliquotadas e armazenadas a –80ºC para quantificação de IL‐
12(p70) (BD OptEIA), TGF‐β1 (BD OptEIA) e IL‐17A (BioLegend) pelo método de ELISA
sandwich. Resumidamente, placas de 96 poços com alta propriedade de ligação (Nunc
Maxisorp) foram sensibilizadas com 100 μL de anticorpo de captura diluído em tampão
carbonato de sódio 0,1 M, pH 9,5 numa concentração de 1:250 para IL‐12(p70) e TGF‐ β1 e
1:200 para a IL‐17A. As placas foram mantidas a 4°C por 16‐18h. Após o tempo de incubação,
as placas foram lavadas três vezes com tampão de lavagem (PBS e 0,05% Tween 20) e o
bloqueio de áreas não cobertas pelo anticorpo foi feito com 200 μL por poço de Tampão
Diluente (PBS com 10% soro fetal bovino) por uma hora em temperatura ambiente. Após a
adição das amostras e padrões recombinantes nas concentrações indicadas pelos kits (100
μL /poço), as placas foram incubadas por duas horas em temperatura ambiente. As placas
foram então lavadas três vezes com tampão de lavagem e 100 μL /poço do anticorpo de
detecção (1:250 para o TGF‐ β1 e 1:500 para a IL‐12 (p70) conjugado com estreptavidina e
peroxidase HRP (horseradish peroxidase) (1:250) foi adicionado por mais uma hora a
temperatura ambiente; para a quantificação de IL‐17A, foi adicionado 100 μL /poço do
anticorpo secundário (1:200) e incubado por 1 hora, e posterior incubação de 100 μL /poço
de avidina‐HRP (1:1000) por 30 minutos. As placas foram novamente lavadas três vezes com
tampão de lavagem e foi adicionado a cada poço 100 μL de uma solução contendo o
substrato H2O2 3% (v/v) e tetrametilbenzidina (TMB). Após o aparecimento de cor, a reação
foi interrompida com adição de 50 μL de ácido sulfúrico 2N. A leitura da densidade óptica foi
feita a 450nm utilizando‐se o equipamento ELISA DTX 880 Multimode Detector (Beckman
Coulter) e os resultados foram apresentados em pg/mL.
O kit de CBA (cytometric bead array) Th1/Th2 (BD Biosciences) foi utilizado para avaliar
as citocinas IL‐2, IL‐4, IL‐6, IL‐10, TNF‐α e IFN‐γ em alíquotas de plasma e sobrenadante de
fluido peritoneal congeladas. Brevemente, as amostras/curvas foram incubadas com as
36
beads de captura e reagente de detecção por 3 horas, em temperatura ambiente e ao abrigo
da luz. Após o período de incubação, a placa foi lavada e as amostras foram lidas em
citômetro de fluxo BD LSRFortessa (BD Biosciences). A análise dos resultados foi realizada
utilizando o software FCAP Array versão 3.0. Os resultados foram apresentados em pg/mL.
3.6 Análises comparativas entre os grupos
Testes de normalidade (Kolmogorov‐Smirnov, D’Agostino e Pearson omnibus ou Shapiro‐
Wilk), além da análise de coeficientes de assimetria e achatamento (skewness e kurtosis)
foram utilizados para avaliar a distribuição das populações estudadas. Para comparações
entre grupos, foi utilizado o teste t de Student não pareado, onde a distribuição foi
considerada normal, ou teste U de Mann‐Whitney, para dados com distribuição não
considerada normal. Para comparações entre amostras de sangue e fluido peritoneal dentro
de um mesmo grupo, foi utilizado o teste t pareado ou teste de Wilcoxon, para amostras
com distribuição normal e não normal, respectivamente. As possíveis interações entre as
amostras foram verificadas pela análise de variância simples (ANOVA unilateral/Kruskal‐
Wallis). O nível de significância estabelecido foi de p<0,05, para todos os testes. As análises
estatísticas foram realizadas pelo software GraphPad Prism 5.0. Os dados são apresentados
como mediana e intervalo interquartil.
37
4 RESULTADOS
4.1 Dados das Pacientes
Foram incluídas nesse estudo 21 pacientes com endometriose, cujo diagnóstico foi
confirmado por análises histopatológicas das lesões endometrióticas após
videolaparoscopia. Doze indivíduos controle, com ausência de endometriose comprovada
durante a videolaparoscopia, foram inicialmente incluídos; desses, dois indivíduos foram
excluídos do estudo devido ao uso de contraceptivo oral e duas pacientes com endometriose
foram excluídas devido à presença de neoplasia. Outros dois indivíduos do grupo controle
foram excluídos por número insuficiente de células no fluido peritoneal para marcação por
citometria de fluxo. Ao todo, 19 pacientes com endometriose (grupo EDT) e 8 controles
(grupo CTRL) preencheram os critérios de inclusão do estudo. Os dados clínicos das
pacientes com endometriose incluídas nesse estudo estão resumidos no apêndice (Tabelas
A1 e A2).
A principal queixa relatada pelas pacientes foi dismenorréia, presente em 16 das 19
pacientes com endometriose aqui estudadas. Dispareunia de profundidade foi reportada em
11/19 das pacientes e dor pélvica acíclica em 9/19 pacientes. Alterações intestinais e
urinárias cíclicas também foram reportadas em 8/19 e 2/19 pacientes, respectivamente.
Oito pacientes com endometriose apresentaram‐se inférteis. Segundo informações
laboratoriais, sete pacientes estavam na fase proliferativa do ciclo menstrual, enquanto nove
estavam na fase secretora. Ressalta‐se que nenhuma paciente com endometriose incluída
nesse estudo fazia uso de terapia hormonal por pelo menos três meses prévios à
laparoscopia.
As lesões de endometriose foram predominantes nas regiões retrocervical (13/19),
peritoneal (14/19) e ovários (11/19). Também foram observadas lesões na porção
retossigmóide (8/19), nas tubas uterinas (7/19), fundo de saco de Douglas (5/19), ureter
(3/19), vagina (3/19), reto (4/19), bexiga (2/19) e no apêndice (2/19) (apêndice – Tabela A2).
Todas as lesões foram confirmadas histologicamente para a presença de estroma e glândula
endometrial.
38
4.2 Avaliação de células T reguladoras
A caracterização das células Treg foi realizada pela análise dos marcadores CD3, CD4, CD25
e CD127 expressos na superfície celular, além da análise intracelular do fator de transcrição
FoxP3. A estratégia utilizada para essa caracterização leva em consideração populações de
células na região dos linfócitos, identificadas por tamanho e granulosidade, e marcação com
o marcador de células hematopoiéticas CD45, seguidas da expressão da molécula de CD3,
que está presente apenas em receptores de linfócitos T. Em seguida, a expressão do co‐
receptor de linfócitos T auxiliares, CD4, e a alta expressão da cadeia α do receptor de IL‐2, a
molécula de CD25, foram observadas dentre os linfócitos T CD3+. A seguir, a baixa expressão
da cadeia α do receptor da IL‐7, o CD127, foi verificado dentre as células CD3+CD4+CD25high .
Por fim, a presença de marcação intracelular para o fator de transcrição Foxp3 foi
identificada dentre as células CD3+CD4+CD25highCD127low. Essa estratégia foi utilizada para a
caracterização de T reguladoras oriundas do sangue e do fluido peritoneal de pacientes com
endometriose e está ilustrada na Figura 1.
39
Figura 1‐ Estratégia de análise de células T reguladoras (Treg). Inicialmente, foram selecionadas células na região dos linfócitos, separadas por tamanho, granulosidade e expressão de CD45+ (A). Os linfócitos T foram selecionados pela expressão de CD3 (B). Em seguida, foram selecionadas as células T CD4 com alta expressão de CD25 (CD4+CD25high) (C), e nesta população foram selecionadas apenas as células com baixa expressão de CD127 (D). Por fim, foi avaliada a expressão de Foxp3 nessa última população (E).
As Tabelas 2 e 3 resumem os principais resultados da comparação das diferentes
populações analisadas por essa estratégia de análise nas amostras de sangue e FP, entre os
grupos EDT e CTRL. Comparações entre os estágios de EDT podem ser encontradas no
apêndice (Tabelas A3 e A4).
A B
C D
E
40
Tabela 2 – Comparação entre as frequências das populações de linfócitos estudadas no sangue de pacientes com endometriose e controles.
Sangue CTRL EDT População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR) p
LT 2,83 ± 3,37 1,72 (0,17 ‐ 5,59) 5,8 ± 7,5 3,98 (0,73 ‐ 7,43) p=0,32 LT CD4+ 1,43 ± 2,09 0,67 (0,11 ‐ 1,43) 3,4 ± 4,9 1,43 (0,41 ‐ 4,2) p=0,31
CD4+ em CD3 55,3 ± 20,7 62,4 (47,4 ‐ 65,4) 54,2 ± 14 55,5 (48,8 ‐ 65,6) p=0,87 CD4+CD25+ 20,8 ± 13,07 17,6 (16,7 ‐ 18,9) 19,7 ± 17,9 15,2 (7,4 ‐ 22,8) p=0,88 CD4+CD25high 2,32 ± 1,18 2,11 (1,27 ‐ 3,62) 3,45 ± 4,24 2,14 (1,07 ‐ 3,96) p=0,81 Treg em CD3 0,51 ± 0,85 0,22 (0,009 ‐ 0,42) 0,85 ± 1,1 0,37 (0,19 ‐ 1,4) p=0,33 Treg em CD4 0,79 ± 1,29 0,35 (0,08 ‐ 0,68) 1,47 ± 1,56 0,66 (0,49 ‐ 2,24) p=0,32 Valores apresentados como frequência de células (%). CTRL= controle, EDT= endometriose, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, LT = linfócito T, Treg = linfócito T regulador. Valor de p calculado pelo teste t de Student não pareado/Mann Whitney, quando apropriado. Tabela 3 ‐ Comparação entre as frequências das populações linfoides estudadas no fluido peritoneal de pacientes com endometriose e controles.
Fluido Peritoneal CTRL EDT População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR) p
LT 1,91 ± 2,56 0,74 (0,27 ‐ 2,98) 5,04 ± 8,44 1,46 (0,28 ‐ 6,63) p=0,31 LT CD4+ 0,62 ± 1,12 0,23 (0,07‐0,59) 1,17 ± 1,76 0,46 (0,11 ‐ 1,36 p=0,38
CD4+ em CD3 27,7 ± 10,6 26,5 (16,7 ‐ 37,6) 29,5 ± 10,7 28,4 (24,1 ‐ 34,6) p=0,70 CD4+CD25+ 6,33 ± 4,58 6,2 (1,79 ‐ 11,3) 5,82 ± 3,85 5,08 (3,04 ‐ 8,19) p=0,76 CD4+CD25high 1,86 ± 1,57 1,42 (0,7 ‐ 2,55) 1,03 ± 0,87 0,96 (0,24 ‐ 1,38) p=0,10 Treg em CD3 0,12 ± 0,13 0,058 (0,03 ‐ 0,19) 0,07 ± 0,08 0,06 (0,0007 ‐ 0,1) p=0,20 Treg em CD4 0,44 ± 0,38 0,335 (0,11 ‐ 0,76) 0,19 ± 0,19 0,19 (0,002 ‐ 0,35) p=0,04
Valores apresentados como frequência de células (%). CTRL= controle, EDT= endometriose, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, LT = linfócito, Treg = linfócito T regulador. Valor de p calculado pelo teste t de Student não pareado/Mann Whitney, quando apropriado. 4.2.1 Análise descritiva das células CD45+, CD3+ e CD4+no sangue e FP:
Não foram encontradas diferenças entre a frequência de células hematopoiéticas
(CD45+), linfócitos T (CD3+) e LT auxiliares (CD3+CD4+), tanto no sangue quanto no FP de
pacientes com endometriose e controles. Conforme esperado, amostras de sangue
apresentaram maior frequência de todas as populações citadas do que amostras de FP,
tanto no grupo de pacientes com endometriose, quanto no grupo controle (apêndice –
Figuras A1‐A8).
A seguir, analisamos a proporção de células T CD4+ que expressavam o marcador de
ativação CD25. Mais uma vez, não foram observadas diferenças entre os grupos analisados
(Figura 2A, B e C). A frequência de LT CD4+ ativados está aumentada no sangue comparado
41
com amostras de FP de pacientes com endometriose (p=0,0066, Figura D) e CTRL (p=0,0179,
Figura D); perfil semelhante foi observado quando as pacientes do grupo EDT foram
subdivididas em estágios de doença (Figura 2D).
CTRL EDT CTRL EDT0
20
40
60
80 n.s. n.s.
Sangue FP
% C
D4+ C
D25
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80n.s.
n.s.
n.s.
% C
D4+ C
D25
+
CTRL EDT I/II III/IV0
5
10
15
20 n.s.n.s.
n.s.
% C
D4+ C
D25
+
CTRL EDT I/II III/IV0
10
20
30
4040
60
80 **sangue
FP
* *n.s.
% C
D4+ C
D25
+
Figura 2 – Frequência de células T CD4+ ativadas em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles. (A) Comparação da frequência das células entre pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) no sangue e FP; (B) Frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (C) Frequência de células no FP de controles e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (D) Comparação entre amostras de sangue e FP de cada grupo. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. *p<0,05, ** p<0,01 e n.s. = não significativa, pelo teste t não‐pareado (A), ANOVA (B e C) e teste t de Student pareado (D).
A elevada expressão do CD25 na superfície de LT CD4+ está altamente relacionada
com as células Treg. Nas amostras aqui avaliadas, não foram encontradas diferenças na
frequência de células CD4+CD25high entre pacientes com endometriose e controles (Figura
3A‐C). Novamente, as amostras de sangue apresentaram maior frequência dessas células do
que amostras do FP em pacientes do grupo EDT (p=0,0138) (Figura 3D). Esse resultado se
estendeu apenas para pacientes do grupo III/IV (p=0,0049). Os grupos CTRL e I/II mostraram
frequências semelhantes dessas células entre amostras de sangue e FP.
A B
C D
42
CTRL EDT CTRL EDT0
5
10
15
20
25 n.s. n.s.
Sangue FP
% C
D4+ C
D25
high
CTRL EDT I/II III/IV0
2
4
6
815
20n.s.
n.s.
n.s.
% C
D4+ C
D25
high
CTRL EDT I/II III/IV0
1
2
3
4
5
6n.s.
n.s.
% C
D4+ C
D25
high
n.s.
CTRL EDT I/II III/IV0
2
4
6
815
20sangue
PF
*n.s. **n.s.
% C
D4+ C
D25
high
Figura 3 ‐ Frequência de células T CD4+CD25high em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles. (A) Comparação da frequência das células entre pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) no sangue e FP; (B) Frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (C) Frequência de células no FP de controles e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (D) Comparação entre amostras de sangue e FP de cada grupo. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. *p<0,05, ** p<0,01 e n.s. = não significativa, pelo teste de Mann Whitney/ t não‐pareado (A), Kruskal – Wallis (B), ANOVA (C) e Wilcoxon/ teste t de Student pareado (D), conforme a distribuição das amostras. 4.2.2 Análise da população de Treg dentre os LT totais e LT auxiliares no sangue e FP
Visto que praticamente 100% das células T CD4+CD25hiCD127low são positivas para o
fator de transcrição Foxp3, normatizamos os valores encontrados de células Foxp3+ pela
frequência de células CD3+ e também de CD4+ para encontrarmos o valor mais fidedigno de
células Treg dentre os linfócitos T totais (LT) e dentre os LT auxiliares das amostras analisadas.
Dentre os LT, as medianas da frequência de células Treg em amostras de sangue e
fluido peritoneal são semelhantes entre pacientes com endometriose (em todos os estágios)
e controles (Figura 4A‐C). Embora não haja diferença estatística, nota‐se que a mediana de
Treg no sangue do grupo EDT é superior ao grupo CTRL. Para o FP, as frequências são mais
similares (Figura 4A). Em todos os grupos estudados, a frequência de células Treg é maior no
sangue do que no FP (Figura 4D). Vale ressaltar que, ao se comparar a frequência dessas
A B
C D
43
células no sangue e a frequência destas no FP, significância estatística só foi atingida para o
grupo EDT (p=0,0009), mesmo quando dividido em estágios (I/II – p=0,031; III/IV – p=0,013)
(Figura 4D).
CTRL EDT CTRL EDT0.0
0.2
0.4
0.612345
Sangue FP
n.s. n.s.
% T
reg
em L
T C
D3+
CTRL EDT I/II III/IV0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.52.5
5.0n.s.
n.s.
% T
reg
em L
T C
D3+
n.s.
CTRL EDT I/II III/IV0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5 n.s.n.s.
% T
reg
em L
T C
D3+ n.s.
CTRL EDT I/II III/IV0
1
2
3
4
5sangue
PF
*** *n.s. *
% T
reg
em L
T C
D3+
Figura 4 ‐ Frequência de células T reguladoras (Treg) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles. (A) Comparação da frequência das células entre pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) no sangue e FP; (B) Frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (C) Frequência de células no FP de controles e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (D) Comparação entre amostras de sangue e FP de cada grupo. As células Treg são mostradas como porcentagem de células dentre os linfócitos T CD3+. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. *p<0,05, *** p<0,001 e n.s. = não significativa, pelo teste de Mann Whitney (A), ANOVA (B e C) e Wilcoxon (D).
Ao analisarmos a frequência das células Treg na população de células CD4+,
observamos uma redução destas em amostras de FP de pacientes com endometriose
quando comparadas aos controles (p=0,0415) (Figura 5A). Como para a análise da frequência
de Treg na população de linfócitos CD3+, há tendência ao aumento de Treg no sangue de
pacientes do grupo EDT, embora sem significância estatística. Mais uma vez, o grupo EDT
mostrou maior frequência de Treg no sangue que no FP (p=0,0009), mesmo quando
subdividido em estágios I/II e III/IV (p=0,031 e p=0,013, respectivamente) (Figura 5D).
A B
C D
44
CTRL EDT CTRL EDT0.00.30.60.91.21.5
3.5
5.5
7.5
Sangue FP
n.s. *
% T
reg
em L
T C
D4+
CTRL EDT I/II III/IV0
1
2
3
4
5
6
7n.s.
n.s.
% T
reg
em L
T C
D4+
n.s.
CTRL EDT I/II III/IV0.0
0.3
0.6
0.9
1.2n.s.
n.s.
n.s.
% T
reg
em L
T C
D4+
CTRL EDT I/II III/IV0.0
0.4
0.8
1.21.5
4.0
6.5sangue
FP
** *n.s. *
% T
reg
em L
T C
D4+
Figura 5 ‐ Frequência de células T reguladoras (Treg) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles. (A) Comparação da frequência das células entre pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) no sangue e FP; (B) Frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (C) Frequência de células no FP de controles e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (D) Comparação entre amostras de sangue e FP de cada grupo. As células Treg são mostradas como porcentagem de células dentre os linfócitos T CD4+. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. *p<0,05, ** p<0,01 e n.s. = não significativa, pelo teste t não pareado (A), ANOVA (B e C) e t de Student pareado (D).
A razão FP:sangue pode ser indicativo de migração de células do sangue para o fluido
peritoneal. Nessas amostras, a razão mostrou‐se diminuída nas pacientes com endometriose
em todos os estágios, comparadas ao controle (Figura 6 e Tabelas A5 e A6 no apêndice).
CTRL EDT I/II III/IV0.0
0.4
0.8
1.210
15
20*
**
Raz
ão F
P:sa
ngue
CTRL EDT I/II III/IV0.00.51.01.52.02.5
8
9
10**
**
Raz
ão F
P:sa
ngue
Figura 6 ‐ Razão entre a frequência de células T reguladoras (Treg) em amostras de sangue e a frequência dessas em fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), divididos em estáios I/II (n=7) e III/IV (n=12) e. As células Treg são mostradas como porcentagem de células dentre as os linfócitos T CD3+ (A) e CD4+ (B). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. *p<0,05, ** p<0,01e n.s. = não significativa, pelo teste de Mann Whitney.
A B
C D
A B
45
Quanto à média de intensidade de fluorescência (MFI) do Foxp3, nenhuma diferença
foi encontrada intragrupos e intergrupos (Figura 7).
CTRL EDT CTRL EDT0
1000
2000
3000
4000 n. s.n. s.
Sangue FP
MFI
Fox
p3
CTRL EDT I/II III/IV0
500
1000
1500
2000n.s.
n.s.
n.s.
MFI
Fox
p3
CTRL EDT I/II III/IV0
1000
2000
3000
4000n.s.
n.s.
n.s.
MFI
Fox
p3
CTRL EDT I/II III/IV0
1000
2000
3000
4000
sangue
PF
n.s. n.s. n.s. n.s.
MFI
Fox
p3
Figura 7 – Intensidade de fluorescência média (MFI) do fator de transcrição Foxp3 em células Treg de amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose e controles. (A) Comparação do MFI entre pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8) no sangue e FP; (B) MFI no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (C) MFI no FP de controles e pacientes com endometriose estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12); (D) Comparação entre amostras de sangue e FP de cada grupo. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. n.s. = não significativa, pelo teste t não pareado (A), ANOVA (B e C) e t de Student pareado (D).
4.3 Células Natural Killer
Para a caracterização das diversas populações de células NK aqui avaliadas, foram
selecionadas as células na região dos linfócitos, identificadas por tamanho e granulosidade,
seguidas da marcação com CD45. Inicialmente, foi feita a exclusão de linfócitos T, células
NKT e monócitos selecionando‐se células negativas para a expressão de CD3 e CD14. Em
seguida, células CD45+CD3‐CD14‐ foram investigadas para a expressão de CD16 e CD56.
Foram analisadas células NK CD56brightCD16‐, NK CD56brightCD16+ e NK CD56lowCD16+.
Adicionalmente, a expressão de dois marcadores de maturação/ativação de células NK, as
A B
C D
46
moléculas CD57 e CD161, também foi abordada. A estratégia realizada para a caracterização
das populações de células NK está ilustrada na Figura 8.
Figura 8 – Estratégia de análise de populações de células natural killer (NK). Inicialmente, foram selecionadas células CD45+ (A). Dentro das células CD45+, na região dos linfócitos, foram excluídas as células T, NKT e monócitos pela seleção de células CD3‐CD14‐ (B). Em seguida, foram selecionadas as populações de células NK pela expressão de CD16 e CD56 (C). Em cada população de célula NK foi avaliada a expressão de CD57 (D) e CD161 (E).
As Tabelas 4 e 5 resumem os principais resultados encontrados da comparação das
diferentes populações de células NK analisadas em amostras de sangue e FP dos grupos EDT
e CTRL. Comparações entre os estágios de EDT podem ser encontradas no apêndice (Tabelas
A7 e A8).
C D
E
A B
47
Tabela 4 ‐ Comparação entre as frequências das populações de células NK estudadas no sangue de pacientes com endometriose e controles.
Sangue CTRL EDT População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR) p
CD56brightCD16‐ 1,4 ± 0,9 1,4 (0,8 ‐ 1,7) 2,2 ± 1,4 2,1 (1 ‐ 3) p=0,13
CD56brightCD16+ 6, 7 ± 13,8 0,88 (0,29 ‐ 7,8) 1,1 ± 1,2 0,8 (0,6 ‐ 1) p=0,91
CD56lowCD16+ 22,7 ± 15,7 27,3 (4,4 ‐ 36,8) 26,1 ± 17,1 19,9 (12,6 ‐ 42,5) p=0,63
CD56brightCD16‐CD57+ 20,6 ± 21,1 17,5 (0,22 ‐ 43,3) 29,5 ± 25,2 30,7 (4,5 ‐ 49,4) p=0,38
CD56brightCD16+CD57+ 19,5 ± 13,6 16,4 (10,6 ‐ 31,8) 47,6 ± 19,07 48 (32,1 ‐ 60) p=0,0009
CD56lowCD16+CD57+ 33,6 ± 23,5 36,1 (8,3 ‐ 52,8) 52,9 ± 20,2 54,5 (43,5 ‐ 68,4) p=0,03
CD56brightCD16‐CD161+ 49 ± 26,2 48,4 (43,3 ‐ 59,2) 54,8 ± 27,2 54,4 (31,9 ‐ 82,1) p=0,61
CD56brightCD16+CD161+ 47,2 ± 35,4 56 (10,7 ‐ 74,4) 70,9 ± 25,6 78,4 (51,1 ‐ 94,2) p=‐0,06
CD56lowCD16+CD161+ 43,7 ± 35,3 59,9 (2,4 ‐ 67,2) 64,8 ± 32,6 68,8 (45,7 ‐ 93,8) p=0,14 Valores apresentados como frequência de células (%). CTRL= controle, EDT= endometriose, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil. Valor de p calculado pelo teste t pareado/Mann Whitney, conforme apropriado. Tabela 5 ‐ Comparação entre as frequências das populações de células NK estudadas no fluido peritoneal de pacientes com endometriose e controles.
Fluido Peritoneal CTRL EDT População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR) p
CD56brightCD16‐ 11,4 ± 14,5 4,5 (1,9 ‐ 19,9) 9,9 ± 13,4 4,4 (1,5 ‐ 12,3) p=0,7982
CD56brightCD16+ 0,32 ± 0,27 0,27 (0,08 ‐ 0,56) 0,54 ± 0,93 0,19 (0,09 ‐ 0,5) p=0,8316
CD56lowCD16+ 10,2 ± 6,8 8,8 (6,4 ‐ 11,9) 10,3 ± 10,4 5,3 (2,4 ‐ 15,9) p=0,9754
CD56brightCD16‐CD57+ 18,9 ± 17,5 14,5 (2,5 ‐ 36,5) 24,9 ± 25,4 15,8 (4,4 ‐ 49,9) p=0,5423
CD56brightCD16+CD57+ 25,7 ± 24,6 29,3 (0 ‐ 41,3) 45,9 ± 34,8 50 (13,2 ‐ 77,8) p=0,1501
CD56lowCD16+CD57+ 33,6 ± 21,7 34,8 (17,9 ‐ 48,7) 49 ± 25,6 57,6 (24,2 ‐ 65,9) p=0,1513
CD56brightCD16‐CD161+ 69,9 ± 8,84 71,7 (62,7 ‐ 74,5) 62,9 ± 28,8 71,4 (42,8 ‐ 85,3) p=0,2096
CD56brightCD16+CD161+ 55 ± 39,6 56,9 (11,1 ‐ 95,5) 58 ± 40,4 73,4 (0 ‐ 97,2) p=0,8629
CD56lowCD16+CD161+ 57,6 ± 27,7 66,1 (43 ‐ 78) 65,4 ± 31,7 82,4 (36,9 ‐ 88,2) p=0,5480Valores apresentados como frequência de células (%). CTRL= controle, EDT= endometriose, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil. Valor de p calculado pelo teste t pareado/Mann Whitney, conforme apropriado.
A análise das populações de NK CD56brightCD16‐, NK CD56brightCD16+ e NK
CD56lowCD16+ não mostrou diferenças entre os grupos de pacientes com endometriose e
controles nessa coorte de pacientes (Figura 9).
48
CD56bright CD16- CD56bright CD16+ CD56lowCD16+
0123455
254565
n.s. n.s. n.s.%
de
célu
las
CD56bright CD16- CD56bright CD16+ CD56lowCD16+
0123455
254565
EDT
CTRL
n.s. n.s. n.s.
% d
e cé
lula
s
Figura 9 ‐ Frequência de células Natural Killer (NK) CD56brightCD16‐, CD56brightCD16+ e CD56lowCD16+ em amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). As células NK são mostradas como porcentagem de células dentre as células CD3‐CD14‐. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. n.s. = não significativa, pelo teste t de Student não pareado/ teste de Mann Whitney, quando apropriado.
Quando comparamos a frequência das populações estudadas em amostras de sangue
e FP dentro dos grupos, é possível observar uma maior frequência de células CD56brightCD16‐
no FP que no sangue de controles (p=0,023) e de pacientes com endometriose (p=0,0058),
que se mantém em pacientes do estágio I/II (p=0,046). O grupo de EDT III/IV não atingiu
significância estatística para esse parâmetro (p=0,052), embora mostrasse, também, uma
tendência à maior frequência dessas células no FP do que no sangue (Figura 10A).
As outras duas populações de células NK estudadas, células CD56brightCD16+ e
CD56lowCD16+, entretanto, estão presentes em maior frequência no sangue do que no FP em
todos os grupos analisados. A frequência de células NK CD56brightCD16+ mostrou‐se
significantemente aumentada apenas no sangue de pacientes com EDT I/II (p=0,034)
comparado ao FP. Não foram encontradas diferenças significativas quanto à frequência
dessas células nas pacientes dos grupos EDT (p=0,055), EDT III/IV (p=0,4238) e CTRL
(p=0,0781) (Figura 10B). A análise das células NK CD56lowCD16+ mostrou diferenças
significativas entre a frequência dessas células no sangue e FP de todos os grupos (EDT:
p=0,003; EDT I/II: p=0,005; EDT III/IV: p=0,021; e CTRL: p=0,039) (Figura 10C).
A B
49
CTRL EDT I/II III/IV02468
1010305070 *** * n.s.
% C
D56
brig
htC
D16
-
CTRL EDT I/II III/IV0
2
4
610203040
n.s.n.s.n.s. *
% C
D56
brig
htC
D16
+
CTRL EDT I/II III/IV0
10
20
30
40
50
60
70
FPSangue
**** ** *
% C
D56
low
CD
16+
Figura 10 – Comparação da frequência de células Natural Killer (NK) CD56brightCD16‐ (A), CD56brightCD16+ (B) ou CD56lowCD16+ (C) entre amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). As células NK são mostradas como porcentagem de células dentre as células CD3‐CD14‐. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II (n=7), endometriose mínima/leve; III/IV (n=12), endometriose moderada/grave; *p<0,05, ** p<0,01, *** p<0,001 e n.s. = não significativa, pelo teste t de Student pareado (A e C) ou pelo teste de Mann Whitney (B).
A análise da expressão do marcador CD57 nas células NK estudadas revelou
diferenças na frequência de células CD57+ entre o grupo de pacientes com endometriose e
controles (Figura 11A e C). A frequência de células NK CD56brightCD16+ que expressam CD57
mostrou‐se elevada no sangue de pacientes com endometriose, comparadas com as
pacientes do grupo CTRL (p=0,0009), inclusive quando as pacientes do grupo EDT foram
subdivididas em estágios de doença (p=0,0045). Um aumento na frequência de células
CD57+ nas células NK CD56lowCD16+ também foi constatado no sangue de pacientes com EDT
(p=0,039). Não foram observadas diferenças entre a frequência de células CD57+ em células
NK CD56brightCD16‐ presentes no sangue de pacientes com EDT e CTRL, ou na frequência de
células NK CD56brightCD16‐, CD56brightCD16+ e CD56lowCD16+ no FP.
A análise da frequência de células positivas para o marcador CD161 nas populações
de células NK estudadas não mostrou diferenças em amostras de sangue e FP comparando‐
se o grupo de pacientes com endometriose e controles (Figura 11 B e D).
A B
C
50
CD56bright CD16- CD56brightCD16+ CD56lowCD16+
0
20
40
60
80
100 n.s. *** *%
CD
57+
CD56brightCD16- CD56bright CD16+ CD56lowCD16+
0
20
40
60
80
100
n.s. n.s. n.s.
EDT
CTRL
% C
D16
1+
CD56brightCD16- CD56brightCD16+ CD56lowCD16+
0
20
40
60
80
100
n.s. n.s. n.s.
% C
D57
+
CD56bright CD16- CD56bright CD16+ CD56lowCD16+
0
20
40
60
80
100
n.s. n.s. n.s.
% C
D16
1+
Figura 11 ‐ Frequência de células Natural Killer (NK) CD56brightCD16‐, CD56brightCD16+ e CD56lowCD16+ positivas para os marcadores CD57 e CD161 em amostras de sangue (A e B) e fluido peritoneal (C e D) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. *p<0,05, *** p<0,001 e n.s. = não significativa, pelo teste t de Student não pareado.
Não foram encontradas diferenças quanto à expressão do marcador CD57 entre as
amostras de sangue e FP de cada grupo em nenhuma população de célula NK estudada
(Figura 12 A, C e E).
As células CD56brightCD16‐CD161+ apresentaram‐se em maior frequência no FP que no
sangue de pacientes do grupo controle (p=0,036). Embora fosse observada maior frequência
de células CD161+ no FP comparado com o sangue dos grupos EDT e III/IV, a diferença não
foi significativa (Figura 12B). Curiosamente, a situação parece estar invertida em pacientes
do grupo I/II, nas quais as células CD161+ encontram‐se mais frequentes no sangue que no
FP. Um quadro contrário é visto nas células CD56brightCD16+, as quais apresentaram maior
frequência de células CD161+ no sangue que no FP; dado significante apenas para o grupo de
pacientes I/II (p=0,0487) (Figura 12D). Não foram encontradas diferenças significativas
quanto à frequência de células CD56brightCD16+CD161+ nas pacientes dos grupos EDT, III/IV e
CTRL. Diferentemente do padrão observado no restante dos grupos, as pacientes do grupo
III/IV aparentam ter mais células CD56brightCD16+CD161+ no FP, comparado ao sangue (Figura
A B
C D
51
12F). A expressão de CD161 nas células CD56lowCD16+ também não mostrou diferenças entre
as amostras e entre os grupos.
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80n.s. n.s. n.s. n.s.
% C
D57
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100sangue
PF
n.s. n.s. n.s.*
% C
D16
1+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.n.s.n.s.n.s.
% C
D57
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.*n.s.n.s.
sangue
FP
% C
D16
1+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100 n.s.n.s.n.s.n.s.
% C
D57
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.n.s.n.s.n.s.
sangue
FP
% C
D16
1+
Figura 12 ‐ Comparação da frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐ (A e B), CD56brightCD16+ (C e D) e CD56lowCD16+ (E e F) positivas para os marcadores CD57 e CD161 entre amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II (n=7), endometriose mínima/leve; III/IV (n=12), endometriose moderada/grave; *p<0,05 e n.s. = não significativa, pelo teste t de Student pareado.
Não foram encontradas diferenças entre a razão de células presentes no FP e células
no sangue de nenhuma das populações estudadas (apêndice – Tabelas A9 e A10 e Figuras
A12‐A14).
A B
C D
E F
52
4.4 Células Supressoras Mieloides (MDSC)
A estratégia para a caracterização de MDSC a partir dos marcadores de superfície foi
realizada como segue: foi selecionada a população celular positiva para CD45, que
corresponde às células hematopoiéticas, seguida da exclusão de populações com fenótipo
de linfócitos T e B, células NK e NKT, monócitos e células apresentadoras de antígenos, a
partir da seleção de células Lin1‐HLA‐DR‐. Em seguida, dentre as células CD45+Lin1‐HLA‐DR‐,
foram selecionadas as células que expressam as moléculas CD11b e CD33. Essas células são
aqui referidas como MDSC. Na sequência, foi avaliada a expressão dos marcadores CD15 e
de CD34 na superfície das células MDSC. A estratégia realizada para a caracterização dessas
células está ilustrada na Figura 13.
Como a presença de células MDSC ainda não foi avaliada em pacientes com
endometriose, e para comprovação de que a estratégia de caracterização dessas células
pode também ser aplicada para as amostras de fluido peritoneal e sangue dessas pacientes,
iniciamos a identificação e caracterização de células com fenótipo Lin1‐HLA‐DR‐CD11b+CD33+
em amostras de medula óssea de pacientes com mieloma múltiplo (n=2); esses pacientes,
sabidamente, possuem altas frequências dessas células no sangue comparados com
indivíduos saudáveis (50). Após a comprovação da identificação de MDSC (Lin1‐HLA‐DR‐
CD11b+CD33+) em pacientes com mieloma múltiplo, utilizou‐se a mesma estratégia para a
identificação destas células em pacientes com endometriose.
53
Figura 13 ‐ Estratégia de análise de células supressoras mieloides (MDSC). Inicialmente, foram selecionadas células CD45+ (A). Dentro das células CD45+, foram selecionadas as células HLA‐DR‐Lin1‐ (B). Em seguida, foram selecionadas as células CD11b+CD33+ (C) e nesta população, foi avaliada a expressão de CD15 e CD34 (D).
Devido à heterogeneidade de populações de MDSC, analisamos as células
supressoras mieloides de quatro fenótipos distintos: CD11b+CD33+, CD11b+CD33+CD34+,
CD11b+CD33+C15+ e CD11b+CD33+CD34+CD15+. A frequência de células CD11b+CD33+C15+ e
CD11b+CD33+CD34+CD15+ foi extremamente baixa nas amostras das pacientes incluídas
nesse estudo e não foram comprovadas diferenças entre os grupos (EDT versus CTRL ou I/II e
III/IV versus CTRL), ou entre amostras estudadas (sangue versus FP em cada grupo) (dados
não mostrados). Por esta razão, estas populações não serão abordadas nesse texto. A
comparação entre média e mediana das frequências de MDSC CD11b+CD33+e
CD11b+CD33+CD34+ no sangue e FP de pacientes com endometriose e controles está
resumida na Tabela 6. Comparações entre os estágios de EDT podem ser encontradas no
apêndice (Tabela A11).
A B
C D
54
Tabela 6 ‐ Frequências de células supressoras mieloides no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose e controles.
CTRL EDT
População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR) p CD11b+CD33+
(sangue) 0,09 ± 0,09 0,7 (0 ‐ 0,18) 0,24 ± 0,19 0,19 (0,11 ‐ 0,4) p=0,0624
CD11b+CD33+CD34+
(sangue) 0,037 ± 0,054 0,02 (0‐ 0,06) 0,142 ± 0,137 0,11 (0,05 ‐ 0,22) p=0,0417
CD11b+CD33+
(FP) 0,4 ± 0,74 0,13 (0,04 ‐ 0,26) 0,1 ± 0,1 0,07 (0,02 ‐ 0,16) p=0,3693
CD11b+CD33+CD34+
(FP) 0,146 ± 0,325 0,01 (0,01 ‐ 0,08) 0,055 ± 0,063 0,03 (0‐ 0,09) p=0,7049
Valores apresentados como frequência de células (%). CTL=controle, EDT= endometriose, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, FP = Fluido Peritoneal. Valor de p calculado pelo teste de Mann Whitney.
Os resultados encontrados quanto às células MDSC CD11b+CD33+e
CD11b+CD33+CD34+ foram bastante semelhantes. Ambas as populações estudadas parecem
estar mais frequentes em amostras de sangue de pacientes com endometriose do que de
controles. No entanto, esse dado só foi confirmado para a população CD11b+CD33+CD34+
(p=0,04). No FP, há tendência a menor frequência de células CD11b+CD33+ em pacientes
com EDT, embora a diferença não seja significante (p=0,36) (Figura 14). Quanto às células
CD11b+CD33+CD34+, a frequência de células é extremamente baixa no FP, com mediana de
0% para o grupo CTRL (Tabela 6).
CTRL EDT CTRL EDT0.00
0.25
0.50
0.751.52.02.5 n.s. n.s.
Sangue FP
% C
D11
b+ CD
33+
CTRL EDT CTRL EDT0.00.10.20.30.40.50.8
1.0 * n.s.
Sangue FP
% C
D11
b+ CD
33+ C
D34
+
Figura 14 ‐ Frequência de células supressoras mieloides (MDSC) CD11b+CD33+ (A) e CD11b+CD33+CD34+ (B) em amostras de sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). As células MDSC são mostradas como porcentagem de células dentre os leucócitos totais (CD45+). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. *p<0,05, e n.s. = não significativa, pelo teste de Mann Whitney.
Ao dividirmos o grupo EDT de acordo com o estagiamento da doença, observamos
em ambas as populações de MDSC um aumento na frequência de células no sangue de
A B
55
pacientes com EDT I/II, comparadas com controles (Figura 15). Não há diferenças
comparando‐se amostras de sangue de pacientes do grupo III/IV com controles, ou entre a
frequência das populações de MDSC em amostras de FP de pacientes dos grupos I/II e III/IV,
comparados com controles. Entretanto, é possível constatar uma diferença na frequência de
células CD11b+CD33+ entre os pacientes do grupo I/II e III/IV; o grupo III/IV tem frequência
muito menor (p=0,009) de células do que o I/II, cuja frequência é semelhante ao grupo CTRL.
Para a população CD11b+CD33+CD34+, a frequência do grupo I/II permanece maior do que os
outros grupos, entretanto, o grupo CTRL tem frequência reduzida, mais próxima ao grupo
III/IV (Figura 15).
CTRL I/II III/IV0.0
0.2
0.4
0.6
0.8 n.s.*
n.s.
% C
D11
b+ CD
33+
CTRL I/II III/IV0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6n.s.
n.s.*%
CD
11b+ C
D33
+ CD
34+
CTRL I/II III/IV0.0
0.1
0.2
0.3
0.41.52.02.5 **
n.s.n.s.
% C
D11
b+ CD
33+
CTRL I/II III/IV0.00.10.20.30.40.50.8
1.0n.s.
n.s.n.s.
% C
D11
b+ CD
33+ C
D34
+
Figura 15 ‐ Frequência de células supressoras mieloides (MDSC) CD11b+CD33+ e CD11b+CD33+CD34+ em amostras de sangue (A e B) e fluido peritoneal (C e D) de pacientes com endometriose subagrupados em estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12), e controles (CTRL, n=8). As células MDSC são mostradas como porcentagem de células dentre os leucócitos totais (CD45+). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. *p<0,05, ** p<0,01, e n.s. = não significativa, pelo teste de Mann Whitney.
A comparação de amostras de sangue e FP entre os grupos mostrou maior frequência
de MDSC CD11b+CD33+ e CD11b+CD33+CD34+ no sangue do que no FP dos grupos EDT e III/IV
(p=0,0038 e p=0,0033 para o grupo EDT, respectivamente, e p=0,024 e p=0,0007 para o
grupo III/IV, respectivamente). O grupo I/II não apresentou diferenças significativas entre
amostras de sangue e FP, apesar de haver uma tendência na observação de maior
C
A B
D
56
frequência células no sangue, principalmente para a população CD11b+CD33+(p=0,07). O
grupo CTRL também não mostrou diferenças entre as amostras, entretanto, há tendência a
maior frequência de células CD11b+CD33+ no FP que no sangue (p=0,09) (Figura 16).
CTRL EDT I/II III/IV0.0
0.2
0.4
0.6
1.5
2.0
2.5 **n.s. * n.s.
sangue
FP%
CD
11b+ C
D33
+
CTRL EDT I/II III/IV0.00.10.20.30.40.5
0.8
1.0
sangue
FP
n.s. ** ** n.s.
% C
D11
b+ CD
33+ C
D34
+
Figura 16 ‐ Comparação da frequência de células supressoras mieloides (MDSC) CD11b+CD33+ (A) e CD11b+CD33+CD34+ (B) entre amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19), divididas em estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12), e controles (CTRL, n=8). As células MDSC são mostradas como porcentagem de células dentre os leucócitos totais (CD45+). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II (n=7), endometriose mínima/leve; III/IV (n=12), endometriose moderada/grave; *p<0,05, ** p<0,01e n.s. = não significativa, pelo teste de Wilcoxon.
Não foi possível calcular a razão de células no FP pela razão de células no sangue das
pacientes devido ao grande número de pacientes com 0% de MDSC no sangue.
4.5 Análise do perfil de células dendríticas
Utilizando o mesmo painel de caracterização de MDSC, as células dendríticas (DC)
HLA‐DR+Lin1‐ foram selecionadas. Foi avaliada também a frequência de DC que expressam os
marcadores CD11b e CD33 (Figura 17).
A
B
57
Figura 17 ‐ Estratégia de análise para avaliação de células dendríticas (DC). Inicialmente, foram selecionadas células CD45+ (A). Dentro das células CD45+, foram selecionadas as células HLA‐DR+Lin1‐, que correspondem às células dendríticas (B) e nesta população, foi avaliada a expressão de CD11b e CD33 (C).
Foram analisados o fenótipo geral de células dendríticas (Lin‐HLA‐DR‐), a frequência
de DC mieloides (CD33+) e a frequência de DC mieloides positivas e negativas para o
marcador CD11b. A comparação entre média e mediana das frequências de populações de
DC no sangue e FP de pacientes com endometriose e controles está resumida na Tabela 7. As
comparações entre a frequência das populações de DC entre pacientes EDT de diferentes
estágios podem ser encontradas no apêndice (Tabela A12).
A B
C
58
Tabela 7 – Comparação da frequência de células dendríticas no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose e controles.
CTRL EDT
População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR) p DC
(sangue) 0,14 ± 0,07 0,14 (0,09 ‐ 0,22) 0,6 ± 1,16 0,39 (0,19 ‐ 0,44) p=0,016
DC (FP)
7,22 ± 5,44 6,1 (1,7 ‐ 14) 4,95 ± 5,4 1,08 (0,08 ‐ 9,9) p=0,148
DC CD33+
(sangue) 34,6 ± 22,3 37,6 (13,1 ‐ 49,9) 43,7 ± 34,5 29,4 (10,1 ‐ 75,6) p=0,5
DC CD33+ (FP)
73,9 ± 35,6 91,3 (49,8 ‐ 94,8) 58,6 ± 37,4 71,5 (16,9 ‐ 87,7) p=0,334
DC CD33+CD11b+
(sangue) 1,47 ± 1,85 1,08 (0 ‐ 2,12) 1,74 ± 2,3 1 (0,39 ‐ 2,35 p=0,785
DC CD33+CD11b+
(FP) 79,8 ± 24,7 89 (83,4 ‐ 90,7) 42,7 ± 34,7 51,4 (0,05 ‐ 72,5) p=0,01
DC CD33+CD11b‐
(sangue) 37,9 ± 19,4 38,9 (25,2 ‐ 53,1) 42,1 ± 34 29,4 (10,1 ‐ 74,5) p=0,778
DC CD33+CD11b‐
(FP) 4,6 ± 3,9 3,6 (2,9 ‐ 4,3) 19,1 ± 21,4 10,9 (1,4 ‐ 30,7) p=0,092
Valores apresentados como frequência de células (%). CTL=controle, EDT= endometriose, DC = célula dendrítica, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, FP = Fluido Peritoneal. Valor de p calculado pelo teste t de Student não pareado/Mann Whitney, quando apropriado.
A frequência de DC (Lin‐HLA‐DR‐) está aumentada no sangue de pacientes com
endometriose, comparadas com controles (p= 0,01). Quando as pacientes do grupo EDT são
subdivididas em estágios de doença I/II e III/IV, essa diferença é mantida apenas no grupo
III/IV (Figura 18A). Não foram encontradas diferenças entre a frequência de DC no FP de
pacientes com endometriose (em todos os estágios) e controles (Figura 18B).
Comparando‐se a frequência de Lin‐HLA‐DR‐ em amostras de sangue e FP dentro dos
grupos, observamos maior frequência em amostras de FP de pacientes do grupo EDT
(p=0,03) e em controles (p=0,01) (Figura 18C). Apesar de haver uma tendência à maior
frequência de DC no FP que no sangue de pacientes dos grupos I/II e III/IV, a diferença não
foi significativa (p=0,57 e p=0,05, respectivamente).
A razão existente entre a frequência de DC no FP pela frequência destas no sangue
de cada paciente é menor em pacientes com endometriose que em controles (p=0,01).
Comparando‐se os grupos de endometriose com controles, o grupo I/II mostrou redução
significante da razão FP:sangue (p=0,03) (Figura 18D).
59
CTRL EDT I/II III/IV0.00.20.40.60.81.0
4
5
6 *n.s. *
% D
C
CTRL EDT I/II III/IV0
5
10
15 n.s.n.s.
n.s.
% D
C
CTRL EDT I/II III/IV
0
3
6
9
12
15sangue
PF
** n.s. n.s.
% D
C
CTRL EDT I/II III/IV0
50
100
150 **
n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
Figura 18 ‐ Frequência de células dendríticas (DC) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19), subagrupadas em estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12), comparadas com controles (CTRL, n=8). Mostradas estão a frequência de DC no sangue (A) e FP (B) dos grupos estudados, a comparação entre as frequências em amostras de sangue e FP (C) e a razão existente entre a frequência de células no FP pela frequência de células no sangue de cada indivíduo (D). As células DC são mostradas como porcentagem de células dentre os leucócitos totais (CD45+). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II (n=7), endometriose mínima/leve; III/IV (n=12), endometriose moderada/grave; *p<0,05 e n.s. = não significativa, pelos testes de Mann Whitney (A, B e D) e Wilcoxon (C).
Não foram encontradas diferenças na frequência de mDC entre pacientes com
endometriose (todos os estágios) e controles em amostras de sangue ou FP (Figura 19A e B).
Assim como o que ocorre para DC, a frequência de mDC é maior no FP do que no sangue dos
vários grupos (Figura 19C). Essa diferença foi significante apenas para o grupo CTRL
(p=0,006) (Figura 19D). A avaliação da razão entre a frequência de mDC no FP pela
frequência de células no sangue não mostrou diferenças entre os grupos (dados não
mostrados).
A B
C D
60
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% D
C C
D33
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% D
C C
D33
+
CTRL EDT I/II III/IV
0
20
40
60
80
100sangue
PF
n.s.** n.s. n.s.
% D
C C
D33
+
CTRL EDT I/II III/IV012348
12162024
n.s.n.s.
n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
Figura 19 ‐ Frequência de células dendríticas CD33+ (mDC) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19), subagrupadas em estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12), comparadas com controles (CTRL, n=8). Mostradas estão a frequência de DC no sangue (A) e FP (B) dos grupos estudados, a comparação entre as frequências em amostras de sangue e FP (C) e a razão existente entre a frequência de células no FP pela frequência de células no sangue de cada indivíduo (D). As células DC CD33+ são mostradas como porcentagem de células dentre as DC (Lin‐HLA‐DR‐). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II (n=7), endometriose mínima/leve; III/IV (n=12), endometriose moderada/grave; ** p<0,01 e n.s. = não significativa, pelos testes t de Student não pareado (A, B e D) e (C).
A seguir, analisamos a frequência de DC CD33+CD11b+ e CD33+CD11b‐. Ao investigar a
distribuição de DC CD33+ CD11b+ e CD11b‐, percebemos que o padrão de distribuição é
diferente em amostras de sangue e FP; enquanto no sangue a grande maioria de mDC é
CD11b‐, no FP, a maioria torna‐se CD11b+ (Figura 20A).
A B
C D
61
sangue FP0
20
40
60
80
100
CD11b+CD11b-
%
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100
CD11b+CD11b-
%CTRL EDT I/II III/IV
0
20
40
60
80
100
CD11b+CD11b-
%
Figura 20 ‐ Distribuição de células CD11b+ e CD11b‐ em células dendríticas CD33+ do sangue e fluido peritoneal (FP) das pacientes com endometriose e controle. Estão mostradas a média da frequência de células de cada população de todos os grupos estudados, calculadas dentro do total de células dendríticas CD33+(A), além da distribuição das populações em amostras de sangue (B) e FP (C) dentro de cada grupo de pacientes. CTRL=controle (n=8), EDT = endometriose (n=12), I/II = endometriose leve/moderada (n=7), III/IV = endometriose moderada/grave (n=12).
A análise da Figura 20 já indica que não há grande diferenças entre os grupos quanto
às populações CD11b+ e CD11b‐ no sangue, mesmo quando o grupo EDT é dividido de acordo
com o estagiamento. A frequência de células CD33+CD11b+ no FP, no entanto, foi
significativamente menor em pacientes com EDT, comparadas com controles (p=0,01)
(Figura 21D). A subdivisão das pacientes de acordo com o estagiamento da doença também
revelou menor frequência de DC no FP, comparadas com controles (p=0,02 e p=0,04 para
estágios I/II e III/IV, respectivamente). Quanto à população CD33+CD11b‐, apesar de não ter
sido comprovada significância estatística, há um visível aumento na frequência dessas
células no FP de pacientes com endometriose, comparadas com controles (EDT: p=0,09, I/II:
p=0,05, III/IV: p=0,16) (Figura 21D).
A comparação entre a frequência dessas células em amostras de sangue e FP indica
que as DC CD33+CD11b+ estão muito mais frequentes em amostras de FP do que de sangue,
em todos os grupos (EDT: p=0,0001, I/II: p=0,01, III/IV: p=0,004 e CTRL: p=0,0001) (Figura
21E). Conforme já mostrado na Figura 20, o oposto é visto para as células CD33+CD11b‐,
muito mais frequentes em amostras de sangue do que FP (EDT: p=0,01, I/II: p=0,37, III/IV:
p=0,03 e CTRL: p=0,008) (Figura 21F).
A B
C
62
Não foram encontradas diferenças entre os grupos quanto à razão dessas células no
FP e no sangue (dados não mostrados).
CTRL EDT I/II III/IV0
2
4
6
8
10n.s.
n.s.n.s.
% D
C C
D33
+ CD
11b+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% D
C C
D33
+ CD
11b-
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100**
**
% D
C C
D33
+ CD
11b+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80n.s.
n.s.n.s.
% D
C C
D33
+ CD
11b-
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100sangue
PF
*** ***** *
% D
C C
D33
+ CD
11b+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100sangue
PF
* *** n.s.
% D
C C
D33
+ CD
11b-
Figura 21 ‐ Frequência de células dendríticas (DC) CD33+ CD11b+ e CD11b‐ em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19), subagrupadas em estágios I/II (n=7) e III/IV (n=12), comparadas com controles (CTRL, n=8). Mostradas estão a frequência de DC no sangue (A e B) e FP (C e D) dos grupos estudados e a comparação entre as frequências em amostras de sangue e FP (E e F). Os dados são mostrados como frequência de DC CD11b+ e CD11b‐ é mostrada como frequência de células dendríticas Lin‐
HLA‐DR‐. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II (n=7), endometriose mínima/leve; III/IV (n=12), endometriose moderada/grave; *p<0,05, ** p<0,01, *** p<0,001 e n.s. = não significativa, pelos testes t de Student não pareado (A, B e D) e pareado (C).
A B
C D
E F
63
4.6 Quantificação de citocinas pró e anti‐inflamatórias
A quantificação das citocinas IL‐2, IL‐4. IL‐6, IL‐10, IL‐12, IL‐17, TNF‐α, IFN‐γ e TGF‐β
foi investigada em amostras de sangue e FP de pacientes com e sem endometriose. Os
resultados estão resumidos na Tabela 8.
Tabela 8 – Avaliação de citocinas no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose, divididas em estágios I/II e III/IV, e controles. CTRL EDT I/II III/IV
Citocina (pg/mL) Amostra N Mediana (IQR) N Mediana
(IQR) N Mediana (IQR) N Mediana (IQR)
IL‐2 FP ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15 sg ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15
IL‐4 FP ‐ < 15 1 18,59 ‐ < 15 1 18,59 sg ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15
TNF‐α FP ‐ < 15 1 22 ‐ < 15 1 22 sg ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15
IFN‐γ FP ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15
sg 2 18 (15‐22) ‐ < 15 ‐ < 15 ‐ < 15
IL‐10 FP 2 22 (20‐25) 6 30(21‐158) 3 24 (23‐264) 3 37(18‐123) sg ‐ < 17 ‐ < 17 ‐ < 17 ‐ < 17
IL‐6 FP 7 43(40‐117) 15 52(43‐138) 5 94 (44‐573) 10 52(41‐ 136) sg 1 20 ‐ < 16 ‐ < 16 ‐ < 16
IL‐17 FP 2 13 (9‐17) 2 70 (9‐131) 2 70 (9‐131) ‐ < 4 sg 4 14 (8,5‐25) 3 15 (10‐24) 1 15 2 17 (10‐24)
TGF‐β FP 6 815 (450‐2947) 15 849 (652‐
1561) 6 1097 (684‐1753) 9 800 (522‐1832)
sg 8 1425 (565‐2358) 16 1529 (895‐4655) 4 3165 (1005‐
5931) 12 1529 (804‐2533)
IL‐12 FP 6 185 (105‐551) 17 201 (58‐368) 6 148 (37‐295) 11 201 (66‐466)
sg 8 3924 (684‐8286) 19 987 (491‐1833) 7 856 (645‐
1050) 12 1172 (468‐4119)
CTRL = controle, EDT = endometriose; I/II = endometriose mínima/leve, III/IV= endometriose moderada/grave, N = número amostral, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, FP = Fluido Peritoneal.
Os níveis das citocinas anti‐inflamatórias IL‐4 e IL‐10, além da citocina pró‐
inflamatória TNF‐α, estavam abaixo do limite de detecção do método em amostras de
sangue das pacientes estudadas. Não foi possível quantificar a IL‐2 em nenhuma amostra de
sangue ou FP estudadas, pois todas as quantificações estavam abaixo dos níveis de detecção
do kit.
Foi possível quantificar TNF‐α e IL‐4 no FP de apenas uma paciente com
endometriose (uma paciente com EDT estágio IV), pois todas as quantificações dos outros
pacientes estavam abaixo do limite de detecção do kit.
64
A quantificação de IL‐10 foi possível apenas no FP de 8 pacientes: 3 pacientes com
endometriose I/II, 3 com EDT III/IV e 2 controles, visto que as demais estavam abaixo dos
níveis de detecção do kit. Apenas duas pacientes com endometriose I/II e duas controles
apresentaram níveis de IL‐17A no FP. No sangue, essa citocina foi detectada em quatro
mulheres do grupo EDT, duas do grupo III/IV e uma com EDT I/II. A citocina pró‐inflamatória
IFN‐γ foi detectada apenas em amostras de sangue de duas pacientes do grupo CTRL. Para o
restante das amostras, as citocinas supracitadas estavam abaixo dos níveis de detecção do
método utilizado.
A citocina IL‐6 foi detectada no FP de quase todas as pacientes incluídas no estudo.
Não foram encontradas diferenças significativas na quantificação dessa citocina entre os
diferentes grupos (Figura 22A). Todas as amostras de sangue estavam abaixo dos níveis de
detecção de IL‐6 do kit.
A concentração de TGF‐β foi similar entre os grupos estudados. No sangue, a
mediana foi de 1425 pg/mL (565 – 2358) para o grupo CTRL e 1529 pg/mL (895 – 4655) para
o grupo EDT. A mediana do grupo I/II foi um pouco mais alta do que os outros grupos (3165
pg/mL), entretanto, devido ao reduzido n e variação entre as amostras (IQR: 1005 – 5931,
n=4), não pode ser considerado. No FP, as medianas também foram próximas: 815 pg/mL
(450 – 2947) para o grupo CTRL e 849 pg/mL (652 – 1561) para o grupo EDT. Mais uma vez, a
mediana do grupo I/II mostrou‐se mais elevada: 1097 pg/mL (684 – 1753), porém sem
diferença estatística (Figura 22B e C).
A avaliação da citocina IL‐12 mostrou diferenças apenas comparando‐se amostras de
sangue de pacientes com endometriose I/II com controles (p=0,03) (Figura 22D). Embora
esta citocina esteja presente em menor concentração no sangue de pacientes dos grupos
EDT e III/IV do que em controles, esta diferença não foi estatisticamente significante. Não
foram encontradas diferenças na concentração de IL‐12 entre amostras de FP entre os
diversos grupos (Figura 22E).
65
CTRL EDT I/II III/IV0
50
100
150
200200600
1000n.s.
n.s.n.s.
IL- 6
(pg/
mL)
CTRL EDT I/II III/IV0
1000
2000
30003000
6000
9000 n.s.n.s.
n.s.
TGF-β
(pg/
mL)
CTRL EDT I/II III/IV0
500
1000
1500
2000
25003500
5500 n.s.n.s.
n.s.
TGF-β
(pg/
mL)
CTRL EDT I/II III/IV0
1000
200020007000
12000
15000
30000n.s.
*n.s.
IL-1
2 (p
g/m
L)
CTRL EDT I/II III/IV0
200
400
600
800
1000 n.s.n.s.
n.s.
IL-1
2 (p
g/m
L)
Figura 22 ‐ Concentração de IL‐6, TGF‐β e IL‐12 no sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT), subagrupadas em estágios I/II e III/IV, e controles (CTRL). Mostradas estão as concentrações de IL‐6 no FP (A), TGF‐β no sangue e no FP (B e C) e IL‐12 no sangue no FP (D e E) das pacientes incluídas no estudo. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II, endometriose mínima/leve; III/IV, endometriose moderada/grave; *p<0,05 e n.s. = não significativa, pelo teste de Mann Whitney.
Quando comparamos a concentração de TGF‐β e IL‐12 entre amostras de sangue e
FP, é possível notar uma tendência a maior concentração dessas citocinas no sangue do que
no FP de todos os grupos. Para TGF‐β, essa diferença é significativa apenas no grupo EDT
(p=0,0081) (Figura 23A). Já para IL‐12, a diferença mostra‐se significativa para o grupo EDT
(p=0,0003), I/II (p=0,03) e III/IV (p=0,001). No grupo controle, apesar de haver uma maior
A
B C
D E
66
concentração dessas citocinas no sangue do que no FP, essa diferença não é significativa
(TGF‐β p=0,8 e IL‐12 p=0,09) (Figura 23B).
CTRL EDT I/II III/IV0
2000
4000
6000
8000sangue
PF
**n.s. n.s. n.s.TG
F-β
(pg/
mL)
CTRL EDT I/II III/IV0
200
400
600600
16001600
116002160031600
sanguePF
*** ***n.s. *
IL-1
2 (p
g/m
L)
Figura 23 ‐ Comparação entre a concentração de TGF‐β (A) e IL‐12 (B) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL) e pacientes com endometriose (EDT), subagrupadas em estágios I/II e III/IV. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II, endometriose mínima/leve; III/IV, endometriose moderada/grave; *p<0,05, ** p<0,01, *** p<0,001 e n.s. = não significativa, pelo teste de Wilcoxon.
A
B
67
5 DISCUSSÃO
Diversos relatos mostram que a função de várias células do sistema imune encontra‐
se alterada em mulheres com endometriose (13). Visto que a endometriose é uma doença
ginecológica que acomete aproximadamente 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva,
e que as limita em diversas dimensões, há grande interesse no estudo da doença e, assim, na
busca de tratamentos menos invasivos para essas pacientes. Nesse estudo, a hipótese
aventada é de que a presença de células com propriedades imunorreguladoras no
microambiente peritoneal seja, pelo menos parcialmente, responsável pela redução da
capacidade das células imunes de reagir contra as células endometriais, permitindo sua
implantação e permanência em locais ectópico. Assim, aqui foi investigada a presença e a
quantificação das células Treg, NK, MDSC e DC no microambiente peritoneal e sangue de
mulheres com endometriose profunda, além da avaliação de citocinas pró e anti‐
inflamatórias.
Foram incluídas nesse estudo mulheres entre 26 e 51 anos com endometriose
profunda, ausência de doença autoimune, inflamatória ou condição neoplásica (confirmado
por exames médicos e/ou testes laboratoriais, quando necessário) e sem uso de terapia
hormonal por pelo menos três meses prévios ao estudo.
Esse estudo contou com amostras de 19 pacientes, com diagnóstico de endometriose
profunda confirmada por videolaparoscopia e análise histológica das lesões, e 8 controles.
Das 19 pacientes, sete foram classificadas com endometriose mínima/leve (estágio I/II) e 12
foram classificadas como tendo a forma moderada/grave da doença (estágios III e IV).
Como o volume de FP e a contagem de células difere entre pacientes, iniciamos o
estudo com uma avaliação geral das populações de leucócitos (CD45+), linfócitos T (CD3+), LT
CD4+ e LT CD4+ ativados (CD25+), para confirmar se a distribuição dessas células seria
diferente entre as pacientes com endometriose e em comparação com controles. Não foram
encontradas diferenças entre amostras de sangue e FP de pacientes com endometriose (em
diversos estágios) e controles. Conforme esperado, as populações citadas foram mais
frequentes em amostras de sangue do que de FP.
No presente estudo, foi analisada a frequência de células Treg
CD45+CD3+CD4+CD25highCD127lowFoxP3+ comparadas ao quadro geral de LT (frequência
dentre as células CD3+) e comparadas aos LT CD4+ em amostras de sangue e FP de pacientes
68
com endometriose e controles. O único resultado que mostrou diferença entre a frequência
destas células nas pacientes do grupo EDT e do grupo CTRL foi ao se comparar a frequência
destas no conjunto de LT CD4+ no FP; as pacientes com EDT mostraram uma redução na
frequência dessas células no FP, quando comparadas às controles (Figura 5A). Até o
momento, poucos grupos de pesquisa investigaram células T reguladoras em pacientes com
endometriose por meio de técnicas com alta eficácia para identificação e quantificação de
populações celulares como a citometria de fluxo multiparamétrica, e, dentre esses, poucos
avaliaram essas células em amostras de fluido peritoneal. Entre esses relatos, foi observado
aumento de células Foxp3+ no endométrio eutópico de mulheres com endometriose
peritoneal e ovariana durante a fase secretora do ciclo menstrual, comparadas com
controles; essas análises foram feitas por imunohistoquímica (51). Ainda, foi mostrado que o
número de células CD4+CD25+Foxp3+ está aumentado no endométrio ectópico
(endometrioma ovariano) quando comparadas com controles (52). Os relatos quantitativos
de células Treg já realizadas em amostras de fluido peritoneal (27), incluindo um estudo
anterior do nosso grupo de pesquisa, mostraram que há maior frequência dessas células no
FP de pacientes com EDT do que em amostras de controles. O estudo de Podgaec e
colaboradores (2012) (27) analisou a expressão de Foxp3 por PCR em tempo real (RT‐PCR)
dentre as células CD4+CD25high previamente separadas por citômetro de fluxo, além de não
utilizarem o marcador CD127. A RT‐ PCR reflete o quanto um determinado gene está sendo
expresso em uma célula (ou conjunto de células). Desse modo, o estudo citado
anteriormente afirma maior expressão do fator de transcrição Foxp3 dentre um conjunto de
células potencialmente Treg (CD4+CD25high), entretanto, não quantifica quantas células desse
conjunto expressam esse fator. Portanto, não se pode afirmar se houve aumento na
frequência de células Treg ou se as células Treg que existem no FP das pacientes com
endometriose estão expressando mais Foxp3, o que poderia estar relacionado com maior
função supressora dessas células; esse pode ser um dos motivos da não concordância dos
dados obtidos nesse estudo com os anteriormente observados por nosso grupo. O único
estudo publicado até o momento que investiga concomitantemente a frequência de células
Treg no fluido peritoneal e no sangue de pacientes com endometriose utilizando uma
abordagem bastante similar para caracterização fenotípica ao presente estudo, foi o de
Olkowska – Truchanowicz et al. (2013) (53). Apesar de não analisarem a expressão de CD127
e de sua coorte consistir de pacientes com cistos ovarianos, foi encontrada maior frequência
69
de células Treg no FP de pacientes com EDT, comparadas com controles, corroborando o
estudo de Podgaec et al. (2012) (27). Além disso, os autores encontraram uma redução na
frequência dessas células no sangue de pacientes com endometriose, comparadas com
controles. Apesar de não ter sido comprovada a significância estatística no presente estudo,
os dados apontam para uma tendência ao aumento na frequência de células Treg no sangue
de pacientes com endometriose, comparadas com as controles. O estudo de Olkowska –
Truchanowicz et al. (2013) (53) mostra, também, um aumento na frequência de células Treg
dentre os LT auxiliares CD4+ em amostras de FP de pacientes com endometriose. Em nosso
estudo, a frequência de células Treg dentre as células CD4+ mostra‐se reduzida no FP de
pacientes com EDT (p=0,04, Figura 5A). O número amostral do referido estudo é semelhante
ao nosso, com apenas alguns controles a mais (EDT=17 e CTRL=15), portanto não podemos
atribuir as diferenças encontradas ao pequeno número amostral. É possível que haja
diferença na distribuição de células imunes entre pacientes com tipos distintos de
endometriose; enquanto o trabalho de Olkowska – Truchanowicz e colaboradores (2013)
(53) foca em estudar a frequência das células Treg em pacientes com cistos endometrióticos
ovarianos, o presente trabalho estuda a frequência dessas células em pacientes com
endometriose profunda, um tipo geralmente mais agressivo de doença.
O fato dos dados obtidos no presente estudo discordarem dos previamente
observados pode estar relacionado com a origem da amostra, o tipo de endometriose
estudada (ovariana, e não profunda), com o pequeno número amostral aqui incluído, as
características individuais das pacientes, além das diferentes estratégias de caracterização
da população.
Sabendo que LT ativados também expressam CD25 e tem expressão transiente de
Foxp3, acreditamos que o conjunto de marcadores utilizados aqui seja o mais apropriado
para detecção de células Treg.
A menor frequência de Treg no FP de pacientes com endometriose observada nesse
estudo, particularmente em estágios mais leves de doença, é um dado bastante intrigante e
diverge de nossa hipótese inicial, de que células com propriedades imunorreguladoras
estariam presentes no microambiente peritoneal e que esse quadro seria prejudicial às
pacientes, levando‐as a desenvolverem a doença. Se esta hipótese estivesse correta,
esperaríamos encontrar maior frequência de células Treg no FP de pacientes com
endometriose, principalmente de estágios III/IV, do que controles. O que observamos nessa
70
coorte, entretanto, é uma redução na frequência dessas células no FP de pacientes com
endometriose. Essa redução é ainda mais aparente em pacientes com EDT I/II. Esses dados
sugerem então que essas células estejam no microambiente peritoneal para proteger contra
possíveis danos causados por células endometrióticas, e que na ausência ou redução da
frequência dessas células, a doença pode se desenvolver. Células endometriais ectópicas
liberam vários fatores que permitem o desenvolvimento da endometriose. Um quadro
oposto é observado no sangue; uma maior frequência de Treg em pacientes do grupo I/II,
seguida por III/IV e controles. O fato dos dados obtidos nesse estudo mostrarem tendência à
maior frequência de células Treg no sangue de pacientes com EDT, indica que, por algum
motivo, mais células estão sendo produzidas. Os dados de FP mostram que essas não estão
se acumulando no FP. É possível, também, que as células estejam infiltrando as lesões de
endometriose, e por isso apresentem‐se em frequências menores no FP que no sangue. De
fato, de acordo com Berbic e Fraser (2011) (54), muitas populações de células imunes, entre
elas células NK, DC e células Treg são recrutadas para o centro de lesões endometrióticas.
Assim, seu número é reduzido significantemente no peritônio adjacente e distante (54).
A razão entre a frequência de Treg no FP pela frequência de células no sangue
também é reduzida em pacientes com EDT.
Outra população de células com propriedade imunoreguladora que poderia participar
no desenvolvimento e progressão da endometriose são as células NK CD56brightCD16‐. A
população CD56brightCD16‐ compõe 10% do repertório de células NK e secreta citocinas
(como IFN‐γ, GM‐CSF, IL‐10 e IL‐13) que regulam as células do sistema imune (55), sendo,
por isso, chamada de NK imunoreguladora. Como são predominantes no útero, essas células
são também chamadas de NK uterinas, NK deciduais ou NK endometriais. As NK
CD56lowCD16+ representam a maioria (90%) das células NK na periferia e tem como principal
mecanismo de ação a citotoxicidade celular, sendo, portanto, chamadas de NK citotóxicas ou
NK convencionais. Já as células NK CD56brightCD16+ são as células NK menos estudadas e
estão presentes em pequena frequência no sangue e menor ainda no FP (Figura 9).
Não foram encontradas diferenças na frequência de nenhuma população de NK
citada acima entre pacientes com EDT e CTRL, em amostras de FP e sangue, mesmo
dividindo os pacientes com EDT em estágios I/II e III/IV. A maioria dos relatos existentes na
literatura até o momento tem como objeto de estudo as células NK convencionais,
CD56lowCD16+, e esses dados mostram‐se contrastantes. Um estudo recente, liderado por
71
Dias Jr. (56), encontrou maior frequência de células NK CD3‐CD56+CD16+ no sangue de
pacientes com endometriose, quando comparadas com controles (média 15,3% versus
10,6%). Essa diferença foi ainda maior comparando‐se pacientes com endometriose estágios
III/IV com controles (19,8% versus 10,6%), razão pela qual os autores sugerem utilizar a
frequência de NK no sangue como marcador diagnóstico de endometriose severa. No
presente estudo, a porcentagem média de células NK CD56lowCD16+ foi maior que a
encontrada por Dias Jr. et al. (2012) (56) (26,11%), entretanto as pacientes do grupo EDT I/II
apresentaram médias semelhantes às do grupo III/IV (28,7% versus 24,6%). As pacientes do
grupo controle também mostraram frequência de células NK elevada (22,7%), comparando
com controles de Dias Jr. et al. (2012) (56), o que pode explicar por que não houve
diferenças significativas entre o grupo EDT e CTRL (médias 26,11% versus 22,7%). Vale
lembrar que o número de pacientes incluídas nesse estudo é consideravelmente menor do
que o de Dias Jr. et al. (2012) (56).
Em outros estudos, no entanto, foi observado um quadro divergente do reportado
por Dias Jr. et al. (2012) (56). Em um estudo multicêntrico canadense, não foram
encontradas diferenças entre a frequência de células CD3‐CD56+, CD56+CD16+ ou
CD56+CD16‐ em pacientes com endometriose e controles (57). Comparando‐se pacientes de
estágio I/II e III/IV com controles, Provinciali et al. (1995) (58) mostrou não haver diferenças
na frequência e número absoluto de células NK CD16+ ou CD56+ em amostras de sangue
entre os grupos. Um estudo mais antigo (59) utilizou os marcadores CD16 e CD56 para
identificar células NK no FP de pacientes com EDT e também observou frequências
semelhantes entre amostras de pacientes com e sem a doença. Recentemente, o estudo de
Funamizu e colaboradores (2014) (60) investigou a frequência de células NK CD56+CD16+, NK
CD56brightCD16+ e NK CD56dimCD16+ no FP de pacientes com endometriose e também não
encontrou diferenças significativas entre as amostras de pacientes com endometriose e
controles.
Até o momento, não existem na literatura relatos do estudo de células NK
CD56brightCD16‐ em pacientes com endometriose.
Sabendo que as células CD56lowCD16+ são a maioria no sangue, e que as NK
CD56brightCD16‐ são minoria no sangue, porém maioria no FP, esperávamos encontrar
diferenças entre a frequência das populações entre amostras de sangue e FP. Conforme
esperado, a frequência de células CD56lowCD16+ e CD56brightCD16+ foi maior em amostras de
72
sangue que de FP (Figura 10), enquanto a frequência de células CD56brightCD16‐ foi maior em
amostras de FP do que de sangue.
A seguir, decidimos avaliar a expressão de CD57 e CD161, marcadores relacionados à
maturação e ativação de células NK, em cada população de células. Existem três hipóteses
que relacionam a origem das subpopulações de células NK e o surgimento de marcadores
clássicos como CD56, CD16 e CD57. A primeira hipótese sugere que as subpopulações
possuem fenótipos e funções distintas devido a suas origens partirem de precursores
diferentes; a segunda sugere que as células partem de um mesmo precursor, porém exposto
a estímulos distintos e por tal razão são tão diferentes (61). De acordo com a terceira
hipótese, as células CD56brightCD16‐ seriam células imaturas que, conforme vão
amadurecendo, ganham a expressão do CD16 e consequente função citotóxica (62). Um
ponto interessante dessa teoria é que o auge de maturação da célula NK seria atingido com
a expressão do marcador CD57. Portanto, durante a maturação, células CD56brightCD16‐
passariam por fases intermediárias (CD56brightCD16+ e CD56lowCD16+) até o estágio final de
maturação (células CD56+CD16+CD57+) (63).
Assim, de acordo com a terceira hipótese, o esperado seria que células imaturas
CD56brightCD16‐ tivessem menor expressão de marcadores de maturação como CD57 que
células mais maduras, CD56brightCD16+ e CD56lowCD16+. Realmente, foi possível observar um
aumento na frequência de células positivas para o CD57 de acordo com a maturação das
células, de células CD56brightCD16‐ a células CD56brightCD16+ e CD56lowCD16+, o qual mostrou‐
se significante apenas comparando as pacientes com EDT (dados não apresentados).
A frequência de células NK maduras (CD57+) está aumentada nas células NK
CD56brightCD16+ e CD56lowCD16+ do sangue de pacientes com endometriose comparadas com
controles.
É verdade que a expressão de CD57 é crescente da população CD56brightCD16‐ para a
CD56brightCD16+ e mais ainda para a CD56lowCD16+, observação que vem de acordo com a
teoria da maturação. O CD57 em células NK parece estar mais associado a estágios finais de
maturação das células e não ao quadro não‐funcional da senescência propriamente dita. Em
células NK, o CD57 é um marcador de células mais maduras, e podem ter sido submetidas a
mais divisões, resultante de respostas a patógenos e citocinas (63). Tendo isso em vista, é
possível que o aumento da expressão de CD57 observado em pacientes com endometriose
73
seja resultante da estimulação constante de células NK por células endometriais ectópicas e
os produtos liberados por elas.
De acordo com Lopez – Vergès et al. (2010), as células NK CD57+ parecem proliferar
menos e apresentam maior eficiência na citólise induzida por CD16. Para eles, as células
CD57+ seriam células mais especializadas, com menor produção de citocinas, porém mais
eficientes na lise de células alvo (63). É curioso termos encontrado um aumento na
frequência de células NK CD57+ no sangue de pacientes com endometriose, visto que é
descrita menor capacidade citotóxica de células NK nessas pacientes (64). A hipótese que
sugerimos então, é que apesar de estar tendo estimulação antigênica excessiva pelas células
endometriais ectópicas, o que faz as células se dividirem mais e expressarem CD57, é
possível que, por algum motivo, o reconhecimento dessas células pelas células NK esteja
deficiente. A investigação de receptores inibitórios e seus ligantes em células NK e no tecido
endometrial poderia esclarecer se a capacidade de reconhecimento está reduzida nas
pacientes com endometriose. Ainda, é possível que o microambiente peritoneal esteja
contribuindo para a redução no reconhecimento de células NK.
As diversas populações de células NK aqui estudadas parecem ter níveis de ativação
semelhantes, indicados aqui pela expressão de CD161.
A presença de células supressoras mieloides (MDSC), até o momento, não foi
investigada em pacientes com endometriose. As MDSC compõem um grupo heterogêneo de
células, e por tal razão, sua caracterização baseada em marcadores expressos em sua
superfície se torna bastante complexa. Por isso, iniciamos a investigação de MDSC de quatro
fenótipos: Lin1‐HLA‐DR‐CD11b+CD33+, Lin1‐HLA‐DR‐CD11b+CD33+CD34+, Lin1‐HLA‐DR‐
CD11b+CD33+C15+ e Lin1‐HLA‐DR‐CD11b+CD33+CD34+CD15+. A frequência de células
CD11b+CD33+C15+ e CD11b+CD33+CD34+CD15+ foi extremamente baixa nas amostras das
pacientes incluídas nesse estudo e não foram comprovadas diferenças entre os grupos (EDT
versus CTRL ou I/II e III/IV versus CTRL), ou entre amostras estudadas (sangue versus FP em
cada grupo). Por esta razão, focamos na avaliação de MDSC CD11b+CD33+e
CD11b+CD33+CD34+.
Os dados mostram que ambas as populações são mais frequentes em amostras de
sangue de pacientes com endometriose do que de controles (Figura 14) e que,
principalmente para as MDSC CD11b+CD33+ há tendência a menor frequência de células no
FP de pacientes com endometriose que controles. Conforme citado anteriormente, em
74
pacientes com diversos tipos de tumores, há um aumento de frequência de MDSC no sangue
e também no ambiente tumoral. A maior frequência de MDSC no sangue de pacientes com
endometriose (particularmente da população CD11b+CD33+CD34+) indica maior produção de
células imaturas pela medula óssea. No entanto, esperávamos encontrar um aumento,
também no FP dessas pacientes, e não uma tendência à diminuição na frequência de células.
Uma hipótese a ser levantada a partir das observações do FP é que, assim como
ocorre em tumores sólidos, e assim como o que foi sugerido para Treg, as células MDSC
podem ter sido recrutadas para o local da lesão e terem infiltrado o(s) tecido(s). Assim, sua
frequência não estaria aumentada no microambiente (FP). Entretanto, para chegar a tal
conclusão, há necessidade de investigação das populações celulares infiltrantes nas lesões
endometriais, em paralelo às amostras de fluido peritoneal e de sangue das pacientes.
Assim como o que ocorre com as células Treg, as MDSC parecem ser mais frequentes
em amostras de sangue de pacientes do grupo I/II do que de III/IV e CTRL. Em tumores
sólidos, a frequência de MDSC tende a aumentar conforme o estágio da doença, tanto no
sangue quanto no próprio tumor. Vale ressaltar, no entanto, que os estágios I, II, III e IV de
endometriose não são progressivos, ou seja, uma paciente com endometriose I não
necessariamente evolui para o estágio II, e assim por diante. Apesar dos estágios III/IV
estarem geralmente associados com quadros mais graves de doença, existem pacientes com
endometriose severa que sequer sentem dor ou apresentam sintomas, infertilidade ou
qualquer manifestação. Com isso, surge a hipótese que estes sejam tipos diferentes de
endometriose, com manifestações clínicas, cirúrgicas e até mesmo imunológicas distintas. É
possível que a endometriose I/II seja um tipo mais inflamatório, e por este ou outros
motivos, induza maior produção de MDSC.
Ainda, considerando a hipótese de que as MDSC estejam infiltrando nas lesões
endometrióticas e por isso não tem frequência aumentada no FP, podemos considerar que
se as pacientes do grupo III/IV apresentam menor frequência de células no FP, é possível que
nestas pacientes, as células poderiam estar infiltrando mais nas lesões. Neste cenário, a
endometriose estaria induzindo a produção de MDSC na medula óssea, o que faria sua
frequência aumentar no sangue, e estas células seriam recrutadas para o microambiente
peritoneal. Nesse local, as MDSC de pacientes com endometriose moderada/grave
infiltrariam a lesão com mais facilidade, possivelmente atraídas por mais estímulos que em
pacientes com endometriose mínima/leve, o que poderia explicar a menor frequência
75
dessas no FP. A maior frequência de MDSC no FP de pacientes do grupo I/II poderia indicar
que estas células foram atraídas para o local, porém ainda não infiltraram a lesão.
Ainda, a frequência de células dendríticas (DC) foi avaliada nessa coorte de pacientes.
Três fenótipos foram escolhidos para a caracterização de DC: um fenótipo mais geral, Lin‐
HLA‐DR+, um fenótipo que seleciona DC mieloides (mDC), Lin‐HLA‐DR+CD33+, e um fenótipo
pouco utilizado para DC, que investiga a expressão de CD11b nas mDC, o Lin‐HLA‐
DR+CD33+CD11b+ e Lin‐HLA‐DR+CD33+CD11b‐.
A subdivisão de DC em humanos nas diversas subpopulações ainda não está clara na
literatura. De um modo geral, as DC do sangue são classificadas como DC mieloides (mDC),
Lin‐HLA‐DR+CD11c+, e plasmocitóides (pDC), Lin‐HLA‐DR+CD11c‐, devido a diferenças na
origem, expressão de marcadores e funções dessas células. As mDC são a maioria das DC no
sangue e tecidos linfoides e não linfoides e podem ser subdivididas, ainda, em diversas
subpopulações (45).
Embora não seja usual na caracterização de DC, seria lógico supor que mDC tem a
expressão de marcadores que indiquem sua origem mieloide, como o CD33. Inclusive,
diversos relatos indicam que as DC CD11c+HLA‐DR+ comumente utilizadas em experimentos,
sejam estas DC isoladas do sangue ou derivadas de monócitos, são de fato CD33+ (46‐48).
Dessa forma, analisamos a frequência geral de DC e a frequência de mDC em
pacientes com endometriose. Em nosso estudo, a frequência de DC mostrou‐se aumentada
no sangue de pacientes com endometriose, comparadas às controles (Figura 18). Em todos
os grupos, a frequência de DC foi maior no FP do que no sangue. Em concordância com esses
dados, a razão entre a frequência de células no FP pela frequência de células no sangue
também foi menor em pacientes com endometriose.
Apesar de não termos encontrado diferenças significativas na frequência dessas
células no FP entre os grupos, há uma tendência à redução na frequência de DC em
pacientes com EDT (comparadas com controles), principalmente no grupo I/II (Figura 18B).
Ao analisarmos a porção de DC CD33+, também não vemos diferenças entre amostras
de pacientes com endometriose e controles. Assim como o que ocorre para as DC gerais, a
frequência de mDC parece ser maior em amostras de FP do que em amostras de sangue
(Figura 19).
Dentre as mDC, foi possível observar uma população CD11b+ e uma CD11b‐. É comum
a exclusão do CD11b das análises de DC, principalmente a fim de excluir contaminações por
76
monócitos da população de DC. No entanto, já foi mostrado que o CD11b é expresso em
diversas populações de DC (65). Patterson et al. (2005) mostra que até 50% das DC do
sangue (Lin‐DR+CD1c+CD11c+) são CD11b+, e esse número aumenta em cultura com IL‐4 e
GM‐CSF (66). Esse grupo isolou, a partir de DC CD1c+ do sangue, duas populações
fenotipicamente semelhantes, uma CD11b+ e outra CD11b‐. Após cultura com estímulos
inespecíficos (IL‐4 e GM‐CSF), a população CD11b‐ passou a expressar altos níveis de MHC II
e moléculas co‐estimuladoras (CD80, CD83 e CD86), sendo portanto chamadas de células
maduras. As células CD11b+, no entanto, passaram a expressar CD1a e DC‐SIGN,
permaneceram negativas para CD80 e CD83, tem baixa expressão de CD86 e eram negativas
para CCR7, indicando que não estão maduras para migrar para linfonodos. As células CD11b+
apresentaram níveis de endocitose superiores ao das células CD11b‐, outro indicativo de que
estas células são de fato imaturas. Trata‐se de uma população de DC imaturas, distintas de
monócitos ou precursores de células de Langerhans e DC dérmicas (66).
Apesar de não utilizarmos marcadores mais específicos de DC nesse trabalho, como
CD11c e CD1c, é possível que as DC CD33+CD11b+ aqui encontradas sejam a população
imatura citada por Patterson e colaboradores (2005) (66).
Em nossas amostras, uma média de 95% das DC CD33+ do sangue são CD11b‐. No FP,
essa frequência cai para menos de 30%, sendo mais de 70% das células CD11b+ (Figura 20).
Considerando a hipótese de que as DC CD11b+ seriam células imaturas, é possível propor
que no FP há um acúmulo de DC imaturas, enquanto no sangue, predominem as DC
maduras. Comparando‐se amostras de pacientes com endometriose com amostras de
controles, no entanto, vemos menor frequência de células CD11b+ no FP de pacientes com
endometriose. Além disso, apesar de não haver diferenças significantes, há uma tendência a
maior frequência de CD11b‐ no FP de pacientes com endometriose, comparadas com
controles (Figura 21). Em outras palavras, no FP de pacientes com endometriose, há menos
DC imaturas (CD11b+) e mais DC maduras (CD11b‐), quando comparadas com controles.
Há apenas um relato na literatura que investiga a presença de DC em amostras de
pacientes com endometriose (13). Nesse estudo, os autores avaliam o estado de maturação
de DC no endométrio tópico e ectópico de pacientes com endometriose, através da análise
dos marcadores CD1a e CD83 por imunohistoquímica. Os dados mostram que há mais DC
imaturas (CD1a+) e menos células maduras (CD83+) nas lesões endometrióticas e endométrio
eutópico de pacientes com endometriose. Apesar da aparente contradição dos presentes
77
achados, vale citar que, assim como citado para células Treg e MDSC, a frequência de células
no FP não necessariamente reflete a frequência de células nas lesões. Desse modo, é
possível que mais DC imaturas (CD1a+) estejam infiltrando as lesões, o que poderia significar
redução de sua frequência no FP. Ainda, vale lembrar que o CD1a é um marcador presente
em DC dérmicas e LC. Dessa forma, é possível que as DC descritas por (13) sejam DC
teciduais.
Estudos recentes abordaram a importância de DC na endometriose por meio da
depleção destas em um modelo murino da doença. Os trabalhos, no entanto, mostram
resultados contrastantes. De acordo com Pencovich et al. (2013) a depleção de DC CD11c+
levou a lesões endometrióticas menores, o que indica que o desenvolvimento das lesões é
dependente de DC (67). Para eles, as DC promoveriam vascularização e crescimento das
lesões. Já o trabalho de Stanic et al. (2014) (68) mostra que ao depletar DC, utilizando um
modelo semelhante ao de Pencovich et al. (2013) (67), as lesões endometrióticas são
maiores. O grupo mostra, ainda, que sem DC, a expressão de CD69 diminui nos LT, e conclui
que as DC seriam responsáveis por ativar LT e impedir a formação, ou crescimento, das
lesões.
Seja qual for o papel das DC na endometriose, é indiscutível que sua participação é
essencial para o resultado final da doença. Estudos posteriores focando as diferentes
subpopulações de DC e moléculas co‐estimuladoras deverão ser feitos em pacientes com
endometriose para estabelecer a função destas no desenvolvimento da doença.
Além da avaliação das populações celulares, a análise das citocinas presentes no
microambiente é um indicativo do seu perfil anti e pró‐inflamatório, e reflexo das células
presentes nesse local. Uma condição com perfil direcionado para citocinas inflamatórias,
com a presença de IL‐12, IFN‐γ, IL‐2 e TNF‐α, por exemplo, poderia indicar uma resposta
imune efetora aguda, com recrutamento e ativação de células da circulação e tecidos
adjacentes, além da tentativa de eliminação do agente agressor. Se a eliminação do agente
agressor não for efetiva, as células recrutadas e ativadas no ambiente podem ser
responsáveis por causar danos teciduais. Já em uma condição onde a concentração de
citocinas anti‐inflamatórias, como TGF‐β e IL‐10, está aumentada em relação às citocinas
pró‐inflamatórias, poderia indicar que está ocorrendo supressão da resposta imune efetora.
Nesse estudo, foi possível dosar efetivamente apenas a concentração de IL‐12(p70),
TGF‐β1 e IL‐6; o restante das citocinas estavam abaixo dos níveis de detecção do método
78
utilizado. Foi possível quantificar os níveis de IL‐2, IL‐4, TNF‐α, IFN‐γ e IL‐10 apenas em
alguns indivíduos (tabela 7); no restante das amostras, a concentração dessas citocinas
estava abaixo dos limites mínimos de detecção do CBA.
No presente estudo, as frequências de IL‐6, TGF‐β1 e IL‐12 foram semelhantes entre
as amostras analisadas. A concentração de IL‐12, no entanto, parece estar diminuída no
sangue de pacientes com endometriose I/II, comparadas com o grupo CTRL (Figura 17D).
Esse mesmo padrão é observado nos grupos EDT e III/IV, apesar do resultado não atingir
significância estatística. A IL‐12 é uma citocina liberada por principalmente por DC e
macrófagos e ativa células NK e LT do tipo Th1. A redução na concentração de IL‐12 no
sangue de pacientes com endometriose poderia indicar defeitos na ativação de células
imunes efetoras, como macrófagos, células NK e LT, por sua vez contribuindo para a
permanência de lesões endometrióticas em locais ectópicos.
Em uma doença onde antígenos endometriais viáveis escapam a imunovigilância, é
provável que alterações em populações de células imunorreguladoras, como as populações
aqui estudadas, estejam ligadas à patogênese e progressão da doença. Os resultados aqui
mostrados sugerem que populações imunorreguladoras estão alteradas em pacientes com
endometriose. A maior frequência de células Treg, MDSC e DC no sangue de pacientes com
endometriose (comparadas com controles) indica que o quadro gerado pela endometriose
esteja induzindo maior produção dessas células em pacientes com a doença que indivíduos
controle. Ainda, a regulação aqui sugerida parece ser a nível sistêmico e não local, visto que
os níveis dessas populações não estão aumentados no FP das pacientes. A investigação
dessas populações celulares nas lesões de endometriose é extremamente importante na
tentativa de entender se a reduzida frequência dessas células em amostras de FP é
mascarada pela infiltração das células nas lesões ou se estas células simplesmente não estão
sendo recrutadas para o microambiente.
79
6 CONCLUSÕES
Em uma doença onde antígenos endometriais viáveis escapam a imunovigilância, é
provável que alterações em populações de células imunorreguladoras, como as populações
aqui estudadas, estejam ligadas à patogênese e progressão da doença.
Nossos dados sustentam a hipótese inicial de que antígenos endometriais viáveis
escapam a imunovigilância em parte devido a alterações em populações de células
imunorreguladoras, como as populações de Treg, MDSC e DC aqui estudadas, e que estas
estejam ligadas à patogênese e progressão da doença. Entre os achados, destacam‐se:
‐ Há maior frequência de Treg, MDSC e DC no sangue de pacientes com endometriose,
comparadas com controles;
‐ No FP, há uma tendência à redução da frequência de Treg, MDSC e DC em pacientes com
endometriose;
‐ Não foram encontradas diferenças na frequência das populações de células NK entre
pacientes com endometriose e controles, tanto no sangue quanto no FP;
‐ As células NK de amostras de sangue de pacientes com endometriose possuem maior
expressão do antígeno CD57 em sua superfície do que controles, o que pode estar
relacionado a células em estágio final de maturação;
‐ A concentração de IL‐12 foi reduzida no sangue de pacientes com endometriose versus
controles; não foram encontradas diferenças na frequência de IL‐6 e TGF‐β entre as
amostras de pacientes com EDT e controles;
‐ Não foi possível quantificar as citocinas IL‐2, IL‐4, IL‐10, IFN‐γ, TNF‐α no sangue e FP de
pacientes com EDT e controles, devido aos níveis destas estarem abaixo dos níveis
detectáveis pelo kit.
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86
APÊNDICE – Tabelas e figuras suplementares
Tabela A1 – Características clínicas das pacientes com endometriose incluídas no estudo.
Paciente Idade IMC Fase do ciclo EADDPA
Disp. profunda
EAD AIC
EAD AUC
EAD Dismeno. Infert. Estágio
ASRM
1 43 21 Secretora 4 4 6 0 8 não I
2 26 19 Secretora 4 7 4 0 8 ST II
3 35 24 ND 6 6 7 2 9 ST IV
4 38 27 Secretora 0 4 4 0 8 2ª IV
5 41 21 Secretora 0 0 0 0 0 ST II
6 29 31 Secretora 6 7 7 0 9 1ª III
7 51 27 Proliferativa 0 0 0 0 5 ST I
8 37 27 Secretora 3 3 0 0 5 não III
9 43 23 ND 7 ? 7 0 8 ST IV
10 29 22 Proliferativa 0 8 9 3 10 1ª IV
11 40 22 Proliferativa 8 7 0 0 9 não IV
12 36 21 Secretora 7 0 0 0 10 1ª II
13 37 30 Proliferativa 6 5 5 0 8 1ª II
14 37 27 Secretora 0 0 0 0 9 ST I
15 44 24 Proliferativa 0 7 0 0 0 1ª IV
16 32 ND IV
17 36 22 Secretora 0 0 0 0 7 1ª III
18 38 21 Proliferativa 0 8 0 0 4 1ª III
19 40 23 Proliferativa 0 0 0 0 3 ST IV IMC = Índice de Massa Corpórea, Fase secretora: 1º ao 13 dia do ciclo, Fase Proliferativa: 15° ao 30º. EAD: Escala Analógica de Dor (leve=0‐2; moderada=3‐7; intensa=8‐10), DPA: dor pélvia acíclica, disp. profunda: dispareunia profunda, AIC: alterações intestinais cíclicas, AUC: alterações urinárias cíclicas, Infert: infertilidade, 1ª: infertilidade primária, 2ª: infertilidade secundária, ST: sem tentativa de engravidar, ND: não disponível, ASRM: Sociedade Americana para Medicina Reprodutiva.
87
Tabela A2 – Local das lesões nas pacientes com endometriose incluídas nesse estudo.
Paciente
Local da Doença
Peritônio Ovário Trompa Bexiga Ureter Retossig. Retrocervical Vagina Apêndice Fundo de saco Reto
1 X X X 2 X X X X 3 X X X 4 X X X X 5 X X 6 X X X X X 7 X X 8 X 9 X X X X X 10 X X X X X 11 X X X x X X 12 X X X X 13 X X 14 X 15 X X X X X 16 X X X X X X 17 X X 18 X X X X X 19 X X X X X X X
Retossig=retossigmóide.
88
Tabela A3 ‐ Frequências de populações de linfócitos estudadas no sangue de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV.
Sangue I/II III/IV População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR)
LT 10 ± 11 7,34 (2 ‐ 20) 3,4 ± 3 3 (0,63 ‐ 5,76) LT CD4+ 6,36 ± 7,17 4,2 (1,26 ‐ 12,2) 1,7 ± 1,64 0,82 (0,39 ‐ 3,19)
CD4+ em CD3 59 ± 9,7 60 (55 ‐ 65) 51 ± 15,7 51 (47 ‐ 63) CD4+CD25+ 25 ± 10 18 (6 ‐ 22) 22 ± 21 14 (9 ‐ 23)
CD4+CD25high 2,8 ± 2,7 1,9 (0,9 ‐ 4,5) 3,8 ± 5 2,6 (1 ‐ 3,7) Treg em CD3 1,4 ± 1,6 0,87 (0,37 ‐ 2,29) 0,56 ± 0,65 0,31 (0,18 ‐ 0,92) Treg em CD4 2,16 ± 2,21 1,36 (0,6 ‐ 3,65) 1,16 ± 1,07 0,65 (0,31 ‐ 1,95)
Valores apresentados como frequência de células (%). I/II = endometriose mínima/leve, III/IV= endometriose moderada/grave, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, LT = linfócito T, Treg = linfócito T regulador. Tabela A4 ‐ Frequência de populações de linfócitos estudadas no fluido peritoneal de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV.
Fluido peritoneal I/II III/IV População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR)
LT 8 ± 12,4 1,5 (0,28 ‐ 16,52) 3,1 ± 4,2 1,38 (0,28 ‐ 6,17) LT CD4+ 1,94 ± 2,58 0,43 (0,13 ‐ 5,62) 0,67 ± 0,75 0,5 (0,07 ‐ 1,3)
CD4+ em CD3 32 ± 13 29 (24 ‐ 34) 27 ± 9 26 (22 ‐ 32) CD4+CD25+ 5,9 ± 4,7 4,8 (3,2 ‐ 7,8) 5,7 ± 3,4 5,1 (2,4 ‐ 9,3)
CD4+CD25high 1 ± 0,92 0,97 (0,07 ‐ 1,68) 1 ± 0,8 0,96 (0,3 ‐ 1,3) Treg em CD3 0,06 ± 0,08 0,04 (0,002 ‐ 0,11) 0,07 ± 0,08 0,06 (0 ‐ 0,11) Treg em CD4 0,16 ± 0,15 0,14 (0,009 ‐ 0,32) 0,22 ± 0,22 0,26 (0 ‐ 0,36)
Valores apresentados como frequência de células (%). I/II = endometriose mínima/leve, III/IV= endometriose moderada/grave, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, LT = linfócito T, Treg = linfócito T regulador.
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% C
D45
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% C
D45
Figura A1 ‐ Frequência de células CD45+ em amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (FP) (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II – endometriose mínima/leve (n=7); III/IV = endometriose moderada/grave (n=12); n.s. = não significativa, pelo teste t de Student não‐pareado.
A B
89
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100sangue
FP
n.s. n.s.* *
% C
D45
Figura A2 – Comparação entre a frequência de células CD45+ em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II – endometriose mínima/leve (n=7); III/IV = endometriose moderada/grave (n=12); *p<0,05 e n.s. = não significativa, pelo teste t de Student pareado.
CTRL EDT I/II III/IV0
5
10
15
20
25
30
35 n.s.n.s.
n.s.
% C
D3+
CTRL EDT I/II III/IV0
5
10
15
20
25
30
35 n.s.n.s.
n.s.%
CD
3+
Figura A3 ‐ Frequência de células CD3+ em amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (FP) (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). As células CD3+ foram calculadas como porcentagem de células dentre as células CD45+. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II – endometriose mínima/leve (n=7); III/IV = endometriose moderada/grave (n=12); n.s. = não significativa, pelo teste t de Student não‐pareado.
CTRL EDT I/II III/IV0
5
10
15
20
25
30
35sangue
FP
n.s. n.s.n.s.n.s.
% C
D3+
Figura A4 ‐ Comparação entre a frequência de células CD3+ em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). As células CD3+ foram calculadas como porcentagem de células dentre as células CD45+. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II – endometriose mínima/leve (n=7); III/IV = endometriose moderada/grave (n=12); n.s. = não significativa, pelo teste t de Student pareado.
A B
90
CTRL EDT I/II III/IV0
5
10
15
20n.s.
n.s.n.s.
% C
D4+
CTRL EDT I/II III/IV0
1
2
3
4
5
6 n.s.n.s.
n.s.
% C
D4+
Figura A5 ‐ Frequência de células CD4+ em amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (FP) (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). As células CD4+ foram calculadas como porcentagem de células dentre as células CD45+. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II – endometriose mínima/leve (n=7); III/IV = endometriose moderada/grave (n=12); n.s. = não significativa, pelo teste t de Student não‐pareado ou teste de Mann‐Whitney, quando apropriado.
CTRL EDT I/II III/IV0
2
4
6
8101520
sangue
FP
n.s. n.s.* *
% C
D4+
Figura A6 ‐ Comparação entre a frequência de células CD4+ em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). As células CD4+ foram calculadas como porcentagem de células dentre as células CD45+. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II – endometriose mínima/leve (n=7); III/IV = endometriose moderada/grave (n=12); *p<0,05 e n.s. = não significativa, pelo teste t de Student pareado ou teste de Wilcoxon, quando apropriado.
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80 n.s.n.s.
n.s.
% C
D4+
em C
D3+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60n.s.
n.s.n.s.
% C
D4+
em C
D3+
Figura A7 ‐ Frequência de células CD4+ em LT de amostras de sangue (A) e fluido peritoneal (FP) (B) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). As células CD4+ foram calculadas como porcentagem de células dentre as células CD3+. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II – endometriose mínima/leve (n=7); III/IV = endometriose moderada/grave (n=12); n.s. = não significativa, pelo teste t de Student não‐pareado.
A B
A B
91
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80sangue
FP
** *** ***
% C
D4+
em C
D3+
Figura A8 ‐ Comparação entre a frequência de células CD4+ em LT de amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de pacientes com endometriose (EDT, n=19) e controles (CTRL, n=8). As células CD4+ foram calculadas como porcentagem de células dentre as células CD3+. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II – endometriose mínima/leve (n=7); III/IV = endometriose moderada/grave (n=12); *p<0,05, ** p<0,01, *** p<0,001 e n.s. = não significativa, pelo teste t de Student pareado. Tabela A5 ‐ Comparação entre a razão de células Treg encontradas no FP pela frequência destas no sangue de pacientes com endometriose e controles.
Razão FP:sangue CTRL EDT População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR) p Treg (CD3+) 2,99 ± 6,17 0,6 (0,14 ‐ 4,62) 0,15 ± 0,27 0,01 (0 ‐ 0,18) p=0,0171 Treg (CD4+) 2,42 ± 3,25 1,25 (0,61 ‐ 3,94) 0,21 ± 0,35 0,017 (0 ‐ 0,35) p=0,0053
Valores apresentados como frequência de células (%). CTRL= controle, EDT= endometriose, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, LT = linfócito T, Treg = linfócito T regulador. Tabela A6 – Razão entre a frequência de linfócitos T reguladores em amostras de FP pela frequência de células no sangue de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV.
Razão FP: sangue I/II III/IV População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR) Treg em CD3 0,08 ± 0,09 0,07 (0,003 ‐ 0,18) 0,17 ± 0,32 0,01 (0 ‐ 0,27) Treg em CD4 0,13 ± 0,18 0,016 (0,005 ‐ 0,31) 0,2 ± 0,4 0,009 (0 ‐ 0,44)
Valores apresentados como frequência de células (%). FP = fluido peritoneal, I/II = endometriose mínima/leve, III/IV= endometriose moderada/grave, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, Treg = linfócito T regulador.
92
Tabela A7 ‐ Frequências de populações de células NK no sangue de pacientes com endometriose I/II e III/IV.
Sangue I/II III/IV População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR)
CD56brightCD16‐ 2,06 ± 0,66 2,11 (1,57 ‐ 2,47) 2,34 ± 1,74 1,98 (0,75 ‐ 3,4)
CD56brightCD16+ 1,06 ± 0,37 0,88 (0,76 ‐ 1,56) 1,13 ± 1,49 0,68 (0,55 ‐ 0,86)
CD56lowCD16+ 28,8 ± 13,6 32,8 (19,5 ‐ 42,5) 24,5 ± 19,3 16,5 (9,6 ‐ 43,5)
CD56brightCD16‐CD57+ 33,5 ± 30,5 39,3 (1,4 ‐ 22,9) 27,1 ± 22,6 29,2 (4,9 ‐ 47,6)
CD56brightCD16+CD57+ 47,9 ± 17,9 48 (37,6 ‐ 63,6) 47,5 ± 20,5 49,9 (32 ‐ 57,9)
CD56lowCD16+CD57+ 47,4 ± 16,8 49 (31 ‐ 63) 56 ± 21,9 60 (45 ‐ 73)
CD56brightCD16‐CD161+ 59,5 ± 33,4 63,3 (33,4 ‐ 91,3) 52 ± 24 49,5 (31,4 ‐ 75)
CD56brightCD16+CD161+ 78 ± 19 78 (57 ‐ 100) 66 ± 28 71 (50 ‐ 92)
CD56lowCD16+CD161+ 74,6 ± 28,2 89,6 (45,7 ‐ 96,3) 59 ± 34,7 65,5 (26,4 ‐ 91,3) Valores apresentados como frequência de células (%). I/II = endometriose mínima/leve, III/IV= endometriose moderada/grave, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil. Tabela A8 ‐ Frequências de populações de células NK no fluido peritoneal de pacientes com endometriose I/II e III/IV.
Fluido Peritoneal I/II III/IV População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR)
CD56brightCD16‐ 7 ± 6,2 4,8 (2,3 ‐ 12,3) 11,6 ± 16,3 4,2 (1,1 ‐ 19,5)
CD56brightCD16+ 0,32 ± 0,36 0,19 (0,04 ‐ 0,49) 0,67 ± 1,13 0,18 (0,09 ‐ 1,04)
CD56lowCD16+ 7 ± 5,9 5,3 (0,86 ‐ 10,86) 12,2 ± 12,1 8,6 (2,3 ‐ 22,7)
CD56brightCD16‐CD57+ 27,8 ± 23,6 20 (6,4 ‐ 55,5) 23,3 ± 27,3 11,5 (1,6 ‐ 46,5)
CD56brightCD16+CD57+ 59,8 ± 36,1 55,5 (35,3 ‐ 100) 37,8 ± 32,7 32,2 (3 ‐60)
CD56lowCD16+CD57+ 50,9 ± 26,7 62,6 (16,4 ‐ 66) 47,8 ± 26,1 51,5 (25,5 ‐ 65,7)
CD56brightCD16‐CD161+ 54,3 ± 33,3 42,8 (36,7 ‐ 84,2) 67,9 ± 26,1 74,3 (55,5 ‐ 89)
CD56brightCD16+CD161+ 42 ± 43 44 (0 ‐ 87) 66 ± 37 81 (38 ‐ 99)
CD56lowCD16+CD161+ 64,3 ± 34,8 86,9 (31,9 ‐ 91) 66,1 ± 31,3 81,9 (40,1 ‐ 86,1) Valores apresentados como frequência de células (%). I/II = endometriose mínima/leve, III/IV= endometriose moderada/grave, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil.
93
CTRL EDT I/II III/IV0
1
2
3
4
5
6
7 n.s.n.s.
n.s.
% C
D56
brig
htC
D16
-
CTRL EDT I/II III/IV05
101520253040
50
60 n.s.n.s.
n.s.
% C
D56
brig
htC
D16
-
CTRL EDT I/II III/IV0
2
4
6
8
1035
40n.s.
n.s.n.s.
% C
D56
brig
htC
D16
+
CTRL EDT I/II III/IV0.0
0.5
1.0
1.5
2.03.03.54.0
n.s.n.s.
n.s.
% C
D56
brig
htC
D16
+
CTRL EDT I/II III/IV0
10
20
30
40
50
60
70 n.s.n.s.
n.s.
% C
D56
low
CD
16+
CTRL EDT I/II III/IV0
10
20
30
40 n.s.n.s.
n.s.
% C
D56
low
CD
16+
Figura A9 ‐ Frequência de populações de células Natural killer (NK) em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12). (A) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16‐ em amostras de sangue dos diferentes grupos; (B) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16‐ em amostras de FP dos diferentes grupos; (C) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16+ em amostras de sangue dos diferentes grupos; (D) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16+ em amostras de FP dos diferentes grupos; (E) Comparação da frequência de células NK CD56lowCD16+ em amostras de sangue dos diferentes grupos; (F) Comparação da frequência de células NK CD56lowCD16+ em amostras de FP dos diferentes grupos. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. n.s. = não significativa, pelo teste t de Student não pareado.
A B
C D
E F
94
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100 n.s.n.s.
n.s.
% C
D57
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100 n.s.n.s.
n.s.
% C
D57
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100 ****
**
% C
D57
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% C
D57
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% C
D57
+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100 n.s.n.s.
n.s.
% C
D57
+
Figura A10 ‐ Frequência de populações de células Natural killer (NK) positivas para CD57 em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12). (A) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16‐
CD57+ em amostras de sangue dos diferentes grupos; (B) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16‐ CD57+ em amostras de FP dos diferentes grupos; (C) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16+ CD57+ em amostras de sangue dos diferentes grupos; (D) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16+ CD57+ em amostras de FP dos diferentes grupos; (E) Comparação da frequência de células NK CD56lowCD16+ CD57+ em amostras de sangue dos diferentes grupos; (F) Comparação da frequência de células NK CD56lowCD16+ CD57+ em amostras de FP dos diferentes grupos. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. *p<0,05, ** p<0,01, *** p<0,001 e n.s. = não significativa, pelo teste t de Student não pareado.
A B
C D
E F
95
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% C
D16
1+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100 n.s.n.s.
n.s.
% C
D16
1+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100 n.s.n.s.
n.s.
% C
D16
1+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% C
D16
1+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% C
D16
1+
CTRL EDT I/II III/IV0
20
40
60
80
100n.s.
n.s.n.s.
% C
D16
1+
Figura A11 ‐ Frequência de populações de células Natural killer (NK) positivas para CD161 em amostras de sangue e fluido peritoneal (FP) de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12). (A) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16‐
CD161+ em amostras de sangue dos diferentes grupos; (B) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16‐ CD161+ em amostras de FP dos diferentes grupos; (C) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16+ CD161+ em amostras de sangue dos diferentes grupos; (D) Comparação da frequência de células NK CD56brightCD16+ CD161+ em amostras de FP dos diferentes grupos; (E) Comparação da frequência de células NK CD56lowCD16+ CD161+ em amostras de sangue dos diferentes grupos; (F) Comparação da frequência de células NK CD56lowCD16+ CD161+ em amostras de FP dos diferentes grupos. Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. n.s. = não significativa, pelo teste t de Student não pareado.
A B
C D
E F
96
Tabela A9 ‐ Comparação entre a razão de células NK encontradas no FP pela frequência destas no sangue de pacientes com endometriose e controles.
Razão FP:sangue CTRL EDT População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR) p
CD56brightCD16‐ 10,3 ± 12,6 4,39 (1,65 ‐ 16,6) 6,1 ± 9,5 2,57 (1,05 ‐ 7,35) p=0,2536
CD56brightCD16+ 0,89 ± 1,57 0,31 (0,03 ‐ 0,97) 0,91 ± 1,61 0,22 (0,04 ‐ 0,71) p=0,9834
CD56lowCD16+ 5,3 ± 12,1 0,51 (0,26 ‐ 3,71) 4,2 ± 16,4 0,31 (0,05 ‐ 0,7) p=0,2536
CD56brightCD16‐CD57+ 8,1 ± 26,7 0,38 (0,02 ‐ 3,07) 2,7 ± 6,3 0,52 (0,09 ‐ 1,06) p=8101
CD56brightCD16+CD57+ 1,26 ± 1,57 0,71 (0 ‐ 2,35) 1,07 ± 0,77 1,17 (0,31 ‐ 1,67) p=0,6660
CD56lowCD16+CD57+ 126 ± 355 0,78 (0,51 ‐ 1,02) 5,3 ± 19,1 0,93 (0,51 ‐ 1,25) p=0,4257
CD56brightCD16‐CD161+ 1,16 ± 0,54 1,2 (0,95 ‐ 1,59) 2,08 ± 3,28 1,08 (0,97 ‐ 1,78) p=0,6515
CD56brightCD16+CD161+ 2,3 ± 3, 4 0,89 (0 ‐ 5,38) 1,13 ± 1,43 0,91 (0 ‐ 1) p=0,2164
CD56lowCD16+CD161+ 185 ± 519 1 (0,85 ‐ 5,35) 8,4 ± 24,2 0,96 (0,54 ‐ 1,36) p=0,5239Valores apresentados como frequência de células (%). CTRL= controle, EDT= endometriose, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil. Valor de p calculado pelo teste t de Student não pareado/Mann Whitney. Tabela A10 ‐ Razão entre a frequência de populações de células NK em amostras de FP pela frequência de células no sangue de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV.
Razão FP:sangue I/II III/IV População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR)
CD56brightCD16‐ 3,37 ± 2,53 3,08 (1,05 ‐ 5,81) 7,7 ± 11,6 2,43 (0,81 ‐ 11,34)
CD56brightCD16+ 0,37 ± 0,49 0,2 (0,04 ‐ 0,55) 1,2 ± 1,9 0,28 (0,03 ‐ 2,12)
CD56lowCD16+ 0,36 ± 0,49 0,22 (0,04 ‐ 0,39) 6,5 ± 20,7 0,56 (0,08 ‐ 0,73)
CD56brightCD16‐CD57+ 1,64 ± 2,33 0,74 (0,16 ‐ 3) 11,8 ± 33,5 0,3 (0,005 ‐ 4,47)
CD56brightCD16+CD57+ 1,4 ± 0,78 1,47 (1,04 ‐ 2,24) 0,87 ± 0,72 0,86 0,07 ‐ 1,43)
CD56lowCD16+CD57+ 1,26 ± 0,93 1,15 (0,51 ‐ 1,89) 7,77 ± 24 0,9 (0,49 ‐ 1,08)
CD56brightCD16‐CD161+ 2,75 ± 5,3 0,97 (0,44 ‐ 1,27) 1,69 ± 1,37 1,11 (1,06 ‐ 2,12)
CD56brightCD16+CD161+ 0,52 ± 0,49 0,87 (0 ‐ 0,91) 1,48 ± 1,68 0,96 (0,6 ‐ 1,76)
CD56lowCD16+CD161+ 1,19 ± 1,08 0,9 (0,54 ‐ 1,2) 12,7 ± 30 1 (0,62 ‐ 4,37) Valores apresentados como frequência de células (%). I/II = endometriose mínima/leve, III/IV= endometriose moderada/grave, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil.
97
CTRL EDT I/II III/IV
0.02.55.07.5
10.010
30
50 n.s.n.s.
n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
CTRL EDT I/II III/IV0
2
4
6 n.s.n.s.
n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
CTRL EDT I/II III/IV012345
305070
n.s.n.s.
n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
Figura A12 – Razão entre a frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐ (A), CD56brightCD16+ (B) e CD56lowCD16+ (C) no fluido peritoneal (FP) e frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II (n=7), endometriose mínima/leve; III/IV (n=12), endometriose moderada/grave; n.s. = não significativa, pelo teste t de Student pareado.
A B
C
98
CTRL EDT I/II III/IV02468
101520
100110120
n.s.n.s.
n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
CTRL EDT I/II III/IV0
1
2
3
4
5n.s.
n.s.n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
CTRL EDT I/II III/IV0
20406080
1001000
1005
1010 n.s.n.s.
n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
Figura A13 ‐ Razão entre a frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐CD57+ (A), CD56brightCD16+ CD57+ (B) e CD56lowCD16+ CD57+ (C) no fluido peritoneal (FP) e frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II (n=7), endometriose mínima/leve; III/IV (n=12), endometriose moderada/grave; n.s. = não significativa, pelo teste t de Student pareado.
A B
C
99
CTRL EDT I/II III/IV0
1
2
3
45
10
15n.s.
n.s.n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
CTRL EDT I/II III/IV0
2
4
6
8
10 n.s.n.s.
n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
CTRL EDT I/II III/IV
0
50
100
1501000
1500n.s.
n.s.n.s.
Raz
ão F
P:sa
ngue
Figura A14 ‐ Razão entre a frequência de células Natural killer (NK) CD56brightCD16‐CD161+ (A), CD56brightCD16+ CD161+ (B) e CD56lowCD16+CD161+ (C) no fluido peritoneal (FP) e frequência de células no sangue de controles (CTRL, n=8) e pacientes com endometriose (EDT, n=19), subdivididos em estágio I/II (n=7) e III/IV (n=12). Dados mostrados como mediana e intervalo interquartil. I/II (n=7), endometriose mínima/leve; III/IV (n=12), endometriose moderada/grave; n.s. = não significativa, pelo teste t de Student pareado. Tabela A11 ‐ Frequências de células supressoras mieloides no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose I/II e III/IV.
I/II III/IV
População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR)
CD11b+CD33+ (sangue) 0,29 ± 0,17 0,24 (0,18 ‐ 0,52) 0,2 ± 0,2 0,17 (0,01 ‐ 0,36)
CD11b+CD33+CD34+ (sangue) 0,17 ± 0,11 0,17 (0,11 ‐ 0,22) 0,12 ± 0,15 0,07 (0,01 ‐ 0,17)
CD11b+CD33+ (FP) 0,18 ± 0,13 0,16 (0,06 ‐ 0,31) 0,06 ± 0,05 0,03 (0,02 ‐ 0,1)
CD11b+CD33+CD34+ (FP) 0,1 ± 0,08 0,09 (0,04 ‐ 0,18) 0,02 ± 0,03 0,02 (0 ‐ 0,04) Valores apresentados como frequência de células (%). I/II = endometriose mínima/leve, III/IV= endometriose moderada/grave, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, FP = Fluido Peritoneal.
A B
C
100
Tabela A12 ‐ Frequências de células dendríticas no sangue e fluido peritoneal de pacientes com endometriose estágios I/II e III/IV.
I/II III/IV População Média ± DP Mediana (IQR) Média ± DP Mediana (IQR)
DC (sangue)
0,34 ± 0,27 0,21 (0,12 ‐ 0,44) 0,77 ± 1,45 0,39 (0,22 ‐ 0,44)
DC (FP)
3,6 ± 5,8 0,18 (0,06 ‐ 9,94) 5,7 ± 5,2 6,8 (0,12 ‐ 10,2)
DC CD33+
(sangue) 36,8 ± 47,8 23,3 (10,1 ‐ 64,6) 27,7 ± 38,5 39,4 (8,5 ‐ 91,6)
DC CD33+ (FP)
63 ± 30,2 68,8 (28 ‐ 93,6) 56 ± 42 79,9 (0 ‐ 87,2)
DC CD33+CD11b+
(sangue) 1,35 ± 1,41 1,07 (0 ‐ 2,75) 1,93 ± 2,78 0,93 (0,51 ‐ 1,3)
DC CD33+CD11b+
(FP) 39,7 ± 31,2 37,6 (15 ‐ 63,9) 44,6 ± 38,2 54,9 (0 ‐ 73,8)
DC CD33+CD11b‐
(sangue) 35,5 ± 26,8 21,1 (10,1 ‐ 61,9) 45,9 ± 38,2 36,3 (7,8 ‐ 90,6)
DC CD33+CD11b‐
(FP) 23,4 ± 23,2
11,9 (7,59 ‐ 33,9) 16,4 ± 20,9 9,3 (0 ‐ 26,4)
Valores apresentados como frequência de células (%). I/II = endometriose mínima/leve, III/IV= endometriose moderada/grave, DC = célula dendrítica, DP = desvio padrão, IQR = intervalo interquartil, FP = Fluido Peritoneal.