Carlos Queiroz Telles - Manual Do Cara-De-Pau (Doc)(Rev)

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Carlos Queiroz TellesCarlos Queiroz Telles

MANUAL DO MANUAL DO

CARA-DE-PAUCARA-DE-PAU

OU OU

ÉÉ F FÁÁCIL FALAR DIFCIL FALAR DIFÍÍCILCIL

IlustraIlustraçõções dees de

Michele IacoccaMichele Iacocca

EDITORA BEST SELLER

Copyright© Carlos Queiroz Telles, 1991

Todos os direitos reservados.

Proibida a reprodução no todo ou em parte,

por qualquer meio, sem autorização do Editor.

Direitos exclusivos da edição em língua portuguesa no Brasil

adquiridos por EDITORA NOVA CULTURAL LTDA.

EDITORA BEST SELLER

uma divisão da Editora Nova Cultural Ltda.

Av. Brig. Faria Lima, 2000 - CEP01452 -Caixa Postal 9442

São Paulo, SP

ISBN 85-7123-263-6

10 987654321

Obra composta na Editora Nova Cultural Ltda.

Impressa e acabado na Gráfica do Círculo do Livro S.A.

Abas do LivroAbas do Livro

MANUAL DO CARA-DE-PAUMANUAL DO CARA-DE-PAU

ouou

É É FACIL FALAR DIFFACIL FALAR DIFÍÍCILCIL

Não se acanhe. Você também pode falar complicado.

No mundo de hoje, as pessoas que estão por fora dos

termos da moda não têm a menor chance de subir na vida! E

essa é uma verdade que vale para todas as profissões. Vivemos

num tempo em que não basta mais conhecer determinado

assunto em profundidade para ser um profissional reconhecido e

respeitado. O importante é vestir a sabedoria — ou ignorância —

com palavras complicadas. Para isso você só tem duas

alternativas: estudar feito um condenado ou utilizar

adequadamente as Tabelinhas Mágicas deste livro. Sem dúvida

a segunda hipótese é muito mais prática, eficiente e econômica.

O que colocamos em suas mãos é uma fórmula secreta que até

bem pouco tempo era privilégio de um clube fechado de

medíocres bem-sucedidos. Agora, num piscar de olhos, você

pode entrar para este rol de analfabetos vencedores. São

políticos, executivos, doutores, docentes, bacharéis, artistas,

críticos, ensaístas, experts e até mesmo professores que

firmaram sólidas reputações de erudição e cultura. Graças a

esta obra verdadeiramente democrática e redentora, você pode

se equiparar a todo este bando de falsas sumidades!

CARLOS QUEIROZ TELLES é paulista, nascido em 1936

e formado pela Faculdade de Direito da USP.

Um dos fundadores do Teatro Oficina, tem cerca de trinta

livros editados, entre poemas, histórias infanto-juvenis e

biografias empresariais. Suas peças, dentre as quais se

destacam Muro de Arrimo e Marly Emboaba, já foram encenadas

em mais de vinte países. Recebeu dois prêmios Molière (em 72

e 76) e trabalhou como redator em televisão, propaganda e

jornalismo. É professor titular da Faculdade de Comunicação da

FAAP.

Capa: Omar Grassetti

Ilustrações: Michele Iacocca

Para

Mário Ernesto Humberg,

amigo por atos e palavras.

ÍÍndicendice

Advertência..................................................................11

Manual do Usuário........................................................13

TABELINHAS MÁGICAS DA SABEDORIA

1. Coquetel na FIESP...............................................15

(Empresários, Executivos, Comunicadores & Cia.)

Economês.....................................................................16

Mercadologiquês..........................................................18

Contabilês....................................................................20

Erreaguês.....................................................................22

Estatistiquês.................................................................24

Pesquisalês...................................................................26

Publicitês......................................................................28

Midialês........................................................................30

Designês.......................................................................32

Errepeês.......................................................................34

2. Papos de Botequim.............................................37

(Artistas & Intelectuais Variados)

Arteplastiquês..............................................................38

Cinemês I (Histórico/Diletante......................................40

Cinemês II (Técnico/Profissional)..................................42

Teatrologuês................................................................44

Musicologuês................................................................46

Lingüistiquês................................................................48

Filosofês.......................................................................50

Pedagogês....................................................................52

Jornalistiquês................................................................54

3. Conversas de índio..............................................57

(Biólogos, Ecologistas, Verdes & Alternativos)

Ecologuês.....................................................................58

Biologuês......................................................................60

Botaniquês...................................................................62

Zoologuês.....................................................................64

Genetiquês...................................................................66

Meteorologuês..............................................................68

Astronomês..................................................................70

Astrologuês..................................................................72

Esoterês.......................................................................74

Sexualês.......................................................................76

4. Púlpitos e Palanques..........................................79

(Políticos, Clérigos & Outros Reivindicadores)

Sociologuês..................................................................80

Politiquês I (Direita Assumida)......................................82

Politiquês II (Centro Fisiológico)....................................84

Politiquês III (Esquerda Teórica)...................................86

Politiquês IV (Esquerda Nervosa)..................................88

Politiquês V (Esquerda Militante)..................................90

Feministês....................................................................92

Patriotês.......................................................................94

Pastorales.....................................................................96

Pentecostais.................................................................98

5. Clubes Fechados..................................................101

(Técnicos & Exatos)

Urbanistiquês...............................................................102

Transportes..................................................................104

Quimiquês....................................................................106

Fisiquês........................................................................108

Eletroniquês.................................................................110

Cibernetiquês................................................................112

Informatiquês................................................................114

6. Confissões de Divã..............................................117

(Conscientes & Inconscientes)

Mitologuês....................................................................118

Psicologuês...................................................................120

Psicanalês.....................................................................122

7. Contracultura Geral..............................................125

(Ultima Cartilha dos Ignorantes Anônimos)

Interdisciplinarês..........................................................126

AdvertAdvertêênciancia

Leitores e leitoras:

Não se iludam. Este livro não é uma obra totalmente

original. Antes que vocês venham a ser mesquinhamente

advertidos sobre esta desagradável questiúncula ética, o autor,

com a mais elevada consciência profissional, deseja esclarecer a

origem de sua brilhante inspiração.

O esquema das Tabelinhas Mágicas — cerne deste

minucioso trabalho — foi divulgado por conceituada revista

internacional, na longínqua década de 60. Era, no caso, uma

pequena antologia dos termos mais utilizados pelos burocratas

norte-americanos da época. Modificar um pouco o layout,

estender a idéia para outras áreas de atividades e abrasileirar a

salada... foi mera decorrência.

Creio que tanta sinceridade moral merece, no mínimo, a

sua compreensão e, no máximo, uma honesta exclamação:

— Canalha! Por que eu não tive a idéia de chupar

primeiro?

O AUTOR

Manual do UsuManual do Usuááriorio

1. Qual a sua especialidade?

Escolha o tema em que você deseja (precisa) demonstrar

sabedoria. Isto se faz, normalmente, em decorrência de

atividades profissionais (artigos, palestras, relatórios, reuniões),

sociais (visitas, cerimônias cívicas, eventos artísticos), sexuais

(cantadas eruditas) ou mistas (seminários, congressos,

convenções).

Cuidado: Por mais que você precise chamar a atenção,

evite emitir para o mesmo público conceitos sobre temas

diferentes. Cultura tem limite e os outros podem desconfiar de

tanta sabedoria...

2. Qual o nível de seus conhecimentos?

Defina a seguir o público que você quer impressionar. Isso

possibilita uma segunda avaliação, ou seja, o que eles sabem

sobre o assunto a ser tratado: a) nada; b) pouco; c) muito.

A partir daí assuma que nível de conhecimentos você

pretende demonstrar: a) culto; b) sábio; c) gênio.

Para cada público você deve usar os termos propostos no

nível da impressão almejada. Ou seja — você deve atuar sempre

um degrau acima do nível de seus ouvintes/espectadores. Isso

facilitará em muito a aceitação integral e passiva de suas sábias

palavras.

O que se pretende, em resumo, é que para os ignorantes

você pareça uma pessoa culta; para os bem informados, um

sábio, e para os especialistas, um gênio.

Avaliar corretamente esta equação é fundamental para o

êxito da proposta de comunicação. Um erro aqui pode ser fatal e

jogar no lixo todo o esforço de memorização das fórmulas

adequadas. Pior ainda: sua imagem estará fatalmente

comprometida. Para os tolos você parecerá um chato; para os

competentes, um bobo.

No caso, raro e pouco provável, de você topar com

alguma real sumidade no tema proposto, perca todo resquício

de pudor e cruze indiscriminadamente todas as palavras

constantes da tabela. Vai ser uma loucura! Positivo ou negativo,

o efeito será retumbante!

3. Memorize o seu vocabulário

Escolhida a área de atuação e o nível de conhecimentos a

ser demonstrado, chegou a hora de aprender a utilizar todos os

recursos oferecidos por nossas Tabelinhas Mágicas!

A cada profissão corresponde um dialeto próprio:

economês, burocratês, musicologuês, etc. Na tabela que você

pretende usar estão expressos os termos mais comuns

utilizados pelos especialistas na área. Estas palavras foram

criteriosamente selecionadas em teses, artigos e livros de

verdadeiros mestres e expoentes. Para você enriquecer ainda

mais os seus conhecimentos, foram evitadas repetições de

palavras, ainda que pertencentes a mais de uma especialidade.

O vocabulário que você vai utilizar está apresentado em

três colunas de termos técnicos que, individualmente, possuem

significado e adequação ao tema a ser tratado. Aí começa a

malandragem...

Combinando quaisquer das palavras das colunas 1, 2 e 3

(nesta ordem), você sempre formará uma expressão de grande

efeito, com sentido aparentemente lógico, coisa que até pode

acontecer acidentalmente... Esta combinação pode gerar

expressões triplas (1-2-3) ou duplas (1-2 e 1-3).

Para seus ouvintes embasbacados este palavrório imporá

o maior respeito... e ninguém terá dúvidas em aceitá-lo como

verdade absoluta. A vaidade e o medo de parecer ignorante

serão sempre mais fortes do que o bom senso e a eventual

desconfiança sobre a sua idoneidade intelectual.

4. Fale com convicção!

Tudo definido e bem memorizado, resta assumir

integralmente o seu papel de pessoa culta e informada. Recheie

as frases mais banais com as expressões escolhidas e exponha

tudo com a maior naturalidade. Não abuse em demasia dos

termos criados com base nas palavras das tabelas. Eles são

apenas pinceladas de sua sabedoria... O importante é falar com

autoridade e com firmeza.

Se você ainda estiver em dúvida sobre o êxito da

empreitada, faça o teste do telefone. Escolha o tema e a vítima.

Pegue a tabelinha adequada e mande o seu recado — quem

estiver do outro lado da linha não terá a menor chance de

entender (e duvidar de) suas sábias palavras.


1

_______________________________

COQUETELCOQUETEL

NA FIESPNA FIESP

(Empresários, Executivos, Comunicadores & Cia.)

ECONOM Ê S

Vocabulário

nível coluna 1 coluna 2 coluna 3

culto 0. Programa

1. Plano

2. Desempenho

0. Setorial

1. Financeiro

2. Conjuntural

0. Ortodoxo

1. Heterodoxo

2. Estruturalista

sábio 3. Choque

4. Congelamento

5. Acordo

6. Equilíbrio

3. Fiscal

4. Inflacionário

5. Orçamentário

6. Monetário

3. Paralelo

4. Recessivo

5. Subsidiado

6. Indexado

gênio 7. Cenário

8. Tarifaço

9. Spread

7. Macroargentário

8. Flutuante

9. Interespeculativo

7. Renegociado

8. Megacompatível

9. Alavancado

louco Qualquer das combinações possíveis, no singular ou no plural.

Palavras alternativas

Col. 1: Gasto, Custo, Risco.

Col. 2: Acionário, Tributário, Cambial.

Col. 3: Keynesiano, Autocorrigido, Maxidesvalorizado.

Acrescente suas opções

Col. 1:...........................................................

Col. 2:...........................................................

Col. 3:...........................................................

Indicações de Uso

Comentários sobre a situação econômica do país e as

mais recentes medidas ou desmedidas governamentais. Eles

podem ser proferidos displicentemente durante um coquetel ou

mais enfaticamente na ante-sala de uma palestra, reunião de

sindicato (patronal), assembléia de condomínio ou de

associação de classe. As expressões também se prestam para

rápidas e incisivas declarações a repórteres; justificativas para

congelamento de salários (dos outros), conversas com gerentes

de bancos etc.

Com mais cuidado e prudência, a tabelinha pode ainda

ser proveitosamente utilizada em artigos assinados,

conferências, discursos, projetos de leis etc. Cuidado: o tema

não é recomendado para bate-papo em barbeiro/cabeleireiro ou

almoço de família. Aos homens, uma última recomendação:

fujam do assunto na cama! Ministras ou comentaristas, elas

sacam tudo sobre a matéria. Você — como toda a população —

pode acabar sendo enrolado.

Exemplos de Aplicação

Comentários teóricos de apoio

Finalmente um PLANO ORÇAMENTÁRIO ORTODOXO!

Já era tempo de se criar um CENÁRIO MONETÁRIO

ESTRUTURALISTA.

Veio em boa hora este PROGRAMA PLURIANUAL

MEGACOMPATÍVEL.

Comentários teóricos de repúdio

Nada pode dar certo com um CHOQUE FINANCEIRO

HETERODOXO!

Já está provado que é inútil um ACORDO FISCAL

KEYNESIANO.

É uma vergonha o país pagar um SPREAD FLUTUANTE

ALAVANCADO!

Comentários práticos de apoio

É uma medida benéfica para os CUSTOS TRIBUTÁVEIS

RENGOCIADOS.

Finalmente vão combater os RISCOS FISCAIS

SUBSIDIADOS!

Sou totalmente a favor de um EMPRÉSTIMO

MACROESPECULATIVO!

Comentários práticos de repúdio

Os GASTOS SETORIAIS RECESSIVOS são lastimáveis!

Nada pior do que um CONGELAMENTO CONVERSÍVEL

PARALELO...

O fim do EQUILÍBRIO TRIBUTÁRIO AUTOCORRIGIDO é

desastroso.

MERCADOLOGIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Nível

1. Alvo

2. Ciclo

0. Situacional

1. Potencial

2. Mercadológico

0. Presumível

1. Equacionado

2. Componível

sábio 3. Nicho

4. Patamar

5. Segmento

6. Universo

3. Tático

4. Estratégico

5. Concorrente

6. Hipotético

3. Delineado

4. Exploratório

5. Saturado

6. Hierarquizado

gênio 7. Step

8. Composto

9. Case

7. Macro

8. Endo

9. Global

7. Oligopolista

8. Monopsônico

9. Oligopsônico



Col. 1: Target, Mix, Degrau.

Col. 2: Máxi, Mega, Absoluto.

Col. 3: Previsível, Imprevisível, Projetado.


Col. 1: ............................................

Col. 2: ............................................

Col. 3: ............................................

Indicações de Uso

São múltiplas as possibilidades de sucesso com uma

conversa mercadológica. É um tema amplo que se aplica a

todas as atividades empresariais: indústria, comércio, bancos,

serviços, contrabando, jogo do bicho e outras contravenções.

A linguagem mercadológica é especialmente indicada

para justificar sucessos ou fracassos profissionais, sempre

deslocando a culpa para um ponto distante dos nossos

eventuais erros. A esse ponto (de fuga) é normalmente dado o

nome técnico de Conjuntura.

Desde que inventaram a ADVB, Associação Brasileira dos

Diretores de Vendas, o mercadologiquês passou a ser

amplamente empregado em aulas, seminários e relatórios de

cases (!) concorrentes ao prêmio TOP de Marketing. Para os

leigos ávidos do saber mercadológico, recomendamos a leitura

de um desses relatórios. Atenção: basta ler um! Os outros são

todos iguais.


Teorizações sobre o sucesso

O êxito do lançamento foi decorrência da correta

fixação do ALVO ESTRATÉGICO EXPLORATÓRIO.

As vendas atingiram em cheio o TARGET HIPOTÉTICO

DELINEADO!

Nossa liderança é fruto de um CICLO TÁTICO

HIERARQUIZADO a nível do SEGMENTO MERCADOLÓGICO

PRESUMÍVEL.

Justificativas para o fracasso

Apesar da perfeita fixação do PATAMAR ABSOLUTO

PROJETADO, as vendas caíram em função do baixo NÍVEL

MACROOLIGOPOLISTA que o país enfrenta.

O pedido de concordata preventiva indica a falta de um

RETORNO TÁTICO COMPATÍVEL como a principal causa da

situação a que chegou a empresa.

De repente todo mundo jogou no Veado! Não deu

tempo para se montar um CICLO ENDOCOMPONÍVEL. Foi uma

OCORRÊNCIA MERCADOLÓGICA IMPREVISÍVEL, teria dito o

banqueiro de bicho foragido.

CONTABILÊS

Vocabulário


culto 0. Ativo

1. Capital

2. Balanço

0. Legal

1. Disponível

2. Mercantil

0. Corrente

1. Depreciado

2. Corrigido

sábio 3. Registro

4. Lançamento

5. Balancete

6. Superávit

3. Contábil

4. Nominal

5. Diagráfico

6. Patrimonial

3. Pendente

4. Auditado

5. Orçamentário

6. Caucionado

gênio 7. Razonete

8. Saldo

9. Inventário

7. Reditual

8. Plurianual

9. Logismográfico

7. Imaturo

8. Extraordinário

9. Estornado



Col. 1: Crédito, Déficit, Fundo.

Col. 2: Fixo, Mecanográfico, Estatmográfico.

Col. 3: Escriturado, Demonstrado, Perdido.


Col. 1: ................................................

Col. 2: ................................................

Col. 3:................................................

Indicações de Uso

Quando o fiscal da Receita Federal ou da Secretaria da

Fazenda chegar à sua empresa, não tente se entender

diretamente com o importuno visitante. Embora vocês

compartilhem dos mesmos pontos de vista sobre a melhor

fórmula para resolver "aquele pequeno problema", chame o seu

contador. Existem assuntos que devem ser tratados em

linguagem técnica. E mais adequado e mais civilizado. Além do

mais, para um leigo desatento, o encontro pode até parecer

uma conversa de pessoas honestas.

Exemplo de Aplicação

Reprodução imaginária de um improvável intercâmbio de

idéias entre personagens das categorias profissionais

supracitadas:

Fiscal: O ATIVO PLURIANUAL ESTORNADO não

corresponde ao SALDO DISPONÍVEL DEPRECIADO.

Contador: Não é bem assim! Veja que eu lancei os

CRÉDITOS REDITUAIS PENDENTES A FUNDO NOMINAL

CORRIGIDO.

Fiscal: E daí? Vai me dizer que o RAZONETE BANCÁRIO

bate com o INVENTÁRIO PATRIMONIAL!

Contador: Mas o auditor assinou os LANÇAMENTOS

LEGAIS CAUCIONADOS!

Fiscal (impaciente): Problema dele!

Empresário (baixo, para o contador): Quanto?

Contador (baixo, para o empresário): Pela cara do homem

e pelo tipo de fraude, uns duzentos resolvem...

Empresário (mais alto): Paga.

Contador: Está certo, doutor. Pode deixar que eu agora

cuido dos detalhes técnicos. Esse é um assunto para

profissionais!

Empresário (saindo): Até logo.

Fiscal: Até breve...

FIM

ERREAGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Relação 0. Sindical 0. Conflitante

1. Estrutura

2. Participação

1. Empresarial

2. Profissional

1. Classista

2. Socializante

sábio 3. Integração 3. Gerencial 3. Paternalista

4. Política

5. Administração

6. Avaliação

4. Negociada

5. Coletiva

6. Assistencial

4. Litigiosa

5. Personalista

6. Orgânica

gênio 7. Gestão

8. Cultura

9. Burocracia

7. Autoritária

8. Tecno

9. Auto

7. Corporativa

8. Distributiva

9. Organizacional



Col. 1: Filosofia, Responsabilidade, Atribuição.

Col. 2: Produtiva, Grupai, Científica.

Col. 3: Decisória, Carreirista, Competitiva.

Acrescente sua opções

Col. 1:...................................................

Col. 2:...................................................

Col. 3:...................................................

Indicações de Uso

Temos aqui um extraordinário caso de inovação

semântica. Os departamentos chamados de Recursos Humanos

são a última evolução de um dos mais antigos setores de

atividade social e econômica da Humanidade. Em resumo, eles

tratam do relacionamento entre quem manda e quem obedece,

quem paga e quem recebe (quando recebe).

Antes de virar RH, a sutil arte de mediar este complicado

nó era conhecida como Pessoal e, um pouco antes ainda, como

Feitoria. Pelo amor de Deus, não me culpem por ser fiel à

História!

Pois bem... para tentar superar as más conotações destes

períodos distantes, em que apenas mesquinhos interesses

monetários regiam as relações trabalhistas, foi inventado um

novo idioma, composto por palavras suaves e insinuantes que

apenas acobertam velhos significados. Em resumo, o problema

é de tradução.


Fato: Greve.

Idioma antigo: Isso é um caso de polícia!

Erreaguês: RELAÇÃO SINDICAL CONFLITANTE.

Fato: Corte de pessoal.

Idioma antigo: Põe todo mundo na rua!

Erreaguês: POLÍTICA GERENCIAL LITIGIOSA.

Fato: Abono de Natal.

Idioma antigo: Pagã que eles merece!

Erreaguês: CULTURA GRUPAL PATERNALISTA.

Fato: Acidente de trabalho.

Idioma antigo: Manda pro INPS!

Erreaguês: RELAÇÃO ASSISTENCIAL DISTRIBUTIVA.

Fato: Negociação salarial.

Idioma antigo: Nem um tostão a mais!

Erreaguês: AVALIAÇÃO NEGOCIADA DECISÓRIA.

Fato: Comissão de Fábrica.

Idioma antigo: Aqui quem manda sou eu!

Erreaguês: GESTÃO COLETIVA SOCIALIZANTE.

ESTATISTIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Amostra

1. Função

2. Média

0. Marginal

1. Confiável

2. Eventual

0. Finita

1. Exclusiva

2. Contínua

sábio 3. Curva

4. Dispersão

5. Probabilidade

6. Densidade

3. Binomial

4. Condicional

5. Espacial

6. Estimativa

3. Discreta

4. Acumulada

5. Uniforme

6. Relativa

gênio 7. Variância

8. Correlação

9. Co-variância

7. Proporcional

8. Bidimensional

9. Multinominal

7. Inferida

8. Aderente

9. Aleatória



Col. 1: Tabela, Fórmula, Repartição.

Col. 2: Conexa, Hipotética, Aproximativa.

Col. 3: Independente, Testada, Calculada.


Col. 1:.............................................

Col. 2: .............................................

Col. 3: .............................................

Indicações de Uso

O uso das estatísticas é, de longe, um dos meios mais

seguros para você impressionar o próximo e impor seus pontos

de vista. Em primeiro lugar porque ninguém tem a menor idéia

da origem de sua informação, e, como se trata de um caso de

citação numérica, a ignorância pode ser assumida publicamente

sem muita humilhação.

O estatistiquês é muito útil em conversas gerenciais,

almoços com clientes, exames em escolas superiores de

administração de empresas etc. Seu grande mérito, porém, é

servir de suporte e complementação enfática para afirmações

em outros idiomas: mercadologiquês, pesquisalês, economês,

sociologuês e politiquês.

Observação: o estatistiquês deve ser usado com

moderação para manter a sua credibilidade.


Em Economia

— O cálculo da correção monetária do mês foi feito com

base na MÉDIA PROPORCIONAL INFERIDA do custo de vida

projetado através da VARIÂNCIA ESTIMATIVA CONTÍNUA das

classes sócio-econômicas mais desfavorecidas.

Em Política

— O povo brasileiro não agüenta mais a REPARTIÇÃO

MARGINAL ALEATÓRIA do Produto Interno Bruto. A CURVA

CONFIÁVEL ACUMULADA confirma o empobrecimento

progressivo da Nação!

Em Sociologia

— O comportamento sócio-cultural da massa

trabalhadora é explicado pela DENSIDADE CONJUNTA RELATIVA

dos itens de conforto colocados à disposição da população.

Em Mercadologia

— O crescimento das vendas comprovou a DENSIDADE

BINOMIAL ADERENTE do target proposto.

PESQUISAL Ê S

Vocabulário


culto 0. Dado

1. Módulo

2. Perfil

0. Múltiplo

1. Prévio

2. Cumulativo

0. Causai

1. Simulado

2. Mensurável

sábio 3. Relatório

4. índice

5. Painel

6. Conjunto

3. Mecânico

4. Domiciliar

5. Quantitativo

6. Qualitativo

3. Espontâneo

4. Estimulado

5. Cruzado

6. Estratificado

gênio 7. Recall

8. Target Group

9. Store Audit

7. Psicográfico

8. Recíproco

9. Probabilístico

7. Retrospectivo

8. Inferente

9. Por amostragem



Col. 1: Teste, Sorteio, Mapeamento.

Col. 2: Posterior, Aberto, Fechado.

Col. 3: Exploratório, Coletado, Inter-relacionado.


Col. 1: ............................................

Col. 2:.............................................

Col. 3:.............................................

Indicações de Uso

Dona Pesquisa, assim como a sua comadre Estatística,

empresta ares científicos às mais extraordinárias mistificações.

Estas duas lindas e perigosas madames, usadas com habilidade,

convencem qualquer um, a qualquer momento, de qualquer

coisa. Seu maior mérito, neste campo, é possibilitar ao mais

energúmeno dos mortais o supremo prazer de se sentir Maioria!

Na prática, o uso de citações de pesquisas deve estar

sempre acoplado a algum assunto de momento — político,

esportivo, social. Você deve utilizar o vocabulário básico

acrescido de algum dado numérico. A enganação fica mais

sólida e convincente.

Debates políticos pela televisão prestam-se

admiravelmente a chutes sobre dados de pesquisas. Todos

gritam, ninguém se entende, cada um fala o que bem quer e, ao

final, talvez uma porcentagem fajuta impressione mais do que

dez promessas.


Relatório quente entregue ao candidato

— Somando-se os CONJUNTOS CUMULATIVOS

MENSURÁVEIS obtidos através de TESTES FATORAIS

RECÍPROCOS, a curva de tendências de desempenho indica

claramente que o candidato tem apenas 0,001% de chances de

ficar entre os seis primeiros colocados nas próximas eleições.

Relatório frio encomendado pelo candidato

— Todos os ÍNDICES EXPLORATÓRIOS CRUZADOS

apontam para um acelerado crescimento da candidatura, que já

ultrapassou a casa dos 48%. Os PAINÉIS QUALIFICATIVOS

COLETADOS permitem antever uma sólida possibilidade de

vitória, com 20% de folga.

Explicações (ou justificativas) dos felizes proprietários dos

institutos de pesquisa, logo após as apurações

— Como sempre a nossa margem de erro foi mínima.

Menos de 2%. A lisura do SORTEIO ABERTO ESTRATIFICADO e a

confiabilidade do MAPEAMENTO PROBABILÍSTICO INFERENTE não

indicavam outro resultado.

— Pesquisa não é adivinhação nem ciência exata... Nós

apenas indicamos tendências detectadas através de PERFIS

DOMICILIARES e MÓDULOS CUMULATIVOS POR AMOSTRAGEM.

Naquele momento, o candidato derrotado apresentava um

ótimo RECALL PSICOGRÁFICO. Mais de 80%! O que nós dissemos

foi que ele podia ganhar. Podia! Só isso.

PUBLICIT Ê S

Vocabulário


culto 0. Spot

1. Display

2. Slogan

0. Promocional

1. Testemunhai

2. Institucional

0. Humorístico

1. Agressivo

2. Erótico

sábio 3. Outdoor

4. Jingle

5. Rough

6. Teaser

3. Sazonal

4. Coloquial

5. Emocional

6. Informativo

3. Impulsivo

4. Empatizante

5. Diferenciado

6. Prospectivo

gênio 7. Storyboard

8. Broadside

9. Aproach

7. Informal

8. Memorável

9. Hard sell

7. Estereotipado

8. Single minded

9. Reeveriano



Col. 1: Layout, Copy, Vídeo, Comercial.

Col. 2: De enfoque, De estímulo, De tratamento.

Col. 3: Dramático, Explícito, Cooperado.


Col. 1:......................................................

Col. 2:......................................................

Col. 3:......................................................

Indicações de Uso

Não há nada que um publicitário não saiba. Não há nada

que um publicitário não venda. Herdeiro legítimo de um

cruzamento incestuoso de arauto com mascate, o publicitário

cultiva com belas palavras o charme de sua modernidade.

A Publicidade também é uma deusa que adora inflar o

ego de seus servidores. Todos são belos. Todos são viajados.

Todos são inteligentes. Todos são premiados! O preço que se

pagã para atingir tamanha felicidade é normalmente medido em

divórcios, úlceras ou enfartes.

Para falar corretamente o publicitês, além de dominar o

vocabulário básico, você precisa ser visto nos lugares certos,

vestir-se bem e exercitar continuamente o precioso dom da

vaidade. Com a prática, é recomendável uma mistura de termos

de outros "dialetos", especialmente mercadologiquês e

pesquisalês. O resultado é sensacional!

Em tempo. Lembre-se sempre que você nunca erra.

Jamais caia na terrível tentação da autocrítica! Esta falha de

caráter pode ser fatal e comprometer para sempre sua carreira

e sua imagem.


Apresentação de campanha

Contato da Agência: Para a campanha deste ano, nossa

equipe de criação desenvolveu um APROACH INFORMAL

EMPATIZANTE, com ênfase em COPYS TESTEMUNHAIS

DRAMÁTICOS e LAYOUTS MEMORÁVEIS AGRESSIVOS. Mais do

que uma tática de comunicação SAZONAL HUMORÍSTICA, o que

se deseja é o desenvolvimento de uma estratégia PROSPECTIVA

de nítido ENFOQUE REEVERIANO.

Gerente de Comunicação do cliente: Belíssimo trabalho!

Gostei especialmente dos TEASERS DE ESTÍMULO ERÓTICO e do

BROADSIDE PROMOCIONAL COOPERADO. Esta peça vai criar um

grande impacto EMOCIONAL EXPLÍCITO em nossos

revendedores.

MIDIAL Ê S

Vocabulário


culto 0. Circulação

1. Cobertura

2. Audiência

0. Nacional

1. Regional

2. Local

0. Qualificada

1. Dirigida

2. Determinada

sábio 3. Tiragem

4. Exibição

5. Exposição

6. Freqüência

3. Seletiva

4. Rotativa

5. Cumulativa

6. Horizontal

3. Aferida

4. Somatória

5. Segmentada

6. Concentrada

gênio 7. Inserção

8. Faixa

9. Multimídia

7. Avulsa

8. Periódica

9. Interprogramas

7. Impactante

8. Superposta

9. De impressão

memorável



Col. 1: Veiculação, Leitura, Distribuição.

Col. 2: Diária, Intensiva, Dispersa.

Col. 3: Adequada, Estimada, Indeterminada.

Opções internacionais: Target, Mix, Timing, Flight,

Package, Mass media, Heavy light, Heavy user, Media share,

Overlapping, Media risk, Reach frequency, Flow chart, Mailing

list, GRP, IRC, IRD, DAR.


Col. 1:......................................................

Col. 2:......................................................

Col. 3:......................................................

Indicações de Uso

Dentro do campo da Publicidade, a Mídia faz uso de um

dos mais sofisticados e modernos dialetos. Parente de famílias

nobres (a Cibernética e a Informática são suas primas

distantes), os cultores da Mídia têm algo em comum com a

Cinderela: ambos pularam (sem escalas) da edícula para a suíte

presidencial.

Alguns anos atrás, o mídia era um personagem

coadjuvante do grande circo da Propaganda. As estrelas da

Criatividade não lhe davam a menor chance de um brilhareco

fugaz. Hoje a coisa mudou! Ser mídia também é ser publicitário!

Com todas as honras e prestígios que a profissão oferece.

O Midialês é um idioma que engloba dezenas de

expressões importadas. O que implica terríveis problemas de

pronúncia. Para os principiantes, montamos uma tabela

integrada apenas por vocábulos nativos. Impressiona bem e

pode ser usada com tranqüilidade enquanto não termina seu

cursinho prático de inglês.


Pequeno roteiro da evolução de um processo normal de

negociação em Mídia!

1. Versão do proprietário do veículo para seu contato

Vai lá e diz para eles que a partir de hoje nós

oferecemos uma AUDIÊNCIA ROTATIVA CONCENTRADA. Te vira,

tá!

2. Versão do contato do veículo para o mídia

Essa pesquisa comprova que nosso canal lhe oferece o

menor custo por INSERÇÃO HORIZONTAL SOMATÓRIA. Me ajuda,

vá!

3. Versão do mídia para o contato da agência

Precisamos começar a veicular no Canal 92. O GRP

deles está melhor do que o IDR e o DAR dos concorrentes. Vai

firme!

4. Versão do contato da agência para o cliente

A inclusão do Canal 92 na programação permitirá uma

COBERTURA CUMULATIVA DE IMPRESSÃO MEMORÁVEL. Pode

assinar aqui.

5. Versão do cliente para a esposa

Liga no 92 que vai aparecer um reclame da gente.

Custou caro paca. Tomara que esta porra venda!

DESIGNÊS

Vocabulário


culto 0. Modelo

1. Elemento

2. Símbolo

0. Assimétrico

1. Formal

2. Funcional

0. Construtivo

1. Utilitário

2. Corporativo

sábio 3. Logotipo

4. Rótulo

5. Totem

6. Grafismo

3. Linear

4. Mutante

5. Conceitual

6. Poligonal

3. Mecanizado

4. Articulado

5. Orgânico

6. Multiplicado

gênio 7. Lettering

8. Pictograma

9. Protótipo

7. Ergonômico

8. Seqüencial

9. Standardizável

7. Decomposto

8. Diagramático

9. Caligráfico



Col. 1: ícone, Objeto, Artefato, Traço.

Col. 2: Geométrico, Racional, Regulável.

Col. 3: Harmônico, Expositivo, Imagético.


Col. 1:............................................

Col. 2:............................................

Col. 3:............................................

Indicações de Uso

O Design é uma atividade da maior sofisticação. Reúne o

charme da Propaganda, a tradição da Arquitetura e um leve ar

corporativo de artesanato renascentista. Seus cultores —

vestidos nas cores da moda — devem estar a par de tudo que

gira pelos visuais da vida: filmes, comerciais, exposições,

bienais etc.

Por ser uma atividade considerada supérflua, sempre

acaba entrando bem nas horas de crise. E, como o país vive em

crise permanente, o Design não é um negócio especialmente

indicado para quem não tenha outras habilidades (garçom,

marceneiro, horticultor) ou fontes de renda (pai rico, butique,

pizzaria ou desmanche de carros roubados).

De qualquer forma, mesmo sendo um leigo, você pode

aumentar muito o seu prestígio pessoal utilizando comentários

em designes. É uma prática de muito bom gosto que pode até

render alguns dividendos futuros.


Conferência em almoço do Rotary

Senhores, nossa cultura e nosso tempo exigem um

convívio permanente com os TOTENS FORMAIS CORPORATIVOS.

Vivemos um momento de RÓTULOS MUTANTES ARTICULADOS.

Tornamo-nos consumidores compulsivos de ARTEFATOS

STANDARDIZÁVEIS ORGÂNICOS e não sabemos mais viver sem

o apoio constante de um OBJETO MUTANTE UTILITÁRIO. Nenhum

PROTÓTIPO FUNCIONAL IMAGÉTICO pode ser desenvolvido em

clima de tanta incerteza. É tempo de voltarmos aos LOGOTIPOS

LINEARES CALIGRÁFICOS, aos ELEMENTOS CONCEITUAIS

DECOMPOSTOS e aos ÍCONES POLIGONAIS DIAGRAMÁTICOS. É

tempo, senhores! É mais do que tempo! Tenho dito.

ERREPE Ê S

Vocabulário


culto 0. Ação

1. Atividade

2. Iniciativa

0. De caráter

1. De conteúdo

2. De interesse

0. Cívico

1. Preventivo

2. Comunitário

sábio 3. Tarefa

4. Postura

5. Expectativa

6. Atitude

3. De sentido

4. De

relacionamento

5. De

entrosamento

6. De objetivo

3. Cooperativo

4. Participativo

5. Associativo

6. Governamental

gênio 7. Mobilização

8. Estratégia

9.

Conscientização

7. De suporte

8. De alarme

prévio

9. De

fortalecimento

7. Cerimonial

8. Lobístico

9. Protocolar



Col. 1: Sensibilização, Expectativa, Convenção.

Col. 2: De diálogo, De fluxo, De procedimento.

Col. 3: Público, Associativo, Coletivo.


Col. 1:............................................

Col. 2:............................................

Col. 3:............................................

Indicações de Uso

Toda atividade profissional que, como as Relações

Públicas, esconde o próprio nome com iniciais misteriosas é, em

princípio, suspeita. Embora pareçam mais nomenclatura de tipos

sangüíneos, as RP, assim como os RH, têm algo em comum:

fazem uso de expressões estranhas para denominar antigos e

corriqueiros procedimentos empresariais.

O RP ou a RP ( a profissão é muito apreciada pelas

mulheres) é um ser dotado de inquestionável aptidão social e

política. Ele conhece todos e tudo. Sabe e trilha com galhardia o

caminho das pedras. Sua especialidade é "chegar lá", custe o

que custar. Para isso promove e freqüenta banquetes,

seminários, conferências, coletivas e outras orgias similares.

Tem grande jogo de cintura e um nariz altamente desenvolvido

para saber a hora exata de sacar o potinho de vaselina, o

revólver ou... a carteira.

Se me odiarem e me destratarem pelo que escrevi acima,

garanto que encontrarei nas próprias RP armas e munições que

me defendam e me justifiquem. Querem ver?


Pensarem que intentei atacar uma honrada profissão

com meu pequeno livro é, antes de mais nada, uma total falta

de CONSCIENTIZAÇÃO DE CARÁTER COOPERATIVO. O humor

nunca foi nem será uma ATIVIDADE DE SUPORTE PROTOCOLAR

e é exatamente neste ponto que reside a sua POSTURA DE

INTERESSE COMUNITÁRIO.

Os comentários publicados tinham a única intenção de

promover uma SENSIBILIZAÇÃO DE ENFOQUE PÚBLICO e jamais

denegrir uma atividade que tem como pressuposto básico o

desenvolvimento de INICIATIVAS DE SUPORTE CÍVICO! Pô!


2

_______________________________

PAPOS DEPAPOS DE

BOTEQUIMBOTEQUIM

(Artistas & Intelectuais Variados)

ARTEPLASTIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Perspectiva

1. Nuance

2. Linguagem

0. Factual

1. Multiforme

2. Referencial

0. Cromática

1. Construtiva

2. Subliminar

sábio 3. Transparência

4. Performance

5. Conotação

6. Estética

3. Introspectiva

4. Planimétrica

5. Atemporal

6. Primordial

3. Subjacente

4. Transitiva

5. Imagética

6. Signifícante

gênio 7. Empatia

8. Dicotomia

9. Convergência

7. Geométrica

8. Apriorística

9. Mítica

7. Onírica

8. Arquetípica

9. Cinética



Col. 1: Presença, Aura, Influência.

Col. 2: Espectral, Linear, Conceituai.

Col. 3: Reflexiva, Inusitada, Transcendente.


Col. 1: ............................................

Col. 2:.............................................

Col. 3: ............................................

Indicações de Uso

Coquetéis, vernissages (individuais e coletivas), bienais,

apresentações, catálogos, releases, prefácios de álbuns e livros,

cartões de cumprimentos e críticas (favoráveis ou contrárias) de

um modo geral.


Crítica favorável

A obra de Victor Constantino de Las Cruces revela

acurada CONOTAÇÃO GEOMÉTRICA CROMÁTICA. Seus traços

firmes transpõem para as telas uma TRANSPARÊNCIA LINEAR

REFLEXIVA, levando o observador a uma serena EMPATIA

MÍTICA. É um pintor de claras PERSPECTIVAS ONÍRICAS e sólidas

estruturas ATEMPORAIS ARQUETÍPICAS. Vale a pena ir até o

MASP para mergulhar no brilho desta LINGUAGEM

INTROSPECTIVA. Vale a pena abandonar-se ante a PRESENÇA

PRIMORDIAL de tão inusitada mostra. Vale a pena conhecer o

trabalho multiforme de Victor Constantino de Las Cruces. Vale a

pena!

Crítica desfavorável

É incrível a falta de sensibilidade dos responsáveis pelo

MASP! Nada justifica a atual exposição de Victor Constantino de

Las Cruces. Sob o pretexto de realizar uma PERFORMANCE

FACTUAL IMAGÉTICA, o artista se perde em NUANCES

PLANIMÉTRICAS que não permitem sequer uma EMPATIA

FACTUAL com sua obra. Essa DICOTOMIA PRIMORDIAL fica ainda

mais evidente nas telas que buscam uma CONOTAÇÃO

IMAGÉTICA ATEMPORAL. Nenhum ponto de CONVERGÊNCIA

ESTÉTICA liga o artista ao espectador. Nem mesmo a AURA DO

INUSITADO leva o visitante a uma atitude REFLEXIVA ou

CONSTRUTIVA. Não percam seu tempo indo ao MASP. Victor

Constantino de Las Cruces não passa de um equívoco

CONCEITUAL, um engodo IMAGÉTICO, um blefe CROMÁTICO.

CINEM Ê S I (Hist ó rico/Diletante)

Vocabulário


culto 0. Realização

1. Produção

2. Obra

0. Documental

1. Policial

2. Musical

0. Realista

1. Felliniana

2. Expressionists

sábio 3. Expressão

4. Ficção

5. Chanchada

6. Aventura

3. Bíblica

4. Fantástica

5. Épica

6. Psicológica

3. Glauberiana

4. Desdramatizada

5. Neo-realista

6. De Terror

gênio 7. Comédia

8. Cinematografia

9. Superprodução

7. Maldita

8. Marginal

9. Independente

7. Do Cinema Novo

8. Da Avant-Garde

9. Da Nouvelle Vague



Col. 1: Sátira, Classe B, Série.

Col. 2: Comercial, Inédita, Engajada.

Col. 3: Melodramática, Antropomórfica, Acadêmica.


Col. 1:.............................................

Col. 2: ............................................

Col. 3:.............................................

Indicações de Uso

O cinema é uma atividade artística extraordinária. Seus

dialetos são tão amplos e ricos que permitem um

desdobramento semântico em duas categorias de termos e

expressões: histórico/diletante e técnico/profissional.

O linguajar histórico/diletante é especialmente indicado

para espectadores e críticos (mesmo quando profissionais).

Através de uma simples combinação das palavras propostas,

você passará a ser considerado um expert incontestável,

freqüentador de cinematecas e salas especiais.

Principais locais de uso: filas pré-bilheteria e bares pós-

sessão. Pode ser também usado em atividades acadêmicas nas

faculdades de Comunicação. E um campo de experiências onde

os professores estão quase sempre tão despreparados quanto

os alunos. Se é o seu caso, tasque ficha na prova, sem medo!


Papinho informal

Valeu a pena enfrentar a fila. Fazia tempo que a gente

não via uma COMÉDIA MALDITA DA NOUVELLE VAGUE. Eu me

lembrei muito de alguns CLASSE B MARGINAIS ENGAJADOS. Não

é?

Crítica fundamentada

Apesar de premiada em diversos festivais, a obra não

deixa de ser apenas uma FICÇÃO DOCUMENTAL REALISTA com

raízes em superadas REALIZAÇÕES de EXPRESSÃO BÍBLICA

ACADÊMICA. Serve apenas como exemplo de uma

CINEMATOGRAFIA COMERCIAL MELODRAMÁTICA.

Dissertação universitária

As AVENTURAS PSICOLÓGICAS REALISTAS encerram

sempre uma face INDEPENDENTE GLAUBERIANA. São filmes

INÉDITOS em seu conteúdo e SUPERPRODUZIDOS formalmente.

Grandes teóricos avaliam que este gênero, de caráter ÉPICO e

ANTROPOMÓRFICO, será fatalmente substituído por PRODUÇÕES

FANTÁSTICAS DE INSPIRAÇÃO FELLINIANA.

CINEM Ê S II (T é cnico/Profissional)

Vocabulário


culto 0. Corte

1. Quadro

2. Close

0. Lateral

1. Serial

2. Simultâneo

0. Sincrônico

1. Inserido

2. Deslocado

sábio 3. Sintagma

4. Segmento

5.

Encavalamento

6. Hiato

3. Habitual

4. Seqüencial

5. Próximo

6. Diegético

3. Fragmentado

4. Consecutivo

5. Pontuado

6. Contínuo

gênio 7. Travelling

8. Flash back

9. Flash forward

7. Cronológico

8. Brusco

9. Em feixe

7. Editado

8. Impreciso

9. Atomizado



Col. 1: Zoom, PM, PG.

Col. 2: Alternado, Sucessivo, Especial.

Col. 3: Explicativo, Descritivo, Conciso.


Col. 1:.............................................

Col. 2:.............................................

Col. 3: ............................................

Indicações de Uso

Aqui o furo é mais embaixo. Quem quiser se valer deste

notável vocabulário deve, pelo menos uma vez na vida, ter

carregado a câmera de um amigo rico. Função que assegura o

título de assistente nos letreiros de apresentação da fita.

Os melhores locais para se falar e ouvir cinemês

técnico/profissional são bares especializados neste tipo de

freguesia. Sua localização corresponde quase sempre à de uma

produtora de comerciais, que sustenta com seu indigno trabalho

os freqüentadores e o dono do bar.

Uma última recomendação. Chegando a um destes locais

de saber e entretenimento, peça sempre uma meia cerveja. Não

sei bem por quê, cineasta que se preza nunca consome garrafa

inteira.


Conversa de fim de tarde na Vila Madalena (1)

— ...e aí, depois daquele CORTE LATERAL SINCRÔNICO,

não é que o diretor teve a ousadia de montar um SEGMENTO

SEQÜENCIAL CONTINUO! Chocante! Parecia até um EFEITO

CRONOLÓGICO ATOMIZADO!

— Não é o primeiro caso. Outro dia, na Cinemateca, eu

revi um documentário expressionista búlgaro em que o roteirista

se valeu de um FLASH BACK DIEGÉTICO DESLOCADO, criando

um imprevisto HIATO BRUSCO IMPRECISO! Coisa incrível, sô!

1 Bairro paulistano onde se reúnem cineastas e intelectuais petistas de um

modo geral.

A mesma conversa, dez minutos depois

— Pintou algum trabalho na produtora?

— Nada... O aluguel deste mês já era. Me passa um

cigarro?

— Desculpa. Esse era o último.

— Merda.

— Merda.

TEATROLOGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Auto

1. Melodrama

2. Repertório

0. Burguês

1. Ligeiro

2. Tragicômico

0. Pirandelliano

1. Brechtiano

2. Shakesperiano

sábio 3. Mimo

4. Improviso

5. Vaudeville

6. Kabuki

3. Barroco

4. Mambembe

5. Medieval

6. Digestivo

3. Distanciado

4. De Absurdo

5. De Vanguarda

6. De Câmara

gênio 7. Psicodrama

8. Guignol

9. Happening

7. Sacramentai

8. Catártico

9. Popular

7. Do Oprimido

8. Elizabetano

9. Off-Broadway



Col. 1: Drama, Espetáculo, Texto.

Col. 2: Ambulante, Anárquico, Operístico.

Col. 3: De Humor Negro, De Costumes, De Agressão.


Col. 1: ..............................................

Col. 2:...............................................

Col. 3: ..............................................

Indicações de Uso

Assim como a fauna cineasta, a turma do teatro adora

freqüentar determinados bares e restaurantes que são

ciclicamente renováveis. A escolha do local e os objetivos do

oba-oba, também neste caso, são bastante pragmáticos:

alimentação a preços módicos, promoção pessoal e dicas de

colocação no mercado de trabalho.

Na prática (que nem sempre corresponde à realidade)

tudo parece uma grande festa. A sabedoria dos figurões mais

velhos resulta sempre na formação de uma platéia

embasbacada (e muito interessada em ser vista) nas mesas

mais próximas.

Nestas circunstâncias, o tempo de consumo de um prato

de talharim, um chope e três cafés pode chegar à marca de até

três horas! Sem intervalos.


Mesa ativa, de conotação abrangente/marxista

— Precisamos voltar a encenar DRAMAS TRAGICÔMICOS

DISTANCIADOS.

— Bons tempos da Censura... Lembram-se de como se

montavam TEXTOS POPULARES BRECHTIANOS E ESPETÁCULOS

AMBULANTES DO OPRIMIDO? Depois do fim do militarismo todos

só produzem MELODRAMAS DIGESTIVOS DE CÂMARA ou

IMPROVISOS DE COSTUMES! Que decadência...

— Aquilo sim é que era um REPERTÓRIO ANÁRQUICO DE

AGRESSÃO!

Mesa passiva, chegada ao espiritual/esotérico

— Meu sonho é escrever um KABUKI SACRAMENTAL

BARROCO!

— Eu gosto mais de PSICODRAMAS CATÁRTICOS

ELIZABETANOS...

— Mas que besteira, querida! Isso aqui é terra de bugre.

Quem é que vai querer assistir um HAPPENING OFF-BROADWAY?

Esquece...

— Ai que saudade do Hair!

— Mais seis cafés, Manuel!

MUSICOLOGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Abertura

1. Suíte

2. Sonata

0. Lírica

1. Vocal

2. Sinfônica

0. Romântica

1. Impressionista

2. Andante

sábio 3. Missa

4. Tocata

5. Balada

6. Rapsódia

3. Atonal

4. Descritiva

5. Campestre

6. Folclórica

3. Nacionalista

4. Neoclássica

5. Sintetizada

6. Polirrítmica

gênio 7. Gavota

8. Galharda

9. Chacona

7. Camerística

8. Politonal

9. Concertante

7. Eletrônica

8. Aleatória

9. Dodecafônica



Col. 1: Fuga, Sarabanda, Jiga.

Col. 2: Instrumental, Coral, Orquestral.

Col. 3: Serialista, Militar, Harmônica.

Observação: Esta especialidade comporta uma quarta

coluna referente aos instrumentos a que se destina a peça. Por

exemplo: 0. Para cordas; 1. Para madeiras; 2. Para metais; 3.

Para percussão; 4. Para bandolim e orquestra; 5. Para cravo; 6.

Para marimba e clarineta; 7. Para harpa; 8. Para sete pianos; 9.

Para trompa e fagote.


Col. 1 :.................................................

Col. 2:..................................................

Col. 3: .................................................

Indicações de Uso

Salas de espera são o recinto ideal para você demonstrar

seus conhecimentos musicais. Antes do espetáculo, após uma

discreta folheada no programa, suas observações devem versar

sobre aspectos históricos das obras a ser interpretadas.

No intervalo, com mais entusiasmo, os comentários

podem se voltar à interpretação da orquestra e dos solistas. É

um tema muito propício a comparações, oportunidade única

para você dissertar sobre suas experiências musicais

pregressas, viagens reais ou imaginárias etc.

Ao final do espetáculo — ópera, concerto ou recital —

você pode falar o que bem entender. Mesmo porque, com fome

ou com sono, ninguém estará a fim de conferir ou questionar a

sua cultura.


Antes do espetáculo

— Belo programa! Vai ser um prazer ouvir novamente a

RAPSÓDIA CONCERTANTE DODECAFÔNICA PARA DOIS CELOS,

TRÊS HARPAS E ORQUESTRA. É uma das minhas peças

preferidas do repertório internacional LÍRICO-IMPRESSIONISTA.

No intervalo

— A orquestra esteve perfeita no terceiro movimento da

ABERTURA CAMERÍSTICA NEOCLÁSSICA. OS metais e as

madeiras acompanharam com maestria o andamento

CAMPESTRE NACIONALISTA do tema melódico FOLCLÓRICO

POLIRRÍTMICO. Uma interpretação de mestres!

Na saída do teatro

— Bela noitada! Pena que a pianista tenha perdido

quatro compassos no andante vivace da SARABANDA ATONAL

MILITAR. Um deslize POLITONAL ALEATÓRIO comprometedor.

Em tempo: a cultura musical erudita pode ser muito útil

para impressionar namoradas (os) em primeiro encontro. Mas

cuidado! Se o caso for em frente, ela (ele) vai logo sacar que

você é um tremendo ignorante...

LING Ü ISTIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Emissão

1. Articulação

2. Interação

0. Verbal

1. Denotativa

2. Metafórica

0. Sistemática

1. Sintática

2. Normativa

sábio 3. Conotação

4. Decodifícação

5. Simbologia

6. Redundância

3. Referente

4. Situacional

5. Textual

6. Gestual

3. Fonética

4. Semiótica

5. Semiológica

6. Semântica

gênio 7. Afasia

8. Cinesia

9. Metonímia

7. Tonal

8. Modelizante

9. Ruidosa

7. Fática

8. Sígnica

9. Paralingüística



Col. 1: Metalinguagem, Filologia, Interação.

Col. 2: Léxico, Retórico, Simbiótico.

Col. 3: Difusa, Cifrada, Polêmica.


Col. 1:..........................................

Col. 2: .........................................

Col. 3: .........................................

Indicações de Uso

Esta é uma tabelinha de caráter nitidamente acadêmico,

adequada a teses, ensaios, críticas e artigos. Sua utilidade,

portanto, é restrita a círculos de pseudo-intelectuais, ou de

intelectuais natural ou artificialmente desligados.

Geograficamente deve ser usada nos campi (essa também

impressiona!) universitários e adjacentes: especialmente em

barzinhos de moda, depois do quinto chope.

Os mais ousados podem utilizar os termos propostos em

provas e exames. Dificilmente os professores ousarão duvidar

de sabedoria exposta com tamanha complexidade. Vale ainda

como mostra de erudição e munição para conquista de

menininhas incautas. O inverso, porém, não é verdadeiro.


Trabalho de Classe

— A diferença entre um texto poético e uma obra

dramática reside na CONOTAÇÃO METAFÓRICA SÍGNICA do

primeiro, em oposição à ARTICULAÇÃO DENOTATIVA

SISTEMÁTICA da segunda. O verso objetiva atingir o receptor,

através da METONÍMIA TONAL SEMÂNTICA, enquanto a

dramaturgia se alicerça nas INTERAÇÕES VERBAIS POLÊMICAS.

Projeto de Tese

— O estudo da metalinguagem, enquanto forma de

ARTICULAÇÃO REFERENTE, implica a meticulosa avaliação da

FILOLOGIA LÉXICO-IMPLÍCITA. Isto não pode ser feito sem uma

correta DECODIFICAÇÃO dos termos RETÓRICOS E SIMBIÓTICOS

do objeto referencial ou do sistema analisado.

Cantada Semiológica

— Não sei bem por quê, mas sinto que você anda cada

dia mais CIFRADA e reflexiva. Desse jeito, nossa relação está

ficando muito REDUNDANTE, apenas um caso NORMATIVO E

DIFUSO... Tudo sempre acaba em METALINGUAGEM! Que tal a

gente ir agora mesmo para um motel e resolver de vez essa

situação RUIDOSA?

FILOSOFÊS

Vocabulário


culto 0. Razão

1. Lógica

2. Ética

0. Intuitiva

1. Empírica

2. Científica

0. Idealista

1. Pós-aristotélica

2. Pré-socrática

sábio 3. Hipótese

4. Proposição

5. Dialética

6. Ontologia

3. Moral

4. Cética

5. Estóica

6. Cartesiana

3. Patrística

4. Escolástica

5. Platônica

6. Iluminista

gênio 7. Epistemologia

8.

Fenomenologia

9. Gestalt

7. Experimental

8. Metafísica

9. Existencial

7. Epicurista

8. Sofista

9. Mecanicista



Col. 1: Teologia, Utopia, Sabedoria.

Col. 2: Experimental, Utópica, Conceituai.

Col. 3: Materialista, Determinista, Positivista.


Col. 1: ................................................

Col. 2:................................................

Col. 3:................................................

Indicações de Uso

Consta que na Grécia Antiga os termos filosóficos eram

especialmente usados por mestres desejosos de impressionar e

cativar alunos — eu disse alunos — em suas bucólicas e

didáticas caminhadas pelas periferias helênicas. Nestas aulas,

pedagogicamente rotuladas de Peripatéticas, os sábios

atenienses discutiam muito os princípios, os fins e

principalmente os meios de tirar o maior proveito prático da

Cultura e seus derivados. Neste sentido foi elaborada a Lei de

Zenon & Gerson ( meio-campistas do Corintho F. C), conhecida

até hoje como a Lei da Vantagem.

Três mil anos e pico depois, a coisa não mudou muito. Os

filósofos sobreviventes lutam desesperadamente para descobrir

uma utilidade prática para os conhecimentos... e o que resta, na

maior parte das vezes, é apenas a chance de uma cantada

erudita em algumas mocinhas solitárias ou desprevenidas. Que,

às vezes, até cola.


Aula Convencional

— Nunca é demais salientar que a DIALÉTICA CIENTÍFICA

PÓS-ARISTOTÉLICA não nega os valores da ÉTICA ESTÓICA

PATRÍSTICA. Da mesma forma, a LÓGICA EMPÍRICA SOFISTA tem

seus parâmetros fundamentais arraigados na

FENOMENOLOGIACÉTICA POSITIVISTA. Por hoje é só. Todos já

assinaram a lista de presença? Dona Mariazinha, por favor.

Aguarde um minuto que eu quero comentar o seu trabalho.

Aula particular

— Pensa bem, menina... Deixa de lado esta MORAL

IDEALISTA e vamos transar uma GESTALT EXISTENCIAL

EPICURISTA. Besteira ficar curtindo uma RAZÃO UTÓPICA

PLATÔNICA só porque eu sou seu professor. Esquece a filosofia e

cai na real... tá? Meu fusca está no estacionamento da

faculdade. Eu te encontro lá.

PEDAGOG Ê S

Vocabulário


culto 0. Formação

1. Avaliação

2. Educação

0. Criativa

1. Didática

2. Motora

0. Indutiva

1. Dissertativa

2. Comparativa

sábio 3. Preparação

4. Fixação

5. Questão

6. Argüição

3. Disciplinar

4. Grupal

5. Diferenciada

6. Analógica

3. Dedutiva

4. Expositiva

5. Dogmática

6. Lúdica

gênio 7. Assimilação

8. Motivação

9. Recapitulação

7. Auto-analítica

8. Audiovisual

9. Prático-oral

7. Exegética

8. Catequética

9. Heurística



Col. 1: Integração, Apreciação, Propedêutica.

Col. 2: Dirigida, Grupai, Recíproca.

Col. 3: Dirigida, De múltipla escolha, Extra-classe.

Observação: Este é um caso que também comporta uma

quarta coluna, relativa ao grau de ensino a que se aplica a

expressão utilizada. Veja como soa bem: 0. Maternal; 1. Pré-

primária; 2. Primária; 3. De nível médio; 4. Preparatória; 5. Pré-

vestibular; 6. Superior; 7. Universitária; 8. Graduada; 9. Pós-

graduada.


Col. 1: ...........................................

Col. 2: ...........................................

Col. 3: ...........................................

Indicações de Uso

Como é sabido — especialmente em épocas eleitorais — a

Educação é a grande prioridade nacional! Posto isso, o estudo e

a prática da Pedagogia e ciências afins deveria ser uma

atividade respeitada e rendosa no rol das coisas a que um pobre

brasileiro pode se dedicar para sobreviver. O que, é claro, não

acontece.

Diz um velho provérbio propedêutico: "Ser professor é

não ter fiador". Sendo assim, a ordem é catar o pouco que se

aprendeu na faculdade e sair girando a bolsinha por aí. Se você

for uma pessoa alegre e criativa vai perceber logo que nem tudo

está perdido. Muitos de seus conhecimentos teóricos podem

ainda ser úteis em diversas atividades práticas. Não é, fessora?


Na feira livre

— Leva a banana, freguesa! Vai fazer bem para a

FORMAÇÃO MOTORA COMPARATIVA do seu filho!

Na delegacia

— Furto não, seu doutor! O que eu fiz foi ASSIMILAÇÃO

EXPERIMENTAL CRONOLÓGICA INDUTIVA das jóias da patroa! Eu

só usava uma de cada vez!

De noite, na esquina

— Que tal uma INTEGRAÇÃO PRÁTICO-ORAL LÚDICA,

benzinho?

JORNALISTIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Informação

1. Matéria

2. Reportagem

0. Opinativa

1. Imparcial

2. Tendenciosa

0. Conflitante

1. Rebuscada

2. Enfática

sábio 3. Entrevista

4. Pauta

5. Chamada

6. Cobertura

3. Coloquial

4. Editorial

5. Telegráfica

6. Oficial

3. Distorcida

4. Sensacionalista

5. Furada

6. Manipulada

gênio 7. Denúncia

8. Fonte

9. Retranca

7. Impessoal

8. Neutra

9. Factual

7. Confiável

8. Instigante

9. Copidescada



Col. 1: Versão, Notícia, Suíte.

Col. 2: Fidedigna, Falsa, Dúbia.

Col. 3: Repetitiva, Antiética, Filtrada.


Col. 1:.......................................

Col. 2: .......................................

Col. 3: .......................................

Indicações de Uso

O jornalista é um profissional permanentemente atento

aos próprios direitos e aos deveres dos outros. Como os

políticos, ele zela pelo bem comum. Como os juizes, ele fiscaliza

o cumprimento das leis. Como os poetas, ele preserva com

belas palavras o lirismo bucólico das nossas desgraças urbanas

e sociais. Ele é um paladino! Um sentinela! Um quase mártir!

Tem consciência de classe. Freqüenta o Sindicato. Tem

carteirinha de partido. Passa a vida mudando de emprego e vive

sempre duro.

De madrugada, nos bares da cidade, os jornalistas se

encontram para um penúltimo (copo) papo. É uma hora

sagrada. Enquanto a população indefesa dorme, os Arcanjos da

Verdade (hic!) salvam o mundo.


Bate-bola no balcão

— Cansei! Não agüento mais trabalhar com PAUTAS

TELEGRÁFICAS FURADAS! Todo dia é a mesma coisa! Só me

sobra COBERTURA OFICIAL MANIPULADA! E tome REPORTAGEM

NEUTRA! Tudo menos uma MATÉRIA OPINATIVA INSTIGANTE! TÔ

com o saco cheio! Mais uma pra mim, companheiro!

— Isso não é nada! Você acredita que eles

transformaram numa REPORTAGEM FACTUAL SENSACIONALISTA

uma tremenda DENÚNCIA COLOQUIAL de FONTE IMPESSOAL

CONFIÁVEL? Todo meu trabalho acabou virando uma CHAMADA

TENDENCIOSA... Bota outra aqui, cidadão!


3

_______________________________

CONVERSASCONVERSAS

DE ÍNDIODE ÍNDIO

(Biólogos, Ecologistas, Verdes & Alternativos)

ECOLOGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Meio

1. Ambiente

2. Sistema

0. Eco

1. Sócio

2. Agro

0. Renovável

1. Reciclável

2. Degradável

sábio 3. Grupo

4. Impacto

5. Equilíbrio

6. Ciclo

3. Auto

4. Bio

5. Geo

6. Organo

3. Preservável

4. Poluente

5. Climático

6. Alternativo

gênio 7. Bioma

8. Efeito

9. Universo

7. Fisio

8. Macro

9. Mega

7. Decompositor

8. Sintético

9. Homeostático



Col. 1: Efeito estufa, Comportamento, Recurso.

Col. 2: Inter, Tecno, Foto.

Col. 3: Contaminável, Predatório, Tóxico.


Col. 1: ..................................................

Col. 2:...................................................

Col. 3: ..................................................

Indicações de Uso

Como é belo proteger a Fauna e a Flora! Como é

comovente acariciar a cabecinha de um filhote de jacaré! Subir

numa árvore carcomida que ameaça cair na cabeça das pessoas

e ficar pendurado lá em cima até a chegada dos jornalistas. E aí

exibir um lindo cartaz verde com os poéticos dizeres de

CLOROFILA SIM, MACHADO NÃO! E depois de bem teipado e

fotografado, abandonar o infeliz vegetal, voltar para casa, tomar

um suco de beterraba (pobre beterraba indefesa!), ligar a

televisão e esperar o jornal das oito.

Nesse capítulo de coisas ecológicas, eu sempre me

lembro de uma reunião do Conselho Curador da TV Cultura de

São Paulo. Calor, uma da tarde, todo mundo morto de fome,

almoço esperando no restaurante, um conselheiro-jornalista

pede a palavra e dispara um tremendo discurso sobre a

necessidade de a emissora produzir e veicular uma campanha

em defesa dos animais em extinção. E o tempo passando...

Quinze minutos depois, o então reitor da Unicamp

aparteou o colega e em nome da platéia verde (de fome)

encerrou brilhantemente o assunto:

— Quero que as jararacas se danem!2 Vale mais é a

sabedoria popular: MATA QUE É BICHO!

E todos foram cuidar da sobrevivência da própria espécie.


Dois fragmentos do discurso supracitado

2 Todos escutaram outro verbo.

— Se não preservarmos já o MEIO ECO-RENOVÁVEL

brasileiro, estarão condenados os GRUPOS AUTOPRESERVÁVEIS

e esse será o fim do CICLO ORGANOALTERNATIVO!

— Nossa missão é proteger de todas as formas os

SISTEMAS SÓCIO-RECICLÁVEIS para que o IMPACTO

FISIODECOMPOSITOR não afete definitivamente o já periclitante

BIOMA GEOCLIMÁTICO!

BIOLOGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Gene

1. Vírus

2. Germe

0. Orgânico

1. Proteínico

2. Hormonal

0. Híbrido

1. Modificado

2. Encadeado

sábio 3. Isômero

4. Tecido

5. Cromossoma

6. Aminoácido

3. Recomposto

4. Molecular

5. Mensageiro

6. Glandular

3. Enzimático

4. Esteróide

5. Embrionário

6. Resistente

gênio 7. Blastóporo

8. Ribossoma

9. Citoplasma

7. Evolutivo

8. Celular

9. Fotossintético

7. Nucleotídeo

8. Hereditário

9. Metamorfoseado



Col. 1: Óvulo, DNA, Ciclo.

Col. 2: Nucléico, Púrico, Metabólico.

Col. 3: Codificado, Estimulado, Mutante.


Col. 1: ...........................................

Col. 2: ...........................................

Col. 3: ...........................................

Indicações de Uso

A Biologia é uma bela ciência que andava completamente

esquecida até que os ecologistas e os escritores de ficção

científica resolvessem dar uma mãozinha para que ela saísse

das trevas acadêmicas a que fora relegada.

Para falar a verdade, o que mexeu mesmo com a cabeça

do povo foi essa história de ficar produzindo monstrinhos em

laboratório: mosquito de cabeça branca, camundongo com cara

de canguru, zebra horizontal e anta inteligente. Os biólogos

ganharam aura de alquimistas e todo mundo percebeu que era

preciso aprender algumas palavrinhas chaves sobre um assunto

tão atual.

Mesmo porque ninguém está livre de topar com um

processo de paternidade ou — coisa mais besta! — ter de

fabricar um filho de proveta.


Diálogo na cama

Ela: Benzinho... vê se capricha num CROMOSSOMA

MENSAGEIRO EMBRIONÁRIO! Afinal, eu já estou quase chegando

aos quarenta.

Ele: Esquece, minha filha. Meus GERMES HORMONAIS são

HÍBRIDOS e ESTERÓIDES. O único jeito é apelar para um

congeladinho...

Audiência no tribunal

— Através do laudo da perícia genética, Meritíssimo, fica

claro que o DNA MOLECULAR HEREDITÁRIO do pretenso herdeiro

nada tem a ver com o RIBOSSOMA CELULAR ENCADEADO

extraído do corpo do exumado banqueiro internacional. Além do

mais, Meritíssimo, convenhamos: a tal criança é preta de olhos

azuis e meu falecido cliente tinha 95 anos e era japonês!

BOTANIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Família

1. Espécie

2. Classe

0. Gramínea

1. Orquidácea

2. Rosácea

0. Hormogonal

1. Fotogenética

2. Criptógama

sábio 3. Gimnosperma

4. Anginosperma

5.

Monocotiledônea

6. Dicotiledônea

3. Bromeliácea

4. Muscínea

5. Florídea

6. Esquizofícea

3. Isoporada

4. Heterosporada

5. Isogâmica

6. Anisogâmica

gênio 7. Pteridófita

8. Bacilariófita

9. Espermatófita

7. Umbelífera

8. Assifonógama

9. Convolvulácea

7. Xenógama

8. Anaeróbica

9. Citoplasmática



Col. 1: Fanerógama, Talófita, Embriófita.

Col. 2: Diatomácea, Rubiácea, Crucífera.

Col. 3: Gimnospermática, Pseudópode, Hepática.


Col. 1:.....................................................

Col. 2:.....................................................

Col. 3:......................................................

Indicações de Uso

Ora, direis, cheirar bromélias! Os botânicos são criaturas

com imagem de lunáticos errantes, uma espécie de sherloques

caçadores de plantinhas, vagando pelos campos com ar perdido

e lupa na mão. Sua maior felicidade é descobrir uma pobre flor

inocente e jogar-lhe em cima da lápide um impronunciável

nome latino de trinta sílabas, de preferência terminado em ácea,

em élia ou em ônea.

O charme maior de falar algumas palavras de botaniquês

reside exatamente no uso do latim — erudição quase sagrada

que a Igreja moderninha abandonou.

O melhor lugar para você demonstrar seus

conhecimentos no ramo (ou dos ramos?) são Feiras do Verde,

Exposições de Orquídeas ou outras atividades nipônicas do

gênero.


Bilhete no Dia das Mães

"Mãezinha querida. Fui para a Praia Grande com a filha

da vizinha. Era hoje ou nunca. Deixo para você, com muito

carinho, estas DICOTILEDÔNEAS ROSÁCEAS ANAERÓBICAS.

Outro dia a gente almoça junto. Um beijo da Zélia."

Passeio no Jardim Botânico

— Olha lá, meu bem! Está vendo aquela plantinha ali? É

uma PTERIDÓFITA UMBELÍFERAISOPORADA. Linda, não é? Ela é

nativa da Malásia e cresce em tufos de ANGINOSPERMAS

ORQUIDÁCEAS FOTOGENÉTICAS! Incrível, não é?

— Angino... o quê?

— ...sperma!

— Eu, hein... Lá vem você com suas sacanagens. Vamos

tomar raspadinha?

ZOOLOGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Organismo

1. Corpúsculo

2. Invertebrado

0. Assimétrico

1. Aeróbico

2. Ametabólico

0. Filtrador

1. Bioluminescente

2. Insetívoro

sábio 3. Anuro

4. Artrópode

5. Cefalópode

6. Cetáceo

3. Homeotermo

4. Ureotélico

5. Artiodáctilo

6. Miogênico

3. Pluricelular

4. Cromatóforo

5. Pluriestratiíicado

6. Heterótrofo

gênio 7. Escafópode

8. Hidrozoário

9. Proboscídeo

7. Simbiótico

8. Amebóide

9. Séssil

7. Monoplacóforo

8. Paleártico

9. Neotropical



Col. 1: Aracnídeo, Tunicado, Espongiário.

Col. 2: Cartilaginoso, Anelídeo, Equinodermo.

Col. 3: Neátrico, Marsupial, Abissal.


Col. 1:..................................................

Col. 2:..................................................

Col. 3:..................................................

Indicações de Uso

O brasileiro é um povo que ama a Zoologia e suas

múltiplas classificações. Desde pequenos todos aprendem que

águia é 1 na cabeça, cobra é 33 e veado é 24. Mais tarde haverá

uma boa possibilidade de que o garoto ganhe a vida aplicando

esses notáveis conhecimentos em alguma banca de jogo das

Baixadas (Fluminense, Santista etc.) da vida.

Além destes aspectos populares e pragmáticos, o

zoologuês se presta a demonstrações culturais em passeios de

fim de semana aos aquários e zoológicos. Pode impressionar

bem a namorada (o) e circunstantes. A única cautela, no caso, é

evitar que o animal perceba que está sendo insultado em latim.

O bicho tem todo o direito de reagir.


Insultos parlamentares eruditos

— Vossa Excelência está se portando como um

CEFALÓPODE MIOGÊNICO HETERÕTROFO! Precisamos proibir de

vez a pesca dos CETÁCEOS HOMEO-TERMOS PALEÁRTICOS!

— E Vossa Excelência não passa de um ANURO

UREOTÉLICO NEOTROPICAL. Eu estou do lado dos pobres

pescadores famintos! Pelo menos são da nossa espécie!

— Seu PROBOSCÍDEO predador!

— Seu INVERTEBRADO verdolengo!

— Jumento CARTILAGINOSO!

— Caitetu ESPONGIÁRIO!

— ARACNÍDEO!

— TUNICADO!

— VEADO!

— BICHA...

— É A P...

(E voltamos aos termos rotineiros de debate.)

GENETIQUÊS

Vocabulário


culto 0. Progênie

1. Herança

2. Divisão

0. Meiótica

1. Mitótica

2. Cromossômica

0. Interfásica

1. Profásica

2. Anafásica

sábio 3. Mutação

4. Anomalia

5. Linhagem

6. Permutação

3. Diplóide

4. Cariotípica

5. Haplóide

6. Cromatídica

3. Dominante

4. Recessiva

5. Metafásica

6. Telofásica

gênio 7. Genotipia

8. Fenotipia

9. Não-disjunção

7. Alelomorfa

8. Clônica

9. Androgênica

7. Homozigota

8. Heterozigota

9. Citogenética



Col. 1: Ascendência, Cadeia, Seqüência.

Col. 2: Holândrica, Isocromossômica, Gênica.

Col. 3: Autossômica, Heteróloga, Consangüínea.


Col. 1:..................................................

Col. 2:..................................................

Col. 3:..................................................

Indicações de Uso

Ah! Como é instigante a busca de nossas origens! Já que

não dá mesmo para saber para onde vamos, tentemos ao

menos saber de onde viemos. A ciência que procura explicar

com palavras difíceis este prosaico evento esportivo (também

conhecido como papai-mamãe) é a Genética. Parente da

Biologia, ela também ronda o mundo mágico das provetas e dos

mutantes. Basta observar a quantidade de vezes que assuntos

genéticos têm sido pautados no Fantástico.

Além destas reportagens sensacionalistas, o uso do

genetiquês é muito convincente em contos de ficção científica,

causos verídicos de terror e historinhas apavorantes para fazer

criança chata dormir.


Roteiro de desenho animado japonês

Cientista: ...e foi assim, crianças, que seus pais, antes de

morrerem devorados pelo MUTANTE CLÔNICO CITOGENÉTICO,

legaram para vocês uma LINHAGEM CROMOSSÔMICA

DOMINANTE!

Jovem Herói: Então é por isso que quando eu grito

HERANÇA MEIÓTICA TELOFÁSICA meu corpo se transforma no

DIPLÓIDE INTER-FÁSICO?

Jovem Heroína: E eu na GENOTIPIA ALELOMORFA?

Cientista: SIM! E sua missão AMBIVALENTE é combater o

MUTANTE e seus monstros ANDROGÊNICOS, HOLÂNDRICOS e

HOMOZIGOTOS! Avante! A Humanidade depende de vocês!

Heróis: HERANÇA MEIÓTICA TELOFÁSICA!

Mutante: Saco! Lá vem de novo aqueles pentelhos

amarelinhos...

METEOROLOGUÊS

Vocabulário


culto 0. Massa 0. Atmosférica 0. Frontal

1. Frente 1. Aquecida 1. Instável

2. Formação 2. Marítima 2. Ocasional

sábio 3. Faixa 3. Nebulosa 3. Imprevista

4. Camada 4. Barométrica 4. De baixa pressão

5. Variação 5. Úmida 5. Em deslocamento

6. Perturbação 6. Nivelada 6. Em dissipação

gênio 7. Célula 7. Anticiclônica 7. De convecção

8. Oscilação 8. Térmica 8. Subtropical

9. Inversão 9. Aperiódica 9. Semi-estacionária



Col. 1: Área, Gangorra, Circulação.

Col. 2: Climática, Tropical, Ciclônica.

Col. 3: Parcial, Estável, Com declínio (ou elevação) da

temperatura.

Observação: Para maior veracidade, acrescente neste

caso uma quarta coluna, com indicações geográficas e

temporais precisas do evento enunciado. Anote: 0. Pela manhã;

1. Ao entardecer; 2. Ao pôr-do-sol; 3. No litoral; 4. Ao norte; 5.

Ao sul; 6. Na região sudoeste; 7. No centro-oeste; 8. No centro-

sul; 9. Nas imediações de Carapicuíba; 10. A leste do Éden.


Col. 1:...............................................

Col. 2:...............................................

Col. 3: ..............................................

Indicações de Uso

Por mais que eles digam que a sua profissão é ciência, os

fatos comprovam que os meteorologistas constituem apenas um

bando de seres dotados de um acurado olfato (feeling em

inglês) para captar a umidade do ar, o lado de onde sopra o

vento e que tais. Neste campo, aliás, é sempre bom lembrar que

dores musculares, calos doloridos, olhos lacrimejantes e vacas

nervosas têm quase o mesmo valor informativo que os

caríssimos satélites que sobrevoam e às vezes despencam em

nossas cabeças.

Você pode usar o meteorologuês nas mais variadas

oportunidades e circunstâncias: fila de ônibus, piquenique na

praia, memória de infância, justificativa de má colheita etc.

Vejamos a sua utilidade em algumas destas situações.


Amante frustrado

— ...pois é... desculpe, meu bem, mas isso só costuma

acontecer quando uma MASSA AQUECIDA DE BAIXA PRESSÃO

cria na atmosfera uma PERTURBAÇÃO TÉRMICA IMPREVISTA...

Amanhã a gente lê a previsão do tempo antes de vir para o

motel, tá?

Agricultor endividado

— E aí, sô gerente, aquela FRENTE NEBULOSA

SUBTROPICAL - o sinhor si alembra? — provoco uma

INTERVENÇÃO CICLÔNICA COM RAJADAS EM PIRACAIA qui acabo

o milhará! Mi adiscurpa, mais o Banco do Brasil vai tê qui engoli

mais essa...

ASTRONOM Ê S

Vocabulário


culto 0. Planeta

1. Satélite

2. Asteróide

0. Comprimido

1. Contraído

2. Cintilante

0. Espectral

1. Elíptico

2. Crítico

sábio 3. Cometa

4. Objeto

5. Corpo

6. Meteoro

3. Expansivo

4. Estacionário

5. Anular

6. Anão

3. Axial

4. Espiralado

5. Zenital

6. Incandescente

gênio 7. Quasar

8. Pulsar

9. Buraco negro

7. Globular

8. Massivo

9. Binário

7. Em colapso

8. De nêutrons

9. No horizonte de

eventos



Col. 1: Astro, Núcleo, Anel.

Col. 2: Duplo, Gigante, Rotativo.

Col. 3: Gravitacional, Magnético, Jovem.


Col. 1:.............................................

Col. 2: ............................................

Col. 3:.............................................

Indicações de Uso

Olhar para cima é um dos esportes mais praticados pela

humanidade. Às vezes resulta em terríveis tombos ou topadas,

mas, na maior parte das vezes, excita o comichão da

curiosidade e produz extraordinárias teorias sobre o fim do

mundo.

Atualmente, a prática da Astronomia (nos países

civilizados) não apresenta maiores riscos físicos ou morais,

embora num passado relativamente próximo tenha sido

responsável pela torrefação de sábios descobridores de

planetas. A esse tipo de fogueira foi dado então o apropriado

nome de "queima de arquivo".

Para os cultores da Astronomia e praticantes do

astronomês, uma ultima observação. Se em noite de lua cheia

vocês olharem para cima e começarem a uivar baixinho,

cuidado. O seu problema pode ser outro. Consultem

rapidamente a tabelinha de Esoterês. Talvez dê alguma pista

sobre a chamada licantropia.


Diálogo no apê de cobertura

— Que bom que você veio! A noite está linda!

— Você garantiu que hoje dava para gente ver o

COMETA...

— O COMETA, O PLANETA , OS SATÉLITES

ESTACIONÁMOS... tudo que gira neste lindo UNIVERSO

GLOBULAR AXIAL!

— Também dá para ver a lua?

— A lua, o sol, OS ASTROS EM COLAPSO e OS

ASTERÓIDES ZENITAIS... O que você quiser, eu mostro! Até um

BURACO NEGRO!

— Eu, hein... e cadê a luneta?

— Está guardada lá dentro... Vamos buscar?

— Sei não...

— Vem, bobinha.. lá eu te ensino como funciona um

PULSAR ESPIRALADO e OS CORPOS ANULARES EXPANSIVOS!

Vem...

ASTROLOGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Mapa

1. Quadrante

2. Domicílio

0. Cósmico

1. Regente

2. Sucedente

0. Angular

1. Solar

2. Lunar

sábio 3. Eixo

4. Trânsito

5. Destino

6. Solstício

3. Ascendente

4. Descendente

5. Nativo

6. Progressivo

3. Estelar

4. Orbital

5. Sideral

6. Harmonioso

gênio 7. Trígono

8. Zênite

9. Nadir

7. Primário

8. Significador

9. Eclíptico

7. Horoscópico

8. Astropsicológico

9. Domificado



Col. 1: Signo, Período, Tipo.

Col. 2: Revolutivo, Horário, Secundário.

Col. 3: Favorável, Desfavorável, Astral.


Col. 1:..........................................

Col. 2:..........................................

Col. 3:..........................................

Indicações de Uso

Por mais que os astrônomos protestem, a grande verdade

é que faturamento que é bom quem garante é a Astrologia. Ou

será que alguém já ouviu falar em greve de astrônomo? Agora,

jornal sem horóscopo... não sei não. Dá até para se pensar num

movimento reivindicatório da categoria.

O astrologuês é um idioma riquíssimo. Para compor esta

tabelinha foram descartados mais de 50 termos técnicos

totalmente pertinentes ao assunto. Por isso não se acanhe em

inventar a sua própria tabela — as possibilidades são infinitas.

Quanto ao uso da linguagem, ela se divide em algumas

categorias: teórico profissional, teórico diletante, prático

profissional, prático diletante e contraventor declarado.


Teórico profissional

— O SIGNO NATIVO SIDERAL demonstra claramente o

TRÍGONO ECLÍPTICO DOMIFICADO! Pronto, fechei o horóscopo

de quinta-feira.

Teórico diletante

— Seu DESTINO PRIMÁRIO e o meu NADIR SECUNDÁRIO

criam um EIXO CÓSMICO bastante promissor.

Prático profissional

— Pode casar no dia 20, madame. O seu MAPA

ASTROPSICOLÓGICO indica a chegada de um SOLSTÍCIO

PROGRESSIVO FAVORÁVEL.

Prático diletante

— E isso aí, benzinho. Se você quiser dar um pulinho ao

meu DOMICILIO CÓSMICO a gente pode até traçar um

QUADRANTE PROGRESSIVO HARMONIOSO. Vamos lá?

Contraventor declarado

— O MAPA REVOLUTIVO ASCENDENTE vai custar 5 mil. A

descrição do TIPO ESTELAR, mais cinco. O serviço completo,

com massagem e tarô, fica por vinte.

ESOTER Ê S

Vocabulário


culto 0. Dom

1. Transe

2. Rito

0. Fluido

1. Mental

2. Primordial

0. Telepático

1. Mediúnico

2. Mágico

sábio 3. Arcano

4. Pêndulo

5. Talismã

6. Avatar

3. Aureolado

4. Oculto

5. Dual

6. Etéreo

3. Vibratório

4. Ectoplasmático

5. Cabalístico

6. Clarividente

gênio 7. Poltergeist

8. Mantra

9. Pentagrama

7. Astromental

8. Elemental

9. Filosofal

7. Védico

8. Alquímico

9. Telecinético



Col. 1: Diagrama, Círculo, Canal.

Col. 2: Alfa, Fundamental, Luminoso.

Col. 3: Órfico, Energético, Sincronicista.


Col. 1: ............................................

Col. 2: ............................................

Col. 3: ............................................

Indicações de Uso

Eis outro campo infinito! Em matéria de enrolação, as

atividades místicas e esotéricas são imbatíveis. Fale o que você

quiser, quando quiser e para quem quiser, sem o menor pudor

ou medo de ser questionado. Desde que o mundo é essa

porcaria que está aí, ninguém tem peito de duvidar das palavras

divinas. Vai que Ele existe...

Mas cuidado! O esoterês é um idioma que pode ser usado

a serviço do BEM ou do MAL! Esta é uma escolha de consciência

que você deve fazer com muito critério! Antes de sair

pentagramando a porta da casa de seus inimigos, pense no seu

próprio rabo. De qualquer forma, também estes escrúpulos não

passam de mistificação. Pensando bem, você é quem vai

resolver o que é bom e o que é mau... Sai, azar! Saravá!


Pot-pourri da esperteza e da credulidade humana

Meus DONS FLUIDOS TELEPÁTICOS garantem que você

pode ser o AVATAR

CLARIVIDENTE de um velho guru PRIMORDIAL hindu!

Você precisa usar urgentemente um TALISMÃ DUAL

VIBRATÓRIO! Uma pedrinha ELEMENTAL ALQUÍMICA, como esta

aqui, por exemplo.

Feche os olhos e segure firmemente este "PÊNDULO

ASTROMENTAL MEDIÚNICO. Isso... Agora você vai entrar num

profundo TRANSE ALFA-CABALÍSTICO!

Esse POLTERGEIST MENTAL ECTOPLASMÁTICO que

pintou na sua casa só pode ser um ARCANO OCULTO

TELECINÉTICO. Sal grosso, no caso, não resolve. Precisamos

traçar um PENTAGRAMA AUREOLADO VÉDICO em cima do fogão

e abrir um CANAL LUMINOSO ENERGÉTICO embaixo da sua

cama. É trabalho para profissional!

SEXUAL Ê S

Vocabulário


culto 0. Massagem

1. Estimulação

2. Fantasia

0. Fálica

1. Extragenital

2. Grupal

0. Preliminar

1. Múltipla

2. Epidérmica

sábio 3. Ereção

4. Penetração

5. Masturbação

6. Posição

3. Semifrontal

4. Sacrodorsal

5. Clitoridiana

6. Clássica

3. Afrodisíaca

4. Mútua

5. Femural

6. Exibicionista

gênio 7. Cópula

8. Obsessão

9. Imobilização

7. Pélvica

8. Axilar

9. Intermamária

7. Sadomasoquista

8. Fetichista

9. Incestuosa



Col. 1: Atração, Transa, Introdução.

Col. 2: Oral, Anal, Bucogenital.

Col. 3: Orgasmática, Rapidinha, Lúdica.


Col. 1: ...........................................

Col. 2: ...........................................

Col. 3: ...........................................

Indicações de Uso

O Sexualês Público, enquanto idioma pseudocientífico, é

um subproduto direto do Movimento Feminista. Foram as

rebeldes clitoridianas que, pela primeira vez na História,

tascaram o jargão erótico em alto e bom som para quem

quisesse (ou não quisesse) escutá-lo.

Antes das Sisters Liberation, o que existia era apenas o

Sexualês Privado, que se confundia com o Linguajar Chulo e o

Baixo Calão, dois perigosos inimigos da sociedade que se

escondiam em histórias em quadrinhos libidinosas, mais

conhecidas como revistinhas de sacanagem.

Os tempos mudaram, e hoje você pode usar, até em

almoços dominicais de família, termos que teriam feito o vovô

vibrar de emoção íntima e o escandalizado papai (que puta

hipocrisia!) jogar em seu nariz a travessa de sopa fervendo.

Agora, o máximo que pode acontecer é eles perguntarem:

"Como é que é? Explica melhor esse caso de transa lateral que

eu não saquei o molejo da coisa..."


Revista pornô: trechos da seção "Minhas Experiências"

Tudo começou quando aquela loura escultural começou a

me aplicar uma MASSAGEM FÁLICA PRELIMINAR! Eu gemia de

prazer e logo tratei de retribuir suas fogosas carícias com uma

MASTURBAÇÃO BUCOGENITAL LÚDICA! Que delírio! Não

podendo mais conter aquela ATRAÇÃO PÉLVICA AFRODISÍACA,

iniciei uma suave PENETRAÇÃO ANAL SADOMASOQUISTA, ao

que ela logo correspondeu com uma ESTIMULAÇÃO ORAL

EPIDÉRMICA! Depois de alguns minutos desta louca FANTASIA

EXTRAGENITAL passamos para uma COPULA INTERMEDIÁRIA

MÚTUA e logo depois de um breve orgasmo CLITORIDIANO

MÚLTIPLO resolvemos partir para uma RAPIDINHA em POSIÇÃO

CLÁSSICA... Que mulher!

Só depois do oitavo orgasmo, quase desmaiado de tanto

prazer, delicadamente eu perguntei o seu nome.

— Joaquim — ela respondeu.


4

_______________________________

PÚLPITOS E PALANQUESPÚLPITOS E PALANQUES

(Políticos, Clérigos & Outros Reivindicadores)

SOCIOLOGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Geração

1. Categoria

2. Organização

0. Grupal

1. Elementar

2. Feudal

0. Dinâmica

1. Massificada

2. Integrada

sábio 3. Casta

4. Linhagem

5. Classe

6. Civilização

3. Familiar

4. Tradicional

5. Industrial

6. Fatorial

3. Legítima

4. Hierárquica

5. Aculturada

6. Doméstica

gênio 7. Tipologia

8. Anomia

9. Clientela

7. Contratual

8. Sócio

9. Étnico

7. Estratificada

8. Deviacionista

9. Organicista



Col. 1: Coletividade, Liderança, Estrutura.

Col. 2: Econômica, Tecno, Dirigente.

Col. 3: Relativa, Conformista, Teocrática.


Col. 1:............................................

Col. 2: ...........................................

Col. 3: ...........................................

Indicações de Uso

Como diz Saddam Hussein, o mais bem-sucedido

estadista médio-oriental (ou será semi-oriental?), a Sociologia é

a mãe da Política. Por isso ele nunca deixou a mãe de nenhum

iraquiano estudar Sociologia, Política ou o que quer que seja.

Aliás, por falar em mãe, Calígula, Gengis Khan, Mussolini,

Hitler, o velho Fulgêncio Batista, Noriega, Stroessner, Garrastazu

e Geisel também detestavam faculdades, professores e

especialmente alunos e alunas de Sociologia.

A razão deste ódio cultural reside na extrema habilidade

de tal bando pseudo-intelectualóide em fornecer munição

(argumentos) para a turma da força bruta derrubar regimes no

braço. Usando as convincentes palavras de ordem do

vocabulário sociologuês, tudo se justifica — e tome lenha na

fogueira!


Artigo em pasquim proselitista romano (um século

qualquer a.C.)

O atual Senado da República constitui um terrível

exemplo das atividades nefastas de uma CASTA GRUPAL

HIERÁRQUICA. Os senadores, apenas interessados na

preservação de suas CLIENTELAS FAMILIARES ESTRATIFICADAS,

não estão minimamente preocupados com os sofrimentos da

COLETIVIDADE MASSIFICADA. O que vemos é a perpetuação de

LINHAGENS TRADICIONAIS DOMÉSTICAS, que se mantêm no

poder graças à TIPOLOGIA ELEMENTAR dos comerciantes, dos

generais e dos cônsules. Só a ascensão de uma GERAÇÃO

DIRIGENTE DINÂMICA pode salvar Roma... ou o que restar dela

quando a plebe usurpada tomar o poder e jogar aos leões do

Colosseo as inúteis carcaças de uma CIVILIZAÇÃO ÉTNICO-

TEOCRÁTICA!

(Consta que a partir da publicação deste convincente

ensaio as feras do circo passaram a saborear ossobuco ao sócio-

sugo.)

POLITIQU Ê S I (Direita Assumida)

Vocabulário


culto 0. Elite

1. Ordem

2. Tutela

0. Cartorial

1. Liberal

2. Pensante

0. Conservadora

1. Capitalista

2. Coercitiva

sábio 3. Liderança

4. Dominação

5. Instituição

6. Imposição

3. Radical

4. Outorgada

5. Oficial

6. Oligopólica

3. Governista

4. Manifesta

5. Plutocrática

6. Monopolista

gênio 7. Missão

8. Hegemonia

9. Autoridade

7. Policial

8. Divina

9. Legítima

7. Patriótica

8. Federativa

9. Centralizadora



Col. 1: Vocação, Intervenção, Orientação.

Col. 2: Individual, Cívica, Secular.

Col. 3: Sectária, Forte, Dogmática.


Col. 1:......................................................

Col. 2:......................................................

Col. 3:......................................................

Indicações de Uso

A Direita Convicta é uma espécie de morcego que só bota

a cara para fora do telhado em casos extremos: incêndio ou

quebra-quebra na casa. Os direitistas, de modo geral, sofrem de

um útil sentimento de culpa (será que é?) que faz com que ajam

sempre na penumbra. Essa fotofobia crônica torna quase

imprevisível o seu comportamento político e social. Uma coisa é

certa: não é uma espécie individualista e, quando ataca, ataca

em bando.

A linguagem dos Bat-destros caipiras é correta e

conservadora. Nas situações extremas acima citadas, seus

discursos costumam despencar do alto de alguns púlpitos

conservadores, manchetes de jornais da grande imprensa e,

principalmente, das poderosas e bem lubrificadas antenas das

emissoras de televisão. A história recente mostra que até numa

bagunça geral como o nosso país, essa gente não brinca em

serviço.


Frases esparsas em entrevistas e editoriais

— Haja o que houver, as ELITES LIBERAIS PATRIÓTICAS

assumirão a defesa intransigente da nacionalidade.

— É preciso manter, custe o que custar, a AUTORIDADE

MANIFESTA CENTRALIZADORA — única garantia de manutenção

das INSTITUIÇÕES OFICIAIS FEDERATIVAS.

— Manter a ordem, neste momento de crise, é a MISSÃO

OUTORGADA das LIDERANÇAS CONSERVADORAS. Cabe a elas,

por VOCAÇÃO CARTORIAL, a TUTELA RADICAL da HEGEMONIA

LEGÍTIMA.

(Quando esta conversa pinta no ar, muito cuidado! Os

morcegos já compraram óculos escuros.)

POLITIQU Ê S II (Centro Fisiol ó gico)

Vocabulário


culto 0. Saída

1. Solução

2. Coalizão

0. Social

1. Negociada

2. Civil

0. Adesista

1. Transigente

2. Tolerante

sábio 3. Meta

4. Atividade

5. Alternativa

6. Consciência

3. Nacional

4. Plenária

5. Tecnocrática

6. Conjuntural

3.

Descompromissada

4. Legalista

5. Eqüidistante

6. Majoritária

gênio 7. Neutralidade

8. Situação

9. Atuação

7. Institucional

8. Parlamentar

9. Consensual

7. Superior

8. Maleável

9. Conversável



Col. 1: Orientação, Opção, Via.

Col. 2: Pública, Libero, Orgânica.

Col. 3: Legislativa, Representativa, Plebiscitária.


Col. 1:....................................................

Col. 2:....................................................

Col. 3:....................................................

Indicações de Uso

Este é o linguajar preferido dos gatos e dos equilibristas,

criaturas que adoram o prazer de trafegar em cima dos muros.

Tudo para eles é provisório: a opinião, a sentença, o voto. A

realidade é fluida e sujeita aos mais variados tipos de

transformações. Importante é preservar sempre as portas

abertas — para uma entrada gloriosa ou uma saída honrosa.

Você pode falar político-centrês em todos os momentos

de sua vida. Se é esta a sua opção, não se acanhe. Agradar a

todos não é uma tarefa tão difícil num país sem nenhum

resquício de memória. De resto, sem radicalismos ou

extremismos a vida é muito mais bela. Então? Para que

complicá-la?


Pronunciamento parlamentar

Sua Excelência pode ter a certeza de que nossa

bancada é pela busca de uma SAÍDA INSTITUCIONAL

TRANSIGENTE! Só a CONSCIÊNCIA CIVIL LEGALISTA garantirá a

NEUTRALIDADE CONSENSUAL EQÜIDISTANTE de que a Nação

tanto necessita. Nossa OPÇÃO será sempre MAJORITÁRIA,

MALEÁVEL E ADESISTA! Somos e seremos a favor da busca de

METAS NACIONAIS DESCOMPROMISSADAS. Acima de tudo, o

Povo almeja uma ATUAÇÃO PARLAMENTAR TOLERANTE. Nosso

dever sagrado é atender esse anseio de paz e tranqüilidade.

Conte conosco, senhor Presidente.

POLITIQU Ê S III (Esquerda Te ó rica)

Vocabulário


culto 0. Conquista

1. Proposta

2. Aspiração

0. Proletária

1. Agrária

2. Operária

0. Socialista

1. Pluralista

2. Internacional

sábio 3. Transformação

4. Unidade

5. Base

6. Linha

3. Pragmática

4. Ideológica

5. Emergente

6. Histórica

3. Coletivista

4. Sindicalista

5. Bolchevista

6. Revisionista

gênio 7. Aliança

8. Diretriz

9. Utopia

7. Anárquico

8. Dissidente

9. Democrática

7. Maoísta

8. Trotskista

9. Albanesa



Col. 1: Consciência, Tese, Plataforma.

Col. 2: Estatal, Comunitária, Teórica.

Col. 3: Engajada, Cubana, Marxista.


Col. 1: .......................................

Col. 2:........................................

Col. 3:........................................

Indicações de Uso

Se eu fosse um ecologista convicto, estaria

preocupadíssimo com o destino desta interessante categoria

social; assim como os micos-leões-dourados, ela está em pleno

e irreversível processo de extinção. É uma séria perda política,

filosófica e sentimental.

Eu percebo isso no coração quando me flagro

cantarolando ou assobiando a Internacional (quase sempre no

chuveiro) e sinto no ato que se trata apenas da visita de um

fantasma amigo de juventude, alguém que só insiste em

permanecer vivo para salvar o nome do velho idealismo e da

velha esperança.

O que fazer então com este lindo vocabulário tão

dessacralizado nos dias de hoje? Defender uma tese de

mestrado na USP? Execrar o companheiro Gorbachev? Escrever

um poema épico a Ia Neruda em homenagem à Coluna Prestes?

Encomendar uma missa para Gramsci ou simplesmente compor

um sambinha no velho estilo CPC (coisa pré-64, negada

ignorante!). Tentemos o samba...


Acabou-se a CONSCIÊNCIA

da UNIDADE SOCIALISTA.

A PROPOSTA OPERÁRIA

é agora PLURALISTA.

Acabou-se a ASPIRAÇÃO

ANARCO-SINDICALISTA.

Só restou a UTOPIA

de um sonho REVISIONISTA.

Eu que sempre andei na LINHA

IDEOLÓGICA MAOÍSTA,

vou comprar um Lada zero

pra me sentir BOLCHEVISTA!

Pendurei

dentro do armário,

minha foice e meu martelo.

Ai, meu Deus,

como era belo

o meu sonho PROLETÁRIO!

POLITIQU Ê S IV (Esquerda Nervosa)

Vocabulário


culto 0. Processo

1. Quadro

2. Sistema

0. Burguês

1. Alienante

2. Selvagem

0. Repressivo

1. Retrógrado

2. Escravocrata

sábio 3. Estado

4. Regime

5. Truste

6. Cartel

3. Discriminatório

4. Minoritário

5. Autoritário

6. Inoperante

3. Elitista

4. Racista

5. Policialesco

6. Apropriativo

gênio 7. Empresariado

8. Monopólio

9. Oligopólio

7. Plutocrata

8. Privilegiado

9. Discricionário

7. Pseudoprogressista

8. Multinacional

9. Antidemocrático



Col. 1: Plano, Mecanismo, Capital.

Col. 2: Opressor, Marginalizador, Manipulador.

Col. 3: Dominante, Prepotente, Desumano.


Col. 1: ...................................................

Col. 2: ...................................................

Col. 3: ...................................................

Indicações de Uso

Se a Esquerda Teórica hoje leva pinta de Barão Vermelho

ou outra relíquia romântica da I Grande Guerra, a Esquerda

Nervosa tem muitos e bons motivos para permanecer em

constante estado de Jovem Guarda (a de Lenin, não a de

Roberto Carlos, saco!). Afinal de contas, o Grande Inimigo está

mais aceso do que nunca e atacar é sempre uma ótima forma

de se sentir jovem e vivo.

Xingar rico é um esporte de comprovado rendimento

político. Por isso mesmo, seria uma pena deixar no fundo do baú

do século esse maravilhoso palavreado proselitista capaz de

comover até hoje os mais empedernidos corações de classe

média e as mais doutrinadas mentes proletárias.

Pense um pouco no seu patrão... e veja como é legal a

velha retórica ativista!


Manifesto

O Brasil está mergulhado num QUADRO ALIENANTE

ELITISTA que advém somente do PROCESSO BURGUÊS

REPRESSIVO, sustentado pelo EMPRESARIADO INOPERANTE

PSEUDO-PROGRESSISTA que mantém O REGIME AUTORITÁRIO

POLICIALESCO e sustenta O ESTADO BURGUÊS APROPRIATIVO!

O PLANO DOS OLIGOPÓLIOS SELVAGENS é

PLUTOCRATA PREPOTENTE! O povo não pode mais servir aos

CARTÉIS MINORITÁRIOS e aos TRUSTES OPRESSORES! O

SISTEMA DOMINANTE é DISCRICIONÁRIO e ANTIDEMOCRÁTICO!

Basta já!

POLITIQU Ê S V (Esquerda Militante)

Vocabulário


culto 0. Ação

1. Luta

2. Greve

0. Tática

1. Conjunta

2. Espontânea

0. Partidária

1. Articulada

2. Organizada

sábio 3. Agitação

4. Passeata

5. Força

6. Resistência

3. Reformista

4. Provocativa

5. De pressão

6. De polarização

3. De base

4. Intransigente

5. Solidária

6. Armada

gênio 7. Assembléia

8. Guerrilha

9. Revolução

7. Clandestina

8. Popular

9. Estratégica

7. Radical

8. Voluntária

9. Militante



Col. 1: Frente, União, Confrontação.

Col. 2: Autônoma, Camponesa, Central.

Col. 3: Autêntica, Consciente, Planejada.


Col. 1:...........................................

Col. 2:...........................................

Col. 3:...........................................

Indicações de Uso

Agora, decididamente, o furo é mais embaixo. Furo de

bala de submetralhadora, superfuzil, bazuca de mão, torpedo de

bolso. Meu sonho é explodir uma ponte... quiçá o Viaduto do

Chá! Ai que saudades de 68! Guantanamera... E a Baía dos

Porcos — momento de glória! E as lágrimas continentais por

Che, o padrinho amado, o beato armado, o pôster-poema de

nossos quartos e sonhos de pensão.

Mais tarde foram os Vietnãs Vietcongues, Hanóis Ho Chi

Mins, Baez cantando ao som das bombas americanas e as trilhas

de bambus e abelhas espetando bumbuns de marines de cuca

cheia. E tome coca e tome marijuana! E tome no Chile mais

outra choradeira. Merda! Tudo que é sério se desmancha no ar...

E agora, o que fazer com tantas palavras de ordem que nunca

chegamos a obedecer?

Dormir, sonhar, talvez fingir que vivemos num país que

está cinqüenta anos atrás... Fingir? Sonhar? Pra quê? Nóis

estemo mesmo é nas caatingas bravas ao lado do camarada

Virgulino Lampião! A bênção, Graúna! Olá, mestre Henfil! As

armas, companheiros!


Mémoires des annés de gloire

Naquele ano, crianças, a nossa turma decidiu partir

para a AÇÃO CLANDESTINA MILITANTE e a LUTA DE

POLARIZAÇÃO ARMADA. Tudo começou com uma AGITAÇÃO

PROVOCATIVA ARTICULADA. GREVES ESPONTÂNEAS foram

ORGANIZADAS. A gente dirigia ASSEMBLÉIAS POPULARES e

promovia PASSEATAS SOLIDÁRIAS DE PRESSÃO. O IDEAL era

uma REVOLUÇÃO REFORMISTA RADICAL e muitos acabaram

caindo na GUERRILHA ESTRATÉGICA VOLUNTÁRIA. A palavra de

ordem era CONFRONTAÇÃO!

Depois... bem, depois fomos todos para Paris, dar aulas

de Teatro do Oprimido.

FEMINIST Ê S

Vocabulário


culto 0. Submissão

1. Subjugação

2. Subordinação

0. Fálico

1. Sexo

2. Possessivo

0. Cultural

1. Castrativa

2. Patriarcal

sábio 3. Posição

4. Alienação

5. Liberação

6. Emancipação

3. Escravo

4. Bio

5. Auto

6. Hetero

3. Dominadora

4. Monogâmica

5. Reprodutiva

6. Poligámica

gênio 7. Dependência

8. Desopressão

9. Desigualdade

7. Patrilinear

8. Matrilinear

9. Hierárquica

7. Igualitária

8. Exogâmica

9. Androcêntrica



Col. 1: Sujeição, Auto-afirmação, Consciência.

Col. 2: Familiar, Machista, Doméstico.

Col. 3: Passiva, Conjugal, Chauvinista.


Col. 1: ...........................................................

Col. 2: ...........................................................

Col. 3: ...........................................................

Indicações de Uso

Este é um belo fenômeno de fim de século. Quase cem

anos após as pioneiras sufragetes se acorrentarem na Câmara

dos Lordes ou se atirarem sob as patas do cavalo do rei

(estragaram o Derby de Epson...), as mulheres vão à luta e

abordam de vez a nau insensata dos piratas-bucaneiros-

flibusteiros masculinos. A tripulação, satisfeitíssima, se rendeu

no ato.

Para esta vitória estrondosa colaboraram decisivamente a

indústria farmacêutica (pílulas, dispositivos intra-uterinos etc.) e

as grandes teóricas do feminismo que criaram as palavras de

ordem para bordar (em ponto cruz) as bandeiras de batalha.

Não paira a menor dúvida de que foram eficientes. Lá

pelos anos 80, nenhum macho vivo deste planeta deixou de se

sentir, por algum instante, um miserável, humilhado e

desprotegido suíno — chauvinista, é claro! Aí... ficou fácil

transformar todos em salsicha.


Frases para faixas em congresso da categoria

ABAIXO A SUBORDINAÇÃO FÁLICO-CASTRATIVA!

CHEGA DE SUBMISSÃO SEXO-REPRODUTIVA!

CHEGOU A HORA DA LIBERAÇÃO BIO-POLIGÂMICA!

VIVA A HIERARQUIA MATRILINEAR EXOGÂMICA!

A XOTA UNIDA JAMAIS SERÁ COMIDA!

(O último slogan, apesar do tom pouco ortodoxo, virou

lema do tal congresso e adesivo de carro.)

PATRIOTÊS

Vocabulário


culto 0. Seio

1. Braço

2. Peito

0. Heróico

1. Augusto

2. Esplêndido

0. Gentil

1. Juvenil

2. Varonil

sábio 3. Raio

4. Berço

5. Brado

6. Penhor

3. Límpido

4. Fúlgido

5. Vivido

6. Impávido

3. Retumbante

4. Resplandecente

5. Triunfante

6. Desta Flâmula

gênio 7. Louro

8. Florão

9. Lábaro

7. Estrelado

8. Plácido

9. Garrido

7. Desta igualdade

8. Do Novo Mundo

9. Da própria morte



Col. 1: Símbolo, Pendão, Colosso.

Col. 2: Profundo, Formoso, Adorado.

Col. 3: Do Filho Teu, Da pátria, Da esperança.


Col. 1: ..................

Col. 2:..................

Col. 3:..................

Indicações de Uso

Este é um idioma extraordinário que se caracteriza pelo

grande número de palavras para e proparoxítonas. É

amplamente empregado em palácios e quartéis. Freqüenta

ordens do dia, discursos em dias de júbilo cívico, palanques de

paradas e pronunciamentos à nação.

Seu uso costuma ser estendido a cerimônias de formatura

e até mesmo a transmissões de práticas esportivas que

envolvam equipes ou atletas nativos — com alguma chance de

vitória, o que é raro.


Ordem do dia na Semana da Pátria

Companheiros de Armas! Neste dia em que os nossos

BRAÇOS HERÓICOS E VARONIS batem no PEITO FÚLGIDO DA

ESPERANÇA E NO SEIO AUGUSTO DA PÁTRIA, é nosso dever

saudar O LÁBARO RETUMBANTE DESTA FLÂMULA!

Nosso país é um RAIO LÍMPIDO DO NOVO MUNDO e a

ele devemos o PENHOR ESPLÊNDIDO E PLÁCIDO do BERÇO

ESTRELADO de nossas vidas! LOURO, PENDÃO e SÍMBOLO, ao

país oferecemos, com orgulho, o BRADO VÍVIDO da PRÓPRIA

MORTE de cada FILHO TEU!

PASTORALÊS

Vocabulário


culto 0. Irmandade

1. Igreja

2. Doutrina

0. Eclesial

1. Cristã

2. Evangélica

0. Progressista

1. Participativa

2. Visível

sábio 3. Presença

4. Pregação

5. Corrente

6. Teologia

3. Sacramental

4. Transcendental

5. Carismática

6. Pastoral

3. Revolucionária

4. Libertadora

5. Renovadora

6. Terrena

gênio 7. Comunidade

8. Paróquia

9. Diocese

7. Apostólica

8. Ascética

9. Celestial

7. Política

8. Comprometida

9. Mundana



Col. 1: Prática, Virtude, Revelação.

Col. 2: Primitiva, Encarnada, Clerical.

Col. 3: Humana, Urbana, Indígena.


Col. 1: ........................................

Col. 2: ........................................

Col. 3:........................................

Indicações de Uso

Depois que João XXIII foi eleito papa por engano (nem o

Espírito Santo sabia o que se passava pela cabeça do

candidato), o meio-de-campo da Santa Madre Igreja melou de

vez. A besteira começou com a implantação da Democracia

Vaticana — prática perigosa que logo resultou na convocação

desordenada de Concílios e outros eventos demagógicos.

Como não podia deixar de ser, a bem-elaborada maionese

romana desandou. Séculos de trabalheira pontificai foram para o

brejo quando deram a palavra ao primeiro cardeal boliviano... O

resultado imediato deste ato temerário foi a criação da chamada

Teologia da Libertação. E depois querem que a gente acredite

que o tal homem é infalível!

Agora foram buscar um polonês para tentar consertar os

estragos que a indiaiada fez. Lá em cima, no paraíso dos

jesuítas, os velhos missionários espanhóis (turma do Pizarro, do

Cortez e do Buerba Gato) devem estar vibrando com a

revanche. E tome bênção de trabuco em cima desse bando de

pagãos!

O vocabulário que levantamos permite várias leituras: à

destra, à sinistra, à la democracia cristã e à la BB (Movimento

Popular Bomba e Batina).


À destra

Os sagrados Evangelhos não autorizam a convivência

da IGREJA TRANSCENDENTAL com a PREGAÇÃO APOSTÓLICA

COMPROMETIDA! As COMUNIDADES LIBERTADORAS são O joio

da DOUTRINA SACRAMENTAL!

À sinistra

Somente a TEOLOGIA ECLESIAL REVOLUCIONÁRIA pode

sustentar uma verdadeira e democrática PARÓQUIA PASTORAL

PARTICIPATIVA!

À la democracia cristã

Só a prática das VIRTUDES ASCÉTICAS ENCARNADAS

pode amparar uma IRMANDADE PROGRESSISTA E

RENOVADORA!

À la Bomba e Batina

Deus só se manifesta na PRÁTICA ECLESIAL TERRENA,

MUNDANA, VISÍVEL, POLÍTICA, URBANA E INDÍGENA! O resto é

promessa CELESTIAL, heresia EVANGÉLICA e PRÁTICA

PRIMITIVA!

PENTECOSTAL Ê S

Vocabulário


culto 0. Aleluia!

1. Aleluia!

2. Aleluia!

0. Aleluia!

1. Aleluia!

2. Aleluia!

0. Aleluia!

1. Aleluia!

2. Aleluia!

sábio 3. Aleluia!!

4. Aleluia!!

5. Aleluia!!

6. Aleluia!!

3. Aleluia!!

4. Aleluia!!

5. Aleluia!!

6. Aleluia!!

3. Aleluia!!

4. Aleluia!!

5. Aleluia!!

6. Aleluia!!

gênio 7. Aleluia!!!

8. Aleluia!!!

9. Aleluia!!!

7. Aleluia!!!

8. Aleluia!!!

9. Aleluia!!!

7. Aleluia!!!

8. Aleluia!!!

9. Aleluia!!!



Col. 1: Aleluia!, Aleluia!, Aleluia!, Aleluia!

Col. 2: Aleluia!!, Aleluia!!, Aleluia!!, Aleluia!!

Col. 3: Aleluia!!!, Aleluia!!!, Aleluia!!!, Aleluia!!!


Col. 1:....................................................

Col. 2:....................................................

Col. 3:....................................................

Indicações de Uso

O pentecostais foi a arma que a CIA inventou para

combater as maléficas influências dos seguidores da Teologia da

Libertação. Partindo dos sólidos pressupostos de que a miséria

latino-americana pode ser facilmente preservada e de que a

única saída individual é a esperança de um milagre, a receita

estava pronta.

Depois acrescentaram à massa alguns bilhões de dólares

(saldo da última campanha militar na Nicarágua) e pronto! Sem

derramar uma só gota de sangue, sem desperdiçar nenhum

míssil Patriot, sem ter de subornar presidentes e condecorar

generais... resolveram-se todos os problemas na área!

O pentecostal pode ser ouvido e utilizado em emissoras

de rádio e televisão, estádios lotados, rituais de exorcismo,

curas fantasmagóricas e, principalmente, campanhas de

arrecadação de fundos para os bolsos dos pastores. Todos os

envolvidos garantem que é um investimento seguro e de

retorno rápido e certo.


Como o idioma é composto por uma única palavra, o que

deve variar é a sua pronúncia e entonação. Se você quiser

tentar a sorte nesta banca, separe alguns cruzeiros para o

dízimo e treine com a tabelinha abaixo.

TABELA ESPECIAL DE ENTONAÇÃO DA PALAVRA

ALELUIA


devoto 0. Humilde

1. Suplicante

2. Agradecido

0. Exasperado

1. Extasiado

2. Arrasado

0. Feliz

1. Alegre

2. Radiante

crente 3. Maravilhado

4. Convencido

5. Altissonante

6. Desbundado

3. Desvairado

4. Ensandecido

5. Ensimesmado

6. Triunfante

3. Deslumbrado

4. Comovido

5. Emocionado

6. Alucinado

possuíd

o

7. Aos gritos

8. Aos berros

9. Aos urros

7. Aos prantos

8. Aos soluços

9. Aos uivos

7. Aos brados

8. Aos zurros

9. Aos mugidos

ungido Qualquer das entonações possíveis, no singular ou no plural.


5

_______________________________

CLUBES FECHADOSCLUBES FECHADOS

(Técnicos & Exatos)

URBANISTIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Vetor

1. Modelo

2. Agente

0. Básico

1. Abarcado

2. Urbano

0. Ambiental

1. Compatível

2. Setorial

sábio 3. Recurso

4. Indicador

5. Objetivo

6. Impacto

3. Periférico

4. Fundiário

5. Participativo

6. Criado

3. Operacional

4. Tendencial

5. Opcional

6. Flexível

gênio 7. Coeficiente

8. Assentamento

9. Tecido

7. De ocupação

8. De uso

9. Físico

7. Racional

8. Seqüencial

9. Variável



Col. 1: Solo, Prognóstico, índice.

Col. 2: Aleatório, Público, Privado.

Col. 3: Estrutural, Instrumental, Legal.


Col. 1: ...................................................

Col. 2:....................................................

Col. 3:....................................................

Indicações de Uso

Antigamente a coisa era mais simples. Você morava

numa casa, que ficava numa rua, que ficava num bairro, que

ficavam numa cidade... e daí para frente. Quando você queria ir

para algum lugar recebia informações corretas e objetivas: fica

perto da igreja, para lá do campo de futebol, atrás do cemitério.

Os governantes, com palavras simples, oficializavam

nomes de rua dados pelo bom senso popular (Rua do Capim,

Estrada da Boiada, Beco das Putas). A compra de um lote era

tarefa simples. A construção de uma quitanda, mais fácil ainda.

Só havia uma zona — não havia "as", nem a correspondente Lei

de Zoneamento.

Agora, para se falar e entender o idioma metropolitano,

com seus códigos /e regulamentos, haja estudo! Ou

despachante.


Artigo na revista do Instituto de Engenharia

O crescimento metropolitano não obedeceu a nenhum

MODELO DE OCUPAÇÃO RACIONAL do TECIDO FUNDIÁRIO

AMBIENTAL. A falta de um OBJETIVO URBANO COMPATÍVEL

criou, desde logo, um COEFICIENTE DE USO TENDENCIAL,

impossibilitando a adoção posterior de qualquer outro

ASSENTAMENTO FÍSICO ESTRUTURAL.

Chegamos assim a este VETOR ABARCADO

SEQÜENCIAL que gera apenas O pior PROGNÓSTICO PERIFÉRICO

SETORIAL.

TRANSPORTES

Vocabulário


culto 0. Linha

1. Árvore

2. Malha

0. Sistêmica

1. Calibrada

2. Pendular

0. Local

1. Radial

2. Perimetral

sábio 3. Rede

4. Frota

5. Capacidade

6. Zona

3. Conectada

4. Alimentadora

5. Viária

6. Concêntrica

3. Convergente

4. Acessível

5. Amostrai

6. Disponível

gênio 7. Freqüência

8. Tarifa

9. Velocidade

7. De percurso

8. De passagem

9. De tráfego

7. Bidirecional

8. Multimodal

9. Multicriterial



Col. 1: Viagem, Hora-pico, Impedância.

Col. 2: Diária, Máxima, Interna.

Col. 3: Multiplicável, Desejável, Operacional.


Col. 1: .................................................

Col. 2:.................................................

Col. 3:.................................................

Indicações de Uso

A arte do ir e vir foi outro ramo da atividade humana que

virou técnica, ciência, matéria de altos estudos, teorias e

elucubrações. Os entendidos no assunto trataram logo de

transformar sua especialidade em profissão e, para promover

uma rápida reserva de mercado, também criaram seu

vocabulário próprio.

Ser Engenheiro de Tráfego virou atividade de grande

interesse público, podendo até render entrevistas em rádio e

cara na televisão. Os políticos, rapidamente, avançaram no

jargão criado e muitas palavras de transportes (ou seria

trafegues?) passaram a freqüentar discursos e debates pré-

eleitorais.

E as explicações técnicas para os problemas da cidade

ganharam nova e extraordinária roupagem! Veja alguns

exemplos.


A falta de energia elétrica gerou um colapso na MALHA

SISTÊMICA LOCAL, que irradiou o problema para toda a REDE

VIÁRIA CONVERGENTE. Foi só isso. Sinto muito se 1 milhão de

pessoas tiveram de dormir na rua... D Foi preciso triplicar o

preço das tarifas para aumentar em 10% a CAPACIDADE DE

PERCURSO AMOSTRAL da FROTA ALIMENTADORA PERIMETRAL.

D Os promotores do quebra-quebra por certo não sabiam que a

ÁRVORE DE TRÁFEGO RADIAL não possibilita uma VELOCIDADE

CALIBRADA OPERACIONAL capaz de suprir a demanda da

FREQÜÊNCIA CONECTADA BIDIRECIONAL. D Tudo não passou de

um problema de IMPEDÂNCIA INTERNA NA HORA-PICO MÁXIMA!

QUIMIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Piranose

1. Transmutação

2. Eletrólise

0. Difásica

1. Hipotônica

2. Quântica

0. Coloidal

1. Volumétrica

2. Monovalente

sábio 3. Efusão

4. Hidrólise

5. Solvatação

6. Osmoscópia

3. Catalítica

4. Epímera

5. Etilênica

6. Acíclica

3. Imiscível

4. Radical

5. Desativante

6. Inorgânica

gênio 7. Crioscópia

8. Covalência

9. Endosmose

7. Dímero

8. Alceno

9. Aldeído

7. Tonoscópica

8. Parafínica

9. Triprótica



Col. 1: Nitração, Ciclização, Ustulação.

Col. 2: Alifática, Alcano, Ileno.

Col. 3: Carboxilica, Isocórica, Alotrópica.


Col. 1: ............................................

Col. 2: ............................................

Col. 3: ............................................

Indicações de Uso

Eis uma ciência que, do ponto de vista da divulgação,

teve dias mais gloriosos. Querem ver? Quem não leu O

Alquimista largue este livro e levante a mão! Você continuou a

ler? Pois então. No tempo em que os químicos se dedicavam à

nobre arte de descobrir a pedra filosofal, transformar ferrugem

em ouro ou bolar a fórmula da agüinha da juventude eterna,

todo mundo estava de antena ligada no seu trabalho.

Mais tarde inventaram que a química era um assunto

sério, coisa de laboratório, faculdade... até categoria de Prêmio

Nobel! Bem... aí o assunto perdeu grande parte da graça. Lindos

termos que antes se prestavam a raciocínios quase metafísicos

viraram bula de remédio. De qualquer forma o assunto ainda

possibilita várias e impressionantes aplicações práticas

cotidianas.


Algumas frases cotidianas de efeito

Quando falta água na bateria do carro é isso o que

acontece: uma ELETRÓLISE DIFÁSICA COLOIDAL. Agora o único

jeito é chamar o guincho.

Eu, se fosse você, tratava de fazer logo uma

OSMOSCOPIA CATALÍTICA INORGÂNICA para descobrir a causa

destas dores de cabeça. D Cada vez que ele bebe demais, o

organismo sofre uma ENDOSMOSE ETILÊNICA DESATIVANTE

irreversível. Quando a coisa chega neste estágio, só o pessoal

do AAA sabe o que fazer.

O problema na caixa d'água é de HIDRÓLISE

VOLUMÉTRICA. Com um pouco de cal fica tudo resolvido.

FISIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Massa

1. Energia

2. Matéria

0. Proto

1. Astro

2. Neutro

0. Espacial

1. Temporal

2. Molecular

sábio 3. Reação

4. Atração

5. Repulsão

6. Difração

3. Sub

4. Eletro

5. Termo

6. Núcleo

3. Eletrônica

4. Mecânica

5. Magnética

6. Fotônica

gênio 7. Fissão

8. Fusão

9. Micropartícula

7. Ótico

8. Campo

9. Rádio

7. Iônica

8. Gravitacional

9. Quântica



Col. 1: Constante, Potência, Força.

Col. 2: Elíptico, Inter, Fluido.

Col. 3: Leptônica, Mesônica, Bariônica.


Col. 1:..........................................

Col. 2:..........................................

Col. 3:..........................................

Indicações de Uso

Ao contrário da Química, que anda meio fora de moda, a

Física vive tempo de grande cotação. Este prestígio é crescente

desde quando o Albertinho bolou aquela história de que existe a

quarta dimensão. Todo mundo gostou da idéia. A tal da

Relatividade caiu na boca do povo por conta da língua pra fora

de seu inventor. Que cara simpático! Pode ser até que ele tenha

razão...

Mais tarde, na cola da m.c2 = ? (como é que é mesmo?),

surgiram duas palavrinhas mágicas que jogaram a peteca da

Física ainda mais para o alto: Nuclear e Quântica!. Falar

qualquer palavrinha cifrada num destes lindos jargões virou o

supra-sumo da sabedoria e da esnobação. Quem leu os livros do

Asimov sabe disso.


Miniconto de FC:

Quando a nossa nave, movida por ENERGIA ÓTICO-

IÔNICA, foi presa pela ATRAÇÃO ASTRO-TEMPORAL do estranho

planeta, MICROPARTÍCULAS TERMO-QUÂNTICAS começaram a

trincar a MATÉRIA SUBMOLECULAR da cabine de comando. Teve

início então um processo de FISSÃO NÚCLEO-MAGNÉTICA que

transformou nossa MASSA TEMPORAL em FORÇA

PROTOGRAVITACIONAL e assim, milagrosamente, conseguimos

voltar para casa.

ELETRONIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Circuito integrado

1. Amplificador monolítico

2. Multímetro analógico

0. Binário

1. Contínuo

2. Biestável

0. Catódico

1. Errático

2. Impedante

sábio 3. Capacitor eletrolítico

4. Fotodiodo retificador

5. Pulso de disparo

6. Trimpot de ajuste

3. Coaxial

4. Digital

5. Senoidal

6. Síncrono

3. Chaveado

4. Radiônico

5. Retro-alimentado

6. Pré-calibrado

gênio 7. Comparador de Tensão

8. Oscilador de Relaxação

9. Discriminador de Janela

7. Tiristor

8. Traçador

9. Hexadecimal

7. Servomecânico

8. Termorresistente

9. Miliamperimétrico



Col. 1: Mini-trafo, Controle pulsante, Micro-relé.

Col. 2: Capacitante, Somador, Subtrator.

Col. 3: Polarizado, Capacitante, Cerâmico, De micádmio.


Col. 1:...............................................................

Col. 2:...............................................................

Col. 3:...............................................................

Indicações de Uso

Chegamos finalmente ao maravilhoso mundo das ciências

pós-modernas. (Será que isso existe?) São três proparoxítonas

deslumbrantemente atuais: a Eletrônica, a Cibernética e a

Informática! Elas se sobrepõem, se integram e se completam no

Admirável Idioma Novo dos anos 2 000.

Este é um momento sublime na arte de falar difícil. Tudo

combina! Tudo dá certo! Uma bostinha de um transistor pode

ser coisas incríveis: morfostático, subsistêmico,

miliamperimétrico, o diabo! Por isso não se acanhe em usar as

três tabelas misturadas. Mais do que louco você vai parecer o

profeta de um Novíssimo Testamento — pronto para ser

engolido por uma baleia ou subir aos céus numa escada de

fogo! Gostaram desta, pentecostais? Eu também li o Livrão do

Homem. A verdade não é só de vocês!

A primeira tabela é muito usada entre engenheiros

eletrônicos e pode eventualmente ser sacada contra você pelo

sacana do consertador de televisores da esquina. Neste caso,

contra-ataque!


Dramas da assistência técnica

Técnico: Parece que o AMPLIFICADOR MONOLÍTICO

CATÓDICO pifou.

Usuário: E daí?

Técnico: Vou ter que levar o aparelho para testar o

CAPACITOR SENOIDAL CHAVEADO.

Usuário: E isso custa caro?

Técnico: Menos do que um FOTODIODO RETIFICADOR

BINÁRIO IMPEDANTE. Tomara que esse não tenha sido atingido.

(O usuário consulta nossa Tabelinha Mágica e revida.)

Usuário: E se for o PULSO DE DISPARO PRÉ-CALIBRADO?

Técnico: O quê?

Usuário: Aquele TRIMPOT DE AJUSTE, calibre 38...

Técnico: É... quem sabe. Mas, pensando melhor, o defeito

pode estar só na tomada. Vamos ver?

CIBERNETIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Sistema

1. Informe

2. Mecanismo

0. Determinista

1. Probabilista

2. Oscilatório

0. Morfostático

1. De desempenho

2. Homeostático

sábio 3. Dispositivo

4. Controle

5. Desvio

6. Parâmetro

3. Relacionai

4. Relevante

5. Organizador

6. Classificador

3. Auto-regulado

4. Auto-centralizado

5. Ultra-estável

6. Meta-organizado

gênio 7. Ruído

8. Universo

9. Feedback

7. Adaptativo

8. Transdutor

9. Entrópico

7. Supercorrigido

8. Morfogenético

9. Submisso-

dominante



Col. 1: Meta-universo, Patamar, Comportamento.

Col. 2: Constritivo, Retroativo, Biônico.

Col. 3: Homeorético, Auto-amplificado, Inter-relacionado.


Col. 1: .....................................................

Col. 2: .....................................................

Col. 3:......................................................

Indicações de Uso

Além dos charmes anteriormente citados, a Cibernética

apresenta a vantagem extra de possibilitar estranhas

interligações com ciências das áreas humanas: lingüística,

semântica, semiologia, literatura etc.

Essa notável característica acrescenta um toque quase

romântico aos palavrões técnicos da tabelinha e permite

impressionar bem os auditórios mais variados. Pode

experimentar. Escolha o seu assunto, jogue tudo no

liquidificador... e boa sorte.


Misturinhas variadas

A estrutura dos versos de Manuel Bandeira demonstra o

uso de um surpreendente MECANISMO CLASSIFICADOR META-

ORGANIZADO.

A mensagem do anúncio de pasta dental conduz o

consumidor a um UNIVERSO RELACIONAL MORFOGENÉTICO. Vai

vender pacas!

O assassino foi então dominado por um compulsivo

DESVIO ENTRÓPICO SUBMISSO-DOMINANTE que ocasionou uma

súbita perda de suas faculdades mentais.

Infelizmente, a sua arcada dentária superior está fora

dos PARÂMETROS BIÔNICOS DE DESEMPENHO. Vamos ter de

usar um DISPOSITIVO TRANSDUTOR AUTO-REGULADO.

INFORMATIQU Ê S

Vocabulário


culto 0. Base

1. Rotina

2. Memória

0. De entrada

1. De saída

2. De acesso

0. Em linha

1. Em paralelo

2. Codificada

sábio 3. Interface

4. Senha

5. Trilha

6. Rede

3. De conversão

4. De formatação

5. De validação

6. De recuperação

3. Periférica

4. Confidencial

5. Configurada

6. Assíncrona

gênio 7. Nomenclatura

8.

Macrolinguagem

9. Multiprogra-

mação

7. De reusabilidade

8. De rastreabilidade

9. De varredura

7. Interoperável

8. Subsistêmica

9. Teleprocessada



Col. 1: Modelagem, Performance, Figura.

Col. 2: De decisão, De usabilidade, De geração.

Col. 3: Sigilosa, Interativa, Monitorada.


Col. 1:..................

Col. 2:..................

Col. 3:..................

Indicações de Uso

A Informática é a prima mais moça desta família

respeitável. Infelizmente, não se sabe bem por quê, a coitada

caiu na vida. Virou putinha de fliperama, assunto de comadre,

conversa de botequim. Jovenzinhos afoitos passaram a se

masturbar com revistinhas eróticas de Informática, cheias de

games pelados, softs eretos e hards molhados. Um horror! Uma

perversão sem precedentes!

O pior, no caso, é que esta moça de maus costumes

entrou despudoradamente nos lares e nas escolas disseminando

o seu linguajar obsceno entre criancinhas de colo e pré-

analfabetos. Tudo passou a ser codificado nesta nova e restritiva

linguagem... até mEsmOOO esssssse MERdddda desssssse

MICCCCCCrOoOoooO computadddddoor que REsolveu Reagir a

EStasminhas Consideraaaaaaçõ e esssttááááááááá me

ENGOLINDOOOOOO — SOCORRRRRRRRRRRRR! O


Justificativas de boletim

A culpa desse zero foi só da "tia" de Geografia que não

passou a SENHA DE ACESSO CODIFICADA da matéria. Em

Computação e Educação Física eu tive dez!

Saca, pai? Eu não tenho MEMÓRIA DE CONVERSÃO

PERIFÉRICA... é por isso que eu sempre caio na REDE DE

RECUPERAÇÃO...

" Faltei, sim! Eu odeio essa ROTINA DE ENTRADA E DE

SAÍDA EM LINHA! Agora, por favor... faz de conta que isso é só

uma FIGURA CONFIDENCIAL... tá?


6

_______________________________

CONFISSÕES CONFISSÕES

DE DIVÃDE DIVÃ

(Conscientes & Inconscientes)

MITOLOGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Lenda

1. Cerimônia

2. Tradição

0. Mítica

1. Primitiva

2. Cíclica

0. Tribal

1. Ritual

2. Primordial

sábio 3. Invocação

4. Fábula

5. Crença

6. Epopéia

3. Icônica

4. Comunitária

5. Mágica

6. Simbólica

3. Ancestral

4. Sazonal

5. Sobrenatural

6. Secularizada

gênio 7. Natureza

8. Personagem

9. Percepção

7. Sagrada

8. Cosmológica

9. Ontológica

7. Propiciatória

8. Monoteísta

9. Politeísta



Col. 1: Narrativa, Experiência, Concepção.

Col. 2: Divina, Intuitiva, Protetora.

Col. 3: Universal, Fundamental, Grupal.

Observação: Cabe também neste caso uma quarta

coluna, referente à origem histórica ou geográfica da expressão

criada. Acrescente mais um termo e veja como soa bem:

0. Indígena; 2. Mesopotâmica; 3. Paracuê; 4. Hindu; 5.

Nipo-tailandesa; 6. Zíngara; 7. Visigoda; 8. Do Meio-Oeste; 9.

Bielo-siberiana.


Col. 1:.............................................

Col. 2:.............................................

Col. 3:.............................................

Indicações de Uso

A Mitologia era o divã de psicanalista dos povos

primitivos. Na falta de um inescrupuloso charlatão para escutar

seus problemas sexo-familiares, nossos sábios antepassados

resolviam o caso indo ao teatro — o que é mais divertido e sai

bem mais barato.

A Mitologia trata também de um bando de outras coisas

mais ou menos óbvias (ai que tesão!, ai que ódio!, ai que

orgulho!) e permite aos seus entendidos explicar em termos

quase poéticos situações absolutamente prosaicas da vida: o

medo da morte, a primeira transada, a matança da gangue

inimiga e a/comilança de Natal.

De qualquer forma, os termos mitológicos sempre causam

uma impressão profunda em quem não entende do assunto, isto

é, quase toda a Humanidade. Vá em frente tranqüilo. O campo

está limpo para você.


Algumas pérolas de saber ancestral

O casamento foi uma linda CERIMÔNIA SAGRADA

RITUAL. E o banquete seguiu a melhor TRADIÇÃO MÍTICA

TRIBAL. Uma puta festa!

A história da Branca de Neve é uma nítida NARRATIVA

ICÔNICA PRIMORDIAL, com fortes traços de LENDAS PRIMITIVAS

PROPICIATÓRIAS VISIGODAS.

Jocasta querida, você precisa desculpar o Joãozinho. Ele

está passando por uma fase difícil de PERCEPÇÃO INTUITIVA

GRUPAL. Com o tempo ele pára de furar os olhos das

coleguinhas.

Lá em casa a gente é muito religioso. Antes de cada

refeição fazemos uma INVOCAÇÃO COSMOLÓGICA POLITEÍSTA. É

uma CRENÇA de ORIGEM MESOPOTÂMICA que vovó leu no

Almanaque do Pensamento.

PSICOLOGU Ê S

Vocabulário


culto 0. Manifestação

1. Tendência

2. Rejeição

0. Biológica

1. Fisiológica

2. Emocional

0. Instintiva

1. Antagônica

2. Deslocada

sábio 3. Dependência

4. Resistência

5. Fantasia

6. Atitude

3. Perversa

4. Orgânica

5. Erótica

6. Compensatória

3. Egocêntrica

4. Destrutiva

5. Defensiva

6. Depressiva

gênio 7. Projeção

8. Transferência

9. Sublimação

7. Hedonista

8. Narcisista

9. Incestuosa

7. Culposa

8. Sedutora

9. Polimorfa



Col. 1: Reação, Síndrome, Dificuldade.

Col. 2: Racional, Motora, De lateralidade.

Col. 3: Hostil, Introspectiva, Etiológica.


Col. 1: ...........................................

Col. 2:............................................

Col. 3: ...........................................

Indicações de Uso

A Psicologia é a ciência que demonstra com belas

palavras que nós todos somos ruins da cabeça. E, caso você se

julgue uma exceção, pior ainda. Seu caso já é de Psicanálise.

Deixando de lado essa mania preconceituosa de achar que todo

mundo é louco, a Psicologia apresenta interessantes aplicações

práticas.

Com o uso adequado do psicologuês você pode justificar

as suas piores malandragens, jogando a culpa de tudo para o

limbo de alguma força incontrolável. Estupros, furtos, fraudes ao

INSS, concorrências públicas, confisco da poupança alheia —

tudo pode ser encoberto pelo manto semântico (que horror!) da

Psicologia. Como passaremos a demonstrar.


A culpa não é minha porque...

Desde criança eu sofro de uma DEPENDÊNCIA

BIOLÓGICA DESLOCADA. (Drogado.)

Ele me provocou com uma ATITUDE PERVERSA

DESTRUTIVA! (Assassino.)

Eu não consigo me livrar destas FANTASIAS ERÓTICAS

INSTINTIVAS. (Estuprador.)

Eu sofro de uma TENDÊNCIA INCESTUOSA HOSTIL.

(Fratricida.)

Vivo tendo permanentes PROJEÇÕES NARCISISTAS

EGOCÊNTRICAS. (Presidente.)

PSICANALÊS

Vocabulário


culto 0. Estímulo

1. Distúrbio

2. Caráter

0. Maníaco

1. Genital

2. Libido

0. Reprimido

1. Castrativo

2. Masoquista

sábio 3. Impulso

4. Conflito

5. Processo

6. Recalque

3. Psico

4. Sado

5. Esquizo

6. Hetero

3. Histérico

4. Imaturo

5. Compulsivo

6. Edipiano

gênio 7. Bloqueio

8. Surto

9. Complexo

7. Neuro

8. Oral

9. Anal

7. Persecutório

8. Megalômano

9. Exibicionista



Col. 1: Instinto, Ataque, Desejo.

Col. 2: Genético, Crítico, Fálico.

Col. 3: Dividido, Inconsciente, Culposo.


Col. 1:.......................................

Col. 2:.......................................

Col. 3: ......................................

Indicações de Uso

Se você pensa que é meio louco, tudo bem. Agora, se

você tem absoluta certeza de que é uma pessoa íntegra,

honesta, moral, educada e incorruptível, procure logo um

psicanalista. Seu caso é, no mínimo, de internação com

eletrochoque e sossega-leão na veia.

Infelizmente, na prática, os psicanalistas cuidam só dos

que menos precisam deles: os doidinhos assumidos. Os grandes

taradões, os pseudomansos, os canibais, os jacarés de fraque...

estes passeiam alegremente por aí, muito longe dos

consultórios e dos hospícios. O velho Jack que o diga!

No dia-a-dia, o psicanalês significa uma espécie de pós-

graduação do psicologuês. Seu uso empresta um caráter ainda

mais científico às mais pobres e vulgares falhas humanas.

Quando descobertas, é claro. Neste momento, pode ser usado

com grande ênfase em tribunais do júri — para inocentar, por

exemplo, o pobre industrial sexagenário que foi miseravelmente

currado pela menininha de doze anos.


Senhores jurados! Não é admissível condenar um ser

humano que sofre de declarados DISTÚRBIOS LIBIDO-

CASTRATIVOS e que agiu dominado por IMPULSOS PSICO-

PERSECUTÓRIOS no triste momento em que era acometido por

um SURTO NEUROEXIBICIONISTA!

Não se deixem levar pela falsa impressão demagógica

das fotos do corpo esquartejado da jovem vítima! Pensem antes

no CONFLITO ESQUIZOCULPOSO que dominava a atormentada

mente do réu na hora do evento fatídico! Pensem nos seus

RECALQUES EDIPIANOS e no seu bondoso CARÁTER REPRIMIDO!

Inocentar este inocente (!), senhores, é apenas um ato

de justiça!


7

_______________________________

CONTRA-CULTURA CONTRA-CULTURA

GERAL GERAL

(Última Cartilha dos Ignorantes Anônimos)

INTERDISCIPLINARÊS

Vocabulário


vale

tudo

0. Análise

1. Avaliação

2. Visão

3. Indagação

4. Ponderação

5. Suposição

6. Afirmação

7. Objeção

8. Aspiração

9. Reflexão

10. Realidade

11. Observação

12. Orientação

13. Concepção

14. Tese

15. Antítese

16. Síntese

17. Constatação

18. Avaliação

19. Projeção

20. Revisão

0. Prática

1. Teórica

2. Concreta

3. Abstrata

4. Direta

5. Indireta

6. Simplista

7. Complexa

8. Lúcida

9. Ampla

10. Restrita

11. Perene

12. Passageira

13. Atualizada

14. Superada

15. Pacífica

16. Conflitante

17. Prioritária

18. Secundária

19. Mínima

20. Máxima

0. Positiva

1. Negativa

2. Neutra

3. Dependente

4. Independente

5. Real

6. Irreal

7. Objetiva

8. Subjetiva

9. Ativa

10. Passiva

11. Pessoal

12. Impessoal

13. Formal

14. Informal

15. Definida

16. Indefinida

17. Pública

18. Privada

19. Individual

20. Coletiva


Col. 1:.......................................

Col. 2:.......................................

Col. 3: ......................................

Indicações de Uso

Luta livre, greco-romana, caratê, judô, capoeira... chegou

a hora do vale-tudo. Com esta tabela no bolso você vai pintar de

gênio em qualquer pedaço: gafieira, dentista, barbeiro, cursinho,

senado, festinha, Jockey Clube, futebol, maternidade, velório,

audiência, assembléia de condomínio... tudo, absolutamente

tudo!

Não hesite. O professor Queiroz garante. Misture esta

besteirada toda com qualquer palavra do assunto que estiver

rolando, e pronto: ninguém nunca mais duvidará da sua

competência e sabedoria. Sinta no olhar dos outros o brilho

maldito da inveja! Cubra-se de glória! Avanti! Forza ragazzi!

Estamos aqui torcendo por você.


Tudo depende de uma ANÁLISE TEÓRICA OBJETIVA!

Nada impede que se faça uma SUPOSIÇÃO CONCRETA

FORMAL.

Acho que essa é uma TESE SUPERADA NEGATIVA!

Até que enfim uma OBSERVAÇÃO LÚCIDA DEFINIDA.

É hora de se fazer uma INDAGAÇÃO MÍNIMA COLETIVA.

Chega de AVALIAÇÕES RESTRITAS IMPESSOAIS!

O País precisa de uma REFLEXÃO AMPLA

INDEPENDENTE

Esta é uma CONSTATAÇÃO PRIORITÁRIA PÚBLICA.

Urge atender às ASPIRAÇÕES PRIORITÁRIAS REAIS DO

POVO!

etc. etc. etc...

Certificado de GarantiaCertificado de Garantia

Condições Gerais

1. O autor garante a eficiência das Tabelinhas Mágicas

contidas neste Manual pelo período de 30 (trinta) dias a contar

da data de publicação da primeira edição. Depois disso o risco é

seu, uma vez que muita gente vai estar conhecendo a

malandragem...

2. Não estão incluídas nesta garantia:

a) danos na mensagem provocados por má articulação ou

pronúncia defeituosa do usuário;

b) inadequação flagrante dos termos utilizados em

relação ao assunto proposto (Ex.: Musicologuês em palestra

sobre Obstetrícia);

c) seqüelas de crises de megalomania decorrentes de

sucessos súbitos — sejam profissionais, artísticos ou afetivos;

d) reprovações em provas, exames e vestibulares de

matérias não pertinentes ao livro (enganação tem limite!);

e) casos de analfabetismo crônico ou agudo;

f) overdose.

3. Para fazer jus à presente garantia é indispensável a

apresentação da nota fiscal da compra do livro e relatório

detalhado do evento onde ocorreu a falha de uso, incluindo-se

cópias juramentadas do texto ou gravação original da alocução,

rol de dez testemunhas confiáveis e laudo de perícia

fonoaudiológica.

A editora não assume, não endossa, não divide, não

reparte nem reconhece os termos dessa Garantia, que são de

total irresponsabilidade do autor.

Aos leitores despidos de qualquer senso de pudor, é

oferecido o Diploma impresso na próxima página. Para utilizá-lo

basta uma tesoura, algum conhecido ou familiar com boa

caligrafia e os serviços do moldureiro da esquina.

Esta obra é distribuída Gratuitamente pela Equipe Digital Source e Viciados em Livros para proporcionar o benefício de sua leitura àqueles que não podem comprá-la ou àqueles que necessitam de meios eletrônicos para ler. Dessa forma, a venda deste e-book ou até mesmo a sua troca por qualquer contraprestação é totalmente condenável em qualquer circunstância. A generosidade e a humildade é a marca da distribuição, portanto distribua este livro livremente.Após sua leitura considere seriamente a possibilidade de adquirir o original, pois assim você estará incentivando o autor e a publicação de novas obras.Se quiser outros títulos nos procure :

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Carlos Queiroz Telles - Manual Do Cara-De-Pau (Doc)(Rev)