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Carta ao leitor - Diagrarte€¦ · desco de Itajubá/MG, dando-lhes uma formação profissionalizante como jovens aprendizes. Marcelo diz que só o insumo ecologicamente correto

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2 Arte com sustentabilidade

4 Desenvolvimento sustentável e consumismo

6 É notícia

7 Novo curso Técnico de Meio Ambiente

8 A economia sempre foi ambiental

10 Conquiste novos mercados com inovações sustentáveis

12 Sustentabilidade como parâmetro e ato de responsabilidade

13 Qual é o propósito da certificação?

14 BNDES estuda criar versão verde do fundo PIBB

15 Gestão de projetos

17 Unifei — compromisso com o desenvolvimento social e humano da comunidade regional

18 O que é ATM?

20 A Musicoterapia no seu dia a dia

21 Ultrassonografia Obstétrica e Ultrassonografia Morfológica Fetal: existe diferença?

22 Educação financeira

23 Se sua casa fica longe da estrada, coloque sua casa na estrada!

Naturale é uma publicação da DIAGRARTE Editora LtdaCNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG

Editora: Elaine Cristina Pereira

Jornalista colaborador: Claiton Cesar (Mtb 40.981-SP)

Colaboradores: Bernadette Vilhena, Célio Gentil, Conrado Navarro, Dra. Gracia Costa Lopes, Héctor Gustavo Arango, Izabel Cristina Nogueira, Ju-lio Carlos Villela, Luiz Anderson, Luiz Fernando Guedes Pinto, Luiz Otávio Coutinho, Naddin Haddad, Rubens Mazon.

Projeto Gráfico: Elaine Cristina Pereira

Fotos capa: Natanael Gonçalves, Domingos Tótora, Fragmentum, Coo-perativa Mariense de Artesanato

Vendas: Diagrarte Editora Ltda

Impressão: 30 Minutos Gráfica e Editora

Distribuição Gratuita em mídia impressa e eletrônica

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Direitos reservados. Para reproduzir é necessário autorização escrita da Diagrarte Editora e citação da fonte.

Venha fazer parte da Naturale, anuncie, envie artigos.

Faça parte desta corrente pela informação e pelo bem.

Contate-nos: (35) 9982-1806

e-mail: [email protected]

expediente

Carta ao leitorSaber utilizar com respeito as fontes naturais

é um dom! A cada dia vivenciamos o milagre de, ao acordar, encontrarmos água potável, ar respirá-vel e saneamento básico satisfatório.

Por que dizer um milagre? Se desde que o mundo é mundo os recursos naturais estão abun-dantemente disponíveis? Hoje em dia isso não é uma realidade em vários locais do planeta. O fato de não estarmos em contato direto com essa reali-dade, nos dá a falsa ilusão, de que não acontece.

A formação de uma mentalidade ecologica-mente correta deixa de fazer parte do rol da utopia e passa a ser realidade. Com o compromisso assi-nado de redução de gases do efeito estufa, não só as empresas precisam se adquarem, mas cada um de nós. O que você fez hoje para contribuir com o planeta?

Pequenas ações no nosso dia a dia, se pra-ticadas efetivamente, farão toda a diferença. Sua atitude positiva influenciará as pessoas que estão próximas a você, e uma corrente será formada e amplificada.

Nesta edição, vemos como materiais podem ser reciclados e transformados em peças de arte, práticas de economia, conquista de novos mer-cados com inclusão social e ambiental, como contribuimos quando compramos produtos cer-tificados, enfim, como fazemos a diferença com nossas atitudes. Lembre-se, você é um elo ampli-ficador. Boa leitura!!!

Elaine Pereira

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Naturale julho/agosto - 2010

Arte com

sustentabilidadeNa capa desta edição vemos o João-de-barro retirando da Mãe Terra

o que necessita para fazer sua moradia, de forma ecologicamente correta, sem agredir a natureza e sem nenhuma interferência no meio em que vive. Pois bem, assim também podem ser produzidas belas peças de arte que utilizam matérias primas naturais e reciclam resíduos da construção civil e do comércio, como sacos de cimento e papelão.

Estas peças produzidas em Maria da Fé e Itajubá, no Sul de Minas, são comercializadas nos grandes centros e no exterior.

O artista plástico Domingos Tótora, de Maria da Fé, inaugurou seu es-túdio, “Domingos Tótora – Studio de Arte e Design”, em maio de 2008, com espaço amplo e moderno, onde a luz é matéria palpável tomando a forma das superfícies das peças e esculturas que produz.

A matéria prima do seu trabalho é o papel Kraft reciclado, papelão, saco de cimento vazio e jornal. A captação chega a seis toneladas anuais. O trabalho é verdadeiramente sustentável. Domingos costuma dizer que: “Sustentabilidade é o que se faz e não o que se diz. Elegi o papelão após anos de pesquisa por perceber a quantidade de lixo que ele gera. O material é muito resistente, o papel vêm da madeira e com o trabalho de reciclagem ele volta a origem... volta a ser madeira novamente.”

O processo é 100% manual. Primeiro o papel Kraft e desmanchado, formando uma massa de celulose à qual é adicionada cola. Em seguida, as peças são moldadas em fôrmas e após secagem são impermeabilizadas com verniz naval fosco. São produzidos bancos, pufes, vasos, objetos de-corativos e utilitários, Domingos transita entre a arte e o design.

Suas peças são encontradas nos grandes centros do país e conta com distribuidor na Bélgica para toda Europa, e em Los Angeles, que distribui para todo EUA.

Domingos relata que os efeitos de seu trabalho remetem ao relevo de Maria da Fé, situada bem no alto da serra. “Não são intencionais, mas acredito que por viver tão próximo da natureza fico impregnado por ela, resultando intuitivamente na textura dos efeitos de luz e sombra do sol com a mesma intensidade que a luz solar percorre os vales, reportando a cor primária da natureza, como cascas de árvores, pedras e terra. Para mim é fundamental aliar arte ao design. A natureza é a grande inspiradora, todas as cores, formas e texturas estão nela”, completa.

Domingos ganhou vários prêmios: em 2008 PRÊMIO CRAFT+DESIGN — Mesa Água — Primeiro lugar e Menção Honrosa pelo trabalho focado e Ação sócio-ambiental. Segundo lugar no PRÊMIO OBJETO BRASILEIRO – Mesa Água (categoria Objeto de Produção Autoral). Em 2009 PRÊMIO TOP XXI — MERCADO DESIGN — Primeiro lugar na categoria Design Sustentá-vel e BRAZIL DESIGN AWARDS 2009 — Brasil Design Week — Mesa Água.

Há 13 anos criou o “Gente de Fibra“, projeto sócio-cultural com a co-munidade, onde 30 famílias vivem direta e indiretamente deste oficio.

As peças são feitas com papel reciclado e fibra de bananeira. A Oficina é um dos segmentos da Cooperativa Mariense de Artesanato (fibras Com Arte), que foi gerada paralelamente ao Projeto de Desenvolvimento do Tu-rismo Rural em Maria da Fé/MG, projeto de parceria entre a Prefeitura e o

Por Elaine Pereira

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SEBRAE-MG. Um dos objetivos era desenvolver um artesanato que tivesse identidade local. Domingos apresentou o trabalho criado por ele feito com papel reciclado e fibra de bananeira, que foi ao encontro dos anseios de todos envolvidos no projeto.

Luiz Antônio Braga, presidente da cooperativa e artesão, nos relata que desta reunião, Domingos e mais cinco mulheres da comunidade aceita-ram o desafio de desenvolver o trabalho, surgindo assim a Oficina Gente de Fibra. Paralelamente foram criadas outras oficinas de artesanato na cidade. “À medida que os artesãos se organizaram e se capacitaram, seus produtos foram conquistando os mercados interno e externo. Visando sempre o for-talecimento do artesanato mariense, as oficinas se uniram e foi então, que a Cooperativa Mariense de Artesanato, contando com 28 associados na sua fundação teve seu início e hoje conta com 58”, explica Luiz Antonio.

Em Itajubá há a Fragmentum, empresa criada por Denise Starling de Oliveira Braga, com especialização em Design de interiores e Designer de velas nos Estados Unidos, e Marcelo Del Ducca Marques, com especiali-zação em Controle Industrial. Eles também trabalharam em pesquisa de tecnologia para chegarem ao resultado final da composição do papel ma-chê, utilizado para produção de suas peças.

“Os produtos da Fragmentum são feitos com materiais recicláveis ou provenientes de fontes renováveis, por meio de uma produção limpa. Fazemos isso não porque está na moda ser ecologicamente correto, mas porque temos consciência de que cada um tem obrigação de fazer a sua parte. Assim, a Fragmentum se especializou no Ecodesign. Nosso principal insumo são os sacos de cimento, com os quais fazemos nossa pasta de papel machê”, explica Marcelo.

A “Responsabilidade Social” sempre foi uma das preocupações da empresa. Desde 2001 a Fragmentum é uma “Empresa Amiga da Criança”, ligada à Fundação Abrinq. Trabalha também com jovens da Fundação Bra-desco de Itajubá/MG, dando-lhes uma formação profissionalizante como jovens aprendizes.

Marcelo diz que só o insumo ecologicamente correto não produz o conceito de Ecodesign. “O design deve resultar de um debate sócio-cultu-ral que busca respostas para problemas relativos a conforto e bem-estar para a sociedade. Porém, este debate hoje está inseparavelmente ligado a questões ambientais. Especializar-se no Ecodesign significa mais do que lançar produtos inovadores e ecologicamente corretos no mercado, signifi-ca investir em estudos e pesquisas das tendências mundiais, sem deixar-se corromper pela utilização de materiais que agridam o meio ambiente (mas que na maioria das vezes tornam o produto mais barato) e técnicas muito industrializadas (que excluem de sua produção o artesão de raiz, pertencen-te à comunidade). Estes fatores, aliados a um dom natural dos designers, levam ao desenvolvimento de produtos diferenciados, com identidade pró-pria e exclusiva, com alto valor agregado, determinando o Ecodesign.”

A geração de lixo é quase nula – não há descarte da pasta de papel machê e sim o seu total reaproveitamento. Além disso, a Fragmentum uti-liza de forma ampla recursos renováveis (água de chuva, que é captada e armazenada em tambores para ser utilizada na limpeza do Atelier e lavagem dos sacos de cimento; ventilação e iluminação naturais) e insumos reno-váveis (bambu e fibras naturais) ou recicláveis (papelão, sacos de cimento, restos e pó de madeira).

A Fragmentum participou de diversas Feiras de Designer e Decoração e em 2007 foi selecionada pela Equipotel para ser agraciada com o “Prê-mio Socioambiental Chico Mendes”. As peças comercializadas no Brasil e no exterior possuem uma ampla linha de luminárias, porta velas e móveis, como Bonsai, Dommus, Hastes, Yogin, Gifts.

Bem, vimos na prática os conceitos de sustentabilidade aplicados no dia a dia e com valor agregado, não só financeiro, mas humano, belo e em harmonia com a vida do planeta. Fr

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Desenvolvimento sustentável e consumismo

Por Luiz Anderson

É possível conciliar expansão da economia capitalista,

nos atuais padrões de produção e consumo,

com conservação do

meio ambiente?

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Naturalejulho/agosto - 2010

Nossa proposta neste texto é dar subsídios ao leitor que queira responder esta questão, que no meu ver está no cerne de todas as questões relacionadas ao meio ambiente de nosso tempo.

O consumo ou o poder de consu-mo é visto em nossa sociedade como algo que confere status à aquele que compra. Desde a revolução industrial a nossa sociedade ocidental tem in-vestido recursos e tempo para que os níveis de consumo sejam aumentados, gerando uma situação de pessoas que fazem do consumismo uma condição de possibilidade de satisfação pessoal. Esta mesma revolução industrial gerou a crença de que a tecnologia pode res-ponder a todas as demandas, resolver todos os problemas. É só observar quais foram nas últimas décadas os ganhos de produtividade do setor agrícola, por exemplo. Doenças do passado foram estirpadas da lavoura a partir de soluções técnicas tais como agrotóxicos e fertilizantes, que são em última instância, frutos de requintes tecnológicos. Produzindo mais para atender a demanda pelo consumo, o mercado desenvolveu técnicas de con-vencimento pela compra que sempre levam em consideração alguns fatores: criação hábitos de consumo, redução da vida útil dos produtos e multipli-cação da produção de produtos cada vez mais descartáveis. A partir desta lógica as pessoas são estimuladas a consumir de forma desenfreada, vincu-ladas a uma idéia de busca do prazer e a possibilidade de ascensão social. O “penso, logo existo” é muitas vezes substituído, mesmo que inconscien-temente, por “compro, logo existo”. Este consumo pelo consumo gera em

nós ciclos de satisfação e insatisfação, que são utilizados pelo mercado, para que estejamos sempre descontentes conosco mesmo. Esta realidade de mercado cobra caro da sociedade em dois pontos principais: inverte valores e pressiona o meio ambiente de forma insustentável, reunindo-se elementos para a formação de estados de insa-tisfação, frustração e estresse. Como exemplo, podemos citar os EUA, a Me-ca do consumismo, que têm um padrão de vida elevado e consomem nada me-nos que 25% de todo recurso natural do planeta, com população de 5% do total mundial. Entretanto, em recente pes-quisa conseguiu-se aferir que logo após a 2ª guerra mundial, na década de 50, a sociedade americana tinha uma per-cepção de felicidade muito maior que a atual, mesmo vivendo com menos pos-ses e menor poder de compra.

Esta situação onde se encontra nossa sociedade é reflexo do que so-mos porque somos assim ou porque fomos treinados assim? Nosso paradig-ma é sustentável? Considerando-se que paradigma é a forma com que resolve-mos problemas, podemos entender que não, já que temos visto que esta-mos vivendo um momento da nossa história em que eventos ambientais catastróficos nos levam a pensar que, em certa medida, são as conseqüên-cias visíveis de nossos atos. Podemos então concluir que o paradigma atual deve ser mudado. Como fazer isso? Segundo Thomaz Kuhn, famoso eps-temólogo, paradigmas são mudados a partir de revoluções de conceitos. No nosso caso, para irmos de um para-digma de insustentabilidade para um sustentável, o meio mais efetivo é o da educação ambiental, na medida em que ela desenvolve conhecimentos que vão gerar compreensão e habilidades que serão motivadores, possibilitando a aquisição de novos valores e men-talidades que alavancarão atitudes diferentes. Atitudes estas necessárias para lidar com as questões ambientais, ajudando-nos a encontrar soluções sustentáveis que poderão se traduzir em desenvolvimento sustentável.

Condições de desenvolvimento sustentável geram novos equilíbrios entre sociedade, economia e meio am-biente, conforme a figura nos mostra.

Não se trata, portanto, de abdicar do desenvolvimento, mas de se ter no-va relação com o meio ambiente, com o dinheiro e com o meu próximo. O equilíbrio demonstrado pela figura não descarta nenhum destes, pelo con-trário, os harmoniza. Isto me parece responder a pergunta feita no início do texto, ou pelo menos nos dá maior cla-reza para tratar estes conceitos.

Mas, o que eu posso fazer no dia a dia para ajudar a gerar a sinergia que mudará o paradigma atual? Proponho algumas ações simples a seguir, mas que se adotadas por todos poderão surtir bons resultados:

ª Troque as lâmpadas incandescentes por fluorescentes mais econômicas. Elas podem gastar até 65% menos energia e durar até 10 vezes mais do que as lâmpadas de filamento, redu-zindo assim, a geração de resíduos;

ª compre eletrodomésticos que te-nham avaliação “A” no selo Procel. Eles ajudam a diminuir sua conta de luz e permitem o uso mais eficiente de energia elétrica;

ª quando sair da sala, desligue o mo-nitor do computador. As proteções de tela também gastam energia que pode ser economizada apenas ao apertar um botão;

ª não coloque a geladeira perto do fogão ou de uma janela que receba muito sol; ela terá de trabalhar mais para manter-se fria;

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Naturale julho/agosto - 2010

ª racionalize o uso de pilhas, utilize pi-lhas recarregáveis. Quando acabar seu prazo, deposite-as em caixas coletoras específicas. As pilhas contaminam a água e o solo, com mercúrio e cádmio, e a atmosfera com vapores tóxicos;

ª a fabricação de mais papel faz com que sejam derrubada mais árvores, aumentando o aquecimento global e diminuindo a qualidade do ar e da água. O cloro utilizado para o branqueamen-to é altamente contaminante. Opte sempre pelo papel reciclado, imprima só o necessário no modo econômico e utilize os dois lados da folha;

ª fique atento à conta de luz e per-ceba quantos aparelhos eletrônicos ficam no modo de espera (stand-by) constantemente. Crie o hábito e tire televisão, DVD’s, sons e outros da to-mada e calcule a economia na conta;

ª seja um agente voluntário do “apa-gão”. Saia por aí apagando todas as luzes desnecessárias na sua casa, trabalho, banheiros públicos, restau-rantes e afins. A conta em real nem sempre é você quem paga, mas o ônus ambiental reflete em todo o planeta;

ª evite os descartáveis: prefira o co-ador de pano, os alimentos fora das bandejas de isopor, o copo de vidro, as sacolas e guardanapos de pano, en-fim, todo produto que se use, lave e use novamente, em vez de jogar fora;

ª sempre que puder opte por abas-tecer seu carro com biocombustíveis, eles emitem menos gases do efeito estufa, já que sua cadeia de produ-ção assimila este gás da atmosfera no plantio e crescimento da cana;

ª racionalize o uso da água, evite o desperdício, este recurso ainda é mui-to barato a nós brasileiros, mas é bom saber que enquanto você lê este tex-to, 1 bilhão de habitantes da Terra não tem água potável;

ª procure consumir produtos hor-tifrutigranjeiros da sua região, assim você estará movimentando a econo-mia local e evitando o consumo de combustível para transportar estes produtos de regiões distantes;

ª diminua o consumo de carne bo-vina, substitua por carne de frango, porco e peixe. A pecuária é uma ati-vidade altamente impactante ao meio ambiente. 50% de todos os grãos pro-duzidos no mundo são utilizados para a alimentação do gado. Para se produ-zir 1 kg de carne são necessários 7.000 litros de água;

ª sempre que puder, plante árvores; o seu crescimento assimila gás carbôni-co que é gás do efeito estufa, além de trazer sensação agradável ao espírito;

ª Eduque seus filhos a serem consumi-dores conscientes e não consumistas.

A questão do consumismo hoje é a maior fonte de pressão ao meio am-biente. Todos os problemas ambientais são decorrentes desta pressão. Os nossos valores enquanto sociedade devem ser revistos ou a Terra não irá suportar as nossas demandas.

“A lição já sabemos de cor, só nos resta aprender...”

Luiz Anderson, Químico e Consultor Ambiental da Ambioquim Consultoria e Prof. de Meio Am-biente. e-mail: [email protected]

É notícia

Projeto “Preparando o Caminho”

No início de julho professores da Universidade Federal de Itajubá esti-veram presentes em Pedralva para a visita de lançamento do projeto “Pre-parando o Caminho”, que consiste na recuperação de áreas degradadas ao longo da estrada que liga a cidade de Pedralva ao bairro do Pedrão. O pro-jeto é uma iniciativa da Associação de Moradores e Amigos do Bairro do Pedrão e do Grupo Excursionista Pedra Branca (GEPB), e conta com a parceria da UNIFEI e da Prefeitura Municipal de Pedralva.

X PedrockPedrock Limpo!

O X Pedrock, mostra de bandas de rock, que acontece todos os anos em Pedralva e está em sua décima edição, recebe o selo IDES (Índice de Desenvolvimento Sustentável), sendo o primeiro evento da região certificado como ambientalmente correto. Todo o lixo produzido durante o evento foi co-letado separadamente e, em parceria com a Prefeitura Municipal de Pedral-va, foi destinado ao Centro de Triagem do Município. A neutralização dos ga-ses de efeito estufa (GEE), emitidos durante a realização do evento, será realizada com o plantio de mudas em diversos projetos municipais.

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Novo curso Técnico de Meio Ambiente

As novas demandas do mercado de

trabalho por profissionais capacitados é

uma realidade no Brasil de hoje, que vive

nos últimos anos crescimento econômi-

co robusto. Segundo estudo recente do

IBGE, se o país mantiver este ritmo de

crescimento, entraremos em uma fase de

pleno emprego e nos próximos anos sur-

girão boas oportunidades para aqueles

que estiverem bem preparados. O mesmo

instituto alerta, entretanto, para a dificul-

dade das empresas em preencher vagas

de mão-de-obra capacitada, já que estão

faltando profissionais. A área ambiental

demandará nos próximos anos a entrada

de profissionais, sendo que estudos pre-

vêem um déficit de aproximadamente 200

mil profissionais nesta área.

O mercado procura hoje técnicos

ambientais que tenham formação sólida

nas sub-áreas relacionadas à educação,

inspeção e gestão ambientais; profis-

sional este que deverá atender as mais

diversas demandas relacionadas à reso-

lução de problemas dentro de empresas

ou fora delas, visto que legislações ca-

da vez mais restritivas e movimentos da

sociedade em busca de um padrão de de-

senvolvimento sustentável, num mundo

a beira de crises ambientais que neces-

sitam de ações que tragam solução. Para

isso é importante que o técnico tenha

uma visão global a fim de que soluções

locais sejam definidas e implementadas.

O Colégio de Itajubá, instituição

balizada por seus muitos anos na for-

mação de técnicos nas mais diversas

áreas, ciente da importância deste tema

ambiental, lança o Curso Técnico em

Meio Ambiente com o intuito de prepa-

rar, em um ano e meio, profissionais para

atender as demandas do mercado e da

sociedade para as soluções que reque-

rem a presença de profissionais técnicos

bem preparados. O curso em questão

formará técnicos em meio ambiente

capazes de atuar nestas três vertentes

ambientais que interagem entre si e se

complementam: a educação, a inspeção

e a gestão ambientais.

Em um mercado em expansão,

com vagas promissoras no presente e

no futuro próximo, a formação técnica

proposta pelo curso de Técnico em Meio

Ambiente do Colégio de Itajubá certa-

mente definirá um profissional que trará

ganhos para si próprio e para aqueles

participantes dos mais diversos setores

da sociedade. Os problemas ambientais

estão aí e as soluções também. O Colé-

gio de Itajubá, com equipe dedicada de

professores com formações correlatas e

atuantes na área ambiental, se propõe a

formar profissionais para atender estas

demandas.

Nadin Haddad, Diretor do Colégio de Itajubá

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Naturale julho/agosto - 2010

A economia sempre foi

Prof. Dr. Héctor Gustavo Arango

ambiental*

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Quando algum grupo, organiza-ção, governo ou indivíduo adota o que poderia se chamar de uma postura am-bientalista, é bastante comum que os adversários destas ideias empreguem “argumentos” “econômicos” para ten-tar fazer prevalecer seus interesses.

Apenas para dar um exemplo des-te tipo de atitude, recentemente (maio de 2010) por ocasião da discussão em torno do novo Código Florestal brasi-leiro, um deputado catarinense ligado ao grupo ruralista usou o argumento de que “entre o crescimento econômico e a preservação ambiental, a segunda teria que esperar”.

Pretende-se mostrar neste artigo que este tipo de construção consti-tui uma falácia e que, ainda, fomenta um conflito desnecessário e prejudicial para a sociedade entre as Ciências Eco-nômicas e as Ciências do Ambiente.

Para isto, é importante refletir sobre a própria definição de Ciências Econômicas e outros conceitos cor-relatos. Um destes conceitos é o de escassez. Escassez significa que os recursos disponíveis são limitados. A partir desta compreensão, chega-se ao conceito de fronteira de produção, que pode ser interpretado como o limite da capacidade produtiva de uma socie-dade com os recursos disponíveis em determinado período de tempo. A esta restrição, soma-se o desejo ou as ne-cessidades da sociedade, tidas como ilimitadas. Qual seria então a solução para este dilema, criado pela restri-ção de recursos e o desejo ilimitado de bens? A solução seria o uso racio-nal dos recursos. E por uso racional entende-se o uso gerenciado ou admi-nistrado destes recursos. Basicamente nisto — e nos seus problemas deriva-dos — é que consiste toda a Ciência

Econômica. Em síntese, Economia é a ciência dedicada ao estudo do geren-ciamento de recursos escassos.

Ora, note que no cerne do con-ceito de Ciências Econômicas está a consciência da limitação dos recursos, e a necessidade do seu uso racional, ou parcimonioso. Dir-se-ia também sustentado?

Quanto à finalidade das Ciências Econômicas, pode se afirmar que a Economia trata fundamentalmente do bem-estar do homem. O bem-estar do indivíduo se refere tanto ao seu aspecto material quanto ao não material. A Eco-nomia entende que o bem-estar é uma função das escolhas do homem, por isso ela estuda tanto sobre escolha. A escolha de uma pessoa quando vai adquirir um bem, ou teoria do consumi-dor, a escolha dos modos de produção através dos insumos, ou teoria da fir-ma, os condicionantes das escolhas em função das estruturas de consumo e produção, ou teoria de mercado. Estes aspectos se referem ao que se denomina de Teoria Microeconômica. O funcionamento dos agregados, ou Teoria Macroeconômica, e do próprio mundo também são do interesse das Ciências Econômicas.

A este foco somam-se uma quanti-dade enorme de problemas complexos, e que remetem a questões do tipo: te-mos que produzir mais para o bem da sociedade; existem pessoas passando fome e mais alimentos devem ser pro-duzidos; temos que ocupar espaços para garantir o aumento da produção; é necessário aumentar a fronteira agrí-cola e humana; faltam lugares para morar; é necessário ocupar espaços para construir moradias; os recursos são cada vez mais escassos. Chamo is-so de “novos velhos problemas”, uma

vez que estão sempre presentes na História da Humanidade. Isto permite colocar o seguinte: se os recursos são escassos, então não deveríamos cuidá-los? E se os recursos acabarem, haverá produção?

Voltando ao suposto conflito en-tre economia e meio ambiente. Será que a gestão da escassez pode pro-vocar escassez de recursos? Não seria que a gestão dos recursos (isto é, a Economia), deveria preservar os recur-sos existentes? Ou, alternativamente, empregá-los de modo a que sejam preservados?

Note-se como, dependendo da for-ma como é interpretado o conceito de Economia, ele resulta absolutamente afinado com demandas ambientais. E a forma correta é a que se apresenta aqui.

Linhas de raciocínio como: a Eco-nomia é uma Ciência Social e deve cuidar prioritariamente da sociedade, do Homem; a Economia tem que gerar produtos em maior quantidade e mais baratos; a preservação do meio am-biente atrapalha a produção; preservar o meio ambiente é impossível; ou en-tre o social e o ambiental prevalece o social; são formas distorcidas de in-terpretar o conceito e a finalidade das Ciências Econômicas. Quem as utiliza está desinformado ou mal-intenciona-do.

Um outro equívoco comum ao se rotular as Ciências Econômicas é vincu-lá-las à moeda, ao dinheiro ou ainda, à riqueza. Ora, o leitor me diga aonde se falou nestes conceitos na definição de Economia. O problema vem quando se pensa que, como a moeda equivale a direitos, o possuidor de dinheiro é um credor da sociedade e como a moeda seria um elemento universal de cobrar

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Naturalejulho/agosto - 2010

os direitos, logo vem que dinheiro se equivale a poder. A lógica do dinheiro seria então: tendo mais dinheiro, têm-se mais direitos e, portanto, uma maior capacida-de de escolha. Então vem a ampliação da fronteira de escolha, com uma maior probabilidade de melhores resultados e, tendo melhores resultados, como con-seqüência, maior felicidade. Logo, mais dinheiro, mais felicidade. Esta linha de raciocínio, já descrita como lógica consumista em um artigo anterior, não está tam-bém no cerne do conceito econômico. Constitui uma construção que não encontra embasamento necessa-riamente na Ciência Econômica. Senão, em vez de tudo isso, porque não maximizamos a felicidade diretamen-te? Por exemplo: se sou “feliz” criando cachorros, então não me interessa um modo de vida de apartamentos, vida noturna, diversão, carros (Maserati), ou tudo aqui-lo que o “dinheiro” possa comprar, pois isto concorre com minha “felicidade”.

Existe solução para estes conflitos? Claro que sim. Está no comportamento. Aliás, as Ciências Econômicas são classificadas como ciências do comportamento, ou comportamentais. Uma analogia em relação à quanti-dade de bens e felicidade é a visão do passado da FAO, onde maior consumo de calorias era tido como indica-dor de um país com melhor alimentação e a evolução desta visão, onde um melhor consumo de nutrientes é que equivale a uma melhor alimentação. E por falar em alimentação, a solução econômico-ambiental passa pela regulação das atividades econômicas, o que po-de ser interpretado como uma analogia de uma dieta. Dieta equivale a regulamentação, a incentivos, e isto tem a ver com governos (enquanto representantes da sociedade). Mais uma vez, se pede para notar que dieta independe de dinheiro. É comportamento. Afinal, al-guém sabe como atingir um objetivo nutricional apenas gastando dinheiro?

Desta forma, creio que fica claro que eventuais conflitos entre algumas áreas do conhecimento huma-no decorrem mais da falta de capacidade de entender o seu real significado ou da necessidade de construir argumentos que atendem a interesses egoístas. Para o bem da Ciência e da Sociedade, é importante que as discussões sobre problemas importantes sejam trazi-das para um nível de entendimento maior e mais amplo, onde os interesses legítimos da sociedade sejam con-fluentes. Economia cuida do Homem. O Homem é o seu próprio meio. Economia e meio ambiente: estamos falando da mesma coisa o tempo todo!* Este artigo é uma síntese das idéias apresentadas pelo autor na palestra com o mesmo título no V SEMEAR — Seminário de Meio Ambiente e Energias Reno-váveis, realizado nos dias 10 e 11 de junho de 2010 na UNIFEI — Universidade Federal de Itajubá, MG.

Professor Dr. Héctor Gustavo ArangoEconomista formado pela FACESM, Mestre e Doutor em Ciências da Engenharia pela Universidade Federal de Itajubá, UNIFEI. Membro da ABE, Associação Brasileira de Estatística, da Sociedade Brasileira de Econometria, SBE, e da NYAS, New York Academy of Sciences. Pro-fessor de Economia Monetária, Econometria, Estatística, Modelos Estocásticos e Previsão da FACESM. É Diretor Geral da FACESM.

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Conquiste novos mercados com inovações sustentáveis

Visto por muitos como fator de restrição ao crescimento e mesmo à simples manutenção das atuais fatias de mercado, o novo paradigma da sustentabilidade pode ser um poderoso aliado para o crescimento sustentado de nossos negócios. Aos que dedicam ao menos parte do seu tempo a “pensar fora da caixa”, a busca por inovações em direção ou sintonizadas com esse novo paradigma tem oferecido como recompensa o acesso a novas faixas de um mercado extremamente reprimi-do em termos de consumo e cujo potencial de compra vem crescendo de modo consistente e em ritmo quase chinês. No Brasil, o crescimento de renda das faixas D e E tem alterado o perfil da nossa tradicional pirâmide social para uma sociedade em forma trapezoidal, onde a antiga base da pirâmide move-se para cima rumo a essas classes C, D e E apresentando-se como um amplo nicho com mais de 100 milhões de novos consumidores ávidos por produtos e serviços.

Odair Afonso Rebelato, diretor executivo do Bradesco e respon-sável pela rede de agências, define como baixa renda “tudo o que está abaixo de R$ 800 por mês, seja renda oficializada ou não”. O investimento do Bradesco na mobilidade da bai-xa renda teve início em 2000 e 2001 com a decisão estratégica de fazer o lance de R$ 200 milhões na lici-tação do Banco Postal, assegurando o direito de explorar as agências de correios. O Bradesco calcula que o batalhão de consumidores reu-nidos nas classes D e E, turbinado por crescimento econômico consis-tente e vigorosa oferta de trabalho, tem poder de compra da ordem de R$ 380 bilhões em bens e serviços apenas em 2010. Essa cifra supera a soma de consumo das classes A e B reunidas.

Alguns exemplos de empresas que já obtiveram sucesso na con-quista desses novos consumidores estão relatados nas tradicionais revistas de negócios do nosso pa-ís. A revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios traz os casos do projeto Talentos do Brasil – onde mais de 400 artesãos são orienta-dos pelo estilista Ronaldo Fraga na criação de peças novas com técni-cas regionais resultando em ganho mútuo para seu trabalho criativo e para as comunidades onde se de-senvolve (Pequenas Empresas & Grandes Negócios; Maio, 2010). Vale

a pena ler no mesmo número dessa revista os casos da Tramppo, Aoka, Solidarium, Core Asset Management e da Curb – agência inglesa que se define como primeira empresa de mídia totalmente natural investindo em publicidade sustentável.

Outro caso de sucesso como o da Sorridents, apresentado pelo jornal Brasil Econômico, 26 de abril de 2010, com o título: “A nova clas-se média leva a família ao encontro do sorriso perfeito” também ilustra e demonstra a importância de se atentar ao novo paradigma: a busca de inovações para a base da pirâmi-de. Esse caso parte, como na grande maioria dos casos de sucesso, da constatação de uma necessidade ampla e bem definida por algum pro-duto ou serviço em alguma camada da população. Verificou-se que, no Brasil, há 120 milhões de pessoas que dependem exclusivamente dos programas do governo para cuidar da saúde bucal. Por atuar, no início de sua carreira em 1995, em uma re-gião extremamente carente na zona leste de São Paulo (Vila Cisper), a dentista Carla Sarni percebeu nes-sa necessidade uma oportunidade e desenvolveu uma rede (franquias) de clínicas odontológicas para as classes C, D e E. São, hoje, cerca de 115 clínicas espalhadas pelos es-tados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Ceará, Roraima, Bahia e Pa-

raíba. Sua projeção é para chegar a 200 clínicas em 2013!Esse conceito não é novo pois o texto A Riqueza na Base da Pirâmide, de C. K.

Prahalad (PRAHALAD, C.K. A Riqueza na Base da Pirâmide.Wharton School Publishing, 2005) já tem quase 10 anos. Embora esse grande teórico da estratégia possa ter-se equivocado em relação ao case das Casas Bahia, mais banco do que loja de varejo, ele verificou com clareza o exemplo do Habibs e suas esfihas a 45 centavos, embora de qualidade discutível. Da mesma forma, os cases sobre serviços médicos na Índia, tradicionalmente caros tanto lá como cá no nosso país, são muito ilustrativos, como podemos ver no caso a seguir descrito:

Caso Aravind: o Sistema Oftalmológico Aravind nasceu em 1976 numa modes-ta clínica particular de 11 leitos em Mandurai na India com o sonho de erradicar a cegueira desnecessária (tratável). Enquanto nos Estados Unidos uma cirurgia de catarata custa cerca de US$3.000 e num hospital do topo da pirâmide (acessível às

Por Rubens Mazon, Ph.D.

A inclusão ou acessibilidade

a serviços até então

completamente fora do

alcance das populações de

baixa renda é o verdadeiro

e eficaz benefício social

trazido no bojo do paradigma

da sustentabilidade, que

além de proporcionar

significativos aumentos de

mercado e faturamento,

fortalecendo o pilar econômico

dos negócios, deve ter

também a questão ambiental

corretamente equacionada

nesse novo modelo

de negócio.

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Na mesma linha da Aravind o ca-so das próteses conhecidas como Pé de Jaipur (desenvolvida na cidade de mesmo nome na India) são oferecidas a centenas de milhares de pessoas a custo próximo de zero enquanto nos hospitais típicos dos Estados Unidos custam en-tre US$ 6 e US$ 10 mil dólares.

A inclusão ou acessibilidade a ser-viços até então completamente fora do alcance das populações de baixa renda é o verdadeiro e eficaz benefício social trazido no bojo do paradigma da sustentabilidade, que além de pro-porcionar significativos aumentos de mercado e faturamento, fortalecendo o pilar econômico dos negócios, deve ter também a questão ambiental cor-retamente equacionada nesse novo modelo de negócio.

Estimativas dos executivos da fábrica de chocolates Kopenhagen apontam que, nos próximos cinco anos, o mercado brasileiro comportará a abertura de no máximo 90 novas lojas da marca, que é voltada basicamente para os consumidores da classe A - crescimento considerado limitado para

as ambições da direção da empresa. Constatado o fato, a saída encontrada pelos controladores para garantir a ex-pansão do faturamento foi lançar uma espécie de filhote da Kopenhagen, uma marca voltada para consumidores de baixa renda, batizada de Brasil Cacau. “O mercado da classe C é o que mais cresce no país e não pode ser despre-zado”, diz Celso Moraes, dono do grupo controlador da Kopenhagen, o CRM. Até o início de fevereiro serão abertas 12 lojas da Brasil Cacau, todas em São Paulo. Ao final do ano, a expectativa da empresa é ultrapassar as 50 unidades e, até 2013, atingir 500 lojas.

A Cosmos Ignite, empresa indiana com sede em Nova Delhi, comercializa uma lanterna movimentada a energia solar por cerca de 50 doláres e finan-ciada em até 5 anos. Em geral, famílias da Índia, Afeganistão e Guatemala, adquirem o produto por 5 dólares por mês, bem menos do que gastariam em querosene para lampiões, velas ou ou-tras soluções tradicionais. Tendo em vista os mais de 2 bilhões de pessoas, no mundo, sem acesso a eletricidade, o

potencial de crescimento da empresa salta aos olhos! O americano Stuart L. Hart, referência mundial em estra-tégias empresariais para populações de baixa renda, defende a importância de modelos de negócios como esse, exemplo da convergência de sucesso dos dois grandes movimentos revolu-cionários hoje em curso: o da base da pirâmide e o das tecnologias limpas. Levanta a bola de que desde que co-meçou a escrever sobre os temas, em 1998, juntamente ao mundialmente aclamado C. K. Prahalad, os movi-mentos caminharam de forma isolada. Enfatiza que diante dos milhões de dólares gastos com desenvolvimento de tecnologias limpas, pouco se pensa em como essas tendências chegarão aos consumidores. E questiona: Será nos mercados desenvolvidos, onde os consumidores estão acostuma-dos com o conforto e a facilidade das tecnologias tradicionais, que essas novidades emplacarão?

O grande equívoco das empresas sejam elas grandes multinacionais ou pequenas e médias empresas brasilei-ras, está em tentar se aproveitar desses novos mercados com os mesmos pro-dutos e modelos de negócio com os quais vem atendendo as classes A e B. Oferecendo produtos semelhantes, em menores quantidades (saches e outras embalagens reduzidas) ou oferecen-do produtos e serviços de qualidade inferior, acreditam estar atuando corre-tamente nesse novo e amplo mercado. Os casos de sucesso real nos mercados da base da pirâmide são calcados em produtos e serviços cujos custos são reduzidos em 10 a 50 vezes o custo do equivalente oferecido às classes A e B sendo mantidos os mesmos padrões de qualidade. Evidentemente isso re-quer muita inovação em materiais e processos e até modelos de negócios completamente novos e criativos, vide exemplo da Aravind acima.

Finalmente, para ser bem su-cedido nos promissores e enormes mercados de baixa renda não basta, em hipótese alguma, o oportunismo de “vender porcarias aos pobres”!

Rubens Mazon, Ph.D.Ex Professor e Chefe de Departamento da EAESP-FGV. Sócio fundador da eternare – gestão es-tratégica para sustentabilidade. [email protected]

classes A e B) da India ao redor de US$1.200, o hospital de olhos Aravind realiza em seus de 1.500 leitos cerca de 95 mil cirurgias de olhos por ano a um custo entre US$50 e US$300. O Sistema Oftalmológico Aravind (ver Figura 1) é muito mais do que apenas os cinco hospitais (o Aravind e mais quatro espalhados pelo estado de Tâmil Nadu) que realizam um total de 190.000 cirurgias por ano. Trata-se de um no-vo modelo de negócio de alta tecnologia formado por um centro para a fabricação de lentes sintéticas, suturas e produtos farmacêuticos relacionados ao tratamen-to dos olhos; um instituto de treinamento; um banco de olhos internacional; um centro para o tratamento de mulheres e crianças; um instituto de pós-graduação em oftalmologia que concede diplomas de mestrado e que oferece programas de bolsas de estudo e um centro para programas de alcance à comunidade.

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Naturale julho/agosto - 2010

Sustentabilidade como parâmetroe ato de responsabilidade

As licitações são, sabidamen-te, um dos componentes de maior discussão quando se planejam os in-vestimentos municipais, estaduais e federais. Alvos de especulações, dis-cussões éticas e preços muitas vezes combinados, as licitações ainda care-cem de estatura social responsável a ser traduzida em ações anti-fraudes e também socialmente impactantes.

Você já imaginou observar licita-ções capazes de considerar também o impacto sócio-ambiental das propos-tas participantes? A Fundação Getúlio Vargas (FGV) está construindo indica-dores para avaliar o desempenho de governos estaduais e municipais na compra responsável de madeira para obras públicas, prevendo itens como incentivos econômicos, fiscalização do transporte e conscientização da sociedade civil.

Na prática, a mudança propos-ta pela FGV passa por parâmetros a serem considerados quando o dinhei-ro público for empregado. Além do menor preço, questões ambientais passariam a fazer parte da avaliação. O Greenpeace, organização ambien-talista mundialmente conhecida, fez algo semelhante ao mobilizar o poder público para a assinatura de compro-missos e aprovação de leis contra a madeira ilegal.

Você sabia que cerca de 80% da madeira extraída da floresta amazôni-ca é ilegal e predatória? Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Insti-tuto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). De lá, a madeira parte para todo o Brasil, com desta-que para a região Sudeste. Em recente entrevista ao jornal Valor Econômico, Paulo Amaral, pesquisador do Imazon, comentou o caso: “Isso indica que um dos principais vetores do desmata-mento acontece longe da Amazônia, nas regiões mais desenvolvidas do pa-ís”.

O que fazer? O exemplo da cidade de Americana (SP) é bem interessante: a cidade aprovou, no final de 2008, legislação obrigando os responsáveis técnicos pelas obras municipais a se comprometerem com o uso de madeira legal. Neste sentido, exige documenta-ção sobre a origem do material como condição para o “habite-se”.

O governo estadual de São Paulo também tem trabalhado na tentativa de identificar e punir o armazenamento, transporte e comércio de espécies de madeira consideradas proibidas (Mog-no, por exemplo). Para isso, treinou e equipou 2500 profissionais da Polícia Ambiental, que usam computadores portáteis em conjunto com microscó-pios digitais ligados diretamente com

o Instituto Florestal.

O artigo abordou avanços consi-deráveis e que tendem a elevar o nível dos debates ligados à sustentabilida-de, mas muito ainda pode e deve ser feito.

A conscientização dos cidadãos e sua participação pode se dar de muitas formas, como por exemplo:

• Ao comprar um móvel, devemos exi-gir que a madeira usada seja certificada ou tenha registro de origem;

• Ao escolher uma incorporadora ou construtora, questioná-la sobre o uso de madeira certificada. Grandes em-presas do setor imobiliário garantem um mínimo de madeira certificada e o movimento tem apoio dos sindicatos da área.

Ao ser tratada como parâmetro para a tomada de decisão, a susten-tabilidade deixa de ser um discurso. Passa a ser requisito para os negócios, o que só tende a criar uma sociedade melhor e mais justa. Faça sua parte, participe deste debate!

Até a próxima.

Conrado Navarro, educador financeiro, au-tor dos livros Vamos falar de dinheiro? (Novatec) e Dinheirama (Blogbooks) e sócio-fundador do Dinheirama – http://dinheirama.com. Atua como professor, consultor e palestrante. Contato: [email protected]

Por Conrado Navaro

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Qual é o propósito da

certificação?

Os certificados, rótulos ambientais e sociais e selos verdes foram criados com o propósito de oferecer garantias e opções para consumi-dores e cidadãos. Isto não é necessário quando o comércio é apenas local e existem relações de confiança entre produtores e consumido-res. Você não precisa pedir um certificado orgânico para ter a certeza que a horta do seu vizinho não usa agrotóxicos. Você também pode observar se ele emprega mão de obra infantil, bem como as condi-ções de trabalho no local. Você conhece o seu vizinho e, em caso de dúvidas ou problemas com o produto, resolve a questão diretamen-

te. O mesmo não acontece quando você vai a um supermercado comprar um pacote de café, produzido em uma fazenda que você não conhece. O raciocínio também vale para o japonês, que vai comprar, em Tóquio, esse mesmo café, produzido no Brasil. Caso você ou ele se preocupem com a origem ou alguma característica deste produto, devem buscar uma garantia que possa diminuir os riscos de adquirir algo com propriedades incompatíveis com os seus valores e necessidades. Nessa hora, um certificado que você conheça e confie, assim como na palavra do seu vizinho, resolverá o problema.

Mas o que seria um certificado ou selo confiável? Aqui vão algumas sugestões de critérios. Como ponto de partida, conside-

ramos fundamental que a certificação tenha sido uma opção do empreendedor, um engajamento voluntário. Em seguida, que o certificado ou selo tenham uma mensagem clara, isto é, que você entenda o que ele, de fato, garante: condi-ções de trabalho dignas, conservação da vida silvestre, ausência de agrotóxicos, comércio justo, entre muitas possibilidades. Além disso, o certificado deve ter normas de verificação que traduzam esta mensagem através de critérios e indi-cadores que possam ser conferidos no produto ou no seu processo produtivo. O ideal é que estas normas sejam definidas de maneira transparente e com a participação das partes interessadas. Se é uma norma sobre pesca, deve envolver em sua definição os pescadores, pesquisadores marinhos, ONGs com atuação na área, indústrias processadoras de peixes, sindicatos de trabalhadores da pesca, consumidores, entre outros. Além disso, esta norma deve ser aplicada em um sistema confiável, com certificadores e auditores independentes, em processos transparentes e isentos de auditoria e com o acompanhamento de uma instân-cia de controle acima dos certificadores. Finalmente, deve haver um sistema de rastreabilidade, que garanta que o produto venha, de fato, de uma operação ou empreendimento certificado.

A expectativa é de que estas premissas propiciem condições para que exista um aumento da governança e do monitoramento social em atividades e cadeias produtivas que produzam altos impactos para o meio ambiente e para a qualidade de vida de trabalhadores e da população em geral. Espera-se assim, que a certificação seja catalisadora de processos de mudanças e adequações

Por Luís Fernando Guedes Pinto

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FSC — Forest Stewardisp Council (Conselho de Manejo Florestal)

Rainforest Alliance CertifiedRede de Agricultura Sustentável

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Os dois selos garantem que as empresas ou fazendas que tem autorização para utilizá-los foram submetidas a uma auditoria do pro-duto e entre outros aspectos que:

ªO manejo florestal ou agríco-la obedeceu a rigorosos critérios técnicos, de modo a permitir a conservação e a recuperação da mata nativa.

ªQue a retirada da árvore ou o plantio agrícola leve em conta a biodiversidade do bioma, cau-sando o menor impacto possível sobre o meio ambiente e seu en-torno.

ªQue a atividade econômica exercida pelo empreendimento que estiver explorando aquela área de floresta ou do campo respeite a atividade da população tradicional (colhedores de castanhas, índios, comunidades ribeirinhas)

ªQue a contratação da mão de obra respeite a legislação em vi-gor e estenda seus benefícios aos trabalhadores temporários.

ªQue os trabalhadores tenham condições dignas de alimenta-ção, alojamento e água, acesso à saúde e, no caso das crianças, à escola.

Luís Fernando Guedes Pinto é secretário-executivo do IMAFLORA – Instituto de Manejo e Certi-ficação Florestal e Agrícola. É Engenheiro Agrônomo e Doutor em Agronomia pela ESALQ-USP. Tem diversos trabalhos publicados nacional e internacionalmente sobre certificação e sistemas de produ-ção agrícola.

socioambientais, conduzindo um pro-cesso de melhoria contínua. Para tanto, é necessário que ela ofereça incentivos econômicos para empreendedores que queiram se engajar neste processo. As-sim, a certificação pode ser entendida como um pacto da sociedade sobre co-mo certas atividades produtivas devem ser conduzidas de modo a atender às demandas da nossa e das futuras gera-ções, como preconizado pelo conceito de Desenvolvimento Sustentável.

Na cadeia de produtos de origem florestal e agrícola observam-se sis-temas que atendem a esses critérios, como o da certificação florestal FSC (Forest Stewardisp Council, em portu-guês, Conselho de Manejo Florestal) e o da Rede de Agricultura Sustentável.

Os produtos certificados por es-ses sistemas podem ser identificados pelo logotipo do FSC, aplicado aos produtos de origem florestal (como móveis de madeira, papel, embalagens, óleos para fins cosméticos) ou pelo se-lo Rainforest Alliance Certified, que o consumidor pode localizar nas emba-lagens de alguns cafés, por exemplo, nas prateleiras dos supermercados.

O mais importante é que você é fundamental neste quebra-cabeça. Se informe, pergunte e descubra a origem do que você consome. Confira se você tem opções e garantias sobre o que en-tra na sua casa. E se quiser saber mais sobre as certificações citadas acima, consulte a página eletrônica do Insti-tuto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) www.imaflora.org.

O que dizem os selos FSC e Rainforest Alliance Certified

O BNDES (Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social) estuda criar uma versão verde do PIBB, fundo de índice com cotas negociadas na Bolsa de Valores, que levará em consideração a emissão de CO2 das empresas que o com-põem. Se for adiante, o novo produto, que pode ser negociado por pessoas físicas, deverá ser lançado entre o fim deste ano e meados de 2011. As informações são do superintendente da área de meio ambiente do banco, Sérgio Weguelin.

A criação do ICO2 foi proposta à BM&FBovespa pelo BNDES, no ano passa-do. O novo índice medirá o desempenho na Bolsa das mesmas empresas que já compõem o chamado índice IBX-50, qua-se 50 empresas. O índice é revisto a cada quatro meses, e o peso de cada empresa depende de seu volume negociado e da variação individual, no pregão, de cada um dos papéis.

A diferença do IBX-50 para o ICO2 é que cada um desses pesos variará pa-ra mais ou menos de acordo com o nível de emissão de carbono de cada empresa. Empresas mais sujas em comparação com outras do mesmo segmento de atuação terão sua participação reduzida; as mais limpas, aumentadas.

A formação do IBX-50 é que baseia o fundo PIBB. Da mesma forma, o ICO2 é que dará forma ao novo fundo de índice, se sua criação for adiante. Investir em um fundo de índice é, na prática, o mesmo que investir nas ações que compõem esse ín-dice, sem que, porém, o investidor gaste o elevado volume de recursos que seria ne-cessário para comprá-las.

“A ideia é que isto incentive cada em-presa a melhorar suas emissões, porque a informação será pública”, diz Weguelin. Pa-ra isto, o BNDES negocia com as empresas para que elas produzam, até julho, um in-ventário sobre suas emissões de carbono. Hoje somente cerca de 20 o fazem.

O ICO2 “é um índice inédito no mun-do”, porque, diferente do que ocorre em outros países, não serão eliminadas as empresas que não produzem o inventário, porque isso limparia o índice artificalmente. Quem não produzir o inventário continuará no índice, e isso será público, o que pode trazer danos à imagem da empresa.

A expectativa, é que o mercado te-nha mais apetite para negociar um índice que tem a preocupação ambiental, o que tornaria suas cotas mais líquidas na bolsa — ou seja, o volume negociado seja ainda maior que o PIBB. (Fonte: Folha.com)

BNDES estuda criar versão verde do

fundo PIBB

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Gestão de projetos Responsabilidade Social nas Empresas

Por Célio Gentil

Estaremos mostrando nesta edição, uma matéria de fundamental importân-cia para as organizações que buscam conhecimentos sobre o tema, de forma estratégica, visando suas aplicabilidades.

Sabendo que a Responsabilidade Social Empresarial, é a capacidade das empresas, em ouvir, compreender e satisfazer as expectativas e interesses legíti-mos de seus diversos públicos, estaremos direcionando o tema para a Gestão de Projetos de Responsabilidade Social, neste contexto, junto as “Comunidades”.

As empresas que definiram em seu Planejamento Estratégico atuação de forma mais eficaz em Responsabili-dade Social Empresarial, estabelecem nas metas corporativas, o desenvolvi-mento de “Projetos” envolvendo seus colaboradores em ações voluntárias, que são gerenciadas através de “Plano de Ação”.

Estes projetos, geralmente são elaborados pelos colaboradores das empresas através de grupos multifun-cionais, formados por diversas áreas da companhia, caracterizando uma gestão matricial e conhecimentos dis-tintos, muitas vezes, sem aplicação dos conceitos e metodologias direcio-nados para este tema, que facilitam a

elaboração, implantação e administra-ção dos mesmos.

Outro fator crítico para gestão dos projetos são conceitos diferenciados entre grupos, que é natural quando não se estabelece capacitação das equipes na busca de objetivos comuns, resultando em vontades pessoais e conflitos internos.

Para melhor entendimento sobre estes conceitos e metodologias, es-taremos apresentando alguns passos fundamentais para o PMC — Processo de Melhoria Contínua, na elaboração de projetos.

Para este desenvolvimento deve-mos construir uma base sólida apoiada em duas importantes estruturas, que são:I. Conceitos da Responsabilidade So-cial EmpresarialII. Estratégias para Elaboração de Pro-jetos

I. Conceitos da Responsabilidade Social Empresarial

Os “Conceitos da RSE” buscam disseminar de forma homogênea, in-formações discutidas e defendidas por inúmeras entidades mundialmente, trazendo com isso grandes contribui-ções e riquezas no desenvolvimento dos projetos.

Dentro destes conhecimentos conceituais podemos citar pontos im-portantes como:

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ª Evolução das empresas sobre o te-ma

ª Preocupações da O.N.U. e Planeta

ª Insucessos dos projetos

ª Sucessos dos projetos

ª Gestor do projeto

ª Sensibilização dos envolvidos

ª Dados estatísticos e pesquisas mundiais

ª Posição do Terceiro Setor

ª Projetos de parceria e suas respon-sabilidades

ªObjetivos da Empresa Cidadã

ª Importância do Stakeholders

II. Estratégias para elaboração de projetos

As “Estratégias para elaboração de projetos” tem como objetivo nor-tear as equipes dando sustentação e subsídios nas etapas de desenvolvi-mento, eliminando possíveis falhas e situações críticas que podem contri-buir para o insucesso.

Quando falamos em desenvolvi-mento, estamos em resumo, atribuindo de forma abrangente as ações práticas e possíveis de serem implantadas com eficácia e eficiência. Para isto requer das equipes maiores conhecimentos, que através de suas habilidades se-rão capazes de elaborar projetos com inovações plausíveis, atendendo as ex-pectativas dos públicos envolvidos.

Para colocarem em prática estas habilidades, alguns conhecimentos são fundamentais, tais como:

ª Exemplos de projetos

ª Diretrizes para elaboração de pro-jetos

ª Avaliação de projetos

ª Indicadores de resultados

ª Fatores determinantes para proje-tos

ªMelhorias na gestão

ª Conhecimento da realidade de seu público

ª Decisões estratégicas para projetos

ª Ações baseadas em metas — GQT

ª Críticas sobre os projetos

Gestão na organização

As empresas estão também, definindo em seu Planejamento o segmento de atuação que melhor in-teragem com seus negócios, buscando facilitar suas ações e aplicabilidades, melhorando cada vez mais, os traba-lhos desenvolvidos nestes segmentos.

Os segmentos podem ser:

ª Educação

ª Saúde

ªMeio Ambiente

ª Cultura

ª Esportes

ª Lazer

ª Saneamento Básico

ª Habitação

É de conhecimento mundial, prin-cipalmente no meio empresarial, que o tema “Responsabilidade Social” ou “Sustentabilidade” tem conquista-do cada vez mais espaço nas mídias, meios acadêmicos, governamentais, empresariais, e principalmente nas so-ciedades organizadas.

Desenvolver projetos não pode ser uma atividade de menor impor-tância quando estamos direcionando

recursos, que geralmente são escassos, e tem a necessidade do envolvimento de profissionais capacitados e éticos.

As empresas possuem em suas estruturas grande capital intelectual humano com capacidade de envol-vimento e comprometimento em projetos, seja de forma voluntária ou de gerenciamento, precisando apenas motivá-los e incentivá-los para este di-ferencial competitivo.

Os Projetos de Responsabilida-de Social Corporativa devem ter uma forma de gestão ética e transparen-te com todos os públicos com os quais se relaciona, e estabelecer me-tas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da so-ciedade, preservando principalmente os recursos naturais e culturais para o presente e futuro, respeitando a di-versidade e promovendo redução das desigualdades sociais.

Célio Gentil, CG – Consultoria Empresarial e Recursos Humanos

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O professor Paulo Roberto Labegalini, pró-reitor de Cultura e Extensão Universitá-ria, ressalta que a UNIFEI tem compromisso com o desenvolvimento social e humano da comunidade regional.

A Universidade Federal de Itajubá (UNI-FEI) aprovou quatro projetos e um programa no Programa de Extensão Universitária (PRO-EXT) do governo federal. Com a aprovação, a universidade deve receber uma verba de R$ 278 mil reais para serem aplicados em ações de extensão universitária em 2011.

Somente pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (INTECOOP/UNIFEI), a Instituição aprovou os projetos “Recicla Itajubá” e “Saúde de sobras” e o programa “Fortalecimento da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da UNIFEI”. Na área de educação, a UNIFEI aprovou o projeto “Educação nas alturas com os pés no chão” e na linha temática de desenvolvimento urbano, foi aprovado o projeto “Análise da qualidade do serviço do transporte público de Itabira-MG”.

A participação no edital do PROEXT 2010 mobilizou diversos professores e servidores técnico-administrativos. Fo-ram submetidas 14 propostas em diversos segmentos. O resultado colocou a uni-versidade à frente de outras instituições federais do Sul de Minas.

De acordo com o Prof. Labegalini, o empenho dos profissionais envolvidos na elaboração dos projetos foi fundamental para a aprovação das iniciativas. “A UNI-FEI tem um compromisso sério com o desenvolvimento social e humano da co-munidade regional. E esses projetos vão contribuir ainda mais com essa proposta”, destacou.

Programa de Fortalecimento da Incubadora Tecnológica de

Cooperativas Populares da UNIFEI O programa visa dar continuidade

ao trabalho já executado pela INTECOOP/

UNIFEI no processo de incubação de empre-endimentos populares solidários. A missão da INTECOOP/UNIFEI é mobilizar grupos populares por meio do trabalho coletivo, do incentivo à autogestão e da transferên-cia de tecnologia, promovendo a cidadania de acordo com os princípios da Economia Solidária. O programa coordenado pelo Prof. Labegalini busca ampliar a atuação da Incubadora em Itajubá e microrregião, com foco na população de baixa renda.

Projeto Recicla Itajubá Este projeto, coordenado pelo pro-

fessor Antônio Carlos Zambroni, visa à ampliação e produção de conhecimento, tendo como objetivo otimizar as ações ge-renciais, operacionais, organizacionais da Associação dos Catadores de Materiais Re-cicláveis de Itajubá (ACIMAR), assim como o desenvolvimento das relações coletivas e cidadãs entre todos os envolvidos. O proje-to vai contribuir também para aquisição de bens materiais de suma importância para o desenvolvimento da ACIMAR. A Asso-ciação contribui para diminuir os impactos ambientais da geração de lixo na cidade.

Projeto Saúde de sobrasO projeto visa desenvolver um centro

de qualificação na área de produção de ali-mentos para a geração de trabalho e renda, com foco em mulheres de famílias com bai-xo poder aquisitivo de Itajubá. A proposta é capacitar pessoas através de cursos de produção de alimentos seguros para au-xiliar na renda familiar e ensinar técnicas de aproveitamento integral dos alimentos para melhor conservação de nutrientes e melhora da alimentação da família. O pro-jeto é coordenado pela professora Ana Lúcia Fonseca e prevê a realização de 14 cursos de capacitação.

Educação nas alturas com os pés no chão

O projeto visa fortalecer o processo

educativo de estudantes universitários e de ensino médio da rede pública com a utiliza-ção do fascinante mundo da Aviação como tema central para estimular e motivar a aprendizagem de conteúdos de Física, Ma-temática, Química, Geografia, História e Inglês. A proposta é inovadora e surgiu em conversas do coordenador do projeto, pro-fessor Luiz Lenarth Gabriel Vermass, e do maestro Amaury Vieira, ambos aeromode-listas de Itajubá. “Temos uma paixão pelo aeromodelismo. Queremos contribuir com a educação apresentando essa atividade fantástica aos estudantes da rede pública”, destacam.

Análise da qualidade do serviço do transporte público de Itabira-MG

O projeto vai avaliar aspectos rela-cionados a trajetos, frequencia, questões de mobilidade e aspectos ambientais do sistema de transporte público de Itabira. A proposta é encaminhar o estudo para me-lhorar o serviço na cidade. “É uma satisfação ter um projeto aprovado no Campus de Ita-bira, em uma área carente de pesquisa e de extensão, que é a questão dos transportes urbanos”, relata a coordenadora do proje-to, professora Helena Mendonça Faria.

Benefícios para comunidade Os projetos aprovados pela UNIFEI

no PROEXT 2010 vão beneficiar a comuni-dade da região na área de educação, saúde e geração de renda. No caso do projeto “Análise da qualidade do serviço do trans-porte público de Itabira-MG”, vai ser uma importante contribuição da universidade para a população local.

Além dessa contribuição para comu-nidade de Itajubá e Itabira, os projetos concedem bolsas de extensão para uni-versitários da UNIFEI. Dessa forma, os estudantes podem vivenciar a realidade. Essa aproximação é fundamental para a vida profissional e para o desenvolvimento humano dos estudantes.

Por Luiz Otávio Coutinho

UNIFEI — compromisso com o desenvolvimento social e humano da comunidade regional

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Naturale julho/agosto - 2010

O que é ATM? Por Dra. Gracia Costa Lopes

A ATM (articulação têmporomandibular) é bilateral, localizada à frente do ouvido e responsável pela

execução dos movimentos realizados pela mandíbula. Alterações nessa articulação são chamadas de DTM

(disfunção temporomandibular) podendo provocar dores musculares, ruídos articulares, zumbidos no

ouvido, otite, dores de cabeça, tonturas, limitação de abertura da boca, entre outros sintomas.

As dores na ATM e na musculatura da face podem estar ligadas à oclusão dos dentes,

mas o stress e doenças sistêmicas ou hormonais também

contribuem com a doença.

As possíveis causas da dis-função da ATM são: bruxismo (ato de ranger e ou apertar os dentes), mordida incorreta, tensão dos músculos do pescoço e ombros, dormir em posição incorreta, stress e ansiedade, roer unhas, mascar chicletes entre outros. O tratamento, muitas vezes, é multi-disciplinar, devido à infinidade de fatores causais. Se você tem sin-tomas de disfunção da ATM, além de procurar um profissional espe-cializado em DTM e Dor Orofacial, pode minimizar os sintomas das seguintes maneiras: não masque chicletes; tente não abrir muito a boca, inclusive quando for bocejar, nem dar grandes mordidas; massageie a região da mandíbula várias vezes ao dia, primeiro com a boca aberta, depois com a bo-ca fechada; adote o uso regular de alguma técnica de relaxamento anti-stress.

Faça seu auto testeSe você responder a uma dessas questões abaixo positivamente, pode estar desenvolvendo uma

DTM / DOR OROFACIAL e deverá procurar um especialista em disfunção temporomandibular e dor orofacial.

( ) 1. Você sente dificuldade ou cansaço na boca ao se alimentar?

( ) 2. Você tem sons (tipo estalido) próximos aos ouvidos ao abrir ou ao fechar a boca?

( ) 3. Você tem dificuldade ao abrir a boca?

( ) 4. Ao abrir a sua boca ela desvia para algum dos lados?

( ) 5. Você tem dor de cabeça constante?

( ) 6. Você range ou aperta os dentes?

( ) 7. Você sente dificuldade em abrir a sua boca ao acordar?

( ) 8. Você acorda com dor de cabeça e cansada?

( ) 9. Você já travou a sua boca? (aberta ou fechada)?

( ) 10. Você tem um ou mais sintomas acima acompa-nhados de zumbido?

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A Musicoterapia no seu dia a dia

Sabemos que a música faz parte da civilização humana desde seus primórdios, seja através do canto para os ritos reli-giosos, através dos instrumentos percussivos e metálicos como incentivo para a guerra, ou até mesmo como um instrumento de divertimento e distração durante reuniões, encontros e festas.

O que poucos sabem é que a prática da música no uso te-rapêutico também remonta os primórdios de nossa existência, muitas vezes através de “mantras” bastante utilizados na cultura oriental, ou usando-se a melodia e o ritmo na cura de pacientes com problemas físicos ou mentais, atualmente bastante dissemi-nada na cultura ocidental.

A Musicoterapia é uma ferramenta nobre na tarefa de levar qualidade de vida, alegria e saúde a pessoas que vivem em con-dições especiais.

O cérebro humano é capaz de direcionar a atenção e con-centrar-se em determinado ponto, deixando todos os outros em segundo plano; com a musicoterapia o paciente concentra-se no som e tira o foco da dor, desencadeando respostas químicas do organismo e interferindo no estado geral do indivíduo. Esse desligamento só é possível porque a música e a dor, para serem processadas, mobilizam as mesmas regiões do cérebro. Em estu-dos na Universidade de Michigan (EUA), médicos pesquisadores

Seja através do ritmo forte dos instrumentos percussivos ou metais, ou de melodias suaves com instrumentos de cordas, a música ou ritmo utilizados podem causar aumento ou redução da freqüência respiratória e cardíaca, da pressão arterial sistêmica e das arritmias, fazendo bem ou mal ao indivíduo.

Músicas de ritmo mais lento que o batimento cardíaco estimulam a desaceleração, e o resultado, muitas vezes, é nos sentirmos mais calmos.

No início dos anos 90 os doutores Francis Raus-cher e Gordon L. Shaw, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, tornaram mundialmente famosa a pesquisa conhecida como “Efeito Mozart”, na qual um grupo de 84 estudantes desta mesma Universida-de escutou diariamente, por 10 minutos, durante um determinado período, a Sonata para dois pianos em ré maior (KV448), de Amadeus Mozart. Constatou-se que, já na hora seguinte a cada experimento, a per-cepção tempo-espaço e a capacidade de raciocinar haviam melhorado. Este mesmo experimento ocor-reu em uma pré-escola, dividindo-se as crianças em quatro grupos distintos: dois tiveram aulas de piano, um aulas de computação e o quarto não recebeu ne-nhum curso extracurricular. A pesquisa mostrou uma melhora de 34% nas notas das crianças submetidas às aulas de piano contra zero (0) das outras crianças.

Recentemente o Dr. Shaw realizou mapeamento de áreas do cérebro ativadas pela música de Mozart, percebendo que além do córtex auditivo, também eram ativadas áreas associadas à emoção, ascen-dendo-se o córtex inteiro. Experimentos idênticos foram realizados utilizando-se obras de outros com-positores e foi constatado que somente as obras de Mozart ativam áreas do cérebro envolvidas com a coordenação motora, visão e outros processos mais sofisticados do pensamento humano. Deve-se saber que música que é agradável para você pode não ser tão agradável assim para mim, e vice-versa. Ainda não há regras e padrões específicos para o trata-mento musicoterápico, e em alguns consultórios os musicoterapeutas preparam o repertório de acordo com as necessidades do paciente.

Sabemos, com certeza, que só faz bem e é muito agradável ouvir boa música. Então ligue seu aparelho, ouça Mozart e fique mais relaxado e inteligente.

Julio Carlos Vilella, Bacharel em Direito pela FDSM – Faculdade de Direito do Sul de Minas. Bacharel em Canto Erudito pelo CBM – Conservatório Brasileiro de Música – Rio de Janeiro. Pós-Graduado em Regência pela UNINCOR – Universidade do Vale do Rio Verde. Professor de Canto Coral no CEMPA – Conservatório Estadual de Música de Pouso Alegre-MG.

descobriram que o som do violino é o ideal para eliminar dores de cabeça e diminuir enxaquecas. Isso ocorre porque o

relaxamento através da música provoca a liberação de substâncias, como a endorfina, um analgésico

natural do corpo.O efeito oposto pode ocorrer quan-do a pessoa é submetida a sons

estridentes e desarmônicos, que provocam uma hiperesti-

mulação das células nervosas.

Por Julio Carlos Vilella

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Rua Lucinda Carneiro, 92 Morro Chic Itajubá/MG

Tel./fax: (35) 3623-6644 [email protected].

Ultrassonografia Obstétrica e Ultrassonografia

Morfológica Fetal: existe diferença?

A maior dúvida das gestantes é a diferença entre os vários exames de ul-trassom que são realizados na gravidez: ultrassom obstétrico e o morfológico.

O ultrassom obstétrico tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento do feto, fazer a localização da placenta, quantidade de líquido amniótico entre outros e pode ser feito quantas vezes o médico da paciente julgar necessário, em qualquer fase da gestação.

O ultrassom morfológico faz uma avaliação pormenorizada da anatomia fetal e diagnostica sinais de doenças ge-néticas fazendo descrição detalhada do feto. Normalmente são feitos dois exa-mes durante a gestação, um entre a 11ª e 14ª semana e outro entre a 20ª e 24ª semana.

O ultrassom com translucência nucal diagnostica a possibilidade de doenças genéticas e entre elas a mais comum é a síndrome de Down.

Portanto, o exame que avalia de for-ma mais completa a anatomia do bebê é o exame morfológico. Durante os exa-mes morfológicos de 1º e 2º trimestre é o momento onde o médico poderá avaliar de forma detalhada a formação do bebê. Entretanto, mesmo o exame morfológico detalhado realizado por um profissional extremamente qualificado não é capaz de detectar 100% dos problemas que o bebê pode ter. Isto acontece porque al-guns problemas só se tornam evidentes com o desenvolvimento e crescimento fetal. A posição do feto e a condução do ultrassom nos tecidos maternos também pode dificultar a visualização de algumas anomalias fetais.

Alguns problemas identificados durante a ultrassonografia e seus signi-ficados:

ª Anencefalia é a ausência de formação do topo do crânio e de parte do cére-bro.

ª Hidrocefalia é o excesso de líquidos no cérebro.

ª Cardiopatias congênitas são defeitos na formação do coração.

ª Hérnia diafragmática é um defeito no músculo que separa os pulmões do ab-dome.

ª Onfalocele é um defeito no fecha-mento da parede abdominal.

ª Anormalidade dos membros são os-sos encurtados ou não formados.

Caso seja identificado um problema durante o seu exame será realizada uma breve explanação sobre o problema e o prognóstico. Para uma discussão deta-lhada será necessário a orientação do médico obstetra quanto à necessidade de avaliação de outro especialista.

Izabel Cristina NogueiraEspecialista em Ultrassonografia GeralEspecialista Medicina Fetal

Por Izabel Cristina Nogueira

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Educação financeira

Educar para o desenvolvimento sustentável envolve a conscientização e motivação dos cidadãos para a bus-ca e a defesa de uma melhor qualidade de vida em inúmeros setores da socie-dade. Sustentabilidade implica em não retirar da natureza mais do que sua capacidade de reposição. Desenvolver atividades sustentáveis respeitando a diversidade é vital para que o planeta continue fornecendo recursos naturais para nossa existência e das gerações que virão.

De acordo com a Agenda 21 Glo-bal, o conceito de desenvolvimento sustentável foi ampliado, procurando conciliar justiça social, eficiência eco-nômica e equilíbrio ambiental, bem como os caminhos para alcançá-los.

Quando pensamos em desen-volvimento sustentável fica clara a importância da formação de consu-midores conscientes. Dentro desse cenário a educação financeira é im-prescindível. A criança desde pequena precisa se interar e ser motivada em relação às questões financeiras de uma forma saudável e consistente. O principal valor a ser introduzido é o conceito, muito bem colocado pe-la psicóloga econômica Vera Rita de Mello, “Comportamento financeiro é qualquer tipo de escolha que envol-va recursos finitos”. Esse conceito vai além do que somente cuidar bem do dinheiro, ele envolve sustentabilidade

e responsabilidade frente aos grandes desafios trazidos pela globalização.

As questões financeiras no cotidiano familiar

Antes de começar a falar sobre di-nheiro com os filhos, procure perceber como você lida com as questões finan-ceiras no cotidiano familiar: o dinheiro é motivo de discussões constantes ou meio de união em torno de um objeti-vo comum? Você diz ao seu filho que não tem dinheiro para nada e que é preciso economizar, mas não tem li-mites no consumo de água, energia elétrica e o desperdício de alimentos são constantes...

O alerta é o número cada vez maior de crianças e adolescentes in-gressando em um modelo altamente consumista. Esse processo compli-ca bastante a fase de construção da identidade pessoal e ingresso na vida adulta. O apelo social do ”ter para ser aceito” acaba fazendo de muitas crian-ças e pré-adolescentes reféns de uma vida para o consumo, uma tendência perigosa, pois pode causar danos a construção dos valores morais e éti-cos. A consultora financeira Susanna Stuart fala sobre alguns fatores que elevaram a pressão pelo consumo e o aumento do marketing direcionado ao público infanto-juvenil nas últimas décadas:

ª A opção por ter filhos mais tarde: com a carreira profissional dos pais

encaminhada, o bebê crescerá em um cenário financeiro melhor;

ªO número menor de filhos por ca-sal: maior dedicação e gastos com cada criança;

ª Pais ocupados e filhos mais sozi-nhos: maior tempo em frente a TV ou computador e idas frequentes aos shoppings para lanches e compras;

ªMenos filhos, mais recursos, menos tempo e inclusão das crianças nas de-cisões financeiras da família.

Aprender e ensinar aos filhos o consumo responsável

Uma atitude é certa: o posiciona-mento de pais e responsáveis é fator essencial para a formação de cidadãos mais críticos e seletivos. A transmis-são de valores através do hábito do consumo responsável tem um impacto expressivo na vida dos filhos, valores que serão absorvidos a cada dia e atra-vés da postura observada por eles.

Os pais devem estar atentos as atitudes de seus filhos, procurarem estabelecer um diálogo aberto e pró-ximo. A base para que isso aconteça satisfatoriamente é a relação de con-fiança construída a cada dia.

Bernadette Vilhena é Pedagoga Empresarial e consultora em diversas instâncias da prática educativa nas empresas. Especialista em Ges-tão de Pessoas atua em consultoria empresarial desde 2003. Co-autora do livro “Dinheirama” (Blogbooks) e editora da seção Pedagogia Eco-nômica do site Dinheirama. Contato: [email protected]

Por Bernadette Vilhena

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Se sua casa fica longe da estrada, coloque sua casa na estrada!

Vamos viajar? Que tal pegar a estrada e po-der parar em qualquer cidade, fazer o próprio ritmo de viagem, sem se preocupar com hospedagem? É, se sua casa fica longe da estrada, coloque sua casa na estrada! Está e a frase que encontramos em um motorhome, literalmente você coloca sua casa na ro-dovia e pode ir para qualquer lugar. Bom? Pelo que nos dizem os amantes do motorhome, viajar assim é mais do que uma opção, é um estilo de vida.

Esta liberdade está atrelada a você ser bem orga-nizado e não se preocupar com espaço, pois dentro dele todos os locais são muito bem pensados, pla-nejados e organizados para se aproveitar ao máximo todos os cantinhos, afinal é uma casa. O espaço mí-nimo que se encontra dentro dele é compensado pela imensa varanda que está do lado de fora, no local on-de se estaciona e desfruta da natureza e das riquezas ambientais até aonde a vista possa alcançar.

Encontramos com um grupo no Recanto dos Carvalhos, em São Lourenço/MG, um hotel fazenda que possui área específica para camping e motorhomes. Geralmente um grupo ou uma das as-

Por Elaine Pereira

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Naturale julho/agosto - 2010

sociações envia convite por e-mail para os membros e marca a viagem. Este en-contro chamado “Vai quem quer” trouxe ao Sul de Minas alguns dos amantes de motorhomes.

Edna e Ailton Balieiro, de Sertão-zinho/SP, que desde a juventude são adeptos de campismo, e há oito anos viajam de motorhome, sendo que há cinco abriram mão da casa de alvena-ria para morarem no próprio veículo, dizem ter uma facilidade sem tamanho: “não precisamos mais arrumar as malas para viajar, como já está tudo em ca-sa, é só ligar o motor e seguir viagem. A vantagem é que nunca esquecemos de nada e sempre temos o que precisa-mos”, diz Ailton.

Viver assim é sinônimo de despo-jamento e possível às pessoas que já encontraram o equilíbrio em utilizar e guardar só o realmente indispensável, pois não há espaço para supérfluos e depósitos, até no que diz respeito a vestuário e alimentação. “É um grande aprendizado, pois em um espaço pe-queno você sempre precisa estar atento e respeitar o espaço do outro. Estamos sempre de passagem, tudo é transitó-rio, mas se conhece muitos lugares e pessoas com vivências interessantes”, relata Edna.

O motor quando em funcionamen-to alimenta as baterias, que por sua vez alimentam a parte elétrica. Quando pa-rado é necessário apenas de um ponto de energia (tomada) e um ponto de água (torneira) e tudo funciona normal-mente. Quanto ao esgoto gerado, ele fica alojado em uma caixa que recebe o resíduo e tem tratamento biodegradável sendo que, quando o descarte é feito, o resíduo final já está tratado. Onde este descarte é feito? Segundo Ailton, em posto de gasolina, o sistema é o mes-mo utilizado para ônibus de linha.

Fazer amigos e viver próximo a na-tureza é uma das características dessas pessoas que se encontram periodica-mente em vários pontos do país e da América Latina, organizados em pelo menos doze Associações de Campismo e de Veículos de Recreação.

Para Valdete e Mário Côrrea de São Bernardo do Campo/SP, que há dez anos viajam desta forma, relatam que além de um estilo de vida, a viagem é mais econômica, “não se tem despe-

sas com hotel, alimentação, não se fica preso a horários, ou seja, se tem o pró-prio ritmo”. Valdete, que também dirige o motorhome, aponta como fator po-sitivo a facilidade de locomoção e diz que passaram a viajar muito mais.

De modo geral seus usuários tra-fegam sempre durante o dia, param durante à noite em postos de gasolina.

Há também a opção do trailer atrelado ao veículo, “com ele há mais liberdade, pois quando se chega ao destino, se é que podemos dizer que temos destino, é só desengatar e sair com o carro para conhecer a cidade, fazer compras, etc. Isso é mobilidade, com o conforto da sua casa e a liber-dade de estar com seu próprio carro disponível”, explica Cássio Henrique Jorge, de São Carlos/SP. De acordo com ele, existem diversos tipos de trailers que vão dos menores (cerca de 2,70 m de comprimento) para duas pessoas até 11 m que comportam até 10 pessoas.

Airton Ventura, diretor executivo da ABRACAMPING (Associação Brasi-leira de Campismo) – órgão que cuida do setor no país, com assento no Con-selho Nacional de Turismo – diz que o turismo de motorhomes é uma grande realidade na Europa e nos EUA e está tomando corpo nos últimos anos no Brasil. Os proprietários desses veícu-los têm a opção de parar em diversos campings ao longo do Brasil onde en-contram segurança e estrutura de apoio e lazer, com luz, água, local para esta-cionamento e recreação.

Os preços de motorhomes no Bra-sil variam de R$ 45 mil a R$ 300 mil, dependendo do modelo e do ano de fabricação.

Vai aqui uma dica para as cidades, hoje quando se fala em estrutura tu-rística, precisamos começar a pensar também nos campings para motorho-mes, pois a tendência é desse tipo de viajante aumentar. Com o ecoturismo, o advento da Copa e da Olimpíada, certamente veremos mais motorhomes pelas estradas.

Mais informações? A Toca (Asso-ciação Capixaba dos Proprietários de Veículos de Recreação), tem como ob-jetivo divulgar o campismo e o turismo, acesse www.tocaes.com.

E então, animou? É só ligar o mo-tor e boa viagem!

Encontro “Vai quem quer”, no Recanto dos Carvalhos, São Lourenço/MG

Edna e Ailton Balieiro

Interior do motorhome

Valdete e Mário Corrêa

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