CHAPEL

SHOWART

45A N O S

Um artista que sempre buscou em sua prática criar uma “arte sobre a arte” apropriando-se de objetos, imagens e ícones. Sempre questionou o que estava em jogo na construção do valor de um objeto artístico.

Este pensamento crítico é o traço que melhor define a poética de Nelson Leirner.Seria fácil continuar escrevendo sobre o artista que tanto admiro: sua importância na arte conceitual brasileira, como se utiliza do conceito de apropriação, seu posicionamento perante o mercado, a crítica inerente a seu trabalho, a sua potência. Difícil é escrever sobre cada obra, tentar conceituar, enquadrar o que não se enquadra, decifrar o trabalho em sua origem, o processo criativo de Nelson Leirner.Resolvi seguir pelo caminho mais simples e prazeroso, inquerir a ele sobre seus trabalhos que fazem parte deste catálogo.

lettering de capa | detalhe da obra série sotheby̕s, assemblage sobre catálogo, 27 x 21 cm, 2001.

Mapas adesivados. São uma crítica explícita, direta, forte, óbvia ao observador em qualquer parte do mundo. Como se iniciou a criação da série? Deixa eu pensar. Co-mecei a fazer este trabalho em cima de atlas. Um dia, em uma livraria, comecei a folhear um atlas, e no meio dele havia o mapa-múndi. Já usava adesivos; comecei a relacionar cada região a um tipo de adesivo que encontrava: vieram na África os adesivos de animais; no Brasil, os de bananas; os cachorros Lulu na França... E assim o trabalho se desenvolveu.

Macacos. Algumas destas obras são mais fortes, outras mais lúdicas. Afinal, o que você quer nos passar com elas? A série dos macacos nasceu em referência à época da ditadura militar, remetia à figura do militar. Os artistas e ativistas contra a dita-dura se comunicavam referindo-se aos policiais militares como “os macacos”. Hoje

POR

pode ser uma alegoria (ou não). Tudo começa em um ponto e depois pode seguir

adiante.

Futebol. Várias pessoas sabem de sua paixão por esportes... Sempre gostei muito de

esportes. Não só fiz séries inspiradas em futebol, como em natação, golfe – a mesa

de pingue-pongue que esteve na Bienal de SP –, fiz a série “Esporte é Cultura” na

época da ditadura... Mas também simplesmente brinco, a obra “Várzea”, dos cam-

pos de futebol, fiz com vários mouse pads juntos.

Monas. De onde vem a fascinação pela Monalisa? É pela Mona ou por Leonardo da

Vinci? Procuro o maior ícone para dessacralizar. Quanto mais conhecido, mais fácil.

Da Vinci é o criador e artista ícone de todos os tempos, e Mona, uma obra ícone.

A série “Quadro a quadro – cem monas”, da forma que foi concebida, foi baseada

no cinema. As cem obras foram expostas da primeira vez como um filme quadro a

quadro. Estava naquele momento lendo o livro “Esculpir o Tempo”, de Tarkovsky,

que trata de sua relação com o tempo no cinema.

Eu e Os Outros. A série trabalhada nos pôsteres adesivados, tem a ver com as spot

paintings de Damien Hirst? Tinha vontade de brincar com as bolinhas de Damien

Hirst. Quis usá-las em cima de pôsteres, mas depois vi que não tinha muita relação.

Resolvi adesivar com as bolinhas em pôsteres de outros artistas ícones: Andy Warhol,

Matisse, Klee, Kandinsky, Yayoi. Fiz em obras minhas também, e nem me lembro

de quem mais, a repetição das bolinhas distorce bem a imagem... Mas não importa

quem está por trás da imagem, a pessoa tem que descobrir, acho que a curiosidade

do outro deve ser aguçada.

Os Catálogos Sotheby’s. Eles se tornaram um ícone colecionável, é um work

in progress? Era. Acabei com a série. Um dia o jornal Estadão (O Estado de São

Paulo), que promovia um prêmio de arte, me pediu um trabalho e resolvi interferir nos catálogos Sotheby’s que possuía em casa. Produzi 20 catálogos/objetos e os co-loquei todos juntos, em uma mesa. Foi um sucesso. A galeria, à época, me sugeriu fazer caixas individuais, colecionáveis. Fiz durante muitos anos. O engraçado é que depois uma série foi leiloada na Christie’s Leilões de Nova Iorque!

Este pequeno trecho de conversa nos dá a ideia de que, apesar da força, a obra de Leirner não se impõe; ela dá espaço para que o espectador aceite-a ou não. A decisão é sempre de cada um.

Adriana RedeCuradora 45o Chapel Art Show

série assim é... se lhe parece, 2010fotografia adesivada50 x 65 cm

série assim é... se lhe parece, 2011fotografia adesivada110 x 180 cm

globo da série assim é... se lhe parece, 2003objeto45 x 30 x 30 cm

série time is money, 2006mapa e relógios65 x 75 cm

obras da série dow jones, 2007fotografia adesivada90 x 120 cm

obras da série dow jones, 2007fotografia adesivada90 x 120 cm

série você faz parte, 2015máscaras, espelhos e madeira74 x 104 cm

obras da série você faz parte, 2011fotografia e espelho 170 x 170 cm

série pharmacy, 2006fotografia90 x 140 cm

série pharmacy, 2006fotografia90 x 140 cm

o turista, 2007pelúcia e madeira115 x 45x 45 cm

banana rack, 2008pelúcia, plástico, vidro e ferro80 x 65 x 65 cm

made in brazil, 2004macaco de pelúcia e grelha67 x 25 x 25 cm

atacarrrrrr, 2010fotografia100 x 130 cm

olé!!!, 2010fotografia100 x 130 cm

olha a on... glub... glub, 2010fotografia100 x 130 cm

um dia de futebol, 2006objeto25 x 100 x 15 cm

várzea III, 2015borracha, bolas de futebol e madeira78 x 115 cm

obra da série quadro a quadro – cem monas, 2012assemblage30 x 40 cm

obras da série quadro a quadro – cem monas, 2012assemblage30 x 40 cm

obras da série quadro a quadro – cem monas, 2012assemblage30 x 40 cm

obras da série quadro a quadro – cem monas, 2012assemblage30 x 40 cm

obras da série quadro a quadro – cem monas, 2012assemblage30 x 40 cm

julie manet – 3 anos, 2011desenho30 x 50 cm

marilyn, 2012objeto30 x 40 x 10 cm

obras da série eu e os outros, 2011assemblage80 x 60 cm

obras da série sotheby̕s, 2001assemblage sobre catálogo27 x 21 cm

obras da série sotheby̕s, 2001assemblage sobre catálogo27 x 21 cm

obras da série sotheby̕s, 2001assemblage sobre catálogo27 x 21 cm

cartas não recebidas, 2008litografia76 x 56 cm

mona-lisa, 2008litografia76 x 56 cm

padre cícero, 2005litografia80 x 60 cm

time is money, 2008litografia46 x 80 cm

série assim é..., se lhe parece, 2008litografia55 x 80 cm

série dow jones, 2008litografia46 x 81 cm

coquetel de abertura

45o Chapel Art Show15 de outubro de 2015quinta-feira 20 horas

exposição beneficentevendas de 16 a 21 de outubro 9 às 21 horasconsulte todas as obras em www.chapelartshow.com.br

Chapel School Rua Vigário João de Pontes 537 Chácara Flora telefone 11 2101 7400

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