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CÁTEDRA DARCY RIBEIRO: EDUCAÇÃO E VALORES HUMANOS

PINA, Neila Renata Silva¹ALMEIDA, Cláudia Regina Santos de²

CAMARGO, Mônica Nogueira³

FIPMoc – Direito¹ Endereço: Rua Marechal Deodoro, 02, Centro, Montes Claros / MG

CEP: 39.400-016E-mail: neilapina@bol.com.br

UNIMONTES²Endereço: Rua Tupinambás, 277, Funcionários, Montes Claros / MG

CEP: 39.401-033E-mail: claudiareginaevh@gmail.com

UNIMONTES – PPGDS³Endereço: Rua José Gomes, 329, José Carlos de Lima,

CEP: 39.402-350 E-mail: monica.camargo@ead.unimontes.br

Resumo: A Cátedra Darcy Ribeiro, na Unimontes, é um instrumento para a construção de redes profi ssionais, que permite um intercâmbio de experiências, comunicação, produção coletiva/individual e construção de novos conhecimentos acerca dos temas que envolvem a trajetória, a biografi a e a obra de Darcy Ribeiro com todos seus “fazimentos”, fundamentado no resgate dos valores humanos por meio da educação. O objetivo é capacitar as equipes de profi ssionais, dos locais em que atuam, para autossufi ciência, fortalecimento como categoria profi ssional e potencialização de seu papel no processo de aprendizagem, com ações que vão de debates so-bre ética e cidadania à apresentação de estratégias para valorização do diálogo. A metodologia consiste na realização de estudos, ofi cinas, publicações, como também aplicação de estratégicas que permitem o aprimoramento do profi ssional e do processo de tirocínio. A ênfase está nos Valores Humanos, que norteiam toda a perspectiva das ofi cinas realizadas com base na proposta metodológica do educador indiano Sathya Sai. Além disso, a Cátedra busca interação entre a Educação Popular e os Valores Humanos realizando um exercício dialógico que transcende a dimensão educativa, amplia a postura de vida participativa nos mais diversos espaços, em cur-sos de preparação de recursos humanos e até mesmo em nível de pós-graduação.

Palavras-Chave: Cátedra Darcy Ribeiro. Educação. Educação Popular. Valores Humanos.

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1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem o intuito de apresentar o trabalho desenvolvido pelo projeto de Ensino Cátedra Darcy Ribeiro que, por sua vez, tem como meta a criação de uma teia de re-lações e experiências voltadas para a capacitação e formação de educadores e acadêmicos. A proposta é permitir aos participantes vivenciar na prática, por meio da atuação dos profi ssionais que tiveram acesso às ferramentas disponibilizadas pela Cátedra, uma forma de melhor assimi-lar o conhecimento e de despertar o espírito crítico.

A metodologia tem foco nos Valores Humanos extraídos dos ensinamentos de Darcy Ribeiro, do educador indiano Sathya Sai Baba e de Paulo Freire. As atuações vão desde ofi ci-nas – com dinâmicas e estratégias que apontem a importância dos valores como respeito, amor, não violência e visão crítica de mundo à realização de estudos com vistas ao aprimoramento das discussões e das atividades realizadas pela equipe.

As inúmeras intervenções e praxes realizadas pela Cátedra Darcy Ribeiro apontam seu papel signifi cativo no processo de construção de uma educação mais refl exiva, na medida em que possibilita o resgate de valores imprescindíveis para um convívio social sadio colaborando para uma educação consistente e, voltada não somente para a profi ssionalização, como também para a formação de seres humanos melhores.

2 A CÁTEDRA DARCY RIBEIRO

Conceito e Objetivos

O Projeto de Ensino Cátedra Darcy Ribeiro foi idealizado pela professora Cláudia Regi-na, enquanto professora titular do Departamento de Política e Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes e aprovado pela Resolução Nº. 064 – CEPEx/2014, de 21 de maio de 2014.

A Cátedra visa a construção de conhecimento tendo como base os “fazimentos” de Darcy Ribeiro e o resgaste dos valores humanos por meio da educação. Ou seja, trata-se de uma ferramenta voltada à construção de redes profi ssionais tendo como desígnio a troca de experi-ências, de comunicação e de produção coletiva/individual, tecendo novas descobertas acerca dos temas que envolvem a trajetória, a biografi a e a obra de Darcy Ribeiro, cujos objetivos específi cos são: subsidiar o aperfeiçoamento e desenvolvimento social, acolher os anseios da comunidade em que se insere, impulsionando o ensino, a pesquisa e a extensão com efetividade e qualidade. Além disso, o Projeto de Ensino permite capacitar os acadêmicos para o exercício crítico e ético de suas atividades profi ssionais; difundir e centralizar, com instrumentos especí-fi cos, a cultura, o saber e o conhecimento regional, sob a ótica da educação e valores humanos. Como ponderou o próprio Darcy:

Sou a favor: de uma escola [...] popular e séria; da educação média formadora do povo brasileiro; do uso dos recursos públicos nas escolas públicas; da educação para o desenvolvimento econômico e social; da educação fundada na consciência lúcida (RIBEIRO; 1997, p. 233).

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Destaca-se também a infl uência do educador indiano Sathya Sai que, por meio de seus ensinamentos, realça os valores humanos e a educação como meio de harmonização do conví-vio humano.

A educação é a verdadeira beleza do homem; é o seu abundante tesouro escondido. É o meio pelo qual o homem pode satisfazer todas as suas necessidades; também é a fonte da sua fama e prosperidade. Ela é, realmente, o mestre dos mestres. Quando alguém está fora em uma terra estrangeira, a educação é o pai e o amigo; ela é sua deidade su-prema. Nas cortes dos reis, a educação é reverenciada, não a riqueza. Um homem sem educação é, verdadeiramente, um animal [...] A verdadeira educação deve conduzir à construção do caráter do estudante. Em verdade, declara-se que “o fi m da educação é o caráter”. O fi m do processo educativo deve ser a “integração do homem”. Este fato, infelizmente, vem sendo ignorado pelos planejadores educacionais. O resultado é o mundo a beira da total desintegração (SAI BABA, 2000, p.03; p.18).

Ressaltam-se, ao mesmo tempo, nesse processo os princípios de Paulo Freire que focava na educação para a consciência.

[...] mas a gente ainda tem que perguntar em favor de que conhecer e, portanto, contra que conhecer; em favor de quem conhecer e contra quem conhecer. Essas perguntas que a gente se faz enquanto educadores, ao lado do conhecimento que é sempre a educação, nos leva à confi rmação de outra obviedade que é a da natureza política da educação. Quer dizer, a educação enquanto ato de conhecimento é também, por isso mesmo, um ato político (FREIRE, 1982, p. 97).

Nesses aspectos o eixo motriz da Cátedra tem origem nos ditos “fazimentos” de Darcy Ribei-ro, perpassando pelo método do educador indiano Sathya Sai Baba conduzido pelo ideal de não violência, respeito, amor e disciplina até os ensinamentos de Paulo Freire, que invocam a consciência que se adquire por meio do acesso ao conhecimento, possibilitando ao indivíduo transformar positivamente sua realidade e a dos que o cercam.

Educação em Valores Humanos

Na formação de estudantes, os valores humanos completam as lacunas e removem os obstácu-los causados por comportamentos agressivos, conforme aduz Paulo Freire (1996, p. 25) “en-sinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. (...) precisa ser constantemente testemunhado, vivido”. Algo que engloba também a educação centrada nos valores humanos, proposta pelo educador indiano Sathya Sai, que têm atuado como instrumento efi caz na preparação de estudantes com aptidão para viver no mundo e não apenas obter uma formação profi ssional. A Educação em Valores Humanos contempla os valores universais: verdade, ação correta, paz, amor e não violência. Possibilita a integralidade do agir com a coerência entre os pensamentos, palavras, e ações, com o intuito de habilitar os seres humanos com um caráter sólido, explici-tando o verdadeiro sentido da educação.

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A metodologia consiste na preparação acadêmica e profi ssional, sem negligenciar a dimensão que oferece a formação para o ser atuar no mundo. As relações devem estar permeadas pelo amor, pela espiritualidade e pela equanimidade. A transformação e a tomada de consciência acontece de modo individual, contudo, por meio da percepção da necessidade do respeito e amor ao próximo como forma de obter para si próprio a reciprocidade, tendo como consequên-cia um convívio social mais harmônico, repercutindo em melhoria para a vida em sociedade de modo gradativo.Nas atividades praticadas com a temática da Educação Popular e em Valores Humanos, como por exemplo, e em particular, nas relacionadas à atuação do professor; os facilitadores traba-lham a partir da tendência à crítica e à reclamação desses profi ssionais. Há um investimento na refl exão e um foco na transformação comportamental dos educadores, pois, a educação para esta perspectiva tem que começar pelos educadores. A autotransformação é à base do método, porque os professores têm que ser para as crianças exemplo, inspiração de mudança de compor-tamento e de relações amorosas. É para isso que o professor está ali, este é o sentido do papel do professor. O que importa é o seu caráter diante da profi ssão, é exercê-la com dignidade, conclui ALMEIDA (2012) em reportagem concedida a Jornalista Maria Ribeiro para a revista Platafor-ma – veículo de informação de uma empresa de transporte. A Educação em Valores Humanos, junto à Cátedra Darcy Ribeiro, orienta a não violência, di-fundida por Mahatma Gandhi que, por meios não violentos, na Índia, até então uma colônia da Inglaterra conquistou um número de concessões políticas maiores que as obtidas por qualquer outro líder. Ele conseguiu a libertação do país sem o uso de armas. Em palavras “proféticas”, ele asseverou que a não violência nasceu entre os homens e viverá, pois, é a precursora da paz mundial.MORIN (2011) explana que o entendimento da fi nalidade da educação deve ser ampliado, a fi m de transmitir conhecimentos de fato. Não pode, portanto, ser cega em relação ao conheci-mento humano, que ao invés de promover o conhecimento para a compreensão da totalidade, fragmenta-o, impedindo que o todo e as partes se comuniquem numa visão de conjunto. O alcance da prática se amplia com o uso dos recursos metodológicos possibilitados pela moda-lidade de EAD, que têm permitido diminuir a ausência de comunicação. Justifi cando uma edu-cação que precisa, ao mesmo tempo, trabalhar a unidade da espécie humana de forma integrada com a ideia de diversidade. Ao investir em práticas de ensino, pesquisa e extensão, o que representa o fi o condutor das novas práticas docentes, a interdisciplinaridade é outro aspecto a ser utilizado nas atividades, funcionando como uma âncora, proporcionando a modifi cação de posturas e de atitudes frente aos desafi os do exercício dos profi ssionais da educação. Atuações e Atividades

A priori, as atividades se voltaram para o ambiente acadêmico com a aula magna do dia 31 de outubro de 2013, antes mesmo da institucionalização do projeto, em razão de ser o mês de nascimento de Darcy Ribeiro, no auditório Mário Ribeiro. O evento contou com a parceria do DINTER de Ciências Sociais, com a professora convidada Helena da UERJ, pesquisadora e

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autora de publicações acerca de Darcy Ribeiro, que muito contribuiu para o desenvolvimento do Projeto de constituição da Cátedra.

Durante o processo de constituição da Cátedra Darcy Ribeiro, foram realizadas gestões junto a FUNDAR, aos familiares e outros, com o escopo de consolidar e engendrar uma propos-ta que refl ita a grandeza de Darcy Ribeiro. Resultando nas orientações iniciais para a elaboração do projeto e, também, consubstanciando o acervo de livros, de vídeos documentários e objetos pessoais de Darcy Ribeiro, que serão expostos em um local especifi co já defi nido pela Biblio-teca do Campus sede inaugurado junto com a Cátedra.

Posteriormente, foi realizado o curso: “Ciranda Valores do Sertão”, com 03 dias de dis-cussão da personalidade, “fazimentos”, temas recorrentes e as causas de militância, em agosto de 2014. Houve ainda o: “Curso Educação Popular e Valores Humanos”, com 60 horas/aulas, na modalidade presencial e interface no formato de TICs, com a participação de acadêmicos, professores e da comunidade em geral, realizado pelo CEAD/Unimontes; um Evento no Par-que Municipal de Montes Claros, durante a Semana de proteção ao trabalhador – SIPA, com a ofi cina de valores humanos e interação social, com a colaboração de acadêmicos do Curso de Ciências Sociais; ofi cinas ministradas no VIII Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão realizada no período de 24 a 27 de setembro de 2014, com a participação de 25 estudantes por ofi cina e com a colaboração dos acadêmicos do Curso presencial de Ciências Sociais (Ofi cina: Darcy Ribeiro e o pensamento social brasileiro e a Ofi cina: Educação Popular e Valores Hu-manos); “Mesa de discussão: homenagem ao aniversário de Darcy Ribeiro”, evento transmitido online para os polos da UAB e para a comunidade em geral - com os palestrantes: Antônio Di-mas Cardoso, Carlos Caixeta de Queiroz e Wanderlino Arruda. – no dia 30/10/2014, mediado pela Coordenadora da Cátedra, professora Cláudia Regina; a Coordenadora da Cátedra Darcy Ribeiro, também, ministrou 08 horas/aulas no Mestrado em Desenvolvimento Social/Unimon-tes sobre Darcy Ribeiro e o pensamento social brasileiro, o que possibilitou a continuidade do planejamento do Curso à distância para 2015.

Em 2015, a equipe Cátedra Darcy Ribeiro, em parceria com os professores do CEAD/Unimontes redigiu e incorporou um novo capítulo ao caderno didático “Tecnologia Aplicada à Educação” que compôs o material de estudos dos acadêmicos do 5º período do curso de Ciências Sociais Licenciatura à Distância (UAB/Unimontes). No caderno, um dos capítulos abordou, a partir de estudos, discussões e problematizações, o processo de formação profi ssio-nal adotado pela Cátedra Darcy Ribeiro. Assim sendo, institui-se a estratégia didático metodo-lógica “Educação Popular e Aprendizagem Baseada em Problemas” na EAD. Nesse momento ocorreu o elo com a metodologia voltada para Educação Popular de Paulo Freire, com amparo na estratégia do Círculo de Cultura, que parte da reconstrução da concepção de turmas de estu-dantes ou de sala de aula.

Neste mesmo ano, destacou-se também o “Laboratório Darcy Ribeiro: Educação Popu-lar e Valores Humanos”, projeto constituído junto à Cátedra Darcy Ribeiro, agrupando ativida-des de prática de formação acadêmicas, científi cas e culturais que, por sua vez, constituíram o campo do exercício das práticas de ensino, pesquisa e extensão para os acadêmicos dos cursos de licenciatura da modalidade de EAD nos Polos UAB/Unimontes, junto às escolas da rede municipal e estadual de ensino, grupos populares e movimentos sociais nos municípios da área

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de abrangência da instituição Unimontes, que representam o palco para o cruzamento da teoria e das metodologias científi cas com o saber popular.

Durante a comemoração da Semana “Darcy Ribeiro” no CEAD/Unimontes – foi for-mada uma Mesa Redonda com a participação do professor de Sociologia da UFMG, Renarde Freire Nobre (professor colaborador da Cátedra – conforme ata do Departamento de Política e Ciências Sociais de 19/03/2015); do professor de Antropologia da Unimontes, João Batista de Almeida Costa e da representante de Movimentos Sociais, Maria Tereza Queiroz Carva-lho. O evento se realizou no Auditório do CEAD (prédio 07) no dia 23 de outubro/2015, às 19h30min.

Ainda, no ano de 2015, em comemoração à Semana “Darcy Ribeiro”, o CEAD/Uni-montes, o curso de Ciências Sociais e a Cátedra Darcy Ribeiro promoveram o curso “Pensa-mento Social e Fazimentos de Darcy Ribeiro”, dividido em 03 módulos que corresponderam à 60h/aula distribuídas em atividades virtuais e presenciais.

A Cátedra Darcy Ribeiro, em parceria com o NIISA-Unimontes, promoveu a gravação de vídeo palestra com a professora pesquisadora Felisa Anaya, baseada no seu livro “DE GEN-TES, PLANTAS E BICHOS: diversidade e conservação nas Matas Secas do Norte de Minas”. A proposta parte de uma estratégia utilizada no curso de licenciatura em Ciências Sociais, na modalidade da educação à distância UAB/Unimontes, que - a partir do círculo de cultura de Paulo Freire, da Aprendizagem Baseada em problemas e do PPP do curso – não só engendrou o método para o processo de ensino e aprendizagem da formação dos acadêmicos, mas também fundamentou a proposta de otimização do material didático. A meta primordial foi contribuir para a valorização das fl orestas de Matas Secas e seus habitantes, as comunidades de vazan-teiros, quilombolas, ribeirinhas e indígenas existentes na região de abrangência das Florestas de Matas Secas. Com a combinação dos princípios da Educação Popular com a Aprendizagem Baseada em Problemas, o intuito foi privilegiar a aprendizagem autônoma dos participantes, por meio de atividades individuais, pesquisa e produção de conhecimento.

A participação do professor colaborador da Cátedra Darcy Ribeiro, Renarde Freire No-bre, suscitou na publicação do ensaio intitulado “Darcy Ribeiro, um espírito solar” na Revista Terceiro Milênio, volume 5 de Jul/Dez 2015. (Disponível em: https://drive.google.com/fi le/d/0B9X9d1YyT1JjTXVCZEpMVm10dlE/view).

Unimontes institui a Cátedra Darcy Ribeiro – A Universidade Estadual de Montes Cla-ros (Unimontes) aprovou, em 21 de maio de 2014, a criação da Cátedra Darcy Ribeiro. Instância destinada a fomentar o debate em torno do antropólogo, a cátedra foi instituída por meio da Resolução 064/2014 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEx) da instituição. Instada por este fato, Terceiro Milênio – Revista Crítica de Sociologia e Política publica, nesta seção de documentos, o ensaio “Darcy Ribeiro, um espírito solar”, do professor Renarde Freire Nobre, do Departamento de Sociologia da Univer-sidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O texto foi originariamente apresentado no evento Pensamento Social e Fazimentos de Darcy Ribeiro, realizado em Montes Claros, aos 25 de outubro de 2015. — O ensaio é uma celebração da fi gura exemplar do mestre Darcy Ribeiro, suscitado pela inauguração da Cátedra Darcy Ribeiro no âmbito da Uni-montes – escreve o autor (REVISTA TERCEIRO MILÊNIO, 2015).

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Com a aposentadoria da professora Cláudia Regina, como professora da Unimontes em 2016, a Cátedra manteve suas atividades com adesão de professores de outros departamentos da Unimontes como a professora Aurora Cardoso de Quadros. A atuação da professora Cláudia Regina foi reconfi gurada por meio de seu cargo administrativo, como socióloga da Prefeitura Municipal de Montes Claros. Nesse sentido, viabilizou-se a ampliação da rede de intercâmbio, na medida em que as ofi cinas e práticas educacionais voltadas para os valores humanos passa-ram a acontecer nas escolas do munícipio.

As atividades presenciais de conscientização e humanização, instigou pesquisas em an-damento, expandindo seus limites para fora da instituição universitária. Em torno do ideal de um mundo melhor, sem injustiças, a realização de atividades, que relembram e trabalham con-ceitos e preconceitos, em torno de fatos do mundo e dos povos, puderam atestar o mote desse grupo de estudos e atividades práticas de humanização. Em torno do conhecimento da etnia “brasileira”, com crenças e simbologias, o campo de atuação é vasto e propicia o aprimora-mento e a divulgação de conhecimentos a respeito do africano, dos povos indígenas, bem como possibilita o estabelecimento de propostas de refl exão e de realização de ofi cinas em grupos como, por exemplo, o funcionalismo público.

O grupo aproveitou as ideias do montes-clarense Darcy Ribeiro para polemizar temas e propiciar pesquisas tanto sobre as pontuações teóricas antropológicas que fazem, quanto sobre a obra literária Maíra, cuja escrita fi ccional aborda a questão indígena, rememorando a cateque-se e a aculturação do autóctone no Brasil. Na sua instigante ambivalência, propiciou a refl exão no âmbito da academia universitária, em cursos à distância, ofi cinas e palestras.

Na Educação à Distância, a Cátedra contribuiu, em 2017, com a formação de acadêmi-cos das graduações em Educação Física, Letras, Ciência da Religião, Ciências Sociais e Geo-grafi a na modalidade EAD. Na realização do Curso de Educação Popular e Valores Humanos, em teoria e prática, aprimorou-se o conteúdo sobre o Pensamento Social e “Fazimentos” de Darcy Ribeiro no ambiente virtual.

A Cátedra Darcy Ribeiro promoveu ofi cinas de humanização: uma realizada no Rotary Clube de Montes Claros; outra realizada em três sessões para grupos distintos de funcionários públicos da Prefeitura Municipal de Montes Claros, por meio do projeto Círculo de Cultura: humanização e valorização do servidor municipal.

O grupo de pesquisa da Cátedra, em 2017, realizou discussão da obra “Noções de Coi-sas”, descrevendo, nesse aspecto, a possibilidade de a escola promover debates e ofi cinas vol-tadas para a refl exão do processo de assimilação, com maior ênfase nos valores humanos como forma de viabilizar a construção do conhecimento do estudante enquanto indivíduo e ser social. As conclusões do estudo do grupo de pesquisa e as experiências geradas pelas atividades da Cá-tedra foram compartilhadas em evento científi co na apresentação do trabalho intitulado “Versos e pessoas em O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro”, no XI Seminário de Literatura Brasileira, promoção do PGL, com apoio da FAPEMIG e Unimontes.

Houve, ainda, três apresentações no 11º Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão da Unimontes – FEPEG – Intitulados: A Cátedra Darcy Ribeiro no primeiro semestre de 2017; Noções de coisas: Darcy Ribeiro e o direito à literatura: a sensibilização em Maíra. A Cátedra segue, então, suas atividades e práticas, ampliando sua atuação e cumprindo com o seu dever

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primordial e objetivo proposto em todas as suas ações: “educar”.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O método parece ter sido efi caz em oferecer aos estudantes, educadores e até mesmo à própria equipe de colaboradores da Cátedra Darcy Ribeiro, uma visão prática e funcional da educação, além de proporcionar o exercício e o desenvolvimento de habilidades e atitudes con-sideradas importantes para a formação de cidadãos como detentores de valores e direitos, que atuam como facilitadores na apropriação do conhecimento de si mesmo e do mundo em que estão inseridos.

As estratégias para a resolução dos problemas detectados nas atividades, também, pa-recem ter sido capazes de sensibilizar a maioria dos envolvidos nas práticas e atividades da Cátedra, que apresentou meios alternativos para a resolução de confl itos por meio da conci-liação. Eventualmente, ocorre certa resistência por parte dos estudantes e, em alguns aspectos, certa descrença de êxito por parte dos educadores, fato que exige maior habilidade da equipe do projeto para quebrar paradigmas. No geral, a maioria aprecia a iniciativa e a utiliza de modo permanente na vida profi ssional e estudantil.

Cabe ressaltar que a capacitação de professores e estudantes pautada nos Valores Huma-nos para melhoria do convívio social não se trata de algo simplório, mas sim, de um processo complexo, que não pode ser concluído com uma única prática. Ao contrário, este trabalho visa uma prática permanente e trabalhar no desenvolvimento de um aluno crítico, professor refl exi-vo/pesquisador, sobre os quais a educação atua como meio de libertação.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Cláudia Regina Santos; CAMARGO, Mônica Nogueira; OLIVEIRA, Janikelle Bessa. Considerações acerca do processo de constituição e institucionalização do curso de licenciatura em Ciências Sociais na EAD/UAB Unimontes. Montes Claros: Revista CEAD/UNIMONTES/ Vol. 1 2012.

RIBEIRO, Darcy. As Américas e a Civilização: estudos de Antropologia da Civilização. 5.ed. Petrópolis: Editora Vozes Ltda, 1977b.

MORIN, Edgar. Os Saberes Necessários à Educação do Futuro 3 a. ed. - São Paulo - Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2001.

NOBRE, Renarde Freire. Darcy Ribeiro, um espírito solar. Revista Terceiro Milênio – Revista Crítica de Sociologia e Política. Ano 3 Número 5 - Jul/Dez 2015. Disponível em: < https://dri-ve.google.com/fi le/d/0B9X9d1YyT1JjTXVCZEpMVm10dlE/view>. Acesso em 24 jul. 2018.

SAI BABA, Sathya. A Verdadeira educação conduz à divindade. 2000.

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FREIRE, Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Ja-neiro: Paz e Terra, 1992.