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CDU:007:007 (81) PROBLEMAS CULTURAIS, POU'flCOS E ECONÔMICOS DA INFORMATI- ZAÇÃO NO BRASI L * ANTONIO MIRANDA Departamento de Biblioteconomia Universidade de Brasf'lia 70910 Brasüia, D.F. Partindo do pressuposto de que a informatização não é uma questão puramente tecnol6gica, da área de informática, são ressaltados os aspectos polí- ticos e sociais, sobretudo em sociedades autoritárias. Situa a problemática da informatização nos países desenvolvidos e em de- senvolvimento, suas implicações na indústria e na transferência da informação, sua interdependência e transnacionalidade. Indica os avanços brasileiros no setor da telemática e nos sistemas de in- formação, analisando os desafios colocados pelos cadastros bancários, do impos- to sobre a renda, da proteção ao crédito e pelas comunidades de informação po- Hticas sobre a privacidade, mobilidade e segurança do indivíduo, dentro do bi- nômio informação e controle social. 1. INTRODUÇÃO A questão da informatização da sociedade, nos tempos atuais, se coloca de forma ostensiva para as nações desenvolvidas e em desenvolvimento. A automação de dados e a sua aplicação na indústria e nos serviços vêm transformando, irreversivelmente, as relações de produção e do mercado interna- cional, e afetando, em escala crescente, o conceito de dependência entre os Esta- dos modernos. A informatização, através de seu conteúdo tecnológico revolucionário, ins- taurou um processo de reorganização da economia e da estrutura social, de conse- Conferência apresentada na abertura do I Congresso lbero-americano de Informática e Documentação, Medellin, Colômbia, novembro 1985. R. Bibliotecon. Brasflia, 14( 1): 27-37, jan./jun. 1986 27

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CDU:007:007 (81)

PROBLEMAS CULTURAIS, POU'flCOS E ECONÔMICOS DA INFORMATI-ZAÇÃO NO BRASI L*

ANTONIO MIRANDADepartamento de BiblioteconomiaUniversidade de Brasf'lia70910 Brasüia, D.F.

Partindo do pressuposto de que a informatização não é uma questãopuramente tecnol6gica, da área de informática, são ressaltados os aspectos polí-ticos e sociais, sobretudo em sociedades autoritárias.

Situa a problemática da informatização nos países desenvolvidos e em de-senvolvimento, suas implicações na indústria e na transferência da informação,sua interdependência e transnacionalidade.

Indica os avanços brasileiros no setor da telemática e nos sistemas de in-formação, analisando os desafios colocados pelos cadastros bancários, do impos-to sobre a renda, da proteção ao crédito e pelas comunidades de informação po-Hticas sobre a privacidade, mobilidade e segurança do indivíduo, dentro do bi-nômio informação e controle social.

1. INTRODUÇÃOA questão da informatização da sociedade, nos tempos atuais, se coloca de

forma ostensiva para as nações desenvolvidas e em desenvolvimento.A automação de dados e a sua aplicação na indústria e nos serviços vêm

transformando, irreversivelmente, as relações de produção e do mercado interna-cional, e afetando, em escala crescente, o conceito de dependência entre os Esta-dos modernos.

A informatização, através de seu conteúdo tecnológico revolucionário, ins-taurou um processo de reorganização da economia e da estrutura social, de conse-

Conferência apresentada na abertura do I Congresso lbero-americano de Informática eDocumentação, Medellin, Colômbia, novembro 1985.

R. Bibliotecon. Brasflia, 14( 1): 27-37, jan./jun. 1986 27

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qüências ainda não claramente previs íveis. É, ao mesmo tempo, "a razão de umi s enquanto que a informática vem dando a sustentação tecnológica necessáriacrise e o meio de sair dela", nas palavras proféticas de Nora e Minc(3). çado ansão e consolidação da referida indústria.

A questão é ainda mais dramática para os países em desenvolvimento. Est~ à exp No gráfico seguinte pode-se notar o extraordinário avanço do setor de infor-terão que se submeter a um processo de renovação acelerada, tentando queima ão na sociedade norte-americana, nos últimos 120 anos, passando do últimoetapas, passando de estágios pré-industriais para as modernidades da era pós-indu, ruoar ao primeiro posto entre as atividades humanas.trial, sem a necessária acumulação de riquezas e de experiência que os paísel lug Uma leitura superficial nos mostra que a agricultura, que antes era o maiordesenvolvidos assimilaram ao longo do processo. empregatício, hoje é o que atrai mais tecnologia e menos gente; a indústria

d . f - h . , d setorDa forma como a era a m ormaçao se apresenta, oje, para os parses esen d em produtividade e diminuindo em mão-de-obra' os setores de ser-. . . .. _ . vem crescen o "

volvidos e em desenvolvimento, ela supera a possibilidade de escolha. Nao mais S~. o de informação é que vêm absorvendo mão-de-obra ociosa, o que, no rm-trata de aceitá-Ia ou não. A informatização hoje permeia não apenas os meios de ViÇOSe, d I

. nimo e para oxa .produção, mas também modela o comportamento social, em escala planetária, e 01 '

seus efeitos se fazem ostensivos em todas as esferas das atividades e das relaçõa

humanas. E tais transformações se fazem sentir de maneira urgente e acelerada,gerando novos conflitos internos e atritos entre as nações.

Somos cada vez mais vulneráveis a tais transformações. A informática instaura um novo tipo de crescimento, com a vantagem adicional de um controhmais seguro sobre esse mesmo crescimento, facilitando um controle de produçãomais científico e um monitoramento social mais efetivo, tanto a nível internequanto no cenário das relações internacionais e multinacionais. Elementos essen-ciais como a força de trabalho e as matérias-primas são também modificados, racionalizados e melhor administrados, provocando transformações substanciais nalrelações trabalhistas.

Conseqüentemente, isso vem subvertendo os valores tradicionais do trabalhomodificando o peso e a importância das diversas profissões, ampliando a vulnerabilidade das organizações e o peso relativo de cada país nas relações de compra ~venda, de manutenção de sua cultura e nacionalidade, ou de sua própria defesa.

Em outras palavras, a informatização vem transformando o conceito mesmodas relações de poder dentro do Estado moderno, mudando a estrutura do capitalismo e refinando a natureza do imperialismo.

Da mesma maneira que as grandes corporações multinacionais subverterarTcertos valores contingentes e estanques do nacionalismo, impondo uma percepçãopragmática da transnacionalidade, a informatização da sociedade reabre a questêda aldeia global, com o teleprocessamento via satélite, com as grandes redes a ní'vel regional. Com as possibilidades de um intercâmbio automático e instantânetque pode vir a superar não apenas as barreiras geográficas, mas também lingüísticas, e onde o conceito de distância - que tanto inferiorizou as nações mais distantes, do terceiro mundo, perde muito de sua conotação qeopoütica atual (a instalação de satélites artificiais pelo Brasil vem revolucionando as telecornunícaçõedo País - em particular a telefonia e a imagem de TV, possibilitando a nivelaçãG

dos padrões de qual idade dos serviços e a homogeneização das tarifas).A indústria da informação é hoje o setor que mais emprega nos pafses avan

Problemas Culturais, Pol (ticos e Econômicos ...

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ANTÔNIO MIRANDA

QUATRO SETORES DE AGREGAÇÃODA FORÇA DE TRABALHO NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

POR PoRCENTAGEM- 1860-1980 -

(Usando estimativas médias de profissionais da informação)

%50

Estágio EstágIO 11

1880 1900 1920 1960 19801940

Ano

O gráfico também mostra duas tendências aparentemente irreversfveis:a) a auto mação, a mecanização e a robotização nos campos da agricultura e

da indústria vão reduzir, ainda mais, os níveis de emprego, com a racionalização, asistematização e o aumento da produtividade;

b) os setores de serviços e da informação vão absorver parte da mão-de-obraociosa, à medida que ela for reciclada para assumir as novas funções.

A concl usão mais' óbvia a que chegamos é que o insumo informação é oprincipal responsável pelo aperfeiçoamento da agricultura e da indústria.

Em outras palavras, é o próprio setor de informação, hoje também uma in-dústria complexa, com uma infra-estrutura cada vez mais demandante de recursoshumanos e financeiros, o responsável pelo avanço dos setores de serviços, indústriae agricultura.

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Problemas Culturais, Políticos e Econômicos ... ANTONIO MIRANDA

A situação dos países mais subdesenvolvidos está na relação inversa desses E é exatamente sobre o universo do conhecimento registrado, transmitido e repro-fatores. cessado que trabalha a indústria da informação e, no campo da aplicação, o pro-

A agricultura continua a maior empregadora de mão-de-obra e os recursos cesso de informatização da sociedade.humanos aproveitados pelas áreas de informação bem abaixo, supostamente, das ~ importante colocar esta problemática desde a perspectiva do conhecimen-de serviços e indústria. to transferível e de seus efeitos nas relações sociais, ao invés de descrevê-Io, como

Ao contrário de décadas passadas, a hegemonia dos países ricos não reside alguns autores ingenuamente pretendem, apenas no relativo às questões puramen-mais na concentração industrial, e sim na concentração do setor de informação, te tecnológicas e mecânicas.Cada vez mais os países ricos investem em ciência e tecnologia, em inovação in. _dustrial, em sua indústria da informação. 2. A POSIÇAO DO BRASI L

HOJ'e os países ricos esta-o d t d . d' . A posição do Brasil, em tal contexto, é típica de um país desigualmenteesconcen ran o as suas In ustrras e a sua produ, . . . .

ção aqropecuária colocando as' t ' f t d ' . " , desenvolvido, onde Já se processou, em décadas recentes, um esforço de industria-r - Jun o as on es e rnatenas-pnrnas, as terras mais .' ,. . .

baratas e aos recursos humanos mais ab d t t lização sxpresstvo - ainda que atrelado a tecnoloqia Importada -, com o surqirnen-un an es, ao mesmo empo em que contra, . .. ., ..Iam o fluxo e a transferência de inforrnaçã ti' . to de um modesto mas significativo mercado Interno, com uma elite consideradaao ecno oglca que garante a sua exclu .' . . . .sividade, a competitividade e o mercado internacional para os seus produtos. sofisticada e~ termos. rel.atl~o~, mas com Imensos setores marginalizados do pro-

Por outro lado, os países mais avançados estão preocupados na redistribuição cesso produtivo e d~ distribuição ~a renda. .. ,. . ,e reciclagem de seus recursos humanos . d d . t de i f - Durante os vinte anos da ditadura militar o Pais viveu um Intenso perrodo, crran o re es e SIS emas e In ormaçao . _., .. .Para garantir um nível alto de prod t' id d ê o esf . da i f . de modernização da sociedade, de sua infra-estrutura e de seus sistemas adrninis-u IVI a e, que e o es orço maior a rn orrnat. . ..,zação. trauvos. com um extraordlnár lo crescimento do Produto Interno Bruto, que os

As redes de armazenamento, processamento e teleprocessamento de dados mais ufanistas cognominaram de milagre. As crises do petróleo mostraram a fal-se constituem em um instrum~ntal de governos e de empresas para ampliar a sua sidade do processo. O custo social da modernização foi excessivo. A nossa depen-capacidade produtiva, sua mar~em de competitividade e o retorno de seus investi. dência externa é hoje mais preocupante do que nunca, a desnacionalização de nos-mentos. sa indústria acompanhou o seu crescimento e somos extremamente vulneráveis por

A informatização também impõe uma nova ordem social na medida em que causa de nossa dívida externa.ela pretende controlar e condicionar os comportamentos humanos, suas inter-rela Os vinte anos de regime militar, de nossa história recente, foram também osções, promover e direcionar as suas atividades, programar e acompanhar o desern anos de implantação dos chamados objetivos nacionais, preconizados pela Escolapenho dos recursos dispon íveis, incluindo os recursos humanos. Superior de Guerra, que apregoava - e isso não foi mudado na Nova República -

Que fazer com a mão-de-obra excedente? Como usar o tempo livre e como o binômio segurança e integração nacionais. É no período do regime de 64 que secondicioná-Io a padrões confiáveis e previsíveis? organiza o Serviço Nacional de Informação - o SNI, que é o instrumento do Esta-

Planejamento familiar, controle de natalidade, engenharia genética, controle do para a coleta de dados sobre a nossa cidadania, para os efeitos da administra-dos meios de comunicação e manipulação do aparatus em que repousa o processo cão federal mas que, em casos isolados, extrapolou as suas funções, controlandode informatização é preocupação constante de governos e sociedades. também o próprio Estado e, não raras vezes, inspirando a repressão e a tortura.

Os problemas sociais de uma proposta desta natureza são, obviamente, Foi nesse contexto que o governo brasileiro, a partir do final da década deenormes e não plenamente dimensionados, e sua interpretação polêmica e conflitiva. 1970 (8 out. 1979, Decreto n<?84.067), montou sua Secretaria Especial de Infor-

Grandes pensadores modernos já vêm denunciando os seus efeitos, ou pre- mática - SEI, sintomaticamente como órgão complementar do Conselho de Se-vendo as suas implicações futuras, desde Bertalanffy - preocupado com a mani gur~nça Nacional. Obviamente a questão da informática foi vista pelo governopulação da ciência e do Estado pelo nazismo; Ortega y Gassett, com o capitalismo; militar como instrumento de poder, progresso e ordem, causando reações indiq-Marcuse, com o fascismo e o marxismo, para citar apenas os mais recentes filóso nadas de setores da comunidade, não exatamente das esquerdas e dos naciona-fos e cientistas. listas, mas principalmente dos conservadores, liberais e pessoal ligado à iniciativa

No nosso campo - o da Ciência da Informação - Popper já colocou a proble: privada e aos capitais multinacionais.rnática do registro documentário como sendo um terceiro mundo, o do conheci' A Secretaria conta com o Fundo para Atividades de Informática e com po-mento objetivo (o mundo natural seria o primeiro; o mundo psicológico o segundo), deres limitados mas significativos para orientar, planejar, supervisionar e fiscalizar,

30 R. Bibliotecon. Brasília, 14(1), jan./jun. 1986' R. Bibliotecon. Brasília, 14(1), jan./jun. 1986 31

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Problemas Culturais, Políticos e Econômicos ...

em articulação com órgãos específicos, a coordenação da pesquisa, do desenvot.vimento e da produção de componentes eletrônicos e semicondutor optoeletrôní.co e assemelhados, e a chefia é privativa de um membro do Conselho de SegurançaNacional, tradicionalmente um militar. A SEI também se manifesta sobre as imoportações de bens e serviços de informática e é, portanto, o órgão fiscalizador dareserva de mercado brasileiro da indústria da informática (Lei n~ 7.232, de 29 out,1984), que vai vigorar pelos próximos oito anos.

Foi criada ainda a Fundação Centro Tecnológico para Informática, com se-de em Campinas (São Paulo), enquanto que as universidades assumiram o com.promisso, através de dezenas de cursos de graduação e de pós-qraduacão. de desenvolver mão-de-obra e pesquisas que levem à construção dos computadores e linquagens brasileiras.

A modernização do setor público, a implementação de uma infra-estruturade telecomunicações e meios de comunicação de massa, e o desenvolvimento deuma indústria nacional de informática são os ingredientes para criar as bases deuma informatização da sociedade brasileira nas décadas de 80 e 90, dentro de umquadro político que sai de um regime militar, que vive um processo de transiçãodemocrática e experimenta um diálogo construtivo em busca de sua afirmaçãodemocrática e nacionalista.

3. INFORMÁTICA E CONTROLE SOCIALAs informações pessoais e institucionais são hoje um mal necessário no pro-

cesso de informatização das sociedades modernas, servindo de base para as pesquisas de mercado, de opinião pública, de administração federal, mas também comoforma de direcionismo pai ítico, de socialização extremada e até de chantagem ecorrupção, principalmente quando não resta à cidadania, nos regimes autoritários,espaço para o controle e para a defesa de seus interesses( 1).

Também o campo da informática, necessária para esse controle de informa·ções cadastrais sobre os cidadãos e suas atividades (incluindo aí o pagamento deimpostos, suas propriedades, suas filiações políticas, sua mobilidade social), vemsendo preocupação do Estado moderno.

(1) Quem não se lembra do escândalo da empresa PROCONSUL T, em provável ligação com a

TV Globo, para a manipulação dos resultados das eleições para o Governo do Estado doRio de Janeiro, em 1982? Os boletins da apuração foram manipulados, dando resultadosparciais apenas das urnas favoráveis ao candidato oficial do governo, com um programaadulterado para impor uma grande eleição. Não fosse a ação destemida do Jornal do Bra-sil e a contratação de uma firma de computação pelo PDT, partido do candidato Leonel

Brizola, teria sido impossível desmascarar a farsa montada (graças aos recursos tecnolócicos e à manipulação dos meios de comunicação de massa).

ANTÔNIO MIRANDA

Onde o tema da informatização se mostra mais polêmico e mais controverti-do é, sem dúvida, no desenvolvimento de cadastros e bases de dados de pessoas fí-sicas: os dados do Imposto de Renda, do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), oscadastros dos grandes conglomerados bancários e do Serviço Nacional de Informa-

ções (SNI).Hoje o governo brasileiro, através do Serviço Federal de Processamento de

Dados - SE RPRO, com grandes unidades em várias cidades brasileiras, tem umpoderoso instrumento de controle de rendimentos de toda a população ativa doPaís, cadastrando suas propriedades e suas variações patrimoniais. São dados con-fidenciais, que servem para calcular o aumento de impostos, reprimir a sonegação,facilitar (de forma indutiva) o planejamento de salários e os estudos de distribui-ção de renda e de consumo. A cidadania fica extremamente vulnerável, porque taisdados poderiam (embora não existam evidências nesse sentido) ser utilizadospara manipulação polt'tica ou dar lugar a pressões econômicas, perseguições e atémesmo corrupção.

A principal argumentação se prende às questões da inviolabilidade e exclu-sividade de tais dados, que devem ser submetidos a um código rígido de ética, queimpeça que sejam consultados para outros fins além dos previstos, que não possamser devassados por outros órgãos e que se mantenha preservada a privacidade docidadão(2) .

O mesmo se aplica aos dados bancários e aos do Serviço de Proteção ao Cré-dito, para impedir constrangimentos, privilégios e favorecimentos. O acesso públ i-co a tais bancos de dados precisa ser melhor equacionado, de forma a preservar osinteresses do indivíduo e evitar as injustiças que um acesso indiscriminado ou li-beral certamente causariam.

As violações a esse direito tornariam muito vulnerável a situação do indiví-duo, dando lugar a pré-julgamentos ou mesmo a punições arbitrárias e ao cercea-mento de sua liberdade de ação e defesa.

Também os cadastros privados ligados à assinatura de serviços (tais comoa subscrição de revistas e jornais, empréstimos em cadeias de lojas e supermerca-dos), ou mesmo a filiação a entidades profissionais, a clubes e outras organizaçõescomeçam a causar sérias preocupações. Os dados pessoais requeridos para o regis-tro em tais sociedades, empresas, etc. são muitas vezes usados, de forma abusiva,para propósitos que extrapolam a sua função original. O seu endereço e o seuperfil de usuário são cedidos ou vendidos, e o cidadão começa a receber panfletos,visitas de vendedores e convites que vão desde a oferta de produtos eletrodomés-

(2) Existe um projeto de lei, transitando atualmente no Congresso Nacional, propondo o aces-so do cidadão aos arquivos governamentais, no sentido de poder corrigi-Ios, modificá-Ios edefender-se de supostas informações equivocadas, tendenciosas ou discriminatórias.

32 R. Bibliotecon. Brasília, 14(1), jan./jun. 1986 R. Bibliotecon. Brasília, 14(1), jan./jun. 1986 33

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dÕlf?022'3C s;:.,·"obr,b 2,u ?~~ú:é;Dt) ;~c'-\::~f,:-:,,~:)~:b o"{r;2ml'JiG\lf~~)?Elb on .sb.vúo rnsz \9 ob:<0 ,i:)'M:âspaci'mif de modClll/...oCqüeemais:3steícrori2ia.Jo oidadão:móde'mOJé,ulcadasJtoo.,rnenrd rfeitb ipe'laS')(;;!11amadas:oo'mun·jdàdEfs;de,4IÍformaljiâ'opquel8cempari:hama:tYlidapol ítica, empresarial, particular e intelectual do indivíduo. Em regimes ,cilit-âapriai~iSs()"Jse~'con.ver'te;(lmii:, instrom:el.l~0v'd€ repressãone ,pU/nlçãodI imitadQ). (Ji'ai~((iómuni-dades [as~ulWlem~~l'Jsições,.ideo.lógicaS1 mronr'p<llr,ati lZás] id~i xando, íJ6Udâií>u nen:numãmartgelfm, dê;;de.fElstlJ pl'ar,a1(o eidadã0::rNar.Amépicaoll.atina $liS'.lsel1fiç(j)$isecr-etos.~têll]dad02stilbsidibs para'as;pe'r:seguições',bto~t,l1Jr.as, démissões)·,exilio.;otí:m:es.'m0;'mo,r.1:esl;;fstas/negras 'Sã0 !eta'b0ra<:lasl 81par;til1dei,dadoslsé:11ll ;eompl\lj>va9ã0';lie ,o~dosSiê::do j~i;dadão ?cresbe::(ãtmtellCê,)de 2deriÚJ,nci'âs \l<áZtaS~lipreC0m:'ei\tosNttim i!Zad~ e1ra"'1lrpaitiastfrei repente, Isuaeareeiea. erofissional lé:!ij'wgéll'iassúbv)mÜla:;?Suas ".feI9~e'S"Jilessoá~são(ali:ompa'fõlha'das J cemccsaspestas ia) soa 'Ofilírtiã'(1)lii\an i,fesurré') J ntereretaoa odmb'ãhtihac(6h'alrJcomo'!.fr~í~ãô[êJíntll~crp'm:qé? Mari Ip\1tâdbs li>e'I~ipol nJiaséuáWáli~ádbs 'à

luz de conveniências mesquinhas, tais cadastros se constituem0;:;'àcmai'ôr affiêa'çâ-iltBê'rélaâé'i~id{~ftRian3fb 2tiÔl2SiJP "6 scr.s iq sz oG:;-Z:t!lJITI;J[!'!f,!SQi:lni1q /-\

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No caso brasileiro tem sido maior 'H'2pr8gféS~aGrf15JsÊitbfi'1a~~ié'6'ttli:ií1ieà'çães'cí8'quei,i;,p~opd\-'Clanáim ~nte: r~r1i"oGtf8s1%etb rÉl'{1VYta'istfií''SljEledáif.e ,~êSmBr.a;'ed uca-'ç;ãÔ;'-a' 's1íbHe;) éis ;t~an~ptf~fest;ê ir fhdriiciPâ.s 8 raS"comruIf16àçõesÚY~'n't!par~íl:itilãr!;à~t&-

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(3) São muitos os exemplos de pessoas que perderam emprego, ficaram impedidas de assumirfunções públicas e que até são dadas como desaparecidas a partir de acões.de.óeqãos.oe

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Page 6: CDU:007:007 PROBLEMAS CULTURAIS, POU'flCOS E … · PROBLEMAS CULTURAIS, POU'flCOS E ECONÔMICOS DA INFORMATI-ZAÇÃO NO BRASIL* ... de que a informatização não é uma questão

Problemas Culturais, Políticos e Econômicos ...

TV. Logo se lançou a revista Globo Rural, da qual foram vendidos mais de 100.000exemplares no primeiro dia.

Partindo-se do pressuposto de que informatização não se limita apenas aosmeios eletrônicos, mas se estende e se completa nos jornais e nas revistas, é inte-ressante mostrar a ascenção de uma revista semanal como a Veja, que pulou de100.000 exemplares vendidos, em média, há alguns anos, para mais de 600.000 naatualidade.

Em meio a tantas vicissitudes, é até confortante atestar o crescimento ex-pressivo da produção editorial brasileira nos últimos anos, com feiras de livros comvendagens recordes e ampliação do hábito de leitura, para o que vêm concorrendomais de 80 universidades, 500 institutos de ensino superior, 2.200.000 estudantesuniversitários e mais de 1000 cursos de pós-graduação.

4_ COMENTÁRIOS FINAISA informatização da sociedade se coloca, para o Brasil, com a dupla circuns-

tância de sua condição de país dependente e de país emergente; de uma nação quesai do sistema autoritário e ensaia um caminho mais democrático e autônomo,dentro das perversas regras do jogo da geopolítica internacional.

É inegável que o País alcançou um nível tecnológico expressivo, ainda queem boa parte dependente de fornecedores externos, e à custa de uma d ívida socialpreocupante.

A informatização teve início no período do regime militar que dominou asociedade brasileira nos últimos 21 anos e, no presente momento de transição de-mocrática, de redefinição de um contrato social mais justo, a questão é revista nãoapenas em seus aspectos técnicos e estratégicos, mas também políticos e sociais.

A informatização da sociedade não pode ser analisada superficialmente, apartir de seus componentes ficcionistas e futurologistas, de sua modernidade e tec-nologicidade mas, principalmente, pelo seu poder de mensagem e massagem, desocialização e de condicionamento pol ítico.

Na prática, conforme atesta a experiência internacional, os meios tecnológi·cos de registro, processamento e anál ise de dados apenas modernizam e viabil izamuma processual ística repressiva antiga, mas que vem se ampliando em todas associedades modernas, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, ampliandoo arbítrio, limitando a mobilidade e direcionando o comportamento humano.

A informatização hoje permeia toda atividade humana e redireciona profis·sões e entidades de classe, em todas as sociedades, sendo ao mesmo tempo solu-cionadora de problemas e causadora de novos problemas.

A informática é apenas o instrumento. Como disseram Nora & Minc (3): "Épreciso desenvolver os efeitos positivos da telemática sobre a produtividade e com'pensar seus efeitos sobre o emprego, aproveitar ao máximo as possibilidades novaspara organizar a administração, ajudar as pequenas e médias empresas, reformar

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ANTÔNIO MIRANDA

as grandes e ajeitar as condições de trabalho. Trata-se também de evitar a domi-nação, seja de uma parte da indústria informática sobre outra, seja da indústria in-formática sobre as empresas e os cidadãos".

Em última instância, é bom lembrar que a responsabilidade pelo progressosocial não é apenas dos cientistas e dos tecnólogos, mas também de políticos e hu-manistas, e que a informatização venha para ampliar a liberdade humana, assegurara justiça social e a paz, e não como instrumento de dominação e da guerra, emqualquer de suas formas.

Conferência recebida em 6.01.86

Abstract:Cultural, political and economical problems of informatization in Brazil

Starting from the assumption that informatization is not a purely technological pro-blem, stresses the political and social aspects and implications mainly in authoritarian so-cieties.

Discussesthe problematics of informatization in developped and underdeveloppedcountries: its implications in the industry and in the transfer of information; interdependencyand transnational ity.

Indicates the Brazilian advancesin the sector of telematics and of information systems,analysing the challenge created by: the date banks of the banking system; income tax; credit"protection". communities of information; policy of privacy, mobility and security of theindividual; within the concept information and social control.

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