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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ JOSIANY FERREIRA SOUSA COMÉRCIO ELETRÔNICO: contratos eletrônicos e suas implicações jurídicas. Macapá - AP Ago/2008

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ · 2009-05-23 · estimulando assim a produção de bens com o intuito de venda.Criando-se, assim, ... o Código Comercial de 1850, foi influenciado

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ

JOSIANY FERREIRA SOUSA

COMÉRCIO ELETRÔNICO: contratos eletrônicos e suas

implicações jurídicas.

Macapá - AP Ago/2008

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ

JOSIANY FERREIRA SOUSA

COMÉRCIO ELETRONICO: contratos eletrônicos e suas

implicações jurídicas.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Banca Examinadora do Curso de Direito, como Componente Curricular do Curso, como requisito de Avaliação.

Professor Orientador: MÁRCIA CRISTINA DE FREITAS COUTO

Macapá – AP Ago/2008

JOSIANY FERREIRA SOUSA

COMÉRCIO ELETRÔNICO: contratos eletrônicos e suas implicações jurídicas.

Trabalho de conclusão de curso exigido pelo centro de Ensino Superior do Amapá, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________Nota(.......) Professor Orientador

Presidente

____________________________________Nota(.......) Professor Membro

____________________________________Nota(.......) Professor Membro

Nota final(.......)

2

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO: ............................................................................................................ 3

2. DESENVOLVIMENTO: ................................................................................................ 5

2.2 - SURGIMENTO DO COMÉRCIO: ............................................................................. 5

2.3- BREVE HISTÓRICO SOBRE A INTERNET E O SURGIMENTO DO COMÉRCIO

ELETRÔNICO: ................................................................................................................. 7

2.4. CONTRATOS ELETRÔNICOS: .............................................................................. 11

2.4.1.- PRINCÍPIOS UTILIZADO NOS CONTRATOS ELETRÔNICOS: ..................... 111

2.4.2- ASPECTOS DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS: ........................................... 166

2.5- PROBLEMAS ENCONTRADOS POR FALTA DE LEGISLAÇÃO PRÓPRIA PARA

O COMÉRCIO ELETRÔNICO: .................................................................................. 2222

2.6- PROJETOS DE LEIS EXISTENTES SOBRE COMÉRCIO ELETRÔNICO: ........... 25

2.7- A LEGISLAÇÃO QUE ATUALMENTE AMPARA AS NEGOCIAÇÕES E

RESOLUÇÕES DE CONFLITOS DO COMÉRCIO ELETRÔNICO. .............................. 28

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS: ...................................................................................... 32

4- REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36

5- ANEXOS

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1. INTRODUÇÃO

A globalização está integrando todos os povos usando como instrumento os

modernos meios de comunicação disponíveis. Desses meios, a internet vem se

sobrepondo aos outros, caracterizando-se como globalização da informação. Milhões

de pessoas pelo mundo compram, vendem, negociam, lêem jornais, fazem pesquisa,

tudo isso sem saírem de suas casas ou locais de trabalho.

Na Internet todos são iguais, não existe censura e o autor da informação pode se

conservar anônimo.

No Brasil o mercado de comércio eletrônico é considerável, pois responde por

aproximadamente 90% do comércio eletrônico da América Latina.

O comércio eletrônico é uma nova modalidade de relação comercial e de

consumo, possibilitando a comunicação e a interação em velocidade real de pessoas

com culturas, origens, etnias de todo o canto do planeta.

E o Direito não poderia se furtar a este ramo que surge tão intensamente no seio

de nossa sociedade gerando deveres e obrigações de todas as espécies, pois os

contratos eletrônicos implicam em novas situações contratuais que não estão previstos

em nossa legislação, sendo que para dirimir conflitos decorrentes destes contratos, são

utilizadas várias matérias do Direito, tais como: o Código Civil; o Código de Defesa do

Consumidor e regras do Direito Internacional; entre outras.

O interesse brasileiro na regulamentação do comércio eletrônico por meio de lei

específica começou a surgir em 1998, quando a Câmara dos Deputados criou uma

comissão de altos estudos para examinar o tema, iniciativa que ficou prejudicada, à

época, pelo processo eleitoral.

Paralelamente, alguns projetos importantes começaram a tomar porte e

pressionaram pela regulamentação: pelo lado do governo, a declaração de IR pela

Internet, demandando uma adequada responsabilização do declarante, e, pelo setor

privado, o crescimento das compras pela rede e dos serviços de home banking,

pressionando o sistema bancário e as operadoras de cartões de crédito a protegerem

juridicamente contra alegações de violações de contas e de clonagem de cartões. Em

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2000, consolidou-se a iniciativa do Governo Eletrônico (e-gov), levando o Executivo a

publicar um conjunto de normas operacionais na forma de decretos (LINS,2002).

Mas já existia desde 1993, de autoria do senador Mauricio Correa o Projeto de Lei

nº 4.102/93, que já tratava do assunto comércio eletrônico. Porém lamentavelmente

com o transcorrer de tanto tempo, pouca coisa mudou no cenário da legislação

comercial eletrônica. Contrapondo-se a essa demora na criação de uma legislação

própria, o comércio na Internet cada vez mais cresce e são crescentes também os

conflitos gerados por tal comércio.

O presente trabalho tem por finalidade demonstrar como se dão os contratos

celebrados por meio eletrônico no Brasil, apontando a legislação utilizada na vigência

deste contrato. Será abordado o surgimento do comércio, noções sobre Internet e o

surgimento do comércio eletrônico, e as problemáticas encontradas resultantes deste

tipo de contrato.

A proposição deste trabalho se deu pelo pouco conhecimento que se tem, na

Esfera jurídica sobre este tipo de contrato , e as implicações deste no mundo jurídico.

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2- DESENVOLVIMENTO:

2.2 - SURGIMENTO DO COMÉRCIO:

A palavra comércio significa ato de negociar, vender, revender, comprar algo, em

síntese são todas as relações de negócios, o comércio é uma relação social singular ao

homem.

As relações comerciais foram praticadas pelas sociedades mais primitivas

apesar de não haver mercadorias propriamente ditas e, mesmo vivendo da coleta e da

caça, ainda assim eram realizadas negociações comerciais, como a troca. Na

Antiguidade, somente o excedente de roupas e víveres produzidos na própria casa

eram trocados. Já na Roma antiga, além dos familiares, existiam os escravos e o local

de convívio incluía lugares outros além de suas residências, que eram onde se

produziam as vestes, alimentos, vinho e utensílios de uso diário.

Alguns povos da antiguidade, como os Fenícios, intensificaram essas trocas

estimulando assim a produção de bens com o intuito de venda.Criando-se, assim, uma

atividade com fim econômico, o comércio. Atividade esta que se desenvolveu

rapidamente levando ao estabelecimento de intercâmbio maior entre diversas culturas,

além de estimular a criação e aprimoramento de tecnologias. Dentre essas estavam a

criação de mecanismos comerciais para facilitar o fluxo de mercadorias e um melhor

entendimento nesse sentido. Então, foram produzidas as moedas, bancos, as

financeiras, bolsas de valores, entre outras.

Diante disso houve um crescimento populacional mundial, resultante também de:

guerras, escravidão de povos, utilização intensiva de recursos ambientais.

Na Idade Média essa expansão da atividade comercial, já existia em todo o

mundo civilizado. Na Europa foram formadas as corporações de oficio, que tinham

como integrantes artesãos e comerciantes europeus. Nessas corporações existiam

normas disciplinares para basear as relações entre seus filiados. Sendo assim, as

corporações tinham uma certa autonomia em relação aos senhores feudais e a realeza.

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Estas normas disciplinares das corporações de oficio, na Idade Moderna, foram

chamadas de Direito Comercial, pois foi a primeira vez que se criou um Direito que seria

aplicado a membros de determinada corporação comercial. Essas normas também

eram baseadas em normas e costumes de cada localidade e tipo de corporação.

Com a edição do Código Civil (1804) e do Código Comercial (1808), no inicio do

século XIX, por Napoleão Bonaparte na França, sistematizaram-se as leis existentes

sobre o comércio, repercutindo no mundo todo. Essa nova maneira de se fazer o

comércio se estabelecia obrigações das partes, prescrição, prerrogativas, prova

judiciária, foro para dirimir litígios e regras diversas para os contratos. O Código

comercial francês usou a Teoria dos Atos do Comércio. Este Código só abrangia quem

explorava atividade econômica que era considerada atividade comercial delimitada no

próprio Código, e esses comerciantes se submetiam as obrigações e usufruíam de

proteção oportunizada pelo Código Comercial.

Posteriormente, com a evolução das atividades comerciais, outras atividades

econômicas surgiram com igual importância das atividades bancária, industrial e

seguro, entre outras. Começou também na Europa Continental, principalmente na

França, a luta entre a burguesia e os senhores feudais, levando à desconsideração das

atividades econômicas típicas dos senhores feudais. Assim sendo, a Teoria dos Atos do

Comércio se mostrou insuficiente para delimitar o Objeto do Direito Comercial, forçando

o surgimento no Direito Comercial, baseado na Teoria da Empresa.

A Teoria da Empresa surgiu em 1942, na Itália, para regular atividades

econômicas de particulares. Ela atua no âmbito de incidência do Direito Comercial, que

incidirá sobre as atividades de prestação de serviços, prestações ligadas à terra que se

submeterão às mesmas normas aplicáveis às comerciais, bancárias, securitárias e

industriais. Essa Teoria influenciou a reforma do Direito Comercial em vários países.

Já no Brasil, o Código Comercial de 1850, foi influenciado pela Teoria dos Atos

Comercias. Sendo que, mesmo com a grande defasagem que existia em relação ao

Código Comercial de 1850, este só foi revogado com o Novo Código Civil de 2002, que

adotou a Teoria da Empresa para embasar as relações comercias em nosso país.

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2.3- BREVE HISTÓRICO SOBRE A INTERNET E O

SURGIMENTO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO:

O comércio exerceu uma colaboração muito importante nas sociedades, no

desenvolvimento de novas tecnologias, técnicas e, principalmente, na responsabilidade

de implantação de infra-estrutura como estradas, ferrovias, portos, pontes, com a

intenção de facilitar o fluxo de mercadorias em nível mundial, até resultar no processo

de globalização.

Uma destas novas técnicas é a utilização do Comércio Eletrônico que

surgiu com advento da Internet que teve sua criação em meados de 1969 desenvolvida

pela empresa ARPA (Advanced Research and Projects Agency) nos tempos remotos

da Guerra Fria com o nome de ArphaNet para manter a comunicação das bases

militares dos Estados Unidos.

Depois de algumas pesquisas, a ARPANET mudou do NCP para um novo

protocolo chamado TCP/IP (Transfer Control Protocol/Internet Protocol) desenvolvido

em UNIX. A maior vantagem do TCP/IP era que ele permitia (o que parecia ser na

época) o crescimento praticamente ilimitado da rede, além de ser fácil de implementar

em uma variedade de plataformas diferentes de hardware de computador.

A história da Internet no Brasil começou bem mais tarde. Só em 1991 com a RNP

(Rede Nacional de Pesquisa), uma operação acadêmica subordinada ao MCT

(Ministério de Ciência e Tecnologia).

Em 1994, no dia 20 de dezembro é que a EMBRATEL lança o serviço

experimental a fim de conhecer melhor a Internet.

Somente em 1995 é que foi possível, pela iniciativa do Ministério das

Telecomunicações e Ministério da Ciência e Tecnologia, a abertura ao setor privado da

Internet para exploração comercial da população brasileira.

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Como a Internet se popularizou em todo o mundo, criou-se um novo tipo de

estabelecimento comercial, o virtual. Este tipo de estabelecimento é diferente dos

demais, pois não há presença empresarial física, e o consumidor ou adquirente de bens

e serviços tem acesso aos mesmos, somente por transmissão eletrônica de dados.

A origem do bem ou serviço, não é de relevância na definição da virtualidade do

estabelecimento. O contrato é celebrado através de envio e recebimento eletrônico de

dados via rede mundial de computadores.

Então, o Comércio Eletrônico é, segundo Fabio Ulhoa “atos de circulação de

bens, prestação ou intermediação de serviços em que as tratativas pré-contratuais e a

celebração do contrato se fazem por transmissão e recebimento de dados por via

eletrônica, normalmente no ambiente da Internet”.

Existem três tipos de estabelecimento virtual(COELHO,2006):

O B2B, que vem da expressão business to business, neste tipo de

estabelecimento virtual os internautas compradores que acessam são

também empresários, ou seja, serve para os empresários comprarem

materiais para seus estabelecimentos comerciais.

O B2C, que vem da expressão business to consumer, os internautas

que acessam esse tipo de estabelecimento virtual são consumidores.

O C2C, que deriva da expressão consumer to consumer , os negócios

são feito entre internautas consumidores, e o empresário responsável

pelo estabelecimento virtual, apenas interrnedia a negociação.

Ë importante ressaltar que os contratos celebrados por estabelecimentos virtuais

B2B, são regidos pelo Código Civil. Já os celebrados pelo Estabelecimento virtual B2C,

são regidos pelo Código do Consumidor e no caso dos C2C, as relações entre o

empresário titular virtual do estabelecimento virtual e os internautas são regidos pelo

Código do Consumidor, mas o contrato celebrado entre esses últimos serão regido pelo

Código Civil.

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Os estabelecimentos virtuais compõem-se de seu nome domínio, que é o

endereço eletrônico. O nome domínio tem duas funções, a primeira é técnica, pois

serve para interconexão dos equipamentos, através do endereço eletrônico, o

computador do comprador põe-se em rede com os equipamentos que geram a página

do empresário. A segunda função é jurídica, pois identifica o estabelecimento virtual na

rede.

No Brasil, os nomes de domínio são Registrados pela Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo.

O comércio eletrônico vem resolver um anseio da sociedade que é a facilitação

da comparação de preços, que, por meio da Internet, o consumidor compara preços do

Brasil e do exterior sem sair de casa.

A vantagem é notadamente inegável. É o fim da limitação geográfica a que o

consumidor sempre esteve adstrito e também da falta de informação sobre produtos a

serem adquiridos.

Os consumidores poderão adquirir seus produtos diretamente dos fornecedores,

sem a necessidade de intermediários.

Para os fornecedores as perspectivas são muito boas. Eles terão como

dimensionar seus produtos, pois os pedidos serão feitos on-line, mas a entrega será a

prazo.

Segundo Finkelstein (2004), o comércio eletrônico inclui não somente as

transações eletrônicas, propriamente ditas, mas também:

1) A apresentação eletrônica de bens e serviços;

2) O recebimento de pedidos na Internet e faturamento;

3) A automatização dos pedidos;

4) Os pagamentos pela Internet e gerenciamento de transações e;

5) A cadeia de abastecimento automatizada.

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Os empecilhos encontrados para o crescimento do comércio eletrônico são:

1) O custo do acesso á Internet;

2) A falta de confiança do consumidor e;

3) A necessidade de melhoria de infra-estrutura da entrega da mercadoria

adquirida.

Atualmente, a regulamentação jurídica não acompanha o ritmo frenético

do desenvolvimento tecnológico. Porém a legislação não pode atrasar o

desenvolvimento.

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2.4. CONTRATOS ELETRÔNICOS:

2.4.1.- PRINCÍPIOS UTILIZADOS NOS CONTRATOS

ELETRÔNICOS:

No Direito Contratual são vários os princípios utilizados entre eles temos:

A AUTONOMIA DA VONTADE: que é o principio pelo qual

se permite aos contratantes, capazes, de gozar de liberdade para

acordarem sobre o objeto, lícito, e os termos do contrato, desde que

respeitem a função social do contrato.

A SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA: este princípio figura

como limitação à liberdade de contratar, ou seja, quando houver conflito

entre o interesse público e o interesse particular das partes, deve

prevalecer o interesse público.

O parágrafo único do artigo 2.035 do Código Civil estabelece que

"nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem

pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a

função social da propriedade e dos contratos”.

O CONSENSUALISMO: o referido princípio diz que para a

consumação do contrato basta o acordo de vontades, ou seja, quando a lei

não estabelecer forma solene para a formação do contrato, qualquer forma

que possa caracterizar a exteriorização da vontade de ambas as partes é

suficiente para a formação do contrato.

Este princípio é importante para os contratos eletrônicos, visto que a forma

eletrônica para a celebração do contrato é permitida desde que a lei não

exija forma solene para sua celebração.

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A RELATIVIDADE DAS CONVENÇÕES: os contratantes

possuem certa liberdade e, conseqüentemente, o contrato se tornará lei

entre as partes.

Porém, não é possível que algo onde apenas as partes transijam

sobre seus termos possa atingir terceiros.

Deste modo, podemos dizer que “os efeitos do contrato só se

produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram sua vontade,

vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu

patrimônio”.(GONÇALVES, 2004, p. 26).

A FORÇA VINCULANTE: Na concepção de Sílvio Rodrigues

(2003, p. 17) :

O princípio da força vinculante das convenções consagra a idéia de

que o contrato, uma vez obedecidos os requisitos legais, torna-se

obrigatório entre as partes, que dele não se podem desligar senão por

outra avença, em tal sentido. Isto é, o contrato vai constituir uma espécie

de lei privada entre as partes, adquirindo força vinculante igual à do

preceito legislativo, pois vem munido de uma sanção que decorre da norma

legal, representada pela possibilidade de execução patrimonial do devedor.

Pacta Sunt Servanda!

A ONEROSIDADE EXCESSIVA: pois garante uma equidade

posterior à celebração do contrato. Ele parte da idéia de que nenhuma das

partes pode prever qualquer intempérie que possa tornar o contrato

extremamente oneroso.

Diz o Código Civil, em seu artigo 884, que “aquele que, sem justa

causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o

indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários”. Este

instituto traz a regra do enriquecimento sem causa.

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Nosso ordenamento jurídico não permite que o indivíduo enriqueça

sem que para isso tenha contribuído, ou seja, não é lícito que alguém

venha a auferir lucros em detrimento de outrem.

Esse instituto norteia o princípio da onerosidade excessiva,

porquanto quando um contrato se torna demasiadamente oneroso para

uma das partes por causa superveniente a celebração dele, cria para a

outra parte um enriquecimento sem causa.

Nada obstante o artigo acima aludido, a resolução do contrato por

onerosidade excessiva possui previsão expressa pelo Código Civil, em

seus artigos 478 e seguintes, como segue:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação

de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema

vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e

imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da

sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Note-se que este artigo demonstra claramente o enriquecimento

sem causa, causado por uma situação extraordinária e imprevisível. Esse

acontecimento recebe o nome de Teoria da Imprevisão que, nas palavras

de Carlos Roberto Gonçalves(2004, p. 31):

A teoria da imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento

ou revisão forçada do contrato quando, por eventos imprevisíveis e

extraordinários, a prestação de uma das partes torna-se exageradamente

onerosa – o que, na prática, é viabilizado pela aplicação da cláusula rebus

sic stantibus, inicialmente referida.

Esta cláusula rebus sic stantibus ao qual o autor se refere garante

aos contratantes que estarão obrigados a adimplir o contrato firmado

desde que “assim estando as coisas”, ou melhor, a situação circundante

permaneça incólume.

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Entretanto, em observância ao princípio da força vinculante dos

contratos, surge o artigo 479, do diploma ora em questão, que, ainda que

impere causa superveniente que torne o contrato extremamente oneroso,

a resolução poderá ser evitada “oferecendo-se o réu a modificar

eqüitativamente as condições do contrato”.

E A BOA –FÉ: O contrato nada mais é do que uma conversão das

vontades das partes em acordarem, visando-a um fim em comum. Posto

isto, se torna lógico que exista um pressuposto para ambas as partes,

qual seja, a boa-fé com relação aos termos do contrato.

A boa-fé divide-se em objetiva e subjetiva.

A boa-fé subjetiva é aquela oriunda do psicológico do sujeito, ou

seja, “deve o intérprete considerar a intenção do sujeito da relação

jurídica, o seu estado psicológico ou íntima convicção”.(GONÇALVES,

2004, p. 35).

No caso da boa-fé objetiva não existe a necessidade de se buscar a

intenção do sujeito, seu estado psicológico. Contenta-se em vislumbrá-la

nas atitudes, na forma exteriorizada da vontade, tratando-se de uma

norma comportamental.

São estes os princípios aplicáveis aos contratos eletrônicos.Mais há

outros princípios que devem orientar os contratos eletrônicos, são eles:

identificação; autenticação; impedimento da rejeição; verificação e

privacidade.

IDENTIFICAÇÃO: para que o contrato eletrônico tenha validade plena, é

necessário que as partes integrantes deste contrato sejam identificadas,

dando-se certeza para o aceitante de quem é o proponente e, para o

proponente, de quem é o aceitante.

AUTENTICAÇÃO: a identificação das partes contratantes deve ser feita por

assinatura digital, que deve ser autenticada por Autoridade Certificadora.

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IMPEDIMENTO DE REJEIÇÃO: as partes não podem alegar simplesmente

a invalidade do contrato por ele ser celebrado por meio eletrônico.

VERIFICAÇÃO: os contratos e demais documentos eletrônicos devem ficar

armazenados em meio eletrônico para servir de verificação futura, ou seja,

a prova deve ser preservada.

PRIVACIDADE: os contratos e condições contratuais eletrônicas devem

preservar a privacidade dos dados dos contratantes.

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2.4.2- ASPECTOS DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS:

Inicialmente é importante lembrar que contrato, segundo Clóvis Bevilacqua, “é o

acordo de vontade entre duas ou mais pessoas com a finalidade de adquirir,

resguardar, modificar ou extinguir direito”.

O conceito de contrato eletrônico, segundo Paulo e Priscila Nevares Alves, “é

aquele formado, concluído e aperfeiçoado através de transmissão eletrônica de dados.

A situação jurídica subjetiva levada a cabo por parte dos contratantes, através da

manifestação da vontade das partes (proposta e aceitação), não terá sua formação

vinculada nem a forma oral, nem a documento escrito, mas comunicados à distância

através dos meios eletrônicos e/ou eletromagnéticos que constituem e integram a

grande rede mundial”.

Em não havendo nenhuma vedação legal, qualquer contrato pode ser celebrado

por meio eletrônico.

Em relação aos requisitos de validade, os contratos eletrônicos firmados por

domiciliados ou residentes, sejam pessoas físicas ou jurídicas que utilizem seus

computadores no Brasil serão regidos pela lei vigente em nosso país, e serão

obedecidos os requisitos previstos no artigo 104, I,II e III ,do Código Civil Brasileiro de

2002 c/c artigos 6 e 51 do Código de Defesa do Consumidor , de acordo com o âmbito

de aplicação de cada norma. Na legislação consumerista destacam-se os direitos

básicos do consumidor, os vícios e fatos do produto e do serviço, a oferta e a adesão,

as práticas e cláusulas abusivas. Assim, mesmo na hipótese de cumpridos os requisitos

para a conclusão e aperfeiçoamento de um contrato eletrônico no âmbito das relações

de consumo, essa relação jurídica objetiva se sujeita aos limites intrínsecos próprios do

regime aplicável (instituídos pelo próprio CDC).

No que diz respeito ao que está disposto no artigo 104 do CC/02, a capacidade

do agente refere-se à capacidade de gozo ou exercício, sendo tal capacidade, conferida

pela lei de forma negativa, visto que aquela determina quais são as pessoas que não

possuem a capacidade para a prática dos atos da vida civil. A capacidade das partes

deve ser observada no momento da realização do ato, visto que a capacidade

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superveniente não tem como sanar a validade, assim como a incapacidade posterior à

prática do ato não o torna nulo. Sendo assim o requisito da capacidade integra os

requisitos do contrato eletrônico.

Em relação ao objeto deve ser determinado ou determinável. Será determinado,

quando o ato enunciar de modo certo o objeto da prestação, e determinável quando, no

momento do cumprimento da obrigação, puder ser singularizado em face de algum

critério a ser observado pelas partes. Pode integrar o objeto de um contrato eletrônico,

uma obra fonográfica ou um programa de computador. A impossibilidade do objeto

pode decorrer de leis da física, jurídicas ou naturais. Será fisicamente impossível,

quando sobrepujar ás forças humanas ou naturais, esta impossibilidade deve ser

absoluta, atingir a todos, se for relativa, atinge a apenas uma ou algumas pessoas, não

constituirá obstáculo ao negócio jurídico. Poderá o objeto ser, de início, impossível

juridicamente, o que ocorre quando a lei expressamente proíbe determinado negócio

jurídico, ou exige forma especifica para sua realização.

Como o contrato eletrônico é uma categoria bastante ampla, deve ser delimitado

para que não ocorram confusões, no decorrer do trabalho.Este tipo de contrato pode

ser utilizado tanto no setor privado como no setor público,também entre empresas e

entre consumidores. Ocorre também o modo de celebração consensual, pois o

consenso das partes persiste no meio eletrônico , haja vista que dois contratantes

podem vincular-se através de um computador, bem como dialogar, trocar propostas e

celebrar um contrato. Existe também o modo de celebração automático, ocorre quando

há uma tecnologia interposta entre a pessoa física e a declaração, uma vez que as

partes não atuam pessoalmente nem utilizam o meio digital para transmitir declarações,

mas programam uma máquina que toma decisões com graus de autonomia

diversos.Outra maneira de celebração e por adesão, que se dá quando o contrato é

celebrado por mera adesão a condições gerais de contratação predispostas por uma

das partes. Ocorrem também contratos de natureza nacionais e internacionais.

Para o Direito Brasileiro a formação do contrato se dá do encontro de vontades

resultantes da oferta e da aceitação entre pessoas consideradas ausentes. O contrato

consensual torna-se perfeito e acabado no momento em que nasce o vínculo entre as

partes, necessário faz-se que existam duas ou mais declarações de vontades

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convergentes.O proponente emite sua declaração de vontade no sentido da realização

do negócio e o aceitante, ao receber a proposta emite sua declaração de vontade no

sentido de aceitar ou não a proposta.

Esta oferta poderá ser endereçada a uma determinada pessoa ou uma

coletividade indeterminada de pessoas. Na Internet as ofertas são geralmente

direcionadas ao público, ou seja, são ad incertam personam. A doutrina majoritária

entende como válida a oferta que preencher os requisitos de validade, como a

capacidade das partes, que deve ser confirmada por uma questão de segurança

jurídica, e deve ser buscada por meio de processos de identificação seguros, tais como

a assinatura digital.

Assim sendo o vendedor está vinculado à sua oferta.Esta poderá ser limitada no

tempo, sendo que pela Internet a oferta desaparece no momento em que ela é retirada

da “site” hospedeiro. Porém, se a oferta for aceita antes desta retirada ter sido

realizada, se formará o contrato sem direito a retratação. Portanto para existir oferta na

Internet ela deve estar inserida em um servidor e deve estar acessível ao público. Se o

site ou o servidor desaparecer definitivamente a oferta desaparece, ocorrendo assim a

caducidade da proposta, tal como ocorreria com a morte ou a perda de capacidade do

proponente físico antes da aceitação. Mas se ocorrer apenas a mudança de endereço

eletrônico da oferta, deste modo não ocorrerá a caducidade da proposta.

A oferta poderá também ser limitada no espaço, a uma zona geográfica como

uma região ou um país. A venda é realizada fora do estabelecimento comercial e o

consumidor pode em 07(sete) dias , a contar da sua assinatura, desistir do contrato

(art.49 da Lei n. 8.078/90).

A Lei n. 8.078/90 prevê que as informações prévias devem ser fornecidas de

maneira clara, correta, precisa, ostensiva e, nos contratos dirigidos a brasileiros, no

idioma português (art.31). Exige que toda informação, suficientemente precisa, seja

veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação, incluindo assim os meios

eletrônicos. Impede-se, deste modo, que o vendedor ou fornecedor use meios da

técnica para dissimular certas informações em proveito de outras. O acesso a essas

informações deve ser fácil, rápido e simples.

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Em relação à prova de fornecimento de informações prévias, nas relações de

consumo, o juiz poderá inverter o ônus da prova, sendo o fornecedor responsável pela

apresentação da prova, quando da hipossuficiência do consumidor ou quando for

verossímil a alegação do consumidor (art.6º, VIII, da Lei n.8078/90). Já no fornecimento

de produtos ou serviços pela Internet, a produção de tal prova se torna mais fácil,

devido aos serviços de certificação digital (Autoridades Certificadoras).

Para se concluir o contrato pela Internet, é necessário que haja a aceitação da

proposta.”A aceitação é a concordância com uma proposta, e para ser eficaz é

necessário que ela chegue ao conhecimento do proponente” (LOUREIRO,2008).

A aceitação deve se dar da mesma forma que se processou a oferta. No

comércio eletrônico, em sua página ofertante oferece várias opções para a escolha do

aceitante. E o acordo de vontades se dará imediatamente, após a seleção de uma

opção.

A aceitação em geral só pode ocorrer por expresso, pois é o usuário que valida o

comando ou executa o programa. Como para o Direito Civil, um gesto inequívoco ou um

comportamento ativo poderá ser considerado como uma manifestação expressa de

vontade do aceitante. Por este motivo os estabelecimentos virtuais exigem que o

consumidor acione duas vezes a tecla para confirmar na compra.

O momento da conclusão do contrato, ainda gera dúvidas, pois pode ser

instantaneamente, como é o caso dos novos ambientes eletrônicos, ou quando o

contrato é concluído por telefone (LOUREIRO,2008).

Para a Legislação pátria é considerado concluso o contrato à distância no

momento e lugar em que a aceitação é expedida (Teoria da Expedição), sendo que é

colocada esta maneira de aceitação nos contratos por correspondência, onde existe

troca de consentimentos por via postal e há um prazo entre a oferta e a aceitação.

É importante saber o momento da formação do contrato, pois para o ofertante

possibilita, em caso de desistência da venda, retirar sua oferta, antes da recepção da

aceitação. E quanto ao lugar, será aquele em que se deu a formação do contrato para

que se fixe a competência dos tribunais em caso de conflito.

Para o Direito Brasileiro não há necessidade que o produto ou serviço contenha

vício para o consumidor desistir do contrato, basta que não corresponda à expectativa

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do consumidor e este desista do contrato no prazo legal. Este prazo, de acordo com o

art.49 do CDC, é de 07 dias a contar da assinatura ou ato de recebimento do produto

ou serviço sempre que o fornecimento de produtos ou serviços ocorrer fora de

estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou em seu domicílio. Assim

sendo, se aplica este dispositivo nas hipóteses de venda à distância, como o contrato

pela Internet. Se o recebimento do produto ou do serviço for posterior ao da assinatura,

o prazo se inicia a partir desta data.

A execução do contrato se dá duas maneiras:

- Se o produto ou o serviço é imaterial, o envio por intermédio da rede se torna

possível (programas de computador, música, informações, e-books). Sendo que a

entrega em linha tem por efeito estabelecer uma exceção ao direito de retratação do

consumidor.

- O outro modo é por envio fora da rede. a entrega é igual a uma venda à distância.

Já o pagamento pela Internet se dá de três formas: por instrumentos já utilizados

fora da rede (cartão de crédito e cheque); por instrumentos de moeda eletrônica e os

pagamentos especificas à Internet (que necessita de um intermediário).

O cartão de crédito é o meio mais utilizado para o pagamento pela Internet. Outro

meio são os instrumentos de moeda eletrônica, que é um instrumento de pagamento

recarregável com acesso à distância , quer se tratem de um cartão pré-pago ou de

memória de computador sobre as quais unidades de valor são estocados

eletronicamente. Tem também o cheque eletrônico é uma versão eletrônica do cheque

tradicional. O cliente abre uma conta eletrônica, e quando realiza uma transação

eletrônica ele envia ao vendedor um cheque assinado eletronicamente para o

vendedor; posteriormente o cheque é depositado pelo vendedor ou prestador de serviço

junto de um ad hoc e a compensação é efetuada após a verificação da assinatura

digital.

Após a celebração de um contrato eletrônico pode ocorrer que a mercadoria não

seja entregue no prazo anunciado no site pelo vendedor. Nesta hipótese o Código de

Defesa do Consumidor prevê três alternativas: exigir entrega de um produto

equivalente; desfazer a transação, tendo direito à devolução das quantias pagas, com

correção monetária e exigir do vendedor indenização por perdas e danos.E se existir

21

alguma cláusula nos contratos virtuais que proíba a devolução do produto, das

quantias pagas antecipadamente pelo consumidor, está é considerada nula, podendo o

consumidor fazer valer seus direitos judicialmente.

Se ocorrer cláusula abusiva, que é aquela que é notoriamente desfavorável à

parte mais fraca na relação contratual, a utilização e aplicação de cláusulas abusivas, é

vedada por nosso ordenamento jurídico, uma vez que institui, através de normas

imperativas, uma proteção aos interesses e às expectativas legítimas dos consumidores

após a formação do vínculo contratual, buscando equilibrar a distribuição de direitos e

deveres aos contratos celebrados. E na ocorrência de tais cláusulas o consumidor deve

utilizar a proteção do Código de Defesa do Consumidor.

Como as modernas formas de negociação, em geral, suprimem do consumidor a

possibilidade de participação na elaboração e confecção de conteúdo do contrato,

como também lhe é vedada a possibilidade de exercer uma melhor posição nesta

relação, tendo seu limite ao seu direito em dar seu aceite ou não ao contrato, sua

liberdade é relativa. A crescente sofisticação dos produtos, a multiplicação dos riscos no

mercado, o renovado lançamento de produtos e outros bens determinam essa situação

de permanente vulnerabilidade dos consumidores, reconhecidas no artigo 4º do CDC.

Em relação à responsabilidade civil , vigora em nossa Carta Magna (art.5º) e no Código

de Defesa do Consumidor o direito dos consumidores à segurança .

22

2.5- PROBLEMAS ENCONTRADOS POR FALTA DE

LEGISLAÇÃO PRÓPRIA PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO:

Um dos problemas é não ter como exigir que uma empresa virtual estabelecida

fora do Brasil, atenda às exigências do Código de Defesa do Consumidor no

fornecimento de informações em língua portuguesa, nem como impedir que o

consumidor brasileiro acesse tais sites, pois se seguissem ao CDC, não sendo

a oferta apresentada em idioma português, poderia dar ensejo à rescisão de

contrato.

Como existem agentes eletrônicos programados para intervirem na conclusão

de contratos, surge a problemática da validade ou não do consentimento dado

por agente eletrônico.Faz-se necessário precisar as características especiais

que devem apresentar a oferta, aceitação e a adesão dos contratos eletrônicos.

Outro problema encontrado é identificar o lugar onde foi celebrado o contrato

eletrônico, a legislação aplicável e o tribunal competente. A interpretação e o

problema, pois o consentimento eletrônico seria entre presentes, por que as

declarações são instantâneas, e entre ausentes, uma vez que os contratos são

celebrados entre sujeitos situados em lugares muito distantes, inclusive em

países diversos.

Em relação à prova do contrato eletrônico, nosso Código de Processo Civil

prima pela prova escrita nos arts. 364 e seguintes. E não se admite a prova

testemunhal exclusiva nos casos onde valores excedam o décuplo do salário

mínimo (art.401 do CPC) e quando o puder ser aprovado apenas por

documento (art.400, II, do CPC).O Código de Defesa do Consumidor Brasileiro

reafirma a posição do CPC onde estabelece que os contratos comerciais

podem ser provados por: escrituras públicas; escritos particulares; pelas notas

dos corretores; por correspondência epistolar; pelos livros comerciais e por

23

testemunhas (art.122), sendo que, neste caso, é ressalvado que apenas é

possível nos contratos “cujo valor não exceda a quatrocentos mil-réis” (art.123).

Existe uma necessidade de adaptação ou criação de uma legislação que

permita o direito de prova no comércio eletrônico.

A imputabilidade da declaração de vontades: a vontade das partes é expressa

por meio eletrônico, sendo um transmissor que emite a declaração negocial e

transmite a aceitação, gerando uma despersonalização, tendo em vista que

declarante da vontade de contratar pode ser uma pessoa que não é o dono do

computador. Como nosso sistema jurídico é baseado na tradição de unir a

declaração com a vontades de contratar, e esta com a pessoa física, ficando

difícil a identificação do autor, quando este não é identificado de maneira

imediata.

Outro problema encontrado é quando da emissão da declaração, que pode ser

adulterada, trocada, apagada, captada por um terceiro ou enviada a um

desconhecido, sendo necessária a criação de regras de distribuição de riscos

das declarações de vontades.

Em relação ao preço a legislação brasileira é omissa quanto à possibilidade de

variação de preço, o que diz respeito à obrigatoriedade da informação dessa

possibilidade de variação do preço, bem como da necessidade de se informar os

elementos que permitam ao consumidor calcular o preço no momento da

conclusão do contrato.

Existe uma deficiência do Código Civil e Código do Direito do Consumidor em

relação ao dever de informação acompanhar a oferta, pois se exigem apenas

informações sobre características, qualidade, quantidade e composição do

produto ou serviço, sendo a natureza contratual deixada de lado.

24

A contratação por meio eletrônico, poderá influenciar o veículo ou a elaboração da

declaração de vontade negocial. Poderá também influenciar no objeto, na

documentação, no caráter instantâneo ou na duração do vínculo, na tipicidade, e em

tudo aquilo que faça que as diversas hipóteses recebam tratamentos diversos.

Interferindo na tipicidade contratual. Por exemplo, a entrega de um bem digitalizado,

mediante pagamento de um preço, é enquadrada por alguns como uma compra e

venda e para outros como um serviço.

25

2.6- PROJETOS DE LEIS EXISTENTES SOBRE COMÉRCIO

ELETRÔNICO:

No Brasil, há os Projetos de Lei 1483/99 e 1589/99 do Deputado Federal Luciano

Pizzato que estão arquivados aguardando a retomada dos trabalhos pelos

parlamentares. O PL 1483/99 trata do comércio eletrônico, do documento eletrônico, da

assinatura principal e sua certificação.

O PL 1589/99 foi elaborado pela comissão de informática da Ordem dos

Advogados do Brasil, seccional São Paulo. Acredita-se que este projeto de lei é o mais

avançado entre os atuais projetos sobre comércio eletrônico e trata especialmente da

validade jurídica do documento eletrônico e da assinatura digital. Seus pontos

principais são: a obrigatoriedade de que a oferta ao público de bens, serviços ou

informações à distância seja realizada em ambiente seguro; a definição do

intermediário (provedor) como aquele que fornece serviços de conexão ou de

transmissão de informações ao ofertante e ao adquirente, e a não atribuição de

responsabilidade ao provedor pelo conteúdo das informações transmitidas, e nem pela

obrigação de vigiar ou fiscalizar as informações transmitidas; e regulamentar o sistema

criptográfico de chave, sendo o documento eletrônico considerado falso quando

assinado com chaves fraudulentamente geradas em nome de outrem.

Existe também no Senado, em tramitação, o PL n.672/99 do Senador Lucio

Alcântara que foi baseado na Lei Modelo da UNICITRAL (United Nations Comission on

International Trade Law) sobre comércio eletrônico e traz como principais pontos: o

intermediário é considerado como sendo a pessoa que, em nome de outra, envia,

recebe, armazena ou presta outros serviços com relação a mensagens; o expresso

reconhecimento de efeitos jurídicos a informações transmitidas eletronicamente; a

equiparação da assinatura eletrônica à assinatura de uma pessoa desde que seja

utilizado algum método para se identificar a pessoa e sua aprovação para a informação

contida na mensagem; e a expressa menção à possibilidade da celebração de

contratos mediante a utilização de mensagens eletrônicas.

E outros projetos que dão providênciais a respeito do comércio e contratos

eletrônicos são eles:

26

O Projeto de Lei n º 3173/97 do senador Sebastião Rocha, dispondo

sobre os documentos produzidos e arquivados em meio eletrônico.

O Projeto de Lei nº 3494/00 do senador Lúcio Alcântara, que dispõe

sobre a estruturação e o uso de bancos de dados sobre a pessoa e

disciplina o rito processual do habeas data.

Projeto de Lei nº 4.102/93 do senador Mauricio Correa, regulando a

garantia constitucional da inviolabilidade de dados e dá outras

providências;

O Projeto de Lei nº 76/00 do senador Renan Calheiros, definindo e

tipificando os delitos de informática ;

O Projeto de Lei nº 84/99 do deputado Luiz Piauhylino, dispondo

sobre os crimes cometidos na área de informática, suas penalidades

e dá outras providências;

O Projeto de Lei nº 2601/00 do deputado Evilásio Farias, proibindo a

divulgação e cessão de dados e o envio de material de cunho

comercial, obtidos em razão de relação de consumo, para fins de

envio de material publicitário, solicitações ou propostas de cunho

comercial;

O Projeto de Lei nº 5403/01 do senador Luiz Estevão, dispondo sobre

acesso a informação na Internet e dá outras providências;

Projeto de Lei nº 3660/00 do deputado Nelson Proença, dispondo

sobre a privacidade de dados e a relação entre usuários, provedores

e portais em rede eletrônicas; e

27

Projeto de Lei nº1292/95 do senador Lauro Campos que institui

normas para licitações públicas e contratos da administração pública

e da outras providências.

Em 24 de agosto de 2001, foi instituída por Medida Provisória n. 2200, a Infra-

estrutura de Chaves públicas Brasileira que tem como objetivo garantir a autenticidade,

a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações

de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a

realização de transações eletrônicas seguras.

28

2.7- A LEGISLAÇÃO QUE ATUALMENTE AMPARA AS

NEGOCIAÇÕES E RESOLUÇÕES DE CONFLITOS DO

COMÉRCIO ELETRÔNICO.

Em decorrência das atividades e negociações entre empresas e pessoas, e do

aumento exponencial deste mercado, foi necessária uma devida atenção que

amparasse e regularizasse os processos em caráter jurídico. Porém encontram-se

grandes dificuldades para introdução de leis que regularizem as negociações via

eletrônica. O ramo que disciplina o comércio é o Direito Comercial, sendo que o

comércio eletrônico não se restringe apenas à compra e venda de mercadorias, mas

também à aquisição de serviços por via eletrônica. Nestes casos, a relação deve ser

regrada pelo Direito Civil ou, quando estiver presente uma relação de consumo, pelo

Direito do Consumidor.

E, ainda, quando o comércio eletrônico ocasionar o cometimento de infrações

penais, como normalmente é o caso da invasão de privacidade, difamação, calúnia, o

Direito Penal será o Direito cabível para dirimir o conflito.

Portanto, ora o comércio eletrônico é disciplinado pelo Direito Comercial, ora pelo

Direito Civil, ora pelo Direito Internacional, ora pelo Direito do Consumidor, e assim por

diante.

E existe também a Medida Provisória 2.200/2001, que foi criada para regular as

relações jurídicas do comércio eletrônico.

Como a lei apresenta várias lacunas, e o juiz, no momento da análise do caso

concreto, não encontra no corpo das leis um preceito que solucione o problema,

utilizará outros métodos para solucionar o conflito, pois não poderá deixar de sentenciar

pela inexistência de direito. Neste sentido a lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro

em seu artigo 4º dispõe que “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo

com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”.

A questão do foro competente dos contratos eletrônicos é controversa. Pelo

Artigo 9º., da Lei de Introdução ao Código Civil, o foro será onde residir o proponente

ou, conforme Artigo 111, do Código de Processo Civil, as partes podem escolher

29

livremente o foro. No Brasil o Código de Defesa do Consumidor, para relações de

consumo, elege o foro de domicílio do consumidor, mas este não é aplicável a outros

países, por questão de soberania. Para doutrinadores, os contratos eletrônicos, sendo

considerados contratos entre ausentes, o foro é o da residência do proponente. O

Superior Tribunal de Justiça –STJ- definiu que, no caso da firma estrangeira com filial

no Brasil, esta terá que responder pelos defeitos do negócio.

Quanto a jurisdição dos contratos eletrônicos, as leis podem variar de jurisdição

para jurisdição, muitas vezes com caráter e enfoque antagônicos, ensejando a

aplicação de normas de sobredireito para a solução de conflitos. Uma das formas de

resolução é a obrigatoriedade da definição do foro de resolução dos conflitos e da

legislação aplicável.

Para o Ministro do Superior Tribunal de Justiça –STJ-, Ruy Rosado de Aguiar,

estes contratos somente têm valor quando utilizam os recursos criptográficos. Assim,

além dos requisitos gerais, os contratos eletrônicos têm que garantir a autenticidade, a

integridade e a perenidade.

Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor tem sua aplicação integral aos

contratos eletrônicos.

Quanto aos contratos eletrônicos internacionais, entre empresa com sede social

fora do país e um consumidor interno, ou vice-versa. Caso a empresa possua sede no

Brasil, esta poderá ser acionada no Brasil ou no país sede da empresa, pois está

protegido pela Constituição Federal, Lei de Introdução ao Código Civil, normas de

caráter processual e o Código de Defesa do Consumidor (Lei número 8.078/90).

Em relação ao conteúdo dos contratos eletrônicos, é interessante notar que em

geral eles se caracterizam pela predisposição de suas condições, especialmente

quando celebrados on-line, através de homepages. Cabível, portanto, a aplicação dos

arts. 423 e 424 do Código Civil:

Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas

ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao

aderente.

30

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que

estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da

natureza do negócio.

Na modalidade de contratação eletrônica B2C (business to consumer),

pensamos não haver empecilho para a incidência das normas de Direito do

Consumidor, vertidas na Lei nº. 8.078/90. De fato, o indivíduo que adquire um produto

através do site de um grande revendedor na Internet, na qualidade de destinatário final,

enquadra-se na tutela especial protetiva do Código de Defesa do Consumidor, por força

do art. 2º do aludido diploma legal. Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Rio de

Janeiro já reconheceu a aplicabilidade do art. 49 do CDC (que resguarda o direito de

arrependimento do consumidor) em caso de compra de pacote de viagem pela Internet:

COMPRA E VENDA. INTERNET. DIREITO DE

ARREPENDIMENTO. PEDIDO DE CANCELAMENTO. CARTAO DE

CRÉDITO. COBRANÇA INDEVIDA. Apelação Cível. Consignação em

pagamento. Compra pela internet de pacote de viagem. Pedido de

cancelamento dentro do prazo de reflexão. Denúncia vazia do contrato de

consumo. Cobrança indevida das parcelas pela administradora de cartão

de crédito. Declaração de inexistência do débito. Procedência da

consignação. 1. O "caput" do artigo 49 do Código de Proteção e Defesa do

Consumidor resguarda o direito de arrependimento da declaração de

vontade do consumidor manifestada no ato de celebração da relação

jurídica, bastando, para tanto, que o contrato tenha sido celebrado fora do

estabelecimento comercial e que o contratante o exerça dentro do prazo

de reflexão de sete dias. 2. O direito de arrependimento pode ser exercido

unilateralmente, mostrando-se prescindível, para tanto, a concordância da

empresa contratada, pois não se pode transferir o risco do negócio ao

consumidor, nem lhe exigir que busque o desfazimento do negócio por via

judicial, sob pena de se transformar o texto legal em letra morta. É

hipótese de resilição unilateral do contrato. 3. Indevida a cobrança e

regulares os depósitos consignados judicialmente, impõe-se a

31

procedência do pedido, para declarar a inexistência dos débitos cobrados

nas faturas dos meses de fevereiro a setembro de 2005, no patamar

excedente ao que foi consignado em juízo, autorizando-se ao réu levantar

os depósitos, com inversão dos encargos da sucumbência. 4. Provimento

do recurso. (TJRJ, Décima Quarta Câmara Cível, AC Nº. 2006.001.42097,

Rel. Des. José Carlos Paes - Julgamento: 17/08/2006)

A jurisprudência também é enfática no sentido de reconhecer direitos

indenizatórios à parte que adquire veículo através da Internet e vem a sofrer danos em

virtude de inadimplemento do proponente:

CIVIL. OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA POR

DANOS MORAIS E MATERIAIS. Autor, que compra automóvel através do

sítio da fabricante na internet. Contrato que foi ratificado nas

concessionárias da marca, conforme instrução da vendedora. Dano

material que não restou comprovado. Improcedência. Dano moral.

Ocorrência que supera o simples inadimplemento contratual. Reforma da

sentença que se impõe para acolher o pleito de reparação do dano moral.

Verba indenizatória que se fixa em R$ 12.000,00, a serem pagos

solidariamente pelas rés. Demais recursos que restaram prejudicados ante

o acolhimento parcial do recurso do autor. PROVIMENTO PARCIAL DO

RECURSO DO AUTOR, RESTANDO PREJUDICADOS OS DEMAIS

APELOS. (TJRJ, Décima Quinta Câmara Cível, AC Nº. 2006.001.15023,

Rel. Des. Celso Ferreira Filho - Julgamento: 26/04/2006)

Saliente-se que o direito contratual contemporâneo procura evitar o desequilíbrio,

resguardando a eqüidade contratual. Nessa tônica, é necessário interpretar as normas do CC/2002

e do CDC, aplicáveis às transações realizadas na Internet, em consonância com os princípios da

função social do contrato, da boa-fé e da proteção à parte mais vulnerável.

32

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Nos contratos eletrônicos como se viu no decorrer de trabalho, são utilizadas

várias fontes legais para determinar a sua validade, ou para resolver conflitos

decorrentes deste tipo de contrato e em outras situações que se apresentam no

decorrer da vigência de tal contrato.

Mas faz-se necessária a criação de uma legislação própria, para que as partes

destes contratos se sintam seguras em estar utilizando o meio eletrônico para realizar

transações comerciais.

Esta legislação deve levar em consideração várias problemáticas como foi

ressaltado no capitulo anterior. As leis brasileiras são fundamentadas em princípios

territorialistas, contrapondo-se ao caráter transnacional da Internet, E mesmo já

existindo leis internas para a Internet, seus efeitos limitam-se à jurisdição brasileira.

Seria importante que as leis internacionais que tratam deste assunto sejam

uniformizadas para que uma única lei fosse aplicada nos casos de comércio eletrônico,

como até agora não se conseguiu tal intento a UNICITRAL(United Nations Comission

on International Trade Law)”, que é uma Comissão das Nações Unidas para o Direito

Comercial Internacional, criou a Lei Modelo para uniformização da aplicação do Direito

no comércio eletrônico internacional, e com objetivo de garantir a segurança jurídica do

comércio eletrônico, também elaborou um guia para que os governos possam estar

utilizando esta lei para modernizar suas legislações, tendo como seus principais

pontos a definição de vários conceitos, incluindo o de mensagem eletrônica; a

regulação das formalidades legais para mensagens eletrônicas e a regulamentação da

comunicação via mensagens eletrônicas. Em seu artigo 2º, a Lei Modelo estabelece

várias definições tais como:

Mensagem eletrônica: que é definida como a informação gerada, enviada,

recebida, ou arquivada eletronicamente, levando-se em conta as

modernas técnicas de comunicação, intercâmbio eletrônico de dados e

correio eletrônico, bem como outras formas de comunicação menos

avançadas como o fax.

33

Intercâmbio eletrônico de dados: é definido como transferências

eletrônicas de informações estruturadas de computador para computador.

Remetente e destinatário: são consideradas as pessoas que emitem e as

que devam receber as mensagens respectivamente. E mesmo que a

remessa seja efetuada em módulo automático, deverá ser

responsabilizada pela mensagem a pessoa que programou a mesma.

Esta lei exclui a responsabilidade do provedor de acesso à Internet.

Sistema de informações: engloba os meios técnicos empregados para

transmitir, receber e arquivar informações. E em seu artigo 4º, possibilita

que os particulares pactuem livremente, privilegiando-se, no que for

possível, a autonomia da vontade privada.

A comentada lei tem como princípio basilar a boa-fé.

Porém, aqui no Brasil, já existe em tramitação no Senado o PL n.672/99 do

Senador Lucio Alcântara, que é baseado em tal lei.

Outro ponto importante é a delimitação do lugar onde foi celebrado o contrato,

para se delimitar qual o tribunal competente e a legislação aplicável.Ressalte-se, mais

uma vez a criação de uma legislação que engloba-se tanto o território nacional como o

Internacional, pois nos casos em que sites que não tivessem empresas virtuais no

Brasil, poderia ser utilizada tal lei para que esses sites fossem julgados perante órgãos

internacionais, propiciando aos contratantes segurança jurídicas aos seus negócios.

Em relação à prova, faz-se necessária uma alteração na lei para que seja aceito

o direito da prova no contrato eletrônico. Vários projetos de leis, como já citado tratam

de tal assunto.

Outro ponto a ser elencado é a delimitação quanto à possibilidade de variação de

preço, que atualmente é feita a qualquer momento sem conhecimento do consumidor,

ocorrendo que às vezes o consumidor se programa para cobrar tal objeto ou serviço, e

às vezes por questão de minutos ou horas o preço do produto já foi alterado, não

34

dando, assim, possibilidade ao consumidor de se programar para realizar sua compra,

gerando um desconforto para o consumidor e um ponto negativo para o vendedor por

meio eletrônico, pois com consumidor frustrado fica mais difícil vender seus produtos.

A natureza do contrato deverá ser colocada no momento da realização do

mesmo para que o cliente possa ter acesso ao que está contratando e deixe-se espaço

para que o consumidor tenha acesso fácil a toda e qualquer informação que tenha

dúvidas quanto ao contrato, objeto da venda, formas de pagamento, identificação do

vendedor, autenticidade do sítio, e outras que forem importantes.

Já existe no Brasil a Infra-Estrutura das Chaves Públicas Brasileiras, que

garantem a autenticidade, a integridade e a validade jurídica dos documentos

eletrônicos das aplicações de suporte e das aplicações habilitados que utilizem

certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicas seguras. Mas é

necessário que os sites de comércio eletrônicos sejam obrigados, pela autoridade

coatora que se habilitem em tal instituição para realizar transações comerciais,

possibilitando, assim, que as pessoas se sintam seguras para realizar transações

comerciais por via eletrônica sem o temor de que seu documento seja alterado, ou

apagado, ou trocado por terceiros.

Importante também é a delimitação da tipicidade do contrato, para que fique

claro qual o momento em que é celebrado o contrato, pois como vimos anteriormente

ele pode se dar de várias maneiras, sendo, portanto esses modos previstos pelo

legislador para que seja registrado na lei, evitando assim imprecisões no campo do

Direito.

Existem vários projetos de lei criados pelo Poder Legislativo federal para dar

soluções a alguns de tais problemas, mas até o momento, a maioria destes projetos

ainda está em tramitação no Senado e na Câmara de Deputados.

Porém seria o ideal que esses PL antes de serem aprovados, fossem unificados,

e acrescentadas as outras situações que não foram previstas em outros projetos de

leis, para que a legislação ficasse o mais completa possível, e para que uma única lei

fosse criada, facilitando assim a utilização desta por parte dos contratantes e dos

profissionais que irão utilizar tal lei no seu dia a dia.

35

Todavia sabe-se que, pelo uso crescente do meio de comunicação eletrônico,

por nossa sociedade, novas situações irão aparecer, sendo que deve-se se tentar

sempre atualizar essa legislação para que esta não fique obsoleta, ou inadequada para

conflitos que irão surgir futuramente.

Nossa sociedade não tem mais como esperar que decisões sejam tomadas, em

relação a este tema, vez que a legislação atual e a utilização da interpretação e

integração de normas já não estão bastando para dirimir os conflitos apresentados a

cada dia, pois quando dois ou mais contratantes realizam contratos por meio eletrônico,

esperam que ao se apresentarem problemas contratuais decorrentes de comércio

eletrônico, o judiciário esteja apto, a dar solução ao conflito da maneira mais justa

possível.

36

4- REFERÊNCIAS

ALVES, Paulo Antonio Nevares; ALVES, Priscilla Pacheco Nevares. Implicações jurídicas do comércio eletrônico no Brasil: Um estudo preliminar acerca do âmbito de aplicação da disciplina das relações de consumo. Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2008.

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COMO surgiu a Internet. www.interponta.com.br/~tutorial/suporte/comosurgiuainternet.htm, jan 2002. Acesso em 25 maio 2008 CORRÊA, Gustavo Testa. A lei e o comércio eletrônico. jan 2000. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1802 Acesso em: 23 ago. 2008.

EBIZ3P. Definindo o comércio eletrônico (parte 2). Abr 2008. Disponível em http://www.ebiz3p.wordpress.com/2008/04/18/definindo-o-comercio-eletronico-parte-2/. Acesso em 23 ago 2008 FELIPINI, Dailton. Desempenho de e-commerce em 2007. fev 2008. Disponível em: https://www.e-commerce.org.br/Artigos/Comercio_eletronico_2007 FERREIRA, Ana Amélia Castro. Tributação comércio eletrônico. Revista de Derecho Informático. Abr. 2002, Disponível em http://www.alfa-redi.org/enlinea.shtml. Acesso em 24 abr 2008

37

FERREIRA, Ana Amélia Castro. Projetos de em andamento no Congresso Nacional. Set. 2005, Disponível em http://www.camara-e.net/inerna.asp?tipo=1&valor=2398. Acesso em 25 maio 2008. FINKELSTEIN, Maria Eugênia Reis. Aspectos jurídicos do comércio eletrônico. Porto Alegre: Síntese, 2004. GONÇALVES, Sérgio Ricardo Marques. A criação dos contratos eletrônicos. nov. 2001. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2634 Acesso em: 23 ago. 2008. JUNIOR, Omar Lopes. O comércio eletrônico e o código de defesa e proteção do consumidor. Nov 2005. Disponível em: http://www.ccuec.unicamp.br/revista/infotec/artigos/osmar.html. Acesso em 23 ago 2008. LINS, Bernardo Estellita. Perspectiva da legislação do comércio eletrônico no Brasil. In: SEMINÁRIO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS PARTIDOS POLÍTICOS, 2002, Brasília. LOUREIRO, Luiz Guilherme. Contratos: teoria geral e contratos em espécies, 3ª ed. São Paulo: Editora Método, 2008.

LORENZETTI, Ricardo L. Comércio eletrônico. Tradução de Fabiano Menke. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001.

ROCHA, Layla Christiane Nunes. Comércio eletrônico: aspectos legais dos contratos de consumo e a proteção jurídica do consumidos na Internet. 2002. TCC apresentado ao curso de Direito da Faculdade de Direito de Presidente Prudente para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. SILVA, Larissa Coutinho da. Comércio eletrônico. 2002. TCC apresentado ao curso de Administração de Empresas da Faculdade Anhanguera de Ciências Humanas para a obtenção do grau de Bacharel em Administração.

38

SANTOS, Jonábio Barbosa dos. Comércio eletrônico e as relações de consumo. Dez 2002. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_56/index.htm Acesso em: 23 ago 2008. STANTON, Michael. Legislação para o comércio eletrônico. O Estado de São Paulo, São Paulo, 10 jul. 2000. Disponível em: http://www5.estadao.com.br/ext/tecnologia/arquivo/comercioel524.htm "UNITED NATIONS COMMISSION ON INTERNATIONAL TRADE LAW” (UNCITRAL). Relatório sobre a lei para o comércio eletrônico. 1996. WASTER, Cristiano Carlos Mariz. Comércio eletrônico: atuação preventiva e repressiva nos contratos eletrônicos de consumo. 2005. TCC apresentado ao curso de Direito da Faculdade de Direito de Presidente Prudente para a obtenção do grau de Bacharel e Direito.

39

ANEXOS

40

Modelo de Lei da UNCITRAL para o Comércio Eletrônico

Excerto do Relatório da "United Nations Commission on

International Trade Law" (UNCITRAL), apresentado na 29ª

Assembléia Geral realizada entre 28 de maio a 14 de junho de

1996, 51ª Sessão, Suplemento no. 17 (A/51/17).

Parte I - O Comércio Eletrônico em Geral

Cap. I - Disposições Gerais

Artigo 1º - Área de Aplicação*

Este modelo de lei** se aplica a qualquer tipo de informação sob a forma de

mensagem de dados usada no contexto*** das atividades comerciais.****

*A Comissão sugere o seguinte texto para os Estados que desejarem limitar a aplicação

desta lei às mensagens de dados internacionais: Esta lei se aplica a mensagens de

dados conforme está definido no 1º parágrafo do artigo 2º, quando as mensagens de

dados se referirem ao comércio internacional.

**Esta lei não derroga qualquer legislação destinada à proteção dos consumidores.

***A Comissão sugere o seguinte texto para os Estados que desejarem extender a

aplicabilidade desta lei: Esta lei se aplica a qualquer tipo de informação sobre a forma

de mensagem de dados, exceto nas seguintes situações: [...].

****O termo "comerciais" deverá receber uma interpretação mais ampla a fim de

abranger todos os assuntos referentes às relações de natureza comercial, quer estejam

sob contrato ou não. As relações de natureza comercial, dentre outras, incluem as

seguintes transações: aquela em que haja fornecimento ou troca de mercadorias ou

prestação de serviços, acordo para distribuição, representação ou agenciamento

comercial, fabricação, leasing, construção civil, consultoria, engenharia, franquia,

investimento, financiamento, serviços bancários, atividade securitária, acordo ou

41

concessão para exploração, joint venture, e outras formas de cooperação industrial e

comercial, transporte de mercadorias e passageiros via aérea, marítima, ferroviária ou

terrestre.

- O termo "mensagem de dados" pode ser definido como uma informação que é gerada,

enviada, recebida ou armazenada por meios eletrônicos, óticos ou similares, dentre os

quais electronic data interchange ("EDI's"), correio eletrônico, telegrama, telex e

telecópia;

- Electronic data interchange ("EDI's") são meios eletrônicos de transferência de

informações de um computador para outro, através do uso de um padrão

convencionado da estrutura da informação;

- Originator (remetente) de uma mensagem de dados é a pessoa em nome da qual ou

da qual a mensagem foi providenciada ou gerada, para armazenamento, se for o caso,

o que não inclui uma pessoa agindo como intermediária dessa mensagem;

- "Destinatário" de uma mensagem de dados é a pessoa que, segundo a vontade do

remetente, deve receber a mensagem de dados, o que não inclui uma pessoa agindo

como intermediária dessa mensagem;

- "Intermediário" - Diz respeito àquela pessoa que, em nome de outra, envia, recebe ou

armazena uma mensagem de dados ou propicia outros serviços relativos a essa

mensagem de dados;

- "Sistema de informação" - É um sistema destinado a gerar, enviar, receber, armazenar

e, de algum modo, processar os dados de mensagens;

Artigo 3º - Interpretação

- Na interpretação desta lei, deve-se atentar para sua natureza internacional e para a

42

necessidade de promoção da uniformidade na sua aplicação e observância de boa-fé.

- As questões relativas aos assuntos estabelecidos nesta lei, que não estiverem

claramente expressas, deverão ser resolvidas de conformidade com os princípios gerais

nos quais esta lei se baseia;

Artigo 4º - Alteração por acordo

- As partes envolvidas em gerar, enviar, receber, armazenar e processar mensagens de

dados, exceto as determinações em contrário, poderão alterar o que dispõe o Capítulo

III através de acordos;

- O 1o parágrafo não altera o direito já existente para modificar, por acordo, qualquer

disposição prevista no Capítulo II.

Capítulo II. Aplicação de requisitos legais às mensagens de dados

Artigo 5º - Reconhecimento legal das Mensagens de Dados

A tal tipo de informação não poderão ser negados os efeitos legais, a validade nem

a exeqüibilidade perante a lei pelo simples fato de encontrar-se sob a forma de dados;

Artigo 6º - Escrita

- Como a lei exige que a informação esteja sob a forma escrita, tal exigência será

atendida por uma mensagem de dados se a informação contida na mesma estiver

acessível e disponível para futura consulta;

- O disposto do 2º parágrafo se aplica tanto no caso de a exigência encontrar-se sob a

forma de uma obrigação quanto na condição de simples conseqüência prevista para o

seu não atendimento;

43

O disposto deste artigo não se aplica ao seguinte: [...].

Artigo 7º - Assinatura

1) - Como a lei exige a assinatura de uma pessoa, tal exigência será satisfeita em

relação à uma mensagem de dados se:

- For usado um método capaz de identificar a pessoa que aprova a informação e a

confirmação de tal aprovação sobre a mensagem de dados;

- Se esse método for confiável, como apropriado para o fim que a mensagem de dados

for gerada ou comunicada, sob quaisquer circunstâncias, inclusive sob acordos, os mais

relevantes;

2) - O parágrafo 1º se aplica se a exigência ali contida estiver sob a forma de uma

obrigação ou simplesmente sob a de previsão de conseqüências pela falta de

assinatura;

4) - O disposto deste artigo não se aplica sobre o seguinte [...];

Artigo 8º - Originalidade

1) - Como a lei exige que a informação deva ser apresentada ou retida em sua forma

original, que tal exigência seja considerada atendida por uma mensagem de dados se:

- Existir uma maneira confiável de assegurar a integridade da informação a partir da

hora em que ela for gerada, em sua forma definitiva, como mensagem de dados;

- Se essa informação estiver disponível, no local previsto, à pessoa destinada;

44

2) - O 1º parágrafo se aplica se a exigência ali contida estiver sob a forma de uma

obrigação ou simplesmente sob a de conseqüências previstas em caso de a informação

não ser apresentada ou retida em sua forma original;

3) - Com a finalidade de atender o disposto no subparágrafo (a) do 1º parágrafo:

- Os critérios de avaliação da integridade de uma informação consistem em saber se

essa informação permanece completa e inalterada, sem o acréscimo de qualquer

endosso e sem qualquer mudança que possa surgir durante o seu curso normal de

comunicação, armazenamento e apresentação;

- Os padrões de confiança desejáveis deverão ser dimensionados de acordo o motivo

pelo qual a informação é gerada e de conformidade com quaisquer circunstâncias

relevantes.

- O disposto neste artigo não se aplica ao seguinte: [...];

Artigo 9º - A admissibilidade e importância das mensagens de dados como provas

1) - Em qualquer procedimento de ordem legal, não poderão ser aplicadas regras de

comprovação de modo a poderem contestar a admissibilidade das mensagens de

dados como elementos de prova, a menos que:

- Exista dúvida de não tratar-se de uma mensagem de dados;

- Na produção de provas, se houver fortes indícios de que a mensagem não se

encontra em sua forma original;

3) - Deverá ser atribuído um valor à mensagem de dados, com peso específico, quando

a mesma exercer a função de elemento de comprovação. Ao determinar esse valor,

deve-se dispensar atenção à segurança do modo como a mensagem de dados é

gerada, armazenada e transmitida, para garantia da integridade das informações, no

45

tocante ao modo no qual seu remetente é identificado e quanto a quaisquer outros

fatores relevantes.

Artigo 10 - Retenção de mensagens de dados

1) - Como a lei exige que certos documentos - dados ou informações - sejam retidos

(guardados na memória do computador), tal exigência será atendida pela retenção de

mensagens de dados, desde que sejam satisfeitas as seguintes condições:

- Que as respectivas informações estejam acessíveis para futura referência;

- Que a mensagem seja retida (guardada na memória do computador) no seu formato

original, quanto à geração, expedição e recebimento ou num formato capaz de

representar com precisão a informação gerada, expedida ou recebida;

- Que as informações sejam capazes de identificar a origem e o destino da mensagem

de dados, assim como a data e a hora em que a mesma foi expedida ou recebida;

2) - A obrigação de reter documentos e alguns dados referidos no 1º parágrafo não se

aplica a todo e qualquer tipo de informação, uma vez que a finalidade primordial é

permitir que a mensagem seja enviada e recebida;

3) - Uma pessoa pode atender o disposto no 1º parágrafo utilizando-se dos serviços de

outra pessoa, desde que sejam cumpridas as exigências estabelecidas nos

subparágrafos (a), (b) e (c) do 1º parágrafo;

Capítulo III - Comunicação das Mensagens de Dados

Artigo 11 - Elaboração e validade dos contratos

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1) - Na elaboração de contratos, a menos que seja objeto de acordo entre as

partes,uma oferta e a aceitação de uma oferta podem ser expressas através de

mensagens de dados.

Como uma mensagem de dados pode ser usada na elaboração de um contrato, não

poderá ser negada a validade do mesmo, tampouco a produção de seus efeitos perante

a lei, sob a alegação de uso de mensagem de dados.

2) - O disposto neste artigo não se aplica ao seguinte: [...]

Artigo 12 - Reconhecimento das mensagens de dados pelas partes

1) - No que tange ao aspecto vinculativo entre o remetente e o destinatário de uma

mensagem de dados, não poderão ser negados os efeitos legais de uma declaração de

vontade nem de qualquer outro tipo de declaração, assim como sua validade e plenos

direitos perante a lei, sob a alegação de tratar-se de mensagem de dados.

2) - O disposto deste artigo não se aplica ao seguinte [...]

Artigo 13 - Identificando a mensagem de dados

1) - Uma mensagem de dados é atribuída ao remetente quando a mesma for enviada

por ele próprio.

2) - No que se refere ao aspecto vinculativo entre o remetente e o destinatário,

considera-se a mensagem como procedente do remetente se tiver sido enviada:

- Por uma pessoa com autoridade para agir em nome do remetente em relação à

mensagem de dados ou;

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- Por um sistema de informação programado pelo remetente ou em seu nome,

destinado a operar automaticamente;

3) - Em relação ao aspecto vinculativo entre o remetente e o destinatário, o destinatário

pode considerar que uma certa mensagem haja originado de determinado remetente e,

segundo essa presunção, tomar providências se:

- A fim de determinar a procedência da mensagem de dados, o destinatário tiver usado

procedimentos previamente autorizados pelo remetente ou;

- A mensagem de dados recebida pelo remetente tiver originado de ações de pessoa

cujo real relacionamento com o remetente ou com qualquer agente do mesmo tenha

possibilitado àquela pessoa o acesso a um método usado pelo remetente para

identificar as mensagens de dados como realmente suas.

4) - O parágrafo 3º não se aplica:

- A partir do momento em que o destinatário receba informação do remetente dando

conta de que a mensagem de dados não é de sua autoria e desde que haja tempo

suficiente para tomar as providências que o caso requer ou;

- No caso referido no parágrafo 3º, letra (b), em qualquer momento em que o

destinatário tome conhecimento do fato e ocorram esforços para demonstrar que a

mensagem de dados não é de autoria do suposto remetente;

5) - O destinatáro, agindo com base na suposição de que a mensagem de dados é de

autoria do remetente, no que tange ao aspecto vinculativo entre as partes, pode arrogar

a si o direito de considerar que a mensagem recebida exprima a intenção do remetente

e de agir em consonância com essa presunção. Após terem sido usados os meios

necessários, o destinatário não poderá arrogar a si esse direito quando souber que

houve erro na transmissão recebida.

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6) - Ao destinatário é assegurado o direito de considerar cada mensagem de dados

recebida como uma unidade independente e de agir com base nessa suposição, exceto

quando uma mensagem de dados duplica outra mensagem de dados e o destinatário

fique ciente do fato após serem usados os meios necessários.

Artigo 14 - Confirmação do recebimento

1) - Os parágrafos 2º, 3º e 4º deste artigo se aplicam nos casos em que, antes de enviar

a mensagem ou, no momento de fazê-lo, o remetente exige ou faz acordo com o

destinatário para que a mensagem seja confirmada.

2) - Caso não haja acordo quanto à forma ou método de confirmação com o

destinatário, essa confirmação poderá ocorrer quando:

- Houver uma comunicação a respeito do assunto, por parte do destinatário, quer sob a

forma automática quer de outra maneira, ou;

- Quando ocorrer qualquer indicação por parte do destinatário suficientemente capaz de

informar ao remetente que sua mensagem de dados foi recebida;

3) - Quando o recibo de entrega for elemento indispensável determinado pelo

remetente, a mensagem de dados será considerada como não entregue até que a sua

confirmação de recebimento seja apresentada.

4) - No caso em que o remetente não determine como elemento condicionante o recibo

de entrega e esse recibo não chegando à mão do destinatário dentro do prazo

especificado ou combinado ou, ainda, caso não seja especificado qualquer prazo de

entrega de tal recibo, dentro de um período razoável, o remetente:

49

- Poderá comunicar-se com o destinatário, informando-o do não recebimento do

comprovante de entrega e especificando um prazo razoável para que tal providência

seja tomada e;

- Caso o comprovante não seja recebido dentro do prazo especificado no subparágrafo

(a), o remetente deverá fazer uma comunicação ao destinatário, quando a mensagem

de dados será considerada sem efeito, cessando, também, quaisquer direitos sobre a

mesma.

5) - Há de presumir-se como recebida a mensagem pelo destinatário quando o

remetente, por sua vez, tomar conhecimento do fato através do respectivo recibo. Isto

não significa afirmar que a mensagem de dados original esteja conforme a mensagem

recebida.

6) - Como o recibo da mensagem afirma que a mensagem de dados conforma certos

requisitos técnicos, obedecendo ou confirmando padrões definidos, há que presumir-se

como cumpridas tais exigências.

7) - Este artigo refere-se à mensagem de dados em relação à sua remessa e recepção

e não trata das conseqüências legais que possam advir desse tipo de comunicação ou

do processo de comprovação de seu recebimento.

Artigo 15 - Hora e lugar da remessa e recebimento das mensagens de dados

1) - A menos que exista um acordo entre o remetente e o destinatário sobre o assunto,

fica estabelecido que o envio de uma mensagem de dados ocorre no momento em que

a mesma entra num sistema de informação fora do controle do remetente ou da pessoa

encarregada de enviar tal mensagem em nome do remetente.

50

2) - Salvo no caso de existir um acordo entre o remetente e o destinatário, a hora do

recebimento de uma mensagem de dados será determinada segundo o seguinte

critério:

- Se o destinatário dispuser de um sistema de informação com a finalidade de receber

mensagens, o recebimento ocorrerá:

Na hora em que a mensagem de dados entrar no sistema de informação ou

Se a mensagem de dados for enviada para um sistema de informação do destinatário,

não designado, será considerada a hora em que a mensagem for descoberta pelo

destinatário;

- Se o destinatário não houver designado um sistema de informação, o recebimento

ocorrerá no momento em que a mensagem entrar no sistema de informação do

destinatário;

3) - O segundo parágrafo se aplica mesmo que o sistema de informação esteja

localizado em lugar diferente daquele onde a mensagem de dados deva ser recebida,

conforme dispõe o 4º parágrafo.

4) - Salvo na existência de um entendimento diferente entre o remetente e o

destinatário, a mensagem de dados deverá ser considerada como enviada do lugar

onde o remetente exerce sua atividade e recebida no lugar onde o destinatário mantém

seu negócio. Para efeito deste parágrafo:

- Se o remetente ou o destinatário tiver mais de um endereço comercial, deverá ser

considerado o local que tiver maior relação com a transação a que a mensagem se

refere ou, caso não houver transação, deverá ser considerado o lugar principal onde se

realizam os negócios;

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- Se o remetente ou o destinatário não tiver endereço comercial definido, como opção, a

escolha deverá recair no endereço residencial;

5) - O disposto neste artigo não se aplica ao seguinte: [...]

Parte II - O Comércio Eletrônico em Áreas Específicas

Capítulo I - transporte de Mercadorias

Artigo 16 - Atividades relacionadas ao transporte de mercadorias

Sem derrogar o que dispõe a primeira parte desta lei, este capítulo se aplica a qualquer

atividade relacionada a contratos de transportes de mercadorias, incluindo – mas não

se limitando a:

- Inscrição de marcas, números, quantidades e pesos de mercadorias; Especificação ou

declaração da natureza ou valor das mercadorias; Emissão de recibos de mercadorias;

Confirmação de embarque de mercadorias;

- Notificação de pessoa sobre termos e condições de um contrato; Instruções a

transportador;

- Reclamação sobre a entrega de mercadorias; Autorização de liberação de

mercadorias;

Comunicação sobre perda ou avaria de mercadorias;

- Quaisquer comunicações ou declarações sobre o cumprimento das disposições

contratuais;

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- Promessa de entrega de mercadorias a uma pessoa nomeada ou devidamente

autorizada;

- Garantia, aquisição, renúncia, cessão, transferência ou negociação de direitos sobre

mercadorias;

- Aquisição ou transferência de direitos e obrigações, conforme esteja previsto em

contrato;

Artigo 17 - Documentos para o transporte

1) - De acordo com o 3º parágrafo, as regras exigem que os procedimentos previstos no

artigo 16 devam ser realizados através de escrita e com documento em forma de papel.

Considera-se atendida tal disposição se o procedimento for realizado através de uma

ou mais mensagens de dados.

2) - O disposto no 1º parágrafo se aplica tanto na forma de uma exigência quanto na de

uma simples previsão de conseqüências por omissões no modo de escrever e quanto

ao uso de papel-documento.

3) - No caso de cessão de direitos a uma pessoa especificada, bem como no de

assunção de uma obrigação, se a lei exigir que a transferência de tais direitos ou

obrigações deva ser efetuada através de um papel-documento, tal exigência será

considerada atendida se essa transferência for realizada através de uma ou mais

mensagens de dados, desde que seja utilizado um método confiável e definitivo.

4) - A fim de atender o disposto no 3º parágrafo, o nível de confiabilidade do método

empregado deverá ser determinado em função da importância do direito ou da

obrigação transferida e de acordo com todas as circunstâncias, inclusive qualquer

entendimento relevante que venha a ocorrer.

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5) - No caso de ser usada uma mensagem de dados, ou mais de uma, com a finalidade

de atender o disposto nas letras (f) e (g) do artigo 16, não terá validade o uso de

qualquer papel-documento, a menos que venha a ser abolido o uso de mensagens de

dados e efetuada a sua substituição por papéis-documentos. Um papel-documento

emitido em tal situação deverá conter uma declaração mencionando o fato ocorrido. A

substituição de mensagens de dados por papéis-documentos não afetará os direitos e

obrigações existentes entre as partes.

6) - Uma lei aplicável sobre um contrato de transporte de mercadorias representado por

um papel-documento não deixará de produzir seus efeitos sobre um contrato que esteja

caracterizado por uma mensagem de dados (ou mais de uma), uma vez que a

mensagem de dados (ou mensagens de dados) substituiu (ou substituíram) o papel-

documento.

7) - O disposto neste artigo não se aplica ao seguinte [...].