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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
FLÁVIA AGOSTINHO DOS SANTOS OLIVEIRA
A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE
FORTALEZA – CE 2013
FLÁVIA AGOSTINHO DOS SANTOS OLIVEIRA
A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE
Monografia submetida à aprovação da Coordenação do Curso de Ciências Contábeis do Centro de Ensino Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação.
Orientador: Prof. Humberto Correia Lima Filho
FORTALEZA – CE 2013
FLÁVIA AGOSTINHO DOS SANTOS OLIVEIRA
A IMPORTÂNCIA DA
Dedico este trabalho aos meus pais que sempre me apoiaram em todos os momentos da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelas bênçãos diárias, que me dão
proteção, saúde e forças para completar mais uma etapa da jornada que é a vida.
À minha mãe Zélia por todo amor e carinho dedicados à minha criação, e
que mesmo diante de todas as dificuldades nunca mediu esforços para fazer de mim
a pessoa que hoje sou. Ao meu pai José Amaury in memoriam que sempre esteve
presente como grande entusiasta da educação, sempre me incentivando a estudar
para me tornar uma profissional cada vez melhor. Aos meus irmãos Patrícia, Amaury
Júnior, Evandro e Leonardo e à minha avozinha Antonia por todos os momentos de
descontração e apoio prestados para a conclusão de mais uma etapa dessa longa
caminhada.
Ao meu esposo Erich, principalmente, por entender a necessidade de
sacrificar horas de sono e lazer para dedicá-las a este trabalho, ficando, por diversas
vezes, acordado até tarde me fazendo companhia.
Às amizades que conquistei durante o percurso acadêmico, em especial a
Edna por todas as horas compartilhadas na realização dos trabalhos em equipe,
como também pelos dias em que saía mais cedo do trabalho para estudarmos juntas
para as provas.
Ao meu orientador Professor Humberto Correia Lima Filho, pelo tempo e
paciência dedicados em nossas reuniões, sempre confiante da minha capacidade
em desenvolver um trabalho sério e de qualidade.
A todos os colegas de trabalho por todo apoio e incentivo.
E a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a
elaboração deste trabalho.
“Que eu mantenha meu equilíbrio, mesmo
sabendo que muitas coisas que vejo no
mundo escurecem meus olhos”.
(Chico Xavier)
RESUMO
As microempresas e empresas de pequeno porte são importantes para a economia do país, pois respondem por mais da metade dos empregos com carteira assinada no Brasil. No entanto, muitas não sobrevivem aos dois primeiros anos por falta de informações essenciais que conduzam ao planejamento e controle de suas operações. Diante deste cenário, surge a necessidade de se utilizar ferramentas que auxiliem na gestão da organização, evitando sua precoce descontinuidade. O presente trabalho visa demonstrar a elaboração de um modelo de planejamento de uma empresa de pequeno porte, utilizando a Contabilidade como principal instrumento gerador de informações indispensáveis para orientar o gestor na administração de seu empreendimento. A metodologia a ser utilizada para o desenvolvimento do estudo inclui pesquisa bibliográfica e documental, com características descritivas e qualitativas. Ao final do estudo será possível verificar sua contribuição para as tomadas de decisões em uma empresa, de modo que seus principais objetivos sejam alcançados.
Palavras-chave: Contabilidade. Planejamento. Empresas de Pequeno Porte.
ABSTRACT
Microenterprises and small businesses are important to the economy because it accounts for more than half of formal jobs in Brazil. However, many do not survive the first two years due to lack of essential information that will lead the planning and control of their operations. In this scenario, emerges the need to use tools that assist in the management of the organization, avoiding its early discontinuation. The present work aims to demonstrate the development of a model of planning a small business using accounting as main generator of essential information to guide managers in managing their enterprise. The methodology to be used for the development of the study includes literature and documents with descriptive and qualitative characteristics. At the end of the study will be possible to verify its contribution to decision-making in a company, so that its main objectives are achieved.
Keywords: Accounting. Planning. Small Businesses.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – Mapa da Mesopotâmia .................................................................... 19
FIGURA 2 – Placa de argila com escrita cuneiforme ........................................... 19
FIGURA 3 – Tábua matemática babilônica chamada Plimpton ............................ 20
FIGURA 4 – Modificações provocadas pelo planejamento .................................. 27
FIGURA 5 – Níveis de decisão e tipos de planejamento ...................................... 28
FIGURA 6 – Desenvolvimento de planejamentos táticos ..................................... 30
FIGURA 7 – Ficha técnica .................................................................................... 50
FIGURA 8 – Gráfico do Ponto de Equilíbrio ......................................................... 52
FIGURA 9 – Tripé da análise ............................................................................... 54
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Tipos e níveis de planejamento nas empresas .............................. 31
QUADRO 2 – Análise SWOT ............................................................................... 41
QUADRO 3 – Custo mensal com mão de obra .................................................... 47
QUADRO 4 – Custos fixos mensais ..................................................................... 48
QUADRO 5 – Cálculo do investimento inicial ....................................................... 49
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ME Microempresa
EPP Empresa de Pequeno Porte
SEBRAE-NA Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Nacional
UGE/NA Unidade de Gestão Estratégica Nacional
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UECE Universidade Estadual do Ceará
NBC TG 1000 Norma Brasileira de Contabilidade – Técnicas Gerais
CFC Conselho Federal de Contabilidade
LC Lei Complementar
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
ABC Custeio Baseado nas Atividades
IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
COFINS Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social
PIS Programa de Integração Social
CPP Contribuição Patronal Previdenciária
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
PV Preço de Venda
PE Ponto de Equilíbrio
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa ..................................................................................................... 13
1.2 Objetivos ........................................................................................................ 14
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 14
1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 14
1.3 Metodologia .................................................................................................... 15
1.4 Organização do Trabalho ............................................................................... 17
2 HISTÓRIA DA CONTABILIDADE..................................................................... 18
3 IMPORTÃNCIA DO PLANEJAMENTO PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM EMPREENDIMENTO
3.1 Conceito ......................................................................................................... 25
3.2 Princípios do Planejamento ............................................................................ 26
3.3 Tipos de Planejamento ................................................................................... 27
3.4 Metodologia .................................................................................................... 33
3.5 Microempresas e Empresas de Pequeno Porte ............................................. 37
4 ELABORAÇÃO DE MODELO
4.1 Diagnóstico Estratégico .................................................................................. 39
4.1.1 Apresentação da empresa .......................................................................... 39
4.1.2 Informações sobre o empreendimento ........................................................ 41
4.2 Missão ............................................................................................................ 41
4.2.1 Missão da empresa Bolsa & Cia.................................................................. 41
4.3 Instrumentos Prescritivos e Quantitativos ...................................................... 42
4.3.1 Instrumentos Prescritivos ............................................................................ 42
4.3.2 Instrumentos Quantitativos .......................................................................... 44
4.3.2.1 Atribuições específicas de cada setor ...................................................... 44
4.3.2.1.1 Direção .................................................................................................. 44
4.3.2.1.2 Suprimentos .......................................................................................... 45
4.3.2.1.3 Financeiro .............................................................................................. 45
4.3.2.1.4 Marketing ............................................................................................... 46
4.3.2.1.5 Faturamento .......................................................................................... 46
4.3.2.1.6 Produção ............................................................................................... 46
4.3.2.2 Projeções ................................................................................................. 46
4.4 Controle e Avaliação ...................................................................................... 53
5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 57
APÊNDICE ........................................................................................................... 60
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
O presente trabalho visa demonstrar a importância da Contabilidade
durante o processo de Planejamento de uma Microempresa (ME) e Empresa de
Pequeno Porte (EPP).
Segundo pesquisas realizadas há quase 15 anos pelo Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Nacional (SEBRAE-NA), através da
Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional (UGE/NA), muitas empresas
encerram as suas atividades antes de completar o segundo ano de existência. Os
principais motivos seriam a falta de capital de giro, elevada carga tributária e falta de
clientes, além, claro, da burocracia como apontam alguns especialistas. Segundo o
Sebrae todos os estudos no Brasil e no mundo mostram que os dois primeiros anos
de atividade de uma nova empresa são os mais difíceis, o que torna esse período o
mais importante em termos de monitoramento da sobrevivência.
As Microempresas e Empresas de Pequeno Porte desempenham um
importante papel na economia do país, pois são responsáveis por mais da metade
dos empregos com carteira assinada no Brasil. Também são responsáveis por, pelo
menos, dois terços das ocupações existentes no setor privado da economia, sendo
condição indispensável para o desenvolvimento econômico do país, a sobrevivência
desses empreendimentos.
Outro fator que contribui para a mortalidade precoce de um
empreendimento é a falta de informações para o empresário que, sem o devido
conhecimento, acaba por não elaborar um planejamento de seus custos resultando
na atuação informal, ou seja, passa a não emitir notas fiscais e, consequentemente,
a não recolher os impostos. Segundo Júlio Durante, consultor tributário do Sebrae-
SP, “muitas das empresas consideradas inativas, na verdade, estão operando na
informalidade”. Ainda segundo Júlio Durante, a informalidade ocorre antes mesmo
do pagamento dos tributos.
14
A primeira dificuldade que o empresário tem é o próprio processo de abertura, principalmente no nível municipal. Muitas vezes eles têm o CNPJ e a inscrição estadual, mas quando começa o processo no município a falta de informação é tão grande que ele não sabe para quem recorrer e acaba não pedindo o registro municipal. (CHEMIN, Carolina. Inatividade forçada. Revista Sescon, nº 226, ano XX, maio 2008)
Desta forma, podemos verificar a importância e a necessidade de o
empreendedor adquirir conhecimentos que serão fundamentais para o
desenvolvimento de seu negócio, fazendo-o planejar antes de decidir e agir.
Todo empreendimento tem por principal objetivo auferir lucro. Entretanto,
para que esse objetivo seja alcançado, é essencial a utilização de diversas
ferramentas para compor o processo de tomada de decisão. Dentre as ferramentas
imprescindíveis para este processo se encontra a Contabilidade, que pode ser
considerada como a primordial para o bom desempenho de um negócio, pois este
dispositivo propicia as mínimas condições de planejamento para obtenção de um
bom resultado deste, do contrário torna-se apenas uma empresa sem memória e
sem identidade.
Durante muito tempo a Contabilidade foi vista apenas como um
instrumento utilizado para atender a diversas exigências burocráticas e legais. No
entanto, atualmente, esta ciência é vista de outra forma, sendo encarada como um
importante mecanismo de apoio à administração.
Diante do exposto, quais os instrumentos da contabilidade que auxiliam
no processo de planejamento de uma microempresa e empresa de pequeno porte?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar a importância da Contabilidade no processo de planejamento
estratégico de uma microempresa e empresa de pequeno porte, expondo os
instrumentos de que dispõe esta ciência para auxiliar em tal procedimento.
15 1.2.2 Objetivos Específicos
Apresentar a história da contabilidade verificando a evolução desta ciência ao longo do tempo.
Analisar a importância do planejamento para a implantação de um
empreendimento.
Identificar os tipos de empresas existentes verificando as formas de
classificação, com foco na classificação quanto ao porte, analisando a Lei
Complementar Nº 123, de 14 de dezembro de 2006 – Estatuto Nacional da
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.
Estruturar um modelo de plano de negócios para a implantação de uma
microempresa do ramo de bolsas e acessórios, dimensionando os custos iniciais e o
ponto de equilíbrio para o investimento.
1.3 Metodologia
Método, do Latim methodus cujo significado é caminho ou a via para a
realização de algo, ou seja, o método é o processo de que dispõe o pesquisador
para atingir os seus objetivos. Logo, a metodologia pode ser definida como o estudo
dos melhores métodos de pesquisa para o desenvolvimento de estudos.
A abordagem qualitativa é um método que nos permite utilizar o ambiente
ao redor como fonte de dados para pesquisa, não sendo necessário o uso de
ferramentas estatísticas de análise de dados, como em uma abordagem quantitativa,
mas permitindo, ainda assim, que a mesma se torne uma pesquisa
proeminentemente descritiva.
Segundo Almeida (2011 apud GODOY, 1995, p. 62) esse tipo de estudo
“tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como
instrumento fundamental”.
16
Para o Professor João José Saraiva da Fonseca, da Universidade
Estadual do Ceará (UECE), (2002 apud MINAYO, 2001, p14) a pesquisa qualitativa
“trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e nos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis”.
Logo, na pesquisa proposta, identificam-se características
predominantemente qualitativas.
A pesquisa bibliográfica baseia-se na utilização de publicações existentes,
através do levantamento de referências teóricas “já analisadas, e publicadas por
meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites”
(FONSECA, 2002 apud MATOS e LERCHE, p. 40) sobre o assunto que se deseja
estudar. Esse método de pesquisa é essencial na maioria dos trabalhos, pois,
geralmente, se parte de uma abordagem teórica para verificar, em seguida, o que
ocorre na prática. No entanto, “um estudo pode ser totalmente teórico, devendo
haver o cuidado de não construir um TCC que seja mera compilação de ideias de
alguns poucos autores. Deve ser algo mais relevante, em termos de construção de
ideias e conhecimentos”. (ALMEIDA, 2011, p. 33-34).
Outro processo a ser utilizado é a pesquisa documental. Este método se
assemelha bastante ao anterior, sendo difícil, em alguns momentos, distingui-los.
Entretanto, a pesquisa documental caracteriza-se pela análise de documentos
organizacionais, governamentais, documentos oficiais, relatórios de uma
organização, ou seja, recorre a fontes mais dispersas que a pesquisa bibliográfica.
O estudo de caso é um tipo de pesquisa que “permite observar e
compreender com profundidade a realidade de uma organização, grupo ou
indivíduo”. (ALMEIDA, 2011, p. 33-34). Para o Professor João José Saraiva da
Fonseca, “o estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva
interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos
participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar
uma perspectiva global, tanto quanta possível completa e coerente, do objeto de
estudo do ponto de vista do investigador”.
17
O trabalho será desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, através
da análise de livros, artigos científicos, monografias, dissertações e páginas em web
sites, que permitirão reunir várias contribuições teóricas sobre o objeto de estudo,
fornecendo subsídios suficientes para determinar quais os instrumentos da
contabilidade que auxiliam no processo de planejamento de uma microempresa e
empresa de pequeno porte. A pesquisa também se utilizará de instrumentos formais
como a Lei Complementar Nº 123, de 14 de dezembro de 2006 – Estatuto Nacional
da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, como também das Normas
Brasileiras de Contabilidade.
1.4 Organização do trabalho
Com base na metodologia a ser aplicada, o trabalho se encontra assim
distribuído:
No capítulo 1 se apresenta a introdução constituída do problema e
justificativa do trabalho, os objetivos gerais e específicos e a metodologia aplicada
no desenvolvimento do estudo.
O capítulo 2 abordará a história da contabilidade mostrando sua evolução
até o momento em que esta ciência passa a ser utilizada como um instrumento
essencial para a tomada de decisões.
Já o capítulo 3 explanará sobre a importância do planejamento no
processo de estruturação de uma empresa, enfatizando o planejamento estratégico
e a metodologia utilizada para sua implementação, como também os tipos de
empresas existentes, com foco nas microempresas e empresas de pequeno porte.
A elaboração do modelo de um plano de negócios será responsável pelo
momento final do trabalho, permitindo obter o máximo de informações possíveis a
respeito do objeto de estudo, com base nos dados e pesquisas utilizados nos
momentos anteriores.
2 HISTÓRIA DA CONTABILIDADE
A Contabilidade é uma ciência muito antiga, datando de milhares de anos
a.C. Sua história, de uma forma geral, pode ser dividida em quatro períodos
distintos: mundo antigo, mundo medieval, período moderno e científico.
A Contabilidade do Mundo Antigo marcou o surgimento dos primeiros
registros contábeis, realizados de forma rudimentar pelo homem primitivo através da
produção de pinturas e inscrições, ou seja, os bens que possuíam eram qualificados
por desenhos e quantificados através da utilização de sinais repetitivos como traços,
pontos entre outros. Também no Brasil há registros deixados pelos primitivos
habitantes, cuja comprovação da sua existência foi realizada através das pinturas e
incisões em lápides e cavernas.
Essa manifestação de “raciocínio lógico” do homem primitivo
demonstrando competência para distinguir os conceitos de “qualidade” e
“quantidade" foi identificada no período do Paleolítico Superior, período este
marcado pelo surgimento do Homo Sapiens, onde os homens se tornaram mais
uniformes e desenvolvidos culturalmente, e caracterizado pela rápida evolução
cultural.
O registro contábil pode ser considerado como a primeira manifestação racional expressa do homem, passagem do apenas emocional pictórico (arte) para a evidência mnemônica organizada (conta), e o Brasil possui provas inequívocas e abundantes de tal prática. (SÁ, 2008, p.14)
Entre os indícios do desenvolvimento do homem deve-se destacar a
herança deixada por dois povos distintos, os Sumérios e o Babilônios, que viveram
na região da Mesopotâmia por volta dos séculos V e I a.C.,
Os Sumérios eram excelentes arquitetos e construtores. Foram
responsáveis pela construção de cidades importantes como Ur, Nipur, Lagash e
Eridu, e também pela construção de um complexo sistema de controle de água dos
rios, já que a região estava localizada entre os rios Tigres e Eufrates, região esta
conhecida como “Crescente Fértil”, como mostra a Figura 1, pois era a mais fértil do
mundo antigo, onde hoje encontra-se o Iraque.
19
Figura 1: Mapa da Mesopotâmia (região onde atualmente se encontra o Iraque) Fonte: http://www.infoescola.com/historia/baixa-mesopotamia/
Além dessas características pode-se citar outra grande contribuição
desses povos que foi o desenvolvimento da escrita cuneiforme através da utilização
de placas de barros, onde a cunhavam. Muitas informações sobre este período da
história foram obtidas através da descoberta destas placas, conforme apresentada
na Figura 2, que continham os registros do cotidiano destes povos, e os registros
políticos, administrativos e econômicos da época.
Figura 2: Placa de argila com escrita cuneiforme Fonte: http://cienciaeducaoeecologia.blogspot.com.br/2010/10/escrita.html
20
A escrita cuneiforme também foi adotada pelos Babilônios, assim como o
sistema numérico decimal (base 10) e sexagesimal (base 60), sendo este último
herança dos Sumérios.
Os Babilônios possuíam grande conhecimento em diversas áreas como
arquitetura, agricultura, astronomia e direito, sendo considerados bastante
avançados para a época. Dentre as heranças deixadas por estes povos, cabe
salientar a sua importância para o desenvolvimento da Matemática que, com a
utilização de tábuas para auxiliar em muitos processos aritméticos, realizavam
operações de multiplicação, de quadrados, cubos e exponenciais, além da
geometria que era, por eles, relacionada com a mensuração prática, ou seja, a
marca principal da geometria era o seu caráter algébrico.
Como exemplo das tábuas matemáticas babilônicas destaca-se a
Plimpton, que consistia de três colunas com caracteres que continham ternas
pitagóricas, como mostra a Figura 3.
Figura 3: Tábua matemática babilônica chamada Plimpton Fonte: http://www.matematica.br/historia/babilonia.html
Em virtude de sua álgebra ser bem desenvolvida, resolviam com
facilidade equações quadráticas e discutiam algumas cúbicas (grau três) e algumas
biquadradas (grau quatro).
Essa fase da história teve sua origem com o surgimento das primeiras
civilizações, se prolongando até o século XII, quando iniciou-se o período da
Contabilidade no Mundo Medieval.
21
A Contabilidade do Mundo Medieval representou o crescimento e
aperfeiçoamento da Contabilidade em virtude do surgimento do capitalismo (séc. XII
e XIII). Esse desenvolvimento se deu basicamente na Itália, onde se estudavam
técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, entre outros, tornando o homem
mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros. Se a semente da
Contabilidade foi plantada pelos sumério-babilônios e regada pelos egípcios, o seu
cultivo e colheita foram realizados pelos italianos.
Este período ficou conhecido como a “Era Técnica”, pois foi marcado pelo
surgimento de grandes invenções como os moinhos de vento e o aperfeiçoamento
da bússola, o que favoreceu a expansão da navegação. Outros ramos que
mostraram evolução foram o da indústria artesanal e do comércio exterior.
O aperfeiçoamento da Contabilidade foi consequência natural das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa. (Gesbanha, 2013)
No final do século XIII surgiu pela primeira vez a conta Capital, que foi
criada para representar os recursos investidos nos empreendimentos pelos
proprietários.
A origem do método das partidas dobradas se deu na Itália, embora não
seja possível precisar em qual região. Seu surgimento implicou na necessidade da
adoção de livros que permitissem tornar a Contabilidade mais analítica, resultando
na criação do Livro da Contabilidade de Custos. No início do século XVI já era
possível encontrar registros de custos comercias e industriais em várias fases como:
custo de aquisição, de transporte e tributos; mão de obra direta; matéria-prima;
armazenamento; tingimento etc. A escrita já se fazia nos moldes atuais,
contabilizando os custos por fases separadamente (mão de obra direta, matéria-
prima e custos indiretos de fabricação), até que fossem transferidos ao exercício
industrial.
22
Com a necessidade da adoção e elaboração de livros para tornar a
Contabilidade mais analítica, surgiu a obra de Frei Luca Pacioli, Tratactus de
Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) no século XV,
marcando o início da fase moderna da Contabilidade. A obra expôs terminologias
adaptadas para determinar o que era reconhecido como devedor e o que era
reconhecido como credor, além de acrescentar que primeiro deve vir o devedor e
depois o credor, prática esta utilizada até os dias atuais.
Frei Luca Pacioli é considerado o pai da Contabilidade. Mas apesar do
título e da obra publicada sobre as partidas dobradas, não foi o criador do método.
Esta forma de contabilização já era utilizada na Itália, principalmente na Toscana,
desde o século XIV.
O Período Moderno representou a fase da pré-ciência e foi marcado por
três grandes eventos:
· A migração dos grandes sábios bizantinos, principalmente para a Itália,
em virtude da tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453;
· A descoberta da América e do Brasil em 1492 e 1500, respectivamente,
representando um enorme potencial de riquezas para os países
europeus;
· A reforma religiosa ocorrida em 1517, resultando na migração dos
protestantes perseguidos da Europa para as Américas onde se radicaram
e iniciaram nova vida.
Com a ocorrência de todas essas transformações, ocasionando o
surgimento de um Novo Mundo, a Contabilidade tornou-se uma necessidade para se
estabelecer no controle das inúmeras riquezas que seriam proporcionadas.
“A obra de Pacioli não só sistematizou a Contabilidade, como também
abriu precedente que para novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto.”
(Portal de Contabilidade, 2013)
23
Outra obra de Pacioli que merece destaque é Summa de Aritmética,
Geometria, Proportioni et Proporcionalitá, que foi impressa em Veneza e onde
constava o seu tratado sobre a Contabilidade e a Escrituração, tratado este que
destacava, inicialmente, o que seria necessário ao bom comerciante, conceituava
inventário, discorria sobre livros mercantis como memorial, diário e razão e sobre as
suas autenticações, apresentava registros de operações diversas, explicava como
corrigir erros, ensinava sobre arquivamento de contas e documentos, etc.
A obra de Pacioli abriu precedentes para que novas obras fossem escritas
sobre o assunto. A Itália tornou-se o berço da formalização da Contabilidade, pois na
época foi instaurada a mercantilização transformando suas cidades nos principais
interpostos do comércio mundial. O país também foi o primeiro a restringir à prática
da Contabilidade apenas às pessoas devidamente qualificadas para o exercício da
profissão
A Contabilidade no Mundo Científico foi marcada pelo surgimento da
Contabilidade Gerencial, através da criação das três escolas do pensamento
contábil:
· A Escola Lombarda, chefiada por Francesco Villa;
· A Escola Toscana, chefiada por Giusepe Cerboni; e
· A Escola Veneziana, chefiada por Fábio Bésta, que foi discípulo de
Francesco Villa.
Essas escolas passaram a estudar a Contabilidade como importante
ferramenta de auxílio para a tomada de decisão
Francesco Villa extrapolou os conceitos tradicionais da Contabilidade, ao
sugerir que esta ciência ia além da escrituração e guarda de livros. Para ele, a
Contabilidade implicava em conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e
as práticas que regem a matéria administrada, ou seja, o patrimônio.
No entanto, enquanto a Escola Europeia declinava por insistir no uso
excessivo da teoria e do método das partidas dobradas, o que tornou inviável o
desenvolvimento da contabilidade gerencial pela Europa, pois não se permitiam
pesquisas e estudos científicos, as escolas norte-americanas evoluíam utilizando
teorias, práticas e a interação entre acadêmicos e profissionais da área.
24
Foi a partir dessa evolução que passou-se a enxergar a Contabilidade
como uma ferramenta indispensável para a gestão de negócios, pois suas
informações iam além de simples cálculos de impostos e atendimentos de
legislações previdenciárias, comerciais e legais. Segundo Marion (2008, p. 26), “a
Contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a
tomada de decisões dentro e fora da empresa”.
Segundo Sérgio de Iudícibus:
A Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório. (IUDÍCIBUS, 2008)
Apesar de a Contabilidade Gerencial utilizar-se de temas de outras
disciplinas, ela se caracteriza por ser uma área contábil autônoma, pelo tratamento
dado a informação contábil, enfocando planejamento, controle e tomada de decisão,
e por seu caráter integrativo dentro de um sistema de informação contábil.
Todo empreendimento antes de ser iniciado precisa ser planejado. Para
entender melhor a função da Contabilidade Gerencial para a administração de um
negócio é preciso saber como estruturar, como planejar uma empresa. E é sobre a
importância do planejamento para a implantação de um empreendimento que trata o
próximo capítulo.
3 IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM
EMPREENDIMENTO 3.1 Conceito
O planejamento se faz importante como instrumento de gestão das
empresas.
Segundo Vasconcellos
Planejar é antecipar mentalmente uma ação ou um conjunto de ações a ser realizadas e agir de acordo com o previsto. Planejar não é, pois, apenas algo que se faz antes de agir, mas é também agir em função daquilo que se pensa. (Ebah, 2013).
O planejamento é uma peça-chave do cotidiano. Quando se executa a
rotina diária prevendo acontecimentos futuros, pesando os prós e contras de uma
situação, buscando tomar decisões acertadas para que os objetivos desejados
sejam alcançados, mesmo que de forma inconsciente, faz-se uso do ato de planejar.
Sendo assim, o planejamento é uma ferramenta indispensável para o sucesso de
um empreendimento e sua ausência é um dos principais responsáveis pelo
insucesso de pequenos negócios, cuja sobrevivência pode não superar os dois
primeiros anos.
De acordo com Oliveira
[...] o planejamento pode ser conceituado como um processo, [...], desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada, de um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa. (OLIVEIRA, D., 2008, p. 4)
Ainda conceituando o planejamento:
O planejamento é, ainda, um processo contínuo, um exercício que é executado pela empresa independentemente de vontade específica de seus executivos. Pressupõe a necessidade de um processo decisório que ocorrerá antes, durante e depois de sua elaboração e implementação na empresa. Esse processo de tomada de decisões na empresa deve conter, ao mesmo tempo, os componentes individuais e organizacionais, bem como a ação nesses dois níveis deve ser orientada de tal maneira que garanta certa confluência de interesses dos diversos fatores alocados no ambiente da empresa. (Portal Educação, 2013).
26
Segundo George Steiner, o planejamento pode ser analisado sob cinco
dimensões com abrangências específicas, conforme os aspectos básicos
apresentados abaixo:
A primeira dimensão faz referência ao assunto que se deseja abordar
como a melhoria na produção, lançamento de novo produto, as instalações da
empresa, ou seja, está relacionada às funções desempenhadas pela empresa.
Já a segunda dimensão está relacionada aos objetivos da instituição, isto
é, seus propósitos, normas e procedimentos, estratégias entre outros.
A terceira corresponde à condição temporal do planejamento, que pode
ser elaborado para alcançar resultados em curto, médio ou longo prazo.
As unidades organizacionais, onde o planejamento é elaborado, que pode
envolver o planejamento corporativo, planejamento de departamentos, de unidades
estratégicas de negócios, dentre outros, é a base da quarta dimensão.
Por fim, a quinta dimensão, que está relacionada às características do
planejamento, cuja representação pode ser complexa ou simples, em qualidade ou
quantidade, econômica ou cara, em nível estratégico, tático ou operacional etc.
3.2 Princípios do Planejamento
Além das dimensões apresentadas, Oliveira (2008) orienta que deve-se
estar atento e respeitar alguns princípios durante o processo de planejamento, para
que os resultados de sua operacionalização sejam os esperados. Os quatro
princípios gerais do planejamento a serem considerados são:
O princípio da contribuição aos objetivos que diz ser necessário
hierarquizar os objetivos estabelecidos para alcançá-los plenamente, sempre
observando a interligação entre eles.
O princípio da precedência do planejamento que está relacionado a uma
função administrativa que antecede as demais, como a função de direção e controle.
Ou seja, aparece no início do processo administrativo elevando o planejamento a
uma situação de maior importância durante este processo.
27
As modificações provocadas pelo processo de planejamento nas
características e atividades da empresa, conforme demonstrado na Figura 4, são
referenciadas no princípio das maiores influências e abrangências, cujas alterações
influem: sobre pessoas, implicando na necessidade de alterações no quadro de
funcionários através de transferências, mudanças de função, necessidades de
treinamento; sobre a tecnologia através da utilização de formas diferentes e mais
práticas de realizar o trabalho, como também da evolução do conhecimento para
desenvolvimento de habilidades; e sobre os sistemas, influenciando nos níveis de
autoridade, nas comunicações, nos procedimentos entre outros.
Figura 4: Modificações provocadas pelo planejamento Fonte: Planejamento Estratégico (OLIVEIRA, D., 2008, p. 7)
E por último, mas não menos importante, o princípio das maiores
eficiência, eficácia e efetividade, isto é, a busca pela maximização de resultados e
minimização das deficiências apresentadas nas empresas.
3.3 Tipos de Planejamento
As atividades de planejamento são resultados de decisões presentes
tomadas a partir da análise do impacto das mesmas no futuro, proporcionando uma
dimensão temporal de alto significado. “Essa interação otimizada e em tempo real
entre os vários modernos instrumentos administrativos é de elevada importância
para melhorar o processo decisório de executivos das empresas”. (OLIVEIRA, D.,
2008, p. 14).
28
Quando o processo de planejamento é inserido em ambiente empresarial,
sendo considerados todos os níveis hierárquicos, podem-se observar três tipos de
planejamento: o estratégico, o tático e o operacional.
Cada tipo de planejamento está relacionado a um nível da hierarquia, a
um nível de decisão que pode ser demonstrado numa pirâmide organizacional,
conforme a Figura 5:
Figura 5: Níveis de decisão e tipos de planejamento Fonte: Planejamento Estratégico (OLIVEIRA, D., 2008, p. 15)
Segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva, o planejamento estratégico pode ser
conceituado “como o conjunto de objetivos, finalidades, metas, diretrizes
fundamentais e planos para atingir esses objetivos, coordenado de forma a definir
em que atividade se encontra a empresa, que tipo de empresa ela é ou deseja ser”.
(OLIVEIRA, L.; PEREZ JR; SILVA, 2011 p. 30)
Conforme Kotler, “o planejamento estratégico é uma metodologia
gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando
maior grau de interação com o ambiente". (Ebah, 2013).
Já Peter Drucker diz que o planejamento estratégico “não diz respeito a
decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes”. (Ebah, 2013).
29
Logo, pode-se concluir que o planejamento estratégico é o processo
administrativo através do qual se estabelece a melhor direção a ser seguida pela
instituição, considerando todas as condições internas e externas e a evolução dos
resultados desejados. Esse processo, geralmente, é de responsabilidade dos mais
altos níveis hierárquicos da empresa, pois está relacionado à formulação dos
objetivos e escolha dos cursos de ação a seguir para sua realização, além de
considerar as premissas que a empresa deve respeitar, como um todo, para que o
processo tenha coerência.
Os executivos devem dar a máxima importância ao processo de
planejamento estratégico, pois durante o desenvolvimento desse sistema são
considerados todos os aspectos essenciais para o sucesso da empresa, como a
solução de problemas básicos causados pela concorrência, a busca por novas
oportunidades, a prevenção contra as possíveis ameaças, entre outros. A
participação de todo o nível hierárquico de chefia na definição das políticas,
estratégias, metas, objetivos e análise crítica é imprescindível para obter sinergia
das diferentes percepções, conhecimentos e habilidades dos gestores.
O planejamento em seu nível tático é conceituado por Oliveira como “a
metodologia administrativa que tem por finalidade otimizar determinada área de
resultado e não a empresa como um todo”. (OLIVEIRA, D., 2008, p. 19). Este
conceito é compartilhado por outros autores, como Chiavenato (2004), que
determina a abrangência do planejamento tático à parte da organização como um
departamento ou divisão, sendo desenvolvido pelo nível intermediário e com prazo
de duração de, aproximadamente, um ano.
Em resumo entende-se que o planejamento tático é desenvolvido pelos
níveis organizacionais intermediários sendo de sua responsabilidade a adoção do
melhor método a ser utilizado para otimizar determinada área do resultado a ser
atingir. Neste processo, as estratégias, políticas e objetivos estabelecidos no
planejamento estratégico são decompostos sendo adotada a metodologia adequada
para atingir cada etapa, através da utilização eficiente dos recursos disponíveis.
30
Na Figura 6 pode-se visualizar uma sistemática de desenvolvimento do
planejamento tático:
Figura 6: Desenvolvimento de planejamentos táticos Fonte: Planejamento Estratégico (OLIVEIRA, D., 2008, p. 19)
“A formalização, principalmente através de documentos escritos, das
metodologias de desenvolvimento e implantação de resultados específicos a serem
alcançados pelas áreas funcionais da empresa” é a definição de planejamento
operacional segundo Oliveira (2008, p. 20). Ainda segundo o autor esse
planejamento é elaborado, geralmente, pelos níveis hierárquicos inferiores, pois está
ligado diretamente as atividades básicas de rotina executadas na empresa. É nessa
situação que se tem, basicamente, os planos operacionais ou planos de ação.
Para Maximiano o planejamento operacional refere-se ao planejamento
dos meios e recursos a serem utilizados para realização dos objetivos propostos.
31
Segundo Chiavenato o planejamento operacional está relacionado à
criação de objetivos e estratégias para unidades operacionais individuais num curto
intervalo de tempo, geralmente inferior a um ano. Por ser a sua elaboração e
execução de responsabilidade dos níveis inferiores, podem dispor da participação
direta dos trabalhadores através da determinação de metas para cada setor.
Após a análise dos tipos de planejamento, pode-se concluir que o
planejamento estratégico está relacionado com objetivos de longo prazo, cujas
metas, políticas e estratégias estabelecidas para alcançá-los afetam a empresa
como um todo, ao passo que os planejamentos táticos e operacionais estão
relacionados a objetivos de curto prazo, cujas ações afetam apenas parte da
empresa.
No Quadro 1 encontram-se alguns exemplos dos tipos de planejamento:
Tipo Nível
Planejamento estratégico Estratégico
Planejamento mercadológico
Planejamento financeiro
Planejamento da produção
Planejamento de recursos humanos
Planejamento organizacional Tático
Plano de preços e produtos Plano de despesas Plano da capacidade
de produção
Plano de recrutamento e seleção
Plano diretor de sistemas
Operacional
Plano de promoção Plano de investimentos
Plano do controle de qualidade Plano de treinamento Plano de estrutura
organizacional
Plano de vendas Plano de compras Plano de estoques Plano de cargos e salários
Plano de rotinas administrativas
Plano de distribuição
Plano de fluxo de caixa
Plano de utilização de mão de obra Plano de promoções Plano de informa-
ções gerenciais
Plano de pesquisas de mercado Plano orçamentário Plano de expedição
de produtos Plano de capacitação interna
Plano de comunicações
Quadro 1: Tipos e níveis de planejamento nas empresas Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Machado, 1979, p. 5
Ainda conforme os tipos de planejamento pode-se observar que a adoção
de apenas um tipo é insuficiente para vislumbrar os resultados almejados, ou seja,
utilizar o planejamento estratégico de forma isolada, por exemplo, pode resultar em
uma situação nebulosa, uma vez que os objetivos de longo prazo estabelecidos não
irão dispor de ações imediatas que o operacionalizem. Desta forma, faz-se
necessário implantar os planejamentos táticos e operacionais de forma integrada
para suprir essa carência.
32
No entanto, o planejamento estratégico é o primeiro passo para se
analisar em negócio verificando todas as suas necessidades e metas. De posse dos
resultados dessa análise é que se faz uso dos outros tipos de planejamento para
ultrapassar os obstáculos e atingir os objetivos pré-estabelecidos.
Para entender melhor a importância da adoção do planejamento
estratégico em uma empresa, alguns autores orientam sobre a metodologia utilizada
para sua elaboração e implementação. Não existe um método universal, pois as
empresas diferem em vários aspectos como tamanho, tipos de operações, filosofia,
estilo administrativo, forma de organização entre outros. Entretanto, a metodologia
apresentada poderá e deverá ser adaptada às condições e realidades internas e
externas da empresa.
Antes de determinar qual o método adequado, se faz necessário
estabelecer o que a empresa deseja do planejamento estratégico. Muitos gestores
adotam a análise SWOT como base para suas expectativas. A análise SWOT é um
importante instrumento que consiste em recolher dados importantes que
caracterizam o ambiente interno e o ambiente externo da instituição. A sigla SWOT é
inglesa e formada pelos termos Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas),
Oportunities (oportunidades) e Threats (Ameaças). Não há registros precisos sobre a
sua origem e há discordâncias entre alguns estudiosos com relação ao criador desta
matriz. Publio credita a dois professores da Harvard Business School, Kenneth
Andrews e Roland Cristensen, o desenvolvimento da matriz SWOT. Já Tarapanoff
defende que esta técnica já era utilizada há mais de dois mil anos. Divergências à
parte, o método é bastante utilizado no planejamento estratégico de qualquer
empreendimento, seja ele uma microempresa ou até uma multinacional, por ser um
sistema simples e de fácil entendimento.
Utilizando essa forma de análise a empresa pode:
· Conhecer e melhor utilizar os pontos fortes, ou seja, o diferencial que
possui e que lhe proporciona vantagem perante o ambiente empresarial
como a qualidade do produto ofertado, a qualidade do serviço prestado
entre outros;
33
· Conhecer os pontos fracos que ocasionam desvantagens perante o
ambiente empresarial, promovendo adequações ou até mesmo a
eliminação desses pontos como altos custos de produção, instalações
inadequadas etc;
· Conhecer e usufruir de forma mais satisfatória das oportunidades
existentes como ampliação do mercado em que atua, mix de produtos
para atender diversas clientelas;
· Conhecer as ameaças que podem se tornar obstáculos para os objetivos
almejados como a concorrência, por exemplo.
Além dos conhecimentos adquiridos com a análise SWOT, os gestores
também devem considerar “a explicitação dos objetivos e das metas a serem
alcançados [...], incluindo as maneiras de desenvolver as estratégias e ações
necessárias à concretização do processo, respeitando determinadas políticas ou
orientações de atuação”. (OLIVEIRA, D., 2008, p. 39)
Para Oliveira (2008, p. 39), “o conhecimento detalhado de uma
metodologia de elaboração e implementação do planejamento estratégico nas
empresas propicia ao executivo o embasamento teórico necessário para otimizar
sua aplicação”. O conhecimento teórico é essencial para orientar as transformações
necessárias, pois o conhecimento adquirido permite realizar adaptações a cada
mudança de cenário. Ainda segundo Oliveira (2008 apud URWICK, 1952, p. 26)
“nada podemos fazer sem a teoria. Ela sempre denotará a prática por uma simples
razão: a prática é estática”.
3.4 Metodologia
Alguns teóricos orientam que o planejamento estratégico abrange três
dimensões operacionais: delineamento, elaboração e implementação. E que existem
duas possibilidades a serem consideradas na metodologia para analisar a empresa
como um todo antes de iniciar os trabalhos:
· Primeiramente se faz necessário definir aonde se quer chegar para
depois estabelecer como a empresa está para chegar onde se quer;
34
· Primeiramente se define como se está para em seguida estabelecer
aonde se quer chegar.
Os estudiosos também determinam que a metodologia deva ser realizada
em etapas, cuja ordem de aplicação pode divergir entre os mesmos, porém
buscando o mesmo objetivo.
Para Oliveira, Perez Jr. e Silva (2011) as fases para a elaboração do
plano estratégico são: determinação da missão da empresa; análise ambiental;
estabelecimento de diretrizes e objetivos estratégicos; determinação das estratégias;
e avaliação dessas estratégias.
Já Costa determina que a implantação da gestão estratégica deva passar
por cinco grandes etapas: preparação; workshop, onde são formulados os
propósitos da instituição contemplando a visão, a missão e os princípios e valores;
detalhamento; implantação; revisão.
Oliveira (2008) faz a seguinte distribuição das fases básicas para a
elaboração e implementação do planejamento estratégico: diagnóstico estratégico;
missão da empresa; instrumentos prescritivos e quantitativos; e controle e avaliação.
Apesar das diferenças na forma de orientar a execução do planejamento,
pode-se perceber que a essência dos estudos elaborados é a mesma.
Para fins de demonstração da aplicação da metodologia para a
elaboração do planejamento estratégico, o presente trabalho adotará os estudos
desenvolvidos pelo autor Djalma Oliveira.
O desenvolvimento do planejamento inicia-se com o diagnóstico
estratégico, onde se define como a empresa está para alcançar seus objetivos. Para
isso, são analisados todos os aspectos inerentes à realidade interna e externa da
empresa através de cinco etapas básicas:
· Identificação da visão, onde se determina quais as expectativas e desejos
dos principais responsáveis pelo negócio em futuro próximo ou distante;
· Identificação dos valores, onde se verifica o conjunto de princípios,
crenças e questões fundamentais que influenciam na tomada das
principais decisões;
35
· Análise externa, onde são verificadas as ameaças e oportunidades no
meio empresarial;
· Análise interna, onde se verificam os pontos fracos e fortes da empresa;
· E análise de concorrentes, que apesar de estar contida na análise externa
merece maior detalhamento, pois seu resultado propicia a identificação de
vantagens competitivas tanto para a própria empresa, como para as
concorrentes.
A fase da missão da empresa é responsável por estabelecer a razão de
ser desta. Durante esta etapa se determina o motivo central de sua existência.
Segundo Oliveira (2008 apud KOTLER, 1980, p. 83) a missão da empresa deve ser
definida em termos de satisfazer alguma necessidade do ambiente externo, e não
em termos de oferecer algum produto ou serviço ao mercado. É também durante
essa fase que são definidos os propósitos, através da análise dos setores em que a
empresa atua ou pode atuar, com base na missão já estabelecida.
O desenvolvimento de cenários é considerado uma terceira etapa da fase
da missão. Sua utilização permite ao executivo vislumbrar situações que retratem o
empreendimento desde o momento atual até uma situação futura, analisando
eventos diversos durante sua evolução.
E por fim tem-se o estabelecimento da postura estratégica que
corresponde à maneira como a empresa se posiciona em seu ambiente para
alcançar seus propósitos.
Na terceira fase da implementação se estabelece como chegar à situação
desejada através da utilização de dois instrumentos que se encontram perfeitamente
interligados: instrumentos prescritivos e instrumentos quantitativos. Na etapa dos
instrumentos prescritivos são estabelecidos os objetivos, os desafios, as metas, a
estratégia e, principalmente, a política adotada que será responsável pela definição
dos parâmetros e orientações para a tomada de decisões.
36
Já na etapa dos instrumentos quantitativos são consideradas as
projeções econômico-financeiras elaboradas com base na estrutura organizacional
da empresa. Nesta etapa o desenvolvimento de um planejamento orçamentário é
instrumento imprescindível, pois consolida os aspectos de realizações da empresa
no que diz respeito a receitas, despesas e investimentos, e está inserido no
processo decisório diariamente. Nesta fase também devem ser projetados um fluxo
de caixa e um balanço para auxiliar nas decisões. É durante essa etapa que se
identifica o momento inicial da utilização da contabilidade gerencial no planejamento
estratégico.
O uso da Contabilidade se torna mais presente na última etapa para
implantação do planejamento estratégico. Na fase de controle e avaliação, a
utilização de relatórios contábeis para verificação de como a empresa está indo é
essencial, pois permite avaliar a eficiência e eficácia da ação através da comparação
do desempenho real com o projetado, ocasionando a tomada de ações corretivas.
Essa etapa também envolve os processos de estabelecimento e análise de
indicadores de desempenho, e a avaliação da relação custos versus benefícios.
Para que essa fase possa produzir os efeitos desejados é essencial um sistema
contábil e de controle interno eficiente. A existência de um controle permanente é
ferramenta primordial para o sucesso de qualquer empreendimento.
Para Oliveira, Perez Jr. e Silva (2011 apud Conselho Federal de
Contabilidade – CFC, 2000, p. 140), o sistema contábil e de controles internos
compreende o plano de organização e o conjunto integrado de métodos e
procedimentos adotados pela entidade na proteção de seu patrimônio, promoção da
confiabilidade e tempestividade de seus registros e demonstrações contábeis e de
sua eficácia operacional. A ausência desses sistemas pode ocasionar problemas
diversos como frequentes erros provocando desperdícios, no caso dos controles
internos, e conclusões errôneas e prejudiciais para a tomada de decisões, no que se
refere a informações contábeis fornecidas de forma distorcidas.
Como foi visto, a metodologia utilizada para implementar o planejamento
estratégico não é universal, permitindo adaptações de acordo com o tipo, a realidade
e porte de cada empresa.
37 3.5 Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
Alguns autores mostram os mais variados conceitos para definir o que
seria uma empresa:
Conforme Fabretti:
Empresa é a unidade econômica organizada, que combinando capital e trabalho, produz ou faz circular bens ou presta serviços com finalidade de lucro. Adquire personalidade jurídica pela inscrição de seus atos constitutivos nos órgãos de registro próprio, adquirindo dessa forma capacidade jurídica para assumir direitos e obrigações. A empresa deve ter sua sede, ou seja, deve ter um domicílio, local onde exercerá seus direitos e responderá por suas obrigações. (FABRETTI, 2011)
Conforme Crepaldi:
Uma empresa é uma associação de pessoas para a exploração de negócio que produz e/ou oferece bens e serviços, com vistas, em geral, à obtenção de lucros. Ela pode ser particular, governamental ou de economia mista, além de poder ter diferentes formas jurídicas (CREPALDI, 2008, p.34)
Em suma, pode-se concluir que empresa é uma unidade econômica
organizada com o objetivo de auferir lucro.
Há vários tipos de empresas que podem ser classificadas de acordo com
o setor econômico (comercial, industrial, rural ou prestadora de serviços), pela forma
jurídica (Empresa Individual, Sociedade Limitada e Sociedade Anônima) e pelo porte
(Microempresa e Empresas de Pequeno, Médio e Grande Porte).
O presente estudo será direcionado para as Microempresas - MEs e
Empresas de Pequeno Porte – EPPs.
Segundo o artigo 3º, incisos I e II, da Lei Complementar Nº 123, de 14 de
dezembro de 2006 (LC 123/06, art. 3º), as Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte podem ser assim definidas:
Art. 3º_ (...), consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
I - no caso da microempresa aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e
38
II - no caso da empresa de pequeno porte aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).
Conforme determina a Lei Complementar Nº 123, a principal característica
das MEs e EPPs é a receita bruta obtida em cada ano-calendário. Ainda segundo a
legislação, a receita bruta pode ser definida como “o produto da venda de bens e
serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o
resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os
descontos incondicionais concedidos.” (LC 123/06, art. 3º, § 1º).
Mas para que esta receita seja alcançada e o objetivo da obtenção do
lucro seja atingido, faz-se necessário utilizar ferramentas e desenvolver estratégias
que otimizem as chances de sucesso. É nesse momento que se torna viável a
utilização do planejamento estratégico com o auxílio da Contabilidade.
A decisão por qual tipo de empresa desenvolver também faz parte de um
estudo contábil que visa benefícios fiscais através do recolhimento de impostos e
contribuições a alíquotas reduzidas perante a legislação geral, ou seja, a utilização
do planejamento tributário na implementação de uma organização é de vital
importância para a sua sobrevivência.
A LC 123/06, em seu artigo 1º, disciplina que as MEs e EPPs são
submetidas a um tratamento diferenciado no que se refere à apuração e
recolhimento dos impostos e contribuições, mediante regime único de arrecadação
denominado Simples Nacional. Este regime permite que o recolhimento mensal de
todos os impostos e contribuições incidentes sobre as atividades da organização
sejam recolhidos em documento único com alíquotas diferenciadas das aplicadas as
demais empresas, com incidência apenas sobre a receita bruta auferida
mensalmente.
Desta forma, nota-se que o planejamento estratégico e a Contabilidade
são elementos essenciais e complementares entre si para implantação e o
desenvolvimento de uma organização. A importância dessas duas ferramentas será
evidenciada durante a elaboração de um modelo de plano de negócios a ser
apresentado no próximo capítulo.
4 ELABORAÇÃO DE MODELO
O presente trabalho foi elaborado com o intuito de demonstrar a relevante
contribuição da Contabilidade durante o processo de planejamento de uma ME e
EPP. Dispondo do embasamento teórico apresentado, este capítulo se propõe a
demonstrar um procedimento para elaboração de um plano de negócios de uma
pequena empresa do ramo de bolsas e acessórios, partindo de uma pesquisa
descritiva e aplicada, com o objetivo de oferecer conhecimentos teóricos e práticos
no processo de constituição de um empreendimento.
Conforme cartilha elaborada pelo Sebrae:
“um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os objetivos de um negócio e quais passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados, diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de negócio permite identificar e restringir seus erros no papel, ao invés de cometê-los no mercado”. (SEBRAE, 2007)
A utilização de um plano de negócios bem elaborado permite prever
potenciais obstáculos que possam vir a interferir no sucesso do empreendimento,
ofertando alternativas para solucionar os problemas, além de apresentar os
caminhos para alcançar os objetivos a que se propõe.
4.1 Diagnóstico Estratégico
A primeira etapa da elaboração do planejamento de uma empresa é
responsável pela realização de uma análise de todos os aspectos inerentes à
realidade interna e externa da mesma.
4.1.1 Apresentação da Empresa
A empresa de pequeno porte, objeto de estudo deste trabalho, surge com
o objetivo principal de produzir e comercializar bolsas visando atender, inicialmente,
o público feminino adulto e infanto-juvenil da classe “C”.
40
A ideia de atuar no ramo de bolsas resulta da oportunidade verificada a
partir de estudos que indicaram positivas transformações neste segmento ao longo
do tempo. A utilização de materiais diversos na fabricação dos mais variados
modelos, inclusive o uso de elementos recicláveis, aproveitando o momento de
conscientização pela sustentabilidade, permite expandir o negócio tornando-o
competitivo e promissor perante o mercado.
Através desses estudos também foi possível verificar que os preços
sofrem grande variação devido à diversidade de produtos e à localização do ponto
de venda, influenciando diretamente na lucratividade do empreendimento.
Com o nome fantasia Bolsa & Cia, a empresa se propõe a desenvolver
parcerias com lojas de moda feminina em pequenos shoppings localizados no centro
da capital e região metropolitana, cuja localização privilegiada da fábrica torna
acessível o deslocamento para as duas regiões, e com lojas de brindes e de artigos
promocionais ampliando a área de atuação.
A responsabilidade social também compõe os projetos do
empreendimento. Como forma de promover o desenvolvimento econômico da região
onde irá atuar, priorizará a contratação de trabalhadores residentes nos arredores da
organização, como também incentivará a criação de uma cooperativa de matérias
recicláveis promovendo a melhoria na qualidade de vida dos catadores da área, e
constituindo uma relação entre fornecedor e cliente, uma vez que alguns produtos
serão fabricados com a utilização de materiais oriundos de produtos recicláveis.
Todo o projeto baseia-se na experiência do proprietário que atua no ramo
há alguns anos e vem acompanhando a evolução do setor ao longo da última
década, entendendo que o momento é bastante propício para a instalação do
empreendimento. Para chegar a essa conclusão foi necessário realizar estudos
compostos por pesquisa de preços, mix de produtos, tendências do mercado,
concorrência, fornecedores e clientela.
Utilizando-se da análise SWOT foi possível determinar os pontos
favoráveis e os pontos críticos, que nortearão a instalação da instituição.
41
Análise SWOT – Bolsa & Cia
Ambiente
Interno
Pontos Fortes
- Experiência do proprietário
- Mix de produtos
- Localização
Pontos Fracos - Falta de experiência dos funcionários do setor produtivo
Ambiente
Externo
Oportunidades
- Evolução do mercado
- Desenvolvimento de parcerias com lojas de moda feminina,
lojas de brindes e artigos promocionais.
Ameaças - Concorrência
Quadro 2: Análise SWOT Fonte: Elaborado pelo autor
4.1.2 Informações sobre o empreendimento
Razão Social: José Fábio do Nascimento – EPP
Nome Fantasia: Bolsa & Cia
CNPJ: 07.965.051/0001-62
Endereço: Rua Mário de Andrade esquina com Rua Papi Júnior, s/n
Bairro: Bela Vista – Fortaleza (CE) CEP: 60.310-415
4.2 Missão
Nesta segunda fase se estabelece a razão de ser da empresa, ou seja, se
determina o motivo central de sua existência. Essa resolução baseia-se nos estudos
realizados durante a etapa do diagnóstico estratégico, onde se define como a
empresa está para alcançar os seus objetivos.
4.2.1 Missão da empresa Bolsa & Cia
Com base nos resultados obtidos, chegou-se a seguinte missão:
“Atender com excelência o cliente, disponibilizando bolsas e acessórios
completamente alinhados aos seus interesses”.
42 4.3 Instrumentos Prescritivos e Quantitativos
4.3.1 Instrumentos Prescritivos
Após as análises iniciais, e definição da missão da empresa, faz-se
necessário estabelecer os objetivos, os desafios, as metas, a estratégia e,
principalmente, a política a ser adotada para definir os parâmetros e orientações
para a tomada de decisões.
Como a Bolsa & Cia se encontra em processo de implantação, sua
principal estratégia se baseará na busca por uma participação no mercado que a
coloque em patamar de igualdade com os demais concorrentes, através da
qualidade dos produtos e serviços ofertados, durante o primeiro ano de existência.
Para isso, a Bolsa & Cia compromete-se com:
· O cumprimento da legislação aplicável à organização, como também com
os acordos e princípios subscritos;
· A garantia no atendimento aos requisitos do cliente, praticando preços
acessíveis e ofertando produtos de qualidade;
· A promoção de um ambiente de trabalho adequado e seguro prevenindo
doenças e lesões;
· A busca pela melhoria contínua de todas as atividades e processos
garantindo a excelência dos produtos e serviços e promovendo a
satisfação dos clientes, fornecedores, gestores e funcionários.
Estabelecer parâmetros para seguir a estratégia e políticas definidas para
a empresa é essencial durante o processo de planejamento do negócio. Desta
forma, foram traçados os seguintes objetivos:
· Controle dos custos operacionais;
· Treinamento de funcionários;
· Controle de qualidade dos produtos;
· Relacionamento com fornecedores e parceiros;
· Pontualidade na entrega.
43
Através dos objetivos foram estabelecidas as seguintes metas:
· Realizar planejamento de compras acompanhando e controlando o
estoque, como também conscientizar os funcionários sobre o manuseio
correto e responsável de materiais e ferramentas evitando desperdício,
durante o período de um ano;
· Treinar funcionários capacitando-os para a prestação de serviços de
qualidade, tanto com relação à fabricação dos produtos, como no
atendimento a fornecedores e, principalmente, a clientes, durante o
período de um ano;
· Contratar ou capacitar um funcionário para administrar o setor de
produção, com o intuito de tornar a operação menos dependente do
proprietário. O funcionário designado deverá ter postura de liderança e
capacidade para tomar decisões, sendo uma de suas funções a
conferência dos produtos após finalização do processo produtivo,
garantido a qualidade necessária para atender às exigências do mercado
consumidor, durante o período de um ano;
· Elaborar estratégias de relacionamento com fornecedores para aquisição
dos materiais, garantido um controle eficiente de estoque e evitando
compras emergenciais, como também estudar parcerias com lojas de
brindes e artigos promocionais ampliando a sua linha de produtos e
mercado de atuação, durante o período de um ano;
· Realizar a entrega dos produtos no prazo estabelecido, gratificando o
empenho dos funcionários através de programas de participação nos
resultados.
O desenvolvimento de uma estratégia de marketing promovendo a
divulgação dos produtos e serviços através da internet por meio de site próprio e
também nas redes sociais será mais um diferencial ofertado pela organização, que
terá como principal desafio conquistar uma parcela do mercado que a coloque em
patamar de igualdade com as principais lojas do ramo.
44 4.3.2 Instrumentos Quantitativos
Nesta etapa do planejamento são elaboradas as projeções econômico-
financeiras com base na estrutura organizacional da empresa. Para desenvolver
essas projeções é preciso conhecer a estrutura física e as atribuições específicas de
cada setor verificando as necessidades de móveis, equipamentos, veículos, quadro
de funcionários e materiais. O Apêndice A apresenta como a empresa será
fisicamente estruturada.
4.3.2.1 Atribuições específicas de cada setor
4.3.2.1.1 Direção
A administração geral da empresa será realizada pelo proprietário e
exercida de forma centralizadora. Será de sua responsabilidade o controle e a
gerência de todos os departamentos da empresa, a tomada de decisões finais e em
especial a orientação e o comando das atividades ligadas ao financeiro, marketing e
gerência de produção, tendo no setor de marketing a assessoria para novos
planejamentos. Também caberá ao gestor analisar os relatórios de produção,
orientando o gerente da área no controle dos processos de fabricação, realizar os
pagamentos e participar da seleção de funcionários entrevistando os candidatos.
4.3.2.1.2 Suprimentos
O setor de suprimentos disponibilizará de um funcionário que será
responsável por elaborar orçamentos dos materiais e contatar fornecedores para
coleta de preços, sendo necessária a aprovação do gestor para finalizar o processo
de compras. Ao receber o material deverá proceder com a conferência e registro no
sistema, encaminhando a nota fiscal ao setor financeiro para providências do
pagamento. O controle do estoque de matérias-primas, administrando a entrada e
saída dos materiais e a organização do ambiente evitando desperdícios e perdas,
será outra atividade exercida por este profissional.
45 4.3.2.1.3 Financeiro
O setor financeiro possuirá dois funcionários que serão responsáveis
pelos recebimentos e pagamentos.
O funcionário do contas a receber ficará encarregado de recepcionar as
informações das vendas realizadas, arquivando as notas fiscais e encaminhando-as
ao escritório de contabilidade, mensalmente. Também será de sua competência o
recebimento dos pagamentos efetuados pelos clientes, providenciando o depósito
dos valores recebidos em espécie. No caso das vendas a prazo, emitirá borderô de
cobrança para o banco que, por conseguinte, expedirá os boletos bancários e
enviará diretamente para os clientes. Através do controle dos vencimentos dos
clientes verificará a existência de inadimplência efetuando a cobrança e/ou
negociação a fim de resgatar os recebimentos em atraso.
O funcionário de contas a pagar terá como atribuições a recepção das
notas fiscais de compras, arquivando-as e encaminhando-as mensalmente à
contabilidade, como também providenciando o pagamento aos fornecedores,
registrando no sistema toda a movimentação realizada. Também realizará o
acompanhamento e providenciará o agendamento do pagamento dos salários,
impostos, contribuições, e de todas as despesas e custos operacionais essenciais
para o funcionamento da organização.
4.3.2.1.4 Marketing
O departamento de marketing será provido de um profissional que
responderá pela elaboração de estratégias para divulgação do produto nos meios de
comunicação escritos e eletrônicos, bem como acompanhamento de todos os
procedimentos inerentes à execução da referida tarefa. O contato com os clientes,
principalmente, no pós-venda para avaliar o nível de satisfação dos mesmos, será
mais uma de suas atribuições.
46 4.3.2.1.5 Faturamento
Ao funcionário do setor de faturamento caberá realizar o cadastro de
clientes analisando, junto ao mercado, o histórico dos mesmos para fins de liberação
do crédito antes da venda, como também, a efetivação da venda, tanto no varejo
como no atacado, finalizando o processo, emitindo a nota fiscal e encaminhando
toda a documentação alusiva à venda, para o setor financeiro onde o cliente
efetuará o pagamento.
4.3.2.1.6 Produção
À produção, caberá a incumbência de fabricar os produtos solicitados no
prazo estabelecido, com a qualidade desejada. Para atender a demanda inicial
serão necessários onze funcionários sendo, dentre estes, um treinado para
administrar o setor coordenando todo o processo produtivo.
Após definir a estrutura organizacional da empresa, especificando as
atribuições de cada departamento, torna-se possível elaborar projeções estimando a
necessidade de recursos para manter o funcionamento do negócio.
4.3.2.2 Projeções
As projeções são elaboradas com a finalidade de fornecer ao
empreendedor, previsões dos recursos que o mesmo deverá dispor para iniciar seu
negócio, assim como para mantê-lo ao longo de sua continuidade.
Não existem fórmulas ou métodos preestabelecidos para estimar os
recursos necessários. No entanto, é aconselhável dispor do auxílio de um
profissional para o desenvolvimento desta etapa.
47 Durante esta fase, a utilização da Contabilidade de Custos é um recurso
imprescindível para a elaboração de orçamentos e outras formas de previsões que
irão auxiliar na tomada de decisões. Segundo Martins (2008), a Contabilidade de
Custos, inicialmente, era vista apenas como uma forma de os contadores resolverem
seus problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado. Entretanto,
com o crescimento das empresas, e com o consequente aumento da distância entre
administrador e as pessoas e ativos administrados, esse ramo passou a ser
encarado como uma eficiente forma de auxílio à gestão. “O conhecimento dos
custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não rentável,
se é possível reduzi-los (os custos)”. (MARTINS, 2008, p. 22).
Uma das projeções essenciais para estabelecer o recurso total
necessário, refere-se à fixação do custo mensal com mão de obra, conforme
apresentado no Quadro 3. Embasado na estrutura organizacional previamente
estabelecida, é possível elaborar o quadro de funcionários e obter, através de
pesquisas, uma média dos salários praticados pelo mercado para cada função.
CUSTOS COM MÃO DE OBRA
FUNÇÃO SALÁRIO QUANTIDADE VALOR MENSAL (R$)
*ENCARGOS (%)
ENCARGOS (R$)
VALOR TOTAL (R$)
Comprador 1.000,00 1 1.000,00 8% 80,00 1.080,00 Assistente Financeiro 900,00 2 1.800,00 8% 144,00 1.944,00
Assistente de Marketing 1.000,00 1 1.000,00 8% 80,00 1.080,00
Assistente de Vendas 900,00 1 900,00 8% 72,00 972,00
Gerente de Produção 1.200,00 1 1.200,00 8% 96,00 1.296,00
Costureiro 800,00 3 2.400,00 8% 192,00 2.592,00 Auxiliar de Produção 700,00 7 4.900,00 8% 392,00 5.292,00
TOTAL 14.256,00 * 8% sobre a folha, pois a empresa é optante pelo Simples Nacional.
Quadro 3: Custo mensal com mão de obra Fonte: Elaborado pelo autor
48
Como a empresa é optante pelo Simples Nacional, os encargos sociais
incidentes sobre a folha de salários importam apenas o percentual do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) que é retido do empregado, e o percentual de 8%
referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), cujo recolhimento é
de responsabilidade do empregador.
Outra projeção necessária para a determinação das necessidades do
empreendimento corresponde aos custos fixos mensais, conforme demonstrado no
Quadro 4.
CUSTOS FIXOS MENSAIS
ITEM VALOR TOTAL (R$)
Pró-labore 1.000,00 Salários da Administração 5.076,00
Salários da Fábrica 9.180,00 Despesas financeiras 1.000,00 Fretes 300,00 Material de consumo - escritório 500,00
Materiais diversos - fábrica 500,00
Energia elétrica - fábrica 800,00 Manutenção da fábrica 250,00
Depreciação da fábrica 450,00
Seguros da fábrica 250,00 Contador 678,00 TOTAL 19.984,00
Quadro 4: Custos fixos mensais Fonte: Elaborado pelo autor
De posse das informações já obtidas é possível estabelecer o valor do
recurso necessário para o início das atividades.
O Quadro 5 disponibiliza relação dos móveis, equipamentos, máquinas e
despesas diversas essenciais para compor o valor do capital de giro. Por se tratar
apenas de um modelo, os valores apresentados foram estimados e não refletem a
realidade.
49
INVESTIMENTO INICIAL - CAPITAL DE GIRO
ITEM UNIDADE QUANTIDADE PREÇO
UNITÁRIO (R$)
VALOR TOTAL (R$)
Mesa - Diretoria UND 1 800,00 800,00 Estação de Trabalho UND 7 485,10 3.395,70 Cadeira UND 25 119,90 2.997,50 Longarina com 3 cadeiras UND 3 295,59 886,77
Poltrona UND 2 249,00 498,00 Armário de aço UND 6 361,85 2.171,10 Arquivo de aço UND 3 385,32 1.155,96 Bancada UND 10 150,00 1.500,00 Computador UND 8 1.800,00 14.400,00 Impressora UND 4 299,00 1.196,00 Telefone UND 8 37,90 303,20 Aparelho de fax UND 1 336,54 336,54 Gelágua UND 1 431,10 431,10 Bebedouro UND 1 1.500,00 1.500,00 Prateleira de madeira UND 20 35,00 700,00 Prateleira de vidro UND 8 42,00 336,00 Balcão UND 1 210,00 210,00 Máquina de costura UND 3 1.500,00 4.500,00 Aparelho de ar condicionado VB 5 2.200,00 11.000,00
Ventilador UND 4 107,91 431,64 Exaustor UND 2 280,00 560,00 TOTAL 49.309,51 Custos fixos (30 dias) VB 1 19.984,00 19.984,00 Matéria-prima (30 dias) VB 1 50.000,00 50.000,00 Registro e legalização VB 1 2.000,00 2.000,00 Publicidade inicial VB 1 2.000,00 2.000,00 TOTAL 73.984,00 TOTAL GERAL 123.293,51
Quadro 5: Cálculo do investimento inicial Fonte: Elaborado pelo autor
O cálculo do preço de venda do produto é de vital importância para
nortear a rentabilidade do negócio. A fixação desse valor inicia-se pelo
conhecimento do custo necessário para a sua fabricação. A Contabilidade de Custos
dispõe de diversos métodos para realização dessa estimativa como: Custeio por
Absorção; RKW; Custeio Baseado nas Atividades (ABC); Custeio Variável; e Custeio
Meta ou Target Costing. Para ilustrar os exemplos apresentados, será adotado o
método do Custeio Variável.
50 O método do Custeio Variável surgiu da necessidade de se calcular o
valor de um produto apropriando apenas os custos dos materiais e serviços
diretamente aplicados em sua fabricação, mais conhecidos como custos variáveis de
fabricação. Os custos conhecidos como fixos correspondem às despesas que
existem independentemente da quantidade produzida, como salários da
administração, energia, telefone e material de consumo do escritório, entre outros.
Segundo Martins
“com base, portanto, no Custeio Variável, só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o Resultado; para os estoques só vão, como consequência, custos variáveis”. (MARTINS, 2008, p. 198)
Para se calcular o custo de um produto apropriando apenas os materiais
e serviços diretamente aplicados em seu processo de fabricação, o gestor pode
dispor de uma ficha técnica, conforme Figura 7, cujo preenchimento permite
conhecer os dados pertinentes à composição do valor desejado.
Figura 7: Ficha Técnica Fonte: Elaborado pelo autor
51
Utilizando o modelo de ficha técnica apresentado, foi possível determinar
o custo de R$ 17,50 para produzir uma peça de determinado modelo. A partir dessa
informação pode-se estimar, de forma simples, o preço de venda bastando para
isso, acrescentar percentuais relativos às despesas fixas, impostos e margem de
lucro.
Conforme apresentado no Quadro 4, as despesas fixas totais somam R$
19.984,00. Considerando que todos os modelos a serem produzidos terão o mesmo
custo e, ainda, prevendo uma produção mensal de 1.000 unidades, tem-se o valor
de R$ 19,98 referente às despesas fixas.
Consultando o Anexo II da LC 123/06 e estimando uma receita bruta
anual em torno de R$ 720.000,00, tem-se a alíquota de 8,04%. Nesta alíquota estão
inclusos percentuais relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ),
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição Social para
Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Programa de Integração Social
(PIS), Contribuição Patronal Previdenciária (CPP), Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI).
Finalmente acrescenta-se o percentual da margem de lucro que se deseja
obter sobre cada produto vendido. Estimando uma margem de 25%, tem-se:
Custo de produto R$ 17,50
(+) Rateio das despesas fixas R$ 19,98
(=) Custo unitário de venda R$ 37,48
Percentual de impostos e contribuições 8,04%
Margem de Lucro 25,00%
PV = Custo do Produto
x 100 ÞÞÞÞ PV = 37,48
x 100 100% - (8,04% + 25%) 66,96
PV = 56,00
Onde:
PV = Preço de Venda
52 Após definir os custos fixos mensais, o custo do produto e seu preço de
venda, é interessante conhecer o ponto de equalização entre as despesas e
receitas, ou seja, o Ponto de Equilíbrio (PE) que indica em que momento a empresa
não possui prejuízos ou lucros, conforme demonstrado na Figura 9. “A empresa
obterá seu Ponto de Equilíbrio quando suas Receitas Totais equalizarem seus
Custos e Despesas Totais”. (MARTINS, 2008, p. 258)
Figura 8: Gráfico do Ponto de Equilíbrio Fonte: http://www.fluxo-de-caixa.com/fluxo_de_caixa/ponto_de_equilibrio.htm
Logo, pode-se determinar a quantidade mínima a ser produzida para
arcar com os custos fixos e variáveis mensalmente, através do seguinte raciocínio:
Preço de Venda Unitário R$ 56,00
Custos e despesas fixas mensais R$ 19.984,00
Custos e despesas variáveis unitárias R$ 37,48
PE =
19.984,00
ÞÞÞÞ
PE =
1.080 un/mês
(56,00 – 37,48)
O resultado encontrado indica a necessidade de se produzir o mínimo de
1.080 unidades para que a empresa possa manter as suas atividades mensalmente,
sem acumular lucros ou prejuízos.
53
Conhecendo o ponto de equilíbrio o gestor pode definir estratégias que
influirão na produção mensal, ou nos custos, ou no preço do produto, isto é, caso a
empresa não disponha de capacidade produtiva suficiente para atender a demanda
mensal necessária, pode-se estudar formas de aumentar o preço do produto, ou de
reduzir os custos e despesas fixas, evitando a precoce descontinuidade do
empreendimento.
Os exemplos de planilhas apresentados demonstraram como, de forma
simples e objetiva, podem-se conhecer os valores necessários para iniciar e manter
o empreendimento em funcionamento. No entanto, cabe novamente salientar que tal
apresentação trata-se apenas de um modelo, sendo necessário aprofundar o
conhecimento para auxiliar na elaboração mais detalhada e criteriosa das
informações desejadas.
4.4 Controle e Avaliação
Nesta última etapa do processo de implementação do planejamento é
essencial à utilização de relatórios contábeis para verificação de como a empresa
está indo, por permitir avaliar a eficiência e eficácia da ação através da comparação
do desempenho real com o projetado nas fases anteriores. O estabelecimento e a
análise de indicadores de desempenho também compreendem a etapa de controle e
avaliação que, apesar de retratar o momento final do planejamento, pode ter seus
efeitos reproduzidos durante toda a existência do empreendimento através de
realização de controle permanente.
Uma das ferramentas da Contabilidade mais utilizada para auxiliar no
controle dos custos e despesas, como também na análise dos resultados entre o
que foi projetado e o que efetivamente foi realizado é a Análise das Demonstrações
Financeiras, que possibilita conhecer a situação econômico-financeira da empresa.
“Poderíamos dizer que só teremos condições de conhecer a situação econômico-
financeira de uma empresa por meio dos três pontos fundamentais de análise:
Liquidez (Situação Financeira), Rentabilidade (Situação Econômica) e
Endividamento (Estrutura de Capital)”. (MARION, 2010, p. 1)
54 Ainda segundo Marion, a Análise das Demonstrações Financeiras pode
ser dividida em três níveis:
· Nível Introdutório, onde são analisados os índices de liquidez,
rentabilidade e endividamento, permitindo obter uma visão superficial da
empresa analisada;
· Nível Intermediário onde os estudos baseados no Tripé da análise,
conforme apresentado na Figura 10, são aprofundados; e
· Nível Avançado onde surgem diversos novos indicadores enriquecendo
as conclusões a respeito da situação econômico-financeira do negócio.
Figura 9: Tripé da análise Fonte: Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial (MARION, 2010)
Esses índices são mensurados, geralmente, após o desenvolvimento dos
relatórios contábeis, que contém todos os dados necessários para sua análise.
Segundo Marion, os dados coletados pela Contabilidade são apresentados
periodicamente aos interessados de maneira resumida e ordenada, formando,
assim, os relatórios, que são elaborados de acordo com as necessidades dos
usuários.
A necessidade de se manter um ótimo controle das informações permite
ao gestor projetar cenários que indiquem condições excelentes para a sobrevivência
do negócio, como também situações extremas que porão em risco a sua existência.
A utilização da Contabilidade torna-se imprescindível para auxiliar na gerência das
informações, sendo um importante instrumento para auxiliar nas tomadas de
decisões.
55 5 CONCLUSÃO
O presente trabalho foi elaborado com o objetivo de demonstrar a
importância da Contabilidade para o planejamento de uma microempresa ou
empresa de pequeno porte. Em seu primeiro momento, o estudo apresentou a
história da Contabilidade, que iniciou ainda no período do homem primitivo,
passando por diversas civilizações, sendo aperfeiçoada a cada novo período e
evoluindo até os dias atuais. Dentre os vários momentos de sua evolução alguns
merecem maior destaque como: no período medieval, conhecido também como “Era
Técnica” onde surgiu o método das partidas dobradas; o período moderno com a
obra de Frei Luca Pacioli Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por
Partidas Dobradas) que, apesar de não ter sido o criador do método, foi considerado
o pai da Contabilidade por sua contribuição na evolução desta ciência permitindo a
publicação de novas obras sobre o assunto; e o período científico com a criação das
escolas do pensamento contábil, onde estudiosos como Francesco Villa passaram a
enxergar a Contabilidade como uma ciência além da escrituração e guarda de livros,
sendo bastante útil para fins gerencias auxiliando na tomada de decisões.
Em seguida procurou-se apresentar o planejamento e demonstrar a
importância de conhecê-lo para utilizá-lo na administração de um empreendimento.
Muitos gestores creem possuir um planejamento do seu negócio. Entretanto, apenas
dispõem de um plano, orçamento ou projeção que, de forma isolada, não produzem
o resultado desejado e podem levar ao encerramento precoce das atividades da
empresa. O planejamento é um processo elaborado para alcançar determinados
objetivos, composto por várias etapas que estão ligadas entre si. Logo, nenhuma
das fases realizadas de forma isolada permitirá vislumbrar o que se almeja. Também
foi visto que o planejamento possui três tipos que se encontram vinculados aos
níveis hierárquicos da empresa: estratégico, ligado aos mais altos níveis
administrativos; tático, desenvolvido pelos níveis intermediários; e operacional que
está relacionado aos níveis inferiores da instituição. O planejamento é o principal
responsável pelo desenvolvimento de objetivos, metas e estratégias necessárias
para alcançar os resultados desejados. Porém, sem a utilização dos planejamentos
tático e operacional não seria possível obter tais resultados.
56
Além dos tipos de planejamento, é de suma importância conhecer a
metodologia para sua aplicação no processo de constituição da empresa. Como foi
visto, não existe um método universal para o planejamento de um negócio, portanto,
a metodologia deverá ser adaptada ao tipo, porte, filosofia, organização entre outros
aspectos.
Por fim, o estudo procurou apresentar a relação entre a contabilidade e o
planejamento através da elaboração de um modelo de plano de negócios para
constituição de uma empresa de pequeno porte do ramo de bolsas. Durante o
capítulo foram apresentadas todas as etapas necessárias e em conformidade com a
metodologia apresentada no Capítulo 3. Foi visto que a Contabilidade é instrumento
fundamental a ser utilizado tanto para a elaboração de orçamentos e projeções
financeiras, quando da etapa que antecede o início das atividades do negócio, como
para o controle e avaliação dos resultados obtidos através do pleno funcionamento
do empreendimento.
Desta forma, conclui-se que a partir do momento em que a Contabilidade
passou a ser vista como importante instrumento no processo gerencial de um
negócio, sua utilização tornou-se indispensável para que o empreendedor detenha
todas as informações necessárias para desenvolver um planejamento adequado e
eficiente promovendo, assim, um bom gerenciamento de sua empresa.
57
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