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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE FaC CURSO DE ADMINISTRAÇÃO FAGNER ARRUDA DOS SANTOS DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE: A PERCEPÇÃO DA ÉTICA E DA CIDADANIA NOS NEGÓCIOS PELOS ATORES DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE CEARENSE FORTALEZA 2013

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE … · Tabela 1 – As seis fases da história das empresas ... de Administração da Faculdade Cearense com base na teoria “Desenvolvimento

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE – FaC CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

FAGNER ARRUDA DOS SANTOS

“DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE”: A PERCEPÇÃO DA ÉTICA E DA CIDADANIA NOS NEGÓCIOS PELOS ATORES DO CURSO DE

ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE CEARENSE

FORTALEZA 2013

FAGNER ARRUDA DOS SANTOS

“DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE”: A PERCEPÇÃO DA ÉTICA E DA CIDADANIA NOS NEGÓCIOS PELOS ATORES DO CURSO DE

ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE CEARENSE Monografia submetida à aprovação da Coordenação do Curso de Administração do Centro de Ensino Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação. Orientador: Prof. Ms. Ricardo Cesar Oliveira Borges.

FORTALEZA 2013

Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

S237d Santos, Fagner Arruda dos

Desenvolvimento como liberdade: a percepção da ética e da

cidadania nos negócios pelos atores do curso de administração da

Faculdade Cearense / Fagner Arruda dos Santos. – 2013.

87f.

Orientador: Profº. Ricardo Cesar Oliveira Borges.

Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Administração de Empresa, 2013.

1. Ética - percepção. 2. Liberdade de Amartya. 3.

Desenvolvimento local. I Borges, Ricardo Cesar Oliveira. II.

Título

CDU 658:179

FAGNER ARRUDA DOS SANTOS

Trabalho de Conclusão de Curso como pre-

requisito para obtenção de titulo de

Bacharelado em Administração, outorgado

pela Faculdade Cearense (FaC), tendo sido

aprovada pela banca examinadora

composta pelos professores..

Data da aprovação: ______/______/______

Conceito:____________________________

____________________________________________

RICARDO CESAR OLIVEIRA BORGES, Ms.

Orientador

Dedico este trabalho à minha esposa amada que sempre está ao meu lado e que pretendo amá-la em toda minha vida.

AGRADECIMENTOS

A Deus, que iluminou o meu caminho durante esta caminhada, que

sempre foi meu socorro nas horas que estava atribulado e que sempre foi a razão da

minha alegria.

À minha esposa, Izabel, que me incentivou a seguir em frente e a concluir

mais esta etapa em minha vida. Sei que palavras para descrever o meu sentimento

é pouco, mas saiba que sou muito grato a você.

Aos meus pais, Ismael e Fátima, que de forma simples me mostraram

como ser uma pessoa honesta e sincera e de como atingir meus objetivos. Sempre

foram meus exemplos e nunca me deixaram desviar do caminho.

Aos meus irmãos, Wagner e Magno, por estarmos juntos nas dificuldades

que encontramos ao longo do caminho e hoje estamos colhendo tudo que plantamos

na nossa infância.

Aos meus familiares de modo geral, tias, primos, mesmo os mais

distantes, que de alguma forma foram exemplo de pessoa e de dignidade.

Aos meus colegas de sala, que sempre me ajudaram nos trabalhos de

equipe, indo ao encontro dos nossos objetivos.

A meu orientador, Professor Ricardo Cesar de Oliveira Borges, que além

de ter me mostrado os caminhos para a realização deste trabalho, iluminou de

maneira especial meus pensamentos, levando-me a buscar mais conhecimentos.

Além disso, também foi um incentivador, um psicólogo e um amigo. Muito obrigado

por tudo.

Aos professores, João Queiros, Marcos Falcão, Meirice, Paulo Henrique,

Monica Gurgel, Monica Veras, e Eloisa (in memoriam), quero destacá-los, pois foram

pessoas que tiveram grande participação nessa etapa de minha vida.

Aos professores, pelo acolhimento e pela disponibilidade, sempre

generosa, no desenvolvimento de novos profissionais, muito obrigado a todos.

Ao funcionário da Faculdade Cearense (FaC), Marcelo, que me ajudou

de forma direta e indireta, com sua simplicidade e sua presteza, sempre auxiliando e

demonstrando gentileza, sendo a cara dessa instituição.

“[...] ainda que esteja morto, viverá sob a minha palavra [...]”.

Jesus Cristo

RESUMO

Em meio ao atual processo de globalização, convive-se como um problema ético-político, cujas forças dominam e se consolidem nas estruturas sociais e econômicas. A ética se torna o maior valor da liberdade do homem, em que seu livre arbítrio forma seu meio ambiente que pode ser preservado ou destruído, ou que ele pode se formar no bem ou no mal neste planeta. O presente estudo monográfico teve como objetivo principal identificar a percepção da ética e da cidadania nos negócios pelos atores do curso de Administração da Faculdade Cearense com base na teoria “Desenvolvimento como liberdade” de Amartya Sen. Para atingir o objetivo proposto foi realizado pesquisa de natureza qualitativa, de tipologia exploratória-descritiva por meio de análise bibliográfico-documental com tratamentos de dados através de análise de conteúdo. Como resultado, pode-se inferir que a liberdade política, o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento local estão muito ligados entre si. A sociedade tem uma responsabilidade sobre as lideranças que governam o Estado. Uma mudança na postura das pessoas faz com que essa busca seja conhecida como desenvolvimento e liberdade, voltando a atenção para as políticas públicas e o entendimento desse desenvolvimento com ética e exercendo o papel de cidadão. Palavras-chave: Gestão. Liberdade. Ética. Desenvolvimento local.

ABSTRACT

Amid the current process of globalization, lives as an ethical-political, whose forces dominate and consolidate the social and economic structures. Ethics becomes the highest value of human freedom, that free will shape their environment that can be preserved or destroyed, or that it can be formed in good or evil on this planet. This monographic study aimed to identify the perception of ethics and citizenship in the business by the actors of the School Administration course Ceará on the theory “Development as Freedom” by Amartya Sen. To reach that goal was accomplished nature research qualitative, exploratory and descriptive typology by analyzing bibliographic and documentary treatments of data through content analysis. As a result, it can be inferred that political freedom, economic development and local development are closely linked to each other. Society has a responsibility on the leaders who govern the state. A change in the attitude of the people makes this quest is known as development and freedom, turning his attention to public policy and understanding of this development with ethics and playing the role of citizen. Keywords: Management. Freedom. Ethics. Local development.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – A contribuição do curso de Administração para a formação ética dos

bacharelandos ........................................................................................ 47

Gráfico 2 – A ética como um dos fatores que contribuem para uma sociedade

melhor ..................................................................................................... 47

Gráfico 3 – A utilização da ética no processo de tomada de decisão ....................... 48

Gráfico 4 – O papel de cidadão no exercício das tarefas na empresa ...................... 48

Gráfico 5 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento social ..... 49

Gráfico 6 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento

econômico .............................................................................................. 49

Gráfico 7 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento local ....... 50

Gráfico 8 – O exercício da liberdade e da ética na empresa ..................................... 50

Gráfico 9 – O exercício da liberdade e da cidadania na empresa ............................. 51

Gráfico 10 – O exercício da liberdade política na empresa ....................................... 51

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – As seis fases da história das empresas .................................................. 16

Tabela 2 – Característica da teoria burocrática ......................................................... 23

Tabela 3 – América Latina, taxas brutas de matrícula no Ensino Superior, 1990-

1997 ........................................................................................................ 37

Tabela 4 – Número de Instituições de Educação Superior, por organização

acadêmica e localização (Capital e Interior), segundo a unidade da

federação e a categoria administrativa das IES - 2011 .......................... 39

LISTA ABREVIATURAS E SIGLAS

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

COREN Conselho Federal e Regional de Enfermagem

CRA Conselho Regional de Administração

CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

DASP Departamento de Administração do Serviço Público

DEL Desenvolvimento Econômico Local

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IES Instituições de Ensino Superior

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

MEC Ministério da Educação e Cultura

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

PIB Produto Interno Bruto

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 GESTÃO, DESENVOLVIMENTO E LIBERDADE ................................................. 15

2.1 A Revolução Industrial......................................................................................... 15

2.2 Escolas da Administração ................................................................................... 16

2.2.1 Administração científica .................................................................................... 19

2.2.2 Processo administrativo ................................................................................... 20

2.2.3 Ascensão humanística ..................................................................................... 20

2.2.4 Teoria da burocracia......................................................................................... 22

2.3 Desenvolvimento não é crescimento ................................................................... 24

2.3.1 Desenvolvimento Econômico e Local ou endógeno ......................................... 26

2.3.2 Liberdade nos negócios do século XXI ............................................................ 29

3 CIDADANIA, ÉTICA E ENSINO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO ................... 31

3.1 Cidadania ............................................................................................................ 31

3.2 Ética .................................................................................................................... 32

3.3 Responsabilidade ................................................................................................ 35

3.4 Moral, amoral e imoral ......................................................................................... 36

3.5 Educação e Ensino Superior ............................................................................... 36

3.6 Ensino Superior em Administração ..................................................................... 39

4 ARCABOUÇO METODOLÓGICO ......................................................................... 41

4.1 Natureza da pesquisa ......................................................................................... 41

4.2 Tipologia da pesquisa ......................................................................................... 42

4.3 Objeto de estudo ................................................................................................. 43

4.4 Universo amostral e população alvo ................................................................... 45

4.5 Instrumento de pesquisa (entrevista/questionário) .............................................. 45

4.6 Pré-teste .............................................................................................................. 46

4.7 Procedimentos operacionais ............................................................................... 52

4.8 Análise de discurso ............................................................................................. 52

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 54

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 57

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59

APÊNDICE ................................................................................................................ 61

13

1 INTRODUÇÃO

Sen (2000), em seu livro “Desenvolvimento como liberdade”, demostra

que no mundo existem inúmeras pessoas que são vítimas de várias formas de

privações de liberdade, privações essas como: as fomes coletivas, a falta de acesso

à saúde, os saneamentos básicos, a água tratada, entre outras. Assim, o referido

autor contribui demostrando que o desenvolvimento de um país está essencialmente

ligado a oportunidades que são oferecidas à população de fazer escolhas e exercer

sua cidadania.

E isso não inclui apenas uma garantia dos direitos sociais básicos, como

saúde e educação, segurança, liberdade, habitação e cultura, mas superar esses

problemas é uma parte central do processo de desenvolvimento.

Nesse contexto, observa-se que, para isso ser uma realidade da

população, a questão do desenvolvimento como liberdade é necessária como o é as

políticas públicas trabalhem com ética e cidadania, em que as pessoas tenham

acesso às decisões tomadas no Estado e que sejam para benefício e bem-estar da

população. Esse assunto igualmente impacta no campo privado, no qual as

organizações possuem procedimentos internos, regulamentos, normas, entre

outros, para limitar a ação dos seus funcionários, independente do porte de empresa

e área de atuação, como é o caso do Ensino Superior.

A escolha do tema se deu pelo interesse de expor a visão do indiano

Amartya Sen, criador do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e ganhador do

Prêmio Nobel de Economia de 1998, pelas suas contribuições à teoria da decisão

social e fazer estado social. Seus livros mais importantes incluem sobre a

desigualdade econômica, pobreza e fome.

Em ética e economia, a maior contribuição de Sen é apresentar que o

desenvolvimento de um país está essencialmente ligado às oportunidades que ele

oferece à população de fazer escolhas e exercer sua cidadania. E isso não inclui

apenas uma garantia dos direitos sociais básicos, como saúde e educação, como

segurança, liberdade, habitação e cultura, e identificar o ponto relevante da teoria

que influencia a percepção sobre a ética e a cidadania nos negócios pelos

acadêmicos e docentes do curso de Administração da Faculdade Cearense (FaC).

Diante do exposto, a questão de partida emerge e orienta esta

investigação, a citar: Qual a percepção da ética e da cidadania nos negócios pelos

14

atores do curso de Administração da Faculdade Cearense com base na teoria

“Desenvolvimento como liberdade” de Amartya Sen?

Partindo deste problema, o presente trabalho tem como objetivo geral

identificar a percepção da ética e da cidadania nos negócios pelos atores do curso

de Administração da Faculdade Cearense com base na teoria “Desenvolvimento

como liberdade” de Amartya Sen. E tem como objetivos específicos: analisar a

percepção sobre desenvolvimento local; identificar os critérios que influenciam o

desenvolvimento social; e demonstrar as atitudes dos novos administradores na

tomada de decisão, ética.

Para atingir o objetivo proposto foi realizada uma pesquisa de natureza

quanti-qualitativa, de tipologia exploratória-descritiva, e por meio de análise

bibliográfico-documental com tratamentos de dados através de análise de conteúdo.

Para atender ao presente trabalho, essa investigação está estruturada em

seis capítulos.

O primeiro capítulo trata das notas introdutórias, onde são apresentados

a contextualização do problema, a justificativa do tema, a pergunta de partida, os

objetivos da pesquisa, o sumário da metodologia, bem como a estrutura do trabalho

aqui descrita.

No segundo capítulo, abordou-se os conceitos e a influência de alguns

pensadores no cotidiano das organizações.

No terceiro capítulo, versou-se sobre a relação entre a cidadania, a ética

e o Ensino Superior em Administração.

No quarto capítulo, definiu-se a natureza da pesquisa, a tipologia da

investigação, o instrumento do estudo, a tabulação dos dados e o objetivo da

pesquisa. Posteriormente, foram relatados os procedimentos utilizados para

determinar a investigação e quais estratégias foram realizadas para alcançar os

resultados da investigação.

No quinto capítulo, analisou-se os resultados obtidos na visão dos

entrevistados sobre o conhecimento do assunto abordado.

Por fim, no sexto capítulo, apresentou-se as conclusões, mostrando a

compreensão acerca do assunto diante dos resultados obtidos.

15

2 GESTÃO, DESENVOLVIMENTO E LIBERDADE

Este capítulo possui o objetivo de tratar da Revolução Industrial no

tocante à gestão nas escolas de Administração e nos conceitos de desenvolvimento,

de crescimento e de liberdade nos negócios pelos atores do curso de Administração

da Faculdade Cearense, com base na teoria “Desenvolvimento como liberdade” de

Amartya Sen.

2.1 A Revolução Industrial

A Revolução Industrial provocou e deu iniciou às grandes mudanças

e transformações nos sistemas organizacionais de produção nos séculos XVIII e

XIX. Este foi quem deflagrou a nova concepção do trabalho e da estrutura dos

meios de produção. Chiavenato (2004) comenta que século XVIII, a forte tendência

mercantilista, a Revolução Industrial impulsionou a produção de fábricas e a

invenção da máquina a vapor e a sua utilização na produção, dando origem a forma

de trabalho, modificando os padrões econômicos da época.

Alguns fatos caracterizaram essa revolução: a mecanização da indústria e

da agricultura; o sistema fabril sendo desenvolvido; a aceleração dos transportes e

da comunicação (CARVALHO, 2008). Com esses avanços foi possível determinar

cientificamente os melhores métodos para a realização das tarefas dentro das

empresas, num momento em que era imprescindível aumentar a produtividade das

organizações, haja vista o surgimento das demandas em massa da população.

Por outro lado, estas fábricas trouxeram a necessidade de ordem, de

disciplina e de um novo conjunto de conhecimentos que pudessem auxiliar os novos

“administradores” a lidar com essa massa de trabalhadores desqualificados e

indisciplinados. Desta necessidade surgiram os modelos clássicos de administração

e princípios organizacionais. Na visão de Bajarano (2006, p. 24), tem-se que:

As hierarquias rígidas, a divisão do trabalho “mental” e “braçal”, a adoção de medidas disciplinares, o alto grau de controle dos “subordinados”, as cadeias de comando – são todos elementos da forma como as empresas primeiramente se estabeleceram: com uma imensa disponibilidade de mão de obra barata e pouco especializada.

A Tabela 1, a seguir, descreve as seis fases da historia das empresas:

16

Tabela 1 – As seis fases da história das empresas 1ª Fase Artesanal Da Antiguidade até a pré-revolução industrial Até 1780

2ª Fase Transição para a industrialização 1ª Revolução Industrial 1780 a 1860

3ª Fase Desenvolvimento industrial 2ª Revolução Industrial 1860 a 1914

4ª Fase Gigantismo industrial Entre as duas grandes guerras mundiais 1914 a 1945

5ª Fase Moderna Do pós-guerra até a atualidade 1945 a 1980

6ª Fase Globalização Momento atual Após 1980

Fonte: Chiavenato (2004, p. 6).

2.2 Escolas da Administração

A Administração existe desde os primórdios quando os antepassados dos

homens, vendo a necessidade que tinham que caçar para se alimentar, começaram

a perceber que precisavam traçar planos para conseguir seus alimentos. Então,

começaram a se organizar e planejar, ou seja, se preparavam para conseguir se

alimentar ou teriam que mais uma vez migrar para outro local atrás de novas fontes

de alimentos.

Maximiano (2005) afirma que os conceitos usados hoje em dia foram

extraídos na antiguidade e somente foram evoluindo e estudados, algum tempo

atrás, a partir da Revolução Industrial no século XVII. O autor complementa que no

período de 10.000 a 8.000 a.C., fala que já existiam, na Mesopotâmia e no Egito,

pessoas que desenvolviam as atividades do cultivo, desenvolvendo a Revolução

Agrícola. Iniciando os registros para estudos de aldeias e surgindo uma mudança

fundamental para a evolução da Administração, onde Émile Dürkheim (1851-1917),

explora a divisão do trabalho social.

Com esses estudos, percebe-se que surgiam antes das organizações

algumas formas de administrar e a capacidade do ser humano sobrepor às

necessidades. Ao analisar a humanidade, observa-se que atitudes tomadas na

antiguidade foram moldadas para aplicação de muitas teorias administrativas.

Alguns projetos e arquiteturas que foram realizados no mundo, como por

exemplos, a pirâmide do Egito e a muralha da China, ainda consistem num mistério,

induzindo o homem ao seguinte questionamento: Quem era o povo que detinha esta

tecnologia e como eles a desenvolveram a ponto de não deixar vestígio?

Pode-se questionar e até mesmo deduzir que por trás daquela multidão

de pessoas trabalhando em um monumento tão grande, existiam pessoas dando as

ordens e fazendo um trabalho organizado e planejado.

17

Outro exemplo que se pode citar como uma boa administração é a

passagem que está escrita na Bíblia, no livro de Êxodo (cap. 18:13-27), quando o

povo Hebreu resolve deixar o Egito e foi à Canaã, terra onde Deus iria mostrar a

Moisés, sendo seguido por mais de dois milhões de pessoas. Nessa passagem

também observa-se algo que para a Administração existe há muito tempo. Quando o

sogro de Moisés vê que seu genro está muito cansado e exausto a guiar e a cuidar

de tantas pessoas, ele sugere a Moisés:

[...] O que você está fazendo não está certo. Desse jeito você vai ficar cansado demais, e o povo também. Isso é muito trabalho para você fazer sozinho. [...]. Mas você deve escolher alguns homens capazes e colocá-los como chefes do povo: chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. [...]. Serão eles que sempre julgarão as questões do povo. Os casos mais difíceis serão trazidos a você, mas os mais fáceis eles mesmos poderão resolver. [...]. (Êxodo, 18:17-22)

Surge a estrutura hierárquica, definida com níveis de autoridades e

responsabilidades diferentes. A história mostra vários conceitos de administração e

que ao longo dos tempos apareceram de forma espontânea que ainda não estavam

bem definidas, sem nenhum estudo, e, ao passar dos tempos, com os estudos

realizados, começam a questionar, pesquisar e compilar os conceitos dando nome a

cada uma delas.

Chiavenato (2003) expressa alguns relatos históricos sobre o

desenvolvimento da administração, tais como: Filósofos: a filosofia estava mais

voltada para a vida em sociedade do que para as questões do indivíduo, de forma

que os questionamentos e análises dos filósofos ao longo do tempo foram de grande

valia para as organizações. Entre eles destacam-se: - Sócrates (470 a.C. – 399

a.C.); Platão (429 a.C. – 347 a.C.); Aristóteles (385 a.C. – 322 a.C.); Nicolau

Maquiavel (1469-1527) historiador e filósofo político italiano, seu livro mais famoso,

O Príncipe (escrito em 1513 e publicado em 1532). Francis Bacon (1561-1626): esse

filósofo e estadista inglês, considerado o fundador da Lógica Moderna, baseada no

método experimental e indutivo. Antecipou-se ao princípio conhecido em

Administração como “princípio da prevalência do principal sobre o acessório”. - René

Descartes (1596-1650): Thomas Hobbes (1588-1679): Jean-Jacques Rousseau

(1712-1778): Karl Marx (1818-1883) e seu parceiro Friedrich Engels (1820-1895),

todos esses têm suas opiniões e de certo modo influenciaram e contribuíram para o

desenvolvimento da Administração. Adam Smith (1723 – 1790) filósofo e economista

18

escocês, considerado como criador da Escola Clássica da Economia, em 1776,

publica a sua obra “Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das

nações”; David Ricardo (1772-1823), economista britânico, em sua obra “Princípios

de Economia Política e Tributação” publica em 1817 teorias onde as bases de suas

publicações eram as riquezas a longo prazo. - John Stuart Mill (1806-1873) filósofo e

economista britânico publicou “Princípios de Economia Política” em que seus

estudos apresentam um objetivo de como evitar furtos nas organizações. Todos

esses deram suas contribuições.

A igreja católica também tem sua parcela de contribuição para os estudos

realizados na Administração. Os estados transferiam para a igreja católica o poder

de estruturar o órgão publico. Assim a igreja foi estruturando sua organização, sua

hierarquia de autoridade, seu Estado-maior (assessoria) e sua coordenação

funcional que acabou servindo de modelo para muitas organizações.

Outra instituição que temos que observar é a organização militar, o

exército é umas das instituições mais antigas da história, pois ela se destaca com

uma organização linear e a escala hierárquica. Sua origem surgiu na organização

militar do exército da antiguidade e da época medieval. O princípio da unidade de

comando é apresentado por Fayol como fundamental. Considera que cada

subordinado só pode ter um superior; princípio fundamental para a função de

direção. O princípio da direção, como definiu Fayol (1841-1925), unidade de direção

é ter “Um só programa para um conjunto de operações que visam o mesmo objetivo,

considera que todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo

que ele deve fazer”.

Em 1776, a criação da máquina a vapor de James Watt veio impactar as

organizações e mudar a concepção das estruturas social e comercial da época.

Mudanças essas que já duravam mais de um século. Esse período ficou conhecido

como a Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra e logo estava em todo o

mundo civilizado. A Revolução Industrial sai de um artesanato manual e passa para

um sistema mecanizado, preparando novos caminhos para novas e modernas

empresas e para o desafio de sua administração (CHIAVENATO, 2003).

Percebe-se que os escritos da Administração mostram que o ano de 1776

foi o marco da revolução no campo das novas técnicas e levantamento de estudos

para a Administração como uma ciência e não mais algo que surge de forma

19

empírica. A partir daí, inicia-se a conscientização que a Administração era essencial

para as atividades coorporativas organizadas em todos os seus níveis.

2.2.1 Administração científica

Frederik Winslow Taylor (1856-1915), nascido na Filadélfia, foi um

engenheiro mecânico, líder de um grupo que promoveu o movimento da

administração científica, elaborando princípios e técnicas para tratar a eficiência dos

processos de produção através da racionalização do trabalho para evitar

desperdícios e melhorar o relacionamento patrão/empregado. Assim quis facilitar a

aplicação dessas técnicas e princípios. Taylor buscava uma forma de mudar a

execução das tarefas através dos estudos dos tempos e movimentos, onde a

produção deixaria de ser de forma indutiva e passaria a ser o método de pesquisas,

redesenhando o trabalho e selecionando os trabalhadores, mudando suas atitudes,

reduzindo o tempo de trabalho e diminuindo a velocidade de execução das tarefas,

proporcionando-lhes mais benefícios (MAXIMIANO, 2005).

A científica abordada por Taylor teve quatro princípios básicos em seus

estudos em que, para aprimorar o desempenho organizacional, identificou estudo

das tarefas, buscando utilizar a melhor forma de executar as tarefas, selecionando

as melhores pessoas para determinada tarefa, treinando de forma eficiente e dando

incentivo financeiro para desempenhar as tarefas.

Transpondo esses conceitos para os dias atuais, percebe-se que as organizações que atuam de forma hierárquica patrão/empregado não sobrevivem por muito tempo no mercado. É necessária que haja uma aproximação maior entre os dois, uma troca de ideias e informação, proporcionando prosperidade entre ambos e, consequentemente, melhorando o desempenho da organização no seu labor diário. Na busca por uma eficiência. (SILVA; PINHEIRO; BORGES, 2012, p. 7)

Para Karavantes, Panno e Loeckner (2005, p. 60), “é preciso dar ao

trabalhador o que ele mais deseja, altos salários; e ao empregador o que ele

realmente almeja: baixo custo de produção”.

De acordo com Maximiano (2005, p. 56), “O taylorismo desenvolveu-se

em uma época de notável expansão da indústria e junto com outra inovação

revolucionária do início do século a linha de montagem de Henry Ford”.

20

Ford (1863-1947), engenheiro norte americano, foi capaz de associar uma

produção eficiente com grandes volumes de produção, usando uma produção

vertical integrada, associada a altos salários e baixos preços de venda. Ford foi um

grande estrategista, que modificou os processos cotidianos da produção industrial

com as novas técnicas inovadoras da linha de montagem, trazendo inúmeros

benefícios que, nos dias atuais, ainda são utilizadas (KARAVANTES; PANNO;

KLOECKNER, 2005).

Para Maximiano (2005), Ford alinhou a produção em massa de produtos

não diferenciados com o trabalho especializado. Ele não inventou a linha de

montagem, nem a produção em massa, nem controle de estoque em tempo real,

entretanto, usou estes conceitos com grande eficácia.

2.2.2 Processo administrativo

Henri Fayol (1841-1925), engenheiro francês, desenvolveu sua teoria

sobre as funções da Administração. Fayol tinha a administração como uma atividade

que exige grandes conhecimentos de planejamento, organização, comando,

coordenação e controle. Ela segue uma sequência lógica e cabe ao administrador

tomar decisões, estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos

integrantes da organização cujos colaboradores necessitam de ordens para saber o

que fazer e suas ações precisam de coordenação e controle gerencial (MAXIMIANO,

2005).

Karavantes, Panno e Kloeckner (2005) destacam que Fayol antecipou o

planejamento em longo prazo e entendia que as decisões tomadas no presente

condicionam e modelam os resultados futuros. Uma organização que não

faz planejamento a curto, médio ou a longo prazo não consegue sequer esta

sequência lógica, não resiste à pressão dos concorrentes no mercado, pois não tem

objetivos futuros.

2.2.3 Ascensão humanística

O sociólogo Georges Elton Mayo (1880-1949) é a principal referência

nesse estudo, quando se preocupa com as condições do elemento humano nas

organizações e sua eficiência na produção. Em seus estudos realizados na fábrica

21

de Hawthorne, da Western Eletric Company, situada em Chicago – EUA, Mayo

identifica três proposições fundamentais:

1. O incentivo financeiro não é a única nem pode ser considerado, necessariamente, o principal fator motivador do indivíduo; 2. As atitudes do operário não ocorrem de forma isolada, mas sim de maneira contextualizada à atuação de seu grupo; 3. A especialização funcional não é, em todos os casos, a forma de divisão de trabalho mais eficiente para a organização. (MORAIS, 2007, p. 3)

De acordo com Dantas (2007, online), em 1927, Elton Mayo ao coordenar

uma experiência numa empresa do setor de telefonia, constatou-se que os seus

funcionários eram levados à fadiga, trabalho excessivo, acidentes no local trabalho,

entre outros problemas. A experiência descrita foi dividida em fases, a saber:

Na primeira fase, os pesquisadores observavam dois grupos de trabalhadores que executavam o mesmo serviço, porém em iluminações diferentes. Um grupo trabalhava sob iluminação constante enquanto outro trabalhava sob iluminação variável. Perceberam que o fator psicológico influenciava na produção, quando a iluminação aumentava produziam mais e quando a iluminação diminuía produziam menos. Na segunda fase, os pesquisadores mudaram o local de trabalho, a forma de pagamento, estabeleceram pequenos intervalos de descanso e distribuíam lanches leves nesses intervalos. Perceberam então que, os trabalhadores apresentaram maior rendimento na produção, pois trabalhavam satisfeitos. Na terceira fase, os pesquisadores se preocuparam com as relações entre funcionários e os entrevistaram para conhecer suas opiniões, pensamentos e atitudes acerca de punições aplicadas pelos superiores e que tipo de pagamento dessas punições. Descobriram uma espécie de organização informal dentro da organização que se manifestava por padrões formados pelos próprios trabalhadores. Na quarta fase, os pesquisadores analisaram a organização informal, fizeram pagamentos de acordo com a produção do grupo e não mais individualmente. Perceberam que os trabalhadores tornaram-se mais solidários. (DANTAS, 2007, online)

O estudo acima concluiu que o nível de produção é estabelecido pela

expectativa do grupo de trabalho, pelas regalias cedidas pela organização, como por

exemplo os intervalos de descanso e o sábado livre. O reconhecimento e a

aceitação eram o que buscava esse grupo, produzindo mais quando se encontravam

no grupo informal.

Realmente, o fator econômico, como salários e benefícios, não é motivação única para os trabalhadores se o clima organizacional não proporcionar boas condições de trabalho. Além disso, a boa comunicação na relação entre pessoas de uma organização, uma relação sadia entre patrões/empregados e, principalmente, uma organização que invista na sua evolução pessoal, oferecendo perspectiva para que seus colaboradores possam capacitar-se em áreas diferentes das que atuam, proporcionam

22

desenvolvimento humano e conquista de habilidades. O colaborador, por mais que receba uma boa remuneração, não pretende ficar no mesmo cargo por muito tempo, pois todo mundo tem ambição e quer crescer profissionalmente, para conquistar seu status social. (SILVA; PINHEIRO; BORGES, 2012, p. 8)

Portanto, a participação de um funcionário não depende exclusivamente

da remuneração e do local de trabalho. Ele pode realizar-se profissionalmente em

qualquer empresa ou em qualquer conjunto de empresas, até mesmo fazendo parte

de uma rede ou grupo de associações de empresas.

2.2.4 Teoria da burocracia

O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) é também considerado,

junto com Taylor e Fayol, uma das figuras seminais do pensamento administrativo. É

o autor fundador da teoria burocrática das organizações e foi de grande influência na

estruturação das empresas do século passado. E algumas de suas ideias vieram a

complementar e organizar a administração científica de Taylor. Weber julgava a

burocracia (antes que esta tivesse a má reputação moderna) como o modo mais

lógico, eficiente e racional de estruturar o trabalho em grandes organizações.

O pensamento de Weber era que a burocracia não vem de qualquer

prática na empresa ou alguma norma especifica, mas de entender o processo de

modernização e principalmente racionalização na sociedade, o que contribui para o

trabalho diferente das teorias administrativas.

Em seus estudos, Weber identifica que nas organizações o sentido de

racionalização diz respeito ao que ele também chama de desencantamento, ou seja,

a desmistificação da realidade. Essa desmistificação significa que a compreensão e

atuação no âmbito econômico e social passa por fases da esfera dos mitos, dos

dogmas, dos heróis e das inspirações divinas e vêm para uma esfera da razão, da

ciência, da tecnologia e da competência técnica. Diz que o uso da razão pode levar

o gestor a tomar decisões que favoreçam a organização sem se preocupar com as

consequências que suas ações podem acarretar para o resto da comunidade. Essa

característica é conceituada por Weber como burocratização.

A burocracia é uma forma de racionalização, isto é, a adequação dos

meios aos objetivos pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no

alcance desses objetivos (CHIAVENATO, 1995).

23

A burocracia é um modelo de organização moderna, típica da sociedade

democrática e das grandes empresas. A burocracia não abrange somente a

estrutura do Estado, mas principalmente as organizações não-estatais,

particularmente as grandes empresa em que, através do contrato ou instrumento

que representa uma relação de autoridade dentro da empresa capitalista e a

hierarquia, constitui um esquema de autoridade legal.

Segundo o conceito popular, a burocracia é visualizada geralmente como uma empresa ou organização onde o papelório se multiplica e se avoluma, impedindo as soluções rápidas ou eficientes. O termo também é empregado com o sentido de apego dos funcionários aos regulamentos e rotinas, causando ineficiência à organização. O leigo passou a dar o nome de burocracia aos defeitos do sistema (disfunções) e não ao sistema em si mesmo. (COLTRO, 2006, p. 5)

O conceito de burocracia para Max Weber é exatamente o contrário. A

burocracia é a organização eficiente por excelência. E para conseguir essa

eficiência, a burocracia precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes

como as coisas deverão ser feitas. (CHIAVENATO, 1995). A burocracia tem as

seguintes características principais, conforme mostra a Tabela 2 a seguir:

Tabela 2 – Característica da teoria burocrática A burocracia é baseada em: Consequências previstas: Objetivo:

1. Caráter legal das normas. 2. Caráter formal das comunicações. 3. Divisão do trabalho. 4. Impessoalidade no relacionamento. 5. Hierarquização da autoridade. 6. Rotinas e procedimentos. 7. Competência técnica e mérito. 8. Especialização da administração. 9. Profissionalização. 10. Previsibilidade do funcionamento.

Previsibilidade do comportamento humano. Padronização do desempenho dos participantes.

Máxima eficiência da organização.

Fonte: Chiavenato (1995).

De acordo com Bonome (2009, p. 89), Weber considerava as vantagens

da burocracia como sendo:

• Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização. • Precisão na definição do cargo e na operação pelo conhecimento exato dos deveres. • Rapidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e por quem e as ordens e papéis tramitam através de canais preestabelecidos.

24

• Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação específica e escrita. Por outro lado, a informação é discreta, pois é fornecida apenas a quem deve recebê-la. • Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, redução de custos e de erros, pois os procedimentos são definidos por escrito. • Continuidade da organização através da substituição do pessoal que é afastado. Além disso, os critérios de seleção e escolha do pessoal baseiam-se na capacidade e na competência técnica. • Redução do atrito entre as pessoas, pois cada funcionário conhece aquilo que é exigido dele e quais são os imites entre suas responsabilidades e as dos outros. • Constância, pois os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circunstâncias. • Subordinação dos mais novos aos mais antigos, dentro de uma forma estrita e bem conhecida, de modo que o superior possa tomar decisões que afetem o nível mais baixo. • Confiabilidade, pois o negócio é conduzido de acordo com regras conhecidas, sendo que grande número de casos similares são metodicamente tratados dentro da mesma maneira sistemática. As decisões são previsíveis e o processo decisório, por ser despersonalizado no sentido de excluir sentimentos, como o amor, raiva, preferências pessoais, elimina a discriminação pessoal. • Existem benefícios sob o prisma das pessoas na organização, pois a hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tornarem especialistas em seus campos particulares, podendo encarreirar-se na organização em função de seu mérito pessoal e competência técnica.

2.3 Desenvolvimento não é crescimento

Hoje, muito se confunde desenvolvimento com crescimento, em que

desenvolvimento é definido por Sen (2000), como o processo de ampliação da

capacidade de os indivíduos terem opções a fazerem escolha, onde a base do

processo de desenvolvimento é fundamental, mas deve considerar como um meio e

não como um fim em si. Já o crescimento econômico não pode ser associado

automaticamente ao desenvolvimento social e cultural. O grande desafio da atual

sociedade é formular novas políticas que permitam, além do crescimento da

economia, a distribuição mais equitativa da renda e o pleno funcionamento da

democracia.

Os estudos realizados pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

revelam que os aspectos da capacidade produtiva e a melhoria da qualidade de vida

das pessoas trazem um beneficio para sociedade e para o futuro, ou seja, a

solidariedade das pessoas em “poder contar com um amigo” é um processo de

transformação do crescimento econômico.

25

Para Sen (2000), os valores éticos dos empresários e governantes, estes

constituído em parte relevante dos recursos produtivos, orientam-se para

investimentos produtivos em vez de inovações tecnológicas, que contribui para a

inclusão social.

A inclusão social depende dos recursos repassados pelo Estado e a ajuda

dos empresários, movimento que proporciona as oportunidades adequadas para a

sociedade, fazendo com que as pessoas tenham acesso as novas tecnologias,

transformando e modificando os valores de uma sociedade castigada, por muito

tempo esquecidas.

O Produto Interno Bruto (PIB) reflete apenas uma parcela da realidade

distorcida pelos economistas, ou seja, o PIB seria um caminho para o progresso e o

bem estar das pessoas. Dentro dessa somatória, observa-se que as economias

desenvolvidas nos lares e atividades de voluntários também acabam sendo

excluídas e ignoradas da contabilidade nacional. Uma consequência da taxa do PIB

somente oculta a crise da estrutura social. Essa contabilidade ignora a distribuição

da renda ao apresentar os ganhos auferidos do ganho coletivo social. O tempo em

que as famílias passam com lazer não é contabilizado.

Assim surge um fator básico em que as empresas dos países ricos

exploram e expatriam os recursos dos pobres. Alguns céticos chamam de

“desenvolvimento”. Então, como medir o progresso de uma sociedade? Algumas

instituições como Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

(BIRD), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Organização das

Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) tentam introduzir

alguns critérios sociais para medir e avaliar os avanços em direção ao

desenvolvimento.

Para Sen (2000), quanto maior o capital social, a rede de relação social e

o grau de confiança, menor o risco de corrupção e a sonegação de impostos e

tributos. Tudo isso tendo base de uma iniciativa de programas e projetos que

favorecem a equidade e a igualdade que estimulam os melhores serviços para

população cuja educação e saúde são prioridades. Assim o crescimento econômico

é impulsionado pela governabilidade democrática.

Avaliar com liberdade, segundo o autor supracitado, é o que o

desenvolvimento promove, isto é, existe em argumento fundamental em favor da

concentração nesse objetivo abrangente, e não em algum meio especifico ou

26

alguma lista de instrumentos especialmente escolhido. Ver o desenvolvimento

requerendo que se renovem as principais fontes de privação de liberdade: pobreza

e tirania, carência de oportunidades econômicas e distribuição social sistemática,

negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de

Estado repressiva, faz uma ligação entre liberdade individual e realidade de

desenvolvimento social.

Essa abordagem nos permite ainda reconhecer o papel dos valores

sociais e costumes, que podem influenciar as liberdades que as pessoas têm

em desfrutar e que elas estão certas que dão prazer. Para Sen (2000, p. 24),

“O fato de que a liberdade de transações econômicas tende a ser tipicamente um

grande motor do crescimento econômico e tem sido muitas vezes reconhecido,

embora continuem a existir críticos veementes”.

2.3.1 Desenvolvimento Econômico e Local ou endógeno

O conceito de Desenvolvimento Econômico e Local (DEL) surgiu no

final dos anos 70, mas iniciou na década de 80 quando surge uma visão do

desenvolvimento denominada territorialista ou do desenvolvimento endógeno.

O desenvolvimento endógeno, por seu turno, é um paradigma que parte

da ideia básica de que o sistema produtivo dos países cresce e transforma-se

utilizando o potencial de desenvolvimento existente nos territórios, isto é, nas

regiões e cidades, mediante os investimentos concretizados pelas empresas e

entidades públicas sob o controle das comunidades locais e tomando como meta

derradeira a melhoria do nível de vida da população desses mesmos territórios.

No Brasil, o tema foi abordado com a mudança da Constituição em 1988

quando o país passava por uma grande crise econômica, em que os impactos

estavam sendo incontroláveis na época e as grandes cidades acabaram, em tese,

aglomerando muitas pessoas e gerando problemas socioeconômicos.

No ano de 1990, o Brasil viveu uma crise federativa que afetou em cheio

os municípios. Nesse momento aparecem os impactos das mudanças da

Constituição e os municípios começaram a receber maiores recursos, mas, também,

maiores responsabilidades.

Com os municípios recebendo mais recursos, começa uma guerra por

mais investimento, conhecido na época de guerra fiscal. Então alguns municípios

27

começam a trabalhar para obter maiores recursos ou investimentos na tentativa de

eliminar alguns de seus problemas econômicos e sociais. Assim começa a valorizar

e a buscar mais produtos internos de forma a gerar um novo tipo de dinamismo

baseado nos elementos endógenos.

A prática do desenvolvimento local no Brasil surgiu a partir do momento

em que os administradores locais perceberam a carência de seus municípios e

passaram a tomar providências com a intenção de melhorar a qualidade de vida da

população e ganhar autonomia. As lideranças políticas caminhavam em busca de

recursos para ali desenvolver projetos, a fim de beneficiar os trabalhadores e

moradores, proporcionando-lhes mais saúde, trabalho e renda, moradia e

consequentemente, equidade social. Para isso nota-se que é necessário um

planejamento para que o desenvolvimento se dê de forma organizada, favorecendo

toda a população.

No entendimento de Schumpeter (1976), o empreendedor é a peça

principal no processo de desenvolvimento econômico, visto que é ele o responsável

pela inserção de novos produtos e serviços no mercado, fazendo a troca dos

produtos antigos por novos mais eficientes.

Schumpeter postulava que o desequilíbrio dinâmico, provocado pelo empreendedor inovador, em vez de equilíbrio e otimização, é a norma de uma economia sadia e a realidade central para a teoria e a prática econômicas. (REIS et al., 2006, p. 18)

O desenvolvimento local tem sido um tema estudado por muitos

acadêmicos, principalmente, em regiões menos favorecidas, onde a questão do

desenvolvimento passou a ser discutida através do local, ou seja, como trabalhar

minha região com novas iniciativas de desenvolvimento onde caracteriza a vocação

e o apelo local, em que essa categoria se apresenta diversa: econômica, social,

cultural, ambiental e físico-territorial, político institucional e científico-tecnológica,

onde todos esses critérios medem o grau de autonomia (TENÓRIO; DUTRA;

MAGALHÃES, 2004).

A palavra local não tem sinônimo de pequeno e não necessariamente

está restringida a redução ou diminuição. O conceito de local adquire um alvo

socioterritorial de ações. Assim é definida como o âmbito abrangido por um processo

de desenvolvimento, em que é pensado, planejado, promovido ou induzido. Assim

28

de certa forma, o processo de desenvolvimento é local, seja esta em um distrito, um

município, uma região de um país, uma região do mundo (FRANCO, 2000).

Nota-se que para promover o desenvolvimento local é preciso que haja

infraestrutura suficiente para que uma empresa possa se instalar e se desenvolver.

Sem esta infraestrutura, o desenvolvimento se torna restrito e algumas vezes até

inviável, podendo inibir a abertura de novas empresas locais e a instalação de

empresas de outras localidades que queira atuar no local.

O desenvolvimento local é visto como um campo de escala local. É

observado por muitos estudiosos como um campo de investigação, em que, nas

ultimas décadas, o processo de transformações da democratização tem impactado

países mais ricos a olhar para os países menos favorecidos.

Escala local abre uma porta para estudos sobre o poder local visto com

força as relações entre os atores sociais em um espaço delimitado, onde a formação

de identidade e praticas políticas especificas somente contribuem para o

desenvolvimento local.

O tema DEL está inserido em debates de praticas especificas como

gestão local. Este tema ganha destaque na medida em que vai discutir o papel dos

municípios como agentes da ativação do desenvolvimento econômico.

A discussão do papel dos municípios na promoção do desenvolvimento

aponta para o crescimento de suas responsabilidades em relação às iniciativas

voltadas para a melhoria das condições de vida e a busca de soluções dos

problemas urbanos e, enfim, da gestão local.

Por isso, é de fundamental importância entender esta visão de

especificidade territorial à medida em que norteia grande parte das ações dos

agentes envolvidos no processo de desenvolvimento. O que torna de bom alvitre

conhecer a evolução das teorias econômicas sobre o desenvolvimento, que passam

a perceber a valorização das especificidades territoriais como fatores que sendo

aproveitados, é a possibilidade do desenvolvimento local.

Sen (2000), além do desenvolvimento econômico, apresenta outras

dimensões, entre elas a segurança econômica, em que, com grande frequência, a

insegurança econômica pode relacionar-se à ausência de direitos e liberdades

democráticas. O fato é que o bom funcionamento da democracia e as políticas pode

mesmo ajudar a impedir a ocorrência de fomes coletivas e outros desastres

econômicos.

29

2.3.2 Liberdade nos negócios do século XXI

Sen (2000) demostra uma abordagem ampla desse tipo de liberdade em

seu livro, que permite a apreciação simultânea dos papeis vitais para que o

desenvolvimento seja integrado em considerações a economias sociais e políticas,

cujas organizações estão relacionadas ao mercado, governos e autoridades locais,

partidos políticos e outras instituições cívicas e sistemas educacionais.

O desenvolvimento de mercado livre em geral e da livre procura de

emprego em particular é um fato muito valorizado em estudos. Karl Marx (1818-

1883) viu a emergência da liberdade de empregos como um progresso

importantíssimo.

As facilidades econômicas são as oportunidades a que o indivíduo tem

para utilizar recursos econômicos com propósito de consumo, produção ou troca.

Sen (2000, p. 55) afirma que “à medida que o processo de desenvolvimento

econômico aumenta a renda e a riqueza de um país, estas se refletem no

correspondente aumento de intitulamentos econômicos da população”. Percebe-se

claramente que esse momento há uma mudança no comportamento das famílias,

em que as riquezas de um país influenciam e aumentam a capacidade das famílias

a consumirem mais e, além disso, busca também uma nova independência

financeira. Outra questão levantada por Sen (2000) relaciona-se ao papel crucial dos

mercados para o processo de desenvolvimento através de sua contribuição para o

elevado crescimento e progresso econômico.

Contudo, encarar sua contribuição apenas com este sentido é restringi-la,

pois a “liberdade de troca e transação é ela própria uma parte essencial das

liberdades básicas que as pessoas têm razão para valorizar” (SEN, 2000, p. 20), e,

assim, “A contribuição do mecanismo de mercado para o crescimento econômico é

obviamente importante, mas vêm depois do reconhecimento da importância direta

da liberdade de troca de palavras, bens, presentes” (SEN, 2000, p. 20). Torna-se

uma contribuição, por si só, crucial para o desenvolvimento independente de suas

influências para a promoção do crescimento econômico ou para a industrialização.

Com as instituições financeiras dando acesso às empresas de grande e

pequeno porte, Sen (2000) as intitulas como “agentes econômicos”, cujo trabalho de

financiamento para a ampliação ou investimentos em novos produtos e serviços,

30

facilita para que a sociedade tenha a sua disposição mais opções de compra para a

economia local.

Em tradução feita por Sampaio (2011, p. 223), Michel Foucault afirma

que:

[...] todas as formas de liberdades, adquiridas ou reivindicadas, todos os direitos que se fazem valer, mesmo a propósito das coisas aparentemente menos importantes, têm sem dúvida um último ponto de ancoragem mais sólido e mais próximo que os „direitos naturais‟. Se as sociedades se mantêm e vivem, ou seja, se os poderes não são „absolutamente absolutos‟, é que por trás de todos os consentimentos e coerções, para além das ameaças, das violências e das persuasões, há a possibilidade desse momento em que a vida não mais se troca, em que os poderes não podem mais nada e em que, diante das metralhadoras, os homens se revoltam.

31

3 CIDADANIA, ÉTICA E ENSINO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO

3.1 Cidadania

Para falar sobre cidadania, tem-se que voltar um pouco no tempo, em

meados do sec. VI e V a.C., quando a vida humana era entendida como realização

plena na vida política. Naquela época, acreditava-se que a vida era somente

dedicada ao trabalho, em que a satisfação das necessidades de sobreviver à vida e

ao corpo e suas vidas eram dedicadas apenas ao prazer, à satisfação do desejo de

gozo e conforto do corpo, achava-se que as vidas eram indignas do ser humano.

Todos queriam participar da vida política e não aceitavam que os outros

tomassem decisões que eles poderiam tomar. Ninguém queria ficar excluído sobre

as decisões que afetavam as pessoas.

Um dos primeiros a ser reconhecido na história da filosofia é Sócrates

(470 a.C. – 399 a.C.) quando sua opinião o levou a morte por submeter a um juízo

racional e critico as crenças e valores de sua época. Ele decreta que existe uma

espécie de divórcio entre a atividade política e a busca da verdade.

Logo depois surge Platão e Aristóteles. Ambos falam da superioridade da

vida, isto é, momento em que a vida é consagrada à contemplação das verdades

eternas e a preocupação de suas tarefas é substituída pela busca da beleza da

verdade do ser. Esse é conhecido como o primeiro momento da cidadania.

O segundo momento é conhecido como o declínio da cidadania. Ocorre

na Idade Média e é relacionado com a ascensão da religião cristã. O cristianismo é

uma religião que destaca a salvação como uma conquista pessoal. Coincidindo com

o pensamento socrático que em termo são: o homem é formado por corpo e alma,

um corpo mundano e mortal e uma alma divina e imortal.

O terceiro e último momento é o da substituição da cidadania ativa para

cidadania passiva, que na modernidade se relaciona com a ascensão econômica

capitalista, que surge a partir do século XII com raízes nas ideias liberais, o

Liberalismo Econômico surge na Europa e na América no final do século XVIII

associado ao liberalismo político nascido nas Revoluções Americana e Francesa.

Segundo esta doutrina econômica, deve-se enfatizar a liberdade de iniciativa

econômica, a livre circulação da riqueza, a valorização do trabalho humano e a

economia de mercado (defesa da livre concorrência, do livre cambismo e da lei da

32

procura e da oferta como mecanismo de regulação do mercado), opondo-se assim

ao intervencionismo do Estado e à adoção de medidas restritivas e protecionistas

defendidas pelo mercantilismo, que traz dois acontecimentos: o renascimento das

cidades e o renascimento do comércio. O renascimento das cidades trazia novas

oportunidades, livres da submissão dos senhores feudais. O renascimento do

comércio cria uma nova classe social, conhecido como os burgueses. Esses tinham

na expansão de seus negócios e de seus lucros seus principais interesses de vida.

Surge ai alguns pensamentos sobre cidadania, mas o que se pode dizer é

que as pessoas estão cada vez mais voltadas para si e em busca de sua satisfação

pessoal, seus hábitos e costumes.

Os comportamentos, os hábitos em coletividade são frutos e são

influenciados pelos costumes sociais. Temperamentos, tradições culturais,

influências climáticas, preconceitos regionais, dentre outros. Os costumes muitas

vezes são consequência dos indivíduos, que vão adquirindo suas características não

exatamente saudáveis. Ou outras vezes adquirindo sentimentos egoístas como a

vivencia no dia a dia, em que a violência, droga e principalmente a massificação de

comportamentos, a corrupção, sonegação e o desinteresse pelo que se refere ao

outro, etc., está como um todo em contrário ao bem comum do indivíduo. O principio

do respeito ao bem dos outros, ao bem da comunidade torna possível o bem

individual, em que cultivar o respeito pelo outro engrandece a pessoa humana.

3.2 Ética

Ética vem do grego “ethos”. Significa: hábito, costume. Quando os

filósofos gregos quiseram cunhar um nome para a parte da filosofia que se ocupa

com as ações cotidianas do indivíduo, criaram a expressão “ethike episteme”, que

significava “ciência dos costumes” ou, como ficou conhecida, “ciência ética”, ou

simplesmente “ética”.

A ética pode ser definida como um conjunto de regras, princípios ou

maneiras de pensar que guiam ou chamam a si a autoridade de guiar as ações de

um grupo em particular, ou, também, o estudo sistemático da argumentação sobre

como se deve agir.

33

A ligação existente entre ética e filosofia é profunda, pois não se pode

deixar como fundamento. As questões filosóficas na história têm uma relação ativa

com a história da ética.

A ética para muitos filósofos inicia com Sócrates (470-399 a.C.), que a

conceitua como o senso comum da sua época. O corpo seria a prisão da alma, que

é imutável e eterna. Sócrates passava uma mensagem da filosofia como uma

missão divina. Em sua visão, ele entendia que os pensamentos filosóficos eram de

questionamentos e interrogações e queria que as pessoas deixassem as falsas

ideias e buscassem o verdadeiro conhecimento. O filosofo, entretanto, acreditava

que somente aqueles que possuíssem o saber político, ou seja, aqueles que de fato

soubessem o que era a Política, a Justiça estaria apta a governar. Ele mostrou que

aquela democracia não tinha nenhum fundamento que sustentasse os costumes e

crenças da época, que não havia verdade e que tudo dependia da instabilidade das

opiniões e, talvez, tenha sido esse o motivo real de sua condenação à morte.

Em seguida, vem Platão (384-347 a.C.), discípulo de Sócrates. Este, de

certa forma, sai das ruas e leva a filosofia para as academias da época. Em seus

escritos, ele mantém a estrutura do diálogo. Platão coloca seu ponto de vista em

dois pontos para a filosofia: uma que é sensível às aparências, às experiências das

sensações; e o inteligível, baseado no mundo das ideias ou das formas, das

essências, das realidades propriamente dita. Assim Platão ficou conhecido como o

primeiro metafísico e prega que a realidade está além das coisas sensíveis ou

aparentes.

Para Platão, tudo que nasce e desaparece não pode ser considerado

pleno. Platão preocupa-se em formar cidadãos e uma cidade justa, em que há

justiça no indivíduo, para que isso aconteça é preciso que o homem tenha um

equilíbrio entre os três “almas” presente no homem, o passional e o intelectual. O

intelectual (razão), o homem deve dominar suas paixões e os sentidos e

sentimentos.

Aristóteles (384-322 a.C.) aproveitou os ensinamentos de Platão, dando

continuidade as suas reflexões. O estagirita argumenta que, na prática, a ética está

no que se faz, visualizando uma finalidade boa ou virtuosa. Isso diz que o agente da

ação e a finalidade do agir são inseparáveis. Aristóteles procura restabelecer essa

coerência sem abandonar o mundo sensível. Explora a experiência e nela mesma

insere o dualismo entre o inteligível e o sensível.

34

O projeto de Aristóteles visa em última análise a restabelecer a unidade

do homem consigo mesmo e com o mundo, tanto quanto o projeto de Platão,

baseado em uma visão do cosmos. Entretanto, Aristóteles censura Platão por ter

seguido um caminho ilusório, que retira a natureza do alcance da ciência. Aristóteles

procura apoio na psicologia. O ser existe diferentemente na inteligência e nas

coisas, mas o intelecto ativo, que é atributo da primeira, capta nas últimas o que elas

têm de inteligível, estabelecendo, dessa forma, um plano de homogeneidade.

Pode-se resumir a ética dos antigos ou ética essencialista em três aspectos: 1) o agir em conformidade com a razão; 2) o agir em conformidade com a Natureza e com o caráter natural de todos os indivíduos; 3) a união permanente entre ética (a conduta do indivíduo) e política (valores da sociedade). A ética era uma maneira de educar o sujeito moral, seu caráter, no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002, p. 3-4)

Na filosofia moderna, encontra-se Immanuel Kant (1724 –1804), que em

sua opinião sobre a ética afirmava: “não existe bondade natural, onde por natureza

somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que

nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos”. Kant fez um

questionamento que é se o indivíduo se deixar levar pelos próprios impulsos,

apetites, desejos e paixões, não terá autonomia ética, pois a natureza conduz o

indivíduo pelos próprios interesses de tal modo que usa as pessoas e as coisas

como um instrumento para o que se deseja.

Observa-se também Georg W. F. Hegel (1770-1831), um dos criadores do

sistema filosófico chamado idealismo absoluto. Hegel influenciou teóricos como

Marx e Kant. No século XIX, traz uma pesquisa deixando um pouco de lado a

filosofia da modernidade, em que diz que a vontade subjetiva da pessoa deve ser

submetida à vontade social, das instituições da sociedade. Assim a vida ética

determinada pela harmonia entre a vontade subjetiva individual e a vontade objetiva

cultural.

Na ética atual, fundiu-se duas linhas de pensamentos: uma na visão da

ética praxista e a outra na ética pragmática. A visão praxista está relacionada ao

homem que tem a capacidade de julgar e que não é totalmente determinado pelas

leis da natureza. Já a ética pragmática tem como desafio à alteridade para

transformar o ter, o saber e o poder em recursos éticos para a solidariedade, uma

contribuição para a igualdade entre os homens.

35

No período contemporâneo, tem Friedrich Nietzsche (1844-1900) que

atribui os valores éticos, não a razão, mas a emoção. Nietzsche afirmava que o

homem forte é aquele que não reprime seus impulsos e desejos, que não se

submete a moral demagógica e repressora. Sua teoria tem força quando Freud

descobre que o inconsciente, instância psíquica que controla o homem, que engana

ou se sobrepõem a consciência para trazer à tona a sexualidade represada e que o

neurótiza.

Hoje, numa época em que cada vez mais se fala de globalização, o

conhecimento de cultura brasileira se mistura a outras culturas. Porém esse

intercâmbio não garante que o homem comum supere a crise da ética atual cujo

convívio com o outro garanta uma sociabilidade harmoniosa. Ao contrário, hoje,

percebe-se que o viver feliz é ter o domínio do progresso técnico e científico.

No atual momento da história, convive-se como um problema ético-

político, cujas forças dominam e se consolidem nas estruturas sociais e econômicas.

Enfim a ética é o maior valor da liberdade do homem, em que seu livre arbítrio forma

seu meio ambiente que pode ser preservado ou destruído, ou que ele pode se

formar no bem ou no mal neste planeta.

3.3 Responsabilidade

No momento atual, vivencia-se a má distribuição das riquezas produzidas,

a grande valorização do individualismo e a crise ambiental, tem sim propiciado aos

homens a necessidade de redefinir seu papel na sociedade e modo que será preciso

construir um novo modelo de ética ou de novas responsabilidades que o possibilitam

um novo engajamento de cada indivíduo à coletividade.

O principal objetivo é demostrar que a responsabilidade social é um

alicerce para os valores éticos e humanos nas pessoas e que tem uma importância,

sendo sua perspectiva o desenvolvimento econômico, mas o coletivo sendo

valorizado através das ações que melhoram as condições de vida das pessoas,

respeitando o meio ambiente.

Deste modo, a construção da responsabilidade social nas pessoas parte

de dentro do indivíduo com a necessidade de preservação dos seus recursos.

Assim, o administrador do presente tem uma ação primordial com o mais novo

profissional, em que deve construir uma nova mentalidade cujas ações do hoje

36

tenham consequências no equilíbrio da economia, sendo o exercício profissional o

primeiro passo para o desenvolvimento social.

Por fim, é partindo da responsabilidade social que se pode raciocinar que

a ética vislumbrando o coletivo é por onde se pode construir uma sociedade justa,

com equilíbrio econômico e que garanta que o ser humano esteja inserido nas ações

sociais.

3.4 Moral, amoral e imoral

A ética é construída pelos valores existentes nas pessoas. Mas como

saber ou como identificar se as atitudes de uma pessoa é moral, amoral ou imoral?

As definições são as seguintes:

Amoral é quando não se pode decidir, escolher e julgar. Exemplo desse

caso é um idoso com problema cerebral, ou uma pessoa considerada demente.

Já a moral é quando existe uma pratica de ação ética. Exemplo: não

pegar o que não é meu. É um principio ético e a atitude do seu comportamento é se

é roubo ou não.

O imoral depende da moral que traz o fato ou uma ação praticada.

Exemplo: o beijo homossexual vai depender muito de como o ato é visto.

3.5 Educação e Ensino Superior

A educação superior no Brasil será por algum tempo um desafio de

múltiplos obstáculos ainda por menores. No Brasil, a maior parte da população é

considerada analfabeta. Dentro desse cenário estão também os que não terminaram

o antigo Ensino Fundamental, que por algum motivo, não conseguiram terminar os

estudos ainda que as circunstâncias da vida não permitissem.

A Educação Superior era uma realidade de muitas famílias em que a

prioridade para cursá-la não abrangia a todos os seus membros e outras classes

sociais dominavam esse cenário político e econômico do país. Os que procuravam

ter um diploma buscavam na realidade um aperfeiçoamento pessoal e não uma

profissão em si. Mas as grandes mudanças no cenário tecnológico, social,

comunicacional e, principalmente, com a globalização, a necessidades de construir

uma nova sociedade, visualizando uma realidade social em que a busca de novos

37

conhecimentos, a formação profissional e a capacitação tornaram-se como uma

obrigação para a sociedade brasileira, bem como para muitas pessoas que

despertaram para o Ensino Superior.

A educação pode ser entendida a partir da ação de seus diversos agentes

e, por consequência, pode exprimir a concepção que se tem a seu respeito. Dessa

forma, torna-se fundamental compreender como o docente pode construir suas

práticas de educação e Ensino Superior, isto é, como planejar ações pedagógicas

a partir de uma tendência contemporânea.

O Brasil, em termos comparativos, tem tudo para ser uma potência

para que o crescimento do Ensino Superior seja destaque tanto na formação da

população como para a educação. A Tabela 3 a seguir mostra um comparativo entre

alguns países:

Tabela 3 – América Latina, taxas brutas de matrícula no Ensino Superior, 1990-1997 Países 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

Argentina - 38,1 - - 36,2 - - -

Bolívia 21.3 21.7 - - - - - -

Brasil 11.2 11.2 10.9 11.1 11.3 - 14.5 -

Chile - 21.3 24.2 26.5 27.4 28.2 30.3 31.5

Colômbia 13.4 14.0 14.6 14.7 15.4 15.5 16.7 -

Costa rica 26.9 27.6 29.4 29.9 30.3 - - -

Cuba 20.9 19.8 18.1 16.7 13.9 12.7 12.4 -

Equador 20.0 - - - - - - -

El salvador 15.9 16.8 17.2 17.0 18.2 18.9 17.8 -

Guatemala - - 8.3 8.1 8.4 8.5 - -

Honduras 8.9 8.9 9.2 9.0 10.0 - - -

México 14.5 14.1 13.6 13.9 14.3 15.3 16.0 -

Nicarágua 8.2 8.1 8.9 - - 11.5 11.5 11.8

Panamá 21.5 23.4 25.3 27.3 27.2 30.0 21.5

Paraguai 8.3 - - 10.3 10.1 10.1 10.3 -

Peru 30.4 32.0 31.5 28.0 26.8 27.1 25.7 25.8

Uruguai 29.9 30.1 27.2 - - - 29.5 -

Venezuela 29.0 28.5 - - - - - -

Fonte: Banco Mundial, World Development Indicators, 2001.

Observa-se que os valores na tabela acima comparam o número de

estudantes inscritos no Ensino Superior com o total da população em idade

escolar, de 18 a 24 anos de idade. O Brasil precisa dobrar a quantidade de

estudantes matriculados no Ensino Superior para chegar próximo à Argentina,

Chile e Peru.

38

Segundo Giroux (2010), o Ensino Superior tem a responsabilidade não só

da busca da verdade, independentemente para onde ela possa conduzir, mas

também de educar os estudantes a desempenhar uma autoridade política e

moralmente responsável. As universidades devem envidar esforços no sentido de

expandir tanto a liberdade acadêmica quanto o papel da universidade como esfera

pública democrática, mesmo que essas precisem ser remodeladas no início do novo

milênio.

Apesar de as perguntas, sobre se a universidade deve servir apenas aos

interesses públicos e não aos privados, já não carregam consigo o peso de crítica

contundente como fizeram no passado, essas perguntas ainda são cruciais na

abordagem da realidade do Ensino Superior e do que pode significar o pensar à

plena participação da universidade na vida pública como protetora e promotora dos

valores democráticos, especialmente em um momento em que o sentido e a

finalidade do Ensino Superior são cercados por interesses econômicos e políticos

estreitos.

A educação não se dá apenas quanto a questões de trabalho e economia, mas também quanto a questões de justiça, liberdade social, capacitação para uma atuação democrática, de ação e de mudança, bem como a questões de poder, exclusão e cidadania. A educação, no seu melhor, trata de como habilitar os alunos a encarar seriamente a forma como eles devem viver suas vidas, defender os ideais de uma sociedade justa e agir de acordo com a esperança de uma democracia forte. (GIROUX, 2010, p. 36)

Esses são temas políticos e educacionais e devem ser tratados como

parte de uma preocupação mais ampla, que se ocupe com a renovação da luta por

justiça social e democracia. O Ensino Superior deve ser um lugar onde imaginar o

inimaginável seja parte de um esforço não apenas que oportunize aos alunos pensar

de maneira diferenciada, mas também que os estimule a agir de outro modo, na

missão de levar a sério o ideal de democracia. Essa é a razão pela qual retomar a

universidade é tão crucial (GIROUX, 2010).

O Censo da Educação Superior 2011, divulgado pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), apresenta o quantitativo

de Instituições de Educação Superior (IES), por organização acadêmica e

localização (Capital e Interior), segundo a unidade da federação e a categoria

administrativa das IES, no ano de 2011, conforme Tabela 4 a seguir:

39

Tabela 4 – Número de Instituições de Educação Superior, por organização acadêmica e localização (Capital e Interior), segundo a unidade da federação e a categoria administrativa das IES - 2011 Unidade da Federação / Categoria

Administrativa

Instituições

Total Geral Universidades Centros Universitários Faculdades IF e CEFET

Total Capital Interior Total Capital Interior Total Capital Interior Total Capital Interior Total Capital Interior

BRASIL 2.365 819 1.546 190 86 104 131 51 80 2.004 652 1.352 40 30 10

Pública 284 95 189 102 48 54 7 1 6 135 16 119 40 30 10

Federal 103 64 39 59 31 28 - - - 4 3 1 40 30 10

Estadual 110 31 79 37 17 20 1 1 - 72 13 59 - - -

Municipal 71 - 71 6 - 6 6 - 6 59 - 59 - - -

Privada 2.081 724 1.357 88 38 50 124 50 74 1.869 636 1.233 - - -

Fonte: INEP (2011).

3.6 Ensino Superior em Administração

A origem do curso em Administração no Brasil encontra-se diretamente

ligada à demanda dos gestores públicos, identificados no século XX. No ano de

1938, a constituição do Departamento de Administração do Serviço Público (DASP)

estabeleceu bases para a constituição do primeiro centro de administradores do

país: a Fundação Getúlio Vargas.

Segundo Festinalli (2005), nos anos de 60 e 70, quando foi apresentou-se

um crescimento no Ensino Superior em Administração, incentivadas pelos

mesmos fatores do das necessidades do curso. Em 1990, o Brasil teve uma

grande ascensão no número de instituições de Ensino Superior, não somente

nas ciências administrativas, mas em outras áreas que necessitam de pessoas

mais capacitadas para executar tais tarefas nas empresas de hoje.

Nos últimos anos, o Ensino Superior brasileiro teve uma grande

expansão, quando expandem-se o crescimento e o surgimento das Instituições de

Ensino Superior (IES) em cursos de graduação. Um fator para explicar esse

crescimento é o aumento do número de alunos matriculados no Ensino Médio e a

flexibilização dos critérios para abertura de novos cursos promovida pelo Ministério

da Educação.

Com isso, a disputa entre os IES teve um maior aumento nas redes

privadas. Consequentemente, deve-se ter preocupação com qual tipo de ensino está

sendo passado para os alunos dos cursos. Todas as IES passam por uma avaliação

periódica pelo Ministério da Educação. Tal avaliação não tem como medir o nível de

conhecimento do corpo discente.

40

Os resultados do Censo da Educação Superior 2011 mostram que o

número de matrículas no Ensino Superior do Brasil aumentaram 5,7% entre 2010 e

2011, o que indica quase 7 milhões de alunos estudando em cursos de nível

superior no país – entre graduação, pós-graduação, cursos sequenciais e de

formação específica. Ainda de acordo com o Censo, 5.746.762 alunos estão

matriculados no ensino presencial e 992.927 na educação à distância. Os números

demonstram que, no período 2010-2011, a matrícula em cursos de graduação nas

universidades cresceu 7,9% na rede pública e 4,8% na rede privada. Desses 95%,

(6,7 milhões) cursam a graduação, 1,7 milhão em universidades e instituições

públicas de ensino e 5 milhões em universidades privadas (INEP, 2012).

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Educação e

Cultura (MEC), a participação de mulheres, pessoas de baixa renda e nordestinos

nas universidades aumentou. Esses segmentos juntos somam mais de 55% da

população universitária entre 18 e 24 anos (3,85 milhões de estudantes).

O número de negros e pardos no Ensino Superior no Brasil também

aumentou. Em 1997, eles representavam 4% das matrículas nessa etapa do ensino.

No ano passado, esse percentual subiu para quase 20% dos que frequentam ou já

concluíram a graduação.

41

4 ARCABOUÇO METODOLÓGICO

Este capítulo apresenta os aspectos metodológicos utilizados para

realização e delineamento desta pesquisa e como foi feita a coleta e tabulação

de dados. A metodologia científica “[...] é a ciência do método, ou que estuda os

métodos, ou é o conjunto de métodos que serve ao trabalho científico: acadêmico,

de graduação ou de pós-graduação” (LEITE, 2008, p. 101).

Para alcançar os resultados esperados, realizou-se um projeto com o

objetivo de atender a pergunta de partida e o objetivo da presente investigação

durante o semestre de 2013.1 com os discentes do curso de Administração da

Faculdade Cearense.

4.1 Natureza da pesquisa

O presente trabalho adotou como natureza da pesquisa o modelo quali-

quantitativo. Para Honorato (2004, p. 94), “Na verdade, as pesquisas qualitativas e

quantitativas devem ser complementares e não consideradas de maneira isolada”.

Ainda em Honorato (2004, p. 97), “A pesquisa qualitativa proporciona melhor visão e

compreensão do contexto do problema”.

A pesquisa qualitativa tem como características a análise psicológica dos

fenômenos de consumo pelo esclarecimento das razões pelas quais se age de

determinado modo e pela inviabilidade de quantificação dos dados (HONORATO,

2004). Por sua vez, Malhotra (2006, p. 155) afirma que “a pesquisa quantitativa

procura quantificar os dados e aplicar alguma forma de análise estatística”.

A pesquisa quantitativa tem como princípio o estudo de um certo número

de casos individuais. Determina a quantidade de fatores segundo um estudo típico,

utilizando dados estatísticos, e generaliza o que foi encontrado nos casos

particulares (RAMPAZZO, 2005).

As pesquisas de natureza quantitativa utilizam técnicas estatísticas com

objetivo de apurar a opinião dos entrevistados através de perguntas estruturadas,

como os questionários.

42

4.2 Tipologia da pesquisa

Utilizou-se, na classificação da pesquisa, a taxonomia de Vergara (2009).

A autora explica que existem diversas taxonomias acerca dos tipos de pesquisa.

Segundo a estudiosa existem dois critérios: quanto aos fins e quanto aos meios.

Quanto aos fins, a pesquisa pode ser de natureza exploratória e

descritiva. Para Leite (2008, p. 54), [...] “a pesquisa exploratória é a que explora algo

novo, que frequentemente não é considerado ainda ciência, mas que serve de base

à ciência”. Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 64) afirmam que “[...] recomenda-se a

pesquisa exploratória quando há pouco conhecimento sobre o problema a ser

estudado”.

Vergara (2009, p. 42) corrobora quando destaca que “a investigação

exploratória, que não deve ser confundida com leitura exploratória, é realizada em

área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado”. Pode-se perceber

que os autores concordam que a pesquisa exploratória é realizada quando se deseja

aproximar-se do assunto investigado

A pesquisa realizada foi de tipologia descritiva. Para Malhotra (2006,

p. 101), “[...] o principal objetivo da pesquisa descritiva é descrever alguma coisa –

normalmente características ou funções [...]”. Enquanto para os autores Cervo,

Bervian e Silva (2007, p. 61), “a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e

correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”.

Quanto aos meios, utilizou-se a forma documental, bibliográfica e de

campo, Vergara (2009, p. 43) elucida que “a investigação documental é realizada em

documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer

natureza ou com pessoas: registros, anais [...]”.

Enquanto para Lakatos e Marconi (2003, p. 174), “a característica da

pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos,

escrita ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”. A pesquisa

também foi de caráter documental, pois foram utilizados documentos desenvolvidos

pelo autor e a relação dos horários dos professores por disciplina do curso de

Administração.

A pesquisa realizada teve caráter bibliográfico. Lakatos e Marconi (2003,

p. 183) afirmam que a pesquisa bibliográfica “abrange toda a bibliografia já tornada

43

pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais

revistas, livros, pesquisas, monografias teses [...]”.

A bibliografia utilizada no presente trabalho teve a finalidade de obter

embasamento teórico pertinente para a realização do presente estudo. Foram

utilizados livros, trabalhos de conclusões de cursos, bem como artigos científicos

relacionados com o tema em questão. Oliveira (2002) elucida que a pesquisa

bibliográfica é mais abrangente que a documental podendo ser realizada de forma

simultânea com a pesquisa de campo.

Conforme Lakatos e Marconi (2003, p. 186), a pesquisa de campo é

“aquela utilizada como objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca

de um problema, para o qual se procura uma resposta [...]”. A pesquisa de campo foi

realizada no mês de maio durante o semestre 2013.1 com os dois professores do

curso de Administração da FaC.

Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 62) definem estudo de caso como “uma

pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja

representativo de seu universo para examinar aspectos variados de sua vida”.

Barros e Lehfeld (1990, p. 84) definem estudo de caso como “uma

metodologia de estudo que se volta à coleta de informações sobre um caso ou

vários casos particularizados”. Por meio do estudo de caso e das tipologias

apresentadas, pôde-se identificar a percepção da ética e da cidadania dos discentes

do curso de Administração da Faculdade Cearense.

4.3 Objeto de estudo

O estudo de caso da presente pesquisa baseia-se na Faculdade

Cearense (FaC) e tem como unidades de estudo os discentes e docentes do Curso

de Administração.

Esta Instituição de Ensino Superior (IES) está localizada no bairro Damas,

na cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará. A IES é mantida pelo Centro de

Ensino Superior e atua em dois campi. Estão divididas em Campus denominado

Sede e a Unidade II. A IES foi fundada em 2002, porém iniciou suas atividades no

ano de 2004 com o primeiro vestibular para os cursos de Direito e Pedagogia. No

ano seguinte, outros cursos foram ofertados, tais como os Bacharelados em

Administração, em Ciências Contábeis, em Comunicação Social com habilitação em

44

Jornalismo, Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda,

Turismo e a Licenciatura Plena em Pedagogia. No ano de 2008, A IES abriu vagas

para o curso de Bacharelado em Serviço Social (FaC, 2013).

A IES tem como missão contribuir para o desenvolvimento do Brasil,

especialmente do Ceará, por meio da alta qualidade do ensino ministrado com base,

principalmente, na qualificação de seu corpo docente, nas condições de trabalho e

na infraestrutura física, material, e econômica, oferecidas à comunidade acadêmica

(FaC, 2013).

A FaC oferece à comunidade acadêmica uma infraestrutura física e de

serviços essenciais para o bom desempenho das atividades acadêmicas. Possui

uma biblioteca climatizada que funciona nos três turnos, quatro laboratórios de

informática modernos que utilizam o sistema operacional Windows, salas de aula

climatizadas, dois auditórios com capacidade média de 150 lugares cada. Possui

uma área de convivência social, com espaços destinados ao relacionamento social e

para a realização de eventos, além de cantinas e estacionamentos (FaC, 2013).

Para que o estudante possua o titulo de Bacharel em Administração

deverá cursar 3.340 (três mil trezentas e quarenta) horas em sala de aula curricular,

devendo ser cumpridas em pelo menos 8 (oito) semestres, num total de 48

(quarenta e oito) disciplinas, sendo 02 (duas) optativas e outras 100 (cem) horas de

atividades complementares (FaC, 2013).

O Curso de Bacharelado em Administração da FaC possui um corpo

docente composto atualmente por 34 (trinta e quatro) professores, sendo 12 (doze)

especialistas o que equivale a 35 %, 18 (dezoito) mestres, equivalendo a 53 % e por

fim, 4 (quatro) doutores com percentual de 12%. Somando mestres e doutores,

equivalem a 65%, atendendo ao percentual exigido pela legislação.

O objetivo geral do curso de Bacharelado em Administração da FaC é a

formação de um profissional com conhecimentos técnicos, humanísticos e histórico-

sociais necessários ao entendimento, interpretação e intervenção na realidade

econômica nacional e internacional, instrumentalizando-os com métodos, técnicas e

recursos que possibilitem uma atuação ética, condigna e competente nas suas

funções na área gerencial A FaC busca através de um ensino de qualidade formar

profissionais competentes que atendam as exigências de um mercado competitivo

e que exigem formação adequada para o atendimento de suas expectativas

(FaC, 2013).

45

4.4 Universo amostral e população alvo

Conforme Andrade (2009, p. 132), “o universo da pesquisa é constituído

por todos os elementos de uma classe, ou toda a população. População é o conjunto

total [...] pode abranger qualquer tipo de elementos [...]”.

Para Malhotra (2006, p. 322), O universo amostral da pesquisa é a

“unidade básica que contém os elementos da população a ser submetida à

amostragem”. O universo deste estudo é constituído por 60 alunos sendo 20

do 4º semestre, 20 do 5º semestre e 20 do 6º semestre e por 02 professores do

Curso de Administração da FaC.

4.5 Instrumento de pesquisa (entrevista/questionário)

Como instrumento de pesquisa, foi utilizado um questionário (Apêndice

A), junto aos discentes do Curso de Bacharelado em Administração de 2013.1.

Andrade (2009, p. 136) define que “questionário é um conjunto de perguntas a que o

informante responde, sem necessidade da presença do pesquisador”.

Nesta pesquisa, foi utilizado como instrumento de investigação

previamente utilizado, testado e validado, usando escala Likert de cinco itens. Este

estudo feito anteriormente objetivava identificar a percepção da ética e da cidadania.

Para Neves e Boruchovitch (2005), a escala Likert foi utilizada para coleta

das informações primarias. Esse tipo de escala somatória é mais comum que as

demais, pois, além de manifestar a concordância ou não com determinada assertiva,

indica o grau da resposta.

O questionário está estruturado em 10 perguntas abertas para que o

respondente faça sua análise e tenha liberdade de respondê-las. Os pesquisados

foram os graduandos e os docentes do Curso de Administração da FaC – 2013.1.

O questionário foi estruturado com uma linguagem clara e objetiva com

propósito de facilitar a compreensão dos docentes em relação ao assunto da

pesquisa. Andrade (2009, p. 136) elucida que:

[...] para elaborar as perguntas de um questionário é indispensável levar em conta que o informante não poderá contar com explicações adicionais do pesquisador. Por este motivo, as perguntas devem ser muito claras e objetivas.

46

4.6 Pré-teste

O pré-teste é utilizado primeiramente com um universo reduzido com

intuito de identificar alguma dificuldade em relação à compreensão do questionário.

Para Barros e Lehfeld (1990, p. 76), “[...] antes da aplicação definitiva do

questionário deve-se realizar um pré-teste ou pré-inquérito”.

Fato este corroborado por Lakatos e Marconi (2003, p. 201), “[...] antes de

ser redigido, o questionário precisa ser testado antes de sua utilização definitiva,

aplicando-se alguns exemplares em uma pequena população escolhida”.

O pré-teste é de suma importância para a pesquisa de campo, pois

através de um instrumento de pesquisa estruturado e adequado que os objetivos da

pesquisa são atendidos.

Andrade (2009, p. 133) afirma que “o teste dos instrumentos e

procedimentos, ou pré-teste, é um procedimento rotineiro nas pesquisas de campo,

mas absolutamente indispensável”.

O pré-teste foi realizado no dia 6 de maio de 2013. A quantidade de

respondentes foi 20 (vinte) alunos do 4º semestre, 20 (vinte) alunos do 5º semestre

e 20 (vinte) de 6º semestre totalizando 60 alunos matriculados no Curso de

Bacharelado em Administração da FaC. Durante a aplicação nas salas de aula, foi

verificado que os alunos não tiveram dificuldade em responder ao instrumento de

pesquisa, pois as assertivas estavam claras e objetivas.

Dessa forma, não tiveram dúvidas em relação ao seu entendimento.

Barros e Lehfeld (1990, p. 71) afirmam que “a validez de um instrumento está

relacionada com a sua capacidade de medir o que se deseja”. Portanto, com a

avaliação dos alunos e a falta de dúvidas, atesta-se que o instrumento de pesquisa

atendeu os objetivos esperados deste estudo.

47

Gráfico 1 – A contribuição do curso de Administração para a formação ética dos bacharelandos Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na primeira pergunta, 28 estudantes concordam parcialmente sobre a

contribuição do curso de Administração na formação ética, representando 51% e 20

alunos concordam totalmente que o curso de Administração contribui para a

formação da ética, representado em 39%.

Gráfico 2 – A ética como um dos fatores que contribuem para uma sociedade melhor Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na segunda pergunta, 29 alunos concordam totalmente quando se

pergunta se a ética é vista como um fator que contribui para uma sociedade melhor,

representando 49% do total a maioria. E 16 alunos, um total de 27%, concordam

parcialmente.

2% 5% 3%

51%

39%

Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

4% 3%

17%

27%

49% Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

48

Gráfico 3 – A utilização da ética no processo de tomada de decisão Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na terceira pergunta, 37 alunos concordam totalmente que na tomada de

decisão é utilizado a ética, esse número representa 63% do total. E 20 alunos

concordam parcialmente, que representam 34%.

Gráfico 4 – O papel de cidadão no exercício das tarefas na empresa Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na quarta pergunta, 34 alunos responderam que concordam totalmente

com a afirmativa, que exerce sim o papel de cidadão na execução das tarefas,

representado em 58% do total. E 21 alunos responderam que concordam

parcialmente sobre a pergunta, acolhida com 36% do pesquisados.

1% 2% 0%

34%

63%

Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

3% 0% 3%

36%

58%

Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

49

Gráfico 5 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento social Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na quinta pergunta, 26 alunos concordam parcialmente que sua atividade

na empresa contribui sim para o desenvolvimento social, representando 44%. E 21

alunos concordam totalmente que contribui para o desenvolvimento social,

contemplando 36% dos participantes.

Gráfico 6 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento econômico Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na sexta pergunta, 34 alunos concordam totalmente que sua atividade

contribui sim para o desenvolvimento econômico, isso representa 58%. E 18 alunos

concordam parcialmente que contribui sim para o desenvolvimento econômico,

representando 30%.

3% 2% 15%

44%

36%

Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

2% 3% 7%

30%

58%

Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

50

Gráfico 7 – A contribuição da atividade exercida para o desenvolvimento local Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na sétima pergunta, 27 alunos concordam parcialmente que sua atividade

contribui para o desenvolvimento local, representando 46% dos alunos. E 22 alunos

concordam totalmente que contribui para o desenvolvimento local, isso é 37% do

total de pessoas pesquisadas.

Gráfico 8 – O exercício da liberdade e da ética na empresa Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na oitava pergunta, os 26 alunos responderam que concordam totalmente

que trabalha com liberdade e ética em suas empresas, isso é 44% dos

respondentes. E 22 alunos concordaram parcialmente que trabalham com liberdade

e ética, isso é 37%.

2% 7%

8%

46%

37%

Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

5% 9%

5%

37%

44% Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

51

Gráfico 9 – O exercício da liberdade e da cidadania na empresa Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na nona pergunta, 26 alunos responderam que concordam parcialmente

que trabalham com liberdade e cidadania em suas empresas, abrangendo 44% das

respostas. E 24 concordam totalmente que trabalham com liberdade e cidadania,

isso é 41%.

Gráfico 10 – O exercício da liberdade política na empresa Fonte: Pesquisa do autor (2013).

Na décima pergunta, 28 alunos responderam que concordam

parcialmente que têm liberdade política em suas empresa, representado em 47%. E

20 alunos concordam totalmente que têm liberdade política, ou seja, 34%.

0% 12% 3%

44%

41%

Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

5% 7%

7%

47%

34%

Discordo completamente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

52

4.7 Procedimentos operacionais

A coleta de dados foi realizada na Unidade II da FaC na quarta semana

de maio de 2013. Nos dia 20 e 23 de maio, foi aplicado um questionário com os

alunos do curso de Administração e uma entrevista a dois professores.

O critério utilizado para a escolha da faculdade foi o fato de o pesquisador

ser aluno da instituição, portanto, em caráter de acessibilidade de forma não

aleatória. A acessibilidade permitiu o contato direto com os graduando e os docentes

do curso. Desta forma, todas as dúvidas que surgissem foram retiradas in loco.

A forma não aleatória explica-se por não fazer uso de seleção (LAKATOS;

MARCONI, 2003).

O contato com os alunos ocorreu em sala de aula. Antes da aplicação dos

questionários, foram feitas observações acerca deles, solicitando aos estudantes

que lhes respondessem. Caso o aluno já o tivesse respondido em outra turma, foi

solicitado que não respondesse novamente, visto que o aluno pode cursar

disciplinas em semestres diferentes. Todas as observações foram feitas visando os

resultados confiáveis para alcançar o número máximo de alunos por turma, com o

apoio dos docentes e ciência da coordenação do curso.

O contato com os professores ocorreu no intervalo de cada aula, onde

foram repassadas as perguntas da entrevista para que os mesmo pudessem ter uma

preparação antecipada e que as dúvidas fossem sanadas antecipadamente.

4.8 Análise de discurso

A classificação e a utilização da análise do discurso, no tocante ao

desenvolvimento como liberdade na teoria de Amartya Sen, encontram-se

permeadas por certa problemática que reflete uma falta de consenso entre autores.

Bardin (1979) sustenta que a análise do discurso pertence ao campo da

análise de conteúdo, justificando que se trata de uma técnica cujos procedimentos

têm como objetivo a inferência acerca de uma estrutura profunda (processos de

produção) a partir de efeitos de superfície discursiva (manifestações semântico-

sintáticas).

[...] existe uma tentativa totalitária (no sentido em que se procura integrar no mesmo procedimento conhecimentos adquiridos ou avanços até aí

53

dispersos ou de natureza disciplinar estranha: teoria e prática linguística, teoria do discurso como enunciação, teoria da ideologia e automatização do procedimento) cuja ambição é sedutora, mas em que as realizações são anedóticas. O que é deplorável! (BARDIN, 1979, p. 222)

A análise do discurso envolve a reflexão acerca das condições de

produção dos textos analisados, as quais, de acordo com Orlandi (2001), situam-no

em um contexto histórico-ideológico mais amplo. A autora defende que a análise de

discurso busca desvendar os mecanismos de dominação que se escondem sob a

linguagem, não se tratando nem de uma teoria descritiva, nem explicativa, mas o

intuito de constituir uma proposta crítica que problematiza as formas de reflexão

anteriormente estabelecidas.

Nesse processo, o analista deve evidenciar a compreensão do que é a

textualização do político, a simbolização das relações de poder, o modo da história

dos sentidos, o modo de existência dos discursos no sujeito, na sociedade e na

história (ORLANDI, 2001). O trato do material na análise do discurso envolve a

apreensão de alguns conceitos desenvolvidos por seus teóricos. Entre esses

conceitos, o principal é o texto, que é tido como unidade de análise.

54

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para atingir o objetivo geral desta pesquisa científica que objetivou

analisar “desenvolvimento como liberdade”, a percepção da ética e da cidadania nos

negócios pelos atores do curso de Administração da Faculdade Cearense foi

realizada uma investigação qualitativa com dois professores. E foi possível analisar

que o desenvolvimento como liberdade está presente na ética e cidadania.

Os professores pesquisados foram analisados em suas respostas se

tinham uma concordância ou uma discordância em relação à assertiva

correspondente.

As afirmativas foram ordenadas com objetivo de obter os resultados

estatísticos referentes ao grau de concordância e discordância das respostas

De modo geral, a pesquisa demonstrou que os professores se

dispuseram a responder 10 perguntas todas abertas para que seu ponto de vista

fosse analisado sobre o tema “Desenvolvimento como liberdade”.

Observa-se que os entrevistados concordam quando na primeira pergunta

é afirmado que o desenvolvimento econômico de um local está ligado à segurança

econômica em que surge os direitos democráticos e das pessoas que fazem parte

da sociedade. Quando o direito democrático das pessoas são respeitados, as

pessoas passam a ser e ter uma segurança econômica mesmo que pequena, pois

assim utiliza-se o papel de cidadão.

Também se observa que existe uma discordância quando o

desenvolvimento econômico é afirmado por entrevistado que é fundamental e o

outro entrevistado acha que isso traz um problema não para a economia, mas para

as pessoas.

Na segunda pergunta os entrevistados concordam quando é colocado na

pergunta que as liberdades cívicas são importantes, mas não justificáveis pela

economia. Os entrevistados esclarecem que a economia se desenvolve

independente da liberdade política das pessoas. Outro ponto que os entrevistados

concordam é que são imediatamente justificáveis pelos efeitos da economia. Um

entrevistado não sabe se é imediatamente, mas que é muito importante. Outro

entrevistado afirma que os efeitos da economia não resolve tudo, mas o papel do

estado é resolver ou responder para a sociedade se são imediatamente justificadas.

55

Na terceira indagação, os entrevistados concordam quando na pergunta é

colocado que as pessoas têm possibilidade de decidir, vigiar e criticas quem deve

governar, assim as pessoas precisam não só ter liberdade política, mas também

conhecer que tipo de liberdade é essa que dá o direito de poder vigiar e criticar.

Na quanta pergunta, os entrevistados concordam quando se coloca que o

desenvolvimento humano não está ligado a pobres ou a ricos, mas está ligado ao

sujeito, às pessoas que fazem parte de uma sociedade.

Na quinta pergunta, os entrevistados comentam que ao logo da história o

Brasil sempre foi um palco de muitas mudanças e imposições cujo Estado colocava

para população, como no caso da revolta da vacina. Os entrevistados comentam

que naquela época a vacina era algo bom, porém a forma como era colocado para

as pessoas privava-lhes a liberdade de escolha e, simplesmente, sob alegação de

que era qualidade de vida.

Um dos entrevistados discorda da pergunta quando é colocado de forma

exagera que um país que garante a todos os cuidados com saúde e educação. O

entrevistado diz que, de certa forma, esse exagero faz com que isso se torne uma

utopia e não seja uma realidade vivida hoje. Outro entrevistado diz que se a

consciência política existir em um país, consegue sim fazer com que os cuidados

com saúde e educação sejam úteis na sociedade

Na sexta pergunta, os entrevistados concordam que deve existir uma

separação entre desenvolvimento econômico e desenvolvimento social. Porém -

concordam que os dois precisam andar juntos para que a educação seja uma

realidade na sociedade e nas comunidades de uma localidade.

Na sétima pergunta, os entrevistados concordam que, para ter

desenvolvimento como liberdade, as pessoas precisam entender que as leis e as

regras são colocadas pelo Estado para ter uma ordem no tocante de um grupo em

que cada um sabe o seu papel e sabe o porquê está obedecendo as leis.

Há uma discordância entre os entrevistados quando um diz que obedece

a lei porque tem medo das sanções dadas pelo Estado a minha pessoa quando

desobedece. Outro entrevistado diz que obedece porque é a própria vontade que faz

com que obedeça, e não pela obrigação.

Na oitava pergunta, os entrevistados concordam quando dizem que no

capitalismo as pessoas só são identificadas pelo que tem, pelo que usam, pelo que

pode mostrar para os outros e acabam se identificando como membros de uma

56

sociedade consumistas e as atitudes de propiciar maior entendimento, às vezes,

ficam esquecidos e não geram mudanças.

Na questão nove, os entrevistados concordam quando na pergunta diz

que as tecnologias trouxeram instabilidades e incertezas. Eles afirmam que o

homem deixou de ser um ser pensante e passou a ser um ser robótico. Um dos

entrevistados comenta que o homem deixou de ser técnico, não tem mais a pratica,

não tem mais habilidade para desenvolver algumas atividades e deixou que essa

tecnologia a fizesse. Assim, surge às instabilidades e incertezas vinda da tecnologia,

trazendo um mal para a sociedade.

Na décima pergunta, os entrevistados concordam quando se fala em

mudança. Existe sim uma mudança de comportamento, porém deixam claro que

essa mudança tem que partir de dentro para fora e não de fora para dentro, para

que as pessoas sejam vistas como membros de uma sociedade que gera mudança.

Os entrevistados discordam quando um diz que a revisão de valores pode

ou não apresentar novas propostas, pode ou não gerar tal mudança, enquanto o

outro entrevistado diz que, com a revisão de valores, as pessoas são melhores

identificadas na sociedade com ou sem consumo no mundo capitalista.

57

6 CONCLUSÃO

A Administração é uma das ciências mais antigas e estudadas. Ela passa

por muitos estágios e períodos no tempo. Sofreu muitas mudanças e até hoje vem

sendo motivo de estudos e evoluções que garantem que os pensamentos sejam

aplicados nas organizações do século XXI. Depois da Segunda Guerra Mundial,

começa uma transformação que muda o comportamento das empresas. Essa

mudança começa com o início da Revolução Industrial e o avanço tecnológica,

econômica e social para muitos países.

Hoje, encontram-se muitas empresas que passam por situações difíceis

por motivo de não aplicar as teorias nas organizações. E não somente isso, mas a

falta de pessoas capacitadas e qualificadas tendem a fazer tais empresas correrem

sérios riscos de fechar as portas. As teorias são ferramentas que ajudam na

administração, no gerenciamento e na tomada de decisões para alcançar os

objetivos financeiros, sociais e pessoais de quem está envolvido.

Países que se encontravam esquecidos por não se comunicarem com

outros acabavam tendo dificuldades de relacionamento entre eles. Mas a

globalização, junto com novos meios de comunicação e o surgimento de outras

tecnologias, trouxe ao cenário do mercado mundial uma diminuição entre esses que

há pouco não se relacionavam. Tomando como base esse comportamento, pode-se

observar que surgiu uma nova esfera no desenvolvimento econômico, cultural e

social de países em desenvolvimento e outros que começaram a se desenvolver.

Assim, percebe-se também que surgem muitos outros problemas que afetam o bem-

estar da população.

É importante entender que tais mudanças trazem para as pessoas uma

nova forma de pensar, agir e se comportar. Assim é importante que isso seja

reconhecido como liberdade, em que as pessoas têm o direito de opinar, expor,

questionar e apresentar-se nesse mercado, em que essa globalização faz com que

pessoas tão distantes se tornem tão próximas e contribua para o desenvolvimento.

Desenvolvimento é visto por muitos como um processo de expansão das

liberdades existentes nas pessoas que fazem parte de uma sociedade capitalista,

mas que muitas vezes as pessoas não sabe como exigir ou até mesmo diferenciar

que tipos de liberdades são essas que cada um tem o direito e o papel de exerce

como membro de uma sociedade.

58

Liberdade, que é tema do estudo, precisa de maiores reflexões e debates

acerca do assunto. A pesquisa foi realizada na FaC, mas carece de ampliação por

entidades profissionais representativas Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),

Conselho Regional de Administração (CRA), Conselho Federal e Regional de

Enfermagem (COREN), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA),

dentre outras.

Precisa-se aprender com a ética, conhecer o conceito que está em

construção nas pessoas, e não pessoas que se denominam politicamente corretos.

É necessário mudar as atitudes, os pensamentos, os comportamentos, desde um

simples jogar de papel no chão até as decisões que possam influenciar no convívio

com as pessoas.

Nas entrevistas realizadas com os professores e no teste aplicado com os

alunos da Faculdade Cearense, nota-se que existe uma grande concordância entre

os mesmo quando o assunto é desenvolvimento como liberdade. Para chegar a um

desenvolvimento, os membros da sociedade precisam saber e conhecer que tipo de

desenvolvimento está sendo aqui exposto e que tipo de liberdade é essa empregada

às pessoas.

Viver numa sociedade onde a desigualdade é grande demais, onde

poucos têm muitos e muitos têm muito pouco para viver. Essa é a grande questão

que este trabalho procurou responde. Será que as pessoas estão exercendo o seu

papel ético como cidadão? Ou será que estão trabalhando com ética nas

organizações?

Analisando todas as respostas obtidas, conclui-se que as pessoas estão

sim mudando o comportamento em relação às liberdades e ao desenvolvimento. As

pessoas estão mais participativas, mas ainda falta muito a ser trabalhado para que

se consiga alcançar uma sociedade mais plena e mais igual para todos, em que a

distância da realidade seja transformada em esperança para muitos que buscam

lidar com esse desenvolvimento como liberdade.

59

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62

APÊNDICE A

Questionário

63

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

1) CARACTERIZAÇÃO DO RESPONDENTE

1 – Discordo completamente 2 – Discorda parcialmente 3 – Não tenho opinião formada, não percebo

na minha empresa 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente

ASSERTIVAS 1 2 3 4 5

1 – O curso de administração contribui para formação ética dos

bacharelando?

2 – Na sua empresa, a ética é vista como um dos fatores que contribuem

para uma sociedade melhor?

3 – Você se utiliza da ética no processo de tomada de decisão?

4 – Você exerce o seu papel de cidadão no exercício das tarefas na

empresa?

5 – Você acredita que sua atividade na empresa contribui para o

desenvolvimento social?

6 – Você acredita que sua atividade na empresa contribui para o

desenvolvimento econômico?

7 – Você acredita que sua atividade na empresa contribui para o

desenvolvimento local?

8 – Você trabalha com liberdade e Ética na empresa?

9 – Você trabalha com liberdade e cidadania na empresa?

10 – Você trabalha com liberdade política na empresa?

A) Sexo

1 Masculino

2 Feminino

B) Faixa Etária

1 Abaixo ou igual a 30 anos completos

2 Acima de 30 anos completos

D) Cargo Ocupado

1 Proprietário, Diretor Geral.

2 Gestor, Gerente Geral.

3 Assessor, Responsável Técnico.

4 Supervisor, Chefe de Setor (Departamento).

5 Outros:

C) Tempo de Empresa

1 Até 2 anos.

2 De 2 até 4 anos.

3 De 4 até 6 anos.

4 Acima de 6 anos.

5 Outros:

64

APÊNDICE B

Formulário de Entrevista

65

APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA

1 - O desenvolvimento econômico de um local inclui a dimensão de segurança econômica e está ligada aos direitos democráticos das pessoas? 2 - A liberdade política e as liberdades cívicas são imediatamente importantes em si mesmas e não tem de ser indiretamente justificadas pelos efeitos na economia? 3 - As liberdades políticas referem-se às possibilidades que as pessoas têm em decidir quem deve governar, incluindo a possibilidade de vigiar e criticar as autoridades? 4 - O desenvolvimento humano é primeira e primariamente um aliado dos pobres do que dos ricos abastados? 5 - Um país que garante a todos os cuidados com saúde e educação pode conseguir resultados notáveis em termo de qualidade de vida de toda população? 6 – O desenvolvimento econômico pode não ser a melhor saída, mas o desenvolvimento social, em particular a educação pode ser a realidade muito eficaz? 7 - Uma coisa é obedecer a lei por obrigação, ou seja, pela necessidade e pela força, outra é pelo dever, pela vontade. Comente? 8 - Cada vez mais as pessoas estão se voltando para a aquisição de atitudes de cidadania, na busca de propiciar maior entendimento e harmonia entre si? 9 - As transformações sócias advindas da era tecnológicas ativaram oportunidades, mas também instabilidade e incertezas? 10 - O envolvimento das pessoas no produto final do seu trabalho implica, ainda, em revisão de paradigmas (valores e crenças), gerando mudanças de comportamentos incentivando o papel de cidadão do funcionário?

66

APÊNDICE C

Transcrição da entrevista com Professor Dr. Paulo Henrique

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APÊNDICE C – ROTEIRO DA ENTREVISTA

1 - O desenvolvimento econômico de um local inclui a dimensão de segurança econômica e esta ligada aos direitos democráticos das pessoas. ”Acho que a ideia de segurança econômica está pontuada também na possibilidade às vezes de, é...,

encontrar as novidades. O turismo lida muito com isso. Às vezes o desenvolvimento econômico não

esta pontuada e há uma vertente que pontua, que o turismo pode chegar lá, como dinheiro,

investimento. Então você diz assim: que está ligada aos direitos democráticos das pessoas, sim,

dentro de uma perspectiva de uma organização econômica formal, planejada, mas, muitas vezes, a

dimensão da organização econômica elimina um pouco esses direitos democráticos. Muitas vezes eu

tenho direito à minha terra, à minha casa sem formalidade, sem ter o papel passado, e quando chega

o viés econômico mais abastados, ele vai tirando esse direito que tinha de perspectiva, de

organização é menos elaborado, então o direito democrático das pessoas ela é fundamental na

economia, mais não que dizer que seja respeitado sempre, então quando o desenvolvimento

econômico muitas vezes ele atropela esse desenvolvimento democrático porque ela vai dizendo que

há na perspectiva do turismo que aquele lugar não tenho mais direito a ele, porque a valorização dos

imóveis chega porque o uso do carro vai chegar, então por exemplo eu tenho meu direito democrático

de andar a pé e agora eu não tenho mais esse direito democrático, eu tenho direito a segurança o

direito democrático, agora eu tenho que lidar com a falta de segurança em alguns locais.”

2 - A liberdade política e as liberdades cívicas são imediatamente importantes em si mesmas e não têm de ser indiretamente justificadas pelos efeitos na economia. Resposta do Professor Paulo Henrique:

“Eu acho que sempre que fala em economia nós falamos na perspectiva de liberdade,

desenvolvimento e você fala de liberdade cívica. Liberdade cívica pressupõe um acesso ao ganho, ao

ganho monétário, ou pelo meu trabalho ou pela sorte, eu ganhei um dinheiro. E tem também uma

perspectiva. Você diz assim, também a liberdade política elas são importantes, mas você diz não são

imediatamente justificadas pelos efeitos na economia. Acho que a economia por si só não se justifica,

num a perspectiva de uma interação com a liberdade. A economia, ela não pode ser mais do que a

ideia da liberdade. Então eu tenho a liberdade de explorar aquele local, falando um pouco do turismo.

Essa liberdade vai até onde se institui o direito politico, direito politico a, a, ao uso e a ocupação do

solo ao direito cívico de, de possuir, vender e trocar, entres o que se pontua, não sei se estão sendo

muito claro Fagnér porque quando você coloca a pergunta aqui né, ela, de certa forma, se amarra.

Você diz assim, são imediatamente importantes, não sei se são imediatamente importantes, mas

muito importante é não ter de ser imediatamente justificados pelos efeitos da economia. Acho que a

economia não justifica tudo, então se você colocar assim, essa, essa assertiva está um pouco

68

truncada a um concordar que as liberdades. Elas tem que ser pontuados mas a economia não pode

ser é definida como essa liberdade vai acontecer”.

3 - As liberdades políticas referem-se às possibilidades que as pessoas têm em decidir quem deve governar, incluindo a possibilidade de vigiar e criticar as autoridades. Resposta do Professor Paulo Henrique:

“Sim, mas não só isso, quer dizer, as pessoas têm que decidir quem deve governa, mas também deve

decidir como essa pessoa deve governar. É que o modo de atuação, se tem um planéjamento ou se

não tem, você diz assim, possibilidades, possibilidades são mais elas não são só isso, você diz incluem

as possibilidades de vigiar e criticar as autoridades. Sim nós vigiamos e criticamos as autoridades, mas

essa liberdade política é muito maior. É a liberdade política de tirar alguém do cargo no qual ocupa.

Essa liberdade política é a liberdade de expressão. Eu posso expressar se eu gosto ou não gosto

desse governante, essa liberdade política é me fazer inclusive candidato, eu não só escolho o outro,

eu posso ser o escolhido, então quando você diz assim, refere-se às possibilidades, as possibilidades

acho que têm de ser mais ampliadas, não pode ser só essas que estão colocadas aqui.

4 - O desenvolvimento humano é primeira e primariamente um aliado dos pobres do que dos ricos abastados. Resposta do Professor Paulo Henrique:

“Acho que desenvolvimento humano ele não, ele não pontua, é exclusivamente essa perspectiva de

classe. Mas acho que nós temos uma perspectiva, uma preocupação maior com os pobres, com

aqueles que não tem direito a moradia, a saúde, mas essa perspectiva dos ricos Os ricos abastados

também têm uma perspectiva de investimento no desenvolvimento humano, né, é no

desenvolvimento da vida da, da cidadania de cobrança de deveres e dos direitos, então é quando

você diz assim é primeira e primariamente um aliado, acho que aliado tantos dos ricos. Acho que é

aliado do ser humano, agora como cada ser humano vai utilizar essa perspectiva de pontuação, isso é

uma outra história, certo”.

5 - Um país que garante a todos os cuidados com saúde e educação pode conseguir resultados notáveis em termo de qualidade de vida de toda população. Resposta do Professor Paulo Henrique: “É, eu sempre penso que pode haver um erro nos exageros, nas interpretações. Então quando você

diz assim, um país que garante a todos os cuidados com saúde, é essa, essa garantia isso por si só,

não se estabelece na realidade. É a uma utopia que existe países que se preocupe o tempo todo com

tudo e com todos, mas se existir uma forma meio fantasiosa, meio utópica, eu acho assim, é, é a

qualidade de vida para todo população sempre pensando assim, nós temos toda população, uma

perspectiva de que o Estado, ele é criado para atender aquele que pontua os seus habitantes os seus

cidadãos, então não a uma garantia de que a todos ás vezes há um ótimo projeto, uma grande

69

possibilidade de, de é de resultados positivos, mas você tem a rejeição das pessoas. Aqui no Brasil,

nos temos a ideia de que havia no século passado a ideia da revolta da vacina. A vacina era algo bom

pra todos, mas ela, ela tem uma rejeição, então quando se afirma que é, é, melhor qualidade de vida

de toda população é de certo exagero”.

6 – O desenvolvimento econômico pode não ser a melhor saída, mas o desenvolvimento social, em particular a educação pode ser a realidade muito eficaz. Resposta do Professor Paulo Henrique:

“Eu acho que não há separações, desenvolvimento social este atrelado o desenvolvimento econômico

que produz boa educação ou não, que produz investimento em saúde ou não. Então quando se diz

assim, no desenvolvimento, socialmente, é preciso entender que a economia ela tem de ser

desenvolver para chegar a todos ou chegar de forma mais equilibrada, mais igualitária. Então, no

nosso país, nós temos uma, uma desigualdade econômica e social imensa né, então, a economia

chega, nós somos um dos países mais ricos do mundo, a, o desenvolvimento social é que não se

estabelece com muita propriedade”.

7 - Uma coisa é obedecer a lei por obrigação, ou seja, pela nécessidade e pela força, outra é pelo dever, pela vontade. Comente. Resposta do professor Paulo Henrique:

“Alguns autores da sociologia vão colocar (que) nós vivemos em sociedade, sociedade pressupõem

aceitação das normas e cumprimentos dessas normas. Eu não posso criar normas que se, é que se,

que chegue só pra mim. Eu posso achar que é a pena de morte é interessante, possa achar que eu

concordo, mas eu não posso chegar e matar o outro, porque nós temos uma perspectiva. Então

quando você diz assim, é pela vontade, a ideia da lei e, o que ela é, tende à vontade de um todo, um

todo de um grupo, de uma sociedade, uma sociedade que constitui as leis. Mas é a lei, ela é

necessário para própria organização da sociedade. Uma sociedade sem lei, ela é fictícia, ela é

fantasiosa, Então eu obedeço as leis, muitos vezes, pelas sanções das imposições, mas eu tenho

dever como membro da sociedade de exercer esse papel, afinal eu sou fruto de uma sociedade que

institui os comportamentos. Mas posso também, eu posso questionar essa lei é valida e daí você tem

uma perspectiva das redes sociais, que vai, vamos questionar a lei é a pena de morte ou não, a lei do

ensino superior enfim, nós temos uma perspectiva. Essa cobrança de que é pelo vontade, a ideia de

cumprirmos pela vontade pressupõem uma sociedade mais é, mais evoluída no sentido de

entendimento do papel das pessoas do papel. No meu papel enquanto membro da sociedade acho

que hoje se pontua muito a obrigação que se não tem uma sanção uma penalidade.

8 - Cada vez mais as pessoas estão se voltando para a aquisição de atitudes de cidadania, na busca de propiciar maior entendimento e harmonia entre si. Resposta do Professor Paulo Henrique:

70

“Acho que tem uma perspectiva. Hoje é equivocada de que cidadania hoje é só consumo. Ah eu

exerci minha cidadania porque meu carro veio com defeito, exerci minha cidadania como possibilidade

de entender que eu posso ter direito a uma faculdade, a um financiamento, então a um, a ideia de

cidadania. Fagner, eu acho que temos. Não busco só o de propiciar maior entendimento e harmonia,

por si só, mas numa perspectiva de uma é um dialogo, de um cidadão buscar direitos e cumprir suas

obrigações, então a ideia de cidadania no ponto de vista é, da sociedade de hoje. Ela tá muito

truncada porque não conseguimos muitas vezes é definir com muita propriedade o que é cidadania e

achamos que ser cidadão, é, nós só sermos se tiver um emprego, uma renda. Então quando você diz

assim, as pessoas estão voltadas para aquisição de atitudes e cidadania, acho que aquisição e

cidadania é cumprir os meus deveres, buscar os meus direitos e perceber que está numa sociedade e

essa sociedade se organiza também a partir do meu comportamento”.

9 - As transformações sociais advindas da era tecnológicas ativaram oportunidades, mas também instabilidade e incertezas. Resposta do Professor Paulo Henrique:

“Acho que não só essa era tecnológica, mas em todo as eras com suas tecnologias, em todos os

momentos com suas tradições, com os comportamentos mais arcaicas, mais atrasadas, ele propicia

oportunidades, oportunidade, você, é, passou a discutir que uso eu faço dessa tecnologia(?). Hoje a

tecnologia na sala de aula, mas que uso eu faço do datashow na sala de aula, né. Eu digo assim, é

uma oportunidade, é pontuada a, naquilo que me é, me é possível, me é próximo, pra mim é próxima

a tecnologia, hoje o celular propicia que as pessoas se organizem e um minuto elas parem o transito

se quiser, mas também, instabilidades e incertezas. Pra mim não fica muito clara essa instabilidade e

incertezas, pressupõem que a sociedade ela sempre vai estar instável, sempre dizer incertezas do que

é, do que será o seu amanhã. Então eu acho que as transformações advindas da era tecnológica

ativam as oportunidades com muito mais propriedade do que fomentar as incertezas né”.

10 - O envolvimento das pessoas no produto final do seu trabalho implica, ainda, em revisão de paradigmas (valores e crenças), gerando mudanças de comportamentos incentivando o papel de cidadão do funcionário.

Resposta do Professor Paulo Henrique

“Fagner, eu acho que assim, a gente está sempre mudando. Às vezes, essa mudança não

necessariamente tem que acontecer, sempre com muita frequência porque, você diz assim, o produto

final do meu trabalho, ele pode gerar uma revisão dos meus valores, pode apresentar novas

propostas, mas às vezes não gera mudança de comportamento com tanta ênfase, com tanta

radicalidade, que incentiva o papel do cidadão, do funcionário. Depende daquele que me proponho no

trabalho. Enquanto produto final ele pode implicar às vezes uma repetição, é algo que deu tão certo

que posso repetir vários momentos. Então eu não sei se gera mudança de comportamento, por si só,

acho que gera mudança de comportamento a partir de cada avaliação que você faz, de cada, é,

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análise, de cada tópico que você apresenta. Vou citar a sala de aula, então a sala de aula, o produto

final da minha disciplina, eu tive o conteúdo, eu tive os meus alunos, tive é um material didático. Esse

pode trazer pra mim uma mera reflexão, mas não gera mudança de valores que é algo que eu mesmo

não, não busco essa reflexão mais né, pronto”.

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APÊNDICE D

Transcrição da entrevista com a Professora Ms. Maria Meirice

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APÊNDICE D - ROTEIRO DA ENTREVISTA

1 - O desenvolvimento econômico de um local inclui a dimensão de segurança econômica e esta ligada aos direitos democráticos das pessoas. Resposta Professora Maria Meirice:

“Bom, essa, essa questão ele é bastante debatida, porque ela tem, inicialmente, alguns conflitos em

termos da compreensão do que seja direito democrático. Primeiramente se a gente pensar em

democracia, a gente precisa pensar em três dimensões dessa democracia na modernidade. A primeira

dimensão é a dimensão de uma democracia burguesa. No momento em que a gente aprende, na

construção do capitalismo, que ser cidadão é aquele que aprende a viver na cidade, é aquele que,

você é aquele que aprende regras. Então democracia, burguesa estão firmemente vinculada à

aprendizagem da vida, na cidades burguesas capitalistas, hora de trabalho, hora de almoço, hora de

jantar, hora de lazer. Essa divisão vai dar uma primeira educação política pros seres que têm na

modernidade e isso vai ser passado pela burguesia, como democracia, que Karl Marx vai dizer que

esse é o grande golpe da burguesia na criação do sistema capitalista. Ele vai dizer, inclusive, que a

burguesia é a classe social mais inteligente, mais dominante, mais inteligente da história, porque o

que ela faz,nos ensina algo como se fosse impecável e nós aprendemos no que a gente poderia na

linguagem popular, nós fomos "adestrados para capitalismo". Certo, só que é o que acontece

enquanto tem uma segunda fase na história do mesmo capitalismo em que a gente passa uma

cidadania, desculpa, uma democracia, discussão de democracia, que ela não é burguesa, ela é

liberal, porque assim, se eu aprendi que eu tenho que estar na fila pra pagar um extrato bancário, eu

acabo sabendo que meu direito termina onde começa o direito do outro. Lembra dessas nossas

discussões em sala de aula, onde termina o direito do outro, então o que vai acontecer eu aprendo o

que a liberdade é extremamente limitado, porque ela tem só vinculado à regra de ficar na fila, tá.

Numa terceira etapa, a gente tem histórico, a gente tem o direito democrático em si, que nós

superamos a face de aprendizado, digamos, desculpa, aprendemos a termos os direitos dos animais,

comer, dormir, ter proteção à noite. Passamos disso a termos direitos sócias dados pelo estado e

temos os chamados direitos civis, concedido pelo Estado, mas aí o que seria esse é utopia da

democracia, do direito, direito democrático, seria que, é, ao contrário que a pergunta coloca não seria

uma democracia de pessoas, mas pro sujeito, porque eu só tenho democracia se eu tenho seres que

são capazes de tomar decisões. Pessoas não necessariamente tem, porque nós temos pessoas que

fazem parte de um grupamento que a gente vai chamar de política de massas, manipuláveis,

manobráveis sem projetos políticos e vamos ter um agrupamento que vamos chamar de povo, que é

o agrupamento historicamente tem essa consciência em si. GRAMITH vai chamar consciência em si,

desculpa, consciência para si, consciência em si e para uso das massas, elas, simplesmente existe e a

consciência para si, não, eu existo mais eu quero que minha existência seja melhor para mim tá certo.

Tudo isso que estou colocando é pra gente perceber que o desenvolvimento econômico, quando ele

inclui somente a dimensão de segurança econômica, ele é um problema pra questão da democracia.

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Ele é um problema pra questão da democracia para os sujeitos, mas ele não é um problema para a

democracia das pessoas né, porque assim, a gente tem uma discussão marxista que vai dizer assim

no Brasil. Os economistas marxista vão dizer o seguinte, é..., pessoas são pobres porque não tem

acesso. Ai o autor que você trabalha Amarthya Sen, ele vai mostrar com a experiência dele

justamente o contrário, Assim que você tem uma diferenciação dos sujeitos, você vai ter aquele que

recebe é, faz um empréstimos, mas vou dizer um exemplo mais grosseiro: você tem aquele que

recebe a esmola e ele se senti humilhado, e tem aquele que transforma a esmola em trabalho é quase

formal, tem regras, tem varias condições. Formal aqui é só pra dar ênfase nas regras. Claro que não é

formal e o ponto de vista marxista ele é muito, muito benevolente, porque diz assim: aquele que não

tem acesso, ele é simplesmente alienado, ele não vai conseguir ter acesso se não for uma consciência

de classe. Ora a gente tem discussões de desenvolvimento econômico de segurança econômica pra

mostrar o seguinte, eu tenho pessoas com capacidade de decidir se elas têm um pingo de acesso ao

material, então o material não é totalmente ruim, o material implica no tratamento da melhora. Essa

discussão ela se faz do bolsa família. Assim que o bolsa família dá um acesso a segurança econômica

é, pouco restrita, é meio que, é meio que esmola pra linguagem de alguns meios, pra quem não tem,

como um senhor que transformou o bolsa família na primeira possibilidade dele vender tapioca na

porta de casa. Ele vai ter aí a condição de ultrapassar a insegurança material que ela é, muito mais

grave do que a insegurança política. Agora isso é um pouco a minha linha de raciocínio. Eu acho, acho

que é, antes de decidir, a gente precisa ter as condições para como é que eu decido com fome né,

como é que eu faço essa decisão com fome. Então assim, é a segurança econômica na minha

concepção, ela está ligada a esses direitos democráticos porque ela possibilita passar da regra só de

obedecer as normas burguesas para minimamente entender as regras liberais. Você vê que uma

pessoa muito pobre, elas às vezes não sabe nem ficar de pé direito, imagine parecer uma pessoa com

civilidade né, então a segurança econômica é importante pra isso, e o desenvolvimento econômico

que a pergunta coloca que é no ponto de vista do local, isso é uma discussão que eu gosto muito,

porque vários autores, tem uma autora Celina Souza, depois você pode até ver, Martha Regis, que

são autores que eles vão está mostrando que o desenvolvimento econômico, por exemplo, a

construção de empresa , da, da, da fábrica Melissa em sobral. O que ele diz pra mim, Fortaleza?

Nada, nada. Agora diz muito pro agricultor lá de sobral que vê ali uma oportunidade de acesso. Não

estou dizendo com isso que a construção da Melissa é acesso, que não é, é globalização, processo

violento, mas to dizendo que o âmbito local que inclui as possibilidades toda de compreensão, seja

segurança política, é liberdade e não liberdade, etc.”.

2- A liberdade política e as liberdades cívicas são imediatamente importantes em si mesmas e não tem de ser indiretamente justificadas pelos efeitos na economia.

Resposta da Professora Maria Meirice:

“Bom, essa pergunta é pra mim ela é, ele tem já uma diferenciação de significado, que até expliquei

um pouquinho na primeira, porque liberdade cívica elas vão estar referindo os membros é, condições

disciplinares de viver na cidade, então assim, eu posso dirigir um carro, mas eu preciso da carteira né,

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eu posso é andar onde eu bem entender mas eu preciso da carteira de identidade, porque o estado e

a sociedade colocam essas regras de civilização, regras de cidadania, é, entretanto, a liberdade

política. Pressupõe que essas mesmas liberdade civis sejam compreendidas com possibilidade de

novas decisões inclusive, por exemplo, eu preciso dirigir um carro e não tenho carteira mas alguém

me ensinou no meu cotidiano a dirigir um carro. Se me ensinou a dirigir, é..., eu tenho uma

emergência, por exemplo, eu posso não pensar na liberdade cívica e atuar apenas pelo patamar da

liberdade política. Nesse ponto eu estou falando da liberdade do cotidiano aqui na pergunta a política

aparece com p minúsculo porque ela lida com a questão da liberdade do cotidiano, como é que eu

tomo decisão das quais eu tenho consciência, das quais às vezes eu não tenho. Se eu tenho

consciência, eu interligo no movimento da própria é no meu próprio momento dos projetos. Se eu

tenho ou não tenho consciência, eu vou estar mexendo de qualquer maneira na realidade. Agora é

porque elas (as liberdades) são como a pergunta diz: imediatamente importantes. E a pergunta diz

que elas não são justificadas pelo efeito da economia, ora, porque eu existo independente do que

outro ambiente econômico coloca para mim, isso é Max Webber. Max Webber vai lembrando , risos.

Eu existo garantindo a minha própria condição de existência. Então assim pra garantir minha própria

condição de existência eu posso trabalhar ou matar, ganho meu dinheiro honestamente ou roubar.

Agora as discussões de desenvolvimento para liberdade que o Amarthya Sen e outros autores coloca,

vemos por exemplo autores que trabalham a alta gestão. Vou indicar para ti isso. Agora você tem um

autor maravilhoso do seu trabalho, mas assim, você tem uma percepção de que eu tenho liberdade

independente de qualquer coisa, mas se eu recebo os efeitos da economia reduzindo a desigualdade,

eu tenho mais liberdade ainda e aí vou contar minha própria trajetória. Eu me lembro da minha

condição de estudante na graduação em que eu tinha aulas na Universidade Federal do Ceará o dia

inteiro. Como eu não tinha muito dinheiro, eu levava para a faculdade um pãozinho com alguma coisa

dentro do meio pão. Sei nem se você conhece essa né, essa do pão inteiro francês. Eu levava quase

meio pão quando a família podia propiciar isso. Quando não era menos que isso. Mas quando eu

levava meio pão e dentro ovo mexido, eu cortava em três pedaços e eu tinha nos intervalos aquele

pedacinho de pão com ovo, a uma forma de me garantir fazer as minhas aulas com mais qualidade,

ora quem não tem nénhum pedacinho de pão, não vai conseguir chegar até esse patamar. Agora é

claro mesmo (que) eu tenho tido o privilegio de ter um pedaço de pão porque no país desigual é um

privilegio. Eu hoje quando olho pra minha trajetória e vejo tudo que eu tenho, assim, eu não virei

milionária e ninguém vira milionária no capitalismo trabalhando, mas quando eu vejo minha casa, o

meu carro, minha liberdade, por exemplo, de escolher cultura pra assistir, de comprar livro, eu noto

como ter acesso ao material né, o material me ajudou como os efeitos das melhorias econômicas e aí

claro eu estou falando de mim. Mas o país mudou muito, o carro ficou mais acessível, hoje você, hoje

qualquer um compra um carro, quem tiver um salário compra um carro, então ficou mais acessível os

efeitos da economia, me ajudaram mas se os tipos de liberdade política e liberdade cívicas vem de

forma diferente. Eu não seria hoje uma profissional resolvida, seria um ser endividada né, um ser

endividado, então assim é por conta disso que eu concordo plenamente com o comentário da

pergunta que a, embora essa liberdade não seja imediatamente importante quer dizer, elas não

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resolvem tudo. Elas têm elas, elas, não têm de ser é sempre justificadas pela economia. Elas são

imediatamente é, acho assim que o comentário aqui contido no roteiro muito bom esta. Só acho

assim que numa discussão que pensa no desenvolvimento como liberdade, tem que pensar aqui como

o papel do Estado, o Estado que participa mais. O país como o nosso não da pra ser um Estado que

apenas auxiliam empresários e não ajudam na distribuição da renda, por isso que assim o governo do

lula que criou o bolsa família é um governo muito complicado, porque não era esse projeto que a

gente precisava, a gente precisava de liberdade política, liberdade cívica, mas ao mesmo tempo eu

não sei se a gente tem a resposta em termos do que deveria ser feito e relação a negar a economia,

por exemplo assim, como é que você faz reforma agrária, reforma agrária, sem as pessoas do campo

não compreenderem o que é alimentos de qualidade, como é que se faz políticas realmente públicas

como é que fazendeiros escravizando pessoas. Então porque isso acontece, porque nossa sociedade

não entendeu o que realmente é liberdade política”.

3 - As liberdades políticas referem-se às possibilidades que as pessoas tem em decidir quem deve governar, incluindo a possibilidade de vigiar e criticar as autoridades. Resposta da Professora Maria Meirice:

“Bom eu concordo plenamente com isso aqui, inclusive quando fala no plural as liberdades políticas

porque aí a gente tem a liberdade de escolha, a liberdade de percepção de quem é o representante, a

liberdade é de não querer decidir que é uma forma de liberdade também. Agora, agora é preciso

pensar que muitas vezes a discussão de liberdade política está vinculada àquele que deve governar a

sociedade ainda não percebeu, embora tenha avançado desde os anos 80 em termos de participação

de discussão de democracia mas não percebeu ainda que governo não é só dever do Estado,

governo tem haver com a compreensão da sociedade em relação “A”. E aí a gente vai acabar tendo

uma dificuldade enorme de vigilância dos, dos, desses mesmos governos, porque nossa sociedade, aí

vou usar o pensamento da Maria Vitoria Benevides, que ela vai colocar isso muito claro, que diz assim

“a gente não tem uma cidadania ativa ainda”. O que é essa cidadania ativa? Primeiro a cidadania faz

critica a autoridade, autoridade de, só existe se for legitima, eu só respeito autoridade se ela me dizer

a que veio. Então nós temos uma dificuldade enorme, aí porque assim, vou usar um exemplo bem

banal, quem não tem dente se maravilha em ganhar uma dentadura (ditado popular). É muito fácil

pra gente falar, que aí eu acho essa discussão de desenvolvimento como um assunto de liberdade

maravilhoso porque é muito fácil dizer. A gente dizer que o pobre não sabe votar, mas imagine sem

os dentes e alguém não dando os seus dentes. Toda vivência é baseado no estético e quem não tem

dente não arranja emprego, não conversa, não tem beleza. Essa dificuldade da desigualdade

econômica leva a, a uma distância à critica das autoridades, tanto que a gente viu o mensalão que a

sociedade não participou tanto como deveria. Ora se tem essa dificuldade de perceber o papel das

autoridades, a dificuldade de vigilância é menor ainda embora a gente veja que, assim, a sociedade

avançou muito na discussão da corrupção, avançou demais. Bem, com relação a essa possibilidade de

vigilância é importante notar que assim pra gente ter na sociedade que exiba progresso quer dizer,

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ela deva mostrar que saiu do ponto A para o ponto B, mas que ela saiba porque ela saiu e isso é

progresso, é progresso. eu estou usando um, algumas definições de cientistas políticos,

principalmente, poloneses. Eles vão dizer que, assim, progresso é que a sociedade compreende

porque ela existe, se ela existe, por que que agricultura tem que existir(?), por que é importante pra

mim comer feijão sem agrotóxicos(?) e nessa discussão bestifera, banalíssima que a imprensa colocou

há o tomate que custa dez reais. Não é essa a questão. As questões são outras a serem discutidas:

quem vigia o salário(?), quem paga o salário(?), quem fiscaliza e aí vem dentro dessas discussões as

liberdades políticas. Elas são problemáticas porque assim se a liberdade política garante que eu tenho

cidadania, quer dizer, todos tem o direito de viver com igualdade, eu vou perceber que essa mesma

cidadania, os meus direitos são completamente diferentes dos seus né. Eu enquanto mulher, nessa

faixa etária, você como homem na sua faixa etária. Onde você mora(?), quando a gente puxa a

discussão pro local, como o local é fundamental pra minha experiência, pra minha percepção das

autoridade, pra minha percepção de segurança? Se eu não tenho tudo isso, eu posso criar um

mecanismo que são completamente distantes do papel do Estado e que a gente só vai perceber

quando elas estão cuidando de nós, como por exemplo se eu não tenho o acesso ao econômico e a

liberdade política eu por exemplo, não posso perceber a diferença entre ser doméstica e ser

vendedora de crack. Posso não perceber essa diferença, aliás, eu posso valorizar mais vendes crack

porque inclusive paga muito melhor do que o serviço doméstico, e eu posso demonstrar com isso na

sociedade que ela tem autoridade ou inúteis ou autoridade que é ainda mais dos interesses dos que

estão errado. Então, assim, é muito importante essa discussão da pergunta que realmente é a

liberdade política está compreendendo liberdade política como condição de optar de saber porque

optou, que dão possibilidade de as pessoas de tudo na sociedade. Acho que até o de comer, o que

vão comer na sociedade. Eu sou muito radical nisso”.

4 - O desenvolvimento humano é primeira e primariamente um aliado dos pobres do que dos ricos abastados. Resposta da Professora Maria Meirice:

“Essa discussão, ela é muito importante principalmente porque ela é uma discussão e pra surpresa de

muitos é puxada pela América latina. Existe os relatórios do banco mundial que chama relatório de

desenvolvimento humano. Não sei se você olhou algum. O relatório de desenvolvimento humano que

eles é é aparecem está, primeiramente, como um desejo dos - digamos assim - países do primeiro

mundo de justificar suas políticas internacionais de acesso, por exemplo, ao Brasil, porque assim, os

Estados Unidos investiu muito na formação educacional do brasileiro pra ensinar o consumo, consumo

capitalista. Ao ensinar isto, eles não contavam que é digamos assim é as contradições desses mesmos

aprendizados, o povo brasileiro por exemplo é um povo que é, pode em determinada localidade não

falar completamente o português, mas soube recriar a utilização do celular. Nós somos o primeiro

povo que é, que aderiu muito mais ao chip pré-pago do que o chip pôs-pago. É tanto que nós somos

um povo que demos a ideia como consumidores só, os extremamente politizados né, porque, porque

demos as ideias às operadoras e as digamos assim as indústrias tecnológicas elaborar os celulares

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com vários chips, porque nós temos aí o jogo de cintura que muita gente pensa que o brasileiro não

tem, não sabe usar sua liberdade política, mas ele sabe, só que ele usa por baixo dos panos e foi

criando essa capacidade que mudou completamente o mercado dos celulares mas tem outra coisa

que apareceu muito com a experiência da América Latina, com tecnologia, com consumo que foi uma

percepção dos pobres, dos excluídos e dos miseráveis. Aí por exemplo, o relatório do desenvolvimento

humano de 2007, ele gerou conflitos, entre elaboradores e o pessoal do Banco Mundial, porque o

relatório que o Banco Mundial não deseja que apareça a palavra miséria nem a palavra exclusão. Não

quer que apareça, porque isso vai denotar que se algumas nacionalidades estão enriquecendo demais

e outros na miséria, isso podia fazer aparecer. Isso é umas das possibilidades que apareceu e quem

aponta isso é até um autor professor da PUC de São Paulo, Vanderlei, Luiz Eduardo Vanderlei, que ele

escreve um artigo interessante sobre isso. Ele diz que é a nossa, a nossa realidade latina americana.

Ela começa a explicitar que assim que os países como os Estados Unidos podia transformar a América

Latina numa África. Ora como eu dizia, transforma América numa África. Isso fez com que essas

contradições entre a vontade do que fosse nos relatórios, as verdades dos relatórios em si, os dados

que os relatórios têm se tornaram um aliado muito grande das ong´s, de fundações, institutos, todas

as organizações não governamentais ou do terceiro setor fazendo com que se reelaborasse toda

discussão conceitual do que seja desenvolvimento humano. Essa discussão fez aparecer uma série de

conceitos que nós não tínhamos antes quando estudávamos só o marxismo. Na América Latina, o

marxismo, nós tínhamos um rolo compressor da burguesia, uma classe dos alienados sem partidos de

vanguarda, mas quando apareceu os partidos que supostamente seja de vanguarda, o que aconteceu,

é, os debatedores, os analistas, o pessoal do terceiro setor que é o pessoal bastante critico vão estar

discutindo o seguinte: o que é pobreza? O que é violência? O que é vida humana dentro de uma

sociedade capitalista? Assim, e essas discussões, elas vão problematizar o poder das classes mais

abastadas, problematizar, porque assim não é mais tão normal pra alguém pobre que a madame

entre no shopping e só ela possa fazer suas compras. Ele também quer, mas ele percebe que não

pode, porque ele não tem a casa, ele não tem as condições devidas pra ter seus direitos, o demais

resolvidos, né? E aí eu acho assim: essa discussão do desenvolvimento humano é uma discussão

recente, porque a gente vai ter isso na academia a partir dos anos 90 no Brasil. Nos outros países

não, ela é no próprio Brasil. Em termos de movimentos sociais e políticos ela aparece desde os anos

60, mas em termos públicos acadêmicos, e até públicos do ponto de vista político estatal, ela vai

aparecer depois dos anos 90. Acho que é uma discussão pouco conhecido em termos. Assim, o que

seja mesmo conceitualmente, o qeu é humano? O que é desenvolvimento humano? E aí esse pessoal

que discute a questão do desenvolvimento vai notar o seguinte. Não existe apenas o desenvolvimento

econômico, é preciso que tenha, assim, uma construção da liberdade política e ela só existe quando a

percepção do ligar do sujeito. Ela não é só política. Ela é - aí vou dizer como você está usando nas

perguntas, ela é pessoal. Ela também é um ponto de vista pessoal. Eu por exemplo, fulano de tal não

vai deixar de ser um homem violento com a esposa se ele não tem acesso a essa compreensão. O

que é ser homem em toda sua integridade, integralidade, alias, toda sua totalidade, a sua

companheira não discute com ele essa compreensão porque ela também não sabe. A gente tinha

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antes intervenções violentas com relação até o corpo da mulher, não tinha uma ação humanitária

realmente”.

5 - Um país que garante a todos os cuidados com saúde e educação pode conseguir resultados notáveis em termo de qualidade de vida de toda população.

Resposta da Professora Maria Meirice: “Depende se esse país estiver lidando por exemplo com conceitos com os quais a gente está

trabalhando aqui na conversa, conceito de desenvolvimento humano, conceito que são mais

democrático, mais igualitários, desenvolvimento humano, desenvolvimento para liberdade, liberdade

política é progresso, é consciência política. Se esse país lida com essa, ele consegue fazer sim claro

como é fazer com que os cuidados com saúde e educação auxiliem na qualidade de vida. Mas é

importante notar que no Brasil - o teu foco é Brasil, né? - é importante notar que, no Brasil, o lidar

com saúde e educação tem alguns, digamos assim, adulterações de sentido não na história do Brasil,

né? Por exemplo, se a gente falar de educação, temos nos anos 50 no Brasil aquela construção de

Juscelino, do Juscelino pós investimento de Getúlio, a industrialização trabalhista. Você tem Juscelino

com a ideia de construir 50 anos em 5, aí vamos fazer indústria, vamos fazer todo desenvolvimento

econômico e a educação foi colocado pra sociedade brasileira e a sociedade brasileira a teve nos

anos 60, 70 e 80. Ela é baseada num acordo chamado, acordo chamado USAID, que era um acordo,

era uma união para o desenvolvimento com os estados unidos, então as cartilhas que vinham para o

Brasil, livros que vinham para o Brasil eram todos voltados a um aprendizado completamente bitolado

na vivência do mundo capitalista. Por exemplo, existia uma cartilha chamada o mundo de Talita, que

era uma menininha loira com cabelos Chanel o próprio protótipo da mulher americana, magra e ela e

todo roteiro dela no livro de matemática era uma rotina baseada em comer maças, peras, é brincar

com bonecos de neve, é assistir filmes tal e tal, os chamados enlatados americanos, assistir filme do

"Supermam", então do Capitão América. Então essa relação que o Estado brasileiro tinha colocado

para sociedade brasileira, ela não tinha nem um pouco uma educação libertadora. Educação é

restritiva no ponto de vista das liberdades políticas que as crianças não aprendiam com digamos assim

o que Paulo freire defendia com suas experiências, elas aprendiam do que precisavam aprender. Aí

que fruto eram essas, da moça, que tinham chegado ao Brasil. Eram caríssimas, caríssimas ,era um

item de luxo hoje a gente como de forma boba, mas na época era um artigo de luxo. Ora o que quer

dizer isso, que educação ela pode sim favorecer nos resultado de qualidade de vida mas é importante

a gente lembrar o que nós discutimos antes. Não é só o econômico que dá essa qualidade, a

consciência também é importante. Então, assim, educação depende do projeto que essa educação

tem. Tem que ser um projeto libertador. Passa pelo ensinamento das liberdades do grande libertador

do sujeito libertador, saúde. A gente tem também algumas mudanças no sentido do que seja saúde.

Que assim o Estado brasileiro vai investir em mecanismos e políticas públicas em prol da saúde que

não tem nada de publico e também não tem nada de publico e também não são tão saudáveis. Eu me

lembro que nos anos 70, a gente era obrigado a ir ao colégio e ficar numa fila pra tomar vacina

antitetânica. Era um troço assustador que doía demais, que dava é consequências dolorosas, febre,

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dor no corpo, quer dizer e eu sempre, quando comecei a estudar a história do país, eu ficava nos

anos 70 no Brasil. A gente viveu o que só viveu uma revolta da vacina do Osvaldo Cruz, em que as

pessoas que o Estado pregava um mecanismo assustador, a agulha, e enfiava no corpo da gente e a

gente simplesmente tinha que aceitar que aquilo era saúde, aquilo era bem-estar, aquilo daria

qualidade de vida. Ora todo mundo sabe que se você está com uma super virose acompanhada de

uma super gripe, você sabe, né? Analgésicos, antibióticos são importantes mas dá muito melhor bem-

estar o velho chazinho de alho com limão preparado pela sua mãe ou sua vó. Até já virou um

mecanismo do mercado, mas, ou seja, qualidade de vida tem algumas discussões fundamentadas que

passam pela discussão do humano, pela discussão da experiência do local. Por exemplo, imagine

alguém usar bolsa de água quente da Farmácia Pague Menos em Crateús, que o clima é terrível, em

Teresina, quer dizer, a experiência local traz outra possibilidades nesse sentido e as políticas públicas

tinham que ser mais particularizadas. Aí uma política de saúde com a cara de Fortaleza, uma política

de saúde com a cara de Maranguape, com a cara do Morro carioca do Alemão, essa construção, ela

tornaria esses cuidados muitos mais amplos que eles levariam a compreensão dessa qualidade de vida

no sentido muito mais amplo no que, assim, só pra fechar, qualidade de vida não pode mais querer

dizer que uma sociedade política desenvolva apenas condições do trabalhador e do seu trabalho. É

assim que o estado burguês trata. Qualidade de vida é você está em pé para trabalhar, qualidade de

vida é você, por exemplo, empanturrar seu filho de paracetamol que é um remédio delicadíssimo

neurologicamente, complicadíssimo mas pra que ele pare de ter febre e você vá para o seu trabalho,

o sentimento em relação a isso, tem que ficar dissociados. Então a grande questão aqui é discutir o

que seja qualidade de vida.

Pausa.

Só para complementar, você, como você fez esse comentário do professor Paulo Henrique, que

trabalha com desenvolvimento sustentável, é interessante notar que o grande problema do

desenvolvimento sustentável também não se enfrenta. O que é humano e o que é qualidade de vida?

Uma vez eu vi uma garotinha comentando na televisão assim: por que é que eu não posso tomar

coca-cola se eu acho uma delicia? Então o que quer dizer é que a discussão da qualidade de vida

passa por eu aprender que essa garotinha ou como a mãe dela por fazê-la compreender que não é

chegar e proibir tomar coca cola. O negócio é a gente aprender o que é delicioso. Virou uma cultura

da globalização que era entender que males ela me faz e, se ela faz esses males, eu deva escolher,

eu possa escolher, eu quero esses males ou não quero, porque posso inclusive escolher danar-se a

saúde, mas eu não vivo sem coca cola”.

6 – O desenvolvimento econômico pode não ser a melhor saída, mas o desenvolvimento social, em particular a educação pode ser a realidade muito eficaz. Resposta da Professora Maria Meirice: “Bom essa temática que tu colocas, ela me leva a alguma reflexões. Primeiro é essa diferenciação

entre desenvolvimento econômico e desenvolvimento social. Pra alguns autores, se a gente pegar as

pessoas que avaliavam o Brasil nos anos 60 e 70, o desenvolvimento econômico aparecia como a

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melhor saída, porque, nos anos 30 a 45, Getúlio tinha o governo Getúlio, colocava o seguinte: o Brasil

era atrasado e o Brasil precisa de um desenvolvimento industrial e esse desenvolvimento é mero

econômico pelo econômico, porque apenas pelo capitalismo. Quando a pergunta coloca assim, pode

não ser a melhor saída. Ela é uma pergunta muito bem construída porque antes a gente pensava que

o desenvolvimento econômico não era saída pra nada ou que o desenvolvimento econômico era saída

pra tudo. Hoje a gente sabe que não é a melhor saída mas também não dá pra viver sem

desenvolvimento econômico. A grande questão é o desenvolvimento social. Aí eu compreendo

desenvolvimento social como o seguinte: mesmo tendo de pensar essa construção pra gente, não

esse conceito, era pra gente poder refletir mais. O social, na minha perspectiva, não é algo que é

pontual. Então ele tem o social do lugar tal, eu tenho social do grupo tal, eu tenho social da

experiência tal. Ele vai ter um significado no desenvolvimento quando ele gera uma interpretação do

desenvolvimento. Então, por exemplo, nós temos desenvolvimento econômico com desenvolvimento

solidário. Só que ela prima por um tipo de consciência coletiva em que o lucro tem mais valia do que

a propriedade. Agora a gente tem tipo de desenvolvimento social que é empregado no capitalismo,

que é desenvolvimento vinculado à eficácia dos sujeitos que assim quando foi desenvolvido

socialmente, quando você seria de uma categoria econômica pra gente. Eu ganhara um salário

mínimo quando era graduado e agora como administrador eu ganho 10. Entao eu atingi o

desenvolvimento social. Ora isso é muito delicado porque num papel da educação, vem o papel da

educação. Esse desenvolvimento que apregoa apenas a evolução de uma categoria econômica pra

outro. Ela não prima por uma educação à base de valores. Se ela for baseada em valores que pode

acontecer, eu posso ter como eu conheço uma pessoa que tem doutorado em antropologia na USP

mas que não da aulas e trabalha nas comunidades. Pasmem, essa pessoa existe trabalha com

comunidade, pegou tudo que tinha e comprou um terreno em determinada comunidade, trabalha com

a comunidade a discussão de identidade de cultura, vive trabalhando com os agricultores e está muito

feliz ,obrigado. Isso quer dizer que essa pessoa não compreende o que é importante do

desenvolvimento econômico ao acesso ao material. Pelo contrário é que essa pessoa tem uma noção

pra que ela até tal limite tá bom. Uma coisa pra quem? Nós. na formação social. Nós não aprendemos

a ter basta. A gente ouvi aqui, por exemplo, que a educação para o consumo do Estado brasileiro tem

permitido fazer com que hoje tenhamos uma sociedade repleta de endividados. Você acaba sendo

uma pessoa que compra tudo, não raciocina e ela depois não consegui ter convívio social, vida social.

Pausa.

É importante notar que exemplos que eu citei, esse profissional não perdeu dinheiro. Curiosamente

ele, na atualidade, foi chamado a alguns meses pra um país da Europa pra falar da experiência dele e

ele ganhou numa palestra muito mais que eu ganho em 6 meses de trabalho na faculdade. Quer

dizer: é algo que envolve aí percepção, né? Que a gente tava refletindo de que o material não é tudo,

mas eu posso ser um cidadão do mundo capitalista sem ceder a todos as regras que o capitalismo

coloca e posso ser dono do meu próprio projeto. No caso desse profissional antropólogo é seu

projeto. O que é antropólogo é alguém que entende uma comunidade, alguém que dá a essa

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comunidade a capacidade de se identificar. Está fazendo isso sendo ele mesmo sem perder o seu

profissional”.

7 - Uma coisa é obedecer a lei por obrigação, ou seja, pela necessidade e pela

força, outra é pelo dever, pela vontade. Comente.

Resposta da Professora Maria Meirice:

“É. Vou recorrer pra responder essa pergunta ao primeiro e bom velho Max Webber, não dá pra

resistir porque assim a obediência à lei por obrigação. É uma condição de resistência e do cidadão na

sociedade burguesa. Ele precisa seguir a lei nem que seja só por performance. Eu tenho carteira, está

vencida, mas posso passar pelo guardo e manter aquela carteira. É viver uma vida interessante até o

momento que ele descobre nesse sentido. Eu tenho duas questões me acompanhando a necessidade

de ter a carteira de ser um cidadão e o medo de força do Estado porque o Estado pode me penalizar

diversas formas tomar meu carro, estou usando esse exemplo de ser motorista, (pois),

aparentemente, é um dos direitos civis mais respeitados. As pessoas inclusive sonham em fazer 16

anos e tirar a carteira de motorista e isso já leva a gente pra segunda parte da pergunta que é o

dever e a vontade. Bom aí a gente vai lidar mais uma vez com Webber que dá uma ideia de

legitimidade, que, assim, eu posso tornar essa obrigação legitima porque é bom cumprir dever. Em

verdade, em todos, nós sofremos que aparecemos pra sociedade como seres obediente, aparecemos

como seres do bem, de carne, seres que são normais, não gera patologia na sociedade, mas a

vontade ela é muito mais o motor da liberdade política do que o dever né, só que pra isso eu preciso

reflexibilizar o meu receio da lei, então a gente tem aqui uma pequena discussão em relação ao

desenvolvimento, porque assim como é que eu levo sujeito sociais para desenvolvimento para

liberdade. Ora eles precisam entender que as regras desse desenvolvimento são para a maioria e são

importantes. Se eu obedeço pelo dever e pela vontade, não pela obrigação, é claro que eu vou abrir

mão de alguns momentos de algumas coisas como o caso da economia solidaria nem que eu tenha é,

faço um bolo, todo mundo acha meu bolo belíssimo e eu posso vender por 70 reais. Com esse bolo,

minha colega gastou os mesmos ingredientes e nós discutimos e devemos vender por 50 reais e já

teremos lucro se vendemos pelos 50 reais. Eu abro mão do lucro que é o nível avançadíssimo, mas eu

abro pra igualdade econômica pra mim e pra ela. E no caso dos empréstimos do Amarthya Sen que

ele comenta que o que ele prova é que não são os pobres acusados sempre do atraso do

desenvolvimento que gera os problemas no capitalismo. São os ricos, os pobres pagam suas dividas e,

nos empréstimos solidários, o que acontece não existe inadimplência ou praticamente não existe e,

quando acontece, não é inadimplência, é problema, é barreira pra pagar, é dificuldade mesmo, acho

que é isso por enquanto e só”.

8 - Cada vez mais as pessoas estão se voltando para a aquisição de atitudes de cidadania, na busca de propiciar maior entendimento e harmonia entre si.

Resposta da Professora Maria Meirice:

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“Olha essa questão é uma questão bastante importante porque é preciso ter um pouco de ousadia pra

o que vou dizer, risos, porque eu acredito (que)cada vez mais pessoas buscam atividade de cidadania.

Eu acredito nisso. Qual o problema pra gente resolver e ter uma vida social mais harmoniosa mas,

com maior entendimento, é o que se compreende por cidadania. Não é que as pessoas não busquem

as atividade de cidadã no sentido que eu tou colocando na entrevista que é, assim, atitude cidadã. A

minha condição cidadã é de ser bem vista na sociedade, de ser alguém que participa sem atrapalhar,

sem interferir, é fazendo a minha parte. O problema aí é compreensão de cidadania porque, por

exemplo, o rapaz que tem o belo carro importado que bota um super equipamento de som, ele acha

que adquiriu a eficácia no capitalismo. Ele ter esse carro então como que ele vai compreender que

quando ele passa por ruas tais, ele não pode ligar o carro dele. Ele não entende isso por uma série de

fatores. Ele não aprendeu a liberdade civil, ele não aprendeu liberdade política e harmonia pra ele é

igual a comodismo, porque pra ele existe uma leitura da realidade que ela não existe o outro, ou seja,

a gente falava anteriormente que, pra democracia ser plena, é preciso que as pessoas se perceba

como sujeito, perceber-se como sujeito é fundamentalmente (para) perceber que o outro tem direito

também. Mas no capitalismo o investimento é pras pessoas se perceberem apenas como pessoas. Se

eu me percebo como pessoa, o que acontece(?), eu preciso comprar roupa, fazer unhas, ter

bijuterias, ter joias, ter um cabelo da moda, eu não preciso me preocupar por exemplo no item que o

cara foi e gerou criticas e problemas para o desenvolvimento econômico. Há 7 meses atrás, os salões

de beleza foram geradores de inflação na cidade. Ora porque se pensar, por exemplo, o corte de

cabelo. Se você, no sistema capitalista contemporâneo, corta de cabelo como uma atitude de higiene,

de respeito, de estar com outros de estéticas, pensa apenas de estética e status, status, então assim

o cabelo do Néymar pode ser horroroso, mas o cabelo do Néymar eu pago no salão. Alguém paga no

salão de beleza, como eu vi recentemente no Shopping Center, 150 reais pra faze aquele corte, então

é uma perda. Uma perda aí do que do maior entendimento da harmonia entre si, ou seja da cidadania

democrática, da cidadania plena que é uma utopia. Uma utopia que se pode ver em diversas

sociedade, mas que nos leva a refletir o que estão compreendendo um viver como cidadãos, o que as

pessoas estão compreendendo como sendo isso. Qual o cuidado que eu quero chamar a atenção

quando falo isso? Cada vez mais pessoas estão se voltando para aquisição de virtudes e porque por

exemplo se a gente perceber as atitudes de solidariedade em enchentes, atitudes de solidariedade é

em relação ao meio ambiente. Agora por exemplo uma discussão fortíssima na mídia em relação ao

que deva ser a punição pra quem maltrata animais. Isso demonstra uma solidariedade. Uma

solidariedade que sempre existiu mas que a sociedade não se preocupava com isso e ela só adquiriu

visibilidade agora. Então é preciso ter cuidado porque assim a gente é muito amado por um

pessimismo onde na verdade a gente não precisa virar polainas. em que acredito em tudo de forma

otimistas, mas perceber quem são sujeitos e a gente tem sujeito para o bem e para o mal no ponto

de vista da construção da cidadania”.

9 - As transformações sócias advindas da era tecnológicas ativaram oportunidades, mas também instabilidade e incertezas.

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Resposta da Professora Maria Meirice:

“Bom, uma das grande comprovações disso são os conceitos que hoje são importantes para discutir o

desenvolvimento, que são os conceitos da pobreza das minorias, violência e desenvolvimento

sustentável. Eu estou colocando desenvolvimento sustentável por minha conta porque, é por minha

conta entre aspas, que é claro que você já sabe que os vários estudiosos da minha área já discutem

essa questão como aspectos fundamental para qualidade de vida, pra reelaboração da cidadania. Tem

inclusive Anthony Guindes, autor que diz o seguinte: de que para além da modernidade existe

dimensões muito importantes para a humanidade: a solidariedade, a ecologia. o meio ambiente, a

poluição, a corrupção que são termos que a gente vai ver. Eles são termos que são muitos graves,

mas não são termos da totalidade da sociedade. São fortes em alguns grupos que prejudicam a

sociedade, porque a sociedade não percebe isso porque a era tecnológica retira uma capacidade

fundamental que o ser humano tinha antes e no início do capitalismo que era a técnica. Técnica era

completamente diferente da tecnologia. Na técnica acontece o seguinte: pra eu tirar leite da vaca, eu

preciso ter o domínio da técnica, a técnica ela é aprendida por repetição na cultura na passagem das

experiência. Eu só sei tirar leite do gado se eu sei o que é uma vaca e um boi. Deu pra perceber que

essa discussão é grave, fundamental porque assim no final da idade media do capitalismo nos

tínhamos o sujeito que sabia o que era o boi e sabia o que era uma vaca. Hoje na era tecnológica

não temos mais a facilidade e tem pessoas na sociedade, principalmente, os jovens que nunca viram

alguém tirar leite numa vaca, que nunca viram uma vaca inteira, só se tiver visto na figura e ele tem o

tecnológico. De onde vem o tecnológico? De onde vem o leite? O leite vem da marca tal, da

embalagem tal, da caixinha tetra Peck. Então eu passo até estar tomando leite como a gente já viu

em algumas reportagem que o leite vinha misturado com cal, com formou, com substancias

perigosíssimas, mas as pessoas não sabe diferenciar do leite para uma substância branca que é

quando numa segunda. Então assim, o grande, a gravidade da era tecnológica é que ela tem da sua

capacidade criativa, tem uma arrogância do domínio da natureza. Isso é muito arrogante porque o

homem acha que pode ter que dominar a natureza e isso não é verdade. A relação homem/natureza

ela é igualitária. Se ela não é equilitária, quem vence é a natureza. Basta ver os tornados, os

tsunamis, as tempestades, elas geraram daí a solidão, perda da criatividade, perda do domínio da

técnica. É perda da própria capacidade de reformular a solidariedade. que gente não tem hoje. A

gente perdeu. A gente tem hoje dificuldade de ter pessoas que nos ouçam. Você entra no elevador,

dá bom dia, boa tarde, boa noite, com licença, obrigado e você pode ser percebido como um ser

doentio. O que ele tem? Por que ele fala assim? Tó nem ai pra ele. Eu tó aqui no meu ipad. Eu tó aqui

no meu celular. Eu tó aqui e ele? Então, assim, a tecnologia trouxe uma enorme escravização do

homem pelo consumo, mas também a uma dependência enorme dos próprios itens tecnológicos.

Então nós hoje não só nos preocupamos não na totalidade mas o numero de pessoas não se

preocupam qual é o tomate que eu como, quanto de agrotóxicos tem, onde ele foi plantado, onde lê

foi produzido, mas se preocupa. Assim eu encontro na verdade o extrato de tomate mais temperado

pra fazer a pizza logo, joga logo em cima. Ou então outra coisa, o site de internet que me entregue a

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pizza o mais rápido que eu preciso comer a pizza rápido pra reagir a esse estimulo do facebook. Então

o que acontece, nas transformação social, é uma perda do lugar das coisas. Assim há um receio de

alguns autores de achar que a tecnologia tiram o papel histórico do homem. Não tiram, mais reduziu

o homem a um elemento menor. Então, vou puxar um pouco essa discussão para desenvolvimento

como Liberdade só pra lembrar o seguinte: quando você se preocupa com seu celular ser de ultima

geração e ao invés de, ou por exemplo, você ter um ipad e um netbook, resolve tuas condições. Você

perde completamente o foco da tua liberdade, porque tua liberdade esta vinculada ao item

tecnológico sem contar que a existência de item tecnológico é extremamente descartáveis. Faz com

que hoje áreas imensas do mundo seja usado pra eliminação desses itens usado pra criação de

(interrupção) sem contar que assim que essas áreas ocupadas para produção tecnológicas estão

visando áreas que encostaram os seres humanos e áreas de lixo industrial que ninguém sabe. É tanto

lixo industrial tecnológico que ninguém sabe o que vão fazer. Nós não sabemos o caminho das

baterias dos celulares, não sabemos o caminho dos nossos netbooks e tablets e são produtos hoje

que você usa 6 meses e não serve mais, etc...”.

10 - O envolvimento das pessoas no produto final do seu trabalho implica, ainda, em revisão de paradigmas (valores e crenças), gerando mudanças de comportamentos incentivando o papel de cidadão do funcionário.

Resposta da Professora Maria Meirice:

“É se a gente lembrar lá da idade média e das corporações de oficio, o que fortalecia os

agrupamentos sociais eram justamente a capacidade de saber que seu trabalho era importante. Por

exemplo, o sapateiro discutia com o da outra corporação de sapateiros que ele sabia tingir o couro.

Então o que era importante ali, não era o tingimento do couro, mas era importante os dois traçarem

uma ideia e perceberem o nível de crescimento de liberdade de criação e a relação que seu produto

tinha com ele na verdade e, na verdade nessa época ele era, o produto era algo para facilitar a vida

social.

Pausa.

Bom, é o bem. O produto era algo para facilitar a vivência social para facilitar o enfrentamento da

realidade social. Calçar um sapato pra proteger os pés. Essa realidade mudou totalmente no mundo

capitalista. Eu vou passar a usar um sapato pra dizer quem eu sou e que lugares eu frequento. Essa

condição no primeiro momento vai dizer que a burguesia queria ludibriar alguns autores. Marx vai

dizer isso. Construir civilização porque eu passo a trabalhador e passo a ser burguês pra comprar

aquele sapato. Eu posso desejar aquele terno, mas a recente crise que o capitalismo enfrentou em

diversos países ao longo, autores como Chico de Oliveira escreve como crise estrutural que o

capitalismo enfrentou e houve essa mudança de paradigmas. O que é essa mudança de paradigmas?

É uma reconstrução da forma de pensar uma serie de definições entre, por exemplo, ser rico antes. A

gente pensar até os anos 80, basta pensar nas casas de praia do Ceará. Ser rico antes nos anos 80 é

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ter uma mansão na praia. Ser rico atualmente é nem consumir as coisas do Brasil porque não são

mais encantadoras. E essa mudança também vai atravessar o pensamento das classes populares

porque a gente tem uma mudança com o capitalismo. Uma série mudanças na América Latina aos

poderes políticos. Essas lideranças vão achar algumas possibilidades de acesso a essas categorias

sociais e essa possibilidade de acesso mudou o comportamento porque alguém hoje que é

funcionário. Vamos pensar no funcionário publico que ganha dois salários mínimos. Ele quer ter o

celular e ele quer ter esse celular com internet porque ele não pode deixar mais que essa diferença

seja tão conflitante. Então o consumo fica assim dessa via, uma revisão das crenças, as pessoas

passam acreditar que são melhor identificadas com celular e não tão enganados. É verdade mas elas

perdem valores importantíssimo como, por exemplo, era muito importante antigamente você ser

quem pagava suas contas em dias. Hoje em dia é só um detalhe.

Pausa

Bom é claro as propostas de mudanças na perspectiva de desenvolvimento passam necessariamente

pelo valores e crenças que assim eu não posso um empresário visando o lucro. Eu preciso mexer com

responsabilidade social. Essa é uma necessidade política mas também como necessidade de não ter

conflitos. Outra revisão dos valores e crenças que acaba tendo um Amarthya Sen que discute a

liberdade dessa maneira, liberdade como desenvolvimento. um Joaquim Segundo Néto que é aqui do

conjunto palmeira que teve a ideia do Banco Palmas que é hoje respeitadíssimo, mas você tem

também é nova revisão de paradigmas. A ideia de comprar sacolinhas às vezes, de poder de retorno

medíocre que ela vai rasgar na segunda viagem mas você começa a se sentir alguém que eu estou

carregando em sacolas. Eu passo, eu não tenho minha sacolinha retornável pra mostrar que eu a

tenho. Eu frequento determinado supermercado. Tem gente que compra sacolas no Pão de Açúcar

pra frequentar o Gbarbosa. Mas, assim, pra eu chegar em casa, eu ter que levar ao trabalho eu levo a

do pão de açúcar, como um completo absurdo, porque aqui esta uma ruptura que essa pergunta

coloca, que é importante, que assim o capitalismo ele é construir processo de alienação e fez com que

o trabalho virasse a ferramenta. A ferramenta de construção do produto e geração da própria

lucratividade. Vi em tempos modernos com Charles Chaplin que ele nós explica isso bem direitinho, e

mais, ele cria também uma contradição dentro dele mesmo porque a medida que ele alienou os

trabalhadores a ponto de não perceberem a importância de trabalho, eles também não se

comprometeram com que é o lucro, mas temos uma leva de trabalhadores que se preocupam muito

mais em, por exemplo, já que também têm um estágio protecionismo do desenvolvimento. Nós

também temos uma leva de trabalhadores que se preocupam muito mais em si garantir no seguro

desemprego por 3 meses do que garantir a estabilidade do emprego. Então essas mudanças são

coisas que a gente pode até aponta depois com mais cuidado. Obrigada”.