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Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais de Santa Catarina (CRIE-SC): uma descrição do perfil dos atendimentos no serviço

Perfil dos atendimentos no CRIE-SC

Reference Center of Special Imunobiological of Santa Catarina (CRIE-SC): a description of the profile of the services

Penélope Paloma Rudiger Scheidt

Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais/ Gerência de Imunização e Imunopreviníveis/ Diretoria de Vigilância Epidemiológica/ Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina.

Antonio Fernando Boing

Departamento de Saúde Pública/ Centro de Ciências da Saúde/ Universidade Federal de Santa Catarina

Endereço para Correspondência: Penélope P. R. Scheidt Diretoria de Vigilância Epidemiológica/ Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina Rua: Felipe Schmidt, 774, Edifício Montreal. Centro, Florianópolis-SC/Brasil. CEP 88010-002 E-mail: [email protected]

RESUMO

O estudo objetivou descrever o perfil dos atendimentos no CRIE-SC no período de 2001 a 2007. Utilizou-se dados secundários dos sistemas de informação do Ministério da Saúde Os dados foram exportados para o programa estatístico Stata 9 e partir dele foram obtidos as freqüências relativas e absolutas das categorias das variáveis investigadas. O total de usuários cadastrados foi de 13.651 (51,95% mulheres e 48,05% homens). 25,90% encontravam-se na faixa etária 35-49 anos e 92,04% residiam na região da grande Florianópolis. Verificou-se aumento substancial no número de atendimentos a partir de 2006. O diagnóstico “saudáveis” representou 34,67% dos cadastrados, seguido dos portadores de HIV e pneumopatas crônicos. As vacinas influenza, hepatite B e pneumo 23 tiveram maior número de doses aplicadas. Os dados analisados são relevantes para o desenvolvimento de estratégias de estruturação, planejamento e divulgação do CRIE.

SUMMARY

The study aimed to describe the profile of the services in CRIE-SC in the period from 2001 to 2007. Secondary data from the systems of information of the Ministry of Health were used. The data were exported to the statistical program Stata 9 and from it the relative and absolute frequencies of the categories of the investigated variables were obtained, besides the measures of central tendency. The registered users' total was 13.651 (51,95% women and 48,05% men); 25,90% were in the age group 35-49 years old and 92,04% lived in Florianópolis and its surrounding area. Substantial increase was verified in the number of services starting from 2006. The "healthy" diagnosis represented 34,67% of those registered, followed by the bearers of HIV and chronic pneumonia patients. The vaccines influenza, hepatitis B and pneumo 23 had larger number of applied doses. The analyzed data are relevant for the development of structuring strategies, planning and popularization of CRIE.

Introdução

Na busca da promoção à saúde e prevenção de doenças é notório o sucesso das ações de imunização na prática dos serviços de saúde. O reconhecimento da imunização no Brasil está diretamente relacionado à excelência do Programa Nacional de Imunizações (PNI) - instituído no Ministério da Saúde em 1973. O PNI tem o objetivo de coordenar as ações de imunização em todo o território nacional, definindo normas e parâmetros técnicos para as estratégias de utilização de imunobiológicos, com base na vigilância epidemiológica de doenças imunopreveníveis e no conhecimento técnico e científico da área.1,2

O PNI contribuiu de forma decisiva para saúde pública no país, o acesso gratuito e igualitário às vacinas do calendário básico conseguiu erradicar, eliminar ou controlar

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doenças imunopreveníveis reduzindo a morbimortalidade da população, principalmente de crianças2. O calendário brasileiro de vacinação atualmente conta com 12 vacinas disponíveis na rede pública, que compõem os calendários de vacinação da criança, do adolescente, do adulto e do idoso3.

Os imunobiológicos que não fazem parte do calendário básico de vacinação do Brasil, vêm sendo disponibilizados pelo PNI, desde a década de 1990, nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE). Os CRIEs seguem a Portaria Nº 48, de 28 de Julho de 200410, que institui diretrizes gerais para o seu funcionamento e estão distribuídos em todos os estados brasileiros, atualmente num total de 38 unidades.

O CRIE tem por objetivo atender pessoas portadoras de quadros clínicos especiais que têm uma suscetibilidade aumentada para patologias infecciosas decorrente de motivos biológicos (imunodepressão, doenças crônicas de base, asplenia, transplante, aids); pessoas em convívio com imunodeprimidos (familiares, profissionais de saúde); pessoas que necessitem substituição de outros imunobiológicos disponíveis normalmente na rotina devido a hipersensibilidade ou eventos adversos pós-vacinal e profilaxia pré e pós-exposição a agentes infecciosos, em determinadas situações de risco (Ministério da Saúde, 2006)4.

Os Imunobiológicos Especiais são dispensados conforme indicações contempladas no Manual dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (2006) e são definidas pelo Comitê Nacional Técnico Assessor em Imunizações. Em Santa Catarina, o CRIE iniciou as atividades em 1995 e foi reestruturado em 2006, contemplando área física, equipe técnica e organização de fluxo de atendimento. O Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais está vinculado gerencialmente à Secretaria Estadual de Saúde - Diretoria de Vigilância Epidemiológica - Gerência de Imunização e Imunopreveníveis, está localizado em área física juntamente ao Hospital Infantil Joana de Gusmão/Florianópolis.

Para atendimento no CRIE, a pessoa que necessitar do uso dos imunobiológicos especiais deve ser encaminhado através de indicação médica e relatório clínico. A indicação é avaliada por médicos do CRIE e o imunobiológico é aplicado no próprio Centro. Para atendimento aos usuários residentes no interior do estado, o pedido deve ser feito através da “Requisição de Imunobiológicos Especiais” e enviado ao CRIE. Após a análise da indicação e sua liberação, o imunobiológico é encaminhado à Unidade de Saúde do município de residência do usuário.

Apesar da importância dos CRIEs no PNI, existe lacuna de informação sobre este serviço, sobre o desempenho e perfil dos CRIEs no Brasil, o perfil dos usuários atendidos nos centros, os diagnósticos mais freqüentes e os profissionais que mais referenciam pessoas ao serviço. Tais informações, são relevantes para o desenvolvimento de estratégias de estruturação, planejamento e divulgação dos CRIEs. Dessa maneira, o presente estudo pretende suprir parcialmente essa lacuna ao descrever o perfil dos atendimentos no serviço de referência do estado de Santa Catarina no período de 2001 a 2007 através das variáveis referentes ao usuário (sexo, idade e município de residência), atendimento segundo o tipo de doença de base, profissional encaminhador, tipo de vacina e doses aplicadas.

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo utilizando dados secundários dos sistemas de informação do Ministério da Saúde (MS): SI-CRIE (Sistema de Informação do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais) e SI-API (Sistema de Informação de Avaliação do Programa de Imunizações). Os dados referentes ao perfil do atendimento no serviço foram obtidos no SI-CRIE e em relação às doses de imunobiológicos aplicadas no SI-API.

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Para cálculo da taxa de usuários cadastrados por município de residência, utilizou-se dados populacionais do DATASUS.

O SI-CRIE foi inicialmente idealizado para atendimento local do CRIE da Universidade Federal de São Paulo, posteriormente através de parceria, o PNI/MS fez adaptação do mesmo para utilização em todo o país. Este sistema5.... é composto de dados e relatórios que variam conforme nível hierárquico, existindo sua versão local, estadual e nacional, sendo os dados do SI-CRIE estadual são enviados mensalmente ao PNI/MS. Em Santa Catarina, na estrutura do CRIE, as informações dos usuários são digitadas no atendimento pelos vacinadores. Além da digitação dos dados do CRIE local, está em andamento a digitação dos dados das Fichas de Requisição de Imunobiológicos Especiais procedentes das Gerências Regionais de Saúde, tendo em vista que este sistema atualmente não permite descentralização da digitação.

O Programa Nacional de Imunizações através do SI-API tem como objetivo registrar e acompanhar por faixa etária as doses de imunobiológicos aplicadas, calculando a cobertura vacinal, fornecendo informações sobre rotina e campanhas, taxa de abandono e envio de boletins de imunização6. Pode ser utilizado nos âmbitos federal, estadual, regional e municipal, sendo os dados deste sistema mensalmente atualizados e enviados ao PNI/MS.

O perfil dos atendimentos no CRIE entre 2001 e 2007 foi descrito através das seguintes variáveis e forma de categorização: número total de usuários cadastrados, número de atendimentos anuais, sexo, idade e município de residência dos usuários do serviço, diagnóstico (categorias: pneumopatia, HIV, hepatopatia, IRC, imunodeficiência congênita, cardiopatia, diabetes melitus, asplenia, neoplasia, saudável, outras especialidades, sem código no SI-CRIE), tipo de encaminhador (categorias: infectologia, demanda espontânea, pneumologia, pediatria/neonatologia, clínica médica, oncohematologia, endocrinologia, alergia/imunologia, enfermeiro, nefrologia, cardiologia, gastroenterologia e outros), tipo de vacina (categorias: pólio inativa, tríplice acelular, pnemocócica 7 valente, pneumocócica 23 valente, influenza, varicela, haemophilus B, hepatite A, meningo C, hepatite B) e doses aplicadas.

Em relação a idade, foi calculada a partir da data atual (outubro de 2008), utilizando faixa etária padrão do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), porém na distribuição por essas faixas etárias, o número de menores de um ano foi agrupado na categoria de 1 a 4 anos, criando o intervalo de classe de 0 a 4 anos, de 80 e mais agrupado na de 65 a 79 anos, criando o intervalo de 65 e mais. Para os dados referentes ao município de residência apresentou-se a taxa de usuários cadastrados por município (nº de usuários cadastrados/população do município x 100.000).

Referente ao total da amostra de número de usuários cadastrados no sistema, bem como total de atendimentos foram excluídos os registros que apresentavam inconsistências associadas às informações das variáveis analisadas.

Os dados contidos no SI-CRIE foram exportados para o programa estatístico Stata 9. A partir dele foram obtidos as freqüências relativas e absolutas das categorias das variáveis investigadas. Utilizou-se o programa Harvard Graphics 4.0 para elaboração dos gráficos.

Resultados

O total de usuários cadastrados no SI-CRIE foi de 13.651, destes, 51,95% são do sexo feminino e 48,05% do sexo masculino. Quando observada a faixa etária dos mesmos, o maior percentual foi na faixa etária de 35 a 49 anos (25,90%), o percentual de crianças

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cadastradas até 9 anos de idade representou 24,23% dos usuários, seguido respectivamente de 20 a 34 anos e 50 a 64 anos (18,47% e 17,36%) (Tabela 1).

Quanto ao município de residência, observou-se com certa relevância que 92,04% residem na região da grande Florianópolis. Para efeitos de cálculo, foram excluídos os pacientes residentes em outras unidades federadas, totalizando 65 usuários. Na distribuição proporcional dos residentes nos municípios da grande Florianópolis, 64,25% são do município de Florianópolis, 18,50% de São José, 8,39% da Palhoça, 3,43% de Biguaçu e 5,43% dos demais municípios. As demais regiões do estado representaram 7,96% dos usuários. Se avaliada taxa de pacientes cadastrados por município de residência, percebe-se maior número nos respectivos municípios: Florianópolis, São José, Palhoça, São Pedro de Alcântara, Biguaçu e Santo Amaro da Imperatriz (Figura 1).

Conforme dados apresentados, observou-se um aumento no número de atendimentos nos anos de 2006 e 2007. No período anterior a estruturação do serviço (2001 a 2005) a média dos três anos foi de 1838 atendimentos, a partir do ano de 2006 o número de atendimentos foi 3,2 vezes maior e em 2007, foi 4,3 vezes maior em relação a média de 2001 a 2005 (Figura 2).

Em relação a variável diagnóstico, pode-se observar que predominam os saudáveis com 34,67%, seguido dos portadores de HIV com 25,9% e pneumopatas crônicos com 14,82% (Figura 3). Quando analisado o diagnóstico saudável, estão associados ao atendimento os seguintes motivos principais: profissional de saúde (29,62%), acidente percutâneo/permucosa (17,85%), contato domiciliar (16,12%) e RN susceptível (12,19%). Ao avaliar o percentual de crianças cadastradas até 9 anos de idade(24,23%), 35,74% estão incluídas no diagnóstico saudável, 21,62% nas pneumopatias e 11,07% incluídos em HIV. Do número total dos saudáveis, 48,31% corresponderam a recém nascidos susceptíveis, 24,36% recém nascido de mãe HBsAg positivo e 8,80% estavam entre contato domiciliar.

Referente ao profissional encaminhador, é expressivo o número de usuários cadastrados encaminhados pela especialidade de infectologia, representando 41,20% destes, os demais foram representados principalmente pela demanda espontânea, pneumologia e pediatria respectivamente (Figura 4).

A quantidade total de doses aplicadas de vacinas especiais aplicadas em 2006 foi 1,7 vezes maior quando comparada à média de 2001 a 2005. Para 2007, essa relação foi duas vezes maior. O maior número de doses aplicadas no período de 2001 a 2007 concentrou-se sobre as vacinas contra a influenza, hepatite B e pneumo 23. Essas vacinas são responsáveis por 73,67% das doses aplicadas no período. Comparando-se a média de doses aplicadas segundo o tipo de vacina de 2001 a 2005 com o ano de 2006 e 2007 foi possível observar que tanto no ano de 2006 quanto no ano 2007 houve um aumento na quantidade de doses aplicadas (Figura 5). As vacinas que tiveram um maior aumento em 2006 foram a pneumo 7 (4,2 vezes maior) e a vacina tríplice acelular (3,3 vezes maior). Para o ano de 2007, destacam-se as vacinas meningocócica conjugada (10,1 vezes maior) e a vacina tríplice acelular (8,5 vezes maior).

Discussão

Através das variáveis analisadas, pode-se concluir que houve um aumento no número de usuários cadastrados no sistema na demanda do atendimentos do CRIE a partir da reestruturação do CRIE no ano de 2006. A adequação da estrutura física, organização do fluxo, capacitação da equipe técnica para o desenvolvimento das atividades de forma a facilitar o acesso da população, a divulgação das indicações para os profissionais que demandam clientela, bem como a ampliação das indicações pelo Programa Nacional de

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Imunizações/MS, são fatores que podem ter contribuído com resultado positivo frente ao atendimento dos objetivos do CRIE.

Levar o conhecimento através da divulgação das indicações do CRIE ao profissional de saúde demandador da clientela para imunobiológicos especiais, vem ao encontro do que refere Weckx7, quando afirma que pequena parcela da população considerada de alto risco é encaminhada ou procura este serviço, concluindo que maiores esforços de comunicação e conscientização da classe médica é necessária para que esse grupo de pacientes possam ser alcançados e tenha sua saúde preservada.

Em relação ao reflexo da organização de serviços de saúde, estudos demonstram que tem havido uma preocupação crescente com o tema desde década de 90, segundo análise de Conill8, a estruturação dos serviços dependeria de administração, de mecanismos reguladores por parte do Estado e de mudanças comportamentais nos atores envolvidos (produtores e usuários), o sistema de saúde deve, no entanto, responder a objetivos comuns que permita interação entre as partes.

Algumas limitações do estudo devem ser consideradas frente a análise dos dados, em especial, o sistema de informação utilizado SI-CRIE, havendo uma série de dificuldades referentes à obtenção de relatórios específicos para avaliação do serviço, principalmente com relação: ao local de residência, com as tabelas internas compreendidas no sistema e junção de dados de diferentes variáveis, como por exemplo número de atendimentos x doses aplicadas, bem como os campos diagnóstico e motivo de indicação que poderiam ser unificados em único campo. Outra limitação diz respeito a entrada de dados no sistema durante o cadastro local, os campos abertos para digitação possibilitam margem de erro, podendo utilizar-se tabelas fechadas para seleção quando cabível. O sistema foi atualizado a partir do ano de 2005, sendo as fichas de anos anteriores inseridas gradativamente, porém a data de cadastro do usuário não correspondia a de primeira entrada no serviço, resgatando dados, porém dificultando relatório de variável idade em relação a data de cadastro.

Ainda em relação aos dados, é importante ressaltar que parte do aumento do número de usuários cadastrados e de atendimentos também pode ser atribuído a melhoria dos registros.

Predominante os usuários do CRIE foram da faixa etária de adultos e adultos jovens, podendo estar relacionado considerando que o resultado da análise é compatível com a predominância do diagnóstico. O CRIE é referência para atendimento aos profissionais de saúde e trabalhadores com risco profissional para doenças imunopreviníveis. Possivelmente, também incluem-se nesta faixa etária um percentual dos pacientes com diagnóstico de HIV, conforme dados do Datasus, o total de casos no período de 2001 a 2007 (ano do diagnóstico) no estado, inclui um percentual de 60,92% na faixa etária de 30 a 49 anos9. Houve homogeneidade na representação por sexo.

Em relação ao município de residência dos usuários cadastrados, a maior parte concentra-se na região da grande Florianópolis refletindo o fluxo descentralizado de distribuição dos imunobiológicos para as Gerências de Saúde após avaliação e liberação através da Requisição de Imunobiológicos Especiais. Este análise possibilita reflexão a respeito da necessidade de descentralização nos municípios da grande Florianópolis que tem serviços de especialidades contempladas nas indicações do CRIE, estabelecendo unidades de referência e facilitando o acesso dos pacientes ao imunobiológico, tendo em vista o acompanhamento mais próximo de sua residência, para vir de encontro a lógica do Sistema único de Saúde (SUS). Nos últimos anos o PNI passou por um processo de descentralização para se adequar o momento que a nação vive, onde o grande executor das ações agora é o município1.

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A grande demanda de pacientes encaminhados pela especialidade de infectologia é esperada, uma vez que, o conhecimento técnico-científico da área, bem como programas bem estruturados e com protocolos específicos, como exemplo do programa DSTs e AIDS, sendo amplamente divulgados no serviço de saúde de referência. Outro fator pode estar associado ao atendimento para tratamento de acidentes percutâneo/permucosa encaminhados ao hospital de referência, como extensão do serviço e fazendo parte da demanda do CRIE. O profissional de saúde faz parte da clientela do serviço, nas indicações de imunobiológicos pré e pós exposição. A manutenção da imunidade a doenças infecciosas através das vacinas é parte essencial nos programas de controle e prevenção de infecção para profissionais de saúde, considerando que os mesmos estão sob risco significativo de contrair ou transmitir doenças11,12. No entanto, desconhece-se no país legislação que determine ou regulamente a vacinação obrigatória do profissional de saúde, ficando na dependência da responsabilidade profissional e pessoal, bem como da organização da instituição prestadora de serviços de saúde.

Pode-se observar a relação entre as variáveis quantidade de doses aplicadas, faixa etária e diagnóstico dentre os cadastrados no SI-CRIE, que o maior percentual é a população com indicação dessas vacinas (saudável 34,7% , HIV 25,5% e pneumopatias 14,8%). Em relação a quantidade de doses aplicadas de imunobiológicos especiais percebeu-se significativo aumento nos anos de 2006 e 2007, as vacinas que tiveram um maior aumento nestes anos foram as vacinas: pneumo 7, tríplice acelular e meningocócica conjugada podendo associar a hipótese de incorporação de novas patologias dentro das indicações do CRIE e também a divulgação e capacitação dos profissionais de saúde demandadores.

Como continuidade da análise dos dados propõe-se a avaliação dados de Imunobiológicos Especiais procedentes das Gerências de Saúde, que estão atualmente sendo inseridos no sistema a nível estadual, pois o sistema não permite descentralização da digitação. Considerando avaliação breve do sistema de informação SI-CRIE, ressalta-se que apesar das limitações do sistema, os dados obtidos são de fundamental importância para avaliar e qualificar o sistema de informação e o serviço de saúde, oportunizando o estado como campo para estudo piloto da implantação do novo sistema do CRIE, com formulação em andamento no PNI/MS.

Espera-se que este estudo venha a ser uma contribuição para o PNI, tendo em vista a relevância da análise dos dados como ferramenta de fundamental importância para planejamento e avaliação constante dos serviços de saúde, melhorando a qualidade da assistência e possibilitando novos estudos para continuidade da avaliação desse serviço de referência.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Luis Antônio Silva (Diretor de Vigilância Epidemiológica SES-SC), à Leonor Proença (Gerente GEVIM/SES-SC), à coordenação, aos professores do Departamento de Saúde Pública da UFSC e ao apoio de Roger Scapini Marques.

Referências Bibliográficas

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2. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Imunizações 30 anos. Brasília: Ministério da Saúde; 2003.

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3. Ministério da Saúde. Portaria Nº 1602 de 17 de julho de 2006. [Portaria na internet]; [acessado em 10

de novembro 2008]. Disponível em: http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/calendario/portaria1602.html

4. Secretaria de Vigilância à Saúde. Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.

5. Fundação Nacional de Saúde. Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações-Avaliação do Programa de Imunizações (SI-API), Manual do usuário.

Brasília: Ministério da Saúde; 2001.

6. Fundação Nacional de Saúde. Sistema de informação: Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais. Manual de treinamento.Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

7. Weckx L., Vespa G. Novas indicações dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. Pediatria moderna set-out. 2007; 43(5):242-250.

8. Conill EM, Mendonca MH, Silva RAPR, Gawryszewski V. Organização dos serviços de saúde: a comparação como contribuição. Cad. Saúde Pública [online]. 1991, v. 7, n. 3, p. 328-346.

9. Ministério da Saúde. Informações de Saúde. [acessado em 2008 para informações de 2001 a 2007]. Disponível em: www.aids.gov.br/cgi/tabcgi.exe?tabnet/SC.def

10. Ministério da Saúde. Portaria Nº 48 de 28 de julho de 2004. In: Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.

11. Medeiros AS, Marino CGG. Vacinação em profissionais de saúde. In: Farhat CK, et al. Imunizações: fundamentos e prática. 4ª ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2000.p. 239-247.

12. Veronesi R, Focaccia R. Tratado de Infectologia. 2ª ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004.

13. Farhat CK, et al. Imunizações: fundamentos e prática. 4ª ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2000.

14. Pickering LK. Red Book : 2006 Report of the Committee on Infectious Diseases. 27th ed. Elk Grove Village, IL: American Academy of Pediatrics, 2006.

15. Feijó RB, Cunha J, Krebs LS. Calendário vacinal na infância e adolescência: avaliando diferentes propostas. Jornal de pediatria (Rio de Janeiro) jul. 2006;82(3,supl):s4-s14.

16. Weckx L. Immunization Calendar: an updating and practical aspects.[on the Internet]. [acessado em 20 de outubro 2008]. Disponível em: http://brazilpednews.org.br/dezem99/ar9909.htm

Tabelas e Figuras

Tabela 1 - Número e percentual dos pacientes cadastrados no CRIE, segundo a faixa etária. Santa Catarina, 2001 a 2007.

Faixa etária (em anos) Número % % acumulado

< 5 1.713 12,55 12,55 5 a 9 1.594 11,68 24,23

10 a 14 675 4,94 29,17

15 a 19 362 2,65 31,82

20 a 34 2.521 18,47 50,29

35 a 49 3.536 25,90 76,19

50 a 64 2.370 17,36 93,55

65 e mais 880 6,45 100,00

Total 13.651 100,00

Fonte: SI-CRIE/GEVIM/DIVE/SES/SC

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2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

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1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

núm

ero

de a

tendim

ento

s

A tendimentos 1405 1383 1644 2026 2732 5874 7828

Figura 2 - Número de atendimentos no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais segundo o ano, Santa Catarina, 2001 a 2007

Figura 1 - Taxa de cadastro no SI-CRIE por 100.000 habitantes segundo o município de residência do cadastrado. Santa Catarina, 2001 a 2007

Fonte: SI-CRIE/GEVIM/DIVE/SES/SC

Fonte: SI-CRIE/GEVIM/DIVE/SES/SC

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45%

Figura 3 – Distribuição proporcional dos pacientes cadastrados no CRIE segundo o tipo de diagnóstico, Santa Catarina, 2001 a 2007

Figura 4 – Distribuição proporcional dos pacientes cadastrados no CRIE segundo o tipo de encaminhador, Santa Catarina, 2001 a 2007.

Fonte: SI-CRIE/GEVIM/DIVE/SES/SC

Fonte: SI-CRIE/GEVIM/DIVE/SES/SC

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1500

2000

2500

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média 2001 a 2005ano 2006

ano 2007

Fonte: SI-API/GEVIM/DIVE/SES/SC

Figura 5 – Número de doses de vacinas especiais aplicadas no CRIE, segundo o tipo, Santa Catarina, média 2001 a 2005 comparada ao ano de 2006 e 2007