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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Terapia Ocupacional: Uma Visão Dinâmica em Neurologia Adriana Magali Dezotti Batista PERFIL SENSORIAL DAS CRIANÇAS ENTRE CINCO E ONZE ANOS ATENDIDAS NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA: UNIDADE SÃO FRANCISCO DE ASSIS LINS SP 2012

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Terapia Ocupacional:

Uma Visão Dinâmica em Neurologia

Adriana Magali Dezotti Batista

PERFIL SENSORIAL DAS CRIANÇAS ENTRE

CINCO E ONZE ANOS ATENDIDAS NO

HOSPITAL DE CLÍNICAS DA FACULDADE DE

MEDICINA DE MARÍLIA: UNIDADE SÃO

FRANCISCO DE ASSIS

LINS – SP

2012

2

ADRIANA MAGALI DEZOTTI BATISTA

PERFIL SENSORIAL DAS CRIANÇAS ENTRE CINCO E ONZE ANOS

ATENDIDAS NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA

DE MARÍLIA: UNIDADE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção de título de especialista em Terapia Ocupacional: uma visão dinâmica em neurologia, sob a orientação da Professora Mestre Heloiza Maria Zanella-Goodrich.

Lins – SP

2012

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Batista, Adriana Magali Dezotti B336p Perfil Sensorial das crianças entre cinco e onze anos atendidas no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília: Unidade São Francisco de Assis / Adriana Magali Dezotti Batista. -- Lins, 2012. 84p. il. 31cm

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para pós-graduação em Terapia Ocupacional: Uma Visão Dinâmica em Neurologia, 2012.

Orientadora: Heloiza Maria Zanella-Goodrich

1. Terapia Ocupacional. 2. Integração Sensorial. 3. Neurocomportamento. I Título.

CDU 615.851.3

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5

RESUMO

Uma das intervenções da Terapia Ocupacional é atuar junto às crianças portadoras de transtornos mentais e que recebem tratamento psiquiátrico. Essas crianças apresentam alterações no comportamento, na aprendizagem e no desenvolvimento. De acordo com a literatura, a base teórica da Integração Sensorial está nos estudos neurocomportamentais, do desenvolvimento e na pesquisa de distúrbios de aprendizagem. A teoria de integração sensorial foi desenvolvida pela terapeuta ocupacional Jean Ayres, PhD, OTR. A Integração Sensorial foi destinada inicialmente às crianças com distúrbios de aprendizagem sem nenhum diagnóstico, porém, atualmente seus princípios são usados no tratamento de outras populações como: deficiência mental, transtornos invasivos do desenvolvimento, síndromes genéticas, paralisia cerebral, autismo, lesões neurológicas em crianças e adultos, psiquiatria e geriatria. Este trabalho procura conhecer o perfil sensorial de crianças entre cinco e onze anos, em tratamento psiquiátrico no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília, na Unidade São Francisco de Assis, que compreende o Ambulatório de Saúde Mental e a Unidade de Internação Psiquiátrica no Hospital Geral com o objetivo de demonstrar a importância da integração sensorial para a Terapia Ocupacional. O Perfil Sensorial Abreviado de Dunn foi aplicado em pais de crianças em tratamento nessas unidades de cuidado, dando uma visão da importância do assunto através de dados estatísticos. Propõe-se, diante dos resultados obtidos, que seja implantada uma sala de Integração Sensorial nesses serviços, melhorando a assistência prestada pela Terapia Ocupacional às crianças e a seus familiares, sendo possível iniciar precocemente o tratamento de transtorno de integração sensorial associado a outras abordagens terapêuticas. Palavras-chave: Terapia Ocupacional. Integração Sensorial. Neurocomportamento.

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ABSTRACT

One of the Occupational Therapy interventions is to work with children with mental disorders and who receive psychiatric treatment. These children present changes in behavior, in the learning process and in global development. According to the literature, the theoretical basis of the Sensory Integration is found in neurobehavioral and developmental studies and in researches on learning disabilities. The theory of sensory integration was developed by the occupational therapist A. Jean Ayres, PhD, OTR. It was initially designed for children with learning disabilities without any diagnosis, but currently, the principles of the theory are used in the treatment of other diseases like: mental disability, pervasive developmental disorders, genetic syndromes, cerebral palsy, autism, neurological damage in children and adults, psychiatry and geriatrics. This paper aims to investigate the sensory profile of children between five and eleven years old in psychiatric treatment at the Clinical Hospital of the Marilia Medical School, in the São Francisco de Assis Unit; this clinic comprises the Mental Health Outpatient Clinic and the Psychiatric Inpatient Unit of the General Hospital. The study goal is to show the importance of this approach for Occupational Therapy. The Sensory Profile by Dunn was applied to parents of children in treatment in these care units, giving an overview of the importance of this subject through statistic data. Considering the results obtained, it is proposed the implementation of a Sensory Integration room in these services, improving the assistance given by the Occupational Therapy to the children and their relatives, making it possible to begin early treatment for the sensory integration disorder related to other therapeutic approaches. Keywords: Occupational Therapy. Sensory Integration. Neurobehavioral.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASM: Ambulatório de Saúde Mental

AVC: Acidente Vascular Cerebral

CEP: Comitê de Ética em Pesquisa

CID: Código Internacional de Doenças

CNS: Conselho Nacional de Saúde

CP: Criança Participante

CPs: Crianças Participantes

CREFITO: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional

DC: Diferença Clara

DP: Diferença Provável

DT: Desempenho Típico

FAMEMA: Faculdade de Medicina de Marília

FAOTA: Fellow of the American Occupational Therapy Association (Membro

da Associação Americana de Terapia Ocupacional)

HC: Hospital de Clínicas

HC I: Hospital de Clínicas, Unidade I

HC III: Hospital de Clínicas, Unidade III

IS: Integração Sensorial

NTI: Núcleo Técnico de Informações

OTR: Occupational Therapy Registered (terapeuta ocupacional, registrada)

PhD: Philosophy Doctor

SIPT: Sensory Integration and Praxis Test (Integração Sensorial e Teste

Praxis)

SNC: Sistema Nervoso Central

SNS: Sinais Neurológicos Sutis

SP: Sensory Profile (Perfil Sensorial)

SPM: Sensory Processing Measure (Medida de Processamento Sensorial)

SSP: Short Sensory Profile (Perfil Sensorial Abreviado)

TAR: Total de Avaliações Realizadas

TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

TV: Televisão

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: IS: Brincando com areia.................................................................69

Figura 2: IS: Brincando com balanço.............................................................70

Figura 3: Distúrbios de IS..............................................................................70

Figura 4: IS: Sensação Desagradável...........................................................71

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Item 01 do Perfil Sensorial de DUNN ...........................................27

Tabela 2: Item 02 do Perfil Sensorial de DUNN ...........................................28

Tabela 3: Item 03 do Perfil Sensorial de DUNN ...........................................28

Tabela 4: Item 04 do Perfil Sensorial de DUNN ...........................................29

Tabela 5: Item 05 do Perfil Sensorial de DUNN ...........................................29

Tabela 6: Item 06 do Perfil Sensorial de DUNN ...........................................30

Tabela 7: Item 07 do Perfil Sensorial de DUNN ...........................................30

Tabela 8: Item 08 do Perfil Sensorial de DUNN ...........................................31

Tabela 9: Item 09 do Perfil Sensorial de DUNN ...........................................31

Tabela 10: Item 10 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................31

Tabela 11: Item 11 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................32

Tabela 12: Item 12 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................33

Tabela 13: Item 13 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................33

Tabela 14: Item 14 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................34

Tabela 15: Item 15 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................35

Tabela 16: Item 16 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................35

Tabela 17: Item 17 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................36

Tabela 18: Item 18 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................36

Tabela 19: Item 19 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................37

Tabela 20: Item 20 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................37

Tabela 21: Item 21 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................38

Tabela 22: Item 22 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................39

Tabela 23: Item 23 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................40

Tabela 24: Item 24 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................40

Tabela 25: Item 25 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................40

Tabela 26: Item 26 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................41

Tabela 27: Item 27 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................41

9

Tabela 28: Item 28 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................42

Tabela 29: Item 29 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................43

Tabela 30: Item 30 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................44

Tabela 31: Item 31 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................44

Tabela 32: Item 32 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................44

Tabela 33: Item 33 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................45

Tabela 34: Item 34 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................46

Tabela 35: Item 35 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................47

Tabela 36: Item 36 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................47

Tabela 37: Item 37 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................48

Tabela 38: Item 38 do Perfil Sensorial de DUNN .........................................48

Tabela 39: Perfil Sensorial das crianças avaliadas no HC III da Famema....49

Tabela 40: Resultado Final: Escores da pesquisa com pais.........................51

Tabela 41: Diagnóstico segundo CID das crianças assistidas no HC III da

Famema.........................................................................................................52

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................11

2 OBJETIVOS...............................................................................................20

2.1 Objetivo Geral..........................................................................................20

2.2 Objetivos Específicos..............................................................................20

3 MÉTODO....................................................................................................21

3.1 Participantes............................................................................................22

3.2 Instrumento de Pesquisa.........................................................................22

3.3 Coleta de Dados......................................................................................23

3.4 Local da Pesquisa...................................................................................24

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................26

5 DISCUSSÃO .............................................................................................55

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................62

REFERÊNCIAS.............................................................................................65

APÊNDICE....................................................................................................68

Apêndice A – Cartilha para os pais...............................................................69

ANEXOS........................................................................................................76

Anexo 1 - Termo de Consentimento Esclarecido..........................................77

Anexo 2 - Perfil Sensorial: Versão Abreviada................................................79

Anexo 3 - Protocolo de Aprovação do Comitê de Ética.................................83

Anexo 4 - Planilha de Atendimento do Ambulatório de Saúde Mental da

Faculdade de Medicina de Marília.................................................................84

11

1 INTRODUÇÃO

Segundo Alves et al (2011) a integração sensorial é a capacidade de

o sistema nervoso central organizar os estímulos sensoriais e transformar as

sensações em percepção para o indivíduo interagir com o ambiente.

Depois de integradas as informações, os impulsos são encaminhados

para os centros apropriados do SNC que produzem comandos necessários

para as atividades coordenadas (ALVES et al ,2011).

Para Carvalho (2009) quando o SNC tem dificuldade em processar,

organizar as informações recebidas e não prepara uma resposta adequada

ao estímulo significa que está ocorrendo um déficit de integração sensorial.

Carvalho (2009) diz que a plasticidade do SNC e o uso dos diversos

recursos para a estimulação sensorial, além de promover a organização do

processo neurológico, desenvolve a integração sensorial.

Crianças que apresentam falhas neste processamento tendem a ser mais desorganizadas, com dificuldade de prestar atenção e se relacionar com as pessoas, pois não organizam e nem interpretam informações sensoriais da mesma maneira que as outras. (CARVALHO; ANTUNES; VICENTINI, 2005, p.49).

A Terapia de Integração Sensorial foi destinada, inicialmente às

crianças com distúrbios de aprendizagem, sem nenhum diagnóstico, mas

segundo Lenzi; Vieira (2010), atualmente os princípios da teoria são

utilizados no tratamento de pessoas portadoras de lesão neurológica,

deficiência mental, autismo, entre outros transtornos invasivos do

desenvolvimento.

Já para Carvalho; Torello (2011), a terapia de integração sensorial é

também usada como tratamento nas síndromes genéticas, paralisia cerebral,

lesões neurológicas do adulto, psiquiatria e geriatria.

Este tipo de terapia envolve atividades que fornecem basicamente estimulação tátil, proprioceptiva e vestibular, dentro de um contexto de brincadeiras que vão se tornando gradualmente mais complexas para promover respostas cada vez mais maduras e organizadas, resultando em novas aprendizagens e comportamentos. O ambiente terapêutico é rico em equipamentos, materiais e brinquedos interessantes. (LAMBERTUCI; MAGALHÃES, 2005, p.234)

12

Segundo Flehming (2002), os reflexos e reações características do

primeiro ano de vida interferem no funcionamento neurológico, que primeiro

sofre influências dos núcleos subcorticais e depois dos núcleos corticais.

Flehming (2002) relata que os reflexos e reações presentes nos

primeiros anos de vida são provocados especialmente pelo processamento

tátil, vestibular e proprioceptivo.

Quando algum aspecto da IS não ocorre eficientemente, a criança

poderá experienciar estresse na rotina ocupacional, pois esses processos

deveriam acontecer de maneira automática e precisa.

De acordo com Carvalho; Torello (2011), Jean Ayres, nos anos 60,

criou a abordagem de integração sensorial relacionando as sensações

corporais aos mecanismos cerebrais e a aprendizagem.

Para Carvalho (2009), a base da integração sensorial está nos

estudos neurocomportamentais do desenvolvimento da criança e na

pesquisa de distúrbios de aprendizagem, ou de outras deficiências da

criança.

Ayres define a integração sensorial como sendo a organização de informações sensoriais provenientes de diferentes canais sensoriais e a habilidade de relacionar estímulos de um canal a outro, de forma a emitir uma resposta adaptativa. Para Ayres, resposta adaptativa é uma ação apropriada na qual o indivíduo responde com sucesso a alguma demanda ambiental. (CARVALHO, 2009, p.2)

De acordo com Fisher; Murray; Bundy (1991), Ayres explica que o

cérebro deve selecionar, aumentar, inibir, comparar e associar a informação

sensorial em um modelo flexível constantemente em mudança.

Para Fisher; Murray; Bundy (1991), a teoria de IS contém três

componentes: descreve o funcionamento normal da IS; define disfunção de

IS e guia um programa de intervenção que usa a abordagem de IS.

Segundo Alves et al (2011), Ayres classificou as disfunções sensoriais

em disfunção da modulação sensorial, disfunção da discriminação sensorial

e disfunção do planejamento motor.

Parham; Mailloux (1996) dizem que na modulação existe um

continuum de responsividade sensorial, entre hiporresponsividade e hiper-

responsividade. No centro encontra-se um nível ótimo de modulação.

13

Geralmente um indivíduo experiencia flutuações dentro desse

continuum durante o dia.

A disfunção é indicada quando as flutuações de um indivíduo são

extremas ou quando ele tende a agir primariamente em uma das

extremidades do continuum mais do que na outra (PARHAM; MAILLOUX,

1996).

Se acontecer desse comportamento tornar-se um padrão a longo prazo, a criança poderá perder experiências importantes, tais como brincar de jogos com colegas, que são críticas no desenvolvimento de sentimento de competência, dominando um vasto repertório de habilidades úteis e desenvolvendo estratégias sociais flexíveis. Desta maneira, a capacidade de participar completamente nas ocupações que a criança queira ou necessite fazer ficam comprometidas. (PARHAM; MAILLOUX, 1996, p. 315-316).

Na teoria da integração sensorial de Jean Ayres, existem princípios

funcionais que norteiam a intervenção do terapeuta ocupacional.

Os princípios da integração sensorial são: os estímulos sensoriais controlados podem ser usados para criar uma resposta adaptativa; uma resposta adaptativa contribui para o desenvolvimento da integração sensorial; quanto mais auto-dirigidas as atividades, maior é o potencial das atividades para aprimorar a organização neural e isso também depende da motivação interna do paciente; padrões mais amadurecidos e complexos de comportamento são compostos pela consolidação de comportamentos mais primitivos; a melhor organização de respostas adaptativas intensificará a organização do comportamento geral do indivíduo que depende de sequenciamento e tempo; é necessário o registro dos estímulos sensoriais significativos antes da resposta poder ser dada aos estímulos que chegam do ambiente. (CARVALHO; TORELLO, 2011, p.20).

Para Davies et al (2011), de acordo com a literatura existente, uma

em cada vinte crianças tem uma desordem no processamento sensorial.

Outro dado interessante informado por Pfeiffer et al (2011) é que o

transtorno do processamento sensorial é bastante comum entre as crianças

do espectro autista, pois há relatos na literatura que variam de 42% a 88%

dos casos pesquisados.

Já para Goodrich (2010), existem menções na literatura de até 100%

de transtorno de processamento sensorial entre as crianças do espectro

autista.

14

De acordo com a revisão de literarura realizada por Pedroso; Salgado;

Teixeira (2010), existem sinais neurológicos sutis relevantes para a pesquisa

em psiquiatria, com ênfase na esquizofrenia e no transtorno bipolar que

envolvem a integração sensorial.

Sinais neurológicos sutis são alterações no exame neurológico que compreendem funções diversas como integração sensorial, coordenação motora, sequenciamento motor e presença de reflexos primitivos. Esses sinais indicam disfunção cerebral não focal, podendo se apresentar como fatores de risco para transtornos psiquiátricos. Podem indicar endofenótipos relacionados a disfunções em circuitos neurais específicos, fornecendo informações relevantes para fisiopatologia da esquizofrenia e transtorno bipolar. (PEDROSO; SALGADO; TEIXEIRA, 2010, p.1).

A partir da década de 60, a observação de SNS em adultos jovens

vem ocorrendo em condições como transtornos psicóticos, transtorno

obsessivo-compulsivo e transtornos do desenvolvimento, incluindo autismo

(PEDROSO; SALGADO; TEIXEIRA, 2010).

É importante ressaltar que o termo sutil não se refere à gravidade clínica decorrente da presença desses sinais, nem de uma menor reprodutibilidade deles, sendo adotado especificamente por sua baixa propriedade de localização. Desse modo, eles podem indicar fatores de risco para transtornos psiquiátricos e sugerir disfunções em circuitos neurais particulares, fornecendo informações adicionais em relação à fisiopatologia desses transtornos. (PEDROSO; SALGADO; TEIXEIRA, 2010, p.324).

Pedroso; Salgado; Teixeira (2010), em sua pesquisa de revisão de

literatura, citam que altas taxas de SNS ligados à coordenação motora e à

integração sensorial, associados a uma redução da substância cinzenta de

estruturas subcorticais como putâmen, globo pálido e tálamo foram

encontrados em esquizofrênicos.

Além disso, alterações na integração sensorial foram associadas à

redução no volume do córtex cerebral, incluindo os giros pré-central,

temporais superior e médio e giro lingual, (PEDROSO; SALGADO;

TEIXEIRA, 2010).

Dunn (1994) diz que para se aplicar o modelo de IS, de acordo com

as necessidades da criança, a identificação correta dos seus

15

comportamentos que indicam um transtorno do processamento sensorial é

fundamental.

Completa Dunn (1994) que, para isto, existem diversos testes,

questionários, entrevistas e observações clínicas.

O processo de avaliação tem como primeiro passo a entrevista com os pais para entender o que os preocupa e para que tenham oportunidade de entender o que fazemos e como podemos ajudar a criança. Sempre que possível, deve ser realizado um questionário com a escola ou outros ambientes, em que a criança apresenta alguma dificuldade. É importante o preenchimento do Perfil Sensorial. (GOODRICH, 2010, p.16)

Goodrich (2010) relata que, geralmente fora do Brasil, são usados

testes padronizados, que dão um retrato do desenvolvimento nesse

momento. O mais usado é o SIPT, porém, existem outros testes.

Os outros testes usados são: Peadoby Developmental Scales, Teste

de Imitação de Gestos, De Gangi- Berk Test of Sensory Integration,

Observações Clínicas e Sensory Processing Measure, conhecido por SPM,

continua dizendo Goodrich (2010).

O SPM é um novo teste, desenvolvido por Diana Henry que pode ser usado no ambiente escolar, pois usa as informações do pessoal que trabalha com a criança em todos os níveis como merendeira, motorista, professora, entre outros, para identificar onde ocorrem os problemas. É um ótimo instrumento para educar o pessoal da escola sobre o porquê do comportamento da criança. (GOODRICH, 2010, p.16)

Segundo Goodrich (2010), o Perfil Sensorial Abreviado é usado como

triagem e muito utilizado em pesquisas, pois tem menos itens que o Perfil

Sensorial Completo.

O Perfil Sensorial Abreviado é uma versão mais curta do perfil sensorial, foi desenvolvido como uma ferramenta de triagem para identificar as crianças com dificuldades sensoriais de forma mais rápida e para uso como uma medida de processamento sensorial para fins de pesquisa. (FRANKLIN et al, 2008, p.267).

O Perfil Sensorial Abreviado é uma lista padronizada de verificação

comportamental com dados normativos e baixos escores que refletem

problemas de sensório-processamento, completam Franklin et al (2008) .

16

Franklin et al (2008) dizem também que o SSP inclui um sistema de

classificação constituído por três categorias (normal, diferença provável, e

diferença clara) e as propriedades psicométricas são geralmente fortes.

No SSP os itens são pontuados na escala entre 1 ponto e 5 pontos, em cada uma das sete seções e na pontuação total. Ambos os pontos de cada seção e uma pontuação total são interpretados na SSP e serão tratados como as variáveis independentes. A pontuação total é o indicador mais sensível de disfunção sensorial.(TOMCHECK;DUNN,2007, p.193).

A sua administração é em tempo curto (10 minutos) e o

valor na triagem para processamento sensorial atípico é recomendado para

protocolos de pesquisa (TOMCHECK;DUNN,2007).

Desde a fase inicial do desenvolvimento do SSP, os itens de comunicação- social e motor foram eliminados do SP , pois causa menos confusão com os itens de sobreposição das caracteristicas de diagnóstico de autismo.Os estudos iniciais da validade do SSP demonstraram validade discriminante de> 95% na identificação de crianças com e sem dificuldades de modulação sensorial.(TOMCHECK;DUNN,2007, p.193).

O SSP analisa comportamentos funcionais relacionadas à

responsividade sensorial (MILLER; COLL; SCHOEN, 2007).

Ainda confirmam Miller; Coll; Schoen,(2007) que no SSP as normas

foram obtidas a partir do perfil sensorial e padronizada em 1.200 crianças. A

validade de confiabilidade é 0,90 e validade discriminante é = ou > 95%.

Goodrich (2010) completa que o Perfil Sensorial Abreviado mostra

indícios de problemas que precisam de maior investigação, através da

aplicação do teste completo, ou outros testes.

O Perfil Sensorial foi desenvolvido com o objetivo de mensurar as respostas das crianças com relação às experiências sensoriais que acontecem em ambiente familiar, e seus itens foram desenvolvidos de acordo com testes de processamento sensorial e histórias sensoriais encontrados na literatura. (DUNN, 1994, p.9)

Para Dunn (1994), o Perfil Sensorial colhe informações acerca do

comportamento funcional que mais provavelmente está relacionado com o

processamento sensorial. Ainda Dunn (1994) relata que o Perfil Sensorial

também utiliza a informação fornecida pelos membros da família sobre o

17

desempenho da criança.

O entrevistado assinala o que melhor descreve a frequência com que a criança apresenta os comportamentos indicados, utilizando a seguinte terminologia: Sempre: quando se apresenta a oportunidade, a criança sempre responde dessa maneira (100% do tempo); Frequentemente: quando se apresenta a oportunidade, frequentemente responde dessa maneira (75% do tempo); Ocasionalmente: quando se apresenta a oportunidade ocasionalmente responde dessa maneira (50% do tempo); Raramente: quando se apresenta a oportunidade, a criança raramente responde dessa maneira (25% do tempo); Nunca: quando se apresenta a oportunidade, a criança nunca responde dessa maneira (0% do tempo). (DUNN, 1994, p.1)

O teste é composto por 38 itens divididos em sete sessões, sendo

elas: Sensibilidade Tátil (composta pelos itens 01 a 07), Sensibilidade a

Gosto/Olfato (composta pelos itens 08 a 11), Sensibilidade a Movimento

(composta pelos itens 12 a 14), Baixa Responsividade/ Procura Sensação

(composta pelos itens 15 a 21), Filtro Auditivo (composta pelos itens 22 a

27), Baixa Energia/Fraco (composta pelos itens 28 a 33), Sensibilidade

Visual/ Auditiva (composta pelos itens 34 a 38).

As pontuações para cada terminologia assinalada no teste são:

Sempre (1 ponto), Frequentemente (2 pontos), Ocasionalmente (3 pontos),

Raramente (4 pontos), Nunca ( 5 pontos).

Ao final de cada sessão, há uma somatória total dos itens que a

compõem e, ao final do teste, há um quadro sumário com as sete sessões, o

escore de cada sessão e um espaço para preencher o total de pontos

somado para cada uma das sessões. Também é realizada a soma de todas

as sessões e assinalada em espaço próprio.

Na frente da soma de cada sessão do quadro sumário, encontram-se

os valores dos escores considerados de desempenho típico, diferença

provável e diferença clara.

Na sessão Sensibilidade Tátil a pontuação máxima é de 35 pontos.

No quadrante desempenho típico, a criança pontua entre 35 e 30 pontos; no

quadrante diferença provável, a pontuação varia entre 29 e 27 e, no

quadrante diferença clara, a pontuação varia entre 26 e 07 pontos.

Na sessão Sensibilidade a Gosto/Olfato a pontuação máxima é de 20

pontos. No quadrante desempenho típico, a criança pontua entre 20 e 15

18

pontos; no quadrante diferença provável, a pontuação varia entre 14 e 12 e,

no quadrante diferença clara, a pontuação varia entre 11 e 04 pontos.

Na sessão Sensibilidade a Movimento a pontuação máxima é de 15

pontos. No quadrante desempenho típico, a criança pontua entre 15 e 13

pontos; no quadrante diferença provável, a pontuação varia entre 12 e 11 e,

no quadrante diferença clara, a pontuação varia entre 10 e 03 pontos.

Na sessão Baixa Responsividade/Procura Sensação a pontuação

máxima é de 35 pontos. No quadrante desempenho típico, a criança pontua

entre 35 e 27 pontos; no quadrante diferença provável, a pontuação varia

entre 26 e 24 e, no quadrante diferença clara, a pontuação varia entre 23 e

07 pontos.

Na sessão Filtro Auditivo a pontuação máxima é de 30 pontos. No

quadrante desempenho típico, a criança pontua entre 30 e 23 pontos; no

quadrante diferença provável, a pontuação varia entre 22 e 20 e, no

quadrante diferença clara, a pontuação varia entre 19 e 06 pontos.

Na sessão Baixa Energia/Fraco a pontuação máxima é de 30 pontos.

No quadrante desempenho típico, a criança pontua entre 30 e 26 pontos; no

quadrante diferença provável, a pontuação varia entre 25 e 24 e, no

quadrante diferença clara, a pontuação varia entre 23 e 06 pontos.

E finalmente na sessão Sensibilidade Visual/Auditiva, a pontuação

máxima é de 25 pontos. No quadrante desempenho típico, a criança pontua

entre 25 e 19 pontos; no quadrante diferença provável, a pontuação varia

entre 18 e 16 e, no quadrante diferença clara, a pontuação varia entre 15 e

05 pontos.

A pontuação máxima na somatória das sessões é de 190 pontos. É

considerado desempenho típico a somatória de pontuação entre 190 e 155

pontos; é considerado diferença provável a somatória de pontuação entre

154 e 142 pontos e ainda considera-se diferença clara, a somatória de

pontuação entre 141 e 38 pontos.

Caso a criança apresente pontuação dentro do quadrante diferença

provável ou diferença clara, é necessária uma maior investigação e posterior

intervenção.

Os dados descritos no SSP são encontrados na avaliação de Dunn

publicada em 1999, conforme apresentado por Goodrich (2010).

19

Portanto, baseado no fato de que a Integração Sensorial representa

um avanço para a prática da Terapia Ocupacional e que a terapia de IS

conforme diz Oliveira (2011), é relevante para a independência e a

autonomia da criança à medida que ela cresce e participa de vários

ambientes sociais, surgiu o interesse por esse trabalho.

Esta pesquisa tem o objetivo de demonstrar a importância da Terapia

Ocupacional com base na terapia de integração sensorial para os

atendimentos de crianças em tratamento psiquiátrico e com idade entre

cinco e onze anos.

O trabalho fundamenta-se em uma pesquisa de campo a fim de

apresentar os dados estatísticos relacionados ao perfil sensorial das

crianças atendidas no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de

Marília da Unidade São Francisco de Assis, ancorando-a em referencial

teórico.

20

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Conhecer o perfil sensorial de crianças em tratamento psiquiátrico

com idade entre cinco e onze anos, atendidas no Hospital de Clínicas da

Faculdade de Medicina de Marília.

2.2 Objetivos Específicos

- Melhorar a assistência prestada pela Terapia Ocupacional às

crianças e aos familiares atendidos na Unidade Psiquiátrica e no

Ambulatório de Saúde Mental do HC III da FAMEMA;

- Propor a implantação de uma sala de integração sensorial que

auxiliará no tratamento das crianças internadas na Unidade Psiquiátrica e no

Ambulatório de Saúde Mental do HC III da FAMEMA;

- Iniciar precocemente o tratamento do transtorno de integração

sensorial no HCIII da FAMEMA junto às crianças atendidas na unidade de

cuidado psiquiátrica e no programa infantil do ambulatório de saúde mental.

21

3 MÉTODO

A partir da observação da prática clínica com crianças em

atendimento psiquiátrico internadas em enfermaria de hospital geral, o

posterior encaminhamento das mesmas para o ambulatório de saúde mental

na ocasião da alta hospitalar, os comentários das mães, referentes ao

comportamento de seus filhos durante a internação, como acompanhantes

deles e de discussão de casos com a terapeuta ocupacional que atende no

programa infantil do ambulatório de saúde mental, surgiu a necessidade de

investigar o perfil sensorial das crianças entre cinco e onze anos atendidas

no HC da FAMEMA, na unidade São Francisco de Assis.

Para Minayo (1996), nada pode ser intelectualmente um problema, se

não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática.

As questões da investigação estão, portanto, relacionadas a

interesses e circunstâncias socialmente condicionadas. São frutos de

determinada inserção no real, nele encontrando suas razões e objetivos, diz

Minayo (1996).

Para Cassab (2007), a pesquisa científica pode ser entendida como

forma de observar, verificar e explanar fatos para os quais o homem

necessita ampliar sua compreensão, ou testar a compreensão que já possui.

O trabalho caracterizou-se como pesquisa de campo, realizada com

pais ou responsáveis de crianças em tratamento psiquiátrico por meio da

aplicação do Perfil Sensorial Abreviado (Anexo 2).

A pesquisa aconteceu no período de janeiro a março de 2012, após

aprovação do comitê de ética, comprovado com o protocolo nº 1397/11

(Anexo 3) e assinatura dos responsáveis de um termo de consentimento

esclarecido (Anexo 1).

O atendimento infantil na unidade São Francisco de Assis do HC da

FAMEMA é direcionado pelo Programa Infantil do Ambulatório de Saúde

Mental e, quando necessário, é realizada a internação psiquiátrica na

enfermaria do hospital geral, localizada no mesmo prédio.

Foi entregue aos pais ou responsáveis no momento que chegavam à

recepção do ambulatório de saúde mental, uma cartilha ilustrativa que

explicou sobre integração sensorial e os indicadores de disfunção de

22

integração sensorial (Apêndice A). Desta forma, foi possível abordá-los e

explicar sobre a pesquisa realizada, verificando o interesse em participar da

mesma enquanto aguardavam atendimento com a equipe.

Para aqueles que estavam na enfermaria psiquiátrica do hospital

geral, o material foi entregue e, ao demonstrarem interesse em participar da

pesquisa, a avaliação ocorria em seguida.

3.1 Participantes

Para o pai ou responsável participar da pesquisa foi exigido que a

criança estivesse em tratamento no Ambulatório de Saúde Mental ou

internada na Unidade Psiquiátrica em hospital geral do Hospital São

Francisco de Assis da Faculdade de Medicina de Marília e ter idade entre

cinco e onze anos. Além disso, foi solicitada a assinatura do termo de

consentimento, como mencionado anteriormente (Anexo 1).

A pesquisa foi realizada utilizando o método estatístico, numa

amostragem simples e aleatória. A criança participante será identificada com

a letra CP.

3.2 Instrumento de Pesquisa

A pesquisa foi direcionada a conhecer o perfil sensorial das crianças

em tratamento psiquiátrico com idade entre cinco e onze anos.

Para isso foi aplicado o Perfil Sensorial Abreviado proposto por Dunn

em 1999 e apresentado por Goodrich (2010) conforme (Anexo 2); um

método de avaliação padronizado para mensurar as habilidades de

processamento sensorial e estimar seu efeito no desempenho funcional do

dia a dia.

Ele consiste em questionários baseados no julgamento do cuidador e

cada item descreve as respostas do indivíduo em várias experiências

sensoriais. O Perfil Sensorial de Dunn avalia somente os problemas de

modulação (GOODRICH, 2010).

É importante ressaltar que foi usado em uma tradução livre, mas

autorizada do inglês para o português (GOODRICH, 2010).

23

Optou-se por utilizar o questionário denominado Perfil Sensorial

Abreviado, desenvolvido por Winnie Dunn, pois ele permite identificar

respostas sensoriais típicas e não típicas das crianças e,

consequentemente, possíveis sinais de alteração na modulação sensorial.

Essa alteração poderá afetar a adaptação da criança e sua interação

com o meio, interferindo no seu desempenho ocupacional para as atividades

cotidianas.

3.3 Coleta de Dados

Antes de definir o número de avaliações de Perfil Sensorial Abreviado

que seriam aplicadas à clientela caracterizada, foi solicitada uma planilha ao

NTI da FAMEMA, onde constava a quantidade de crianças atendidas no

ambulatório de saúde mental da instituição nos meses de março a setembro

de 2011, que antecederam a montagem do projeto e, em seguida, a coleta

de dados.

De acordo com o NTI da FAMEMA, dentro do período mencionado e

anterior à pesquisa, foram realizados atendimentos com 07 crianças de

idade entre 0 e 4 anos, 64 crianças com idade entre 5 e 10 anos, 170

crianças entre 11 e 14 anos e 70 crianças maiores de 15 anos. Das crianças

atendidas, 182 eram de Marília e o restante de 35 cidades da região. (Anexo

4).

A proposta da pesquisa era aplicar a avaliação do Perfil Sensorial

Abreviado de DUNN em 50 casos, porém, foi possível realizar com 48 pais

ou responsáveis pela criança em tratamento, não por falta de interesse dos

outros dois casos, mas devido à dificuldade em conversar com o

responsável pelas crianças durante o momento do tratamento em que se

encontravam.

A primeira CP era uma menina de 9 anos, que não frequenta mais

ensino regular, mas uma escola de educação especial na cidade de Marília.

Essa criança foi internada devido a problemas de comportamento. Ela

apresentava, no momento da internação, agressividade e agitação

psicomotora. A mãe também informou que observava alterações sensório-

perceptivas na filha.

24

Essa mãe é também mãe da segunda CP que tem 7 anos,

encontrava-se em atendimento no ASM e já passou por internação

psiquiátrica na mesma enfermaria.

Na ocasião da pesquisa, foi tentado aplicar o Perfil Sensorial

Abreviado em seus dois filhos, porém, o menino também precisou

permanecer internado devido ao quadro de agitação psicomotora e

agressividade. Como não foi possível interná-lo na mesma enfermaria

psiquiátrica que sua irmã, então foi realizada a internação dele no Hospital

Psiquiátrico de Marília.

Tal fato dificultou a presença dessa mãe no local da pesquisa, durante

o período da coleta de dados, porém, é importante ressaltar que ela

demonstrou interesse imediato em participar da entrevista e fornecer

informações referentes aos dois filhos, quando a pesquisadora explicou o

objetivo da coleta de dados.

3.4 Local da Pesquisa

A Unidade Psiquiátrica tem 18 leitos e objetiva o cuidado integral aos

pacientes com transtornos mentais na fase aguda da doença, em regime de

internação. Após a melhora e alta hospitalar, a criança realiza

acompanhamento no Ambulatório de Saúde Mental.

A Unidade Psiquiátrica iniciou sua atividade com a internação de

pacientes adultos. Quando há necessidade de internação psiquiátrica infantil

é realizada na mesma unidade, porém, o paciente infantil deve estar

acompanhado por um responsável. Nos casos de internação infantil por

determinação judicial, nem sempre há acompanhantes.

A equipe da Unidade Psiquiátrica é composta por médico psiquiatra,

residentes da psiquiatria e da residência multiprofissional, enfermeiros,

psicólogo, assistente social, aprimorandos de enfermagem e de psicologia e

terapeuta ocupacional.

O programa infantil do Ambulatório de Saúde Mental atende crianças

e adolescentes até 17 anos, com diversas patologias psiquiátricas.

A equipe do ASM do programa infantil, além de receber os

encaminhamentos da Unidade Psiquiátrica do Hospital São Francisco - HCIII

25

após a alta hospitalar, também recebe encaminhamentos pelo sistema de

agendamento via Central de Vagas, sob a gestão da Secretaria Municipal de

Saúde de Marília e via Pronto Socorro do Hospital das Clínicas - Unidade

Clínico-Cirúrgico, o HCI, onde é realizado o atendimento a crises.

A Terapia Ocupacional do programa infantil do ambulatório de saúde

mental atende as crianças encaminhadas pela equipe multiprofissional do

programa e pela Neurologia infantil.

A equipe do ASM é composta por médicos psiquiatras, residentes da

Psiquiatria, enfermeiro, psicólogos, assistente social e terapeuta

ocupacional, além de aprimorandos da Psicologia.

26

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos com a pesquisa são apresentados abaixo,

sendo comentado cada item da avaliação e a incidência do comportamento

assinalado pela mãe ou responsável durante a avaliação do Perfil Sensorial

Abreviado.

Para melhor compreensão e análise dos dados, eles serão

apresentados em tabelas, indicando a frequência assinalada. Essa

frequência é a mesma apresentada no teste e são compostas por: Sempre,

Frequentemente, Ocasionalmente, Raramente e Nunca.

As tabelas 01 a 38 representam os itens da avaliação em suas

respectivas sessões, as tabelas 39 e 40, demonstram os resultados finais

dos perfis das crianças avaliadas e a tabela 41 apresenta os diagnósticos

segundo CID após avaliação das equipes que atendem as crianças

participantes da pesquisa.

Não houve ocasião em que o responsável pelo preenchimento não

soube responder o item da avaliação, por nunca ter observado o

comportamento na criança ou por acreditar que não se aplicava a sua

criança, por isso não foi necessário sinalizar em todos os campos referentes

a determinado item.

É interessante ressaltar que a maioria das mães ou responsáveis pela

criança em tratamento na Unidade São Francisco de Assis da FAMEMA,

demonstrou interesse imediato em participar da pesquisa ao serem

abordadas pela pesquisadora. Mesmo após o término do período da coleta

de dados, a pesquisadora foi procurada por outras mães interessadas na

aplicação do teste em seus filhos.

O primeiro aspecto a ser avaliado no teste é referente à Sensibilidade

Tátil e compreende as tabelas de 01 a 07.

Momo; Silvestre; Graciani (2011) os receptores do sistema tátil estão

localizados na pele e fornecem dados para a defesa e discriminação, que

informam para o SNC sobre a qualidade dos objetos (texturas, consistência,

peso, tamanho, volume, temperatura).

As sensações táteis influenciam diretamente as reações ao ambiente,

uma vez que, de condução rápida, esses estímulos alertam o SNC sobre os

27

perigos e condições ambientais (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI, 2011).

Para Momo; Silvestre; Graciani (2011) o contato com a pele, a

manipulação de objetos diferenciados, as variações de temperaturas ou os

estímulos dolorosos sensibilizam os receptores táteis.

O sistema tátil influencia na percepção do corpo (partes do corpo,

proporcionalidade, conceito de quantidade e posicionamento das partes em

relação ao todo) e no planejamento motor (habilidade de antecipar, organizar

e coordenar movimentos de forma harmoniosa) (MOMO; SILVESTRE;

GRACIANI, 2011).

O referencial teórico justifica este aspecto da avaliação.

Tabela 01 - Item 01 do perfil sensorial de Dunn

DEMONSTRA IRRITAÇÃO DURANTE TAREFAS DE HIGIENE (LUTA, CHORA PARA

CORTAR CABELOS, UNHAS, ETC)

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 17

FREQUENTEMENTE 06

OCASIONALMENTE 06

RARAMENTE 04

NUNCA 15

TOTAL 48

Foi constatado que a maioria das crianças participantes luta para

realizar as tarefas de higiene (tabela 01). Segundo informações das mães,

as crianças demoram a entrar no banho e evitam escovar os dentes. Outras

não suportam cortar o cabelo, pois demonstram medo de machucar-se

através desse ato. Os responsáveis disseram que o medo não tem relação

com fatos anteriores, porém observam que é relacionado ao contato da pele

com o pente por exemplo. O mesmo foi relatado em relação à tesoura para

cortar as unhas.

No item 02 (tabela 02), um aspecto que chamou atenção é que duas

mães que relataram que os filhos Nunca trocam as roupas, dependendo do

calor ou frio, relatam que as roupas são escolhidas por elas, pois as crianças

não sabiam definir a roupas adequadas à condição climática. Em relação a

esse item ainda, outra mãe colocou maior enfoque ao aspecto do filho

28

sempre preferir roupa de manga curta mesmo quando está frio. Esta mãe

relata que não sabe bem o motivo que leva a criança a apresentar esse

comportamento, pois antes achava que ele não sentia frio, mas já observou

situações em que o mesmo demonstrava frio, com o corpo também frio

como a temperatura do ambiente. Começou a achar que poderia ser devido

ao toque dos tecidos das roupas nos braços do filho.

Tabela 02 - Item 02 do perfil sensorial de Dunn

PREFERE ROUPA DE MANGA COMPRIDA QUANDO ESTÁ CALOR OU MANGA CURTA

QUANDO ESTÁ FRIO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 08

FREQUENTEMENTE 02

OCASIONALMENTE 07

RARAMENTE 05

NUNCA 26

TOTAL 48

Tabela 03 - Item 03 do perfil sensorial de Dunn

EVITA FICAR DESCALÇO PRINCIPALMENTE NA GRAMA OU AREIA

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 07

FREQUENTEMENTE 02

OCASIONALMENTE 02

RARAMENTE 03

NUNCA 34

TOTAL 48

Apesar do item 03 (tabela 03) ter maior incidência de Nunca, as

crianças evitarem ficar descalças, houve relatos de pais que observam esse

comportamento nos seus filhos. Em algumas situações, as crianças que

Sempre evitam ficar descalças, segundo os pais, às vezes até choram

quando os pés descalços tocam a superfície.

O mesmo foi observado pelos pais no item 04 (tabela 04) em relação

ao item anterior. Porém, houve relatos de que, quando não era observado o

choro na criança, observavam maior isolamento dela, após o toque, ou

29

outras vezes reagindo com agressividade verbal ou quebrando objetos,

principalmente em momentos em que não esperavam o contato ou não

estavam receptivos ao toque.

Tabela 04 - Item 04 do perfil sensorial de Dunn

REAGE EMOCIONAL OU AGRESSIVAMENTE AO SER TOCADO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 10

FREQUENTEMENTE 05

OCASIONALMENTE 11

RARAMENTE 03

NUNCA 19

TOTAL 48

Tabela 05 - Item 05 do perfil sensorial de Dunn

ESCONDE-SE DE RESPINGOS DE ÁGUA

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 03

FREQUENTEMENTE 00

OCASIONALMENTE 02

RARAMENTE 01

NUNCA 42

TOTAL 48

Esse comportamento discutido no item 05 (tabela 5) foi pouco

observado nos relatos dos pais, que informam que a maioria das crianças

participantes gosta de brincar com água, porém, algumas crianças que

costumam se esconder dos respingos de água, também demonstram medo

de chuva.

Já a dificuldade em permanecer próximo a outros em fila, foi apontada

pelos pais devido à dificuldade dos filhos em permanecerem quietos por

muito tempo fazendo a mesma coisa, discutido no item 06 (tabela 06).

Em relação ao item 07 (tabela 07), os pais informam que as crianças

participantes que apresentam esse comportamento demonstram nojo do

toque, seja um beijo no rosto ou aperto de mão.

30

Tabela 06 - Item 06 do perfil sensorial de Dunn

TEM DIFICULDADE EM FICAR PRÓXIMO A OUTROS EM FILA

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 16

FREQUENTEMENTE 03

OCASIONALMENTE 03

RARAMENTE 01

NUNCA 25

TOTAL 48

Tabela 07 - Item 07 do perfil sensorial de Dunn

ESFREGA OU “APAGA” O LUGAR ONDE FOI TOCADO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 07

FREQUENTEMENTE 03

OCASIONALMENTE 08

RARAMENTE 05

NUNCA 25

TOTAL 48

O segundo aspecto a ser avaliado pelo teste é relacionado à

Sensibilidade a Gosto e ao Olfato e compreendem as tabelas de 08 a 11.

Conforme as autoras Momo; Silvestre; Graciani (2011), crianças com

hipersensibilidade geralmente não gostam de determinados alimentos por

causa da textura e são muito seletivas para comer.

Já as crianças hipossensíveis costumam colocar objetos não

comestíveis na boca e/ou não costumam fazer restrições a nenhum sabor.

No item 08 (tabela 08), apenas três crianças participantes

demonstram maior sensibilidade ao gosto do alimento. Os alimentos

considerados parte da dieta infantil foram: bala, chocolate, iogurte, bolacha

recheada, salgadinhos, chicletes, entre os mais comuns.

Apesar de a minoria das crianças participantes no item 09 (tabela 09)

comerem apenas determinado sabor de alimentos, seja na modalidade

Sempre ou Frequentemente, os sabores que mais se destacaram foram:

apenas salgado em um relato, apenas doce em outro relato, em dois relatos

os pais informaram salgados e doces.

31

Uma mãe, porém, relatou que apesar de seu filho não se restringir a

nenhum sabor de alimento, também costuma colocar coisas não comestíveis

na boca e já houve situações em que presenciou o filho comendo fezes.

Tabela 08 - Item 08 do perfil sensorial de Dunn

EVITA CERTOS GOSTOS OU ALIMENTOS QUE SÃO PARTE DA DIETA INFANTIL

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 03

FREQUENTEMENTE 01

OCASIONALMENTE 01

RARAMENTE 03

NUNCA 40

TOTAL 48

Tabela 09 - Item 09 do perfil sensorial de Dunn

COME APENAS ALGUNS SABORES

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 08

FREQUENTEMENTE 02

OCASIONALMENTE 02

RARAMENTE 05

NUNCA 31

TOTAL 48

Tabela 10 - Item 10 do perfil sensorial de Dunn

LIMITA-SE A CERTAS TEXTURAS / TEMPERATURA

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 07

FREQUENTEMENTE 01

OCASIONALMENTE 03

RARAMENTE 08

NUNCA 29

TOTAL 48

Em relação ao item 10 da avaliação (tabela 10), a mãe que informou

que seu filho Frequentemente limita-se a determinada temperatura, informa

que sua preferência é alimento gelado, sendo líquido ou sólido. No marcador

32

Ocasionalmente dos três casos, duas mães relataram que ocasionalmente

seus filhos também se limitam a alimentos gelados e esses são alimentos

líquidos ou sólidos. No marcador Sempre dos sete casos, três mães

informam que sempre seus filhos limitam-se a alimentos frios ou gelados que

podem ser líquidos ou sólidos e outras três mães informam que seus filhos

sempre se limitam a alimentos quentes, sendo líquidos ou sólidos. Ainda no

marcador Sempre, três mães informam que seus filhos sempre se limitam a

alimentos quentes, duas crianças também se limitam a alimentos sólidos,

isto é, somente comem alimentos quentes e sólidos.

Tabela 11 - Item 11 do perfil sensorial de Dunn

ENJOADO PARA COMER, ESPECIALMENTE TEXTURA DE ALIMENTOS

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 06

FREQUENTEMENTE 03

OCASIONALMENTE 03

RARAMENTE 06

NUNCA 31

TOTAL 48

Nesse item 11 (tabela 11), as mães informaram que, caso seus filhos

comam alimentos que não gostam, podem até vomitar. Entre eles estão

duas crianças que as mães marcaram Sempre no teste. Destas crianças,

uma começa a sentir náusea ao comer feijão e verduras, a outra tem

náuseas com alimentos pastosos. Uma criança que Frequentemente fica

enjoado para comer, a mãe informa que seu filho alimenta-se pouco durante

o dia, às vezes passa até um dia sem alimentar-se e, quando é forçado a

comer, apresenta náuseas.

É interessante observar que dentre as crianças participantes da

pesquisa uma criança que Raramente fica enjoado para comer é alérgico a

conservantes e corantes, sendo essa a justificativa para tal comportamento,

principalmente quando come pudim.

O terceiro aspecto a ser avaliado no teste é referente à Sensibilidade

a Movimento e compreendem as tabelas de 12 a 14.

Os receptores do sistema vestibular, responsáveis pelo movimento

33

corporal estão no labirinto, localizados no ouvido interno, e estimulados por

movimentos da cabeça, pois informam a posição da cabeça em relação à

gravidade e ao espaço (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI, 2011).

De acordo com Momo; Silvestre; Graciani (2011), subir, descer,

escorregar, girar, rodar, balançar são movimentos que estimulam os

receptores vestibulares.

Tabela 12 - Item 12 do perfil sensorial de Dunn

FICA NERVOSO OU ABORRECIDO QUANDO OS PÉS SAEM DO CHÃO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 03

FREQUENTEMENTE 02

OCASIONALMENTE 04

RARAMENTE 00

NUNCA 39

TOTAL 48

No item 12 (tabela 12) mesmo a maioria das crianças participantes

Nunca ficando nervosas ou aborrecidas quando os pés não tocam o chão,

as mães que relataram que seus filhos Sempre se aborrecem ou ficam

nervosos, explicam que tal comportamento é observado ao levantar a

criança pelo próprio corpo e ainda mais quando é sugerido que subam em

locais não tão altos como numa cadeira por exemplo. Uma mãe relata que o

filho chora, ou se esconde e já houve situações em que ficou agressivo.

Tabela 13 - Item 13 do perfil sensorial de Dunn

MEDO DE CAIR OU ALTURA

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 10

FREQUENTEMENTE 04

OCASIONALMENTE 05

RARAMENTE 03

NUNCA 26

TOTAL 48

Nesse item 13 (tabela 13) continua aparecendo Nunca como o

34

marcador de maior incidência, mas é seguido por Sempre, ou seja, 10

crianças sempre apresentam medo de cair ou altura.

Entretanto, segundo o relato de quatro mães que assinalaram que

seus filhos Nunca apresentam medo de altura ou de cair, demonstram

preocupação, pois seus filhos sobem em locais muito altos e colocam suas

vidas em risco. Entre os locais citados estão: muro bem alto, telhado da casa

e caixa d’água. Dessas quatro mães, uma ainda reforça que o filho já até

queimou a mão após um choque em uma extensão e não percebeu ao

manuseá-la concomitantemente ao movimento corporal.

Tabela 14 - Item 14 do perfil sensorial de Dunn

NÃO GOSTA DE ATIVIDADES EM QUE FICA DE CABEÇA PARA BAIXO. POR EX.

CAMBALHOTA

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 09

FREQUENTEMENTE 00

OCASIONALMENTE 03

RARAMENTE 01

NUNCA 35

TOTAL 48

Para item 14 (tabela 14) segundo relato das mães, as crianças

participantes que não gostam de atividades em que ficam de cabeça para

baixo, principalmente referente ao marcador Sempre, informaram que esse é

um comportamento que elas não deixam os filhos realizar, pois sentem

medo que as crianças se machuquem. Mas Ocasionalmente, como nos 03

casos citados, as crianças participantes não evitam principalmente quando

se percebem sozinhas ou sem supervisão dos responsáveis.

Já o quarto aspecto a ser avaliado pelo teste é relacionado a Baixa

Responsividade e a Procura de Sensação e compreendem as tabelas de 15

a 21.

Segundo Momo; Silvestre; Graciani (2011), os receptores do sistema

proprioceptivo estão localizados nos músculos e nas articulações e informam

o SNC sobre a posição das partes do corpo e o movimento que estão

realizando.

35

Ainda Momo; Silvestre; Graciani (2011), jogar bola em um alvo, bater

palmas, bater os pés no chão, empurrar objetos são algumas atividades que

sensibilizam os receptores proprioceptivos.

Tabela 15 - Item 15 do perfil sensorial de Dunn

GOSTA DE BARULHOS ESTRANHOS / PROCURA FAZER BARULHO POR PRAZER

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 23

FREQUENTEMENTE 06

OCASIONALMENTE 07

RARAMENTE 02

NUNCA 10

TOTAL 48

Nesse item 15 (tabela 15), a incidência maior é referente ao marcador

Sempre com 23 casos.

Entre os barulhos estranhos realizados pelas crianças participantes

estão: bater palmas sem motivo, gritos imotivados ou gritos ao som alto,

ranger os dentes e arrastar objetos.

Tabela 16 - Item 16 do perfil sensorial de Dunn

PROCURA TODOS OS TIPOS DE MOVIMENTO E ISSO INTERFERE COM AS ROTINAS

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 18

FREQUENTEMENTE 05

OCASIONALMENTE 10

RARAMENTE 03

NUNCA 12

TOTAL 48

Nesse item 16 (tabela 16), novamente a incidência maior é referente

ao marcador Sempre com 18 casos.

Entre os movimentos citados pelos pais estão: movimentos com as

mãos, movimentos com o corpo e cabeça, correr, subir em vários locais,

gritos, palmas, bate em si mesmo, cuspir ao ser tocado e/ou contrariado.

Novamente nesse item 17 (tabela 17) o marcador Sempre aparece

36

com maior frequência, somando 25 casos.

Tabela 17 - Item 17 do perfil sensorial de Dunn

FICA MUITO AGITADO EM ATIVIDADES DE MOVIMENTO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 25

FREQUENTEMENTE 06

OCASIONALMENTE 04

RARAMENTE 02

NUNCA 11

TOTAL 48

Apenas uma mãe que assinalou o marcador Nunca informou que para

seu filho as atividades que envolvem movimento como: andar de bicicleta,

brincar no gira - gira, no balanço, com skate entre outras, quanto mais lento

melhor, o que contradiz a maioria nesses casos.

Tabela 18 - Item 18 do perfil sensorial de Dunn

TOCA PESSOAS E OBJETOS

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 24

FREQUENTEMENTE 06

OCASIONALMENTE 07

RARAMENTE 02

NUNCA 09

TOTAL 48

Outra vez o marcador Sempre nesse item 18 (tabela 18) aparece com

o maior número de incidência, somando 24 casos.

Essas crianças participantes sempre estão explorando os ambientes e

objetos, não permanecem quietas ou sentadas por períodos prolongados,

segundo os relatos dos pais ou responsáveis.

Nesse item 19 (tabela 19), o marcador Nunca aparece com maior

número de incidência, somando 19 casos. Uma mãe inclusive relata que seu

filho tem nojo da sujeira e sempre está se limpando.

Entretanto, em segundo lugar aparece o marcador Sempre, o que

37

demonstra um déficit nesse processamento sensorial e na percepção.

Para Momo; Silvestre; Graciani (2011), a percepção é um auxiliar na

compreensão do que se ouve, vê, toca, experimenta e cheira.

Tabela 19 - Item 19 do perfil sensorial de Dunn

NÃO PARECE NOTAR QUANDO O ROSTO E MÃOS ESTÃO SUJOS

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 16

FREQUENTEMENTE 03

OCASIONALMENTE 08

RARAMENTE 02

NUNCA 19

TOTAL 48

Tabela 20 - Item 20 do perfil sensorial de Dunn

PULA DE UMA ATIVIDADE PARA OUTRA DE MODO QUE INTERFERE COM O BRINCAR

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 31

FREQUENTEMENTE 04

OCASIONALMENTE 05

RARAMENTE 03

NUNCA 05

TOTAL 48

Um aspecto bem interessante e referente a esse item 20 (tabela 20) é

a alta incidência no marcador Sempre, com 31 casos relacionados à

dificuldade em manter-se com um brinquedo e/ou em uma atividade de

modo que interfere no brincar, pois segundo informações das autoras Momo;

Silvestre; Graciani (2011), as crianças com Transtorno de Processamento

Sensorial geralmente são ansiosas ou parecem estar em alerta o tempo todo

e não conseguem manter a atenção em uma única atividade.

As autoras Momo; Silvestre; Graciani (2011) completam que crianças

com hipossensibilidade ao toque não exploram o brinquedo e não criam

brincadeiras.

Já as crianças hipersensíveis sempre buscam estimulação no

ambiente, tocando vários objetos, procurando sensações diferentes o tempo

38

todo (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI, 2011).

As crianças hipersensíveis também não toleram muito tempo o

mesmo estímulo, pois se cansam e se desinteressam com facilidade, por

isso precisam estar manuseando algum objeto ou tocando pessoas (MOMO;

SILVESTRE; GRACIANI, 2011).

Tabela 21 - Item 21 do perfil sensorial de Dunn

DEIXA A ROUPA TORCIDA NO CORPO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 09

FREQUENTEMENTE 05

OCASIONALMENTE 03

RARAMENTE 11

NUNCA 20

TOTAL 48

Nesse item 21 (tabela 21), o marcador Nunca aparece com 20 casos,

seguido de Raramente, Sempre, Frequentemente e Ocasionalmente. Porém,

chama a atenção os casos de Sempre com 09 crianças e Frequentemente

com 05 crianças, que não percebem a roupa torcida no corpo.

Conforme Momo; Silvestre; Graciani (2011), crianças com

hipossensibilidade ao toque não sabem o que estão tocando, não

conseguem saber exatamente onde foram tocadas e não identificam um

objeto pelo tato sem olhar para ele.

Já as crianças hipersensíveis não toleram por muito tempo o mesmo

estímulo, por isso logo percebem o incomodo e reclamam (MOMO;

SILVESTRE; GRACIANI, 2011).

O quinto aspecto a ser avaliado pelo teste é relacionado ao Filtro

Auditivo e compreende as tabelas de 22 a 27.

A percepção auditiva compreende a capacidade da localização

espacial do som, de discriminação de diversos sons, de habituação sonora e

sequenciamento. (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI, 2011, p.22).

Ainda Momo; Silvestre; Graciani (2011), dizem que é a capacidade de

habituação sonora que permite desligar a atenção de sons e ruídos de fundo

e o sequenciamento é a habilidade de repetição do que se ouve, na ordem

39

correta.

Neste item 22 (tabela 22), o marcador Sempre aparece com 28 casos,

na sequência, o marcador Frequentemente com 12 casos e depois

empatados com 04 casos cada, os marcadores Ocasionalmente e Nunca.

Tabela 22 - Item 22 do perfil sensorial de Dunn

DISTRAI-SE OU TEM DIFICULDADE EM FUNCIONAR SE HÁ BARULHO DE FUNDO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 28

FREQUENTEMENTE 12

OCASIONALMENTE 04

RARAMENTE 00

NUNCA 04

TOTAL 48

Os pais relataram que sempre que os filhos precisam realizar

qualquer tarefa em casa, é necessário desligar a TV ou rádio, para evitar a

distração deles, porém, quando surge qualquer barulho na rua, na casa de

vizinhos, latidos de cachorro na rua ou qualquer outro barulho de fundo, isso

atrapalha seus filhos na realização das tarefas cotidianas.

Novamente neste item 23 (tabela 23) o marcador Sempre aparece

com maior incidência, somando 29 casos, seguido do marcador

Frequentemente com 12 casos, depois o marcador Ocasionalmente com 04

casos e o marcador Nunca com 03 casos.

Os pais relatam que na maioria das vezes quando os filhos estão

assistindo TV e os chamam, parecem não ouvir o que foi dito, sendo

necessário chamá-los várias vezes. Houve relatos de pais que também

informaram que os filhos são teimosos em vários comportamentos e

parecem não ouvir os limites colocados ou as orientações passadas por

eles.

O item 24 (tabela 24) apresenta-se da seguinte maneira: o marcador

Sempre soma 28 casos, seguido do marcador Frequentemente com 09

casos, depois do marcador Ocasionalmente com 06 casos. Na sequência,

aparece o marcador Nunca com 04 casos e, por último, o marcador

Raramente com apenas 01 caso.

40

Razões semelhantes ao item 22 do Perfil de Dunn foram relatadas

novamente pelos pais ou responsáveis.

Tabela 23 - Item 23 do perfil sensorial de Dunn

PARECE NÃO OUVIR O QUE FOI DITO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 29

FREQUENTEMENTE 12

OCASIONALMENTE 04

RARAMENTE 00

NUNCA 03

TOTAL 48

Tabela 24 - Item 24 do perfil sensorial de Dunn

ITEM 24 – NÃO CONSEGUE TRABALHAR COM BARULHO DE FUNDO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 28

FREQUENTEMENTE 09

OCASIONALMENTE 06

RARAMENTE 01

NUNCA 04

TOTAL 48

Tabela 25 - Item 25 do perfil sensorial de Dunn

TEM DIFICULDADE DE COMPLETAR TAREFAS COM O RÁDIO LIGADO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 26

FREQUENTEMENTE 10

OCASIONALMENTE 03

RARAMENTE 00

NUNCA 09

TOTAL 48

Nesse item 25 (tabela 25), o marcador Sempre soma 26 casos,

seguido dos marcadores Frequentemente com 10 casos e Nunca com 09

casos. Na sequência, aparece com 03 casos o marcador Ocasionalmente.

Já o marcador Raramente não foi mencionado por nenhum entrevistado.

41

Novamente repetem as razões apresentadas no item 22 do Perfil

Sensorial de Dunn.

Tabela 26 - Item 26 do perfil sensorial de Dunn

NÃO RESPONDE AO SER CHAMADO PELO NOME (AUDIÇÃO NORMAL)

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 15

FREQUENTEMENTE 06

OCASIONALMENTE 06

RARAMENTE 04

NUNCA 17

TOTAL 48

Segundo informação coletada com os pais ou responsáveis, nenhuma

criança participante apresenta problema auditivo (item 26, tabela 26). Para

esse item, o marcador Nunca aparece com maior incidência contando 17

casos, depois aparece o marcador Sempre somando 15 casos, seguido dos

marcadores Frequentemente e Ocasionalmente com 06 casos empatados e

por último o marcador Raramente com 04 casos.

Os pais ou responsáveis justificam novamente que enquanto os filhos

assistem TV costumam não responder quando chamados pelo nome.

Uma mãe, entretanto, que assinalou o marcador Nunca, disse que a

família apelidou o filho, mas como ele não gosta do apelido somente

responde quando o chamam pelo nome. No momento da entrevista, ela não

fala o apelido por reprovação do filho.

Tabela 27 - Item 27 do perfil sensorial de Dunn

TEM DIFICULDADE EM PRESTAR ATENÇÃO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 26

FREQUENTEMENTE 10

OCASIONALMENTE 06

RARAMENTE 01

NUNCA 05

TOTAL 48

42

Neste item 27 (tabela 27), o marcador que mais aparece é o Sempre

com 26 casos, seguidos do marcador Frequentemente com 10 casos.

Depois surgem os marcadores Ocasionalmente com 06 casos, marcador

Nunca com 05 casos e por último, com apenas um caso o marcador

Raramente.

Houve relatos de pais ou responsáveis que, além de observarem a

dificuldade da criança em prestar a atenção nas tarefas cotidianas em casa,

já foram informados que o mesmo comportamento ocorre no ambiente

escolar e que algumas professoras já enviaram relatório do comportamento

e da dificuldade de aprendizagem dos seus filhos para a equipe que os

atende no ASM.

O sexto aspecto a ser avaliado pelo teste é relacionado à Baixa

Energia / Fraco e compreende as tabelas de 28 a 33.

Para Momo; Silvestre; Graciani (2011) crianças com problemas de

coordenação e baixo planejamento motor desequilibram constantemente,

apresentam dificuldades com exercícios físicos e atividades com objetos.

As crianças com problemas de coordenação e baixo planejamento

motor não conseguem realizar atividades cotidianas sem auxílio, são

desajeitadas e tropeçam facilmente. (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI,

2011).

Tabela 28 - Item 28 do perfil sensorial de Dunn

PARECE TER MÚSCULOS FRACOS

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 05

FREQUENTEMENTE 03

OCASIONALMENTE 00

RARAMENTE 03

NUNCA 37

TOTAL 48

No item 28 (tabela 28), o marcador que somou mais casos foi o

Nunca com 37 casos, depois aparece o marcador Sempre com 05 casos e

empatados os marcadores Raramente e Frequentemente com 03 casos

cada. O marcador Ocasionalmente não foi mencionado.

43

Os pais ou responsáveis que assinalaram o marcador Nunca

informam que as crianças sempre estão realizando várias atividades durante

o dia e que às vezes eles se cansam de tanto chamar a atenção dos filhos,

para não se machucarem ou não quebrarem objetos de casa ou os próprios

brinquedos.

Um responsável que assinalou o marcador Raramente informa que a

CP, quando tinha 6 anos, ficou dias sem alimentar-se, porém, a avó que

morava com a família sofreu AVC e logo o quadro clínico da avó agravou-se

e a criança, além de não se alimentar, não realiza atividades que antes

costumava desenvolver e ficou muito fraca.

Tabela 29 - Item 29 do perfil sensorial de Dunn

CANSA-SE FACILMENTE, ESPECIALMENTE QUANDO MANTÉM POSIÇÃO CORPORAL

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 08

FREQUENTEMENTE 03

OCASIONALMENTE 03

RARAMENTE 03

NUNCA 31

TOTAL 48

Novamente neste item 29 (tabela 29) o marcador Nunca aparece com

31 casos, seguido do marcador Sempre com 08 casos, depois empatados

com 03 casos cada, os marcadores Frequentemente, Ocasionalmente e

Raramente.

Nenhuma observação foi realizada pelos entrevistados na pesquisa.

O marcador que aparece com maior número de casos nesse item 30 (tabela

30) é o Nunca com 31 casos, depois aparece o marcador Raramente com 05

casos e empatados os marcadores restantes com 04 casos cada.

Foram considerados objetos pesados: balde com água, cadeira ou

bacias, sendo os exemplos citados pelos entrevistados.

Neste item 31 (tabela 31), o marcador Nunca aparece novamente com

maior incidência somando 38 casos; em seguida, observam-se os

marcadores Ocasionalmente e Raramente com 03 casos cada e, por último,

os marcadores Sempre e Frequentemente com 02 casos cada.

44

Tabela 30 - Item 30 do perfil sensorial de Dunn

NÃO CONSEGUE LEVANTAR OBJETOS PESADOS (EM COMPARAÇÃO A OUTRAS

CRIANÇAS DA MESMA IDADE)

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 04

FREQUENTEMENTE 04

OCASIONALMENTE 04

RARAMENTE 05

NUNCA 31

TOTAL 48

Tabela 31 - Item 31 do perfil sensorial de Dunn

PREENSÃO FRACA

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 02

FREQUENTEMENTE 02

OCASIONALMENTE 03

RARAMENTE 03

NUNCA 38

TOTAL 48

Uma mãe que assinalou o marcador Frequentemente relatou que sua

criança costuma derrubar as coisas que pega, como por exemplo, copos e

pratos e, por consequência, quebra vários objetos em casa.

Tabela 32 - Item 32 do perfil sensorial de Dunn

APÓIA-SE EM TUDO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 16

FREQUENTEMENTE 06

OCASIONALMENTE 08

RARAMENTE 00

NUNCA 18

TOTAL 48

No item 32 (tabela 32), o marcador Nunca surge com 18 casos e o

marcador Sempre soma 16 casos, depois aparecem os marcadores

45

Ocasionalmente com 08 casos e Frequentemente com 06 casos. O

marcador Raramente não foi mencionado.

Uma entrevistada que assinalou que sua criança Ocasionalmente

apoia-se em tudo informou que o filho tem o hábito que comer deitado. Essa

mãe, no momento da entrevista, estava muito ansiosa e relatando não saber

mais o que fazer com o filho devido aos problemas em seu comportamento.

Ela chora e aguarda agendamento para consulta em breve com a assistente

social do ASM. Informa que na escola ninguém suporta mais o

comportamento impulsivo e intolerante da criança.

Tabela 33 - Item 33 do perfil sensorial de Dunn

BAIXA RESISTÊNCIA / CANSA-SE FACILMENTE

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 09

FREQUENTEMENTE 04

OCASIONALMENTE 04

RARAMENTE 04

NUNCA 27

TOTAL 48

No item 33, o marcador Nunca aparece com 27 casos, seguido do

marcador Sempre com 09 casos, depois empatados os marcadores

Frequentemente, Ocasionalmente e Raramente com 04 casos cada.

Apenas uma mãe que assinalou o marcador Sempre justificou que

sua criança sofre de asma, sendo esse o motivo dela cansar-se facilmente.

O sétimo aspecto a ser avaliado pelo teste é relacionado à

Sensibilidade Visual / Auditiva e compreende as tabelas de 34 a 38.

Para Carvalho; Torello (2011) a percepção é a interpretação de

sensações em formas dotadas de significado que ocorrem no cérebro. A

percepção é um processo ativo de interação entre o encéfalo e o ambiente.

Perceber envolve, além de interpretar sensações, um agir sobre o

ambiente, mover os olhos, mover a cabeça ao ouvir um som ou tocar

objetos. (CARVALHO; TORELLO, 2011).

Para se ter a percepção, é necessário antes sentir os estímulos que

chegam através dos canais sensoriais (CARVALHO; TORELLO, 2011).

46

Nesse aspecto da avaliação serão considerados os canais auditivos e

visuais.

A percepção auditiva, como já foi dito no quinto aspecto dessa

avaliação, envolve a localização, a discriminação, sons de fundo e

sequenciamento.

Segundo Momo; Silvestre; Graciani (2011) a percepção visual

compreende a forma, a posição no espaço e a figura fundo.

A forma é o conhecimento de tamanho, de textura e da posição de

objetos (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI, 2011).

A posição no espaço envolve a orientação espacial e a percepção da

posição de um objeto em relação a outro (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI,

2011).

Já a figura fundo, é a diferença entre dois planos e o sequenciamento

que segue uma ordem lógica. (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI, 2011).

Tabela 34 - Item 34 do perfil sensorial de Dunn

RESPONDE DE FORMA NEGATIVA A SONS INESPERADOS OU ALTOS (SECADOR,

ASPIRADOR, LATIDO)

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 12

FREQUENTEMENTE 08

OCASIONALMENTE 05

RARAMENTE 01

NUNCA 22

TOTAL 48

No item 34 (tabela 34), o marcador Nunca soma 22 casos; em

seguida, surge o marcador Sempre com 12 casos, depois o marcador

Frequentemente com 08 casos, o marcador Ocasionalmente com 05 casos e

o marcador Raramente aparece com apenas 01 caso.

As mães que responderam Sempre na entrevista informam que seus

filhos costumam apresentar comportamento agressivo, tanto autoagressivo

como heteroagressivo, agitação psicomotora, balanceios de tronco,

movimentos de mãos, movimentos de pescoço e gritos como forma negativa

a sons inesperados ou altos.

47

Apenas uma mãe que assinalou o marcador Sempre mencionou que

mesmo dormindo o filho percebe sons da casa e já aconteceu de acordar

chorando, mesmo que os sons não sejam tão altos. Quando, porém, ocorre

de surgir sons inesperados ou altos, além de chorar, o filho fica mais

agitado.

Tabela 35 - Item 35 do perfil sensorial de Dunn

COBRE OS OUVIDOS COM AS MÃOS PARA PROTEGER DO BARULHO

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 08

FREQUENTEMENTE 05

OCASIONALMENTE 08

RARAMENTE 06

NUNCA 21

TOTAL 48

Já no item 35 (tabela 35), o marcador Nunca soma 21 casos, depois

empatados na incidência de 08 casos cada aparecem os marcadores

Sempre e Ocasionalmente, na sequência surge o marcador Raramente com

06 casos e, por último, o marcador Frequentemente que somou 05 casos.

Nenhuma observação foi realizada pelos entrevistados.

Tabela 36 - Item 36 do perfil sensorial de Dunn

INCOMODA-SE COM LUZES DEPOIS QUE OUTROS SE ADAPTARAM

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 04

FREQUENTEMENTE 02

OCASIONALMENTE 09

RARAMENTE 01

NUNCA 32

TOTAL 48

No item 36 (tabela 36), novamente o marcador Nunca aparece com

maior incidência, somando 32 casos, seguidos de Ocasionalmente com 09

casos, depois de Sempre com 04 casos, Frequentemente com 02 casos e

Raramente com 01 caso.

48

Apenas uma mãe que assinalou o marcador Sempre, justificou que

seu filho tem fotofobia e usa colírio devido à alergia.

Tabela 37 – Item 37 do perfil sensorial de Dunn

OBSERVA TODOS ENQUANTO SE MOVE PELA SALA

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 26

FREQUENTEMENTE 05

OCASIONALMENTE 06

RARAMENTE 05

NUNCA 06

TOTAL 48

No item 37 (tabela 37), o marcador Sempre teve maior incidência com

26 casos, depois surgem empatados os marcadores Nunca e

Ocasionalmente com 06 casos cada e, por último, empatados os

marcadores Frequentemente e Raramente com 05 casos cada. Nenhuma

observação foi feita pelos entrevistados.

Tabela 38 - Item 38 do perfil sensorial de Dunn

COBRE OU APERTA OS OLHOS PARA PROTEGER DA LUZ

MARCADORES FREQUÊNCIA

SEMPRE 06

FREQUENTEMENTE 04

OCASIONALMENTE 06

RARAMENTE 04

NUNCA 28

TOTAL 48

No último item do Perfil Sensorial Abreviado (item 38, tabela 38), o

marcador Nunca somou 28 casos, seguido dos marcadores Sempre e

Ocasionalmente com 06 casos cada. Depois aparecem novamente

empatados os marcadores Raramente e Frequentemente com 04 casos

cada.

Apenas uma mãe que assinalou o marcador Sempre justificou que o

seu filho usa óculos devido à miopia.

49

As tabelas 39 e 40 dessa análise são referentes aos resultados finais

da pesquisa com os perfis das crianças avaliadas e a somatória dos sete

escores.

Tabela 39 – Perfil sensorial das crianças avaliadas no HC III da Famema

PERFIL SENSORIAL DAS CRIANÇAS AVALIADAS NO HC III DA FAMEMA

SESSÕES

AVALIADAS

DT DP DC TAR

SENSIBILIDADE TÁTIL 13 11 24 48

SENSIBILIDADE A

GOSTO/OLFATO

37

08

03

48

SENSIBILIDADE A

MOVIMENTO

26

11

11

48

BAIXA RESPONSIVIDADE/

PROCURA SENSAÇÃO

07

05

36

48

FILTRO AUDITIVO 04 03 41 48

BAIXA ENERGIA/ FRACO

24

07

17

48

SENSIBILIDADE VISUAL/

AUDITIVA

20

08

20

48

A partir desta tabela é possível traçar o perfil sensorial das crianças

pesquisadas no HC III da FAMEMA e seu desempenho nas atividades do dia

a dia distribuída entre as três modalidades de resultados propostas pelo

Perfil Sensorial Abreviado de Dunn, que são: Desempenho Típico (DT),

Diferença Provável (DP) e Diferença Clara (DC), pois das 48 entrevistas

realizadas, que representam o Total de Avaliações Realizadas (TAR) em

relação à primeira sessão do teste que representa Sensibilidade Tátil,

observa-se Desempenho Típico em 13 CPs, Diferença Provável de

Desempenho em 11 CPs e Diferença Clara em 24 CPs.

Em relação à segunda sessão do teste que representa Sensibilidade

a Gosto/Olfato, observa-se Desempenho Típico em 37 CPs, Diferença

Provável de Desempenho em 08 CPs e Diferença Clara em 03 CPs.

Quanto à terceira sessão do teste que representa Sensibilidade a

Movimento, observa-se Desempenho Típico em 26 CPs, Diferença Provável

de Desempenho em 11 CPs e Diferença Clara em 11 CPs.

50

Na quarta sessão do teste que representa Baixa Responsividade/

Procura Sensação, observa-se Desempenho Típico em 07 CPs, Diferença

Provável de Desempenho em 05 CPs e Diferença Clara em 36 CPs.

A quinta sessão do teste representa Filtro Auditivo e observa-se

Desempenho Típico em 04 CPs, Diferença Provável de Desempenho em 03

CPs e Diferença Clara em 41 CPs.

Em relação à sexta sessão do teste que representa Baixa Energia/

Fraco é observado Desempenho Típico em 24 CPs, Diferença Provável de

Desempenho em 07 CPs e Diferença Clara em 17 CPs.

E na última sessão do teste que representa Sensibilidade

Visual/Auditiva, observa-se Desempenho Típico em 20 CPs, Diferença

Provável de Desempenho em 08 CPs e Diferença Clara em 20 CPs.

Assim os itens que aparecem com maior incidência quanto a

Diferença Clara de desempenho para as atividades do dia a dia das crianças

entre cinco e onze anos avaliadas nas unidades que compõem a pesquisa

no HCIII da FAMEMA são: Sensibilidade Tátil (24 casos), Baixa

Responsividade/Procura Sensação (36 casos) e Filtro Auditivo (41 casos).

O item Sensibilidade Visual/Auditiva apesar de representar 20 casos,

é um dado que também chama a atenção, pois além de estar empatado com

o mesmo número de casos de Desempenho Típico, sua somatória com os

outros itens de desempenho pode colaborar para dificuldades, sendo

representadas no resultado final de cada caso avaliado, tanto para Diferença

Provável quanto para Diferença Clara.

Por isso os itens que aparecem com menor incidência no quadrante

Diferença Clara como: Baixa Energia/Fraco, Sensibilidade a Movimento e

Sensibilidade a Gosto/Olfato, podem apresentar relevância importante na

análise individual dos casos, já que na avaliação do Perfil Sensorial

Abreviado proposta, existe uma somatória por item avaliado que indica quais

as sessões estão colaborando com maior impacto sobre o desempenho

funcional da CP.

Não pode ser esquecido que existe ainda uma somatória final de

desempenho, que demonstra se esse desempenho funcional está

prejudicado nas atividades cotidianas da CP.

Esse dado final é apresentado na tabela 40 a seguir, com os

51

resultados finais dos testes aplicados nos casos da pesquisa.

Tabela 40 – Resultado final: escores da pesquisa com pais

RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DO PERFIL SENSORIAL DE DUNN

DESEMPENHO TÍPICO (190 - 155 PONTOS) 04

DIFERENÇA PROVÁVEL (154 - 142 PONTOS) 09

DIFERENÇA CLARA (141 - 38 PONTOS) 35

TOTAL 48

A somatória dos escores assinala três níveis de desempenho, que

são: desempenho típico, diferença provável e diferença clara de

desempenho.

Cada nível de desempenho compreende níveis com pontos máximo e

mínimo, que são utilizados como parâmetros para definir o desempenho da

criança em relação aos itens questionados.

Quanto menor a pontuação na avaliação, maior é a incidência de

transtorno de modulação, ou seja, maior é a possibilidade de apresentar um

transtorno de integração sensorial.

Conforme os resultados obtidos com a avaliação do Perfil Sensorial

Abreviado de Dunn, apenas 04 crianças pesquisadas apresentaram

desempenho típico, com pontuação geral entre 190 e 155 pontos.

As crianças pesquisadas que pontuaram entre 154 e 142 pontos

apresentaram diferença provável no desempenho e somaram 09 casos.

Entretanto a maioria dos casos apresentou diferença clara no

desempenho, somando 35 casos com pontuação entre 141 e 38 pontos.

De acordo com as informações de Goodrich (2010), as crianças com

diferença clara de desempenho devem receber intervenção de integração

sensorial, mais informações devem ser coletadas e quanto antes iniciar na

terapia, melhores os resultados alcançados no tratamento.

Já as crianças que apresentam diferença provável, após entrevista

com pais para avaliação do Perfil Sensorial merecem atenção, mais

investigação deve ser realizada e a intervenção de IS realizada

(GOODRICH, 2010).

A clientela assistida, tanto na unidade psiquiátrica como no

52

ambulatório de saúde mental, é composta por diversas patologias e o motivo

que levou a criança para tratamento no HC III da Famema, conforme

informado pelos pais, é diverso.

Entre as queixas relatadas pelos pais observadas em seus filhos

estão: dificuldade de aprendizagem, hiperatividade, dificuldade na atenção,

problemas no comportamento que incluem agressividade, agitação,

intolerância e dificuldade no relacionamento interpessoal, além da

dificuldade para alimentar-se, estão entre as queixas mais citadas.

Conforme a avaliação da equipe que atende essas crianças, os

diagnósticos, de acordo com publicação de Caetano;Domingues; Marcolin

(2008), que mais aparecem nas CPs são apresentados abaixo na tabela 41.

É necessário dizer que em dezesseis casos avaliados foram

informados dois códigos do CID pelo médico e/ou outro profissional da

equipe.

Esse dado foi obtido através de pesquisa no setor de faturamento do

HCIII da FAMEMA durante o período da coleta de dados.

É interessante ressaltar que o diagnóstico indicado foi concluído pelo

médico psiquiatra que atende o caso e auxiliado pela equipe que participa do

atendimento infantil, seja na enfermaria psiquiátrica ou no ambulatório de

saúde mental.

Tabela 41- Diagnóstico segundo CID das crianças assistidas no HCIII da

Famema

Código Internacional de Doenças das crianças pesquisadas no HC III da FAMEMA

CÓDIGO DIAGNÓSTICO NÚMERO DE CASOS

F02.8 Demência em outras doenças específicas

classificadas em outros locais

01

F06.8 Outros transtornos mentais orgânicos especificados

decorrentes de lesão e disfunção cerebrais e de

doença física

03

F06.9 Transtorno mental decorrente de lesão e disfunção

cerebrais e de doença física, não especificado

01

F20.0 Esquizofrenia paranóide 02

F20.2 Esquizofrenia catatônica 02

F20.9 Esquizofrenia, não especificada 06

53

F32 Episódio depressivo 01

F32.9 Episódio depressivo, não especificado 01

F33.9 Transtorno depressivo recorrente, não especificado 01

F41.1 Transtorno de ansiedade generalizada 01

F42.2 Transtorno obsessivo-compulsivo com pensamentos

e atos obsessivos mistos

02

F43.2 Transtorno de ajustamento 01

F50.5 Vômitos associados a outras perturbações

psicológicas

01

F50.9 Transtorno alimentar, não especificado 01

F70 Retardo mental leve 01

F70.1 Retardo mental leve com comprometimento

significativo de comportamento requerendo atenção

ou tratamento

01

F70.9 Retardo mental leve sem menção a comprometimento

de comportamento

04

F71 Retardo mental moderado 01

F71.9 Retardo mental moderado sem menção a

comprometimento de comportamento

01

F89 Transtorno não especificado do desenvolvimento

psicológico

01

F90.0 Perturbação da atividade e atenção 01

F90.9 Transtorno hipercinético, não especificado 04

F91.1 Transtorno de conduta não socializado 01

F91.3 Transtorno desafiador de oposição 02

F91.9 Transtorno de conduta, não especificado 07

F92.0 Transtorno depressivo de conduta 02

F92.9 Transtorno misto de conduta e emoções, não

especificado

02

F93.0 Transtorno de ansiedade de separação na infância 01

F93.8 Outros transtornos emocionais na infância 10

F93.9 Transtorno emocional na infância, não especificado 01

F95.1 Transtorno crônico de tique motor ou vocal 01

F95.2 Transtorno de tiques vocais e motores múltiplos

combinados (Sindrome de Guilles de la Tourette)

01

F98.9 Transtornos emocionais e de comportamento com

início usualmente ocorrendo na infância e

adolescência, não especificados

01

54

Durante a pesquisa, foi observado que a maioria dos casos está em

atendimento somente com o médico e há desconhecimento por esse

profissional (composto em sua maioria por residentes do terceiro ano da

psiquiatria no ASM e por residentes do primeiro ano na enfermaria

psiquiátrica) sobre a importância da intervenção da Terapia Ocupacional

infantil, pois dos 48 casos entrevistados somente 08 já foram atendidos

pelas terapeutas ocupacionais do serviço; destes, 04 casos foram atendidos

pela terapeuta ocupacional enquanto permaneceram internados.

A equipe também não sabe a respeito dos transtornos de modulação

sensorial e sobre a intervenção da Terapia Ocupacional utilizando a

abordagem de integração sensorial, porém, demonstra interesse em

conhecer o tema.

É importante ressaltar que se faz necessário um acompanhamento de

cada caso participante dessa pesquisa, pois a pesquisadora teve contato

com os pais apenas no momento da entrevista e não conhece detalhes da

história de vida da maioria dos casos, porque não era objetivo dessa

pesquisa obter informações dos prontuários das crianças referentes a

anamnese, avaliações de outros profissionais, condutas da equipe e realizar

intervenções.

55

5 DISCUSSÃO

Para Abernethy (2010), nos últimos 30 anos, terapeutas ocupacionais

têm pesquisado vários aspectos da integração sensorial em pacientes da

psiquiatria.

Conforme Abernethy (2010), estudos indicam a presença de

defensividade sensorial em adultos com problemas de saúde mental,

ligando-os especificamente ao aumento da ansiedade.

Na maioria dos casos, defensividade sensorial em adultos tem estado

presente desde a infância, mas como não foi reconhecida e tratada leva a

outros problemas quando o indivíduo envelhece, diz Abernethy (2010) .

Segundo Abernethy (2010), a defensividade sensorial é

frequentemente identificada em pessoas com problemas de saúde mental, e

as causas pensadas envolvem a predisposição genética e o trauma físico

para o corpo.

Abernethy (2010) completa dizendo que o trauma físico pode incluir

um nascimento estressante, abuso físico, lesões acidentais, privação

sensorial, alergias e doenças.

Abernethy (2010), em sua publicação, lembra estudos de casos onde

os indivíduos tinham recebido um diagnóstico psiquiátrico quando o

problema subjacente era realmente defensividade sensorial.

Os diagnósticos que os indivíduos receberam eram variados e

incluíram transtorno de ansiedade, transtorno de personalidade borderline,

transtorno dissociativo e até abuso de álcool. (ABERNETHY,2010).

Completa Abernethy (2010) que a identificação de defensividade

sensorial é importante para proporcionar um tratamento eficaz e adequado,

pois um problema de saúde mental pode ser dificultado.

A partir das evidências que surgiram nos resultados dessa pesquisa,

é interessante considerar que os transtornos de modulação podem surgir

nos extremos de um continuum, podendo a criança em tratamento

psiquiátrico apresentar hiper-respostas ou hiporrespostas aos estímulos

sensoriais.

56

No transtorno de modulação sensorial, a criança com hiper-resposta

sente-se oprimida ou estressada por qualquer input sensorial e reagirá

defensivamente (PARHAM; MAILLOUX, 1996).

São características da hiper-resposta a defensividade tátil, caracterizada quando há reação de maneira exagerada a qualquer sensação tátil, através de irritação e desconforto. Ela poderá reagir às texturas de alimentos ou roupas, grama, areia, tinta, cola e até mesmo ao toque suave de outras pessoas diretamente na pele da criança. (PARHAM; MAILLOUX, 1996, p. 325)

A reação da criança geralmente envolve ansiedade, distratibilidade,

raiva, agressão, medo e angústia. (PARHAM; MAILLOUX, 1996).

Faz parte da hiporresposta a insegurança gravitacional, caracterizada pela hiporresponsividade a sensações vestibulares, o que acarreta em medo excessivo de atividades que envolvam mudança no posicionamento da cabeça em relação à gravidade e movimentação no espaço. Crianças evitarão escadas, elevadores, brinquedos de parquinhos de movimento e/ou altura e superfícies irregulares e instáveis, apresentando medo e ansiedade. (PARHAM; MAILLOUX, 1996, p. 325)

Além da defensividade tátil e da insegurança gravitacional, no

transtorno de modulação, a criança poderá apresentar intolerância ao

movimento e à defensividade sensorial global, segundo Magalhães (2007).

No transtorno de modulação sensorial, a criança com hipor-resposta poderá apresentar-se letárgica, não sentir dor de maneira adequada, ignorar sangramentos ou batidas e em sala de aula permanecerá sentada de postura inadequada na carteira. (AUER, 2011, p.1)

Kid Foundation (2012) cita a procura sensorial no transtorno de

modulação sensorial, onde a criança pode estar sempre buscando

estimulação sensorial mais intensa e prolongada, além de se movimentar

constantemente.

Quando há transtorno de discriminação sensorial no sistema tátil, haverá pobre discriminação tátil, não sendo possível identificar no tempo e no espaço os estímulos táteis. A estereognosia (reconhecimento da forma de um objeto somente através do tato) poderá ficar alterada e assim dificultará exploração tátil de objetos e do ambiente, bem como o desenvolvimento de habilidades motoras finas (abotoar, desenhar, alimentar-se, por exemplo) ficarão prejudicadas. (OLIVEIRA; SIMÃO, 2003, p. 245).

57

Conforme Parham; Mailloux (1996), muitas crianças com transtorno

de IS acabam evitando ou rejeitando desafios sensoriais ou motores

simples, respondendo com recusa ou acessos de raiva quando

pressionadas.

Contudo as reações sensoriais atípicas sugerem integração sensorial

pobre no sistema nervoso central e poderiam explicar deficiências na

atenção e/ou na excitação, assim como os comportamentos com os

movimentos motores estereotipados, sem rumo para a execução, a

agressividade e os comportamentos autoagressivos, pois têm sido

correlacionados com as anormalidades no processamento sensorial. Esses

comportamentos foram relatados pelos participantes da pesquisa.

Assim a partir de brincadeiras estruturadas e de atividades sensoriais,

a criança aprende de forma espontânea, à medida que planeja e executa

seus comportamentos motores, em resposta aos estímulos evocados.

Segundo Goodrich (2010), dependendo da dificuldade da criança,

pode ser oferecida uma dieta sensorial que responda às suas necessidades

sensoriais, mas deve ser utilizada de maneira individualizada.

A dieta sensorial, de acordo com Goodrich (2010), refere-se às

modificações ambientais que são introduzidas na vida diária da criança com

o objetivo de melhorar o nível funcional e qualidade de vida dela e da família.

Essas modificações podem ser simples, tais como: usar roupas

especiais, ser tocada de forma diferente, manusear um objeto enquanto

estudar, mudar a iluminação ou mastigar um chiclete, diz Goodrich (2010).

Existem modificações ambientais que aumentam o nível de alerta como, por exemplo: ruídos súbitos ou vozes, luzes fortes ou fluorescentes, movimentos imprevisíveis e angulares, toque leve, cócegas ou toque inesperado e modificações ambientais que são calmantes para o paciente como: vozes suaves, músicas rítmicas, luz natural ou suave, movimento rítmico, linear, embalar, toque com pressão ou abraço. (GOODRICH, 2010, p.44).

Para Carvalho; Torello (2011), os materiais utilizados na terapia de

integração sensorial podem ser: rede, bola suíça, tubão, skate, rampa,

plataforma móvel, trapézio, rolo suspenso, cama elástica, texturas, espumas,

emborrachados e outros.

A rede é feita de nylon com uma trama larga, de modo que a criança

58

mesmo balançando visualiza o ambiente externo. A rede é do tipo “rede de

descanso do pescador”, e é pendurada com as duas pontas num gancho

preso ao teto ou em uma estrutura de madeira. Neste material é possível dar

a estimulação vestibular em várias posições (deitado em prono, supino, de

lado ou sentado). A estimulação pode ser oferecida pelo terapeuta

ocupacional ou a criança mesmo pode controlar quando deitada em prono

com as mãos no chão. A rede deve ficar suspensa do chão a 30 cm de

altura. Pode usar um cobertor colocado sob a criança para ficar mais

confortável, além da estimulação tátil provocada. A estimulação vestibular

provocada pela rede é intensa, de maneira que ela deve ser usada somente

após o terapeuta estar treinado para seu uso; é contraindicado para crianças

que apresentam quadro de crises convulsivas.

A rede favorece o estímulo vestibular em vários planos, com

movimento angular ou linear e favorece enriquecimento de estímulos táteis e

proprioceptivos.

As posições no espaço promovidas pelo equipamento são pronação,

supino, sentado e em pé.

A bola de Bobath ou bola suiça geralmente tem 1.20 m de diâmetro é

constituída internamente por um plástico resistente e externamente por vinil.

A bola pode ajudar na estimulação vestibular, tátil e proprioceptiva que

facilitam reações não experimentadas antes; na facilitação das reações de

endireitamento e equilíbrio em prono e supinação; a aprendizagem ocorre

através da participação ativa da criança e não exige resposta cognitiva.

Quando a criança está sobre a bola, é exigido o controle de tronco e

membros inferiores e uma boa reação de proteção dos membros inferiores.

A criança pode segurar na mão do terapeuta, puxando ou empurrando. Nem

sempre a criança apresenta reações posturais normais, não sendo a bola o

melhor material para suscitar essas reações.

Na I.S. o tamanho da bola é variável, dependendo da brincadeira que

se faz (GOODRICH, 2010).

Nesse equipamento os estímulos promovidos são: vestibular nos

planos horizontais e verticais, somatossensorial, reações de endireitamento

e equilíbrio. As posições no espaço são pronação, supino, sentada e em

pé.

59

O tubão é feito de um recipiente (latão) usado para guardar óleo, com

diâmetro de 60 cm e 90 cm de altura. Deve ser recoberto primeiro com uma

espuma grossa e revestido com napa de tapeceiro por dentro e por fora, de

preferência de cor escura por fora e clara internamente. Normalmente o

tubão é usado deitado, de forma que possa rolar. A criança pode explorá-lo

de várias maneiras na posição deitada em prono, supino, sentada, dentro ou

fora, sendo que o terapeuta assiste esses movimentos quando a criança

solicitar, podendo até mesmo sentar-se junto com ela, ajudando-a na

atividade. Esse tipo de equipamento pode produzir estímulos táteis,

vestibulares e proprioceptivos, aceitação dos movimentos não tolerados, e

ativação das reações de equilíbrio. Este tipo de estimulação deve ser

controlado pela criança que diz a hora de parar. Outro cuidado é em relação

à segurança da criança, para que não se machuque, principalmente quando

rolar o barril, não segurar na borda deste, evitando que o rolo passe sobre

os dedos.

O skate ou carrinho é feito de madeira grossa, de tamanho variado,

com a medida em torno de 50 cm por 35 cm. Também é revestido de

carpete, com quatro rodas que giram em todas as direções, como as usadas

em carrinho de rolimã. No skate a criança explora as posições deitadas,

sentadas ou ajoelhadas. O carrinho poderá dar estimulo vestibular (usado na

rampa), proprioceptivo, cinestésico e tátil. Pode ajudar a estimular a

percepção de espaço, planejamento motor e inibição de reflexos primitivos.

No skate os estímulos promovidos são: vestibular nos planos

horizontais e rotatórios, somatossensorial, visual, orientação espacial,

movimento de impulsão e graduação de força.

As posições no espaço são pronação, supino, sentado com ou sem

apoio dos pés.

A rampa é feita de madeira grossa com inclinação e uma base

superior. Contornando a rampa deve haver uma borda elevada de madeira,

evitando que o skate caia. Ela é usada principalmente com o carrinho para

dar estimulação vestibular e inibição dos reflexos primitivos. Outros aspectos

podem ser explorados na rampa como o planejamento motor, percepção

espacial e visual e a propriocepção. Crianças com forte reflexo que não

60

conseguem descer a rampa ou têm medo, devem fazer outra atividade até

estarem prontas para rampa.

A criança deitada sobre o carrinho pode subir puxando-se por uma

corda presa na parte plana superior. Ao atingir a superfície empurra com as

pernas, assume um padrão de extensão e desce a rampa, sendo a parada

espontânea ou encontrando obstáculos como caixa de sapatos vazia

empilhada, derrubando com o próprio corpo ao descer em velocidade.

Os estímulos promovidos são: vestibular no plano horizontal, visual,

somatosensorial, planejamento motor, cocontração e orientação espacial. A

rampa é utilizada principalmente em conjunto com o skate na posição supina

ou sentada.

A plataforma móvel tem a base feita de madeira compensada forrada

de carpete e possui 60 cm de comprimento por 60 cm de largura e 2 cm de

espessura. Prendem-se 4 cordas, uma em cada ângulo da plataforma; as 2

cordas do lado direito prendem-se nas duas extremidades de um bastão de

madeira que também está do lado direito, as duas cordas esquerdas. No

meio destes dois bastões estão afixados dois pequenos bastões de madeira

que ficam perpendicular aos dois primeiros bastões. Finalmente outro bastão

maior que os anteriores fixam-se no meio do último bastão, prendendo a

gangorra na parede. A gangorra deve ficar a 30 cm do chão. A criança pode

usar das seguintes formas: 1) deitar em prono ou supino na plataforma,

podendo rodar, balançar, rodar e balançar ao mesmo tempo ou empurrar da

parede em diferentes ritmos usando as mãos ou os pés; 2) pode sentar,

ajoelhar-se ou ficar em pé na plataforma; 3) duas crianças podem usar ao

mesmo tempo a plataforma, desde que esteja firme o suficiente para

aguentar o peso; 4) é um equipamento que pode ser associado a outros

equipamentos, como a rede, por exemplo, pendurando-se na rede a partir da

plataforma, transpondo obstáculos.

Nesse equipamento os estímulos promovidos são: vestibular nos

planos horizontais e rotatórios, somatossensorial, visual, reações de

endireitamento e equilíbrio, orientação espacial e cocontração.

Já as posições no espaço são pronação, supino, sentado, de gato,

ajoelhado, semi-ajoelhado e em pé.

61

O trapézio é preso em dois pontos, com uma corda de cada lado, com

bastão resistente no meio. A criança pode utilizá-lo sentada ou em pé, sendo

que o mesmo se mantém balançando enquanto a criança estiver sobre ele.

As reações de equilíbrio são exploradas associando ao planejamento motor,

sincronia de movimento, cocontração e propriocepção.

As posições no espaço são: sentado, em pé, suspensa com apoio e

garra das mãos.

O rolo suspenso promove estímulo vestibular nos planos horizontais e

rotatórios somatosensorial, visual, cocontração, planejamento motor,

reações de endireitamento e equilíbrio. As posições no espaço são

pronação, sentado e em pé.

Na cama elástica as posições no espaço são: sentado, de gato,

ajoelhado, semi ajoelhado e em pé. Os estímulos promovidos são: vestibular

no plano vertical, proprioceptivo e tátil, visual e orientação espacial.

Já as texturas, espumas e emborrachados promovem estímulos

táteis.

Segundo Carvalho (2009), na prática clínica, os equipamentos e o

espaço terapêutico devem ser adequados às necessidades de cada paciente

e seguirem normas técnicas para a sua construção.

O espaço terapêutico deve ser planejado e projetado de forma a garantir a eficácia dos equipamentos terapêuticos utilizados, bem como garantir a segurança necessária para o terapeuta e o paciente. A sala deve ter uma área maior ou igual a 16m

2, com

largura livre mínima de 3,3m x 4,8m, permitindo que após a instalação das estruturas seja mantido um espaço livre necessário para a movimentação dos equipamentos suspensos que promoverão movimentos pendiculares, oscilatórios verticais, lineares e rotatórios com deslocamento lateral ou circular com raio de até 1,30m. (CARVALHO, 2009, p.2)

Portanto essa pesquisa demonstra relação com outras pesquisas

publicadas, onde os casos de transtorno de integração sensorial em adultos

com transtornos psiquiátricos têm estado presente desde a infância, mas

como não foi reconhecido e tratado leva a outros problemas quando o

indivíduo envelhece. Isso justifica a importância desse trabalho, a avaliação

do perfil sensorial e intervenção precoce, logo que se inicia o tratamento

psiquiátrico de crianças.

62

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados obtidos com a pesquisa, surge a necessidade

de maior discussão por parte da Terapia Ocupacional com as equipes,

familiares e professores das crianças em atendimento no HC III da Unidade

São Francisco de Assis, para melhorar a assistência prestada pela Terapia

Ocupacional às crianças e aos familiares atendidos na Unidade Psiquiátrica

e no Ambulatório de Saúde Mental da FAMEMA.

O primeiro passo já foi começado com essa pesquisa, porém, deve

ser dado continuidade ao processo de investigação e tratamento para

aquelas crianças com diferença clara e diferença provável no desempenho.

Com a implantação de uma sala de integração sensorial no HC III da

FAMEMA que abrange os serviços contemplados nessa pesquisa e com o

uso dos materiais específicos para essa abordagem que se faz necessária

ao tratamento de Terapia Ocupacional associada às abordagens que já são

oferecidas, é possível oferecer uma intervenção que contemple a real

necessidade da criança em atendimento psiquiátrico independente de sua

modalidade de tratamento. Pode-se também oferecer o tratamento de

terapia ocupacional a um número maior de crianças envolvidas no programa

infantil do ambulatório de saúde mental do HC III da FAMEMA.

A partir dessas ações, propõe-se iniciar precocemente o tratamento

do transtorno de integração sensorial no HC da FAMEMA com crianças

atendidas na unidade de cuidado psiquiátrica e no programa infantil do

ambulatório de saúde mental.

O programa de tratamento deve ser elaborado individualmente

considerando a avaliação do perfil sensorial e comportamental da criança.

Para estimular o processamento sensorial de forma eficaz, a

intervenção terapêutica deve ser realizada em um ambiente organizado

sensorialmente, contendo atividades e estímulos dirigidos que facilitem a

aquisição de habilidades motoras e acadêmicas.

Assim, com a orientação da terapeuta ocupacional, a criança

aprenderá a brincar de forma eficaz, conviver com estímulos sensoriais

variados, produzindo aprendizagem e processamento organizado das

informações sensoriais, durante a realização de atividades que envolvem

63

movimentos específicos e muitos estímulos sensoriais.

Para a implantação de uma sala de integração sensorial, é necessário

adequação do ambiente e disponibilização de equipamentos e materiais

específicos.

A teoria apresentada demonstra o que é Integração Sensorial e como

a Terapia Ocupacional utiliza o Modelo de Desenvolvimento de Integração

Sensorial proposto pela terapeuta ocupacional americana Jean Ayres no

tratamento de crianças com déficit de atenção, distúrbios de comportamento,

atrasos psicomotores e que apresentam falhas no desempenho escolar e no

convívio social.

A pesquisa demonstra o Perfil Sensorial das crianças em tratamento

psiquiátrico no HC III da FAMEMA.

Os casos dão indícios de que a Terapia de Integração Sensorial faz-

se necessária para essas crianças com idade entre cinco e onze anos,

proporcionando maior conhecimento para os pais da forma como seus filhos

recebem as informações sensoriais e respondem a elas e que é possível

melhorar o relacionamento social dessas crianças.

Diante dos pressupostos teóricos e dos resultados da pesquisa, pode-

se afirmar que a Terapia de Integração Sensorial é necessária no tratamento

das crianças atendidas no HC III da FAMEMA, tanto para aquelas que estão

em crise e internadas na enfermaria do hospital geral, quanto para aquelas

em atendimento no programa infantil do ambulatório de saúde mental,

favorecendo assim uma melhor qualidade de vida para as crianças e seus

familiares e melhor participação nos contextos sociais que envolvem as

rotinas cotidianas da criança, não sendo interrompida a estimulação

sensorial em função da internação ou podendo ser iniciada precocemente

em modalidade de atendimento hospitalar.

O trabalho realizado proporcionou o aprofundamento do tema e

contribuiu para o aprimoramento teórico-prático na formação do Terapeuta

Ocupacional.

O assunto não se esgota aqui, podendo ser abordados outros

aspectos relacionados ao tema como: A Terapia Ocupacional promovendo a

inclusão escolar de crianças em tratamento no HC III da FAMEMA usando

como ferramenta o processamento sensorial; conhecer o perfil sensorial de

64

crianças entre zero e quatro anos atendidas no HC III da FAMEMA e a

aplicação de outras avaliações na clientela estudada na pesquisa.

65

REFERÊNCIAS

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68

APÊNDICE

69

APÊNDICE A

CARTILHA PARA OS PAIS

CARTILHA DE INFORMAÇÃO PARA PAIS

INTEGRAÇÃO SENSORIAL

CONHECER PARA AJUDAR SEU FILHO.

Figura 1 – IS: Brincando com areia / Fonte: GOLDSTEIN, 2009, livro.

CONHECER PARA AJUDAR SEU FILHO.

70

Você sabe o que é Integração Sensorial?

Figura 2 – IS: Brincando com balanço / Fonte: CLÍNICA LUDENS, 2012, internet.

Figura 3 - Distúrbios de IS /

Fonte: CLÍNICA LUDENS, 2012, internet.

-01-

71

Figura 4 – IS: Sensação desagradável / Fonte: CLÍNICA LUDENS, 2012, internet.

Os pais geralmente conhecem e compreendem seus

filhos melhor que qualquer pessoa e às vezes precisam

de ajuda para entenderem alguns comportamentos que

observam nas crianças.

-02-

Uma sensação pode ser agradável para uns e

extremamente desagradável para outros. Isso

ocorre porque o caminho que as sensações fazem

até o cérebro pode ser diferente na sua

intensidade, com isso as respostas vindas do

cérebro podem ser de Hipersensibilidade (+), de

Hipossensibilidade(-) ou Intensidade Adequada.

72

Indicadores de Disfunção de Integração Sensorial

- escolher sempre os mesmos brinquedos,

preferencialmente aqueles que têm um papel claro e bem

definido;

-passar de uma atividade a outra com frequência, não

concluindo essas atividades;

- ao desenhar faz sempre as mesmas figuras;

- ser desajeitado e esbarrar em tudo que encontra;

- ter dificuldade de pegar uma bola ao ser jogada, não

antecipando o movimento;

- preferir muitas vezes atividades mais sedentárias;

- apresentar dificuldades na alimentação, vestuário e

higiene pessoal;

- apresentar dificuldade na imitação;

- evitar situações novas, frustrar-se facilmente;

- preferir seguir rotinas;

- criar rituais e rotinas;

- dificuldade em julgar a força necessária para tocar uma

pessoa ou um objeto;

- apresentar incômodo ao cortar as unhas e cabelo;

- incomodar-se com etiquetas nas roupas;

-incomodar-se com um simples carinho, reagindo

agressivamente, parecendo ansioso OU tocando objetos

e pessoas excessivamente;

-não anda descalço OU adora andar descalço

principalmente na areia ou grama;

-03-

73

- chora quando toma banho no chuveiro OU adora tomar

banho no chuveiro;

- evita o toque e está sempre distante das pessoas OU

quando tocado não percebe o toque;

- a alimentação é seletiva, escolhe alimentos com base na

mesma textura ou consistência OU adora comer

alimentos com texturas variadas, crocante e/ ou

apimentados;

- escovar os dentes parece muito sofrido;

- enjoa ao andar em carro ou ônibus;

- barulho de geladeira, liquidificador e ventiladores

incomodam, muitas vezes dificultando sua atenção nos

ambientes;

-evita parquinho (gira-gira, balanços, escorregador) OU

adora parquinho e procura muita intensidade nesses

brinquedos;

- não gosta de permanecer em filas;

- evita sujar-se, não gosta de brincadeiras que envolvem

pintura, argila OU suja-se nas brincadeiras e não

demonstra qualquer incômodo; não percebe que está sujo;

- usa roupas torcidas no corpo;

- morde-se OU morde o outro;

- parece ter prazer em cair;

- parece não ter saciedade OU não sentir fome;

-parece não ouvir e adora música alta;

- cheira objetos;

- leva objetos não comestíveis à boca.

-04-

74

OUTROS INDICADORES DE DISFUNÇÃO DE

INTEGRAÇÃO SENSORIAL (DIS)

- Atraso na fala, na linguagem, nas habilidades motoras

ou nas aquisições escolares;

- Problemas com autoestima, podendo parecer

preguiçosa, entediada ou desmotivada, evitando as

tarefas que são difíceis ou que a envergonham.

Conhecer o perfil sensorial da criança é muito

importante, pois há associação direta entre o

comportamento apresentado e a maneira como uma

sensação é recebida do meio ambiente.

-05-

75

Fonte: Coletânea de livros dos autores: Goldstein (2009); Goldstein; Capelli; Piacentini (2010); Momo; Silvestre; Graciani (2011) e dados online: Clínica Ludens (2012).

Se você tem interesse de participar de uma avaliação

com terapeuta ocupacional para conhecer o perfil

sensorial de seu filho, informe ao profissional que o

atenderá e, em seguida, agende um horário.

Você pode comparecer na oficina terapêutica do Hospital

São Francisco e falar com Terapeuta Ocupacional

Adriana ou ligar para o telefone 3402-1744 ramal 1114 ou

1131.

-06-

76

ANEXOS

77

ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA– CEP (Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS)

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. Nome do Paciente:

Documento de Identidade nº

Sexo:

Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Telefone:

CEP:

1. Responsável Legal:

Documento de Identidade nº

Sexo: Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):

II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. Título do protocolo de pesquisa: Perfil Sensorial das crianças entre 5 e 11 anos atendidas no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília – Unidade do Hospital São Francisco

2. Pesquisador responsável: Adriana Magali Dezotti Batista

Cargo/função: Terapeuta Ocupacional

Inscr.Cons.Regional: Crefito 3 – 6835

Unidade ou Departamento do Solicitante: Hospital São Francisco – HC III FAMEMA

3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como consequência imediata ou tardia do estudo).

SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

4. Justificativa e os objetivos da pesquisa : Melhorar a assistência prestada pela Terapia Ocupacional às crianças entre 5 e 11 anos que são atendidas no HCIII da Faculdade de Medicina de Marília a partir da caracterização do perfil sensorial dessas crianças.

5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais:

Aplicar a avaliação do perfil sensorial infantil com o responsável pela criança em atendimento psiquiátrico no HC III da FAMEMA durante o período da pesquisa.

6. Desconfortos e riscos esperados: sem riscos

7. Benefícios que poderão ser obtidos: intervenção de Terapia Ocupacional que corresponda às necessidades das crianças atendidas no HC III da FAMEMA.

8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: Não há procedimentos alternativos.

9. Duração da pesquisa: 3 meses

10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em 03 / 01 / 2012

Rubrica do Sujeito Pesquisa Rubrica do Pesquisador Principal Rubrica do Presidente CEP

78

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL

1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.

2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento. 3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.

4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa. 5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos decorrentes da pesquisa. Observações complementares.

IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II.

Marília, ............. de ..................................... de 2.012

_______________________________________________

Assinatura do responsável legal _________________________________________ Assinatura e Carimbo do Pesquisador CREFITO 3- 6835 RG: 32.277.288-6 / CPF: 215.086.838-59 Fone Institucional: 3402 – 1744 E-mail: [email protected]

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ANEXO 2

PERFIL SENSORIAL - VERSÃO ABREVIADA

Winnie Dunn, Ph.D.,OTR, FAOTA - 1999

Nome:___________________________________________________ D.N.: ___________

Data:_____________________ Completado por: _________________________________

Relação:__________________________________________________________________

Instruções: Por favor, marque o que melhor descreve a freqüência com que a criança apresenta os comportamentos abaixo. Por favor, responda todas as questões. Se você não tiver observado esse comportamento ou acha que não se aplica, marque com um "X” todos os quadradinhos desse ítem. Use o seguinte para marcar suas respostas: Sempre: quando se apresenta a oportunidade, a criança sempre responde dessa maneira (100% do tempo) Frequentemente: quando se apresenta a oportunidade, freqüentemente responde dessa maneira (75% do tempo) Ocasionalmente: quando se apresenta a oportunidade ocasionalmente responde dessa maneira (50% do tempo) Raramente : quando se apresenta a oportunidade, a criança raramente responde dessa maneira ( 25% do tempo) Nunca: quando se apresenta a oportunidade a criança nunca responde dessa maneira (0% do tempo)

Item Sensibilidade Tátil Sempre Frequen-

Temente

Ocasional-

Mente

Rara-

Mente

Nunca

1 Demonstra irritação durante tarefas de

higiene (luta, chora para cortar

cabelos,unhas, etc)

2 Prefere roupa de mangas comprida quando está

calor ou manga curta quando está

frio

3 Evita ficar descalço principalmente na grama

ou areia

4 Reage emocional ou agressivamente ao ser

tocado

5 Esconde-se de respingos de água

6 Tem dificuldade em ficar próximo

a outros em fila

7 Esfrega ou "apaga"o lugar onde foi

Tocado

Total:

80

Item Sensibilidade a

Gosto/Olfato

Sempre Frequen-

Temente

Ocasional-

Mente

Rara-

Mente

Nunca

8 Evita certos gostos ou alimentos

que são parte da dieta infantil

9 Come apenas alguns sabores. enumere:

10 Limita-se a certas texturas/ temperaturas:

enumere

11 Enjoado para comer, especialmente para

textura de Alimentos

Total:

Item Sensibilidade a

Movimento

Sempre Frequen-

Temente

Ocasional-

Mente

Rara-

Mente

Nunca

12 Fica nervoso ou aborrecido

quando os pés saem do chão

13 Medo de cair ou altura

14 Não gosta de atividades em que

fica de cabeça para baixo , por ex. cambalhota

Total:

Item Baixa responsividade /

procura sensação

Sempre Frequen-

temente

Ocasional-

Mente

Rara-

Mente

Nunca

15 Gosta de barulhos estranhos

/procura fazer barulho por

Prazer

16 Procura todos os tipos de movimento e isso

interfere com as rotinas

17 Fica muito agitado em atividades

de movimento

18 Toca pessoas e objetos

19 Não parece notar quando o rosto

e mãos estão sujos

20 Pula de uma atividade para outra

de modo que interfere com o brincar

21 Deixa a roupa torcida no corpo

Total:

81

Item Filtro Auditivo Sempre Frequen-

temente

Ocasional-

Mente

Rara-

Mente

Nunca

22 Distrai-se ou tem dificuldade em

funcionar se há barulho de fundo

23 Parece não ouvir o que foi dito

24 Não consegue trabalhar com

barulho de fundo

25 Tem dificuldade em completar

tarefas como rádio ligado

26 Não responde ao ser chamado

pelo nome (audição normal)

27 Tem dificuldade em prestar Atenção

Total:

Item Baixa energia / Fraco Sempre Frequen-

temente

Ocasional-

Mente

Rara-

Mente

Nunca

28 Parece ter músculos fracos

29 Cansa-se facilmente especialmente

quando mantém posição corporal

30 Não consegue levantar objetos

pesados (em comparação a outras

crianças da mesma idade)

31 Preensão fraca

32 Apóia – se em tudo

33 Baixa resistência/ cansa-se Facilmente

Total:

Item Sensibilidade visual/ auditiva

Sempre Frequen-

temente

Ocasional-

Mente

Rara-

Mente

Nunca

34 Responde de forma negativa a

sons inesperados ou altos (secador, aspirador, latido)

35 Cobre os ouvidos com as mãos

para proteger do barulho

36 Incomoda-se com luzes depois que

outros se adaptaram

37 Observa todos enquanto se move pela sala

38 Cobre ou aperta os olhos para

proteger da luz

Total:

82

SUMÁRIO

SESSÃO ESCORE DA SESSÃO

DESEMPENHO TÍPICO

DIFERENÇA PROVÁVEL

DIFERENÇA CLARA

Sensibilidade Tátil

/ 35

35------30

29------27

26------7

Sensibilidade a

gosto/ olfato

/20

20------15

14------12

11------4

Sensibilidade a

movimento

/15

15------13

12------11

10------3

Baixa

responsividade/ procura sensação

/35

35------27

26------24

23------7

Filtro Auditivo

/30

30------23

22------20

19------6

Baixa energia /

Fraco

/30

30------26

25------24

23------6

Sensibilidade

Visual / Auditiva

/25

25------19

18------16

15------5

Total /190 190------155 154------142 141------38

1 Sempre

2 Frequentemente

3 Ocasionalmente

4 Raramente

5 Nunca

Fonte: GOODRICH, H. M. Z. Introdução à teoria de processamento sensorial. Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins. 2010. Apostila preparada para curso de Especialização.

83

ANEXO 3

PROTOCOLO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

84

ANEXO 4

PLANILHA DE ATENDIMENTO DO AMBULATÓRIO DE SAÚDE MENTAL

DA FAMEMA