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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL CAMPUS MARIA AUXILIADORA Flávia Fernanda Consentino Modolo Esteves Baptista EDUCAÇÃO E ENSINO INTEGRAL E A GESTÃO ESCOLAR: tempos e contratempos Americana 2015

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

UNISAL – CAMPUS MARIA AUXILIADORA

Flávia Fernanda Consentino Modolo Esteves Baptista

EDUCAÇÃO E ENSINO INTEGRAL E A GESTÃO ESCOLAR: tempos

e contratempos

Americana

2015

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Flávia Fernanda Consentino Modolo Esteves Baptista

EDUCAÇÃO E ENSINO INTEGRAL E A GESTÃO ESCOLAR: tempos

e contratempos

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Educação, do Centro Universitário

Salesiano de São Paulo – UNISAL, como

exigência parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Educação.

Orientadora: Prof.ª Drª. Renata Sieiro Fernandes.

Americana

2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

Baptista, Flávia Fernanda Consentino Modolo Esteves.

S49r Educação e ensino integral e a gestão escolar: tempos e

contratempos. / Flávia Fernanda Consentino Modolo Esteves Baptista.

Americana: Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2015.

100 f.

Dissertação (Mestrado em Educação). UNISAL-SP.

Orientadora: Renata Sieiro Fernandes.

Inclui bibliografia.

1. Gestão educacional. 2. Educação integral. I. Título.

CDD 371.01

Catalogação elaborada por Lissandra Pinhatelli de Britto – CRB-8/7539

Bibliotecária UNISAL – Americana

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Nome: Flávia Fernanda Consentino Modolo Esteves Baptista

Título: EDUCAÇÃO E ENSINO INTEGRAL E A GESTÃO ESCOLAR: tempos e

contratempos

Dissertação apresentado como exigência

parcial para obtenção do grau de

Mestrado em Educação do Centro

Universitário Salesiano de São Paulo –

UNISAL.

Dissertação defendida e aprovada em 28/08/2015, pela comissão julgadora:

Banca examinadora

Prof. Dr. Luís Antonio Groppo

Instituição: Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL

Assinatura: _____________________________________________________

Prof. Dr. Antonio Carlos Miranda

Instituição: Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL

Assinatura: _____________________________________________________

Profa. Dra. Renata Sieiro Fernandes (Orientadora)

Instituição: Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL

Assinatura: _____________________________________________________

Americana

2015

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DECICATÓRIA

Aos meus pais Marino Carlos Modolo e Ely Therezinha C Modolo,

Ao meu filho Frederico Modolo Esteves Baptista

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AGRADECIMENTOS

A DEUS

Por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

AOS MEUS COLEGAS DE TRABALHO, ESPECIALMENTE A MARIA RAQUEL

Pelo apoio, confiança e paciência.

AO MÁRCIO MELLO PEREIRA

Pela colaboração na revisão e formatação do texto.

A MINHA ORIENTADORA E MESTRA RENATA

Pelos ensinamentos, pela paciência, pelo carinho, pelos horizontes que se abriram, pelos

encaminhamentos e desconstruções que possibilitaram novos saberes.

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De que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição dos

conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto quanto possível, o descaminho daquele que

conhece?

(FOUCAULT, 2002)

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RESUMO

O tema desta dissertação trata do Programa Ensino Integral do Estado de São Paulo e da

gestão educacional. A problemática que norteia a pesquisa envolve os tempos e os

contratempos na gestão do Programa Ensino Integral e o descompasso entre o discurso

humanista do Programa e as expectativas empresariais por resultados e desempenhos. As

perguntas orientadoras são as seguintes: a Escola de Tempo Integral garante a educação

integral? A ampliação do tempo na escola garante a qualidade da aprendizagem? Como

adequar as tarefas impostas pelo Programa às demandas reais da escola? A pesquisa

justifica- -se por ser um tema atual e emergente e visa a contribuir teórica e reflexivamente

sobre os descompassos, ao mesmo tempo em que visa a propor inspirações para a melhoria

da implementação da educação e do ensino de tempo integral. O objetivo é apresentar, com

base nas leis e documentos oficiais, os fundamentos básicos da educação e do ensino de

tempo integral na atualidade, analisando as implicações (limites e possibilidades) do modelo

de gestão empresarial no âmbito social; no caso, a Escola de Tempo Integral. A metodologia

usada é de cunho qualitativo, do tipo bibliográfica e documental, e as técnicas de construção

de dados são estudos das fontes documentais, como as Diretrizes do Programa Ensino

Integral, Tutorial de Recursos Humanos do Programa Ensino Integral, Caderno do Gestor do

Programa Ensino Integral (volumes 1 e 2), Procedimento Passo a Passo, Plano de Ação,

seleção e análise de episódios cotidianos relativos à gestão financeira, dos recursos físicos e

humanos e do tempo. Os autores que embasam as análises são Singer, Dunker, Gentili, Paro,

Cavaliere, Foucault, entre outros. Pode-se afirmar que os documentos norteadores do

Programa preconizam uma educação focada no aluno, no ser humano, evidenciando a

pedagogia da presença, enquanto que o modelo de gestão inspirado nos modelos

empresariais cobra ações, resultados, metas, sem oferecer condições e sem levar em conta a

realidade na qual a escola está inserida, gerando “stress”, angústia e sentimento de

incapacidade, podendo vir a causar sofrimento psíquico, doença e possível afastamento ou

abandono da profissão.

Palavras-chave: Programa Ensino Integral. Ensino integral. Gestão educacional.

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ABSTRACT

The theme of this dissertation deals with the Integral Education Program of the State of São

Paulo and educational management. The issue that guides the research involves the times

and the setbacks in the management of Integral Education Program and the gap between

humanist speech program and business expectations for results and performances. The

guiding questions are: school full-time ensures a complete education? The extension of the

time at school ensures the quality of learning? How to adapt the tasks imposed by the

program to the real demands of school? The research is justified because it is a current and

emerging issue and aims to contribute theoretical and reflectively about the mismatches,

while aimed at proposing inspirations for improving the implementation of education and

full-time education. The objective is to present, based on the laws and official documents,

the basics of full-time education and teaching today, analyzing the implications (limits and

possibilities) of the corporate management model in the social sphere; in this case, the

school full-time. The methodology used is qualitative nature, the bibliographical and

documentary type, and data construction techniques are study of documentary sources, such

as the Guidelines of the Integral Education Program, Tutorial of Human Resources Integral

Education Program, the Education Program Manager of Notebook Integral (volumes 1 and

2) Procedure Step by Step, Action Plan, selection and analysis of daily events on financial

management, physical and human resources and time. The authors underlying the analysis

are Singer, Dunker, Gentili, Paro, Cavaliere, Foucault, among others. It can be stated that the

guiding program documents advocate a focused education on the student in humans,

showing the pedagogy of presence, while the management model inspired by the business

models charge actions, results, goals, without offering conditions and without taking into

account the reality in which the school is located, causing "stress", anguish and feelings of

inadequacy, and may cause psychological distress, disease and possible removal or

abandonment of the profession.

Keywords: Integral Education Program. Integral education. Education Management.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APM - Associação de Pais e Mestres

CAIC - Centro de Atenção Integral à Criança

CEU - Centro de Educação Unificado

CIE - Coordenadoria do Interior do Estado

CIEP - Centro Integrado de Educação Pública

EF-I - Ensino Fundamental – Anos Iniciais

EF-II - Ensino Fundamental – Anos Finais

EM - Ensino Médio

ETI - Escola de Tempo Integral

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FUNDEB - Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação

GDAE - Gestão Dinâmica de Administração Escolar

GDPI - Gratificação de Dedicação Plena e Integral

ICE - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

IDESP - Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo

INEP - Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

OMEP - Organização Mundial para Educação Pré-escolar

PCA - Professor Coordenador de Área

PCG - Professor Coordenador Geral

PCNP - Professor Coordenador de Núcleo Pedagógico

PDCA - Do inglês Plan, Do, Check, Act

PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação

PEI - Programa Ensino Integral

PIAF - Plano Individual de Aprimoramento e Formação

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PPP - Procedimento Passo a Passo

PROFIC - Programa de Formação Integral da Criança

RDPI - Regime de Dedicação Plena e Integral

SARESP - Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo

SEE/SP - Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

SIEEESP - Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo

UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Projeto de vida, suas interfaces e interações......................................................... 41

Figura 2 - Representação do ciclo PDCA..............................................................................48

Figura 3 - Organograma das atribuições............................................................................... 49

Figura 4 - Foto do laboratório de ciências..............................................................................59

Figura 5 - Foto da sala multimeios........................................................................................ 59

Figura 6 - Foto do refeitório.................................................................................................. 60

Figura 7 - Registro da conversa entre os líderes de turma e a equipe da SEE/SP................. 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Ampliação das Escolas do Programa Ensino Integral........................................... 34

Tabela 2 - Alinhamentos horizontais e verticais................................................................... 52

Tabela 3 - Fluxo escolar........................................................................................................ 56

Tabela 3 - Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP)..... 57

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................14

2 ENSINO INTEGRAL E ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL .................................... 22

2.1 ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL ............................................................................... 29

2.2 O PROGRAMA ENSINO INTEGRAL ........................................................................ 38

2.3 O MODELO PEDAGÓGICO ........................................................................................ 47

3 GESTÃO ESCOLAR ...................................................................................................... 51

3.1 MODELO DE GESTÃO DO PROGRAMA ENSINO INTEGRAL ............................. 52

3.2 CONHECENDO A E.E. JARDIM ESMERALDA E SEU PERCURSO

ATÉ O PROGRAMA ENSINO INTEGRAL ...................................................................... 59

4 EPISÓDIOS: VIVÊNCIAS COTIDIANAS DE UMA GESTORA NA

ESCOLA DO PROGRAMA ENSINO INTEGRAL ...................................................... 64

4.1 ANÁLISES .................................................................................................................... 72

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 79

ANEXO A ........................................................................................................................... 82

ANEXO B ............................................................................................................................ 83

ANEXO C ............................................................................................................................ 84

ANEXO D ............................................................................................................................ 90

ANEXO E ............................................................................................................................ 96

ANEXO F .......................................................................................................................... 100

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1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa surgiu do interesse de aprofundar as concepções e práticas das

propostas de ampliação do tempo dos alunos na escola, tendo como objetivo recuperar a

trajetória da educação integral em diferentes tempos e espaços, com foco no Brasil e,

principalmente, no Estado de São Paulo, buscando localizar inspirações em momentos da

história da educação, examinando atentamente os diferentes conceitos e suas características

práticas por meio de levantamento bibliográfico, abordando a escola integral através de suas

concepções e diretrizes no decorrer da sua implantação, incluindo a Escola de Tempo

Integral (ETI) e o Programa Ensino Integral (PEI), ambas as propostas da Secretaria da

Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP). Metodologicamente, pretende-se realizar uma

pesquisa qualitativa, bibliográfica e documental, a fim de se entender as questões que

envolvem sua implantação, o cotidiano da escola, as demandas dirigidas às escolas e aos

gestores para que o Programa Ensino Integral tenha êxito. De todo modo, o enfoque da

pesquisa visa contribuir teórica e reflexivamente para a melhoria da implementação da

educação e do ensino de tempo integral, valorizando a visão humanística do Programa, que

favorece a formação do jovem autônomo, solidário e competente, articulado com o discurso

das ações e formas de intervenção educativa sociocomunitária, idealizando a transformação

do mundo, através do incentivo à construção do Projeto de Vida, do seu planejamento e da

busca pelos instrumentos para sua efetivação.

A Educação sociocomunitária é entendida como campo de intervenções

educacionais, portanto, podemos entender a escola como um instrumento para as mudanças,

e a comunidade do entorno como o alvo, e essa pesquisa pretende contribuir através do

estudo da implantação de um novo Programa que almeja formar os jovens autônomos,

solidários e competentes, que traz um discurso humanístico, mas se rende à integração

sistêmica, que segundo Groppo (2013) refere-se aos processos e mecanismos que submetem

os seres humanos aos interesses e rotinas favoráveis à produção e acumulação de coisas, e

por que não dizer ao neoliberalismo.

Investigações e pesquisas, relacionadas à educação sociocomunitária, de ordem

teórico-metodológica e da práxis, centralizadas no reconhecimento das múltiplas

contribuições históricas oferecidas pelas instituições educativas e pela incidência dos

projetos político pedagógicos por elas atuados nos seus contextos socioculturais. Esses

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estudos relativos às contribuições histórico-pedagógicas das experiências sociocomunitárias

e institucionais têm por objetivo proporcionar subsídios que favoreçam a construção da

autonomia e a transformação social.

Para a coleta e apresentação dos dados foi utilizada uma metodologia qualitativa de

pesquisa, embora, de acordo com Lüdke e André (1986), esse tipo de pesquisa tenha

ganhado uma popularização nos últimos anos, chegando, muitas vezes, a perder seu sentido

real da palavra. A pesquisa qualitativa ou naturalística, segundo Bogdan e Biklen, envolve a

obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação

estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva

dos participantes. (apud LÜDKE & ANDRÉ, 1986, p. 13).

Segundo Creswell (2010), a pesquisa qualitativa é um meio para explorar e para

entender o significado que os indivíduos ou grupos atribuem a um problema social ou

humano. Essa forma de pesquisa honra um estilo indutivo, um foco no significado individual

e na importância da interpretação da complexidade de uma situação. “Os procedimentos

qualitativos baseiam-se em dados de texto e imagem, têm passos singulares na análise dos

dados e se valem de diferentes estratégias de investigação.” (CRESWELL, 2010, p. 206).

Creswell (2010) diz que, quando se realiza a pesquisa qualitativa encara-se uma

perspectiva de construtivismo social, perspectiva essa que defende suposições de que os

indivíduos desenvolvem significados subjetivos de suas experiências, significados dirigidos

para alguns objetos e coisas, buscando entender o mundo em que vivem.

Os pesquisadores qualitativos tendem a coletar dados no campo e no local onde os

participantes vivenciam a questão ou o problema que está sendo estudado, conforme citado

por Creswell (2010). De acordo com o referido autor, os dados são coletados pessoalmente

através de entrevista ou por meio de documentos, organizando os dados em unidades de

informação cada vez mais abstratas, assim, é uma forma de investigação interpretativa em

que os pesquisadores fazem uma interpretação do que enxergam, ouvem e entendem.

O pesquisador qualitativo carrega consigo suas crenças e valores, o que pode

influenciar diretamente na pesquisa, esse fenômeno é citado por Lüdke e André, ao

afirmarem que “[...] a pesquisa traz consigo, inevitavelmente, a carga de valores,

preferências, interesses e princípios que orientam o pesquisador.” (LÜDKE & ANDRÉ,

1986, p. 03). Ainda segundo estes autores,

[...] a sua visão de mundo, os pontos de partida, os fundamentos para a

compreensão e explicação desse mundo irão influenciar a maneira como o

pesquisador propõe suas pesquisas ou, em outras palavras, os pressupostos

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que orientam seu pensamento vão também nortear sua abordagem de

pesquisa (LÜDKE & ANDRÉ, 1986, p. 03).

De acordo com Creswell (2010), os pesquisadores reconhecem que suas próprias

origens moldam sua interpretação, e se posicionam na pesquisa para reconhecer como sua

interpretação flui de suas experiências pessoais, culturais e históricas. Deste modo,

Os pesquisadores qualitativos procuram entender o contexto ou cenário dos

participantes, visitando tal contexto e reunindo informações pessoalmente,

interpretam o que encontram, moldadas pelas próprias experiências e

origens do pesquisador. (CRESWELL, 2010, p. 32).

Para Creswell (2010), alguns estudos qualitativos não empregam nenhuma teoria

explícita, o investigador constrói uma descrição rica e detalhada de um fenômeno central.

Portanto, para atender aos objetivos desta pesquisa, partiu-se do estudo e da análise

da bibliografia referente ao tema, de documentos norteadores da educação formal, bem

como de ações de implantação do Programa Ensino Integral. Deste modo, procurou-se

recuperar a trajetória da educação integral em diferentes tempos e espaços, com foco no

Brasil e, principalmente, no estado de São Paulo, por meio de levantamento bibliográfico, ao

mesmo tempo em que se procurou realizar a observação de episódios vivenciados na prática

cotidiana, analisando diferentes conceitos e suas características práticas, examinando a

experiência prática à luz de bibliografia referente à educação integral e à escola integral,

com suas concepções e diretrizes no decorrer da implantação, incluindo a Escola de Tempo

Integral (ETI) e o Programa Ensino Integral (PEI), ambas as propostas da Secretaria da

Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP).

Buscou-se identificar episódios do cotidiano escolar, com maior atenção à gestão da

escola, pela pesquisadora, o que possibilita um olhar mais próximo e real dos contratempos

desencadeados pela distância que existe entre o que é sugerido pelos órgãos responsáveis

pela criação dos projetos e os sujeitos envolvidos no cotidiano escolar.

Ao selecionar os episódios para serem discutidos, levou-se em consideração os que

provocam angústias e engessam as pessoas envolvidas por exigir datas, prazos e ações que

não estão inseridos na governabilidade direta da escola, sem considerar objetivamente a

realidade, suas necessidades e as possibilidades individuais de cada escola em específico.

A educação integral está cada vez mais presente nas discussões relacionadas ao

ensino e à escola, e assim, os conceitos e as características das práticas de ensino integral se

fortaleceram nos debates ao propor a melhoria da qualidade do ensino. Acredita-se que a

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escola integral pode ser mais atrativa e mais humana; entretanto, de acordo com Cavalieri

(2007), a maior quantidade de tempo, por si só, não garante práticas escolares

qualitativamente diferentes.

Com a intenção de cotejar as concepções e práticas das propostas de ampliação do

tempo dos alunos na escola, buscando localizar inspirações em momentos da história da

educação e procurando entender as questões que envolvem a sua implantação, o cotidiano da

escola e as demandas dirigidas às escolas e aos gestores para que o Programa Ensino

Integral aconteça, investigamos as diretrizes de implantação do Programa, as publicações

posteriores que sustentam esse novo modelo enquanto política pública e a bibliografia

existente que abrange a educação, o ensino, o tempo, a escola e a gestão. No entanto, vale-se

da ampliação do tempo de permanência do aluno na escola, como sendo educação integral.

Esse fator é garantia de qualidade na aprendizagem? Garante que a educação aconteça de

forma integral? Os professores estão preparados para pôr em prática a educação integral?

Segundo Arroyo (1988), primeiramente, a escola deve garantir a boa qualidade do ensino

parcial, para depois, pensar em extensão da escolaridade para o período integral.

O objetivo é apresentar, com base nas leis e documentos oficiais, os fundamentos

básicos da educação e do ensino de tempo integral na atualidade, analisando as implicações

(limites e possibilidades) do modelo de gestão empresarial no âmbito social,

especificamente, a escola de tempo integral. A metodologia usada é de cunho qualitativo, do

tipo bibliográfica e documental, e as técnicas de construção de dados são estudos das fontes

documentais, como as Diretrizes do Programa Ensino Integral, Tutorial de Recursos

Humanos do Programa Ensino Integral, Caderno do Gestor do Programa Ensino Integral

(volumes 1 e 2), Procedimento Passo a Passo, Plano de Ação, seleção e análise de episódios

cotidianos relativos à gestão financeira, dos recursos físicos e humanos e o tempo.

Esta pesquisa também objetiva recuperar a trajetória da educação integral em

diferentes tempos e espaços, com foco no Brasil e, principalmente, no Estado de São Paulo,

examinando os diferentes conceitos e suas características práticas, por meio de um

levantamento bibliográfico, abordando a escola integral através de suas concepções e

diretrizes no decorrer da sua implantação, incluindo a Escola de Tempo Integral (ETI) e o

Programa Ensino Integral (PEI), ambas as propostas da Secretaria da Educação do Estado de

São Paulo (SEE/SP).

Deste modo, por meio de documentos oficiais e da vivência cotidiana, pretende-se

cotejar o discurso oficial com a prática, que aponta a sobrecarga de demanda a qual a escola,

enquanto gestor, está submetida, e apontar o desequilíbrio entre quem elabora os

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documentos e os envolvidos na implantação do Programa dentro da escola, que vivenciam o

cotidiano vivo e sentem a angústia das cobranças por resultados muitas vezes incompatíveis

com a realidade da comunidade escolar e das condições físicas e humanas das escolas. Por

isso, propõe-se pensar nos “tempos e contratempos” da prática e da experiência da gestão

nesse modelo escolar e no Programa Ensino Integral (PEI).

A escola é um dos lugares de encontro, da relação com o outro, mas não o único. A

educação necessita de uma transformação, pois é um processo mútuo, seu foco não precisa

ser somente ensino e escola, mas aprendizagem e sociedade. A educação acontece em

diferentes espaços e em encontros com o outro e com o mundo. Em relação à escola integral,

Antônio Carlos Costa comenta que:

[...] é a educação o dia inteiro. [...] É o educando passar por muitos

espaços, por muitas situações em que vai se formando. É preciso que a

escola deixe sua autossuficiência, deixe sua completude e assuma a sua

incompletude. (COSTA, 2010, p. 96).

De acordo com Moll (2013), a Educação Integral ganha sentido, portanto, nas

possibilidades que estão sendo, e serão construídas, de reinvenção da prática educativa

escolar no sentido do seu desenclausuramento, de seu encontro com a vida, do

desenrijecimento de seus tempos, da interlocução entre os campos do conhecimento em

função da compreensão e da inserção qualificada no mundo.

Ao viajar pela história da educação, mais precisamente pela Grécia, deparamo-nos

com o conceito PAIDEIA, que significava a formação integral do homem, reforçada pelo

pensamento, que é um marco na evolução humana, a ideia platônica, que segundo Lorenzon

(LORENZON & JORGE, 2011), é a idealização de que o homem deveria obter uma

formação completa, ou seja, formação moral, social, física e intelectual, formação de um

homem íntegro, uma vez que, para os gregos, o homem é formado para a polis.

Ao olhar para o Brasil, destaca-se o nome do educador Anísio Spínola Teixeira,

considerado o primeiro educador a defender escolas públicas de turno integral, repensando a

educação através de novos currículos, programas e docentes. Outras experiências de

educação integral foram vivenciadas ao longo da história da educação brasileira, porém com

influências deixadas por Anísio Teixeira, que se destaca por seu entusiasmo, refletido até os

dias atuais, nas discussões sobre a qualidade da educação e as escolas de tempo integral.

Percebe-se que, para os gregos, a educação era considerada integral, pensada como

formação do indivíduo como um todo. Não se pode confundir a ampliação do tempo da

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jornada escolar com Educação Integral. A jornada ampliada pode favorecer a qualidade da

aprendizagem e possibilitar a vivência de valores através da ampliação do tempo de

convivência, porém não é garantia de melhora na aprendizagem e prática da Educação de

Ensino Integral. Muitos outros fatores estão envolvidos na trajetória do ensino rumo à

conquista da educação integral.

Mas, segundo Gallo (GALLO & SOUZA, 2004), o que fundamentou a aspiração do

homem livre, filosófica, política, social e epistemologicamente, foi o conceito e a prática da

educação integral, como um processo de formação humana, em que o homem se faz

plenamente humano. Para este mesmo autor:

Foucault nos ajuda a pensar a educação e a escola pelo menos em três

dimensões: a construção do saber pedagógico na dimensão científica; as

relações de poder no espaço escolar, permeado pelo disciplinamento e pelo

controle; as relações do sujeito consigo mesmo, numa dimensão ética.

Aplicar os conceitos foucaultianos ao campo educacional é produzir uma

espécie de estranhamento, de deslocamento dos discursos e teorias com os

quais estamos acostumados. Esse estranhamento faz a educação repensar-

se, na medida em que suas bases já não podem ser sustentadas. (GALLO,

2006, p. 82).

É notório enfatizar que um dos marcos do novo Programa denominado Ensino

Integral é a formação do jovem solidário, competente e autônomo. Ao pensar o sujeito como

sendo autônomo, vislumbra-se uma aprendizagem livre, uma escola com liberdade de

escolhas. Porém, conforme preconiza Foucault (2002), através da análise do saber-poder,

primordialmente, enfatiza-se o poder disciplinador das instituições que contribuem na

produção dos sujeitos adequados à ordem dominante, esbarrando-se nos princípios do

desenvolvimento da autonomia e do protagonismo. Também comunga desta interpretação

Jorge Larrosa Bondía,1 que contempla o sujeito em uma dimensão emancipatória e afirma

que “o papel da educação é subverter as regras” (2013). Deste modo, argumenta-se sobre a

possibilidade de a educação acontecer em diferentes espaços, que não são os delimitados

pelos muros da escola.

No documentário de Perez, Lovato e Anderson Lima, “Quando sinto que já sei”

(2014), observam-se diferentes experiências de escolas que funcionam como espaços de

aprendizagem, que independentemente do tempo de permanência do aluno, têm como foco a

educação integral e a formação do indivíduo como cidadão autônomo e protagonista.

Espaços esses que não reproduzem a violência da sociedade, onde os alunos são valorizados

1 Jorge Larrosa Bondía falou no Seminário Educação Integral: Crer e Fazer, em ocasião da 10ª edição do

Prêmio Itaú-Unicef, ocorrido nos dias 2 e 3 de abril de 2013, em São Paulo.

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como seres humanos, cujas potencialidades são colocadas em evidência, são escolas que

estão quebrando paradigmas, fazendo acontecer uma transformação e cuidando para que a

aprendizagem faça sentido. A autonomia de aprendizagem, liberdade para escolhas e

integração com a comunidade são alguns dos conceitos que guiam as experiências

educacionais reunidas neste documentário, que fortalecem a ideia de que a educação

acontece também fora dos muros da escola. Não há necessidade de vigilância nem de

punição; os “meninos” são levados a refletir sobre suas atitudes e a assumirem a

responsabilidade por suas escolhas.

É de acordo com esses preâmbulos que esta pesquisa tem como intuito

problematizar, refletir e apontar a necessidade de inovações com base na literatura existente,

nos documentos norteadores e na vivência dentro de uma escola que iniciou a implantação

do Programa Ensino Integral em 2014, com sua rotina e seus imprevistos, com seus tempos

e contratempos, convivendo com a (im)possibilidade do adequado funcionamento da escola,

dentro do modelo proposto, tanto pela falta de (in)formação e conhecimento das pessoas

envolvidas, como pela falta de estrutura física, material e pessoal, buscando assim, possíveis

saídas para os contratempos que se sobrepõem aos tempos do cotidiano e das tarefas da

gestão.

De acordo com estas premissas, esta pesquisa está estruturada em quatro capítulos,

que delineiam o caminho a ser seguido. O capítulo intitulado “Ensino Integral e Escola de

Tempo Integral” faz referência aos diferentes tempos e espaços da história da educação,

procurando enfatizar a educação integral. Para tanto, abordará as diferentes denominações

de educação integral no decorrer da história de sua implantação na Secretaria da Educação

do Estado de São Paulo. Trata da construção e desenvolvimento da pesquisa bibliográfica e

documental, através do levantamento bibliográfico e documental que regulamenta e

formaliza a história da educação integral na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

(SEE/SP), priorizando o Programa Ensino Integral.

O capítulo “Gestão Escolar” aborda especificamente a gestão escolar frente às

demandas que surgem no cotidiano escolar, advindas dos órgãos públicos (Governos

Federal, Estadual e Municipal) e do cotidiano escolar, as quais demandas, muitas vezes,

desconectam-se da realidade, causando angústias e sentimentos de incapacidade nos

envolvidos.

O capítulo seguinte, intitulado “Metodologia e técnicas de construção e coleta de

dados”, trata da metodologia utilizada para desenvolver a pesquisa qualitativa, por meio dos

estudos e análise bibliográfica e de documentos referentes ao tema, visto que, segundo

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Lüdke e André (1986), o conhecimento teórico é necessário para um bom projeto de

pesquisa.

Os “Episódios: vivências cotidianas de uma gestora na Escola do Programa Ensino

Integral” ocupam-se da descrição e análise de alguns episódios da experiência prática

vivenciada em uma escola na qual o novo modelo do Programa Ensino Integral vem sendo

implantado.

E, por fim, as Considerações retomam os pontos principais abordados na pesquisa e

na reflexão e apontam para algumas possibilidades de repensar as práticas e o modelo de

educação integral focado na formação humanística, um desafio dentro das perspectivas

atuais empreendidas pelas políticas públicas.

Espera-se que, com base na bibliografia estudada e no questionamento da

experiência cotidiana, seja possível pensar e propor possíveis inspirações e inovações para

que a educação aconteça integralmente, tanto dentro como para além da escola. Para essa

reflexão torna-se relevante explorar cronologicamente algumas práticas da rede pública

brasileira de ensino, suas definições no decorrer dos tempos e espaços, com maior ênfase no

contexto atual da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, no que tange às escolas

participantes do Programa Ensino Integral.

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2. ENSINO INTEGRAL E ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

Ninguém escapa da educação. Ela está presente em todos os lugares, seja

em casa ou na escola, para aprender e para ensinar. (BRANDÃO, 2007, p.

07).

Antes de se iniciar uma discussão sobre ensino e educação, faz-se necessário

designar os conceitos nos quais estarão embasados os termos citados. Utilizar-se-ão as

definições constantes do livro “Palavras-chave em Educação Não Formal” (PARK, 2005),

que designam o ensino como instrução recebida na escola. Segundo Fernandes (2007), a

educação envolve um leque amplo de experiências educativas, informativas e formativas

que não se resume à experiência escolar formal, assim, se a educação de tempo integral visa

promover novas e ousadas formas de ensinar, aprender e construir o conhecimento, a

educação integral visa desenvolver todas as facetas humanas, facilitando e descobrindo

habilidades.

A sociedade formava os homens nos próprios interesses de instituições como a

família e a igreja, com suas forças modeladoras e adaptadoras, contudo as aprendizagens

mais específicas e as relacionadas com o trabalho estruturavam-se pela participação na vida

cotidiana (TEIXEIRA, 1971).

A escola da Idade Média era peculiar e segregada, circundada em si mesma,

reproduzindo seus saberes em benefício da sociedade tradicional. De certo modo, refletir

sobre a educação demandava somente um olhar mais focado sobre a educação escolar e

sobre a ação dos profissionais que nela atuam.

O ideal de educação escolar para todos os cidadãos foi concebido na Convenção

Francesa, como entendimento de uma nova sociedade, em que não houvesse prerrogativas e

que, através da escola, o sujeito conquistasse sua posição na vida social. De acordo com

Teixeira (1971), a educação escolar passou a visar a formação comum do homem. Desse

modo, a nova escola comum formava a inteligência, vontade e caráter, hábitos de pensar, de

agir e de conviver socialmente. Essa escola nascia com o compromisso de acatar a

diversidade de vocações e ofícios fomentados pelo surgimento da sociedade liberal e

progressiva.

Entretanto, esse novo modelo encontrou relutância por parte dos antigos

representantes que discordavam dos novos conceitos e aspirações que despontavam com os

ideais escolares da democracia moderna.

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De acordo com Teixeira (1967), a sociedade vive momentos de transição e, a cada

nova crise, não falta quem culpe as escolas pelas perdas de valores humanos, pelas crises de

costumes e maneiras, pela crise do “espírito”. As escolas passam por transformações,

portanto é evidente que a educação estava modificando a juventude, e quando a tal

“educação nova” começou a florescer, os reacionários culpavam as escolas. Teixeira

assevera que,

[...] não são as escolas as responsáveis pelas transformações do espírito da

sociedade. As escolas são como os romancistas, também acusados de

corromperem a sociedade. Elas, como eles, refletem, tão somente, o que já

vai pela própria sociedade. (1967, p. 34).

O apelo da chamada educação nova é justamente uma tentativa de orientar a escola

no sentido de sintonizá-la com as necessidades dessas transformações dos valores em que a

sociedade deve se basear. Para Teixeira o principal valor é a ideia de autoeducação, “[...]

porque só a própria pessoa se educa [...]”, uma vez que “[...] é o resultado de se assumir

direta e integralmente a responsabilidade dos próprios atos e experiências [...]” (1967, p. 53).

Por meio da liberdade de escolha de suas atividades e da liberdade de planejá-las e executá-

las é que os alunos se disciplinarão e assumirão a responsabilidade plena dos seus atos,

contribuindo para a formação do caráter e integridade do indivíduo. Segundo Teixeira,

Lições previamente traçadas, castigos e punições são marcas da escola

tradicional, que acabava por ignorar a complexidade do ato educativo,

porém, acreditar que a escola nova seria um lugar de uma liberdade total,

onde tudo seria prazer por se fazer somente o que se desejasse, é uma

deformidade profunda com a teoria moderna de educação. (TEIXEIRA, 1967, p. 21).

O postulado fundamental da escola moderna é o de que a natureza humana tende a se

realizar a si mesma, e essa realização exige método, disciplina, controle de si mesmo,

esforço, paciência, características da natureza humana. Tender é inclinar-se, mas se pode ser

desviado, como se é pelo regime de licença e desordem e uma falsa escola nova

(TEIXEIRA, 1967).

Ao rejeitar que o saber é meramente algo que se transmite, a Escola Nova buscou

substituir o esforço pelo interesse na aprendizagem. O aluno é integrado ao centro do

processo, uma vez que é para ele que existe a educação.

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Segundo Teixeira (1971), a escola moderna carece ser prática e eficiente, a fim de

conceber o sujeito como ser pensante e reflexivo; lugar de educação de um novo homem

com capacidade de esforço e resistência, homens capazes de traçarem o caminho de

emancipação. Para este autor,

[...] aulas expositivas e memorizadas são inadequadas: a atividade escolar

consiste em ‘aulas’, que os alunos ‘ouvem’, algumas vezes tomando notas,

e ‘exames’ em que se verifica o que sabem, por meio de provas escritas e

orais. Marcam-se alguns ‘trabalhos’ para casa e na casa se supõe que o

aluno ‘estude’, – o que corresponde a fixar memória quanto ao que lhe

tenha sido oralmente ensinado nas aulas. (TEIXEIRA, 1971, p. 18).

Tende-se a conceber a educação com um recurso para os indivíduos ascenderem a

uma vida privilegiada, mas em contrapartida, a escola seleciona e classifica, como processo

seletivo marcado para os privilegiados desfrutarem das vantagens, desconsiderando o

preparo do homem comum para a sua emancipação. Escola pública, no dizer de Horace

Mann, deveria prover uma educação a todos os indivíduos, sem intenção ou propósito de

prepará-lo para quaisquer das classes sociais existentes (apud TEIXEIRA, 1971).

No Brasil, a escola em tempo algum foi para todos, ela sempre refletiu o dualismo

social existente entre os favorecidos e os desfavorecidos. Segundo Teixeira (1971), a escola

brasileira, com programa e currículo propostos de acordo com o objetivo dos favorecidos, ao

se tornar pública e comum, ofereceu aos desfavorecidos uma educação pela qual eles

pudessem participar da elite, pelo privilégio de frequentá-la.

Em uma sociedade democrática, a educação não deve ser pensada conforme os

interesses de classes; a escola para todos não carece acentuar as desigualdades existentes,

mas trabalhar no sentido de eliminá-las.

Teixeira (1971) chama de ensino seletivo o ensino médio e o ensino superior, e

qualifica o ensino fundamental como educação primária, que serve para abastecer o ensino

seletivo de indivíduos que buscam privilégios. Está por se diplomar muito mais profissionais

do que a sociedade tem necessidade e condições de empregar e remunerar.

Para ele, a educação primária deveria ser competente na formação fundamental, o

ensino seletivo, enquanto ensino médio, preparado para as diversas aptidões e ocupações, e

o ensino superior preparado para a mais alta cultura e a mais delicada especialização.

Com a demanda por matrículas acima da capacidade física da escola, ela passa a

oferecer meio período de turno escolar, e, em alguns casos, até um terço do dia. De acordo

com Teixeira (1971), a escola não pode ser de tempo parcial, necessita-se restituir o dia

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integral, ampliando--se a jornada e incrementando-a com atividades práticas, oportunidades

de vida real com atividades de trabalho, estudo, recreação e arte.

A escola deve ser comum não pela uniformidade, mas pela equivalência cultural, por

meio da integração com a comunidade local, fortalecendo suas características muito mais

práticas do que intelectualistas. O programa da escola tem que ter relação com a

comunidade, seu trabalho, suas tradições e suas características.

No Brasil, cujo modelo social é o capitalismo, sua educação classista acaba tendo por

função disciplinar a fim de formar cidadãos domesticados, acríticos e alienados,

reproduzindo valores que interessam à classe dominante.

Em dezembro de 1996, foi sancionada a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei

9394/96, que, como o próprio nome diz, se refere às diretrizes e bases da organização da

educação nacional. De acordo com a LDB, artigo primeiro: “A educação abrange os

processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no

trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da

sociedade civil e nas manifestações culturais” (LDB, 1996).

Nesse mesmo artigo, no parágrafo primeiro, “disciplina a educação escolar, que se

desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias” (LDB,

1996), e, no parágrafo segundo, determina que “a educação escolar deverá vincular-se ao

mundo do trabalho e à prática social” (LDB, 1996).

Ao tratar dos princípios e fins da educação nacional, de acordo com a LDB, artigo

segundo: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e

nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do

educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”

(LDB, 1996).

E de acordo com o artigo terceiro da LDB, define que o ensino será ministrado com

base nos seguintes princípios:

I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o

pensamento, a arte e o saber;

III- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

IV- respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V- coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI- gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII- valorização do profissional da educação escolar;

VIII- gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da

legislação dos sistemas de ensino;

IX- garantia de padrão de qualidade;

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X- valorização da experiência extraescolar;

XI- vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

(LDB, 1996).

Quanto ao direito à educação e ao dever de educar, o artigo quarto diz que: O dever do

Estado para com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

I- ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele

não tiveram acesso na idade própria;

II- progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III- atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com

necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV- atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a

seis anos de idade;

V- acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação

artística, segundo a capacidade de cada um;

VI- oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII- oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com

características e modalidades adequadas às suas necessidades e

disponibilidades, garantindo-se, aos que forem trabalhadores, as condições

de acesso e permanência na escola. (LDB, 1996).

Ao tratar do acesso à educação, a LDB, no artigo quinto, diz que: “o acesso ao ensino

fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos,

associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente

constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo” (LDB,

1996).

Ao conceber que a educação é essencialmente uma prática social, que reproduz o

modelo da sociedade na qual está inserida, e presente em diferentes espaços e momentos da

produção da vida social, reconhece-se a educação escolar vinculada ao ensino, que, por sua

vez, está atrelado ao currículo oficial do Estado como objeto de políticas públicas, que

cumpre destacado papel nos processos formativos por meio dos diferentes níveis, ciclos e

modalidades educativas.

Mesmo na educação formal, que ocorre por intermédio de instituições educativas, a

exemplo das escolas de educação básica, são diversas as finalidades educacionais

estabelecidas, assim como são distintos os princípios que orientam o processo ensino-

aprendizagem, pois cada país, com sua trajetória histórico-cultural e com o seu projeto de

nação, estabelece diretrizes e bases para o seu sistema educacional.

Segundo a LDB (1996), a educação escolar deve acontecer em instituições próprias,

ou seja, na escola. De acordo com Foucault (2002), a escola é lugar de disciplina, onde se

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exercita o poder disciplinador, gerando a formação de indivíduos dóceis e eficientes, através

de práticas muitas vezes ocultas no cotidiano escolar. O corpo pode ser manipulado, treinado

para obedecer e responder através de práticas disciplinares, já que a escola busca o controle

constante, por meio da domesticação e da moralização. Conforme Gallo (1995), a educação

libertadora necessita de professores e de alunos que se descubram como seres sociais, que se

conheçam e se percebam enquanto cidadãos. Para os anarquistas, o conhecimento equivale

ao poder, sendo a educação um campo de disputa ideológica, pois na medida em que iguala,

em termos de saber, explorados e exploradores, leva à superação da dominação.

De acordo com Singer (2010), não basta punir, é preciso vigiar, corrigir, reeducar,

organizando o tempo e espaço. Na modernidade não é necessário o uso de força para obrigar

o escolar à realização das tarefas, o poder encontra-se escondido, entretanto, permanece

presente.

Segundo Veiga-Neto (2011), Foucault nos mostrou como as práticas e os saberes, na

escola, são dobradiças capazes de articular os poderes ali presentes com os saberes que a

enformam, sejam eles pe0dagógicos ou não.

Não se pode falar em teorizações foucaultianas, pois ele mesmo fez questão de

deixar claro que não tinha método nem teoria, mas suas contribuições seriam como

ferramentas para a reflexão sobre educação. Uma das utilidades dessas ferramentas é

observar como as coisas acontecem e exercitar alternativas para que aconteçam de outras

maneiras.

Por meio dos estudos foucaultianos, pode-se buscar meios produtivos de pensar o

agora, tal como novos e efetivos instrumentos para mudar o que se considera necessário,

sem itinerário predefinido, muito menos sem um único ponto de chegada; eles estão aí, e as

mudanças podem chegar a qualquer um deles.

Lembrando a famosa frase de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”, professores e

alunos, exercitando o autoconhecimento e definindo interesses, podem fazer uma escola

diferente. Acredita-se que a educação integral deva ser prazerosa e significativa, e que o

currículo comum seria o norte do que deve ser ensinado, mas não o como deve ser

transmitido.

Afinal, o que é educação integral? Esse tema, que aparece nas discussões sobre a

qualidade da educação, seria, então, a defesa de uma Escola de Tempo Integral? Mas e a

formação do ser humano?

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Voltando no tempo, depara-se com a ideia platônica de que o homem deveria obter

uma formação completa, ou seja, física, moral, social e intelectual. Seria essa a definição de

educação integral tão em discussão na atualidade?

Considerando a época vivida por Platão, vislumbra-se uma educação ética ligada à

política e com a qualificação dos cidadãos, que deveriam ser virtuosos, possuindo a

capacidade de argumentação e retórica. Essa visão era considerada revolucionária para a

época, por conceber uma formação para o homem completo e autônomo. Platão, em seus

“Diálogos”, do princípio ao fim, demonstrava preocupação com a educação, pois segundo

Paviani (2008), para Platão, a educação é uma das ciências mais nobres, através dela o

homem torna-se solidário, alcança o conhecimento e a contemplação.

De acordo com Lorenzon (2006), para Platão, a educação seria a base para

transcender o artificialismo do mundo visível, através da formação de indivíduos

responsáveis pelo bem comum, pois ele acreditava na necessidade de mudanças na

percepção acerca do que era a realidade, e essa mudança seria possível através da formação

lenta do homem completo, justo e ético. A educação é que deveria colocar o homem na

direção certa, do bem e da verdade.

A palavra Paideia é uma referência ao ápice do processo educacional, pois

significava a formação pessoal, integral, intrínseca, inerente a cada indivíduo, ou seja, a

educação plena de um homem.

Platão considerava a educação um problema do Estado, que deveria orientar a ação

educativa; propunha uma teoria da aprendizagem fundada no conhecimento que as almas

imortais adquiriram antes de sua queda neste mundo. A dimensão pedagógica de sua obra

constitui-se uma evidente preocupação política. (apud PAVIANI, 2008, p. 25-26).

Há na concepção grega de formação humana, uma espécie de igualdade entre as

reflexões e ações que constituem essa formação, há um sentido de completitude que forma,

de modo integral, o Ser.

Segundo Coelho (2009), esse modo de ver e perceber a formação do homem

corresponde à natureza do que denominamos de Educação Integral, numa perspectiva que

não hierarquiza experiências, saberes e conhecimentos.

Segundo Paviani (2008), o filosófico, o político e o pedagógico, em Platão, formam

uma unidade indissolúvel. Para se praticar a educação integral dentro do modelo de ensino

integral, o professor precisa olhar os alunos nos olhos, procurar ouvir mais e se integrar aos

pais e à comunidade. Deve trazer a comunidade à escola através dos saberes das pessoas que

ali vivem.

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O maior desafio está em mudar a mentalidade das pessoas sobre o processo de

educar na escola, portanto é preciso fazer pontes entre o saber da escola e os saberes da vida

desses jovens, bem como com seus sonhos e seus modos de viver em sociedade, enfatizando

a construção da autonomia que está diretamente ligada ao saber fazer escolhas e ter atitudes

protagonistas no exercício da cidadania.

A escola tem se deparado, ao longo da história, com discussões que buscam

encontrar um projeto de organização capaz de atrair e manter o maior número de alunos.

Surgem alternativas que são colocadas em prática e, com o passar do tempo, estas vão se

transformando e adquirindo outras denominações e outros formatos. Um dos grandes

problemas é que são apenas experiências sucessivas de tempo integral, e não políticas

públicas.

2.1 ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

A Escola de Tempo Integral sustenta-se inicialmente no movimento da Escola Nova,

que surgiu com o propósito de abrir novos caminhos para uma educação que seus

idealizadores concebiam não estar em sintonia com o mundo das ciências e das tecnologias.

Buscavam a reformulação da política educacional com base em uma pedagogia renovada.

Foi por conta dos ideais escolanovistas que surgiu pela primeira vez, no Brasil, uma

proposta de Educação Integral. Em 1932, um grupo de intelectuais, entre eles, Fernando

Azevedo (advogado), Anísio Teixeira (cientista social), Cecília Meireles (escritora), uniu-se

para romper velhos paradigmas e buscar algo novo para a educação brasileira.

Presumia-se que a baixa qualidade da educação era responsável pelo atraso do país, e

assim, concentraram-se as expectativas na Educação Integral. Entenda-se como Escola de

Tempo Integral a formação de um novo homem, capaz de alavancar o desenvolvimento do

país, neste contexto, considerando que essa Educação Integral refere-se à ampliação da

jornada escolar, em um modelo em que a escola assume para si a formação dos alunos no

tempo e no espaço da própria instituição, por meio de atividades diversificadas, atreladas ao

currículo oficial.

Todo esse movimento, que fomentou o Manifesto dos Pioneiros, tratou a educação

como um problema social e gerou grandes impactos. Este Manifesto trouxe a concepção de

uma educação nova, tendo como personagem central Anísio Teixeira, defensor de uma

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educação livre de privilégios, que valorizasse o ser humano. Deste modo, foi apresentado

um programa contendo as coordenadas para um sistema nacional de educação.

O Manifesto dos Pioneiros tornara-se o marco inaugural do projeto de renovação da

educação brasileira, pois causou rupturas com velhos paradigmas na busca de algo novo

para a educação. Ele defendia a ideia de uma escola única, que proporcionasse uma

educação comum a todos os brasileiros, sem distinção de classe ou gênero, proporcionando a

igualdade de oportunidades a todos os cidadãos, inclusive aos que eram oriundos de classe

socioeconômica menos privilegiada.

De certo modo, alcançamos a ideia do Manifesto de escola para todos, porém, não na

sua integralidade, uma vez que não há a mesma escola para todos, pode-se dizer que a escola

cresceu em quantidade de alunos atendidos, mas não na qualidade do ensino que oferece.

A partir daí, muitos modelos e muitas concepções de Escola de Educação Integral

foram surgindo pelo Brasil nas décadas de 1950, 1960, 1980 e 1990. As mais conhecidas são

as do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, na Bahia, os Centros Integrados de Educação

Pública (CIEPs) do estado do Rio de Janeiro e os Centros Integrados de Apoio à Criança

(CIACs), denominados posteriormente, Centros de Atenção Integral à Criança (CAICs), de

iniciativa do governo Federal.

Os principais Centros Educacionais, Programas e Escolas que envolvem o Tempo

Integral estão dispostos a seguir:

a) 1950 - Centro Educacional Carneiro Ribeiro

Em 21 de outubro de 1950, na gestão do governador da Bahia, Otávio Mangabeira

(1947-1951), o então secretário da Educação, Anísio Teixeira, cria o Centro Educacional

Carneiro Ribeiro, fundamentando-se nas ideias de John Dewey, em que a criticidade e a

liberdade transformariam a realidade, com o objetivo de reestruturar o sistema educacional

da época e garantir a qualidade da educação a todos, ampliando o tempo de permanência da

criança na escola.

Para Anísio Teixeira, a escola pública de tempo integral possibilitaria a

aprendizagem das diversas classes sociais, garantindo o direito de todos ao saber. O objetivo

era oferecer uma escola em tempo integral, a qual os alunos teriam as aulas do currículo e

atividades esportivas, artísticas e culturais.

Anísio Teixeira evidenciava que, com a experiência de tempo integral, seria

oportunizada uma condição de aprendizagem para as diversas classes sociais e que, por sua

vez, estas influenciariam positivamente o desenvolvimento da sociedade, pois aspirava a

reconstrução da escola pública democrática, promotora da justiça social.

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Em linhas gerais, o projeto previa as seguintes construções: quatro escolas-

classes para o atendimento de crianças do ensino primário, que seria o

equivalente aos quatro primeiros anos do ensino fundamental; uma escola-

parque, com sete pavilhões, para serem realizadas as atividades

relacionadas às práticas educativas, onde haveria a complementação da

educação oferecida em período contrário de aula; e uma residência para

abrigar 5% do total dos meninos sem lar. (CALEFI, 2003, p. 78).

O Centro Educacional Carneiro Ribeiro foi o primeiro centro de educação popular do

Brasil. Foi criado por um governo estadual e contou com o apoio do governo federal, que

por meio do Centro Regional de Pesquisas Educacionais da Bahia, era vinculado ao Instituto

Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP). A concepção do Centro Educacional Carneiro

Ribeiro também esteve na base da organização do sistema escolar de Brasília, traçado por

Anísio Teixeira, fazendo parte da sua proposta de um plano diretor de educação do governo

federal para todo o país. Em Brasília, no Distrito Federal, na década de 1960, idealizado por

Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro surgem, numa iniciativa municipal, as Escolas-classe e as

Escolas-parque, que eram inspiradas no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, construído

em Salvador. A estrutura física compreendia um conjunto de prédios escolares destinado a

abrigar um Jardim de Infância, quatro Escolas-classe e uma Escola-parque. Após o período

de iniciação escolar no Jardim de Infância, para crianças de 4 a 6 anos, os alunos

ingressariam na Escola-classe, destinada à educação intelectual sistemática de crianças com

idade entre 7 e 14 anos, e, paralelamente, complementariam a sua formação na Escola-

parque, mediante participação em atividades diversificadas, com vistas ao seu

desenvolvimento artístico, físico e recreativo, bem como a sua iniciação ao trabalho,

perfazendo, assim, uma jornada escolar de oito horas diárias. Com a conclusão das

construções em 1961, o Centro Educacional Carneiro Ribeiro ocupava uma área de 42.000

m².

O Centro Educacional Carneiro Ribeiro funcionava em dois turnos e era composto

por quatro Escolas-classe e uma Escola-parque.

As Escolas-classe eram destinadas ao ensino de Letras e Ciências, compreendiam um

conjunto de 12 salas de aula destinadas à instrução e à administração, bem como gabinetes

dentários e médicos. A escola era estruturada em dois ou três pelotões, nos quais os alunos

participavam em rodízio, tendo aulas nas chamadas salas fundamentais (Português e

Matemática) e salas especiais (Ciências, Geografia, História, Desenho, bem como continha

auditório, biblioteca, jogos e música). Essa estrutura exigia uma organização administrativa

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e pedagógica mais rígida, em relação ao tempo de permanência em cada ambiente, para o

bom desempenho do projeto pedagógico.

Nas Escolas-parque eram onde se desenvolviam atividades sociais e artísticas, além

das aulas de educação física.

Na época, vislumbrava-se a construção de 9 centros em toda a cidade de Salvador, o

que não ocorreu. Em 1950, foram inauguradas três Escolas-classe que funcionavam em três

prédios amplos. Com o tempo, as instalações sofreram com a degradação, tendo passado por

algumas reformas, custeadas pelo poder público no ano de 2.000;

b) 1980 - Programa de Formação Integral da Criança

No Estado de São Paulo, no final do governo Montoro, foi criado, na década de

1980, o Programa de Formação Integral da Criança (PROFIC), que procurou estender o

tempo de permanência das crianças pobres na escola e expandir as condições para seu

melhor desempenho na aprendizagem. A meta principal era a diminuição das taxas de

repetência e evasão da rede de ensino estadual, na tentativa de contribuir para a melhoria do

desempenho escolar dos alunos.

O PROFIC se subdividia em Projeto de Formação Integral para o escolar, Projeto de

Formação Integral para o pré-escolar, Projeto de Formação Integral para os primeiros dois

anos de vida e Projetos de Recuperação do menor abandonado.

A proposta previa o aumento de atendimento da criança em idade pré-escolar e a

reformulação curricular. A preocupação centrava-se no ensino-aprendizagem, no entanto os

documentos não esclareciam como os problemas educacionais seriam tratados.

Rejeitado inicialmente, o PROFIC conseguiu se manter até 1993, mas, com

oscilações e descontinuidades, cada unidade do Programa acabou por adquirir um modo

particular de atuação, o que, de certa maneira, chocou-se com a cultura vigente na Secretaria

de homogeneização das atividades no interior da rede de ensino;

c) 1980 - Centro Integrado de Educação Pública

Com o objetivo de provocar uma transformação na escola pública do Rio de Janeiro,

o então governador Leonel Brizola e o seu vice-governador e secretário de Estado de

Ciências e Cultura, Darcy Ribeiro, propõem uma Escola de Tempo Integral, como as que

eram oferecidas nos países desenvolvidos.

Os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), implantados no estado do Rio

de Janeiro na década de 80, foram construídos em áreas próximas às periferias da cidade,

para atender os alunos em tempo integral. São escolas compostas por salas de aula, centro

médico, área para refeições e recreação, contendo ginásio coberto que é utilizado para

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prática esportiva, apresentações teatrais e shows. Ofereciam aos alunos, além das aulas do

currículo, sessões de estudo dirigidas, atividades esportivas e participação em eventos

culturais, focando elevar o rendimento global do aluno. Por atender os alunos de baixa

renda, oferecia atendimento médico e odontológico, quatro refeições e banhos diários.

Representou uma das experiências mais abrangentes da época, contando com a

construção de 506 unidades escolares, em um período de quatro anos de governo, e seu

projeto arquitetônico foi desenvolvido por Oscar Niemayer.2 Estas unidades escolares foram

construídas pelo Programa Especial de Educação (I PEE, de 1983 a 1986, e II PEE, de 1991

a 1994).

Segundo Calefi (2003), o projeto de construção dos CIEPs previa quatro fases, sendo

inauguradas, em 1986, 60 unidades; a segunda fase objetivava a construção de mais de 100

escolas deste porte; a terceira fase compreendia a construção de 140; e a última, mais 200

unidades, culminando com 500 CIEPs. Previstos no projeto de governo,

Os CIEPs estão localizados em 66 municípios do estado do Rio de Janeiro,

e o número de unidades varia conforme a necessidade do município. A

capital do estado é a que possui o maior número, 134 unidades, no interior

o número é variável, sendo que 32 municípios possuem apenas 1 unidade.

(p. 123).

Os CIEPs atendiam tanto as classes de alfabetização quanto crianças a partir de 6

anos de idade até a 8ª série do Ensino Fundamental (atual 9º ano), respeitando-se o

agrupamento por faixa etária.

A construção do prédio compreendia a divisão em três blocos, sendo que o bloco

principal continha três pavimentos no térreo, onde funcionavam o refeitório com capacidade

para 200 crianças, com cozinha projetada para servir três refeições diárias, o centro médico e

a área de recreação. Os pavimentos superiores continham salas de aula, auditório, salas

especiais voltadas para atividades específicas, uma área administrativa e um terraço para

atividades de lazer, ginásio de esportes com arquibancadas, vestiário e depósito de materiais,

bem como biblioteca que ficava aberta para a comunidade, sendo que na parte superior da

biblioteca havia um alojamento para crianças especiais que necessitavam de cuidados

também especiais, nos moldes de um residência.

2 Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho, nascido em 15 de dezembro de 1907, no Rio de Janeiro,

é um arquiteto brasileiro considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna Internacional.

Seus trabalhos mais conhecidos são os edifícios públicos que desenhou para a cidade de Brasília.

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Observa-se a escola incorporando responsabilidades para além das instrucionais, ou

seja, a escola desenvolve atividades relacionadas aos hábitos primários, tornando-se uma

referência estável, algumas vezes, a única para alguns alunos. O então governador do Rio de

Janeiro, Leonel Brizola, criou a escola de dia completo, buscando promover uma renovação

pedagógica, configurada num esforço pioneiro e transformador.

Ao tomar posse do governo do Rio de Janeiro em 1987, o governador Moreira

Franco, apoiado por vários intelectuais, decidiu excluir as Escolas de Tempo Integral,

justificando-se através da ideia de igualdade de condições para todas as escolas, alegando,

portanto, a inviabilidade do tempo integral para toda a rede. Com isso, os Centros Integrados

de Educação Pública (CIEPs), que ainda não funcionavam foram abandonados, alguns foram

fechados, sendo mantidos somente os 101 que, em 1986, haviam sido transferidos à rede

municipal.

Nos anos 1990, inspirado nos CIEPs, criados por Darcy Ribeiro no Rio de Janeiro,

criam-se os CIEPs no Estado de São Paulo, que são considerados uma verdadeira escola-

casa, que proporciona a seus alunos múltiplas atividades, complementando o trabalho nas

salas de aula com recreações, esportes e atividades culturais

No entanto, em 1991, com a eleição para o senado de Darcy Ribeiro e a reeleição de

Leonel Brizola para o governo do Rio de Janeiro, foram realizados trabalhos de recuperação

dos CIEPs desativados, sendo ainda construídas novas unidades.

Os CIEPS foram desativados em 1995 pelo então governador Marcelo Alencar,

causando grandes discussões. Segundo Cavalieri (2007), os CIEPs atravessaram inúmeras

dificuldades em diferentes governos, porém o horário integral sobreviveu em parte das

escolas, embora o projeto original em seu conjunto tenha se perdido ao longo dos eventos

políticos.

Na capital do Rio de Janeiro, o ensino fundamental foi inteiramente municipalizado,

sendo que o horário integral foi mantido na maior parte deles, abrangendo a Educação

Infantil e o Ensino Fundamental - Anos Iniciais;

d) 1990 - Centros Integrais de Atenção à Criança

Os Centros Integrais de Atenção à Criança (CIACs) foram instituídos, em 1991, pelo

governo Collor como parte do “Projeto Minha Gente”, inspirados no modelo dos Centros

Integrados de Educação Pública (CIEPs), do Rio de Janeiro. O objetivo era prover a atenção

à criança e ao adolescente, envolvendo a educação fundamental em tempo integral,

programas de assistência à saúde, lazer e iniciação ao trabalho, entre outros.

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Sofreu as mesmas críticas dos CIEPs, inclusive a do potencial de clientelismo

político implícito em um projeto de construir 5 mil escolas em todo o país a um custo de

dois milhões de dólares por unidade, sem que o governo federal dispusesse de meios

financeiros e humanos para operá-las. Alguns educadores criticaram esses tipos de projeto,

como os CIEPs e CIACs, dizendo que seria mais eficaz gastar recursos no modelo de rede

escolar já existente, que atendia um maior número de crianças.

O fim do governo Collor não significou o fim do projeto dos CIACS. Para não perder

os investimentos já realizados, da ordem de um bilhão de dólares, o ministro Murílio Hingel

decidiu dar continuidade ao programa em outros termos, com gastos previstos de 3 bilhões

de dólares para o período 1993-1995, inclusive alterando sua sigla, que a partir de 1992

passou a se chamar Centros de Atenção Integral à Criança (CAICs).

Por ser um programa federal, os CAICs seguiam uma estrutura organizacional

nacional, no entanto, a proposta original não foi possível devido à demanda de recursos

humanos e financeiros não condizente com as possibilidades reais do governo, cuja situação

exigiu adaptações e mudanças estruturais.

Esses centros objetivaram formar o cidadão para o mundo contemporâneo com

consciência de suas raízes históricas, preparado para a vida. Suas metas eram alcançar a

qualidade na educação através do exercício de práticas democráticas de gestão e

aprendizagem, favorecendo a autonomia e responsabilidade dos sujeitos sobre sua formação;

e) 2000 – Centros de Educação Unificados

Na década de 2000, foram implementados pela Prefeitura do Município de São

Paulo, os Centros de Educação Unificados (CEUs), recuperando o modelo dos CIEPs. Os

CEUs são compostos por um Centro de Educação Infantil, Escola Municipal de Educação

Infantil, Escola Municipal de Ensino Fundamental, e equipados com quadra poliesportiva,

teatro, playground, piscinas e espaços para oficinas, ateliês e reuniões, sendo abertos nos

finais de semana com o intuito de beneficiar a comunidade do entorno.

O projeto CEU iniciou-se através das consultas populares por meio do Orçamento

Participativo, inspirado na ideias de Anísio Teixeira, tendo como objetivo o

desenvolvimento integral das crianças e jovens, bem como se tornar polo de inovação de

experiências educacionais e de desenvolvimento da comunidade. Esse projeto agrega a

educação, cultura, esporte e lazer e promove o encontro da comunidade aos finais de

semana;

f) 2000 – Escola de Tempo Integral

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Nessa mesma década, surgem as Escolas de Tempo Integral (ETIs), que trazem como

princípio organizador do currículo, a perspectiva de integração dos conhecimentos,

pressupondo a articulação integradora de experiências e atitudes, a fim de superar a

fragmentação dos diversos campos do conhecimento, levando o aluno a conquistar uma

visão mais abrangente e complexa do conhecimento.

Esse modelo é sustentado pela Resolução SE 89, de 09-12-2005, que traz, em seu

texto, a justificativa para a implantação das Escolas de Tempo Integral, na seguinte

descrição:

[...] o Secretário de Estado da Educação, considerando: a educação como

presença fundamental no dia a dia de crianças e jovens, por desempenhar

papel relevante na dinâmica das sociedades; a importância de se oferecer

aos estudantes do Ensino Fundamental a oportunidade de estender o tempo

de participação na escola em atividades que ampliem suas possibilidades

de aprender; a necessidade de atender às expectativas da comunidade intra

e extraescolar e desenvolver ações que integram a política de inclusão,

resolve que:

Artigo 1º – Fica instituído o Projeto Escola de Tempo Integral com o

objetivo de prolongar a permanência dos alunos de ensino fundamental na

escola pública estadual, de modo a ampliar as possibilidades de

aprendizagem, com o enriquecimento do currículo básico, a exploração de

temas transversais e a vivência de situações que favoreçam o

aprimoramento pessoal, social e cultural;

Artigo 2º – O Projeto Escola de Tempo Integral tem como objetivos:

I- promover a permanência do educando na escola, assistindo-o

integralmente em suas necessidades básicas e educacionais, reforçando o

aproveitamento escolar, a autoestima e o sentimento de pertencimento;

II- intensificar as oportunidades de socialização na escola;

III- proporcionar aos alunos alternativas de ação no campo social, cultural,

esportivo e tecnológico;

IV- incentivar a participação da comunidade por meio do engajamento no

processo educacional, implementando a construção da cidadania;

V- adequar as atividades educacionais à realidade de cada região,

desenvolvendo o espírito empreendedor.

Artigo 3º – O projeto Escola de Tempo Integral prevê o atendimento inicial

de escolas da rede pública estadual de ensino fundamental que atendam aos

critérios de adesão, que estejam distribuídas pelas 90 Diretorias de Ensino,

inseridas, preferencialmente, em regiões de baixo Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) e nas periferias urbanas. (Resolução SE

89, 2005).

De acordo com as diretrizes para a ETI, que vai ao encontro da ideia do

redimensionamento do tempo, busca-se atingir um processo qualitativo de aprendizagem

através da maior permanência do aluno na escola, oferecendo mais do que a escola

tradicional.

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As Escolas de Tempo Integral oferecem o ensino do currículo oficial nos períodos da

manhã e da tarde, bem como as oficinas curriculares, que são divididas pelos eixos:

orientação para estudo e pesquisa (de caráter obrigatório), atividades de linguagens e

matemática, atividades artísticas, atividades esportivas e motoras e atividades de

participação social.

A concepção de oficinas curriculares encontra-se na Resolução SE 7, de 18-01-2006,

artigo 2º, § 1º, por isso, entenda-se por oficina de enriquecimento curricular, a ação

docente/discente concebida pela equipe escolar, em sua proposta pedagógica, como uma

atividade de natureza prática, inovadora, integrada e relacionada a conhecimentos

previamente selecionados, a ser realizada por todos os alunos, em espaço adequado, na

própria unidade escolar ou fora dela, desenvolvida por meio de metodologias, estratégias e

recursos didático-tecnológicos coerentes com as atividades propostas para a oficina.

Atualmente, ainda existem algumas escolas funcionando conforme esse modelo,

porém, em 19-01-2013, publicou-se a Resolução SE Nº 02/2013, que dispõe sobre a

reorganização curricular do ensino fundamental, na Escola de Tempo Integral (ETI), e dá

providências correlatas, considerando:

a) a necessidade de ajustes na organização curricular do ensino

fundamental das escolas participantes do Projeto Escola de Tempo Integral,

instituído pela Resolução SE Nº 89/2005, com vistas ao melhor

atendimento à especificidade didático-pedagógica que as caracteriza,

b) o contínuo aperfeiçoamento da organização curricular vigente nessas

unidades, flexibilizando-a com alternativas que promovam soluções

singulares e otimizem os avanços já conquistados,

c) a necessidade de viabilizar condições para a inserção futura das ETIs no

Programa Ensino Integral, instituído pela Lei Complementar Nº

1.164/2012, alterada pela Lei Complementar Nº 1.191/2012. (Resolução

SE Nº 02, 2013).

Em 2007, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) implementou

o Programa Mais Educação, integrando ações entre o Fundo Nacional de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

(FUNDEB) e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Este Programa, mantido

pelo Governo Federal, tem por objetivo ampliar a jornada escolar, na perspectiva de uma

educação integral, contemplando as escolas com recursos financeiros voltados à

concretização e materialização desta proposta.

Segundo Paro (1988), os que argumentam contra a instalação do período integral

criticam o caráter assistencialista que o projeto pode adquirir, pois seria necessário garantir

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inicialmente a qualidade da educação em meio período, para posteriormente ampliar o

tempo dos alunos; enquanto que os defensores dessa ampliação justificam a necessidade de

se expandir o horário escolar visando resolver o problema da criança em situação de

abandono, pois a tira da rua e lhe oferece um período de aprendizagem.

Essa multiplicidade de funções que se atribui à escola hoje, representa um grande

desafio, visto que essa instituição se vê como educadora, mas também como “protetora”, e

isso tem provocado debates acerca não só de sua especificidade, mas acerca dos novos

atores sociais que buscam apoiá-la no exercício dessas novas funções e dos movimentos e

organizações que igualmente buscam a companhia dessa instituição escolar para constituí-la

e, talvez, ressignificá-la.

De acordo com Cavaliere (2002), a concepção de educação integral responde à

necessidade que aflora no cotidiano escolar brasileiro de uma intencional e efetiva ação

socialmente integradora, de forma tal, que a natureza dessa ação possa representar uma

contribuição ao processo de democratização da instituição escolar pública, e não uma

reafirmação de seu caráter discriminatório.

Segundo Lorenzon (LORENZON & JORGE, 2011), a Educação Integral surge como

proposta capaz de romper com a fragmentação que impera nas escolas, propondo a

ampliação dos tempos e espaços educativos, ao vislumbrar uma escola pulsante e conectada

à sociedade, buscando a associação entre o desenvolvimento do corpo e da mente.

A Educação Integral, numa perspectiva anarquista, concebe o homem na sua

amplitude, em que o processo educativo é contínuo, relacionando-se efetivamente com a

sociedade. Seu caráter é permanente e envolve as necessidades formativas que sustentam a

sobrevivência das pessoas na sociedade capitalista.

Várias experiências de expansão do tempo de permanência dos alunos na escola já

aconteceram, sendo que cada uma apresenta suas características e serve de inspiração para as

que vão surgindo no decorrer da história. Na ânsia de corrigir os rumos da educação

brasileira, que apresenta defasagem em diversos aspectos, inúmeras tentativas surgem, com

o único objetivo de melhorar a qualidade da educação brasileira. O modelo atual proposto

pela SEE/SP é o Programa Ensino Integral.

2.2 O PROGRAMA ENSINO INTEGRAL

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Neste momento do trabalho, há uma explanação sobre o novo modelo de escola

proposto. Pensando nos novos desafios do século XXI, a Secretaria da Educação do Estado

de São Paulo (SEE/SP) buscou se inspirar em modelos educacionais de outros países e em

outras redes públicas de ensino, encontrando no Ginásio Pernambucano3, o modelo que

atendia às necessidades e expectativas, e assim idealizou o Programa de Educação Integral

(PEI).

Deste modo, foi implantado, em 2012, o Programa Ensino Integral, como um dos

pilares do Programa Educação – Compromisso de São Paulo, sustentado pela Lei

Complementar Nº 1.164, de 04-01-2012, visando atender as escolas de Ensino Médio.

Em 2013, após a publicação da Lei Complementar Nº 1191/2012, que dispõe sobre o

Programa Ensino Integral em escolas públicas estaduais, altera-se a Lei Complementar Nº

1164/2012, que institui o Regime de Dedicação Plena e Integral (RDPI) e a Gratificação de

Dedicação Plena e Integral (GDPI), passando a abranger também as escolas de Ensino

Fundamental – Anos Finais (EF-II); e, em 2015, a abrangência chegou às escolas de Ensino

Fundamental – Anos Iniciais (EF-I).

De acordo com a quadro1, pode-se perceber a expansão que houve em termos de

adesão de escolas, o aumento no envolvimento de diretorias e de alunos, em âmbito

estadual, e a estimativa para 2018:

Tabela 1: Ampliação das Escolas do Programa Ensino Integral

2012:

16 Escolas

11 Diretorias

5 mil alunos

2013:

69 Escolas

38 Diretorias

17 mil alunos

2014:

182 Escolas

64 Diretorias

55 mil alunos

Expansão:

2015 – 300 Escolas

2018 – 1000 Escolas

Fonte: Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo4

Percebe-se grande interesse das escolas em aderirem ao Programa Ensino Integral

pela possibilidade de o professor que, muitas vezes, para completar sua jornada de trabalho,

desdobra-se em três ou mais escolas, mas que, ao aderir a este Programa, consegue se

concentrar em apenas uma unidade escolar, contando com a gratificação de 75% no salário,

o que é muito atrativo. No entanto, a escola de ensino integral deve ser uma opção para o

professor e não uma forma de somente aumentar sua renda, ele precisa estar disposto a

3 Escolas que recebem ação direta do ICE, como modelo de escola pública de qualidade.

4 Disponível em http://www.intranet.educacao.sp.gov.br.

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inventar essa escola, a passar por essa experiência, enfrentar esse desafio; pois devido ao

tempo de convivência longo e diário, poderá haver tensão, conflitos, e todos devem estar

preparados para enfrentá-los.

Espera-se que a cada ano, conforme o Quadro 1, aumente o número de escolas, no

entanto, um aspecto preocupante é em relação aos investimentos que são prometidos às

escolas, em termos de adequações e equipamentos. Sabe-se que muitas escolas que aderiram

ao Programa em 2014, ainda aguardam adequações, bem como a chegada dos equipamentos

como lousa digital, notebooks, entre outros.

As primeiras escolas do Estado de São Paulo foram selecionadas seguindo critérios

da própria Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), sendo um dos

requisitos estar em uma área de vulnerabilidade social, além de apresentar resultados baixos

na prova do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo

(SARESP). Já em 2013, as escolas estaduais interessadas em aderir ao Programa, a partir de

2014, puderam se inscrever para se tornarem escola do Programa Ensino Integral.

As bases para a formulação do Programa encontram-se fundamentalmente ancoradas

na visão de homem e de sociedade que emana do Artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases

(LDB) 9394/96 e do Artigo 3º da Constituição Federal.

O Artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 declara que:

A Educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de

liberdade e dos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e

sua qualificação para o trabalho. (LDB, 1996).

Já, o Artigo 3º da Constituição Federal diz que:

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I- Construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II- Garantir o desenvolvimento nacional;

III- Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades

sociais e regionais;

IV- Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,

idade e quaisquer outras formas de discriminação. (LDB, 1996).

Além destes embasamentos legais, o Programa Ensino Integral tem como

fundamentação legal as seguintes legislações: Lei Complementar 1164/2012, alterada pela

Lei Complementar 1191/2012 – institui o Regime de Dedicação Plena e Integral (RDPI) e a

Gratificação de Dedicação Plena e Integral (GDPI); Lei Complementar 1191/2012 – dispõe

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sobre o Programa Ensino Integral; Res. SE 22/2012 – dispõe sobre as atribuições de

Professor Coordenador; Res. SE 49/2012 – dispõe sobre a organização e o funcionamento

das escolas do Programa Ensino Integral.

Logo, segundo o documento de Diretrizes do Programa Ensino Integral, o modelo

propicia aos seus alunos, além das aulas que constam no currículo escolar, oportunidades

para aprender e desenvolver práticas que irão apoiá-los no planejamento e execução do seu

Projeto de Vida. Não apenas o desenho curricular dessas escolas é diferenciado, mas

também a sua metodologia, o modelo pedagógico e o modelo de gestão escolar.5

A prática docente precisa ser repensada, não basta o programa trazer uma matriz

diferenciada, se na sala de aula o docente faz “mais do mesmo”, ou seja, o que era

trabalhado em 4 horas, agora é trabalho em 7 horas, com outra nomenclatura, outra

roupagem e acredita-se que isso seja o diferencial. A educação e o ensino integral têm que

considerar a formação completa, conciliando os conteúdos curriculares com os aspectos da

vida cotidiana.

O contexto, a necessidade e as características dos estudantes e da comunidade são o

ponto de partida para outras referências culturais, pois o contexto no qual a escola está

inserido deve ser valorizado e os espaços aproveitados para se tornarem espaços de

aprender.

A matriz curricular, além da base comum, inclui disciplinas eletivas, prática de

ciências, protagonismo juvenil, Projeto de Vida: valores para a vida cidadã, preparação

acadêmica e mundo do trabalho, todos para o Ensino Médio.6

Na concepção e elaboração do Programa Ensino Integral foram consideradas as

demandas decorrentes de pesquisas que mostraram que, na avaliação diagnóstica realizada,

nos meses de março a setembro de 2012, pela Secretaria da Educação do Estado de São

Paulo, nas escolas em que o Programa foi implantado, o modelo interferiu positivamente no

desempenho dos estudantes em diversas disciplinas.

No exame de leitura e interpretação de texto, a comparação de resultados, em escala

de 0 a 100, saltou de 33 para 60 pontos entre os alunos da 3ª série do Ensino Médio,

configurando um aumento de 81%. Já, entre os alunos da 2ª série, a avaliação saltou da

média de 46,4 para 62,9 pontos no mesmo período, ou seja, 35,5% de crescimento. E entre

os alunos da 1ª série, passou de 47,1 para 61 pontos, com um crescimento de 29,5% em sete

meses. Em produção de texto, na 1ª, 2ª e 3ª série, os resultados aumentaram de 37,9 para

5 Disponível em http://www.intranet.educacao.sp.gov.br.

6 Idem.

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47,4 pontos, de 43,8 para 53,4 pontos e de 47 para 59,4 pontos, respectivamente. Na

avaliação de matemática, os ganhos também foram expressivos, a média de resultado dos

alunos da 1ª série saltou de 32,9 para 45,7 pontos, o que representou um crescimento de

38,9%, na 2ª série, a nota aumentou 71,1%, de 23,9 para 40,9 pontos, e as turmas de 3ª série

saíram de 22,6 para 31,4 pontos, ou seja, uma evolução de 38,9%.7

A principal referência do modelo paulista de ensino integral é o Instituto de

Corresponsabilidade pela Educação (ICE), que foi implantado inicialmente no Ginásio

Pernambucano e em parte das escolas estaduais da rede pernambucana desde 2004, sendo

posteriormente expandido para outros estados, tendo como literatura-base os livros do

Antônio Carlos Gomes da Costa.8

O ICE é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que objetiva a melhoria da

qualidade da educação pública, produzindo e desenvolvendo soluções educacionais

inovadoras e replicáveis em conteúdo, método e gestão, cujo foco é o desenvolvimento de

ações que promovam a qualidade do ensino e da aprendizagem na escola pública. Este

Instituto tem como missão, a melhoria da qualidade da Educação Básica Pública.

Ao replicar as boas práticas é necessário muita atenção e cuidado, pois cada escola

tem a sua individualidade, o seu contexto e suas características, as boas experiências podem

ser socializadas e compartilhadas, no entanto, não são todas as experiências de uma

determinada escola que podem ser replicáveis em outra. A escola é um lugar vivo, com seres

humanos de diferentes contextos e realidades, com diferentes necessidades, o que há faz

única.

Foi criado, em 2000, por um grupo de empresários da iniciativa privada, que se

dedicava à recuperação da estrutura predial do Ginásio Pernambucano. Esta iniciativa

fomentou na criação de um novo modelo de escola, propiciando a oportunidade para

desenvolver um programa de expansão do modelo em escala nacional. Hoje, o ICE

7 Disponível em http://www.intranet.educacao.sp.gov.br

8 Ele participou ativamente do grupo que redigiu o ECA – Estatuto da criança e do adolescente –, sua vida

como educador teve início lecionando no ensino supletivo, depois nos anos regulares do Ensino Fundamental e

Médio. Dirigiu a Escola-Febem Barão de Camargo, em Ouro Preto, foi oficial das Nações Unidas para a

Infância (UNICEF) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), representou o Brasil no comitê dos

Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas e colaborou na elaboração da Convenção Internacional

sobre os Direitos da Criança.

Ao se deparar com um autor com grande experiência com jovens infratores, como base intelectual para uma

escola de ensino integral, distorce o objetivo e a função da escola, ou será que a escola integral é uma medida

paliativa, tornando-se muito mais um problema policial do que educacional.

Trouxe para a pedagogia o pilar indispensável do fazer-se presente para fazer a diferença na vida das crianças e

dos jovens, presença está que está muito além da presença física, é a importância do ouvir e deixar claro para o

outro o seu valor, a seu interesse por ele. Para Costa, o jovem deve ser o ator principal do cenário educativo,

fonte de resposta e soluções, protagonista de sua história.

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desenvolve o programa em vários estados do país, através de um conjunto de ações

comprometido com a mobilização da sociedade e da classe empresarial em parceria com o

governo de cada estado.

O Programa consiste na criação de Escolas de Tempo Integral (ETIs), que oferecem

aos alunos um currículo diferenciado, e aos profissionais um novo modelo pedagógico e de

gestão. Insiste-se no novo modelo pedagógico e de gestão porque o modelo de gestão

utilizado está sendo adaptado do mundo empresarial para o mundo educacional, onde alguns

ajustes são necessários para que ele possa se enquadrar.

Os principais livros indicados para os profissionais que aderem ao Programa são

Pedagogia da Presença e Aventura Pedagógica, ambos do Antônio Carlos Gomes da Costa.

O protagonismo juvenil significa, não somente participar ativamente de ações relacionadas à

sua vida privada, mas ao bem comum, na escola, na comunidade e, mais amplamente, na

sociedade. Outro aspecto do protagonismo é o jovem como fonte de iniciativa, que é ação,

fonte de liberdade, que é opção, e fonte de compromissos, que é responsabilidade. Para ser

protagonista, o jovem deve ser livre para optar e decidir participar do planejamento e da

execução das ações.

Foi, portanto, diante da busca por melhorias na qualidade do ensino e do desempenho

dos alunos; da oferta da ampliação do tempo escolar, concomitante ao currículo obrigatório

(anexos A e B); das ações que visam o pleno desenvolvimento das potencialidades, a

ampliação das perspectivas de autorrealização e o exercício de uma cidadania autônoma,

solidária e competente, que nasceu o Programa Ensino Integral (PEI).9

Os documentos afirmam que esse modelo propõe inovações no modelo pedagógico e

na gestão escolar, destacando-se, além dos conteúdos acadêmicos, conteúdos socioculturais

e a oportunidade de vivências dirigidas à qualidade de vida, ao exercício de cidadania e à

convivência solidária. Para tanto, apresenta:

1- Jornada integral de alunos, com currículo integralizado, matriz flexível e

diversificada;10

2- Escola alinhada com a realidade do adolescente e do jovem, preparando os alunos

para realizar seu Projeto de Vida e ser protagonista de sua formação;

3- Professores e demais educadores com atribuições diferenciadas, em Regime de

Dedicação Plena e Integral à unidade escolar;

9 Em Dezembro de 2011, a SEE instituiu o Programa Educação - Compromisso de São Paulo, tendo como um

dos pilares expandir e aperfeiçoar a Educação Integral, neste contexto, cria-se o Programa Ensino Integral. 10

Projeto de Vida: valores para a vida cidadã, Protagonismo Juvenil, Clube Juvenil, Eletivas e Práticas

Experimentais.

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4- Modelo de Gestão com sistematização e planejamento individual com

alinhamento vertical e horizontal para a efetiva aprendizagem do aluno e término da

educação básica;

5- Infraestrutura diferenciada, com salas temáticas, sala de leitura, laboratórios de

Biologia/Química e de Física/Matemática, Programa Acessa Escola, no caso do Ensino

Médio, e salas temáticas, sala de leitura, laboratório de ciências, sala multiuso e laboratório

de informática no caso do Ensino Fundamental – Anos Finais.

De acordo com a SEE/SP, para se garantir um salto de qualidade da educação de

adolescentes e jovens na concepção do PEI, a ampliação da jornada escolar é uma estratégia

fundamental para viabilizar metodologias que deverão elevar os indicadores de

aprendizagem dos estudantes em todas as suas dimensões. Em um mundo cheio de

inovações tecnológicas, as abordagens pedagógicas nos processos de aprendizagem não

podem continuar as mesmas, precisando ampliar não só o tempo escolar dos alunos, mas

também o papel da escola em apoiá-los a serem sujeitos autônomos e capazes de criar seus

próprios projetos de vida.

O Programa Ensino Integral (PEI) tem como missão ser um núcleo formador de

jovens, evidenciando-se pela excelência na formação acadêmica, contribuindo para a

elaboração e desenvolvimento do Projeto de Vida, pelo aperfeiçoamento do aluno através da

formação ética e do desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico. A

Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP) tem como visão, através do PEI,

ser reconhecida internacionalmente até 2030, como uma Rede Pública de ensino integral de

excelência, classificada entre as 25 primeiras do mundo.11

As ações desenvolvidas no PEI são alicerçadas nos seguintes valores: valorização da

escola pública pela oferta de um ensino de qualidade, valorização dos educadores, gestão

escolar democrática e responsável, espírito de equipe e cooperação, mobilização,

engajamento e responsabilização da Rede, alunos e sociedade em torno do processo ensino-

aprendizagem: espírito público e cidadania, e escola como centro irradiador da inovação.

A implantação do Programa é norteada pelos seguintes princípios: os quatro pilares

da Educação12

(aprender a ser, aprender a aprender, aprender a conviver e aprender a fazer),

Educação Interdimensional, Protagonismo Juvenil e Pedagogia da Presença; e pelas

11

Diretrizes do Programa Ensino Integral – Caderno do Gestor. 12

Os quatro pilares da Educação são conceitos que fundamentam a educação e estão baseados no Relatório

para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques

Delors.

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premissas: Protagonismo, Formação Continuada, Corresponsabilidade, Excelência em

Gestão e Replicabilidade.

Com a presença do professor por quarenta horas na mesma escola e com a

disponibilidade de horários de estudo, percebe-se um maior envolvimento do professor na

preparação de aulas, visto que todos os docentes se conhecem e convivem durante os cinco

dias da semana, proporcionando a oportunidade de troca de boas práticas e o

desenvolvimento de projetos que envolvam diversas disciplinas, o que não é comum nas

escolas regulares, pois o professor, algumas vezes, tem apenas duas aulas em determinada

escola, em apenas um dia da semana, e acaba por não conhecer adequadamente seus colegas

de trabalho.

Por meio das disciplinas da parte diversificada, o professor tem a oportunidade de

desenvolver práticas mais dinâmicas e envolventes, priorizando o aluno. As eletivas são

formuladas com base nos interesses dos alunos, apoiados pelo varal dos sonhos, que é

construído durante o acolhimento que acontece nos primeiros dias de aula, bem como os

clubes juvenis que são criados pelos próprios alunos.

As disciplinas “Projeto de Vida: Valores para vida cidadã” e “Protagonismo juvenil”

apresentam, como base, valores e princípios, no entanto, oferecem abertura para que os

professores adaptem suas aulas de acordo com as necessidades da escola, sempre apoiadas

pelos quatro pilares da Educação e pela pedagogia da presença, protagonismo e educação

interdimensional. Integra-se ao já mencionado, um conjunto de iniciativas dirigidas à

formação do jovem, com estímulos ao desenvolvimento de suas potencialidades, ampliação

de suas perspectivas de autorrealização e preparação para o exercício de uma cidadania

autônoma, solidária e competente.

Dentro do Programa tem-se a Tutoria, cujo objetivo é promover o alcance do sucesso

escolar dos alunos (excelência acadêmica) e a realização do seu Projeto de Vida através do

professor tutor, escolhido pelo aluno. Assim, o tutor deverá conhecer os alunos e ter acesso a

informações sobre ele: seu Projeto de Vida e os resultados do seu desempenho acadêmico.

Às atribuições de todos os profissionais da escola acrescem-se atividades

relacionadas ao novo modelo de gestão e atividades pedagógicas específicas, para além das

atribuições já previstas para o cargo/função. Esse modelo prevê uma nova forma de se

praticar a gestão escolar, pautada em rotinas e agendas que conversam entre si, em que cada

profissional fica responsável pelo seu “quadrado”, cada um delimitado pela equipe de

limpeza, merendeiras, agentes de organização escolar, professores e gestores. Mas o que

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fazer quando alguns “quadrados” estão vazios? Deste modo, quando faltam profissionais

para exercerem algumas funções, os demais ficam sobrecarregados.

Dada a complexidade envolvida nas novas funções e a necessidade de garantir o

efetivo objetivo proposto pelo Regime de Dedicação Plena e Integral (RDPI), os

profissionais são avaliados e formados continuamente para o desenvolvimento das

competências necessárias (gestão de desempenho), e assim, mesmo após designados para a

atuação nesse novo modelo de escola, podem ter cessada sua participação no Programa caso

não desenvolvam as competências esperadas, retornando à sua escola sede, na qual ele tem o

seu cargo e/ou função.

Aos professores e gestores são oferecidas condições de trabalho diferenciadas, pode-

se dizer diferenciada ao professor, que para ter jornada completa de trabalho não necessita

assumir aula em diferentes unidades escolares, pois através do Regime de Dedicação Plena e

Integral, sua carga horária é completa em uma única unidade, sustentando a presença

educativa dos docentes. Os profissionais devem ter perfil de acordo com as competências

esperadas para atuação em Regime de Dedicação Plena e Integral, sendo elas: Protagonismo;

Domínio do conhecimento e contextualização; Disposição ao autodesenvolvimento

contínuo; Relacionamento e corresponsabilidade; Solução e criatividade.

Espera-se que o professor esteja em permanente processo de formação e

aperfeiçoamento profissional, sendo sujeito de sua aprendizagem, apropriando-se dos

princípios, premissas e valores do Programa, buscando proativamente aprendizados

adicionais, frequentando cursos de formação e colocando-os em prática.

Cabe ao professor conhecer seus alunos em sua individualidade, promovendo um

ambiente de respeito às diferenças, propiciando o espaço para que o aluno seja o principal

sujeito de sua aprendizagem. O professor deve relacionar os conceitos de sua disciplina

específica à prática da realidade do aluno, realizando a ponte entre a Base Nacional Comum

e a parte diversificada, fazendo uso de práticas diferenciadas e de instrumentos multimídia.

Em relação à equipe gestora, espera-se que conheçam os alunos, professores e

funcionários em suas individualidades, orientando-os e promovendo práticas que

potencializem seus projetos de vida e incentivem o processo de formação de toda a equipe,

colocando em prática os aprendizados adquiridos, desde que sejam abertos a ouvir

devolutivas sobre suas atuações, que desenvolvam a visão crítica e ponderem suas

colocações, que proponham e implementem ações que favoreçam a melhoria dos resultados

e, por fim, que dominem o modelo de gestão do Programa Ensino Integral.

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Sabe-se que a liderança do gestor é uma característica essencial, porém,

isoladamente, não basta. Faz-se necessário pôr à sua disposição e à de sua equipe, um

conjunto de ferramentas gerenciais que permita dirigir a escola de forma estruturada. Essa

estrutura deverá garantir que missão, objetivos, metas, estratégias e planos de ação estejam

todos alinhados e claramente definidos, em todos os níveis da organização, de modo que

todos possam, com clareza, compreender o seu papel e contribuir objetivamente para a

consecução dos resultados esperados, para que sejam medidos, avaliados e recompensados.

Para tanto, a Secretaria Estadual de Educação utiliza-se dos modelos pedagógicos e de

gestão específicos para implantação e funcionamento do Programa nas escolas da Rede

Estadual de São Paulo.

2.3 O MODELO PEDAGÓGICO

O compromisso do Programa é com a formação do jovem solidário, autônomo e

competente, buscando a formação integral dos jovens inseridos nas escolas que aderiram ao

Programa e, consequentemente, ampliarem a jornada de seus alunos, oferecendo-lhes um

currículo diferenciado. Para que esse objetivo seja alcançado, é necessária a vivência e

experimentação das premissas pertencentes ao Programa.

As ações pedagógicas são norteadas pela excelência acadêmica e formação de

valores, objetivando a construção e o desenvolvimento do Projeto de Vida dos jovens. O

modelo utiliza-se de metodologias que favorecem a formação integral, promovendo a

ampliação das potencialidades com foco na autorrealização, priorizando o Projeto de Vida,

como na Figura 1.

Figura 1

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Fonte: Formação Projeto de Vida, 2014 – SEE/SP.

Acolhimento: é a primeira atividade pedagógica que o jovem tem contato ao

ingressar no Programa, sendo planejada e executada por alunos. Objetiva dar as boas-vindas

e difundir os conceitos e metodologias, por meio de atividades dinâmicas que despertem nos

jovens a reflexão sobre seus sonhos, iniciando a elaboração de seu Projeto de Vida. A

culminância é o momento em que todos são convidados a conhecer as produções geradas

durante o acolhimento. Todo material produzido durante o acolhimento é organizado e

guardado pelo Vice-diretor.

Protagonismo Juvenil: apoia as práticas e vivências dos jovens como atuantes em seu

processo educativo. O educador deve ser capaz de proporcionar espaços e condições que

possibilitem o envolvimento dos jovens na resolução dos conflitos e na solução dos

problemas reais. O ambiente escolar visa permitir que o jovem conquiste a autoconfiança, a

autodeterminação, a autoestima e a autonomia. O exercício do protagonismo é evidenciado

principalmente através dos líderes de turma – indicados e eleitos pelos colegas para

representar a turma perante a equipe escolar –, que são os responsáveis por realizar e levar à

gestão da escola as necessidades e interesses da turma; do clube juvenil – um espaço

privilegiado –, pois surge do interesse dos alunos e é organizado pelos mesmos, que através

de Presidente e Vice-presidente eleitos pelo grupo, mobilizam-se para que as atividades

educacionais, esportivas, culturais, cívicas e sociais aconteçam.

Tutoria: é realizada pelos professores e gestores da escola; cada jovem, de acordo

com critérios estabelecidos por eles mesmos, escolhem o adulto que será o seu tutor, sendo

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que através da tutoria o jovem recebe acompanhamento e orientação de acordo com suas

necessidades. A base da tutoria é a Pedagogia da Presença, fundamentada na ideia de que o

educador deve se fazer presente na vida dos jovens.

Eletivas: tem como objetivo promover o enriquecimento, a ampliação e

diversificação dos conteúdos, temas ou áreas da Base Nacional Comum. A duração das

disciplinas eletivas é semestral e deve ser organizada por dois ou mais professores de

diferentes áreas de conhecimento, prevalecendo temas de interesse dos jovens.

Nivelamento: é uma ação emergencial de recuperação de habilidades que não foram

desenvolvidas no ano anterior; suas ações são norteadas pelas avaliações diagnósticas que

identificam as defasagens dos jovens, sendo que as ações dos professores têm o

compromisso de auxiliar os jovens na superação de suas defasagens.

Currículo comum: é o instrumento organizador da ação educativa que visa assegurar

um mínimo de unidade na rede estadual de ensino.

Orientação de estudo: articula técnicas e estratégias que sirvam de orientação aos

jovens em suas práticas de estudo.

Iniciação científica: estabelece a relação entre teoria e prática, promovendo a

capacidade de argumentação científica, proporcionando aos jovens a ampliação,

diversificação e aprofundamento dos conceitos aprendidos. Essas aulas acontecem nos

laboratórios, propiciando aos jovens a troca de informações e o estabelecimento de relações

entre teoria e prática.

Deste modo, buscando a excelência na execução das metodologias propostas, o

Programa, sob a luz de fundamentos educacionais e filosóficos, adota os princípios da

Educação Interdimensional, da Pedagogia da Presença, dos Quatro Pilares e do

Protagonismo.

A Educação Interdimensional retrata a intencionalidade de integrar as diferentes

dimensões características do processo formativo do ser humano nos diferentes espaços

educativos. Subentende-se um ser humano em equilíbrio consigo, com os outros e com a

natureza, são elas:

a) logos: refere-se ao pensamento racional, científico;

b) pathos: associado aos sentimentos e à afetividade;

c) eros: em referência aos impulsos, desejos e corporeidade;

d) mytho: refere-se ao universo da transcendência, mistérios da vida e da morte.

Segundo Antônio Carlos G. Costa na obra “Por uma pedagogia da presença” ao se

referir aos projetos pedagógicos é contundente,

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Trata-se de abrir os projetos pedagógicos para outras dimensões do ser

humano, acolhendo, valorizando e dignificando aspectos como a

sensibilidade, a corporeidade, a transcedentalidade, a criatividade, a

subjetividade, a afetividade, e tantas outras dimensões. [...] o enfoque

interdisciplinar não dá conta da inteireza nem da complexidade do desafio

educacional de integrar as quatro grandes dimensões constitutivas do

humano. É preciso um enfoque interdimensional (COSTA, 2008, p. 09).

A Pedagogia da Presença, ou presença educativa, nas escolas do PEI, acontece de

forma intencional e deve ser muito além da presença física. Os profissionais devem se fazer

presentes de maneira positiva na vida dos jovens, por isso é um novo olhar sobre os estudos,

as convivências, os valores e a solidariedade, entre outros acontecimentos que fazem parte

do cotidiano escolar. Espera-se que os profissionais estejam presentes sem inibir ou oprimir,

servindo de referência afirmativa e inspiradora na vida e para a vida dos jovens.

O Protagonismo pressupõe a formação de jovens como fonte de iniciativas, sujeitos e

objetos de sua aprendizagem, cabendo aos profissionais promover espaços de participação

na resolução de problemas, oportunizando aos jovens a responsabilidade e o

comprometimento com o processo de aprendizagem.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP) adota os Quatro Pilares

propostos pelo Relatório Educação: um tesouro a descobrir,13

que são: aprender a conhecer,

aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.

Visando atender à proposta de oferecer um ensino público de qualidade, o modelo

pedagógico alinha-se ao modelo de gestão, orientando as ações dos envolvidos na busca por

atingir as metas propostas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

13

Elaborado pela Comissão Internacional de Educação para o século XXI da UNESCO, Brasil, 1997.

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3. GESTÃO ESCOLAR

Neste capítulo, discorreremos sobre a concepção de gestão escolar, buscando

enfatizar a prática democrática internamente na escola e apontando os tempos e

contratempos, ocasionados pela sobregarga de atribuições destinadas à equipe gestora, que,

na maioria das vezes, se frusta por se sentir incapaz de realizar suas funções, não

considerando a movimentação da escola, que é vida, que está em constante movimento.

Considerando a necessidade de fazer do discurso a prática cotidiana, não se pode

ignorar os discursos de valorização do ser humano como pessoa, e respeitar as

peculiaridades da escola na hora de se pensar em um modelo de gestão que atenda às reais

demandas desse espaço.

De acordo com Paro (1986), a tarefa de administrar, que não é sinônimo de gestão,

costuma estar associada com chefia ou controle das ações do outro. É compreensível que

gerir, administrar, seja confundido com mandar, chefiar, considerando o fato de

convivermos com situações cotidianas de dominação.

De acordo com a LDB, no artigo 14,

[...] os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do

ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e

conforme os seguintes princípios: I- Participação dos profissionais da

educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II- Participação

das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

(LDB, 1996).

Entende-se por gestão democrática, a forma de administrar a educação em um fazer

coletivo, permanentemente em processo de mudança contínua, baseada nos paradigmas

emergentes da nova sociedade do conhecimento, os quais, por sua vez, fundamentam a

concepção de qualidade na educação e definem, também, a finalidade da escola (PARO,

1998).

A gestão democrática pressupõe a participação efetiva dos vários segmentos da

comunidade escolar – pais, professores, estudantes e funcionários – em todos os aspectos da

organização da escola. Essa participação incide nas mais diferentes etapas da gestão escolar

(planejamento, implementação e avaliação), tanto no que diz respeito à construção do

projeto e processos pedagógicos, quanto em relação às questões de natureza burocrática.

De acordo com Saviani (1980), a gestão da educação é responsável por garantir a

qualidade de uma mediação no seio da prática social global, que se constitui no único

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mecanismo de hominização do ser humano, que é a educação, a formação humana de

cidadãos. Seus princípios são os princípios da educação que a gestão assegura serem

cumpridos – uma educação comprometida com a “sabedoria” de viver junto, respeitando as

diferenças, comprometida com a construção de um mundo mais humano e justo para todos,

independentemente de raça, cor, credo ou opção de vida.

Uma gestão democrática requer a participação da comunidade escolar em processos

que permanentemente reformulam-se e na implementação coletiva de metas, objetivos e

procedimentos da escola, quer sejam a respeito dos aspectos pedagógicos, quer sejam

relativos à gestão administrativa, dos recursos humanos e financeiros.

Nesse sentido, a escola deve estar aberta ao diálogo, voltada para os anseios da

sociedade moderna e pautada pelos preceitos democráticos – descentralização, participação

e transparência –, bem como, precisa se tornar um espaço onde a comunidade escolar possa

construir propostas e alternativas que fortaleçam a união pela participação ativa nas decisões

que envolvem o cotidiano escolar, frequentando as assembleias da APM (Associação de Pais

e Mestres), Conselhos de Escola e Conselhos de Classe e Série.

O Programa Ensino Integral é norteado pelo modelo de gestão, orientado por

resultados e metodologias de planejamento, oportunizando, através da gestão, a eficácia das

ações pedagógicas.

3.1 O MODELO DE GESTÃO DO PROGRAMA ENSINO INTEGRAL

O Modelo de Gestão do Programa Ensino Integral adota como pressuposto teórico e

metodológico a gestão escolar democrática, orientada aos resultados da aprendizagem de

seus alunos, utilizando-se de instrumentos de gestão que auxiliam os gestores no

desenvolvimento e acompanhamento das ações e atividades da escola, tais como: Plano de

Ação do Programa Ensino Integral definido pela Secretaria da Educação do Estado de São

Paulo (SEE/SP), Plano de Ação elaborado pelas escolas, Guias de Aprendizagem, Agenda

bimestral definida pela SEE/SP, Agenda da escola e Procedimento Passo a Passo,

documento esse que orienta, como o próprio nome diz, passo a passo, as ações de cada

profissional, dizendo o que e como fazer.

A aprendizagem dos alunos é medida através de avaliações externas e internas

elaboradas pela própria secretaria, mas, se o programa apresenta um discurso embasado no

humano, que valoriza o jovem autônomo, solidário e competente, o contexto e a realidade do

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entorno escolar, como pode exigir o mesmo resultado de unidades escolares distintas? Esse

discurso é contraditório, pois, como podemos valorizar o conhecimento do aluno, o entorno

da escola, promovendo a aprendizagem significativa, se nas avaliações que medem os níveis

de aprendizagem esse conhecimento não é valorizado?

Para que o modelo de gestão alinhe-se com os princípios do modelo pedagógico,

articulam-se as premissas que são: Protagonismo, Formação Continuada, Excelência em

Gestão, Corresponsabilidade e Replicabilidade. Estas premissas definem os

macroindicadores do mapa de competências, que serve de norte para a avaliação 360º,

porque passam todos os professores e gestores da escola, bem como para calibragem, após a

coleta dos resultados da avaliação, no momento em que os gestores reúnem-se para buscar

evidências que validem a nota obtida pelo professor e registrem as orientações necessárias

para que haja uma mudança de prática pedagógica e maior conhecimento em relação ao

Programa.

Portanto, ao tomar conhecimento da calibragem, o professor ou gestor, juntamente

com o seu superior imediato, formula o seu Plano Individual de Aprimoramento e Formação

(PIAF), inspirado no repertório de atividades e ações fornecido pela Secretaria da Educação

do Estado de São Paulo (SEE/SP).

Pelo discurso assumido no Programa, o Modelo de Gestão está voltado para o

alcance de uma educação de qualidade, conforme projetada no Índice de Desenvolvimento

da Educação do Estado de São Paulo (IDESP) e em todos os demais indicadores de processo

e de resultado contidos no Plano de Ação do Programa Ensino Integral e no Plano de Ação

das respectivas unidades escolares, ao mostrarem que para operacionalizar esses

pressupostos, aplica-se o método PDCA14

– que visa controlar e conseguir resultados

eficazes e confiáveis nas atividades de uma organização para a gestão dos processos, o que

supostamente contribui para a melhoria contínua das práticas pedagógicas que se

desenvolvem nas escolas. O PDCA foi criado na década de 1920 por Walter A. Shewart,

mas foi William Edward Deming, o “guru do gerenciamento da qualidade”, quem

disseminou seu uso no mundo todo (por isso, a partir da década de 1950, o ciclo PDCA

passou a ser conhecido como “Ciclo Deming”).

Pelo esquema proposto, no passo a passo de implementação dos processos de

trabalho pela metodologia do PDCA, necessita-se das seguintes ações: planejar (Plan),

executar (Do), monitorar e avaliar (Check), para tomar decisões e ações (Act) integradas,

14

Do inglês Plan, Do, Check, Act, são as iniciais da sigla PDCA, que é um método iterativo de gestão de

quatro passos, utilizado para o controle e melhoria contínua de processos e produtos.

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54

com a participação e a responsabilização de todos os envolvidos. Esse processo coincide

também com o desenho de implementação de uma política pública efetiva, tal qual proposto

na nova gestão pública (BRESSER-PEREIRA, 2009).

Figura 2: Representação do ciclo PDCA

Fonte: Material de formação, 2014.

Planejar: no momento do planejamento (Plan), são definidos os principais objetivos

da escola; as prioridades para sua realização; os resultados e as metas esperadas; as

estratégias e as ações mais adequadas para atingir os objetivos; os indicadores de processo e

de resultado, que oferecem insumos para a avaliação do Plano de Ação. Esses indicadores

são essenciais para a tomada de decisão nos diferentes momentos do fazer (Do), norteando a

correção dos rumos traçados inicialmente, caso seja necessário.

Fazer: é colocar em prática o que foi anteriormente planejado. Quando a fase do

planejamento é feita com o cuidado necessário, a etapa do fazer se torna uma ação efetiva,

pois será muito mais simples implementar o planejado e corrigir situações excepcionais, em

função de contratempos que ocorram pontualmente. O fazer (Do) exige constantes

alinhamentos das práticas pedagógicas e das metodologias específicas do Programa, assim

como entre os profissionais da Diretoria de Ensino e da escola, estudantes, pais e

comunidade. Esse alinhamento é fundamental para a clara definição do que ensinar, onde

ensinar, com quem e em que tempo.

Checar: é monitorar os resultados preliminares aferidos a cada período de apuração

das atividades desenvolvidas, por meio de indicadores de processo, definidos no Plano de

Ação das escolas, e avaliar os resultados alcançados a partir dos indicadores de resultado.

Esse movimento é essencial para a gestão eficaz do Programa Ensino Integral, porque

oferece as evidências, os registros e as constatações necessárias para que se possam

encaminhar decisões para prosseguimento ou aprimoramento das ações pedagógicas

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desenvolvidas pela escola naquele período. Essa fase (Check) possibilita verificar se as

estratégias adotadas, ou seja, o “trajeto percorrido” para a implementação daquela ação,

estavam adequadas para o alcance do resultado esperado, o que permite a correção das rotas

de maneira a conduzir, necessariamente, a aprendizagem plena dos alunos para que se

tornem protagonistas de seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, essa fase possibilita a

identificação das ações de formação e apoio que precisam ser desenvolvidas junto à equipe

escolar para aprimorar sua prática profissional, permitindo aos integrantes da equipe que

desempenhem suas responsabilidades como profissionais da educação pública e atendam às

suas expectativas pessoais e às do Programa.

Agir: significa proceder aos ajustes identificados a partir da avaliação dos resultados

parciais ou finais apurados, para a melhoria contínua e para que se obtenha maior êxito

possível ao final daquela ação, atingindo-se, assim, os objetivos da escola do Programa

Ensino Integral.15

Cada integrante da escola tem suas atribuições, que podem ser observadas, na figura

3, através de um resumo geral, bem como pelas atribuições dos gestores de acordo com a

legislação específica do Programa Ensino Integral (PEI):

Figura 3: Organograma das atribuições

Fonte: Formação 2014.

Atribuições do Diretor de escola:

I- Planejar, implantar e articular todas as atividades destinadas a desenvolver o

conteúdo pedagógico, método didático e gestão escolar;

15

Modelo de Gestão do Programa Ensino Integral – Caderno do Gestor <www.intranet.educacao.sp.gov.br>.

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II- Coordenar a elaboração do plano de ação, articulando-o com os programas de

ação dos docentes e os projetos de vida dos alunos;

III- Gerir os recursos humanos e materiais para a realização da parte diversificada do

currículo e das atividades de tutoria aos alunos, considerados o contexto social da respectiva

Escola e os projetos de vida dos alunos;

IV- Estabelecer, em conjunto com os Professores Coordenadores, as estratégias

necessárias ao desenvolvimento do protagonismo juvenil, entre outras atividades escolares,

inclusive por meio de parcerias, submetendo-as aos órgãos competentes;

V- Acompanhar e orientar todas as atividades do pessoal docente, técnico e

administrativo da respectiva Escola;

VI- Zelar pelo cumprimento do regime de trabalho do corpo docente de que trata esta

lei complementar;

VII- Organizar, entre os membros do corpo docente da respectiva Escola, a

realização das substituições dos professores, em áreas afins, nos seus impedimentos legais e

temporários;

VIII- Planejar e promover ações voltadas ao esclarecimento do modelo pedagógico

da Escola junto aos pais e responsáveis, com especial atenção ao Projeto de Vida;

IX- Acompanhar e avaliar a produção didática e pedagógica dos professores da

respectiva Escola;

X- Sistematizar e documentar as experiências e as práticas educacionais e de gestão

específicas da respectiva Escola;

XI- Atuar como agente difusor e multiplicador do modelo pedagógico da Escola, de

suas práticas educacionais e de gestão, conforme os parâmetros fixados pelos órgãos centrais

da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP);

XII- Decidir, no âmbito de sua competência, sobre casos omissos.

Parágrafo único – O Diretor poderá delegar atribuições ao Vice-diretor.

São diversas as atribuições do diretor, mas podem se resumir em ser o maestro de

todas as ações da escola. Cabe ao Diretor alinhar as ações e propostas, orientando,

sistematizando e corrigindo os desvios dos rumos que vão surgindo no cotidiano escolar,

sempre objetivando o cumprimento do Plano de Ação da Escola. O Diretor tem que saber

tudo o que está acontecendo, ir cobrando de cada profissional as entregas de prazos e o

cumprimento de metas.

Atribuições do Vice-diretor:

I- Auxiliar o Diretor na coordenação da elaboração do plano de ação;

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II- Acompanhar e sistematizar o desenvolvimento dos projetos de vida;

III- Mediar conflitos no ambiente escolar;

IV- Orientar, quando necessário, o aluno, a família ou os responsáveis, quanto à

procura de serviços de proteção social;

V- Assumir a direção da Escola nos períodos em que o Diretor estiver atuando como

agente difusor e multiplicador do modelo pedagógico da Escola;

VI- Elaborar o seu programa de ação com os objetivos, metas e resultados de

aprendizagem a serem atingidos.

Com foco nas atribuições do Vice-diretor, alguns comentários tornam-se necessários:

I- Auxiliar o Diretor na coordenação da elaboração do plano de ação: baseando-se no

plano enviado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), e de acordo

com a realidade e necessidades da escola, elaborar as metas e ações para o ano letivo;

II- Acompanhar e sistematizar o desenvolvimento dos projetos de vida: após o

acolhimento realizado nos primeiros dias de aula, sistematizar qualitativamente, em forma

de relatório, os projetos de vida dos alunos; no decorrer do ano, promover o acolhimento dos

alunos novos que forem sendo matriculados oriundos de outras escolas/cidades/estados;

acompanhar semanalmente os professores da disciplina Projeto de Vida: valores para a vida

cidadã; acompanhar os tutores através da organização, desenvolvimento e monitoramento

das ações na escola, ações essas que incluem formação sobre a ação tutorial para os alunos e

famílias, com os professores; organização dos registros das sessões de Tutoria recebidas e

arquivamento na pasta/portfólio do aluno, entre outras definidas no Procedimento Passo a

Passo (anexos C, D e E);

III- Mediar conflitos no ambiente escolar: lembrando que a escola é o lugar de

encontros, diversidades e conflitos. O Vice-diretor também é tutor de alguns alunos; como

mediar um conflito de seu tutorando, sendo imparcial, quando se criou um vínculo de

confiança durante a tutoria e nesse momento ele pode ser quebrado; o mediador deve ser

imparcial e não dar sanções, apenas ouvir e ajudar os envolvidos a resolverem a situação, e,

quando necessário, encaminhar ao Diretor para as sanções necessárias; no entanto, quando o

Diretor é convocado, está em férias, licença, ou seja, está ausente,16

é o Vice-diretor que

assume suas funções; no momento de conflito, ele deverá mediar ou dar as sanções

necessárias? Até agora não houve resposta a esse questionamento;

16

Ver Artigo V - Assumir a direção da Escola nos períodos em que o Diretor estiver atuando como agente

difusor e multiplicador do modelo pedagógico da Escola.

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58

IV- Orientar, quando necessário, o aluno, a família ou os responsáveis, quanto à

procura de serviços de proteção social: na maioria das vezes, a família diz já não saber o que

fazer ou, ainda, espera que tenhamos a solução para o problema. Em Piracicaba, um grande

desafio é: para quem encaminhar, quais serviços funcionam? Ainda não encontramos

nenhum que, em parceria com a escola, consiga orientar/apoiar as famílias que necessitam;

V- Elaborar o seu programa de ação com os objetivos, metas e resultados de

aprendizagem a serem atingidos: o programa de ação (anexo E) deve ser elaborado de

acordo com o plano de ação da escola e também com o mapa de competências, que serve de

base para a avaliação 360º; neste mapa, cada macroindicador está dividido em

microindicadores; como contemplar todos esses indicadores, quando além de nossas

funções, acabamos executando outras por falta de funcionários?

As interações entre as ações dos gestores e professores do Programa acontecem

através dos alinhamentos que fazem parte da agenda da escola:

Tabela 2: Alinhamentos horizontais e verticais

Fonte: Caderno do Gestor.

Os alinhamentos são estabelecidos a partir das funções, atribuições e

responsabilidades dos profissionais, com o objetivo de monitorar e executar as ações

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previstas dentro dos modelos pedagógicos e de gestão, ambicionando-se a excelência em

gestão, o espírito de colaboração e o protagonismo dos profissionais envolvidos.

Na agenda da escola são previstos todos os alinhamentos; no entanto, a escola é viva

e muitos imprevistos podem ocorrer, impossibilitando que esses alinhamentos aconteçam,

com a possibilidade de se ocasionar um desvio de rumo nas ações previstas dentro dos

programas de ação dos profissionais envolvidos, atingindo o plano de ação da escola.

Lacunas vão surgindo no decorrer do processo, atividades se acumulando e um grande nó se

formando, dificultando a retomada do rumo dentro do previsto pelos documentos

norteadores do Programa.

A equipe gestora, consciente do seu lugar, busca dentro da realidade cotidiana da

escola desempenhar sua função, através de realizações que contemplem os instrumentos

propostos pelo Programa, buscando eliminar lacunas provocadas por contratempos que, para

serem solucionados, dependem das instâncias superiores.

O trabalho de pesquisa guiou-se pela intencionalidade de analisar as implicações do

modelo de gestão proposto pelo Programa Ensino Integral e contribuir com as discussões

sobre a Educação de Tempo Integral, para que seja de qualidade e de efetiva realização.

Para tanto, faz-se necessário que conheçamos um pouco da história da escola, objeto

de inspiração desta pesquisa.

3.2 CONHECENDO A E.E. JARDIM ESMERALDA17

E SEU

PERCURSO ATÉ O PROGRAMA ENSINO INTEGRAL

Este item tem por objetivo apresentar a escola, destacando suas características e o

seu entorno, e descrever como aconteceu o processo de adesão da mesma ao PEI. A escola

foi criada pelo Decreto 55.401 de 08/02/2010, pelo Governador José Serra, tendo como

Secretário de Educação Paulo Renato Costa Souza. Na ocasião, denominaram E.E. Jardim

Esmeralda, por ser o nome do bairro, lembrando que é compromisso da Direção junto à

comunidade escolar e local a escolha de um patrono. A direção da mesma foi procurada pela

família do professor Benedito Evangelista da Costa, para o mesmo se tornar patrono da

escola, no entanto, o processo de denominação encontra-se em tramitação na Assembleia

Legislativa de São Paulo.

17

Nome fictício.

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Nos três primeiros anos, de 2010 a 2012, a escola funcionava em dois turnos,

atendendo alunos do Ensino Fundamental - Anos Finais (EF-II) e do Ensino Médio (EM).

Percebeu-se a necessidade de se implantar o Ensino Médio no período noturno, uma vez

que, ao analisar os casos de evasão dos alunos deste segmento, se verificou que os mesmos

necessitavam ingressar no mercado de trabalho e, com isso, abandonavam os estudos. A

partir de 2013, a escola atendia ao EF-II, ao 1º ano do EM no período da manhã e ao EM no

período noturno.

No final de 2013 foi anunciado que uma escola localizada na periferia do município

de Piracicaba, interior de São Paulo, que atendia alunos do EF-II e EM, deixaria de atender

os alunos do Ensino Médio e se tornaria uma escola do Programa Ensino Integral,

diminuindo assim, o número de alunos atendidos por esta Unidade Escolar, sendo que seus

professores passariam a receber a GDPI (75% a mais no salário).

Contudo, a menos de 500 metros de distância desta escola, havia outra que atendia

no período da manhã os alunos do EF-II e o 1º ano do Ensino Médio, e no período noturno

os alunos do EM. Com as mudanças ocorridas na primeira escola, a segunda passaria a ficar

sobrecarregada de alunos, funcionando em três turnos e sem quantidade suficiente de

profissionais, o que causaria uma sobrecarga de trabalho para os que ali estivessem

trabalhando.

No entanto, a segunda escola optou também por integrar o Programa no período

diurno, das 7h30min às 16h30min, atendendo os alunos do EF-II, e continuou atendendo os

alunos do EM no período noturno, das 19h às 23h. Essa configuração favoreceu a chegada

de mais um gestor, que é responsável pelo período noturno. Mas, a única Diretora da escola

é a que está designada para o Programa do período diurno, que continua responsável

juntamente com a nova gestora, designada Vice-diretora do noturno, pelo EM, mesmo sem

poder estar presente no período noturno, pois não há legislação que a ampare para o

acúmulo de cargo.

Como desdobramento disso tudo, por ser compartilhado o mesmo prédio, a Unidade

Escolar permanece com apenas um código da Coordenadoria do Interior do Estado (CIE), ou

seja, são duas escolas funcionando em um mesmo prédio, mas que, perante a Secretaria da

Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), continua sendo apenas uma escola. Essa

situação trava algumas demandas, visto que o Programa Ensino Integral tem a sua própria

legislação, que difere da legislação do ensino regular, ou seja, do Ensino Médio noturno.

Esta escola conta com dois quadros de equipe gestora: uma do PEI, composta por

Diretor de Escola, Vice-diretor de Escola, Professor Coordenador Geral, Professor

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Coordenador da área códigos e linguagens, Professor Coordenador da área ciências da

natureza e matemática e Professor Coordenador da área ciências humanas, e o período

noturno com Vice-diretora e Professor Coordenador.

A quantidade de professores é calculada conforme a tabela (anexo F), sendo que a

E.E. Jardim Esmeralda, conta com 14 professores, 5 da área de ciências da natureza e

matemática, e 4 nas demais áreas, uma professora na sala de leitura, uma Gerente de

Organização Escolar, e nenhum Agente de Organização Escolar, mesmo tendo 9 vagas para

serem preenchidas.

Já, no que se refere ao prédio escolar, ele possui dez salas de aula, além da sala das

coordenadoras de área do Programa Ensino Integral (PEI), sala de Vice-diretor do Ensino

Médio noturno, sala de leitura, sala de informática, secretaria, diretoria e sala de professores.

O acesso dos alunos é aberto até chegar ao pátio interno. Nessa entrada aberta, antes

do acesso ao pátio interno, há bancos e mesas de cimento, jardim, mesa de dama/xadrez de

concreto e mesa de pingue-pongue, também de concreto.

No pátio interno, à esquerda, temos acesso ao banheiro feminino e ao bebedouro

refrigerado. Do lado direito, há o banheiro masculino com bebedouro sem refrigeração. O

espaço ainda conta com mesas e bancos para refeições e atividades de socialização, cantina

para alimentação, almoxarifado, acesso ao refeitório e à cozinha, um corredor com acesso a

duas salas de aula, sala dos professores, sala de educação física, elevador, depósito de

materiais, sala de serviços gerais, além da escada principal que leva ao piso superior. Os

recursos existentes na escola estão organizados para atender as necessidades pedagógicas e

administrativas.

A estrutura física da escola é formada por: secretaria, cozinha, dispensa para

alimentos, secos e molhados, sanitários, diretoria, cantina, sala de coordenação,

almoxarifado para materiais da secretaria e arquivo morto, sala de informática, sanitário

masculino e feminino para professores, sala de professores, sala do Vice-diretor noturno,

almoxarifado para produtos de limpeza e ferramentas, pátio coberto, dez salas de aula,

quadra poliesportiva coberta com arquibancada, sala de leitura, laboratório e sala de vídeo.

Quanto aos recursos materiais, a escola possui microcomputadores administrativos,

microcomputador pedagógico, microcomputador na sala de professores, microcomputadores

na sala de informática, TVs de 32 polegadas, TV de 40 polegadas, aparelhos de DVDs,

DVDs pedagógicos (filmes e documentários do programa Currículo é Cultura), microfone,

aparelhos para laboratório de física e química, caixas amplificadoras, rádios gravadores com

CD e MP3, projetor de multimídia, tela de projeção, câmeras digitais, filmadoras,

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microscópio, antena parabólica digital, antena parabólica analógica e notebooks. A sala de

leitura possui um acervo com 2.867 títulos entre livros paradidáticos infanto-juvenis,

clássicos e pedagógicos, gibis e revistas, direcionados para alunos, professores e

funcionários.

A E.E. Jardim Esmeralda localiza-se na zona norte do município de Piracicaba, onde

foram construídas 951 casas destinadas a famílias de baixa renda, que residiam em área de

risco, e famílias com deficientes físicos ou mentais. O progresso do bairro é lento, mas conta

com asfaltamento nas ruas, extensão de redes de água, esgoto, luz, transporte urbano,

telefone, limpeza pública, praças e escolas. Esses fatores favoreceram o aumento

populacional, a expansão do comércio e o aspecto do bairro, conferindo-lhe uma aparência

agradável.

Ao ser incorporada pela comunidade, é fundamental que a escola conheça o contexto

social de sua vizinhança e da clientela a que serve. Apesar de óbvia, nem sempre essa

percepção é alcançada pelas unidades escolares, muitas vezes absorvidas na atividade

educativa como expressão de um processo burocrático e indefinido. Conhecer a comunidade

em que está inserida, e, portanto, sua clientela, suas necessidades, potencialidades e

expectativas, adequando a elas seu trabalho de atendimento educacional, é a única forma

para a escola atender às suas finalidades – formar cidadãos conscientes e capazes,

fornecendo ainda, os conteúdos e habilidades necessários à sua melhor inserção no ambiente

social.

A clientela da E.E. Jardim Esmeralda não difere da de outras escolas públicas da

periferia: com inúmeras carências, muitas vezes desnutrida, provinda de lares

vulnerabilizados pela falta de emprego ou atividade econômica, alcoolismo e uso de drogas.

O conflito com a lei e entre os jovens é comum e a convivência com o crime banaliza a

violência e a marginalidade.

Esse contexto transforma nossos alunos em verdadeiros sobreviventes, para os quais

o dia a dia transforma-se em batalha pela manutenção da vida e dos poucos bens materiais e

econômicos de que dispõem. Para a comunidade é disponível Posto de Saúde da Família,

mercados, quadra de esporte, igrejas, bares, Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE),

Creche Municipal, Escolas Municipais de Ensino Fundamental Ciclo I e Centro

Comunitário.

Diante desse quadro, estudar, para uns, torna-se a única forma de escapar desse

ambiente, e, para outros, uma atividade de rotina, desvinculada das finalidades que nos

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levam – direção, coordenação e docentes – à tarefa diária de oferecer-lhes as melhores

condições de educação e inserção no ambiente social.

Apesar do discurso humanístico que envolve toda a prática das escolas públicas,

principalmente as participantes do Programa Ensino Integral (PEI), todas são cobradas para

atingirem metas e alcançar objetivos. Para termos uma visão mais completa, seguem as

tabelas 3 e 4 referentes aos Indicadores de Desempenho, com os dados da escola em questão

desde a sua inauguração, em 2010, referentes aos resultados educacionais:

Tabela 3 - Fluxo Escolar

Taxa de aprovação

(%)

Taxa de reprovação

(%)

Taxa de abandono

(%)

Taxa de distorção Idade/Série

(%)

EF EM EF EM EF EM EF EM

2010 78,89 74,04 1,54 5,59 2,15 1,01 1,0 1,01

2011 98,60 98,46 1,40 1,54 0,0 0,0 4,75 9,56

2012 93,34 95,64 6,66 4,36 0,0 0,0 2,13 3,73

2013 95,55 96,09 4,45 3,91 0,0 1,77 0,0 0,0

2014 96,56 96,42 3,18 1,43 0,26 2,15 0,53 0,0

Fonte: SEE/SP.

Tabela 4 - Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP)

2008 2009 2010 2011 2012 Alcançado Meta Alcançado Meta Alcançado Meta Alcançado Meta Alcançado Meta

8ª série/9º

ano

2,13 2,31 2,39 2,27 1,98 2,53 2,02 2,16 1,60 2,21

3ª série

EM

1,30 1,16 1,48 1,40 1,43 1,59 1,13 1,60 1,57 1,29

2013 Alcançado Meta

1,66 1,74

1,18 1,68

Fonte: SEE/SP.

A análise dos resultados deve nortear a reflexão e discussão da prática pedagógica,

mas não se pode fazer deles a meta única para as ações da escola. Além de conteúdos

curriculares e das disciplinas, a escola que pretende formar o jovem solidário, autônomo e

competente, necessita formar para a vida, ter ações baseadas em valores, interação com a

comunidade e promover condições para o protagonismo de seus profissionais e alunos.

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4. EPISÓDIOS: VIVÊNCIAS COTIDIANAS DE UMA GESTORA NA

ESCOLA DO PROGRAMA ENSINO INTEGRAL

A prática docente ou administrativa dentro da escola está inclinada a obedecer a uma

tendência implícita de participar de um jogo de cartas marcadas, principalmente enquanto

instituição mantida por órgãos públicos. No entanto, faz-se necessário desenvolver uma

visão crítica e reflexiva sobre essas práticas, inspirando-se em novas concepções e buscando

fazer acontecer o processo educacional de uma maneira diferente da opressão da escola

tradicional.

Esse novo modelo de gerenciar a escola tem adequações do mundo empresarial, no

entanto, como profere Vitor Paro, “a escola e a empresa são antagônicas” (1988); não

podemos simplesmente emprestar modelos para serem utilizados; podemos nos inspirar,

tendo o cuidado de não engessar as ações, uma vez que a escola tem movimento, tem gente e

imprevistos.

Este capítulo propõe conversar com episódios diários que na teoria passariam

despercebidos, mas, no cotidiano, podem desviar rumos, influenciar decisões e perder o

foco:

Episódio 1: Implantação do Programa – preparando a escola como espaço físico para

se tornar uma escola do Programa Ensino Integral.

Para atender aos princípios e valores embutidos no modelo pedagógico do Programa,

foram necessárias algumas adequações no prédio escolar, tais como: transformação de uma

sala de aula em laboratório, outra sala de aula em sala de multimeios; instalação da rede

lógica em todas as salas para recebimento de data-show; e fechamento de parte do pátio para

formação do refeitório, com diminuição do espaço para os momentos livres (café e almoço).

Essas alterações foram muito bem-vindas à escola, mas o melhor seria se elas tivessem sido

realizadas antes do início das aulas, e não com os alunos frequentando a escola.

O início das aulas, em 2014, foi tumultuado, alunos chegando e tentando se apropriar

do Programa, e a escola cheia de pessoas estranhas a ela: pedreiro, pintor, eletricista,

engenheiro, fiscal de obra, entre outros. Era barulho de ferramentas, paredes sendo

quebradas, outras construídas, alunos andando, correndo, brincando, brigando. Iniciar um

ano letivo sem espaço, dividindo o ambiente com o pó da obra, o barulho das ferramentas,

leva a escola ao caos. Deste modo, cabe a indagação, como propiciar um ambiente acolhedor

no meio de tanto tumulto? A propósito, não chegou nenhum data-show, e a escola está no

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segundo ano do Programa, isso gera certa frustração nos professores e nos alunos, pois esse

material foi prometido.

Figura 4 - Laboratório de ciências

Fonte: acervo pessoal

Figura 5 - Sala multimeios

Fonte: acervo pessoal

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Figura 6 - Refeitório

Fonte: acervo pessoal.

O modelo do Programa Ensino Integral prevê a instalação de retroprojetores nas

salas de aula e a disponibilização de netbooks para os alunos e professores, no entanto, a

escola está no segundo ano do Programa e, até agora, esse material também não chegou.

Tanto alunos como professores cobram da gestão, que fica de mãos atadas por não ter

governabilidade para resolver essa situação. Durante a divulgação do novo Programa, para

que os alunos se encantassem pela escola em Tempo Integral e nela permanecessem, a

promessa das tecnologias que teríamos acesso foi muito utilizada por professores e gestores.

E agora? O que dizer para os alunos que olham para o quadro-negro a espera das tão faladas

lousas digitais?

Episódio 3: Credenciamento e seleção dos profissionais – Entrevistas.

Todo profissional que deseja atuar no Programa Ensino Integral deve se inscrever

para o processo seletivo, que consiste em uma entrevista realizada por Supervisores de

Ensino e pelo Professor Coordenador de Núcleo Pedagógico (PCNP). A pontuação é

determinada pela entrevista, assiduidade e tempo de magistério. Muito se fala em perfil do

profissional para atuar no Programa, mas na prática nos deparamos com profissionais que

não se despem dos conhecimentos tradicionais para se reinventar dentro dessa nova

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proposta. Será falta de professores? Mas a diferença salarial é muito interessante, afinal,

quem não deseja receber 75% a mais no salário? Quebrar paradigmas, estar comprometido

com o Programa, deixar de lado o velho modelo de aulas expositivas não tem preço. A

diferença salarial não consegue fazer a diferença na prática de algumas pessoas.

Episódio 4: Formação – todos os profissionais passarão por formações específicas

para se apropriarem do Programa.

Quatro dias em um hotel, onde o Diretor e o Professor Coordenador Geral (PCG)

ficaram ouvindo o relato de algumas escolas e orientações de alguns profissionais ligados

diretamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), com a finalidade de

averiguar como o Programa deveria acontecer na prática, seria o suficiente para que uma

escola com 14 professores, 3 gestores, 300 alunos se apropriassem do Programa e das novas

metodologias? A resposta é Não!

Faltou formação para todos os envolvidos no processo de transformar uma escola

regular em uma escola do Programa Ensino Integral. Durante 2014, muitos momentos foram

angustiantes para os profissionais envolvidos, todos se sentindo perdidos, cada um tentando

fazer o seu melhor, cada um atuando pelo que achava ser o Programa, mas todos sem tempo

para estudos (onde está a premissa da formação continuada?). Preenchimento de inúmeros

documentos, uma quantidade enorme de papel com função unicamente burocrática, tais

como o PDCA, o Procedimento Passo a Passo (PPP), o ciclo de acompanhamento para

identificar o grau de maturidade da escola (na escola estamos acostumados com notas),

enfim, ninguém se lembrou de nos explicar o que é o ciclo de acompanhamento nem para

que serve... Novo modelo de gestão, novo modelo pedagógico, esqueça tudo o que você

aprendeu...

Estamos no segundo ano do Programa, algumas coisas ficaram mais claras, mas

outras, ainda estão obscuras.

Episódio 5: “Cada um no seu quadrado”.

Uma das frases muito ouvidas dentro do Programa Ensino Integral é que cada um

tem o seu quadrado para dar conta, mas o que ninguém avisa é que muitas vezes o seu

quadrado depende do quadrado do outro.

É determinado por lei que toda escola tem direito ao Agente de Organização Escolar,

portanto, cabe a esse profissional “[...] desenvolver atividades no âmbito da organização

escolar, relacionadas com a execução de ações envolvendo a secretaria escolar e o

atendimento a alunos e à comunidade escolar em geral, de acordo com as necessidades da

unidade escolar” (Lei Complementar Nº 1.144, de 11-07-2011, Artigo 4º). Também, tem

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direito a um Gerente de Organização Escolar ao qual cabe gerir, no âmbito da organização

escolar, as atividades especificadas no artigo 4º da Lei Complementar Nº 1.144, de 11-07-

2011.

A quantidade de Agentes por escola é definida de acordo com a Resolução SE 62, de

06-07-2012 e, no caso da escola em análise, deveriam ser cinco Agentes para o período

integral e três Agentes para o período noturno. No atual momento, a escola conta com

apenas uma gerente de organização escolar, que trabalha na secretaria atendendo a

comunidade, organizando prontuário de alunos e a vida funcional dos professores. Com a

falta de funcionários, a equipe gestora acaba realizando as atribuições dos Agentes de

Organização Escolar; mas, e quem realiza as funções dos gestores? Vemos, assim, as

atividades se acumulando, o nó apertando...

Episódio 6: Programas do Governo Federal: Onde está o dinheiro?

São muitos os programas de incentivo oferecidos pelo Governo Federal, como Mais

Educação (atividades culturais, esportivas, sociais e pedagógicas no contraturno,

incentivando a Escola Integral), Atleta na Escola, Escolas Sustentáveis, entre outros. Todas

as escolas públicas, cujas autarquias tenham feito adesão ao Programa, podem se inscrever

através do site Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) interativo. Para inscrição,

além dos dados fundamentais da escola, é necessária a elaboração de um projeto, bem como

a pesquisa de preços de materiais.

No caso do Mais Educação, é necessária a busca por monitores que se disponham a

receber R$ 80,00 (oitenta reais) por mês, para monitorar uma turma de 25 alunos, uma vez

por semana, durante uma hora, para desenvolver oficinas artísticas, culturais ou esportivas.

Quando, finalmente, conseguimos encontrar o monitor, o dinheiro não é disponibilizado.

Além do mais, para cada oficina recebe-se a listagem do material que pode ser adquirido.

Todas as prestações de contas são realizadas no GDAE, isso quando o sistema funciona,

muitas vezes a prestação fica atrasada por erro do próprio sistema, mas a gestão deve

justificar o motivo.

No entanto, segundo a Lei de Diretrizes e Bases, em seu Artigo 15: “Os sistemas de

ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram,

progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira

observada as normas gerais de direito financeiro público” (LDB, 1996), mas, como

autonomia, se quando a verba chega na escola, chega o manual especificando o que pode ser

pago com determinada verba, mas, e a necessidade da escola não é considerada?

Episódio 7: Toda agenda deve ser cumprida.

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Cada profissional, dentro do Programa, tem sua agenda, que deveria ser ajustada com

a agenda da escola e da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), no

entanto, a logística de convocações e eventos muitas vezes não coincide. O mesmo

profissional é convocado para estar em duas orientações no mesmo dia. Dentro da agenda

individual dos gestores, há os momentos de alinhamento, de tratar de documentos

administrativos, entretanto, algumas decisões têm exigências imediatas, imprevistos

acontecem o tempo todo, e não se pode esperar o momento previsto na agenda para aquela

situação.

Episódio 8 – Quarta Maluka.

Diante das inúmeras ocorrências de indisciplina, na tentativa de proporcionar

momentos agradáveis que favorecessem a aprendizagem e também despertassem o

pertencimento por parte dos alunos, surgiu a ideia da “Quarta Maluka”. Toda quarta-feira,

após o almoço, os professores organizariam oficinas recreativas, artísticas e culturais, e os

alunos poderiam circular livremente por todas as oficinas, permanecendo em cada uma delas

o tempo que desejassem e inclusive, poderiam escolher não fazer nada. Na primeira semana,

os alunos circularam livremente, desenvolveram atividades, envolveram-se nas oficinas

propostas, cuja experiência, pode-se dizer, foi um sucesso. O único imprevisto foi com a

sala de informática, pois, devido ao grande número de alunos diante de 19 computadores,

houve tumulto, e o professor acabou fechando a sala antes do horário previsto, mas os

alunos dirigiram-se para outras oficinas.

Após reflexão sobre a primeira “Quarta Maluka”, os professores decidiram que para

utilizar a sala de informática o aluno deveria se inscrever, mas o número de inscrições seria

limitado. Em conversa com os líderes de turma, optaram por sortear as classes que poderiam

utilizar a sala de informática, organizando o cronograma até o fim do semestre.

Chegou a segunda “Quarta Maluka”, as oficinas foram organizadas, e somente a sala

de informática tinha lista com os nomes de quem poderia entrar. Aconteceram diversas

oficinas, a de pipa foi um sucesso, muitos alunos querendo entrar, e, em comparação com a

primeira semana, havia mais alunos que não queriam fazer nada. No final do dia, mais uma

reflexão junto aos professores, e foi resolvido que para a oficina de pipa também haveria

inscrições. Agora já eram duas oficinas limitadas, sem permissão de circular.

O objetivo da “Quarta Maluka” era proporcionar momentos de convivência, respeito

e exercício de autonomia e protagonismo, através da liberdade de escolha dos tempos e

espaços, mas foi se perdendo, pois na terceira “Quarta Maluka”, todas as oficinas

selecionaram os alunos que poderiam participar e os demais ficaram circulando pela escola

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sob a responsabilidade da Direção e da Vice-direção. Esse foi o último momento da “Quarta

Maluka”, que perdeu seu sentido devido à necessidade de controle por parte dos adultos.

Apesar de muitas dificuldades, dias de luta, vontade de desistir, não podemos nos

esquecer dos “pequenos nadas”, que nos surpreendem a cada dia. “Pequenos nadas” seriam

ações que acontecem no cotidiano da escola, e por não estarem diretamente relacionados aos

índices de aprendizagem, aos conteúdos curriculares, acabam passando despercebidos.

Contudo, fazem diferença no convívio cotidiano e estão relacionados aos princípios,

premissas e valores do Programa.

Pequenos nada 1: Acolhedores.

Os alunos da própria escola são responsáveis por organizar e executar as atividades e

dinâmicas no início do ano, para apresentar o novo modelo de escola aos alunos que estão

chegando. Em 2014, recebemos os alunos do Ensino Médio da E.E. Jardim Girassol,18

de

Limeira. Em 2015, foram os nossos próprios alunos que realizaram o acolhimento dos

alunos ingressantes. Foram dois dias em fevereiro, nos quais os meninos conseguiram dar

conta dos 75 alunos de 6º, 7º e 8ºs anos ingressantes. Além de se organizarem quanto aos

equipamentos de multimídia, conseguiram dar conta dos alunos que tentaram causar tumulto

e organizaram uma linda culminância, em que puderam apresentar o que foi desenvolvido

nos dois dias.

Pequenos nadas 2: Visita da Equipe da Secretaria da Educação do Estado de São

Paulo (SEE/SP) responsável pelo Programa Ensino Integral (PEI).

Durante a visita realizada na escola pelas representantes da SEE/SP, Paula e

Camila,19

houve um momento de conversa com os líderes de turma e com o presidente de

clube, e a pergunta feita foi: Quais as conquistas e quais os desafios dessa escola? Os

meninos apontaram como maior conquista, os professores que ensinam muito respeito e

educação, e disseram que no período integral estão aprendendo a conviver e a se relacionar

com os demais. E entre os desafios, apontaram situações que dependem do comportamento

deles, tais como: falta de papel higiênico no banheiro, porque jogam o rolo todo no vaso

sanitário; falta de porta no banheiro masculino, porque os próprios alunos quebraram; bem

como a quadra que é aberta à comunidade que a utiliza junto com a escola.

Pequenos nadas 3: São exemplos de alunos que apresentavam comportamentos

agressivos e passaram a respeitar seus colegas, até orientando outros alunos a melhorar o

18

Nome fictício. 19

Optou-se por usar nomes fictícios para preservar a identidade dos sujeitos.

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71

comportamento. São casos de alunos assumindo a responsabilidade por suas atitudes, sejam

de agressão ao colega ou danos causados ao patrimônio público.

Como transformar os “pequenos nadas” em grandes conquistas? Enquanto a escola

dirigir o foco de seu trabalho à formação para o vestibular e para o mercado de trabalho, não

estará formando para a vida nem desenvolvendo, em seus alunos, a solidariedade e

autonomia para torná-los responsáveis por sua formação.

Figura 7: Registro das conversas entre os líderes de turma e a equipe da SEE/SP

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72

Fonte: Acervo pessoal

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73

Os “pequenos nadas” são a ênfase dos valores, das conquistas do cotidiano escolar,

que passam despercebidos por não contemplarem ações específicas delimitadas nos

documentos oficiais. São esses “pequenos nadas” que realmente fazem valer a pena!

4.1 ANÁLISES

Buscando atender ao objetivo de recuperar a trajetória da educação integral em

diferentes tempos e espaços; estudar os diferentes conceitos de educação integral e suas

características práticas, por meio de levantamento bibliográfico e análise de episódios

vivenciados na prática cotidiana, identificando neles, informações relevantes referentes à

Educação Integral e à Escola Integral com suas concepções e diretrizes no decorrer da sua

implantação, incluindo a Escola de Tempo Integral (ETI) e o Programa Ensino Integral

(PEI), ambas propostas da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP),

saliento a pretensão de buscar inspirações nos autores escolhidos como Michel Foucault,

Jorge Larossa, Helena Singer, Vitor Paro e Silvio Gallo para propor ações que possibilitem a

aplicabilidade de uma prática diferente nas escolas e para além delas, sem a opressão da

educação tradicional disciplinadora, para que a educação seja efetivamente integral e de

qualidade, e que o objetivo de formar o jovem autônomo tenha a ver com formar sujeitos

capazes de pensar por si próprios e buscar alternativas objetivando sinalizar formas de fazer

diferente na educação, principalmente quando o tempo de permanência do aluno na escola é

ampliado.

A escola atual justifica parte de seu fracasso nas incapacidades de seus alunos,

produzindo um “pré-conceito”, como se o aluno pudesse ser analisado como uma matéria-

-prima, que será utilizada na produção, mas se esquece de valorizar as potencialidades que

os alunos trazem consigo. Afinal, se a escola é para eles, por que nunca lhes é perguntado

como a escola deve ser? O que eles esperam da escola? Se a gestão da escola é democrática,

por que a gestão do conhecimento não pode ser?

De acordo com Singer (2010), as escolas devem criar ambientes educadores que

valorizem a liberdade e democratizem as relações através dos espaços coletivos de decisões,

abrangendo a comunidade na qual está inserida. O processo de aprendizagem é muito mais

efetivo quando se torna um processo de produção e não de reprodução de conhecimentos.

Portanto, não se pode fazer da escola um mecanismo de opressão disciplinador de corpos e

mentes, nem utilizá-la como mecanismo de controle, fomentando a atitude

autoempreendedora capaz de produzir o “capital humano” exigido pelo sistema. O aluno não

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74

pode ser visto como um produto, que é produzido em série, cada um deve ser respeitado em

sua individualidade.

Pensando nos processos de disciplina descritos por Foucault em “Vigiar e Punir”

(2002), a escola é a que possui a maior abrangência, pois é nela que os indivíduos passam a

maior parte da sua formação. No entanto a disciplina na instituição educacional não se

restringe ao corpo, uma vez que ali, também ocorre a submissão dos conhecimentos à

disciplina institucional, isto é, à escolarização dos saberes. Trata-se de pensar a educação

para além dos muros da escola, ampliando e reinventando os espaços de aprender.

Ao mesmo tempo em que mudanças são anunciadas objetivando minimizar a crise na

educação, transformar a escola em lugar de excelência acadêmica e valorizar os professores,

surgem adversidades, talvez, por falta de planejamento financeiro e de elaboração de ações

concretas, o que impossibilita e inviabiliza o desenvolvimento da tão almejada educação de

qualidade. São tempos em que, muitas vezes, se configuram verdadeiros contratempos.

Se a escola passou por mudanças e não é mais a mesma, os profissionais que nela

atuam, precisam reinventar seu papel para se adequarem ao novo modelo.

Desta forma, é necessário oferecer aos profissionais uma formação que desenvolva a

autonomia e o protagonismo, que os façam refletir sobre sua prática de maneira crítica, para

que possam envolver o educando no processo de aprendizagem, desenvolvendo nele,

também a autonomia, o protagonismo, para que saiba fazer escolhas exercendo a cidadania.

É desejável que as funções individuais transformem-se em funções coletivas para a

mudança da escola, ou seja, para que esse novo modelo realmente se efetive.

Deparamo-nos com documentos norteadores das ações de cada indivíduo dentro do

Programa Ensino Integral, que necessitam do cumprimento de cada uma das competências

ali descritas para serem bem avaliados, pois senão acabam por gerar um stress coletivo e um

adoecimento psíquico. Essa insegurança quanto à manutenção do trabalho acaba, por

diversas vezes, incitando também comportamentos de obediência e de submissão. Encontros

são organizados entre as escolas participantes do Programa com o discurso de troca de

experiências e replicabilidade de boas práticas, mas é justamente nesses momentos que os

profissionais buscam ressaltar os “pequenos nadas”, tão difíceis de serem encontrados no

meio de tanto sofrimento.

Deste modo, ao seguirem modelos prontos, os professores tornam-se cada vez mais

previsíveis e substituíveis e, com isso, desvalorizados. Segundo Veiga-Neto, é dentro dessa

racionalidade liberal que são produzidas as instituições modernas, que passam, por sua vez,

a produzir também o cenário social, numa relação de imanência, ou seja, constituem-se

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75

mutuamente e de forma simultânea, mas não linear e equilibrada; a racionalidade neoliberal

concentra-se muito mais na competição exagerada entre as pessoas e consigo mesmo (2011).

A educação de qualidade é fundamental para a garantia dos direitos humanos e

sociais, portanto, para acontecer educação integral, a escola necessita de articulação com

políticas sociais e outros equipamentos públicos na perspectiva de garantir o sucesso escolar.

A concepção neoliberal que norteia a política do país reverbera nos modos de pensar

a educação, visto que, segundo Veiga-Neto:

Na lógica neoliberal é necessário colocar a educação não como um bem

social com a tutela da sociedade e do Estado, mas sob a tutela do mercado

de competição, de produção exacerbada, de consumo, de compra e de

competição exacerbada. A racionalidade neoliberal pensa que a escola é

necessária, mas que não deve fazer barulho, problematizar, não deve ser

questionadora. Então as escolas devem ser invisíveis, silenciosas, que

façam sua tarefa que é reproduzir, ampliar o neoliberalismo. (2011, p.

12).20

A situação desesperadora enfrentada cotidianamente em nossas escolas é vista como

resultado de uma má gestão, sendo assim, a instituição escola transforma-se em empresa,

seguindo os modelos impostos pelo mercado. O gestor precisa ser controlado, seguir uma

agenda preestabelecida para atingir resultados?

De acordo com Veiga-Neto:

Com o mínimo de investimentos de insumos se obtém um máximo

rendimento da máquina escolar, pouco importando as coisas não

mensuráveis da educação, que são muitas: a formação do caráter, da

consciência política, a consciência do estar no mundo. Isso não interessa,

interessa o que as pessoas podem produzir, as pessoas se transformam

também em mercadorias. Insumo mínimo para o máximo de rendimento. A

eficácia é a máquina em funcionamento. Creio na eficiência, mas não no

sentido economicista. (2011, p. 12).

A racionalidade neoliberal se concentra muito mais na competição exagerada entre as

pessoas e consigo mesmo. Na lógica neoliberal é necessário colocar a educação não como

um bem social, com a tutela da sociedade e do Estado, mas sob a tutela do mercado de

competição, de produção exacerbada, de consumo, de compra e de competição exacerbada.

Para Gentili (2015) o neoliberalismo se apresenta como um complexo processo de

construção hegemônica, como uma estratégia de poder, esse processo se reflete na escola

20

A entrevista é de Sergio Kisielewsky e está publicada no argentino página/12, 14-11-2011. A tradução é do

Cepat.

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76

ocasionando um ambiente de stress, causando a sensação de incompetência nos profissionais

quando metas não são atingidas. Todo esse ambiente leva ao adoecimento dos professores,

que chegam ao limite, desistindo de sua profissão.

Que outras construções podem ser consideradas, quando a sociedade contemporânea

desafia a instituição escolar, atribuindo-lhe múltiplas funções que, em outros tempos e

espaços, não eram de sua responsabilidade e a própria sociedade é desafiada quanto aos

modelos de educação constituídos e adotados até então?

Torna-se necessário conhecer e reconhecer a discursiva do neoliberalismo, para que

se desenvolvam estratégias de luta contra as intensas dinâmicas de exclusão social. Dentro

da visão neoliberal, a crise da educação é fundamentalmente causada pela improdutividade

que caracteriza as práticas pedagógicas e a gestão administrativa, por isso, a tentativa de

trazer para as instituições escolares, modelos de gestão que julgam serem bem-sucedidos nas

grandes incorporações empresariais, não se levando em conta a identidade e, principalmente,

as características da instituição escolar.

Vale lembrar que a escola tem suas especificidades, que são antagônicas às da

empresa, e não basta trazer para seu cotidianos as experiências bem-sucedidas das empresas

na esperança de atingir uma educação de qualidade, essas ações reforçam a ideia da relação

de dominação, ampliando mais os mecanismos de exclusão e discriminação educacional.

De acordo com Gentili:

[...] a grande operação estratégica do neoliberalismo consiste em transferir

a educação da esfera da política para esfera do mercado, questionando

assim seu caráter de direito e reduzindo-a a sua condição de propriedade.

[...] O modelo de homem neoliberal é o cidadão privativado, o

entrepreneur, o consumidor. (2015, p59)

Ao utilizar o conceito específico de qualidade, decorrente das práticas empresariais, a

escola passa ser presa produtiva, nela se produz a “mercadoria” que o mercado deseja,

parafraseando, Vitor Paro (1988), parem de educar para o trabalho!

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77

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho de pesquisa nasce do desejo de compreender a articulação entre o modelo

pedagógico (que apresenta um discurso humanístico) e o modelo de gestão (discurso

empresarial) na implementação do Programa Ensino Integral, em uma escola viva, com seus

conflitos, angústias, dificuldades para adequar as demandas impostas pelo programa à

realidade escolar e fazer a diferença na ampliação do tempo escolar, para que o ensino

integral seja mais do que a ampliação do tempo escolar, para que aconteça a educação

integral.

O Programa Ensino Integral através das disciplinas eletivas oferece a oportunidade

de propiciar aos alunos atividades artísticas, culturais e recreativas, sendo que os docentes

precisam aproveitar essas “brechas” para fazer a diferença, proporcionando aos alunos

momentos de experiências de outras culturas, momentos de aprender a aprender com seu

igual, ou seja, com seu colega. Tanto nas disciplinas eletivas quanto nas aulas de

Protagonismo Juvenil e Projeto de Vida: valores para a vida cidadã, o docente pode ousar e

criar, utilizar diferentes metodologias, explorar o entorno da escola, buscar as

potencialidades existentes na própria comunidade.

Novas abordagens precisam ser aplicadas, o estudante sendo o sujeito e objeto das

ações é possível construir o conhecimento de forma autônoma através da aprendizagem

colaborativa junto aos colegas, inspirando-se nas escolas democráticas, inclusive nas aulas

destinadas ao currículo formal.

Quanto à formação dos docentes, além da formação acadêmica, a formação

continuada é muito importante para que ele esteja sempre refletindo sobre sua prática e

quebrando paradigmas que, muitas vezes, estão enraizados. Essa formação é necessária e

importante que aconteça na escola, levando-se em consideração suas necessidades, suas

angústias e dificuldades.

Não faltam iniciativas que buscam aumentar a carga horária dos alunos, mas

precisam deixar de ser experiências para se tornarem políticas públicas que independam de

partido, que considerem a qualidade da educação e do programa que está sendo

desenvolvido.

Muito mais do que ampliar o tempo e oferecer atividades recreativas ou esportivas,

importa saber como essas atividades são desenvolvidas, qual a intenção por trás desse

aumento do tempo de permanência do aluno na escola, pois, essa ampliação não pode servir

apenas para tirar o menino da rua, ela tem que objetivar a formação do indivíduo, ter o foco

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78

nas vivências e ações que levem à integração e apropriação dos saberes e conhecimentos,

para isso, as ações pedagógicas precisam ser ressignificadas.

Para que o ensino integral caminhe para a educação integral precisa acontecer a

transversalidade dos conteúdos trabalhados de forma mais contactada e dialogada com a

realidade dos alunos, há necessidade de mudança na forma de se pensar e de se fazer

educação, mas, para isso, o decente necessita repensar e ressignificar as práticas pedagógicas

considerando a realidade vivenciada no ambiente escola-comunidade, por meio de uma

formação problematizadora, através de reflexões, assim, a vida dos estudantes precisa estar

na sala de aula e nos lugares de aprender.

Só haverá emancipação se houver formação focada na integralidade, seja do aluno,

seja do docente, não basta esperar que o sistema forme os docentes, cada um deve buscar a

sua formação, e os docentes de uma escola, enquanto grupo, devem solicitar, de acordo com

suas angústias e necessidades, as formações e orientações que julgarem necessárias para

realizar uma educação de qualidade.

A educação integral vai além da instituição escola, sua abrangência é mais ampla,

sendo a escola apenas a referência, articuladora de ações e mediadora de saberes.

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79

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81

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2011.

DOCUMENTOS

BRASIL. Constituição Federal de 1988.

BRASIL. Diretrizes do programa Ensino Integral – SEE/SP.

BRASIL. Lei Complementar 1.164/12.

BRASIL. Lei Complementar 1.191/12.

BRASIL. Lei Complementar 1.144/11.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

BRASIL. Resolução SE 22/2012.

BRASIL. Resolução SE 49/2012.

BRASIL. Resolução SE 62/2012.

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ANEXO A

QUADRO CURRICULAR 2015: ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS

FINAIS – PEI Código CIE: Período: Integral Carga horária anual: 1560 aulas Duração das aulas: 50 minutos

Módulo: 40 semanas

Fu

nd

amen

to L

egal

: R

eso

luçã

o S

E n

º 5

2/2

014

, d

e 0

2/1

0/2

014,

anex

o 1

, su

ban

exo 2

BA

SE

NA

CIO

NA

L C

OM

UM

Áreas do

Conhecimento

Componentes

Curriculares

Ano

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano

Linguagens e

Códigos

Língua

Portuguesa 6 6 6 6

Educação Física 2 2 2 2

Arte 2 2 2 2

Matemática Matemática 6 6 6 5*

Ciências da Natureza Ciências Físicas

e Biológicas 4 4 4 4

Ciências Humanas História 4 4 4 4

Geografia 4 4 4 4

* Se não houver demanda,

acrescentar em matemática.

Ensino

Religioso* 1*

PA

RT

E D

IVE

RS

IFIC

AD

A

TOTAL BASE NACIONAL COMUM 28 28 28 28

Língua Estrangeira Moderna – Inglês 2 2 2 2

Disciplinas Eletivas 2 2 2 2

ATIVIDADES

COMPLEMENTARES

Práticas

Experimentais 0 0 2 2

Orientação de

Estudo 4 4 2 2

Protagonismo

Juvenil 1 1 1 1

Projeto de Vida:

Valores para a

Vida Cidadã

2 2 2 2

TOTAL DA PARTE DIVERSIFICADA 11 11 11 11

TOTAL GERAL DA CARGA

HORÁRIA 39 39 39 39

* Caso não haja demanda para o Ensino Religioso, acrescentar uma aula para Matemática.

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83

ANEXO B

QUADRO CURRICULAR 2015: ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS

FINAIS

Código CIE: Período: Diurno

Carga horária Anual: 1200 aulas Duração das aulas: 50 minutos

Módulo: 40 semanas

Tempo destinado ao intervalo: 20

minutos

Fu

nd

amen

to L

egal

: L

DB

EN

9.3

94/9

6 e

Res

. S

E 8

1, de

16

-12

-20

11

BA

SE

NA

CIO

NA

L C

OM

UM

Componentes Curriculares Ano / Série

Código NOME 6º Ano 7º Ano

8º Ano

9º Ano

8ª Série

1100 Língua Portuguesa 6 6 6 6

1813 Arte 2 2 2 2

1900 Educação Física* 2 2 2 2

2200 História 4 4 4 4

2100 Geografia 4 4 4 4

2700 Matemática 6 6 6 5

2500 Ciências Físicas e Biológicas 4 4 4 4

6400 Ensino Religioso** - - - 1***

PARTE

DIVERSIFICADA 1400

Língua Estrangeira Moderna –

Inglês 2 2 2 2

TOTAL GERAL 30 30 30 30 OBSERVAÇÕES:

* Aulas de Educação Física nos termos da Lei Federal n.º 10.793/03 serão ministradas dentro do horário regular de aulas.

** Ensino Religioso nos termos da Resolução SE 21/2002. *** Ensino Religioso: se não houver demanda, acrescentar 1 (uma) aula para Matemática.

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84

ANEXO C

PROCEDIMENTO PASSO A PASSO: ACOLHIMENTO

Conceito:

O Acolhimento é uma atividade pedagógica pautada nos princípios do Programa

Ensino Integral destinada aos alunos que estão ingressando na escola, sendo planejado e

executado por alunos das escolas e/ou egressos que experimentaram as práticas e vivências

em Protagonismo Juvenil no Programa Ensino Integral.

Objetivo:

Dar as boas-vindas aos novos alunos e, por meio do diálogo estabelecido de jovem

para jovem, introduzir os conceitos e metodologias do Programa Ensino Integral, destinados

tanto à equipe escolar, como aos alunos que ingressam na escola.

As atividades e dinâmicas apresentadas têm o propósito de despertar nos alunos

princípios e valores essenciais para seus processos de formação e para o desenvolvimento de

seus respectivos Projetos de Vida.

Responsáveis:

1 Na escola: O Vice-diretor é o responsável pela orientação e monitoramento da

atividade e organização do material produzido durante a realização do Acolhimento.

2 Na Diretoria de Ensino: O PCNP é responsável pelo apoio logístico e suporte

técnico à realização das atividades;

3 Os Jovens Acolhedores são responsáveis pela elaboração, planejamento e execução

das atividades.

Diretrizes para implantação do acolhimento:

4 Os passos desse procedimento deverão ser concluídos no período que antecede o

início das aulas;

5 O Acolhimento acontecerá também para os alunos que ingressam no decorrer do

ano letivo nas escolas do Programa Ensino Integral;

6 A partir da realização do Acolhimento no início do ano letivo, o Vice-diretor com

indicação dos Jovens Acolhedores, apoiado por toda a equipe escolar, deverá identificar

novos alunos com perfil para Jovem Acolhedor e formá-los para que acolham os alunos que

ingressarem na escola após o início do ano letivo;

7 As interfaces do Acolhimento são o Projeto de Vida, Protagonismo Juvenil e suas

práticas, Tutoria, Eletivas, entre outras;

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8 A atividade três e suas subatividades são específicas para as escolas ingressantes no

Programa Ensino Integral;

9 Os principais indicadores usados para a ação do Acolhimento são o Relatório

Socioeconômico e de Expectativa dos Alunos, e o Relatório do Acolhimento do ano anterior

(caso seja uma escola que já pertença ao Programa);

10 O Diretor, apoiado pelo Vice-diretor, orienta a equipe escolar responsável pela

matrícula, sobre a importância das atividades do Acolhimento para que estes informem aos

pais / responsáveis sobre a ação no ato da matrícula.

Diretrizes do Procedimento Passo a Passo:

1 Todas as atividades e/ou subatividades deverão ser registradas e evidenciadas;

2 A maturidade da escola será definida a partir do cumprimento e conclusão de todas

as atividades e subatividades previstas, devidamente evidenciadas e constatadas.

Acolhimento

0 Não há na escola ações estruturadas referentes ao Acolhimento.

1 Atividade: Informar e orientar a equipe escolar sobre o conceito e a importância do

Acolhimento;

1.1 O Vice-diretor recebe formação 1 sobre a ação do acolhimento e orienta equipe

gestora;

1.2 O Vice-diretor orienta os integrantes da equipe escolar acerca do significado, da

importância e dos desdobramentos do Acolhimento no Programa Ensino Integral;

1.3 O Diretor mobiliza a equipe gestora para o estudo do Protagonismo Juvenil e

suas práticas e instiga a reflexão sobre suas relações com os Valores, Princípios e Premissas

do Programa Ensino Integral;

1.4 O Vice-diretor, com apoio do Diretor e do Professor Coordenador Geral, orienta

a equipe da secretaria escolar – responsável pelas matrículas - para conscientizar os pais de

alunos sobre a importância da participação dos estudantes nas atividades do Acolhimento e

apresenta o cronograma dessa ação.

2 Atividade: Equipe gestora alinha entre si o entendimento das implicações, do

conceito e logística do Acolhimento.

2.1 O Vice-diretor orienta o Diretor e o PCG sobre os desdobramentos, o conceito, a

importância do Acolhimento e sua logística;

2.1.1 Entende-se por formação a participação das equipes nas atividades formativas

nos múltiplos espaços disponíveis: formação nos espaços regionais de formação, na

Diretoria de Ensino, videoaulas, cursos na modalidade EaD, videoconferências. Na escola,

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86

em horas de trabalho pedagógico coletivas (HTPC), horas de trabalho pedagógico de área

(HTPA), hora de trabalho do Projeto de Vida (HTPV), demais espaços formativos e ações

de aprimoramento de cada profissional no Plano Individual de Aprimoramento e Formação

(PIAF);

2.2 O Vice-diretor promove sessão de estudos e discussão acerca dos

desdobramentos, do conceito e da logística do Acolhimento com a Equipe Gestora;

2.3 O Vice-diretor alinha o entendimento da Equipe Gestora acerca dos

desdobramentos, do conceito e da logística do Acolhimento;

2.4 O Vice-diretor alinha o entendimento da Equipe Gestora acerca das relações

existentes entre os desdobramentos do Acolhimento e as Premissas, Princípios e Valores do

Programa Ensino Integral.

3 Atividade: Equipe Gestora faz o planejamento e a logística do Acolhimento.

3.1 O Vice-diretor, com o apoio do PCNP, certifica-se acerca do número de Jovens

Acolhedores advindos de outra unidade escolar que desenvolverão as ações do Acolhimento

em sua escola;

3.2 O Vice-diretor, com o apoio do PCNP, providencia e organiza os materiais e

recursos necessários às dinâmicas da ação do Acolhimento;

3.3 O Vice-diretor, com apoio do Diretor e PCG, inicia o planejamento das ações

concernentes à logística do Acolhimento;

3.4 O PCNP elabora a logística de deslocamento e providencia o transporte dos

Jovens Acolhedores para atender à ação de Acolhimento da escola;

3.5 O Diretor, com apoio do Vice-diretor e PCG, garante a disponibilização da

alimentação e a operacionalização dos trabalhos da equipe escolar durante a semana de

Acolhimento.

4 Atividade: Informar e alinhar com a equipe escolar o conceito, a logística e o

planejamento do Acolhimento.

4.1 O Vice-diretor informa a equipe escolar sobre o conceito, a logística e o

planejamento do Acolhimento;

4.2 O Vice-diretor promove sessão de estudos e discussão acerca do conceito, da

logística e do planejamento do Acolhimento com a equipe escolar;

4.3 O Vice-diretor, apoiado pelo PCNP, Diretor e PCG inicia o planejamento das

ações do Acolhimento;

4.4 O Vice-diretor, com apoio do Diretor, socializa o cronograma do Acolhimento

com a equipe gestora, pais e alunos.

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5 Atividade: A equipe gestora prepara a escola para receber os Jovens Acolhedores e

organiza as primeiras ações para o Acolhimento.

5.1 O Vice-diretor com a equipe gestora prepara a escola para receber os Jovens

Acolhedores;

5.2 O Vice-diretor, com o apoio do PCNP, providencia, organiza e disponibiliza os

materiais e recursos a serem utilizados no Acolhimento;

5.3 O Vice-diretor, com apoio da equipe gestora e dos Jovens Acolhedores, organiza

os espaços da escola para as primeiras ações do Acolhimento;

5.4 Os Jovens Acolhedores providenciam cartazes e faixas de boas-vindas à escola,

para alunos e equipe escolar.

6 Atividade: Os Jovens Acolhedores realizam o Acolhimento para a equipe da escola

enquanto a equipe escolar faz o planejamento.

6.1 Os Jovens Acolhedores, com apoio do Vice-diretor, recepcionam a equipe

gestora, docente e de funcionários;

6.2 O Vice-diretor apresenta as práticas de acolhimento à equipe escolar;

6.3 Os Jovens Acolhedores realizam a ação do Acolhimento com a equipe escolar,

funcionários, professores e equipe gestora;

6.4 O Supervisor de Ensino e PCNP iniciam a ação de planejamento com a equipe

gestora e professores;

6.5 Nas escolas que já estão no Programa Ensino Integral, os Jovens Acolhedores

executam o Acolhimento para as novas turmas.

7 Atividade: Os Jovens Acolhedores realizam o Acolhimento com alunos

ingressantes.

7.1 Os alunos da escola participam da formação inicial sobre Protagonismo Juvenil e

suas práticas nas ações de Acolhimento, ministrada pelos Jovens Acolhedores;

7.2 O cronograma da ação de Acolhimento é realizado conforme demonstram as

tabelas, (vide anexo A);

7.3 Durante a ação de Acolhimento para as escolas ingressantes no Programa, os

Jovens Acolhedores identificam e sugerem uma lista de alunos com perfil e potencial para

criar a equipe de Jovens Acolhedores da escola. Estes serão responsáveis por acolher os

alunos que ingressarem após o início do ano letivo;

7.4 A equipe escolar participa da culminância dos trabalhos realizados na ação de

Acolhimento;

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88

7.5 Os Jovens Acolhedores se reúnem com o Vice-diretor para apresentação da lista

referida na subatividade 7.3;

7.6 Os Jovens Acolhedores, apoiados pelo Vice-diretor, avaliam a ação de

Acolhimento apontando os pontos positivos e de atenção.

8 Atividade: O Vice-diretor recolhe e organiza o material produzido no Varal dos

Sonhos e Atividade da Escada, para as aulas de Projeto de Vida, Protagonismo Juvenil,

Tutoria, Eletivas, entre outras.

8.1 O Vice-diretor recolhe e organiza, em portfólios individuais, o material

produzido pelos alunos na dinâmica Varal dos Sonhos e Atividade da Escada, com objetivo

de subsidiar as aulas de Projeto de Vida, Protagonismo Juvenil, Tutoria, Eletivas e todas as

ações da escola;

8.2 O Vice-diretor, apoiado pelo Diretor e Professor Coordenador Geral, promove e

participa das discussões sobre as produções do Acolhimento e portfólios dos alunos,

relacionadas às práticas de Protagonismo Juvenil e aos Valores, Princípios e Premissas do

Programa Ensino Integral;

8.3 O Vice-diretor, apoiado pelo Diretor e pelo Professor Coordenador Geral, inicia

com os Professores as discussões sobre o entendimento das práticas de Protagonismo

Juvenil, bem como sua relação com os Valores, Princípios e Premissas do Programa Ensino

Integral;

8.4 O Vice-diretor, com apoio do Diretor e do PCG, orienta a equipe escolar sobre a

importância da apropriação e entendimento dos portfólios advindos da ação do Acolhimento

(varal dos sonhos e atividade da escada) e seu papel no trabalho com o Projeto de Vida dos

alunos.

9 Atividade: O Vice-diretor avalia junto com os alunos o que deu certo e os pontos

que precisam ser corrigidos.

9.1 O Vice-diretor, junto com os alunos, discute e reflete sobre os pontos positivos e

os pontos de atenção a serem corrigidos acerca da ação de Acolhimento;

9.2 O Vice-diretor, junto com os alunos, avalia os pontos de atenção a serem

corrigidos na ação do Acolhimento;

9.3 O Vice-diretor, junto com os alunos, decide quais as ações corretivas para os

pontos de atenção;

9.4 O Vice-diretor socializa com a equipe docente as decisões;

9.5 O Vice-diretor inicia as primeiras orientações dos alunos apontados com perfil

para Jovem Acolhedor da escola.

10 Atividade: A equipe gestora compartilha com a escola os pontos de atenção e os

pontos a serem replicados e definem os próximos passos após o Acolhimento.

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10.1 A equipe gestora compartilha com a escola os pontos de atenção e os pontos a

serem replicados;

10.2 O Vice-diretor, com apoio da equipe gestora, define os próximos passos após o

acolhimento;

10.3 O Vice-diretor, com apoio da equipe gestora, monta o grupo de Jovens

Acolhedores da escola e faz a formação destes.

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ANEXO D

PROCEDIMENTO PASSO A PASSO: PROJETO DE VIDA

Definição: Projeto de Vida é um processo de descobertas, potencialidades, limites,

desejos, autoconhecimento e revisão dos valores dos alunos. Propõe uma análise sobre

“quem ele é” e “quem ele gostaria de ser” no futuro; uma reflexão sobre seus sonhos e

planos. O Projeto de Vida pode ser alterado à medida que o aluno amadurece.

Objetivo: Possibilitar que cada adolescente/jovem, no seu percurso escolar, trace

um planejamento para atingir seus objetivos nos estudos e/ou no mundo do trabalho,

estabelecendo roteiros e metas. Este planejamento deve prever ações para curto, médio e

longo prazo.

Responsáveis:

a) O Vice-diretor, com o apoio do Professor Coordenador Geral, é o responsável

pela organização e desenvolvimento das ações na escola;

b) O Professor de Projeto de Vida é o responsável na disciplina.

Diretrizes:

a) Todas as atividades e/ou subatividades deverão ser registradas e evidenciadas;

b) A maturidade da escola será definida a partir do cumprimento e conclusão de

todas as atividades e subatividades previstas, devidamente evidenciadas e constatadas.

Projeto de Vida:

0 – Ainda não há ações estruturadas relacionadas às atividades de Projeto de Vida.

1 Atividade: Iniciar alinhamento do conceito e da importância do Projeto de Vida

para os alunos com toda equipe escolar.

1.1 O Vice-diretor participa da formação1 sobre organização das ações de Projeto

de Vida;

1.2 O Vice-diretor, apoiado pelo Professor Coordenador Geral, inicia alinhamento

sobre o conceito, os principais objetivos do PV com toda a equipe escolar;

1.2.1 Entende-se por formação a participação das equipes nas atividades formativas

nos múltiplos espaços disponíveis: formação nos espaços regionais de formação, na

Diretoria de Ensino, videoaulas, cursos na modalidade EaD, videoconferências. Na escola,

em horas de trabalho pedagógico coletivas (HTPC), horas de trabalho pedagógico de área

(HTPA), hora de trabalho do Projeto de Vida (HTPV), demais espaços formativos e ações

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91

de aprimoramento de cada profissional (PIAF – Plano Individual de Aprimoramento e

Formação).

1.3 A equipe escolar, liderada pelo Vice-diretor e Professor Coordenador Geral,

inicia os estudos dos seguintes documentos: Diretrizes do Programa Ensino Integral,

Cadernos de Projeto de Vida, Valores, Princípios e Premissas do Programa Ensino Integral e

as metas e estratégias contidas no Plano de Ação da Escola discutindo as relações e

alinhando os conceitos.

2 Atividade: Conhecer o que é Acolhimento dos Alunos, seus principais objetivos e

sua interface com Projeto de Vida.

2.1 O Diretor estuda os principais objetivos do Acolhimento e sua interface com

Projeto de Vida;

2.2 O Vice-diretor participa da formação sobre organização das ações de Projeto de

Vida;

2.3 O Vice-diretor alinha os conceitos com toda a equipe escolar;

2.4 O Vice-diretor orienta a equipe sobre a importância da interface do Projeto de

Vida e as produções do Acolhimento.

3 Atividade: Consolidar as produções desenvolvidas nas atividades do Acolhimento

dos Alunos.

3.1 O Vice-diretor recolhe as produções dos alunos ao final do Acolhimento (Varal

dos Sonhos e Atividade da Escada) e organiza-as em portfólios individuais;

3.2 O Vice-diretor sistematiza as informações colhidas no material oriundo das

produções dos alunos no Acolhimento, produz o Relatório do Varal dos Sonhos, Atividade

da Escada e consolida os indicadores e informações relevantes;

3.3 O Professor Coordenador Geral apresenta, na HTPC, o relatório com

indicadores e informações sobre o Varal dos Sonhos e Atividade da Escada dos alunos para

todos os professores;

3.4 O Professor Coordenador Geral discute e alinha o relatório com indicadores e

informações do Varal dos Sonhos e Atividade da Escada dos alunos, na ATPC, com os

professores de Projeto de Vida.

4 Atividade: Reconhecer os aspectos que singularizam a identidade da escola.

4.1 O Professor Coordenador Geral recolhe os questionários: socioeconômico e de

expectativas de pais e de alunos. Sistematiza os dados, produz indicadores, gera informações

relevantes sobre os alunos e suas famílias e elabora o relatório socioeconômico por turma e

da escola;

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92

4.2 O Professor Coordenador Geral alinha e valida com o Vice-diretor e o Diretor o

relatório socioeconômico, por turma e escola;

4.3 O Professor Coordenador Geral cruza os indicadores e informações relevantes

dos relatórios socioeconômicos, Varal dos Sonhos e Atividade da Escada dos alunos, e

produz o relatório conciso de cada turma e da escola;

4.4 O Professor Coordenador Geral socializa com toda equipe escolar o relatório

conciso de cada turma e da escola.

5 Atividade: Preparar início das aulas de Projeto de Vida.

5.1 Os professores de Projeto de Vida participam de formação de Projeto de Vida;

5.2 Os professores de Projeto de Vida estudam os relatórios e definem pontos

relevantes sobre a escola, turmas e alunos;

5.3 Os professores de Projeto de Vida, com apoio do Vice-diretor, de posse dos

relatórios e do portfólio individual dos seus alunos, confrontam as informações com o

material (aulas) de Projeto de Vida e elaboram o planejamento das suas aulas (o que será

feito, quando, como, meta, indicadores e como monitorar);

5.4 O Vice-diretor alinha e valida com o Professor Coordenador Geral o

planejamento das aulas de Projeto de Vida de cada turma;

5.5 Os professores de Projeto de Vida, com apoio do Vice-diretor, identificam no

Plano de Ação da escola as metas e estratégias que podem ser influenciadas pelo trabalho

com Projeto de Vida;

5.6 O Vice-diretor alinha todos os passos acima descritos com o Diretor.

6 Atividade: Registrar as ações nos Programas de Ação.

6.1 Os professores de Projeto de Vida registram as ações e/ou atribuições sobre

Projeto de Vida no seu Programa de Ação e iniciam as atividades previstas no referido

documento;

6.2 O Vice-diretor, com apoio do PCG, valida o Programa de Ação dos professores

de Projeto de Vida no que tange suas ações e atribuições concernentes ao Projeto de Vida;

6.3 Os professores das demais disciplinas registram nos seus Programas de Ação,

suas ações e/ou atribuições que podem contribuir com a construção dos Projetos de Vida dos

alunos e iniciam as atividades previstas;

6.4 Os Professores Coordenadores de Área validam os Programas de Ação dos

professores das demais disciplinas no que concerne ao Projeto de Vida e registram suas

ações e/ou atribuições sobre Projeto de Vida no seu Programa de Ação;

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93

6.5 O Professor Coordenador Geral valida os Programas de Ação dos Professores

Coordenadores de Área no que concerne ao Projeto de Vida;

6.6 O Professor Coordenador Geral registra suas ações e/ou atribuições sobre

Projeto de Vida no seu Programa de Ação e inicia as atividades previstas no referido

documento;

6.7 O Vice-diretor registra suas ações e/ou atribuições sobre Projeto de Vida no seu

Programa de Ação e inicia as atividades previstas no referido documento;

6.8 O Vice-diretor alinha com o Professor Coordenador Geral as ações registradas

em seus Programas de Ação concernentes ao Projeto de Vida;

6.9 O Diretor valida os instrumentos de gestão supramencionados e registra suas

ações e/ou atribuições sobre Projeto de Vida no seu Programa de Ação.

7 Atividade: Iniciar e monitorar aulas de Projeto de Vida.

7.1 Os professores de Projeto de Vida, com apoio do Vice-diretor, retomam e

estudam o relatório sistematizado das produções do Acolhimento e planejam suas aulas;

7.2 Os professores de Projeto de Vida iniciam suas aulas, a partir das quais

identificam e registram pontos relevantes (boas práticas e pontos de atenção) constatados na

relação professor e aluno;

7.3 Os professores de Projeto de Vida, em ATPV, discutem, alinham, compartilham

entre si os pontos de atenção e boas práticas, com a finalidade de propor ações corretivas;

7.4 O Vice-diretor com os professores de Projeto de Vida, em ATPV, alinha e

valida com as propostas definidas no item 7.2 para monitoramento das ações;

7.5 O Vice-diretor alinha com o Professor Coordenador Geral e o Diretor as

propostas definidas no item 7.3 para monitoramento das ações;

7.6 O Vice-diretor, com apoio do Professor Coordenador Geral, elabora relatório

sintético considerando os principais aspectos e pontos de interesse presentes no Projeto de

Vida dos alunos;

7.7 O Professor Coordenador Geral socializa, com os professores em ATPV, o

relatório supracitado para subsidiar e orientar o planejamento das aulas de Projeto de Vida e

oferecer elementos de estudo para as outras disciplinas, parte diversificada e Base Nacional

Comum.

8 Atividade: Analisar a influência das aulas de Projeto de Vida nas disciplinas do

Currículo Comum e disciplinas da Parte Diversificada; e vice-versa.

8.1 O Professor Coordenador Geral analisa os indicadores das disciplinas da Base

Nacional Comum, da Parte Diversificada e a Síntese da Análise do Projeto de Vida – passo

7.6;

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94

8.2 O Professor Coordenador Geral, no que concerne ao Projeto de Vida, identifica

e registra as similaridades e divergências existentes na escola, nas disciplinas e entre elas,

nas turmas e, quando possível e/ou necessário, por aluno com apoio do seu professor de

Projeto de Vida e/ou do seu Tutor;

8.3 O Professor Coordenador Geral, com apoio do Vice-diretor, alinha e valida com

TODOS os professores de Projeto de Vida as similaridades e divergências existentes na

escola, nas disciplinas e entre elas, nas turmas e, quando possível e/ou necessário, por aluno,

com apoio do seu professor de Projeto de Vida e/ou do seu Tutor;

8.4 Professores de Projeto de Vida, com apoio do Vice-diretor e Professor

Coordenador Geral, definem, alinham e validam as ações (o que será feito, quando, como,

metas, indicadores e como monitorar) para superar os pontos de atenção e/ou replicar as

boas práticas nas suas aulas de Projeto de Vida;

8.5 O Professor Coordenador Geral com apoio do Vice-diretor alinha com TODOS

os professores as ações previstas no item 8.4, os quais definem as proposições para a

superação dos pontos de atenção;

8.6 O Professor Coordenador Geral, com apoio do Vice-diretor, alinha com

TODOS os Tutores as similaridades e divergências definidas no item 8.3 e, de posse desse

cenário, propõe os encaminhamentos necessários;

8.7 A partir do cenário referido no item 8.6, os Tutores deliberam

encaminhamentos exclusivos para cada Tutorado sob sua responsabilidade, com o propósito

de contribuir para a melhora da aprendizagem nas diferentes disciplinas e desenvolvimento

de Projetos de Vida.

9 Atividade: Analisar resultados das atividades de Projeto de Vida.

9.1 As atividades desenvolvidas nas aulas de Projeto de Vida favorecem a

aprendizagem nas diferentes disciplinas e a consolidação do Projeto de Vida dos alunos,

bem como geram indicadores positivos de resultado e processo;

9.2 Aulas de Projeto de Vida geram resultados positivos e são evidenciados nos

indicadores das disciplinas da Base Nacional Comum, das disciplinas da Parte Diversificada

e nas atividades de Protagonismo Juvenil - para a escola, por série, por turma e por aluno;

9.3 O Diretor, por meio do monitoramento sistemático e regular das ações e

estratégias do Plano de Ação da escola, analisa os indicadores e resultados de Projeto de

Vida em associação com as prioridades, metas e demais indicadores do instrumento em

questão.

10 Atividade: Aplicar o PDCA.

10.1 O Vice-diretor, com apoio do Diretor, define os responsáveis pelo PDCA do

Projeto de Vida na escola, nas áreas de conhecimento e nas disciplinas. A equipe escolar

compreende a lógica do PDCA aplicada à prática subjacente a cada atividade prevista;

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95

10.2 O Vice-diretor, com base nas análises empreendidas por meio das ações de

monitoramento, identifica as metas não atingidas e suas possíveis causas com vistas à

proposição de ações corretivas discutidas com a equipe escolar;

10.3 O Vice-diretor promove discussões sobre as boas práticas resultantes dos

trabalhos atinentes ao Projeto de Vida, compartilha-as com a equipe escolar e juntos

asseguram a replicabilidade das ações com vistas a fomentar os ciclos vindouros do PDCA.

OBS.: Cada ciclo do PDCA retroalimenta o próximo.

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96

ANEXO E

PROCEDIMENTO PASSO A PASSO: TUTORIA

Definição: a Tutoria é uma das metodologias do Programa que tem como finalidade

atender os alunos nas suas diferentes necessidades e expectativas, visando de modo

integrado coordenar todas as demais metodologias desenvolvidas na escola. Sendo assim, o

tutor deverá conhecer e ter acesso a todas as informações sobre o aluno: seu Projeto de

Vida e os resultados do seu desempenho acadêmico. Mesmo transitando no âmbito pessoal,

social e profissional – no Ensino Médio - o foco do trabalho do tutor é acadêmico.

Objetivo: Promover o alcance do sucesso escolar dos alunos (excelência acadêmica)

e a realização do seu Projeto de Vida.

Responsáveis:

a) O Vice-diretor, com o apoio do Professor Coordenador Geral, é o responsável pela

organização, desenvolvimento e monitoramento das ações na escola;

b) Todos os educadores são responsáveis pela ação tutorial na escola;

c) Lembrar que o número de orientandos para cada educador deve ser equilibrado.

Diretrizes:

a) Todas as atividades e/ou subatividades deverão ser registradas e evidenciadas;

b) A maturidade da escola será definida a partir do cumprimento e conclusão de

todas as atividades e subatividades previstas, devidamente evidenciadas e constatadas.

Tutoria

0 Ainda não há ações estruturadas relacionadas às atividades de Projeto de Vida.

1 Atividade: Estudar, analisar e entender o papel da Tutoria na escola (equipe

gestora, professores e funcionários).

1.1 A equipe gestora participa de formação21

sobre a ação tutorial na escola.

21

Entende-se por formação a participação das equipes nas atividades formativas nos múltiplos espaços

disponíveis: formação nos polos, na Diretoria de Ensino, videoaulas, cursos na modalidade EaD,

videoconferências. Na escola, em horas de trabalho pedagógico coletivo (HTPC), horas de trabalho pedagógico

de área (HTPA), hora de trabalho do Projeto de Vida (HTPV), demais espaços formativos e ações de

aprimoramento de cada profissional (PIAF – Plano Individual de Aprimoramento e Formação).

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97

1.2 A equipe gestora alinha os conceitos sobre a ação tutorial na escola visando o

alcance dos resultados do Plano de Ação.

1.3 O Professor Coordenador Geral, com o apoio do Vice-diretor e do Diretor,

organiza a formação sobre a ação tutorial para os educadores da escola.

2 Atividade: Entender o papel da Tutoria na escola (alunos e famílias).

2.1 O Vice-diretor, com o apoio do Diretor, dos Líderes de Turma, organiza a

formação sobre a ação tutorial para os alunos e famílias.

2.2 O Vice-diretor, com o apoio do Diretor, Professor Coordenador Geral, alinha a

formação sobre a ação tutorial para os alunos e famílias com os professores.

2.3 O Vice-diretor, com o apoio do Diretor, realiza a formação sobre a ação tutorial e

seus objetivos com os Líderes de Turma da escola.

2.4 O Vice-diretor, com o apoio do Diretor e dos Líderes de Turma, divulga para as

famílias os objetivos das ações de Tutoria organizadas na escola.

3 Atividade: Estabelecer critérios para a escolha dos tutores pelos alunos.

3.1 O Diretor e o Vice-diretor, com o apoio do Professor Coordenador Geral,

organizam uma reunião com os Líderes de Turma para solicitar sugestões dos seus

liderados para a criação dos critérios de escolha dos seus tutores.

3.2 O Diretor e o Vice-diretor, com o apoio do Professor Coordenador Geral,

organizam uma reunião com os Líderes de Turma para discutir e organizar os critérios

sugeridos pelos liderados para a escolha dos seus tutores.

3.3 O Diretor e o Vice-diretor, com o apoio do Professor Coordenador Geral,

organizam uma reunião com os Líderes de Turma para definir e compilar as sugestões dos

alunos para a criação dos critérios da escolha dos tutores.

3.4 O Vice-diretor divulga os critérios da escolha dos tutores para todos os alunos.

4 Atividade: Organizar a escolha dos Tutores pelos alunos.

4.1 O Vice-diretor e os Líderes de Turma, com o apoio do Diretor e do Professor

Coordenador Geral, organizam a ação de escolha dos tutores e registram na agenda da

escola e suas agendas pessoais.

4.2 Os Líderes de Turma, com o apoio do Diretor, do Vice-diretor e do Professor

Coordenador Geral realizam a ação para a escolha dos tutores pelos alunos.

4.3 Os Líderes de Turma, com o apoio do Diretor, do Vice-diretor e do Professor

Coordenador Geral sistematizam os resultados da escolha dos tutores pelos alunos.

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4.4 O Vice-diretor e os Líderes de Turma, com o apoio do Diretor e do Professor

Coordenador Geral, divulgam para os professores o resultado da escolha dos tutores

realizada pelos alunos.

5 Atividade: Conhecer o Projeto de Vida e desempenho acadêmico dos orientandos.

(Tutores orientados pelo Vice-diretor).

5.1 O Vice-diretor alinha com o Professor Coordenador Geral quais as informações

mais relevantes do Projeto de Vida dos alunos serão divulgadas para os respectivos tutores.

5.2 O Vice-diretor, com o apoio do Professor Coordenador Geral, divulga as

informações sobre o Projeto de Vida dos alunos para os seus respectivos tutores.

5.3 O Professor Coordenador Geral, com o apoio do Vice-diretor, divulga os

indicadores do desempenho acadêmico dos alunos para os seus respectivos tutores.

6 Atividade: Definir o Plano de Atividades e cronograma da Tutoria na escola.

6.1 A equipe escolar, liderada pelo Vice-diretor, cria uma ficha de acompanhamento

das sessões de Tutoria.

6.2 O Vice-diretor, com apoio do Professor Coordenador Geral, a partir dos

indicadores do Projeto de Vida e desempenho acadêmico dos alunos, orienta os tutores

para a elaboração do seu cronograma para garantir o acompanhamento regular e

sistemático de Tutoria.

6.3 Cada tutor elabora seu cronograma de acompanhamento dos seus orientandos e

entrega para o Vice-diretor.

6.4 O Vice-diretor valida o cronograma dos tutores com o Diretor e o Professor

Coordenador Geral e insere na agenda da escola e nas agendas pessoais.

6.5 O Vice-diretor, com o apoio do Diretor, PCG e Líderes de Turma divulga o

cronograma validado para a escola e as famílias.

7 Atividade: Realizar as sessões individuais de tutoria e seus registros.

7.1 Os tutores iniciam as sessões de Tutoria, conforme previsto no cronograma.

7.2 Os tutores registram na ficha de acompanhamento as principais informações

sobre a sessão de Tutoria (inclusive com o tipo de acompanhamento: para o EF –

acadêmico e pessoal; para o EM – acadêmico, pessoal ou profissional) e entregam para o

Vice-diretor.

7.3 O Vice-diretor organiza os registros das sessões de Tutoria recebidas e arquiva na

pasta / portfólio do aluno.

8 Realizar reuniões sistemáticas para socialização das sessões de tutoria.

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8.1 O Vice-diretor realiza reunião individual com os tutores para monitoramento /

orientação da ação de tutoria.

8.2 O Vice-diretor socializa com o Diretor e o Professor Coordenador Geral as

informações gerais das sessões de tutoria.

8.2.1 Entende-se por “Validação” o consenso estabelecido entre a equipe sobre um

assunto em pauta posterior ao alinhamento.

8.3 O Professor Coordenador Geral, com o apoio do Vice-diretor, em HTPC,

promove a socialização com a equipe escolar dos resultados das sessões de tutoria e avalia

os impactos da ação no desempenho dos alunos em sala de aula.

9 Criar indicadores de resultados de tutoria.

9.1 O Vice-diretor com apoio do Coordenador Geral e do Diretor cria indicadores

sobre o impacto da tutoria na aprendizagem dos alunos.

9.2 O Vice-diretor com o apoio do Coordenador Geral socializa os resultados dos

indicadores com os professores tutores.

9.3 O Vice-diretor alinha com os tutores e com o Professor Coordenador Geral

formas de intervenção nas ações de tutoria a partir dos indicadores.

10 Aplicar o “A” do PDCA

10.1 O Vice-diretor, com o apoio do Professor Coordenador Geral e do Diretor, é

responsável pela aplicação da lógica do PDCA na revisão das ações.

10.2 Os pontos de atenção são identificados e compartilhados entre todos os

educadores.

10.3 As boas práticas são identificadas e replicadas.

10.4 O Vice-diretor, com o apoio do Professor Coordenador Geral e do Diretor, é

responsável pelo monitoramento das metas não atingidas e revisão das ações, após a

identificação dos pontos de atenção e das boas práticas.

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ANEXO F

Turmas Alunos Turmas Alunos Turmas Alunos Turmas Alunos Turmas Alunos

8 269 2 64 2 65 2 72 2 68

Turmas Alunos Turmas Alunos Turmas Alunos Turmas Alunos Turmas Alunos

9 268 4 137 3 94 2 37 17 537

Para professor, considerando o total de 32 aulas da jornada de 48 aulas (40 horas)

Média de 24

Total de 2

Média de 2

Média de 4

Para o PCA, em sua jornada docente, considerando o total de 24 aulas da jornada de 48 aulas (40 horas)

Média de 12

Total de 2

Média de 0

Média de 2

Carga

horária

semanal

(CHS)

Prática

s de

ciências

/ exp.

PCA Nº prof. Carga horária

média (BNC)

95 -

34 -

34 - 0 2 17

34 - 0 2 17

197 1 10 21

Ciências da natureza 32 8

95 22

Física 22 14

Química 21 14

Biologia 20 14

190 72 1 11 25

50 -

50 -

18 -

18 -

136 1 6 25

No total entre as áreas

são necessários 27

o que resulta na média de 23 aulas de disciplinas da BNC. Considerando o total de 595

aulas, sobram 119 aulas na jornada dos professores (considerando até 28 aulas).

Disciplinas eletivas 34

Orientação de estudos 50

Protagonismo Juvenil 8

Projeto de vida 30

Preparação Acadêmica 14

Mundo do trabalho 4

As disciplinas da parte diversificada/atividades complementares totalizam 140 aulas.

25 0

Linguagens e códigos 10

Ciências da natureza e matemática 11

Ciências humanas 6

Professor adicional (na área de preferência) 1

Para o total de 735 aulas das disciplinas da BNC e parte diversificada/atividades complementares(já considerando o número dobrado de aulas de laboratório em função da necessidade de dividir as turmas)

a quantidade de 28 professores resulta numa carga horária média de 28 aulas

por professor. As aulas excedentes nas jornadas totalizam 113, resultando em 4,0 aulas por

professor, em média - equivalente a 3,5 professores adicionais na escola (considerando a carga horária de 32 aulas).

Ciências da Natureza e

Matemática

Ciências Humanas

(3) Total de professores

28

Planilha de referência para definição do módulo de professores

1

Parte diversificada +

atividades

complementares

Professor adicional (na área de preferência) >> 1

Área(s) recomendada(s) >>(com maior carga horária média)

Geografia

Filosofia

Sociologia

Total da área

professores para atuar nas disciplinas da BNC

(2.2) Contemplando a parte diversificada e atividades complementares

25

Matemática

Total da área

Ciências humanas História 1 6 25

Ciências da natureza e

matemática

(+ práticas)

1 11

Inglês

Educação Física

Arte

Total da área

23Linguagens e códigos Língua Portuguesa 6

aulas em disciplinas eletivas.

aulas em outras atividades complementares da parte diversificada.

sem aulas atribuídas, à disposição da escola para substituição de aulas, tutoria,

entre outras atividades que se jugarem necessárias.

(2.1) Base Nacional Comum (+ práticas de ciências/experimentais)

Área Disciplinas da BNC

aulas em disciplinas da Base Nacional Comum - incluindo as aulas de práticas de

ciências/experimentais para os professores da área de ciências da natureza e

matemática (mínimo de 10 aulas);

Ensino Médio 1ª série 2ª série 3ª série Total

(2) Parâmetros para cálculo do módulo

aulas em disciplinas da Base Nacional Comum - incluindo as aulas de práticas de

ciências/experimentais para os professores da área de ciências da natureza e

matemática (mínimo de 20 aulas) - 26 aulas para Educação Física e Arte;

aulas em disciplinas eletivas.

aulas em outras atividades complementares da parte diversificada.

sem aulas atribuídas, à disposição da escola para substituição de aulas, tutoria,

entre outras atividades que se jugarem necessárias.

(1) Preencher as informações de número de turmas e de alunos (células amarelas)

Ensino Fundamental 5ª série/6º ano 6ª série/7º ano 7ª série/8º ano 8ª série/9º ano