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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO DO PARANÁ – FAE PROGRAMA DE MESTRADO EM ORGANIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO ESTUDO DO ENTENDIMENTO SOBRE MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM A COMUNIDADE DA BACIA DO RIO VERDE, NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA CURITIBA 2009

CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO DO PARANÁ – FAE …servant. However, the quality of its waters has raised concerns on the part of local ... a-embroidered several issues on public

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO DO PARANÁ – FAE PROGRAMA DE MESTRADO EM ORGANIZAÇÃO DE

POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO

ESTUDO DO ENTENDIMENTO SOBRE MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM A COMUNIDADE DA BACIA DO RIO VERDE,

NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

CURITIBA 2009

EDSON JOSÉ DA SILVA

ESTUDO DO ENTENDIMENTO SOBRE MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM A COMUNIDADE DA BACIA DO RIO VERDE,

NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em organizações e de desenvolvi-mento na linha de Políticas Públicas e Desenvol-vimento – Mestrado do Centro Universitário Franciscano do Paraná - FAE. Orientador: Prof. Dr. Nilson Cesar Fraga

CURITIBA 2009

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RESUMO

O Rio Verde banha parte do estado do Paraná e apresenta grande potencial de re-serva hídrica. Contudo, a qualidade de suas águas vem despertando preocupações por parte da sociedade local em razão de que o mesmo recebe esgotos sanitários e efluentes industriais e fertilizantes provenientes da agricultura. A eutrofização da ba-cia do Rio Verde requer ações de intervenção na busca do reequilíbrio da bacia e seu entorno. Neste sentido, o objetivo desta dissertação foi o de desenvolver um estudo que visa caracterizar o olhar da população da bacia do Rio Verde sobre o meio ambiente em que vivem e qual o conhecimento da população em relação à e-ducação ambiental. Para alcançar esse objetivo, num primeiro momento, foram a-bordados diversos assuntos sobre as políticas públicas e desenvolvimento sustentá-vel através de um histórico sobre o modelo de desenvolvimento econômico e sua relação com o meio ambiente. Na sequência, foram abordados os principais desafios da educação ambiental na atualidade e definidos alguns subsídios para a elabora-ção de um programa de educação ambiental. Foram conhecidos os principais aspec-tos da Bacia do Rio Verde, abrangendo dados geográficos, ocupação humana e pressão metropolitana dos municípios cortados pelo Rio Verde como: Araucária, Campo Largo e Campo Magro. A partir desses conhecimentos foi apurada a educa-ção ambiental percebida na região, através de uma pesquisa junto à comunidade da Bacia do Rio Verde, abrangendo cem pessoas. Nas considerações finais, faz-se um retrospecto de toda a dissertação, abrindo espaço para futuras pesquisas sobre o tema.

Palavras-chave: Araucária; bacia do Rio Verde; Campo Largo; Campo Magro; Edu-cação Ambiental; oficinas; pesquisas.

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ABSTRACT

Rio Verde borders part of the state of Paraná and has great potential for water re-servant. However, the quality of its waters has raised concerns on the part of local society because of which he receives sewage and industrial effluents and fertilizers from agriculture. The eutrophication of the ba-law of Rio Verde requires intervention actions in pursuit of restoring the river and its surroundings. In this sense, the objec-tive of this thesis was to develop a study to characterize the people's view of the Green River basin on the environment in which they live and what knowledge of the population in relation to e-education environment. To achieve this goal, at first, were a-embroidered several issues on public policy development and sustainable way through a history on the model of economic development and its relationship with the environment. Further, dealt with the main challenges of environmental education to-day and set some allowances for draw-ing of an environmental education program. They have been known the main aspects of the Green River Basin, covering geo-graphical, human occupation and pressure of metropolitan cities cut by the Rio Verde and Araucaria, and Campo Largo Campo Magro. From this knowledge was deter-mined to environmental education among perceived in the region through a survey of the community of Green River Basin, covering one hundred people. In closing re-marks, it is a retrospect of the entire dissertation, paving the way for future research on the subject. Keywords: Araucaria; Green River basin, Campo

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................ ii ABSTRACT ........................................................................................................ iii INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 1 MEIO AMBIENTE, POLITICAS PUBLICAS, DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL..................................................................................... 6 1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.................. 6 1.1.1 O Modelo de Desenvolvimento Econômico Brasileiro e sua Relação com o Meio Ambiente.......................................................................................... 6 1.1.2 Os Problemas Ambientais no Brasil e a Busca de Soluções....................... 12 1.1.3 A Sustentabilidade no Desenvolvimento e nas Políticas Públicas............... 14 1.1.4 As Políticas Públicas em Relação ao Desenvolvimento Sustentável........... 20 1.2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO TEÓRICO PRÁTICO.............. 21 1.2.1 Princípios e Objetivos Norteadores da Educação Ambiental....................... 21 1.2.2 Desafios da Educação Ambiental................................................................. 30 1.2.3 Formação de um Programa de Educação Ambiental................................... 31 2 A BACIA DO RIO VERDE NO CONJUNTO METROPOLITANO .................... 36 2.1 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO HUMANA NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA ........................................ ..................................................... 36 2.2 ASPECTOS GEOGRÁFICOS DOS MUNICÍPIOS DA BACIA DO RIO VERDE ........................................ ............................................................... 39 2.3 ASPECTOS DA OCUPAÇÃO HUMANA REGIONAL.................................. 41 2.3.1 Município de Campo Largo ....................................................................... 41 2.3.2 Município de Araucária ............................................................................. 44 2.3.3 Município de Campo Magro ..................................................................... 46 2.4 A BACIA DO VERDE E A PRESSÃO METROPOLITANA.......................... 47 3 O RIO VERDE E O MEIO AMBIENTE PERCEBIDO .........................................56 3.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PERCEBIDA ................................................... 59 3.1.1 Considerações sobre os Olhares e Pareceres dos Cidadãos.................... 78 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 79 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 81 ANEXO – QUESTIONÁRIO ................................................................................ 87

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Pretensões da Educação Ambiental .................................................. 27 Figura 2: Objetivos de um Programa de Educação Ambiental........................... 32 Figura 3: Vista de área de ocupação consolidada na Bacia do Rio Verde......... 48 Figura 4: Vista de ocupação irregular em fundo de vale da bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde............................................................. 48 Figura 5: Vista de ocupação irregular contígua a loteamento aprovado na bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde............................... 49 Figura 6: Vista de condições de falta de infraestrutura de saneamento básico na bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde.......................... 50 Figura 7: Vista de indústria locada próxima a curso d’água na bacia contribuin- te do Reservatório do Rio Verde......................................................... 51 Figura 8: Vista de cemitério na bacia contribuinte do Reservatório do Rio Ver- de........................................................................................................ 51 Figura 9: Vista de área com uso intensivo de agrotóxicos na bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde............................................................. 52 Figura 10:Áreas de Preservação Permanente Invadidas em Campo Magro...... 53 Figura 11: Ocupação desordenada em Campo Magro........................................ 53

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Vilões da poluição............................................................................ 61 Gráfico 2: O que é educação ambiental........................................................... 63 Gráfico 3: Existência de Programa de Educação Ambiental............................ 64 Gráfico 4: Programa de Educação Ambiental voltado para................................ 65 Gráfico 5: Participação em programa de Educação Ambiental.......................... 67 Gráfico 6: Causas da poluição da Bacia do Rio Verde....................................... 68 Gráfico 7: Sugestões para a preservação da Bacia do Rio Verde...................... 70 Gráfico 8: Interesse em Programa de Conscientização Ambiental..................... 71 Gráfico 9: Instalação de área de proteção ambiental no Rio Verde................... 72 Gráfico 10: Opinião sobre a adoção de um Programa de Educação Ambiental nas escolas da região ..................................................................... 73 Gráfico 11: Poluição do Rio Verde pelas indústrias............................................. 74 Gráfico 12: Destinação dos lixos domésticos....................................................... 75 Gráfico 13: Conhecimento da lei de preservação do meio ambiente................... 76 Gráfico 14: Soluções para a crise ambiental na atualidade................................. 77

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Parâmetros de uso do solo na UTP de Campo Magro........................ 43 Tabela 2: Vilões da poluição............................................................................... 61 Tabela 3: O que é educação ambiental.............................................................. 62 Tabela 4: Existência de programa de educação ambiental................................. 64 Tabela 5: Programa de educação ambiental voltado para.................................. 65 Tabela 6: Participação em Programa de Educação Ambiental........................... 66 Tabela 7: Causas da poluição da Bacia do Rio Verde........................................ 68 Tabela 8: Sugestões para a preservação da Bacia do Rio Verde...................... 69 Tabela 9: Interesse em Programa de Conscientização Ambiental...................... 71 Tabela 10: Instalação de área de proteção ambiental no Rio Verde................... 72 Tabela 11: Opinião sobre a adoção de um Programa de Educação Ambiental nas escolas da região ..................................................................... 73 Tabela 12: Poluição do Rio Verde pelas indústrias............................................. 74 Tabela 13: Destinação dos lixos domésticos....................................................... 75 Tabela 14: Conhecimento da lei de preservação do meio ambiente................... 76 Tabela 15: Soluções para a crise ambiental na atualidade................................. 77

1

INTRODUÇÃO

Quando se pensa nas questões socioambientais e suas correlações com a

perenidade da vida no planeta Terra, não se pode pensá-las separadamente, pois,

tanto o homem quanto os ecossistemas, formalizam uma relação de dependência

em que o homem acaba sendo o produto e produtor dessa relação, em um entrela-

çamento que se ordena, se desordena e se organiza continuamente numa perspec-

tiva de sustentabilidade. Isso se configura em diversas realidades, das grandes ci-

dades aos vilarejos, assim como no meio rural. Nesses espaços a humanidade vem

assumindo comportamentos de construtor e destruidor da sua própria espécie e do

planeta. Dessa forma, urge a necessidade de reeducação do homem para a pereni-

dade da Terra. Inúmeras ações vêm sendo desencadeadas, em diversos contextos

planetários. O estado do Paraná, em especial a Região Metropolitana de Curitiba –

RMC constitui-se em ambiente que necessita de empreendimentos que a auxiliem

na re-edificação de sua sustentabilidade.

Esta região, privilegiada por estar contida na bacia hidrográfica do Paraná,

situa-se próxima às cabeceiras do Rio Iguaçu, afluente do Rio Paraná, na Serra do

Mar, e tem neste manancial, sua principal fonte de abastecimento. Os estudos indi-

cam, porém, que a RMC apresenta uma restrição da disponibilidade de água na na-

tureza para atender a demanda requerida hoje e no futuro.

Afluente do rio Iguaçu, o Rio Verde é um rio que banha parte do estado do

Paraná e apresenta grande potencial de reserva hídrica para suprir a demanda da

região. A qualidade de suas águas, contudo, vem despertando preocupações por

parte das diversas representações empresariais, acadêmicas e do poder público.

São muitos os viventes da bacia do Rio Verde, bem como nos arredores do

reservatório de água construído pela Petrobrás. Dos microrganismos aos seres hu-

manos, todos se constituem como sujeitos e como objetos da degradação ambiental

que se faz em curso.

Este reservatório encontra-se bastante suscetível a eutrofização1, processo

que é desencadeado pela floração de algas que, por sua vez, tem na presença de

nutrientes, como o nitrogênio e fósforo seus fatores determinantes. As principais fon-

1 Processo pelo qual um corpo de água adquire níveis altos de nutrientes especialmente fosfatos e

nitratos, provocando o posterior acúmulo de matéria orgânica em decomposição (DIAS, 2006).

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tes antrópicas destes nutrientes são os esgotos sanitários, efluentes industriais, dre-

nagem urbanas e fertilizantes provenientes da agricultura.

Esta situação gerada pelas transformações socioeconômicas globais afeta

realidades locais e faz emergir problemas que impactam diretamente o meio ambien-

te. A eutrofização da bacia do Rio Verde, dessa forma, constitui uma dessas emer-

gências e requer diferentes ações de intervenção na busca do reequilíbrio da bacia e

seu entorno.

Assim, a questão socioambiental do Rio Verde exige ações cuidadosas para

evitar a entrada dos nutrientes que deflagram a floração das algas, restringindo o

uso e ocupação desta bacia hidrográfica, por meio de ações emanadas de organiza-

ções públicas, privadas e da sociedade civil organizada.

Entende-se, portanto, que há um complexo tecido social constituído no en-

torno da bacia do Rio Verde, com suas particularidades, singularidades e histórias

vividas. Há de haver, contudo, um recorte deste tecido que, pela via da educação

ambiental altere tal quadro. Cabe desenvolver, desta forma, estudo voltado para a

possibilidade de reeducação ambiental da comunidade do Rio Verde.

Esta pesquisa busca entender a importância da educação ambiental envol-

vendo produtores rurais e suas famílias, escolas, equipes gestoras das escolas,

conselhos gestores e representantes públicos, com vistas a perceber o olhar da po-

pulação da bacia do rio Verde sobre o meio ambiente vivido e a questão da educa-

ção ambiental, também para eles.

O poder público, representado pelas secretarias municipais de educação, da

agricultura e do meio ambiente, dos municípios de Araucária, Campo Largo e Cam-

po Magro, constitui-se, assim, um ator social estratégico para contribuir com a con-

dução das ações alvo deste projeto, em direção a uma educação ambiental que

promova a sustentabilidade, sobretudo quando se pensa nas gerações futuras.

Neste sentido de interdependência entre os diversos atores sociais, de di-

versos setores, deve-se pensar em uma educação ambiental que convide os cida-

dãos a dialogarem, colaborarem e produzirem uma localidade e um planeta mais

responsável e justo.

Na direção deste diálogo, marcos de discussão global acerca da dizimação

ambiental intensificou-se a partir da segunda metade do século XX. Estocolmo em

1972, Tbilisi em 1977 representam, assim, os primeiros grandes movimentos de dis-

cussão da Educação Ambiental que se refere “a dimensão dada ao conteúdo e à

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prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio

ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e res-

ponsável de cada indivíduo e da coletividade.” (DIAS, 1993, p. 26).

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimen-

to, no Rio de Janeiro, organizada pela ONU – Organização das Nações Unidas e

conhecida mundialmente como a Cúpula da Terra, ganhou notoriedade mundial pela

sua dimensão e pelos resultados obtidos. Dentre os documentos que resultaram

deste encontro, ganhou destaque global a Agenda 21. Como parâmetro para a reo-

rientação do ensino, no sentido do desenvolvimento sustentável, a Agenda 21 pro-

põe:

O ensino, inclusive o ensino formal, a consciência pública e o treinamento devem ser reconhecidos como um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades podem desenvolver plenamente suas potencialidades. O en-sino tem fundamental importância na promoção do desenvolvimento susten-tável e para aumentar a capacidade do povo para abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento este último deve ser incorporado como parte essencial do aprendizado (SENADO FEDERAL, 1996).

Entende-se, portanto, que a falta de uma educação que traga o sentimento

de pertencimento do homem ao ecossistema já vem provocando grandes desequilí-

brios e, comprometendo a auto-organização do planeta.

Levando em conta esses aspectos é necessário uma intervenção multidisci-

plinar na bacia do Rio Verde e seu entorno. A eutrofização desta deve-se a diversos

fatores que serão por meio desta pesquisa evidenciados.

Por meio da Educação Ambiental buscar-se-á analisar as relações que per-

meiam e sustentam a vida. Assim, esta educação apresenta-se como um eixo estru-

turante da pesquisa, posto que o desenvolvimento das localidades e a sustentabili-

dade dizem respeito à capacidade do planeta Terra em hospedar todos os seres que

a habitam.

Desta forma, como objetivo geral deste trabalho, buscou-se desenvolver um

estudo que visa caracteriza o olhar da população da bacia do rio verde sobre o meio

ambiente em que vivem e qual o conhecimento da população em relação a educa-

ção ambiental, tentando assim, verificar como a comunidade do entorno da bacia

pode intervir nas causas e conseqüências da degradação ambiental presente nes-

ta região. E como objetivos específicos, buscou-se identificar os principais atores da

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comunidade que contribuem para a eutrofização do Rio Verde; entender o nível de

sensibilização da comunidade no que concerne o meio ambiente e a educação am-

biental.

Metodologicamente, tendo em vista a natureza, o foco e os objetivos estabe-

lecidos para esta pesquisa, adotou-se uma abordagem quantitativa, para interpretar

as implicações da eutrofização da Bacia do Rio Verde, assim como seus significados

para a sustentabilidade local, fato que se tornou essencial no processo de desenvol-

vimento desta pesquisa.

Identificou-se os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência do

fenômeno, aprofundando o conhecimento da realidade, para poder entender o olhar

da população sobre a questão ambiental local, isso se deu por meio de trabalho de

campo.

Assim, a pesquisa de campo aconteceu a partir da observação de como os

fatos envolvidos com a problemática da eutrofização ocorrem, e, em especial junto

aos sujeitos desta pesquisa.

A coleta de dados, sua análise e interpretação, foram executadas com base

nos fundamentos teóricos anteriormente enunciados, e também com base na prática

da estratégia das Árvores do Conhecimento2, objetivando compreender e explicar as

percepções da comunidade, para poder intervir, por meio de ações construídas cole-

tivamente, no processo de sensibilização para a implantação de programas de Edu-

cação Ambiental no futuro da comunidade.

Esta dissertação foi estruturada em três capítulos, incluindo a introdução e

as considerações finais. No primeiro capítulo foram abordadas as políticas públicas,

o desenvolvimento e a educação ambiental, abrindo espaço para se analisar o mo-

delo de desenvolvimento econômico brasileiro e sua relação com o meio ambiente.

Também foram conhecidos os problemas ambientais brasileiros e a busca de solu-

ções como a adoção de políticas públicas.

2 Árvores do conhecimento é um programa de informática que permite aos membros de uma coletivi-

dade, que pode ser uma escola, uma empresa, as pessoas de um bairro, uma associação, um grupo comunitário, que permite a todas essas pessoas informar o conjunto de suas qualificações, tudo o que elas sabem e a forma, a ordem pela qual aprenderam (DIAS, 2001).

5

No segundo capítulo foi analisada a Bacia do Rio Verde no conjunto metro-

politano, permitindo conhecer os principais aspectos da ocupação humana regional

e uma breve análise das colônias e cidades do local.

No terceiro capítulo são abordadas as condições socioambientais na bacia

do rio Verde e as percepções ambientais da população por meio das entrevistas fei-

tas.

6

1MEIO AMBIENTE, POLITICAS PUBLICAS, DESENVOLVIMENTO E

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

1.1.1 O Modelo de Desenvolvimento Econômico Brasileiro e sua Relação com o Meio Ambiente

Ao se falar no desenvolvimento de um país ou região, muitos teóricos apon-

tam para o aspecto econômico, pois entendem que sua busca consiste em estraté-

gias que tornem tal país ou região competitivos economicamente frente ao mundo

globalizado e capaz de produzir e comercializar produtos de alta tecnologia e valor

agregado. Outrossim, não se deve esquecer do meio ambiente, que segundo Coim-

bra (1985, p. 29) significa:

Conjunto dos elementos físico-químicos, ecossistemas naturais e sociais em que se insere o Homem, individual e socialmente, num processo de intera-ção que atenda ao desenvolvimento das atividades humanas, à preserva-ção dos recursos naturais e das características essenciais do entorno, den-tro de padrões de qualidade definidos.

Essa definição deixa clara a importância do meio ambiente, lembrando que

“o binômio desenvolvimento e meio ambiente é em princípio conflitante, pois, en-

quanto um preconiza o crescimento e o bem-estar econômico, o outro tem por obje-

tivo a preservação3 e a conservação4 da natureza” (JUCHEM, 1992, p. 1).

Observando-se esses aspectos, cumpre investigar as principais característi-

cas históricas do modelo econômico brasileiro e sua relação com o meio ambiente.

Na opinião de Oliveira Júnior (2009, p. 1), no Brasil:

Vigora o preceito de que a exploração dos recursos ambientais de acordo com o ordenamento jurídico é um empecilho ao crescimento econômico (o que é diverso de desenvolvimento que implica na compatibilidade entre qua-lidade e quantidade). Todo governo prioriza, ostensivamente ou mesmo dis-simulando e numa visão simplista, a geração de divisas e como conseqüên-cia a abertura de postos de empregos como maneira de promover uma so-ciedade mais igualitária com distribuição de renda.

3 Proteção, defesa.

4 Manter em bom estado.

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Essa filosofia contribuiu para que se ampliasse o desenvolvimento econômi-

co, esquecendo-se da preservação do meio ambiente. Abreu (1990) faz uma síntese

histórica da questão do desenvolvimento econômico do Brasil. Ele fala que antes do

século XIX, a economia era baseada no modelo escravocrata e a discussão maior

neste período centrava-se no conceito de liberdade. Durante o período imperial não

se encontra referência alguma à questão do desenvolvimento no seu contexto mais

amplo de crescimento do indivíduo enquanto parte de uma sociedade. Do final do

século XIX até os primeiros anos do século XX, o país ocupava-se com as dificulda-

des causadas pelas transformações estruturais que estavam ocorrendo e o Estado

ainda tentava adaptar suas instituições a esta nova realidade.

Na década de 1930 o país estava abalado econômica e politicamente. O

cenário econômico era marcado pela recessão mundial representada pela Bolsa de

Nova Iorque em 1929. Os problemas nacionais se intensificaram após 1929, com a

recessão econômica. A preocupação com a justiça e a estabilidade social ganha for-

ça, levando à ideologia do bem-estar. São necessárias modificações estruturais na

organização do governo brasileiro e Getúlio Vargas introduz várias modernizações,

dentre elas, inclui a questão do desenvolvimento na agenda do Estado (ABREU,

1990).

Draibe (1997) comenta que as reformas propostas por Vargas tinham por

objetivo buscar maior eficiência do governo. Sua política seguiu o caminho impositi-

vo da ditadura, centralizando todas as decisões. Tudo o que se relacionasse com

políticas de desenvolvimento, necessariamente, originava-se da vontade do Poder

Executivo Federal, que centrava suas ações na exploração da atividade econômica

através da criação de grandes empresas públicas. O governo orientava as ações de

desenvolvimento e coordenava a distribuição de seus benefícios à população, utili-

zando um modelo de Estado de bem-estar social, o Welfare State5, através do apa-

relhamento da máquina estatal. Este modelo caracterizava-se pela ausência de tra-

dição participativa, má focalização dos objetivos, mau planejamento dos gastos e

baixa efetividade social, tendendo a proteger determinadas categorias sociais com

maior poder de organização, excluindo outras que não possuíam tanta força política.

Percebe-se que o governo Vargas, além de investir em cidadania, utilizava o

modelo do Welfare State como forma de controlar a população e os conflitos sociais

5 Sistema social em que o estado político considera o bem-estar individual e social dos cidadãos sua

responsabilidade. (DRAIBE, 1997).

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que se faziam sentir, tanto que a distribuição dos benefícios ocorria sempre nas

grandes áreas urbanizadas, regiões onde a ocorrência de conflitos era maior abrindo

espaço para a possibilidade de uma grande articulação popular.

Segundo o Portal Biologia (2009) o período de 1930 a 1950 caracterizou-se

pela industrialização com base na substituição de importações. Nesse período o país

foi dotado de instrumentos legais e de órgãos públicos que refletiam as áreas de in-

teresse da época e que estavam relacionados ao meio ambiente, tais como: o Códi-

go de Águas – Decreto n. 24.643 de 10 de julho de 1934; o Departamento Nacional

de Obras de Saneamento (DNOS); o Departamento Nacional de Obras contra a Se-

ca (DNOCS); a Patrulha Costeira e o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP).

Na década de 1950, por força da proposição da Organização das Nações

Unidas – ONU que enfocava o desenvolvimento surge o Plano de Metas do governo

de Juscelino Kubitschek, que contempla um projeto nacional de desenvolvimento,

consolidando-se, no final dos anos 1960, como o modelo de administração para o

desenvolvimento. A visão da época para o desenvolvimento consistia, basicamente,

no aumento do fluxo de renda real, caracterizado pelo incremento na quantidade de

bens e serviços à disposição da coletividade, que se daria pelo aumento do PIB. Es-

te modelo de desenvolvimento incentivou a urbanização e valorizou as atividades

industriais. Tanto no Brasil, como no restante da América Latina, durante as décadas

seguintes, enfatizou-se a necessidade de promover o crescimento do produto e da

renda por meio da acumulação de capital e da industrialização, baseada na estraté-

gia de substituição das importações (FURTADO, 1961, BIELSCHOWSKY, 2000, O-

LIVEIRA, 2002).

Os países de economia desenvolvida promoveram a intensificação da pro-

dução agrícola dos países mais pobres, como o Brasil, através da intensificação da

produção agrícola e fortalecendo a agricultura empresarial de exportação, levando

ao enfraquecimento da agricultura familiar, produtora de produtos para o mercado

interno, fortalecendo e perpetuando os laços de dependência entre os países cen-

trais e os subdesenvolvidos, conforme demonstra Oliveira (2002).

Esses fatos revelam que houve uma ampliação da intervenção do Estado na

vida econômica e social, caracterizando-se pela defesa da industrialização planeja-

da, o desenvolvimento do setor privado e a acumulação de capital privado através

de financiamento público e protecionismo da indústria nacional. Segundo Martins

(1985) a partir de 1967, o Brasil apresentou as maiores taxas de crescimento eco-

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nômico de sua história, mas esse crescimento não foi uniforme, aumentando ainda

mais as distorções e diferenças sociais da população.

Também na década de 1960, o Governo brasileiro se compromete com a

conservação e a preservação do meio ambiente, efetivadas através de sua partici-

pação em convenções e reuniões internacionais, como a Conferência Internacional

promovida pela UNESCO, em 1968, sobre a Utilização Racional e a Conservação

dos Recursos da Biosfera (PORTAL BIOLOGIA, 2009).

Avançando na linha do tempo e voltando ao assunto do desenvolvimento

econômico, Heady (1970) destaca que na década de 1960, o conceito de desenvol-

vimento econômico foi abrangente e deveria ocorrer quando um índice daquilo que

se considera desejável e relativamente preferível tem seu valor aumentado.

De sorte que a evolução do pensamento daquela época residia no fato de

que o crescimento econômico, ao distribuir diretamente a renda entre os proprietá-

rios dos fatores de produção, conduziria de maneira automática à melhoria das con-

dições de vida da população e conseqüentemente, ao desenvolvimento econômico.

O Estado era visto como principal esperança da sociedade que rumava para

a modernização. Heady (1970, p. 137) confirma isto:

Os fins desenvolvimentistas e a urgência com que são buscados significam, inevitavelmente, que a atividade do Estado é o principal veículo de sua rea-lização. Não existem nem tempo nem meios para o gradualismo ou para a confiança básica na iniciativa privada, como era possível nos países ociden-tais que se desenvolveram há muito tempo. O elemento político assume, quase automaticamente, uma importância central na sociedade em desen-volvimento.

Com essa afirmação fica clara a dependência e centralização da responsabi-

lidade dos governantes na promoção do desenvolvimento. Já na década de 1970,

destaca-se a abordagem do desenvolvimento e necessidade de integração dos fato-

res econômicos e sociais. Contudo, com os choques do petróleo e elevação mundial

dos juros que ocorreram no final dessa década, a economia desacelera e o modelo

de crescimento econômico, sustentado por financiamentos externos, entra em co-

lapso.

No Brasil como em outros países, os governos são pressionados a reduzi-

rem o tamanho do Estado e seus gastos, ocasionando um enfraquecimento dos mo-

delos de Welfare State, além de praticamente paralisarem as iniciativas estatais de

10

desenvolvimento. Com todos esses fatos, o nível de emprego cai, aumenta a preca-

riedade e a informalização do trabalho, as necessidades da população crescem, en-

quanto a capacidade de ação social e de financiamento do Estado diminui drastica-

mente. A crise dos modelos de Welfare State expõe a fragilidade da sociedade com

enormes níveis de desigualdade e exclusão social e indica a urgente necessidade

de uma nova concepção de desenvolvimento que privilegie os aspectos humanos e

sociais (DUPAS, 1998, 2001).

Além da crise econômica que se abateu no mundo, a década de 1970 foi

marcada pelo agravamento dos problemas ambientais. Houve uma maior conscienti-

zação desses problemas e em agosto de 1971, foi realizado em Brasília, o I Simpó-

sio sobre Poluição Ambiental, por iniciativa da Comissão Especial sobre Poluição

Ambiental da Câmara dos Deputados e com a participação de pesquisadores e téc-

nicos do País e do exterior, com o objetivo de colher subsídios para um estudo glo-

bal do problema da poluição ambiental no Brasil. Também foi criada a Secretaria

Especial do Meio Ambiente – SEMA, com a finalidade de discutir junto à opinião pú-

blica a questão ambiental, fazendo com que as pessoas se preocupassem mais com

o meio ambiente e evitassem atitudes predatórias. Porém, a SEMA não contava com

nenhum poder policial para atuar na defesa do meio ambiente (PORTAL BIOLOGIA,

2009).

Como se observa, o Brasil estava dando alguns passos bastante tímidos em

direção à preservação ambiental. Segundo Droulers e Milani (1994, p. 35):

Durante os anos 1960 e 1970, quando a temática ecológica já integrava o debate político e acadêmico em vários países do hemisfério Norte, predomi-nava no Brasil a mentalidade produtivista e a noção de necessário cresci-mento econômico, ainda que em detrimento de objetivos sociais e ambien-tais. É bem verdade que o setor público nacional procurou responder as pressões internas e externas, criando secretarias e órgãos em nível estadu-al e federal.

Como resposta aos problemas ambientais, nos anos 1960 foram estabeleci-

das as primeiras normas ligadas à proteção do meio ambiente, tal como o Código de

águas e o Código Florestal (Lei 4771/15.9.65), o Departamento Nacional de água e

Energia Elétrica (1965), o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (1967), o

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (1970) e a Superintendência

dos Recursos Naturais – SUPREN em 1973. O Decreto-lei 1413/1975 dispõe sobre

o controle da poluição ao meio ambiente provocada por atividades industriais, o De-

11

creto 76389/1975 dispõe sobre medidas de controle da poluição industrial, a Lei

6513/1977 investe na criação de áreas especiais e locais de interesse turístico, o

Decreto 84617/1979 estabeleceu o regulamento dos parques brasileiros e outros,

conforme se refere Droulers e Milani (1994).

Na década de 1980, o Brasil enfrentou várias dificuldades econômicas e

percebeu-se que o crescimento econômico não leva necessariamente um país ao

desenvolvimento, pois os frutos da expansão não são necessariamente distribuídos

para toda a população (DUPAS, 2001).

No aspecto ambiental, a SEMA propôs o que seria de fato a primeira lei am-

biental no País, destinada à proteção da natureza: a Lei 6.902, de 1981 – ano-chave

em relação ao meio ambiente brasileiro. Foram criadas as seguintes unidades de

conservação pelo governo federal: parques nacionais, reservas biológicas, reservas

ecológicas, estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e áreas de relevante

interesse ecológico. Mesmo com tudo isso, em 1985, apenas 1,49% da área total do

País era ocupada por unidades de conservação, o que deixa claro que tais políticas

foram bastante tímidas (PORTAL BIOLOGIA, 2009).

A partir dos anos que seguiram a década de 1980, era cada vez mais clara a

fragilidade do modelo econômico empregado, surgindo conseqüências desastrosas

como o retrocesso político em vários países e os crescentes conflitos sociais em to-

do o mundo, causados principalmente, pelo aumento do número de excluídos e pela

atual incapacidade do Estado em atuar na efetiva proteção dos interesses da socie-

dade. Em termos mundiais, houve um crescimento do desemprego, apesar da ex-

pansão da economia, como pode ser observado através da piora em geral das con-

dições de vida das populações (OLIVEIRA, 2002; DUPAS, 2001).

A tônica nesta época foi a consolidação da democracia através das políticas

sociais em sintonia com as reformas estruturais da economia. Na década de 80 o

Estado percebeu a sua incapacidade de gerenciamento e de executor, na tentativa

de encontrar soluções alternativas mais adequadas ao contexto de um novo padrão

de desenvolvimento, vendo que sua função é orientar e garantir o bom uso dos re-

cursos humanos e materiais disponíveis (GOMIDE, 2003; PEREIRA, 1998).

Em relação ao meio ambiente, em 1990 foi criada a Secretaria do Meio Am-

biente da Presidência da República – SEMAM, ligada à Presidência da República,

que tinha no IBAMA seu órgão gerenciador da questão ambiental, responsável por

formular, coordenar, executar e fazer executar a Política Nacional do Meio Ambiente

12

e da preservação, conservação e uso racional, fiscalização, controle e fomento dos

recursos naturais renováveis. Em 1992 realizou-se no Rio de Janeiro, a Conferência

da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Rio-92, da

qual participaram 170 nações, que teve como principais objetivos:

a) identificar estratégias regionais e globais para ações referentes às princi-

pais questões ambientais;

b) examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas de-

pois da Conferência de Estocolmo;

c) examinar estratégias de promoção de desenvolvimento sustentado e de

eliminação da pobreza nos países em desenvolvimento.

Também no mesmo ano de 1992, houve a criação do Ministério do Meio Am-

biente – MMA, órgão da hierarquia superior, com o objetivo de estruturar a política

do meio ambiente no Brasil (PORTAL BIOLOGIA, 2009).

No início do século XXI, o conceito tradicional de desenvolvimento começa a

dar lugar ao conceito de desenvolvimento local integrado. Com o crescimento dos

movimentos populares de defesa da cidadania, ética e nas políticas contra a fome e

a miséria, entra na discussão a importância da participação da sociedade civil na

busca pelo desenvolvimento através da interlocução entre a sociedade, a adminis-

tração pública e o setor privado, juntos, buscam ações locais que tenham como prio-

ridade a atenção aos excluídos, como lembra Jacobi (2000).

Levando em consideração tudo o que foi dito em relação ao crescimento e-

conômico e o meio ambiente no Brasil, existe dificuldade de se reverter o impasse

gerado pelo conflito entre desenvolvimento e a questão ambiental. Por isso, a refle-

xão sobre o ambiente exige a eleição de novos paradigmas que sejam capazes de

não tomar homem e natureza como pólos excludentes. Assim, cumpre conhecer os

problemas ambientais do Brasil, o que poderá criar a possibilidade de melhor enten-

der os problemas socioambientais que atingem atualmente o País.

1.1.2 Os Problemas Ambientais no Brasil e a Busca de Soluções

No Brasil, um dos principais problemas hoje são as ameaças à biodiversi-

dade causadas pela expansão da agropecuária na Amazônia, que requer grandes

extensões de terra para o seu desenvolvimento. Oferece, em contrapartida, pou-

13

quíssimas oportunidades de trabalho, o que gera ocupações provisórias e anárqui-

cas e acompanhada por um extrativismo vegetal predatório, acentuando os proble-

mas para a fauna e flora da região, além de não trazer benefício a longo prazo, se-

gundo Vernier (1994).

A Amazônia é constantemente degradada por mineração, agroindústrias,

colonização, hidrelétricas, queimadas, garimpo e exploração predatória da madeira.

Essas ações provocam com freqüência: a conversão da floresta amazônica em sa-

vana; a extinção de espécies, com perda de patrimônio genético; alterações na cir-

culação e reserva de nutrientes; erosão, comprometimento dos recursos hídricos por

poluição de mercúrio e outros metais pesados; alterações na química da atmosfera;

alterações no ciclo hidrológico; perda de patrimônio cultural e estabelecimento de

estresse ecossistêmico (VERNIER, 1994).

A Amazônia está sobre um dos solos mais pobres do planeta. Toda a exu-

berância de sua vegetação se deve a um delicado equilíbrio dinâmico mantido por

ciclagem de nutrientes, como folhas, troncos e galhos que caem no chão e sofrem

decomposição e são mineralizados por fungos e bactérias que devolvem os nutrien-

tes para o solo, no qual as raízes capilares das árvores absorvem-nos para formar

novas folhas, troncos e galhos.

O Pantanal é a maior área de vida selvagem do planeta, junto à Amazônia,

com uma rede fluvial de 4.000 km e uma área de 396.000 km2, o Pantanal funciona

como um gigantesco reservatório de água que regula a vazão para a bacia do Para-

guai. O Pantanal vem sofrendo uma forte pressão predatória produzida por:

a) aumento da fronteira agrícola, que está poluindo os rios com agrotóxi-

cos e fertilizantes, desmatamentos, assoreamento dos cursos d’água;

b) garimpo intensivo, contaminando a água com mercúrio e prejudicando

a vida aquática;

c) pesca predatória;

d) resíduos de usinas de álcool, como o vinhoto;

e) urbanização e turismo desordenado (VERNIER, 1994).

A prática do desmatamento com o uso do fogo e à pecuária extensiva, os

processos de desertificação do Nordeste já atingem 40.000 km2 de área. O Nordeste

sofre também com a deficiência dos serviços sociais essenciais, a miséria, a salini-

zação do solo, sendo uma das regiões brasileiras de mais baixa qualidade de vida.

14

O cerrado abrange 25% do território brasileiro e vem sofrendo ultimamente

a rápida expansão da cultura de grãos com desmatamento sem precedentes na á-

rea. O cerrado sofre com as queimadas, o garimpo, pondo em risco a biodiversidade

e a manutenção dos processos naturais que sustentam esse meio ambiente.

A Mata Atlântica estende-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.

Pela Constituição de 1988, possuía 200.000 km2 originais e foram reduzidos a 8.000

km2, ou seja, a apenas 4% de sua área primitiva, sofrendo devastações pelo ho-

mem. As florestas que restam dessas áreas são repositórios de fauna e flora, cujo

patrimônio genético precisa ser preservado.

Os manguezais que são berçários de várias espécies de peixes, camarões

e crustáceos, riquíssimos em nutrientes e que apresentam condições altamente fa-

voráveis para o desenvolvimento das formas jovens de vida, vêm sendo destruídos

sistematicamente por aterros, para fins imobiliários - como é o caso de Aracaju, ou

utilizados como depósitos de lixo ou despejo de esgotos, como no sul da Bahia, na

baía de Guanabara e em São Luís, no Maranhão.

Segundo Corson (1993), a área de araucárias abrangia cerca de 400.000

km2 nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com a intensa

exploração da madeira reduziram a mata de araucária a apenas 4,5 km2. A destrui-

ção das florestas de araucária é um exemplo inconteste do que ocorre quando a vo-

racidade dos lucros sobrepõe éticas e princípios e estabelece a prevalência dos inte-

resses de grupos sobre os interesses mais relevantes de manutenção de qualidade

de vida.

Esse quadro desolador de degradação do meio ambiente no Brasil conduziu

à busca de soluções políticas e técnicas negociadas em escala internacional, como

os acordos, tratados e conferências mundiais. Estimulou também, o surgimento de

experiências, como a sustentabilidade no desenvolvimento, que sem dúvida, se re-

vela na garantia da utilização sustentável das espécies e dos ecossistemas.

1.1.3 A Sustentabilidade no Desenvolvimento e nas Políticas Públicas

O desenvolvimento sustentável é um tema presente em discussões acadê-

micas, imprensa e nos mais diversos locais que se interessam sobre o tema. O as-

15

sunto não se esgota em apenas algumas reflexões, mas se trata de um processo de

compreensão e evolução do que se espera alcançar, com base nesse conceito.

A construção do conceito de sustentabilidade está vinculada ao incremento

da preocupação com a urbanização desordenada, o uso indiscriminado dos recursos

naturais, a má distribuição de renda, o desemprego e a pobreza, dentre outros. Em

razão desses aspectos, verificou-se a urgência de se adotar um padrão sustentável

de desenvolvimento.

Esta preocupação está acontecendo desde o final do século XX, quando

consolidou-se uma nova visão de desenvolvimento que não abrange tão somente o

meio ambiente natural, mas inclui outros aspectos, especialmente os socioculturais,

deixando claro que a qualidade de vida dos seres humanos passa a ser condição

essencial.

Tudo isso deixa claro que atualmente há muito interesse no conceito e finali-

dades do desenvolvimento sustentável. Mas, o que é desenvolvimento sustentável?

O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu na Conferência de Esto-colmo de 1972, e foi designado à época como “abordagem do ecodesenvol-vimento”, e, posteriormente, renomeado com a denominação atual. O de-senvolvimento sustentável será alcançado se três critérios fundamentais fo-rem obedecidos simultaneamente: eqüidade social, prudência ecológica e eficiência econômica. Em 1980, o documento “Estratégia Mundial para a Conservação da Natureza”, elaborado conjuntamente pela União Interna-cional para a Conservação da Natureza (IUCN), pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA) e pelo World Wldlife Fund (WWF), define sustentabilidade como “uma característica de um processo ou estado que pode manter-se indefinidamente” (DIAS, 2006, pp-30-31).

A partir desse conceito, é possível formular alternativas de gestão para su-

perar os obstáculos à sustentabilidade do meio ambiente, como também, superar a

lógica tradicional de subjugar a natureza somente para fins econômicos, esquecen-

do-se de que ela não é uma mera mercadoria, mas é condição essencial para a so-

brevivência humana.

O relatório produzido pela Comissão Brundtland (Nosso Futuro Comum) de-

finiu que o desenvolvimento sustentável deve estabelecer uma relação harmônica do

homem com a natureza, como centro de um processo de desenvolvimento que deve

satisfazer às necessidades humanas. O relatório também enfatiza que a pobreza é

incompatível com o desenvolvimento sustentável, mostrando a necessidade de que

16

a política ambiental deve ser parte integrante do processo de desenvolvimento (DI-

AS, 2006).

Segundo Cavalcanti (1998) o intuito do Relatório Brundtland era o de har-

monizar os objetivos econômicos, ecológicos e sociais, que se mostraram incompa-

tíveis, devido à priorização do crescimento econômico, o qual em lugar de cumprir

seu objetivo de levar ao desenvolvimento, ameaçava a sobrevivência humana. O

documento é referência para a elaboração de políticas públicas de todos os países,

devido ao caráter de obrigatoriedade de abordar globalmente os problemas ambien-

tais. Eis o pensamento da Comissão Mundial que elaborou o Relatório Brundtland:

A Comissão Mundial não acredita que um sombrio cenário de escalada da destruição do potencial global de desenvolvimento – realmente, a capacida-de da Terra de suportar a vida – é um destino inexorável. O problema é pla-netário, mas não é insolúvel. Acredito que a história lembrará que nesta cri-se, os dois maiores recursos, o homem e a terra, redimirão a promessa de desenvolvimento. Se nós tomarmos conta da natureza, a natureza cuidará de nós. A conservação virá realmente quando reconhecermos que se qui-sermos salvar parte do sistema, nós temos que salvar o sistema. Essa é a essência que chamamos de desenvolvimento sustentável. (BRUNDTLAND apud CAVALCANTI, 1998, p. 55).

Fica claro que a proposta de desenvolvimento presente no Relatório Brund-

tland reflete um processo de amadurecimento dos padrões de desenvolvimento e

crescimento econômico, e por isso, devem levar a uma mudança de atitudes, possi-

bilitando inclusive uma transformação das relações políticas entre o Estado e as co-

munidades. Isso na prática, nem sempre é possível, e

os custos ecológicos e sociais das opções de desenvolvimento não interna-lizados pelo sistema político acabam gerando uma imagem paradoxal de economicidade: apropriação intensiva e cada vez mais sofisticada, do ponto de vista tecnológico, de recursos naturais, com base em critérios de rentabi-lidade a curto ou médio prazo, e fortalecendo a legitimidade de um jogo es-tratégico “contra” a natureza; “dualização” crescente em termos de oportuni-dades sociais; uniformização de estilos de vida; hipertrofia do consumo de bens supérfluos; anomia; perda do controle social dos rumos da evolução da técnica, etc. (VIEIRA e WEBER, 2000, p. 18).

Verifica-se que existe um conflito, em que “o discurso do desenvolvimento

sustentável só poderia obter sucesso se conseguisse demonstrar que a conservação

ambiental promovia o crescimento dos negócios e da economia e não apenas que

17

esses valores antagônicos podiam ser reconciliados” (SILVA E MENDES, 2005, p.

14).

Essa reconciliação parece mais uma utopia, pois nem sempre o que é pro-

posto é realizado. Silva e Mendes (2005, p. 15) exemplificam: “Negociar com a gera-

ção futura que tem de preservar para sobreviver é muito mais simples do que acor-

dar que essa geração preservará o meio ambiente e não utilizará formas degradan-

tes para os recursos”.

Vale dizer que uma das maiores dificuldades no processo de sustentabilida-

de ocorre no confronto entre interesses privados e interesses públicos, ou seja, nem

sempre o Estado pode prover as comunidades de condições suficientes para a for-

mação de uma sociedade sustentável.

Segundo Acserald e Leroy (1999) uma sociedade sustentável é aquela em

que o desenvolvimento está integrado à natureza, com respeito à diversidade bioló-

gica e sócio-cultural, exercício responsável e conseqüente da cidadania, distribuição

eqüitativa das riquezas e condições dignas de desenvolvimento.

Sobre este assunto Vieira e Weber (2000) relatam que nas duas últimas dé-

cadas muitos pesquisadores alertam para a importância dos processos de organiza-

ção e mudança social que engendram impactos socioambientais destrutivos. Atual-

mente existe uma compreensão cada vez mais abrangente desses processos, a-

brindo espaço para uma lucidez maior da identificação de pontos de estrangulamen-

to estruturais dos sistemas socioambientais e na consideração do leque de opções

que se abrem, apesar das coações impostas pelo cenário internacional de globaliza-

ção econômica.

Jacobi (1999) chama a atenção de que a idéia de sustentabilidade implica na

premissa de que é preciso definir uma limitação nas possibilidades de crescimento e

um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e ato-

res sociais relevantes e ativos através de práticas educativas. É importante salientar

que uma sociedade sustentável não pode ignorar nem as dimensões culturais, nem

as relações de poder existentes e muito menos, o reconhecimento das limitações

ecológicas, sob pena de manter um padrão predatório de desenvolvimento, uma

forma de governança centralista e autoritária. Segundo Nobre e Amazonas (2002, p.

24),

18

É também importante notar que mesmo os que consideram que a questão continua a ser discutida em termos de ‘há ou não uma contradição entre de-senvolvimento e meio ambiente?, também eles têm de enfrentar os desafios colocados pela noção de desenvolvimento sustentável.

Essas premissas revelam que existe um choque entre os modelos tradicio-

nais da sociedade e uma sociedade sustentável, abrindo espaço para muitas refle-

xões sobre a necessidade de gerar inovações adequadas às especificidades de ca-

da lugar, no sentido de dar respostas aos problemas de cidades, municípios ou do

espaço de vida local.

Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvi-

mento (CNUMAD), realizada em 1992 no Rio de Janeiro, com representantes de 179

países, foram discutidos, durante 14 dias os problemas ambientais globais, estabe-

lecendo-se o desenvolvimento sustentável como uma das metas a serem alcança-

das pelos governos e sociedades em todo o mundo (DIAS, 2006).

Barbieri (2000) comenta que essa Conferência, assim como as demais con-

ferências que conformaram o chamado Ciclo Social das Nações Unidas, desempe-

nhou um papel fundamental para que houvesse uma maior difusão e um melhor en-

tendimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável – DS.

Sachs (1998) aponta cinco dimensões simultâneas de sustentabilidade que

todo planejamento de desenvolvimento deve levar em conta, que são em síntese: a

primeira se refere à sustentabilidade social, cuja meta é construir uma civilização

com maior eqüidade na distribuição de renda e de bens, com a finalidade de reduzir

as desigualdades entre os ricos e pobres; a segunda é a sustentabilidade econômica

que deve ser tornada possível através da alocação e gerenciamento de recursos e

de um fluxo constante de investimentos públicos e privados; a terceira diz respeito à

sustentabilidade ecológica, que pode ser melhorada levando em conta o uso dos

recursos dos ecossistemas com um mínimo de danos aos sistemas de sustentação

da vida, diminuição do consumo de combustíveis fósseis e outros recursos, redução

do volume de resíduos e de poluição, definição de normas para proteção ambiental,

dentre outras; a quarta dimensão se refere à sustentabilidade espacial, que deve ser

dirigida para uma configuração rural-urbana mais equilibrada, reduzindo-se a con-

19

centração excessiva nas áreas metropolitanas, frear a destruição de ecossistemas

frágeis, explorarem o potencial da industrialização descentralizada e criar uma rede

de reservas naturais e de biosfera para proteger a biodiversidade. Por último, a sus-

tentabilidade cultural, que inclui a busca de mudanças dentro da continuidade cultu-

ral e que traduzam o conceito normativo de ecodesenvolvimento num conjunto de

soluções específicas para o local.

Nessas colocações Sachs (1998) esclarece os principais princípios produti-

vos da natureza como condição de sustentabilidade, que é vista como um sistema

de recursos naturais e potencial produtivo para o desenvolvimento sustentável.

No Brasil, as dimensões que compõem o núcleo do conceito de desenvolvi-

mento sustentável – economia, espaço, saúde, educação, cultura e meio ambiente –

são direitos assegurados pela Constituição (BRASIL, 1998), nos artigos a seguir

transcritos:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciati-va, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV – livre concorrência; V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o im-pacto ambiental dos produtos e serviços e de processos de elaboração e prestação; VII – redução das desigualdades regionais e sociais; VIII – busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis bra-sileiras e que tenham sua sede e administração no País. Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma de lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determi-nante para o setor público e indicativo para o setor privado. Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indeniza-ção em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será de-finida em lei. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso u-niversal e igualitários às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

20

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Públi-co dispor, nos termos da Lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou por meio de terceiros e, também por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e in-centivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fon-tes da cultura nacional, apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso co-mum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à cole-tividade o dever de defendê-lo e a preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Tomando como paradigma os conceitos já elencados sobre o desenvolvi-

mento sustentável, suas finalidades e dimensões, e o amparo da Constituição ao

tema, cabe ao Poder Público a sua regulamentação e promoção, mediante a implan-

tação de políticas públicas que satisfaçam a diversas dimensões previstas em lei.

1.1.4 As Políticas Públicas em Relação ao Desenvolvimento Sustentável As políticas públicas podem ser entendidas como o conjunto de planos e

programas de ação governamental destinado à intervenção no domínio social, atra-

vés dos quais são delineados as diretrizes e metas a serem formadas pelo Estado,

sempre em obediência aos dispostos na Constituição, como diz Silva (2006).

Acredita-se que o estabelecimento de políticas públicas está voltado à satis-

fação das dimensões que compõem a preocupação do desenvolvimento sustentável.

Neste sentido, Moraes (1994) agrupa as políticas públicas em três segmentos: as

políticas econômicas que abrangem as políticas cambial, financeira e tributária; as

políticas sociais, que englobam as políticas de educação, saúde e previdência e, por

último, as políticas territoriais que compreendem políticas de meio ambiente, urbani-

zação, regionalização e de transportes.

A amplitude desta subdivisão deixa claro que a adoção de políticas públicas

deve demonstrar a vontade de agir do estado e por isso, apresenta um amplo leque

de atuação de agentes que vão desde a União, Estados e Municípios até as organi-

zações de terceiro setor.

21

Outro assunto de interesse comum se refere à avaliação de políticas públi-

cas, que se configura como um instrumento bastante importante para a mensuração

dos resultados de programas e políticas de desenvolvimento sustentável. No âmbito

local, a avaliação de políticas públicas abre espaço para uma reflexão sobre qual

padrão de desenvolvimento vem sendo implementado em determinada localidade ou

município.

A avaliação de políticas públicas deve levar em conta os desafios e possibi-

lidades da natureza do programa e os meios disponíveis. Arretche (1999) concorda

que cada uma das distintas abordagens avaliativas supõe distintos instrumentos de

operação e, por conseguinte, abordagens e conclusões de diferente natureza.

Assim, a avaliação de uma dada política pública procura atribuir uma relação

de causalidade entre um programa x e um resultado y, ou ainda, que na ausência do

programa x, não se tem o resultado y, ou ainda, que na ausência do programa x,

não se obteria o resultado y, finalmente, na análise de políticas públicas, dedica-se

ao exame da engenharia institucional e dos traços constitutivos dos programas. Para

Arretche (1999) a efetividade de uma política pública deve estar ligada à relação dos

objetivos de sua implementação e aos seus resultados, sem esquecer-se da impor-

tância da educação ambiental.

1.2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO TEÓRICO-PRÁTICO 1.2.1 Princípios e Objetivos Norteadores da Educação Ambiental

Neste início do século XXI, as preocupações com o meio ambiente estão

assumindo proporções cada vez maiores em virtude dos efeitos visíveis de de-

sequilíbrios provocados pelo homem na natureza. Para Dias (2001) isso ocorre

por causa do superpovoamento das cidades, alterações ambientais globais in-

duzidas por dimensões humanas, alterações climáticas, desflorestamento, polu-

ição, escassez de água potável e outras.

A tomada de consciência em relação aos conflitos entre as atividades

humanas e o meio ambiente ganha importância e poucas sociedades estão

dando conta do que está acontecendo e deve-se levar em conta o papel desem-

penhado pela mídia nesta questão.

22

O grande problema da civilização moderna é ter percebido que ainda depende da natureza, que a tecnologia ainda não conseguiu, e nunca conseguirá produzir artificialmente todo o oxigênio necessário à manu-tenção da vida na terra. Que ainda não foi descoberto o meio, e nem será, de manter os ciclos naturais das águas de modo a garantir a es-tabilidade do clima, as chuvas nas horas e dias certos e a amenidade das temperaturas (VICTORINO, 2000, p. 20).

Dessa maneira, o homem depende da existência da natureza, e certa-

mente precisa mantê-la equilibrada. Mas, como conseguir isso nos dias atuais

em que são visíveis o esgotamento do solo, o efeito-estufa, o esgotamento da

água potável e tantos outros problemas que afetam o meio ambiente? Seguindo

o pensamento de Victorino (2000, p. 24): “para que o nosso meio ambiente seja

agradável é preciso saber enfrentar cada hora que nos é apresentada e assim

não transformá-lo num inferno”. Assim, a consciência ambiental não deve ficar

restrita por uma disciplina específica de meio ambiente, mas tem que fazer parte

de um contexto maior, que é a educação do ser humano.

Contudo, aprimorar a relação entre o ser humano e o meio ambiente não

é tarefa fácil. Isso ocorre porque o homem, desde o século XVIII, tinha uma vi-

são equivocada de que os recursos naturais eram ilimitados e estariam sempre

à sua disposição. Grün (1994) relata que o homem era colocado no centro da

natureza e da sociedade consumista, e para alcançar o crescimento econômico

poderia dispor dos recursos naturais à sua vontade.

Porém, quando os processos de deterioração ambiental e a possibilida-

de de esgotamento dos recursos naturais se tornaram visíveis, foi deflagrado

um movimento sem precedentes, envolvendo indivíduos e organizações de todo

tipo para salvar o planeta da destruição. A questão ambiental, assim, emergia

associada a um mundo em busca de soluções para a crise.

No Brasil, um dos marcos importante em defesa do meio ambiente, foi a

Constituição de 1988 que estabeleceu no inciso VI do artigo 225, a necessidade

de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscienti-

zação pública para a preservação do meio ambiente.

No final do século XX e início da década de 90, o meio ambiente ocupa-

va um patamar privilegiado na agenda global, tendo se tornado assunto obriga-

23

tório nos inúmeros encontros internacionais. Isso porque, a conscientização

ambiental ocorreu paralelamente ao aumento das denúncias sobre os proble-

mas de contaminação do meio ambiente. Essa nova realidade implica numa ra-

dical mudança de atitude por parte do ser humano que precisa entender melhor

o significado da necessidade de se organizar e lutar para um objetivo comum,

que é o de defender o meio ambiente (DIAS, 2006).

A partir da década de 1990 outros eventos importantes sobre o meio

ambiente ocorreram no Brasil. Em 1991, a Comissão Interministerial para a pre-

paração da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvol-

vimento (Rio-92), deu amplo destaque a educação ambiental como instrumento

da política ambiental brasileira. Em 1992, foi criado o Ministério do Meio Ambi-

ente e o IBAMA instituiu os Núcleos de Educação Ambiental em todas as Supe-

rintendências Estaduais para tornar operacionais as ações educativas no pro-

cesso de gestão ambiental (DIAS, 2006)

Durante a realização da Rio-92, foi estabelecido no Fórum Global o Tra-

tado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global que reconhece a educação ambiental como um dos instrumentos mais

importantes para viabilizar a sustentabilidade como estratégia de sobrevivência

do planeta e de melhoria da qualidade de vida humana. Em 1994 foi criado o

Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), que previu ações nos

âmbitos de educação ambiental formal e não formal. O PRONEA previu três

componentes: a) capacitação de gestores e educadores; b) desenvolvimento de

ações educativas, e, c) desenvolvimento de instrumentos e metodologias (BRA-

SIL, 2003).

Nesses e em outros eventos que ocorreram, ficou clara a necessidade

de se implantar medidas mais abrangentes direcionadas à proteção meio ambi-

ente, enfocando valores como a ética, a responsabilidade, o respeito à vida, no-

ções de cidadania e outros.

Na luta pelo meio ambiente, há que se conscientizar o papel da educa-

ção, que segundo Medeiros (2009, p. 1) “pressupõe não só a conscientização e

o exame crítico da realidade, mas visa o desenvolvimento da cidadania e permi-

24

te a construção de valores sociais e o desenvolvimento de habilidades e de

consciência”.

No que concerne a leitura da UNESCO, “A meta da educação é formar

pessoas mais sábias, possuidoras de mais conhecimentos, bem informadas,

éticas, responsáveis, críticas e capazes de continuar aprendendo” (UNESCO,

1999, p. 35).

Porém, a educação não constitui resposta para todos os problemas,

mas, em seu sentido mais amplo, deve ser parte vital dos esforços que se fa-

çam para criar relações entre as pessoas e para fomentar maior respeito pelas

necessidades do meio ambiente, segundo a UNESCO (1999).

No que se refere às relações entre a educação e o meio ambiente, Leff

(2001, p. 151) complementa:

Na consciência ambiental são gerados novos princípios, valores e con-ceitos para uma nova racionalidade produtiva e social, e projetos alter-nativos de civilização, de vida, de desenvolvimento. O saber ambiental abre assim uma perspectiva ao progresso do conhecimento, questio-nando os dogmas ideológicos e problematizando os paradigmas cientí-ficos com base nos quais foi constituída a civilização moderna.

A emergência do saber ambiental abriu novas frentes para o desenvol-vimento das disciplinas sociais: a relação entre cultura e natureza, a complementaridade entre geografia e ecologia, a influência do meio na consciência e no comportamento social, as bases ecológicas de uma economia sustentável e análise da dinâmica de sistemas socioambien-tais complexos. Desta maneira, o saber ambiental transforma o campo do conhecimento gerando novos objetos interdisciplinares de conheci-mento, novos campos de aplicação e novos processos sociais de obje-tivação onde se constrói a racionalidade ambiental.

Certamente esses valores passam a ser uma espécie de fiadores da le-

gitimidade pretendida pela educação ambiental, tanto para o público interno

quanto para efeito de reconhecimento externo, conforme Carvalho (2001).

Para o saber ambiental é imprescindível as iniciativas de educação am-

biental que podem ser desenvolvidas em espaços que envolvam as comunida-

des, como as igrejas, centros comunitários, entre outros são importantes para

que se desenvolva o processo educativo em relação ao meio ambiente.

A educação ambiental é vista hoje como uma possibilidade de transfor-

mação ativa da realidade e das condições da qualidade de vida, por meio da

conscientização advinda da prática social reflexiva embasada pela teoria. Essa

25

conscientização é obtida com a capacidade crítica permanente de reflexão, diá-

logo e apropriação de diversos conhecimentos. Esse processo torna-se funda-

mental para se formar sociedades sustentáveis e orientadas para enfrentar os

desafios da contemporaneidade, garantindo qualidade de vida para esta e futu-

ras gerações (LOUREIRO, 2006).

Dias (2001) faz uma síntese da evolução histórica dos conceitos de edu-

cação ambiental. Em 1969 a educação ambiental era como um processo que

deveria objetivar a formação de cidadãos, cujos conhecimentos acerca do ambi-

ente biofísico e seus problemas associados pudessem alertá-los e habilitá-los

nessa luta. Em 1972 a educação ambiental era vista como um processo no qual

deveria ocorrer um desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação

com o meio ambiente baseado em um completo e sensível entendimento das

relações do homem com o ambiente a sua volta. Em 1977, na Conferência de

Tbilisi, a educação ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo

e à prática da educação, orientada para os problemas concretos do meio ambi-

ente através de um enfoque interdisciplinar e de uma participação ativa e res-

ponsável de cada indivíduo e da coletividade.

Em 1989, em uma publicação UNEP/UNESCO, foi apresentada uma se-

qüência de definições sobre educação ambiental, entre as quais se destacam:

a) é a aprendizagem de como gerenciar e melhorar as relações entre a sociedade humana e o ambiente, de modo integrado e sustentável;

b) a preparação de pessoas para sua vida, em quanto membros da bios-fera;

c) significa aprender a empregar novas tecnologias, aumentar a produti-vidade, evitar desastres ambientais, minorar os danos existentes, co-nhecer e utilizar novas oportunidades e tomar decisões acertadas;

d) o aprendizado para compreender, apreciar, saber lidar e manter os sistemas ambientais na sua totalidade;

e) significa aprender a ver o quadro global que cerca um dado problema, sua história, seus valores, percepções, fatores econômicos e tecnoló-gicos, e os processos naturais ou artificiais que o causam e que suge-rem ações para saná-lo (DIAS, 2001, p. 98-99).

Dessa forma, sendo o meio ambiente e sua problemática os conteúdos

básicos da educação ambiental, “é que se apresenta a interdisciplinaridade co-

mo um dos tratamentos adequados ao seu processo pedagógico. A interdiscipli-

naridade, como sendo a construção de um conhecimento complexo, busca su-

26

perar a disciplinaridade e se aproximar mais adequadamente de uma realidade

complexa” (CUNHA E GUERRA, 2003, p. 99).

A educação ambiental não é somente a aquisição de conhecimentos,

mas também a mudança de comportamentos, a determinação para a ação e a

busca de soluções para os problemas, de acordo com Victorino (2000). Dessa

maneira, a educação ambiental deve ser vista como parte fundamental dos pro-

cessos educativos que tem como objetivo não apenas contribuir para a resolu-

ção dos principais problemas sociais e ambientais do mundo, mas também, para

a construção de projetos transformadores da sociedade e para o desenvolvi-

mento humano integral (SAUVÉ, 1999).

Victorino (2000, p. 29) complementa:

A educação ambiental está ligada diretamente às regras de cidadania, pois trata das questões que envolvem o homem com seu ambiente de trabalho, familiar, social, e isso faz com que se busque o extermínio da fome, da violência e das doenças ditas incuráveis até hoje. Quando se compreende o que significa ambiente, como algo envolvente, inclusive que entrelaça o homem num universo social, fica mais fácil o entendi-mento do sentido de desenvolver um ambiente saudável e a formação de uma sociedade justa.

Dessa maneira, a educação ambiental pode ser vista como um processo

que propicia às pessoas uma visão crítica e global do ambiente, através dos

quais podem ser viabilizadas mudanças em comportamentos e estilos de vida

criando uma visão mais abrangente da realidade.

Para Cunha e Guerra (2003), a educação ambiental é uma proposta a-

berta ao novo, a uma nova visão de mundo que procura romper com os para-

digmas de disjunção. Por isso, esse é um dos problemas centrais que a educa-

ção ambiental deve se debruçar: entender as estruturas e visões de mundo des-

sa sociedade e sua relação com a natureza, a sua dinâmica intermediada pelas

relações desiguais de poder, as suas motivações dinamizadas pelo privilégio

aos interesses particulares, da parte sobre o todo, sobre o bem coletivo. Mais

especificamente, é perceber os embates, para neles atuar como campos de dis-

puta constitutivos da realidade, entre os quais o da noção sobre sustentabilida-

de. A figura 1 sintetiza as pretensões da educação ambiental.

27

Victorino (2000) relata os objetivos específicos da educação ambiental,

conforme as conclusões de Belgrado, conferências de Tbilisi e do Congresso

Internacional UNESCO-PNUMA - URSS, em síntese, são os seguintes:

• cabe a educação ambiental facilitar ao público alvo, uma série de

conhecimentos, na relação homem-mundo, visando transformar e

aperfeiçoar a problematização crítica dessa relação;

• auxiliar na formação de uma consciência que possibilite ao homem,

perceber as transformações da realidade no meio ambiente global,

que o leva a compreender as causas e os efeitos, fazer classifica-

ções, julgamentos e opções;

• desenvolver atitudes favoráveis, valores éticos, estéticos e econômi-

cos, que motivem sentimentos de respeito e econômicos, que moti-

Educação Ambiental

Conhecimento Compreensão Habilidades Motivação Valores

Mentalidades Atitudes

Necessários para lidar com

Questões/Problemas

Ambientais

Soluções Sustentaveis

Figura 1: Pretensões da Educação Ambiental. Fonte: Dias (2001).

28

vem sentimento de respeito e interesse pelo ambiente, na tarefa de

conservá-lo, preservá-lo e por fim, melhorá-lo;

• fornecer aos indivíduos da coletividade, nas diversas modalidades

em diferentes graus de complexidade, habilidades técnicas e cientí-

ficas relacionadas às questões ambientais;

• estimular o desenvolvimento e a participação aos grupos sociais,

dando-lhes a oportunidade de intervir nas tomadas de decisões, para

determinar e resolver os problemas ambientais.

Com esses propósitos, cabe a educação ambiental disseminar o co-

nhecimento necessário para a conscientização das pessoas sobre a preserva-

ção do meio ambiente, porque ela é o instrumento capaz de formar cidadãos

com consciência local e planetária, que respeitem o meio ambiente, a autode-

terminação dos povos e a soberania das nações.

Os objetivos e princípios da educação ambientais recomendados na 2ª. Con-

ferência de Tbilisi são os seguintes: o primeiro deles consiste em levar os indivíduos

e grupos a tomarem consciência dos problemas do meio ambiente e se tornarem

sensíveis a ele. Neste sentido, a educação ambiental deve chamar a atenção para

os problemas ambientais que afetam a todos, como o desmatamento da Floresta

Amazônica, a poluição das águas, dentre outros. O segundo objetivo seria levar os

indivíduos e grupos a adquirir uma compreensão essencial do meio ambiente, na

qual a educação ambiental deve transmitir todo o tipo de conhecimento que possa

ser útil para fazer frente aos problemas ambientais. Um terceiro objetivo seria o de

despertar nos indivíduos um profundo interesse pelo meio ambiente e contribuir para

a sua proteção e qualidade, através da elaboração de meios técnicos e científicos

adequados para isso. Por último, seria importante levar os indivíduos e grupos a

perceber suas responsabilidades para solução dos problemas ambientais (TORNI-

SIELO et al., 1995).

De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795/99,

entende-se que: “Educação Ambiental é uma modalidade de educação que aconte-

ce na escola e fora dela e que faz com que todos nós, individualmente e em comu-

nidade, conheçamos melhor o nosso meio ambiente e gostemos dele, sabendo ad-

29

mirar as coisas belas e indignar-se com as atitudes que prejudicam nossa qualidade

de vida e colocam em risco a vida da natureza” (BRASIL, 2009).

Dias (1994, p. 31), destaca que a educação ambiental é uma dimensão dada

ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas

concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares, e de uma parti-

cipação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.

Durante a Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, as Organizações não-

Governamentais (ONG) promoveram uma conferência paralela com o nome de Fó-

rum Global, da qual saiu alguns princípios da educação ambiental, que procuram

despertar a atenção do homem para ações de degradação para com a natureza e

consigo mesmo.

O Fórum Global de ONG (1992) estabeleceu alguns princípios em direção à

educação ambiental, dentre os quais se destacam:

a) a educação ambiental deve desenvolver uma perspectiva holística, enfo-

cando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma in-

terdisciplinar;

b) a educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a tra-

balharem em conflitos de maneira justa e humana;

c) a educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética

sobre todas as formas de vida, com as quais compartilhamos este planeta,

respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de

vida pelos seres humanos;

d) a educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indi-

víduos e instituições com a finalidade de criar novos modos de vida, base-

ados em atender às necessidades básicas de todos, sem distinções étni-

cas, físicas de gênero, idade, religião ou classe;

e) a educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, cujas cau-

sas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social

e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao

meio ambiente, tais como: população, saúde, paz, direitos humanos, de-

mocracia, fome, degradação da flora e fauna, devem ser abordados dessa

maneira.

30

Estes princípios mostram claramente, a necessidade da educação ambien-

tal, que deve ser vista como imprescindível para a transformação da mentalidade e

na formação de uma consciência voltada para a valorização da natureza e do ho-

mem.

Assim, a educação ambiental deve primar pela formação de pessoas cons-

cientes de seu papel e de sua relação com o meio ambiente, com a finalidade de

tentar alcançar a sustentabilidade, agir na busca de soluções para o uso racional

dos recursos naturais, de modo que as futuras gerações possam também usufruí-los

(REIGOTA, 1998).

Conforme ensina Brügger (2004), a educação ambiental realiza-se através

de dois tipos de processos: a) a educação informal que compreende atividades de

contato com ambientes naturais e campanhas populares que visem à formação de

atitudes que possibilitem a preservação dos recursos naturais, como: fauna, flora,

rios, matas e outros, e a correção de processos degenerativos da qualidade de vida

na terra (poluições do ar e da água, enchentes, chuvas ácidas, mudanças climáti-

cas, dentre outras). Pode envolver também, agentes comunitários, profissionais libe-

rais e os meios de comunicação de massa; b) a educação formal ou escolar; atua-

ção curricular, tanto no planejamento quanto na execução de currículos, realizada

pela rede de ensino. Esses processos apontam para a essencialidade da educação

ambiental, o que representa um desafio nos dias atuais.

1.2.2 Desafios da Educação Ambiental

Dentro da Política Nacional de Educação Ambiental, identificam-se quatro

grandes desafios para a educação ambiental no País, que são em síntese:

a) busca de uma sociedade democrática e socialmente justa: defende-se a

idéia de que o meio ambiente e a sociedade estão intimamente interliga-

dos, e que a busca de uma sociedade ambientalmente equilibrada só se

dá simultaneamente com a busca de uma sociedade justa, igualitária e

democrática;

31

b) desvelamento das condições de opressão social: a preocupação social é

marcante na Política Nacional de Educação Ambiental, pois ela mencio-

na explicitamente nos seus princípios básicos a vinculação entre ética,

educação, trabalho e práticas sociais, que abre caminho para o desvela-

mento das relações de dominação na sociedade brasileira, caso se con-

duza de forma crítica, socialmente compromissada e atuante os traba-

lhos de educação ambiental;

c) prática de uma ação transformadora intencional: é um aspecto funda-

mental do processo de construção do conhecimento;

d) a necessidade de contínua busca do conhecimento (ROSCHEINSKY,

2002).

Todos esses desafios estão ligados, ou seja, a educação ambiental só será

possível se cada uma dessas práticas forem executadas.

Isso não é tudo, e Ruscheinsky (2002) elenca alguns desafios em direção à

educação ambiental. O primeiro desafio seria o de enfrentar a multiplicidade de vi-

sões que o tema propõe, no qual o educador deve estar preparado para essa diver-

sidade de visões e saber fazer a conexão entre as culturas de modo que o educador

perceba as múltiplas dimensões, as interseções, com capacidade de não isolar uma

parte do todo e nem as partes uma das outras. Por último, é preciso superar a lógica

da exclusão, exigindo-se para isso, uma formação ética dos educadores e um ensino

que inclua temas de grande significação social, como de uma educação ambiental

comprometida com a sustentabilidade socioambiental.

1.2.3 Formação de um Programa de Educação Ambiental

Para a formação de um programa de educação ambiental, Arroyo (1987) diz

que é necessário colocar o indivíduo em contato com a realidade e não só com o

conhecimento de conceitos, teorias e deveres, pois a educação ambiental impõe a

aceitação da obrigação moral para o convívio harmônico com seus semelhantes.

Corroborando com essa opinião, Dias (2001, p. 112) diz: “é bom enfatizar que os

objetivos de um programa ou projeto de educação ambiental devem sempre estar

32

em sintonia com as diferentes realidades sociais, econômicas, políticas, culturais e

ecológicas de uma região ou localidade”. A figura 2 ilustra a matéria.

Figura 2: Objetivos de um Programa de Educação Ambiental

Fonte: Dias (2001).

Em relação à importância de um programa ou projeto de educação ambien-

tal, Carvalho (2001, p. 47) ressalta “que há um fortalecimento institucional da educa-

ção ambiental, que acompanha a crescente valorização da questão ambiental na

sociedade”. Porém, a mesma autora relata que existem dificuldades de manutenção

e dinamização dos espaços conquistados pela educação ambiental pelos próprios

setores envolvidos em sua origem. Desse modo, pesquisas que têm como foco edu-

Problema Ambiental

Sintomas

Causas

Em

Responsabilidades

Alternativas de soluções

Ação

Envolvimento

Valorização

Sensibilização

Resultados

Mecanismos de Participação Comunitária

Conhecimento Análise Crítica

EA

Legislação Instituições Mídia

33

cação ambiental fora dos ambientes escolares são importantíssimas para o fortale-

cimento dos espaços da educação ambiental.

Outrossim, a temática ambiental fundamenta-se na realidade do homem com

o meio natural, pois ambos interagem e se inter-relacionam. A degradação ambiental

parte de uma relação deturpada, na qual o homem usa o meio ambiente para seu

conforto e bem-estar, sem estar preparado para interagir com ele (GRACIANI, 2003).

Em pequenas comunidades com finalidades agrícolas, conforme se refere o

Ambientebrasil (2009) a educação ambiental tem como objetivo principal orientar os

pequenos produtores para o correto uso de agrotóxicos, dar-lhe noções sobre ativi-

dades modificadoras do meio ambiente, técnicas agroflorestais e citar a legislação

pertinente para formação da consciência social e agroecológica da população des-

sas comunidades. Braga et. al. (2002) complementa mostrando que é preciso esta-

belecer relações e correlações entre os diferentes problemas ambientais, sociais,

éticos, culturais, identificados seus processos de interação, no espaço e no tempo.

Em direção à prática da educação ambiental, a Conferência das Nações U-

nidas recomendou o incremento da divulgação dos trabalhos científicos como o ins-

trumento mais poderoso no combate à crise ambiental, conforme a seguir apresen-

tado:

Indispensável trabalho de educação em questões ambientais, dirigido, seja às gerações jovens, seja aos adultos, o qual dê a devida atenção aos seto-res menos privilegiados da população, a fim de favorecer a formação de uma opinião pública bem informada e uma conduta dos indivíduos, das em-presas e das coletividades, inspiradas no sentido de sua responsabilidade com a proteção e melhoria do meio em toda a sua dimensão humana (SÃO PAULO, 1994, p. 21).

Certamente o incremento da realização de trabalhos científicos pode fortale-

cer a educação ambiental, embora Dias (2001) aponte uma gama de métodos peda-

gógicos que podem facilitar devidamente as atividades práticas. Em primeiro lugar

devem-se fortalecer os processos que permitam que os indivíduos e os grupos soci-

ais ampliem a sua percepção e internalizem, conscientemente, a necessidade de

mudanças. O mesmo autor apresenta várias medidas apropriadas, objetivando, so-

bretudo:

34

a) sensibilizar o público em relação aos problemas do meio ambiente e às grandes ações em curso, ou previstas;

b) elaborar informações destinadas a permitir uma visão de conjunto dos grandes problemas, das possibilidades de tratamento, e da urgência respectiva das medidas adotadas ou que devam ser adotadas;

c) transformar progressivamente as atitudes e os comportamentos para fazer com que todos os membros da comunidade tenham consciência de suas responsabilidades, na concepção, elaboração e aplicação dos programas nacionais ou internacionais relativos ao meio ambiente;

d) contribuir, desse modo, na busca de uma nova ética fundada no respei-to à natureza, ao homem e à sua dignidade, ao futuro e na exigência de uma qualidade de vida acessível a todos, com um espírito geral de par-ticipação.

Levando em consideração a importância desses aspectos, deve-se fomentar

a ação cooperativa entre os indivíduos, os grupos sociais e entre as instituições, pois

o homem nunca está só, mas imerso numa gigantesca teia de interações, como rela-

ta Dias (2001).

Fontes (2005) complementa, dizendo que a estratégia de ação dos progra-

mas de educação ambiental devem ser dinâmicas e durante todo o processo devem

primar pela efetiva participação da comunidade e dos representantes dos diversos

órgãos públicos e demais setores da sociedade civil organizada. Para isso, a mesma

autora enumera uma sequência de ações estratégias, que são em síntese:

a) formação de um grupo gestor multi-institucional para a implementação de

maneira coordenada das diversas estratégias de ação de educação am-

biental;

b) constituição da equipe de educação ambiental;

c) diagnóstico participativo do público-alvo e suas expectativas em relação

ao programa;

d) capacitação de formadores ambientais;

e) implementação do programa aos diferentes públicos;

f) divulgação do programa e,

g) criação do fórum permanente de discussão e avaliação do programa.

Por essas razões, é preciso estar preparado para captar o que a comunida-

de tem a dizer sobre seus problemas ambientais, porque a partir daí poderão ser

desenvolvidas as atividades para promover o envolvimento de seus integrantes.

Conforme Sawaia (1994), ouvir a comunidade vai permitir que se resgate

sua cidadania através do direito de expor seus problemas e dificuldades, bem como,

35

propor em conjunto, soluções para os mesmos. É necessário educar para a promo-

ção da cidadania recuperando o homem rico em necessidades, imaginativo e com

esperanças. A autora acrescenta que a cidadania é potencialidade de ação coletiva

e individual em prol do bem comum e do gozo particular. Para tanto, pressupõe a

existência de comunidades livremente escolhidas, onde todos discutem, escolhem a

planejam formas plurais de vida.

Desse modo, através de um programa voltado à educação ambiental, os

educadores ambientais têm um papel fundamental que consiste em saber lidar com

a diversidade e, a partir dela, mediar a construção novos significados sobre o meio

ambiente, assim como, relações mais abertas e dialógicas para que se possa cons-

truir em conjunto soluções para os problemas sociais e ambientais, segundo Lane

(1996).

36

2 A BACIA DO RIO VERDE NO CONJUNTO METROPOLITANO 2.1 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO HUMANA DA REGIÃO METROPOLITANA DE

CURITIBA – RMC Os primeiros colonizadores do Paraná se estabeleceram na Ilha da Cotinga

e mais tarde, mudaram-se para Paranaguá. A etapa seguinte foi o processo de colo-

nização a partir da transposição da Serra do Mar (PADIS, 1981).

Em Curitiba, os registros da presença do homem branco ocorreram em

1531, quando Martin Afonso de Souza enviou a primeira expedição exploradora. Em

1542, Dom Álvares Nuñes Cabeza de Vaca passou pelos Campos de Curitiba em

seu trajeto para Assunção, no Paraguai. Pelo que se tem notícia, a região servia

como passagem para os exploradores que transitavam de Cananéia (litoral paulista)

e Assunção (Paraguai) (BARBOSA, 1984).

Em 1646 foi descoberta a primeira mina de ouro na região do Município de

Campo Largo, em Itambé, o que serviu para atrair garimpeiros e iniciando-se com a

transformação do meio ambiente por causa da mineração. Porém, a exploração aurí-

fera não serviu para fixar as populações nas regiões limítrofes (MARTINS, 1976).

No século XVII a região era muito inóspita e violenta, além da contrariedade

dos silvícolas quanto a presença européia, havia também ladrões e escravos fugidos

que agiam contra os mineradores. O primeiro proprietário de terras na região de

Campo Largo foi o capitão Antônio Luiz Lamin, também conhecido como Tigre. Os

primeiros povoados que se tem notícia datam do século XVIII, como: Tamanduá,

Carros, Bugre (BARBOSA, 1984).

A partir de 1720 a mineração entrou em declínio e muitos partiram. Isso fez

com que a atividade econômica migrasse da mineração para a pecuária. Outrossim,

a excelência dos campos encontrados no planalto curitibano chamou a atenção dos

criadores que aproveitaram o local para estabelecer seus currais, segundo Martins

(1995).

Após a emancipação política do Paraná em 1853, houve um grande incenti-

vo para a vinda de migrantes por iniciativa do presidente da província Adolpho La-

menha Lins, que no ano de 1875 foi autor do primeiro plano de colonização do Esta-

do. Seus sucessores Rodrigo Otávio de Oliveira Menezes, Alfredo d’Escragnolle

Taunay, Joaquim de Almeida Faria e Balbino Cândido da Cunha mantiveram o in-

37

centivo à imigração. Com isso apareceram algumas colônias em Campo Largo: A-

çungui, Antônio Rebouças; Balbino Cunha; Dom Pedro II; Dona Mariana. Em Arau-

cária surgiram: Thomaz Coelho e Santa Cristina e mais tarde, apareceram as colô-

nias de Mendes Sá (Rondinha); Mariano Torres, Rio Verde e outras.

Na região da Bacia do Rio Verde surgiram algumas colônias e dentre elas

estão a Colônia Rebouças, ocupada por italianos; Balbino Cunha (Campina) também

italianos; Dom Pedro colonizada por poloneses, suíços e ingleses; Dona Mariana

inicialmente por poloneses e após por italianos; Mendes Sá destinada a poloneses e

italianos e Santa Cristina, colonizada por poloneses (BARBOSA, 1984).

Cada família tinha o direito em média, 10 hectares, permitindo o estabeleci-

mento de policulturas. Essas colônias mudaram a paisagem e a apropriação da na-

tureza na região, pois se passou do grande latifúndio para a pequena propriedade

agrícola, segundo Martins (1989).

Segundo Barbosa (1984) a produção agrícola das pequenas propriedades

acabava por exaurir os recursos do solo, pois o sistema de exploração consistia em

queimar a mata, cultivar a clareira durante alguns anos e depois deixá-la em des-

canso, revertendo a vagetação secundária, enquanto nova mata era derrubada para

ter o mesmo emprego. Além desse modo errôneo de cultivar a terra, havia ainda a

perda do solo por conta da erosão laminar, transportado para os canais fluviais pela

ação do escoamento superficial da pluviosidade, que, associada à falta de rotação

de culturas exauria os nutrientes do solo.

As povoações da época eram compostas por um pequeno núcleo estabele-

cido junto aos entroncamentos de caminhos, onde existiam diversas casas ao redor

de uma igreja e um cemitério, com uma escola, pequenos comércios, armazéns e

lojas, ferreiro, moinhos e um fabricante de rodas. Os principais núcleos urbanos e-

ram as vilas de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (Curitiba), Nossa Senhora da

Piedade (Campo Largo) e Tindicuera (Araucária) (MARTINS, 1989).

Atualmente essas colônias ainda preservam suas características originais e

a presença da igreja ainda é muito forte, pois ali acontecem eventos e festas religio-

sas realizadas nos salões paroquiais.

Saint-Hilaire (1995) relata que a partir do século XVIII Curitiba se torna im-

portante entreposto no caminho das tropas de gados vindas do sul em direção a São

Paulo. Em 1820, a cidade tinha uma forma circular composto por 220 casas peque-

nas, quase todas de um só pavimento.

38

Barbosa (1984) narra que o caminho (estrada do Mato Grosso) que saía da

vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais para o Mato Grosso passava pela região

do rio Verde. Este caminho foi considerado pelo Império em meados do século XVIII,

como a maneira mais fácil de atingir o Mato Grosso e condição estratégica importan-

te durante a Guerra do Paraguai (BARBOSA, 1984).

Atualmente a via de ligação e de transportes de mercadorias é a rodovia do

Café (BR 277), que atravessa a região e foi construída no governo de Bento Munhoz

da Rocha. A rodovia PR-453 corta a região do Rio Verde fazendo a ligação entre o

município de Araucária e a rodovia do Café.

Durante as décadas de 1930 e 1960 houve um aumento demográfico na ci-

dade Curitiba, influenciado por planos de incentivos governamentais e a necessida-

de de colonização de extensas áreas do estado. Na década de 1970 mudanças pro-

fundas ocorreram no estado, alterando o perfil geoeconômico, como substituição das

lavouras de café e a criação da Cidade Industrial de Curitiba – CIC em 1975, fatos

esses que contribuíram para a transformação do panorama rural e urbano do Esta-

do, segundo Moro (1998).

Ainda na década de 1970, veio a implantação da REPAR – Refinaria Presi-

dente Getúlio Vargas, em Araucária, região escolhida para localização da refinaria

pelos seguintes motivos:

a) condição dos ventos dominantes na região não traria para a capital pos-

síveis resíduos da indústria;

b) a proximidade do rio Barigui, onde se poderia descarregar, depois de tra-

tados os dejetos das indústrias que se instalariam;

c) fácil acesso rodoviário a região do Xisto em São Mateus do Sul/PR.

(PORTES, 2000).

A REPAR construiu na década de 1970 uma barragem do Rio Verde e a a-

dutora que transporta a água da barragem à refinaria. Os resíduos da empresa são

depositados numa lagoa, formada para oxigenação e remoção de impurezas e de-

pois lançados no rio Barigui, sem que se contamine o lençol freático. A REPAR plan-

tou mais de cem mil mudas de árvores de toda a espécie, para conter os ventos e

purificar o ar em torno da refinaria (ARAUCÁRIA, 1999).

Nos anos de 1970 e 1980, Curitiba sediou grandes grupos industriais, espe-

cialmente na CIC, por conta dos incentivos fiscais oferecidos.

39

Na década de 1990 houve um grande desenvolvimento no Estado, por conta

dos incentivos oferecidos às indústrias que aqui se estabeleceram. Pontes (2000)

relata que as indústrias procuram estar associadas ao dinamismo das metrópoles,

seja por vantagens fiscais ou de mercado, levando a um aumento na concentração

industrial junto a RMC.

Nesta mesma década, a alteração da composição original da estrutura in-

dustrial, incorporando novos segmentos, sustentada por uma política estadual de

atração de novos investimentos, reforçou o espaço metropolitano, que disponibiliza-

va vantagens locacionais da proximidade do mercado do Sudeste e do Porto de Pa-

ranaguá, oferta de infra-estrutura em termos de energia, telecomunicações, aeropor-

to internacional e rodovias, dentre outros fatores que se somaram à concessão de

incentivos fiscais e financeiros (OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES, 2009). O

mapa da COMEC, que seguem, permite verificar a APA do (Rio) Verde no conjunto

da Região Metropolitana de Curitiba.

Fonte: COMEC, 2009.

40

2.2 ASPECTOS GEOGRÁFICOS DOS MUNICÍPIOS DA BACIA DO RIO VERDE

A bacia hidrográfica do Rio Verde está localizada na porção oeste da Região

Metropolitana de Curitiba – RMC e pertence a grande bacia do Rio Paraná e de seu

afluente o Iguaçu. Sua nascente está localizada numa vertente a nordeste da bacia,

a uma altitude de aproximados 1.000m do nível do mar (PARANACIDADE, 2009).

A bacia do Rio Verde possui uma área de 237,13km2. As nascentes de seu

curso estão junto ao divisor de águas das bacias do Iguaçu e Ribeira de Iguape no

município de Campo Magro. O rio principal (Verde) tem como seus principais tributá-

rios o rio Cambuí eminentemente urbano, o rio Rondinha, o rio Cristal, entre outros

de menor importância (PARANACIDADE, 2009).

A bacia do Rio Verde tem grande valor econômico devido ao seu potencial

hídrico, sendo aproveitada em alguns represamentos para formação de lagos em

seu percurso para aplicação na irrigação e abastecimento das pequenas proprieda-

des rurais, até a grande represa do Rio Verde construída na década de 1970, para

servir de captação de água para ser utilizada na instalação da Refinaria Presidente

Getúlio Vargas em Araucária (PARANACIDADE, 2009).

A área da bacia do rio Verde compreende parte de três municípios. Campo

Magro, Campo Largo e Araucária. Juntos esses municípios tem uma população de

217.602 habitantes, a maioria concentrada na área urbana.

O Município de Campo Magro possui uma área de 274km2 e uma população

total de 20.409 habitantes, com 17.908 deles na área rural. Está situado a 10 quilô-

metros da capital. Foi desmembrado de Almirante Tamandaré pela Lei n. 11.221 de

11 de dezembro de 1995. O município é essencialmente agrícola e com pouca in-

dustrialização (PARANACIDADE, 2009).

O Município de Campo Largo tem uma área de 1.192 km2 e uma população

total de 92.782 indivíduos, com 77.223 na área urbana. Está localizado a oeste de

Curitiba, limitando-se com Almirante Tamandaré, Araucária, Balsa Nova, Castro, Cu-

ritiba, Itaperuçu, Palmeiras e Ponta Grossa. O Município foi criado pela Lei n. 219 de

02 de abril de 1870, quando foi desmembrado de Curitiba. É um dos municípios que

mais atrai população. Sua economia, que antes era voltada a indústria cerâmica,

41

está atualmente se diversificando por causa da proximidade com os centros consu-

midores e a facilidade da estrutura modal rodoviária (PARANACIDADE, 2009).

O Município de Araucária está situado às margens do Rio Iguaçu, integrado

à Região Metropolitana de Curitiba. Ocupa uma área de 460,85km2, situa-se a 857m

do nível do mar. É cortado pela BR-476, Rodovia do Xisto, via de interligação da Re-

gião Sudoeste do País. Está a 27 km do centro de Curitiba. Com a implantação da

Refinaria Presidente Getúlio Vargas, da Petrobrás, na década de 1970, a cidade

começou a sofrer influências do desenvolvimento industrial, servindo de sede a no-

vas indústrias, com geração de empregos e o deslocamento de trabalhadores da

área rural para a urbana. Abriga na divisa com os municípios de Curitiba e Campo

Largo a represa do Rio Passaúna, que abaste de água a região da capital parana-

ense. O Município foi criado pela Lei nº 040 de 11 de novembro de 1890, quando foi

desmembrado de Curitiba e São José dos Pinhais. Graças às suas indústrias, o mu-

nicípio tem o maior PIB per capita do Estado, com US$ 26.205,87 (PREFEITURA

MUNICIPAL DE ARAUCÁRIA, 2009). Os aspectos coloniais e de ocupação podem

ser verificados nos municípios que englobam a bacia do Rio Verde.

13 ASPECTOS DA OCUPAÇÃO HUMANA REGIONAL

1.3.1 Município de Campo Magro

O Município de Campo Magro possui parte do seu território inserido na Bacia

do Rio Verde, onde por meio do Decreto Estadual n. 1.611/99, foi estabelecido o

macrozoneamento da Unidade Territorial de Planejamento - UTP de Campo Magro.

A Lei Estadual n. 12248/98 estabeleceu o ordenamento das áreas com pressão de

ocupação e a sustentabilidade ambiental, criando seis zonas voltadas à ocupação

orientada, duas à urbanização consolidada e uma à restrição à ocupação (CONSI-

LIU, 2002).

42

A Zona de Ocupação Orientada I é a mais próxima da Área de Proteção

Ambiental - APA do Rio Verde e se caracteriza por ser de baixíssima densidade,

com previsão e subdivisão em fração média de 20.000,00m2 e lote mínimo de

10.000,00m2 destinadas à produção agrossilvipastoril e a atividades voltadas ao la-

zer e ao turismo (CONSILIU, 2002).

A Zona de Ocupação Orientada II caracteriza as áreas em terrenos com limi-

tantes hidrológicos, geológicos e geotécnicos, em que ocorre o relevo cárstico, de

baixa densidade de ocupação, com previsão de subdivisão em lotes mínimos de

5.000,00m2 (CONSILIU, 2002).

A Zona de Ocupação Orientada III caracteriza as áreas em terrenos com

limitantes hidrológicos, geológicos e geotécnicos, em que ocorre o relevo cárstico,

pertencentes ao perímetro urbano do município e que possuem pressão de ocupa-

ção, com previsão de subdivisão em lotes mínimos de 2.000,00m2.

A Zona de Ocupação Orientada IV é próxima a área urbana consolidada, em

terrenos que possuem condições geológicas adequadas à ocupação, com média

densidade de ocupação, com subdivisão em frações médias de 1.200,00m2 e lotes

mínimos de 600,00m2.

A Zona de Ocupação Orientada V compreende as áreas lindeiras a PR-050,

com ocorrência do relevo cárstico6, que possuem pressão por ocasião. São áreas

destinadas à implantação de atividades comerciais e de serviços, onde o parcela-

mento mínimo é 2.000,00m2. Na Zona de Ocupação Orientada VI ocorrem as áreas

aptas à implantação de atividades industriais e de serviços, que permitem subdivisão

em lotes mínimos de 5.000,00m2.

A Zona de Urbanização Consolidada I compreende as áreas de consolida-

ção da ocupação urbana. Nessas áreas é permitida a subdivisão em lotes mínimos

de 420,00m2 e aquisição de potencial construtivo em, no máximo, 50% do lote, que

poderá ser preferencialmente utilizado para estruturação de zona central e ou setor

comercial/habitacional, conforme a Lei Municipal Nº 127/00, a ser detalhado em le-

gislação própria. Nas áreas onde for permitida a aquisição de potencial construtivo,

poderá ser utilizado coeficiente de aproveitamento máximo equivalente a 1,2.

6 Terreno formado pela corrosão de rochas calcárias caracterízado por leitos subterrâneos, cavernas,

grutas.

43

A Zona de Urbanização Consolidada II delimita as áreas onde já existem

loteamentos em fase de implantação ou ocupações desprovidas de qualquer infra-

estrutura urbanístico-sanitária, em locais com restrições geológicas, geotécnicas e

hidrológicas, implicando cuidados especiais quanto a qualquer forma de uso e ocu-

pação.

Também existem zonas de restrição à ocupação, que são as áreas onde a

ocupação trará prejuízos, tanto do ponto de vista ambiental como social. Por isso,

foram selecionadas para serem utilizadas como áreas para doação à Prefeitura Mu-

nicipal em troca de potencial construtivo; na APA do Rio Verde, onde existem situa-

ções semelhantes, poderá ser utilizado o mesmo sistema de transferência do poten-

cial construtivo. Na tabela 1 foram apresentados os parâmetros do uso do solo na

UTP de Campo Magro.

44

Tabela 1: Parâmetros de uso do solo na UTP de Campo Magro

ZONA USO PERMITIDO USO PERMIS-SÍVEL

USO PROIBIDO

ZOO I Habitação unifamiliar; chácaras de lazer; áreas de esporte/lazer; ativida-des agrícolas.

Pousadas Usos que por suas características comprometam a qualidade da bacia e a qualidade de conservação do meio ambiente.

ZOO II Habitação unifamiliar; chácaras de lazer, áreas de esporte/lazer, ativida-des agrícolas.

Pousadas Usos que por suas características comprometam a qualidade hidríca da bacia e a qualidade de conservação do meio ambiente.

ZOO III Habitação unifamiliar con-domínios residenciais horizontais; chácaras de lazer; pousadas, áreas de esporte, lazer e atividades agrícolas, comércio e serviço vicinais e de bair-ro.

Pousadas Usos que por suas características comprometam a qualidade hídrica da bacia e a qualidade de conservação do meio ambiente.

ZOO IV Habitação unifamiliar; condomínios residenciais horizontais; chácaras de lazer, pousadas, comércio e serviços vicinais e de bairro.

Pousadas Usos que por suas características comprometam a qualidade hidríca da bacia e a qualidade de conservação do meio ambiente.

ZOO V Habitação unifamiliar; atividades terciárias não poluidoras.

Atividades se-cundárias não poluidoras.

Usos que por suas características comprometam a qualidade hidríca da bacia e a qualidade de conservação do meio ambiente.

ZOO VI Habitação unifamiliar Atividades se-cundárias não poluidoras.

Usos que por suas características comprometam a qualidade hidríca da bacia e a qualidade de conservação do meio ambiente.

ZUC I Habitação unifamiliar; condomínios residenciais horizontais; comércio e serviço não poluidores.

Habitação coleti-va (1) Edifícios comer-ciais(1)

Usos que por suas características comprometam a qualidade hidríca da bacia e a qualidade de conservação do meio ambiente.

ZUC II (2)

Habitação unifamiliar; comércio e serviços não poluidores.

Usos que por suas características comprometam a qualidade hidríca da bacia e a qualidade de conservação do meio ambiente.

ZRO Atividades de lazer e de conservação definidas em plano de manejo e/ou projeto urbanístico especí-fico.

Uma moradia a cada 20.000,00m2

Usos que por suas características comprometam a qualidade hidríca da bacia e a qualidade de conservação do meio ambiente

FONTE: CONSILIU (2002).

Notas: (1) Permissível mediante aquisição de potencial construtivo.

45

2.3.2 Município de Araucária

Também possui parcela do seu território inserida na APA do Rio Verde,

compreendendo parte da sua área rural. Segundo a Lei Federal nº 5.868/72, altera-

da pela Lei Federal nº 10.267/01, que criou o Sistema Nacional de Cadastro Rural,

definindo no artigo 8º que, para fins de transmissão, nenhum imóvel rural poderá ser

desmembrado ou dividido em área de tamanho inferior à do módulo calculado para o

imóvel ou da fração mínima de parcelamento fixado no § 1º deste mesmo artigo,

prevalecendo a de menor área. Este inciso estabelece que a fração mínima de par-

celamento seja:

a) o módulo corresponde à exploração hortigranjeira das respectivas zonas

típicas, para os municípios das capitais dos estados;

b) o módulo correspondente às culturas permanentes para os demais muni-

cípios situados nas zonas A (potencial demográfico médio superior a 100

mil hab/km2), B (potencial demográfico médio entre 60 e 100 mil hab/km)

e C (potencial demográfico médio entre 30 e 60 mil hab/km2);

c) o módulo correspondente à pecuária para os demais municípios situados

na zona típica D (potencial demográfico médio entre 30 e 60 mil hab/km2)

(CONSILIU, 2002).

Conforme Instrução Especial INCRA nº 26/82, que dispõe sobre a extensão

da fração mínima de parcelamento prevista nas capitais dos estados a outros muni-

cípios, Curitiba, que possuía fração mínima de 2há, a mesma foi estendida aos de-

mais municípios da RMC (CONSILIU, 2002).

O Decreto Federal n. 62.504/68, que regulamenta o Artigo 65 da Lei Federal

n. 4504/64, que dispõe sobre os desmembramentos de imóveis rurais que visem

constituir unidade diversa daquela referida nesta lei, sendo aceitos desmembramen-

tos decorrentes de desapropriação por necessidade pública e desmembramentos de

iniciativa particular que visem atender interesses de ordem pública na zona rural

(CONSILIU, 2002).

De acordo com a Lei Municípal n. 1.030/95 foram estabelecidos os parâme-

tros de uso para a zona rural, sendo permitidos sítios de recreios, habitações unifa-

miliares, estabelecimentos agropecuários e hortigranjeiros, armazéns e silos, sendo

considerados de uso permissível os estabelecimentos agroindustriais e comércio

vicinal (CONSILIU, 2002).

46

O Município de Araucária elaborou a sua Agenda 217 Local – Construindo a

Araucária do Futuro, no período de junho de 2002 a junho de 2004, com a finalidade

de instituir um Fórum Permanente e estabelecer uma metodologia que oportunizasse

a participação de todas as organizações sociais e o governo local para estabelecer

um conjunto de diretrizes e estratégias, objetivando o desenvolvimento sustentável.

Neste sentido, foram criadas as Leis Municipais nº 1331/02 e 1373/02 que normati-

zaram o processo de elaboração da Agenda 21. Para atingir as metas da Agenda 21

foram selecionadas seis áreas temáticas de modo a abranger a complexidade do

município e de suas regiões dentro do conceito de sustentabilidade ampliada e pro-

gressiva. São elas: Agricultura Sustentável, Desenvolvimento Urbano Sustentável,

Redução das Desigualdades Sociais, Gestão dos Recursos Naturais, Educação, Ci-

ência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável; infra-estrutura e integração

com os Municípios Limítrofes e Região Metropolitana. (PREFEITURA MUNICIPAL

DE ARAUCÁRIA, 2004).

A Agenda 21 Local de Araucária foi estruturada em três blocos de ação:

1. Elaboração do Diagnóstico Institucional da Prefeitura Municipal de Arau-

cária, através de entrevistas e levantamento de informações junto aos ór-

gãos do poder municipal;

2. Estabelecimento de Diagnóstico Sócio-Econômico-Ambiental do Municí-

pio, através de um processo participativo de discussão da Agenda, com a

realização de workshops e seminários;

3. Realização de Seminário para Definição das 21 Ações Prioritárias da A-

genda 21, que também, contribuiu para apontar os seus meios de imple-

mentação. (AGENDA 21 ARAUCÁRIA, 2004).

7 A Agenda 21 é um amplo programa de ação com a finalidade de dar efeito prático aos princípios aprovados na Declaração do

Rio, apresentam um roteiro detalhado de ações concretas a serem adotadas pelos governos, instituições das Nações Unidas, agências de desenvolvimento e setores independentes, para iniciar o processo de transição em direção ao desenvolvimento sustentável. Propõe mudar o rumo da humanidade em direção a um melhor padrão de vida para todos, com a produção dos ecossistemas naturais e a redução da pobreza.

47

2.3.3 Município de Campo Largo

Conforme a Lei Municipal nº 444/78 foram definidas as zonas de alta densi-

dade (centro principal – ZCP, centro secundário – ZCS, sistema estrutural – ZCE);

zonas de média densidade (zona residencial 1 – ZR-1); zonas de baixa densidade

(ZBD); zonas de serviço (ZS); zonas industriais (ZI); setores especiais; zona rural,

além do zoneamento dos distritos de Bateias, Ferraria, Três Córregos e São Silves-

ter, e das localidades de Itaqui e Rebouças (CONSILIU, 2002).

Dentro da APA foram definidas as zonas residenciais 1, 2 e 5, a zona indus-

trial 1, a zona especial de expansão urbana I e II, a localidade de Rebouças e parte

da zona rural do município.

Na zona residencial 1 permite-se uma única habitação unifamiliar por terre-

no, comércio e serviços vicinais, com lote mínimo de 450,00m2, onde são proibidos

os demais usos, inclusive os relacionados a inflamáveis ou gás liquefeito de petróleo

(GLP). A zona residencial 2 permite habitação unifamiliar, comércio e serviços vici-

nais, com lote mínimo de 360,00m2, onde são proibidos os demais usos, inclusive

aqueles relacionados a inflamáveis ou GLP. A zona residencial 5 permite uma única

habitação unifamiliar no terreno, com lote mínimo de 5.000,00m2, onde são proibidos

os demais usos, inclusive aqueles relacionados a inflamáveis ou GLP (CONSILIU,

2002).

A zona industrial 1 (ZI-1) destina-se às indústrias não poluitivas. Para a ativi-

dade industrial, o lote mínimo permitido é de 5.000,00m2; para os serviços de apoio a

indústria, a área mínima é 2.500,00m2; para habitação em loteamentos residenciais

urbanos regularmente aprovados, o lote mínimo é 360,00m2; e para comércio e ser-

viços de pequeno porte regularmente aprovados em loteamentos residenciais urba-

nos, este lote é 306,00m2 (CONSILIU, 2002).

As zonas especiais de expansão urbana foram criadas pelo Decreto Munici-

pal n. 97/81 e pelo Decreto Municipal n. 123/82 na localidade de Rondinha, sem de-

finição dos parâmetros de uso e ocupação do solo. A zona de expansão urbana I

criada pelo Decreto Municipal n. 97/81, situa-se na margem direita da BRF-277, sen-

tido Curitiba-Campo Largo entre a zona residencial 2 e a zona de expansão urbana

II, estão inseridos nesta zona parte do Jd. Carmela e a associação do Colégio Se-

nhor Bom Jesus da Aldeia. A zona de expansão urbana II criada pelo Decreto Muni-

cipal n. 123/82, está localizada nas margens direita e esquerda da BR-277, sentido

48

Curitiba-Campo Largo, inserindo os loteamentos Jd. Santa Nely, Vila Santo Onobre,

Vila Mariano Torres, Vila São Luis e Vila Pompéia (CONSILIU, 2002).

Para a zona rural de Campo Largo, a Lei Municipal nº 444/78 permite a exis-

tência de habitação unifamiliar, atividades agropecuárias e hortifrutigranjeiras, sendo

proibidos os demais usos, inclusive os relacionados a inflamáveis ou GLP. Os crité-

rios para parcelamento do solo na zona rural atendem aos estabelecidos pelas leis

federais (CONSILIU, 2002).

A localidade de Rebouças foi incluída na zona urbana do município de Cam-

po Largo, segundo a Lei Municipal n. 444/78, que determina como áreas de preser-

vação de fundo de vale, preservação do uso de ocupação e as destinadas à expan-

são urbana. No entanto, não define parâmetros de uso e ocupação do solo e não

possui limites físicos ou definidos por bacias (CONSILIU, 2002).

2.4 A BACIA DO RIO VERDE E A PRESSÃO METROPOLITANA Na área em estudo, há presença de áreas de ocupações consolidadas, co-

mo o Cercadinho em Campo Largo, com alta densidade, situação que poderia ser

enquadrada a maioria dos loteamentos identificados.

49

Figura 1: Vista de área de ocupação consolidada na Bacia do Rio Verde (região do Cercadinho, em Campo Largo)

Fonte: CONSILIU, 2002.

As figuras 2 e 3 mostram a presença de ocupações irregulares que existem

em praticamente todos os 22 loteamentos existentes, excluindo-se a Planta Cyro

Dornelles Marques, em Campo Largo, e Jardim Novos Horizontes II e Vila Nova II,

em Campo Magro.

Figura 2: Vista de ocupação irregular em fundo de vale da bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde (Vila Dom Pedro, no Município de Campo Largo).

Fonte: CONSILIU, 2002.

50

Figura 3: Vista de ocupação irregular contígua a loteamento aprovado na bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde (Vila Dom Pedro, no Município de Campo Largo).

Fonte: CONSILIU, 2002.

Conforme se observa nas figuras 2 e 3, esta forma de ocupação ocorre

especialmente em áreas de fundo de vale, públicas ou privadas, as quais se configu-

ram como áreas de risco para os mananciais e para a própria população ocupante.

As ocupações irregulares se localizam em áreas contíguas aos loteamentos, con-

forme se verifica na figura 3. Essas ocupações tem causado problemas de acesso

às propriedades em situação regular dentro do loteamento (CONSILIU, 2002).

As áreas urbanas situadas nos municípios de Campo Largo e Campo Ma-

gro apresentam problemas de infra-estrutura e saneamento básico (figura 4), espe-

cialmente de esgotamento sanitário e drenagem de águas pluviais, resultando em

poluição de vários graus.

51

Figura 4: Vista de condições de falta de infraestrutura de saneamento básico na bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde (Vila São Luis, no Município de Campo Largo).

Fonte: CONSILIU, 2002

Também foram identificadas atividades incompatíveis com a condição de área

de proteção ambiental, dentre elas, indústrias colocadas próximas a cursos d’água

(figura 5); cemitérios (figura 6) e áreas com o uso intensivo de agroquímicos (figura

7).

52

Figura 5: Vista de indústria locada próxima a curso d’água na bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde (Prossuposte, no Município de Campo Largo).

Fonte: CONSILIU, 2002

Figura 6: Vista de cemitério na bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde (Colônia Mariana, no Município de Campo Largo)

Fonte: CONSILIU, 2002

53

Figura 7: Vista de área com uso intensivo de agrotóxicos na bacia contribuinte do Reservatório do Rio Verde (olericultura)

Fonte: CONSILIU, 2002

No município de Campo Magro, diante da impossibilidade do parcelamento

do solo em lotes para a população de baixa renda, muitas áreas sofreram processos

de invasão e de parcelamento clandestino. Destacam-se alguns loteamentos e ocu-

pações irregulares, como: Passauna, Lagoa da Pedra, São Benedito, bem como de

algumas áreas junto ao Jardim Boa Vista, Jardim Veneza e na própria sede. A figura

8 apresenta um exemplo de áreas de preservação permanente invadidas.

54

Figura 8: Áreas de Preservação Permanente Invadidas em Campo Magro

Fonte: CONSILIU, 2002

A figura 9 apresenta um desempenho de áreas de invasão, onde foram su-

primidas as matas ciliares para dar lugar à ocupação desordenada.

Figura 9: Ocupação desordenada em Campo Magro

Fonte: CONSILIU, 2002

Quanto ao município de Araucária, a Agenda 21 Local definiu propostas com

relação ao uso do solo e ocupações irregulares, destacando-se:

a) a vinculação das diretrizes do Plano Diretor de Urbanismo às propostas

da Agenda 21 Local, no sentido de potencializar as prioridades da comu-

55

nidade e os consensos construídos ao longo do processo da sua cons-

trução;

b) a ampliação do conceito de “ocupação irregular”, hoje entendida somente

como a ocupação em áreas de preservação ambiental; um exemplo a ser

incluído no conceito seria o da construção de edifícios totalmente fora do

gabarito do entorno imediato, Patrimônio Cultural e Histórico, como o da

Praça Vicente Machado;

c) a criação e/ou utilização de novos instrumentos de gestão urbana, objeti-

vando a racionalização dos vazios urbanos e das soluções referentes à

habitação de interesse social;

d) a necessidade de se vincular a política habitacional local a uma política

habitacional em nível metropolitano: somente com a participação efetiva

dos municípios e órgãos estaduais integrantes da RMC-Região Metropo-

litana de Curitiba é que se poderá definir uma política de gestão para as

questões comuns;

e) quanto à fiscalização e cumprimento da legislação referente ao uso do

solo e às ocupações irregulares, salientou-se como fundamental a sua

efetividade e ampliação, além da sua vinculação à educação ambiental

(PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAUCÀRIA, 2004).

A Agenda 21 Local de Araucária, como se observou, trata, na verdade, de

uma estratégia que visa a aperfeiçoar o planejamento de ações, definindo premissas

e gerando os subsídios necessários para programar-los.

Na prática essas ações deixam a desejar, pois o Município de Araucária po-

de ser considerado o mais poluído do Paraná, segundo os órgãos responsáveis pe-

lo meio ambiente. Esta posição pouco invejável é devido a alta carga de poluição

lançada todos os dias na atmosfera da cidade, pelas fábricas e indústrias como Pe-

trobrás, Cocelpa, Ultrafertil, Siderúrgica Guaíra e outras e que se constituem no prin-

cipal problema de Araucária.

O maior desastre do Paraná, ocorreu em julho de 2000 na cidade de Araucá-

ria, quando vazaram mais de 4 milhões de litros de petróleo na REPAR (Refinaria

Getúlio Vargas da Petrobrás), atingindo o Rio Iguaçu, deixando um rastro de seqüe-

las e impactos. Segundo relatório final que analisou o caso divulgado pela Assem-

bléia Legislativa do Estado do Paraná de julho de 2001, concluiu-se que o vazamen-

56

to foi devido à falha humana e sua extensão à inobservância de procedimentos ope-

racionais pela Petrobrás. Neste mesmo ano de 2000, a Petrobrás implantou o Pro-

grama de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança Operacional da Petrobrás -

PEGASO, destinado ao meio ambiente e saúde, contingências (ações de emergên-

cia), efluentes (despejos industriais), supervisão e automatização de dutos, trata-

mento de resíduos e gerenciamento de riscos.

O processo de ocupação e o desenvolvimento são os geradores dos pro-

blemas encontrados na bacia do Rio Verde, resolver os mesmos seria quase impos-

sível, mas a educação ambiental pode gerar uma sociedade futura positiva na regi-

ão. Sobre a educação ambiental, ver-se-á na sequência.

57

3 O RIO VERDE E O MEIO AMBIENTE PERCEBIDO

Para atender o objetivo desta dissertação que foi o de desenvolver um estudo

que visa caracterizar o olhar da população da bacia do Rio Verde sobre o meio am-

biente em que vivem e qual o conhecimento da população em relação à educação

ambiental, tentando assim, verificar como a comunidade do entorno da bacia do Rio

Verde pode intervir nas causas e conseqüências da degradação ambiental presen-

tes naquela região, foram estabelecidos os seguintes passos metodológicos.

O desenvolvimento da metodologia compreendeu duas fases. Na primei-

ra fase foi feita uma pesquisa bibliográfica a partir de material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos. Neste sentido, os livros

constituem as fontes bibliográficas por excelência, em função de sua forma de

utilização. A pesquisa bibliográfica se justifica com o apoio de Oliveira (2002, p.

119) que assim comenta: “a pesquisa bibliográfica é mais ampla, pois pode ser

realizada com a pesquisa de campo e de laboratório. A pesquisa bibliográfica

tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que

se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno”.

O levantamento da pesquisa bibliográfica seguiu o roteiro proposto por

Oliveira (2002, p. 122):

a) seleção das fontes de referencia (índices, bibliografias, abstracts): b) levantamento de material publicado sobre o assunto que está sen-

do objeto de investigação, em bibliotecas isoladas e naquelas que fazem parte do catálogo coletivo;

c) consultas pessoais a estudiosos e especialistas na área a ser in-vestigada;

d) consulta a dicionários técnico-científicos, para a elaboração e expli-citação de termos;

e) arquivos de empresas jornalísticas e de revistas especializadas; f) acervos e centros de pesquisas via internet.

Concomitantemente à pesquisa bibliográfica foi feita também um estudo

exploratório e qualitativo/quantitativo sobre uma intervenção educacional dire-

cionada a educação ambiental junto à uma comunidade na região do entorno da

Bacia do Rio Verde. Neste sentido, a concepção de educação ambiental busca

pensar a construção do conhecimento sobre a temática ambiental com um diá-

logo que se estabelece entre o pesquisador e a comunidade. Por isso, é pesqui-

sa exploratória porque “dá ênfase à descoberta de práticas ou diretrizes que

58

precisam modificar-se na elaboração de alternativas que possam ser distribuí-

das”, conforme Oliveira (2002, p. 134).

É uma pesquisa qualitativa, pois de acordo com Patton (1980, p. 33),

citado por Brito (1998, p. 48), “a pesquisa qualitativa contribui para as comuni-

dades desenvolverem ações que auxiliem no entendimento da realidade, aflo-

rem os conflitos e busquem soluções para os problemas”. Isso encontra eco

nesta pesquisa, pois a comunidade será ouvida através da aplicação de um

questionário em que os inquiridos poderão apresentar suas opiniões a respeito

dos assuntos inerentes à educação ambiental.

Também é pesquisa quantitativa, pois foram utilizados gráficos e percen-

tagens com o objetivo de auxiliar a visualização e o entendimento das informa-

ções qualitativas contidas no material coletado junto à população do local. A

pesquisa quantitativa se justifica, pois como o próprio nome diz “é utilizada no

desenvolvimento das pesquisas de âmbito social, econômico, de comunicação,

mercadológicas, de opinião, de administração, representando, em linhas gerais,

uma forma de garantir a precisão dos resultados”, como explica Oliveira (2002,

p. 115).

O planejamento da pesquisa-ação difere significativamente dos outros

tipos de pesquisa, porque, além dos aspectos referentes à pesquisa propria-

mente dita, envolve também a ação dos pesquisadores e dos grupos interessa-

dos, que foi o que aconteceu, pois foi aplicado um questionário junto aos mora-

dores próximos à Bacia do Rio Verde abrangendo as comunidades dos municí-

pios de Campo Largo, Araucária e Campo Magro, para conhecer suas opiniões

a respeito dos problemas ambientais daquela região.

A pesquisa-ação concretiza-se com o planejamento de uma ação desti-

nada a enfrentar o problema que foi objeto de investigação, através de um plano

ou projeto que indique:

a) quais os objetivos que se pretende atingir;

b) a população a ser beneficiada;

c) a natureza da relação da população com as instituições que serão

afetadas;

d) a identificação das medidas que podem contribuir para melhorar a

situação;

59

e) os procedimentos a serem adotados para assegurar a participação da

população e incorporar suas sugestões;

f) a determinação das formas de controle do processo e de avaliação de

resultados, conforme cita Gil (1991).

Na pesquisa-ação, pesquisadores e participantes da situação ou do pro-

blema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Na pesquisa-ação

seleciona-se uma amostra, coleta-se e interpretam-se os dados e após, elabora-

se um plano de ação que enfrente o problema-alvo, segundo Rauen (2002).

A pesquisa-ação segundo Thiollent (2001) tem como característica o en-

tendimento das dimensões sociais estabelecendo uma grande rede de comuni-

cação com o intuito de captação de informações e de divulgação. Para isso, é

de fundamental importância o incentivo e o apoio das pessoas envolvidas em

todos os movimentos da localidade sejam eles sociais, culturais, educacionais,

sindicais e políticos.

Assim sendo, o pesquisador estabeleceu desde o início do trabalho uma

comunicação aberta com os diversos sujeitos envolvidos na pesquisa, expla-

nando todos os objetivos e metodologia, além de constantemente discutir e ava-

liar através de conversas informais todo o andamento dos trabalhos.

A proposta de educação ambiental foi apresentada logo após a coleta e

interpretação dos dados da pesquisa, em que se consideraram as opiniões dos

entrevistados a respeito das questões ambientais da Bacia do Rio Verde.

A fase de coleta de dados teve seu início a partir de visitas do pesquisador

junto às comunidades no entorno da Bacia do Rio Verde. Foram realizadas entrevis-

tas com um público de cem pessoas nas comunidades mais próximas daquele local.

O instrumento de coleta de dados e informações foi um questionário com 14

perguntas (apêndice 1) que serviu para ouvir o que aquele povo tem a dizer sobre os

aspectos que envolvem a Bacia do Rio Verde.

A escolha do questionário se deve ao fato de que, segundo Oliveira (2002, p.

165):

O questionário é um instrumento que serve de apoio ao pesquisador para a coleta de dados e apresente os seguintes aspectos: a) é a espinha dorsal de qualquer levantamento; b) precisa reunir todas as informações necessárias, nem mais e nem me-nos; c) cada levantamento é uma situação nova;

60

d) necessidade da preparação da amostra; e) linguagem adequada, certa dose de visão psicológica introspectiva para apanhar o pensamento das pessoas; f) possuir imaginação; g) experiência; h) conhecimento.

Foi adotada como critério de avaliação a abordagem quantitativa e qualitati-

va, nas quais buscou-se, a partir da freqüência e percentagens, sistematizar os da-

dos obtidos. Ao mesmo tempo foram elaborados gráficos explicativos das tabelas

elaboradas.

Na análise dos resultados adotou-se como eixo referencial da presente pes-

quisa, autores identificados pelo pesquisador junto a literatura diretamente associa-

da à educação ambiental. Desta maneira, as tabelas e gráficos seguem o esquema

proposto possibilitando desta forma, uma compreensão mais ampla do objeto de

estudo dessa dissertação, ou seja, o desenvolvimento de um programa de educação

ambiental para a comunidade no entorno da Bacia do Rio Verde.

3.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PERCEBIDA

Na análise dos resultados adotou-se como eixo referencial da presente

pesquisa, autores identificados pelo pesquisador junto a literatura diretamente

associada à educação ambiental e o contexto da Bacia do Rio Verde. Desta

maneira, as tabelas e gráficos apresentados a seguir vão possibilitar uma com-

preensão mais ampla do objeto de estudo desta dissertação, que é o desenvol-

vimento de um programa de educação ambiental para a comunidade no entorno

da Bacia do Rio Verde.

Logo após a realização das entrevistas com a respectiva população, os

questionários foram reunidos e tabulados, procedendo-se em seguida, a inter-

pretação dos dados obtidos. Foi feita então, uma minuciosa análise dos dados,

a fim de obter subsídios suficientes para uma reflexão coerente a respeito do

tema desenvolvido.

A primeira questão teve como enunciado: “Para você, quais são os maio-

res vilões da poluição?”. As opiniões foram bem diversificadas conforme se ob-

serva na tabela 2 e gráfico 1. Os que responderam lixo e dejetos industriais fica-

61

ram com 21% cada um. O uso de agrotóxicos na agricultura ficou com 18%, a

urbanização mal planejada com 17%, a falta de conscientização da população

com 7% e a erosão da bacia dos rios com 3%.

Na consulta à UNESCO (1999) percebe-se que nos países em desenvol-

vimento, como é o caso do Brasil, a poluição de origem industrial, o lixo, a hipe-

rexploração e o desperdício dos recursos, bem como os problemas sociocultu-

rais que caracterizam a vida das grandes cidades, são mais um exemplo das

dificuldades desses países.

Desse modo, os vilões da poluição são reflexos da exploração mal plane-

jada, da busca pelo lucro e da falta de conscientização da população. Na reali-

dade, procura-se sacrificar o meio ambiente em favor das necessidades da pro-

dução, nas quais o meio ambiente é visto como mais um instrumento de explo-

ração econômica. Isso contraria o que diz a UNESCO (1999, p. 28):

O meio ambiente é um elemento que deve ser considerado mas, em primei-ro lugar, constitui uma fonte de possibilidades a serem exploradas com ima-ginação e racionalidade. (...) O processo de desenvolvimento que leve em consideração o meio ambiente atenderá, evidentemente, às necessidades fundamentais da população; rejeitará o crescimento econômico que vise apenas ao benefício de um setor privilegiado da população mundial, evitan-do a exploração abusiva de determinados ecossistemas e os danos causa-dos a outros pela poluição; buscará, finalmente, novas fórmulas de ordena-ção do território, interessando-se principalmente pelas diversas modalidades de adequação social.

Embora a falta de conscientização da população não tenha sido referenciada

pelos sujeitos da pesquisa, “é cada vez mais evidente que os problemas relaciona-

dos ao meio ambiente não poderão ser resolvidos unicamente pelos especialistas,

por mais competentes que sejam, e que não haverá soluções viáveis sem uma

transformação da educação geral, em todos os seus níveis e modalidades” (U-

NESCO, 1999, p. 29). Desse modo, a poluição vai continuar ocorrendo se a comuni-

dade não intervier nas fases do desenvolvimento e a educação ambiental é pressu-

posto fundamental neste constructo.

62

Tabela 2: Vilões da Poluição DESCRIÇÃO FREQUÊNCIA Lixo 21 Esgotos a céu aberto 12 Dejetos industriais 21 Falta de conscientização da população - Caça ilegal - Fogo - Uso de agrotóxicos na agricultura 18 Urbanização mal planejada 17 Erosão das bacias dos rios 3 Total 100

Fonte: Silva (2009). Gráfico 1: Vilões da poluição

21%

12%

21%7%

18%

17%

3% 1%

Lixo Esgotos a céu aberto

Dejetos industriais Falta de conscientização da população

Uso de agrotóxicos na agricultura Urbanização mal planejada

Erosão das bacias dos rios Não respondeu

Fonte: Silva (2009). A questão 2 foi assim proposta: “O que é educação ambienta para você?”. A

tabela 3 e o gráfico 2 mostram os resultados obtidos. A grande maioria dos entrevis-

tados acha que a educação ambiental é somente o replantio de florestas com 49%

do total, enquanto 25% acham que é reciclagem do lixo, outros 17% afirmam que a

conscientização da população sobre os perigos da degradação ambiental e 9% a-

cham que é a melhoria da condição sócio-ambiental da população.

Os conhecimentos sobre a educação ambiental da população ainda são es-

cassos. Na consulta a Sauvé (1999) percebe-se que a educação ambiental deve ser

vista como parte fundamental dos processos educativos que tem como objetivo não

63

apenas contribuir para a resolução dos principais problemas sociais e ambientais do

mundo, mas também, para a construção de projetos transformadores da sociedade e

para o desenvolvimento humano integral. Outros teóricos como Victorino (2000) rela-

ta que a educação ambiental está ligada diretamente as regras de cidadania, trata

das questões que envolvem o homem com seu ambiente de trabalho familiar, social

e isso faz com que se busque o extermínio da fome, da violência e das doenças.

Conforme os resultados obtidos junto aos entrevistados em contraponto com

os teóricos como Dias (1994), Reigota (1998), Brugger (2004), Sorrentino (1998),

entre outros, a educação ambiental abrange uma multiplicidade de visões e o edu-

cador deve estar preparado e saber fazer a conexão entre as culturas de modo a

perceber as variadas dimensões que o tema propõe.

Tabela 3: O Que é Educação Ambiental

DESCRIÇÃO FREQUÊNCIA Replantio de florestas 49 Conscientização da população sobre os peri-gos da degradação ambiental

17

Reciclagem do lixo 25 Melhoria da condição socioambiental da popu-lação

9

Total 100 Fonte: Silva (2009).

64

Gráfico 2: O que é educação ambiental

49%

17%

25%

9%

Replantio de florestas

Conscientização da população sobre os perigos da degradação ambiental

Reciclagem do lixo

Melhoria da condição socioambiental da população

Fonte: Silva (2009). Conforme a tabela 4 e o gráfico 3, a terceira questão foi assim proposta:

“Onde você mora existe algum Programa de Educação Ambiental?” A maioria dos

entrevistados que somou 74% afirma que isso não existe, enquanto que apenas

22% acham que tal projeto existe. Com esse resultado fica comprovada a necessi-

dade de um Programa de Educação Ambiental para a região pesquisada, e por su-

gestão de Ruscheinsky (2002) o desafio de implantar este programa consiste em

enfrentar a multiplicidade de opiniões que o tema propõe como: saber fazer a cone-

xão entre as culturas, superar a visão da abordagem interdisciplinar com a necessi-

dade de interação e de cooperação entre as populações e complementando com

Sorrentino (1998), é preciso fazer o resgate e o desenvolvimento de valores e atitu-

des, tais como confiança, respeito mútuo, responsabilidade, compromisso, solidarie-

dade e iniciativa, além de outras sugestões direcionadas à construção de uma soci-

edade econômica, ecológica, cultural, espacial e socialmente sustentável.

65

Tabela 4: Existência de Programa de Educação Ambiental

RESPOSTA FREQUÊNCIA Sim 22 Não 74 Não sabe 4 Total 100

Fonte: Silva (2009). Gráfico 3: Existência de Programa de Educação Ambiental

22%

74%

4%

Sim Não Não sabe

Fonte: Silva (2009). A questão 4 foi assim proposta: “Se existe um Programa de Educação Am-

biental, ele está voltado para:” As respostas revelam que existe somente programas

voltados a reciclagem do lixo, com 44%, preservação de rios com 40%, melhor uso

do solo com 8% e não sabe com 8% (tabela 5 e gráfico 4).

É bastante limitado o programa de educação ambiental existente. Aqui tam-

bém fica atestada a necessidade de um Programa de Educação Ambiental, que seja

mais amplo e seguindo as orientações dos teóricos apresentados nesta dissertação,

especialmente com Dias (2001), que propõe várias medidas apropriadas, objetivan-

66

do: sensibilizar o público em relação aos problemas do meio ambiente, elaborar in-

formações destinadas a permitir uma visão de conjunto dos grandes problemas,

transformar progressivamente as atitudes e os comportamentos para fazer com que

todos os membros da comunidade tenham consciência de suas responsabilidades e

por último, contribuir para o despertar de uma consciência ética fundada no respeito

à natureza, ao homem e a sua dignidade. Complementando com Fontes (2005), a

estratégia de ação dos programas de educação ambiental devem primar pela efetiva

participação da sociedade e dos diversos órgãos públicos e demais setores da soci-

edade civilizada.

Tabela 5: Programa de Educação Ambiental voltado para:

RESPOSTA FREQUÊNCIA Reciclagem do lixo 44 Melhor uso do solo 8 Preservação de rios 40 Não sabe 8 Total 100

Fonte: Silva (2009). Gráfico 4: Programa de Educação Ambiental voltado para:

44%

8%

40%

8%

Reciclagem do lixo Melhor uso do solo Preservação de rios Não sabe

Fonte: Silva (2009).

67

A questão 5 teve como tema: “Você já participou de algum programa de

Educação Ambiental?” A grande maioria com 80% dos inquiridos já participou de

programa de Educação Ambiental e 5% disseram que não, contra 15% que não res-

ponderam. É um quadro bastante animador, pois mostra que uma população bastan-

te numerosa já tem conhecimento do significado de alguma proposta voltada à defe-

sa do meio ambiente (tabela 6 e gráfico 5).

Outrossim, não se tem notícia da elaboração de estratégias presentes em

programas de educação ambiental elencadas por Fontes (2005), tais como: a) for-

mação de um grupo gestor direcionado a coordenação de estratégias de educação

ambiental; b) constituição de uma equipe de educação ambiental; c) diagnóstico par-

ticipativo do público-alvo; d) implementação do programa aos diferentes públicos; e)

divulgação de programas; f) criação de fóruns de discussão, entre outros.

Dessa maneira, se os entrevistados participaram de programas ambientais,

isso foi bastante restrito e não teve efeitos multiplicadores junto à comunidade, pois

conforme se observou, existe somente reciclagem do lixo e preservação dos rios,

longe de atingir o que se refere o Ambientebrasil (2009) em que os programas ambi-

entais devem estabelecer relações e correlações entre os diferentes problemas am-

bientais, sociais, éticos, culturais, identificando seus processos de interação, no

tempo e no espaço.

Tabela 6: Participação em programa de Educação Ambiental RESPOSTA FREQUÊNCIA Sim 80 Não 5 Não respondeu 15 Total 100

Fonte: Silva (2009).

68

Gráfico 5: Participação em programa de Educação Ambiental

80%

5%

15%

Sim Não Não respondeu

Fonte: Silva (2009). Na questão 6 (tabela 7 e gráfico 6), os inquiridos falaram sobre as causas da

poluição da Bacia do Rio Verde. O item de maior escolha foi o de dejetos industriais,

com 38%, seguida de falta de políticas públicas com 22%, esgotos com 19% e agro-

tóxicos com 14%.

Um olhar sobre a obra de Vitorino (2000) “Canibais da Natureza” vem ao

encontro do que falaram os inquiridos sobre os dejetos industriais. O autor fala que a

industrialização maciça e tardia no Brasil, incorporou padrões tecnológicos avança-

dos para a base nacional, mas ultrapassados no que se refere ao meio ambiente,

com escassos elementos tecnológicos de tratamento, reciclagem e reprocessamento

dos dejetos industriais.

Dessa maneira, os dejetos industriais são realmente fruto de uma industriali-

zação que não se preocupa com o meio ambiente, e por causa disso, segundo Vito-

rino (2000) o Brasil foi acusado pelos países industrializados de ser o responsável

pelo efeito-estufa por causa da poluição industrial e das queimadas na Amazônia.

A falta de políticas públicas é notória no local onde foi feita a pesquisa e Ar-

retche (1999) fala que as mesmas devem envolver desde a União, Estados e Muni-

69

cípios até as organizações de terceiro setor, o que praticamente não está aconte-

cendo na região da Bacia do Rio Verde.

É importante lembrar que Arretche (1999) fala que o desenvolvimento de

políticas públicas é um importante instrumento para o desenvolvimento sustentável.

Desse modo, é necessário conscientizar os órgãos públicos de sua obrigação em

fomentar as políticas públicas.

Tabela 7: Causas da poluição da Bacia do Rio Verde DESCRIÇÃO FREQUÊNCIA Lixo - Esgotos 19 Dejetos industriais 38 Falta de políticas públicas 22 Agrotóxicos Pobreza na região

14 -

Urbanização desordenada 2 Desmatamento na região Não sabe Não respondeu

- - -

Total 100 Fonte: Silva (2009). Gráfico 6: Causas da poluição da Bacia do Rio Verde

20%

40%

23%

15%

2%

Esgotos Dejetos industriais

Falta de conscientização da população Agrotóxico

Urbanização desordenada

Fonte: Silva (2009).

70

Na questão 7, objeto da tabela 8 e gráfico 7, os entrevistados apresentaram

suas sugestões para a preservação da Bacia do Rio Verde. A melhoria da infra-

estrutura urbana aparece com 24% de aceitação, contra 20% do controle do uso de

agrotóxicos, reconstituição das matas ciliares com 19%, proposta de intervenção de

Educação Ambiental com 15% e fiscalização da Bacia por órgãos governamentais

com 11%.

As cidades que compõe o entorno da Bacia do Rio Verde, como já se obser-

vou, necessitam de um planejamento urbano adequado, pois existem ocupações

irregulares em áreas de risco para os mananciais e a para a própria população ocu-

pante. Existem também ocupações irregulares que se localizam em áreas contíguas

aos loteamentos, as áreas urbanas situadas nos municípios de Campo Largo e

Campo Magro apresentam problemas de infra-estrutura e saneamento básico, espe-

cialmente de esgotamento sanitário e drenagem de águas pluviais, resultando em

poluição de alto grau (CONSILIU, 2002).

Tabela 8: Sugestões para a preservação da Bacia do Rio Verde

DESCRIÇÃO FREQUÊNCIA Controle do uso de agrotóxicos 20 Promover a melhoria da qualidade de vida das populações do entorno

6

Fiscalização da Bacia por órgãos governamen-tais Elaborar uma proposta de intervenção voltada a Educação Ambiental Reconstituição das matas ciliares com espé-cies nativas Melhoria da infraestrutura urbana Maior rigor na aprovação de novos loteamen-tos por parte do pode público municipal Não respondeu

11

15

19 24

10 -

Total 100 Fonte: Silva (2009).

71

Gráfico 7: Sugestões para a preservação da Bacia do Rio Verde

7%

17%

12%

17%21%

26%

Promover a melhoria da qualidade de vida das populações no entorno

Controle do uso de agrotóxicos

Fiscalização da Bacia por órgãos governamentais

Elaborar uma proposta de intervenção voltada a Educação Ambiental

Reconstituição das matas ciliares com espécies nativas

Melhoria da infraestrutura urbana

Fonte: Silva (2009).

Na questão 8 os inquiridos responderam se queriam participar de um pro-

grama de conscientização ambiental (tabela 9 e gráfico 8). Do total dos entrevista-

dos, 58% se mostraram favoráveis a tal empreendimento, enquanto 36% não res-

ponderam e 6% são desfavoráveis. Assim, mais da metade está interessada num

programa de conscientização ambiental.

Esse resultado aponta para um interesse da população em assuntos da e-

ducação ambiental e por isso, as ações a serem desenvolvidas nesse programa de-

vem considerar o meio ambiente em sua totalidade, examinar as principais questões

ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e mundial, concentrar-se nas

situações ambientais atuais, identificar os sintomas e as causas reais dos problemas

ambientais, entre outras, conforme comenta Fontes (2009).

72

Tabela 9: Interesse em programa de conscientização ambiental RESPOSTA FREQUÊNCIA Sim 58

Não 6 Não respondeu 36 Total 100

Fonte: Silva (2009). Gráfico 8: Interesse em programa de conscientização ambiental

58%

6%

36%

Sim Não Não respondeu

Fonte: Silva (2009). A questão 9 foi assim formulada: “Você é a favor da instalação de uma área

de proteção ambiental no Rio Verde?” (tabela 10 e gráfico 9). A maioria dos entrevis-

tados (66%) são favoráveis à esta instalação, mas 27% não responderam e 7% são

desfavoráveis.

Dessa maneira, a população envolvida na pesquisa é favorável a instalação

de uma área de proteção ambiental no Rio Verde, o que é considerado um resultado

bastante animador, porque evidencia a preocupação da população com a preserva-

ção ambiental.

Com isso, possivelmente, a população poderá mobilizar-se em prol de um

programa de proteção ambiental da área mencionada. Como diz Leff (2005) implica

tomar o ambiente local em seu contexto físico, biológico, cultural e social como uma

73

fonte de aprendizagem, como uma forma de concretizar as teorias na prática a partir

das especificidades do meio.

Tabela 10: Instalação de área de proteção ambiental no Rio Verde

RESPOSTA FREQUÊNCIA Sim 66

Não 7 Não respondeu 27 Total 100

Fonte: Silva (2009). Gráfico 9: Instalação de área de proteção ambiental no Rio Verde

66%7%

27%

Sim Não Não respondeu

Fonte: Silva (2009).

Na questão 10, assunto da tabela 11 e gráfico 10, a população pesquisada

manifestou-se a respeito da adoção de um Programa de Educação Ambiental nas

escolas da região. Os favoráveis a tal iniciativa somaram 66%, mas 27% não res-

ponderam e 7% são desfavoráveis. Como se nota, a maioria dos inquiridos foi favo-

rável o que é bastante positivo, pois de acordo com Leff (2005, p. 256):

A educação ambiental fomenta novas atitudes nos sujeitos sociais e novos critérios de tomada de decisões dos governos, guiados pelos princípios da sustentabilidade ecológica e diversidade cultural, internalizando-os na ra-

74

cionalidade econômica e no planejamento do desenvolvimento. Isto implica educar para formar um pensamento crítico, criativo e prospectivo, capaz de analisar as complexas relações entre processos naturais e sociais, para a-tuar no ambiente com uma perspectiva global, mas diferenciada pelas diver-sas condições naturais e culturais que o definem.

Tabela 11: Opinião sobre a adoção de um Programa de Educação Ambiental nas escolas da região

RESPOSTA FREQUÊNCIA Sim 66

Não 7 Não respondeu 27 Total 100

Fonte: Silva (2009). Gráfico 10: : Opinião sobre a adoção de um Programa de Educação Ambiental nas escolas da região

80%

4%

16%

Sim Não Não respondeu

Fonte: Silva (2009). Na décima-primeira questão, os entrevistados mostraram suas opiniões a

respeito da poluição do Rio Verde pelas indústrias (tabela 12 e gráfico 11). Do total,

a maioria com 66% já conhecem a poluição do referido rio, embora 27% não res-

ponderam e apenas 7% disseram que não conhecem. Todavia, a população pesqui-

sada não revelou outros pormenores acerca da poluição daquele rio, nem se empre-

sas como a REPAR sabe utilizar corretamente as águas que aproveita do Rio Verde.

75

A partir dessa preocupação, é importante que se formule um programa de educação

ambiental, por meio do qual “deverão ser geradas as capacidades para compreen-

der a causalidade múltipla dos fatos da realidade e para inscrever a consciência am-

biental e a ação social nas transformações do mundo atual que o levarão a um de-

senvolvimento sustentável, democrático e equitativo” (LEFF, 2005, p. 259).

Tabela 12: Poluição do Rio Verde pelas indústrias

RESPOSTA FREQUÊNCIA Sim 66

Não 7 Não respondeu 27 Total 100

Fonte: Silva (2009). Gráfico 11: Poluição do Rio Verde pelas indústrias

75%

5%

20%

Sim Não Não respondeu

Fonte: Silva (2009).

Na tabela 13 e gráfico 12, os inquiridos falaram sobre a destinação dos lixos

domésticos. Do total, 51% enviam para coleta, enquanto 25% jogam no terreno ao

lado, 12% joga na rua e 12% não responderam. O que chamou a atenção foi que

25% dos entrevistados jogam o lixo no terreno ao lado, revelando que ainda existem

pessoas que não sabem a destinação correta do lixo. Victorino (2000) fala dos peri-

gos de se jogar o lixo doméstico, que vem causar problemas ecológicos e de saúde

pública. Para o autor é preciso proceder a um tratamento de reciclagem do lixo, na

76

qual é necessária uma separação prévia do lixo em orgânico, vidros, metais e plásti-

cos, sobras de alimentos, dentre outros.

Tabela 13: Destinação dos lixos domésticos

RESPOSTA FREQUÊNCIA No Rio Verde -

Na rua 12 No terreno ao lado Envio para coleta Não respondeu

25 51 12

Total 100 Fonte: Silva (2009). Gráfico 12: Destinação dos lixos domésticos

12%

25%

51%

12%

Na rua No terreno ao lado Envio para coleta Não respondeu

Fonte: Silva (2009).

Na questão 13, os entrevistados se pronunciaram a respeito do que sabem

sobre a lei da preservação do meio ambiente. Conforme a tabela 14 e o gráfico 13,

pouco mais da metade, representando 53% do total já conhecem esta lei, enquanto

39% não responderam e 8% disseram que não sabem. Porém, os entrevistados re-

velaram pouco conhecimento sobre as leis de preservação ambiental no Brasil, es-

pecialmente o que diz o art. 5º. da Constituição Federal de 1988 que foi um marco

importante e estabeleceu os princípios protetivos para o meio ambiente. Oliveira Jú-

nior (2009) fala que um dos fatores que elevam norma legislativa (Lei n. 10.259/01)

77

ao rol das principais do Brasil é a previsão textual da imprescindibilidade de repara-

ção do meio ambiente degradado para a aplicação dos benefícios discriminalizantes,

como a transação penal e a suspensão condicional do processo, no que exigiu a

reparação do dano ambiental com expressa demonstração de sua implementação

para a decretação da extinção da punibilidade.

Tabela 14: Conhecimento da lei de preservação do meio ambiente

RESPOSTA FREQUÊNCIA Sim 53

Não 8 Não respondeu 39 Total 100

Fonte: Silva (2009). Gráfico 13: Conhecimento da lei de preservação do meio ambiente

53%

8%

39%

Sim Não Não respondeu

Fonte: Silva (2009). Em relação às soluções para a crise ambiental, assunto da questão 14, tabe-

la 15 e gráfico 14, 41% dos inquiridos acham que é preciso uma conscientização da

população, enquanto 24% acham importante um projeto de educação ambiental,

24% preferem políticas públicas adequadas, apoio das comunidades com 7% e não

responderam 4%. Em face dos resultados alcançados nesta questão pode ser viabi-

lizado a adoção de um programa de educação ambiental que contemple algumas

atividades elencadas pelo Ambientebrasil (2009), como: atividades com a comunida-

de e campanhas de conscientização ambiental, fomento de parcerias com Secretari-

78

as de Educação dos Municípios com o intuito de solucionar problemas ambientais

locais abrangendo a reciclagem do lixo, agricultura orgânica, arborização urbana e

preservação do ambiente.

Tabela 15: Soluções para a crise ambiental da atualidade

RESPOSTA FREQUÊNCIA Programa de Educação Ambiental 24

Conscientização da população 41 Políticas públicas adequadas 24 Apoio das comunidades 7 Não respondeu 4 Total 100

Fonte: Silva (2009). Gráfico 14: Remédios para a crise ambiental da atualidade

24%

41%

24%

7%4%

Programa de Educação Ambiental Conscientização da população

Políticas Públicas adequadas Apoio das comunidades

Não respondeu

Fonte: Silva (2009).

79

3.1.1 Considerações sobre os Olhares e Pareceres dos Cidadãos Após a coleta e análise do material da pesquisa realizada junto a comunida-

de no entorno da bacia do Rio Verde foram feitas algumas considerações necessá-

rias para a próxima fase da pesquisa, que é a elaboração de um programa de edu-

cação ambiental naquela região.

Grande parte da população elegeu o lixo e os dejetos industriais como os

vilões da poluição. Isso ocorre porque existe naquele local uma exploração mal pla-

nejada, busca do lucro pelas empresas sem respeitar o meio ambiente e falta de

conscientização da população. Essa situação é típica dos países em desenvolvimen-

to como o Brasil, onde o crescimento econômico visa apenas o benefício de um se-

tor privilegiado da população e permite-se a exploração abusiva dos ecossistemas.

Com relação a educação ambiental, a comunidade pesquisada ainda revela

pouco conhecimento, deixando claro que há espaço para a adoção de um programa

voltado a esta finalidade que contemple a busca de soluções para os principais pro-

blemas ambientais da região. Por isso, o educador deve estar preparado para fazer

a conexão entre o que percebeu na prática e as várias dimensões que tema da edu-

cação ambiental se propõe.

Na continuidade da pesquisa, percebeu-se que a maioria da população pes-

quisada é favorável a adoção de um programa de educação ambiental. Outrossim,

grande parte dos entrevistados já participa de programas de educação ambiental

que contemplam somente reciclagem do lixo e preservação dos rios. Os entrevista-

dos se mostraram interessados a programas de educação ambiental direcionados à

população infantil da região.

A maior parte dos entrevistados já conhece as leis de preservação ambiental

e acreditam que as soluções para a crise ambiental da atualidade passam pela

conscientização da população, educação ambiental e políticas públicas adequadas.

A população entrevistada acha que as causas da poluição da bacia do Rio

Verde se devem ao lançamento dos dejetos industriais, esgotos e falta de políticas

públicas para aquele rio.

Para a preservação do Rio Verde, sugerem uma área de proteção ambiental,

maior rigor na abertura de novos loteamentos, melhoria da infraestrutura urbana e o

adequado uso de agrotóxicos.

80

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desta dissertação foi o de desenvolver um estudo sobre a Educa-

ção Ambiental junto à comunidade do entorno da bacia do Rio Verde, para averiguar

o entendimento da população sobre as causas e consequências da degradação am-

biental presentes na região.

Em direção a esse objetivo foi realizada uma pesquisa de campo junto à

comunidade naquele local e percebeu-se que grande parte da população pesquisa-

da elegeu o lixo e os dejetos industriais como os vilões da poluição. Também foi no-

tado que a população se interessou por um programa de educação ambiental que

contemple a busca de soluções para os principais problemas ambientais da região

da bacia do Rio Verde. Também se observou que o poder público dos três municí-

pios (Araucária, Campo Largo e Campo Magro) não tem dado conta de atender ao

rápido crescimento, principalmente a área urbana de Campo Largo. Desse modo,

observaram-se vários problemas associados aos loteamentos sem infra-estrutura e

sem planejamento.

As opiniões dos cidadãos da pesquisa apontam que o lixo e os dejetos in-

dustriais são os vilões da poluição e a comunidade ainda possui pouco conhecimen-

to que contemple a busca de soluções para os problemas ambientais da região.

Contudo, a maioria da população é favorável a um programa de educação ambien-

tal.

Outrossim, deve ser destacado que a recuperação ambiental do local em

estudo, somente poderá ser possível através da existência de pesquisas que possi-

bilitem a realização de intervenções seguras, tanto sob o aspecto ecológico como

técnico-científico, assunto que pode ser sugerido para futuras pesquisas.

A implantação de um programa de educação ambiental, sem dúvida, vai for-

necer subsídios importantes para que se reflita sobre a adoção de políticas públicas

adequadas à região e direcionadas ao desenvolvimento sustentável.

O poder público não deve se furtar à tarefa de elaborar instrumentos que

permitam a realização de gestões no sentido de envolver as comunidades da região

na elaboração de propostas que visem à mitigação dos impactos antrópicos sobre a

bacia do Rio Verde, tornando-a um recurso natural utilizável racionalmente.

81

Por isso, as políticas públicas devem ser estabelecidas com a finalidade de

melhorar a qualidade dos locais no entorno da bacia do Rio Verde, pois só assim

será garantida a preservação do ambiente sadio. Certamente, a elaboração das Ofi-

cinas de Educação Ambiental foi um passo importante e, a partir daí, será possível

pensar na ocupação adequada dos municípios cortados pelo Rio Verde, no sanea-

mento, na saúde, na habitação, na segurança, na urbanização, nas áreas de preser-

vação e nas áreas de lazer.

A partir de uma educação ambiental que contemple a maneira correta de

ocupar e de explorar o local é que devem ser estabelecidas políticas públicas que

viabilizem a permanência das populações no sentido de preparar um mundo melhor

para as futuras gerações.

Desse modo, fica clara a responsabilidade do poder público, que deve atuar

junto com a sociedade civil e o setor privado na busca de soluções para o desenvol-

vimento sustentável que contemple novos paradigmas a fim de não tomar homem e

natureza como pólos excludentes.

O que se pretende é consolidar uma visão de desenvolvimento que inclua

não só o meio ambiente natural, mas outros aspectos como os socioculturais, dei-

xando claro que a qualidade de vida das pessoas que ocupam aquele local, passa a

ser condição essencial. Contudo, essa qualidade de vida não deve servir de pretexto

para subjugar o meio ambiente somente para fins econômicos, mas torná-lo essen-

cial para a sobrevivência humana.

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ANEXO

QUESTIONÁRIO

1. Para você, quais são os maiores vilões da poluição?

□ Lixo □ Uso de agrotóxicos na agricultura

□ Esgotos a céu aberto □ Urbanização mal planejada

□ Dejetos industriais □ Erosão das bacias dos rios

□ Falta de conscientização da população

□ Caça ilegal □ Desmatamento

□ Fogo □ Não respondeu 2. O que é Educação Ambiental para você?

□ Replantio de Florestas

□ Conscientização da população sobre os perigos da degradação ambiental

□ Reciclagem do lixo

□ Melhoria da condição sócio-ambiental da população

□ Não sabe

□ Não respondeu 3. Onde você mora existe algum Programa de Educação Ambiental?

□ Não □ Sim □ Não sabe 4. Se existe um Projeto de Educação Ambiental, ele está voltado para:

□ Reciclagem do lixo □ Preservação de Rios

□ Melhor uso do solo □ Não sabe

□ Outros. Citar__________________ 5. Você já participou de algum projeto de Educação Ambiental?

□ Sim □ Não □ Não respondeu 6. Para você quais são as causas da poluição da Bacia do Rio Verde?

□ Esgotos □ Agrotóxicos

□ Dejetos Industriais □ Falta de Políticas Públicas

□ Urbanização desordenada □ Lixo

□ Pobreza na região □ Desmatamento na região

□ Não sabe □ Não respondeu 7. Que sugestões você apontaria para a preservação da Bacia do Rio Verde?

□ Controle do uso de agrotóxicos

□ Promover a melhoria da qualidade de vida das populações no entorno

□ Fiscalização da Bacia por órgãos governamentais

□ Elaborar uma proposta de intervenção voltada a Educação Ambiental

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□ Reconstituição das matas ciliares com espécies nativas

□ Melhoria da infraestrutura urbana

□ Maior rigor na aprovação de novos loteamentos por parte do poder públi-co municipal.

□ Não respondeu 8. Você participaria de um programa de conscientização ambiental?

□ Sim □ Não □ Não respondeu 9. Você é a favor da instalação de uma área de proteção ambiental no Rio Verde?

□ Sim □ Não □ Não respondeu 10. Você aprovaria um Programa de Educação Ambiental nas escolas da região?

□ Sim □ Não □ Não respondeu 11. As indústrias da região do Rio Verde poluem o mesmo?

□ Sim □ Não □ Não respondeu 12. Onde você joga seus lixos domésticos?

□ No Rio Verde □ Na rua □ No terreno ao lado

□ Envio para coleta □ Não respondeu 13. Você conhece o que diz a lei sobre a preservação do meio ambiente?

□ Sim □ Não □ Não respondeu 14. Quais os remédios para a crise ambiental da atualidade?

□ Projeto de Educação Ambiental

□ Conscientização da população

□ Políticas Públicas adequadas

□ Apoio das comunidades

□ Não respondeu