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Ciberantropologia. O estudo das comunidades virtuais Adelina Maria Pereira da Silva * Universidade Aberta Índice 1 Introdução 2 2 Ciberespaço / Cibercultura 3 3 Ciberantropologia 4 4 Comunidades Virtuais – as salas de Chat 9 5 Conclusão 18 6 Bibliografia 20 * Mestre em Relações Interculturais pela Universidade Aberta.

CIBERANTROPOLOGIA

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Noções de ciberantropologia

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Ciberantropologia. O estudo dascomunidades virtuaisAdelina Maria Pereira da SilvaUniversidade Abertandice1 Introduo 22 Ciberespao / Cibercultura 33 Ciberantropologia 44 Comunidades Virtuais as salas de Chat 95 Concluso 186 Bibliograa 20Mestre em Relaes Interculturais pela Universidade Aberta.2 Adelina Maria Pereira da Silva1 IntroduoCada vez mais se verica a informatizao da sociedade. Bastaobservar com ateno a publicidade exterior para constatar, que amaioria, apresenta um endereo relacionado com sites, na Inter-net. Esta informatizao envolve transformaes culturais, que, apouco e pouco, se vo manifestando no comportamento dos indi-vduos.A cultura, normalmente, tida como um padro de desenvol-vimento, que se reecte nos sistemas sociais de conhecimento,ideologia, valores, leis e rituais quotidianos.AAntropologiaservedebaseparaoestudodaculturadeuma organizao ou comunidade. O antroplogo deve ter um ele-vado grau de relativismo cultural, de modo a conseguir neutralizareventuais distores provocadas pelo seu contexto cultural de ori-gem. A experincia da alteridade leva a perceber a prpria culturae a cultura do outro, atravs do reconhecimento de que ela nadatem de natural, sim essencialmente formada de construes so-ciais.A cultura pode ser entendida como um sistema simblico, talcomo a arte, o mito, a linguagem, na sua qualidade de instrumentode comunicao entre pessoas e grupos sociais, que permite a ela-borao de um conhecimento consensual sobre o signicado domundo.SegundoLevy(1998), ociberespaorepresentaumestgioavanado de auto-organizao social,ainda que em desenvolvi-mento - a inteligncia colectiva - . O Ciberespao aparece comoum Espao do Saber, em que o conhecimento o factor determi-nante e a produo contnua de subjectividade a principal ac-tividade econmica. O ciberespao surge, assim, como o quartoespao antropolgico: o primeiro, a terra; o segundo, o territrio;o terceiro, o mercado; o ciberespao, o ltimo.www.bocc.ubi.ptCiberantropologia 32 Ciberespao / CiberculturaLevy dene ciberespao e cibercultura da seguinte maneira: porciberespaoentendequeumnovomeiodecomunicaoquesurgiu da interconexo mundial dos computadores. O termo es-pecica no apenas a infra-estrutura mundial da comunicao di-gital, mas tambm o universo ocenico de informaes que elaabriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentamesse universo. Quanto ao neologismo "cibercultura", especica oconjunto de tcnicas (materiais e intelectuais), de prticas, atitu-des, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvemjuntamente com o crescimento do ciberespao. precisamenteneste ciberespao que se criam comunidades virtuais, componen-tes da cibercultura. Formam-se a partir de interesses comuns entrepessoas e organizaes e tm vrias formas de expresso, dentreas quais se vulgarizaram as salas de chat.As redes telemticas, nas quais se inclui a Internet, mais doque um meio de comunicao, aguram-se um espao de sociabi-lidade, no interior do qual se desenvolvem prticas sociais, cultu-ralmente determinadas e relativamente autnomas.Avirtualidade, via de regra, associada a uma "no-realidade",concepo que no das mais adequadas para se pensar o Cibe-respao. Vrios pensadores argumentam que o virtual no se opeao real, mas sim que o complementa e transforma, ao subverter aslimitaes espao-temporais que este apresenta. Desta forma, ovirtual no o oposto do real, mas sim uma esfera singular daprpriarealidade, ondeascategoriasdeespaoetempoestamsubmetidas a um regime diferenciado. Esta forma de concebero virtual ( o real virtual) fundamental para se tratar de umadas dicotomias problemticas dentro do campo da Cibercultura -a oposio entre o on-line e o off-line.A partir destas consideraes, o termo "Ciberespao"pode serdenido como o locus virtual criado pela conjuno das diferentestecnologiasdetelecomunicaoetelemtica, emespecial, masno exclusivamente, as suportadas por computador. Contudo, awww.bocc.ubi.pt4 Adelina Maria Pereira da SilvaInternet, no a nica instncia de Comunicao Mediada porComputador (CMC), e por extenso, de suporte ao Ciberespao.O Ciberespao, assim denido, congura-se como um locusde extrema complexidade e difcil compreenso. A sua heteroge-neidade notria quando se percebe o grande nmero de ambien-tes de sociabilidade existentes, no interior dos quais se estabele-cem as mais diversas e variadas formas de interaco, tanto entreHomens, quanto entre Homens e mquinas e, inclusive, entre m-quinas.Assim, o conceito de Cibercultura abarca o conjunto de fe-nmenos scio-culturais que ocorrem no interior deste espao ouqueestoaelerelacionados. Escobar(1994), percorrendoumcaminho inverso chega ao Ciberespao atravs da noo de Ci-bercultura. Segundo arma, engloba uma srie de manifestaescontemporneas, no apenas as relacionadas com as CMCs, mastambm as referentes ao relacionamento do homem com a tec-nologia e, em especial, a biotecnologia acrescentando a noo detecno-socialidade.Em qualquer caso, a compreenso do Ciberespao pressupeque este no seja observado como um objecto no sentido estritodo termo, mas sim como um espao frequentado por personas queconstituem localidades e territorialidades. MacKinnon (1995) uti-liza o conceito de persona, para designar as identidades constru-das pelas pessoas no interior do ciberespao.3 CiberantropologiaConsiderado um espao frequentado por personas, a observaoantropo- analtica volta-se para a compreenso das peculiaridadesdos grupos que se constituem no seu interior. A anlise poder serconduzida a dois nveis: interno e externo.O interno considera o Ciberespao como um "nvel"de rea-lidade substancialmente especco e diverso dos restantes,den-tro do qual se desenvolvem fenmenos peculiares, que devem serwww.bocc.ubi.ptCiberantropologia 5abordados com um referencial terico adequadamente desenvol-vido ou adaptado.O externo considera-o como mais um aspecto da cultura con-tempornea estando nela inserido e confrontando a reexo antro-polgica com o mesmo tipo de problemas.Assim, aabordagemexternaefectuaaAntropologiadoCi-berespao considerando-a como mais um aspecto de outras rea-lidades, enquanto que a abordagem interna tenta estabelecer umaAntropo-logia no Ciberespao, uma Ciberantropologia.De qualquer modo,a pesquisa etnogrca em ambientes desociabilidade virtual poder contribuir para o enriquecimento dareexo sobre as sociedades complexas, visto que o Ciberespaopodesercompreendidocomoumadasesferasconstituintesdamesma. O Ciberespao oferece um cenrio, se no equivalente,pelo menos bastante semelhante ao das sociedades complexas, decuja reexo, no campo da Antropologia, j resultou um referen-cial terico bastante desenvolvido. Ao debruar-se sobre as cida-des e sobre o mundo ocidental, a Antropologia apercebeu-se deum impasse: como estranhar um "outro"que est aparentementeto prximo?Para Levy (1994), o espao da rede suporta uma realidade so-cial, constituda por um conjunto de actividades coordenadas econstrudapordiversosinterlocutoresdispersospeloespaof-sico. Ou seja, caracteriza-se pela multiplicidade dos sujeitos en-volvidos, pela coordenao que existe entre eles e, sobretudo, pelaconvergncia de actividades no sentido de alcanar um sentido co-mum.Para que um sistema possa ser usado como ferramenta de co-municao, no ciberespao, deve:ser de fcil acesso;ser fcil de utilizar;ser capaz de ltrar e seleccionar informao relevante;www.bocc.ubi.pt6 Adelina Maria Pereira da Silvapermitir o processamento de informao emtempo real (on-line).Vive-se a Era Digital, marcada pela revoluo tecnolgica queest a mudar as formas de pensamento, os costumes e os hbitos.A evoluo das redes e a utilizao cada vez maior da Comunica-o Mediada por Computador (CMC), no dia-a-dia, est a fazercom que a sociedade readeque os hbitos dos indivduos tendo emconta, por um lado, a expanso quantitativa da informao, e poroutro, a distribuio da mesma. Caminha-se para o que hoje sechama de sociedade de informao ou auto-estradas da informa-o. A est em vias de se tornar um fenmeno de massas, umavez que toda a economia, cultura, saber, etc. passam por um pro-cesso de negociao, distoro, apropriao do ciberespao - novadimenso espao-temporal (Lemos, s/d).Na perspectiva da Antropologia, a dimenso simblica da cul-turaconcebidacomocapazdeintegrartodososaspectosdaprtica social. Os antroplogos tenderam sempre a conceber ospadres culturais no como um molde que produziria condutasestritamente idnticas, mas antes como regras de um jogo, isto, uma estrutura que permite atribuir signicado a certas acese em funo da qual se jogam innitas partidas (Durhan, cit. inFleury, 1987).No estudo de um cultura, existem trs perspectivas a ter umateno:Cognitivista a cultura denida como um sistema de co-nhecimento e crenas compartilhados; importante deter-minar quais as regras existentes numa determinada culturae como os seus membros vem o mundo;Estruturalista a cultura constitui-se de signos e smbolos. convencional, arbitrria e estruturada, constitutiva da ac-o social sendo, portanto, indissocivel desta;Simblica dene cultura como um sistema de smbolose signicados partilhados que necessita de ser decifrado ewww.bocc.ubi.ptCiberantropologia 7interpretado; as pessoas procuram decifrar a organizao,tendo em vista adequar o prprio comportamento.Para alm da perspectiva de anlise, a cultura de uma comu-nidade pode ser apreendida a vrios nveis:A nvel dos artefactos visveis - ambiente, arquitectura, pa-dres de comportamento visveis, por exemplo -;A nvel dos valores que ditam o comportamento das pes-soas - valores que regem o comportamento das pessoas, porvezes, idealizaes ou racionalizaes -;Anvel dos pressupostos inconscientes - aquilo que os mem-bros do grupo percebem, pensam e sentem -.Para criar e manter a cultura, a rede de concepes, normas evalores tm de ser armados e comunicados aos membros da co-munidade de uma forma tangvel, tal como so as formas cultu-rais, ou seja, os ritos, rituais, mitos, histrias, gestos e artefactos.O rito, em especial, congura-se como uma categoria anal-ticaprivilegiadaparadesvendaraculturadeumacomunidade.As pessoas expressam os smbolos rituais atravs de diversos fe-nmenos - gestos, linguagem, comportamentos ritualizados, quepodem ser classicados em diversas taxonomias, por exemplo:Ritos de passagem;Ritos de degradao;Ritos de conrmao;Ritos de reproduo;Ritos para reduo de conitos;Ritos de integrao.www.bocc.ubi.pt8 Adelina Maria Pereira da SilvaAssim, os ritos so facilmente identicveis, porm de difcilinterpretao.As comunidades virtuais so agregaes sociais que emergemda Rede quando existe um nmero suciente de pessoas, em dis-cusses sucientemente longas, com sucientes emoes huma-nas, para formar teias de relaes pessoais em ambientes virtuais,alterando de algum modo o EU dos que nele participam (Rhein-gold, 1994)A existncia de uma comunidade virtual depende de trs fac-tores: computador, linha telefnica (ou cabo) e software.A tradicional comunicao em suporte papel e fala natural, hmuito foi mediada pela electrnica: primeiro atravs do telex, te-lefone e fax; mais recentemente atravs do e-mail ou mesmo atra-vs do chat, que permitem a comunicao simultnea e dialoganteon-line.O termo comunidade virtual sugere aparentemente uma co-munidade que s existe no ciberespao. De qualquer modo, im-plicaumanovaformadeligaoquepassaaexistirnomeiode, ouentre, comunidadesnoespaogeossocial real, ligando-aseestendendo-as, trazendomesmocomunidadesreaisparaoseu contacto. Nesse sentido,a Net representa uma analogia domundo, ou seja, um lugar onde se constri um espao topogr-co (interface), com lugares (sites) e os caminhos (path) que iroser percorridos, at se chegar ao destino.Ribeiro (s/d) defende que na internet os utilizadores quandointeragem, criam um mundo paralelo, on-line, transportando-separa outros locais.Real ou virtual, no h dvida queos utilizadores interagemno ciberespao. Mais do que informaes e mensagens, circulamna Net actos de linguagem que colocam em jogo a interaco, anegociao entre actores sociais (Aranha, s/d).Os discursos no ciberespao sugerem que se pode caminharpara fora do EU numa extenso tal que pode mesmo recriar-se doEU, conferindo-lhe uma identidade virtual, em que o ciberespaoconstitui a metfora da pessoa o utilizador levado a reinscreverwww.bocc.ubi.ptCiberantropologia 9a sua identidade, que pouco tem a ver com a sua voz, aparnciafsica ou mesmo personalidade.aessaconstruodeidentidadedoEUqueantessedeuonomedepersona. Apersonaqueaparecenociberespao,potencialmente, muito mais do que um mero reexo do EU real.Oconceitodesociabilidadeampliou-seaopermitirqueosmais tmidos, que mal ousam sair de casa, se relacionem com des-conhecidos, quantas vezes atravs de personalidades ctcias cria-das para o efeito, atravs de uma ciberexistncia. Ao constituir-secomo espao de sociabilidade, o ciberespao gera novas formasde relaes sociais, com cdigos por vezes conhecidos, mas adap-tados ao espao e tempo virtuais e s possibilidades de constru-o de novas identidades. Cabe Antropologia o estudo dessescdigos, no sentido de identicar as representaes sociais quetransmitem.Para alm disso, h tambm a questo da oralidade.Verica-se um retorno oralidade, uma vez que o modo como a comuni-cao se processa na Internet (ex. nas salas de Chat), escrevendocomo se fala, est muito prximo dessa mesma oralidade, emborapertencente ao domnio da escrita. Contudo, a Internet vai muitomais alm da mera oralidade, combinando texto, sons e imagens.Por essa razo, a internet est a mudar a comunicao humana.Nelaencontramosverdadeirospontosdeencontroon-line, quetm contribuido para a formao de comunidades virtuais.4 Comunidades Virtuais as salas de ChatMas o que comunidade?Comunidade umconjunto de pessoas numa determinada rea,normalmente geogrca, com uma estrutura social (existe algumtipo de relacionamente entre os indivduos), podendo existir umesprito compartilhado entre os seus membrose um sentimento depertena ao grupo.www.bocc.ubi.pt10 Adelina Maria Pereira da SilvaUma comunidadeter de apresentar as seguintes caractersti-cas (vila, 1975):uma certa continuidade espacial, que permita contactos di-rectos entre os seus membros;a conscincia da existncia de interesses comuns, que per-mitem aos seus membros atingirem objectivos que no se-riam alcanados individualmente;aparticipaonumaobra, quesendoarealizaodessesobjectivos tambm uma fora de coeso interna da comu-nidade.O conjunto de pessoas que se reune e interage atravs de umasala de chat experimenta circunstncias idnticas s acima descri-tas, com uma diferena: o local o ciberespao.Fernback e Thompson (s/d) denem comunidades virtuais co-mo sendo aquelas em que as relaes sociais que se estabelecemocorrem no ciberespao atravs de um contacto repetido num lo-calespecco, simbolicamentelimitadoporumtpicodeinte-resse (por exemplo, uma sala de chat).Rheingold (1994), por seu lado, dene-as como agregaessociais que emergem na Internet quando um nmero de pessoasconduz discusses pblicas por um tempo determinado, com su-ciente emoo, e que forma teias de relaes pessoais no cibe-respao.Lemos (s/d), defende que o ciberespao no uma entidadepuramente ciberntica, e o interesse antropolgico do ciberespaoreside justamente no vitalismo social, nomeadamente dos chats.Arma que o ciberespao no est desligado da realidade. umespao intermdio. Nele todos so actores, autores e agentes deinteraco.Uma vez que as salas de chat, esto dividas por temas (#por-tugal;#porto;#30-40;etc), as comunidades virtuais, construidasvoltadeinteressesenodeproximidadesfsicas, sugeremawww.bocc.ubi.ptCiberantropologia 11formao de subrbios virtuais. Os utilizados destes serviosligam-se s salas de Chat, pelos ttulos (assuntos) que lhes dizemalgumacoisa. nesseconvvioquedesenvolvemassuasper-sonas, que desenvolvem um senso comunitrio e que fazem oudesfazem amizades. Criam-se laos estruturais que unem os par-ticipantes.As comunidades virtuais respondem s necessidades sociaisdas pessoas. E baseiam-se na proximidade intelectual e emocio-nal (Rheingold, cit. in FernBack e Thompson, 1995).Um problema que se coloca o da natureza das relaes on-line. Umacomunidadenoapenasconstituidadeinteressescompartilhados e interaces cvicas humanas. H tambm con-ito e contradio.Ao contrrio das comunidades geogrcas, as ciber-comuni-dades podem ser efmeras. Um participante num canal de chat sfaz parte da comunidade quando se ligar a ela. Assim, que deixao canal, deixa tambm de pertencer quela comunidade virtual.H tambm a questo do nome (nick): numa comunidade vir-tual um indivduo pode simular que deixou de fazer parte da co-munidadesimplesmentemudandodenick, semocomunicaramudana. Virtualmentetransformou-senoutroindivduo, mascontinua a fazer parte da mesma comunidade. Numa comunidadegeogrca isto no seria possvel de acontecer.O Chat um servio sncrono atravs do qual dezenas de pes-soas comunicam ao mesmo tempo, num ou em diversos canais,devidamente identicados. Atravs dele o indivduo pode conver-sar simultaneamente com diversas pessoas e acompanhar a con-versa de outros. Cada frase da conversa vem antecedida do nomedo utilizador. Ao mesmo tempo vai-se recebendo informao so-bre quem entra ou sai do canal. Existe tambm a possibilidade deconversar em privado com determinado utilizador.Ao entrar uma sala de chat o utilizador obrigado a escolherum nick (um apelido), pelo qual ser identicado em todas as suasmensagens. Aescolhadonickfundamental, poissercomoo seu carto de visita, a sua mscara. Atravs do nick, outrowww.bocc.ubi.pt12 Adelina Maria Pereira da Silvaqualquer utilizador poder identicar os interesses da pessoa comquem poder manter uma conversa.Na Internet existe sempre um grande nmero de salas de chat,cujos nomes e assuntos so muito diversos. Cada pessoa podeescolher a sala ou o assunto sobre que quer falar ou, ento, criar asua prpria sala.Fig 1.: janela principal do Mirc (comunicao pblica)www.bocc.ubi.ptCiberantropologia 13Fig 2.: exemplo de janela de comunicao privadaOs indivduos que utilizamos canais IRC(Internet Relay Chat)apresentam determinados traos comuns: so normalmente pes-soas cominteresse pelo mesmo tema e comumnvel scio-econ-mico equivalente. Porm, outros traos so bastantes heterog-neos, nomeadamente ao nvel de culturas (diferentes pases) querao nvel cognitivo, pelo que existe um elevado grau de interajudana superao de algumas diculdades: lngua, linguagem utili-zada (acrnimos e emoticons), registo de nick, etc.www.bocc.ubi.pt14 Adelina Maria Pereira da SilvaAcrni-moA Traduo emportugusAcrni-moA Traduo emportugusAFAICT o mximo queeu posso falarGIGO Lixo vem...lixo vaiAFAIK Tanto quanto sei ILY Amo-teAIUI Como eu percebi IME Pela minha experi-nciaBBL Voltarei mais tarde OIC Ah! PerceboBRB Volto em breve OMG Oh, meu Deus!F2F Cara a cara SITD Continuo sem res-postaFAQ Perguntas fre-quentesMORF Homem ou mu-lher?B4 Antes IR Na realidadeAFK Afastado dotecladoJAM Espere um minutoBTW A propsito TIF Beijo na faceBSF Falo srio pessoal FYI Para tua informa-oRUOK Ests bem? FOC GratuitoFigura 3.: Exemplos de acrnimoswww.bocc.ubi.ptCiberantropologia 15Emoticons Signicado Emoticons Signicado#-) deslumbramento ,-) feliz e a pis-car o olho$-) acertou no totoloto :-# de boca fe-chada%-\ ressaca :-{ de bigode%-) commuitotempoaolhar para o ecr:-) de felici-dade(8-0 quem paga a conta :} de um men-tiroso(:-) careca :)U copo cheio+:-) padre :-> com sar-casmo,-} deironiaapiscaroolho:-] de cabeadura:,( de choro :-) constipado:- de homem :-7 sorriso char-moso(:-( muito triste :-C muito infe-liz:-e de desapontamento :-O de tagarela:-Q de fumador >- feminino@:| de um gnio