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Apresentagáo ao livro América Latina: as cidades e as idéias, de José Luis Romero l*' oo'l Cidades como Idéias O arquiteto Aldo Rossi, ao trafar da memória coletiva no livro clássico L'Architettura detta Cittd, cuja primeira edigáo italiana é de 1966, considerou que "as grandes idéias percorrem a história da cidade e a conformam"r. José Luis Romero, ao iublicar, dez anos depois, Latinoamérica; las ciudades y las idea?, buscou náo apenas iompreendéJas no universo circunscrito das ideologias, mas tentou identificar o papel das iidades na história conjunta da América Latina. O processo histórico, para ele, tinha um fio condutor, dificil de ser apreendido num quadro aparentemente muito confuso, mas que precisava ser enfrentado. E as cidades, como lugar das mudanqas, poderiam dar as Chaves interpretativas necessárias para um fenómeno que esteve a mercé tanto dos impactos extemos como das idéias nelas produzidas. Idéias que corresponderam .a "importagóes" sucessivas, mas que também eram o resultado do surgimento de peculiaridades em cada estrutura urbana. Romero estava disposto a ultrapassar a história política tradicional, que reduzia a história das cidades aos aspectos factuais de uma história do exercício do poder e onde o fenómeno urbano permanecia incompreensível na sua complexidade. Na sua proposta tratava-se de "estabelecer e organizar o processo da história social e cultural das cidades latino-americanas", aspecto que pode ser compreendido nas indicagóes de Luis Alberto Romero, no prefácio a esta edigáo, referentes ao lugar que o autor reservara para a História da cultura na sua trajetória de historiador social. Por outro lado, a síntese histórica sobre o fenómeno urbano no continente deveria dar conta da sua insergáo na cultura ocidental: da expansáo européia no final do século XV á das cidades no capitalismo do século XX. A realizagáo deste projeto' entretanto, se tomou possível na pena de um historiador da cultura ocidental com a contraditória massificagáo erudigáo e o rigor de José Luis Romero. A publicagáo da tradugáo brasileira desta obra, quase trés décadas após o seu acidentado langamento pela editora Siglo Veintinuno Argentina, faz parte de um conjuntg de esforgos para a divulgagáo mútua de autores argentinos e brasileiros nos dois países. E a tentativa, ietomada em várias gerag6es e interrompida nas ditaduras, de estabelecer o diálogo, eliminar preconceitos, identificar identidades e inaugurar novas formas de colaboragáo intelectual. Lá, como aqui, os golpes militares foram desastrosos em todos os níveis da existéncia humana. No nosso caso particular, o da vida universitária e da produgáo do histórico-social, as destruigóes e as perdas deixaram marcas profundas, interrompendo projetos e eliminando profissionais e práticas institucionais. E hora de reverter esse processo de desconhecimento mútuo e de romper com a tradigáo oenversa dos nossos bovarismos nacionais. com todas as ressalvas necessárias, Latinoamérica: las cíudades y las ideas é uma espécie de lugar de memória do melhor pensamento produzido nessa parte do Novo Mundo, tanto pelai qualidades intelectuais e características pessoais do autor como pelas referéncias históricas e culturais que elencou. José Luis Romero, num livro sem notas de aG' sF': TJ f & PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

Cidades Como Ideias

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Artigo sobre formulações acerca das cidades

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7/21/2019 Cidades Como Ideias

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Apresentagáo

ao

livro

América

Latina:

as cidades

e as

idéias,

de José Luis

Romero

l*'

oo'l

Cidades

como

Idéias

O arquiteto

Aldo

Rossi,

ao

trafar

da

memória

coletiva

no livro clássico

L'Architettura

detta

Cittd,

cuja

primeira

edigáo

italiana

é de

1966, considerou

que

"as

grandes

idéias

percorrem

a história

da cidade

e a

conformam"r.

José

Luis

Romero, ao

iublicar,

dez

anos

depois,

Latinoamérica;

las

ciudades

y

las

idea?, buscou

náo

apenas

iompreendéJas

no universo

circunscrito

das

ideologias,

mas

tentou

identificar

o

papel

das iidades

na

história

conjunta

da

América

Latina.

O

processo

histórico,

para ele, tinha

um

fio

condutor,

dificil

de

ser

apreendido

num

quadro

aparentemente

muito

confuso,

mas

que precisava ser

enfrentado.

E

as

cidades,

como

lugar das

mudanqas, poderiam dar

as

Chaves

interpretativas

necessárias

para um

fenómeno

que

esteve

a

mercé

tanto dos

impactos

extemos

como

das idéias

nelas

produzidas. Idéias

que

corresponderam

.a

"importagóes"

sucessivas,

mas

que

também

eram

o

resultado do

surgimento

de

peculiaridades

em

cada

estrutura

urbana.

Romero

estava

disposto

a ultrapassar

a

história

política

tradicional,

que

reduzia

a

história das

cidades

aos aspectos

factuais de

uma

história do

exercício

do

poder e onde

o

fenómeno

urbano

permanecia incompreensível

na sua

complexidade.

Na

sua

proposta

tratava-se

de

"estabelecer

e

organizar

o

processo da

história

social e

cultural

das

cidades

latino-americanas",

aspecto

que pode

ser

compreendido

nas

indicagóes

de

Luis

Alberto

Romero,

no

prefácio

a

esta edigáo,

referentes

ao

lugar

que

o autor

reservara

para

a

História

da

cultura

na sua

trajetória

de

historiador

social. Por

outro

lado,

a

síntese

histórica

sobre

o

fenómeno

urbano

no

continente

deveria

dar conta

da

sua

insergáo

na

cultura ocidental:

da

expansáo

européia

no

final do

século

XV

á

das cidades

no capitalismo

do

século

XX.

A realizagáo

deste

projeto'

entretanto,

só se

tomou

possível na

pena de um

historiador

da

cultura

ocidental

com

a

contraditória

massificagáo

erudigáo

e o

rigor de

José Luis

Romero.

A

publicagáo

da

tradugáo

brasileira

desta

obra,

quase

trés

décadas

após

o

seu

acidentado

langamento

pela editora

Siglo

Veintinuno

Argentina,

faz

parte de um

conjuntg

de

esforgos

para

a

divulgagáo

mútua de

autores

argentinos

e

brasileiros

nos

dois

países. E

a

tentativa,

ietomada

em

várias

gerag6es

e

interrompida

nas

ditaduras,

de estabelecer

o

diálogo,

eliminar

preconceitos,

identificar

identidades

e

inaugurar

novas

formas

de

colaboragáo

intelectual.

Lá,

como

aqui, os

golpes

militares foram

desastrosos em

todos

os

níveis

da existéncia

humana.

No

nosso caso

particular,

o

da

vida

universitária

e

da

produgáo do

conhecimento

histórico-social,

as

destruigóes

e as

perdas

deixaram

marcas

profundas,

interrompendo

projetos e eliminando

profissionais

e

práticas institucionais.

E

hora

de

reverter

esse

processo

de

desconhecimento

mútuo

e de

romper

com

a tradigáo

oenversa

dos

nossos

bovarismos

nacionais.

com todas

as

ressalvas

necessárias,

Latinoamérica:

las

cíudades

y

las

ideas

é

uma

espécie

de

lugar de

memória

do

melhor

pensamento

produzido

nessa

parte

do

Novo

Mundo,

tanto

pelai

qualidades intelectuais

e

características

pessoais do autor

como

pelas

referéncias

históricas

e culturais

que

elencou.

José

Luis

Romero,

num

livro

sem

notas de

aG'

sF':

TJ

f

&

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

7/21/2019 Cidades Como Ideias

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de

página

e sem se

deixar

seduzir

por

questóes

datadas,

nos legou

uma

obra onde as

idéias,

confrontadas ás complexas

realidades

sociais

do

continente, sáo trabalhadas

por

um

historiador

que

náo

distinguia

o

seu

compromisso com

o

rigor

da

possibilidade

de

intervir

no presente

histórico

vivido,

como atestam

as

utilíssimas

informagdes

biográficas

que

seu

filho, o historiador Luis Alberto Romero',

nos

oferece

no Prefácio.

Uma

avaliagáo

do

papel

historiográfico

do

grande

historiador

pode

ser encontrada

no

estudo

de

Tulio

Halperin

Donghi,

"José

Luis

Romero

y

su lugar en la historiografia argentina"

publicado

originalmente em

Desarollo

Económico

e inserido

posteriormente

num

conjunto de

ensaios de Donghio.

Quem

desejar conhecer também o conjunto da obra

de

J.

L.

Romero

e

a bibliografia sobre

ele até

1998

pode consultar

o

artigo de José

Omar Acha,

da

Universidade

de Buenos

Aires, intitulado

"José

Luis Romero

(1909-1977):

bibliografia comentada

para

uma

historia intelectual"s. O

mexicano

Alexander

Betancourt Mendieta

publicou

recentemente

o

estudo

historiográfico

Historia, Ciudad

e

Ideas. La

obra

de

José

Luis Romeroó.

Em dezembro de 2001.

na

conceituada

Revista de

cull¡ra

Punto

de

Vista, tres autores

de

alto nível motivados

pela nova edigáo argentina

de

Latinoamérica:

las

ciudades

y

las

ideas

também comentaram,

de

forma

instigante e

diferenciada a imporláncia

da obra?.

Para

conhecer

o

projeto

historiográfico

de José

Luis

Romero,

recomendo ainda a

leitura de um

livro recentemente

reeditado na

Argentina, Crisis

y

orden

en el

mundo

feudoburgués,

que

conta com

uma Advertencia,

por

Luis

Alberto Romero; uma

Presentación,

por

Jacques Le Coff e Un estudio

preliminar,

por

Carlos

Astarita'.

Jacques

Le

Goff, o

grande

historiador medievalista

francés

-

a

quem

tanto

se deve

nos avangos

temáticos e metodológicos

da historiografia

produzida no

século

vinte

-

chama

a atengáo

para

o fato

que

"arte

e

literatura

sáo

expressdes

e testemunhos

privilegiados

das

sociedades

históricas"

e observa

que

José

Luis Romero

foi um dos historiadores

mais

cultos

de

seu

tempo, tendo dado "aos

testemunhos

artísticos

e

literarios

um

lugar

particularnente impactante, em contraste

com

o

relativ_o siléncio

dos medievalistas

agambarcados

pelas

fontes

jurídicas

(que

náo desdenha)"'.

Destaca,

ainda,

que

um dos

melhores

textos de

outro

livro

de

Romero, intitulado

Ensayos

sobre a

burguesía

medieval,

trata

de

"Dante

Alighieri

y

el orden del

mundo". Para Le Goff,

nesse ensaio

d^e

1961,

o

uso do

termo

espírito

anuncia o

de

mentalidade e define o

"espírito

burgués"r0.

Observa,

ainda,

que

é a

sociedade concreta

o

que

atrai

Romero

que,

por

sua

vez,

considera o oficio

de historiador como

algo

que

abrange

uma

face realista

e uma face

imaginária

da história. Romero

seria

o

pioneiro

de

uma

história

das

representagóes

e do

imaginário

(e

isso sem empregar

diretamente

estes

termos,

que emergiram na

historiografia

pouco

depois

do seu desaparecimento)'

'.

A

segunda

observagáo de

Le

Goff

é

que

"a

concepgáo

fundamental

da evolugáo

histórica

de José

Luis

Romero

é

a

de

uma

perpétua

mudanga

-

palavra

onipresente

na

sua

obra, completada

pelo

surgimento

de

novidades, o

desenvolvimento de

crises e finalmente

de revolugdo. Surge

uma

visáo

otimista

da

história,

mais

acabada

e mais rica

que

a

idéia

de

progresso,

em

crise

na época

em

que

escrevia

e

que

náo

o

atraiu',. Le Goff conclui

a

sua

Presentacióz

ao

livro

de

1980,

agora

reeditado

na Argentina, aludindo

ao

parentesco

das

idéias de Romero com

as

de seus contemporáneos

dos

Annales,

observando

que

"a

imagem' a

nova imagem

que

lhe

apareceu

no coragáo

do lenómeno

burgués

e,

por

conseguinte,

da reflexáo e

da

paixáo

do historiador,

é a

do homem. José

Luis

Romero

foi um

grande pioneiro

da

antropologia

histórica"''.

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

7/21/2019 Cidades Como Ideias

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O

grande

historiador

argentino,

Tulio Halperin

Donghi,

por

sua

vez,

considera

ql,e

será em Latinoamérica:

las ciudades

y

las ideas,

neste

livro

"admirável

e tardio",

que

Romero

assume

exolorar

o sentido da traietória

histórica

latinoamericana

como

tarefa

legitimamente

.uu'4.

Pu.u

Donghi

este é

um liuro

maior

náo

apenas

no conjunto

da obra

de Romero,

mas no caso

da

própria historiografia

latinoamericana, sendo

marcado

por

uma

visáo

própria

do

passado

e do

presente

dessa

parte

do continente''.

Ao

comentar

o

índice

de

autores

citados,

chama atengáo

para

a

sua especificidade,

que é uma lista

primordialmente

de fontes,

sobreludo

testemoniais,

como

aquelas

que

aprendeu

a

desentranhar

magistralmente

em

seus

estudos

medievais.

Duas outras características

sáo

ainda

observadas,

a

presenga

da literatura disputando

lugar

com testemunhos

mais diretos

e

o

fato

de

ter

prescindido

de

inteirar-se do

"estado

da

questáo"

na historiografia'

Romero

preferiu

"entrar

na

história

urbana

da

América Latina

quase

como

um

explorador

em

terra

incógnita"''.

José

Luis Romero

trouxe a sua

experiéncia

com

os

estudos

do

medioevo

europeulT

para

a

história

urbana latinoamericana, aportando também,

na

expressáo

de

Donghi,

"o

seguro

domínio

de

um estilo

de

reconstrugáo

histórica".

E neste deslocamento

de experiéncia

revela uma

"consciéncia

muito

viva da diferenga

profunda entre

o

fenómeno

urbano

na

Europa

medieval

e

pós-medieval

e

na

Latinoamérica".

Para Donghi

é esta consciencia

"que

permite

a

Romero dar conta

das

peculiaridades e da

originalidade

da

trajetória

histórica

das

cidades latinoamericanas"'0.

Será

no estudo da

etapa colonial

que

Romero

aponta

para

as diferengas

de origem

e

finalidade

das

cidades,

que náo

surgem

de

nenhum

processo social expontáneo,

mas da

dominagáo

política e da

exploragáo

económica das

populagóes conquistadas,

o

que

afeta

todos os aspectos

da

vida

urbana.

Ao colocar

o dado

colonial

no centro

da sua

análise

das

cidades fidalgas

e criolas,

Romero,

como destaca

Donghi,

estaria

preparando

uma

imagem

da

mudanga

trazida

pela

lndependéncia, recusando

as

interpretagóes

que teimam

em diminuir

o

alcance

da

ruptura.

Na

história

urbana

latinoamericana,

a

lndependéncia

seria,

para

José

Luis

Rómero, a

fronteira

entre a cidade

crioula e

a

patrícia

le.

O crítico

literário

Noé

Jitrik20,

que

conheceu

José

Luis

Romero,

ao

reafirmar

a

grandeza

do

libro,

tenta ordenar

as

idéias

que

uma

leitura

atual

da

obra

poderia

suscitar.

E

encontra

trés

razóes

para

sustentar

tal afirmagáo:

a

primeira no fato

de tratar-se

de um

livro

de

recorte

latinoamericano,

o

que

nAo era corrente

na

Argentina de

entño,

quando

Romero o

idealiza

e escreve

-

a América

Latina

era

uma distáncia

no

pensamento

corrente

e

onde

a diferenga

era

posta

acima

das semelhanqas,

o

que

náo era a

posigáo

de

Romero,

pois

buscou as

proximidades,

compreendendo

a

questáo

pela via da história,

a

história

de uma

vulnerabilidade

e,

ao

mesmo tempo,

a

história

de

uma

forga sempre

detida,

sempre

frustrada;

a

segunda

razáo

é a

qualidade

da

"escritura"

,

um

relato

histórico,

mas

cuja escrita

é dotada

da respiragáo

necessária

para que

as

idéias e o aparato

funcione,

propondo

ou

postulando

entidades

de

conhecimento

de

outro

nível;

a terceira

razáo

residiria no

próprio

enfoque

de

caráter

histórico

destinado

á entidade

ou

a estrutura

da

cidade.

Este

núcleo

único,

ao

organizar

a

pesquisa,

daria conta

de

um

processo mais

amplo:

o entendimento

do

processo de criagáo,

instalagáo

e

desenvolvimento

das cidades

na

América

Latina

vai

viabilizando

a compreensáo

dessa

parte

do

continente,

tanto

pela

sua

grandeza

propositiva como

em

sua

miséria

conflitiva.

Este

procedimento,

observa

Jitrik,

comportaria

uma teoria

da história

e da

historiografia

que

sintetiza

avangos

da

chamada

"história

social"

e

permite

medir seus

resultados''.

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

7/21/2019 Cidades Como Ideias

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Noé Jitrik

propóe que nos

detenhamos

neste

aspecto

do livro de

Romero:

a

escolha

do tema

da cidade

para fazer

história.

Por

detrás

da

presenqa

do tema

estariam

os

ecos

de

várias

tradigóes,

especialmente

a

sarmientina,

com

todo o seu

potencial

conflitivo

para

o

caso argentino22.

As

cidades na

obra

de

Romero surgiriam,

na percepgáo

de Jitrik,

em

diapasáo

com

o

campo e se

explicariam

por

uma

dialética

de

fundo marxista

que

náo

precisa explicitar-se

como

tal

nem

sustentar

as

felicidades

do

método

de Marx.

Campo

e cidade,

nessa

perspectiva, estariam

apresentados

como

ámbitos

conceituais

encarnados

em

imagens

procedentes da

narrativa

literária.

Com isso

Romero

se

afasta de

ortodoxias

discursivas

e contrói

uma discursividade

própria,

apta,

como considera

Jitrik,

para entender a

dramaturgia

da conformagáo

latinoamericana

e, sobretudo,,para

entender

que

o

discurso

historiográfico

é também

um

fato

narrativo

e

de

escrita".

As cidades,

Como suge.e

José

Luis

Romero,

surgem

também

por

metáfora, como

conseqüéncia

de

uma

necessidade

de

designagáo

que

toma

a

forma

de uma

rede sobre

a

qual

se assenta

o

pensamento de um

império

colonial.

Ele

vai

da

descrigáo

á

interprehqAo.

Jitrik

faz

notar

qu.

,.

u

descrigáo náo

é minimalista,

mas

essencialmente

cenográfica'

a

interpretaqao

procede

por

pinceladas,

por

vezes

irónicas, acerca

das

monstruosas

concentragóes

da

,iqu.ru

"

da

propriedade,

num

rastro

de

apropriagóes

desmedidas

e

num

qradro de

ferozes

desigualdes

e

injustigas.

Numa

última

avaliagáo,

Noé

Jitrick

afirma

que: "A

reaparigáo

do

livro

de Romero,

tantos

anos

depois,

é um

acontecimento:

pois conserva

os

alcánces

de

sua

proposta,

eventualmente

aqueles

que náo

puderam ser

percebidos

quando

do seu

lanqamento,

mas

conserva

também

a

seduqáo

do

seu

gesto

intelectual.

Isso,

precisamente

nestes

momentos,

onde

está

táo dissolvida

esta

categoria,

propóe

uma

ieconcentragáo,

um

voltar

a

pensar

mais além

de

urgéncias

discursivas

que

bem

podem

ser

puro ruído,

o

que,

classicamente,

náo

leva a nenhum

lugar"'*.

'

O

historiador

Carlos

Altamirano2s,

lembra

que

José

Luis

Romero

introduziu

a

história social no ámbito

dos

estudos

universitários na

Argentina

-

a história

social

tal

como

se

configurou

ao

longo de

trinta

anos

e

tal

como

foi

conhecida

no

mundo.

Para aí

apontava

a bibliografia

trabalhada

por Romero

na

sua cátedra,

de

Marc

Bloch

a Pierre

üilu.,

"ntr"

muitoi,

assim

como

o uso

da

idéia

de

uma

"história

total",

como

a utilizada

pelos Annales

e

consignada

por Lucien

Febvre.

Mas

Altamirano

percebe

que,

mesmo

iom os

dados

fomecidos

pela

trajetória

de

Romero

e

com

as suas

explicitagóes

no livro

em

questáo, náo

estaria

seguro

para incluir

este

livro

de dificil

classificagáo

como

história

sociáI.

Muitos

de

seus

temas

pertenceriam,

sem

dúvida,

á

história social,

porém outros

se

inscreveriam

nos

domínios

da

história

política,

da

história

das

idéias

e

da

história

urbana.

Contudo,

é

justamente

a

mediagáo

entre

esses

temas

que

se

constitui

numa

das destrezas

do

autor

composigáo

de

Latinoamérica:

las

ciudades

y

las ideas.

Diante

destas

dificuldades

e

sendo necessário

escolher,

carlos Altamirano preferiria

situar

a

obra

em

outro

quadro, o da

história

cultural,

mas sem

aderir

a

uma

polémica.

Prefere

considerar

que

Romero

nos legou

um

ensaio de

história

cultural

da

América

Latina

através

de suas

.idud.r,

o

que é co¿rente

com

iniciativas

anteriores,

como

a

publicagáo

que

dirigiu

entre

1g53

e

1956, Imago

Mundi,

que portava

o

subtítulo

de Revista

de

História

da

cultura

e

isso antes

de

assumir

a cátedra

de

História

social

na universidade

de

Buenos

Aires

e um

centro

de

História

da Cultura

na

Universidade

de

Montevideu.

Contudo,

indícios

na

mesma

diregáo

podem ser

encontrados

em

vários títulos

de

sua

obra,

onde.

se.

fazem

presentes express6es

como

"contatos

culturais", "imagens",

"idéias"

e

"ideologias""'

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

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Nos textos

que

Romero

dedicou á

nalureza

da

sua disciplina,

como

os

que

foram

reunidos

no libro Za Vida

Histórica21, é declarada

a

sua

dívida com

pensadores

que,

entre

as

últimas

décadas

do século

XIX e as

primeiras

do

XX,

sobretudo

no ámbito

da

cultura

alemá, se

propuseram

a

dar fundamento

ás

ciéncias

do

mundo

histórico

-

as

chamadas

ciéncias

do

espírito

por

oposigáo

ás ciéncias

da natureza.

Para Romero,

as bases

epistemológicas

do saber

histórico

haviam sido

estabelecidas

por

autores

como

Windelband,

Ricken, Croce e,

sobretudo,

Dilthey.

Deles

é

que

extraíra

as

premissas

de

seu enfoque

h

istoriográ1ico.

que

faz

das

culturas e dos

grupos

sociais o

objeto

próprio

do

conhecimento

histórico'o.

Altamirano acredita

que

foi

sobre este

fundo culturalista

que

se

operou

a recepgáo

da

história

social

em Romero.

Mesmo

levando

em

consideraEáo

que

a

História

da

América

Latina é,

por

sua vez,

urbana e rural, a

cidade

é o

foco dinámico

dessa história,

como observa

Romero,

que

reconheceu

o

fato

da

sua

obra ter

herdado a

dicotomia

do

Facundo,

de

Sarmiento,

ainda

que

náo tenha

herdado o seu sistema

axiológico2e.

A

cidade

surge,

no território

que

se constituiria

na América

Latina,

como

fruto

de uma

visáo

e

instrumento

de uma missáo. Romero chamou de

"cidade ideológica"

ao

núcleo urbano

originário

do

propósito

de domínio

sobre um

território

que

o

conquistador

considerava

culturalmente

vazio.

A

história

posterior

será

marcada

pelo

processo de diferenciagáo

que

atua sobre

esse esquema

inicial,

próprio

do ciclo

de

fundagóes,

processo

que

se

desdobra

numa série

de constelagóes

urbanas:

as

cidades

fidalgas,

as cidades

crioulas,

as

cidades

patrícias,

as

cidades

burguesas

e

as cidades

massificadas.

Assim

como

a cidade,

o

campo

também

apareceu como

o

lugar de uma

ideologia

e

Romero,

num caso

e

outro,

colocará

a

énfase

nos

estilos

de vida

e

na

elaboragáo

ideológoca

da

experiéncia.

A este

raciocínio

acrescenta

Carlos Altamirano

duas observag6es:

a

primeira,

o

fato do

livro, reconhecido

como

um clássico

para

as

historiografias

argentina

e

latinoamericana,

náo-ter

deixado

descendentes,

com a

excegáo,

talvez, ée

La

ciidad

letrada,

de

Angel

Rama3o.

A

outra

observagáo

refere-se ao estilo

intelectual

de

Romero,

marcado

pela

sobriedade,

contengáo

e certa

reserva irónica

para

evitar

que

a

paixAo

cívica,

que reivindicava

para

o

seu trabalho

historiográfico,

se

conveúesse

numa

desculpa

patética''.

A outra

avaliagáo

significativa,

publicada

por

Punto

de

Vista, é

a

que

fez Adrián

Gorelikr2

no artigo "Un

optimismo

urbano".

Assinala

que

Latinoamérica:

las

ciudades

y

las

ideas

é

"um

livro

que

tem

a rara

virtude de ser

cada

vez mais atual,

ainda

que

de uma

maneira

sempre

peculiar: tanto

vinte e cinco

anos

quando

saiu

a

primeira

vez e náo

se

falava

de

nada

chamado

'cultura

urbana

latinoamericana',

como agora'

quando

sob esse

nome

se desenvolveu

um

pequeno

boom

dentro

dos

'estudos culturais',

o livro

de

Romero

tem

a

peculiaridade de

se

manter,

por diferentes

razdes,

desajustado.

De

início

porque

surgiu numa

conjuntura

favorável

á

crescente

importáncia

da

cidade

e

sua

iristória,

desde

os

anos

cinquenta,

na América

Latina.

Porém,

frente a uma

historiografia

basicamente

monográfica,

Latinoamérica...

continua

sendo

o único empreendimento

que

procura

abarcar

a história

cultural urbana

do

continente

da colonizagáo

ao século

XX.

Uma

tentativa

posSível

pelo enorme

talento

narrativo do

autor.

que

organiza

uma

multidáo

de

materiais,

em sua

maioria

literários,

ao

redor

de uma série

de

hipóteses,

tAo

complexas

como

firmemente

articuladas"".

Mas

o

que

significa

para

Romero

uma

história

cultural

urbana,

a náo ser

uma história

ideológica

das sociedades

urbanas

que é

também

uma

história

ideológica

da América

Latina.

Gorelik

atenta

para

o

fato

de

que

,,ideoloeia

deve

entender-se

como

forma

social:

corpo

de

crenqas,

idéias,

valores

e estilos

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

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de vida

que

encamaram

em diferentes

grupos

sociais e em

diferentes localizag6es

sociais"la. Gorelik

observa

que

a cidade, como

expressáo auténtica

do continente

latinoamericano

é,

para

Romero,

desde

o século

XVI,

uma

"projegáo

do mundo

europeu,

mercantil

e

burgués,

e

as

cidades sáo

o

ámbito

em

que

essa

projegáo

se realiza,

os

baluartes

da

fronteira daquele

mundo

europeu,

os avangos

que

buscam organizar,

á sua

imagem

e

semelhanga,

o

estranho,

enorme e

desconhecido

território em

que

se

incrustram.

Neste sentido

a cidade é também

uma idelogia

e sua

própria

criagáo,

por

vezes

táo

original

e

táo

pendente dos modelos

que

toma:

uma

forma urbana

e mental

de

longa duragáo"".

Um

dos temas centrais

do livro,

como

acentua

Gorelik,

sáo

os

mecanismos

pelos

quais

a cidade

e a realidade

que

a circunda

váo

se

modificando

mutuamente, hostís ao

ponto

de chegar

a

conformar duas

ideologias contrapostas.

Toda a

história social e

política latinoamericana,

para

Romero, seria

definida

nesse conflito

perceptível nas

cidades e

que

é

basicamente cultural.

E

tudo

isso é

percebido,

da

homogeneidade

á

crescente diferenciagáo,

no

entrecruzamento

de

dois tipos

de

processos

de

desenvolvimento:

os heterónomos

e

os autónomos.

Nos

primeiros

é onde se

o

impacto

das transformag6es

económicas

e

as correntes

de idéias européias;

nos

segundos,

onde

surge

a consciéncia

sobre

a

regiáo, a sociedade

que

a

habita e

suas

formas ideológicas.

Apesar de

Romero, no trabalho

histórico,

ser

mais

rico

que

no

conceitual,

,

seu

objeto

é

identificar, como

observa

Gorelik,

"na

história

ideológica

das

sociedades

urbanas

latinoamericanas a

convivéncia

tensa entre

representagóes

e

realidades: entre o

que

fica

do designio,

incompleto e desmentido,

e a

própria

realidade

que,

em seu

fracasso,

chega a

constituir"3ó.

Gorelik

cita o exemplo

da cidade

fidalga como

produto

do desenvolvimento

heterónomo:

citadela social

e

cultural

que

busca

definir-se

como

uma Nova

Europa.

Contudo,

de

dentro

desse

desenvolvimento

econÓmico

(heterónomo)

comeqa

a surgir

no

seu

interior

uma

nova

sociedade burguesa.

E

é

a

sociedade

sui

generis, formada

no

campo,

que

permite

uma

nova

mentalidade

rural,

produto

por

antonomasia

do

desenvolvimento

autónomo, o

que

vai

robustecer

a antiga

socied¿de

fidalga

no

seu

conflito

interior

com

a

burguesia.

Tulio

Halperin

Donghi, em

1995'',

havia

apontado

que

no

livro

de Romero

a burguesia

crioula

aparece

fugazmente

para

desaparecer,

náo

porque

tenha

sido

derrotada,

mas

porque

se confunde

imediatamente

com

as velhas

e

novas

elites

de base

rural

que daráo o tom

a essa

nova

cidade.

Sáo mesclas

análogas

ás

que

ocoffem

nos

anos

trinta

do século

vinte,

na

"cidade

massificada",

o

que

remete

para

o

tema

da industrializagáo

e

para

a

dificuldade

que

teráo

os setores tradicionais

para

conviver

ao

lado de um terceiro

setor,

populista,

originário

do

aparecimento

das

massas

e

que

se

coloca

em

posigáo

de

as

conduzir.

Gorelik

aponta

ainda

para

o

fato

de

que

essas

massas

levam

no

seu

interior

o

conflito

principal

entre desenvolvimento

autÓnomo

e

desenvolvimento

heterónomo:

produto

de uma

nova

"ofensiva

do

campo

sobre

a

cidade",

reproduzem

em chave

urbana aspectos

de sua

cultura

rural,

porém

desse

modo

náo fazem

senáo contribuir

ao maior

processo

de

heteronomizagáo

européie

e

norte

americana

da

cultura

latinoamericana,

a industrializagáo18.

A contribuigáo

mais

recente do

arquiteto

e historiador

Adrián

Gorelik

sobre

o

livro de

José Luis

Romero

é, de

fato, notável,

pois

trata-se

de um

pesquisador

e

intérprete

do

fen6meno

urbano

por

exceléncia

e

que pensa a

questáo

com

grande

densidade

filosófica.

Identifica

em

Romero

o

tema do conflito

como

um daqueles

que

lhe

sáo caros:

cidade/campo,

elites/massas.

Mas

náo

tanto

para

alimentar

a

idéia

de

uma

sociedade

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

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cindida,

ainda

que

a

história

latinoamericana seja

marcada fortemente

pelos momentos de

forte

cisáo.

É

para

mostrar

a

cidade como

o

resultado de contínuas combinagóes

e

compromissos

entre as

muitas

facetas

do existente e a

dificil

emergéncia do novo,

sempre

diferente,

em

seus

resultados impuros,

do

que

po^deria

ter sido

projetado.

Estabelece

uma correlagáo

entre Romero

e

Martínez Estrada".

Para

Romero

a

cidade

se

constituiria

no medo

ao

outro

e

no fracasso

para

impedir,

uma

ou

outra

vez,

a

mescla: a

"ofensiva

do

campo",

de

Romero,

podendo

ser

lida

como a

"vinganga

do

outro",

de

Martínez

Estrada.

A

diferenga

estaria

na

concepgáo

de história:

para Romero tratando de identificar

as

fungóes cambiantes

do velho no novo, no denunciar

sua

imutabilidade

sob

as

marcas do

progresso.

Nem uma visáo

imobilista da história, nem

outra

que

faga do conflito seu

ponto

de chegada. Gorelik

indica

que

é

no conflito em si

mesmo

que

a sensibilidade

de

Romero

está atenta

para

os

lados

que

todo conflito

pressupde,

as superficies

de contato,

as linhas de

mudanga,

os

pontos

de tensáo

e fricgáo. O

conflito,

como

o

que

faz

dinámica

a

uma

sociedade

e

que

deve ser buscado nas

fronteiras culturais

que

sempre se

produzem

entre

os

diferentes universos que entram

em

colisáo.

Daí Corelik

considerar

que

o

período

mais

rico do livro é o

dedicado ao século

XlX,

quando Romero

identifica

projetos

em luta mais

fortes

e claros.

Nas fronteiras

culturais apostaria

a

possibilidade

de

que

os

conflitos

encontrem uma

via de

conciliagáo,

a

am^bicionada

criagáo

de

uma

'tultura

comum".

E a cidade é o

lugar

para

que

isso

acontegaao.

Para

Adián

Gorelik é esse

"otimismo

urbano",

detectado em

Romero,

que permite

vincular

a sua

perspctiva

sobre a cidade

com os estudos

urbanos de

seu

tempo. A

história

urbana

latinoamericana

nasce

nos

anos

cinqüenta,

paradoxalmente, como

parte

das

políticas

de desenvolvimento

e modemizagáo

onde

a

cidade ocupa

um

lugar

central,

recebendo delas

algumas

marcas notáveis. Gorelik

lembra

muito bem

o

nome

de Jorge

Enrique

Hardoy, emblemático

nessa

peculiar combinagáo

entre curiosidade

histórica,

pulsáo

modernizadora

e

produgáo

de

instituigóes continentais para satisfazer a

ambas

e

manté-las

articuladas.

Boa

parte

das

perguntas

que

organizavam

a agenda

historiográfica

de

entáo acompanha

o

próprio

processo

de

modernizagáo

das

cidades.

José

Luis

Romero

nño esteve

imune

a

este

processo

e

aos

debates

do

período,

ainda

que

sua aposta

na

sociedade civil

frente

ao

Estado, assinalada

por

Omar

Acha.

lhe

tenha impedido

de

estar

plenamente

sintonizado

com

o

clima

planificadoro'.

Mas Gorelik

náo

deixa

de apontar

para

o

fato de

que

todos

os temas

e

problemas

desse clima

estáo

presentes

em

Latinoamérica...

como um ténue

alinhavo: o

peso

de algumas

categorias,

de

aspiragóes

e

decepgóes

que

surgem

indubitavelmente

da

mesma agenda.

Por exemplo'

os

embates

sobre

o

caráter diferencial

da

cidade latinoamericana

frente a

européia,

que

supunham

discutir a

célebre

caracteri

zagáo

de Henri

Pirenne invertendo

o sentido

da

relagáo

que

traQava

entre cidade

e

campo

(cidade centrípeta européia versus cidade

centríluga

americana).

Num

rápido balango

de tendéncias,

Gorelik

considera

que

"poderíamos

entender

a

fórmula

autonomia/heteronomia

como

uma

posigáo

singular

de

Romero

frente

ás idéias

de dependéncia

e

influéncia, centrais

naquele

debate.

Gorelik

identifica,

além das

chaves encontradas

por

Romero

na

literatura

argentina,

a

presenga

de

autores

que

váo de Simmel

e

da Escola de

Chicago d

teoria da

modemizagáo,

o

que

lhe

permitiu ler algo

de

novo

em Sarmiento,

extraindo

dessa

potencializagáo a

ftrmeza de

seu

"otimismo

urbano",

magnificamente

retratada

na

ieinterpretagáo

que

deu

da antinomia

civilizagáo

e

barbárie

como

uma antinomia

entre

liberdade

e

necessidade:

a

necessidade

como

combinagáo

de

natureza

e

cultura,

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

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elementos dados:

liberdade

como

a

agáo

humana criadora

para

se

sobrepor a

essas

determinagdes.

Para Gorelik,

Romero estaria aí

se

remetendo

para

uma definigáo clássica,

como

a

que

apontou

Hannah

Arendt

na sua leitura da

polis

grega,

onde

a liberdade

é o

público,apolíticaeacidade,aopassoqueanecessidadeéoprivado,aeconomiaeo

mundo doméstico.

O

campo seria, assim,

para

o Romero

que

relé

Sarmiento,

a barbárie

da

necessidade

e da

liberdade

que,

como

possibilidade, só

pode

se aninhar

na

cidade.

Tudo isso

levaria a um recorte

muito nítido

diante das maneiras

alternativas de

pensar

a

cultura

urbana

nos

últimos

anos.

No

caso

de Richard Morse

que,

tendo

comegado

nos

anos

cinqüenta

vinculado

ao

pensamento

sobre

a

cidade de entáo,

logo

produziu

uma

dupla

guinada: de caráter

cultural,

no

qual

se apoia

o

projeto

de Romero,

ao

criticar a

tecnificagáo do

pensamento

urbano

e

reivindicar

a

literatura

e

o ensaio como

fontes mais

confiáveis

para

entender

a

cidade;

e

populista,

o

que

o distancia infinitamente

de Romero,

ao apostar

pelas

forgas

"auténticas"

do

mundo rural.

Outro

autor a ser considerado

é

Angel

Rama

e a sua

avaliagáo

da

"cidade

letrada",

melhor sintonizada com

o ánimo atual

dos estudos

culturais

urbanos,

seu

modo paradoxico

de

recorrer

á

cidade

como

bastiáo

e

ruína

de

uma modernidade

opressora.

Romero escreveria,

em troca, assumindo

os

valores

da

"cidade letrada". Tratar-se-ia

de um

programa

reformista

que

aspira

incluir

as

massas

nos beneficios

da

cultura

letrada, ainda

que

náo seja

de

um

modo

passivo,

mas

para

que

possam

modificá-la

e

enriquecé-la.

Gorelik

afirma

que

Carlos

Altamirano

havia

mostrado

o valor

ambíguo

que

assume

a

nogáo

de

"sociedade

aluvial" em

Romero, os

profundos

obstáculos

que

ele advert¡a

nesse composto

social

heterogéneo

para

que

se

produzisse a necessária

coesáo: a

produgáo

de

uma cultura

comum é

muito

complexa e,

pelo

menos

no

caso da sociedade

argentina,

Altamirano

mostraria

que.Romero

náo

tinha

muita confianga

de

que

se

pudesse

levar

o

desafio

a cabo

e com

éxito"'.

Adrián Gorelik,

no

entanto,

conclui

afirmando

que,

apesar

da

desconfianga

de

José Luis

Romero

na

sociedade, "náo

acredita que

seja necessariamente

contraditório

assinalar que

manteve

sempre,

e

este

livro é o

melhor exemplo,

confianga

na cidade,

náo como

cenário

para

essa

cultura

comum,

mas como motor

imprescindível

para

sua

produgáo""'.

Promover

a

tradugáo

e a

publicagáo

desta

obra no

Brasil é um

desejo

antigo

e

que

a Editora

UFRJ

vem viabilizar,

numa

conjuntura

de

aproximagáo entre

pesquisadores dos

dois

países irmáos,

mas

que

é

atravessada

por

todas

as dificuldades

históricas

de

integragáo

da Argentina

e

do Brasil a

um

contexto

latinoamericano

de

maior alcance.

José

Luis

Romero

e seu

livro

se

inscreve nesses

esforgos de

compreensáo

do

continente.

Sua singularidade

e

atualidade

permanece

viva, como

parecem mostrar

as avaliagóes

mais recentes.

Poderíamos

apontar

para

algumas

particularidades

na

comparagáo

entre

a

América

espanhola

e

a

portuguesa,

pois

aqui

verifica-se

um

fenÓmeno

geopolítico

que

altera

profundamente

a

tipologia

da

autonomia

política

e o

desenvolvimento

da

urbanizagáo

dos

grandes centros.

Trabalhamos

esta

questáo

em

estudos

como

"Da

Colonizagáo

á Europa

Possível:

as

dimensóes

da contradigáo",

no texto

"A

Invengáo

do

Brasil:

um

problema nacional"

e

no livro

No Rascunho

da

Naqdoaa

entre

outros.

A

questáo

civilizatória

e

da modernizagáo

urbana

no caso

brasileiro

tem surgido

em

en.saios

iomo

"A

Academia

Imperial

de

Belas Artes e

o

Projeto

Civilizatório

do

Império"*',

"O

Pago

da Cidade:

biografia

de

um

monumento"

e

"Entre

a

forma

e

o

ideal: um emblema

da

civilizagáo",

publicado

como

introdugáo

á

reedigáo

do

livro de

Pedro

calmon

sobre

o

palácio

da

Praia

Vermelhaaó.

Devo mencionar

também

duas

importantes

publicag6es

que

exDressam

as

tentativas

com

éxito

de

Monica

Hirst,

Presidente

da FUNCEB

-

Fundación

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

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Centro de Estudos

Brasileiros,

localizada em

Buenos Aires,

e

que

sño o

resultado dos

produtivos

seminários Brasil-Argenlina: a

visdo do

outro,

realizados com

o

apoio da

FUNAG

-

Fundagáo

Alexandre de

Gusmáo,

sob

os auspícios

do Itamarati. Sáo dois

livros

que documentam a aproximagáo entre brasileiros e

argent¡nos,

que exemplificam

os

esforgos

realizados e onde

pudemos

publicar

o

ensaio

"A

Cidade

do Rio de

Janeiro:

de

laboratório da civilizagáo

á

cidade símbolo da

nacionalidade",

em

diálogo

com o

texto de

Eduardo

Hourcarde, da Universidad

Nacional de

Rosario,

intitulado

"La

historia de

la

Ciudad

de Buenos

Aires

y

la

Constitución

de Representaciones

de la ldentidad

Nacional

Argentina"aT,

e

o ensaio

"A

construgáo

do

Estado

Imperial

no

Brasil: soberania e

legitimidade",

em diálogo com o

texto

de José Carlos Chiaramonte,

da Universidad de

Buenos Aires,

intitulado

"La

cuestión

de

la soberanía

en la

génesis

y

constitución

del

Estado

Argentino"a8.

muita

coisa

para

ser

feila

nas aproximagóes

culturais entre

os

dois

países

e

que

passa,

sem

dúvida,

pelas trocas editoriais.

lmportantes autores brasileiros,

como

Boris

Fausto,

da

USP,

e

José

Murilo

de

Carvalho, professor

titular

de História

do

Brasil

da

UFRJ,

tém sido

publicados

em

periódicos

e

livros na Argentina,

especialmente

na

Universidad

de

Quilmes.

O

historiador José

Carlos Chiaramonte,

diretor do

lnstituto

de

Historia

Argentina

y

Americana

"Dr.

Emilio

Ravignani" da

Faculdad de

Filosofia

y

Letras

da

Universidade

de Buenos

Aires,

deverá

ter

publicado,

em breve,

na Editora

UFRJ

um

magnífico

estudo

comparativo

sobre

a formagáo

dos Estados

Nacionais

na

América

Latina.

Autores como

Luis Alberto

Romero,

Carlos Altamirano,

Fernando

Devoto

e

Adrián Gorelik

também

estáo em

vias de tradugáo

no

Brasil

em editoras

universitárias

e

privadas, isso

para

náo

falar

da

reconhecida

ensaista

Beatriz

Sarlo,

que

integra,

há muito

tempo, o

catálogo

da nossa

Editora.

Afonso

Carlos

Marques

dos

Santos

Professor

Titular

de Teoria

e Metodologia

da

História

da UFRJ

NOTAS

I

Aldo Rossi.

.{ ,4r4ti itetura

da Cidade.

Sáo

Paulo: Mart¡ns

Fontes,

1995,

trad. do

italiano,

p'

198'

2

José

Luis

Romeio.

Latinoamérica:

Ias

ciudades

y

/as

¿deas.

Buenos

Aires: Siglo

Veintiuno

Argentina

Ed¡tores

S.A.,

197

6,

396p.

3

Luis

Alberto

Romero,

filho

de José

Luis

Romero,

é um

dos

mais

importantes

historiadores

argenlinos.

pesquisador

Senior

do CONICET,

é

Professor

Titular

da Faculdade

de

Filosofia

e Letras da Universidade

de

Buenos Aires

e do

Mestrado em

Ciéncias Sociais

da

FLACSO

e

da Universidade

Nacional

de

Tucuman.

É autor,

entre outros

trabalhos,

de Sectores

populares,

cultura

e

politica:

Buenos

Aires en

la

entregueÜq

(com

Leandro

H. Gutiérrez,

1995);9ué

hacer

con

los

pobres.

Elite

y

sectores

populares

en

sant¡ago

de

ahíle

en et

siglo

XtX

(1996); Volver a la historia

(1997);

Qrandes

entrev¡stas

de lq historia

argentina

com

Sylvia

Saítta,

1998); Grandes

discursos

de

la

historia argentina

(com

Luciano de

PriYitellio,

2000):

A'rgentina.

Crónica

totql del

siglo

XX

(2000)

e

Buenos

Aires,

historiq

de cuatro

srg/os

(co'dirigido

com

JoJé Luis

Romero,

1".

ed.:

1983;

2'.ed.

arnpliada,

2000\;

Breve

Historia

Contemporóneq

de

Argentina

(l .ed.:

1994;

2". ed.

ampliada:

2001;

4".

reimpressáo:

2003).

Foi diretor

académico

da

colegáo "Historia

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

7/21/2019 Cidades Como Ideias

http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 10/12

Visual Argentina",

publicada

pelo

jornal

Clarín,

e

da

colegáo

"Los

nombres

del

poder",

do Fondo de

Cultura

Económica,

a

A

primeira

divulgagáo

deste

texto foi

em

Desqrollo

Económico,

vol.

20,

n.78,

julho-setembro de

1980.

A

segunda

em

Tufio

Halperin

Donghi. Ensayos de

historiografra. Buenos

Aires: Ediciones

El

Cielo

por

Asalto, 199ó,

p.73-

105.

5

José Omar

Acha.

"José

Luis Romero

(19Q9-19'17):

bibliografia

comentada

para

una

historia

intelectual"

Revista

lberoamerícana

de

BibliograJia.

Washinglon: 1998,

n.2,

p.409-436.

Do

mesmo

autor

veJa-se

também

"José

Luis Romero como

tradición.

Para una

discusión

histórico-politica" El

Rodaballo'

n.6'

1997 e

La trama

profunda.

Historia

y

vida

en José

Luis Romero,

mimeo, 2001.

ó

Alexander Betancourt

Mendieta. Historia,

Ciudad e ldeas.

La

obrq

de José

¿¡.,,s Romero.

México:

Universidad

Autónoma de

México, 2001.

t

Noé Jitrik, "La

vinud

del

escritor",

p.4l-43;

Carlos

Altamirano, "Reserva

irónica

y pasión", p'44-45;

Adrián Gorelik,

"Un

optimismo

Urbano",

p.45-48.

Revista

de

cultuta

Punto de

,/,.t/4. Buenos Aires:

dezembro

de 2001. Ano

XXIV, n.7l.

8

José Luis

Romero. Crisis

y

Orden

en

el Mundo Feudoburguás,

lu. ed. argentina,

Buenos

Aires:

Siglo

XXI

Editores Argentina, 2003, 336p.

A

1". ed. em

espanhol

é

de

1980,

por

Siglo

Veintinuno Editores

en

México,

um

ano

após da

reedigáo naque'le

país

de

La Revolución

Burguesa

en el mandofeudal.

e

Jacques

Le Goff.

"Presentación".

In

J.

L. Romero.

Crisis

y

Orden en el

Mundo

Feudoburgués.

Buenos

Aires: Siglo

XXI Argentina,2003,

p,

X.

r0

José

Luis Romero.

Enscyos sobre

a burguesia

medieval.

Buenos

Aires:

Universidade

Nacional

de

Buenos

Aires,

I

961 ,

Trata-se aqui de comentários

acerca

do

terceiro

ensaio

do

livro.

rr

Jacques

Le

Goff,

op. cit,

p.

xl.

''

J.

Le

Goff,

op.

cit.,

p.

Xf.

''

J. Le Goff,

op.

cit.p.

XIl.

ra

T.

H. Donghi, op.

cit.,

p.85.

''

T.

H.

Donghi, op.

cit.,

p.l0l.

róT.

H. Donghi, op.cit,

p.102.

 ?

Tufio

Halperin

Donghi,

,,José

Luis

Romero; de

la historia

de

Europa

a

la historia de

América".

Anales

de

Historia

Antígua

y

Medieval

N.28. Buenos

Aires:

Faculdad de

Filosofia

y

Letras

-

Universidad

de

Buenos

Aires,

1995.

18

T.

H. Donghi,

Ens ayos

de hisoriografa,p

l02

re

T. H.

Donghi,

op. cit.,

p.103

to

Noé Jitrik

é um dos

mais reconhecidos

críticos

literários

argenlinos,

nascido

em 1928.

Foi exilado

na

EuroDa

e no

México, entre

1974

e

198'1,

É autor

de numerosos

ensaios

sobre

literatura

e história, crítica

literária,

teoria

e

narrativa, contos

e novelas.

Foi

professor

pesquisador

em

universidades

de Buenos

Aires,

México e

Franga.

É,

atualmente,

pesquisador e diretor

do Instituto

de Literatura

Hispanoamericana

da

Facufdade

de

Filosofia

e

Letras

da UBA.

Dirige a

História Crítíca

da Literoturct

Argentina,

que

está

sendo

oublicada.

em

l2 tomos,

pelo

Editorial

Sudamericana.

)'

Noé

Jitrik.

'.La

virtud

de

um

escritor".

Revista

de cultura

"Punto

de

t/¿J/4

".

Buenos

Aires: dezembro

de

2001,

Ano XXIV,

n.71,

p.42.

22

Há uma enorme

bibliografia

sobre

este tema

na

Argentina

como,

por

exemplo,

em

Alberto

Juli6n

PAel

,,El

Facundo;

Sarmiento

interpreta

a

su

nación", capítulo

4

do

livro Los

Dilemas

Políticos

de lq

Culturq

Letrqda.

Argentinq: siglo XIX.

Buenos

Aires:

Ediciones

Conegidor,2002' p.105-149'

23

Noé Jitrik,

op.cit.,

p.42.

2a

op.cit.,

p.43.

,t

iarlos

Áltamirano

é outro

importante

historiador

argentino,

voltado

para

a

história das

idéias

políticas

e

com

vários

livros

e artigos

publicados. É, desde

1999,

prof€ssor

titular

regular de

Intfodugáo

ao

pensamento

social

no Depaftam€nto

de ciéncias

Sociais

da

Universidade

Nacional

de

Quilmes.

26

carlos

Aftamirano.

.,Reserva

irónica

y pasión", Revista de cultufa

"Punto

de

vísta".

Buenos Aires:

dezembro

de

2001, Ano

XXIV,

n.

71,

p.

44.

27

José

Luis Romero.

¿a

Vida

Histórica,

Ensaios

compilados

por

Luis

Alberto Romero.

Buenos

Aires:

Editorial Sudamericana

(Colección

Historia

y

Cultura),

1988,

204p.

28

José

Luis

Romero.

Ba.reJ

para

una

morfologíq

de los contatos

culturqles,

Buenos

Aires: Instituc¡ón

Cultural

Españolq

1944.

Apud

Carlos

Altamirano.

Op. cit.,

p

45.

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

7/21/2019 Cidades Como Ideias

http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 11/12

2e

Félix

Luna. conversqciones

con José

Luis Romero,

Buenos Aires:

Editoral

Sudamericana,

1986.

Apud

Carlos Altamirano.

Op. cit.,

p.45.

[a

lu.

ed. deste

livro,

citada

por

Adrián

Gorelik,

é

de 1976,

por

Timerman

Editores.

em

Buenos

Airesl

30

A

referéncia

trata do eniaista

uruguaio

Ángel

Rama

(1926-1983).

A

primeira

edigáo,

em

espanhol,

do

livro La

ciudad letrada é

de Hanover, New

Hampshire:

Ediciones

del

Norte,

1984. A edipáo

brasileira

é

Cidade

das

Letras.

Sáo Paulo: Brasiliense,

1985, 156p.

rr

Apud Carlos Ahamirano.

Op.

cit.

p.45.

"

Adrián

Gorelik

é

um

dos mais brilhantes inte¡ectuais

de uma

nova

geragáo

de argentinos, tendo

nascido

em Mercedes

(Buenos

Aires)

em 1957. E arquireto

e doutor em História

(

com

títulos

da Universidade

de

Buenos Aires).

É

pesquisador

no

Programa

de

história

intelectual da

Universidade

Nacional

de

Quilmes

e

docente na

mesma

Universidade.

Coordena

o

Seminário

de

história

das

idéias,

os

intelectua¡s

e a

cultura no

prestigioso

tnstituto

Emilio Ravignani

da

UBA, dirigido

pelo

historiador

José

Carlos Chiaramonte.

Publicou numerosos

artigos

sobre

temas de

história

urbana e crítica cultural

da cidade

e da arquitetura e o

livro

La

sombra

de

la vanguardia.

Hannes

Meyer

en

México

1938-1949

(em

colaborageo

com

Jorge

Liemur), Buenos Aires:

Proyecto Editorial, 1993.

Sua tese de doutoramento

foi

publicada

num livro

de

grande

sucesso na

Argentina

e

que

deveria

ser

publicado no Brasil, tanto

pela

qualidade

da pesquisa

quanto

pefa

originalidade da construgáo

teórica e da interpretagAo.

Trata-se do

notável

La

grilla

y

el

parque.

Espacio

público

y

cultura

urbana en Buenos

Aires,

1887-1936.

Buenos Aires:

Universidad Nacional

de

Quilmes,

1998, 455p.

"

Adrián Gorelik.

"Un

optimismo Urbano".

Revista de

cullula Punto de

,4sla.

Buenos Ai¡es:

dezembro

de

2001. Ano

XXIV,

n.7l,

p.45-46.

r4

Adrián

corelik. op.

cit.,

p.

46.

"

op.

cit.,

p.46.

"

Op. cit.,

p.46.

''

Tulio Hafperin Donghi.

"José

Luis Romero:

de la historia de Europa a la histoña

de

Amíica''. Anales

de

Historia Antigua

y

Medievql

n.28.

Buenos Ai¡es: Faculdad

de

Filosofia

e

Letras

-

UBA,

1995.

'"

Adrirtur

Gorelik. Op. cit..

p.

47.

re

A

referéncia

é ao argentino Ezequiel Martínez

Estrada

(1895-1964).

É autor do ensaio clássico

Radiografia de la Pampa, cuja

1".

ed.

é

de

1933.

edigdes

posteriores,

sendo a 6". ed. de Buenos Aires:

Editorial

Lozada, 1968.

ao

op.

cit.,

p.

47.

arOmarAcha.

La traua

profundo.

Hislor¡q

y

v¡dq

en

José

Luis Romero,

mimeo,2QQl.

a2

Carfos Altamirano. "José Lu¡s Romero

y

la

idea

de la Argentina

aluvial".

Prismas,n.5. Buenos Aires:

2001, onde também

se

desenvolve

a

vinculaQáo de Romero com o vitalismo alemáo.

a3

Adrián

corelik.

op. cit.,p.

48.

on

Afonso Carlos Marques dos Santos.

"Da

Colonizagáo á Europa Possível: as dimensóes da contradigáo",

in

Giovanna

Rosso Del

Brenna

(org.).

Una

Cidade em

Questdo

l:

Grandjean

de

Montigny

e

o

Rio de

Janeiro. Rio de laneiro:

FUNARTE/PUC-RJ,

1979.

Veja-se

também,

para

a

especificidade

do

processo

de

construgeo de um

pensamento

autonomista no Brasil,

a

Afonso Carlos

Marques

dos Sanlos. "A

invengao

do

Brasil:

um

problema

nacional?". Revista de

Hístória,

n.

I18,

Seo

Paulo:

USP,

janeiro-junho,

1985,

p.3-12

e

o

livro No Roscunho da Nagdo:

lnconfidéncia

no

Rio de

Janeiro. Rio de

Janeiro: Secretaria

Municipal

de

Cuf

tura

(Biblioteca

Carioca, v. 22), 1992.

a5

Afonso Carlos

Marques dos

Santos.

"A

Academia

lmperial

de Belas

Artes e o

Projeto

Civilizatório

do

lmpério".

180 Anos

da

Escola

de

Belas Artes

(organizado

por

Sonia Gomes Pereira).

Rio

de

Janeiro:

EBA"/UFRI,

1997,

p.127-

l46.

*

Afonso carlos

Marques

dos

Santos.

"o

Pago

da

Cidade:

biografia de um

monumento".

ln

Lauro

Cavafcanti

(org.).

Pago lmperial. Rio

de Janeiro:

Sextante Artes,

1999,

p.

52-l|7.

A. C.

Marques

dos

Santos.

"Entre

a forma

e

o

ideal:

um

emblema

da

civilizagáo",

in

Pedro

Calmon.

O

Palácio

da

Praia

Veruelha.

No

de

Janeiro:

Editora UFRJ,

2'. ed. revista

e

ampliada, 2002,

p.9-14.

a?

Ver

os

textos de Afonso Carlos Marques dos Santos. de

Eduardo Hourcade

e

dos

demais

ensaistas

brasileiros e argentinos

em

A

l/isdo do Outro: semináio Brasil-Argentina.

Brasília: FUNAG, 2000,741p.

como

fruto dessas

aproximagóes,

publicamos

também o artigo "Ciudad,

civilización

y proyecto

en Rio de

Janeiro

(1808-1906)"

na

Revista Estud¡os Sociales

n. 21, año

xl,

Santa

Fé, Argentina: Universidad

Nacional del Litoral,2o.

semestre de

2001,

p.55-68.

PUBLICADO EM: ROMERO, José Luis. América Latina: as cidades e as idéias.

Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. Apresentação: p. 7-23

7/21/2019 Cidades Como Ideias

http://slidepdf.com/reader/full/cidades-como-ideias 12/12

48

Os novos

textos de

Afonso

Carlos Marques dos

Sanlos,

José Carlos

Chia¡amonte

e

dos demais ensaistas

encontram-se

em Carlos Henrique

Cardim e Monica

Hirst

(organizadores),

Brcsil-Argentina:

a

yisdo

do

Outro:

Soberania

e

Cultura Política. Brasília: IPRI/FUNAG,

2003.

438p.

PUBLICADO EM: ROMERO José Luis América Latina: as cidades e as idéias