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Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    Presidente Carlos Alberto Guerra Filgueiras Vice-Presidente de Planejamento e Ensino Maurício Garcia Vice-Presidente de Marketing e Admissões Fernando Lau Vice-Presidente de Operações Geraldo Magela de Souza Moraes Junior Diretoria Geral Italo Ghignone (ÁREA1) Marcelo Adler (Fanor) Mauricélia Bezerra Vidal (FAVIP) Lucian Bogdan Bejan (FBV) Rogério Flores da Silva (Ruy Barbosa) Coordenação Geral Acadêmica Maria Mesquita Mota (ÁREA1) Humberto Barroso da Fonseca (FANOR) Marjony Barros Camelo (FAVIP) Luiz Patrício Barbosa Júnior (FBV) Pedro Ivo Rodrigues (Ruy Barbosa) Coordenadores dos Cursos de Pós-Graduação Ana Claudia P. R. de Mattos (ÁREA1) Lirian Filgueiras Mascarenhas (Fanor) Caio Rafael Peppe (FAVIP) Eury Pacheco Motta Júnior (FBV) Ricardo Luiz M. Vasques (Ruy Barbosa) Coordenadores dos Cursos de Mestrado Lucia Maria Barbosa de Oliveira (FBV) Conselho Editorial Prof. Dourival Edgar dos Santos Júnior (ÁREA1) Profa. Raquel Figueiredo Barretto (Fanor) Profa. Bárbara Maria Santos Caldeira (Ruy Barbosa)

Editor Chefe Marinalva Alves dos Santos A Revista Cientefico é um periódico de publicação semestral. Definida como instrumento de incentivo à produção científica e veículo de divulgação de trabalhos acadêmicos dos alunos e professores das Faculdades: ÁREA1, Fanor, FBV, FAVIP e Ruy Barbosa, bem como de potenciais parceiros e público externo. O conteúdo dos trabalhos reflete o projeto peda-gógico das Instituições. São publicados textos em português ou em outro idioma, a critério do Conselho Editorial. Diagramação Diego Gustavo Ferreira de Almeida Capa Equipe de Marketing DeVry Brasil Revisão ortográfica Lorena Maia Ribeiro Revisão ABNT Lorena Maia Ribeiro Direitos reservados à: DeVry Brasil Rua Antônio Gomes Guimarães, 150 - Dunas Cep: 60.191-195 | Fone/Fax : +55 (85) 3052-4814 Fortaleza - Ceará - Brasil Catalogação na fonte elaborada pela bibliotecária Leilane Maria Lucena Pereira - CRB – 3-916

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) R349

Revista Cientefico / DeVry Brasil. – ano 12, v. 2, jul./dez. 2012. Fortaleza: DeVry Brasil, 2002 - Semestral Resumo em Português e Inglês. ISSN: 1677-1591 (Versão impressa) e ISSN: 1677-5716 (Versão online) 1. Ciências sociais aplicadas. 2. Ciências da Saúde. 3. Periódicos. 4. Científico. 5. DeVry Brasil. I.Título.

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SUMÁRIO

Editorial ............................................................................................................................................. 07

COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS

POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

Iza Mara Santos Moura ...................................................................................................................... 09

 A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO

TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Jamile Carneiro dos Santos Dias | Milton Correia Sampaio Filho ................................................... 27

GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

Josefa Delma da Trindade .................................................................................................................. 43

O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

Rafael Loureiro Ortins | Ângelo Boreggio Neto ................................................................................ 55

CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO

CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Giselda Vilaça | Janaína Calazans | Rafael Lucian ............................................................................ 81

RESENHA: LEHFELD, Lucas de Sousa; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves; LEPORE,

Paulo Eduardo. Monografia Jurídica: guia prático do trabalho cientifico e orientação metodológica.

São Paulo: Método, 2011.

Raquel Figueiredo Barretto ................................................................................................................ 95

Normas para publicação de trabalhos na Revista Cientefico ............................................................. 99

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Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012  

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           Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

EDITORIAL

Marcelo Adler - Diretor da FANOR

Caro Leitor,

Avançar no conhecimento é um desafio para qualquer sociedade, sendo ainda mais

importante nos dias de hoje, marcados pela intensa velocidade das inovações e grande

competição entre as nações. Nesse contexto, o papel das Instituições de Ensino Superior

é fundamental, pois ocupa lugar central na geração e seleção de ideias que vão direcionar

o desenvolvimento científico, além de gerar novos pensadores.

Quando as instituições que fazem parte da DeVry Brasil conseguem publicar artigos

que tratam de temas vinculado a áreas tão diversas quanto saúde ou desenvolvimento

local, demonstram quão diversas são nossas possibilidades de contribuir para o progresso

da produção científica brasileira. Assim, com sentimento de estarmos impulsionando

nosso país para a melhoria da sua competitividade e gerando novos pensadores,

apresentamos esta edição da Revista Cientefico, composta por 6 artigos, produzidos por

discentes e docentes, selecionados pelo Comitê Editorial.

Espero que tenha uma boa leitura.

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Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

Iza Mara Santos Moura¹

RESUMO

O presente artigo se propõe a analisar a temática da implantação do Programa Saúde da

Família (PSF) no Brasil como uma estratégia assistencial que procura implantar um novo

modelo de atenção à saúde voltada para a saúde da família, tendo por princípios fundamentais a

atuação nos serviços de atenção primária à saúde, focalizando a prevenção da doença e a

promoção da saúde. O estudo busca o entendimento sobre as políticas de RH hoje existentes e

como essas políticas de RH adotadas vêm favorecer e/ou dificultar as relações interpessoais na

equipe do PSF, a humanização e a integralidade do atendimento, permitindo melhor

compreensão de como se estabelecem as relações interpessoais entre os colaboradores da área

de saúde com os pacientes em ambiente hospitalar e como devem ser aplicadas melhores formas

de gestão do RH na relação colaborador paciente. O estudo mostra que, no sentido de promover

uma postura mais humanizada dos profissionais de saúde no trato com os pacientes, uma das

políticas de RH a ser adotada em todo ambiente que envolva o aspecto da saúde em quaisquer

níveis de atenção e complexidade, postos de saúde, centros de saúde, ambulatórios, hospitais,

devem ter obrigatoriamente em sua equipe um profissional bacharel em Psicologia como

presença essencial.

PALAVRAS-CHAVE:

Programa Saúde da Família (PSF). Políticas de RH. Humanização. Relações Interpessoais.

¹ Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), pós-graduada em MBA em Gestão de Pessoas pelo

Centro Universitário Jorge Amado e graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Ruy Barbosa.

E-mail: [email protected]

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

Iza Mara Santos Moura¹

RESUMO

O presente artigo se propõe a analisar a temática da implantação do Programa Saúde da

Família (PSF) no Brasil como uma estratégia assistencial que procura implantar um novo

modelo de atenção à saúde voltada para a saúde da família, tendo por princípios fundamentais a

atuação nos serviços de atenção primária à saúde, focalizando a prevenção da doença e a

promoção da saúde. O estudo busca o entendimento sobre as políticas de RH hoje existentes e

como essas políticas de RH adotadas vêm favorecer e/ou dificultar as relações interpessoais na

equipe do PSF, a humanização e a integralidade do atendimento, permitindo melhor

compreensão de como se estabelecem as relações interpessoais entre os colaboradores da área

de saúde com os pacientes em ambiente hospitalar e como devem ser aplicadas melhores formas

de gestão do RH na relação colaborador paciente. O estudo mostra que, no sentido de promover

uma postura mais humanizada dos profissionais de saúde no trato com os pacientes, uma das

políticas de RH a ser adotada em todo ambiente que envolva o aspecto da saúde em quaisquer

níveis de atenção e complexidade, postos de saúde, centros de saúde, ambulatórios, hospitais,

devem ter obrigatoriamente em sua equipe um profissional bacharel em Psicologia como

presença essencial.

PALAVRAS-CHAVE:

Programa Saúde da Família (PSF). Políticas de RH. Humanização. Relações Interpessoais.

¹ Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), pós-graduada em MBA em Gestão de Pessoas pelo

Centro Universitário Jorge Amado e graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Ruy Barbosa.

E-mail: [email protected]

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

Introdução

A questão da saúde é uma das necessidades básicas de todo ser humano, por tal motivo, os sistemas de atenção à saúde são respostas sociais deliberadas às necessidades de saúde da população. Por consequência, deve haver uma forte sintonia entre a situação de saúde da população e a forma como se estrutura o sistema de atenção à saúde para responder, socialmente, a essa situação singular. Dentro dessa necessidade humana e social surge o Programa Saúde da Família (1994) (PSF) no Brasil como uma estratégia assistencial que procura implantar um novo modelo de atenção à saúde, voltada para a saúde da família, considerando-a em todos os seus espaços de vida, tendo por princí-pios fundamentais a atuação nos serviços de atenção primária à saúde, focalizando a prevenção da doença e a promoção da saúde e incentivando os atores sociais envolvidos para a geração de propostas de transformação do ambiente. No presente trabalho buscar-se-á entender melhor a caracterização da implantação do PSF no Brasil e sua relação com as políticas de saúde. Observando de que forma essas políticas se apresentam hoje no PSF e de que forma a gestão de pessoas pode promover uma postura mais humana dos

profissionais de saúde no seu ambiente de trabalho, refletindo assim numa boa relação com o paciente?

Esse artigo verifica se as políticas de RH adotadas pelos hospitais atendem de forma adequada para a promoção de uma postura mais humanizada dos profissionais de saúde no trato com os pacientes, identificando o papel dos profissionais na política da humanização hospitalar e as relações interpessoais entre equipe multidisciplinar de saúde e paciente. O estudo busca o entendimento sobre as políticas de RH hoje existentes e como essas políticas de RH adotadas vêm favorecer e/ou dificultar as relações interpessoais na equipe do PSF, a humanização e a integralidade do atendimento, permitindo melhor compre-ensão de como se estabelecem as relações interpessoais entre os colaboradores da área de saúde com os pacientes em ambiente hospitalar e como devem ser aplicadas melhores formas de gestão do RH na relação colaborador paciente através de vivências de conceitos humanísticos aplicados nesse ambiente e nessas relações.

O interesse por essa revisão bibliográ-fica surgiu por uma questão de afeto pessoal, em que a autora vivenciou experiências de frieza no atendimento de saúde por parte de alguns profissionais,

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

ABSTRACT

This article aims to analyze the issue of implementation of the Bolsa Família Programme (PBF)

in Brazil as an assistance strategy that seeks to establish a new model of health care focused on

family health, with the fundamental principles performance in services primary health care,

focusing on disease prevention and health promotion. The study seeks understanding of HR

policies that exist today and how these HR policies adopted have favor and / or hinder

interpersonal relationships in PSF team, humanization and comprehensiveness of care, enabling

better understanding how to establish interpersonal relationships between employees in the field

health with patients in a hospital environment and how to implement better ways management of

HR in relation contributor patient. The study shows that, in order to promote a more humane

health professionals in dealing with patients, one of HR policies to be adopted in any

environment involving the health aspect in any levels of care and complexity, health posts, health

centers, clinics, hospitals, required be on your team a professional degree in Psychology as

essential presence.

KEYWORDS:

Programa Saúde da Família. Human Resource Policies. Humanization. Interpersonal relationships.

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

Introdução

A questão da saúde é uma das necessidades básicas de todo ser humano, por tal motivo, os sistemas de atenção à saúde são respostas sociais deliberadas às necessidades de saúde da população. Por consequência, deve haver uma forte sintonia entre a situação de saúde da população e a forma como se estrutura o sistema de atenção à saúde para responder, socialmente, a essa situação singular. Dentro dessa necessidade humana e social surge o Programa Saúde da Família (1994) (PSF) no Brasil como uma estratégia assistencial que procura implantar um novo modelo de atenção à saúde, voltada para a saúde da família, considerando-a em todos os seus espaços de vida, tendo por princí-pios fundamentais a atuação nos serviços de atenção primária à saúde, focalizando a prevenção da doença e a promoção da saúde e incentivando os atores sociais envolvidos para a geração de propostas de transformação do ambiente. No presente trabalho buscar-se-á entender melhor a caracterização da implantação do PSF no Brasil e sua relação com as políticas de saúde. Observando de que forma essas políticas se apresentam hoje no PSF e de que forma a gestão de pessoas pode promover uma postura mais humana dos

profissionais de saúde no seu ambiente de trabalho, refletindo assim numa boa relação com o paciente?

Esse artigo verifica se as políticas de RH adotadas pelos hospitais atendem de forma adequada para a promoção de uma postura mais humanizada dos profissionais de saúde no trato com os pacientes, identificando o papel dos profissionais na política da humanização hospitalar e as relações interpessoais entre equipe multidisciplinar de saúde e paciente. O estudo busca o entendimento sobre as políticas de RH hoje existentes e como essas políticas de RH adotadas vêm favorecer e/ou dificultar as relações interpessoais na equipe do PSF, a humanização e a integralidade do atendimento, permitindo melhor compre-ensão de como se estabelecem as relações interpessoais entre os colaboradores da área de saúde com os pacientes em ambiente hospitalar e como devem ser aplicadas melhores formas de gestão do RH na relação colaborador paciente através de vivências de conceitos humanísticos aplicados nesse ambiente e nessas relações.

O interesse por essa revisão bibliográ-fica surgiu por uma questão de afeto pessoal, em que a autora vivenciou experiências de frieza no atendimento de saúde por parte de alguns profissionais,

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

levantamentos e observações de situações reais de humanização ou falta dela nos serviços de saúde pública.

2. Programa Saúde da Família

No Brasil, desde 1994, houve a implantação do Programa Saúde da Família (PSF) pelo Ministério da Saúde como modelo de atenção em saúde pública no país que incorporou as perspectivas do Sistema Único de Saúde (SUS), previstas na Constituição de 1988, como uma estratégia assistencial que procura implantar um novo modelo de atenção à saúde, voltada para a saúde da família, tendo por princípios fundamentais a atuação nos serviços de atenção primária à saúde, reorientação à assistência em função dos fatores de risco da comunidade, atendimento aos indivíduos já adoecidos focalizando a prevenção da doença e a promoção da saúde.

Para o Ministério da Saúde, o PSF é uma estratégia que visa atender o indivíduo e a família de forma integral e contínua, fundado nos princípios norteadores do SUS, desenvolvendo ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Tem como objetivo reorganizar a prática assistencial, centrada no hospital, passando a enfocar a família em seu ambiente físico e social. O PSF pode ser definido como:

um modelo de atenção que pressupõe o

reconhecimento de saúde como um direito

de cidadania, expresso na melhoria das

condições de vida; no que toca a área de

saúde; essa melhoria deve ser tradu-

zida em serviços mais resolutivos,

integrais e principalmente humanizados.

(CARVALHO; CUNHA, 2006 (apud

CAMPOS et al., 2006).

A Constituição Federal de 1988, artigo

196, prevê: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”. Este é o princípio que norteia o SUS. E é o princípio que está colaborando para desenvolver a dignidade aos brasileiros, como cidadãos e como seres humanos.

Fazendo uma análise sobre os princípios gerais ou as diretrizes genéricas de uma política, inclusive no caso do SUS, e do conceito de saúde, traçamos alguns entendimentos do que venha a ser saúde e doença. Moacyr Scliar (2007), fala que o conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas. Depen- derá da época, do lugar, da classe social. Dependerá de valores individuais,

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    que causaram em mim uma sensação de que eu era mais uma, sentindo-me como um objeto, de que os meus sentimentos pouco importavam e que eu estava sozinha, piorando o meu estado de saúde global.

Quantas pessoas também já não tiveram sentimentos semelhantes aos meus vivenciando essas mesmas situações? Por essas razões, essa pesquisa traz um tema muito relevante para a sociedade e entendimento de questões pontuais que surgem e que podem surgir pela simples falta de empatia, solidariedade e amor e acolhimento dos profissionais com o ser humano que está diante de si necessitando da sua força energética espiritual (a compaixão, a intuição, o amor universal).

Este artigo apresentará a relevância do papel do profissional da área de saúde na recuperação, ou pelo menos na melhora da reorganização da saúde do paciente, através das interações constantes que ocorrem entre eles na experiência da doença e no tratamento da mesma. O profissional da saúde aparece no contexto hospitalar criando vínculos com esses pacientes em tratamento de saúde e fazendo com que esses vínculos sejam fundamentais e determinantes para o processo de adesão ao tratamento e recuperação desse paciente buscando sempre a melhor forma, a mais humana

possível, para contribuir com que o paciente possa reorganizar sua existência ao passar pela experiência da doença, com todas suas implicações, da forma mais empática e comprometida possível.

Um ponto importante a ser tratado por esse artigo é a questão da humanização no PSF. Humanizar a assistência em saúde implica dar lugar tanto à palavra do usuário quanto à palavra dos profissionais da saúde, de forma que possam fazer parte de uma rede de diálogo, que pense e promova as ações, campanhas, programas e políticas assistenciais a partir da dignidade ética da palavra, do respeito, do reconhecimento mútuo e da solidariedade. Humanizar significa observar cada indivíduo em sua singularidade e em suas necessidades específicas, levando em consideração sua história de vida individual e reconhecendo que as pessoas buscam nos serviços de saúde a resolução de suas necessidades de saúde como sujeitos de direitos.

Com o propósito de atender os objetivos estabelecidos, a metodologia utilizada será realizada uma revisão bibliográfica a partir do levantamento de acervo de publicações existentes sobre o objeto de estudo, embora não haja uma imediata intervenção na realidade, trazendo uma discussão sobre o assunto devido à importância do tema para a sociedade e buscando trazer

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

levantamentos e observações de situações reais de humanização ou falta dela nos serviços de saúde pública.

2. Programa Saúde da Família

No Brasil, desde 1994, houve a implantação do Programa Saúde da Família (PSF) pelo Ministério da Saúde como modelo de atenção em saúde pública no país que incorporou as perspectivas do Sistema Único de Saúde (SUS), previstas na Constituição de 1988, como uma estratégia assistencial que procura implantar um novo modelo de atenção à saúde, voltada para a saúde da família, tendo por princípios fundamentais a atuação nos serviços de atenção primária à saúde, reorientação à assistência em função dos fatores de risco da comunidade, atendimento aos indivíduos já adoecidos focalizando a prevenção da doença e a promoção da saúde.

Para o Ministério da Saúde, o PSF é uma estratégia que visa atender o indivíduo e a família de forma integral e contínua, fundado nos princípios norteadores do SUS, desenvolvendo ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Tem como objetivo reorganizar a prática assistencial, centrada no hospital, passando a enfocar a família em seu ambiente físico e social. O PSF pode ser definido como:

um modelo de atenção que pressupõe o

reconhecimento de saúde como um direito

de cidadania, expresso na melhoria das

condições de vida; no que toca a área de

saúde; essa melhoria deve ser tradu-

zida em serviços mais resolutivos,

integrais e principalmente humanizados.

(CARVALHO; CUNHA, 2006 (apud

CAMPOS et al., 2006).

A Constituição Federal de 1988, artigo

196, prevê: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”. Este é o princípio que norteia o SUS. E é o princípio que está colaborando para desenvolver a dignidade aos brasileiros, como cidadãos e como seres humanos.

Fazendo uma análise sobre os princípios gerais ou as diretrizes genéricas de uma política, inclusive no caso do SUS, e do conceito de saúde, traçamos alguns entendimentos do que venha a ser saúde e doença. Moacyr Scliar (2007), fala que o conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas. Depen- derá da época, do lugar, da classe social. Dependerá de valores individuais,

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

pessoa como um todo em suas necessidades sociais e de saúde. Como afirmam Andrade; Barreto; Bezerra, 2006 (apud CAMPOS et al., 2006) a ESF surgia como uma proposta tecnicamente viável de se focar ações primárias de saúde em áreas de risco para expansão de acesso aos serviços da APS e para superação imediata ao acesso à saúde. No entanto, para muitos estudiosos, essa mudança não se apresen-tou sem lacunas, conforme mostra trecho do texto abaixo:

a atuação do PSF deixa margens às críticas,

por estar sujeito a um alto grau de

normatividade imposto centralmente pelo

Ministério da Saúde; por separar a saúde

coletiva da saúde individual prestada nos

serviços secundários e terciários; por

supervalorizar a abordagem epidemiológica,

em detrimento da abordagem clínica; por

não dar a resolutividade esperada, nem

assegurar a fixação e a adesão dos

profissionais a ele ligados, apesar de sua

expansão, não impedindo a persistência de

lacunas quantitativas e qualitativas de

cobertura, nem desmontar a relação

verticalizada de poder entre profissionais e

usuários ou alterar os microprocessos de

trabalho em saúde pelo caráter multi-

profissional; por ideologizar e simplificar o

espaço familiar. (FRANCO; MERHY, 1999,

apud MIRANDA et al., 2008).

O que podemos entender sobre o surgimento da ESF, é que se trata de um modelo inovador de atenção à saúde, com um caráter coletivo e integral, construído sob a ação coordenada e compartilhada dos diversos profissionais de saúde, planejado e estruturado no nível local com participação efetiva da comunidade e focado essencialmente numa saúde inclusiva e multidimensional. O que não podemos perder de vista é que a ESF de uma comunidade específica é diferente das ESF’ s de outras comunidades, pois cada uma se apresenta com suas próprias prioridades, potencialidades, limitações e composições de recursos diferentes, apresentando assim, resultados diferentes em saúde. Exemplo disso é que dois hospitais ou duas cidades diferentes, com a mesma quantidade de profissionais, de recursos financeiros e de recursos materiais podem produzir resultados completamente diferentes em saúde, pois a questão é a forma como se articulam estes recursos, o modelo de gestão que se aplica e as matrizes de conhecimento utilizadas. Mais uma vez, apresenta-se a importância da postura das pessoas que estão gerindo os diversos recursos disponíveis e a forma de lidar em situações onde os recursos não estão disponíveis. Podemos confirmar esse entendimento através da afirmação abaixo:

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    dependerá de concepções científicas, reli-giosas, filosóficas.

O conceito de saúde varia de acordo com as circunstâncias a que o indivíduo está submetido, sejam elas sociais, econômicas, etc. Portanto, saúde não tem o mesmo significado para todos. O mesmo pode ser dito do conceito de doença onde também há variação. A doença acompanha a espécie humana desde seus primórdios como revelam as pesquisas paleontoló-gicas, demonstrando que desde muito cedo a humanidade luta contra esta ameaça. (SCLIAR, 2007).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (1946), a saúde passou a ser vista com um “estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou incapacidade”. Esse conceito traz uma nova dimensão do entendimento que se tinha se saúde, ampliando os seus aspectos, não apenas ao físico e mental, mas também ao social. No entanto, esse conceito foi criticado, pois traz uma concepção de saúde completa (e inatingível) e ainda restrita. Hoje, a saúde é compreendida como uma multidetermi-nação de diversos fatores, incluindo a saúde espiritual, e não há possibilidade de nós, seres humanos, termos uma saúde completa sob todos os aspectos. Não há como haver um “estado de completo bem-

estar” sob todos os aspectos. E é nessa ótica que se devem aliar os princípios de uma política pública em sua concretude para que sejam articulados com a descrição de modos como podem ser levados à prática e principalmente como o atendi-mento e atenção ao paciente da forma adequada e humana é também uma forma de promover saúde dentro do ambiente de cuidados com a mesma.

Segundo Carvalho; Cunha, 2006 (apud CAMPOS et al., 2006), a compreensão sobre o que é saúde e doença condiciona o olhar sobre a realidade e define, em grande parte, qual será o problema de saúde, assumindo um papel determinante sobre as características organizativas do setor de saúde. Em outras palavras, os modelos de assistência à saúde são planejados, formados e definidos a partir da concepção que uma sociedade tem, em determinada época e lugar, de saúde e doença. A forma de se combater as doenças partem dessa concepção e não são neutras, pois sofrem a influência de preconceitos e valores. Nesse aspecto, observa-se que a implantação do PSF, como uma política pública de saúde no Brasil, já caracteriza uma mudança na visão que se tinha do ser humano e sua relação com a saúde - doença, mostrando iniciação ao processo de atenção e de cuidado com o mesmo, pois focaliza a

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

pessoa como um todo em suas necessidades sociais e de saúde. Como afirmam Andrade; Barreto; Bezerra, 2006 (apud CAMPOS et al., 2006) a ESF surgia como uma proposta tecnicamente viável de se focar ações primárias de saúde em áreas de risco para expansão de acesso aos serviços da APS e para superação imediata ao acesso à saúde. No entanto, para muitos estudiosos, essa mudança não se apresen-tou sem lacunas, conforme mostra trecho do texto abaixo:

a atuação do PSF deixa margens às críticas,

por estar sujeito a um alto grau de

normatividade imposto centralmente pelo

Ministério da Saúde; por separar a saúde

coletiva da saúde individual prestada nos

serviços secundários e terciários; por

supervalorizar a abordagem epidemiológica,

em detrimento da abordagem clínica; por

não dar a resolutividade esperada, nem

assegurar a fixação e a adesão dos

profissionais a ele ligados, apesar de sua

expansão, não impedindo a persistência de

lacunas quantitativas e qualitativas de

cobertura, nem desmontar a relação

verticalizada de poder entre profissionais e

usuários ou alterar os microprocessos de

trabalho em saúde pelo caráter multi-

profissional; por ideologizar e simplificar o

espaço familiar. (FRANCO; MERHY, 1999,

apud MIRANDA et al., 2008).

O que podemos entender sobre o surgimento da ESF, é que se trata de um modelo inovador de atenção à saúde, com um caráter coletivo e integral, construído sob a ação coordenada e compartilhada dos diversos profissionais de saúde, planejado e estruturado no nível local com participação efetiva da comunidade e focado essencialmente numa saúde inclusiva e multidimensional. O que não podemos perder de vista é que a ESF de uma comunidade específica é diferente das ESF’ s de outras comunidades, pois cada uma se apresenta com suas próprias prioridades, potencialidades, limitações e composições de recursos diferentes, apresentando assim, resultados diferentes em saúde. Exemplo disso é que dois hospitais ou duas cidades diferentes, com a mesma quantidade de profissionais, de recursos financeiros e de recursos materiais podem produzir resultados completamente diferentes em saúde, pois a questão é a forma como se articulam estes recursos, o modelo de gestão que se aplica e as matrizes de conhecimento utilizadas. Mais uma vez, apresenta-se a importância da postura das pessoas que estão gerindo os diversos recursos disponíveis e a forma de lidar em situações onde os recursos não estão disponíveis. Podemos confirmar esse entendimento através da afirmação abaixo:

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

preparado para lidar com os problemas de

saúde de sua região e ter condições de atuar

em equipe com outros profissionais.

(CASTRO; BORNHOLDT, 2004, p. 51).

Neste momento em que somos incitados a refletir sobre nossa profissão para aperfeiçoar nossos modelos de atuação profissional, como ocorre conosco, profis-sionais da área de saúde, é importante considerar sempre o aspecto social em que estamos inseridos, compreendendo a realidade do nosso país. É essencial investirmos de forma mais elaborada e cuidadosa no que diz respeito à nossa capacitação profissional, pois dela depende grande parte do vínculo e humanização da assistência.

Outro aspecto de extrema importância numa política de gestão de pessoas é o investimento na motivação das pessoas, em medidas que busquem aperfeiçoar ou mesmo estimular motivações nos profissionais que lidam com outras pessoas em situações que envolvam saúde. Sabemos que o processo de motivação é interno, um processo intrínseco, que nos remete à ideia de que motivação não é um produto acabado; antes, um processo que se configura a cada momento, no fluxo permanente da vida e que tem caráter de continuidade, o que significa dizer que sempre teremos à nossa frente algo a

motivar-nos (VERGARA, 2009). Devemos nos motivar desde o momento da escolha da profissão e estar preparados para lidar de forma saudável com situações de frustração que possam abalar as nossas motivações e jamais buscar transferir essas frustrações para a lida com os pacientes.

Sabemos que o processo de mudança de comportamento das pessoas não é tarefa fácil, pois o comportamento é o resultado de várias questões motivacionais e forças energéticas de vários níveis (biológico, psicológico e espiritual) envolvidas. Os processos de mudanças de comportamentos não ocorrerão apenas a partir de informações ou mesmo de projetos, programas ou políticas instituídas. Mudar comportamento é tarefa complexa que exige o domínio dos profissionais envolvi-dos nesse processo, com diferentes abordagens que focalizem os processos psicológicos das pessoas e as relações sociais envolvidas e que apresentem evidências que são úteis na prática. Há que se trabalhar, concomitantemente, as dimensões cognitivas e emocionais das pessoas para que o processo de mudança ocorra, optando por um modelo de gestão em que possa haver uma mudança de comportamento consciente que se reprodu-za positivamente na prática. Um dos aspectos mais importantes da gestão de

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

a ESF encontrada nas mais diversas

comunidades brasileiras é o resultado do

processo de adaptação local do modelo de

atenção básica familiar proposto e

primariamente financiado pelo governo

federal. A nosso ver, essa diversidade de

experiências da ESF nas cidades brasileiras é

especialmente resultante da variedade de

tempo de implementação, capacitação dos

profissionais, compromissos dos gestores,

estabilidade de financiamento e do nível de

apoderamento comunitário. (CAMPOS et al., 2006, s.p.).

O que se espera das estratégias diárias

dos serviços de saúde são alternativas organizacionais para o correto enfrenta-mento das temáticas de mudanças do processo de trabalho e da participação dos trabalhadores de saúde na mudança social. É a efetiva mudança de postura de médicos e outros profissionais diante da realidade social que se apresenta, tornando-se participativo e comprometido com a produção da saúde, indo além da clínica, pura e simples, para uma clínica individual ou coletiva ampliada, como propõe Carvalho; Cunha, 2006 (apud CAMPOS et al., 2006) e confirma Gastão Wagner em seu relato abaixo:

a excessiva ênfase no componente orgânico

do processo saúde / doença faz com que

muitas vezes os profissionais imaginem que

o seu objeto de trabalho é a doença, e não as

pessoas doentes, o que gera toda sorte de

desresponsabilização para com tudo o que

não está contido nesse recorte. Julgamos

estar cuidando de uma úlcera, de um enfarte,

de uma hipertensão, etc..., esquecendo que

estes conceitos são apenas parte de uma

totalidade complexa, o homem em

determinado contexto. As úlceras são

infinitamente mais simples que as pessoas,

com as suas histórias, trabalho, família,

cultura, situação econômica, interesses e

desejos. Ocorre, aqui, uma tensão entre a

“ontologia da doença” e a “singularidade do

sujeito”. (CAMPOS, 2003 apud CAMPOS

et al., 2006).

3. Políticas de Recursos Humanos

na Gestão das Pessoas

É importante capacitar-se de forma

integral para lidar com pessoas em qualquer ambiente, principalmente em um contexto que envolve vivências de saúde ou ausência dela, onde o ser está fragilizado em sua situação de doença. Para Elisa Kern de Castro, mestre em Psicologia do Desenvolvimento, e Ellen Bornholdt, mestre em Psicologia Clínica:

Para que o psicólogo esteja capacitado a

trabalhar em saúde, é imprescindível refletir

se sua formação lhe dá as bases necessárias

para essa prática. A aprendizagem não deve

ser só teórica e técnica, pois o psicólogo tem

que ser comprometido socialmente, estar

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

preparado para lidar com os problemas de

saúde de sua região e ter condições de atuar

em equipe com outros profissionais.

(CASTRO; BORNHOLDT, 2004, p. 51).

Neste momento em que somos incitados a refletir sobre nossa profissão para aperfeiçoar nossos modelos de atuação profissional, como ocorre conosco, profis-sionais da área de saúde, é importante considerar sempre o aspecto social em que estamos inseridos, compreendendo a realidade do nosso país. É essencial investirmos de forma mais elaborada e cuidadosa no que diz respeito à nossa capacitação profissional, pois dela depende grande parte do vínculo e humanização da assistência.

Outro aspecto de extrema importância numa política de gestão de pessoas é o investimento na motivação das pessoas, em medidas que busquem aperfeiçoar ou mesmo estimular motivações nos profissionais que lidam com outras pessoas em situações que envolvam saúde. Sabemos que o processo de motivação é interno, um processo intrínseco, que nos remete à ideia de que motivação não é um produto acabado; antes, um processo que se configura a cada momento, no fluxo permanente da vida e que tem caráter de continuidade, o que significa dizer que sempre teremos à nossa frente algo a

motivar-nos (VERGARA, 2009). Devemos nos motivar desde o momento da escolha da profissão e estar preparados para lidar de forma saudável com situações de frustração que possam abalar as nossas motivações e jamais buscar transferir essas frustrações para a lida com os pacientes.

Sabemos que o processo de mudança de comportamento das pessoas não é tarefa fácil, pois o comportamento é o resultado de várias questões motivacionais e forças energéticas de vários níveis (biológico, psicológico e espiritual) envolvidas. Os processos de mudanças de comportamentos não ocorrerão apenas a partir de informações ou mesmo de projetos, programas ou políticas instituídas. Mudar comportamento é tarefa complexa que exige o domínio dos profissionais envolvi-dos nesse processo, com diferentes abordagens que focalizem os processos psicológicos das pessoas e as relações sociais envolvidas e que apresentem evidências que são úteis na prática. Há que se trabalhar, concomitantemente, as dimensões cognitivas e emocionais das pessoas para que o processo de mudança ocorra, optando por um modelo de gestão em que possa haver uma mudança de comportamento consciente que se reprodu-za positivamente na prática. Um dos aspectos mais importantes da gestão de

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

Esse entendimento fica claro na citação abaixo:

humanizar significa reconhecer as pessoas

que buscam nos serviços de saúde a

resolução de suas necessidades de saúde

como sujeitos de direitos; é observar cada

pessoa e cada família, em sua singularidade,

em suas necessidades específicas, com sua

história particular, com seus valores, crenças

e desejos, ampliando as possibilidades para

que possam exercer sua autonomia

(ZOBOLI et al., 2001 apud CHAVES;

MARTINES, 2003).

Observa-se um processo de burocra-tização e, em muitos casos, até mesmo de embrutecimento das relações interpessoais no serviço de saúde, quer sejam entre profissionais, quer seja destes com os usuários. O conjunto das relações que se estabelecem nas instituições - como profissional-paciente, recepção-paciente, profissional-equipe, profissional-institui-ção e outros - necessita da humanização (MARTINS, 2001).

Segundo Martins (2001), a humanização é um processo amplo, demorado e complexo, ao qual se oferecem resis-tências, pois envolve mudanças de comportamento, que sempre despertam insegurança. Os padrões conhecidos parecem mais seguros; além disso, os novos não estão prontos nem em decretos

nem em livros, não tendo características generalizáveis, pois cada profissional, cada equipe, cada instituição terá seu processo singular de humanização.

Existe uma Política Nacional de Humanização da Gestão e da Atenção (PNH) que passou de um projeto para um programa e tornou-se uma política devido à importância da assistência, como uma oportunidade de debate a questões fundamentais que podem orientar a prática dos serviços de saúde. Segundo a Política Humaniza SUS, a humanização supõe troca de saberes, incluindo os dos usuários e sua rede social, diálogo entre os profissionais e modos de trabalhar em equipe (Brasil, 2005). Humanizar as relações entre gestores, trabalhadores e usuários do SUS para ofertar atendimento de qualidade na rede pública de saúde, articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, melhorando os ambientes de cuidado e as condições de trabalho dos profissionais. Essa é a principal meta da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (Humaniza SUS), instituída em 2003, pelo Ministério da Saúde, conforme princípios citados abaixo:

os princípios base da Política Nacional de

Humanização (Humaniza SUS) são a

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    pessoas é a gestão das competências individuais que representam a integração do conhecimento teórico com o conhecimento prático e das qualidades individuais. Gerenciar essas competências individuais deveria ser o mais importante objetivo traçado pelos gestores da área de saúde, exatamente como estratégia para assegurar a excelência no atendimento aos usuários dos serviços de saúde. A competência pode ser aperfeiçoada via treinamento e desenvolvimento.

A gestão participativa é uma proposta de gestão compartilhada, montada a partir do diálogo e da participação de todos os interessados de modo que, a partir de um acordo de cooperação todos os lados saem ganhando. É sempre mais eficiente que uma gestão vertical e autoritária, de cima para baixo, pois, sempre que os principais interessados no assunto são consultados, as chances de resultados positivos são sempre potencializadas. Toda vez que se deixa de subestimar a capacidade das pessoas se obtém ideias boas e que, sozinho não seria capaz de imaginar porque é preciso criar a partir da perspectiva de cada um (gestor, trabalhador e usuário). Os grupos de trabalho funcionam melhor quando as pessoas podem opinar, avaliar e analisar de acordo com o ponto de vista deles naquilo que os toca e que faz sentido. Esse tipo de

gestão é o ideal para se atender de forma adequada para a promoção de uma postura mais humanizada dos profissionais de saúde no trato com os pacientes. Será que ocorre dessa forma? Sabemos que em muitas situações esse tipo de gestão sequer é possível, diante de pensamentos e comportamentos ainda cristalizados na área de saúde. Segundo Campos (2003), a gestão é um modo de racionalizar os meios para atingir um fim (função administrativa clássica), mas é também uma forma de democratizar o poder (controlando Estado e governo e possíveis excessos corporati-vistas), bem como de motivar e de educar os trabalhadores. Certamente essa forma de gestão participativa compactua positiva-mente com aspectos inerentes à humanização, pois atende de forma adequada para a promoção de uma postura mais humanizada dos profissionais de saúde no trato com os pacientes. Trataremos sobre a importância do processo de humanização na área de saúde.

4. Humanização

Humanizar é ter empatia, é amenizar a dor e o sofrimento do outro, pois é preciso entender o outro como uma extensão de nós mesmos. A busca pela humanização é a busca pelo cuidado para além da técnica.

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

Esse entendimento fica claro na citação abaixo:

humanizar significa reconhecer as pessoas

que buscam nos serviços de saúde a

resolução de suas necessidades de saúde

como sujeitos de direitos; é observar cada

pessoa e cada família, em sua singularidade,

em suas necessidades específicas, com sua

história particular, com seus valores, crenças

e desejos, ampliando as possibilidades para

que possam exercer sua autonomia

(ZOBOLI et al., 2001 apud CHAVES;

MARTINES, 2003).

Observa-se um processo de burocra-tização e, em muitos casos, até mesmo de embrutecimento das relações interpessoais no serviço de saúde, quer sejam entre profissionais, quer seja destes com os usuários. O conjunto das relações que se estabelecem nas instituições - como profissional-paciente, recepção-paciente, profissional-equipe, profissional-institui-ção e outros - necessita da humanização (MARTINS, 2001).

Segundo Martins (2001), a humanização é um processo amplo, demorado e complexo, ao qual se oferecem resis-tências, pois envolve mudanças de comportamento, que sempre despertam insegurança. Os padrões conhecidos parecem mais seguros; além disso, os novos não estão prontos nem em decretos

nem em livros, não tendo características generalizáveis, pois cada profissional, cada equipe, cada instituição terá seu processo singular de humanização.

Existe uma Política Nacional de Humanização da Gestão e da Atenção (PNH) que passou de um projeto para um programa e tornou-se uma política devido à importância da assistência, como uma oportunidade de debate a questões fundamentais que podem orientar a prática dos serviços de saúde. Segundo a Política Humaniza SUS, a humanização supõe troca de saberes, incluindo os dos usuários e sua rede social, diálogo entre os profissionais e modos de trabalhar em equipe (Brasil, 2005). Humanizar as relações entre gestores, trabalhadores e usuários do SUS para ofertar atendimento de qualidade na rede pública de saúde, articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, melhorando os ambientes de cuidado e as condições de trabalho dos profissionais. Essa é a principal meta da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (Humaniza SUS), instituída em 2003, pelo Ministério da Saúde, conforme princípios citados abaixo:

os princípios base da Política Nacional de

Humanização (Humaniza SUS) são a

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

trabalho? Como estão as relações com os meus superiores? Como estou me relacionando com os pacientes? Segundo Morin, 2002 (apud CAVALHEIRO; TOLFO, 2009, p. 242) o trabalho pode ser entendido como “criação e tédio, miséria e fortuna, felicidade e tragédia, realização e tortura dos homens”. Dejours (1993), em seu amplo entendimento sobre a importância e repercussão do trabalho na vida do ser humano, antecede confirmando o pensamento de Morin:

O trabalho pode ser entendido como fonte de

prazer e realização; representa o que de mais

humano existe no homem, a capacidade de

expressar sua “marca essencial” – a

subjetividade –, fator fundamental ao

equilíbrio e desenvolvimento humano.

(DEJOURS, 1993, apud CAVALHEIRO;

TOLFO, 2009)

 É imprescindível uma mudança de

postura mental e comportamental do profissional, trazendo para o aspecto consciente todas essas importantes questões da relação que se tem com o trabalho, trazendo à prática o que pode estar ocasionando uma falta de humanização no acolhimento a outras pessoas que também têm outros tantos problemas e que querem apenas solucionar, naquele momento em que buscam o

serviço público de saúde, o seu problema emergente que paira sobre essa questão e que precisam, como um cliente de quaisquer outros serviços, serem bem atendidos e saírem satisfeitos desse atendimento.  

5. As relações interpessoais na interação humana

Outro aspecto muito importante no processo de humanização é o uso devido da linguagem por parte do profissional da área de saúde nas relações interpessoais desenvolvidas com os pacientes. A linguagem tem fundamental importância nas relações interpessoais que são mantidas nos hospitais e nos serviços de saúde de uma forma geral, pois ela dimensiona as atitudes e comportamentos dos profis-sionais perante os pacientes e vice-versa, trazendo uma significação na mensagem que é transmitida pela linguagem utilizada. Podemos observar que a simples mudança de postura nos questionamentos sobre a dor do paciente, já tem uma diferenciação profunda nos futuros laços que irão se desenvolver nessa relação profissional de saúde-paciente.

A forma de interação humana do médico e profissionais de saúde com o paciente, através do comportamento e do

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

valorização da dimensão subjetiva e social

em todas as práticas de atenção e gestão,

fortalecendo/estimulando processos integra-

dores e promotores de compromissos/res-

ponsabilização. Estímulo a processos

comprometidos com a produção de saúde e

com a produção de sujeitos. Fortalecimento

de trabalho em equipe multiprofissional,

estimulando a transdisciplinaridade e a

grupalidade. Atuação em rede com alta

conectividade, de modo cooperativo e

solidário, em conformidade com as diretrizes

do SUS. Utilização da informação, da

comunicação, da educação permanente e dos

espaços da gestão na construção de

autonomia e protagonismo de sujeitos e

coletivos. (PORTAL DA SAÚDE, 2003)

Sob o ponto de vista do profissional que, por natureza, escolheu trabalhar na área da saúde por amor ao ser humano, muito mais do que por salários, a humanização deve também passar pela valorização do profissional da saúde. “A humanização depende ainda de mudanças das pessoas, da ênfase em valores ligados à defesa da vida, na possibilidade de ampliação do grau de desalienação e de transformar o trabalho em processo criativo e prazeroso” Gastão Wagner (2005). E também sob o ponto de vista da gestão dessas pessoas é importante que se trabalhe questões pertinentes aos profissionais de saúde no que concerne à saúde do trabalhador, ginástica laboral,

ambiência, etc, voltada ao profissional que, uma vez motivado e disposto estará sempre produzindo mais e melhor. A garantia de um ambiente saudável é fundamental para que o trabalho seja executado com eficiência. Assim, todos nós ganhamos.

Apesar de termos claro a importância da humanização, como podemos falar em humanização com trabalhadores que não recebem salários há meses? Que não encontram materiais de trabalho para exercerem às suas atividades laborais? Segundo a Teoria Motivacional de Herzberg, o salário e as condições físicas e ambientais de trabalho, quando são fatores (elencados por ele como fatores higiênicos) considerados ótimos, simplesmente evitam a insatisfação, uma vez que sua influência sobre o comportamento, não consegue elevar substancial e duradouramente a satisfação. Porém, quando são precários, provocam insatisfação.

Essa é realmente uma questão bastante delicada, pois entra no aspecto da motivação de cada um para o trabalho e que interfere no processo das relações humanas, como já foi mencionado no capítulo anterior, mas que também está muito relacionado ao sentido que o trabalho tem para o profissional de saúde que o exerce. O trabalho é um fardo? Uma obrigação? Estou satisfeito com o meu

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

trabalho? Como estão as relações com os meus superiores? Como estou me relacionando com os pacientes? Segundo Morin, 2002 (apud CAVALHEIRO; TOLFO, 2009, p. 242) o trabalho pode ser entendido como “criação e tédio, miséria e fortuna, felicidade e tragédia, realização e tortura dos homens”. Dejours (1993), em seu amplo entendimento sobre a importância e repercussão do trabalho na vida do ser humano, antecede confirmando o pensamento de Morin:

O trabalho pode ser entendido como fonte de

prazer e realização; representa o que de mais

humano existe no homem, a capacidade de

expressar sua “marca essencial” – a

subjetividade –, fator fundamental ao

equilíbrio e desenvolvimento humano.

(DEJOURS, 1993, apud CAVALHEIRO;

TOLFO, 2009)

 É imprescindível uma mudança de

postura mental e comportamental do profissional, trazendo para o aspecto consciente todas essas importantes questões da relação que se tem com o trabalho, trazendo à prática o que pode estar ocasionando uma falta de humanização no acolhimento a outras pessoas que também têm outros tantos problemas e que querem apenas solucionar, naquele momento em que buscam o

serviço público de saúde, o seu problema emergente que paira sobre essa questão e que precisam, como um cliente de quaisquer outros serviços, serem bem atendidos e saírem satisfeitos desse atendimento.  

5. As relações interpessoais na interação humana

Outro aspecto muito importante no processo de humanização é o uso devido da linguagem por parte do profissional da área de saúde nas relações interpessoais desenvolvidas com os pacientes. A linguagem tem fundamental importância nas relações interpessoais que são mantidas nos hospitais e nos serviços de saúde de uma forma geral, pois ela dimensiona as atitudes e comportamentos dos profis-sionais perante os pacientes e vice-versa, trazendo uma significação na mensagem que é transmitida pela linguagem utilizada. Podemos observar que a simples mudança de postura nos questionamentos sobre a dor do paciente, já tem uma diferenciação profunda nos futuros laços que irão se desenvolver nessa relação profissional de saúde-paciente.

A forma de interação humana do médico e profissionais de saúde com o paciente, através do comportamento e do

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

mesmo, suporte social, presença de sintomas, variáveis relacionadas ao serviço de saúde, entre outros.

Constata-se a relevância do papel do profissional da área de saúde na recuperação, ou pelo menos na melhora da reorganização da saúde do paciente, através das constantes interações que ocorrem entre eles na experiência da doença e no tratamento da mesma. O profissional da saúde aparece no contexto hospitalar criando vínculos com os pacientes em tratamento de saúde e fazendo com que esses vínculos sejam fundamentais e determinantes para o processo de adesão ao tratamento e recuperação desse paciente. É fundamental que esse profissional tenha o entendimento da importância de sua atuação, enquanto profissional da área de saúde, e procure buscar sempre a melhor forma, a mais humana possível, para contribuir com que o paciente possa reorganizar sua existência ao passar pela experiência da doença, da dor e do sofrimento, com todas suas implicações, da forma mais empática e comprometida possível.

Nas relações interpessoais entre equipe multidisciplinar de saúde e paciente tem que vigorar, prioritariamente, o acolhi-mento - “deve traduzir-se na abertura da unidade e na plasticidade do projeto de

atenção prestado a determinado indivíduo ou coletivo, procurando garantir a humanização da relação instituição/ usuário”. (MERHY, 1997 apud CAMPOS et al., 2006) - por parte do profissional a esse usuário do serviço de saúde, vendo-o não como um paciente, e sim como um sujeito ativo e responsável pelo seu processo de cura. O profissional deve relacionar-se com os usuários de forma a ajudá-los, não apenas a combater a doença, mas a transformarem a patologia, ajudando-os a compreender que a doença, mesmo se apresentando como fator limitante, não as impeça de viver outras experiências na vida e auxiliar o sujeito a lidar com o adoecimento (e consequen-temente com o tratamento).

Conclusão

Uma das políticas de RH adotadas pelo departamento de Gestão de Pessoas com o objetivo de humanizar o atendimento dos pacientes nos hospitais que deverá ser adotada, visando à melhoria nas relações colaborador-paciente e promovendo uma postura mais humanizada dos profissionais de saúde no trato com os pacientes deverá ser todo ambiente que envolva o aspecto da saúde em quaisquer níveis de atenção e complexidade, postos de saúde, centros de

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    processo de comunicação, determina o tipo de adesão ao tratamento que o paciente terá em relação à prescrição e aos cuidados dos médicos, psicólogos, enfermeiros, enfim, aos cuidados e atenções que os profis-sionais de saúde dispensam a ele. Os estudos sobre os conceitos de adesão e aderência corroboram para o entendimento da importância das relações interpessoais da equipe de saúde-paciente, na medida em que seus significados trazem o entendi-mento de união e de junção, o que se resume à força da adesão e da aderência. No sentido figurado, refere-se a consen-timento, aprovação ao tratamento proposto, ao esforço do profissional em formar uma aliança terapêutica com o paciente. Sarmento, no capítulo 2 de sua dissertação de mestrado, trata do surgimento do conceito de adesão, dos seus significados e traz as principais definições de adesão propostas nas duas últimas décadas. A definição mais antiga de adesão traz o entendimento à “extensão na qual o comportamento da pessoa (em termos de tomar medicações, seguir dietas ou executar mudanças no estilo de vida) coincide com orientações médicas ou de saúde” Haynes, 1979 (apud SARMENTO, 2001). Diz respeito a “aderir” ao tratamento proposto, a relação de cooperação, a correspondências entre a

orientação de um profissional de saúde e ao comportamento do sujeito, estando este na essência da maioria dos conceitos e definições de adesão.

Numa primeira vertente o estudo da adesão a terapias medicamentosas é tido como objeto principal e a adesão é reconhecida como um fator modulador dos resultados terapêuticos, sendo estudada em relação a uma variedade de patologias, tratamentos e medidas de resultado, como prevenção de reincidências, alívio de sintomas, status de saúde, hospitalização, morbidade e mortalidade. Outra vertente atém-se na análise da prevalência da adesão a diversas terapias e também a estudos dos fatores que influenciam a adesão. Mas o que fica muito nítido é que no contexto da relação médico/ profis-sionais de saúde - paciente que são encontradas duas poderosas influências à adesão que são a eficácia da comunicação entre o médico/ profissionais de saúde e o paciente e a satisfação do mesmo com quem cuida de sua saúde. Outros fatores que estão relacionados à adesão são crenças individuais sobre a ameaça à saúde representada por uma condição, crenças sobre a eficácia de uma determinada ação em reduzir esta ameaça, conhecimento acerca da recomendação médica (trata-mento) bem como sobre os objetivos do

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

mesmo, suporte social, presença de sintomas, variáveis relacionadas ao serviço de saúde, entre outros.

Constata-se a relevância do papel do profissional da área de saúde na recuperação, ou pelo menos na melhora da reorganização da saúde do paciente, através das constantes interações que ocorrem entre eles na experiência da doença e no tratamento da mesma. O profissional da saúde aparece no contexto hospitalar criando vínculos com os pacientes em tratamento de saúde e fazendo com que esses vínculos sejam fundamentais e determinantes para o processo de adesão ao tratamento e recuperação desse paciente. É fundamental que esse profissional tenha o entendimento da importância de sua atuação, enquanto profissional da área de saúde, e procure buscar sempre a melhor forma, a mais humana possível, para contribuir com que o paciente possa reorganizar sua existência ao passar pela experiência da doença, da dor e do sofrimento, com todas suas implicações, da forma mais empática e comprometida possível.

Nas relações interpessoais entre equipe multidisciplinar de saúde e paciente tem que vigorar, prioritariamente, o acolhi-mento - “deve traduzir-se na abertura da unidade e na plasticidade do projeto de

atenção prestado a determinado indivíduo ou coletivo, procurando garantir a humanização da relação instituição/ usuário”. (MERHY, 1997 apud CAMPOS et al., 2006) - por parte do profissional a esse usuário do serviço de saúde, vendo-o não como um paciente, e sim como um sujeito ativo e responsável pelo seu processo de cura. O profissional deve relacionar-se com os usuários de forma a ajudá-los, não apenas a combater a doença, mas a transformarem a patologia, ajudando-os a compreender que a doença, mesmo se apresentando como fator limitante, não as impeça de viver outras experiências na vida e auxiliar o sujeito a lidar com o adoecimento (e consequen-temente com o tratamento).

Conclusão

Uma das políticas de RH adotadas pelo departamento de Gestão de Pessoas com o objetivo de humanizar o atendimento dos pacientes nos hospitais que deverá ser adotada, visando à melhoria nas relações colaborador-paciente e promovendo uma postura mais humanizada dos profissionais de saúde no trato com os pacientes deverá ser todo ambiente que envolva o aspecto da saúde em quaisquer níveis de atenção e complexidade, postos de saúde, centros de

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

importância da lida com pessoas, no acolhimento aos usuários dos serviços de saúde, na gestão compartilhada para poder ouvir a todos e ter a diversidade dos olhares para aplicação de metas, medidas e melhorias e principalmente em profis-sionais comprometidos com os pacientes e com sua profissão e que comporão equipes de trabalho coeso. Fazendo uma correlação do entendimento sobre a humanização na ótica de alguns teóricos citados no artigo, observa-se que para Campos, (2003), a humanização está na ênfase que se dá ao objeto de trabalho. Se o profissional foca na doença, gera toda sorte de desrespon-sabilização com o paciente; mas se ao contrário, ele foca nas pessoas doentes, certamente se reconhece o germe da humanização no trato com os pacientes como uma forma de defesa da vida. Já para Martins (2001), a humanização é um processo amplo, demorado e complexo, ao qual se oferecem resistências, pois envolve mudanças de comportamento, que sempre despertam insegurança. Para Castro; Bornholdt (2004), a humanização parte da formação do profissional que deverá ser, não apenas teórica e técnica, pois o profissional tem que ser comprometido socialmente, estar preparado para lidar com os problemas de saúde de sua região e ter condições de atuar em equipe com outros profissionais. Para Sarmento, 2001, é de

fundamental importância que o profissional interaja com o paciente no sentido de conseguir que o mesmo passe a seguir suas orientações médicas ou de saúde, aderindo ao tratamento proposto por ele, em termos de tomar medicações, seguir dietas ou executar mudanças no estilo de vida. Outro aspecto relevante a ser considerado é o investimento na motivação das pessoas, em medidas que busquem aperfeiçoar ou mesmo estimular motivações nos profissionais que lidam com outras pessoas em situações que envolvam saúde. Isso porque Vergara, 2009, considera que o processo de motivação é interno, um processo intrínseco, deixando a ideia de que motivação não é um produto acabado, mas que se configura a cada momento, no fluxo permanente da vida, possuindo caráter de continuidade. Com isso, a motivação do profissional é imprescindível para que o mesmo trabalhe de forma a tratar humanamente os pacientes e os colegas com os quais lida no cotidiano. Referências

CAMPOS, G. W. S. Humanização na saúde: um projeto em defesa da vida? 2005. Disponível em: <http://www.scielo .br/pdf/icse/v9n17/v9n17a16.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2012.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    saúde, ambulatórios, hospitais, devem ter obrigatoriamente em sua equipe um profissional bacharel em Psicologia como presença essencial; presença que não irá resolver todos os problemas de humani-zação de forma imediata, mas com certeza será um diferencial na política de RH, porque se trata de um profissional com olhar diferenciado dos demais profis-sionais, pois seu saber favorece o olhar direcionado ao sujeito em sua singularida-de, em sua subjetividade, vendo sempre o ser humano como único e especial, percebendo a pessoa como um conjunto dinâmico e interrelacionado das expressões do ser humano, sejam elas fisiológicas, comportamentais, culturais, laborais, patológicas, ambientais, sociais, grupais, familiares, cognitivas, psicológicas, afeti-vas e tantas outras que possam existir. A função e particularidade do psicólogo no contexto da saúde / hospitalar são visadas sobre a subjetividade que vai além dos fatos, que vai além do indivíduo orgânico. Chega à dimensão espiritual.

O papel do profissional de Psicologia no contexto hospitalar, juntamente com a área de recursos humanos, trará uma política da humanização hospitalar, na medida em que ficará também responsável por tarefas específicas, como à coordenação relativa às atividades com funcionários do hospital

favorecendo o processo de adaptação desses profissionais, realizando inter-consultas com os mesmos, favorecendo à função de enlace através do delineamento da execução de programas com outros profissionais, para promover mudanças de comportamentos de saúde, melhorando e unificando positivamente as relações interpessoais entre os membros da equipe multidisciplinar de saúde e equipe-paciente, realizando assistência direta aos pacientes e familiares e aprimorando os serviços dos profissionais da organização no sentido de promover uma melhor gestão das pessoas, trazendo mais satisfação desses profissionais e consequentemente favorecendo o desempenho dos mesmos em suas atividades, refletindo assim, na excelência no trato com os pacientes e seus familiares, aumentado a humanização no contexto da saúde. É preciso que estejamos cientes que amenizar a dor e o sofrimento do outro, com o que há de melhor em nós, entendendo o outro como uma extensão de nós mesmos, já é parte do processo de humanização. Não é tarefa fácil, mas o hábito faz o homem.

A questão da humanização nos serviços de saúde envolve uma série de processos fundamentais, como o investimento em ambientes de trabalho salutares, em salários dignos e compatíveis com a

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             COMO HUMANIZAR O ATENDIMENTO DOS PACIENTES NOS HOSPITAIS ATRAVÉS DAS POLÍTICAS ADOTADAS PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS?

importância da lida com pessoas, no acolhimento aos usuários dos serviços de saúde, na gestão compartilhada para poder ouvir a todos e ter a diversidade dos olhares para aplicação de metas, medidas e melhorias e principalmente em profis-sionais comprometidos com os pacientes e com sua profissão e que comporão equipes de trabalho coeso. Fazendo uma correlação do entendimento sobre a humanização na ótica de alguns teóricos citados no artigo, observa-se que para Campos, (2003), a humanização está na ênfase que se dá ao objeto de trabalho. Se o profissional foca na doença, gera toda sorte de desrespon-sabilização com o paciente; mas se ao contrário, ele foca nas pessoas doentes, certamente se reconhece o germe da humanização no trato com os pacientes como uma forma de defesa da vida. Já para Martins (2001), a humanização é um processo amplo, demorado e complexo, ao qual se oferecem resistências, pois envolve mudanças de comportamento, que sempre despertam insegurança. Para Castro; Bornholdt (2004), a humanização parte da formação do profissional que deverá ser, não apenas teórica e técnica, pois o profissional tem que ser comprometido socialmente, estar preparado para lidar com os problemas de saúde de sua região e ter condições de atuar em equipe com outros profissionais. Para Sarmento, 2001, é de

fundamental importância que o profissional interaja com o paciente no sentido de conseguir que o mesmo passe a seguir suas orientações médicas ou de saúde, aderindo ao tratamento proposto por ele, em termos de tomar medicações, seguir dietas ou executar mudanças no estilo de vida. Outro aspecto relevante a ser considerado é o investimento na motivação das pessoas, em medidas que busquem aperfeiçoar ou mesmo estimular motivações nos profissionais que lidam com outras pessoas em situações que envolvam saúde. Isso porque Vergara, 2009, considera que o processo de motivação é interno, um processo intrínseco, deixando a ideia de que motivação não é um produto acabado, mas que se configura a cada momento, no fluxo permanente da vida, possuindo caráter de continuidade. Com isso, a motivação do profissional é imprescindível para que o mesmo trabalhe de forma a tratar humanamente os pacientes e os colegas com os quais lida no cotidiano. Referências

CAMPOS, G. W. S. Humanização na saúde: um projeto em defesa da vida? 2005. Disponível em: <http://www.scielo .br/pdf/icse/v9n17/v9n17a16.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2012.

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS Jamile Carneiro dos Santos Dias¹

Milton Correia Sampaio Filho²

RESUMO

A pesquisa elaborada como parte do programa de Iniciação Científica do curso de

Administração da Faculdade Ruy Barbosa, campus Paralela tem como objetivo geral entender o

impacto no desenvolvimento urbano-regional e nas MPM empresas dos arranjos produtivos

locais e como objetivo específico entender como se dá a adaptação e o aprimoramento tecno-

econômico das MPMEs – Micro, Pequenas e Médias Empresas inseridas neste contexto. Cabe

destacar que os APLs constituem a união de empresas industriais que desenvolvem o mesmo

ramo de atividades, visando alcançar o desenvolvimento local e regional através da geração de

emprego e de renda além do aperfeiçoamento técnico, proporcionando-lhes a possibilidade de

expansão para outros pólos. Convém observar que as empresas que operam nas APLs podem se

conectar com centros de desenvolvimento, órgãos públicos como prefeituras, universidades,

centros de pesquisas, abrangendo desta forma, toda a comunidade em geral por meio de um

sistema de liderança, cooperação e inovação capaz de tornar as MPMEs competitivas e aptas a

enfrentar às mudanças no ambiente tecno-econômico e organizacional.

PALAVRAS-CHAVE:

Arranjo Produtivo Local. Micro, Pequenas e Médias Empresas. Desenvolvimento tecno-

econômico e organizacional. 1Graduanda em Administração pela Faculdade Ruy Barbosa. Bolsista do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica (PICT) da

Faculdade Ruy Barbosa - Paralela, Grupo DeVry Brasil. 2Doutorando em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador – UNIFACS, Mestre com distinção em Informação

Estratégica pela UFBA - Universidade Federal da Bahia, Pós-Graduado em Administração pela Universidade Salvador – UNIFACS,

Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Professor de cursos de Extensão,

Graduação e Pós-graduação na Universidade Salvador – UNIFACS, Faculdade Ruy Barbosa, Centro Universitário Jorge Amado –

UNIJORGE. E-mail: [email protected].

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS Jamile Carneiro dos Santos Dias¹

Milton Correia Sampaio Filho²

RESUMO

A pesquisa elaborada como parte do programa de Iniciação Científica do curso de

Administração da Faculdade Ruy Barbosa, campus Paralela tem como objetivo geral entender o

impacto no desenvolvimento urbano-regional e nas MPM empresas dos arranjos produtivos

locais e como objetivo específico entender como se dá a adaptação e o aprimoramento tecno-

econômico das MPMEs – Micro, Pequenas e Médias Empresas inseridas neste contexto. Cabe

destacar que os APLs constituem a união de empresas industriais que desenvolvem o mesmo

ramo de atividades, visando alcançar o desenvolvimento local e regional através da geração de

emprego e de renda além do aperfeiçoamento técnico, proporcionando-lhes a possibilidade de

expansão para outros pólos. Convém observar que as empresas que operam nas APLs podem se

conectar com centros de desenvolvimento, órgãos públicos como prefeituras, universidades,

centros de pesquisas, abrangendo desta forma, toda a comunidade em geral por meio de um

sistema de liderança, cooperação e inovação capaz de tornar as MPMEs competitivas e aptas a

enfrentar às mudanças no ambiente tecno-econômico e organizacional.

PALAVRAS-CHAVE:

Arranjo Produtivo Local. Micro, Pequenas e Médias Empresas. Desenvolvimento tecno-

econômico e organizacional. 1Graduanda em Administração pela Faculdade Ruy Barbosa. Bolsista do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica (PICT) da

Faculdade Ruy Barbosa - Paralela, Grupo DeVry Brasil. 2Doutorando em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador – UNIFACS, Mestre com distinção em Informação

Estratégica pela UFBA - Universidade Federal da Bahia, Pós-Graduado em Administração pela Universidade Salvador – UNIFACS,

Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Professor de cursos de Extensão,

Graduação e Pós-graduação na Universidade Salvador – UNIFACS, Faculdade Ruy Barbosa, Centro Universitário Jorge Amado –

UNIJORGE. E-mail: [email protected].

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Introdução Nos últimos anos ocorreram grandes

mudanças no ambiente tecno-econômico, reflexo da constante modernização ocorrida nos mercados locais e mundiais, por causa disso, as empresas tem buscado adquirir novos conhecimentos e vantagens competitivas para enfrentar a acirrada concorrência de mercado. Diante disso, é fundamental destacar a importância dos Arranjos Produtivos Locais - APLs, para o desenvolvimento regional e a consequente expansão das Micro, Pequenas e Médias empresas – MPMEs. Os APLs se caracteri-zam como aglomerados industriais locali-zados num mesmo território, e que buscam manter uma relação de cooperação e interação entre seus fornecedores, com outras empresas e com instituições locais, através das trocas de experiências, com-partilhamento de princípios e valores, além de possibilitarem aprimoramento técnico e ampliação dos conhecimentos e informa-ções, tornando as empresas cada dia mais inovadoras e competitivas.

Vale ressaltar que a interação entre as MPMEs inseridas em arranjos arodutivos promove a cooperação empresarial e ao mesmo tempo estimula a competitividade, a capacidade de inovação tecnológica e o desenvolvimento de novas potencialidades a fim de garantir a sustentabilidade, através

da geração de empregos e aumento da renda. Além disso, os APLs têm auxiliado essas empresas a ultrapassarem as barreiras impostas principalmente pela dificuldade de acesso ao crédito, excesso de burocracia e os altos tributos, o que demonstra sua grande importância no processo de reestruturação produtiva do setor industrial presente nas MPMEs, as quais buscam maiores níveis de eficiência na utilização dos fatores produtivos como mão de obra e recursos naturais.

O presente artigo apresenta os aspectos metodológicos utilizados nessa etapa da pesquisa, segue com a definição de Arranjos Produtivos Locais – APLs e sua correlação com Micro, Pequenas e Médias Empresas – MPME para encerrar com as considerações finais sobre o assunto.

2. Aspectos Metodológicos A presente pesquisa é de natureza

aplicada, uma vez que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas especí-ficos, envolve verdades e interesses locais. Utilizam-se meios de investigação não experimentais já que o pesquisador somente observa e mede o comportamento ou situação, não havendo manipulação ou mudança do ambiente.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    ABSTRACT

This scientific paper was developed from the study of the importance of local clusters - clusters

as a factor in local and regional development, whose main objective is to show how adaptation

occurs and techno-economic improvement of MSMEs - Micro, Small and Medium Enterprises

inserted in this context. It should be noted that the clusters represent the union of industrial

companies that develop the same field of activities aimed at achieving the local and regional

development by generating employment and income in addition to the technical development,

providing them the possibility to expand to other centers. It should be noted that companies

operating in clusters can connect with development centers, government agencies and local

governments, universities, research centers, covering thus the entire community at large through

a system of leadership, cooperation and innovation can MSMEs become competitive and able to

cope with changes in ambient techno-economic and organizational.

KEYWORDS:

Local Productive Arrangement. Micro, Small and Medium Enterprises. Development techno-

economic and organizational.

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Introdução Nos últimos anos ocorreram grandes

mudanças no ambiente tecno-econômico, reflexo da constante modernização ocorrida nos mercados locais e mundiais, por causa disso, as empresas tem buscado adquirir novos conhecimentos e vantagens competitivas para enfrentar a acirrada concorrência de mercado. Diante disso, é fundamental destacar a importância dos Arranjos Produtivos Locais - APLs, para o desenvolvimento regional e a consequente expansão das Micro, Pequenas e Médias empresas – MPMEs. Os APLs se caracteri-zam como aglomerados industriais locali-zados num mesmo território, e que buscam manter uma relação de cooperação e interação entre seus fornecedores, com outras empresas e com instituições locais, através das trocas de experiências, com-partilhamento de princípios e valores, além de possibilitarem aprimoramento técnico e ampliação dos conhecimentos e informa-ções, tornando as empresas cada dia mais inovadoras e competitivas.

Vale ressaltar que a interação entre as MPMEs inseridas em arranjos arodutivos promove a cooperação empresarial e ao mesmo tempo estimula a competitividade, a capacidade de inovação tecnológica e o desenvolvimento de novas potencialidades a fim de garantir a sustentabilidade, através

da geração de empregos e aumento da renda. Além disso, os APLs têm auxiliado essas empresas a ultrapassarem as barreiras impostas principalmente pela dificuldade de acesso ao crédito, excesso de burocracia e os altos tributos, o que demonstra sua grande importância no processo de reestruturação produtiva do setor industrial presente nas MPMEs, as quais buscam maiores níveis de eficiência na utilização dos fatores produtivos como mão de obra e recursos naturais.

O presente artigo apresenta os aspectos metodológicos utilizados nessa etapa da pesquisa, segue com a definição de Arranjos Produtivos Locais – APLs e sua correlação com Micro, Pequenas e Médias Empresas – MPME para encerrar com as considerações finais sobre o assunto.

2. Aspectos Metodológicos A presente pesquisa é de natureza

aplicada, uma vez que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas especí-ficos, envolve verdades e interesses locais. Utilizam-se meios de investigação não experimentais já que o pesquisador somente observa e mede o comportamento ou situação, não havendo manipulação ou mudança do ambiente.

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

e desenvolvimento das atividades culturais, econômicas e sociais empreendidas pelas MPMs, pois lhes proporcionam ingressar no mundo globalizado, que requer ações estratégicas e políticas voltadas ao aper-feiçoamento de técnicas gerenciais eficazes para dominar mercados.

3.1. Conceitos e características relevantes sobre os Arranjos Produtivos Locais (APLS)

Os Arranjos Produtivos locais - APLs vêm adquirindo atualmente grande desta-que no cenário econômico, pois é um tema que envolve as diretrizes das políticas de desenvolvimento. No entanto, existem ainda grandes dificuldades para definir precisamente o seu conceito. Assim, para melhor entendimento do assunto, busca-ram-se algumas definições sobre Arranjos Produtivos Locais - APLs, baseadas em estudos de alguns autores. Para Porter (1999, p. 211) aglomerado “é um agrupamento geograficamente concen-trado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares”. Logo para Cassiolato & Lastres (2003), os arranjos produtivos locais são “aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais

com foco em um conjunto específico de atividades econômicas que apresentam vínculos mesmo que incipientes”. De acordo com o SEBRAE:

Arranjos Produtivos Locais são

aglomerações de empresas, localizadas em

um mesmo território, que apresentam

especialização produtiva e mantêm algum

vínculo de articulação, interação, cooperação

e aprendizagem entre si e com outros atores

locais, tais como: governo, associações

empresariais, instituições de crédito, ensino

e pesquisa. (SEBRAE, 2003, p. 17)

Para a RedeSist (2004):

Os Arranjos Produtivos Locais são

aglomerados de agentes econômicos,

políticos e sociais, localizados em um

mesmo território, com foco em um conjunto

específico de atividades econômicas e que

apresentam (ou tem condições de fomentar)

vínculos expressivos de interação,

cooperação e aprendizagem direcionada para

o enraizamento da capacitação social e da

capacidade inovativa, essencial para a

competitividade empresarial. (REDESIST,

2004, s.p.)

Segundo os autores citados acima, os Arranjos Produtivos Locais representam aglomerações de empresas que interagem cooperativamente entre si e com a comunidade em geral, localizadas num mesmo território, buscando ampliar sua

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

No ponto de vista da abordagem do problema de pesquisa - Qual a relevância estratégica dos Arranjos Produtivos Locais para as Micro, Pequenas e Médias Empresas? - caracteriza-se o aspecto quali-tativo, já que se analisam os significados, motivos, aspirações, crenças, valores, e fazem as correlações entre os fenômenos sociais e suas causas e consequências. Em geral busca as explicações dos fenômenos que podem ter sido analisados quantita-tivamente e o porquê das suas ocorrências.

No ponto de vista de seus objetivos, ao menos nessa etapa, a pesquisa caracteriza-se por ser exploratória, visa proporcionar maior familiaridade com o problema e ajuda a identificar os fatos relevantes que devem ser investigados, os dados foram coletados através de pesquisa bibliográfica. Numa segunda fase poderá também ser empírica, com trabalho de campo, através de um estudo de caso (lócus).

A pesquisa bibliográfica foi elaborada através da base EBSCO via seleção de artigos científicos em revistas, anais colocando-se as palavras-chave Arranjo Produtivo Local, Cluster e após, leitura sistemática, com fichamento de cada obra, ressaltando os pontos abordados pelos autores pertinentes ao assunto em questão.

3. Arranjos Produtivos Locais e Micro, Pequenas e Médias Empresas

A participação dinâmica em Arranjos Produtivos locais - APLs tem auxiliado empresas de todo o tamanho, particular-mente as MPMEs, a ultrapassarem as barreiras impostas pela acirrada competiti-vidade do mercado global. Nesses arranjos as empresas são estimuladas a atuarem baseadas na cooperarão e compartilha-mento de ações, permitindo-lhes a redução dos custos de suas transações, aumento da confiança entre si e com os agentes locais, resultando com isto, na garantia de melhores resultados para o negócio.

Os APLs incentivam a busca pela aprendizagem, especialização e inovação, proporcionando o desenvolvimento tecno-lógico e econômico das organizações, orientando-lhes para a elaboração de estratégias de desenvolvimento que serão concretizadas por meio de uma liderança que estimule a expansão dos sistemas de conhecimento local, criando laços de interatividade regionais, capazes de influenciar a competitividade dos pequenos negócios. Tudo isso demonstra os inúmeros benefícios e vantagens oferecidas às empresas que aderem aos APLs, ficando evidente sua importância para a promoção

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

e desenvolvimento das atividades culturais, econômicas e sociais empreendidas pelas MPMs, pois lhes proporcionam ingressar no mundo globalizado, que requer ações estratégicas e políticas voltadas ao aper-feiçoamento de técnicas gerenciais eficazes para dominar mercados.

3.1. Conceitos e características relevantes sobre os Arranjos Produtivos Locais (APLS)

Os Arranjos Produtivos locais - APLs vêm adquirindo atualmente grande desta-que no cenário econômico, pois é um tema que envolve as diretrizes das políticas de desenvolvimento. No entanto, existem ainda grandes dificuldades para definir precisamente o seu conceito. Assim, para melhor entendimento do assunto, busca-ram-se algumas definições sobre Arranjos Produtivos Locais - APLs, baseadas em estudos de alguns autores. Para Porter (1999, p. 211) aglomerado “é um agrupamento geograficamente concen-trado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares”. Logo para Cassiolato & Lastres (2003), os arranjos produtivos locais são “aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais

com foco em um conjunto específico de atividades econômicas que apresentam vínculos mesmo que incipientes”. De acordo com o SEBRAE:

Arranjos Produtivos Locais são

aglomerações de empresas, localizadas em

um mesmo território, que apresentam

especialização produtiva e mantêm algum

vínculo de articulação, interação, cooperação

e aprendizagem entre si e com outros atores

locais, tais como: governo, associações

empresariais, instituições de crédito, ensino

e pesquisa. (SEBRAE, 2003, p. 17)

Para a RedeSist (2004):

Os Arranjos Produtivos Locais são

aglomerados de agentes econômicos,

políticos e sociais, localizados em um

mesmo território, com foco em um conjunto

específico de atividades econômicas e que

apresentam (ou tem condições de fomentar)

vínculos expressivos de interação,

cooperação e aprendizagem direcionada para

o enraizamento da capacitação social e da

capacidade inovativa, essencial para a

competitividade empresarial. (REDESIST,

2004, s.p.)

Segundo os autores citados acima, os Arranjos Produtivos Locais representam aglomerações de empresas que interagem cooperativamente entre si e com a comunidade em geral, localizadas num mesmo território, buscando ampliar sua

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

expansão territorial de suas redes de negócios, tornando-se mais eficientes, capazes de desenvolver novas compe-tências e aprimorar suas estratégias para lidar com a competitividade empresarial.

3.2. Vantagens dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs)

Diante das definições apresentadas anteriormente, fica claro que as APLs são constituídas por aglomerações industriais que desenvolvem um importante papel no setor econômico, produtivo e tecnológico e cabe destacar que nos últimos anos vem crescendo a inserção de Micro, Pequenas e Médias Empresas - MPMEs em APLs. Essas empresas estão em busca do desenvolvimento tecno-econômico para aumentar sua competitividade e garantir sua sustentabilidade no mercado, visto que, os APLs permitem a expansão dos negócios, criam um ambiente de cooperação, contribuem com a constante troca de conhecimentos entre todas as empresas envolvidas, inclusive com a comunidade em geral, possibilitando o desenvolvimento da capacidade criativa e inovadora das organizações inseridas neste contexto.

Além disso, os Arranjos Produtivos Locais possibilitam a penetração de inovações tecnológicas e de novas técnicas de produção, que viabilizam as atividades gerando maior lucratividade e redução de tempo para as empresas. Permitem a interligação aos grandes centros industriais, fazendo com que as organiza-ções busquem a capacitação dos seus profissionais e mantenham-se atualizadas aos novos padrões de exigência do mercado. Através da utilização dessas novas tecnologias os custos são otimizados e ocorre o aumento da produtividade, fatores cruciais para a sobrevivência de qualquer organização. Nota-se também que o aumento da utilização dos recursos tecnológicos tem influenciado positiva-mente as empresas a investirem constante-mente em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o que lhes proporciona maior qualidade no processo de produção, e acaba estimulando a formação de novos mercados.

Outra vantagem oferecida pelos APLs as MPMEs além da capacidade da geração de empregos e renda, são treinamentos de relacionamento com fornecedores e mercado consumidor, elementos fundamentais no meio organizacional e que precisam ser bem atendidos, para que se tornem favoráveis aos objetivos da

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    aprendizagem, inovação e o desenvol-vimento de suas atividades afins, para que se tornem cada vez mais competitivos nesse mercado tão globalizado.

É importante analisar todos os fatores que envolvem os APLs para entender sua dinâmica de trabalho, a qual está pautada no fortalecimento da participação, articula-ção, cooperação e interação desenvolvidas com instituições públicas e privadas, associações de classe, centros universi-tários de pesquisa entre outros agentes envolvidos que dão suporte ao crescimento

e manutenção dos Arranjos Produtivos Locais, trazendo contribuições para o desenvolvimento regional, proporcionando condições de atratividade e crescimento para as empresas locais, aumentando seus postos de trabalho e consequentemente ajudando na geração de renda.

Diante disso, na busca pelo embasamento do tema em questão destaca-se a seguir no quadro 1, exemplos das principais características dos Arranjos Produtivos Locais.

Quadro 1- As principais características dos Arranjos Produtivos Locais

LOCALIZAÇAO PROXIMIDADE OU CONCENTRAÇAO GEOGRÁFICA

Atores

Grupos de pequenas empresas Pequenas empresas nucleadas por grande empresa Associações, instituições de suporte, serviços, ensino e pesquisa, fomento, financeiras, etc.  

Características

Intensa divisão do trabalho entre as firmas Flexibilidade de produção e de organização Especialização Mão-de-obra qualificada Competição entre firma baseada em inovação. Estreita colaboração entre as firmas e demais agentes Fluxo intenso de informações Identidade cultural entre os agentes Complementaridades e sinergias.

Fonte: Lemos C. (1997)

Observa-se, que de acordo com as características elencadas no quadro acima, para a formação e desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais é preciso observar primeiramente suas principais características, englobando todos os fatores

ambientais, culturais, econômicos e históricos que possam interferir em seu desempenho, pois somente a partir destes conhecimentos, os APLs terão condições de se posicionar no mercado e obter vantagens competitivas e oportunidades de

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

expansão territorial de suas redes de negócios, tornando-se mais eficientes, capazes de desenvolver novas compe-tências e aprimorar suas estratégias para lidar com a competitividade empresarial.

3.2. Vantagens dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs)

Diante das definições apresentadas anteriormente, fica claro que as APLs são constituídas por aglomerações industriais que desenvolvem um importante papel no setor econômico, produtivo e tecnológico e cabe destacar que nos últimos anos vem crescendo a inserção de Micro, Pequenas e Médias Empresas - MPMEs em APLs. Essas empresas estão em busca do desenvolvimento tecno-econômico para aumentar sua competitividade e garantir sua sustentabilidade no mercado, visto que, os APLs permitem a expansão dos negócios, criam um ambiente de cooperação, contribuem com a constante troca de conhecimentos entre todas as empresas envolvidas, inclusive com a comunidade em geral, possibilitando o desenvolvimento da capacidade criativa e inovadora das organizações inseridas neste contexto.

Além disso, os Arranjos Produtivos Locais possibilitam a penetração de inovações tecnológicas e de novas técnicas de produção, que viabilizam as atividades gerando maior lucratividade e redução de tempo para as empresas. Permitem a interligação aos grandes centros industriais, fazendo com que as organiza-ções busquem a capacitação dos seus profissionais e mantenham-se atualizadas aos novos padrões de exigência do mercado. Através da utilização dessas novas tecnologias os custos são otimizados e ocorre o aumento da produtividade, fatores cruciais para a sobrevivência de qualquer organização. Nota-se também que o aumento da utilização dos recursos tecnológicos tem influenciado positiva-mente as empresas a investirem constante-mente em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o que lhes proporciona maior qualidade no processo de produção, e acaba estimulando a formação de novos mercados.

Outra vantagem oferecida pelos APLs as MPMEs além da capacidade da geração de empregos e renda, são treinamentos de relacionamento com fornecedores e mercado consumidor, elementos fundamentais no meio organizacional e que precisam ser bem atendidos, para que se tornem favoráveis aos objetivos da

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

3.3. Considerações básicas acerca das Micro, Pequenas e Médias Empresas

Como já salientado anteriormente, os Arranjos Produtivos Locais são caracteri-zados pela concentração setorial e geográfica de firmas, e pelo predomínio de Micro, Pequenas e Médias Empresas – MPMEs, que são organizações voltadas à cooperação, inovação e a busca pelo aprendizado. No entanto, existe uma grande deficiência das MPMEs em definir cenários e, sobretudo, planejar as estratégias do negócio. Dessa forma, é de fundamental importância sua inserção nos APLs, para que possam focar suas demandas e ações, objetivando alcançar soluções viáveis, que lhes proporcionem maior produtividade econômica e crescimento, através da manutenção de um ambiente cooperativo e inovador. Além disso, a organização estratégica de MPMEs em APLs oferecem os melhores resultados do ponto de vista tanto econômico quanto social, pois as empresas integrantes dos APLs desenvolvem habilidades, eficiência coletiva e capacidade competitiva, em um grau muito acima do que conseguiriam se estivessem atuando isoladamente.

Conforme visto acima, as MPMEs pertencentes aos aglomerados têm maiores

chances de sobrevivência e desenvolvi-mento do que as empresas que operam isoladas, pois no novo paradigma tecno-econômico existe a constante necessidade de investir em conhecimento. Neste contexto, surgem os APLs, capazes de possibilitar as empresas um sistema baseado na cooperação e na difusão e acesso as informações e aos novos conhecimentos.

As Micro, Pequenas e Médias Empresas exercem socialmente uma importante função, que se dá através do potencial de geração de empregos e da produção de bens e serviços sendo, portanto, facilita-doras do processo de reestruturação industrial, além de propiciarem em muitas situações a estabilidade econômica. Elas atuam principalmente em atividades com baixa intensidade de capital e com alta intensidade de mão-de-obra e apresentam melhores desempenhos nas atividades que requerem habilidades ou serviços especial-zados, principalmente aqueles de caráter mais profissional (serviços médicos, odontológicos, jurídicos, ou como agentes imobiliários, alfaiates e tradutores, entre outros).

As MPMEs têm grande capacidade de adaptação às mudanças ocorridas no mercado, por serem mais flexíveis e empenhadas em desenvolver toda sua

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    organização. Ainda, temos como benefícios a localização das empresas num mesmo espaço geográfico mantendo vínculos de articulação para obtenção de resultados como um todo, possibilitando-lhes crescimento coletivo, poder de negociação através da difusão do conhecimento local, facilidade de comunicação e de troca de informações com concorrentes e acesso a serviços especializados, estimulando assim, o potencial de crescimento contínuo dos APLs e tornando-os capazes de oferecer os melhores bens e serviços ao mercado, que está a cada dia mais exigente.

Cabe destacar, que a formação de aglomerações produtivas de MPMEs atraem pessoas e novas empresas, gerando aumento de renda e investimentos para a economia local e regional, à medida que possibilita o desenvolvimento da interação organizacional para atender a crescente demanda produtiva. Além disso, as empresas localizadas em aglomerados produtivos tem acesso a outras vantagens competitivas das quais se destacam: o aumento da produtividade em decorrência da redução dos custos da mão-de-obra, geração de novos produtos, incentivos ao desenvolvimento industrial, acesso a importantes informações técnicas e comerciais, ampliação de potencialidades

inovadoras e forte concentração de atividades criativas, que levam as empresas a adquirirem um diferencial competitivo preparando-as para enfrentar as ameaças do mercado.

Evidencia-se que, a cooperação presente nos APLs tem grande importância econômica, competitiva, política e social e se desenvolve através das relações de confiança entre os agentes locais. O relacionamento entre as empresas é uma forma de aquisição de conhecimentos e de experiências visando a melhor adaptação as exigências do mercado, constituindo uma forma de oportunidade que impulsio-na a produção e o crescimento das empresas, através do acesso a ativos e serviços complementares que auxiliam na manutenção do negócio. Diante disso, percebe-se que dentro dos Arranjos Produtivos Locais as MPMEs buscam manter relacionamentos bem articulados que fortaleçam o desenvolvimento da autoestima, estimulando o potencial dessas empresas, instituições parceiras e trabalhadores, na geração de novas ideias, valorizando as crenças, princípios e valores que norteiam os interesses comuns dos agentes econômicos, políticos e sociais, que integram os APLs.  

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

3.3. Considerações básicas acerca das Micro, Pequenas e Médias Empresas

Como já salientado anteriormente, os Arranjos Produtivos Locais são caracteri-zados pela concentração setorial e geográfica de firmas, e pelo predomínio de Micro, Pequenas e Médias Empresas – MPMEs, que são organizações voltadas à cooperação, inovação e a busca pelo aprendizado. No entanto, existe uma grande deficiência das MPMEs em definir cenários e, sobretudo, planejar as estratégias do negócio. Dessa forma, é de fundamental importância sua inserção nos APLs, para que possam focar suas demandas e ações, objetivando alcançar soluções viáveis, que lhes proporcionem maior produtividade econômica e crescimento, através da manutenção de um ambiente cooperativo e inovador. Além disso, a organização estratégica de MPMEs em APLs oferecem os melhores resultados do ponto de vista tanto econômico quanto social, pois as empresas integrantes dos APLs desenvolvem habilidades, eficiência coletiva e capacidade competitiva, em um grau muito acima do que conseguiriam se estivessem atuando isoladamente.

Conforme visto acima, as MPMEs pertencentes aos aglomerados têm maiores

chances de sobrevivência e desenvolvi-mento do que as empresas que operam isoladas, pois no novo paradigma tecno-econômico existe a constante necessidade de investir em conhecimento. Neste contexto, surgem os APLs, capazes de possibilitar as empresas um sistema baseado na cooperação e na difusão e acesso as informações e aos novos conhecimentos.

As Micro, Pequenas e Médias Empresas exercem socialmente uma importante função, que se dá através do potencial de geração de empregos e da produção de bens e serviços sendo, portanto, facilita-doras do processo de reestruturação industrial, além de propiciarem em muitas situações a estabilidade econômica. Elas atuam principalmente em atividades com baixa intensidade de capital e com alta intensidade de mão-de-obra e apresentam melhores desempenhos nas atividades que requerem habilidades ou serviços especial-zados, principalmente aqueles de caráter mais profissional (serviços médicos, odontológicos, jurídicos, ou como agentes imobiliários, alfaiates e tradutores, entre outros).

As MPMEs têm grande capacidade de adaptação às mudanças ocorridas no mercado, por serem mais flexíveis e empenhadas em desenvolver toda sua

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

para que se tornem cada vez mais competitivos e competentes.

Buscou-se também, demonstrar como os fatores locais e regionais têm colaborado para o desenvolvimento dos APLs. Para isso foram analisadas as demandas locais das empresas a fim de buscar soluções e melhores formas de atendê-las. Convém salientar que as indústrias locais atuam em conjunto com universidades, prefeituras e centro de pesquisas entre outras instituições parceiras das empresas envolvidas nos aglomerados. Além disso, destaca-se a importância de traçar um bom planejamento estratégico, tanto para as empresas como para os APLs, pois necessitam definir quais mercados pretendem atingir e quais competências empresariais precisarão ser desenvolvidas para alcançar esse objetivo.

Dessa maneira, é preciso que as MPMEs tenham visão de futuro, busquem a qualidade de seus produtos e serviços adequando-os ao segmento de marcado escolhido, para fortalecer ainda mais sua relação com clientes e demais componen-tes do negócio, potencializando o desenvolvimento de habilidades e compe-tências gerenciais que impulsionem a competitividade local e auxilie na sustentabilidade dos APLs, através de um sistema cooperativo e de larga utilização

das inovações tecnológicas, resultando assim, em maiores ganhos de produtividade e forte consolidação no mercado.

Salienta-se que, os APLs, baseiam-se na cooperação, no fortalecimento das relações econômicas e no desenvolvimento de parcerias público-privadas, elementos fundamentais para a organização adminis-trativa das atividades produtivas no setor industrial. Os arranjos produtivos atendem largamente aos interesses das MPMEs, à medida que orientam essas empresas a buscarem investimentos em novas tecnologias, capacitação de mão-de-obra, utilização de métodos modernos de gestão organizacional, ampliação do conhecimen-to, inovação e troca de experiências, alinhando as estratégias de gestão aos objetivos organizacionais e impactando, assim, no desenvolvimento regional e urbano. Por isso, é importante incentivar o crescimento e a manutenção de parques produtivos, pois ajudam a enfrentar os desafios da globalização, fortalecendo o setor, proporcionando qualidade, garantin-do a sustentabilidade e tornando as empresas cada vez mais competitivas e capazes de expandir seus negócios no mercado de concorrência global.

As Micro, Pequenas e Médias Empresas enfrentam constantemente o desafio de

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    competência para a Pesquisa e Desenvolvi-mento (P&D). Entretanto, existem limita-ções quanto ao desempenho competitivo destas empresas em virtude de fatores como máquinas arcaicas por causa das dificuldades de obtenção de crédito, dificuldade para comercializar seus produ-tos em novos mercados, além de uma administração muitas vezes inadequada. Dessa forma, percebe-se que as MPMEs necessitam atualizar seus recursos tecnoló-gicos para que se tornem mais competitivas e possam obter maior lucratividade em seus empreendimentos.

Neste sentido, o apoio à inserção das MPMEs nos Arranjos Produtivos Locais é de extrema importância, pois lhes permitirá desenvolver estratégias inovadoras e de forte cooperação entre os agentes locais e regionais, que fazem parte desse aglomerado produtivo, consolidando assim, relações de interatividade e ao mesmo tempo de competição, as quais possibilitam o crescimento dos negócios. Percebe-se com isso, que essas empresas precisam do apoio de políticas engajadas em promover e incentivar o desenvolvimento de sistemas cooperativos, por meio de novas atividades empresariais capazes de gerar renda e empregos qualificados.

Diante do exposto, percebe-se que existem muitas oportunidades de negócios

para as MPMEs, pois possuem atividades diversificadas e estruturas flexíveis, sendo altamente inovadoras e capazes de motivar seus funcionários, aumentando sua produz-tividade através da geração de novas tecnologias, tornando-se mais competitivas e propensas a progredir mercadológica-mente, superando suas dificuldades financeiras e demais problemas organiza-cionais, possibilitando-lhes atuarem de maneira equilibrada e eficaz dentro dos APLs.

Conclusão

Este artigo expôs a importância dos Arranjos Produtivos Locais para o desenvolvimento tecno-econômico das Micro, Pequenas e Médias Empresas. Foram definidos conceitos, caraterísticas e vantagens dos APLs, bem como suas formas de atuação e funcionamento dentro do mercado, destacando o apoio às estratégias de competitividade das MPMEs inseridas em APLs, os quais contribuem com a manutenção, sustentabilidade e crescimento das empresas locais através da capacidade de cooperação e criação de estruturas produtivas voltadas aos avanços tecnológicos, à geração de trabalho e de renda. Além disso, destacou-se também a necessidade de adequação por parte dos APLs às mudanças ocorridas no mercado,

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

para que se tornem cada vez mais competitivos e competentes.

Buscou-se também, demonstrar como os fatores locais e regionais têm colaborado para o desenvolvimento dos APLs. Para isso foram analisadas as demandas locais das empresas a fim de buscar soluções e melhores formas de atendê-las. Convém salientar que as indústrias locais atuam em conjunto com universidades, prefeituras e centro de pesquisas entre outras instituições parceiras das empresas envolvidas nos aglomerados. Além disso, destaca-se a importância de traçar um bom planejamento estratégico, tanto para as empresas como para os APLs, pois necessitam definir quais mercados pretendem atingir e quais competências empresariais precisarão ser desenvolvidas para alcançar esse objetivo.

Dessa maneira, é preciso que as MPMEs tenham visão de futuro, busquem a qualidade de seus produtos e serviços adequando-os ao segmento de marcado escolhido, para fortalecer ainda mais sua relação com clientes e demais componen-tes do negócio, potencializando o desenvolvimento de habilidades e compe-tências gerenciais que impulsionem a competitividade local e auxilie na sustentabilidade dos APLs, através de um sistema cooperativo e de larga utilização

das inovações tecnológicas, resultando assim, em maiores ganhos de produtividade e forte consolidação no mercado.

Salienta-se que, os APLs, baseiam-se na cooperação, no fortalecimento das relações econômicas e no desenvolvimento de parcerias público-privadas, elementos fundamentais para a organização adminis-trativa das atividades produtivas no setor industrial. Os arranjos produtivos atendem largamente aos interesses das MPMEs, à medida que orientam essas empresas a buscarem investimentos em novas tecnologias, capacitação de mão-de-obra, utilização de métodos modernos de gestão organizacional, ampliação do conhecimen-to, inovação e troca de experiências, alinhando as estratégias de gestão aos objetivos organizacionais e impactando, assim, no desenvolvimento regional e urbano. Por isso, é importante incentivar o crescimento e a manutenção de parques produtivos, pois ajudam a enfrentar os desafios da globalização, fortalecendo o setor, proporcionando qualidade, garantin-do a sustentabilidade e tornando as empresas cada vez mais competitivas e capazes de expandir seus negócios no mercado de concorrência global.

As Micro, Pequenas e Médias Empresas enfrentam constantemente o desafio de

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

dades e ameaças impostas pela competiti-vidade do mercado, e principalmente possibilita a promoção do desenvolvimento regional e urbano.

Referências

AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2008. A influência do capital humano e do capital intelectual no desenvolvimento de aglomerações de empresas e redes de cooperação produtiva. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/pdf/847/8473 0206.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2012.

AMORIM, Mônica; Ana; IPIRANGA, Silvia; MOREIRA, Vilma Maria. Um modelo de tecnologia social de mobilização de arranjos produtivos locais: uma proposta de aplicabilidade. Disponível em: <http://ieham.org/html/doc s/Modelo_Tecnologia_Social_Mobiliza%E7%E3o_Arranjos_Produtivos_Locais.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2012.

CRUZ, Cláudia Andressa; NAGANO, Marcelo Seido. Gestão do conhecimento e sistemas de informação: uma análise sob a ótica da teoria de criação do conhecimento. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pci/v13n2/a08v13n2.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2012.

FERNANDES, Renato Corona, et al. 2005. Experiência dos APLS da FIESP. 2005. Disponível em: <http://www.fiesp. com.br/competitividade/downloads/apl.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2012.

GONÇALVES, Daniele Cristine

Ramos; GUIMARÃES, Luzia Lima. Arranjos produtivos locais como estratégia para o desenvolvimento regional. Disponível em: <http://www. joinpp.ufma.br/jornadas/joinppII/pagina_PGPP/Trabalhos2/daniele%20cristina_luzia%20lima168.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2012.

GÓES, THIAGO REIS. Inovação, cooperação, aprendizado e políticas públicas em arranjos produtivos locais: o caso dos APLs de confecções de Salvador e Feira de Santana. 2008. Disponível em: <http://www.mesteco.ufba. br/scripts/db/teses/532009180327.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2012.

IACONO, Antonio; NAGANO,

Marcelo Seido. Uma reflexão sobre os principais instrumentos para o desenvolvimentosustentável dos arranjos produtivos locais no Brasil: política industrial e tecnológica, MPMEs, governança, cooperação e inovação.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    sobreviver nesse ambiente de negócios de acirrada competição, e precisam adaptar-se às mudanças, preparando-se para lidar com a ocorrência de possíveis instabilidades no cenário econômico, além da carência de recursos, falta de comprometimento dos colaboradores, má administração, dentre outros problemas que afetam as organizações. Cabe destacar aqui, a grande relevância dos APLs na promoção do desenvolvimento dessas empresas, à medida que desenvolvem ações de incentivo a geração da eficiência e inovação organizacional no processo produtivo. Nesse contexto, faz-se neces-sário acompanhar e avaliar as novas tendências de mercado para saber lidar com as atividades produtivas e as forças competitivas de forma eficiente.

Em meio a essa situação, percebe-se a importância da formulação de políticas públicas voltadas aos Arranjos Produtivos Locais, pois estes representam um modelo de desenvolvimento capaz de incrementar a competitividade de Micro, Pequenas e Médias Empresas agrupadas numa mesma localidade, auxiliando-as a superarem as barreiras impostas ao seu crescimento. Ressalta-se que o desenvolvimento de aglomerações de empresas e instituições é essencial para o crescimento tecno-econômico, pois propicia a geração de

emprego e renda. Além disso, esses agrupamentos empresariais especializados em determinadas atividades, proporcionam a troca de conhecimentos e habilidades, gerando um sistema de cooperação capaz de fortalecer o setor de serviços, desencadeando uma série de vantagens competitivas em relação às empresas concorrentes que pertencem aos APLs, evidenciando-se que, a concentração geográfica e setorial auxilia as MPMEs a obterem melhores desempenhos, em virtude do potencial criativo, do acesso privilegiado a informação, gerando aprendizado e integração produtiva entre as empresas e as respectivas instituições de apoio na busca pelo progresso local.

Verifica-se, portanto, que o desenvolvimento sustentável dos Arranjos Produtivos Locais depende de fatores econômicos, políticos, sociais, culturais, tecnológicos, além do fortalecimento da cooperação entre os principais agentes envolvidos e a valorização das relações de negócios, que se ampliam através de estratégias de agrupamento das MPMEs em APLs, proporcionando maior facilidade de aperfeiçoamento e difusão do conhecimento técnico e comercial, redução dos custos, aumento da capacidade inovadora, diminuição das desigualdades regionais, maior visualização de oportuni-

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

dades e ameaças impostas pela competiti-vidade do mercado, e principalmente possibilita a promoção do desenvolvimento regional e urbano.

Referências

AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2008. A influência do capital humano e do capital intelectual no desenvolvimento de aglomerações de empresas e redes de cooperação produtiva. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/pdf/847/8473 0206.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2012.

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IACONO, Antonio; NAGANO,

Marcelo Seido. Uma reflexão sobre os principais instrumentos para o desenvolvimentosustentável dos arranjos produtivos locais no Brasil: política industrial e tecnológica, MPMEs, governança, cooperação e inovação.

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

difícil tarefa de unir o setor. 2011. Disponível em: <http://www.excelenciaem gestao.org/Portals/2/documents/cneg7/anais/T11_0384_2012.pdf>. Acesso: 20 mar. 2012.

SOUSA, Francisco; MELLO, José. Redes tecno-econômicas e a gestão da inovação tecnológica em institutos de pesquisa tecnológica: um estudo de caso no CEPEL. Disponível em: <http://www.revistaproducao.net/arquivos/websites/32/v10n2a04.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2012.

VECCHIA, Raquel Virmond Rauen Dalla. Arranjos produtivos locais como estratégia de desenvolvimento regional e local. 2008. Disponível em: <http://www. aedb.br/faculdades/eco/ano4/ArranjosProdutivosLocaiscomoEstrategiadeDesenvolvimentoRegionaleLocal.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2012.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    Disponível em: <http://www.simpep.feb.u nesp.br/anais/anais_13/artigos/842.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012. LA ROVERE, Renata Lèbre; AMARAL FILHO, Jair; CANUTO, Otaviano. Micro, pequenas médias empresas. Disponível em: <http://www. bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/livro_debate/3-MicroPeqMediaEmp.pd f>. Acesso em: 09 abr. 2012.

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SANTOS, Jadir; OLIVEIRA NETO, Geraldo. Arranjo produtivo local (APL) uma visão moderna do associativismo a

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             A IMPORTÂNCIA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNO-ECONÔMICO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

difícil tarefa de unir o setor. 2011. Disponível em: <http://www.excelenciaem gestao.org/Portals/2/documents/cneg7/anais/T11_0384_2012.pdf>. Acesso: 20 mar. 2012.

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

Josefa Delma da Trindade¹

RESUMO

Este artigo apresenta os resultados de trabalho de pesquisa de gestão socioambiental em

empresa privada, através de práticas empresariais focando ações de gestão, conservação

ambiental e consumo responsável, indicando os benefícios em termos ambientais, sociais e

mercadológicos decorrentes. O objeto de estudo apresentado neste documento é resultado de

pesquisa acadêmica, onde foi mostrados trabalhos de conservação, gestão ambiental e consumo

responsável, desenvolvidos pela empresa Morais de Castro Comércio e Importação de Produtos

Químicos Ltda., empresa comercial que tem desenvolvido em sua gestão, ações sistemáticas e

planejada de conservação ambiental na região metropolitana de Salvador/BA-Brasil. Aqui, são

demonstrados resultados importantes de como o meio ambiente tem figurado nos discursos e

práticas da iniciativa privada brasileira, buscando o desenvolvimento socioambiental

responsável.

PALAVRAS-CHAVE:

Gestão Socioambiental. Consumo Responsável. Sustentabilidade.

1Mestra em Planejamento Ambiental pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), E-mail: [email protected] /

[email protected] - Atualmente é Gestora dos Sistemas de Gestão da empresa Morais de Castro e aluna de graduação do

curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Faculdade ÁREA1, DeVry Brasil.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

Josefa Delma da Trindade¹

RESUMO

Este artigo apresenta os resultados de trabalho de pesquisa de gestão socioambiental em

empresa privada, através de práticas empresariais focando ações de gestão, conservação

ambiental e consumo responsável, indicando os benefícios em termos ambientais, sociais e

mercadológicos decorrentes. O objeto de estudo apresentado neste documento é resultado de

pesquisa acadêmica, onde foi mostrados trabalhos de conservação, gestão ambiental e consumo

responsável, desenvolvidos pela empresa Morais de Castro Comércio e Importação de Produtos

Químicos Ltda., empresa comercial que tem desenvolvido em sua gestão, ações sistemáticas e

planejada de conservação ambiental na região metropolitana de Salvador/BA-Brasil. Aqui, são

demonstrados resultados importantes de como o meio ambiente tem figurado nos discursos e

práticas da iniciativa privada brasileira, buscando o desenvolvimento socioambiental

responsável.

PALAVRAS-CHAVE:

Gestão Socioambiental. Consumo Responsável. Sustentabilidade.

1Mestra em Planejamento Ambiental pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), E-mail: [email protected] /

[email protected] - Atualmente é Gestora dos Sistemas de Gestão da empresa Morais de Castro e aluna de graduação do

curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Faculdade ÁREA1, DeVry Brasil.

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

Introdução

Nas últimas décadas, as questões ambientais, atreladas às políticas ambientais, vêm se tornando do interesse das pessoas, dos governos, das organizações e das comunidades. Os acidentes ambientais e a escassez dos recursos naturais têm sido de grande relevância no processo de desenvolvimento e no uso sustentável dos recursos naturais (ANDRADE et al., 2008).

Para demonstrar os resultados de trabalho de pesquisa de gestão socioambiental em empresa privada, foi objeto de estudo o trabalho de conservação, gestão ambiental e consumo responsável, desenvolvido pela empresa Morais de Castro Comércio e Importação de Produtos Químicos Ltda., atuante no mercado de distribuição de produtos químicos e petroquímicos, que já tem implementado Sistemas de Gestão – SGI - com cinco normas de gestão. Processo de Distribuição Responsável - PRODIR, Sistema gerenciado pela Associação dos Distribuidores de Produtos Químicos e Petroquímicos – ASSOCIQUIM; Sistema de Gestão da Qualidade - ISO9001; Sistema de Gestão Saúde e Segurança Ocupacional - OHSAS18001; Sistema de Gestão Ambiental - ISO14001; Sistema de

Avaliação de Saúde, Segurança e Meio Ambiente - SASSMAQ. O SASSMAQ possibilita uma avaliação do desempenho nas áreas de segurança, saúde, meio ambiente e qualidade das empresas que prestam serviços de transporte à indústria química. 1.1. Justificativa

Este artigo justifica-se pela importância de discutir e divulgar os resultados de trabalhos de pesquisa que abordem as práticas ambientais e o consumo responsável, que vêm sendo adotados com sucesso pela iniciativa privada, para que a cultura de conservação e gestão ambientalmente responsável se torne uma realidade no contexto empresarial.

1.2. Metodologia

O estudo em questão foi desenvolvido com base na pesquisa exploratória, realizada para proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito pelo levantamento e consulta bibliográfica além de estudos de caso (GIL, 2002).

A pesquisa exploratória, do tipo estudo de caso, foi realizada analisando o trabalho de conservação, consumo e gestão

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    ABSTRACT

This paper announces results of a research about environmental management in a private

company through business practices focusing management actions, environmental conservation

and responsible consumption, pointing out deriving benefits in terms of environmental, social

and market. The aim of the study presented in this document is the result of academic research,

where it was shown conservation works, environmental management and responsible

consumption, developed by the company named Morais de Castro Comércio e Importação de

Produtos Químicos Ltda.. In its management, that commercial company has developed

systematic and planned actions of environmental conservation in metropolitan area of Salvador

City, State of Bahia, Brazil. In this research, important results are shown of how the environment

has been partaken in the discourses and practices of the Brazilian private enterprise seeking

after the development of socio-environmental responsible.

KEYWORDS:

Socio-environmental Management. Responsible Consumption. Sustainability.

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

Introdução

Nas últimas décadas, as questões ambientais, atreladas às políticas ambientais, vêm se tornando do interesse das pessoas, dos governos, das organizações e das comunidades. Os acidentes ambientais e a escassez dos recursos naturais têm sido de grande relevância no processo de desenvolvimento e no uso sustentável dos recursos naturais (ANDRADE et al., 2008).

Para demonstrar os resultados de trabalho de pesquisa de gestão socioambiental em empresa privada, foi objeto de estudo o trabalho de conservação, gestão ambiental e consumo responsável, desenvolvido pela empresa Morais de Castro Comércio e Importação de Produtos Químicos Ltda., atuante no mercado de distribuição de produtos químicos e petroquímicos, que já tem implementado Sistemas de Gestão – SGI - com cinco normas de gestão. Processo de Distribuição Responsável - PRODIR, Sistema gerenciado pela Associação dos Distribuidores de Produtos Químicos e Petroquímicos – ASSOCIQUIM; Sistema de Gestão da Qualidade - ISO9001; Sistema de Gestão Saúde e Segurança Ocupacional - OHSAS18001; Sistema de Gestão Ambiental - ISO14001; Sistema de

Avaliação de Saúde, Segurança e Meio Ambiente - SASSMAQ. O SASSMAQ possibilita uma avaliação do desempenho nas áreas de segurança, saúde, meio ambiente e qualidade das empresas que prestam serviços de transporte à indústria química. 1.1. Justificativa

Este artigo justifica-se pela importância de discutir e divulgar os resultados de trabalhos de pesquisa que abordem as práticas ambientais e o consumo responsável, que vêm sendo adotados com sucesso pela iniciativa privada, para que a cultura de conservação e gestão ambientalmente responsável se torne uma realidade no contexto empresarial.

1.2. Metodologia

O estudo em questão foi desenvolvido com base na pesquisa exploratória, realizada para proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito pelo levantamento e consulta bibliográfica além de estudos de caso (GIL, 2002).

A pesquisa exploratória, do tipo estudo de caso, foi realizada analisando o trabalho de conservação, consumo e gestão

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

2.2. Estrutura organizacional e Gestão Ambiental

A estrutura organizacional é constituída de quatro níveis gerenciais, composta pela diretoria, superintendência, gerentes e chefes de departamentos. A empresa adota um sistema de gestão de processo decisório baseado em uma estrutura fundamentada em um Comitê de Sistemas de Gestão, que atua em reuniões trimestrais para analisar o desempenho, estabelecer estratégias, discutir práticas de gestão e delimitar projetos e melhorias. O objetivo dessa estrutura é o de estimular a gestão participativa e o compartilhamento dos conhecimentos e habilidades. A estrutura do Comitê Sistemas de Gestão é mostrada na Tabela 1:

Tabela 1 Estrutura do Comitê Sistemas de Gestão  

DA – Diretoria Administrativa SA – Superintendência Administrativa SGI – Sistema de Gestão Integrada GC – Gerência Comercial GCE – Gerência Comércio Exterior GUN – Gerência de Unidade

GF – Gestão Financeira GC – Gerência de Compras GRH – Gerência de Recursos Humanos GTI – Gestão Tecnologia da Informação GC – Gestão Controladoria GO – Gestão Operacional

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

A gestão ambiental da Morais de Castro foi legitimada em 1996, com a criação da

Comissão Técnica da Garantia Ambiental - CTGA. A partir de então, a empresa passou a lidar com as questões ambientais de uma forma mais moderna, consequente e responsável. Em abril de 2002, foi dado início à sistematização da gestão ambiental na empresa com a implementação do Processo de Distribuição Responsável, PRODIR - e de outros sistemas de gestão como ISO9001 (sistema de gestão da qualidade), ISO14001 (sistema de gestão ambiental), OHSAS18001 (sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional) e SASSMAQ (sistema de avaliação de saúde, segurança, meio ambiente e qualidade).

2.3. Trabalho de conservação ambiental

Em 1992, a Morais de Castro

estabeleceu como prioridade a conservação ambiental em área de servidão pública, contígua a sua matriz. A ideia inicial era vitalizar a área que estava degradada conforme exposto na Figura 1. Com a ajuda de um morador da comunidade do entorno, iniciou-se o processo de recuperação da área, primeiramente plantando espécies de pequeno porte. Posteriormente, percebendo a fertilidade do terreno, outras espécies de grande porte

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    ambientalmente responsável desenvolvido pela Morais de Castro Comércio e Importação de Produtos Químicos Ltda.

2. Gestão socioambiental na iniciativa privada: o caso “Morais de Castro”

2.1. Histórico da empresa e atuação no mercado

A Empresa Morais de Castro foi fundada em 1960, em Salvador/BA. Com o crescimento do negócio, foram abertas duas filiais, uma em Jaboatão dos Guararapes/PE e outra no Rio de Janeiro/RJ. Iniciou suas atividades como empresa importadora, posteriormente, agregou aos negócios as atividades de distribuição autorizada e operação logística e hoje comercializa com um portfólio de produtos extremamente diversificado, atendendo a quase todos os segmentos industriais, como o de Adesivos, Água e Saneamento, Alimentos, Automotivo, Bebidas, Calçados, Carcinicultura, Celu-lose, Cosméticos, Curtumes, Embalagens, Espumas e Colchões, Fármacos, Gás e Petróleo, Químico e Petroquímico, Meta-lurgia e Mineração, Sabões e Detergentes, Tintas e Solventes, Tratamento de Efluen-tes, dentre outros.

As atividades de logística e distribuição de produtos químicos industriais signi-ficam para a organização, negócio de grande expressão econômica, onde se destacam as seguintes empresas distri-buídas: Brunner Mond, Caraiba Metais, Corn Products Brasil, Dow Brasil, Hexion Química, Lyondell, Metanor, Oxiteno, Peróxidos do Brasil, Rhodia Poliamidas, Tate & Lyle.

A Morais de Castro dispõe de frota própria de caminhões para atender a sua demanda de transporte de carga seca ou a granel. Destacam-se caminhões-tanques em aço inox compartimentados, caminhões trucks e carretas para cargas secas embaladas e graneis líquidos. A sede em Salvador-BA- Brasil está instalada em área de 12.500 m², dispondo de 4.500 m² de armazenamento de carga seca e de 600 m³ de tancagem, distribuídos em 24 tanques, utilizados para armazenar diferentes produtos químicos, além de facilidades (oito estações) para carregar e descarregar caminhões tanques, envase de produtos em bombonas, tambores e containeres.

Atualmente, a sua maior expressão econômica resulta das atividades de logística e distribuição de produtos químicos industriais, mantendo parceria com grandes produtores nacionais e internacionais.

47

            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

2.2. Estrutura organizacional e Gestão Ambiental

A estrutura organizacional é constituída de quatro níveis gerenciais, composta pela diretoria, superintendência, gerentes e chefes de departamentos. A empresa adota um sistema de gestão de processo decisório baseado em uma estrutura fundamentada em um Comitê de Sistemas de Gestão, que atua em reuniões trimestrais para analisar o desempenho, estabelecer estratégias, discutir práticas de gestão e delimitar projetos e melhorias. O objetivo dessa estrutura é o de estimular a gestão participativa e o compartilhamento dos conhecimentos e habilidades. A estrutura do Comitê Sistemas de Gestão é mostrada na Tabela 1:

Tabela 1 Estrutura do Comitê Sistemas de Gestão  

DA – Diretoria Administrativa SA – Superintendência Administrativa SGI – Sistema de Gestão Integrada GC – Gerência Comercial GCE – Gerência Comércio Exterior GUN – Gerência de Unidade

GF – Gestão Financeira GC – Gerência de Compras GRH – Gerência de Recursos Humanos GTI – Gestão Tecnologia da Informação GC – Gestão Controladoria GO – Gestão Operacional

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

A gestão ambiental da Morais de Castro foi legitimada em 1996, com a criação da

Comissão Técnica da Garantia Ambiental - CTGA. A partir de então, a empresa passou a lidar com as questões ambientais de uma forma mais moderna, consequente e responsável. Em abril de 2002, foi dado início à sistematização da gestão ambiental na empresa com a implementação do Processo de Distribuição Responsável, PRODIR - e de outros sistemas de gestão como ISO9001 (sistema de gestão da qualidade), ISO14001 (sistema de gestão ambiental), OHSAS18001 (sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional) e SASSMAQ (sistema de avaliação de saúde, segurança, meio ambiente e qualidade).

2.3. Trabalho de conservação ambiental

Em 1992, a Morais de Castro

estabeleceu como prioridade a conservação ambiental em área de servidão pública, contígua a sua matriz. A ideia inicial era vitalizar a área que estava degradada conforme exposto na Figura 1. Com a ajuda de um morador da comunidade do entorno, iniciou-se o processo de recuperação da área, primeiramente plantando espécies de pequeno porte. Posteriormente, percebendo a fertilidade do terreno, outras espécies de grande porte

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

Quadro 1 – Espécies vegetais presentes na área recuperada da Morais de Castro

FRUTIFERA 41. Umbu Cajá 1. Abacate 2. Abacaxi 42. Pimenta de Cheiro 3. Abil 4. Açai PLANTAS ORNAMENTAIS 5. Acerola 6. Banana D água Veludo 7. Banana da Prata 8. Banana Maçã Murta 9. Cacau 10. Cajá Palmeira 11. Cana 12. Coco Sambambaia 13. Cravo de Bolo 14. Cupuaçu Graxa 15. Figo 16. Fruta do Conde Mélica 17. Fruta Pão 18. Goiaba RAIZES 19. Graviola 20. Guaraná Aipim 21. Ingá 22. Jabuticaba Batata Doce 23. Jaca Dura 24. Jaca Mole Inhame 25. Jambo 26. Jenipapeiro GRÃOS E ORTALÍCIAS 27. Laranja de umbigo 28. Laranja Lima Fava 29. Limão 30. Laranja Pera Feijão de Corda 31. Manga 32. Manga Espada Feijão Fradinho 33. Manga Rosa 34. Pêra Andu 35. Pinha 36. Pitanga Maxixe 37. Sapoti 38. Siriguela Couve 39. Tangerina 40. Tangerina Pocan Repolho

Fonte: Elaboração da autora, 2009.  

A fauna local, composta de pequenos roedores e diversas espécies de pássaros, passou a povoar a área recuperada, inclusive sendo objeto de alimentação de falcões Peregrinos que, no mês de março de cada ano, fazem sua moradia temporária na torre da caixa de água da Morais de Castro.

A recuperação da área, que antes se encontrava degradada, hoje é sustentável devido ao trabalho que está sendo desenvolvido. Tais iniciativas sócio-ambientais repercutem favorávelmente na comunidade do seu entorno, motivando práticas de consumo responsável.

A foto que documenta os falcões Peregrinos na torre da caixa de água da Morais de Castro é destacado em anúncio publicado na revista da “Associação Comercial da Bahia ACB, em abril de 2009 ( Figura 4).

 É   no   verão   dos   trópicos   que   os   falcões  

peregrinos   buscam   abrigo   durante   os  meses   congelantes   da   América   do   Norte.  

E,   há   nove   anos,   ininterruptamente,   a  Morais  de  Castro  tem  a  honra  de  hospedar  

em  seu  castelo  d’água  um  exemplar  desse  espécime   solitário   e   caçador.   Com   36  

metros  de  altura,  o  equipamento  torna-­‐se  o   porto   seguro   do   ilustre   visitante,  

sempre  entre  os  meses  de  nov.  e  mar.  

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    foram introduzidas, como mangueiras, goiabeiras, jaqueiras e figueiras conforme é mostrado na Figura 2, recuperando a consistência dos taludes, evitando a erosão quando em épocas de precipitação pluviométrica abundante.

A manutenção da área de proteção ambiental mantida pela Morais de Castro foi atribuída a um morador da comunidade circunvizinha de Portoseco, que assumiu a responsabilidade de trabalhar o solo, recuperando a fertilidade da terra existente. Os recursos necessários para a conservação da área são assegurados pela Morais de Castro, sendo que as hortaliças e frutas colhidas de são utilizadas para o sustento da própria pessoa encarregada (Figura 3), como também, para distribuição com outros moradores da comunidade circunvizinha, tarefa feita pela própria pessoa responsável pelo plantio.

Figura 1 – Sede Morais de Castro, antes da recuperação da área de servidão pública, ano 1992.

 

Fonte: Acervo da Morais de Castro, 1992.

Figura 2 - Sede Morais de Castro, após a recuperação da área de servidão pública, ano 2009.

 

Fonte: Produção da autora, 2009.

Figura 3 - Colheita de frutos na área de servidão

pública recuperada na sede Morais de Castro, ano 2009.

 

 

Fonte: Produção da autora, 2009.

Em agosto de 2009, foram catalogadas,

na área de servidão pública recuperada pela Morais de Castro, 42 espécies frutíferas, além de diversas espécies de plantas ornamentais, raízes e grãos, conforme mostrado no Quadro 1:

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

Quadro 1 – Espécies vegetais presentes na área recuperada da Morais de Castro

FRUTIFERA 41. Umbu Cajá 1. Abacate 2. Abacaxi 42. Pimenta de Cheiro 3. Abil 4. Açai PLANTAS ORNAMENTAIS 5. Acerola 6. Banana D água Veludo 7. Banana da Prata 8. Banana Maçã Murta 9. Cacau 10. Cajá Palmeira 11. Cana 12. Coco Sambambaia 13. Cravo de Bolo 14. Cupuaçu Graxa 15. Figo 16. Fruta do Conde Mélica 17. Fruta Pão 18. Goiaba RAIZES 19. Graviola 20. Guaraná Aipim 21. Ingá 22. Jabuticaba Batata Doce 23. Jaca Dura 24. Jaca Mole Inhame 25. Jambo 26. Jenipapeiro GRÃOS E ORTALÍCIAS 27. Laranja de umbigo 28. Laranja Lima Fava 29. Limão 30. Laranja Pera Feijão de Corda 31. Manga 32. Manga Espada Feijão Fradinho 33. Manga Rosa 34. Pêra Andu 35. Pinha 36. Pitanga Maxixe 37. Sapoti 38. Siriguela Couve 39. Tangerina 40. Tangerina Pocan Repolho

Fonte: Elaboração da autora, 2009.  

A fauna local, composta de pequenos roedores e diversas espécies de pássaros, passou a povoar a área recuperada, inclusive sendo objeto de alimentação de falcões Peregrinos que, no mês de março de cada ano, fazem sua moradia temporária na torre da caixa de água da Morais de Castro.

A recuperação da área, que antes se encontrava degradada, hoje é sustentável devido ao trabalho que está sendo desenvolvido. Tais iniciativas sócio-ambientais repercutem favorávelmente na comunidade do seu entorno, motivando práticas de consumo responsável.

A foto que documenta os falcões Peregrinos na torre da caixa de água da Morais de Castro é destacado em anúncio publicado na revista da “Associação Comercial da Bahia ACB, em abril de 2009 ( Figura 4).

 É   no   verão   dos   trópicos   que   os   falcões  

peregrinos   buscam   abrigo   durante   os  meses   congelantes   da   América   do   Norte.  

E,   há   nove   anos,   ininterruptamente,   a  Morais  de  Castro  tem  a  honra  de  hospedar  

em  seu  castelo  d’água  um  exemplar  desse  espécime   solitário   e   caçador.   Com   36  

metros  de  altura,  o  equipamento  torna-­‐se  o   porto   seguro   do   ilustre   visitante,  

sempre  entre  os  meses  de  nov.  e  mar.  

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

2.4. Trabalho socioambiental de inclusão digital

A Morais de Castro desenvolve junto a

UNIME – União Metropolitana de Educação e Cultura, um trabalho socioambiental para beneficiar as comunidades circunvizinhas a sua unidade em Salvador-BA, oferecendo curso de Inclusão Digital com Educação Ambiental utilizando a ferramenta da tecnologia da computação, para beneficiar as famílias com renda familiar até dois salários mínimos. Esse projeto teve início a partir de uma condicionante da Licença Ambiental de Operação. A empresa aproveitou a exigência da condicionante para desenvolver um trabalho social viável para beneficiar a comunidade circun-vizinha as suas instalações em Salvador-BA. O projeto abrange 100 famílias das comunidades circunvizinhas e as aulas estão sendo ministradas desde o início do mês de janeiro de 2011, são 5 turmas de 20 a 25 alunos por turma, compreendendo uma carga horária de 3horas/aulas por encontro, 06 encontros por turma, totalizando 18 horas/aulas por turma. Os dias de aulas são as 3ª e 5ª no turno das manhãs das 9:00 às 12:00 horas e tardes das 13:00 às 16:00 horas e aos sábados das

9:00 às 12:00 horas, conforme pode ser mostrado na (Figura 5).

Figura 5 – Alunos do curso Inclusão Digital

ministrado na UNIME, fev. 2011.

Fonte: Produção da autora, 2009.

O projeto de Inclusão Digital visa o cumprimento da condicionante da Licença Ambiental de Operação e de capacitar à comunidade de baixa renda, possibilitando o acesso à tecnologia da informação e consequentemente ao mercado de trabalho. As pessoas da comunidade aprendem a manusear os softwares Word, Excel e Internet, como também, assim como os conceitos e práticas de educação ambiental, contribuindo decisivamente com uma nova postura orientadora, facilitadora, infor-mativa e conscientizadora na relação dos consumidores com os recursos naturais, aplicado no cotidiano das pessoas da comunidade, estreitando assim, a relação entre homem/comunidade, meio ambiente e sustentabilidade.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

Em  2009,   de   forma   surpreendente,   a   ave  

veio   acompanhada.   Agora   é   dois   falcões  peregrinos  que  fazem  da  área  verde  o  seu  

endereço   tropical.   Localizado   nos   fundos  da   empresa,   desde   1992   o   terreno   antes  

estéril   foi   transformado   em   terra  cultivável,   abrigando   também   aves   e  

roedores   de   pequeno   porte,   um  verdadeiro  banquete  para  o  mascote.  

Mais   do   que   uma   simples   visita,   a  presença   dos   falcões   peregrinos   atesta  

que   a   empresa   está   no   caminho   certo:  comercializando   produtos   químicos  

industriais   sem   jamais   abrir   mão   da  responsabilidade   ambiental   (REVISTA  ACB,  2009).  

 Figura 4 - Anúncio publicado na revista da

Associação Comercial da Bahia - ACB  

   

Fonte: Revista da ACB em abril de 2009.

A Morais de Castro desde 2002 filiou-se

ao Núcleo de Educação Ambiental das

Empresas da Bahia - NEA, que vem

desenvolvendo trabalhos sócios ambientais

em parceria com as outras empresas

associadas, favorecendo a comunidade de

seu entorno e contribuindo com uma

postura orientadora, informativa para o

consumo responsável. Além disso, o NEA

promove anualmente seminário educa-

cional que tem como público alvo a

comunidade, organizações, universidades e

pesquisadores. O seminário objetiva educar

e mobilizar a sociedade civil - e em

especial as gerações mais jovens, para a

mudança dos hábitos de consumo,

tornando-nos mais críticos, exigentes e

responsáveis. Este seminário nos últimos

três anos vem ocorrendo nas instalações do

auditório do Aeroporto Internacional de

Salvador-BA. Em 2005 a Morais de Castro

participou no seminário como palestrante

com o tema: “Sistemas de Gestão e suas

Melhorias”. Demonstrando para todas as

partes interessadas o trabalho sócio-

ambiental que a empresa vem desenvol-

vendo.  

51

            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

2.4. Trabalho socioambiental de inclusão digital

A Morais de Castro desenvolve junto a

UNIME – União Metropolitana de Educação e Cultura, um trabalho socioambiental para beneficiar as comunidades circunvizinhas a sua unidade em Salvador-BA, oferecendo curso de Inclusão Digital com Educação Ambiental utilizando a ferramenta da tecnologia da computação, para beneficiar as famílias com renda familiar até dois salários mínimos. Esse projeto teve início a partir de uma condicionante da Licença Ambiental de Operação. A empresa aproveitou a exigência da condicionante para desenvolver um trabalho social viável para beneficiar a comunidade circun-vizinha as suas instalações em Salvador-BA. O projeto abrange 100 famílias das comunidades circunvizinhas e as aulas estão sendo ministradas desde o início do mês de janeiro de 2011, são 5 turmas de 20 a 25 alunos por turma, compreendendo uma carga horária de 3horas/aulas por encontro, 06 encontros por turma, totalizando 18 horas/aulas por turma. Os dias de aulas são as 3ª e 5ª no turno das manhãs das 9:00 às 12:00 horas e tardes das 13:00 às 16:00 horas e aos sábados das

9:00 às 12:00 horas, conforme pode ser mostrado na (Figura 5).

Figura 5 – Alunos do curso Inclusão Digital

ministrado na UNIME, fev. 2011.

Fonte: Produção da autora, 2009.

O projeto de Inclusão Digital visa o cumprimento da condicionante da Licença Ambiental de Operação e de capacitar à comunidade de baixa renda, possibilitando o acesso à tecnologia da informação e consequentemente ao mercado de trabalho. As pessoas da comunidade aprendem a manusear os softwares Word, Excel e Internet, como também, assim como os conceitos e práticas de educação ambiental, contribuindo decisivamente com uma nova postura orientadora, facilitadora, infor-mativa e conscientizadora na relação dos consumidores com os recursos naturais, aplicado no cotidiano das pessoas da comunidade, estreitando assim, a relação entre homem/comunidade, meio ambiente e sustentabilidade.

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

que ainda não aderiram ao trabalho de conservação, gestão sócio-ambiental e consumo responsável, que existe viabilidade para que se sintam motivadas a praticar benefícios sócio-ambientais.

As empresas, independentemente do negócio e do lugar que elas ocupem, perderão grandes oportunidades compe-titivas se não ficarem comprometidas com as questões socioambientais. É sob essa perspectiva que estaria se fortalecendo, cada vez mais, a implementação de políticas de gestão socioambiental. A partir daí, as organizações passam a ver seus consumidores, comunidades, governos e funcionários de outra forma e a contribuir para o desenvolvimento sustentável. Dentro dessa visão, insere-se a iniciativa privadas aderindo ao consumo responsável, reciclagem e boas práticas operacionais, enquadrada dentro dos princípios do desenvolvimento ambientalmente respon-sável, contribuindo decisivamente com uma nova postura orientadora, facilitadora, informativa e conscientizadora na relação com os seus consumidores, em diferentes pontos.

Conclui-se este artigo deixando a mensagem de que existem possibilidades de se estabelecer novos paradigmas que conciliem a expansão econômica com políticas organizacionais de gestão

socioambiental pró-ativa nas iniciativas públicas e privadas, fazendo com que o avanço tecnológico, a conservação, a gestão socioambiental e o consumo responsável sejam aliados, permitindo o desenvolvimento ambientalmente respon-sável, o crescimento econômico sem destruição do meio ambiente e assegurando qualidade de vida e biodiversidade ao planeta.

Referências

ANDRADE, R. O. B.; TACHIZAWA, T. Gestão e socioambiental: estratégias na nova era da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2008.

DIAS, R. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SALVADOR. Prefeitura Municipal. Superintendência de Meio Ambiente. Licença ambiental: portaria nº 336/2009 PR 59.00 2009 659, dez. 2009.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

A implantação dos sistemas de gestão na Morais de Castro trouxe os benefícios aos funcionários que foram estimulados a voltar estudar. Para isso, a empresa criou desde 2002 uma política de benefício para cursos de longa duração, destinada aos funcionários da empresa. Também foram beneficiados os moradores das comunida-des circunvizinhas à sede da Morais de Castro, mediante a doação dos resíduos recicláveis gerados durante os processos da empresa e de hortaliças e frutas que são produzidas na área de conservação ambiental mantida pela Morais de Castro.

A direção da Morais de Castro acredita que o seu crescimento deve-se ao fato da estratégia de gestão ser focada nas questões socioambientais e no consumo responsável sem jamais perder o respeito ao homem, e sua relação com o meio ambiente. Focada nesta linha de administração, a empresa pretende assegurar o seu crescimento e futuridade.

Conclusão

No inicio da década de 1990, nas iniciativas públicas e privadas ocorre profícuo momento resultante da combi-nação de três fatores: a abertura das empresas ao diálogo com os ambientalistas e comunidades, a introdução do conhe-

cimento ambiental especializado através de profissionais com formação ou experiência ambiental e a forte influência da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). Essa conjugação de fatores possibilitou a inserção da compreensão do discurso ambiental nas empresas, sobrepondo-se ao inócuo discurso conservacionista observado até então. (PEDRINI, 2008).

No mundo organizacional, a preocu-pação com o meio ambiente figura sob o nome de sustentabilidade. Existem diversos discursos sobre sustentabilidade no sentido de sobrevivência da empresa e do negócio. Sob pressões sociais, o empresariado tem tentado abarcar o discurso ambientalista, principalmente no que concerne à possibilidade de manter mercados e conquistar vantagens compe-titivas. Hoje, para a sociedade, não basta dizer que é sustentável. É preciso desenvolver programas que garantam a efetividade de suas praticas sustentáveis (SAVITZ et al., 2007).

Baseado nesse e em outros princípios, este artigo mostra que as empresas, independentemente de sua origem pública ou privada, podem desenvolver trabalhos de conservação e gestão ambiental. Este trabalho objetivou comprovar às empresas

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            GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E CONSUMO RESPONSÁVEL NA INICIATIVA PRIVADA

que ainda não aderiram ao trabalho de conservação, gestão sócio-ambiental e consumo responsável, que existe viabilidade para que se sintam motivadas a praticar benefícios sócio-ambientais.

As empresas, independentemente do negócio e do lugar que elas ocupem, perderão grandes oportunidades compe-titivas se não ficarem comprometidas com as questões socioambientais. É sob essa perspectiva que estaria se fortalecendo, cada vez mais, a implementação de políticas de gestão socioambiental. A partir daí, as organizações passam a ver seus consumidores, comunidades, governos e funcionários de outra forma e a contribuir para o desenvolvimento sustentável. Dentro dessa visão, insere-se a iniciativa privadas aderindo ao consumo responsável, reciclagem e boas práticas operacionais, enquadrada dentro dos princípios do desenvolvimento ambientalmente respon-sável, contribuindo decisivamente com uma nova postura orientadora, facilitadora, informativa e conscientizadora na relação com os seus consumidores, em diferentes pontos.

Conclui-se este artigo deixando a mensagem de que existem possibilidades de se estabelecer novos paradigmas que conciliem a expansão econômica com políticas organizacionais de gestão

socioambiental pró-ativa nas iniciativas públicas e privadas, fazendo com que o avanço tecnológico, a conservação, a gestão socioambiental e o consumo responsável sejam aliados, permitindo o desenvolvimento ambientalmente respon-sável, o crescimento econômico sem destruição do meio ambiente e assegurando qualidade de vida e biodiversidade ao planeta.

Referências

ANDRADE, R. O. B.; TACHIZAWA, T. Gestão e socioambiental: estratégias na nova era da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2008.

DIAS, R. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SALVADOR. Prefeitura Municipal. Superintendência de Meio Ambiente. Licença ambiental: portaria nº 336/2009 PR 59.00 2009 659, dez. 2009.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

Rafael Loureiro Ortins1

Ângelo Boreggio Neto2

RESUMO

O presente artigo irá fazer um estudo do fenômeno da bitributação internacional no Brasil com o

objetivo de explanar a forma como se é utilizada os Tratados de Dupla Tributação pelos

empresários, e como o uso indevido destes é combatido pelo Direito brasileiro. Para tal o

trabalho buscará analisar este fenômeno, definir como se configura os chamados Tratados de

Dupla Tributação e explicar o que de fato é o uso indevido destes tratados e o seu combate.

PALAVRAS-CHAVE:

Bitributação internacional. Tratados de Dupla Tributação. Uso dos tratados. Uso impróprio.

1Rafael Loureiro Ortins, aluno do curso de Bacharelado em Direito - Faculdade Ruy Barbosa. E-mail: [email protected] 2Ângelo Boreggio, Mestre em Direito - PUC/SP. Orientador e Professor do Curso de Direito, Faculdade Ruy Barbosa.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

PEDRINI, A. G. Educação ambiental empresarial no Brasil. São Paulo: Rima, 2008.

REVISTA ACB. Associação Comercial da Bahia. Ano XVIII. n. 62, Salvador, mar. 2009.

SAVITZ, A. W.; Weber, K. A empresa sustentável: o verdadeiro sucesso é lucro com responsabilidade social e ambiental. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

SEIFFERT, M. B. B. Gestão ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambiental. São Paulo: Atlas, 2007.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

Rafael Loureiro Ortins1

Ângelo Boreggio Neto2

RESUMO

O presente artigo irá fazer um estudo do fenômeno da bitributação internacional no Brasil com o

objetivo de explanar a forma como se é utilizada os Tratados de Dupla Tributação pelos

empresários, e como o uso indevido destes é combatido pelo Direito brasileiro. Para tal o

trabalho buscará analisar este fenômeno, definir como se configura os chamados Tratados de

Dupla Tributação e explicar o que de fato é o uso indevido destes tratados e o seu combate.

PALAVRAS-CHAVE:

Bitributação internacional. Tratados de Dupla Tributação. Uso dos tratados. Uso impróprio.

1Rafael Loureiro Ortins, aluno do curso de Bacharelado em Direito - Faculdade Ruy Barbosa. E-mail: [email protected] 2Ângelo Boreggio, Mestre em Direito - PUC/SP. Orientador e Professor do Curso de Direito, Faculdade Ruy Barbosa.

56

            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

Introdução

O fenômeno da globalização é a nova ordem mundial do comércio internacional. Com o constante avanço das tecnologias de informação e transporte culminado na queda das fronteiras nacionais, é cada vez mais imprescindível a construção de relações empresariais com sujeitos de diversos países, podendo estes serem fornecedores ou compradores de produtos e serviços. Esta característica do panorama mundial contemporâneo é fundamental para o desenvolvimento e surgimento de novos produtos, bem como a redução dos custos de produção em larga escala, tornando-a fundamental para a sobrevi-vência das indústrias.

A partir deste movimento global, vem à tona o curioso fenômeno da dupla tributação internacional, que surge com a partir da atuação perante vários ordenamentos jurídicos. Por ser uma situação indesejada, com o objetivo de evitar ou minimizar a incidência da prejudicial bitributação, os próprios Estados vêm buscando modos de regulamentar estas situações particulares.

Dentro desta seara, este artigo irá abordar um dos métodos mais difundidos internacionalmente para minimizar a incidência deste fenômeno que é a

realização de Tratados de Dupla Tributação. A partir da definição do que seja a chamada bitributação internacional e as características dos referidas convenções, irá ser feita uma análise acerca desta ferramenta por onde os Estados criam concessões e limitações a sua própria atividade de tributar nas relações comerciais caracterizadas pela estranhei-dade.

Além disso, será estudado também as maneiras que os particulares vêm se utilizando destes tratados para traçarem os caminhos a serem adotados para as suas atuações no cenário internacional, com destaque ao treaty shopping, rule shopping e os chamados “casos triangulares”, assim como os métodos de combate que o Estado brasileiro adota perante o chamado uso indevido ou impróprio dos Tratados de Dupla Tributação.

Feitas estas considerações iniciais, o presente trabalho acadêmico, através de interpretação e pesquisa bibliográfica, tem o escopo de fazer um estudo sobre a aplicação dos chamados Tratados de Dupla Tributação perante o ordenamento jurídico brasileiro. Abordagem esta que se justifica pela extrema relevância a utilização destes tratados no dia-a-dia das empresas atuantes no mercado internacional.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    ABSTRACT

This article will make a study of the phenomenon of international double taxation in Brazil in

order to explain how it is used the Double Taxation Treaties by entrepreneurs, and how the

misuse of these can be tackled by Brazilian law. To this end, the paper aims to analyze this

phenomenon, define the characteristics of Double Taxation Treaties and explain what actually is

the misuse of treated and his control.

KEYWORDS:

International double taxation. Double taxation treaties. Use of treaties. Misuse.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

Introdução

O fenômeno da globalização é a nova ordem mundial do comércio internacional. Com o constante avanço das tecnologias de informação e transporte culminado na queda das fronteiras nacionais, é cada vez mais imprescindível a construção de relações empresariais com sujeitos de diversos países, podendo estes serem fornecedores ou compradores de produtos e serviços. Esta característica do panorama mundial contemporâneo é fundamental para o desenvolvimento e surgimento de novos produtos, bem como a redução dos custos de produção em larga escala, tornando-a fundamental para a sobrevi-vência das indústrias.

A partir deste movimento global, vem à tona o curioso fenômeno da dupla tributação internacional, que surge com a partir da atuação perante vários ordenamentos jurídicos. Por ser uma situação indesejada, com o objetivo de evitar ou minimizar a incidência da prejudicial bitributação, os próprios Estados vêm buscando modos de regulamentar estas situações particulares.

Dentro desta seara, este artigo irá abordar um dos métodos mais difundidos internacionalmente para minimizar a incidência deste fenômeno que é a

realização de Tratados de Dupla Tributação. A partir da definição do que seja a chamada bitributação internacional e as características dos referidas convenções, irá ser feita uma análise acerca desta ferramenta por onde os Estados criam concessões e limitações a sua própria atividade de tributar nas relações comerciais caracterizadas pela estranhei-dade.

Além disso, será estudado também as maneiras que os particulares vêm se utilizando destes tratados para traçarem os caminhos a serem adotados para as suas atuações no cenário internacional, com destaque ao treaty shopping, rule shopping e os chamados “casos triangulares”, assim como os métodos de combate que o Estado brasileiro adota perante o chamado uso indevido ou impróprio dos Tratados de Dupla Tributação.

Feitas estas considerações iniciais, o presente trabalho acadêmico, através de interpretação e pesquisa bibliográfica, tem o escopo de fazer um estudo sobre a aplicação dos chamados Tratados de Dupla Tributação perante o ordenamento jurídico brasileiro. Abordagem esta que se justifica pela extrema relevância a utilização destes tratados no dia-a-dia das empresas atuantes no mercado internacional.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

acerca do estudo do tema, o caminho que Dorn adota em sua conceituação é bastante aceita até os dias atuais. Isto porque, não apenas ocupado em criar um valor verbal para a bitributação, Herbet Dorn procura levantar os elementos fundamentais para a configuração da mesma. Atualmente, a definição de maior relevância internacional é a produzida pelo Comitê Fiscal da Organização para Cooperação e Desenvol-vimento Econômico (OCDE) publicada em 1977 no Modelo de convênio da dupla imposição sobre a renda e o patrimônio que conceitua “O fenômeno da dupla tributação jurídica internacional pode definir-se de forma geral como o resultado da percepção de impostos similares em dois — ou mais — Estados, sobre um mesmo contribuinte, pela mesma matéria imponível e por idêntico período de tempo" (tradução nossa).

A partir deste conceito, pode-se resaltar os cinco elementos essenciais para que se configure a bitributação internacional. Valter Pedrosa Barretto Junior e Antônio de Moura Borges, em seus artigos, trazem que para que de fato haja a bitributação internacional, no caso concreto deve se notar a existência da pluralidade de soberanias, identidade do imposto, identi-dade do sujeito passivo, identidade do

elemento material do fato gerador e identidade do período.

A pluralidade de soberanias é essencial, até mesmo, na diferenciação de bitributação interna (que é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro) e bitribu-tação externa (perfeitamente admissível e alvo deste trabalho acadêmico), pois, como já se é sabido no âmbito do Direito Internacional, um dos elementos preponde-rantes na formação do Estado nacional e a soberania de seu governo e de suas leis. Portanto, a cobrança de um imposto por um Estado de nada impede, a priori, a cobrança de um imposto idêntico por outro.

Quanto à identidade dos impostos há bastante discussão já que por se tratar de sistemas e leis tributárias diversas, pode ser muito difícil em um caso concreto se determinar com precisão a ambiguidade entre os impostos cobrados. Portanto, com escopo em afastar essa necessidade de enquadrar rigidamente os impostos, Borges defende a substituição do termo “identidade” por termos mais abrangentes.

No entanto, considerando a diversidade dos

sistemas tributários, os elementos acima

referidos não devem ser examinados com

muita rigidez. Esta observação reflete a

tendência, que ora se verifica, em substituir a

expressão "identidade dos impostos" pelas

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

2. Aspectos gerais sobre a bitributação internacional

A bitributação internacional é um fenômeno combatido há muito tempo. Data-se que desde o último período do século XIX, este problema já era notado e os primeiros esforços para combatê-lo já eram tomados. Como relata Antônio de Moura Borges (2001), as análises mais enérgicas e robustas se deram com o advento da já extinta Sociedade das Nações em 1921 através do seu Comitê Financeiro.

Porém, nesta fase, a ocorrência de empresas atuantes em diversos países ainda se dava de forma muito lenta e tímida. Somente após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando a atuação de empresas em outros Estados (principalmente naqueles devastados pela guerra) se tornou uma necessidade e uma grande oportunidade de mercado, que se foi sentido o impacto das diferentes ordens tributárias nas receitas dos grandes grupos econômicos que estavam por se formar.

Desde então, a interação das empresas estrangeiras em diversas nações tem se tornado uma grande ferramenta para o capitalismo e o grande impulso para o avanço das relações comerciais, culturais e do avanço tecnológico dos sistemas de trocas de informações. Entretanto, a

imposição tributária de cada Estado vem se tornando um grande obstáculo desta tendência global.

Como cada Estado nacional é soberano e não pode ter seu regimento de leis restringido pelo regimento de outro Estado, o que se vê é uma total independência de cada país ao cobrar os tributos devidos pelos nacionais e pelos estrangeiros que atuam em seu território. Por isso, se tornou um fato do cotidiano a tributação de vários estados sobre uma mesma empresa, por um mesmo fato gerador.

2.1. Conceito de bitributação

Nos estudos produzidos até então, diversas são as tentativas de conceituar de forma inequívoca que de fato seja a bitributação. O primeiro conceito de relevância, conforme aponta Dorn (1938, apud BORGES, 2001) foi o elaborado pelo economista alemão Herbert Dorn no ano de 1927 quando o mesmo define “A dupla – múltipla – tributação se verifica quando vários titulares de soberania tributárias independentes – no caso vários Estados independentes – submetem o mesmo contribuinte, pelo mesmo objeto, contem-poraneamente, a um imposto de mesma espécie”.

Apesar de ser fazer de bases primárias

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

acerca do estudo do tema, o caminho que Dorn adota em sua conceituação é bastante aceita até os dias atuais. Isto porque, não apenas ocupado em criar um valor verbal para a bitributação, Herbet Dorn procura levantar os elementos fundamentais para a configuração da mesma. Atualmente, a definição de maior relevância internacional é a produzida pelo Comitê Fiscal da Organização para Cooperação e Desenvol-vimento Econômico (OCDE) publicada em 1977 no Modelo de convênio da dupla imposição sobre a renda e o patrimônio que conceitua “O fenômeno da dupla tributação jurídica internacional pode definir-se de forma geral como o resultado da percepção de impostos similares em dois — ou mais — Estados, sobre um mesmo contribuinte, pela mesma matéria imponível e por idêntico período de tempo" (tradução nossa).

A partir deste conceito, pode-se resaltar os cinco elementos essenciais para que se configure a bitributação internacional. Valter Pedrosa Barretto Junior e Antônio de Moura Borges, em seus artigos, trazem que para que de fato haja a bitributação internacional, no caso concreto deve se notar a existência da pluralidade de soberanias, identidade do imposto, identi-dade do sujeito passivo, identidade do

elemento material do fato gerador e identidade do período.

A pluralidade de soberanias é essencial, até mesmo, na diferenciação de bitributação interna (que é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro) e bitribu-tação externa (perfeitamente admissível e alvo deste trabalho acadêmico), pois, como já se é sabido no âmbito do Direito Internacional, um dos elementos preponde-rantes na formação do Estado nacional e a soberania de seu governo e de suas leis. Portanto, a cobrança de um imposto por um Estado de nada impede, a priori, a cobrança de um imposto idêntico por outro.

Quanto à identidade dos impostos há bastante discussão já que por se tratar de sistemas e leis tributárias diversas, pode ser muito difícil em um caso concreto se determinar com precisão a ambiguidade entre os impostos cobrados. Portanto, com escopo em afastar essa necessidade de enquadrar rigidamente os impostos, Borges defende a substituição do termo “identidade” por termos mais abrangentes.

No entanto, considerando a diversidade dos

sistemas tributários, os elementos acima

referidos não devem ser examinados com

muita rigidez. Esta observação reflete a

tendência, que ora se verifica, em substituir a

expressão "identidade dos impostos" pelas

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

em um só lapso temporal, de um mesmo fato gerador.

2.2. Classificações

Como os demais institutos jurídicos, a doutrina que versa sobre a bitributação internacional, para um estudo mais didático, buscar classificar este fenômeno com base em diversos critérios. Entretanto, como forma de simplificar a análise do tema, este trabalho irá se concentrar naquelas classificações que se têm como mais importantes.

A classificação mais importante para este estudo é a segmentação da bitributação internacional em vertical, horizontal e oblíqua. Esta tem como critério a posição em que os entes tributadores estão entre si.

Quando se fala em tributação vertical, Borges traz a ideia de que os entes que estão impondo os tributos não estão no mesmo grau de autonomia, ou seja, há certa dependência ou supremacia entre eles (como nos casos dos micro-estados). Já por pluritributação internacional horizontal (a mais frequente) se faz quando os entes tributadores estão situados em um mesmo nível hierárquico. Por fim, a oblíqua é a situação quem que os entes nem estão em um mesmo nível, nem há qualquer supremacia entre eles.

Pode-se, também, classificar o fenôme-no da bitributação internacional em efetiva e virtual. Enquanto a efetiva é a que de fato ocorre, a virtual, na prática inexiste senão uma possibilidade de ocorrência, pois nesta um dos Estados abre mão da imposição do tributo.

A bitributação pode de dar de forma intencional ou não intencional. Enquanto a intencional um dos Estados, por motivos políticos e econômicos, cria de forma proposital a situação de dupa tributação, a não intencional se dá quando esta ocorre de forma natural pela sobreposição dos ordenamentos jurídicos.

Com base na classificação de impostos reais e pessoais realizada por Borges, a bitributação internacional pode distinguir entre real, pessoal e mista. Caso os impostos que insejarem a bitributação se baseiem nos bens do sujeito passivo, esta será real. Caso forem baseadas em aspectos pessoais, ela será pessoal. Será mista quando houver a junção dos aspectos reais e pessoais na incidência da bitributação.

Por último, o presente trabalho destaca a classificação em simples e composta trazida por Borges. Será simples a bitributação que se configura a partir de dois tributos impostos por dois Estados soberanos e distintos. Já composta é aquela

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

expressões "impostos similares", "impostos

semelhantes" e "impostos análogos".

(BORGES, 2001, online)

Entretanto, segundo o posicionamento

de Bernardo Ribeiro de Moraes, trazido pelo próprio Antônio de Moura Borges, que é perfeitamente possível se definir a identidade de dois impostos de ordena-mentos jurídicos distintos quando estes possuem os mesmos aspectos materiais, subjetivos (neste caso, apenas referente ao sujeito passivo) e quantitativos. Por isso, entende-se que uma mudança neste requisito não se faz necessária.

Já pela identidade do sujeito passivo se conclui que para que se configure a bitributação internacional, os impostos devem ser cobrados perante um mesmo sujeito. Entretanto, Barreto Junior, ressalvando este dispositivo, ensina, com base na multiplicidade de relações do mundo atual: “Esta exigência, entretanto, segundo a moderna doutrina, não deve ser vista com absoluta rigidez, flexibilizando-a em casos, por exemplo, de marido – mulher ou empresa – sócios”.

Para que se tenha qualquer possibilidade de similitude entre impostos, a necessidade de que estes se baseiem em um mesmo fato gerador se torna fundamental. Borges (2001, online) não hesita quando afirma

“Em não se estando, pois, diante de idêntico elemento material do fato gerador, não estará caracterizada a dupla tributação”.

Por último, apesar de não ser mencionado por alguns devido a sua obviedade, a doutrina majoritária sobre o tema determina a identidade do aspecto temporal como o último elemento caracterizador da bitributação interna-cional. Com isso, entende-se que deve, a configuração do fato gerador oponível, obedecer ao mesmo período.

Vale ressaltar que as definições mais abraçadas no cenário mundial não restringem à visão que o fenômeno da bitributação ocorre apenas entre dois países. A atual conjuntura do mercado internacional mostra que é cada vez mais recorrente empresas com inúmeras filiais em diversos países. Por isso, Heleno Tôrres (2001) rechaça o termo dupla tributação, deixando claro que o mais correto seria que se falasse de pluri ou multitributação internacional.

Com isso é possível conceituar, para um melhor entendimento, o fenômeno da bitributação (ou multitributação) interna-cional como imposição tributária idêntica praticada por dois ou mais Estados soberanos perante a uma identidade de sujeitos passivos, devido a configuração,

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

em um só lapso temporal, de um mesmo fato gerador.

2.2. Classificações

Como os demais institutos jurídicos, a doutrina que versa sobre a bitributação internacional, para um estudo mais didático, buscar classificar este fenômeno com base em diversos critérios. Entretanto, como forma de simplificar a análise do tema, este trabalho irá se concentrar naquelas classificações que se têm como mais importantes.

A classificação mais importante para este estudo é a segmentação da bitributação internacional em vertical, horizontal e oblíqua. Esta tem como critério a posição em que os entes tributadores estão entre si.

Quando se fala em tributação vertical, Borges traz a ideia de que os entes que estão impondo os tributos não estão no mesmo grau de autonomia, ou seja, há certa dependência ou supremacia entre eles (como nos casos dos micro-estados). Já por pluritributação internacional horizontal (a mais frequente) se faz quando os entes tributadores estão situados em um mesmo nível hierárquico. Por fim, a oblíqua é a situação quem que os entes nem estão em um mesmo nível, nem há qualquer supremacia entre eles.

Pode-se, também, classificar o fenôme-no da bitributação internacional em efetiva e virtual. Enquanto a efetiva é a que de fato ocorre, a virtual, na prática inexiste senão uma possibilidade de ocorrência, pois nesta um dos Estados abre mão da imposição do tributo.

A bitributação pode de dar de forma intencional ou não intencional. Enquanto a intencional um dos Estados, por motivos políticos e econômicos, cria de forma proposital a situação de dupa tributação, a não intencional se dá quando esta ocorre de forma natural pela sobreposição dos ordenamentos jurídicos.

Com base na classificação de impostos reais e pessoais realizada por Borges, a bitributação internacional pode distinguir entre real, pessoal e mista. Caso os impostos que insejarem a bitributação se baseiem nos bens do sujeito passivo, esta será real. Caso forem baseadas em aspectos pessoais, ela será pessoal. Será mista quando houver a junção dos aspectos reais e pessoais na incidência da bitributação.

Por último, o presente trabalho destaca a classificação em simples e composta trazida por Borges. Será simples a bitributação que se configura a partir de dois tributos impostos por dois Estados soberanos e distintos. Já composta é aquela

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

direção para o seu Direito Tributário, podem se fazer de dois critérios: o da residência e o da nacionalidade.

Por critério residência, entende-se que incide o poder de tributar a todos aqueles que simplesmente residem em seus territórios, enquanto o critério da naciona-lidade vai buscar impor o poder de tributar a todos os nacionais de um determinado País, não importando o local de seu domicílio ou fonte de sua renda.

Já os ordenamentos que adotam o princípio do territorialismo se fazem do critério da fonte. Segundo este, o que determina a capacidade de cobrar os tributos é a localização dos bens e dos serviços. Ou seja, independente da origem e sede da pessoa, se realizar fato gerador dentro do seu território nacional, o Estado tem a capacidade de impor o tributo.

Entretanto Borges alerta acerca da aplicação destes princípios e critérios na prática. Como assevera o autor, são raros os Estados que adotam apenas um dos princípios para regulamentar suas capacidades tributárias. Geralmente, o que se é visto nos ordenamentos jurídicos, é a presença de ambos os princípios dando-se preferência ao princípio da universalidade com base no critério da residência nos países com caráter de exportação e para o

critério da nacionalidade nos Estados onde prevalecem da residência e da fonte.

Com isso, conclui-se que existem certos critérios para delimitação da competência tributária dos Estados. Para protegerem os interesses de sua economia e evitar que o contribuinte se esquive do seu poder de tributar, a grande maioria das Nações acabam por adotar mais de um critério, desta forma abrangendo o maior número de situações possíveis.

Entretanto, ao adotar diversos critérios, os Estados colaboram para que seja grande a incidência da bitributação, já que torna possível a imposição tributária de vários ordenamentos perante um mesmo fato, apenas pela questão da adoção de critérios diversos em cada país. Neste sentido, Borges (2001) ensina que geralmente esta situação se dá quando uma pessoa residente de um determinado país, que adota o critério da residência, recebe rendas produzidas em outra localidade, que adota o critério da fonte.

Não obstante, o próprio Borges (2001) alerta que a incidência de bitributação não se dá apenas pela adoção de princípios diferentes. Esta dupla imposição tributária pode ser configurada pela mera confusão na interpretação de um mesmo critério.

Pelo critério da residência uma empresa

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    que se sobrepõe a outra bitributação, podendo ser interna ou externa.

2.3. Critérios adotados para delimitação de competência no âmbito internacional

Antes de adentrar nos princípios que irão reger o alcance do poder de tributar de cada ordenamento jurídico, é imprescindí-vel comentar acerca dos elementos de conexão.

Os elementos de conexão são os que dão esteio à adoção da universalidade ou da territorialidade. São eles que vão determinar a localidade em que a norma tributária será válida. Com maestria, Francisco Daniel Holanda Noronha conceitua:

Os elementos de conexão correspondem a

uma ligação,um vínculo entre o fato da vida

que surge perante a sociedade e o

ordenamento jurídico aplicável a essa

situação. Em verdade, o elemento de ligação

vai configurar, em uma situação escolhida

pela norma tributária, a possibilidade de

incidência do tributo sobre rendimentos

auferidos pelas pessoas, sejam físicas ou

jurídicas, no que concerne a sua atuação no

mercado internacional de capitais.

(NORONHA, 2008, online)

No bojo dos elementos de conexão, a doutrina os divide em elementos de conexão materiais ou objetivos (referindo-se ao fato ou à base de cálculo) e os elementos de conexão subjetivos (referin-do-se à pessoa).

Entre os elementos de conexão materiais se destacam os critérios do estabelecimento permanente, a localidade dos bens pelos quais incidem os tributos e a fonte dos rendimentos tributáveis. Já a os elementos de conexão subjetivos se prendem à nacionalidade do possível contribuinte ou sua residência ou domicílio.

A partir do estudo dos elementos de conexão feito por Noronha (2008) pode-se concluir que para delimitar suas competências tributárias, os Estados se fazem de dois grandes princípios: o da universalidade (world wide income) e do territorialismo (source income taxation). Estes princípios acabam servindo de critério para determinar até aonde cada Estado pode agir com sua força tributária impositiva perante os privados. Vale ressaltar que a escolha de cada princípio a ser seguido pelo ordenamento jurídico pátrio pode ser relacionado ao tipo e estágio de economia do país.

Os ordenamentos jurídicos fiscais que adotam o princípio da universalidade como

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

direção para o seu Direito Tributário, podem se fazer de dois critérios: o da residência e o da nacionalidade.

Por critério residência, entende-se que incide o poder de tributar a todos aqueles que simplesmente residem em seus territórios, enquanto o critério da naciona-lidade vai buscar impor o poder de tributar a todos os nacionais de um determinado País, não importando o local de seu domicílio ou fonte de sua renda.

Já os ordenamentos que adotam o princípio do territorialismo se fazem do critério da fonte. Segundo este, o que determina a capacidade de cobrar os tributos é a localização dos bens e dos serviços. Ou seja, independente da origem e sede da pessoa, se realizar fato gerador dentro do seu território nacional, o Estado tem a capacidade de impor o tributo.

Entretanto Borges alerta acerca da aplicação destes princípios e critérios na prática. Como assevera o autor, são raros os Estados que adotam apenas um dos princípios para regulamentar suas capacidades tributárias. Geralmente, o que se é visto nos ordenamentos jurídicos, é a presença de ambos os princípios dando-se preferência ao princípio da universalidade com base no critério da residência nos países com caráter de exportação e para o

critério da nacionalidade nos Estados onde prevalecem da residência e da fonte.

Com isso, conclui-se que existem certos critérios para delimitação da competência tributária dos Estados. Para protegerem os interesses de sua economia e evitar que o contribuinte se esquive do seu poder de tributar, a grande maioria das Nações acabam por adotar mais de um critério, desta forma abrangendo o maior número de situações possíveis.

Entretanto, ao adotar diversos critérios, os Estados colaboram para que seja grande a incidência da bitributação, já que torna possível a imposição tributária de vários ordenamentos perante um mesmo fato, apenas pela questão da adoção de critérios diversos em cada país. Neste sentido, Borges (2001) ensina que geralmente esta situação se dá quando uma pessoa residente de um determinado país, que adota o critério da residência, recebe rendas produzidas em outra localidade, que adota o critério da fonte.

Não obstante, o próprio Borges (2001) alerta que a incidência de bitributação não se dá apenas pela adoção de princípios diferentes. Esta dupla imposição tributária pode ser configurada pela mera confusão na interpretação de um mesmo critério.

Pelo critério da residência uma empresa

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

seus signatários, pois determina que os tratados internacionais devem ser cumpridos.

Este princípio está inserido no próprio Direito brasileiro na adoção no monismo para tratados que abordem elencado pelo artigo 5º, § 2º3 da Constituição Federal (aplicação direta das normas consuetudinárias perante o ordenamento interno – o Direito é uno) em detrimento da corrente dualista, direcionamento que fora bastante empregado pelos países de concepção totalitária e socialista, que defendia uma ruptura entre as fontes âmbito interno e no âmbito externo. Para estes, a norma constituída consuetudina-riamente só seriam vigentes na ordem nacional se fossem posteriormente transformadas em normas.

Outro princípio de suma importância para a aplicação dos tratados internacionais é a boa-fé que, também, está elencado no artigo 26 da Convenção de Viena está presente em diversos dispositivos do ordenamento jurídico brasileiro, conforme ensina Alessandra Okuma:  

 

O princípio da boa fé internacional, refletido

no art. 26 da Convenção de Viena, foi

recepcionado pelo nosso ordenamento

jurídico e encontra fundamento no princípio

da legalidade (art. 5º, II, da Constituição

Federal), no princípio da segurança jurídica

e em diversos dispositivos do Código Civil

(como por exemplo, nos arts. 164, 294, 307,

308, 689, 1.201, 1268). Em matéria

Tributária, fundamenta-se também no

princípio da capacidade contributiva (art.

145 § 1º, da Constituição Federal), da

tipicidade cerrada e da legalidade estrita (art.

150, I da Constituição Federal), bem como

lembraram Sacha Calmon e Misabel Derzi.

(OKUMA, 2009, p. 66)

 

Por este princípio se tem a proteção do particular que atua de acordo com o comportamento transparente e de operacio-nallização tida como adequada, o que confere um caráter um tanto quanto subjetivo no momento de aplicação deste pilar jurídico, já que a definição do que será boa ou má conduta decorrerá da visão do órgão julgador.

3.2. Dos tratados de dupla

tributação no ordenamento jurídico brasileiro

Dentro do imenso universo dos tratados internacionais, destacam-se, em questão de matéria tributária, os Tratados de Dupla Tributação. Estas convenções tem o objetivo de, se não eliminar, reduzir a

3CF, art. 5º, § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por

ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    pode estar vinculada a dois Estados, pois pode-se considerar residente tanto a empresa que foi constituída em um determinado território ou na localidade onde se concentra o seu poder de decisão e controle. Ou seja, se uma empresa X é constituída em um Estado A e mantém suas atividade de direção num Estado B, mesmo ambos adotando apenas a residência para instituir sua competência tributária, ainda sim irá haver o evento da bitributação.

O mesmo pode acontecer com o critério da fonte. Segundo Borges, pode ser considerada fonte de um rendimento tanto no local de prestação de um determinado serviço quanto o local de onde se origina o pagamento pelo referido serviço. Desta forma, pode haver bitributação quando uma empresa atua em uma determinada localidade a requerimento de outra, porém esta segunda está localizada em um país distinto de onde o serviço é prestado.

3. Os tratados de dupla tributação No cenário mundial, é ampla a

utilização de tratados para criar organismos supranacionais e regulamentar os mais diversos temas. Possuindo a grande vantagem de serem livres no que tange a sua criação e aceitação, não terem

limitações no que tange às matérias que podem ser normatizadas e serem uma expressão. Não obstante, este se tornou o mecanismo mais utilizado, no sentido de criar soluções para a justa da bitributação internacional.

3.1. Considerações sobre os tratados internacionais

Os tratados internacionais conforme

conceitua o excelentíssimo Francisco Rezek (2008, s.p.), podem ser definidos como “todo acordo formal concluído entre sujeitos de Direito Internacional Público, e destinado a produzir efeitos jurídicos” Ou seja, através desta definição clássica, pode-se concluir que se trata de um instrumento com a função precípua de criar normas com base na vontade política das nações.

Hoje tem–se nos tratados a principal fonte do Direito Internacional Público, que como ramo autônomo da ciência jurídica, também está enraizado por princípios, positivados pela Convenção de Viena sobre os Direitos dos Tratados de 1969.

O mais importante fundamento do Direito dos Tratados é o pacta sunt servanda, elencado no artigo 26 da supracitada convenção. A partir dele pode-se definir como regra a respeitabilidade e o aspecto impositivo dos tratados perante

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

seus signatários, pois determina que os tratados internacionais devem ser cumpridos.

Este princípio está inserido no próprio Direito brasileiro na adoção no monismo para tratados que abordem elencado pelo artigo 5º, § 2º3 da Constituição Federal (aplicação direta das normas consuetudinárias perante o ordenamento interno – o Direito é uno) em detrimento da corrente dualista, direcionamento que fora bastante empregado pelos países de concepção totalitária e socialista, que defendia uma ruptura entre as fontes âmbito interno e no âmbito externo. Para estes, a norma constituída consuetudina-riamente só seriam vigentes na ordem nacional se fossem posteriormente transformadas em normas.

Outro princípio de suma importância para a aplicação dos tratados internacionais é a boa-fé que, também, está elencado no artigo 26 da Convenção de Viena está presente em diversos dispositivos do ordenamento jurídico brasileiro, conforme ensina Alessandra Okuma:  

 

O princípio da boa fé internacional, refletido

no art. 26 da Convenção de Viena, foi

recepcionado pelo nosso ordenamento

jurídico e encontra fundamento no princípio

da legalidade (art. 5º, II, da Constituição

Federal), no princípio da segurança jurídica

e em diversos dispositivos do Código Civil

(como por exemplo, nos arts. 164, 294, 307,

308, 689, 1.201, 1268). Em matéria

Tributária, fundamenta-se também no

princípio da capacidade contributiva (art.

145 § 1º, da Constituição Federal), da

tipicidade cerrada e da legalidade estrita (art.

150, I da Constituição Federal), bem como

lembraram Sacha Calmon e Misabel Derzi.

(OKUMA, 2009, p. 66)

 

Por este princípio se tem a proteção do particular que atua de acordo com o comportamento transparente e de operacio-nallização tida como adequada, o que confere um caráter um tanto quanto subjetivo no momento de aplicação deste pilar jurídico, já que a definição do que será boa ou má conduta decorrerá da visão do órgão julgador.

3.2. Dos tratados de dupla

tributação no ordenamento jurídico brasileiro

Dentro do imenso universo dos tratados internacionais, destacam-se, em questão de matéria tributária, os Tratados de Dupla Tributação. Estas convenções tem o objetivo de, se não eliminar, reduzir a

3CF, art. 5º, § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por

ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

dos bens tributáveis e a delimitação da competência de cada Estado em tributar perante cada caso concreto (capítulo III); a competência de tributar os montantes advindos sobre o capital (capítulo IV); os métodos da isenção e da imputação que poderão ser utilizados para combater a dupla incidência tributária (capítulo V); disposições especiais que abortam as questões da extensão territorial, a troca de informações entre os contratantes, entre outras (capítulo VI); finalizando com as regras para entrada em vigor, denúncia e revogação do referido tratado (capítulo VII).

Vale ressaltar que apesar do Brasil, assim como a grande maioria dos países do globo, adotar, praticamente como regra, o supracitado modelo da OCDE, esta forma não é única. Conforme elenca Agostinho Toffoli Tavoralo, com relevância internacional, ainda existe o modelo proposto pela Organização das Nações Unidas e pelos Estados Unidos da América. Todavia, assevera o autor que o modelo da OCDE é tão difundido mundialmente que serviu de inspiração nas mais recentes atualizações destes modelos:

 De longe o TDT de maior utilização em todo

mundo, mesmo porque integrada a [sic]

OECD [sic] pelos países desenvolvidos, que

nela detém a maioria, serve de arcabouço

aos modelos da ONU e dos EUA, com

modificações tópicas de acordo com a

orientação dos integrantes do organismo

internacional máximo, ou do IRS americano.

[...] (TAVOLARO, 2009, p. 576)

 

Como já fora frisado, os tratados internacionais tem como objetivo primordial, criar normas de conduta entre dois ou mais Estados soberanos. No que tange os Tratados de Dupla Tributação, há uma série de nuances quanto à hierarquia de suas normas.

O primeiro ponto a ser abordado é a prevalência dos dispositivos contidos em um TDT sobre a ordem jurídica interna brasileira.

De acordo com o artigo 98 do CTN, “Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha”. Ou seja, a partir da leitura deste dispositivo pode-se concluir que os Tratados de Dupla Tributação possui uma hierarquia superior às demais leis internas brasileiras, fazendo como uma exceção ao princípio da “lex posteriori derrogat anteriori”, já que mesmo se promulgada uma lei posterior ao TDT, ela não pode derrogar os seus efeitos.

Neste aspecto, fazendo uso dos institutos do Direito Internacional Público, ensina Alberto Xavier:

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    imposição de duas cargas tributárias sobre um mesmo evento que tanto incomoda os grandes empresários e esfriam o movimento das trocas entre nações, encarecendo o valor dos produtos e serviços, tão importantes na conjuntura política e econômica atual.

Assim como os demais tratados internacionais, os Tratados de Dupla Tribu-tação podem ser multilaterais (quando firmados entre 3 ou mais países) ou bilaterais (firmados entre duas nações soberanas). Entretanto, apesar de tratados mais abrangentes facilitarem a informação dos privados e gerarem uma maior uniformização acerca do tema, como destaca Agostinho Toffoli Tavolaro (2009), para esta temática, os tratados bilaterais são expressamente os mais utilizados.

Atualmente o Brasil possui 294 tratados vigentes5 que regulamentam esta bitributação internacional firmados com África do Sul, Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Chile, China, Coréia, Dinamarca, Equador, Espanha, Filipinas,

Finlândia, França, Hungria, Índia, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Países Baixos, Peru, Portugal, Eslováquia, República Tcheca, Suécia e Ucrânia. Todos estes tratados são bilate-rais, o que se tem como característica mundial neste tipo de convenção.

Entretanto, apesar de serem, no âmbito da quantidade de signatários, bastante específicos, todos eles seguem um modelo único elaborado pela já citada Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)6, uma organização internacional criada na França original-mente para auxiliar a recuperação dos países europeus nos pós-Segunda Guerra Mundial e hoje, com a ampliação de seus trabalhos, possui o objetivo de facilitar e propor soluções para o desenvolvimento econômico mundial.

Este modelo de tratado, atualizado no ano de 2003, é divido em sete capítulos. Destes capítulos, conforme tece Alberto Xavier, pode-se destacar seis grupos de normas: as regras para a aplicação do tratado (capítulos I e II); a diferenciação

4Dados extraídos do site da Receita Federal da República Federativa do Brasil <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/acordos

internacionais/acordosduplatrib.htm>. Acesso em: 25 abr. 2012. 5O tratado com a Alemanha tornou-se sem efeito desde 1º de janeiro de 2006 por disposições de Decreto nº 5.654/2005 que culminou

no Ato Declaratório Executivo SRF no 72 em virtude de denúncia oferecida pelo governo alemão. 6Apesar de não ser um Estado-membro da OCDE, o Brasil possui um relevante papel perante esta organização internacional na

qualidade de cooperador.

67

            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

dos bens tributáveis e a delimitação da competência de cada Estado em tributar perante cada caso concreto (capítulo III); a competência de tributar os montantes advindos sobre o capital (capítulo IV); os métodos da isenção e da imputação que poderão ser utilizados para combater a dupla incidência tributária (capítulo V); disposições especiais que abortam as questões da extensão territorial, a troca de informações entre os contratantes, entre outras (capítulo VI); finalizando com as regras para entrada em vigor, denúncia e revogação do referido tratado (capítulo VII).

Vale ressaltar que apesar do Brasil, assim como a grande maioria dos países do globo, adotar, praticamente como regra, o supracitado modelo da OCDE, esta forma não é única. Conforme elenca Agostinho Toffoli Tavoralo, com relevância internacional, ainda existe o modelo proposto pela Organização das Nações Unidas e pelos Estados Unidos da América. Todavia, assevera o autor que o modelo da OCDE é tão difundido mundialmente que serviu de inspiração nas mais recentes atualizações destes modelos:

 De longe o TDT de maior utilização em todo

mundo, mesmo porque integrada a [sic]

OECD [sic] pelos países desenvolvidos, que

nela detém a maioria, serve de arcabouço

aos modelos da ONU e dos EUA, com

modificações tópicas de acordo com a

orientação dos integrantes do organismo

internacional máximo, ou do IRS americano.

[...] (TAVOLARO, 2009, p. 576)

 

Como já fora frisado, os tratados internacionais tem como objetivo primordial, criar normas de conduta entre dois ou mais Estados soberanos. No que tange os Tratados de Dupla Tributação, há uma série de nuances quanto à hierarquia de suas normas.

O primeiro ponto a ser abordado é a prevalência dos dispositivos contidos em um TDT sobre a ordem jurídica interna brasileira.

De acordo com o artigo 98 do CTN, “Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha”. Ou seja, a partir da leitura deste dispositivo pode-se concluir que os Tratados de Dupla Tributação possui uma hierarquia superior às demais leis internas brasileiras, fazendo como uma exceção ao princípio da “lex posteriori derrogat anteriori”, já que mesmo se promulgada uma lei posterior ao TDT, ela não pode derrogar os seus efeitos.

Neste aspecto, fazendo uso dos institutos do Direito Internacional Público, ensina Alberto Xavier:

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

possuem uma posição de destaque perante o ordenamento juídico brasileiro. Esta supremacia se dá tanto pela matéria que estas convenções bilaterais abordam quanto pelos princípios inerentes do Direito dos Tratados instituídos pela Convenção de Viena de 1969.

4. A utilização dos TDTs no

“Planejamento Tributário” das empresas no Brasil

Conforme foi visto anteriormente, os Tratados de Dupla Tributação são utilizados amplamente ao redor do mundo como uma ferramenta para solucionar a questão da bitributação internacional. Entretanto, o que seria um mecanismo para o Estado evitar uma injusta dupla incidência de impostos, acaba sendo utilizada pelos particulares nos seus planejamentos tributários como forma de majorar lucros através da redução proposital da carga tributária sobre o seus produtos e serviços.

Esta prática de se fazer das regras consuetudinárias para obter vantagens comerciais e financeiras, já que não há apenas um acréscimo dos ganhos como também a oportunidade de se oferecer um bem de valor mais competitivo no mercado, é o que a doutrina majoritária dá

o nome de “uso indevido”, “uso impróprio” ou “uso abusivo” dos tratados de direito tributário.

Esta nomenclatura é aplicada devido às intenções primordiais dos Estados ao celebrarem os Tratados de Dupla Tributa-ção.

Conforme elenca Tôrres (2001), quando os governos resolvem por constituir regras para reduzir o peso da carga tributária nas transações entres seus países, eles almejam beneficiar os seus residentes – a sua malha de empresários – nos produtos e serviços elencados pelo Acordo. Com isso, além de fomentar o seu polo industrial com novos clientes potenciais, ajuda na obtenção de novas tecnologias, bens e matérias primas.

Portanto, o que é chamado de uso indevido destes tratados é quando, por estratégia operacional, empresas de outros países se fazem destas facilidades para angariar vantagens e alcançar novos mercados (treaty shopping) ou quando as empresas “mascaram” o real objeto da relação comercial para que este se encaixe numa das hipóteses elencadas nos tratados (rule shopping). Há, também, uma terceira prática qual a doutrina nomeia de casos triangulares, que apesar de serem considerados como “uso impróprio” dos TDTs, é a única oficialmente legitimada pela OCDE.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

[...] causa estranheza a própria discussão do

problema da superioridade hierárquica das

fontes internacionais de produção do direito,

tendo em vista o princípio do direito

consuetudinário pacta sunt servanda, que

tem como corolário a regra consagrada no

art. 27 da Convenção de Viena sobre o

Direito dos Tratados de 1969, segundo a

qual nenhum Estado pode invocar as suas

normas internas para se eximir ao

cumprimento das suas obrigações

internacionais. (XAVIER, 2005, p. 109)

 Com isso, segundo o autor, com fulcro

no próprio CTN, não é cabível a aplicação do parágrafo único do artigo 1167 do próprio Código perante as situações abarcadas por um Tratado de Dupla Tributação. Esta não incidência é reforçada com o caráter de Garantias Fundamentais das normas elencadas em tratados que versem sobre o Direito Tributário.

Conforme destaca Alberto Xavier, as questões de Direito Tributário devem ser interpretados como Direitos e Garantias

Fundamentais. Como tal, os Tratados de Dupla Tributação alcançam um caráter “supraconstitucional”8 argumentando, o autor que a própria Carta Magna dá o tratamento de garantia fundamental do contribuinte perante o Estado no seu artigo 150, caput9 e tendo sua receptibilidade como tal assegurado no artigo 5º, § 2º10 , e pela alcance das suas normas perante aos administrados, quando o mesmo destaca:  

 Ora, a matéria tributária situa-se

precisamente no cerne dos direitos e

garantias constitucionais, pois não só a

própria Constituição assim considera (art.

150 “caput”, da Constituição Federal), como

atinge de pleno direitos garantias, como a

propriedade privada, a liberdade e comércio

e a proibição do confisco. (XAVIER, 2005,

p. 124)  

Com isso, conclui-se que por própria

determinação constitucional e infracons-titucional, os Tratados de Dupla Tributação

7CTN, art. 166, § único: A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de

dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os

procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. 8Este entendimento não é o mais aceito atualmente. Segundo aponta Paulo Henrique Gonçalves Portela, a partir do julgamento da RE

229.096 pelo STF, hoje se vem adotando o caráter supralegal das disposições de Direito Tributário em tratados internacionais.

(PORTELA, 2010). 9CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios. 10CF, Art. 5º § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por

ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

possuem uma posição de destaque perante o ordenamento juídico brasileiro. Esta supremacia se dá tanto pela matéria que estas convenções bilaterais abordam quanto pelos princípios inerentes do Direito dos Tratados instituídos pela Convenção de Viena de 1969.

4. A utilização dos TDTs no

“Planejamento Tributário” das empresas no Brasil

Conforme foi visto anteriormente, os Tratados de Dupla Tributação são utilizados amplamente ao redor do mundo como uma ferramenta para solucionar a questão da bitributação internacional. Entretanto, o que seria um mecanismo para o Estado evitar uma injusta dupla incidência de impostos, acaba sendo utilizada pelos particulares nos seus planejamentos tributários como forma de majorar lucros através da redução proposital da carga tributária sobre o seus produtos e serviços.

Esta prática de se fazer das regras consuetudinárias para obter vantagens comerciais e financeiras, já que não há apenas um acréscimo dos ganhos como também a oportunidade de se oferecer um bem de valor mais competitivo no mercado, é o que a doutrina majoritária dá

o nome de “uso indevido”, “uso impróprio” ou “uso abusivo” dos tratados de direito tributário.

Esta nomenclatura é aplicada devido às intenções primordiais dos Estados ao celebrarem os Tratados de Dupla Tributa-ção.

Conforme elenca Tôrres (2001), quando os governos resolvem por constituir regras para reduzir o peso da carga tributária nas transações entres seus países, eles almejam beneficiar os seus residentes – a sua malha de empresários – nos produtos e serviços elencados pelo Acordo. Com isso, além de fomentar o seu polo industrial com novos clientes potenciais, ajuda na obtenção de novas tecnologias, bens e matérias primas.

Portanto, o que é chamado de uso indevido destes tratados é quando, por estratégia operacional, empresas de outros países se fazem destas facilidades para angariar vantagens e alcançar novos mercados (treaty shopping) ou quando as empresas “mascaram” o real objeto da relação comercial para que este se encaixe numa das hipóteses elencadas nos tratados (rule shopping). Há, também, uma terceira prática qual a doutrina nomeia de casos triangulares, que apesar de serem considerados como “uso impróprio” dos TDTs, é a única oficialmente legitimada pela OCDE.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

delas, localizada em um terceiro país, este signatário em tratados tributários com ambos países.

Com isso, a organização da operação fica disposta de uma forma que uma empresa transfere os montantes acordados a sua subsidiária, gozando do TDT entre os países onde se localizam a matriz com o da sua subsidiária, e esta, por fim, transfere os bens para a empresa cliente, fazendo-se do tratado entre o país da subsidiária e o país onde está localizado contratante.

Este esquema é utilizado nas transações cujo objeto se faz por pecúnia: empréstimos, lucros e dividendos.

Já a segunda forma de se praticar o treaty shopping, conforme indica Tavolaro (2012), se dá através das chamadas empresas trampolins, que são, da mesma forma que as empresas canais, subsidiárias de uma determinada empresa. Estas empresas são utilizadas como um mecanismo para conservar e escoar os montantes destinados a futuros financia-mentos oferecidos por sua matriz.

Deste modo pode se desenhar o esquema de operação desta forma de uso dos TDTs quando duas empresas situadas em países distintos, onde não existe qualquer tratado reduzindo a incidência fiscal entre eles, resolvem praticar uma

transação de mútuo através de uma empresa subsidiária de alguma delas.

Até este ponto seria o mesmo que treaty shopping através de conduit companies. Contudo, neste cenário, não há, também, um TDT entre o país da contratada e o país da sua subsidiária. Há apenas o usufruto de benefícios fiscais por parte da subsidiária e de sua contratante.

Desta forma, a empresa matriz realiza com a sua subsidiária um contrato de mútuo para transferir o montante para a segunda e esta celebra um novo empréstimo, agora com a empresa contratante, se beneficiando entre o tratado entre os Estados onde estes residem.

Nota-se que neste sistema de operação não será gerada renda tributável para a subsidiária, já que o montante a título de empréstimo é transferido em sua totalidade a empresa contratante e os juros advindos da operação serão devidos a sua matriz. Assim, conforme conclui Tavolaro (2012), ao invés de devolver o montante devido, a subsidiária, sob o comando de sua matriz, destina a quantia a novos investimentos da segunda.

A partir destes dois exemplos de treaty shopping se pode elencar as três engrena-gens que movem todo o mecanismo: o beneficiário efetivo, terceiro interposto e país da fonte.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

4.1. O treaty shopping

Um dos métodos mais utilizados pelas empresas atuantes internacionalmente é o que a doutrina chama de treaty shopping. Termo este, conforme ressalta Tôrres

(2001), advindo de uma prática interna dos americanos de buscar estabelecer seus negócios e de decidir suas lides nos estados de jurisdição mais favorável para tal (forum shopping) e foi adequado ao Direito Tributário Internacional nos anos 50 quando empresários estrangeiros com negócios residentes nas Ilhas Virgens Britânicas e nas Antilhas Holandesas passaram a ser beneficiados, no que tange os lucros aferidos em território americano, pelos dois Tratados de Dupla Tributação firmados pelos Estados Unidos com o Reino Unido e os Países Baixos.

Após este evento relativamente fortuito, aqueles que buscavam atuar em diversos países começaram a vislumbrar a otimização dos seus lucros com base na atuação por empresas localizadas estrategicamente em Estados que fazem o uso extensivo de TDTs. Com isso, pode-se conceituar o treaty shopping como a prática de um não residente usufruir de benefícios tributários, advindos de normas consuetudinárias, de um determinado Estado a partir da implantação de empresas

nos territórios de um dos países signatários.

Portanto, como Tôrres (2001) conceitua, é a busca da melhor convenção internacional para angariar vantagens tributárias com base na manipulação do elemento subjetivo residência. Vale ressaltar que o treaty shopping não se configura quando uma pessoa passa a ser beneficiada por um Tratado de Dupla Tributação devido a adoção do critério da universalidade, já que esta prática se trata estritamente da adequação de um estrangeiro como residente de um determinado país com o escopo de gozar dos benefícios fiscais.

Esta adequação de um não residente em residente pode ser feito de duas maneiras: através da implantação de empresas canais (conduit companies) ou de empresas trampolim (stepping stone companies), gerando o que Leal (2012) denomina de estrutura triangular já que se faz através do uso de três ordenamentos jurídicos.

A primeira, as empresas canais, caracterizam-se por servirem como uma espécie de catalisadoras das relações comerciais. Se constitui quando empresas localizadas em países distintos não possuidores de um TDT praticam transações financeiras através do intermédio de uma subsidiária de alguma

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

delas, localizada em um terceiro país, este signatário em tratados tributários com ambos países.

Com isso, a organização da operação fica disposta de uma forma que uma empresa transfere os montantes acordados a sua subsidiária, gozando do TDT entre os países onde se localizam a matriz com o da sua subsidiária, e esta, por fim, transfere os bens para a empresa cliente, fazendo-se do tratado entre o país da subsidiária e o país onde está localizado contratante.

Este esquema é utilizado nas transações cujo objeto se faz por pecúnia: empréstimos, lucros e dividendos.

Já a segunda forma de se praticar o treaty shopping, conforme indica Tavolaro (2012), se dá através das chamadas empresas trampolins, que são, da mesma forma que as empresas canais, subsidiárias de uma determinada empresa. Estas empresas são utilizadas como um mecanismo para conservar e escoar os montantes destinados a futuros financia-mentos oferecidos por sua matriz.

Deste modo pode se desenhar o esquema de operação desta forma de uso dos TDTs quando duas empresas situadas em países distintos, onde não existe qualquer tratado reduzindo a incidência fiscal entre eles, resolvem praticar uma

transação de mútuo através de uma empresa subsidiária de alguma delas.

Até este ponto seria o mesmo que treaty shopping através de conduit companies. Contudo, neste cenário, não há, também, um TDT entre o país da contratada e o país da sua subsidiária. Há apenas o usufruto de benefícios fiscais por parte da subsidiária e de sua contratante.

Desta forma, a empresa matriz realiza com a sua subsidiária um contrato de mútuo para transferir o montante para a segunda e esta celebra um novo empréstimo, agora com a empresa contratante, se beneficiando entre o tratado entre os Estados onde estes residem.

Nota-se que neste sistema de operação não será gerada renda tributável para a subsidiária, já que o montante a título de empréstimo é transferido em sua totalidade a empresa contratante e os juros advindos da operação serão devidos a sua matriz. Assim, conforme conclui Tavolaro (2012), ao invés de devolver o montante devido, a subsidiária, sob o comando de sua matriz, destina a quantia a novos investimentos da segunda.

A partir destes dois exemplos de treaty shopping se pode elencar as três engrena-gens que movem todo o mecanismo: o beneficiário efetivo, terceiro interposto e país da fonte.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

foi trabalhado, incide sob o elemento “residência” para angariar benefícios fiscais.

Além disso, diferente do treaty shopping que tem como elemento basilar a não cobertura do beneficiário efetivo pelo Tratado de Dupla Tributação utilizado, o rule shopping é praticado por pessoas que são residentes em Estados signatários de acordos tributários com o país da fonte. O que é praticado é a adequação do objeto da transação em cima das disposições da convenção vigente.

4.3. Os casos triangulares

Os chamados casos triangulares nada mais são do que situações vivenciadas pelas empresas multinacionais em virtude desta quebra de fronteiras estabelecidas pela globalização, onde uma só empresa busca atuar em diversos Estados ao mesmo tempo. Elas se configuram quando uma empresa, denominada de matriz, participa societariamente dos lucros e dividendos de uma empresa localizada em outro país (terceiro sujeito), mas transfere os poderes de gerência desta referida participação a um braço desta empresa, chamada de estabelecimento permanente, que está localizada em outra nação, diversa da matriz e do terceiro sujeito.

Segundo Tôrres (2001), esta forma de organização operacional, que é frequente-mente adotado pelas empresas no cenário contemporâneo, pode ser motivada através de três razões principais: por opção em adotar uma gestão de forma descentra-lizada, por uma questão de oportunidade quando a sua filial já detêm algum vínculo comercial com a sociedade interessada ou por, simplesmente, obrigações legais ou a existência de um determinado regulamento para que esta possa praticar suas atividades no país.

Como já fora abortado, é um procedi-mento comum entre as empresas atuantes no cenário econômico internacional, porém, conforme adverte Tôrres (2001), a grande celeuma se dá quando a filial, situada em um país que não possui Tratados de Dupla Tributação com o país onde se situa o terceiro sujeito, recebe montantes a título de juros, dividendos e royalties advindos da relação entre a matriz e a sociedade a qual esta participa. Será possível ao Estado em que está localizado o estabelecimento permanente aplicar o poder de tributar perante a referida quantia?

Para resolver esta questão, Xavier começa tratando do “princípio da relatividade dos tratados”.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    Como foi visto, numa visão meramente formal das situações, tanto a matriz quanto a sua subsidiária são beneficiadas com a transação financeira. Entretanto, numa visão mais aprofundada pode-se chegar a quem é a empresa matriz a realmente beneficiada pela operação com a empresa contratante. Por isso, tem-se que ela é o beneficiário efetivo da relação, pois ela é quem faz, substancialmente, o uso do Tratado de Dupla Tributação enquanto a subsidiária é apenas uma pessoa interposta pela qual o beneficiário alcança os efeitos tratadistas.

Enquanto isso, tem-se por país da fonte o território onde reside a contratante e, portanto, possui um Tratado de Dupla Tributação com o país de onde está localizado o terceiro interposto.

Para finalizar o estudo sobre esta forma de utilizar os Tratados de Dupla Tributação, vale a pena destacar os elementos necessários para a configuração do treaty shopping. Segundo Tôrres, para que determinada situação possa ser classificada como tal deve-se vislumbrar a procura do tratado internacional mais favorável para a operação que se deseja realizar, assim como o beneficiário efetivo da relação não seja residente de um Estado signatário de TDT com o país da fonte do lucro e que se faça por um terceiro

interposto residente em outro Estado (este sim possuidor de TDT com a nação da contratante).

Quando o beneficiário efetivo reside em um Estado que detém um Tratado de Dupla Tributação com o país da fonte, mas se utilizar de outra convenção, através de uma terceira empresa, é quando se configura o que a doutrina denomina de “casos triangulares”. Esta situação será objeto de estudo posteriormente.

4.2. O rule shopping

Outra forma de se fazer dos tratados internacionais para aferir vantagens tributárias é o que a doutrina chama de rule shopping. Esta prática, como base no que foi visto acerca do treaty shopping pode ser traduzida como “escolha da regra”. Ou seja, quando um empresário busca qualificar o seu produto, serviço ou mon-tante a ser transferido numa espécie de menor alíquota definida pelo TDT.

Vale ressaltar que o rule shopping não se confunde com o treaty shopping por dois aspectos básicos. Tôrres (2001) reforça que, enquanto o primeiro se trata de uma manipulação de aspecto objetivo (as categorias das rendas abarcadas pelo tratado) para determinar que a menor alíquota seja aplicada, o segundo, como já

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

foi trabalhado, incide sob o elemento “residência” para angariar benefícios fiscais.

Além disso, diferente do treaty shopping que tem como elemento basilar a não cobertura do beneficiário efetivo pelo Tratado de Dupla Tributação utilizado, o rule shopping é praticado por pessoas que são residentes em Estados signatários de acordos tributários com o país da fonte. O que é praticado é a adequação do objeto da transação em cima das disposições da convenção vigente.

4.3. Os casos triangulares

Os chamados casos triangulares nada mais são do que situações vivenciadas pelas empresas multinacionais em virtude desta quebra de fronteiras estabelecidas pela globalização, onde uma só empresa busca atuar em diversos Estados ao mesmo tempo. Elas se configuram quando uma empresa, denominada de matriz, participa societariamente dos lucros e dividendos de uma empresa localizada em outro país (terceiro sujeito), mas transfere os poderes de gerência desta referida participação a um braço desta empresa, chamada de estabelecimento permanente, que está localizada em outra nação, diversa da matriz e do terceiro sujeito.

Segundo Tôrres (2001), esta forma de organização operacional, que é frequente-mente adotado pelas empresas no cenário contemporâneo, pode ser motivada através de três razões principais: por opção em adotar uma gestão de forma descentra-lizada, por uma questão de oportunidade quando a sua filial já detêm algum vínculo comercial com a sociedade interessada ou por, simplesmente, obrigações legais ou a existência de um determinado regulamento para que esta possa praticar suas atividades no país.

Como já fora abortado, é um procedi-mento comum entre as empresas atuantes no cenário econômico internacional, porém, conforme adverte Tôrres (2001), a grande celeuma se dá quando a filial, situada em um país que não possui Tratados de Dupla Tributação com o país onde se situa o terceiro sujeito, recebe montantes a título de juros, dividendos e royalties advindos da relação entre a matriz e a sociedade a qual esta participa. Será possível ao Estado em que está localizado o estabelecimento permanente aplicar o poder de tributar perante a referida quantia?

Para resolver esta questão, Xavier começa tratando do “princípio da relatividade dos tratados”.

74

            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

4.4. O combate ao treaty shopping e ao rule shopping no Brasil

Para evitar que os particulares se utilizem dos Tratados de Dupla Tributação para obterem vantagens impróprias, os Estados vêm criando formas para impedir a prática do treaty shopping e do rule shopping. É notório o fato que estas práticas acabam sendo nocivas na arrecadação de verbas pelos fiscos, já que na grande maioria das vezes envolvem corporações que movimentam um grande montante de dinheiro.

Dentro deste combate internacional ao “uso indevido” dos acordos tributários, a doutrinária nacional elenca a utilização de três mecanismos básicos adotados pelo Brasil: o uso de leis internas, a inclusão de uma cláusula antiabuso no texto do tratado e as medidas bilaterais para solução desta celeuma, com destaque para o acordo entre nações.

Pelo uso de leis internas, este mecanismo é feito no Brasil através da

instituição da chamada cláusula antielisiva no bojo do Código Tributário Nacional pela Lei Complementar nº 104/200111. Esta Lei adicionou um parágrafo único no artigo 11612 do referido código, visando eliminar a utilização de técnicas ou de subterfúgios para mascarar o evento do fato gerador.

A partir deste Parágrafo Único, fica como uma prerrogativa do fisco brasileiro o poder de desconsiderar os atos praticados pelos administrados com o escopo de fazer passar despercebida a configuração do fato gerador. Ou seja, caso o preposto fazendário perceba que uma determinada pessoa toma medidas como se fazer de uma determinada filial ou manipular o objeto do contrato para escapar do devido imposto, este deverá desconsiderar os fatos apresentados pelo particular e aplicar a cobrança do tributo correto.

Já pela instituição de cláusulas antiabuso, entende-se como uma forma de combate ao indevido uso no próprio texto do tratado. Ou seja, para se resguardarem dos possíveis abusos acerca da manipula-ção das convenções assinadas, os próprios

11O professor Heleno Tôrres se posiciona de forma contrária a aplicabilidade de leis internas perante os tratados internacionais,

afirmando que se trataria de uma afronta ao princípio do pacta sunt servanda. 12Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes seus efeitos: Parágrafo Único. A

autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do

fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem

estabelecidos em lei ordinária.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

Conforme aponta o autor, por este princípio, constante no artigo 1º do modelo de TDT adotado pelo Brasil, entende-se que os agraciados pelas disposições dos Tratados de Dupla Tributação são aqueles residentes nos países signatários, e não os nacionais. Desta forma, a pessoa jurídica (ou física, se for o caso) só poderá gozar dos tratados assinados pelo Estado em que esta se situa.

Entretanto, ensina Alberto Xavier (2005) que por não terem personalidade jurídica, os estabelecimentos permanentes não podem ser atingidos pelos Tratados de Dupla Tributação assinados pelo país onde ele efetivamente atua. Porém, por estar intimamente ligado a sua sede, o entendimento adotado pela OCDE, com fulcro no princípio da relatividade em estado puro, a possibilidade das filiais e sucursais serem alcançadas pelas normas consuetudinárias vigentes perante a sua empresa matriz.

Porém, por opção do governo brasileiro, extensão sofre uma distinção quando se trata do montante a título de juros. Segundo o modelo de convenção adotado pelo Brasil, os efeitos dos TDTs não se aplicam diretamente aos estabelecimentos permanentes localizados em Estado diverso. Esta determinação cria um duplo requisito cumulativo no que tange aos

juros, onde não apenas se leva em consideração a residência do credor como do seu estabelecimento que irá abater os fundos relativos a suas operações comercias internacionais.

Desta forma, exemplifica Xavier:

 Dispõe, por exemplo, o item 6 do art. 11 da

Convenção com os Países Baixos que a

“limitação de alíquota do imposto prevista

no parágrafo 2º não se aplica aos juros

provenientes de um Estado Contratante,

pagos a estabelecimento permanente de

empresa de outro Estado Contratante,

situado em terceiro Estado. (XAVIER, 2005,

p. 158)

 Com isto, segundo os tratados firmados

pelo Brasil, exceto pelos Juros, é possível que uma filial, por não ter personalidade jurídica, não estar suscetível ao ordenamento do Estado onde esta se localiza, e sim, pelo território onde se situa sua matriz. A partir deste entendimento, é juridicamente viável a utilização de um Tratado de Dupla Tributação de um determinado país, mesmo que a empresa gerenciadora do objeto tributável atue em outro.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

4.4. O combate ao treaty shopping e ao rule shopping no Brasil

Para evitar que os particulares se utilizem dos Tratados de Dupla Tributação para obterem vantagens impróprias, os Estados vêm criando formas para impedir a prática do treaty shopping e do rule shopping. É notório o fato que estas práticas acabam sendo nocivas na arrecadação de verbas pelos fiscos, já que na grande maioria das vezes envolvem corporações que movimentam um grande montante de dinheiro.

Dentro deste combate internacional ao “uso indevido” dos acordos tributários, a doutrinária nacional elenca a utilização de três mecanismos básicos adotados pelo Brasil: o uso de leis internas, a inclusão de uma cláusula antiabuso no texto do tratado e as medidas bilaterais para solução desta celeuma, com destaque para o acordo entre nações.

Pelo uso de leis internas, este mecanismo é feito no Brasil através da

instituição da chamada cláusula antielisiva no bojo do Código Tributário Nacional pela Lei Complementar nº 104/200111. Esta Lei adicionou um parágrafo único no artigo 11612 do referido código, visando eliminar a utilização de técnicas ou de subterfúgios para mascarar o evento do fato gerador.

A partir deste Parágrafo Único, fica como uma prerrogativa do fisco brasileiro o poder de desconsiderar os atos praticados pelos administrados com o escopo de fazer passar despercebida a configuração do fato gerador. Ou seja, caso o preposto fazendário perceba que uma determinada pessoa toma medidas como se fazer de uma determinada filial ou manipular o objeto do contrato para escapar do devido imposto, este deverá desconsiderar os fatos apresentados pelo particular e aplicar a cobrança do tributo correto.

Já pela instituição de cláusulas antiabuso, entende-se como uma forma de combate ao indevido uso no próprio texto do tratado. Ou seja, para se resguardarem dos possíveis abusos acerca da manipula-ção das convenções assinadas, os próprios

11O professor Heleno Tôrres se posiciona de forma contrária a aplicabilidade de leis internas perante os tratados internacionais,

afirmando que se trataria de uma afronta ao princípio do pacta sunt servanda. 12Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes seus efeitos: Parágrafo Único. A

autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do

fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem

estabelecidos em lei ordinária.

76

            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

a convenção amigável é utilizada para tentar resolver os vácuos fiscais criados pelo advento do acordo, um dos aspectos explorados na escolha do melhor tratado. De acordo com o estudo do supracitado autor, esta convenção bilateral poderá ser instituída quando existir diversidade na valoração acerca da existência de um estabelecimento permanente no Estado da fonte (ou outro elemento de conexão material), confusão na qualificação dos bens alvo de tributos entre os signatários ou qualquer dificuldade de interpretação aos conceitos utilizados no tratado.

Com este estudo, conclui-se que apesar dos particulares tentarem utilizar os Tratados de Dupla Tributação para conseguir vantagens para seus negócios, é perfeitamente possível que o Estado, com o seu poder de mantenedor da ordem e da correta destinação de seus institutos, criar meios para evitar possíveis desvios pelo “uso impróprio” das suas convenções. Neste aspecto, no Brasil destaca-se neste combate através de três vertentes: através do Parágrafo Único do Artigo 116 do CTN, a adoção de cláusulas que preveem restrições ao uso dos mesmos e da imposição de uma conferência entre os contratantes para discutir a forma em que o referido tratado está sendo utilizado pelos administrados.

Conclusão

Com o atual panorama comercial no qual estão inseridas as empresas ao redor do globo, a cada dia se torna mais constante a possibilidade de sujeição de suas atividades mercantis a diversos ordenamentos jurídicos tributários ao mesmo tempo. A partir desta realidade, vem se tornando mais constante a possibilidade de imposição de dois, ou mais, ordenamentos jurídicos tributários, o que é maléfico para aquecimento das transações internacionais.

Esta dupla imposição tributária é o que se chama por bitributação internacional. Ela é causada por não existir uma uniformidade na adoção de critérios de conexão pelos direitos internos estatais ou pela aplicação diferenciada destes. Para que seja configurada, deve-se fazer presentes cinco elementos caracteriza-dores: a pluralidade de Estados soberanos, a mesma identidade do imposto, a mesma identidade do sujeito passivo, a mesma identidade do elemento material do fato gerador e mesma identidade do aspecto temporal.

Para evitar, ou pelo menos minimizar, o impacto da bitributação perante as finanças das suas empresas residentes, ou promover uma maior interação entre nações, os

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    Estados envolvidos firmam desde o

nascituro do documento proteções e

medidas combativas, para que os tratados

não adquiram um impacto negativo à

ordem pública.

Tôrres (2001) aponta que estas cláusulas vem sendo utilizadas pelo Brasil desde o ano de 1977 com a instituição da exigência que o pagamento dos dividendos pelo contratante seja feito diretamente ao beneficiário efetivo. Desta forma, o Estado brasileiro adotou uma maneira de excluir participação do terceiro interposto nas transações comerciais, no que tange a circulação de dividendos, fazendo com que o montante seja tributado de acordo com as leis tributárias de onde está localizada a entidade pagadora13. O que se configura como uma importante medida de combate ao treaty shopping mais especificamente.

Atualmente, a OCDE vem adotando este tipo de atuação dos Estados através da sugestão de cláusulas de contenção. De forma genérica, estes dispositivos buscam direcionar a interpretação dos tratados a partir de determinadas situações. Tavolaro (2009) elenca seis modelos sugeridos pela organização: cláusula de abstinência, transparência, exclusão, sujeição efetiva,

de prevenção do uso de sociedades interpostas e boa fé. Por último, porém não menos importante que as demais, o Brasil adota como mecanismo para combate do uso impróprio dos tratados por ele firmados o procedimento amigável. Segundo Heleno Tôrres, esta medida se apresenta como a medida mais adequada para que se solucione as questões relativas à aplicação das normas consuetudinárias.

Esta ferramenta se faz pela reunião de ambos os Estados contrantes para definir regras de interpretação e formas de preencher as lacunas do seu Tratado de Dupla Tributação. As disposições acerca deste procedimento estão contidos no bojo do texto do próprio tratado (precisamente no Artigo 25 do modelo adotado pelo Brasil), podendo esta forma de solução de conflito invocada apenas pelos Estados signatários (não excluindo a possibilidade deles serem provocados pelos contribuintes residentes ou pelos cidadãos de um dos países).

Esta “arma” no combate ao uso impróprio dos TDTs pode atingir tanto as práticas de treaty shopping quanto o rule shopping. Conforme elenca Tôrres (2001),

13Esta regra esta vigente nos Tratados de Dupla Tributação entre China, Índia, Itália e Noruega, por exemplo.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

a convenção amigável é utilizada para tentar resolver os vácuos fiscais criados pelo advento do acordo, um dos aspectos explorados na escolha do melhor tratado. De acordo com o estudo do supracitado autor, esta convenção bilateral poderá ser instituída quando existir diversidade na valoração acerca da existência de um estabelecimento permanente no Estado da fonte (ou outro elemento de conexão material), confusão na qualificação dos bens alvo de tributos entre os signatários ou qualquer dificuldade de interpretação aos conceitos utilizados no tratado.

Com este estudo, conclui-se que apesar dos particulares tentarem utilizar os Tratados de Dupla Tributação para conseguir vantagens para seus negócios, é perfeitamente possível que o Estado, com o seu poder de mantenedor da ordem e da correta destinação de seus institutos, criar meios para evitar possíveis desvios pelo “uso impróprio” das suas convenções. Neste aspecto, no Brasil destaca-se neste combate através de três vertentes: através do Parágrafo Único do Artigo 116 do CTN, a adoção de cláusulas que preveem restrições ao uso dos mesmos e da imposição de uma conferência entre os contratantes para discutir a forma em que o referido tratado está sendo utilizado pelos administrados.

Conclusão

Com o atual panorama comercial no qual estão inseridas as empresas ao redor do globo, a cada dia se torna mais constante a possibilidade de sujeição de suas atividades mercantis a diversos ordenamentos jurídicos tributários ao mesmo tempo. A partir desta realidade, vem se tornando mais constante a possibilidade de imposição de dois, ou mais, ordenamentos jurídicos tributários, o que é maléfico para aquecimento das transações internacionais.

Esta dupla imposição tributária é o que se chama por bitributação internacional. Ela é causada por não existir uma uniformidade na adoção de critérios de conexão pelos direitos internos estatais ou pela aplicação diferenciada destes. Para que seja configurada, deve-se fazer presentes cinco elementos caracteriza-dores: a pluralidade de Estados soberanos, a mesma identidade do imposto, a mesma identidade do sujeito passivo, a mesma identidade do elemento material do fato gerador e mesma identidade do aspecto temporal.

Para evitar, ou pelo menos minimizar, o impacto da bitributação perante as finanças das suas empresas residentes, ou promover uma maior interação entre nações, os

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

OKUMA, Alessandra. A interpretação dos tratados para evitar a dupla tributação – TDTs e a sua extensão à Contribuição Social sobre o Lucro. Revista de Estudos Tributários, Porto Alegre, n. 67, p 54-73, maio/jun. 2009.

PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves.

Direito Internacional Público e Privado. 2.ed. [S.l.]: Editora Jus Podivm, 2010.

REZEK, Francisco. Direito Interna-

cional Público. 11.ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

TAVOLARO, A. T. Tratados para

evitar a dupla tributação internacional. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva (Org). Curso de direito tributário. 11.ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

______. Utilização abusiva dos tratados internacionais de dupla tributação (treaty shopping). Disponível em: <http://www.tavolaroadvogados.com/ doutrina/cs506.pdf>. Acesso em: 04 maio 2012.

TÔRRES, Heleno. Direito Tributário

Internacional: planejamento tributário e operações transnacionais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

________. Pluritributação interna-

cional sobre a renda das empresas. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

XAVIER, Alberto. Direito Tributário

Internacional do Brasil. 6.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    Estados utilizam de forma ampla os chamados Tratados de Dupla Tributação. Estes tratados internacionais reduzem o poder de tributar dos contratantes e cria critérios para definir que quem será a competência para cobrar os impostos, em cada classe de bens tributáveis.

Entretanto, com a celebração destes tratados, os empresários internacionais vislumbraram através da manipulação destas formidáveis “pontes comerciais” pelas quais se reduzem em muito o seus custos operacionais. Esta manipulação pode se dar costumeiramente através da escolha do tratados (treaty shooping) e da escolha da melhor regra (rule shopping). Práticas estas que são combatidas no Brasil por via da imposição de uma norma interna “antielisiva”, a adição de uma cláusula antiabuso no próprio tratado e pela convenção amigável.

Referências

BARRETTO JUNIOR, Valter Pedrosa. Soluções para o problema da bitributação internacional frente ao ordenamento jurídico brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 366, 8 jul. 2004. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/ texto/5365>. Acesso em: 26 mar. 2012.

BORGES, Antônio de Moura. Considerações sobre a dupla tributação internacional. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 51, 1 out. 2001. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/2088>. Acesso em: 29 mar. 2012.

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8.ed. São Paulo: Rideel, 2010. _______. Constituição Federal. 8.ed.

São Paulo: Rideel, 2010. LEAL, Rhauá Hulek Linário. Uso de

tratados sobre dupla tributação no planejamento tributário internacional: treaty shopping. Disponível em: <http://portalrevistas.ucb.br/index.php/rvmd/article/viewFile/2514/1532>. Acesso em: 04 de maio de 2012.

NORONHA, Francisco Daniel Holanda.

Bitributação internacional e as contribuições sociais incidentes sobre o comércio exterior brasileiro. Revista CEJ, Brasília, ano XII, jan./mar. de 2008. Disponível em: <http://www2.cjf.jus.br/ ojs2/index.php/cej/article/viewFile/963/1134>. Acesso em 25 mar. 2012.

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            O USO DOS TRATADOS DE DUPLA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

OKUMA, Alessandra. A interpretação dos tratados para evitar a dupla tributação – TDTs e a sua extensão à Contribuição Social sobre o Lucro. Revista de Estudos Tributários, Porto Alegre, n. 67, p 54-73, maio/jun. 2009.

PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves.

Direito Internacional Público e Privado. 2.ed. [S.l.]: Editora Jus Podivm, 2010.

REZEK, Francisco. Direito Interna-

cional Público. 11.ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

TAVOLARO, A. T. Tratados para

evitar a dupla tributação internacional. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva (Org). Curso de direito tributário. 11.ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

______. Utilização abusiva dos tratados internacionais de dupla tributação (treaty shopping). Disponível em: <http://www.tavolaroadvogados.com/ doutrina/cs506.pdf>. Acesso em: 04 maio 2012.

TÔRRES, Heleno. Direito Tributário

Internacional: planejamento tributário e operações transnacionais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

________. Pluritributação interna-

cional sobre a renda das empresas. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

XAVIER, Alberto. Direito Tributário

Internacional do Brasil. 6.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

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Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Giselda Vilaça¹

Janaína Calazans²

Rafael Lucian³

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar a quebra de tabus ocorridas na sociedade, sobretudo

no que se refere ao conteúdo das publicidades dirigidas aos homens sobre os produtos para a

saúde e beleza. A pesquisa realizada foi de caráter exploratório, usando como corpus anúncios

da revista Men’s Health do ano de 2011, numa análise qualitativa. Através de entrevistas com

grupos focais distintos, foram obtidos dados pelos quais se pôde verificar como é a recepção ao

homem contemporâneo e como ele se depara com as novidades e os comentários a respeito dos

seus novos hábitos. Para dar suporte ao estudo, foram consultadas as obras de Garcia (2005) a

respeito do corpo contemporâneo, Bauman (2007) acerca dos consumidores, Pretti (1984) e

Ullmann (1964) sobre tabus, além de sites com resultados de pesquisa sobre o público em

estudo. Ao final, pôde-se perceber que esses novos hábitos masculinos nos cuidados com o corpo

são recebidos de formas diferentes por cada indivíduo, dependendo da sua faixa etária e do

contexto social no qual se inserem, pois cada época deixou marcas distintas na sociedade que

interferem na percepção e recepção a esse tema na atualidade.

PALAVRAS-CHAVE:

Quebra de tabu; público masculino; produtos de beleza.

1Mestre em Linguística, graduada em Design e Publicidade pela UFPE. Professora do curso de Publicidade e Propaganda da

Faculdade Boa Viagem / DeVry. E-mail: [email protected]. 2Doutora em Comunicação pela UFPE. Coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Boa Viagem / DeVry.

E-mail: [email protected].

³Doutor em Gestão Organizacional pela UFPE. Professor do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Boa Viagem / DeVry.

E-mail: [email protected].

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Giselda Vilaça¹

Janaína Calazans²

Rafael Lucian³

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar a quebra de tabus ocorridas na sociedade, sobretudo

no que se refere ao conteúdo das publicidades dirigidas aos homens sobre os produtos para a

saúde e beleza. A pesquisa realizada foi de caráter exploratório, usando como corpus anúncios

da revista Men’s Health do ano de 2011, numa análise qualitativa. Através de entrevistas com

grupos focais distintos, foram obtidos dados pelos quais se pôde verificar como é a recepção ao

homem contemporâneo e como ele se depara com as novidades e os comentários a respeito dos

seus novos hábitos. Para dar suporte ao estudo, foram consultadas as obras de Garcia (2005) a

respeito do corpo contemporâneo, Bauman (2007) acerca dos consumidores, Pretti (1984) e

Ullmann (1964) sobre tabus, além de sites com resultados de pesquisa sobre o público em

estudo. Ao final, pôde-se perceber que esses novos hábitos masculinos nos cuidados com o corpo

são recebidos de formas diferentes por cada indivíduo, dependendo da sua faixa etária e do

contexto social no qual se inserem, pois cada época deixou marcas distintas na sociedade que

interferem na percepção e recepção a esse tema na atualidade.

PALAVRAS-CHAVE:

Quebra de tabu; público masculino; produtos de beleza.

1Mestre em Linguística, graduada em Design e Publicidade pela UFPE. Professora do curso de Publicidade e Propaganda da

Faculdade Boa Viagem / DeVry. E-mail: [email protected]. 2Doutora em Comunicação pela UFPE. Coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Boa Viagem / DeVry.

E-mail: [email protected].

³Doutor em Gestão Organizacional pela UFPE. Professor do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Boa Viagem / DeVry.

E-mail: [email protected].

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Introdução

Toda sociedade tem temas tabus e sobre os quais pairam cargas de preconceito, desconfiança e pudor. Esses temas variam de acordo com cada cultura, como também cada uma tem uma maneira própria de evitá-los. Os tabus existem desde os tempos mais remotos e de variadas formas. O que é tabu numa sociedade pode não ser em outra e diversas são as formas de identificá-los no intuito de evitar o “mal” que causam. Eles refletem a cultura de uma sociedade que, por sua vez, tem uma representação significativa na publicidade.

Tabu é um assunto que está presente na cultura e cotidiano de todos os povos, mas que é pouco estudado na publicidade e sobre o qual se encontra pouca referência teórica. Entretanto, tabus vêm sendo quebrados através das mudanças que a sociedade tem enfrentado ao longo do tempo. As transformações acontecem lentamente e só são percebidas quando comparamos uma década com outra, uma comunidade com outra mais distante geograficamente ou de cultura mais antiga.

Os tabus são proibidos por causa dos efeitos nocivos que algumas palavras, com as quais são representados, supostamente podem transmitir ao serem pronunciadas. No intuito de evitá-las, são usados recursos

linguísticos diversos, eufemismos, altera-ções fonéticas, substituição de alguns termos por sinônimos. A forma de propagação dos tabus é feita através da linguagem gestual, icônica, oral ou escrita e, sendo assim, todo tipo de discurso transmite os valores, costumes e tradições de dada cultura.

Dino Preti (1984, p.3) define tabu como “formas linguísticas estigmatizadas e de ‘baixo prestígio’, condenadas pelos padrões culturais”. A palavra tabu deriva de tapu surgida nas ilhas Tonga ― localizada no Oceano Pacífico ― onde os nativos a usavam para designar tudo que era sagrado e proibido. O navegante inglês James Cook (1728-1779) trouxe o termo para o Ocidente, anglicizou o nome para taboo e daí surgiu o termo português tabu (AUGRAS, 1989, p.14).

Diversos autores classificam diferente-mente os tabus, mas para este estudo usaremos um dos tabus segundo a classificação de Stephen Ullmann (1964) que o divide em três grupos distintos: o tabu de medo, o de delicadeza e o de decência ou decoro. O tabu de medo refere-se ao medo dos seres sobrenaturais, evitando-se falar seus nomes e substitu-indo-os por eufemismos; o tabu de delicadeza evita referências a assuntos desagradáveis e nomes de defeitos físicos e

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    ABSTRACT

This work aims to analyze the breaking of taboos that have occurred in society, especially with

regard to advertising content targeted to men on health products and beauty. This paper was an

exploratory research, and its corpus was the advertisements of Men's Health magazine in the

year 2011. It was a qualitative analysis. Data was obtained through interviews with different

focus groups. I aim to discover what is the reception to contemporary man about your new habits

through news and testifies. To support the study, it was based on Garcia (2005) paper about the

contemporary body, Bauman (2007) about consumers, Pretti (1984) and Ullmann (1964) about

taboos, and sites with search results on the public study. In the end, it could be seen that these

new habits in male body care are perceived differently by each individual, depending on their

age and social context in which they live, as each season has left distinct marks on society that

interfere perception and reception to this theme nowadays.

KEYWORDS:

Taboo breaking. Male audience. Beauty products.

83

            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Introdução

Toda sociedade tem temas tabus e sobre os quais pairam cargas de preconceito, desconfiança e pudor. Esses temas variam de acordo com cada cultura, como também cada uma tem uma maneira própria de evitá-los. Os tabus existem desde os tempos mais remotos e de variadas formas. O que é tabu numa sociedade pode não ser em outra e diversas são as formas de identificá-los no intuito de evitar o “mal” que causam. Eles refletem a cultura de uma sociedade que, por sua vez, tem uma representação significativa na publicidade.

Tabu é um assunto que está presente na cultura e cotidiano de todos os povos, mas que é pouco estudado na publicidade e sobre o qual se encontra pouca referência teórica. Entretanto, tabus vêm sendo quebrados através das mudanças que a sociedade tem enfrentado ao longo do tempo. As transformações acontecem lentamente e só são percebidas quando comparamos uma década com outra, uma comunidade com outra mais distante geograficamente ou de cultura mais antiga.

Os tabus são proibidos por causa dos efeitos nocivos que algumas palavras, com as quais são representados, supostamente podem transmitir ao serem pronunciadas. No intuito de evitá-las, são usados recursos

linguísticos diversos, eufemismos, altera-ções fonéticas, substituição de alguns termos por sinônimos. A forma de propagação dos tabus é feita através da linguagem gestual, icônica, oral ou escrita e, sendo assim, todo tipo de discurso transmite os valores, costumes e tradições de dada cultura.

Dino Preti (1984, p.3) define tabu como “formas linguísticas estigmatizadas e de ‘baixo prestígio’, condenadas pelos padrões culturais”. A palavra tabu deriva de tapu surgida nas ilhas Tonga ― localizada no Oceano Pacífico ― onde os nativos a usavam para designar tudo que era sagrado e proibido. O navegante inglês James Cook (1728-1779) trouxe o termo para o Ocidente, anglicizou o nome para taboo e daí surgiu o termo português tabu (AUGRAS, 1989, p.14).

Diversos autores classificam diferente-mente os tabus, mas para este estudo usaremos um dos tabus segundo a classificação de Stephen Ullmann (1964) que o divide em três grupos distintos: o tabu de medo, o de delicadeza e o de decência ou decoro. O tabu de medo refere-se ao medo dos seres sobrenaturais, evitando-se falar seus nomes e substitu-indo-os por eufemismos; o tabu de delicadeza evita referências a assuntos desagradáveis e nomes de defeitos físicos e

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Numa sociedade na qual os consumido-res são analisados pela conduta relacionada ao consumo e a forma como gastam o tempo ampliando seus prazeres (BAUMAN, 2007), percebe-se que o consumo de produtos que melhorem a sua aparência física, sejam roupas, dietas ou cosméticos, é influenciado pela forma como as mensagens são inseridas nos meios de comunicação, propagando o ideal de corpo que atinge todas as faixas etárias das diversas classes sociais. Os especia-listas em marketing consideram esse cuidado com o corpo uma potencial fonte de lucros para as empresas. Como afirma Garcia (2005, p.103) “muito além da publicidade também é preciso prever a cultura midiática e seus interesses mercadológicos de consumo na sociedade capital”.

3. Consumo masculino

O consumo masculino tem aumentado a

cada dia em diversos setores e é notório esse aumento no que se refere a produtos de beleza, moda e saúde. Segundo a ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (2010), o mercado brasileiro de produtos masculinos movimentou US$ 2,29 bilhões no ano de 2009, com

participação de 8,6%, mantendo-se na segunda colocação no ranking mundial. A Associação afirma ainda que há uma mudança positiva para a categoria dos cosméticos masculinos, pois estão em pleno crescimento. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio (MEIRA; DOURADO, 2010) apontou um cresci-mento de 11,94% nas vendas para o público masculino nos últimos dois anos e foi constatado que essas vendas representam, em média, 39,72% do faturamento das lojas mistas. Constatou-se ainda que 56,8% dos empresários adotam estratégias de marketing específicas para homens.

Um dos fatores que justificam esse crescimento é a mudança de hábitos masculinos do sujeito metropolitano. Segundo Garcia (2005), os homens que vivem nos grandes centros urbanos têm alto poder aquisitivo e consomem roupas de grife, carros luxuosos, cremes anti-rugas e tratamentos de beleza. Outro fator preponderante é que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente, levando os homens a se preocuparem mais com a sua aparência.

A onda de se preocupar com a aparência atinge um número cada vez maior de adeptos no culto ao corpo perfeito, e já se vê um número significativo de clínicas

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    mentais; o tabu de decência ou de decoro refere-se ao sexo, certas partes e funções do corpo e os juramentos, quando usados com conotações obscenas.

Dentre esses tipos de tabu, focaremos na nossa análise o tabu de delicadeza que é muito frequente na sociedade. Assuntos como obesidade e velhice são tratados de formas eufemísticas para não “chocarem” as pessoas. É uma indelicadeza falar de uma forma que os indivíduos sintam-se indesejados por estarem fora do contexto de beleza instituído, como se não tivessem outros valores e fossem julgados unica-mente por sua aparência física. Este estudo se propõe a analisar como o público masculino vem rompendo barreiras causadas pelos tabus instalados na sociedade a respeito de cuidados com o corpo, e como o consumo de produtos para saúde e beleza tem sido impulsionado pelos homens, em comparação com o consumismo das mulheres. Para isso, foram utilizados anúncios publicitários publicados na revista Men’s Health do ano de 2011 para exploração do tema em questão, analisados qualitativamente e comparados aos resultados obtidos com os grupos focais que contribuíram para a compreensão do homem contemporâneo.

2. Referencial teórico

O culto ao corpo faz parte da subjetividade contemporânea e é crescente a busca pelas possibilidades de disfarçar as imperfeições corporais ou retardar a ação do tempo no processo de envelhecimento, através de roupas, dietas alimentares, cirurgias plásticas, exercícios físicos e cosméticos. Várias empresas se dedicam a fabricar produtos alimentares e cosméticos que atendam à demanda de consumo existente das pessoas que procuram usá-los em benefício do seu corpo.

A preocupação com o corpo, como também a vaidade, sempre foi prerrogativa das mulheres. Entretanto, cada vez mais se vê a participação masculina nos cuidados corporais e isso se confirma pelo número crescente de academias de ginástica nas cidades e no aumento da procura por cosméticos. De acordo com Garcia (2005, p.103),

a imagem do corpo contemporâneo

impregna-se de (trans/de)formações

biotecnológicas e socioculturais. O corpo

toma um lugar de tamanha importância no

nosso cotidiano, e por isso é o centro do

debate com suas alterações artificiais de

próteses, exercícios de musculação e

tratamentos estéticos para homens e

mulheres.

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Numa sociedade na qual os consumido-res são analisados pela conduta relacionada ao consumo e a forma como gastam o tempo ampliando seus prazeres (BAUMAN, 2007), percebe-se que o consumo de produtos que melhorem a sua aparência física, sejam roupas, dietas ou cosméticos, é influenciado pela forma como as mensagens são inseridas nos meios de comunicação, propagando o ideal de corpo que atinge todas as faixas etárias das diversas classes sociais. Os especia-listas em marketing consideram esse cuidado com o corpo uma potencial fonte de lucros para as empresas. Como afirma Garcia (2005, p.103) “muito além da publicidade também é preciso prever a cultura midiática e seus interesses mercadológicos de consumo na sociedade capital”.

3. Consumo masculino

O consumo masculino tem aumentado a

cada dia em diversos setores e é notório esse aumento no que se refere a produtos de beleza, moda e saúde. Segundo a ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (2010), o mercado brasileiro de produtos masculinos movimentou US$ 2,29 bilhões no ano de 2009, com

participação de 8,6%, mantendo-se na segunda colocação no ranking mundial. A Associação afirma ainda que há uma mudança positiva para a categoria dos cosméticos masculinos, pois estão em pleno crescimento. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio (MEIRA; DOURADO, 2010) apontou um cresci-mento de 11,94% nas vendas para o público masculino nos últimos dois anos e foi constatado que essas vendas representam, em média, 39,72% do faturamento das lojas mistas. Constatou-se ainda que 56,8% dos empresários adotam estratégias de marketing específicas para homens.

Um dos fatores que justificam esse crescimento é a mudança de hábitos masculinos do sujeito metropolitano. Segundo Garcia (2005), os homens que vivem nos grandes centros urbanos têm alto poder aquisitivo e consomem roupas de grife, carros luxuosos, cremes anti-rugas e tratamentos de beleza. Outro fator preponderante é que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente, levando os homens a se preocuparem mais com a sua aparência.

A onda de se preocupar com a aparência atinge um número cada vez maior de adeptos no culto ao corpo perfeito, e já se vê um número significativo de clínicas

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

principalmente, sem pêlos no tórax, usando cremes para o rosto, esmalte nas unhas e achando naturais tais atitudes. Para eles é importante se cuidarem para se sentirem bem, além de que o mercado de trabalho também exige novas atitudes dos homens.

5. Métodos

A pesquisa desenvolvida para este artigo foi de caráter exploratório, pois é pouca a referência existente acerca do consumo do público masculino nos segmentos escolhidos - beleza e saúde. O meio elegido para a coleta de dados foi a revista, por ter a possibilidade de segmentar melhor o público, além de ter uma boa qualidade de impressão que permite um maior detalhamento dos produtos através de anúncios mais elaborados. O método utilizado para a análise foi qualitativo, a partir de anúncios selecionados nas revistas Men’s Health, publicada pela Editora Abril. A coleta foi feita em exemplares avulsos do ano de 2011.

Além dessa análise dos anúncios, foi feita uma pesquisa focal com dois grupos masculinos distintos: um composto por rapazes de 17 a 22 anos, e o outro por profissionais liberais entre 45 a 60 anos. De acordo com Duarte e Barros (2008) o

grupo focal ajuda a encontrar tendências e busca desvendar o foco de um problema. É uma ferramenta de pesquisa qualitativa que aprofunda a reflexão sobre um tema em busca do que é essencial.

A escolha dos grupos não foi aleatória, pois se pretendeu obter informações acerca do mesmo problema entre grupos com vivências juvenis em contextos culturais e temporais diferentes. Embora todos hoje convivam numa mesma época, as opiniões divergiram, pois cada um carrega consigo os valores apreendidos no seu contexto sócio-familiar.

Os grupos foram conduzidos de forma a entender a recepção ao consumo de produtos de beleza, bem como ao comportamento masculino, sobretudo dos jovens, na contemporaneidade.

6. Corpus

A escolha pela revista Men’s Health se deu por tratar de assuntos relevantes sobre o bem-estar masculino. A revista vem sendo publicada no Brasil desde maio de 2006, tem uma circulação média de 123.823 exemplares – de acordo com o IVC 2010 - e conta hoje com 80% dos seus leitores do sexo masculino. Ela acredita na modernidade do leitor brasileiro e dá

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    especializadas nos cuidados ao corpo desse público. Entretanto, exibir o corpo jovem, saudável e malhado vem reforçar novos estereótipos que começam a povoar o imaginário da sociedade, e torna-se objeto sociocultural de observação. Surge na contemporaneidade o metrossexual, termo que designa o homem que se preocupa com o corpo, exibe um lado mais delicado sem necessariamente assumir uma postura feminina e que gasta mais de 30% do seu salário com produtos de moda e beleza. São homens que se cuidam para se sentirem bem (GARCIA, 2005). Eles se depilam, fazem bronzeamento artificial, limpam a pele, usam cosméticos, atitudes que deixam de ser apenas “coisas de mulher”, tornando-se cada vez menos preconceituosos com relação a esses cuidados.

4. Quebra de tabus

A quebra de tabus vem acontecendo ao

longo do tempo, provocada por alguns eventos históricos que promoveram mudanças no comportamento da sociedade. Junto a essa evolução sócio-histórica, também evoluíram os termos linguísticos, tabus ou não, que foram refletidos na publicidade, visto que suas mensagens fazem uso da linguagem contemporânea

para se dirigir ao público. Com a evolução da sociedade e o surgimento veloz de novas tecnologias, os hábitos, percepções, referências e crenças tendem a mudar. As mudanças ocorridas até agora foram significativas e o resultado já pode ser percebido através do que a publicidade expõe.

Dentre as mudanças ocorridas e que contribuíram para a quebra dos tabus, está o feminismo, movimento que tem a mulher como protagonista. E, desde que começou a ocupar espaço no mercado de trabalho e dividir com os homens a responsabilidade para com o sustento da família, a mulher foi galgando novos espaços e com eles foram sendo estabelecidos novos paradigmas que provocaram mudanças significativas.

Mas, não só as mulheres quebraram tabus. Atualmente, os homens têm sido atores principais de atitudes que antes eram reconhecidas como tipicamente femininas: maquiagem, depilação, cremes para o rosto e corpo, manicure, pedicure etc. Cada vez mais se vê a participação masculina quebrando seus tabus com relação ao corpo. Um exemplo é a depilação, antes feita apenas pelas mulheres e esportistas homens, como também o uso de cosméti-cos e a preocupação para com a pele saudável. Hoje, é comum veem-se jovens,

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

principalmente, sem pêlos no tórax, usando cremes para o rosto, esmalte nas unhas e achando naturais tais atitudes. Para eles é importante se cuidarem para se sentirem bem, além de que o mercado de trabalho também exige novas atitudes dos homens.

5. Métodos

A pesquisa desenvolvida para este artigo foi de caráter exploratório, pois é pouca a referência existente acerca do consumo do público masculino nos segmentos escolhidos - beleza e saúde. O meio elegido para a coleta de dados foi a revista, por ter a possibilidade de segmentar melhor o público, além de ter uma boa qualidade de impressão que permite um maior detalhamento dos produtos através de anúncios mais elaborados. O método utilizado para a análise foi qualitativo, a partir de anúncios selecionados nas revistas Men’s Health, publicada pela Editora Abril. A coleta foi feita em exemplares avulsos do ano de 2011.

Além dessa análise dos anúncios, foi feita uma pesquisa focal com dois grupos masculinos distintos: um composto por rapazes de 17 a 22 anos, e o outro por profissionais liberais entre 45 a 60 anos. De acordo com Duarte e Barros (2008) o

grupo focal ajuda a encontrar tendências e busca desvendar o foco de um problema. É uma ferramenta de pesquisa qualitativa que aprofunda a reflexão sobre um tema em busca do que é essencial.

A escolha dos grupos não foi aleatória, pois se pretendeu obter informações acerca do mesmo problema entre grupos com vivências juvenis em contextos culturais e temporais diferentes. Embora todos hoje convivam numa mesma época, as opiniões divergiram, pois cada um carrega consigo os valores apreendidos no seu contexto sócio-familiar.

Os grupos foram conduzidos de forma a entender a recepção ao consumo de produtos de beleza, bem como ao comportamento masculino, sobretudo dos jovens, na contemporaneidade.

6. Corpus

A escolha pela revista Men’s Health se deu por tratar de assuntos relevantes sobre o bem-estar masculino. A revista vem sendo publicada no Brasil desde maio de 2006, tem uma circulação média de 123.823 exemplares – de acordo com o IVC 2010 - e conta hoje com 80% dos seus leitores do sexo masculino. Ela acredita na modernidade do leitor brasileiro e dá

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Figura 2 - Shampoo

Fonte: Men’s Health, a.5,ed.56, mar.2011, p.19.

Figura 3 - Antitranspirante

Fonte: Men’s Health, a.5,ed.56, mar.2011, p.77.

Figura 4 - Gillette

Fonte: Men’s Health, a.5,ed.59, mar.2011, p.19.

Figura 5 - Rexonamen

Fonte: Men’s Health, a.5,ed.59, mar.2011, p.11.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    sugestões práticas para melhorar sua vida. Segundo o site da revista4 ,

o homem do século XXI não tem

preconceito com produtos de beleza e já

incorporou o uso de perfumes e cosméticos

ao seu modo de vida. Aparência e higiene

corporal são fatores determinantes para o

sucesso profissional e fortalecimento da

auto-­‐estima.

Dentre os anúncios pesquisados, foram selecionados aqueles que divulgassem produtos de beleza e saúde, simbolizassem a quebra de tabu ou fizessem referência ao novo tipo de homem contemporâneo.

Para os grupos focais as perguntas giraram em torno da opinião sobre como o homem cuida do seu corpo, como encaram essa novidade, se eles fazem uso dos produtos, se sentem preconceito sobre quem faz uso de produtos de beleza, a opinião dos familiares e se a publicidade influencia nas suas escolhas.

7. Análise dos anúncios

Cada anúncio escolhido o foi por uma razão específica. O primeiro, figura 1, divulga um evento exclusivo para os cuidados com a estética masculina, realizado na cidade de São Paulo. No

contexto atual, não mais chocam as imagens dos serviços que são oferecidos, como depilação de sobrancelhas, manicure, tingimento de cabelos etc., pois já fazem parte da rotina de muitos jovens na atualidade. Prova também que, se existe um evento de tal natureza, é porque há demanda para os serviços oferecidos.

Figura 1 – Evento Men’s Beauty Show

Fonte: Men’s Health, a.5,ed.59, mar.2011, p.69. Os anúncios das figuras 2 e 3 são da

Garnier e divulgam produtos distintos: shampoo e antitranspirante. Os modelos dos anúncios são jovens que se enquadram no perfil atual de homens sem pêlos, com cabeleira bem tratada, corpo musculoso. As imagens retratam jovens saudáveis que procuram cuidar da sua aparência.

4 http://www.publiabril.com.br/upload/files/0000/0602/Calend_rio_Men_s_Health_2011.pdf

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Figura 2 - Shampoo

Fonte: Men’s Health, a.5,ed.56, mar.2011, p.19.

Figura 3 - Antitranspirante

Fonte: Men’s Health, a.5,ed.56, mar.2011, p.77.

Figura 4 - Gillette

Fonte: Men’s Health, a.5,ed.59, mar.2011, p.19.

Figura 5 - Rexonamen

Fonte: Men’s Health, a.5,ed.59, mar.2011, p.11.

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Todos concordaram com o fato de que antigamente qualquer cuidado que o homem tivesse consigo era considerado “coisa de viado” e era estigmatizado pela sociedade. O normal era ser bruto, gros-seiro; isso era o que é “ser macho”. O que se permitia era apenas a depilação da barba e bigode, e uso da loção pós-barba. Mais que isso, não se praticava. Hoje, é moda.

O entrevistado D falou que tinha as sobrancelhas unidas no meio. Um dia teve vontade de tirar e a partir daí nunca mais parou. “Meu pai falava algumas coisas, mas agora se acostumou a me ver fazer as sobrancelhas. Ficou melhor.”

Outro, entrevistado E, afirmou que a própria mãe ajuda na compra de cremes e tudo o que for preciso para ele se cuidar. “Já quebrou muito o choque entre as pessoas”, conclui. Um outro, F, afirmou: “eu tinha cabelos muito grandes, minha família gostava, mas quando fui procurar estágio, precisei cortar”.

“Eu ia ao salão periodicamente para cuidar da minha pele por causa das espinhas. Na escola eu ficava cerca de 20 minutos com um creme no rosto, trancado no banheiro e todo mundo estranhava” (ENTREVISTADO E).

Sobre depilação, a reação foi normal e quase todos afirmaram depilar o tórax e axilas e aparar os pêlos das pernas.

Entretanto, um dos rapazes afirmou que a sua avó acha que “homem tem que ter pêlos nas costas, em todo lugar e que não se deve depilar”.

Antigamente, na época da discoteca, a moda

era ser cabeludo. Hoje, o padrão é outro. O

homem está querendo ficar mais bonito para

a sociedade e faz tudo o que pode para ficar

no padrão da mente dele. Eu depilo o peito,

corto os pêlos das pernas e se alguém quiser

falar, pode falar. Eu me sinto bem assim.

Hoje é moda, tendência, é normal. Já

quebrou muito aquela questão de que só

mulher pode se cuidar.(ENTREVISTADO

B)

Com o segundo grupo, formado por

adultos entre 45 e 60 anos, as opiniões foram divergentes. Quando questionados a respeito dessa “moda”, um deles de imediato disse que “é viadagem”. Outro afirmou que “para quem gosta de fazer é bom. Eu é que não faria. Uso cremes hidratantes, protetor solar, mas como fator de proteção da pele e não por vaidade.”

Mais um integrante do grupo afirmou que “uma boa alimentação resolve para se manter um corpo saudável, não precisa tomar bomba para desenvolver músculos. Hoje não se tem paciência para ir a uma academia desenvolver massa muscular, prefere-se tomar bomba. Querem ter corpo musculoso para se exibirem”.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

Na figura 4, a mensagem já é mais direta e mostra uma mulher ajudando nos cuidados com o homem, passando creme sobre sua pele do rosto. O argumento é convincente e ressalta os cuidados com a boa aparência e a autoestima, fatores essenciais para melhorar os relaciona-mentos pessoais e profissionais.

A figura 5 já tem uma conotação diferente mostrada no título, “Homens durões, axilas sensíveis”. Esse tipo de homem era o que existia tempos atrás e que usava a força física para conquistar o que queria. No caso desse anúncio, há a referência aos machões, mas ao mesmo tempo mostra que ele pode ser sensível, sensibilidade essa proporcionada pelo desodorante que alivia as tensões e mostra-se eficaz.

Nesses anúncios, percebem-se clara-mente as mudanças ocorridas no imaginá-rio masculino, onde ser macho era ser homem; os outros, que não copiassem as mesmas atitudes, eram discriminados pela sociedade. Atualmente, diante do perfil do novo homem essas mensagens são recebidas com naturalidade. Mesmo que houvesse, anteriormente, anúncios dos mesmos produtos, as mensagens seriam diferentes, pois o momento cultural seria outro, bem como o tipo de homem alvo da campanha.

8. Análise dos grupos focais

A fim de entender o comportamento masculino na atualidade, a experiência com os dois grupos focais foram contundentes e elucidaram várias questões acerca da temática.

O primeiro grupo foi formado por nove jovens com idade entre 17 e 22 anos. Ao serem questionados sobre os cuidados do homem com seu corpo e o uso de produtos de beleza, todos foram unânimes em afirmar que isso é perfeitamente normal e que o homem quer se sentir bem e bonito. “O homem atualmente se cuida pra se mostrar pro outro e porque é bom para sua auto-estima”, afirmou o entrevistado A. “No começo, quando o homem começou a se cuidar, era um escândalo, todo metrossexual era gay, etc. Mas, não é só isso, a pessoa faz pra se sentir bem”, complementa o entrevistado B.

Do grupo, 80% dos jovens afirmaram que se depilam e acham isso natural, mas confessam que as pessoas mais velhas ignoram e estranham o fato. “Depende do padrão cultural. A minha avó estranha isso”, pontua o entrevistado A. “O homem está querendo ficar mais bonito para a sociedade da época e faz tudo o que pode para ficar melhor”, diz o entrevistado C.

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Todos concordaram com o fato de que antigamente qualquer cuidado que o homem tivesse consigo era considerado “coisa de viado” e era estigmatizado pela sociedade. O normal era ser bruto, gros-seiro; isso era o que é “ser macho”. O que se permitia era apenas a depilação da barba e bigode, e uso da loção pós-barba. Mais que isso, não se praticava. Hoje, é moda.

O entrevistado D falou que tinha as sobrancelhas unidas no meio. Um dia teve vontade de tirar e a partir daí nunca mais parou. “Meu pai falava algumas coisas, mas agora se acostumou a me ver fazer as sobrancelhas. Ficou melhor.”

Outro, entrevistado E, afirmou que a própria mãe ajuda na compra de cremes e tudo o que for preciso para ele se cuidar. “Já quebrou muito o choque entre as pessoas”, conclui. Um outro, F, afirmou: “eu tinha cabelos muito grandes, minha família gostava, mas quando fui procurar estágio, precisei cortar”.

“Eu ia ao salão periodicamente para cuidar da minha pele por causa das espinhas. Na escola eu ficava cerca de 20 minutos com um creme no rosto, trancado no banheiro e todo mundo estranhava” (ENTREVISTADO E).

Sobre depilação, a reação foi normal e quase todos afirmaram depilar o tórax e axilas e aparar os pêlos das pernas.

Entretanto, um dos rapazes afirmou que a sua avó acha que “homem tem que ter pêlos nas costas, em todo lugar e que não se deve depilar”.

Antigamente, na época da discoteca, a moda

era ser cabeludo. Hoje, o padrão é outro. O

homem está querendo ficar mais bonito para

a sociedade e faz tudo o que pode para ficar

no padrão da mente dele. Eu depilo o peito,

corto os pêlos das pernas e se alguém quiser

falar, pode falar. Eu me sinto bem assim.

Hoje é moda, tendência, é normal. Já

quebrou muito aquela questão de que só

mulher pode se cuidar.(ENTREVISTADO

B)

Com o segundo grupo, formado por

adultos entre 45 e 60 anos, as opiniões foram divergentes. Quando questionados a respeito dessa “moda”, um deles de imediato disse que “é viadagem”. Outro afirmou que “para quem gosta de fazer é bom. Eu é que não faria. Uso cremes hidratantes, protetor solar, mas como fator de proteção da pele e não por vaidade.”

Mais um integrante do grupo afirmou que “uma boa alimentação resolve para se manter um corpo saudável, não precisa tomar bomba para desenvolver músculos. Hoje não se tem paciência para ir a uma academia desenvolver massa muscular, prefere-se tomar bomba. Querem ter corpo musculoso para se exibirem”.

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Referências

ABIHPEC. Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Anuário ABIHPEC 2010. p.150-161 Disponível em: < http://www. abihpec.org.br/category/publicacoes/anuario-abihpec-publicacoes/> Acesso em: 10 set. 2011.

AUGRAS, Monique. O que é tabu. Coleção primeiros passos, 223. São Paulo: Brasiliense, 1989.

BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

CARVALHO, Nelly de. Publicidade: a linguagem da sedução. São Paulo: Ática: 1996.

GARCIA, Wilton. Corpo, mídia e representação: estudos contemporâneos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

MEIRA, Larissa; DOURADO, Ana Paula. Empresas reverenciam o poder do consumo masculino. Tendência. Revista Fecomércio. jul.2010. Disponível em: <http://wapa.com.br/wp-content/uploads/ 2010/08/revistafercomercio.pdf> Acesso em: 10 set. 2011.

PRETI, Dino. A linguagem proibida: um estudo sobre a linguagem erótica. São Paulo: T.A.Queiroz, 1984.

ULLMANN, Stephen. Semântica: uma introdução à ciência do significado. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1964.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

Quanto à depilação, um deles afirmou que não vê graça, mas que isso é por conta de cada um. Quem quer fazer, faz. “Isso é para metrossexual. Não tenho nada contra, mas não faria. O que eles dizem é que fazem para melhorar a aparência, mas dentro do conceito deles. Pra mim, depende dos valores de cada um”.

As perguntas foram bem recebidas, mas alguns ainda sentiram receio de expor suas opiniões. No grupo de adultos, a entrevista foi rápida e esclarecedora; no grupo de jovens, foi mais demorado do que se poderia imaginar. Eles responderam com muita propriedade e consciente do seu papel na sociedade.

Conclusão

Este artigo se propôs a investigar a quebra de tabus pelo público masculino no que se refere ao uso de produtos para saúde e beleza, bem como novos hábitos praticados pelo homem contemporâneo.

O que se pôde perceber é que quanto mais avançada é a idade do homem, mais estranhamento há com esse novo homem que surgiu. Entretanto, as mudanças são bem encaradas e cada um ao seu modo as aceita, embora nem todos a compartilhem. Os jovens estão bem mais abertos às mudanças e argumentam que isso tem

ligação direta com a cultura e com os padrões que cada um adota para si.

As considerações sobre o assunto foram variadas: os jovens acham normais as novidades e os adultos não têm nada contra, mas não as querem para si.

Conclui-se, portanto, que cada época tem suas marcas e isso depende do contexto de vida de cada indivíduo. Os tabus estão sendo cada vez mais quebrados e, de acordo com os novos rumos da sociedade contemporânea, possivelmente veremos mais mudanças ocorrendo nesse sentido.

Essa é uma discussão que não se esgota com este estudo porque ele pode servir de ponto de partida para novas pesquisas. Além disso, a evolução da sociedade poderá trazer mais exemplos para que se possa ampliar o assunto, não só no que tange aos tabus, como também ao comportamento social do homem que rompe barreiras e percorre caminhos antes inimagináveis. E, apesar dos tabus estarem sendo quebrados, novos tabus poderão surgir e servirão como base para novas investigações. Outro estudo possível é um comparativo entre homens e mulheres em épocas distintas, analisando os tabus vigentes em cada momento. As possibilidades de novas verificações são diversas. Esperamos então, termos contri-buído para a ampliação desse debate.

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            A CONTRIBUIÇÃO PUBLICITÁRIA NA QUEBRA DE TABUS DO PÚBLICO MASCULINO NO CONSUMO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E BELEZA

Referências

ABIHPEC. Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Anuário ABIHPEC 2010. p.150-161 Disponível em: < http://www. abihpec.org.br/category/publicacoes/anuario-abihpec-publicacoes/> Acesso em: 10 set. 2011.

AUGRAS, Monique. O que é tabu. Coleção primeiros passos, 223. São Paulo: Brasiliense, 1989.

BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

CARVALHO, Nelly de. Publicidade: a linguagem da sedução. São Paulo: Ática: 1996.

GARCIA, Wilton. Corpo, mídia e representação: estudos contemporâneos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

MEIRA, Larissa; DOURADO, Ana Paula. Empresas reverenciam o poder do consumo masculino. Tendência. Revista Fecomércio. jul.2010. Disponível em: <http://wapa.com.br/wp-content/uploads/ 2010/08/revistafercomercio.pdf> Acesso em: 10 set. 2011.

PRETI, Dino. A linguagem proibida: um estudo sobre a linguagem erótica. São Paulo: T.A.Queiroz, 1984.

ULLMANN, Stephen. Semântica: uma introdução à ciência do significado. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1964.

94

             RESENHA

RESENHA

LEHFELD, Lucas de Sousa; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves; LEPORE,

Paulo Eduardo. Monografia Jurídica: guia prático do trabalho cientifico e orientação

metodológica. São Paulo: Método, 2011.

BARRETTO, Raquel Figueiredo¹

Todo pesquisador, iniciante ou não, pode já ter se sentido um pouco perdido diante de quantidade de publicações em torno do tema metodologia da pesquisa. E essa grande quantidade não é ruim, ao contrário, tantas publicações acerca de um tema indicam: interesse constante pelo tema e/ou necessidade de atualização.

O livro Monografia Jurídica: guia prático do trabalho científico e orientação metodológica de autoria de Lehfeld; Ferreira e Lépore também foi publicado com as mesmas duas intenções apontadas anteriormente. A vasta experiência docente dos autores, descritas na orelha do livro, certamente os credenciam a escrever uma obra de consulta, um manual de referencia para aqueles interessados em fazer ciência.

Ao contrário das obras amplas, o livro é um manual temático, destinado, como

sugere o nome na capa da obra, aos estudantes do curso de direito.

É claro que existem especificações entre uma ciência e outra - um tipo de instrumento de coleta de dados mais empregado que outro, ou um instrumento de análise mais comum que outro; um tipo de pesquisa mais recorrente que outro -, mas, inicialmente, as dúvidas dos pesquisadores quase sempre são a mesmas. São essas dúvidas mais elementares e comuns que acometem também os estudantes de direito, que a obra pretende sanar.

A referida obra está dividida em nove capítulos. Trata-se de uma obra relativamente pequena, de apenas 121 páginas. Os autores conseguiram abordar muitos assuntos em tão pouco espaço de forma sucinta e objetiva, por vezes até

1Coordenadora do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica da FANOR. E-mail: [email protected].

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

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             RESENHA

RESENHA

LEHFELD, Lucas de Sousa; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves; LEPORE,

Paulo Eduardo. Monografia Jurídica: guia prático do trabalho cientifico e orientação

metodológica. São Paulo: Método, 2011.

BARRETTO, Raquel Figueiredo¹

Todo pesquisador, iniciante ou não, pode já ter se sentido um pouco perdido diante de quantidade de publicações em torno do tema metodologia da pesquisa. E essa grande quantidade não é ruim, ao contrário, tantas publicações acerca de um tema indicam: interesse constante pelo tema e/ou necessidade de atualização.

O livro Monografia Jurídica: guia prático do trabalho científico e orientação metodológica de autoria de Lehfeld; Ferreira e Lépore também foi publicado com as mesmas duas intenções apontadas anteriormente. A vasta experiência docente dos autores, descritas na orelha do livro, certamente os credenciam a escrever uma obra de consulta, um manual de referencia para aqueles interessados em fazer ciência.

Ao contrário das obras amplas, o livro é um manual temático, destinado, como

sugere o nome na capa da obra, aos estudantes do curso de direito.

É claro que existem especificações entre uma ciência e outra - um tipo de instrumento de coleta de dados mais empregado que outro, ou um instrumento de análise mais comum que outro; um tipo de pesquisa mais recorrente que outro -, mas, inicialmente, as dúvidas dos pesquisadores quase sempre são a mesmas. São essas dúvidas mais elementares e comuns que acometem também os estudantes de direito, que a obra pretende sanar.

A referida obra está dividida em nove capítulos. Trata-se de uma obra relativamente pequena, de apenas 121 páginas. Os autores conseguiram abordar muitos assuntos em tão pouco espaço de forma sucinta e objetiva, por vezes até

1Coordenadora do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica da FANOR. E-mail: [email protected].

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             RESENHA

título, a importância problematização e/ou ainda propusessem um exercício para delimitação do tema. Afinal, a escolha do tema, por mais relevante que seja, carece de uma delimitação bem desenhada. É sobre a delimitação do tema, e não sobre o tema, que é muito amplo, que definimos o objetivo e a metodologia do estudo.

O quarto capítulo, intitulado Projeto de trabalho científico, apresenta as parte do projeto de pesquisa (capa, folha de rosto, sumário, elementos essenciais do projeto de pesquisa – título, justificativa, relevância e fundamentação teórica, problematização, objetivos, metodologia, cronograma, referências) seguidas das respectivas definições e com ilustrações que ajudam o jovem pesquisador durante a formatação do trabalho. Os autores poderiam mencionar a norma da ABNT que versa sobre projeto de pesquisa, NRB 15287 (2005), a norma da ABNT que versa sobre a escrita das referencias bibliográ-ficas, NRB 6023 (2002), a norma da ABNT que versa sobre a confecção do sumário, NRB 6027 (2003). É uma maneira do jovem cientista de acostumar-se com a ideia de que a produção cientifica está pautada em normas que devem ser rigorosamente cumpridas.

O quinto capítulo, intitulado Trabalho Científico: os elementos textuais, destina-

se a estrutura da monografia da monografia propriamente dita. Logo no início deste capítulo, os autores fazem menção a norma NRB 14724 (2005). Os elementos constituintes da monografia foram separados em pré-textuais, textuais e pós-textuais. Para cada um deles, é apresentada a definição e a classificação em obrigatório ou opcional. Durante a escrita sobre os elementos textuais, os autores destinaram parte do capítulo para falar sobre o estilo de linguagem do texto científico, a organização do texto científico e os tipos de trabalhos científicos (artigo científico, paper, sinopse, informes, ensaio, resenha, TCC, tese). São informações extremamente necessárias, mas que careciam, dada a sua importância, de um espaço um pouco maior na obra. Para cada tipo de trabalho científico, os autores teceram breve descrição. Ressalta-se a necessidade de inclusão da NBR 6021 (2003) e 6022 (2003) que versa sobre artigo científico.

O capítulo seguinte, Normas para confecção do trabalho científico, dedica-se a formatação do trabalho conforme as exigências científicas (folha, texto, impressão, fonte da letra, tamanho da letra, paginação, margem, espacejamento, seções e subseções, notas de rodapé e etc.). No mesmo capítulo, os autores apresentam as citações, os tipos de citações e a

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    pontual. Trata-se de uma obra destinada aos pesquisadores iniciantes. Havendo necessidade de consultas mais aprofundadas, os leitores deverão dirigir-se para algumas das obras listadas na seção referencias bibliográfica, por exemplo.

No primeiro capítulo, denominado de introdução encontramos uma brevíssima apresentação da obra. No primeiro parágrafo encontramos logo a finalidade da publicação “auxiliar o aluno do curso de direito na confecção de trabalhos científicos (...)” (LEHFELD; FERREIRA; LÉPORE, 2011, p. 17). Após a apresentação, os autores reafirmam o compromisso de respeitar as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para a orientação de trabalho dos acadêmicos de direito.

O capítulo dois, intitulado Conceitos importantes, apresenta uma espécie de glossário com os termos científicos mais recorrentes como: definição de abreviatura, agradecimentos, anexos, apêndices, capa, citação, dedicatória, dissertação, elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais; epígrafe, errata, folha de aprovação, folha de rosto, glossário, ilustração, índice, lombada, referências, resumo em língua estrangeira e resumo em língua vernácula, sigla, símbolo, sumário, tabela, tese, trabalhos acadêmicos. Vale ressaltar que,

como um glossário, não há inserção de ilustrações para cada um dos verbetes apresentados.

O capítulo três, intitulado A escolha do tema, versa sobre o aspecto mais relevante para a produção de uma pesquisa científica. Não há pesquisa científica sem tema definido. Mesmo que depois da escolha do tema ainda haja um enorme trabalho pela frente, mas é a definição de tema que permite que o pesquisador comece o estudo. Além de ser a escolha do tema um momento crucial para a produção científica, há ainda a dificuldade atribuída a esta escolha (LEHFELD; FERREIRA; LÉPORE, 2011, p. 23). Os autores ressaltam ainda o papel do orientador na escolha, na ajuda quanto à escolha deste tema. Os autores sugerem um breve levantamento bibliográfico em torno da temática escolhida, com posterior produção de fichas bibliográficas, antes da procura do orientador. Tal levantamento bibliográfico, mesmo que breve, daria ao pesquisador condições de identificar a quantidade e a qualidade das obras disponíveis sobre o assunto escolhido. Por se tratar de uma obra destinada aos pesquisadores iniciantes, dada à obje-tividade com que os assuntos foram tratados, seria interessante que os autores estabelecessem a diferença entre tema e

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             RESENHA

título, a importância problematização e/ou ainda propusessem um exercício para delimitação do tema. Afinal, a escolha do tema, por mais relevante que seja, carece de uma delimitação bem desenhada. É sobre a delimitação do tema, e não sobre o tema, que é muito amplo, que definimos o objetivo e a metodologia do estudo.

O quarto capítulo, intitulado Projeto de trabalho científico, apresenta as parte do projeto de pesquisa (capa, folha de rosto, sumário, elementos essenciais do projeto de pesquisa – título, justificativa, relevância e fundamentação teórica, problematização, objetivos, metodologia, cronograma, referências) seguidas das respectivas definições e com ilustrações que ajudam o jovem pesquisador durante a formatação do trabalho. Os autores poderiam mencionar a norma da ABNT que versa sobre projeto de pesquisa, NRB 15287 (2005), a norma da ABNT que versa sobre a escrita das referencias bibliográ-ficas, NRB 6023 (2002), a norma da ABNT que versa sobre a confecção do sumário, NRB 6027 (2003). É uma maneira do jovem cientista de acostumar-se com a ideia de que a produção cientifica está pautada em normas que devem ser rigorosamente cumpridas.

O quinto capítulo, intitulado Trabalho Científico: os elementos textuais, destina-

se a estrutura da monografia da monografia propriamente dita. Logo no início deste capítulo, os autores fazem menção a norma NRB 14724 (2005). Os elementos constituintes da monografia foram separados em pré-textuais, textuais e pós-textuais. Para cada um deles, é apresentada a definição e a classificação em obrigatório ou opcional. Durante a escrita sobre os elementos textuais, os autores destinaram parte do capítulo para falar sobre o estilo de linguagem do texto científico, a organização do texto científico e os tipos de trabalhos científicos (artigo científico, paper, sinopse, informes, ensaio, resenha, TCC, tese). São informações extremamente necessárias, mas que careciam, dada a sua importância, de um espaço um pouco maior na obra. Para cada tipo de trabalho científico, os autores teceram breve descrição. Ressalta-se a necessidade de inclusão da NBR 6021 (2003) e 6022 (2003) que versa sobre artigo científico.

O capítulo seguinte, Normas para confecção do trabalho científico, dedica-se a formatação do trabalho conforme as exigências científicas (folha, texto, impressão, fonte da letra, tamanho da letra, paginação, margem, espacejamento, seções e subseções, notas de rodapé e etc.). No mesmo capítulo, os autores apresentam as citações, os tipos de citações e a

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           Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

Normas para Publicação de Trabalhos na Revista Cientefico

Apresentação

A revista Cientefico (ISSN: 1677-1591 versão impressa e ISSN: 1677-5716 versão online), produzida, fomentada e editada pelo grupo DeVry Brasil, propõe-se a estimular a produção acadêmico-científica, visando instigar a transdisciplinaridade entre as áreas de interesse das Instituições do grupo DeVry Brasil. As diretrizes gerais da revista são definidas pelo Conselho Editorial e as sugestões, críticas e observações efetivadas pelos leitores devem ser encaminhadas à Equipe Editorial, através do e-mail: [email protected]. Atualmente, a periodicidade da revista é semestral.

I. Orientação editorial

Os textos produzidos deverão ser ori- ginais e serão submetidos a exame pela Equipe Editorial, a quem cabe elaborar o conteúdo do parecer e deliberar sobre a pu- blicação. A Equipe Editorial poderá assessorar-se de pareceristas ad hoc, a seu critério, omiti- da a identidade dos autores, bem como dos respectivos avaliadores. O prazo de entrega do parecer dos avaliadores será de no má- ximo um mês.

As revisões necessárias serão sugeridas pela Equipe Editorial, seguindo as observa- ções técnicas do(s) revisor(es), e a devolu- ção dos textos avaliados deverá ocorrer no prazo de quinze dias, pelo seu autor, uma vez que ele tenha recebido a notificação. É permitida a reprodução parcial dos textos, desde que citada à fonte.

II. Apresentação do manuscrito a) Os trabalhos, digitados em Word for Windows, devem ser encaminhados a Revista Cientefico através do e-mail [email protected]. O recebi-mento só será considerado mediante confirmação por e-mail emitida pelo editor da revista; b) Os textos terão no mínimo 8 e no má- ximo 15 páginas em papel A4 e configura- das de modo a apresentar 2,0 cm em todas as margens do documento, em espaço sim- ples, justificado; c) A fonte usada deverá ser Times New Roman, tamanho 12 em estilo normal. O resumo deverá ser tamanho 11, em itálico, em texto cor- rido, sem parágrafos. E as citações deve- rão ser apresentadas em tamanho 10, sendo que as citações de até 3 linhas deverão ser incorporadas ao parágrafo e àquelas de 3 linhas ou mais

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    formatação de cada tipo de citação. Sabemos que uma das maiores dificuldades dos dias de hoje é a questão do plágio nos trabalhos científicos. Os autores esclare-cem, com muita objetividade e com base na NRB 10520 e 6023, a maneira como a academia permite a inclusão de falas de terceiros no seu texto. É, sem sombra de dúvida, uma parte importantíssima da produção cientifica de qualquer pesquisa-dor.

O sétimo capítulo, Referências bibliográfica, dedica-se inteiramente a normatização para a produção de referências conforme os padrões da NRB 6023.

O oitavo capítulo, defesa oral, é sem dúvida, um diferencial quanto às outras publicações sobre produção de texto científico. Os autores apresentam brevemente como se dará a composição das bancas e algumas instruções para a apresentação oral propriamente dita. Sabe-se que a apresentação oral de um trabalho científico, especialmente o de uma monografia, é um momento muito solene. Desta forma, quaisquer esclarecimentos que possam deixar o jovem pesquisador mais tranquilo e seguro são bem vindas. Vale ressaltar também que assistir as apresentações de terceiros é uma maneira do aluno se preparar para a sua. Além de

todos esses artifícios, o aluno pode sempre contar com o professor-orientador para ajudá-lo nesse momento.

O último capítulo, a pesquisa jurídica, é também um diferencial quanto às outras publicações sobre produção de texto científico, pois traz instruções sobre as bases eletrônicas de dados, ou seja, sobre os locais onde os estudantes de direito podem buscar material científico de qualidade. Neste mesmo capítulo, os autores também comentam sobre as bolsas de estudo e as instituições que fomentam a pesquisa.

A produção do conhecimento científico deve ser uma prática constante na educação, desde a educação básica. Mas sabe-se que recebe mais ênfase no ensino superior, principalmente nas universidades.

Não cabe aqui a discussão sobre o fazer ciência no ensino superior. Mas quando a oportunidade aparecer (de maneira voluntária ou obrigatória), o pesquisador poderá ter suas dúvidas sanadas através da obra Monografia Jurídica: guia prático do trabalho científico e orientação metodológica de autoria de Lehfeld; Ferreira e Lépore.

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           Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

Normas para Publicação de Trabalhos na Revista Cientefico

Apresentação

A revista Cientefico (ISSN: 1677-1591 versão impressa e ISSN: 1677-5716 versão online), produzida, fomentada e editada pelo grupo DeVry Brasil, propõe-se a estimular a produção acadêmico-científica, visando instigar a transdisciplinaridade entre as áreas de interesse das Instituições do grupo DeVry Brasil. As diretrizes gerais da revista são definidas pelo Conselho Editorial e as sugestões, críticas e observações efetivadas pelos leitores devem ser encaminhadas à Equipe Editorial, através do e-mail: [email protected]. Atualmente, a periodicidade da revista é semestral.

I. Orientação editorial

Os textos produzidos deverão ser ori- ginais e serão submetidos a exame pela Equipe Editorial, a quem cabe elaborar o conteúdo do parecer e deliberar sobre a pu- blicação. A Equipe Editorial poderá assessorar-se de pareceristas ad hoc, a seu critério, omiti- da a identidade dos autores, bem como dos respectivos avaliadores. O prazo de entrega do parecer dos avaliadores será de no má- ximo um mês.

As revisões necessárias serão sugeridas pela Equipe Editorial, seguindo as observa- ções técnicas do(s) revisor(es), e a devolu- ção dos textos avaliados deverá ocorrer no prazo de quinze dias, pelo seu autor, uma vez que ele tenha recebido a notificação. É permitida a reprodução parcial dos textos, desde que citada à fonte.

II. Apresentação do manuscrito a) Os trabalhos, digitados em Word for Windows, devem ser encaminhados a Revista Cientefico através do e-mail [email protected]. O recebi-mento só será considerado mediante confirmação por e-mail emitida pelo editor da revista; b) Os textos terão no mínimo 8 e no má- ximo 15 páginas em papel A4 e configura- das de modo a apresentar 2,0 cm em todas as margens do documento, em espaço sim- ples, justificado; c) A fonte usada deverá ser Times New Roman, tamanho 12 em estilo normal. O resumo deverá ser tamanho 11, em itálico, em texto cor- rido, sem parágrafos. E as citações deve- rão ser apresentadas em tamanho 10, sendo que as citações de até 3 linhas deverão ser incorporadas ao parágrafo e àquelas de 3 linhas ou mais

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           Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012     n) Caso exista financiamento ou apoio o

mesmo deve ser explicitado;

o) Pesquisas que envolvam seres huma-

nos serão publicadas mediante o parecer do

comitê de ética;

p) Para as tabelas e desenhos devem ser

utilizados os recursos apropriados do edi-

tor de texto (Word). As equações devem

ser editadas no Microsoft Equation 3.0 ou

similar;

q) As ilustrações, fotografia e mapas de-

vem ser inseridas no tamanho máximo de

15x20 cm, ter boa qualidade e no formato

de arquivo jpg.

III. Tipos de textos acolhidos

Artigos, ensaios, monografias, resenhas,

análise temática, crítica literária, reflexão

filosófica, relatos de caso, relatos de expe-

riência, informativos, extratos de participa-

ção em congresso, trabalhos de disciplinas

com avaliação do professor responsável,

relatórios, estudos técnicos, descrição de

experiências, análise de teorias, análise de

arquivo.

• Artigos: Relato de investigação. Deve

conter resumo e palavras chave em língua

vernácula e estrangeira, introdução, méto-

dos, resultados, discussão, considerações

finais e referências;

• Artigo de revisão: Revisão de literatu-

ra e crítica sobre determinado tema. Deve

conter resumo e palavras chave em língua

vernácula e estrangeira, introdução, desen-

volvimento, considerações finais e referên-

cias;

• Relato de pesquisa ou experiência: Ex-

plicitação dos passos do processo de pes-

quisa ou experiência vivenciada;

• Resenhas: Abordagem de obras publi-

cadas. Não é necessário resumo e palavras-

chave;

• Reflexão filosófica: Abordagem rele-

vante para o conhecimento científico e para

a área acadêmica. Não é necessário resumo

e palavras-chave;

• Artigo especial: Texto escolhido pelo

corpo editorial. Geralmente de um especia-

lista ou teórico de áreas de interesse para o

meio acadêmico. Deve conter resumo e pa-

lavras chave em língua vernácula e estran-

geira, introdução, métodos, resultados, dis-

cussão, considerações finais e referências;

• Monografias, teses e dissertações:

Deve conter resumo e palavras chave em

língua vernáculae estrangeira, introdução,

métodos, resultados, discussão, conside-

rações finais e referências. O nome da

seção da publicação será monografia, mas

o formato é de um artigo.

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

sofrerão recuo de 4 cm, à esquerda, com espaço simples e justificado. d) Não faça espaço no início dos pará- grafos, deixando uma linha entre eles; e) O título do trabalho deverá ser apre- sentado em letra maiúscula, tamanho 12, em negrito, com alinhamento centralizado, não devendo exceder duas linhas; f) Após o título do trabalho, inserir nome completo do(s) autor(es), alinhado à direita; g) Na primeira página, em nota de ro- dapé, em tamanho 11, deverão constar a titulação acadêmica e a vinculação institu- cional de cada um dos autores bem como o endereço eletrônico de todos eles; h) Os artigos devem conter resumo com no máximo 250 palavras e de três a cinco palavraschave. Também deve haver um resumo em língua inglesa, abstract, com a mesma quantidade de palavras-chave neste idioma; i) Recurso tipográfico Itálico deve ser utilizado apenas para palavras e/ou expres- sões estrangeiras; j) Não deve ser incluída moldura no tex- to; k) Os artigos deverão conter, obrigato- riamente, Introdução, Métodos, Resulta- dos, Discussão, Conclusões e Referências. Vale ressaltar que, algumas áreas do conhecimento, principalmente as Humani-dades não trabalham com os títulos abaixo, apesar de representar o mesmo conteúdo,

ou seja, há sim a descrição do método, dos procedimentos de coleta quantiquali, mas em geral os pesquisadores nomeiam tais itens com outros títulos. • Introdução: descrição breve do tema, objetivos e hipóteses; • Métodos: procedimentos científicos utilizados; • Resultados: descrição panorâmica dos dados levantados para propiciar ao leitor a percepção adequada e completa dos resul- tados obtidos de forma clara e precisa, sem interpretações pessoais; • Discussão: argumentos convincentes e adequados como: equações, exemplos, provas matemáticas, estatísticas, padrões, tendências, além de dados coletados e tabe- lados, onde devem ser feitas comparações com resultados obtidos por outros pesqui- sadores, caso existam; • Conclusões e/ou Considerações Finais: devem responder às questões da pesquisa, correspondentes aos objetivos e hipóteses. • Referências: fontes de pesquisa que foram utilizadas e/ou consultadas para a con- fecção do artigo. l) Os textos e as referências devem obe- decer às normas da ABNT (NBR 6023 - Informação e documentação: Elaboração de referências bibliográficas); m) As citações devem obedecer às nor- mas da ABNT (NBR 10520 - Informação e documentação: Citações em documentos: apresentação);

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           Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012     n) Caso exista financiamento ou apoio o

mesmo deve ser explicitado;

o) Pesquisas que envolvam seres huma-

nos serão publicadas mediante o parecer do

comitê de ética;

p) Para as tabelas e desenhos devem ser

utilizados os recursos apropriados do edi-

tor de texto (Word). As equações devem

ser editadas no Microsoft Equation 3.0 ou

similar;

q) As ilustrações, fotografia e mapas de-

vem ser inseridas no tamanho máximo de

15x20 cm, ter boa qualidade e no formato

de arquivo jpg.

III. Tipos de textos acolhidos

Artigos, ensaios, monografias, resenhas,

análise temática, crítica literária, reflexão

filosófica, relatos de caso, relatos de expe-

riência, informativos, extratos de participa-

ção em congresso, trabalhos de disciplinas

com avaliação do professor responsável,

relatórios, estudos técnicos, descrição de

experiências, análise de teorias, análise de

arquivo.

• Artigos: Relato de investigação. Deve

conter resumo e palavras chave em língua

vernácula e estrangeira, introdução, méto-

dos, resultados, discussão, considerações

finais e referências;

• Artigo de revisão: Revisão de literatu-

ra e crítica sobre determinado tema. Deve

conter resumo e palavras chave em língua

vernácula e estrangeira, introdução, desen-

volvimento, considerações finais e referên-

cias;

• Relato de pesquisa ou experiência: Ex-

plicitação dos passos do processo de pes-

quisa ou experiência vivenciada;

• Resenhas: Abordagem de obras publi-

cadas. Não é necessário resumo e palavras-

chave;

• Reflexão filosófica: Abordagem rele-

vante para o conhecimento científico e para

a área acadêmica. Não é necessário resumo

e palavras-chave;

• Artigo especial: Texto escolhido pelo

corpo editorial. Geralmente de um especia-

lista ou teórico de áreas de interesse para o

meio acadêmico. Deve conter resumo e pa-

lavras chave em língua vernácula e estran-

geira, introdução, métodos, resultados, dis-

cussão, considerações finais e referências;

• Monografias, teses e dissertações:

Deve conter resumo e palavras chave em

língua vernáculae estrangeira, introdução,

métodos, resultados, discussão, conside-

rações finais e referências. O nome da

seção da publicação será monografia, mas

o formato é de um artigo.

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           Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

T E R M O D E A U T O R I Z A Ç Ã O Eu, _____________________________________________ CPF no ________________

autorizo o grupo DeVry Brasil, responsável pela edição do periódico Cientefico, ISSN:

1677-1591 (impressa) e ISSN: 1677-5716 (online), a publicar o texto de minha autoria

intitulado_______________________________________________________________,

em versão impressa e eletrônica, dis- pensando qualquer tipo de remuneração ou contra

prestação econômica pela divulgação do referido trabalho.

Cidade (Estado), _____ de __________ de _____

________________________________________

Assinatura

           

Cientefico. V. 2, Ano 12 Fortaleza, jul-dez 2012    

IV. Termo de Autorização

Cada um dos autores deverá preencher o

Termo de Autorização e enviar no mo-

mento da submissão do manuscrito, devi-

damente assinado, pois o envio do mesmo

será condição sine qua non para que o texto

seja publicado na Cientefico (vide modelo

ao lado).

Cidade (Estado), _____ de _____ de_____

____________________

Conselho Editorial

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T E R M O D E A U T O R I Z A Ç Ã O Eu, _____________________________________________ CPF no ________________

autorizo o grupo DeVry Brasil, responsável pela edição do periódico Cientefico, ISSN:

1677-1591 (impressa) e ISSN: 1677-5716 (online), a publicar o texto de minha autoria

intitulado_______________________________________________________________,

em versão impressa e eletrônica, dis- pensando qualquer tipo de remuneração ou contra

prestação econômica pela divulgação do referido trabalho.

Cidade (Estado), _____ de __________ de _____

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Assinatura

devrybras i l .edu.br