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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE PRAÇA DR. RAUL NUNES, 70 – SETOR CENTRAL CEP 75.650-000 – MORRINHOS/GOIÁS Fundado em 30/07/1939 ESTUDO SISTEMATIZADO DE DOUTRINA ESPÍRITA CIÊNCIA ESPÍRITA I

CIÊNCIA ESPÍRITA I...como forma de despertar nos participantes o gosto pela prática da Caridade, quando espera-se o máximo empenho de todos nesse sentido. Os estudos serão previamente

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Page 1: CIÊNCIA ESPÍRITA I...como forma de despertar nos participantes o gosto pela prática da Caridade, quando espera-se o máximo empenho de todos nesse sentido. Os estudos serão previamente

CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE PRAÇA DR. RAUL NUNES, 70 – SETOR CENTRAL

CEP 75.650-000 – MORRINHOS/GOIÁS

Fundado em 30/07/1939

ESTUDO SISTEMATIZADO DE DOUTRINA ESPÍRITA

CIÊNCIA ESPÍRITA I

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE - Estudo Sistematizado de Doutrina Espírita (ESDE – Módulo V)

- Curso Ciência Espírita I -

Reunião: ESPECIAL (INAUGURAL)

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— APRESENTAÇÃO:

Este curso é destinado às pessoas que concluíram o Curso “Aspecto Religioso da

Doutrina Espírita”, obtendo o aproveitamento básico à assimilação dos novos temas, a

serem estudados.

O assunto a ser desenvolvido será o aspecto científico da Doutrina Espírita.

— METODOLOGIA:

Será aplicado sistematicamente, utilizando-se de técnicas adequadas, tais como:

exposição dialogada, estudos em grupos, recursos áudio visuais, etc.

Em seu transcorrer recomendaremos e promoveremos visitas a irmãos carentes,

como forma de despertar nos participantes o gosto pela prática da Caridade, quando

espera-se o máximo empenho de todos nesse sentido.

Os estudos serão previamente preparados, seguindo uma programação pré-

estabelecida e tendo como bibliografia os livros da Codificação Kardequiana e obras

complementares da literatura espírita.

Estão previstas 18 (dezoito) reuniões temáticas e 2 (duas) especiais — inaugural e

de encerramento.

Os estudos ocorrerão sempre às segundas-feiras, no horário das 19h 15 às 21h.

Este curso, será aplicado por dois monitores, indicados pela direção do Centro

Espírita Luz e Caridade.

— OBJETIVOS:

- Dar continuidade ao estudo da Doutrina Espírita;

- conhecer o aspecto científico da Doutrina Espírita;

- estimular a reforma íntima, conscientizando quanto a necessidade da aplica-

ção dos ensinamentos adquiridos em nossa vida diária e em sociedade;

- formar adeptos esclarecidos capazes de propagar as idéias espíritas; (Allan

Kardec - Livro: OBRAS PÓSTUMAS)

- despertar / conscientizar para a necessidade da prática da Caridade;

- preparar novos trabalhadores para as atividades específicas da mediunidade

e para as demais áreas.

— CRONOGRAMA:

INÍCIO: 19/02/2018.

TÉRMINO PREVISTO: 25/06/2018.

DIA DA SEMANA: Segunda-feira.

HORÁRIO: 19 h - 19h 15 = Preparação instrutores / Providências.

19h15 - 19h 30 = Alegria Cristã.

19h30 - 21h = Aula.

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE - Estudo Sistematizado de Doutrina Espírita (ESDE – Módulo V)

- Curso Ciência Espírita I -

Reunião: ESPECIAL (INAUGURAL)

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TEMAS A SEREM ESTUDADOS:

— 19/02 = Reunião Especial (Inaugural)

I - FLUIDOS E PERISPÍRITO

01 — Natureza e qualidade dos fluidos.

02 — Modificações dos fluidos e magnetismo.

03 — Criações fluídicas e ideoplastia.

04 — Perispírito: Formação, propriedades, funções - I.

05 — Perispírito: Formação, propriedades, funções - II.

06 — Vestimenta dos Espíritos.

II - INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL

07 — Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos: Telepatia e Pressentimentos.

08 — Influência dos Espíritos nos acontecimentos da vida.

09 — Afeição que os Espíritos votam a certas pessoas / Espíritos Protetores.

III - O FENÔMENO DE INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA

10 — O fenômeno mediúnico através dos tempos.

11 — Os médiuns precursores.

12 — O mecanismo das comunicações: Condições técnicas, afinidades e sintonia.

13 — A natureza das comunicações: Imperfeitas, sérias e instrutivas.

14 — Das Evocações: Da qualidade, da linguagem e de sua utilidade.

15 — Da natureza das indagações aos Espíritos comunicantes.

IV - DOS MÉDIUNS

16 — O médium: Conceito e classificação.

17 — A categoria de médiuns especiais para efeitos físicos e intelectuais.

18 — Espécies comuns a todos os gêneros de mediunidade.

19 — Mediunidade nas crianças.

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE - Estudo Sistematizado de Doutrina Espírita (ESDE – Módulo V)

- Curso Ciência Espírita I -

Reunião: ESPECIAL (INAUGURAL)

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— NORMAS GERAIS:

I - PONTUALIDADE:

Estar atento quanto ao horário, pois a porta será fechada no horário marcado

para o início da aula (19h30), quando será proferida a prece inicial. É recomendação da

espiritualidade, pelo Espírito André Luiz, no livro “Sinal Verde”, lição 39: “Tanto quanto

possível, em qualquer obrigação a cumprir, esteja presente pelo menos dez minutos antes,

no lugar do compromisso a que você deve atender.”

“Ordem mantida, rendimento avançado”. (CONDUTA ESPÍRITA - André Luiz)

II - ASSIDUIDADE:

O aluno necessitará atingir o mínimo de 75% de freqüência, podendo ter

apenas 5 faltas durante todo o transcorrer do Curso. Somente participará do próximo Curso

aquele que atingir o mínimo de freqüência estabelecido.

“Inconstância e indisciplina são portas de frustração”. (CONDUTA ESPÍRITA - André Luiz)

III - CONVERSAS PARALELAS:

Evitar conversas paralelas para não atrapalhar a conexão dos assuntos que

estão sendo expostos.

“Em qualquer atividade a disciplina sedimenta o êxito”. (CONDUTA ESPÍRITA - André Luiz)

IV - RESPONSABILIDADE:

Ter responsabilidade com os compromissos assumidos. Grande esforço e

valioso tempo são exigidos da equipe que organiza, coordena e aplica este Curso.

“Não há vida sem responsabilidade. Todo ser tem direitos e obrigações. (ESTUDE E

VIVA - André Luiz)

V - NECESSIDADE DO ESTUDO:

Fazer melhor é saber porque, quando e como fazer, por isso o estudo se torna

de essencial importância para o nosso crescimento espiritual.

“Levantam-se educandários em toda a Terra.

Estabelecimentos para a instrução primária, universidades para o ensino superior.

Ao lado, porém, das instituições que visam à especialização profissional e científica, na

atualidade, encontramos no templo espírita a escola da alma, ensinando a viver.” (ES-

TUDE E VIVA, Introdução - Emmanuel)

Que Jesus nos ilumine!

A Coordenação.

* * * *

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE

- Curso Ciência Espírita I -

1ª AULA: FLUIDOS E PERISPÍRITO - Natureza e Qualidade dos Fluidos

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NATUREZA E QUALIDADE DOS FLUIDOS

O fluido cósmico universal é o elemento primitivo indispensável à intermediação entre o Espírito e a matéria propriamente dita. Para tornar possível esta intermediação, goza de propriedades comuns a ambos, pelo que não se pode dizer que seja matéria ou Espírito, já que estes são os dois elementos gerais, distintos, do Universo. Pelas suas inúmeras combinações com a matéria, sob a ação do Espírito, é capaz de produzir a imensa variedade dos corpos da Natureza. Em sua condição de elemento primitivo do Universo, o fluido cósmico assume os estados de eterização e de materialização ou, em outras palavras, de imponderabilidade e ponderabilidade. O primeiro pode ser considerado o primitivo estado normal e o segundo resulta das transformações daquele ao ponto de se apresentar como matéria tangível nos seus múltiplos aspectos. O segundo estado é consecutivo ao primeiro e a tangibilidade da matéria assinala a passagem de um ao outro estado. ―(...) Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados (...)‖. Esses dois estados são a causa de uma inumerável quantidade de fenômenos. Uns ocorrem no mundo invisível. Constituem os fenômenos espirituais ou psíquicos. Ligam-se ao estado de eterização. Outros sucedem no mundo visível. São os fenômenos materiais e relacionam-se ao estado de materialização. O fluido cósmico sofre, no estado de eterização, sem deixar de ser etéreo, inúmeras modificações que formam fluidos diferentes. Não obstante a mesma origem, possuem propriedades especiais. Para os Espíritos, esses fluidos têm, dentro da relatividade das coisas, aspecto material. São, por assim dizer, as substâncias do mundo espiritual e estão para os mesmos como a matéria está para os encarnados. Eles os trabalham e utilizam para obter os mais diferentes resultados, tal como os homens manipulam a matéria propriamente dita. Mudam apenas os processos. Os fluidos do mundo espiritual escapam aos nossos sentidos, que estão limitados à percepção apenas da matéria tangível. No entanto há alguns intimamente ligados à vida corporal. Não podendo ser observados diretamente, pelo menos seus efeitos são percebidos. No estado de eterização, os fluidos se apresentam, em virtude das inúmeras modificações por que passam, em diferentes graus de pureza dentro da faixa compreendida pela pureza máxima — ponto de partida do fluido universal — e pela sua transformação em matéria tangível. Quanto mais próximos do estado de materialização os fluidos são menos puros. Estes formam a chamada atmosfera espiritual da Terra. ―(...) É desse meio, onde igualmente vários são os graus de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados, deste planeta, haurem os elementos necessários à economia de suas existências (...)‖. Atendidas as condições físicas e de vitalidade própria de cada um, a situação é a mesma em relação aos outros mundos. Os fluidos do mundo espiritual são também denominados fluidos espirituais. Isto decorre de sua afinidade com os Espíritos. A rigor, não é uma expressão muito correta porque verdadeiramente espiritual é a alma. Na realidade, eles são a matéria do mundo espiritual. Os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais utilizando o pensamento e a vontade. As repercussões dessa ação assumem grande importância para os homens. Tais fluidos são o meio de propagação do pensamento, o qual tem o poder de modificar-lhes as propriedades. Isto significa que são afetados pela qualidade daquele, ou seja, o pensamento impregna de boas ou más qualidades os fluidos com os quais entra em contato, alterando-os pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os pensamentos, conforme sejam bons ou maus, purificam ou poluem os fluidos espirituais. ―(...) Os fluidos que envolvem os Espíritos

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE

- Curso Ciência Espírita I -

1ª AULA: FLUIDOS E PERISPÍRITO - Natureza e Qualidade dos Fluidos

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maus, ou que estes projetam são, portanto, viciados, ao passo que os que recebem a influência dos bons Espíritos são tão puros quanto o comporta o grau de perfeição moral destes. (...)‖. Cada pensamento comunica determinada qualidade aos fluidos. Segue-se que, devido à enorme variedade de pensamentos, inumeráveis são os fluidos bons ou maus, o que torna impraticável classificá-los. Não possuem denominações próprias. São identificados pelas suas propriedades, efeitos e tipos originais. A natureza de nossos sentimentos, virtudes, vícios e paixões imprime-lhes características correspondentes. Sob outro ângulo, observa-se que eles produzem efeitos físicos os mais diversos, tais como excitação, calma, irritação, adstringência, narcose, toxidez. ―(...) Os fluidos não possuem qualidades sui generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa. Conforme as circunstâncias, suas qualidades são, como as da água e do ar, temporárias ou permanentes, o que os torna muito especialmente apropriadas à produção de tais ou tais efeitos. (...)‖. _______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 01 - Federação Espírita

Brasileira.

* * * *

PARA REFLETIR:

Í M Ã

Perto, muito perto de ti, estão todos aqueles que já te precederam na viagem da morte.

Aqueles que subiram para o alto dos montes se referem à luz; no entanto, os que desceram para as furnas do vale agitam-se na sombra.

Quantos se sublimaram, no suor do serviço, mostram que vale a pena lutar e padecer, para que o bem se faça, e apelam para o bem, porque Deus é amor.

Contudo, os que se agarram às paixões inferiores mergulham-se nas trevas, como seres do lodo, e, em largo desespero, convidam para o mal, a que se prendem, fracos, em tremenda ilusão.

Todos os que marcharam no extremo auxílio aos outros ensinam-te, pacientes, a converter espinhos em roseirais eternos, mas quantos desprezaram as criaturas irmãs, no apego desvairado à posse de si mesmos, induzem-te a fazer de rosas passageiras duros espinheirais.

Não afirmes: — ―Sou pedra.‖

Nem digas: — ―Não percebo.‖

No lar do pensamento, estamos todos juntos.

Cada Espírito escolhe a força em que se inspira.

O raciocínio manda.

O sentimento guia.

Trazes, assim, contigo, o leme do destino escondido na mente, ocultando no peito o impulso que o dirige, porque tudo prospera aos golpes do desejo, e o ímã do desejo chama-se coração. (SEARA DOS MÉDIUNS – Emmanuel / Francisco Cândido Xavier)

* * * * OBS.: ESTUDAR EM CASA NO LIVRO “A GÊNESE”, os itens 18 a 21 e 31 a 34, do cap.XIV.

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE

- Curso Ciência Espírita I -

2ª AULA: FLUIDOS E PERISPÍRITO - MODIFICAÇÕES DOS FLUIDOS E MAGNETISMO

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MODIFICAÇÕES DO FLUIDO E MAGNETISMO

Um lugar qualquer pode ter seus fluidos ambientes poluídos pelos encarnados e pelos

desencarnados ou, simultaneamente, por ambos.

Sabido que o pensamento do encarnado age, como o do desencarnado, sobre os

fluidos espirituais, estes são afetados pelas qualidades de seus pensamentos; se bons, temos

fluidos saudáveis; se maus, fluidos viciados.

Essa capacidade de atuação dos encarnados sobre os elementos do mundo espiritual

decorre do fato de que a encarnação não os priva, totalmente, da vida espiritual. “(...) O

pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se

transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau, saneia ou

vicia os fluidos ambientes. (...)”

Com a encarnação o Espírito conserva seu perispírito, que permanece com todas as

qualidades próprias e, além disso, não fica encerrado no corpo físico, “(...) mas, irradia ao seu

derredor e o envolve como que de uma atmosfera fluídica (...)”.

Os fluidos corrompidos pelos maus eflúvios dos Espíritos inferiores podem ser

saneados pelo afastamento destes, e isto se consegue eliminando o que se constituía para

eles em focos de atração. O cultivo dos bons pensamentos e sentimentos transforma os

fluidos ambientes em bons fluidos, os quais têm o poder de repelir os maus fluidos. Cada

encarnado dispõe, em seu perispírito, de uma fonte fluídica permanente que pode mobilizar

para operar essa renovação.

Quanto à viciação fluídica produzida pelos encarnados, o ambiente se modifica, é bem

evidente, observando-se o mesmo procedimento anterior sobre o cultivo dos bons

pensamentos e sentimentos, no caso dos maus Espíritos.

“(...) Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais,

ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos

exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quanto, por sua expansão e sua

irradiação, o perispírito com eles se confunde (...)”.

Por outro lado, o perispírito, que está intimamente ligado ao corpo físico, molécula a

molécula, ao sofrer a influência desses fluidos, reage sobre aquele, transmitindo-lhe uma

impressão salutar ou penosa, conforme os eflúvios sejam bons ou maus. A ação continuada e

enérgica dos maus eflúvios pode ter repercussões sérias, provocando o surgimento de

doenças.

Os ambientes onde pululam maus Espíritos são grandemente impregnados de fluidos

deletérios que afetam, de forma muito prejudicial, a saúde dos encarnados, que os absorvem

através dos poros perispiríticos.

Como já foi visto, o fluido cósmico universal sofre inúmeras transformações,

formando imensa variedade de fluidos com propriedades especiais. Um desses fluidos,

condensado no perispírito, é possuidor de recursos que possibilitam a recuperação do corpo

físico. Isto é possível em razão da identidade existente entre ambos, cuja origem é comum.

Para que esses efeitos reparadores se realizem, faz-se mister inocular tais fluidos no

organismo combalido. Tanto o encarnado como o desencarnado são os agentes da infiltração

dessa substância, extraída de seu próprio perispírito.

Opera-se a cura pela remoção das células doentes, que são substituídas por células

sadias, e estas, naturalmente, são produzidas por substâncias puras. Há, ainda, a considerar: a

vontade do inoculador que, quanto mais enérgica, mais abundante torna a emissão fluídica e

lhe dá maior poder de penetração no corpo enfermo; seu desejo de promover a cura.

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE

- Curso Ciência Espírita I -

2ª AULA: FLUIDOS E PERISPÍRITO - MODIFICAÇÕES DOS FLUIDOS E MAGNETISMO

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A ação desses elementos fluídicos, também chamados elementos magnéticos,

apresenta efeitos muito variados sobre os enfermos: às vezes lentos, exigindo tratamento

demorado, outras vezes rápidos. Há pessoas que produzem curas instantâneas pela simples

imposição das mãos, ou só pelo uso da vontade.

Conforme o agente responsável pela emissão magnética, identifica-se:

1. magnetismo humano, ou magnetismo propriamente dito, cuja ação, produzida

pelos fluidos do encarnado (magnetizador), depende da força e, principalmente, da

qualidade do fluido;

2. magnetismo espiritual, produzido pelos Espíritos, cuja atração se faz

diretamente e sem intermediários sobre a criatura humana. Sua qualidade está

ligada às qualidades dos Espíritos;

3. magnetismo misto, semi-espiritual ou humano-espiritual, associação dos

recursos fluídicos do encarnado, ou magnetizador, com os dos Espíritos. Estes irradiam sobre aquele a substância fluídica que lhes é própria e o encarnado as

transmite aos enfermos juntamente com seus recursos magnéticos. Há, assim, um enriquecimento fluídico.

_______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 02 - Federação Espírita Brasileira.

PARA REFLETIR:

ONDAS Livro: SEARA DOS MÉDIUNS. Autor: Espírito Emmanuel, psicografia: F. C. Xavier.

Ondas mentais enxameiam por toda parte.

Não é necessário te definas em tarefas especiais, nos círculos mediúnicos, para transmitires o pensamento de entidades outras.

Particularmente, quando falas, exprimes as inclinações e opiniões de inteligências diversas.

Sentes, pensas, ouves, lês e observas e, em qualquer desses estados de alma, assimilas influências alheias.

Medita, assim, na função da palavra que despedes. - - - -

Cada peça verbal pode ser comparada a certo veículo de essências mentais determinadas.

A preleção edificante é lâmpada acesa.

A conversa maledicente é prato de lama.

O reparo confortador é bálsamo de coragem.

A indicação caluniosa é poção corrosiva.

A nota de fraternidade é injeção de bom ânimo.

O gracejo inoportuno é dissolvente da responsabilidade.

O registro da compreensão é recurso calmante.

A anedota deprimente é coagulante do vício.

A frase amiga é copo de água pura.

O apontamento pessimista é drágea de veneno. - - - -

Cada vez que dizes algo, refletes, a teu modo, alguém ou alguma coisa.

Idéias inúmeras de Espírito encarnados e desencarnados podem fazer ninho em tua boca.

A língua, de certa forma, é um auto-falante.

Repara a onda que sintonizas. * * * *

OBS.: ESTUDAR EM CASA NO LIVRO “A GÊNESE”, os itens 13, 14 e 15, do cap. XIV.

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE

- Curso Ciência Espírita I -

3ª AULA: FLUIDOS E PERISPÍRITO - CRIAÇÕES FLUÍDICAS E IDEOPLASTIA

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CRIAÇÕES FLUÍDICAS E IDEOPLASTIA

O fluido espiritual, um dos estados assumidos pelo fluido cósmico universal, fornece aos Espíritos o elemento de onde eles extraem os materiais sobre que operam. Essa atuação se faz usando o pensamento e a vontade. “(...) Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma colocação determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual (...).” É comum a realização dessas modificações sem que haja um pensamento consciente. É o caso dos Espíritos que são percebidos pelos videntes, logo depois de desencarnados, envergando uma vestimenta qualquer, antes mesmo de se haverem dado conta de sua nova realidade. A maior parte das transformações, contudo, ocorre sob o império de um desejo, a manifestação de um propósito consciente. Basta mentalizar alguma coisa e esta se forma. É por isso que um Espírito pode assumir diferentes aspectos e apresentar diversas aparências, envergar trajes especiais, portar objetos os mais variados, exibir defeitos físicos, mutilações etc. São expressões assumidas visando a uma identificação, geralmente revivendo situações de existências passadas. Porém, assim como assumiu aspecto do passado, tão logo seu pensamento o situe no presente, ou em outra existência, imediatamente se opera nova transformação. Há, por outro lado, o caso dos Espíritos que conservam a mutilação, as deformações ou chagas do corpo físico que ocupavam, em razão de um condicionamento. Incapazes, por si mesmos, de reassumir a forma normal e sadia, são induzidos à mudança mediante um processo de esclarecimento e, pelo mesmo princípio de manejo dos fluidos espirituais, logram obtê-la. As sugestões hipnóticas provocam, também, freqüentes transformações no perispírito, no sentido de seu aviltamento. Isso pode ser observado sob dois aspectos: o primeiro, através da auto-sugestão, motivada por sentimento de culpa ou rebaixamento voluntário; o segundo, pela ação da mente de outro Espírito sobre determinada entidade espiritual, explorando-lhe os deslizes que tornaram particularmente vulnerável. Encontramos aí a explicação para os fenômenos conhecidos como “zoantropia”, onde os Espíritos assumem formas animalescas, total, ou parcialmente. A expressão “zoantropia”, por seu sentido amplo, vem sendo sugerida, ultimamente, em lugar de “licantropia” que, etimologicamente, significa “estudo sobre o homem-lobo.” É de referir-se, ainda, os casos de Espíritos que, quase sempre com o propósito de amedrontar para melhor alcançar seus objetivos, apresentam-se com aspectos monstruosos e apavorantes, até mesmo de satanás. A todas essas transformações operadas pela mente dá-se o nome de “ideoplastia” (do grego “ideo = idéia + “plastos” = forma + “ia” = estudo, análise), ou seja, “estudo da modelagem através do pensamento”. Segundo nos ensina André Luiz, ao abordar a ideoplastia, “o pensamento pode materializar-se, criando formas que muitas vezes se revestem de longa duração, conforme a persistência da onda em que se expressam”. As materializações constituem outro exemplo de plasmagem realizada pelos Espíritos, nas sessões de efeitos físicos, com a utilização de: elementos plásmicos exteriorizados pelos médiuns e pelos outros participantes dessas reuniões; componentes fluido-plásticos da Natureza. “Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja acostumado a usar”. Isto não se restringe a objetos de uso pessoal, como é o caso do cachimbo, óculos, bengala, faca, chapéu, etc, mas se estende a coisas como casas, prédios, jardins, móveis, veículos, alimentos, instrumentos de toda ordem. Alguns têm existência tão fugidia quanto a duração do pensamento; mas outros persistem longamente, como já citado. No plano dos Espíritos, suas criações fluídicas são tão reais que assumem, para eles, o mesmo aspecto que as coisas materiais para os encarnados.

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE

- Curso Ciência Espírita I -

3ª AULA: FLUIDOS E PERISPÍRITO - CRIAÇÕES FLUÍDICAS E IDEOPLASTIA

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Outra questão a considerar é que o pensamento, ao criar imagens fluídicas, se reflete no perispírito do Espírito a que pertence, como num espelho, aí adquirindo corpo e, de alguma maneira, se fotografa. Para melhor entendimento de como isso se passa, explica-nos Kardec: “(...) Tenha um homem, por exemplo, a idéia de matar a outro: embora o corpo material se lhe conserva impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que intentou praticar. O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito (...)”. Isto permite entender por que todo e qualquer pensamento se torna conhecido: por evidenciar-se no corpo perispíritico, e poder ser percebido por outro Espírito, mas não pelos olhos da matéria. O que realmente é visto pelo observador é a intenção. Sua execução, todavia, vai depender da persistência de propósitos de circunstâncias que a favoreçam. Modificadas estas, poderão os planos também sofrer mudanças, com a conseqüente alteração das imagens refletidas no envoltório fluídico.

_______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 3 - Federação Espírita Brasileira.

PARA REFLETIR: CARTÃO DE VISITA

Em qualquer estudo da mediunidade, não podemos esquecer que o pensamento vige na base de todos os fenômenos de sintonia na esfera da alma. Analisando-o, palidamente, tomemos a imagem da vela acesa, apesar de imprópria para as nossas anotações. A vela acesa arroja de si fótons ou força luminosa. O cérebro exterioriza princípios inteligentes ou energia mental. Na primeira, temos a chama. No segundo, identificamos a idéia. Uma e outro possuem campos característicos de atuação, que é tanto mais vigorosa quanto mais se mostre perto do fulcro emissor. No fundo, os agentes a que nos referimos são neutros em si. Imaginemos, no entanto, o lume conduzido. Tanto pode revelar o caminho de um santuário, quanto a trilha de um pântano. Tanto ajuda os braços do malfeitor na execução de um crime, quanto auxilia as mãos do benfeitor no levantamento das boas obras. Verificamos, no símile, que a energia mental, inelutavelmente ligada à consciência que a produz, obedece à vontade. E, compreendendo-se no pensamento a primeira estação de abordagem magnética, em nossas relações uns com os outros, seja qual for a mediunidade de alguém, é na vida íntima que palpita a condução de todo o recurso psíquico. Observa, pois, os próprios impulsos. Desejando, sentes. Sentindo, pensas. Pensando, realizas. Realizando, atrais. Atraindo, refletes. E, refletindo, estendes a própria influência, acrescida dos fatores de indução do grupo com que te afinas. O pensamento é, portanto, nosso cartão de visita. Com ele, representamos ao pé dos outros, conforme nossos próprios desejos, a harmonia ou a perturbação, a saúde ou a doença, a intolerância ou o entendimento, a luz dos construtores do bem ou a sombra dos carregadores do mal. (SEARA DOS MÉDIUNS - Emmanuel,

psicografia: F.C.xavier)

OBS.: ESTUDAR EM CASA NO LIVRO “A GÊNESE”, os itens 7,8,9 e 10 do Cap. XIV.

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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE

- Curso Ciência Espírita I -

4ª AULA: FLUIDOS E PERISPÍRITO - Perispírito: Formação, Propriedades, Funções - I

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Perispírito: Formação, Propriedades e Funções (1ª Parte)

O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é uma condensação do fluido cósmico

em torno da alma; o corpo carnal resulta de uma maior condensação do mesmo elemento,

que o transforma em matéria tangível.

Embora tenham origem comum, no mesmo elemento primitivo, as transformações

moleculares são diferentes nesses dois corpos, daí resultando ser o perispírito imponderável

e dotado de qualidades etéreas. Ambos são matéria, mas em estados diversos.

O Espírito forma seu envoltório perispirítico com os fluidos retirados do ambiente

onde vive. Como a natureza dos mundos varia com seu grau de evolução, será maior ou

menor a materialidade dos corpos físicos de seus habitantes, e os perispíritos guardam

relação, quanto à sua composição, com esse grau de materialidade. Admitindo-se que um

Espírito emigre da Terra, aí fica seu envoltório fluídico e toma, no mundo físico onde

aportar, um outro apropriado ao novo meio.

“A natureza do envoltório fluídico (perispírito) está sempre em relação com o grau

de adiantamento moral do Espírito. (...)”

À condição moral do Espírito corresponde, por assim dizer, uma determinada

densidade do perispírito. Maior elevação, menor densidade fluídica. Maior inferioridade,

maior densidade, isto é, perispírito mais grosseiro, com maior condensação fluídica. É claro

que mesmo os envoltórios fluídicos mais grosseiros permanecem imponderáveis. Mas,

dentro da relatividade das coisas, pode-se admitir um peso específico para o envoltório

perispirítico. Os de maior peso específico chumbam os Espíritos às regiões inferiores,

impossibilitando-lhes o acesso a planos mais elevados e, por isso mesmo, a saída para

mundos mais elevados. A acentuada densidade do perispírito de grande número de

Espíritos leva-os a confundi-lo com o corpo físico.

Por isso, consideram-se ainda encarnados, e vivem, na Terra, imaginando-se

entregues a ocupações que lhes eram habituais.

Os perispíritos dos Espíritos superiores, de reduzido peso específico, lhes conferem

uma leveza que lhes permite viver nos planos elevados, assim como o seu deslocamento a

outros mundos. É claro que tais Espíritos podem descer aos planos inferiores e,

normalmente, dada a sutileza de seu envoltório, não são percebidos pelas entidades

inferiores.

Quando encarnado, o Espírito mantém seu envoltório perispirítico, constituindo-lhe

o corpo carnal, por conseguinte, um segundo envoltório, mais grosseiro, apropriado ao

meio físico onde vive suas experiências.

O perispírito, nessa situação, “(...) serve de intermediário ao Espírito e ao corpo. É o

órgão de transmissão de todas as sensações (...)” quer partam do Espírito, quer venham do

exterior, através do corpo físico.

Dado ao estado grosseiro de matéria, os Espíritos não podem agir diretamente sobre

ela. Têm de fazê-lo através de seu perispírito. “Por meio do perispírito é que os Espíritos

atuam sobre a matéria inerte e produzem os diversos fenômenos mediúnicos. (...)”

Os fluidos perispiríticos se constituem, sob a ação da vontade dos Espíritos, em

verdadeiras alavancas que lhes permitem produzir pancadas, ruídos, deslocamentos de

objetos, etc.

Em condições normais, o perispírito é invisível, mas, em razão de modificações que

venha a experimentar, pela ação da vontade do Espírito, pode tornar-se visível. Essas

modificações consistem numa espécie de condensação ou em novos arranjos das moléculas

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que compõem esse envoltório fluídico. O aparecimento de um Espírito resulta de seu

propósito de se fazer visível. Mas não basta desejar essa visibilidade para obtê-la: a

modificação do perispírito requer a existência de certas circunstâncias que não dependem

do Espírito; este necessita de permissão, que nem sempre lhe é dada, para mostrar-se a

alguém.

Nas aparições, o perispírito se mostra mais ou menos consistente. Comumente se

apresenta com aspecto vaporoso e diáfano. De outras vezes, fá-lo com as formas

delineadas, com os traços bem nítidos. Neste último caso, pode até apresentar a solidez de

um corpo físico, sendo, por isso mesmo, tangível, o que não lhe impede de retomar

instantaneamente o estado normal de invisibilidade e etéreo.

A matéria não constitui obstáculo ao perispírito. A sua condição etérea confere-lhe a

propriedade de penetrabilidade. Ele atravessa a matéria como a luz aos corpos

transparentes. É por isso que portas e janelas fechadas de uma sala qualquer não impede a

penetração, ali, de um Espírito.

Como já foi dito, das camadas dos fluidos espirituais que envolvem a Terra, tiram

Espíritos, que ali vivem, os seus envoltórios perispiríticos. Esses fluidos não são

homogêneos: uma mistura de moléculas de várias qualidades, umas mais puras outras

menos puras. Os efeitos que produzem guardam relação com a quantidade das partes puras

que eles contêm. “(...) Conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito

se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo

onde ele se encarna (...).” O Espírito atrai as moléculas que se afinam com seu padrão

vibratório.

Como conseqüência, “a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os

Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou espaço que a circunda”, o

que não ocorre com o corpo carnal, que é formado pelos mesmos elementos,

independentemente da maior ou menor elevação dos Espíritos que o revestem. Outra

decorrência da forma de composição do perispírito: “(...) o envoltório perispirítico de um

Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora

ele encarne no mesmo meio; (...) os Espíritos superiores, encarnando, excepcionalmente,

em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas

desse mundo.”

_______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 04 - Federação Espírita Brasileira.

* * * *

PARA REFLETIR:

O PERISPÍRITO

Livro: ROTEIRO - Cap. 6

Autor: Espírito Emmanuel, psicografia: F.C.Xavier

Como será o tecido sutil da espiritual roupagem que o homem envergará (utilizará), sem o corpo de carne, além da morte?

Tão arrojada (melindrosa) é a tentativa de transmitir informes sobre a questão aos companheiros encarnados, quão difícil se faria esclarecer à lagarta com respeito ao que será ela depois de vencer a inércia da crisálida.

Colada ao chão ou à folhagem, arrastando-se, pesadamente, o inseto não desconfia que transporta consigo os germes das próprias asas.

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O perispírito é, ainda, corpo organizado que, representando o molde fundamental da existência para o homem, subsiste, além do sepulcro, demorando-se na região que lhe é própria, de conformidade com o seu peso específico.

Formado por substâncias químicas que transcendem (sublimam) a série estequiogenética

(proporção dos elementos no composto biológico) conhecida até agora pela ciência terrena, é aparelhagem de matéria rarefeita (sutil), alterando-se, de acordo com o padrão vibratório do campo interno (sentimento).

Organismo delicado, com extremo poder plástico, modifica-se sob o comando do pensamento. É necessário, porém, acentuar que o poder apenas existe onde prevaleçam a agilidade e a habilitação que só a experiência consegue conferir.

Nas mentes primitivas, ignorantes e ociosas, semelhante vestidura se caracteriza pela feição pastosa, verdadeira continuação do corpo físico, ainda animalizado ou enfermiço.

O progresso mental é o grande doador de renovação ao equipamento do espírito em qualquer plano de evolução.

Note-se, contudo, que não nos reportamos aqui ao aperfeiçoamento interior.

O crescimento intelectual, com intensa capacidade de ação, pode pertencer a inteligências perversas. Daí a razão de encontrarmos, em grande número, compactas falanges de entidades libertas dos laços fisiológicos, operando nos círculos da perturbação e da crueldade, com admiráveis recursos de modificação nos aspectos em que se exprimem.

Não possuem meios para a ascese (elevação moral) imediata, mas dispõem de elementos para dominar no ambiente em que se equilibram.

Não adquiriram, ainda, a verticalidade do Amor que se eleva aos santuários divinos, na conquista da própria sublimação, mas já se iniciaram na horizontalidade da Ciência com que influenciam aqueles que, de algum modo, ainda lhes partilham a posição espiritual.

Os “anjos caídos” não passam de grandes gênios intelectualizados com estreita capacidade de sentir.

Apaixonados, guardam a faculdade de alterar a expressão que lhes é própria, fascinando e vampirizando nos reinos inferiores da natureza.

Entretanto, nada foge à transformação e tudo se ajusta, dentro do Universo, para o geral aproveitamento da vida.

A ignorância dormente é acordada e aguilhoada pela ignorância desperta.

A bondade incipiente (nascente) é estimulada pela bondade maior.

O perispírito, quanto à forma somática (estética, aparência), obedece a leis de gravidade, no plano a que se afina.

Nossos impulsos, emoções, paixões e virtudes nele se expressam fielmente. Por isso mesmo, durante séculos e séculos nos demoraremos nas esferas da luta carnal ou nas regiões que lhes são fronteiriças, purificando a nossa indumentária (roupagem) e embelezando-a, a fim de preparar, segundo o ensinamento de Jesus, a nossa veste nupcial para o banquete do serviço divino.

* * * *

OBS.: ESTUDAR EM CASA NO LIVRO “OBRAS PÓSTUMAS”, 1ª.Parte, Cap. “Manifestações dos Espíritos”, itens 9,10,11,12,13 e16.

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PERISPÍRITO: FORMAÇÃO, PROPRIEDADES E FUNÇÕES (2ª PARTE)

O perispírito, encerrando um organismo fluídico-modelo, é a força diretriz

responsável pela edificação do plano escultural e do tipo funcional de todos os seres. “(...)

Contém o desenho prévio, a lei onipotente que servirá de regra inflexível ao novo

organismo, e lhe assinará o lugar na escala morfol+ógica, segundo o grau da sua evolução.

É no embrião que se executa essa ação diretiva (...).” Mas esse modelo fluídico, verdadeira

matriz, mantém a mesma forma do ser até o fim de sua vida, até mesmo promovendo a

regeneração dos tecidos orgânicos destruídos.

No perispírito, dormitam, por assim dizer, propriedades organogênicas, que se

ativam sob a ação da força vital.

Como ensina o Espírito André Luiz, esse corpo espiritual possui “(...) todo o

equipamento de recursos automáticos que governam os bilhões de entidades microscópicas

a serviço da inteligência, nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos esses

adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios de esforço e recapitulação, nos

múltiplos setores da evolução anímica (...).”

Refere-nos ainda André Luiz que, no corpo espiritual ou psicossoma, estão situados

os centros vitais que presidem à atividade funcional dos vários órgãos que integram o

corpo físico. Esses centros são “(...) fulcros energéticos que, sob a direção automática da

alma, imprimem às células a especialização extrema, pela qual o homem possui no corpo

denso, e detemos todos no corpo espiritual em recursos equivalentes, as células que

produzem fosfato e carbonato de cálcio para a construção dos ossos, as que se distendem

para a recobertura do intestino, as que desempenham complexas funções químicas no

fígado, as que se transformam em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras tantas

que se ocupam do fabrico de substâncias indispensáveis à conservação e defesa da vida nas

glândulas, nos tecidos e nos órgãos que nos constituem o cosmo vivo de manifestação (...).”

“No momento de encarnar, o perispírito une-se, molécula a molécula, à matéria do

gérmen. Possui este uma força vital, cuja energia mais ou menos vigorosa, transformando-

se em energia atual durante a existência, determina a longevidade do indivíduo (...).” Esse

gérmen está sujeito às leis da genética, isto é, a força vital sofre as ações modificadoras da

herança dos pais, que lhe transmitem suas disposições orgânicas. Como já foi visto, a ação

da força vital é que leva o perispírito a desenvolver suas propriedades funcionais.

O gérmen recapitula, de modo rápido, no seu desenvolvimento, as várias fases da

evolução pelas quais a raça passou.

Da mesma forma que o psicossoma traz o registro de todos os estados do Espírito

desde sua origem, assim também o gérmen material encerra as impressões de todas as

etapas percorridas pelo psicossoma.

“(...) A idéia diretriz que determina a forma está, por conseguinte, contida no fluido

vital, e o perispírito dele se impregnando, nele se transfundindo, a ele unindo-se

intimamente, materializa-se o bastante para tornar-se o diretor, o regulador, o suporte da

energia vital modificada pela hereditariedade. É graças a ele que o tipo individual se forma,

desenvolve-se, conserva-se e se destrói (...).”

O perispírito retém todos os estados de consciência, de sensibilidade e de vontade;

guarda todos os conhecimentos adquiridos pelo ser. É a sede da memória. “(...) É ele que

armazena, registra, conserva todas as percepções, todas as volições e idéias da alma. E não

somente incrusta na substância todos os estados anímicos determinados pelo mundo

exterior, como se constitui a testemunha imutável, o detentor indefectível dos mais fugidios

pensamentos, dos sonhos entrevistos e formulados (...).”

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Todo o passado nela fica armazenada. As várias etapas de nosso desenvolvimento

estão aí registradas. É o conservador de nossa personalidade, dos elementos de nossa

identificação.

Ao longo de sua imensa trajetória, desde quando a alma iniciou suas peregrinações

terrestres, sob as formas mais inferiores, vem o perispírito registrando todas as experiências

vividas pelo ser inteligente, incorporando uma bagagem crescente. “(...) Nada se destrói,

tudo se acumula nesse perispírito tão imperecível e incorruptível como a força ou a matéria

de que saiu. Os espetáculos maravilhosos que nossa alma contempla, as harmonias

sublimes que se dilatam nos espaços infinitos, os esplendores da arte, tudo se fixou em nós,

e nós para sempre possuímos o que pudemos adquirir. O mínimo esforço é levado

mecanicamente ao nosso ativo, nada se perde, e assim é que lenta, mas seguramente,

galgamos a escada do progresso (...).”

É compreensível que os desregramentos, abusos, os atentados contra o corpo físico,

as lesões aos direitos de outrem, também, tenham seu registro no corpo espiritual e venham

a repercutir já na existência em que ocorrem ou em outra encarnação.

A esse respeito, ensina-nos Kardec que o duplo fluídico, como um dos elementos

componentes do ser humano, além do importante papel nos fenômenos psicológicos, tem a

sua participação nas ocorrências fisiológicas e patológicas.

Diz-nos André Luiz que “(...) a etiologia das moléstias perduráveis, que afligem o

corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas”,

e acrescenta: “o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas,

desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa

ou aquela enfermidade (...).”

Quando encarnado, há uma ligação estreita do Espírito ao corpo físico, através do

perispírito, razão por que, qualquer modificação doentia, nas células nervosas do cérebro,

importa numa alteração das faculdades espirituais.

Em condições normais, as sensações modificam a natureza das vibrações da força

psíquica. Se essas modificações forem, pela sua intensidade e duração, de molde a

ultrapassar um limite mínimo, as sensações serão registradas no perispírito de maneira

consciente, isto é, haverá percepção, o Espírito toma conhecimento do que está ocorrendo.

É a memória de fixação. Se esse limite mínimo não for atingido, haverá registro da

sensação, mas no inconsciente.

Nem todas as sensações e recordações podem existir simultaneamente; há um

enfraquecimento de seu ritmo que as leva a descer, gradativamente, abaixo do limite

mínimo de percepção, pelo que entram na faixa do subconsciente.

“Todos os atos da vida vegetativa e orgânica hão sido conservados no perispírito, por

essa maneira, durante a evolução da alma através da série de formas inferiores.”

A repetição continuada de certos atos cria hábitos. No início, esses atos eram

conscientes mas, com a repetição constante, exigindo menos tempo e esforço, foram-se

tornando mecânicos até se fazerem automáticos e inconscientes.

A memória evocativa permite-nos lembrar os conhecimentos, através de pontos de

referência, de localização no passado bem conhecida por nós.

Por associação de idéias, esses pontos de referência nos ligam aos acontecimentos

que se agrupam em seu redor, transportando-nos à época das ocorrências.

Para essa rememoração há que haver uma associação da vontade à atenção, donde

resulta trazer-se à consciência as imagens recolhidas no arquivo perispiritual.

_______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 5 - Federação Espírita Brasileira.

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PARA REFLETIR:

NO APERFEIÇOAMENTO

Livro: ROTEIRO - Cap. 7

Autor: Espírito Emmanuel, psicografia: F.C.Xavier

No aperfeiçoamento do corpo espiritual, além do primitivismo de certas almas que jazem, longo tempo, entorpecidas após a morte física, observemos, ainda, o quadro das mentes evolvidas intelectualmente, mas submersas nas densas vibrações decorrentes de compromissos escuros.

Não permanecem no regime da inércia, em sono larval; entretanto, agitam-se nos desvarios da loucura.

Criam imagens vivas e se movimentam na intimidade delas próprias, por tempo indeterminado, cuja duração varia com a força do impulso de suas paixões.

Carregam consigo os dramas intensos de que se fizeram autoras.

Encarnada na Terra, a inteligência vive entre as provocações da esfera carnal e as sugestões silenciosas da mente. Quanto mais intelectualizada a criatura, mais profundamente respira no plano das idéias, influenciando e sendo influenciada.

Geralmente, porém, o homem desequilibra os próprios sentimentos, inclinando-se, em maior ou menor percentagem, para o afastamento das leis com as quais se deve nortear (guiar). Atravessa os caminhos humanos, ganhando pouco e quase sempre perdendo muito, dentro de si mesmo, obscurecendo-se nas pesadas sombras dos pensamentos inquietantes que produz para o consumo de suas necessidades mentais.

Assim é que a desencarnação não lhes modifica o campo íntimo.

Encasulada no círculo vibratório das criações que lhe dizem respeito, a alma sofre naturais inibições, ante a passagem da vida gloriosa. Não possui ainda órgão de percepção para sintonizar-se com os espetáculos deslumbrantes da imensidade, encarcerada, qual se encontra, entre as paredes estranhas das concepções obscuras e estreitas em que se agita.

Como a lâmpada vive no seio das próprias irradiações, emitindo luz que é também matéria sutil, a alma permanece no seio das criações que lhe são peculiares, prendendo-se à paisagem em que prevaleçam as forças e desejos que lhe são afins, porque o pensamento é também substância rarefeita, matéria dentro de expressões inabordáveis até agora pelas investigações terrestres.

Podendo alimentar-se, por tempo indefinível, das emanações dos próprios desejos, entidades existem que estacionam, durante muitos anos, dentro dos quadros emocionais em que se comprazem, atrasando a marcha evolutiva, até que reencarnam na recapitulação das experiências em que faliram, retomando o serviço de purificação interior para a sublimação de si mesmas.

Desse modo, somos defrontados por dolorosos fenômenos congeniais.

Suicidas recomeçam a luta física, no círculo de moléstias ingratas, e criminosos reaparecem no berço, com deploráveis mutilações e defeitos; alcoólatras regressam à existência, em companhia de pais que se sintonizam com eles e grandes delinqüentes reencetam a viagem do aprimoramento moral, na esfera de provas temíveis, quais sejam as de enfermidades indefiníveis e de aflições dificilmente remediáveis.

No extenso e abençoado viveiro de almas que é o mundo, pouco a pouco, de século a século e de milênio a milênio, usando variados corpos e diversas posições no campo das formas, nosso espírito constrói lentamente, para o próprio uso, o veículo acrisolado e divino, com que, um dia, ascenderemos à sublime habitação que o Senhor nos reserva em plena imortalidade vitoriosa.

* * * *

OBS.: ESTUDAR EM CASA EM “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, 2ª Parte, Cap. VI, itens 101 a 106.

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VESTIMENTA DOS ESPÍRITOS

Os depoimentos dos médiuns videntes são coincidentes em descrever os Espíritos envergando, normalmente, uma vestimenta qualquer. Há sensitivos que registram os trajes dos Espíritos com grande riqueza de detalhes. Falam de variedades de feitios e de coloridos surpreendentes. Referem roupas de períodos históricos, típicas, com adornos característicos. São percebidos tecidos leves, esvoaçantes, rendados; pesados ou grosseiros; túnicas de cores as mais variadas; calças, camisas, paletós, coletes, gravatas; saias compridas ou curtas; blusas ou casacos, vestidos, uniformes; indumentárias ricas, antigas ou modernas; roupas modestas, muito pobre e até andrajosas ou esfarrapadas. Algumas vestimentas descritas primam pelo estampado de cores vivas, como é o caso de Espíritos que se apresentam sob a aparência de ciganos, exibindo, ainda, colares, brincos bem grandes, pulseiras. Alguns Espíritos se mostram envergando fardas militares bem antigas ou de épocas mais recentes; outros ostentam armaduras e capacetes e empunham armas. Há, também, aqueles que escondem totalmente a cabeça com capuz. Entre os trajes observados, a túnica é o mais comum. Como bem refere a médium Yvonne A. Pereira, os Espíritos, freqüentemente, se mostram trajados como o faziam quando no corpo físico: os homens com o terno que costumavam usar; as mulheres com os vestidos de uso habitual. Alguns poucos exibem a roupa com que foram sepultados. É oportuno mencionar que alguns Espíritos podem ser observados totalmente despidos. A médium antes citada, em sua obra “Devassando o Invisível”, falando de suas ricas observações através da vidência em estado normal ou em processo de desdobramento, afirma que “(...) há Espíritos desencarnados, aqueles que foram homens e mulheres de baixa condição moral, que se arrastaram em existências consagradas aos excessos carnais, à devassidão dos costumes, que podem, com efeito, aparecer desnudos aos médiuns, revelando mesmo, em cenas degradantes, que lhes foram habituais no estado humano, a degredação mental em que ainda permanecem (...).” Mas, voltando às vestimentas, uma questão que, naturalmente, se impõe é saber onde os Espíritos conseguem suas roupas e complementos. Em a “A Gênese” e em “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, encontra-se a resposta a essa indagação. Diz o Codificador da Doutrina dos Espíritos que estes manipulam os fluidos espirituais através do pensamento e da vontade. “(...) Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas (...).” Os fluidos espirituais são, por conseguinte, o elemento do mundo espiritual donde os Espíritos extraem as substâncias para fins os mais diversos. “(...) É com o auxílio deste princípio material que o perispírito toma a aparência de vestuários semelhantes aos que o Espírito usava quando vivo (...).” Há Espíritos que já se percebem vestidos e não tem idéia de como isto se faz. Por outras palavras, nem sempre têm o conhecimento de como suas vestes são formadas. Eles concorrem para sua formação agindo instintivamente. “(...) Os Espíritos se trajam e modificam a aparência das vestes que usam conforme lhes apraz, exclusão feita de alguns muito inferiores e criminosos, geralmente obsessores da mais ínfima espécie, cuja mente não possui vibrações à altura de efetuar a admirável “operação plástica” requerida. Por isso mesmo, a aparência destes últimos costuma ser chocante para o vidente, pela fealdade, ou simplesmente pela miséria, pois se apresentam cobertos de andrajos e farrapos, como se empapados de lama, ou embuçados em longos sudários negros, com mantos ou capas que lhes envolvem os ombros e a cabeça (...).” Ensina Léon Denis, no livro Depois da Morte, que a veste fluídica denuncia a superioridade do Espírito; é como um invólucro formado pelos méritos e qualidades adquiridas na sucessão de suas existências. Opaca e sombria na alma inferior, seu alvor aumenta de acordo com os progressos realizados, e torna-se cada vez mais pura. Brilhante no Espírito elevado, ofuscante nas almas superiores (...).” (Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita,

Programa V, Roteiro 6 - Federação Espírita Brasileira)

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“(...) Eles, os Espíritos, com os seus perispíritos semimateriais, como são, e, portanto, tratando-se de um corpo, aparecerão desnudos aos médiuns?...

Teríamos que responder, visto que o dever de um médium é revelar com sinceridade, com a consciência voltada para Deus, o realismo do mundo invisível.

— Sim, há Espíritos desencarnados, aqueles que foram homens ou mulheres de baixa condição moral, que se arrastaram em existências consagradas aos excessos carnais, à devassidão dos costumes, que podem, com efeito aparecer desnudos aos médiuns, revelando mesmo, em cenas degradantes, que lhes foram habituais no estado humano, a degradação mental em que ainda permanecem. E o vidente, cujo compromisso é exatamente esse, de se tornar intermediário entre os dois planos da Vida, há de contemplar e revelar, embora estarrecido e contrafeito, o realismo que seus instrutores espirituais lhe permitem surpreender no Além-Túmulo, para satisfazer àqueles que desejarem informações sobre o palpitante assunto. Todavia, o comum é se apresentarem os desencarnados sob as aparências que mais lhes agradem. Os fatos mais antigos aí estão, espalhados pelos séculos, atestando que, seja de fluido cósmico universal, de éter sublimado ou de fluido espiritual, de matérias quintessenciadas, de gases ou de vaporizações, ou simplesmente como decorrência de força mental projetada sobre as fibras supersensíveis do perispírito, o certo é que a maioria dos habitantes do Além se deixa ver com roupagens que variam do belo esplendoroso ao miserável e ao horrível.

Também os médiuns espíritas supunham que os desencarnados não se vestissem. Mas, diante do que a sua própria visão constata, que deverão eles afirmar senão o que lhes dão a ver do mundo invisível? Isto é, que vêem os espíritos “trajados” de vários modelos, e que isso é o comum no plano espiritual? E, por vezes, até muito artística e suntuosamente trajados? Lembremo-nos, então, da admirável resposta de Joana d’Arc aos seus juízes, tratando de São Miguel, compreendendo que ela, há cinco séculos, não ignorava o que hoje a Doutrina Espírita expõe:

— “Pensas que Deus não tem com que vestí-lo?...”

Ou seja:

— Sim! Os Espíritos podem vestir-se, servindo-se dos ricos elementos esparsos pelo Universo, aos quais acionam voluntária ou insensivelmente, valendo-se das forças do pensamento e da própria vontade!

Ora, de tudo o que acabamos de observar, e atentos ao que expõem Allan Kardec, Léon Denis, Ernesto Bozzano, William Crookes, e outros, bem ao que os próprios desencarnados são incansáveis em confirmar, extrairemos as seguintes deduções:

1ª — Que a mente do Espírito desencarnado cria para a sua configuração individual a indumentária que deseja, valendo-se da própria vontade, segundo o próprio gosto artístico, a necessidade, a singeleza dos hábitos, a humildade do caráter e o grau de elevação moral-mental-espiritual, pois o Espírito possui liberdade e aptidões naturais para assim se conduzir.

2ª — Que a mente do desencarnado também poderá evocar os hábitos e usos passados, conservaras imagens dos trajes que preferiu, mesmo em existência remota, e imprimi-las na sensibilidade plástica do perispírito, e assim se apresentar aos seus iguais de Além-Túmulo, como os médiuns, em materializações espontâneas e individuais, ou provocadas para visão coletiva.

3ª — Que o Espírito do recém-desencarnado poderá padecer o fenômeno de repercussão vibratória dos acontecimentos verificados no corpo carnal, durante a crise do lento desligamento das energias fluídicas que o prendiam àquele, por ocasião do desenlace, sobressaindo no dito fenômeno o detalhe assaz impressionante da natureza da indumentária com a qual o sepultaram, fenômeno este, no entanto, geralmente ocorrido com as entdiades muito arraigadas à matéria.

4ª — Que o perispírito, cujas essências e propriedades são impressionáveis e, portanto, amoldáveis à ação plástica do pensamento, com uma sutileza indescritível; sendo expansível e contrátil; e exercendo a energia mental, sobre as mesmas propriedades, uma ascendência irresistível, dá-lhe aquela forma que desejar ou que puder, mesmo inconscientemente, mesmo

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à sua revelia, pois que esse poder mental é natural no ser psíquico, um atributo do Espírito, ainda que este o ignore, tal como a inspiração e a expiração são atributos irresistíveis e quase imperceptíveis da organização físico-material.

5ª — Que, possuindo propriedades plásticas tão sutis e melindrosas, e sendo o Espírito arraigado à matéria, não obstante já desencarnado, repercutirão, por isso mesmo, em sua mente, ou no seu perispírito, as impressões mais fortes, ou acontecimentos, que afetem o próprio cadáver, dado que poderosas, transcendentes atrações magnéticas ligam ao corpo carnal o ser espiritual, para a boa marcha da encarnação terrestre, e que, em muitos casos, tais afinidades se prolongam por algum tempo ainda após a morte do envoltório carnal, e até mesmo após a sua total decomposição.

6ª — Finalmente, que, a par de tal fenomenologia da mente e da vontade, existem no mundo espiritual elementos, fluidos, essências, gases, energias, matérias mui transcendentais, desconhecidas dos homens e das entidades inferiores e medíocres, as quais, acionadas pela vontade do desencarnado de elevada categoria moral-intelectual, se poderão transfundir em formosas aparências de indumentárias variadas, que ao vidente pareceriam muito concretas (como realmente o são para o mundo espiritual), estruturadas em raios luminosos ou em vaporizações científicas.

Os homens, por sua vez, não se trajam, igualmente, com os produtos da própria mente? Porventura a lavoura do linho e do algodão, como a produção da seda; a maquinaria das fábricas que tecem os seus fios, transformando-os em vistosos brocados e rendas custosas, não foram antes criações mentais para, em seguida, se concretizarem em vestuários ricos e suntuosos? Quando o homem deseja alindar-se, não é a sua mente a primeira a criar aquilo que ele desejou, para depois ele próprio concretizar esse desejo, na matéria de que dispõe no plano terreno?... E o Universo Infinito, concreto, estável, eterno, não é o produto da Mente Divina? E não herda a humanidade, do seu Criador, parcelas da Sua Superioridade?...

Trabalhemos, pois, e vigiemos, para que um dia os produtos de nossa força mental nos possam glorificar em vestes de luz, na realidade da vida espiritual...

OS ESPÍRITOS E SUA ROUPAGEM

“(...) Muitas dessas entidades, porém, se debruçam sobre o nosso ombro e lêem conosco, interessados, naquilo que estudamos, o que testemunha ser a vida espiritual simples como a nossa própria vida, a continuação desta, tão somente. Temos observado que algumas de tais entidades colocam os óculos a que estavam habituadas, quando encarnadas, para lerem melhor, conosco... Geralmente são, como ficou dito, leituras escolhidas as que fazemos, ou do Evangelho, que projetem com vigor a personalidade e os feitos do Cristo, ou de obras espíritas que melhor toquem o coração. Assim sendo, esses pequeninos e sofredores se afeiçoam ao médium que os ajudou nos dias difíceis e se tornam amigos fervorosos para todo o sempre, estabelecendo-se, então, indissolúveis elos de fraternidade.

Há cerca de um ano, pela madrugada, estando nós ainda desperta, apresentou-se à nossa visão um Espírito cujo decesso carnal se teria dado entre os seus trinta e oito ou quarenta anos de idade. Trajava-se pobremente, com terno azul-marinho, já usado, camisa branca também bastante usada, gravata preta, atada com certo desleixo. Esquálido e abatido, infinitamente triste, mas já resignado à própria condição, colocou a mão sobre a nossa, num gesto fraterno, e disse:

— Venho agradecer-lhe os votos feitos, em minha intenção, à bondade de Deus... Suas preces me auxiliaram tanto que até minha família, que deixei na Terra, foi beneficiada... Chamo-me Joaquim... e meu nome está no registro do seu caderno de apontamentos...

Constatamos, então, que esse visitante fora suicida... e, materializado, pudemos observar que havia terra em sua indumentária, isto é, impressões da porção de terra em que fora sepultado, assim como sua mente permanecia afeita ao vestuário que habitualmente usava quando vivo, e com o qual fora também para a sepultura. Como, efetivamente, possuímos um caderno onde registramos nomes de suicidas e pessoas falecidas em geral, conhecidos ou colhidos dos noticiários dos jornais, procuramos verificar se realmente existia

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nos ditos apontamentos aquele singelo nome. E encontramos, de fato, entre os suicidas, um Joaquim Pires; tratava-se, portanto, de um dos destacados dos noticiários dos jornais, recomendado para as preces e as leituras diárias. E estamos certa de que será um bom amigo, cuja afeição nos acompanhará pelo futuro afora...

- - - -

Até o momento presente, os Espíritos mais bem “trajados” e mais belos que tivemos ocasião de observar no mundo invisível, por ocasião do desdobramento do corpo astral, foram os que passamos a citar. A entidade que se denominava Charles, martirizado por amor do Evangelho, no século XVI, na França, durante célebre matança de São Bartolomeu comumente se deixa ver em trajes de iniciado hindu, tendo-se mostrado, uma única vez, em trajes de príncipe indiano, visto que no século XVII foi soberano na Índia. Frederico Chopin, que já variou a indumentária quatro vezes em suas aparições, deixando-se perceber, em duas delas, apuradamente trajado à moda da sua época (reinado de Luis Filipe, na França), mas todo envolto num como luar azul translúcido, como neblina. Victor Hugo, a quem só pudemos distinguir o busto, também envolto em neblinas lucilantes, argênteas, com reflexos azuis pronunciados, sem que pudéssemos destacar o “feitio” dos trajes. A falange de iniciados hindus, de que somos pupila espiritual, com todos os seus integrantes esforçando-se por serem contemplados em seu “uniforme” característico, as gemas do anel e do turbante inclusive, envoltos em neblinas lucilantes, com reflexos azuis. Lázaro Zamenhof, o criador do Esperanto, vaporoso mas muito humanizado era seu terno do século XX, circundado de um halo como que formado de ondas concêntricas, que indicaria o elevado trabalho intelectual (detalhe também observado em Victor Hugo), e esbatida a sua configuração perispiritual por um jacto de luz radiosa, verde-claro, igualmente de forma concêntrica. E, finalmente, um vulto muito nobre, observado no ano de 1930, cuja identidade ignoramos, mas a quem denominamos Anjo Guerreiro, pelas particularidades do quadro em que se deixou contemplar. Acreditamos, porém, tratar-se de algum integrante da legião protetora do Brasil, ou do movimento espírita no Brasil. O certo era que trajara uma túnica grega, curta, atada por um cinto dourado; um diadema discreto um simples friso de ouro, à cabeça, e guiando uma biga romana como que construída de alabastro. Com a destra empunhava as rédeas, sem que todavia, aparecessem os cavalos, e, com a sinistra, uma flâmula de grandes dimensões, alvinitente, onde se lia — “Salve, Brasil imortal!”

Estampava-se visivelmente, nessa entidade, assim materializada, o tipo oriental, o árabe, evocando também o tipo brasileiro muito conhecido no Estado de Goiás. Era jovem, belo e sorridente, e um luzeiro cor-de-rosa envolvia-o, espraiando-se em torno e se estendendo longamente sobre a multidão que cantava hosanas e cortejo atrás da biga. Não nos estenderemos em particularidades quanto a essa visão, por não julgá-la interessante para estas páginas. No entanto, jamais fomos informada da identidade de tão formoso Espírito. Acrescentaremos, apenas, que sua aparição assinalou etapa definitiva em nossa vida e em nossos labores espíritas.

- - - -

Comumente, os Espíritos se nos apresentam trajados conforme o fizeram durante a existência carnal: os homens, com o terno que habitualmente usavam, acentuando este ou aquele detalhe que melhor os identifique; as mulheres, com os vestidos que igualmente, de preferência usavam. Mais raramente, alguns se deixam ver com indumentária com que foram sepultados, e ainda outros com os trajes que desejariam possuir, mas que não chegaram a usar. Dois meses após o falecimento de nossa mãe, nós e mais três pessoas da família vimo-la, assistindo a uma reunião de preces em sua intenção, trajando um costume de gabardine azul-marinho, com um “cachecol” de seda quadriculada branca e preta, vestes por ela preferidas para as viagens que fazia em visita aos filhos, nos últimos meses que viveu. Uma tia nossa, a Sr. C. A. S., falecida no interior do Estado de São Paulo, em 1950, cerca de vinte dias após o trespasse apresenta-se à nossa visão, no Rio de Janeiro, dizendo ter vindo visitar-nos, pois se sentia saudosa. Vestia um costume preto, e um véu de rendas negras cobria-lhe inteiramente o corpo, partindo da cabeça e atingindo os pés. Sua configuração perispiritual, como vemos, era chocante. O véu incomodava-a horrivelmente e ela se debatia, aflita e

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irritada, tentando em vão retirá-lo de si. Agradecemos-lhe a visita e o interesse pela solidão em que vivíamos, pois, na ocasião, asseverou-nos encontrar-se penalizada ante as provações com que nos debatíamos, e convidamo-la a orar, a fim de se poder libertar-se daquele incomodativo manto, sem que, no entanto, nos fosse possível compreender o que poderia causar semelhante fenônemo. Cerca de um mês mais tarde, porém, soubemos por pessoa de nossa família presente ao seu funeral, que nossa tia fora sepultada com um costume azul-marinho escuro e um véu de rendas negras cobrindo-lhe o rosto e o corpo, exatamente a mantilha, tipo espanhol, que usava ao assistir as missas e tomar a comunhão, como boa católica que fora.

Uma filha do espiritista Sr. Antônio Augusto dos Santos, residente em Belo Horizonte, três dias após a morte de sua irmã Elizabeth, menina de catorze anos de idade, viu-a, pela madrugada, no seu próprio quarto de dormir, pairando no ar e trajando um suntuoso vestido de baile, tipo “Imperatriz Eugênia”. Tão feérica a luz que circundava que clareando todo o aposento, permitiu à vidente observar detalhes, tais como o desenho das rendas que ornavam o vestido, babados, fitas, flores, etc. Assevera a jovem vidente que o vestido era salpicado de pequenas pérolas, como gotas de orvalho, detalhe por nós também observado em duas das quatros indumentárias perispirituais apresentadas pela entidade Frederico Chopin. Porque seja inspirada e futurosa pintora, a filha do Sr. Antônio dos Santos, no dia seguinte, desenhou, com minúcias, a visão que tivera pela madrugada, dando a ver os detalhes do vestido que a menina morta absolutamente não possuíra quando vivia.

Semelhante materialização, espontânea e inesperada, teve o dom de reanimar e consolar os desolados pais da jovem falecida, que se mantinham sucumbidos ante a acerba provação.

De outro modo, Espíritos plenamente espiritualizados, como Adolfo Bezerra de Menezes e Bittencourt Sampaio, foram por nós distinguidos envergando longa túnica vaporosa, nívea, cintilante, levemente esbatida de azul. O primeiro costuma deixar-se ver, também, trajando avental de médico, com barrete, ao passo que o segundo, isto é, Bittencourt, a quem uma única vez vimos, em dia de grande provação, há muitos anos, talvez pela sua qualidade de “poeta do Evangelho”, trazia uma coroa de louros, ou de mirto ou carvalho, como os antigos intelectuais gregos e latinos.

* * * * _______________

BIBLIOGRAFIA: Devassando o Invisível, 4ª. Edição, Fed. Esp. Brasileira, 1978, págs. 51/55 - Yvonne A. Pereira.

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INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E ATOS: Telepatia e Pressentimento

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INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E ATOS

TELEPATIA E PRESSENTIMENTO

Os Espíritos exercem tamanha influência sobre os nossos pensamentos e atos que amiúde somos por eles dirigidos. Isto se dá porque os Espíritos povoam os mesmos espaços em que vivemos, acompanham-nos em nossas atividades e ocupações, vão conosco aos lugares que freqüentamos “(...) intervindo em nossas reuniões, seguindo-nos ou evitando-nos, conforme os atraímos ou repelimos (...)”. Estamos cercados por Espíritos, independentemente de sermos ou não médiuns produtivos, e a sua influência oculta sobre os nossos pensamentos e atos se faz sentir pelo grau de afinidade que mantivermos com eles. Nessa convivência entre encarnados e desencarnados, a influência às vezes é tão sutil que não conseguimos estabelecer uma separação entre o que nos é próprio e o que é dos Espíritos. Portanto, entre as nossas idéias e imagens mentais podem estar disseminadas idéias e desejos de outros Espíritos, sem que disto nos apercebamos. Analisando a influência dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e atos, passamos a entender melhor o fenômeno vulgarmente denominado telepatia. “A telepatia consiste essencialmente na ocorrência de uma impressão psíquica intensa, que se manifesta em geral inopinadamente, numa pessoa normal, seja durante o estado de vigília, seja durante o sono, impressão que - como se observa - está acorde com um acontecimento desenrolado à distância (...).” A telepatia é a transmissão do pensamento de um ser para outro. “(...) Há, entre os Espíritos que se encontram, uma comunicação de pensamento, que dá causa a que duas pessoas se vejam e compreendam sem precisarem dos sinais ostensivos da linguagem. Poder-se-ia dizer que falam entre si a linguagem dos Espíritos.” No fenômeno de telepatia sempre há alguém que é mais apto para transmitir o pensamento, como existe outro com mais predisposição para ser receptor. “(...) O estudo da telepatia data dos anos de 1825 quando, na França, se fizeram as primeiras experiências magnéticas (...). Foi (...) só muito mais tarde, que se encarou a tele-patia com seriedade científica (...).” “(...) O termo Telepatia foi proposto por Frederic W. H. Myers em 1882 e adotado nos trabalhos da “Society Psychical Research”. Myers assim o definiu: “Entendo por telepatia a transmissão do pensamento e das sensações feita pelo Espírito de um indivíduo sobre outro sem que seja pronunciada uma palavra, escrito um vocábulo ou feito um sinal.” “(...) A telepatia, ou projeção à distância do pensamento e mesmo da imagem do manifestante, faz-nos subir mais um degrau na escala da vida psíquica. Aqui, achamo-nos na presença de um ato poderoso da vontade. (...) As manifestações telepáticas não comportam limites. O poder e a independência da alma nelas se revelam soberanamente, porque o corpo nenhum papel representa no fenômeno. É mais um obstáculo do que um auxílio. Produzem-se, por este motivo, ainda com maior intensidade, depois da morte (...).”

“(...) A telepatia pode ser espontânea ou experimental.

Telepatia espontânea - subdivide-se em:

1. Relativa a um acontecimento futuro iminente - Casos de pressentimentos, premonições, visões premonitórias e aparições de moribundos.

2. Relativa ao presente ou a um passado recente - Casos de visões nítidas ou adivinhação de acontecimentos afastados (no estado normal). Casos de aparições de moribundos (...). Casos de aparições de vivos (...). Com freqüência, o fenômeno diz respeito a uma pessoa unida ao percipiente por laços de afeição mais ou menos fortes (...).”

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INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E ATOS: Telepatia e Pressentimento

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Telepatia experimental - “Esses casos, (...) traduzem uma impressão psíquica produzida à distância sobre uma pessoa; e isso por outra pessoa, e simplesmente pela ação e força da vontade (...).

É, de qualquer modo, imperioso reconhecer que a telepatia experimental encontra-se longe de ser estabelecida de modo tão nítido quanto a espontânea (...).”

Abordaremos agora um outro tipo de influência dos Espíritos em nossos pensamentos e atos: o pressentimento. “O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida. Pode ser devida a uma espécie de dupla vista, que lhes permite entrever as conseqüências das coisas atuais e a filiação dos acontecimentos. Mas, muitas vezes, também é resultado de comunicações ocultas e, sobretudo neste caso, é que se pode dar aos que dela são dotados o nome de médiuns de pressentimentos, que constituem uma variedade dos médiuns inspirados.” Nota-se que neste último caso, ou seja, o pressentimento como conseqüência de uma comunicação oculta, quem geralmente se comunica é um Espírito amigo e bondoso. É, no dizer dos Espíritos Superiores, “(...) o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos quer bem (...).”

Existem inúmeros exemplos de telepatia e de pressentimento na literatura espírita. Relataremos resumidamente alguns: “(...) Minha mãe tinha dois tios clérigos: um era missionário na China, o outro, cura na Bretanha; tinham uma irmã, já de idade avançada, residente nos Vosges. Um dia esta pessoa estava ocupada em sua cozinha a preparar o repasto da família, quando se abriu a porta, e ela viu no limiar seu irmão missionário de que estava há longos anos separada: - É o irmão Francisco! - gritou ela e correu para ele, a fim de abraçá-lo; mas, no instante em que chegava perto dele, não o viu mais, o que lhe causou um grande medo. No mesmo dia, à mesma hora, o segundo irmão, que era cura na Bretanha, lia seu breviário, quando ouviu a voz do irmão Francisco que lhe dizia: -Meu irmão, vou morrer. Depois, ao cabo de um momento: - Meu irmão, eu morro. E enfim, alguns minutos depois: - Meu irmão, morri. Alguns meses mais tarde, receberam eles a notícia da morte do missionário, verificada no mesmo dia em que tinham recebido tão estranhos avisos”.

Este é um exemplo de comunicação telepática espontânea dada por moribundo. Eis um caso de telepatia experimental, em que uma moça chamada Maria é magnetizada (hipnotizada) e passa a agir conforme as ordens do seu magnetizador: “(...) Qando despertardes, ireis procurar um copo, nele derramareis algumas gotas de água de Colônia, trazendo-mo em seguida.

Ao despertar, ela se acha visivelmente preocupada, não pode estar parada e vem por fim colocar-se à minha frente e me diz: - Ora pois! em que pensais? e que idéia pusestes em minha cabeça! - Por que me falais assim? - Porque a idéia que tenho não pode provir senão de vós, e eu não quero obedecer! - Não obedeçais, se assim o quiserdes; mas exijo que me digais imediatamente o que pensais. - Muito bem! cumpre-me ir buscar um copo, enchê-lo d’água, com algumas gotas de água de Colônia e trazer-vo-lo: é realmente ridículo! A minha ordem havia sido, pois, perfeitamente compreendida...”

O pressentimento pode manifestar-se através de uma vaga lembrança que o Espírito tem de provas ou acontecimentos a que deverá submeter-se; pode, no entanto, ser produto da comunicação de um Espírito amigo. Pressentir a hora da desencarnação, por exemplo, tem

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INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E ATOS: Telepatia e Pressentimento

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sido uma ocorrência até certo ponto comum em muitas pessoas. E alguns pressentem a sua desencarnação, porque foram avisados por parentes ou amigos em sonhos; em outros, porém, a convicção se dá sem que saibam explicar o porquê. Existem inúmeros outros pressentimentos ocorridos no dia-a-dia do encarnado. Relataremos apenas um exemplo extraído da obra “O Desconhecido e os Problemas Psíquicos”, volume II, de Camille Flammarion: “(...) Tive, (...) um dia, certo pressentimento (...). Dirigindo-me, certa manhã, para o Hospital Lariboisiere, de que eu era externo, tive por um momento a idéia de que ia encontrar, na porta do hospital, o Sr. P., que só uma vez tivera ocasião de ver, oito meses antes, em uma casa amiga e que, desde essa data, jamais voltara a ocupar meu pensamento (...). Não me enganara de todo: à porta do hospital encontrei o Sr. P., que vinha com a intenção de visitar, não o cirurgião em apreço, mas o chefe do serviço de obstetrícia. (...)”. _______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 7 - Federação Espírita Brasileira.

* * * *

PARA REFLETIR: OBREIROS E INSTRUMENTOS

Afirmas, a cada passo, plena confiança nos instrutores espirituais que a todos nos assistem.

Neles reconheces os timoneiros da evolução.

Entretanto, não te confies à inércia, atribuindo-lhes no mundo o dever que te cabe.

A usina, conquanto poderosa, não realiza a tarefa da lâmpada.

O oceano, apesar de gigantesco, não atende ao ministério da fonte humilde. - - - -

Eles, os obreiros da luz, oferecem planos admiráveis; contudo, aguardam mãos prestimosas para que as boas obras se consolidem.

Auxiliam a enxergar a realidade, mas não dispensam olhos compassivos que adocem a revelação da verdade, para que a verdade não se faça fogo destruidor. .

Ajudam a conhecer as pessoas e os problemas, mas pedem ouvidos caridosos que saibam discernir, a fim de que o mal não se levante por flagelo da vida alheia.

Inspiram idéias edificantes, mas rogam corações generosos que lhes detenham a luz.

Apresentam as áreas destinadas à produção do melhor; no entanto, solicitam pés que as procurem na direção do serviço.

- - - - Não te digas sem mediunidade para a edificação a fazer, porquanto, se estivéssemos apenas em função de meros fenômenos endereçados à inteligência, não passaríamos de agentes menos responsáveis, sustentando um parque de diversões.

Através da onda de nossos pensamentos, podemos estar em contacto incessante com a onda dos pensamentos superiores que vertem dos mensageiros do Cristo, sabendo, assim, conscientemente, a extensão do trabalho que nos compete.

Seja onde for, onde estiveres, és instrumento do bem, chamado à prestação de serviço segundo as necessidades dos que te cercam.

Não te faças, desse modo, indiferente ou desavisado, pois, conforme a antiga sabedoria, “tudo o que fizermos sem fé ou sem boa-vontade, sem esforço ou sem sacrifício, não tem qualquer valor ou merecimento, nem neste mundo, nem no outro”. (SEARA DOS MÉDIUNS –

Emmanuel / Francisco Cândido Xavier)

* * * *

OBS.: ESTUDAR EM CASA EM “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, as questões 525,530,531,532.

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INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOS ACONTECIMENTOS DA VIDA

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INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NOS ACONTECIMENTOS DA VIDA

“(...) Imaginamos erradamente que aos Espíritos só caiba manifestar sua ação por fenômenos extraordinários. Quiséramos que nos viessem auxiliar por meio de milagres e os figuramos sempre armados de uma varinha mágica. Por não ser assim é que oculta nos parece a intervenção que têm nas coisas deste mundo e muito natural o que se executa com o concurso deles. Assim é que, provocando, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que suporão encontrar-se por acaso; inspirando a alguém a idéia de passar por determinado lugar; chamando-lhe a atenção para certo ponto, se disso resulta o que tenham em vista, eles obram de tal maneira que o homem, crente de que obedece a um impulso, conserva sempre o seu livre-arbítrio.” Os Espíritos exercem influência sobre os encarnados quer aconselhando-os, quer agindo diretamente sobre os acontecimentos da vida, porém “(...) nunca atuam fora das leis da Natureza (...).” “Já não sendo o mesmo que no estado de encarnação o meio em que atuam os Espíritos e os modos por que atuam, diferentes são os efeitos, que parecem sobrenaturais unicamente porque se produzem com o auxilio de agentes que não são os de que nos servimos. Desde, porém, que esses agentes estão na Natureza e as manifestações se dão em virtude de certas leis, nada há de sobrenatural, ou de maravilhoso. (...)” “(...) Uma vez que estão no quadro dos da Natureza, os fenômenos espíritas se hão produzido em todos os tempos; mas, precisamente, porque não podiam ser estudados pelos meios materiais de que dispõe a ciência vulgar, permaneceram muito mais tempo do que outros no domínio do sobrenatural, donde o Espiritismo agora os tira (...).” “(...) Os fenômenos espíritas consistem nos diferentes modos de manifestação da alma ou Espírito, quer durante a encarnação, quer no estado de erraticidade. É pelas manifestações que produz que a alma revela sua existência, sua sobrevivência e sua individualidade; julga-se dela pelos seus efeitos; sendo natural a causa, o efeito também o é. (...).” A influência dos Espíritos nos acontecimentos da vida pode ser boa e má. Os Espíritos Superiores só fazem o bem. Os Espíritos levianos e zombeteiros se comprazem em causar aborrecimentos, os quais devem ser entendidos como provas para a nossa paciência. Os Espíritos imperfeitos, incapazes de perdoar qualquer mal que lhe tenham feito, continuam, após a desencarnação” (...) a exercer as vinganças que vinham tomando (...)”; está aí a causa de muitas obsessões tão conhecidas no meio espírita. “(...) Aprende-se em Espiritismo que, embora a nossa disposição constitua substancial fator no sentido de neutralização da influência que os adversários dos dois planos nos movem, a intercessão benfeitora é indiscutível, real e valiosíssima no trabalho de anulação das forças desequilibradas e perturbadoras que rondam e ameaçam quantos se proponham a crescer em espírito (...).” “(...) Espíritos benfazejos procuram inspirar-nos para o Bem. Espíritos inferiorizados buscam induzir-nos ao Mal (...). Os primeiros, cumprem missão renovadora, junto à humanidade (...). São Missionários do Amor. Os segundos, influenciam em sentido contrário. Na indução para o mal, não cumprem missão (...). São os instrumentos da sombra (...)”. É conveniente ressaltar, porém, que a maioria dos males que nos acontecem dependem de nós mesmos evitá-los, quando menos, atenuá-los. Isto porque Deus nos deu inteligência para dela nos servirmos e através dela obter o auxílio dos Espíritos Superiores. Para que um Espírito, bom ou mau, influencie e interfira nos acontecimentos da vida, foi preciso ter havido sintonia com ele. E “as bases de todos os serviços de intercâmbio, entre os desencarnados e encarnados, repousam na mente, não obstante as possibilidades de fenômenos naturais, no campo da matéria densa, levados a efeito por entidades menos evoluídas ou extremamente consagradas à caridade sacrificial. (...)”

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BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 6 – Federação Espírita Brasileira.

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INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOS ACONTECIMENTOS DA VIDA

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UM EXEMPLO DE INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS

O Espírito André Luiz nos relata no livro “E a Vida Continua...” as dores e alegrias de dois personagens da obra, Evelina Serpa e Ernesto Fantini, que retornam, como Espíritos desencarnados, ao reduto familiar deixado na Terra. A visita desses Espíritos aos familiares, após dois anos de morte física, é caracterizado por um doloroso drama humano quando Evelina revê o marido — Caio Serpa — em comunhão afetiva com Vera Celina, a mesma jovem que o afastara dos deveres conjugais, antes mesmo da sua desencarnação. O drama de Evelina é maior quando percebe que a jovem que se interpôs entre ela e o marido é a filha querida do fiel amigo Ernesto Fantini. Mais tarde, numa demonstração de renúncia e sublimação do amor pelo marido deixado na Terra, Evelina o influencia espiritualmente, a fim de que ele, Caio Serpa, ampare a jovem, casando-se com ela. O fato a seguir, se passa num cemitério por ocasião da morte física de Elisa Fantini, a genitora de Vera Celina:

“(...) Não podia perceber que Evelina, em espírito, ali estava, rente a ele (Caio Serpa), diligenciando acordá-lo para a verdade. — Caio, que fazes da vida? Ela perguntou, docemente. O advogado não registrou a indagação com os tímpanos corpóreos, mas ouviu-a na acústica da alma e julgou monologar: “Caio, que fazes da vida?!” Repetiu, inconscientemente, as palavras da companheira desencarnada, no ádito da própria consciência, e passou a considerar que o tempo fugia sem que se desse conta de si mesmo... Em que valores permutara o patrimônio das horas? em que recursos convertia a saúde e o dinheiro? que bênçãos já teria espalhado com o título acadêmico que ostentava? Na condição de amigo, exterminara um companheiro (Túlio, namorado de Evelina), na posição de esposo, não tivera coragem de ser bom para a mulher, quando sitiada pela doença!... O olhar se lhe esbarrou, sem querer, no ritual do sepultamento de Elisa e inquiriu, de si mesmo, o que teria representado para a morta... Sinceramente, não se sentia bem consigo próprio, realinhando na imaginação a impaciência e a dureza com que sempre a tratara, preocupado em arrebatar-lhe a ternura da filha... Avaliando as péssimas notas que a consciência lhe conferia no educandário da existência, embora de longe, fixou Vera, a esquadrinhar-lhe o íntimo, através do semblante. — Caio — assoprou-lhe Evelina aos ouvidos da alma —, pense nos teus compromissos... É tempo de legalizar a situação da jovem que se entregou a ti sem qualquer restrição... Convencido de que conversava de si para consigo, Serpa reproduziu a interpelação, no campo mental, em silêncio, sem perceber que a esposa desencarnada lhe colhia as respostas. Supondo desenvolver tão-somente um processo de autocrítica, monologou sem palavras: “legalizar a situação com Vera? casar-me? porquê?”. Sim, aprovava, prometera-lhe matrimônio, mas não se resignava a aceitar a medida sem maior observação. Já fora homem preso a obrigações de marido e não se propunha a retomar afeição recheada a constrangimentos. Além disso, matutava, dava-se por homem robustecido na experiência do mundo. Escutara em sociedade muitas referências desprimorosas, ao redor da filha de Elisa, que não a recomendavam para esposa. De rapazes diversos, obtivera apontamentos que lhe enodoavam a ficha de mulher. Porque entregar seu nome a uma criatura tida por inconstante? — Caio, quem és tu para julgar? A interrogação de Evelina percutiu na alma dele em forma de ideia fulgurante que o enterneceu e assustou... E qual se pensasse em voz alta, a falar espiritualmente para si próprio, recebia novas exortações, semelhando impactos da verdade a lhe atingirem o ádito do próprio ser: — Caio, quem és tu para julgar? não és igualmente de ti mesmo, alguém onerado com débitos escabrosos perante a Lei? a que título, condenar sumariamente uma jovem, prejudicada pelos enganos da sua condição de menina moralmente desamparada?!...

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INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOS ACONTECIMENTOS DA VIDA

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Na base das advertências que lhe eram endereçadas, prosseguia indagando-se... Seria justo abusar dela agora que se via praticamente só no mundo? se a desprezasse, para onde iria? E quem era ele, Caio Serpa, senão um homem no rumo da madureza, reclamando a dedicação de alguém para que o comboio da vida se não lhe descarrilasse? Conhecia ele toda a escala dos prazeres físicos e que lucrara finalmente com isso, se levava toda manifestação afetiva para o terreno da irresponsabilidade e do abuso? que recolhera senão cansaço e desilusão das noitadas barulhentas, cheias de vozes e vazias de sentido? até ali, que lembrasse, nunca ajudara a ninguém. Sabia ser afável até o ponto em que as circunstâncias não o descontentassem. Bastava, porém, um ponto, um leve ponto a contrariá-lo, em quaisquer acontecimentos, para que se internasse nessa ou naquela escapatória, no claro intuito de não se incomodar. Não teria chegado o momento de auxiliar a outrem, agir a favor de alguém? De começo, empenhado à conquista, cumulara Vera de gentilezas, carinhos. Enredara-lhe as atenções. Depois, o fastio daqueles que não mais sabem amar, quando a chama do desejo se lhes extingue na candeia da forma. Entretanto, não lhe era lícito negar que a moça lhe dera os mais altos testemunhos de confiança. Vera Celina se lhe entregara, de todo. E, por fim, não vacilara humilhar a própria genitora, a fim de colocar-lhe nas mãos todos os bens... Serpa registrava todos os argumentos da companheira desencarnada, à feição de uma lâmpada que se julgasse fonte da luz de que se beneficia, a ignorar que a recolhe da usina. E opunha contraditas:

— Consorciar-me? prender-me? porquê? não tenho toda a satisfação do homem casado, sem as peias do matrimônio?

E a voz de Evelina a ressoar-lhe novamente no espírito:

— Sim, és o elemento-comando da união; entretanto, como não te garantires contra as tentações do futuro, como não te imunizares contra as tuas próprias inclinações para a aventura, doando a ela — o elemento-obediência — a tranqüilidade de que carece para servir-te? Acaso te julgas livre das tendências à leviandade que te assinalam o campo afetivo? Não será recomendável lhe assegures a paz, preservando a paz de ti mesmo, pela submissão às disciplinas justas da vida? Pensa! Imagina-te à frente de tua própria mãezinha, já que quase todo homem procura na esposa, acima de tudo, o apoio maternal que a madureza furtou da infância... Estimarias que um homem, na hipótese o teu próprio pai, lhe espancasse os mais puros anseios do coração? Porventura não se tornaria ela mais digna do teu amparo e do teu carinho, se a visse brutalizada, desamparada, esquecida por aquele mesmo a quem se rendeu, confiante? porque alegares sofrimentos passados para menoscabar a criatura que amas, se semelhantes provações fazem dela alguém com mais acentuada necessidade de tua proteção e entendimento?!...

Das admoestações propriamente consideradas, a ex-senhora Serpa se transferiu para reflexões de otimismo e esperança:

— Caio, medita!... Vera não te confiou parcos recursos materiais à administração! Dispões de patrimônio apreciável para organizar uma família... Pondera quanto às bênçãos do futuro! Escuta! Creias ou não em Deus e na sobrevivência do espírito, além da morte, carregas contigo um doloroso problema, até agora inarredável da mente: o remorso pelo homicídio praticado, a lembrança de Túlio Mancini, abatido por tuas mãos! Escapas, no rumo dos prazeres que não te diminuem a mágoa, e tentas, em vão, bloquear reminiscências amargas que te assediam constantemente... Ser pai, cuidar de filhos queridos, não te será na Terra a mais elevada compensação? O matrimônio com Vera te investirá legalmente na posse de recursos a serem valorizados e aumentados, garantindo, aos filhinhos vindouros, segurança e conforto, alegria e educação!... Um lar, Caio!... Um lar, onde possas descansar, renovar-te, esquecer!... Filhos em que te revejas e o convívio de Vera, cuja presença te lembrará o refúgio maternal!...

Diante daquelas santas evocações de paz e ventura que jamais experimentara, pela primeira vez, depois de muitos anos, Serpa chorou...

Evelina continuava: — Sim, Caio, lava o coração na corrente das lágrimas!... Chora de esperança, de júbilo! Confiemos em Deus e na vida!... O Sol que hoje se põe, voltará amanhã! Contempla estas

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8ª AULA: INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL

INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOS ACONTECIMENTOS DA VIDA

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lousas, fita os sepulcros à frente! De todos os lados, explodem verdura e flor, a dizerem que a morte é ilusão, que a vida triunfa, bela e eterna!... De um outro mundo, os que te amam regozijar-se-ão com os teus gestos de entendimento! Túlio te perdoará, Elisa há de abençoar- te!... Coragem, coragem!...

O causídico, surpreso, de identificar-se visitado pelo espírito da companheira de outros tempos, reconhecia-se subitamente consolado e eufórico, tangido por suave renovação, nos recônditos do ser.

À maneira de um doente que encontra o remédio providencial e a ele se agarrasse, na sede da própria cura, instintivamente decidiu-se a não perder o precioso momento de exaltação construtiva em que entrara.

— Vamos!... — insistiu Evelina — concede agora, mas claramente agora, a nossa Vera a certeza de que a protegerás num casamento digno!...

Sucedeu o inesperado.

Habitualmente agressivo e rebelde, Caio Serpa arrancou-se, humilde, do lugar em que se plantara, avançou sempre abraçado pelo espírito da ex-esposa, na direção do grupo em que a jovem se apoiava... Ali, de pensamento conjugado ao da mensageira espiritual, observou a moça sob novo prisma. Pareceu-lhe que começava a amá-la de maneira diversa. Viu-a mais cativante na dor que demonstrava, percebeu-lhe a solidão e a sede justa de companhia. Às súbitas, reconheceu-se também só, a requisitar-lhe mais intensivamente a dedicação e o carinho para viver.

Já não sabia, naquele inolvidável instante, se a queria com a impertinência de um homem ou com a ternura de um pai...

Abordando-a, tomou-lhe o braço, de leve, e comunicou-lhe, em voz alta, no propósito de alicerçar a própria declaração com o testemunho dos amigos presentes:

— Vera, não chore mais... Você não está sozinha! Amanhã mesmo, cogitaremos de organizar a documentação precisa para casar-nos tão breve quanto possível!...

* * * *

_______________

BIBLIOGRAFIA: ... E a Vida Continua - Espírito André Luiz, psicografia: Francisco Cândido Xavier.

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10ª AULA: O FENÔMENO DE INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA - O FENÔMENO MEDIÚNICO ATRAVÉS DOS TEMPOS

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O fenômeno mediúnico não nasceu com o Espiritismo. Existe desde as épocas mais remotas da vida humana planetária. Temos notícias das comunicações mediúnicas ao longo dos tempos, entre os homens cultos e ignorantes, envolvidas ora com a sombra do mistério e simbologia, ora manifestadas como fatos naturais.

De acordo com os povos, os costumes e a época, os Espíritos comunicantes e seus médiuns provocaram fenônemos mediúnicos prodigiosos que foram assinalados pela História ou pelas religiões como milagrosos ou demoníacos.

Digno de destaque, é que em todas as idades da Humanidade, somos assistidos por Espíritos superiores que nos impulsionam para o progresso moral-intelectual. “(...) Os antigos fizeram, desses Espíritos, divindades especiais. As Musas não eram senão a personificação alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes, como os deuses Lares e Penates simbolizavam os Espíritos protetores da família. Também modernamente, as artes, as diferentes indústrias, as cidades, os países têm seus patronos, que mais não são do que Espíritos superiores sob várias designações (...).

Nos povos, determinam a atração dos Espíritos os costumes, os hábitos, o caráter dominante e as leis. As leis sobretudo, porque o caráter de uma nação se reflete nas suas leis. (...) Estudando-se os costumes dos povos ou de qualquer reunião de homens, facilmente se forma idéia da população oculta que se lhes imiscui no modo de pensar e nos atos.”

“O profetismo em Israel, durante vinte consecutivos séculos, é um dos fenômenos transcendentais mais notáveis da História (...).

A origem do profetismo em Israel é assinalada por imponente manifestação. Um dia, Moisés escolhe 70 anciãos e os coloca ao redor do tabernáculo. Jeová revela sua presença em uma nuvem (...). Jeová é um dos Eloim, Espíritos protetores do povo judeu e de Moisés em particular (...).

Assim começa o profetismo, ou mediunidade sagrada, em Israel. Moisés, iniciado nos mistérios de Ísis, (...) e sobretudo em conseqüência de suas relações familiares com seu sogro Jetro, grão-sacerdote de Heliópolis, foi a seu turno o grande iniciador psíquico de seu povo, antes de se lhe constituir em seu imortal legislador (...)”.

“(...) Moisés é vidente e auditivo. Ele vê Jeová, o Espírito protetor de Israel, na sarça do Horeb e no Sinai. Quando se inclina diante do propiciatório da arca da aliança escuta vozes (“Num”, VII, 89). É médium escrevente quando, sob o ditado de Eloim, escreve as tábuas da Lei; (...) magnetizador poderoso, quando fulmina com uma descarga fluídica os hebreus revoltados no deserto; médium inspirado, quando entoa seu maravilhoso cântico após a derrota de Faraó. Moisés apresenta ainda o gênero especial de mediunidade — a transfiguração luminosa — (...) Quando desce do Sinai, traz na fronte uma auréola de luz (...)”.

Samuel, outro profeta judeu, “(...) dormindo no templo, é muitas vezes despertado por vozes que o chamam, lhe falam no silêncio da noite e lhe anunciam as coisas futuras (I, “Reis”, III, 1 a 18).

Esdras (liv. IV, cap. XIV) reconstitui integralmente a Bíblia que se tinha perdido (...)” sob o auxílio espiritual denominado “A voz”.

“(...) Todo o livro de Job está repleto de iluminações e de inspirações mediúnicas. Sua própria vida, atormentada de maus Espíritos, é um assunto de estudos muitíssimo sugestivos (...)”.

A história da mediunidade dos profetas judeus encerra-se com a vinda de Jesus. A “(...) passagem do Mestre junto aos homens (...), a cada hora, revela o seu intercâmbio constante com o Plano Superior, seja em colóquios com os emissários de alta estirpe, seja em se dirigindo aos aflitos desencarnados, no socorro aos obsessos do caminho, mas também na equipe dos companheiros, aos quais se apresenta em pessoa, depois da morte (...).

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10ª AULA: O FENÔMENO DE INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA - O FENÔMENO MEDIÚNICO ATRAVÉS DOS TEMPOS

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(...) No dia de Pentecostes, vários fenômenos mediúnicos marcam a tarefa dos apóstolos, mesclando-se efeitos físicos e intelectuais na praça pública, a constituir-se a mediunidade, desde então, em viga mestra de todas as construções do Cristianismo, nos séculos subsequentes (...)”.

Assim, “(...) O Evangelho, (...) não é o livro de um povo apenas, mas o código de Principio Morais do Universo, adaptável a todas as pátrias, (...) porque representa, (...) a carta de conduta para a ascensão da consciência à imortalidade, na revelação da qual Nosso Senhor Jesus-Cristo empregou a mediunidade sublime como agente de luz eterna, exaltando a vida e aniquilando a morte, abolindo o mal e glorificando o bem (...)”.

Na velha Grécia, o grande Sócrates refere-se, na voz dos discípulos, “(...) ao amigo invisível que o acompanhava constantemente (...)”.

Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo (...)”.

“(...) No silêncio do deserto (...), Maomet (...), o fundador do Islam, redige o “Alcorão” sob o ditado de um Espírito, que adota, para se fazer escutar, o nome e a aparência do anjo Gabriel (...)”.

Na Idade Média, época de obscurantismo, os médiuns ou são perseguidos e maltratados como feiticeiros ou são elevados à categoria de Santos.

“(...) Em sua aventurosa missão, Colombo era guiado por um gênio invisível. Tratavam-no de visionário. Nas horas das maiores dificuldades, ele escutava uma voz desconhecida murmurar-lhe ao ouvido: “Deus quer que teu nome ressoe gloriosamente através do mundo; ser-te-ão dadas as chaves de todos esses portos desconhecidos do oceano (...).

A vida de Joana D’Arc está na memória de todos. Sabe-se que, em todos os lugares, seres invisíveis inspiravam e dirigiam a heróica virgem de Domrémy (Joana D’Arc). (...) Surgem aparições diante dela; vozes celestes ciciam-lhe ao ouvido. Nela, a inspiração flui como o borbotoar de uma torrente impetuosa (...)”.

Ainda na Idade Média, outros médiuns importantes se revelam: Dante Alighieri, que sob influência espiritual redige “A Divina Comédia”; Tasso sob inspiração do Espírito Ariosto, escreve o poema Renaud; Milton escreve o Paraíso Perdido, Shakespeare nos fala sobre aparições em Hamlet.

Há ainda Goethe. “(...) O “Fausto” é uma obra mediúnica e simbólica de primeira ordem (...)”.

No século dezoito destaca-se o médium Emmanuel Swedenborg. No século dezenove, reencarnam médiuns com a missão de comprovarem a realidade espiritual. Entre eles citamos: Davis, Eusápia Paladino, Amália Domingos Soler, Stainton Morses, W. Krijanowsky, Madame D’Esperance, Florence Cook, Slade, Catarina e Margarida Fox, Sra. Hauffe, Ana Rothe, etc.

Neste breve retrospecto podemos verificar que a mediunidade é algo intrínseco do próprio homem desde os tempos imemoriais. E mais: a base religiosa do homem está fundamentada nas manifestações mediúnicas, como pudemos ver no breve estudo das origens do judaísmo, cristianismo, islamismo e das seitas ditas orientais, como o bramanismo, o budismo, entre outras.

_______________

BIBLIOGRAFIA: O Livro dos Espíritos - Allan Kardec; No Invisível - Leon Denis; O Espírito e o Tempo - J. Herculano Pires; Mecanismos da

Mediunidade - André Luiz/Francisco Cândido Xavier (Apostila Campanha Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Fed.Esp.Brasileira)

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11ª AULA: O FENÔMENO DE INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA - OS MÉDIUNS PRECURSORES

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OS MÉDIUNS PRECURSORES

No livro A História do Espiritismo, Arthur Conan Doyle considera três médiuns

como precursores da Doutrina Espírita: Emmanuel Swedenborg, Edward Irving e Andrew

Jackson Davis. Assim se reporta Conan Doyle:

“(...) Para compreender completamente um Swedenborg é preciso possuir-se um

cérebro de Swedenborg; e isto não se encontra em cada século (...).

Nunca se viu tamanho amontoado de conhecimentos. Ele era, antes de mais nada, um

grande engenheiro de minas e uma autoridade em metalurgia. Foi o engenheiro militar que

mudou a sorte de uma das muitas campanhas de Carlos XII, da Suécia. Era uma grande

autoridade em Física e em Astronomia, autor de importantes trabalhos sobre as marés e

sobre a determinação das latitudes. Era zoologista e anatomista. Financista e político (...).

Finalmente, era um profundo estudioso da Bíblia (...). Seu desenvolvimento psíquico

ocorrido aos vinte e cinco anos, não influiu sobre a sua atividade mental (...)”.

“(...) As faculdades mediúnicas de Emmanuel Swedenborg, o filósofo sueco, são

atestados pela célebre carta de Kant à Srta. de Knobich (...).”

“(...) Emmanuel Swedenborg nasceu em Estocolmo, na Suécia, em 1688 e

desencarnou em Londres, em 1772. (...) Foi notável médium vidente e publicou muitos

livros em Latim. Via, normalmente, cenas do mundo espiritual e os desencarnados que

conhecera em vida. Foi dos primeiros a descrever o ectoplasma como o “vapor aquoso

muito visível e que caía no chão, sobre o tapete”. Verdadeiro pioneiro do movimento

espírita. Conversava com os mortos, (...) e falava de uma nuvem psíquica grosseira (de

baixa vibração) que envolvia a Terra e sua Humanidade. Publicou numerosas obras: Céu e

Inferno, A Nova Jerusalém, Arcana Celeste, A Verdadeira Religião Cristã, Sabedoria

Angélica, O Amor Conjugal, Apocalipse Revelado, etc (...).”

Swedenborg “(...) verificou que o outro mundo, para onde vamos após a morte,

consiste de várias esferas (...); cada um de nós irá para aquela a que se adapta a nossa

condição espiritual. (...) Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto,

auditórios onde se reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes.

A morte era suave, dada a presença de seres celestiais que ajudavam os recém

chegados na sua nova existência. (...)

Havia anjos e demônios (Espíritos Superiores e inferiores moralmente), mas não eram de

ordem diversa da nossa: eram seres humanos, que tinham vivido na Terra e que ou eram

almas retardatárias, como demônios (Espíritos inferiores), ou altamente desenvolvidas, como

anjos (Espíritos Superiores).

De modo algum — dizia — mudamos com a morte (...)”. O homem leva para o

Mundo Espiritual” (...) os seus hábitos mentais adquiridos, as suas preocupações, os seus

preconceitos (...).

Não havia penas eternas. Os que se achavam nos infernos (esferas espirituais de

sofrimento) podiam trabalhar para a sua saída, desde que sentissem vontade (...).

Havia o casamento sob forma de união espiritual (...).

Não havia detalhes insignificantes para a sua observação no mundo espiritual. Fala

de arquitetura, do artesanato, das flores, dos frutos, dos bordados, da arte, da música, da

literatura, da ciência, das escolas, dos museus, das academias, das bibliotecas e dos

esportes (...)”.

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11ª AULA: O FENÔMENO DE INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA - OS MÉDIUNS PRECURSORES

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“(...) Edward Irving pertence àquela mais pobre classe de trabalhadores braçais

escoceses (...). Irving nasceu em Annan, em 1792. Depois de uma juventude dura e aplicada

ao estudo, desenvolveu-se como um homem muito singular. Fisicamente era um gigante e

um Hércules em força (...). Sua inteligência era máscula, ampla e corajosa, mas distorcida

pela primeira educação na acanhada escola da Igreja Escocesa (...)”.

Era, Edward Irving, pela severidade do protestantismo em que fora criado, um “(...)

homem estranho, excêntrico e formidável (...)”. Quando adulto, tornou-se pastor da Igreja

Escocesa, inicialmente como ministro-assistente do “(...) grande Dr. Chalmers, que era

então o mais famoso clérico da Escócia (...)”. Mais tarde, foi trabalhar numa pequena igreja

escocesa, em Londres. Foi nessa igreja que Edward pôde exibir toda “(...) a sua eloquência

sonora e as suas luminosas explicações do Evangelho (...)” atraindo em consequência,

enorme multidão. Por este fato, “(...) foi transferido para uma igreja maior, em Regent

Square, com capacidade para duas mil pessoas. (...) De lado a sua oratória, parece que

Irving foi um pastor consciencioso e muito trabalhador (...), sempre pronto dia e noite, no

cumprimento de seu dever (...).

Edward criou sério problema com a Igreja pelas suas opiniões teológicas — se o

Cristo poderia ou não pecar — sendo, por isso, condenado pelo presbitério. As coisas

estavam assim quando, na igreja de Irving, começaram a surgir fenômenos mediúnicos,

sobretudo os de voz direta. Inicialmente, ouviam-se gritos como de um possesso, em outros

momentos, os gritos eram de homens e mulheres, numa linguagem incompreensível, “(...)

sons rápidos, queixosos e ininteligíveis (...)”. Ao lado das vozes ouviam-se, em intensidade

cada vez maior, ruídos e outros sons. As vozes acalmavam-se, ou silenciavam os sons em

muitos dos apelos de Irving; tudo isso porém gerou uma incompreensão geral da Igreja

Protestante e “(...) Irving viveu muito intensamente e as sucessivas crises por que passou o

esgotaram. (...) Era um galho cortado da árvore e ia secando. (...) Aquele gigante de meia-

idade murchou e encolheu. Seu arcabouço vergou. As faces tornaram-se cavadas e pálidas.

(...) E assim, trabalhando até o fim, tendo nos lábios palavras “Se eu morrer, morrerei com o

Senhor”, a sua alma passou para aquela luz mais clara e mais dourada (...)”.

Andrew Jackoson Davis foi um notável médium, cognominado o “Pai do Espiritua-

lismo Moderno, o Profeta da Nova Revelação ou o Allan Kardec Americano”, por ter

anunciado o advento do Espiritismo.

“(...) Filho de pais humildes e incultos, nasceu, em 1826, num distrito rural do Estado

de Ney York (EUA), às margens do rio Hudson, entre gente simples e ignorante. Era um

menino pouco atilado, falto de atividade intelectual, corpo mirrado, sem nenhum traço que

denunciasse a sua excepcional mediunidade futura (...).

(...) Quando em transe, falava várias línguas, inclusive o hebraico, todas dele

desconhecidas, expondo admiráveis conhecimentos de Geologia e discutindo (...), questões

de Arqueologia histórica e bíblica, de Mitologia, bem como temas lingüísticos e sociais —

apesar de nada conhecer de gramática ou de regras de linguagem e sem quaisquer estudos

literários e científicos (...).”

Davis sendo clarividente e audiente, foi, no início, usado por Livingstone (Espírito)

para “(...) diagnósticos médicos. (...)” Davis “(...) descrevia como o corpo humano se tornava

transparente aos seus olhos espirituais (...). Cada órgão aparecia claramente e com uma

radiação especial e peculiar, que se obscurecia em caso de doença (...).”

“(...) Era inspirado e orientado pelo Espírito Swedenborg.

Deixou numerosos livros mediúnicos sob a denominação genérica de Filosofia

Harmônica e Revelações Divinas da Natureza (...).

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11ª AULA: O FENÔMENO DE INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA - OS MÉDIUNS PRECURSORES

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Em A Grande Harmonia descreve a morte de uma senhora, observando e revelando

os detalhes da partida do Espírito.

Previu o advento do automóvel, da máquina de escrever e predisse o aparecimento

do Espiritismo no livro Princípios da Natureza (...).”

“(...) Nas viagens que, despreendido do corpo, fez ao Mundo dos Espíritos, Davis

presenciou, num lugar a que chamou “Summerland”, a educação harmoniosa das crianças

desencarnadas, reunidas, por grupos, em grandes e belos edifícios, nos quais se lhes

administrava instrução e cuidados especiais, tudo de acordo com a idade e os

conhecimentos delas (...).”

Devido a essa viagem, Davis fundou o primeiro Liceu Espiritista, em 25 de janeiro

de 1863, em Dodsworth Hall, Broadway, New York.

Desencarnou em Watertown, Estado de Massachusetts, em 1910, com 84 anos de

idade, e a despeito de ter sofrido “(...) acusações caluniosas e críticas acerbas (...), a tudo se

sobrepunha com tolerância evangélica e larga compreensão (...).”

Pelo exposto, concluímos que tais médiuns serviram de instrumentos do Alto, no

intuito de preparar a Humanidade terrestre para o advento do Consolador Prometido por

Jesus aos homens. ___________

Bibliografia: Apostila Campanha do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Programa V - Roteiro 12 - Federação Espírita Brasileira.

PARA REFLETIR:

Aviso, Chegada e Entendimento Livro: SEARA DOS MÉDIUNS. Autor: Espírito Emmanuel, psicografia: F. C. Xavier.

“A intervenção franca do Plano Espiritual, no Plano Físico, pode ser admitida no con-ceito popular como embaixada portadora de metas decisivas, a definir-se em três períodos essenciais: aviso, chegada e entendimento. De Swedenborg a Andrew Jackson Davis, surpreendemos a mediunidade ativa, sob as ordens da Esfera Superior, no aviso da renovação necessária. (...) Em 1848, no vilarejo de Hydesville, inicia-se publicamente a chegada dos comandos da sobrevivência. Os emissários desencarnados, quais familiares há muito tempo ausentes da própria casa, alcançam a moradia terrestre, batendo freneticamente à porta. Na residência dos Fox, não faltam nem mesmo as palmas de quem chega e de quem recepciona, entre a menina Kate e o Espírito Charles Rosna, baseando-se em pancadas os rudimentos da linguagem primitiva entre os dois planos. (...) Os fenômenos físicos (...), falam à aristocracia do poder e da inteligência, em palácios e laboratórios, agitando os salões de lazer e as preocupações da imprensa. Aos ruídos da visitação invisível, misturam-se os ruídos da opinião. (...) Ouvem-se batidas surpreendentes aqui e ali, mãos luminosas acenam por toda a parte, vozes ressoam entre lábios selados, mensagens rápidas são transmitidas, de maneira direta, e entidades materializam-se ante os experimentadores, tomados de assombro. Entretanto, a obra de entendimento é encetada com Allan Kardec, que esclarece a posição da doutrina e do fenômeno, como quem separa o trigo da vestimenta de palha, esta-belecendo rumos, criando obrigações e definindo responsabilidades. Mas, como toda edificação espiritual obedece à cronologia da mente, ainda hoje encontramos milhares de pessoas na fase do aviso e milhares de outras na fase da chegada, entre a esperança e a convicção. Quanto a nós, que nos achamos na fase do entendimento, saibamos concretizar os princípios da fraternidade e esparzir o socorro moral, em benefício das consciências estendendo a luz ao coração do povo (...).”

* * * * OBS.: ESTUDAR EM CASA EM “O LIVRO DOS MÉDIUS”, os itens 23 da pág. 463 e 329 da pág.417, da editora Federação Espírita Brasileira - FEB.

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12ª AULA: O FENÔMENO DE INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA

O MECANISMO DAS COMUNICAÇÕES: CONDIÇÕES TÉCNICAS, AFINIDADES E SINTONIA

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O MECANISMO DAS COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS

“Médiuns são pessoas aptas a sentir a influência dos Espíritos e a transmitir os pensamentos destes (...). Essa faculdade é inerente ao homem (...), donde segue que poucos são os que não possuem um rudimento de tal faculdade (...).” “O fluido perispirítico é o agente de todos os fenômenos espíritas, que só se podem produzir pela ação recíproca dos fluidos que emitem o médium e o Espírito. O desenvol-vimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo (perispírito) dos Espíritos; depende, portanto do organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio (...). A predisposição mediúnica independe do sexo, da idade e do temperamento (...).”

“As relações entre os Espíritos e os médiuns se estabelecem por meio dos respectivos perispíritos, dependendo a facilidade dessas relações, do grau de afinidade existente entre os fluidos (de ambos) (...).” No entanto, “(...) precisamos considerar que a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos (...).” “(...) Cada alma se envolve no círculo de forças vivas que lhe transmitam do hálito mental, na esfera de criaturas a que se imana, em obediência às suas necessidades de ajuste ou crescimento para a imortalidade (...). Agimos e reagimos uns sobre os outros, através da energia mental em que nos renovamos constantemente, criando, alimentando e destruindo formas e situações, paisagens e coisas, na estruturação dos nossos destinos (...).” “(...) Entre um determinado Espírito e

um médium pode haver afinidade fluí-dica e não haver afinidade moral e pode haver afinidade moral e não haver afinidade fluídica. A afinidade fluídica depende da constituição do organismo espiritual do médium e da do Espírito. A afinidade moral é a conseqüência do adiantamento alcançado pelo médium e pelo Espírito (...).”

Na prática mediúnica existem algumas dificuldades que na medida do possível devemos buscar sanar, senão minimizar. Entre elas destacamos a falta de estudo,

deficiência de i l u m i n a ç ã o m o r a l,

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O MECANISMO DAS COMUNICAÇÕES: CONDIÇÕES TÉCNICAS, AFINIDADES E SINTONIA

37

escassez de perseverança, ausência de assiduidade, impaciência, etc. Isto pode gerar uma grande dificuldade: “(...) a de harmonizar vibrações e pensamentos diferentes. É na com-binação das forças psíquicas e dos pensamentos entre os médiuns e os experimentadores, de um lado, e entre estes e os Espíritos, do outro, que reside inteiramente a lei das manifestações. São favoráveis as condições de experimentação quando o médium e os assistentes constituem em grupo harmônico (...).” “(...) Muitas vezes, porém, a ausência de método, a falta de continuidade e direção nas experiências tornam estéreis a boa-vontade dos médiuns e as legítimas aspirações dos investigadores (...).” As comunicações devem ser analisadas rigorosamente e “(...) todo médium (...), deve (...) aceitar agradecido, solicitar mesmo o exame crítico das comunicações que recebe (...). Outra coisa que favorece o bom êxito das reuniões mediúnicas é “o silêncio e o recolhimento (...).” Em resumo, um trabalho mediúnico produtivo deve primar pelo estudo, esforço de melhoria moral, perseverança, humildade, assiduidade, disciplina, por parte dos encarnados, e exercido num ambiente de silêncio, prece, recolhimento e seriedade visando ao bem estar e à melhoria espiritual do próximo. _______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 13 - Federação Espírita Brasileira.

* * * *

PARA REFLETIR:

FAIXAS Livro: SEARA DOS MÉDIUNS. Autor: Espírito Emmanuel, psicografia: F. C. Xavier.

Comunicação espiritual não é privilégio da organização mediúnica.

O pensamento é idioma universal e, compreendendo-se que o cérebro é um centro de ondas em movimento constante, estamos sempre em correspondência com o objeto que nos prende a atenção.

Todo Espírito, na condição evolutiva em que nos encontramos, é governado essencial-mente por três fatores específicos, ou, mais propriamente, a experiência, o estímulo e a inspiração.

A experiência é o conjunto de nossos próprios pensamentos.

O estímulo é a circunstância que nos impele a pensar.

A inspiração é a equipe dos pensamentos alheios que aceitamos ou procuramos. - - - -

Tanto quanto se vês compelido, diariamente, a entrar na faixa das necessidades do corpo físico, pensando, por exemplo, na alimentação e na higiene, és convidado incessante-mente a entrar na faixa das requisições espirituais que te cercam.

Um livro, uma página, uma sentença, uma palestra, uma visita, uma notícia, uma distração ou qualquer pequenino acontecimento que te parece sem importância, pode representar silenciosa tomada de ligação para determinado tipo de interesse ou de assunto.

Geralmente, toda criatura que ainda não traçou caminho de sublimação moral a si mesma assemelha-se ao viajante entregue, no mar, ao sabor das ondas.

Receberás, portanto, variados apelos, nascidos do campo mental de todas as inteligências encarnadas e desencarnadas que se afinam contigo, tentando influenciar-te, através das ondas inúmeras em que se revela a gama infinita dos pensamentos da Humanidade, mas, se buscas o Cristo, não ignoras em que altura lhe brilha a faixa.

Com a bússola do Evangelho, sabemos perfeitamente onde se localizam o bem e o mal, razão por que, dispondo todos nós do leme da vontade, o problema de sintonia corre por nossa conta.

* * * * OBS.: ESTUDAR EM CASA EM “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, os itens 133, 134,135,136 e 137, e trazê-lo, no próximo dia 06/11, para estudarmos em conjunto os referidos itens.

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A NATUREZA DAS COMUNICAÇÕES: IMPERFEITAS, SÉRIAS E INSTRUTIVAS

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A natureza das comunicações mediúnicas

Analisando um dos roteiros mais seguros a respeito do assunto mediunidade - O

Livro dos Médiuns - observamos em seu capítulo dez, os estudos de Allan Kardec com

relação à natureza das comunicações mediúnicas, e o cuidado que temos que ter na

ocorrência das mesmas.

No capítulo acima citado, Kardec nos mostra que a natureza das comunicações

mediúnicas se dá de quatro formas diferentes. Seus estudos, o levaram a demonstrar que as

naturezas destas comunicações estão classificadas em quatro ordens diferentes.

Fala-nos, o Codificador, que quanto à sua natureza as comunicações podem

ser: grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas. Todas estas divisões não são ao acaso, e muito

menos criadas por Kardec, são sim, diferenciadas pela ordem intelectual e moral na qual se

encontram os espíritos que se comunicam. Esta divisão em classes de espíritos é sempre

feita pela ordem de evolução no qual se encontram, segundo a sua posição na escala

espírita.

Dependendo deste nível de evolução do espírito, as comunicações são enquadradas

em uma ou outra natureza, nos dizendo Kardec, que nas grosseiras e frívolas, encontram-se

a categoria de espíritos de terceira ordem, ou aqueles considerados ainda imperfeitos,

conforme nos informam os próprios benfeitores espirituais, na questão de número 100 e

seguintes de O Livro dos Espíritos.

Este cuidado com as comunicações mediúnicas encontra-se também em várias

passagens dos Evangelistas, onde citamos uma:

“Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de

Deus, porque são muitos os falsos profetas, que se levantam do mundo”.

Os Espíritos desencarnados, tais quais os encarnados, apresentam uma variedade, ao

infinito, quanto à sua inteligência e à moralidade. Em função disso, o ditado mediúnico

refletirá o grau de moralidade ou cultura do Espírito comunicante.

“(...) Comunicações grosseiras são as concebidas em termos que chocam o decoro.

Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da

matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros. (...)

Acordemente com o caráter dos Espíritos, elas serão triviais, ignóbeis, obscenas, insolentes,

arrogantes, malévolas e mesmo ímpias (...)”. Provém daqueles considerados “maus”, e que

se preocupam somente em desconstruir a moral cristã, valendo-se de comunicações

ignóbeis, insolentes e arrogantes, sem nada construir na evolução das criaturas. São seres

que ainda trabalham no erro, alimentando e comprazendo-se com a maldade, totalmente

descomprometidos com a vida.

“(...) As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou

brincalhões, antes maliciosos do que maus e que nenhuma importância ligam ao que dizem.

Não querem ver a luz pelo simples fato de não entenderem, mas já com sentimentos

melhorados. Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas

pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em

que muito se fala para nada dizer. São antes de tudo, ignorantes em sua jornada evolutiva,

necessitando de esclarecimentos para a mudança, pois seu coração já está cansado e

aturdido, solicitando no íntimo de sua razão e sentimento, um auxílio.

Tais Espíritos saem-se às vezes com tiradas espirituosas e mordazes e, (...) dizem não

raro duras verdades, que quase sempre ferem com justeza. (...) A verdade é o que menos os

preocupa; aí o maligno encanto que acham em mistificar (...)”. De outras vezes estão

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13ª AULA: O FENÔMENO DA INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA

A NATUREZA DAS COMUNICAÇÕES: IMPERFEITAS, SÉRIAS E INSTRUTIVAS

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preocupados em agradar os encarnados nas suas vaidades, e muito importante salientar, são

aqueles que se encarregam de psicografias não sérias, que hoje pululam em meio as obras

espíritas.

“(...) As comunicações sérias são poderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à

forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil,

ainda que de caráter particular, é uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são

igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de

boa-fé. Por isso é que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam de

contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa

lógica (...)”.

Nem sempre uma comunicação séria é verdadeira. Há as falsas. “(...) À sombra da

elevação da linguagem, é que certos Espíritos presunçosos, ou pseudo-sábios, procuram

conseguir a prevalência das mais falsas idéias e dos mais absurdos sistemas. (...) Não

escrupulizam de se adornarem com os mais respeitáveis nomes e até com os mais

venerados(...)”.

As comunicações instrutivas são as “(...) sérias cujo principal objeto consiste num en-

sinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais

ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito (...)”.

São comunicações em que somente aqueles que já trilham pela verdadeira moral

cristã, conhecendo mais profundamente os planos do Universo, apresentam-se, trazendo as

lições do mais alto, enriquecendo nossas fileiras de almas, e colocando um grandioso

conteúdo intelectual e moral em suas lições, alertando a visão dos homens, e os fazendo

buscar sua reforma íntima.

São entidades como as que inspiraram os Evangelistas, que auxiliaram por inspiração

(mediunidade) Paulo de Tarso, que caminharam pelos tempos medievais como Francisco

de Assis, que deixaram sua mensagem no Oriente como Buda, Lao Tsé, que se

comunicaram com Chico Xavier, que auxiliaram Kardec no Livro dos Espíritos e demais

obras básicas do Espiritismo. Enfim, são seres que nos trazem uma objetividade em seus

ensinos em virtude de sua envergadura de conteúdo moral, científico e filosófico, buscando

fortalecer as 03 (três) revelações .

Seus ensinos são não só profundos, mas trazem uma continuidade que não se perde

nos Séculos. Revestidos de uma linguagem erudita e amorosa, visam unicamente instruir, e

nunca mistificar ou criar polêmicas outras.

E esta última, a comunicação primada pela Doutrina Espírita, que busca no estudo

continuado dos seus integrantes, o alcance para que estas comunicações possam ser feitas.

Agradecemos a todos estes benfeitores, por trazerem tão nobre conhecimento.

Cabe a nós, o estudos destas comunicações, cabe a nós a continuidade da pureza

doutrinária, que se faz somente com conhecimento que consequentemente nos leva ao

burilamento dos sentimentos.

* * * * _______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 14 - F.E.B.

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14ª AULA: O FENÔMENO DA INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA DAS EVOCAÇÕES: DA QUALIDADE, DA LINGUAGEM E DE SUA UTILIDADE / DA NATUREZA DAS INDAGAÇÕES AOS ESPÍRITOS COMUNICANTES

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AS EVOCAÇÕES ESPÍRITAS

“Os Espíritos podem comunicar-se espontaneamente, ou acudir ao nosso chamado, isto é, vir por evocação. (....)” Há quem julgue não ser conveniente evocar este ou aquele Espírito, porque nem sempre se terá a certeza se o Espírito comunicante é mesmo o que foi evocado. Quem vê as coisas assim pensa que os Espíritos devam se comunicar espontaneamente, pois agindo dessa forma melhor provam sua identidade. A este respeito, ouçamos o Codificador: “(...) Em nossa opinião, isso é um erro: primeiramente, porque há sempre em torno de nós Espíritos, as mais das vezes de condição inferior, que outra coisa não querem senão comunicar-se; em segundo lugar e mesmo por esta última razão, não chamar a nenhum em particular é abrir a porta a todos os que queiram entrar. (...)” Esta questão das evocações espíritas deve ser analisada com critério e com bom senso: há vantagens e desvantagens nas comunicações provenientes de evocações espíritas e nas ocorridas espontaneamente. “(...) As comunicações espontâneas inconveniente nenhum apresentam, quando se está senhor dos Espíritos e certo de não deixar que os maus tomem a dianteira. (...)” Notamos tais comunicações nas reuniões mediúnicas regulares, onde se faz atendimento a Espíritos sofredores. “Quando se deseja comunicar com determinado Espírito, é de toda necessidade evocá-lo. (...)” “(...) Não há, para esse fim, nenhuma fórmula sacramental. Quem quer que pretenda indicar alguma pode ser tachado, sem receio, de impostor, visto que para os Espíritos a forma nada vale. Contudo, a evocação deve sempre ser feita em nome de Deus. (...) Quando queira chamar determinados Espíritos, é essencial que o médium comece por se dirigir somente aos que ele sabe serem bons e simpáticos e que podem ter motivo para acudir ao apelo, como parentes ou amigos. (...)” “(...) Quando dizemos que se faça a evocação em nome de Deus, queremos que a nossa recomendação seja tomada a sério e não levianamente. (...)” “Freqüentemente, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se trata de obter respostas precisas a questões circunstanciadas. (...)” “Os médiuns são geralmente muito mais procurados para evocações de interesse particular, do que para comunicações de interesse geral (...). Julgamos dever fazer a este propósito algumas recomendações importantes aos médiuns. Primeiramente que não acedam a esse desejo, senão com muita reserva, se se trata de pessoas de cuja sinceridade não estejam completamente seguros (...). Em segundo lugar, que a tais evocações não se prestem, sob fundamento algum, se perceberem um fim de simples curiosidade, ou de interesse, e não uma intenção séria da parte do evocador (...).” “(...) O médium, em suma, deve evitar tudo o que possa transformá-lo em agente de consultas, o que , aos olhos de muitas pessoas, é sinônimo de ledor da “buena-dicha.” “Todos os Espíritos, qualquer que seja o grau em que se encontrem na escala espiritual, podem ser evocados: assim os bons, como os maus, tanto os que deixaram a vida de pouco, como os que viveram nas épocas mais remotas, os que foram homens ilustres, como os que nos são indiferentes. Isto, porém, não quer dizer que eles sempre queiram ou possam responder ao nosso chamado. Independente da própria vontade ou da permissão, que lhes pode ser recusada por uma potência superior, é possível se achem impedidos de o fazer, por motivos que nem sempre nos é dado conhecer. (...)” Determinadas cousas impedem ou dificultam aos Espíritos atenderem às evocações que

lhes são dirigidas. As principais são: a) quando o Espírito evocado está envolvido em missões

ou ocupações e delas não podendo afastar-se; b) se o Espírito estiver encarnado, sobretudo

em mundos inferiores; c) quando o Espírito se encontra em locais de punição e não recebe

autorização superior para daí se ausentar; d) quando o médium, por sua natureza ou aptidão, não consegue entrar em sintonia mediúnica com o Espírito evocado.

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41

Se as evocações devam ser feitas ou não é um fato, conforme afirmamos anteriormente, que precisa ser bem analisado, tendo-se sempre em mente a finalidade a que se presta. E toda evocação assim como toda manifestação espontânea de um Espírito, devem visar a um fim útil. Para isso existem algumas condições: “(...) Quando um Espírito é evocado pela primeira vez, convém designá-lo com alguma precisão. Nas perguntas que se lhe façam, devem evitar-se as fórmulas secas e imperativas, que constituiriam para ele um motivo de afastamento. As fórmulas devem ser afetuosas, ou respeitosas, conforme o Espírito, e, em todos os casos, cumpre que o evocador lhe dê prova da sua benevolência.” Nas evocações “(...) as perguntas devem ser formuladas com clareza, precisão e sem idéia preconcebida, em se querendo respostas categóricas. Cumpre, pois, se refiram todas as que tenham caráter insidioso, porquanto é sabido que os Espíritos não gostam das que têm por objetivo pô-los à prova (...). O evocador deve ferir franca e abertamente o ponto visado, sem subterfúgios e sem circunlóquios. Se receia explicar-se, melhor será que se abstenha. Convém igualmente que só com prudência se façam evocações, na ausência das pessoas que as pediram, sendo mesmo preferível que não sejam feitas nessas condições, visto que somente aquelas pessoas se acham aptas a analisar as respostas, a julgar a identidade, a provocar esclarecimentos, se for oportuno, e a formular questões incidentes, que as circunstâncias indiquem. (...)”

* * * *

DAS PERGUNTAS QUE SE PODEM FAZER AOS ESPÍRITOS

Para estabelecer-se um diálogo proveitoso com os Espíritos é importante saber fazer perguntas. “(...) Duas coisas se devem considerar nas que se dirigem aos Espíritos: a forma e o fundo. Pelo que toca à forma, dever ser redigidas com clareza e precisão, evitando as questões complexas. Mas, outro ponto há não menos importante: a ordem que deve presidir à disposição das perguntas. Quando um assunto reclama uma série delas, é essencial que se encadeiem com método, de modo a decorrerem naturalmente em uma das outras. Os Espíritos, nesse caso, respondem muito mais facilmente e mais claramente, do que quando elas se sucedem ao acaso, passando sem transição, de um assunto para outro. (...)” Deve-se, pois, organizá-las com antecedência e estar-se preparado para acrescentar, retirar ou modificar questões durante a conversa com o Espírito comunicante. “(...) Esse trabalho preparatório constitui, (...) uma espécie de evocação antecipada, a que pode o Espírito ter assistido e que o dispõe a responder. (...) O fundo da questão exige atenção ainda mais séria, porquanto é, muitas vezes a natureza da pergunta que provoca uma resposta exata ou falsa. Algumas há a que os Espíritos não podem ou não devem responder, por motivos que desconhecemos. Será, pois, inútil insistir. Porém, o que sobretudo se deve evitar são as perguntas feitas com o fim de lhes pôr à prova a perspicácia. (...)” “(...) Não se segue daí que dos Espíritos não se possam obter úteis esclarecimentos e, sobretudo, bons conselhos; eles, porém, respondem mais ou menos bem, conforme os conhecimentos que possuem, o interesse que nos têm, a afeição que nos dedicam e, finalmente, o fim a que nos propomos e a utilidade que vejam no que lhes pedimos. (...)” Se é certo que não devemos interrogar os Espíritos a todo momento sobre problemas comuns à encarnação e que nos cabe resolver naturalmente, também é correto afirmar que determinados assuntos só são abordados pelos Espíritos se solicitarmos a sua opinião: “(...) Os Espíritos dão, não há dúvida, instruções espontâneas de alto alcance e que errôneo seria desprezar-se. Mas, explicações há que freqüentemente se teriam de esperar longo tempo, se não fossem solicitadas. (...) As questões, longe de terem qualquer inconveniente, são de grandíssima utilidade, do ponto de vista da instrução, quando quem as propõem sabe encerrá-las nos devidos limites. (...)” Recordemos, aqui, que se o Codificador não tivesse proposto questões aos Espíritos, O Livro dos Espíritos e o Livro dos Médiuns talvez ainda nem existissem.

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14ª AULA: O FENÔMENO DA INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA DAS EVOCAÇÕES: DA QUALIDADE, DA LINGUAGEM E DE SUA UTILIDADE / DA NATUREZA DAS INDAGAÇÕES AOS ESPÍRITOS COMUNICANTES

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Ainda existe outro benefício ao propor questões aos Espíritos: “(...) de concorrerem para o desmascaramento dos Espíritos mistificadores que, mais pretensiosos do que sábios, raramente suportam a prova das perguntas feitas com cerrada lógica (...).” Os Espíritos levianos respondem a qualquer pergunta sem o menor escrúpulo de falarem a verdade ou a mentira. Já os “(...) Espíritos sérios sempre respondem com prazer às que tem por objetivo o bem e os meios de progredirdes. (...)” Todas as perguntas inúteis, feitas só para satisfazerem a simples curiosidade e para experimentar os Espíritos, têm o poder de afastar os bons Espíritos.

Existem certas questões feitas aos Espíritos superiores que só excepcionalmente eles se prestam a responder. Citaremos as principais:

a) Perguntas sobre o futuro - geralmente, a anunciação de fatos que ocorrerão no futuro fica por conta de Espíritos imperfeitos que, na maioria das vezes, se divertem em fazer previsões. Pode ocorrer, porém, que um Espírito superior revele acontecimentos, mas, nesse caso, as previsões visam a uma utilidade geral. “(...) toda predição circunstanciada vos deve ser suspeita. (...)” Importa saber que há pessoas dotadas da faculdade de se libertarem das influências da matéria, e, através da visão espiritual, perceberem os acontecimentos futuros.

b) Perguntas sobre a previsão da morte - Os Espíritos que prevêem a morte de alguém são “(...) Espíritos de mau gosto, (...) que outro fim não têm, senão gozar com o medo que causam. (...)” No entanto, o Espírito pode desprender-se do corpo físico e prever sua desencarnação.

c) Perguntas sobre existências passadas e futuras - com relação às existências passadas, “(...) Deus algumas vezes permite que elas (...) sejam reveladas, conforme o objetivo. Se for a vossa edificação e instrução, as revelações serão verdadeiras e, nesse caso, feitas quase sempre espontaneamente e de modo inteiramente imprevisto. Ele, porém, não o permite nunca para satisfação de vã curiosidade. (...)” Com relação a existências futuras nada nos é dado conhecer porque estará na dependência dos nossos atos presentes, como encarnados, e das resoluções que tomarmos, quando desencarnados.

d) Perguntas sobre interesses morais e materiais - Os bons Espíritos sempre nos aconselham para o bem. Os Espíritos familiares, em geral, podem até nos aconselhar em assuntos privados ou favorecer nossos interesses materiais, de acordo com o objetivo ou as circunstâncias. Deve-se levar em conta porém, que nem sempre os Espíritos familiares são superiores, embora podendo, até, dar-nos bons conselhos. O importante é sabermos que “(...) os nossos Espíritos protetores podem, em muitas circunstâncias, indicar o melhor caminho, sem, entretanto, nos conduzirem pela mão (...).” Existe um número muito grande de perguntas que são simpáticas tanto aos Espíritos adiantados, quanto aos atrasados, assim como existem aquelas que desagradam a uns e outros. Uma coisa, no entanto, é certíssima: os Espíritos superiores sempre respondem a questões que dizem respeito à melhoria, ao bem-estar, à paz e ao progresso das criaturas. Estão sempre dispostos a nos auxiliarem e a nos ampararem. Só aconselham para o bem, e estão sempre preocupados e ocupados em trabalhos que proporcionem o progresso da humanidade.

_______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiros 15 e 16 - Federação Espírita

Brasileira.

OBS.: ESTUDAR EM CASA EM “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, os itens X,XI,XII,XIII,XIV E XV,

do cap.XXXI, 2ª parte e trazê-lo para estudarmos na 15ª. aula, dia 20/11/1996.

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15ª AULA: DOS MÉDIUNS - O MÉDIUM: Conceito e Classificação

43

O MÉDIUM: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

Em estudo anterior vimos a classificação dos principais tipos de médiuns. Ao rever o

assunto, destacamos, como definição de médium, o constante do item 159 de “O Livro dos

Médiuns”: “Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por

esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um

privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns

rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia,

usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem

caracterizada e se traduz por efeitos potentes, de certa intensidade, o que então depende de

uma organização mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade

não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão

especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas

variedades, quantas são as espécies de manifestações. (...)”

Esta definição, fornecida pelo Codificador, nos parece a mais completa e abrangente.

Entendamos, porém, que a faculdade mediúnica, por si só, não libera o homem das

influências das trevas. A faculdade, na realidade, é neutra, agora, o uso que o homem faz

dela é outra questão. Diante disso, concluímos que no emprego da faculdade mediúnica

podemos nos harmonizar com os bons Espíritos. Nesse sentido, mediunidade é sintonia.

Permitindo-nos o direito de rejeitar as influências dos maus e acatar os conselhos dos

bons Espíritos, a mediunidade passa a ser um instrumento de aperfeiçoamento espiritual:

“(...) Espíritos benfazejos procuram inspirar-nos para o Bem.

Espíritos inferiorizados buscam induzir-nos ao Mal (...).

Os primeiros, cumprem missão renovadora, junto à Humanidade, (...) instilando na

alma de todos nós, através de gotas luminosas, princípios que engrandecem e elevam.

São os missionários do Amor.

Os segundos, influenciam em sentido contrário. (...)

São os instrumentos da sombra. (...)”

Em nossa longa caminhada evolutiva, “(...) todos somos instrumentos das forças com

as quais estamos em sintonia. Todos somos médiuns, dentro do campo mental que nos é

próprio, associando-nos às energias edificantes, se o nosso pensamento flui na direção da

vida superior, ou às forças perturbadoras e deprimentes, se ainda nos escravizamos às

sombras da vida primitivista ou torturada.

Cada criatura com os sentimentos que lhe caracterizam a vida íntima emite raios

específicos e vive na onda espiritual com que se identifica. (...)”

“(...) Precisamos considerar que a mente permanece na base de todos os fenômenos

mediúnicos. (...)”.

“(...) Cada alma se envolve no círculo de forças vivas que lhe transpiram do “hálito”

mental, na esfera de criaturas a que se imana, em obediência às suas necessidades de ajuste

ou crescimento para a imortalidade. (...)

(...) Agimos e reagimos uns sobre os outros, através da energia mental em que nos

renovamos constantemente, criando, alimentando e destruindo formas e situações,

paisagens e coisas, na estruturação dos nossos destinos. (...)”

Finalmente, é oportuno recordar Emmanuel quando diz que “os médiuns, em sua

generalidade, são Espíritos que resgatam débitos do passado”, ou Cícero Pereira ao

afirmar que “mediunidade no presente é débito do passado”.

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15ª AULA: DOS MÉDIUNS - O MÉDIUM: Conceito e Classificação

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No capítulo XXXI de O Livro dos Médiuns, item X, há algumas dissertações

espíritas sobre os médiuns, assinadas pelos Espíritos Channing, Pedro Jouty, Joana d’Arc,

Pascal, Delfina de Girardin e Espírito de Verdade. São dissertações escritas numa

linguagem simples, no entanto, ricas de conteúdo, que merecem reflexão mais profunda e

consulta mais freqüente por parte dos médiuns e estudiosos da Doutrina Espírita.

A título de exemplo, citaremos alguns trechos dessas dissertações:

CHANNING: “Todos os homens são médiuns, todos têm um Espírito que os dirige

para o bem, quando sabem escutá-lo. (...)

(...) A voz íntima que fala ao coração é a dos bons Espíritos e é deste ponto de vista

que todos os homens são médiuns. (...)”

PEDRO JOUTY: “O dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo. Os

profetas eram médiuns. (...)

(...) O Espírito humano segue em marcha conveniente, imagem da graduação que

experimenta tudo o que povoa o Universo visível e invisível. Todo progresso vem na sua

hora: a da elevação moral soou para a Humanidade. (...)”

JOANA D’ARC: “(...) As faculdades de que gozam os médiuns lhes granjeiam os

elogios dos homens. As felicitações, as adulações, eis, para eles, o escolho. (...)

(...) Nunca me cansarei de recomendar-vos que vos confieis ao vosso anjo guardião,

para que vos ajude a estar sempre em guarda contra o vosso mais cruel inimigo, que é o

orgulho. (...)”

PASCAL: “Quando quiserdes receber comunicações de bons Espíritos, importa vos

prepareis para esse favor pelo recolhimento, por intenções puras e pelo desejo de fazer o

bem, tendo em vista o progresso geral. (...)

(...) Ponde sempre em prática a caridade; não vos canseis jamais de exercitar essa

virtude sublime, assim como a tolerância. (...)

(...) Que, dentre vós, o médium que não se sinta com forças para perseverar no ensino

espírita, se abstenha. (...)”

DELFINA DE GIRARDIN: “Falar-vos-ei hoje do desinteresse, que deve ser uma

das qualidades essenciais dos médiuns, tanto quanto a modéstia e o devotamento. (...)

(...) Não é racional se suponha que Espíritos bons possam auxiliar quem vise

satisfazer ao orgulho, ou à ambição. (...)”

O ESPÍRITO DE VERDADE: “Todos os médiuns são, incontestavelmente

chamados a servir à causa do Espiritismo, na medida de suas faculdades mas bem poucos

há que não se deixem prender nas armadilhas do amor-próprio. (...)

(...) As grandes missões só aos homens de escol são confiadas e Deus mesmo os

coloca, sem que eles o procurem, no meio e na posição em que possam prestar concurso

eficaz. Nunca será demais eu recomende aos médiuns inexperientes que desconfiem do que

lhes podem certos Espíritos dizer, com relação ao suposto papel que eles são chamados a

desempenhar (...).

Lembre-se sempre destas palavras: Aquele que se exalçar será humilhado e o que

se humilhar será exalçado.”

* * * * _______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 17 - Federação Espírita Brasileira.

OBS.: ESTUDAR EM CASA EM “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, 2ª. Parte, os itens 74,96,97,98, 104,185,186,189,190.

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16ª AULA: DOS MÉDIUNS - A CATEGORIA DE MÉDIUNS ESPECIAIS PARA EFEITOS FÍSICOS E INTELECTUAIS

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Médiuns especiais para efeitos físicos e para efeitos intelectuais

De uma maneira geral, a mediunidade pode ser classificada em dois grandes grupos: a de efeitos físicos e a de efeitos intelectuais. Os médiuns de efeitos físicos, comuns na época da Codificação são, talvez, menos

numerosos nos dias atuais. Presentemente, são mais comuns os médiuns de efeitos

intelectuais, surgindo, de tempos em tempos, variedades especiais, como os médiuns

músicos, pintores, inspirados, poetas. Tudo nos leva a crer que na época de Kardec as

variedades de efeitos intelectuais predominantes eram a psicografia e a psicofonia.

“(...) A mediunidade apresenta uma variedade infinita de matizes, que constituem os

chamados médiuns especiais, dotados de aptidões particulares, ainda não definidas,

abstração feita das qualidades e conhecimentos do Espírito que se manifesta.

A natureza das comunicações guarda sempre relação com a natureza do Espírito e

traz o cunho da sua elevação, ou da sua inferioridade, de seu saber, ou de sua ignorância.

(...) Os Espíritos batedores, por exemplo, jamais saem das manifestações físicas e, entre os

que dão comunicações inteligentes, há Espíritos poetas, músicos, desenhistas, moralistas,

sábios, médicos, etc. Falamos dos Espíritos de mediana categoria, por isso que, chegando

eles a um certo grau, as aptidões se confundem na unidade da perfeição. Porém, de par com

a aptidão do Espírito, há a do médium, que é, para o primeiro, instrumento mais ou menos

cômodo, mais ou menos flexível e no qual descobre ele qualidades particulares que não

podemos apreciar. (...)”

Para que ocorram os fenômenos de efeitos físicos é necessário que o médium esteja

habilitado “(...) ao fornecimento do ectoplasma ou plasma exteriorizado de que se valem as

inteligências desencarnadas para a produção dos fenômenos físicos que lhes denota a

sobrevivência. (...)”

Conhecemos, geralmente, fenômenos físicos de ocorrência vulgar, como as

pancadas, deslocamento de móveis e objetos, ruídos, sons, compreensíveis ou não, odores,

etc. No entanto, existem fenômenos de efeitos físicos não só belíssimos, como também

surpreendentes e de grandes benefícios. É o caso das materializações, incluindo as

luminosas.

Citaremos e descreveremos, a seguir, com respaldo em Kardec, as principais

modalidades de médiuns especiais para efeitos físicos.

“Médiuns tiptólogos — aqueles pela influência dos quais se produzem os ruídos, as pancadas. Variedade muito comum, com ou sem intervenção da vontade.

Médiuns motores — os que produzem o movimento dos corpos inertes. Muito comuns.

Médiuns de translações e de suspensões — os que produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Entre eles há os que podem elevar-se a si mesmos (são chamados médiuns de levitação). Mais ou menos raros, conforme a amplitude do fenômeno; muito raros, no último caso (levitação).

Médiuns de efeitos musicais — provocam a execução de composições em certos instrumentos de música, sem contacto com estes. Muito raros.” “(...) Já se tem visto, em certas manifestações visuais, aparecerem mãos a dedilhar um teclado, a percutir as teclas e a tirar dali sons. (...)”

“Médiuns de aparições — os que podem provocar aparições fluídicas e tangíveis, visíveis para os assistentes. Muito excepcionais.” “O espírito, que quer ou pode fazer-se visível, reveste às vezes uma forma ainda mais precisa, com todas as aparências de um corpo sólido, ao ponto de causar completa ilusão e dar a crer, aos que observam a aparição, que

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16ª AULA: DOS MÉDIUNS - A CATEGORIA DE MÉDIUNS ESPECIAIS PARA EFEITOS FÍSICOS E INTELECTUAIS

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têm diante de si um ser corpóreo. Em alguns casos, finalmente, e sob o império de certas circunstâncias, a tangibilidade se pode tornar real, isto é, possível se torna ao observador tocar, apalpar, sentir, na aparição, a mesma resistência, o mesmo calor que num corpo vivo, o que não impede que a tangibilidade se desvaneça com a rapidez do relâmpago. Nesses casos, já não é somente com o olhar que se nota a presença do Espírito, mas também pelo sentido tátil. (...)”

“Médiuns de transporte — os que podem servir de auxiliares aos Espíritos para o transporte de objetos materiais. Variedade dos médiuns motores e de translações. Excepcionais.” Esta mediunidade “(...) consiste no trazimento espontâneo de objetos inexistentes no lugar onde estão os observadores. São quase sempre flores, não raro frutos, confeitos, joias, etc. (...)” “Digamos, antes de tudo, que este fenômeno é dos que melhor se prestam à imitação e que, por conseguinte, devemos estar de sobreaviso contra o embuste. (...)” Para que ocorra o transporte “(...) é necessário que entre o Espírito e o médium influenciado exista certa afinidade, certa analogia; em suma certa semelhança capaz de permitir que a parte expansível do fluido perispirítico (...) do encarnado se misture, se una, se combine com o do Espírito que queira fazer um transporte. (...)”

“Médiuns noturnos — os que só na obscuridade obtém certos efeitos físicos. (...) (...) Esse fenômeno é devido mais às condições ambientais do que à natureza do médium,

ou dos Espíritos. (...)

Médiuns pneumatógrafos — os que obtém a escrita direta. Fenômeno muito raro e, sobretudo, muito fácil de ser imitado pelos trapaceiros. (...)

Médiuns curadores — os que têm o poder de curar ou aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece. Esta faculdade não é essencialmente mediúnica; possuem-na todos os verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma exaltação do poder magnético, fortalecido, se necessário, pelo concurso de bons Espíritos.

Médiuns excitadores — pessoas que têm o poder de, por sua influência, desenvolver nas outras a faculdade de escrever.” “Aí há antes um efeito magnético do que um caso de mediunidade propriamente dita, porquanto nada prova a intervenção de um Espírito. Como quer que seja, pertence a categoria dos efeitos físicos.” Finalmente, nas manifestações físicas que, geralmente, estão envolvidos na produção dos fenômenos “(...) são sempre Espíritos inferiores, que ainda se não desprenderam inteiramente de toda influência material.”

Ainda com respaldo em Allan Kardec, os principais médiuns para efeitos intelectuais

são: “Médiuns inspirados — aqueles a quem, quase sempre mau grado seu, os Espíritos

sugerem idéias, quer relativas aos atos ordinários da vida, quer com relação aos grandes trabalhos da inteligência.

Médiuns de pressentimentos — pessoas que, em dadas circunstâncias, têm uma intuição vaga de coisas vulgares que ocorrerão no futuro.

Médiuns proféticos — variedade dos médiuns inspirados, ou de pressentimentos. Recebem, permitindo-o Deus, com mais precisão do que os médiuns de pressentimentos, a revelação de futuras coisas de interesse geral e são incumbidos de dá-las a conhecer aos homens, para instrução destes. (...)

Médiuns sonâmbulos — os que, em estado de sonambulismo, são assistidos por Espíritos.

Médiuns extáticos — os que, em estado de êxtase, recebem revelações da parte dos Espíritos.”

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16ª AULA: DOS MÉDIUNS - A CATEGORIA DE MÉDIUNS ESPECIAIS PARA EFEITOS FÍSICOS E INTELECTUAIS

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“Muitos extáticos são joguetes da própria imaginação e de Espíritos zombeteiros que se aproveitam da exaltação deles. São raríssimos os que mereça inteira confiança”.

“Médiuns pintores ou desenhistas — os que pintam ou desenham sob influência dos Espíritos. Falamos dos que obtém trabalhos sérios, visto não se poder dar esse nome a certos médiuns que Espíritos zombeteiros levam a fazer coisas grotescas, que desabonariam o mais atrasado estudante. (...)

Médiuns músicos — os que executam, compõem, ou escrevem músicas, sob a influência dos Espíritos. Há médiuns músicos, mecânicos, semimecânicos, intuitivos e inspirados, como os há para as comunicações literárias.”

Allan Kardec, quando relaciona as variedades de médiuns especiais para efeitos

intelectuais, cita também os audientes, os falantes e os videntes,

“(...) Além das causas de aptidão, os Espíritos também se comunicam mais ou menos

preferentemente por tal ou qual intermediário, de acordo com as suas simpatias (...).”

“(...) Para que uma comunicação seja boa, preciso é que proceda de um Espírito bom;

para que esse bom Espírito a possa transmitir, indispensável lhe é um bom instrumento;

para que queira transmití-la, necessário se faz que o fim visado lhe convenha. (...)” _______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 18 - Federação Espírita Brasileira.

* * * *

PARA REFLETIR:

FACULDADES MEDIÚNICAS

“Há diversidade de dons espirituais, mas a Espiritualidade é a mesma. Há diversidade de ministérios, mas é o mesmo Senhor que a todos administra.

Há diversidade de operações para o bem; todavia, é a mesma Lei de Deus que tudo opera em todos.

A manifestação espiritual, porém, é distribuída a cada um para o que for útil. Assim é que a cada um, pelo espírito, é dada a palavra da sabedoria divina e, a outro, pelo mesmo espírito, a palavra da ciência humana. A outro é confiado o serviço da fé e a outro o dom de curar.

A outro é concedida a produção de fenômenos, a outro a profecia, a outro a faculdade de discernir os Espíritos, a outro a variedade das línguas e ainda a outro a interpretação dessas mesmas línguas. No entanto, o mesmo poder espiritual realiza todas essas coisas, repartindo os seus recursos particularmente a cada um, como julgue necessário.”

- - - - Quem analise despreocupadamente o texto acima, decerto julgará estar lendo moderno

autor espírita, definindo o problema da mediunidade; contudo, as afirmações que transcrevemos saíram do punho do apóstolo Paulo, há dezenove séculos, e constam no capítulo doze de sua primeira carta aos coríntios. Como é fácil de ver, a consonância entre o Espiritismo e o Cristianismo ressalta, perfeita, em cada estudo correto que se efetue, compreendendo-se na mensagem de Allan Kardec a chave de elucidações mais amplas dos ensinos de Jesus e dos seus continuadores. Cada médium é mobilizado na obra do bem, conforme as possibilidades de que dispõe. Esse orienta, outro esclarece; esse fala, outro escreve; esse ora, outro alivia.

- - - - Em mediunidade, portanto, não te dês à preocupação de admirar ou provocar admiração.

Procuremos, acima de tudo, em favor de nós mesmos, o privilégio de aprender e o lugar de servir. (SEARA DOS MÉDIUNS – Emmanuel / Francisco Cândido Xavier)

* * * * OBS.: ESTUDAR EM CASA EM “O LIVRO DOS MÉDIUS”, os itens 160,161,162,164 e 188.

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17ª AULA: DOS MÉDIUNS - ESPÉCIES COMUNS A TODOS OS GÊNEROS DE MEDIUNIDADE

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ESPÉCIES COMUNS A TODOS OS GÊNEROS DE MEDIUNIDADE

Na manifestação do fenômeno mediúnico e independente do tipo de mediunidade

de que o médium é portador, observa-se que há espécies que são comuns a todos os

gêneros de mediunidade. Basicamente, são as seguintes:

“Médiuns sensitivos (ou impressionáveis) - pessoas suscetíveis de sentir a

presença dos Espíritos, por uma impressão geral ou local, vaga ou material. A maioria

dessas pessoas distingue os Espíritos bons dos maus, pela natureza da impressão. (...)”

“(...) Esta variedade não apresenta caráter bem definido. Todos os médiuns são

necessariamente impressionáveis, sendo assim a impressionabilidade mais uma qualidade

geral do que especial. É a faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de

todas as outras. (...)

Esta faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza, que aquele

que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do

Espírito que lhe está ao lado, mas até a sua individualidade (...). Um bom Espírito produz

sempre uma impressão suave e agradável; a de um mau Espírito, ao contrário, é penosa,

angustiosa, desagradável. (...)”

“(...) Médiuns naturais ou inconscientes - os que produzem espontaneamente os

fenômenos, sem intervenção da própria vontade e, as mais das vezes, à sua revelia. (...)”

Estes médiuns, na maioria, “(...) nenhuma consciência têm do poder que possuem e, muitas

vezes, o que de anormal se passa em torno deles não se lhes afigura de modo algum

extraordinário. (...)” Os fenômenos que involuntariamente provocam, podem ocorrer em

todas as idades e, “(...) frequentemente, em crianças ainda muito novas. (...)”

Quando o médium natural é apto para efeitos físicos, a manifestação do fenômeno,

às vezes, se torna inconveniente. “(...) Tal faculdade não constitui, em si mesma, indício de

um estado patológico, porquanto não é incompatível com uma saúde perfeita. (...)”

“(...) Porém, forçoso é convir, o fenômeno assume por vezes proporções fatigantes e

impor-tunas para toda gente.(...)” Exemplificando, isto ocorre quando, involuntariamente, o

médium provoca ruídos, estrondos, derribamento ou deslocamento de móveis e objetos,

gritos, pancadas ou fatos semelhantes transtornando não só a sua vida como a das pessoas

com as quais convive. É conveniente recordar que tais fenômenos são sempre provocados

por Espíritos inferiores que, por uma razão ou outra, tem ascendência moral sobre um

médium.

Médiuns facultativos ou voluntários - os que têm o poder de provocar os

fenômenos por ato da própria vontade (...). “Qualquer que seja essa vontade, eles nada

podem, se os Espíritos se recusam, o que prova a intervenção de uma força estranha.”

Os médiuns facultativos têm consciência do seu poder ou da sua mediunidade.

Permitem que os fenômenos espíritas ocorram por ato da própria vontade. “(...) Conquanto

inerente à espécie humana, (...) semelhante faculdade longe está de existir em todos no

mesmo grau. (...)”

Numa linguagem mais corriqueira, diríamos que os médiuns facultativos são os

normalmente chamados de médiuns conscientes, isto é, sabem da existência do fenômeno,

quem o provoca e, de acordo com a sua vontade, sintonizam com este ou aquele Espírito,

permitindo que este se manifeste, e interferindo, mais ou menos, na mensagem do Espírito

de acordo com o grau de sua educação mediúnica.

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17ª AULA: DOS MÉDIUNS - ESPÉCIES COMUNS A TODOS OS GÊNEROS DE MEDIUNIDADE

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Tais médiuns, quando disciplinados e estudiosos da mediunidade, são valiosos

auxiliares nos trabalhos de desobsessão, permitindo que Espíritos mais imperfeitos, maus,

violentos ou perseguidores se manifestem sem que haja atentado ao decoro ou agressão,

por palavras ou atos, aos circunstantes. São médiuns que têm consciência do seu papel,

cercando os Espíritos sofredores com amor, desprendimento, não permitindo, porém, que

esses Espíritos os dominem ou os envolvam nas malhas das obsessões.

* * * * _______________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 19 - Federação Espírita Basileira.

PARA REFLETIR:

OBREIROS E INSTRUMENTOS Livro: SEARA DOS MÉDIUNS Autor: Espírito Emmanuel / F.C.Xavier

Afirmas, a cada passo, plena confiança nos instrutores espirituais que a todos nos assistem. Neles reconheces os timoneiros da evolução.

Entretanto, não te confies à inércia, atribuindo-lhes no mundo o dever que te cabe.

A usina, conquanto poderosa, não realiza a tarefa da lâmpada. O oceano, apesar de gigantesco, não atende ao ministério da fonte humilde.

* * * *

Eles, os obreiros da luz, oferecem planos admiráveis; contudo, aguardam mãos prestimosas para que as boas obras se consolidem. Auxiliam a enxergar a realidade, mas não dispensam olhos compassivos que adocem a revelação da verdade, para que a verdade não se faça fogo destruidor.

Ajudam a conhecer as pessoas e os problemas, mas pedem ouvidos caridosos que saibam discernir, a fim de que o mal não se levante por flagelo da vida alheia. Inspiram idéias edificantes, mas rogam corações generosos que lhes detenham a luz.

Apresentam as áreas destinadas à produção do melhor; no entanto, solicitam pés que as procurem na direção do serviço.

* * * *

Não te digas sem mediunidade para a edificação a fazer, porquanto, se estivéssemos apenas em função de meros fenômenos endereçados à inteligência, não passaríamos de agentes menos responsáveis, sustentando um parque de diversões. Através da onda de nossos pensamentos, podemos estar em contacto incessante com a onda dos pensamentos superiores que vertem dos mensageiros do Cristo, sabendo, assim, conscientemente, a extensão do trabalho que nos compete. Seja onde for, onde estiveres, és instrumento do bem, chamado à prestação de serviço segundo as necessidades dos que te cercam. Não te faças, desse modo, indiferente ou desavisado, pois, conforme a antiga sabedoria, “tudo o que fizermos sem fé ou sem boa-vontade, sem esforço ou sem sacrifício, não tem qualquer valor ou merecimento, nem neste mundo, nem no outro”.

* * * *

OBS.: ESTUDAR EM CASA EM “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, os itens 221 e 222.

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18ª AULA: DOS MÉDIUNS - MEDIUNIDADE NAS CRIANÇAS

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MEDIUNIDADE NAS CRIANÇAS

Não é aconselhável estimular a prática da mediunidade na criança. Isto porque o organismo da criança não está completamente desenvolvido, seus órgãos, sobretudo o sistema nervoso, estão em fase de maturação. Além do mais, a criança talvez não possua discernimento necessário para evitar as influências dos maus Espíritos. Kardec, perguntando aos Espíritos orientadores da Codificação sobre se haveria inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças, obteve de um deles a seguinte resposta: “Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas ideias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das conseqüências morais”. “No exame do assunto, há que se observar o problema do desenvolvimento sob duplo sentido: físico e mental. Há crianças bem desenvolvidas fisicamente, mas de recursos mentais e intelectuais deficientes (...). Existem crianças fisicamente pouco desenvolvidas, porém mental e intelectualmente bem dotadas. Em ambos os casos a prudência aconselha seja evitado, junto à criança, o trabalho mediúnico. Desenvolver a mediunidade, ou seja, educá-la, significa colocar-nos em relação e dependência magnética, mental e moral com entidades dos mais variados tipos evolutivos (...). O frágil organismo infantil e sua inexperiência podem sofrer os efeitos de uma aproximação obsidiante.

A imaginação da criança é, sobremodo, excitável, o que pode ocasionar consequências perigosas sob o ponto de vista do equilíbrio, da estabilidade espiritual (...). São negativos todos os aspectos do desenvolvimento mediúnico das crianças. O Codificador, missionário escolhido, estava certo ao desaconselhar tal proceder.

Há recursos de amparo às crianças que revelam mediunidade. — Prece em seu favor e dos Espíritos que delas tentam acercar-se. — Passes ministrados por companheiros responsáveis. — Frequência às aulas espíritas de Evangelho, a fim de que possam, a pouco e pouco, ir assimilando noções doutrinárias compatibilizadas com sua idade.” Devemos considerar, porém, que há crianças cuja mediunidade ocorre naturalmente, sem causar-lhes transtornos. Estas crianças são médiuns naturais e, “(...) quando numa criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na sua natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece quando é provocada e sobreexcitada. (...) A criança, que tem visões, geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece. (...)” Para o início da prática mediúnica “não há idade precisa, tudo dependendo inteiramente do desenvolvimento físico e, ainda mais, do desenvolvimento moral. Há crianças de doze anos a quem tal coisa afetará menos do que a algumas pessoas já feitas. Falo da mediunidade, em geral; porém, a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo; a da escrita tem outro inconveniente, derivado da inexperiência da criança, dado o caso de ela querer entregar-se a sós ao exercício da sua faculdade e fazer disso um brinquedo.” “A prática do Espiritismo (...) demanda muito tato, para a inutilização das tramas dos Espíritos enganadores. Se estes iludem homens feitos, claro é que a infância e a juventude mais expostas se acham a ser vítimas deles. Sabe-se, além disso, que o recolhimento é uma condição sem a qual não se pode lidar com Espíritos sérios. As evocações feitas estouvadamente e por gracejo constituem verdadeira profanação, que facilita o acesso aos Espíritos zombeteiros, ou malfazejos. Ora, não se podendo esperar de uma criança a gravidade necessária a semelhante ato, muito de temer é que ela faça disso um brinquedo, se ficar entregue a si mesma. Ainda nas condições mais favoráveis, é de desejar que uma criança dotada de faculdade mediúnica não a exercite, senão sob a vigilância de pessoas experientes, que lhe ensinem, pelo exemplo, o respeito devido às almas dos que viveram no mundo. Por aí se vê que a questão de idade está subordinada às circunstâncias, assim de temperamento, como de caráter. (...)” ____________________

BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, Roteiro 20 - Federação Espírita Brasileira.

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PARA REFLETIR:

MEDIUNIDADE NA INFÂNCIA

“Qual é a idade na qual se pode, sem inconveniente, se ocupar da mediunidade? — Não há idade precisa e isso depende inteiramente do desenvolvimento físico, e ainda mais do desenvolvimento moral; há crianças de doze anos que serão menos afetadas do que certas pessoas adultas. Falo da mediunidade em geral, mas a que se aplica aos efeitos físicos é mais fatigante corporalmente; a escrita tem um outro inconveniente que se relaciona com a inexperiência da criança, no caso em que quisesse dela se ocupar sozinho e com ela divertir-se.” (O Livro dos Médiuns, Segunda

Parte, Cap.XVIII)

De fato, como os Espíritos disseram a Kardec, não há idade para que se possa sem inconvenientes, ocupar-se da mediunidade.

Entretanto, algumas considerações devam ser feitas.

Na criança, a mediunidade existe espontaneamente.

Até aos 7 anos, o Espírito reencarnado permanece mais ligado ao Plano Espiritual do que à Terra. Neste período, é comum que a criança veja ao lado de seu próprio berço os Espíritos ligados a ela... O que, não raro, se considera fruto da imaginação infantil, é manifestação mediúnica das mais legítimas.

Principalmente as crianças sozinhas, sem irmãos e amigos, costumam receber a visita de companheiros desencarnados com os quais conversam naturalmente, como se estivessem dialogando com alguém que conhecessem há muito tempo!

Quando essas visões e diálogos com os Espíritos não trazem nenhuma perturbação para a mente infantil, não há com que se preocupar, porque, na maioria das vezes, à medida em que a atenção da criança for sendo solicitada pelo mundo, essas manifestações irão se espaçando até que desapareçam por completo para, talvez, reaparecerem mais tarde.

Quando, no entanto, a criança se mostra intranqüila, acordando sobressaltada no meio da noite, é aconselhável que ela seja encaminhada para um tratamento de passes, pedindo aos Espíritos Benfeitores que “bloqueiem” essas manifestações; os Espíritos Benfeitores, então, agirão, com a permissão de Jesus, afastando da criança a presença das Entidades que, consciente ou inconscientemente, a estejam molestando.

(...) Os adolescentes, igualmente, devem se abster de trabalhar no campo da mediunidade. A não ser uma ou outra exceção, os jovens, enquanto não atingem a maioridade, não possuem o necessário discernimento para escolherem o caminho a ser trilhado.

Temos visto muitos pais se decepcionarem, porque obrigaram os filhos a ser médiuns... Ora, isto não se faz. O filho não deverá ser médium porque os pais o queiram! Diríamos que a primeira e maior preocupação que os pais espíritas têm para com os seus filhos é a de conduzi-los às aulas de evangelização; infelizmente, a maioria não cumpre semelhante dever!

Se a “reencarnação psicológica” se completa em torno dos 7 anos de idade, a “reencarnação moral” leva mais tempo. Somente quando atinge a maioridade, é que o Espírito, completamente integrado no corpo, mostra por fora o que é por dentro. Por isto, observamos, nesta faixa etária, tantas mudanças de comportamento. Jovens que se revelam antecipadamente adultos, compenetrados de suas obrigações, e jovens que, na idade adulta, se entregam a lamentáveis irresponsabilidades, descambando no vício...

De uma maneira geral, antes que o jovem faça a sua opção pela mediunidade, ele deve ter a cabeça assentada, procurando estar plenamente convicto do que deseja na vida.

Mediunidade na infância ou na juventude não é sinônimo de evolução espiritual, ou coisa que o valha. Não é porque uma criança ou um jovem seja médium que ele deve ser interpretado à conta de um missionário da mediunidade!

Deixemos, tanto quanto possível, a criança ser criança e o jovem ser jovem, preocupando-nos em formar-lhes o caráter; quanto à mediunidade, quem renasceu com este compromisso, na hora certa será chamado a executá-lo, sem que lhe seja possível fugir a ela sem prejuízos para si mesmo. (MEDIUNIDADE E CAMINHO – Odilon Fernandes, psicografia: Carlos A. Baccelli)