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CIRO BATISTA ROSA PROPOSTA DE HOMOLOGAÇÃO DE PRODUTOS PARA A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Engenharia Automotiva (Mestrado Profissionalizante) São Paulo 2004

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QUALIDADE

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  • CIRO BATISTA ROSA

    PROPOSTA DE HOMOLOGAO DE PRODUTOS PARA A INDSTRIA

    AUTOMOTIVA

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado Escola Politcnica da

    Universidade de So Paulo para

    obteno do ttulo de Mestre em

    Engenharia Automotiva (Mestrado

    Profissionalizante)

    So Paulo

    2004

  • CIRO BATISTA ROSA

    PROPOSTA DE HOMOLOGAO DE PRODUTOS PARA A INDSTRIA

    AUTOMOTIVA

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado Escola Politcnica da

    Universidade de So Paulo para

    obteno do ttulo de Mestre em

    Engenharia Automotiva (Mestrado

    Profissionalizante)

    rea de Concentrao:

    Engenharia Automotiva (Mestrado

    Profissionalizante)

    Orientador:

    Prof. Dr. Lucas Antnio Moscato

    So Paulo

    2004

  • FICHA CATALOGRFICA

    Rosa, Ciro Batista Proposta de homologao de produtos para a indstria

    automotiva / C. B. Rosa. -- So Paulo, 2004.64 p.

    Trabalho de concluso de curso (Mestrado Profissionalizanteem Engenharia Automotiva) - Escola Politcnica da

    Universidade de So Paulo.

    1. Garantia da qualidade 2. Indstria automobilsticaI. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. II. t.

  • iv

    DEDICATRIA

    Aos meus pais, Lia e Jonathas, e minha

    esposa e filhas, Marta, Caroline e Marina.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Ao amigo e orientador Prof. Dr. Lucas Antnio Moscato, pela ateno e

    acompanhamento das atividades do tema desta dissertao.

    Visteon Sistemas Automotivos pelo patrocnio, apoio e incentivo

    atravs do Programa de Treinamento e Formao Educacional (PTFE) .

    Aos colegas de curso e de trabalho Nelson Nishimura, Geancarlo

    Rettori e Marcello Teixeira, pelas atividades em sala de aula que resultaram em um

    artigo tcnico em conjunto publicado em revista especializada.

    Aos colegas Marcelo Fossato, Edlcio Maielo, Roberval de Assis e

    Tadashi Camey, pelo trabalho em conjunto na Visteon e pela troca de idias sobre

    processos e sistemas da qualidade.

    A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram com a preparao

    deste trabalho.

  • vi

    RESUMO

    O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos requerimentos de

    homologao de produtos para o setor automotivo, e a proposio de uma

    metodologia mais especfica para a verso atual do sistema da qualidade ISO/TS-

    16949. utilizada a tcnica conhecida como Anlise do Valor/Engenharia do Valor

    (AV/EV), para determinao das funes essenciais do processo de homologao de

    produtos. So feitas tambm consideraes sobre o gerenciamento de projetos, e

    como este pode afetar o processo de homologao.

  • vii

    ABSTRACT

    This study is a discussion of the requirements for product qualification

    at the automotive sector, and presents a more specific methodology to the current

    version of ISO/TS-16949 specification. A methodology known as Value

    Analysis/Value Engineering (VA/VE) is used to determine the essential functions of

    the product qualification process. The effects of the program management style to

    the qualification process are also considered.

  • viii

    SUMRIO

    DEDICATRIA.......................................................................................................... iv

    AGRADECIMENTOS..................................................................................................v

    RESUMO.....................................................................................................................vi

    ABSTRACT................................................................................................................vii

    LISTA DE FIGURAS.................................................................................................. xi

    LISTA DE TABELAS............................................................................................... xiii

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................xiv

    1.Introduo.................................................................................................................. 1

    2.Principais Sistemas da Qualidade do Setor Automotivo........................................... 3

    2.1.PPAP/QS-9000 Production Part Approval Process...................................... 4

    2.1.1.Introduo..................................................................................................4

    2.1.2.Objetivos.................................................................................................... 4

    2.1.3.Aprovao completa.................................................................................. 4

    2.1.4.Quando a aprovao requerida.............................................................. 4

    2.1.5.Requerimentos de homologao................................................................ 5

    2.1.6.Anlise dos requerimentos......................................................................... 5

    2.1.7.Concluses................................................................................................. 7

    2.2.APQP/QS-9000 Advanced Product Quality Planning................................... 9

    2.2.1.Introduo..................................................................................................9

    2.2.2.Objetivos.................................................................................................... 9

    2.2.3.Concluses............................................................................................... 13

    2.3.LPP/VDA 2 Liberao do Processo de Produo e do Produto..................14

    2.3.1.Introduo................................................................................................14

    2.3.2.Objetivos.................................................................................................. 14

    2.3.3.Liberao do Processo de Produo e do Produto (LPP)...................... 14

    2.3.4.Requerimentos de homologao.............................................................. 16

    2.3.5.Concluses............................................................................................... 16

    2.4.ISO/TS-16949: Quality Systems-Automotive Suppliers (1st Edition)..............17

    2.4.1.Introduo................................................................................................17

  • ix

    2.4.2.Objetivos.................................................................................................. 17

    2.4.3.Requerimentos de homologao.............................................................. 17

    2.4.4.Anlise dos requerimentos....................................................................... 18

    2.4.5.Concluses............................................................................................... 19

    2.5.ISO/TS-16949: Quality Management Systems (2nd Edition).......................... 20

    2.5.1.Introduo................................................................................................20

    2.5.2.Objetivos.................................................................................................. 20

    2.5.3.Requerimentos de homologao.............................................................. 20

    2.5.4.Concluso.................................................................................................20

    2.6.AS-9000: Aerospace Basic Quality System Standard......................................21

    2.6.1.Introduo................................................................................................21

    2.6.2.Objetivo....................................................................................................21

    2.6.3.Requerimentos de homologao.............................................................. 21

    2.6.4.Concluso.................................................................................................21

    3.Anlise do Processo De Homologao de Produtos................................................ 22

    3.1.Introduo........................................................................................................22

    3.2.Anlise do Valor/Engenharia de Valor (AV/EV).............................................22

    3.3.Anlise do processo de homologao..............................................................23

    3.3.1.Identificao de componentes e funes do processo de homologao..23

    3.3.2.Pesquisa com Gerentes de Programas.................................................... 24

    3.3.3.Componentes e Funes do processo de homologao...........................27

    3.4.Classificao de funes.............................................................................30

    3.4.1.Diagrama FAST....................................................................................... 31

    3.4.2.Reavaliao de funes............................................................................34

    3.4.Concluses....................................................................................................... 47

    4.Proposta de homologao de produtos.................................................................... 51

    4.1.Introduo........................................................................................................51

    4.2.Elementos do processo proposto de homologao de produtos......................51

    4.3.Mudanas propostas na ISO/TS 16949............................................................52

    4.4.Comparao com o PPAP e a LPP................................................................. 52

    4.5.Anlise crtica da proposta..............................................................................53

    4.6.Comentrios finais...........................................................................................55

    ANEXOS.................................................................................................................... 57

  • x

    1.Teorema do Limite Central......................................................................................57

    1.1.Enunciado........................................................................................................ 57

    1.2.Aplicao......................................................................................................... 58

    1.3.Exemplo........................................................................................................... 58

    2.Seis Sigma................................................................................................................60

    2.1.Conceitos estatsticos.......................................................................................60

    2.2.A metodologia Seis Sigma............................................................................... 61

    2.3.Concluses....................................................................................................... 62

    BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 63

  • xi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Ciclo de Planejamento de Qualidade do Produto. In: AUTOMOTIVE

    INDUSTRY ACTION GROUP. Advanced Product Quality Planning and

    Control Plan. Southfield, EUA: AIAG, 1994. p. vi..................................10

    Figura 2 - Diagrama temporal de Planejamento de Qualidade de Produtos conforme

    manual APQP/QS-9000. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION

    GROUP. Advanced Product Quality Planning and Control Plan.

    Southfield, EUA: AIAG, 1994. p. 5......................................................... 10

    Figura 3 - Etapas para a qualificao de um produto conforme VDA. In: VERBAND

    DER AUTOMOBILINDUSTRIE. VDA 2: Asseguramento da Qualidade

    de Fornecimentos. So Paulo, Brasil: IQA, 1994. p.23........................... 15

    Figura 4 - Diagrama FAST de um processo genrico de homologao de produtos.

    As funes em amarelo so as funes identificadoras, e as azuis

    denotam funes fora do escopo do processo. As linhas horizontais

    tracejadas delimitam este escopo.............................................................33

    Figura 5 - Plano de Validao Total. Em vermelho, o significado dos seus principais

    campos. Em azul, significado do campo Classe...................................... 42

    Figura 6 - Plano de controle.Campo 21 indica classificao de caractersticas.

    In:AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP.Advanced Product

    Quality Planning and Control Plan.Southfield,EUA:AIAG,1994.p.34....43

    Figura 7 - Relatrio de Aprovao de Aparncia. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY

    ACTION GROUP. Production Part Approval Process, 3rd Edition.

    Southfield, EUA: AIAG, 1999.p. 58........................................................ 45

    Figura 8 - Diagrama FAST revisado, aps anlise crtica das funes.......................48

    Figura 9 - Proposta de certificado de homologao de pea...................................... 49

    Figura 10 - Certificado de Aprovao de Pea. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY

    ACTION GROUP. Production Part Approval Process, 3rd Edition.

    Southfield, EUA: AIAG, 1999.p. 53........................................................ 50

    Figura 11 - Ilustrao do enunciado do Teorema do Limite Central..........................57

    Figura 12 - Grfico da funo de distribuio de probabilidade normal. As setas

  • xii

    horizontais indicam a rea sob a curva entre os limites de +/- 1, +/- 3 e

    +/- 6 sigma, em relao rea total......................................................... 60

  • xiii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Elementos do PPAP. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP.

    Production Part Approval Process. Southfield, EUA: AIAG, 1999.............8

    Tabela 2 - Elementos do APQP e sua correlao com os elementos do PPAP. In:

    AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. Advanced Product

    Quality Planning and Control Plan. Southfield, EUA: AIAG, 1994..........13

    Tabela 3 - Equivalncia entre os Sistemas da Qualidade VDA e QS-9000 quanto ao

    processo de apresentao de amostras iniciais e o gerenciamento de

    lanamento de produtos............................................................................. 14

    Tabela 4 - Elementos da LPP e equivalncia com os elementos do PPAP. In:

    VERBAND DER AUTOMOBILINDUSTRIE. VDA 2: Asseguramento da

    Qualidade de Fornecimentos. So Paulo, Brasil: IQA, 1998.....................15

    Tabela 5 - Equivalncia entre os Sistemas da Qualidade ISO/TS-16949 e QS-9000

    quanto ao processo de apresentao de amostras iniciais e o

    gerenciamento de lanamento de produtos................................................17

    Tabela 6 - Elementos da ISO/TS-16949 (primeira edio) e equivalncia com os

    elementos do PPAP. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP.

    ISO/TS 16949:Quality Systems-Automotive Suppliers. Southfield, EUA:

    AIAG, 1999................................................................................................18

    Tabela 7 - Componentes e Funes de um processo de homologao de produtos... 29

    Tabela 8 - Funes de um processo de homologao de produtos e respectiva

    classificao...............................................................................................31

    Tabela 9 - Comparao entre o PPAP, a LPP e a Proposta de Homologao de

    Produtos..................................................................................................... 53

  • xiv

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    Sigla Significado6 Seis Sigma

    AAR Relatrio de Aprovao de AparnciaAppearance Approval Report

    APQP Planejamento Avanado de Qualidade do ProdutoAdvanced Product Quality Planning

    AS-9000 Padro Aeroespacial 9000Aerospace Standard 9000

    AV/EV Anlise do Valor/Engenharia do Valor

    CAD Projeto Assistido por ComputadorComputer Aided Design

    CAE Engenharia Assistida por ComputadorComputer Aided Engineering

    CAM Manufatura Assistida por ComputadorComputer Aided Manufacturing

    CAP Certificado de Aprovao de Pea

    Cpk ndice de Capacidade para um Processo EstvelCapability Index for a Stable Process

    CTQ Crtica para a QualidadeCritical To Quality

    DFMEA FMEA de ProjetoDesign FMEA

    DFSS Projeto para Seis SigmaDesign For Six Sigma

    DVP&R Plano de Validao de Projeto & RelatrioDesign Validation Plan & Report

    EAQF Avaliao de Aptido de Qualidade de Fornecedoresvaluation d'Aptitude Qualit Fournisseurs

    FMEA Anlise de Modo e Efeito de FalhasFailure Mode and Effects Analysis

    ISO/TSOrganizao Internacional de Padronizaes/Especificao TcnicaInternational Organization for Standardization/TechnicalSpecification

    JAMA Associao de Fabricantes de Automveis do JapoJapan Automobile Manufacturers Association

  • xv

    Sigla SignificadoLPP Liberao do Processo de Produo e do Produto

    MSA Anlise do Sistema de MediesMeasurement System Analysis

    PFMEA FMEA de ProcessoProcess FMEA

    PPAP Processo de Aprovao de Pea ProdutivaProduction Part Approval Process

    Ppk ndice de DesempenhoPerformance Index

    PSW Certificado de Submisso da PeaPart Submission Warrant (PSW)

    PVT Plano de Validao Total

    QFD Funo Desdobramento da QualidadeQuality Function Deployment

    QS-9000 Sistema da Qualidade - 9000Quality System - 9000

    VDA Associao das Indstrias AutomobilsticasVerband der Automobilindustrie

  • 1

    1. INTRODUO

    Com a chegada de novas montadoras de veculos ao mercado brasileiro

    na segunda metade da dcada de 90, gerou-se a necessidade de uma melhor

    preparao dos fabricantes de autopeas e sub-sistemas quanto a aspectos de

    qualidade. Estes aspectos so regidos pelos Sistemas da Qualidade que cada empresa

    adota, e, no setor automobilstico, cada montadora basicamente segue um padro de

    acordo com a sua nacionalidade: QS-9000 (Estados Unidos), VDA (Alemanha),

    EAQF (Frana), entre outros. As montadoras normalmente exigem que os seus

    fornecedores sigam os sistemas por elas adotados.

    Atualmente, o sistema ISO/TS-16949, cuja segunda edio foi lanada em 2002, est

    se estabelecendo no Brasil e no mundo como um novo padro, com a promessa de

    unificar todos os sistemas da qualidade do setor automotivo. Observa-se, no

    entanto, que, em diversos aspectos, este sistema adota uma abordagem genrica

    como forma de garantir abrangncia.

    No Brasil, inicialmente, o setor automotivo adotou a ISO-9000 como um primeiro

    sistema comum. Em seguida, passou a utilizar a QS-9000, principalmente pelo fato

    de ser originalmente escrito em lngua inglesa. Devido sua ampla penetrao no

    setor, as montadoras no americanas passaram a aceitar a qualificao de seus sub-

    fornecedores conforme este padro, com a ressalva de poderem solicitar, a qualquer

    momento, a adequao em relao ao sistema da qualidade da montadora em

    questo.

    J em nvel mundial, a evoluo dos sistemas de qualidade automotivos no foi

    muito diferente. Em seu artigo (1), Munro (2002) apresenta sob uma perspectiva

    histrica a evoluo destes sistemas, desde o nascimento da QS-9000 at a recente

    publicao da ISO/TS-16949, bem como as razes motivadoras desta evoluo.

    Dado este cenrio, observa-se que em diversos casos onde um determinado

    fabricante de autopeas fornece um mesmo produto para duas montadoras diferentes,

    cada uma pode exigir requisitos de qualificao no totalmente coincidentes,

    independentes do fato de serem ou no de mesma nacionalidade. Isto leva

    multiplicao de esforos e aumento de custos dos fornecedores, que repassado s

    montadoras e ao consumidor final.

  • 2

    Este trabalho tem como objetivo o estudo dos requerimentos atuais de

    homologao de produtos para o setor automotivo, e a proposio de uma

    metodologia alternativa menos genrica que a encontrada na ISO/TS-16949. Esta

    proposio, no entanto, dever ter o mximo de aderncia possvel segunda edio

    desta especificao tcnica, por se tratar da norma mais atualizada e de maior

    aceitao pelas montadoras de veculos na presente data.

    Para se atingir este objetivo, os seguintes tpicos sero abordados:

    anlise de vrios dos mais importantes sistemas da qualidade do setor automotivo

    quanto ao aspecto de homologao de produtos;

    elaborao de proposta alternativa de homologao;

    anlise crtica da proposta e recomendaes para implantao.

    Apesar da aparente simplicidade desta proposio, ela encerra um

    grande desafio: o ineditismo. Esta pesquisa no identificou artigos ou publicaes

    tcnicas que abordassem o problema, quer como uma anlise crtica, quer com a

    sugesto de mudanas, com exceo das abordagens de Carney (1999) e Cole et al

    (1998), em cujos artigos, respectivamente (2) e (3), propem melhorias a processos

    de gerenciamento de programas.

    Um outro desafio o de se obter uma linguagem nica e clara, que

    colabore com o entendimento entre clientes e fornecedores sobre o que realmente

    necessrio para se homologar um produto, e, mais importante, se o produto atende

    aos requisitos de desempenho e durabilidade esperados.

    Desta forma, esperamos estar colaborando, ainda que modestamente,

    com a simplificao de requerimentos e a reduo de custos para a cadeia produtiva

    do setor automotivo.

  • 3

    2. PRINCIPAIS SISTEMAS DA QUALIDADE DO SETOR AUTOMOTIVO

    Neste captulo, alguns dos principais Sistemas da Qualidade do setor

    automotivo sero revistos e analisados no tocante ao processo de homologao de

    produtos. De modo genrico, este processo tambm conhecido como Processo de

    Apresentao de Amostras Iniciais. Entende-se esta reviso como fundamental, j

    que fornece uma base para a compreenso dos atuais requerimentos da indstria da

    mobilidade.

    Esta reviso tem incio com o PPAP/QS-9000, por ser o processo de

    homologao mais difundido no setor. Ele tambm servir como base comparativa

    para os demais processos estudados. Isto significa que sero analisadas apenas as

    diferenas entre o PPAP e os demais processos.

    Por ltimo, teremos a anlise da AS-9000, sistema da qualidade da

    indstria aeroespacial.

  • 4

    2.1.PPAP/QS-9000 Production Part Approval Process

    2.1.1.Introduo

    O PPAP (4) parte do Sistema da Qualidade QS-9000 (5), adotado

    pelas montadoras de origem norte-americana. Este processo define os requerimentos

    genricos de homologao de peas ou componentes produtivos, inclusive matrias-

    primas.

    2.1.2.Objetivos

    Conforme o manual do PPAP, os seguintes propsitos bsicos so

    observados ao longo do processo:

    fornecer uma evidncia de que os registros de projeto do cliente (por exemplo,

    desenhos ou esquemas) foram corretamente interpretados pelo fornecedor;

    fornecer uma evidncia de que o processo produtivo do fornecedor ter condies

    de manufaturar peas que satisfaam aos requisitos de projeto com consistncia

    (i.e., processo estatisticamente repetitvel).

    2.1.3.Aprovao completa

    Aprovao completa indica que a pea ou material cumpre todas as

    especificaes e requerimentos. Esta aprovao autoriza o fornecedor a embarcar

    peas conforme programao de produo.

    2.1.4.Quando a aprovao requerida

    Pea nova;

    Correo de discrepncia em pea previamente homologada;

    Pea que sofrer modificaes de engenharia em seus desenhos, especificaes ou

    materiais, inclusive mudanas em matrias-primas, sub-fornecedores ou

    ferramentas.

  • 5

    2.1.5.Requerimentos de homologao

    Para peas produtivas, as amostras a serem submetidas ao PPAP devem

    vir de um lote de produo significativo. Isto quer dizer que:

    o perodo de tempo de fabricao do lote deve ser de 1 a 8 horas consecutivas;

    o tamanho mnimo de lote deve ser igual a 300 peas1, exceto quando um lote

    menor seja explicitamente autorizado pelo cliente.

    Um total de 19 (dezenove) requerimentos genricos devem ser

    cumpridos pelo fornecedor. Estes requerimentos so listados na Tabela 1.

    2.1.6.Anlise dos requerimentos

    Os requerimentos I.2.2.1 a I.2.2.3 so essencialmente os registros de

    projeto e especificao do produto e tm influncia decisiva em todo o processo de

    qualificao, j que quanto mais detalhado o projeto de um produto/processo,

    menos suscetvel a falhas ser o produto final.

    Requerimentos I.2.2.4 e I.2.2.6 referem-se tcnica de predio,

    preveno e correo de eventuais problemas de desempenho ou de manufatura do

    produto, conhecida como FMEA.

    Requerimento I.2.2.5 refere-se a item de documentao do fluxo do

    processo de manufatura do produto.

    Requerimento I.2.2.7 refere-se aos resultados de testes dimensionais do

    produto. Estes resultados devem comprovar que o produto atende aos requisitos

    dimensionais de projeto dos itens I.2.2.1 (Design Records) e I.2.2.12 (Control Plan).

    Embora no explicitamente mencionado no manual, este requerimento tambm

    verifica se o produto atende aos itens I.2.2.2 e I.2.2.3 (respectivamente Engineering

    Change Documents e Engineering Approval).

    Requerimento I.2.2.8 semelhante, em essncia, ao requerimento

    I.2.2.7, e diz respeito aos testes de vida de materiais e do produto acabado conforme

    projetado nos requerimentos I.2.2.1, I.2.2.2, I.2.2.3 e I.2.2.12.

    1 Ver anexo 1 para uma discusso sobre clculo de amostras.

  • 6

    Requerimento I.2.2.9 diz respeito ao estudo de estabilidade (estatstica)

    inicial do processo produtivo. Requerimento I.2.2.10 faz uma avaliao dos erros do

    sistema de medio utilizado na caracterizao estatstica do processo produtivo.

    Requerimento I.2.2.11 trata da certificao dos laboratrios

    terceirizados que efetivamente executaram os testes de homologao do produto.

    Caso os testes de homologao sejam executados pelo prprio fornecedor, o

    requerimento no necessrio.

    Requerimento I.2.2.12 diz respeito elaborao de Plano de Controle

    do produto final. O Plano de Controle detalha especificamente quais parmetros

    devem ser medidos, a freqncia e mtodo de medio. Os comentrios feitos para o

    requerimento I.2.2.7 tambm so aplicveis.

    O PSW (Part Submission Warrant) tratado no requerimento I.2.2.13 o

    certificado que resume todo o processo de homologao, e assinado pelo pessoal

    tcnico competente do fornecedor e do cliente quando da aprovao da pea.

    O AAR (Appearance Approval Report) tratado em I.2.2.14 verifica o

    produto quanto a aspectos de acabamento e aparncia. Um exemplo significativo

    desta avaliao a aprovao de textura de painis de veculos injetados em plstico.

    Em I.2.2.15, temos requerimentos especficos para matrias-primas

    (bulk material). Estes requerimentos no sero tratados neste trabalho.

    Os requerimentos I.2.2.16 e I.2.2.17 tratam a preparao de amostras de

    produtos, respectivamente para submisso ao cliente e para reteno de uso como

    amostra-padro pelo fabricante.

    Finalmente, o requerimento I.2.2.19 trata do registro e da conformidade

    quanto a requerimentos especficos do cliente. Como o PPAP parte integrante da

    QS-9000, estes requerimentos especficos so tratados pela prpria norma para as

    montadoras GM, Ford e DaimlerChrysler.

  • 7

    2.1.7.Concluses

    O PPAP no aborda em seu contedo se os componentes e matrias-primas que

    formam o produto final devem ser tambm homologados. Intuitivamente, isto

    levaria a uma simplificao da homologao do produto final e a um maior grau

    de aderncia quanto aos objetivos propostos pelo processo.

    O PPAP recomenda ndices de Cpk/Ppk maiores que 1,67 (processo 4) em seu

    requerimento de Initial Process Studies. Com o advento da estratgia Seis Sigma

    (anexo 2) nas empresas, acredita-se que esta recomendao deva ser revista.

  • 8

    ElementoPPAP

    Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls

    I.2.2.1 Registros de ProjetoDesign Records

    I.2.2.2 Documentos de Mudana de EngenhariaEngineering Change Documents

    I.2.2.3 Aprovao de EngenhariaEngineering Approval

    I.2.2.4 Anlise de Modo e Efeito de Falhas de ProjetoDesign Failure Mode and Effects Analysis (DFMEA)

    I.2.2.5 Diagramas de Fluxo de ProcessoProcess Flow Diagrams

    I.2.2.6 Anlise de Modo e Efeito de Falhas de ProcessoProcess Failure Mode and Effects Analysis (PFMEA)

    I.2.2.7 Resultados DimensionaisDimensional Results

    I.2.2.8 Registros de Testes de Materiais/DesempenhoRecords of Material/Performance Test Results

    I.2.2.9 Estudos Iniciais de ProcessoInitial Process Studies

    I.2.2.10 Estudos do Sistema de Anlise de MediesMeasurement System Analysis Studies

    I.2.2.11 Documentao de Laboratrios QualificadosQualified Laboratory Documentation

    I.2.2.12 Plano de ControleControl Plan

    I.2.2.13 Certificado de Submisso da PeaPart Submission Warrant (PSW)

    I.2.2.14 Relatrio de Aprovao de AparnciaAppearance Approval Report

    I.2.2.15 Formulrio de Verificao de Requerimentos para Matrias-PrimasBulk Material Requirements Checklist

    I.2.2.16 Amostras de Peas de ProduoSample Production Parts

    I.2.2.17 Amostra PrincipalMaster Sample

    I.2.2.18 Dispositivos de VerificaoChecking Aids

    I.2.2.19 Requerimentos Especficos do ClienteCustomer-Specific Requirements

    Tabela 1 - Elementos do PPAP. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. Production PartApproval Process. Southfield, EUA: AIAG, 1999.

  • 9

    2.2.APQP/QS-9000 Advanced Product Quality Planning

    2.2.1.Introduo

    Similarmente ao PPAP, o APQP (6) tambm parte do Sistema de

    Qualidade QS-9000 e tem como propsito uniformizar as prticas utilizadas na

    atividade de planejamento de qualidade de produto, tanto em seu lanamento quanto

    na ocorrncia de mudanas de engenharia.

    2.2.2.Objetivos

    De acordo com o APQP, o planejamento de qualidade de produtos um

    mtodo estruturado de definio e estabelecimento das etapas necessrias para

    assegurar que o produto satisfaa ao cliente.

    Este mtodo tem como base o Ciclo de Planejamento de Qualidade de

    Produto, apresentado na Figura 1, o qual uma variante do ciclo PDCA de Deming,

    conforme descrito em (7).

    No objetivo deste trabalho fazer uma discusso ou anlise sobre a utilizao do

    ciclo, mas importante registrar que o mesmo inicia com o Desenvolvimento e

    Conceituao da Tecnologia do Produto Plan e termina com um processo de

    Melhoria Contnua Act.

    Este ciclo tambm representado como uma linha de tempo para um

    nico ciclo, conforme a Figura 2, e mostra as cinco etapas (que so as cinco sesses

    do APQP), onde os requisitos de entrada do passo seguinte so vrios dos requisitos

    de sada do passo anterior.

    Conforme as expectativas, existe uma correlao entre o APQP e o

    PPAP. Esta correlao, a ttulo informativo, dada na Tabela 2. A partir dela,

    conclui-se que o PPAP verifica na prtica a execuo efetiva da grande maioria das

    fases de um projeto, do ponto de vista da QS-9000.

  • 10

    Figura 2 - Diagrama temporal de Planejamento de Qualidade de Produtosconforme manual APQP/QS-9000. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTIONGROUP. Advanced Product Quality Planning and Control Plan. Southfield, EUA:AIAG, 1994. p. 5.

    Figura 1 - Ciclo de Planejamento de Qualidade do Produto. In:AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. Advanced ProductQuality Planning and Control Plan. Southfield, EUA: AIAG, 1994.p. vi.

  • 11

    ElementoAPQP

    Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls

    Equivalente PPAPN/A = No Aplicvel

    1.1 Voz do ClienteVoice of the Customer I.2.2.1

    1.2Planejamento de Negcios/Estratgia deMercadoBusiness Plan/Marketing Strategy

    N/A

    1.3 Dados Comparativos de Produtos/ProcessosProduct/Process Benchmark Data I.2.2.1

    1.4 Premissas de Produto/ProcessoProduct/Process Assumptions I.2.2.1

    1.5 Estudos de Confiabilidade de ProdutoProduct Reliability Studies I.2.2.1

    1.6 Requerimentos do ClienteCustomer Inputs I.2.2.1

    1.7 Objetivos de ProjetoDesign Goals I.2.2.1

    1.8 Objetivos de Qualidade e ConfiabilidadeReliability and Quality Goals I.2.2.1

    1.9 Relao Preliminar de PeasPreliminary Bill of Material N/A

    1.10 Diagrama Preliminar de Fluxo de ProcessoPreliminary Process Flow Chart I.2.2.5

    1.11

    Relao Preliminar de Caractersticas Especiaisde Produto e ProcessoPreliminary Listing of Special Product andProcess Characteristics

    I.2.2.19

    1.12 Plano de Garantia do ProdutoProduct Assurance Plan I.2.2.1

    1.13 Suporte GerencialManagement Support N/A

    2.1 DFMEA I.2.2.4

    2.2 Projeto Visando Fabricao e MontagemDesign for Manufacturability and Assembly I.2.2.1

    2.3 Verificao de ProjetoDesign Verification N/A

    2.4 Revises de ProjetoDesign Reviews N/A

    2.5 Montagem de Prottipos Plano de ControlePrototype Build Control Plan I.2.2.12

    2.6Desenhos de Engenharia (Incluindo ModelosMatemticos)Engineering Drawings (Including Math Data)

    I.2.2.1

  • 12

    ElementoAPQP

    Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls

    Equivalente PPAPN/A = No Aplicvel

    2.7 Especificaes de EngenhariaEngineering SpecificationsI.2.2.1I.2.2.12

    2.8 Especificaes de MateriaisMaterial Specifications I.2.2.1

    2.9 Mudanas de Desenhos e EspecificaesDrawing and Specification Changes I.2.2.2

    2.10

    Requerimentos de Novos Equipamentos,Ferramentas e InstalaesNew Equipment,Tooling and FacilitiesRequirements

    I.2.2.4

    2.11 Caractersticas Especiais de Produto e ProcessoSpecial Product and Process Characteristics I.2.2.12

    2.12Requerimentos de Equipamentos de Testes eMediesGages/Testing Equipment Requirements

    N/A

    2.13

    Comprometimento do Grupo com a Execuo eSuporte GerencialTeam Feasibility Commitment and ManagementSupport

    N/A

    3.1 Padres para EmbalagensPackaging Standards N/A

    3.2Reviso do Sistema da Qualidade deProduto/ProcessoProduct/Process Quality System Review

    N/A

    3.3 Diagramas de Fluxo de ProcessoProcess Flow Chart I.2.2.5

    3.4 Planta da rea de ProduoFloor Plan LayoutI.2.2.5I.2.2.12

    3.5 Matriz de CaractersticasCharacteristics Matrix N/A

    3.6 PFMEA I.2.2.6

    3.7 Plano de Controle de Pr-lanamentoPre-launch Control Plan I.2.2.12

    3.8 Instrues de ProcessoProcess InstructionsI.2.2.1; I.2.2.4;I.2.2.5;I.2.2.6;I.2.2.12

    3.9 Plano de Anlise do Sistema MediesMeasurement Systems Analysis PlanI.2.2.10

    3.10Planejamento Preliminar de Estudo deCapacidade de ProcessoPreliminary Process Capability Study Plan

    I.2.2.9

  • 13

    ElementoAPQP

    Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls

    Equivalente PPAPN/A = No Aplicvel

    3.11 Especificaes de EmbalagemPackaging Specifications N/A

    3.12 Suporte GerencialManagement Support N/A

    4.1 Produes-pilotoProduction Trial Runs I.2.2.16

    4.2 Avaliao do Sistema de MediesMeasurement Systems Evaluation I.2.2.10

    4.3 Estudo Preliminar de Capacidade de ProcessoPreliminary Process Capability Study I.2.2.9

    4.4 Aprovao de Pea de ProduoProduction Part Approval (PPAP) I.2.2.13

    4.5 Testes de Validao de ProduoProduction Validation Testing I.2.2.19

    4.6 Avaliao de EmbalagensPackaging Evaluation N/A

    4.7 Plano de Controle de ProduoProduction Control Plan I.2.2.12

    4.8

    Verificao Final do Planejamento da Qualidadee Suporte GerencialQuality Planning Sign-Off and ManagementSupport

    N/A

    5.1 Reduo de VariaesReduced Variation N/A

    5.2 Satisfao do ClienteCustomer Satisfaction N/A

    5.3 Fornecimento e Assistncia Ps-VendaDelivery and Service N/A

    Tabela 2 - Elementos do APQP e sua correlao com os elementos do PPAP. In: AUTOMOTIVEINDUSTRY ACTION GROUP. Advanced Product Quality Planning and Control Plan. Southfield,EUA: AIAG, 1994.

    2.2.3.Concluses

    observado que o APQP e o PPAP tm uma relao muito prxima, e,

    na prtica, o segundo pode servir como uma ferramenta de verificao de execuo

    do primeiro. Existem uma srie de elementos que so passveis de uma reviso sobre

    o seu valor agregado no processo de homologao de produtos, especialmente

    aqueles marcados como N/A na coluna Equivalente PPAP.

  • 14

    2.3.LPP/VDA 2 Liberao do Processo de Produo e do Produto

    2.3.1.Introduo

    O manual VDA-2 (8), parte do Sistema VDA de qualidade automotiva

    adotado pelas montadoras alems, guarda uma semelhana bastante estreita com a

    QS-9000 em todo o seu contedo. A ttulo ilustrativo, apresenta-se a seguir algumas

    equivalncias importantes entre os sistemas VDA e QS-9000:

    QS-9000 VDAPPAP VDA-2 (LPP)APQP VDA-4.3

    Tabela 3 - Equivalncia entre os Sistemas da Qualidade VDA e QS-9000 quanto ao processo deapresentao de amostras iniciais e o gerenciamento de lanamento de produtos.

    Devido semelhana observada e ao foco deste trabalho, no

    analisaremos o VDA-4.3.

    2.3.2.Objetivos

    O VDA-2 tem como objetivo, conforme o seu prprio texto, o de

    oferecer o fundamento para que a comprovao de que o fornecedor capaz de

    fornecer produtos com qualidade, de acordo com as exigncias seja verificada.

    2.3.3.Liberao do Processo de Produo e do Produto (LPP)

    O processo de homologao de produtos tratado na LPP. A Figura 3

    abaixo fornece o equivalente ao Diagrama Temporal de Planejamento de Qualidade

    de Produtos do APQP (Figura 2). Em destaque, temos a LPP.

    Em seguida, na Tabela 4, tem-se a lista de requerimentos da LPP e a

    equivalncia com o PPAP.

  • 15

    ElementoLPP Descrio Original em Portugus

    Equivalente PPAPN/A = No Aplicvel

    1 Folha inicial do relatrio de avaliao da amostrainicial I.2.2.13

    2 Resultados das avaliaes I.2.2.7, I.2.2.8,I.2.2.153 Tamanho da amostra inicial I.2.14 Documentos (desenhos e especificaes) I.2.2.1, I.2.2.25 Liberao da construo e de desenvolvimento I.2.2.36 FMEA I.2.2.4, I.2.2.67 Diagrama de desenvolvimento do processo I.2.2.5, I.2.2.128 Planos de produo e de controle I.2.2.12

    9 Lista dos meios de controle (especfica para oproduto) I.2.2.18

    10 Avaliao da capacidade dos meios de controle I.2.2.9

    11Comprovao do atendimento de exigncias legaise daquelas combinadas com o cliente (meioambiente, segurana, reciclagem, etc)

    I.2.2.19

    Tabela 4 - Elementos da LPP e equivalncia com os elementos do PPAP. In: VERBAND DERAUTOMOBILINDUSTRIE. VDA 2: Asseguramento da Qualidade de Fornecimentos. So Paulo,Brasil: IQA, 1998.

    Figura 3 - Etapas para a qualificao de um produto conforme VDA. In: VERBAND DERAUTOMOBILINDUSTRIE. VDA 2: Asseguramento da Qualidade de Fornecimentos. SoPaulo, Brasil: IQA, 1994. p.23.

    Fase de Planejamento Desenvolvimento de Produto e Processo Srie

    1o Passo

    Estimativa de Potencial

    2o Passo

    Liberao do Sistema da Qualidade

    3o Passo

    Liberao do Processo

    4o Passo

    Negociao de AAQ,

    PPM

    5o Passo

    LPP Final, Liberao do

    Produto

    6o Passo

    PPM - ndice de Reclamaes,

    Acompanhamento do Produto

    Levantamento Geral da Capacidade Qualitativa

    Emisso de Pedido

    Capacidade Qualitativa Especfica por Processo

    Desempenho da Qualidade na Srie

  • 16

    2.3.4.Requerimentos de homologao

    O VDA-2 e o PPAP equivalem-se no sentido de descrever em que

    situaes o processo de amostras iniciais deve ser usado, essencialmente as mesmas

    descritas em 2.1.4.

    2.3.5.Concluses

    A LPP apresentada de forma mais concisa que o PPAP.

    Especificamente, visto que os elementos os elementos I.2.2.10, I.2.2.11, I.2.2.14,

    I.2.2.16 e I.2.2.17 no possuem uma correlao direta com os elementos da LPP.

    Quanto aos demais elementos, no foram observados nenhum fator diferencial

    significativo.

  • 17

    2.4.ISO/TS-16949: Quality Systems-Automotive Suppliers (1st Edition)

    2.4.1.Introduo

    A ISO/TS-16949 (9) uma evoluo dos diferentes sistemas da

    qualidade adotados pelos fabricantes de veculos. Diversos organismos de

    normatizao do setor nos Estados Unidos, Frana, Itlia e Alemanha participaram

    do seu desenvolvimento.

    2.4.2.Objetivos

    De acordo com a especificao tcnica, seu objetivo indicar as linhas

    gerais para o desenvolvimento de um sistema da qualidade com foco em:

    melhoria contnua;

    preveno de defeitos;

    reduo de variaes e perdas.

    2.4.3.Requerimentos de homologao

    A ISO/TS-16949 integrou nos requerimentos 4.2.3 (Planejamento da

    Qualidade) e 4.2.4 (Execuo do Produto) todas as atividades de planejamento de

    qualidade de produto, nomeando este processo de Execuo de Produto, ou Product

    Realization.

    A Tabela 5, a seguir, mostra onde as atividades de PPAP e APQP so

    tratadas na ISO/TS-16949. Especificamente no pargrafo 4.2.4.11, temos que O

    fornecedor deve cumprir o procedimento de aprovao de produto e processo

    reconhecido pelo cliente.

    A Tabela 6 apresenta a equivalncia entre o PPAP e os elementos da

    ISO/TS-16949.

    QS-9000 ISO/TS-16949 (1st Edition)PPAP 4.2.4APQP 4.2.4 + 4.4

    Tabela 5 - Equivalncia entre os Sistemas da Qualidade ISO/TS-16949 e QS-9000 quanto aoprocesso de apresentao de amostras iniciais e o gerenciamento de lanamento de produtos.

  • 18

    RequerimentoISO/TS-16949(1st Edition)

    Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls

    EquivalentePPAPN/A = No Aplicvel

    4.2.4.1 Consideraes GeraisGeneral N/A

    4.2.4.2 MediesMeasurementsI.2.2.7I.2.2.8

    4.2.4.3 Ciclo de RevisesReview Cycle N/A

    4.2.4.4 Abordagem MultidisciplinarMultidisciplinary Approach N/A

    4.2.4.5 Ferramentas e TcnicasTools and Techniques I.2.2.9

    4.2.4.6 CAD I.2.2.1I.2.2.3

    4.2.4.7 Caractersticas EspeciaisSpecial Characteristics

    I.2.2.1I.2.2.2I.2.2.4I.2.2.6

    4.2.4.8 Reviso de Potencial de ExecuoFeasibility Review N/A

    4.2.4.9 Gerenciamento do Processo de ProjetoManagement of Process Design N/A

    4.2.4.10 Plano de ControleControl Plan I.2.2.12

    4.2.4.11 Processo de Aprovao de ProdutoProduct Approval Process Todos

    Tabela 6 - Elementos da ISO/TS-16949 (primeira edio) e equivalncia com os elementos do PPAP.In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. ISO/TS 16949:Quality Systems-AutomotiveSuppliers. Southfield, EUA: AIAG, 1999.

    2.4.4.Anlise dos requerimentos

    Os requerimentos 4.2.4.1, 4.2.4.3, 4.2.4.4 e 4.2.4.5 so relacionados

    diretamente com o APQP, e no com o PPAP. De forma resumida, os mesmos

    indicam que projetos de produtos devem ser revistos de forma peridica por uma

    equipe multidisciplinar.

  • 19

    Em adio ao descrito acima, o pargrafo 4.2.4.5 deve incluir o

    equivalente aos Estudos Iniciais de Processo do PPAP. Diferente deste ltimo, no

    h uma meno explcita quanto a objetivos definidos pelo sistema em termos de

    Cpk ou Ppk.

    Os requerimentos 4.2.4.8 e 4.2.4.9 tambm no tm equivalentes diretos

    no PPAP, mas tm no APQP. No primeiro, a idia de se ter uma posio segura,

    antes das medies estatsticas do requerimento 4.2.4.2, de que o produto projetado

    pode ser manufaturado de forma repetitvel, por exemplo, a partir de simulaes ou

    do conhecimento da equipe multidisciplinar.

    Destaque especial deve ser dado ao requerimento 4.2.4.11, o qual indica

    explicitamente que o fornecedor deve estar apto a cumprir o procedimento de

    aprovao de produto e processo (de manufatura) do cliente. A aprovao da pea

    (ou aprovao de produto) considerada como a etapa final de Execuo de Produto,

    e deve ser executada aps a aprovao de processo.

    Um ltimo ponto de destaque que a ISO/TS-16949 torna explcita, neste

    requerimento, a necessidade de homologao dos componentes fornecidos pelos sub-

    contratados.

    2.4.5.Concluses

    A abordagem genrica com nfase em um processo similar ao APQP, e

    no ao PPAP, marcante nesta primeira edio da ISO/TS-16949. Isto pode ser visto

    na Tabela 6, onde diversos requerimentos no possuem correlao direta com o

    PPAP.

    Um outro aspecto desta abordagem genrica o objetivo da Execuo

    de Produto, que entregar produtos de acordo com os requerimentos do cliente.

    Um avano sutil, porm significativo, refere-se ao fato de esta norma

    ter como um dos objetivos a reduo das variaes estatsticas, e no apenas em

    assegurar a repetibilidade de processos como visto no PPAP.

  • 20

    2.5.ISO/TS-16949: Quality Management Systems (2nd Edition)

    2.5.1.Introduo

    A segunda edio da ISO/TS-16949 (10) foi lanada em maro de 2002.

    No Brasil, as grandes empresas do setor automotivo informaram sobre obteno

    desta certificao a partir de 2003.

    Trs fatores inovadores podem ser vistos como base desta segunda

    edio: o envolvimento da JAMA uma associao de indstrias do setor

    automotivo do Japo; o fato de que o captulo sobre Execuo de Produto foi

    completamente revisto, com um enfoque ainda mais prximo do APQP em relao

    primeira edio; e a forte referncia ao sistema da qualidade ISO 9001:2000.

    2.5.2.Objetivos

    No h alteraes em relao primeira edio.

    2.5.3.Requerimentos de homologao

    O processo de Execuo de Produto (captulo 7 da especificao

    tcnica) permanece como equivalente ao APQP. No requerimento 7.3.6.3 (Processo

    de Aprovao de Produto), temos que A organizao deve estar em conformidade

    com um processo de aprovao reconhecido pelo cliente. Este processo de aprovao

    de produto e manufatura tambm deve ser aplicado a fornecedores.

    2.5.4.Concluso

    Conforme evidenciado acima, a norma no explcita quanto aos

    requerimentos de homologao, deixando isto a cargo de um entendimento entre

    cliente e fornecedor. Essencialmente, o mesmo requerimento 4.2.4.11 da primeira

    edio.

  • 21

    2.6.AS-9000: Aerospace Basic Quality System Standard

    2.6.1.Introduo

    A AS-9000 (11) um sistema de qualidade baseado na ISO-9000,

    publicado pela SAE Society of Automotive Engineers no ano de 1997. Seu

    contedo tambm se assemelha QS-9000.

    2.6.2.Objetivo

    O objetivo da AS-9000, conforme seu escopo, o de padronizar, tanto

    quanto possvel, os requerimentos associados a sistemas da qualidade da indstria

    aeroespacial.

    2.6.3.Requerimentos de homologao

    No existe nenhum elemento ou captulo dedicado a este tema.

    Observa-se, no entanto, alguns elementos ou pargrafos que guardam certa

    correlao com o APQP e/ou com o PPAP, conforme segue:

    Pargrafo 4.2.3 Quality Planning. Descreve de forma genrica dez requerimentos

    da atividade de planejamento de qualidade de produto.

    Pargrafo 4.4.6 Design Review. Recomenda que, em estgios apropriados, durante

    o desenvolvimento , o projeto do produto, seja revisto.

    Pargrafo 4.4.7 Design Verification. Recomenda a execuo de anlise (medies,

    simulaes, comparaes com produtos similares), em estgios apropriados do

    desenvolvimento, para comprovao de que os requerimentos de projeto do estgio

    de desenvolvimento em questo so atendidos.

    Pargrafo 4.4.8 Design Validation. Similar ao pargrafo 4.4.7, difere apenas no

    objetivo, o qual a verificao final do projeto do produto.

    2.6.4.Concluso

    A AS-9000 no faz nenhuma referncia a um processo especfico de

    aprovao de produto. A norma sugere, no entanto, que um controle rgido de todas

    as etapas de desenvolvimento de produto, seja executado.

  • 22

    3. ANLISE DO PROCESSO DE HOMOLOGAO DE PRODUTOS

    3.1.Introduo

    Uma vez entendidos os requisitos de homologao de produtos dos

    principais sistemas da qualidade do setor automotivo, uma base slida foi construda

    para que propostas factveis sejam apresentadas. Neste captulo, busca-se o

    entendimento dos objetivos de um processo de homologao de produtos, atravs do

    uso de uma tcnica conhecida como Anlise do Valor/Engenharia do Valor

    (AV/EV). Com a ajuda desta tcnica, sero determinadas quais as funes essenciais

    deste processo, e como estas funes podem ser executadas de forma eficiente.

    3.2.Anlise do Valor/Engenharia de Valor (AV/EV)

    O trabalho (12) registra que a Engenharia do Valor a aplicao

    sistemtica, consciente de um conjunto de tcnicas que identificam funes

    necessrias, estabelecem valor para as mesmas e desenvolvem alternativas para

    desempenh-las ao menor custo possvel. Tambm pode ser entendida de maneira

    mais abrangente como um esforo organizado dirigido anlise das funes de

    sistemas, produtos, especificaes, padres, prticas e procedimentos com a

    finalidade de satisfazer as funes requeridas ao menor custo total.

    Esta ferramenta tem sido largamente utilizada por empresas de vrios

    segmentos, cada uma utilizando as mais diversas variaes deste processo. Neste

    trabalho, utilizada a tcnica de definio de funes na forma verbo +

    substantivo, sendo posteriormente classificadas segundo seu tipo

    (identificadora/agregada), relevncia ou irrelevncia, e uso ou estima. Um exemplo

    de aplicao da tcnica no setor automotivo mostrado em (13).

  • 23

    3.3.Anlise do processo de homologao

    3.3.1.Identificao de componentes e funes do processo de homologao

    O processo de homologao de produtos ser dividido em partes

    (pargrafo 3.3.3). Para o mtodo AV/EV, estas partes so denominadas

    Componentes. Em seguida, cada componente ser descrito por Funes. Uma

    Funo o objetivo de uma ao ou atividade que est sendo desempenhada, e no

    a ao propriamente dita (12).

    Dentre vrias metodologias possveis para identificao de

    componentes e funes de um processo de homologao de produtos, trs se

    destacam:

    a vivncia e experincia do autor deste trabalho. Neste caso, pode-se ressaltar o

    gerenciamento da homologao de oito circuitos eletrnicos integrados de udio,

    rdio e digitais CMOS fabricados pela Philips Semiconductors e fornecidos

    ento Diviso Eletrnica da Ford Motor Company (hoje, Visteon Sistemas

    Automotivos), entre 1987 e 1991; alm de diversos produtos da Visteon Sistemas

    Automotivos para empresas como PSA Peugeot Citron, Ford, GM-Fiat e

    DaimlerChrysler, entre 2000 e 2002;

    entrevista com Gerentes de Programas de uma empresa fornecedora para as

    montadoras de veculos. No setor automotivo, esta atividade tem como misso a

    coordenao de equipes de trabalho cujo objetivo o desenvolvimento, da

    concepo at o lanamento do produto ou sistema, em conformidade com o

    sistema da qualidade adotado, atendendo s expectativas do cliente em qualidade,

    custos e prazos, e visando a mxima lucratividade possvel para a prpria empresa;

    entrevista direta com as montadoras de veculos. Diversas reas destas empresas

    mantm um relacionamento direto com empresas fornecedoras, ou seja, com os

    gerentes de programas e suas respectivas equipes de trabalho. As principais reas

    so:

    gerncia do programa;

    compras;

  • 24

    logstica de materiais;

    desenvolvimento de fornecedores;

    manufatura;

    qualidade;

    engenharia.

    Neste trabalho, estaremos utilizando as duas primeiras metodologias

    concomitantemente. Especificamente no caso da segunda metodologia, as seguintes

    vantagens so observadas:

    abrangncia. Os Gerentes de Programas entrevistados exercem suas funes na

    Visteon Sistemas Automotivos, atualmente atuando com mais de 77.000

    funcionrios em 25 pases, e cujos clientes incluem os 19 maiores fabricantes de

    veculos do mundo;

    centralizao de informaes. Gerentes de Programas so o principal elo de

    ligao entre empresas fornecedoras e montadoras, tendo uma participao ativa

    em todas as negociaes-chave e revises de projeto. Desta forma, razovel

    supor que suas opinies expressem as necessidades e objetivos de clientes e

    fornecedores;

    histrico como montadora de veculos. A prpria Visteon uma empresa que

    nasceu do desmembramento da Ford Motor Company, ocorrido em 1997. Vrios

    destes gerentes de programas carregam a experincia e viso de uma montadora,

    devido a este vnculo histrico.

    3.3.2.Pesquisa com Gerentes de Programas

    Este pargrafo apresenta as questes feitas aos Gerentes de Programas

    da Visteon Sistemas Automotivos, e um resumo de suas respectivas respostas. No

    pargrafo seguinte, temos a captura destas respostas, juntamente com a experincia

    do autor deste trabalho, em funes conforme a tcnica de AV/EV.

    a)Quais os principais objetivos que uma montadora espera atingir quando os seus

    fornecedores executam um Processo de Aprovao de Amostras Iniciais?

  • 25

    Verificar o atendimento s especificaes e requerimentos de desenhos.

    Garantir que a qualidade do componente ou subsistema esteja nos nveis

    especificados.

    Garantir a continuidade de fornecimento durante produo normal (baixos

    ndices de desempenho e qualidade na produo destes componentes podem

    afetar os compromissos de entrega dos mesmos s montadoras, causando

    severos prejuzos financeiros).

    Garantia de que o processo do fornecedor estatisticamente capaz e robusto,

    prevenindo assim a ocorrncia de rejeies e interrupes no fornecimento.

    Garantia de que mesmo as menores mudanas em um produto corrente sejam

    devidamente avaliadas quanto aos impactos acima.

    b)Na opinio de um Gerente de Programas, quais os principais objetivos devem ser

    atingidos pela empresa fornecedora em um Processo de Aprovao de Amostras

    Iniciais?

    Identificar em toda a documentao do projeto (desenhos, especificaes, etc)

    quais os pontos que podem eventualmente gerar dvida sobre a necessidade de

    execuo de testes, ou mesmo sobre a conformidade do teste executado em

    comparao com a documentao fornecida pela montadora, document-los

    claramente e definir uma abordagem conjunta com o cliente para que uma

    concluso seja obtida.

    Exemplo: Em um painel de instrumentos de veculo, diversos subsistemas

    (rdios, mostradores de velocidade, sistemas de navegao, entre outros) vindos

    de fabricantes diferentes do painel podem ser agregados ao mesmo.

    Tipicamente, exigido dos fabricantes destes ltimos que haja um controle

    dimensional apenas dos pontos de fixao de seus produtos ao painel. Se aps

    montado, ocorrer algum tipo de problema devido interao do subsistema com

    o painel (por exemplo, rudo devido ao atrito) e este no for causado pelos

    pontos de fixao, h o risco de uma disputa tcnico/comercial sobre a

    responsabilidade de correo do problema (o fabricante do painel ou do

    subsistema) e dos custos gerados por esta no qualidade.

  • 26

    Alguns Gerentes de Programas defendem a idia de que no h necessidade de

    execuo de homologao para mudanas de engenharia em produtos

    maturados. Neste caso, o processo seria substitudo por um rigoroso processo de

    gerenciamento de mudanas.

    c) Que tipos de dados so apresentados s montadoras que, em sua opinio, no

    adicionam valor ao processo?

    Duplicao de documentos. sugerido que seja entregue ao cliente apenas um

    sumrio da aprovao. Esta pgina deve referenciar o local de guarda dos

    documentos que contm todos os detalhes.

    Duplicao de testes. Por exemplo, se duas peas plsticas diferentes so

    injetadas com um mesmo tipo de matria-prima, a homologao desta matria-

    prima deve ser feita uma nica vez, e referenciada para todas as peas que a

    utilizam.

    Execuo de testes pelo simples fato de estarem em uma especificao, sem que

    seja feita uma anlise crtica da necessidade do mesmo para o projeto,

    componente ou subsistema em especfico. A execuo de testes contidos em

    especificaes genricas tambm se enquadra nesta situao.

    d)Indique os principais requerimentos considerados como um gargalo do processo

    de Amostras Iniciais, em termos de custo.

    Excesso de auditorias por parte de clientes.

    Excesso de revises e relatrios.

    Estrutura e recursos necessrios para o acompanhamento de um processo de

    homologao.

    Execuo de testes j realizados, devido a falhas na conduo, interpretao

    inadequada das condies de testes ou dos resultados, etc.

    Utilizao de equipamentos sofisticados, em detrimento de solues mais

    simples e igualmente eficazes.

    e) Idem questo d) acima, em termos de tempo.

    As respostas foram essencialmente idnticas s encontradas na questo d).

  • 27

    f) Indique requerimentos no escritos nos processos de Amostras Iniciais das

    montadoras, os quais so normalmente includos em um Compromisso de

    Trabalho (Statement of Work) especfico, ou mesmo aqueles que eventualmente

    nunca so formalizados.

    O processo de homologao de amostras iniciais normalmente a fase final de

    aprovao de uma pea, componente ou sistema. Nos casos em que a aprovao

    de parmetros subjetivos ou no facilmente quantificveis por grandezas fsicas,

    como o caso da aprovao de aparncia, so normalmente definidas diversas

    fases de aprovao interina, anteriores aprovao final. Tais parmetros

    podem ser nveis de arranhes em superfcies, brilho, cor, harmonia, ou rudo,

    dentre outros.

    Durante a aprovao interina de parmetros subjetivos, pode ocorrer que os

    ajustes encontrados em comum acordo entre cliente e fornecedores no sejam

    posteriormente traduzidos para um documento ou especificao escrita, ou

    mesmo a gerao de uma amostra-padro. Tal situao pode levar a uma falsa

    situao de no conformidade no futuro, no caso de usurios do cliente,

    alheios ao processo de homologao (normalmente a rea de manufatura),

    questionar sobre estes mesmos parmetros.

    3.3.3.Componentes e Funes do processo de homologao

    A seguir, o processo de homologao de produtos dividido em

    componentes, os quais, por sua vez, so descritos por funes. usada a tcnica de

    descrio de funes por meio de verbo e substantivo. A Tabela 7 apresenta cada

    componente do processo de homologao de produtos, suas funes, e uma breve

    descrio do seu significado.

    Componente Funo(Verbo+Substantivo) Descrio

    Especificaes

    Documentar Produto Registrar os detalhes tcnicos defuncionamento e construo do produto.

    Fornecer Evidncias

    Fornecer material a ser avaliado duranteauditorias de rgos governamentais, docliente ou de terceiros. Exemplo: auditoriade certificao de sistema da qualidade.

  • 28

    Componente Funo(Verbo+Substantivo) Descrio

    Testes eEnsaios

    Aprovar AparnciaHomologao de aspectos de aparncia doproduto, tais como cor, forma, brilho,textura, harmonia.

    Atender Legislao

    A homologao deve atestar se o produtoatende legislao aplicvel ao mesmo.Esta legislao varia tipicamente entrepases. Exemplo: nveis de emisso depoluentes.

    Atender Normas

    Verificao de que o produto e seufabricante atende a todos os requisitos dasnormas solicitadas pelos clientes. Exemplo:requerimentos especficos da Fordconforme descritos no manual do PPAP.

    Avaliar Durabilidade

    A partir de testes de durabilidade, avalia-seo desempenho do produto em diversascondies, tais como: temperatura,umidade, presso, vibrao, salinidade.

    Avaliar Fornecimento

    Avaliar a qualidade e continuidade defornecimento de peas montadora. Estasdevem chegar ao seu destino no tempo e emquantidades solicitados, mantendo todas assuas caractersticas tcnicas intactas.

    AvaliarFuncionamento

    Avaliar o desempenho do produto em si, emcondies normais de operao.

    Comparar Medidas

    Os valores medidos de parmetros doproduto durante os testes e ensaios devemser comparados com os valores e tolernciasdefinidas em projeto.

    ExecutarExperimentos

    Execuo de testes, ensaios e simulaespara coleta de dados e anlise dedesempenho do produto.

    Validar FabricaoValidar processo de montagem e teste doproduto, verificando se os mesmos soestatisticamente repetitveis.

    Validar MontagemValidao da interao entre o produto(pea) e o sistema (veculo), durantemontagem.

    Validar ProjetoValidao do produto em nvel de projeto, apartir de simulaes, prottipos, pesquisasde satisfao de clientes, dentre outros.

  • 29

    Componente Funo(Verbo+Substantivo) Descrio

    Testes eEnsaios Validar Tecnologia

    No caso de novas tecnologias (novosmateriais ou novos processos, por exemplo),estas tambm devem ser homologadas. Avalidao da tecnologia normalmenteindepende do produto na qual aplicada.Exemplo: novos materiais obtidosnormalmente em condies de laboratrio,cuja produo em larga escala, est sendoiniciada.

    Relatrios

    Analisar ResultadosAnlise de resultados dos testes e ensaiosexecutados, para um posterior julgamentosobre se o produto foi aprovado ou no.

    Documentar Produto (Item descrito anteriormente).

    DocumentarResultados

    Registrar todos os resultados obtidos nahomologao para o caso de auditoriasrequeridas pelo cliente e pelos rgos defiscalizao governamentais, entre outros.

    Fornecer Evidncias (Item descrito anteriormente).

    Gerar Melhorias

    Fornecer informaes sobre ensaios cujosresultados apresentam uma altavariabilidade, de modo que possam serfeitas melhorias no produto ou processo.

    Laudo Tcnico

    Atender Evento

    As montadoras, durante a homologao deveculos, programa montagens de unidadesconsideradas como vendveis, a partir depeas homologadas.

    Atender Legislao (Item descrito anteriormente).Atender Normas (Item descrito anteriormente).DocumentarResultados (Item descrito anteriormente).

    Fornecer Evidncias (Item descrito anteriormente).

    Obter Aprovao

    Ato de formalizao entre cliente efornecedor de que o produto homologadoest em conformidade em relao aosrequerimentos acordados.

    Amostras

    Atender Evento (Item descrito anteriormente).Fornecer Evidncias (Item descrito anteriormente).

    Gerar PadresGerao de peas-padro para uso nacalibrao de equipamentos, aceitao deproduo e montagem de lotes-piloto.

    Tabela 7 - Componentes e Funes de um processo de homologao de produtos.

  • 30

    3.4.Classificao de funes

    A seguir, passamos classificao de funes. Esta classificao ser

    posteriormente utilizada, ao longo do trabalho. As definies de cada classificao

    so apresentadas conforme segue:

    funes identificadoras (ID): consistem na razo de ser do produto, sem as quais

    este estaria descaracterizado e perderia o seu valor ou utilidade para o usurio;

    funes agregadas (A): so aquelas que possibilitam o melhor desempenho das

    funes identificadoras, ou ainda que ajudam na venda de um produto;

    funes de uso (U): possibilitam o funcionamento do produto e so definidas por

    verbos e substantivos mensurveis;

    funes de estima (E): esto relacionadas vontade do usurio ou cliente em

    possuir o produto, e so definidas por verbos e substantivos no mensurveis;

    funes relevantes (R): so aquelas que o usurio ou cliente quer encontrar

    desempenhadas pelo produto;

    funes irrelevantes (I): existem somente para que funes relevantes possam ser

    realizadas, ou seja, aparecem apenas para dar suporte realizao das funes

    relevantes.

    A Tabela 8 mostra a classificao das funes listadas conforme as definies acima.

  • 31

    Funo (Verbo+Substantivo) ID/A U/E R/IAnalisar Resultados X XAprovar Aparncia X XAtender Evento XAtender Legislao X XAtender Normas X XAvaliar Durabilidade X X XAvaliar FornecimentoAvaliar Funcionamento X X XComparar Medidas XDocumentar ProdutoDocumentar Resultados XExecutar Experimentos X XFornecer Evidncias XGerar MelhoriasGerar PadresObter Aprovao X XValidar Fabricao X XValidar MontagemValidar Projeto XValidar Tecnologia X

    Tabela 8 - Funes de um processo de homologao de produtos e respectiva classificao.

    3.4.1.Diagrama FAST

    O FAST (Function Analysis System Technique) foi desenvolvido por

    Charles S. Bytheway em 1965 com o objetivo de promover um maior entendimento

    entre as funes de um produto, servio ou processo.

    Esta tcnica produz um diagrama composto pelas funes integradas de

    forma lgica, denominado rvore funcional, o qual fornece uma viso sistmica do

    processo em anlise. Detalhes sobre a aplicao desta tcnica so encontrados em

    (12).

  • 32

    Dentro da rvore funcional, o caminho crtico do processo , que a

    essncia do mesmo e cujas funes no esto relacionadas com a forma ou soluo

    atual do processo, identificado. Pela tcnica, funes que no se ligam ao caminho

    crtico podem ser eliminadas, sem que haja descaracterizao do processo.

    No diagrama tambm identificado o escopo do processo, ou seja, as

    funes que so de competncia do processo, funes que devem ser executadas para

    possibilitar o seu funcionamento, e as funes com as quais o processo colabora.

    A Figura 4 a seguir apresenta o diagrama FAST do processo de

    homologao de produtos, onde visto o seu escopo, entre as linhas pontilhadas, e

    caminho crtico, o principal ramo do grfico. A partir deste, alguns comentrios e

    concluses so registrados:

    todas as funes identificadoras (em amarelo no diagrama) aparecem no caminho

    crtico. Este um resultado esperado, uma vez que as funes identificadoras, se

    eliminadas ou modificadas, descaracterizam o processo;

    as funes Documentar Produto e Atender Evento so consideradas como no

    pertencentes ao escopo do processo. No caso da primeira, entende-se que as

    especificaes, normas, compromissos de trabalho, so entradas do processo, as

    quais so preparadas nas fases iniciais do programa. Quanto segunda, entende-

    se fazer parte de outros processos no pertencentes homologao da pea;

    a funo Validar Montagem tambm foi considerada como fora do escopo. A

    razo vem da anlise da funo em si. Ao avaliar a montagem do veculo, um dos

    objetivos o de se observar como todas as suas peas se comportam em condies

    reais de uso na montadora, e no o de procurar no conformidades na pea em si,

    j que esta garantia dada basicamente pelo sistema de qualidade do fabricante da

    pea e pela homologao da mesma.

  • Figura 4 - Diagrama FAST de um processo genrico de homologao de produtos. As funes em amarelo so as funes identificadoras, e as azuis denotamfunes fora do escopo do processo. As linhas horizontais tracejadas delimitam este escopo.

    Documentar Produto

    Executar Experimentos

    Obter Aprovao

    Atender Normas

    Validar Fabricao

    Avaliar Funcionamento

    Comparar Medidas

    Atender Legislao

    Validar Tecnologia

    Validar Projeto

    Avaliar Durabilidade

    Atender Evento

    Documentar Resultados

    Validar Montagem

    Aprovar Aparncia

    Como ?

    Analisar Resultados

    Fornecer Evidncias

    Gerar Melhorias

    Gerar Padres

    Por Que?

    Avaliar Fornecimento

  • 34

    3.4.2.Reavaliao de funes

    Neste pargrafo, apresenta-se uma anlise crtica das funes de um

    processo de homologao de produtos, obtendo-se, desta forma, as bases para a

    proposta alternativa ao mesmo.

    Como uma das premissas bsicas deste trabalho a de obter-se uma

    proposta em consonncia com a segunda edio da ISO/TS-16949, todas as menes

    ao termo ISO/TS-16949, a partir deste pargrafo, devem ser entendidas como

    sendo a esta edio em especfico. Expresses do tipo conforme elemento XYZ

    tambm devem ser entendidas como referncias a elementos desta especificao

    tcnica, exceto nos casos explicitamente referenciados.

    Aps a anlise crtica, sob o ttulo de Recomendaes, sero listados os

    pontos especficos a serem considerados na proposta de homologao de produtos.

    a. Fornecer Evidncias e Gerar Melhorias

    A partir da anlise do diagrama FAST da Figura 4, conclui-se que

    ambas as funes podem ser eliminadas, j que nenhuma delas possuem caminhos

    que levem funo Atender Evento, ao se fazer a pergunta Por Que ?,

    repetidamente, a partir de seus respectivos blocos.

    Recomendao

    Eliminar as funes.

    b. Documentar Produto

    Levando-se em conta os requerimentos da ISO/TS 16949 e as

    necessidades levantadas em pesquisa, considera-se que durante a documentao de

    um produto, as seguintes prticas devam ser contempladas:

    excelncia na formao tcnica da equipe de projeto. Entende-se como equipe de

    projeto, todas as pessoas direta ou indiretamente ligadas ao desenvolvimento do

    produto (engenheiros de manufatura e da qualidade, compradores, analistas de

    materiais, dentre outros), e no apenas aos projetistas propriamente ditos;

  • 35

    identificao e parametrizao das caractersticas crticas para a qualidade (CTQ).

    Estas caractersticas devem ser o objeto central de avaliao pelo processo de

    homologao de produtos. Tcnicas como a Funo de Desdobramento da

    Qualidade (QFD) so normalmente utilizadas para descrio destas caractersticas.

    Posteriormente, estas caractersticas so utilizadas nos FMEA e Planos de

    Controle;

    minimizao de variaes das caractersticas CTQ, como forma de prevenir falhas,

    a partir das etapas iniciais de projeto, em detrimento da tratativa de defeitos

    atravs da deteco de falhas. A metodologia Seis Sigma (anexo 2) preconiza a

    utilizao da ferramenta conhecida como Projeto para Seis Sigma (DFSS) como

    um caminho em busca da excelncia;

    extensiva utilizao de ferramentas computacionais tipo CAE/CAD/CAM em

    todas as etapas de projeto, quer seja do produto (CAE/CAD), quer do processo de

    fabricao (CAE/CAM), quer de simulao para determinao de variabilidade de

    caractersticas CTQ em anlises de confiabilidade (temperatura, umidade,

    vibrao, dentre outras). Neste caso, um conceito indito em termos de sistemas

    de qualidade automotivos pode ser explorado: a homologao de ferramentas e

    modelos computacionais;

    congelamento da etapa de projeto de produto. As chamadas mudanas tardias,

    aps as fases de validao de projeto e documentao do produto, tm sido

    apontadas como causa comum de erros. Por exemplo, devido presso do

    cronograma, as pessoas envolvidas no projeto tendem a subestimar a necessidade

    de uma avaliao detalhada dos impactos de mudanas. Considera-se esta como

    sendo uma questo tanto disciplinar quanto de planejamento no processo de

    gerenciamento de projetos, respectivamente, pela necessidade de respeitar-se as

    limitaes de tempo em um desenvolvimento, e pelo fato de que um planejamento

    prvio e metdico fundamental para o sucesso de qualquer projeto;

    elaborao de um plano de validao e controle abrangendo todas as

    caractersticas CTQ identificadas. Devem ser consideradas:

    validao da tecnologia;

  • 36

    validao do projeto;

    validao de manufatura ou fabricao;

    controle de caractersticas.

    Recomendao

    Incluir os itens abaixo como pr-requisitos obrigatrios ao processo de

    homologao de produtos:

    verificao do cumprimento do elemento 6.2.2.1 Product design skills,

    relativo formao tcnica de toda a equipe de projeto. Incluir conhecimento da

    tcnica DFSS e da metodologia Seis Sigma;

    homologar previamente as ferramentas computacionais e modelos matemticos

    utilizados em todas as fases de projeto e homologao de produto conforme a

    norma ISO/IEC 14598 (14) (15) (16);

    identificao das caractersticas CTQ, conforme abordado no elemento 7.3.2

    Design and development inputs;

    planejar a execuo das validaes necessrias de tecnologia, projeto e fabricao,

    de modo a otimizar-se os recursos de engenharia atravs da diminuio da

    quantidade de testes redundantes em diferentes etapas de validao. Utilizar

    documentos como FMEA e Plano de Controle como entradas para o

    planejamento., conforme requerido respectivamente pelos elementos 7.3.3 -

    Design and development outputs e 7.5.1.1 - Control plan.

    c. Executar Experimentos

    O desafio na busca de formas alternativas e eficientes de execuo de

    experimentos est basicamente no balanceamento dos seguintes fatores:

    tempo de execuo (minimizar);

    custo da execuo (minimizar). Como exemplo, um teste de durabilidade de peas

    a serem usadas no compartimento de motores pode chegar, de acordo com a

    especificao adotada, a casa das centenas de milhares de dlares;

  • 37

    disponibilidade da tecnologia. Este fator especialmente crtico no Brasil, o qual,

    embora contando com avanos e investimentos significativos, sabe-se que

    comum as indstrias do setor, especialmente as multinacionais, recorrerem aos

    seus centros tcnicos no exterior para execuo de testes e ensaios. Graas ao

    avano da tecnologia de semicondutores, alavanca-mestre da criao de

    microprocessadores cada vez mais rpidos, tem-se em franca expanso a utilizao

    de simuladores computacionais e de ferramentas de realidade virtual. Este avano,

    em vrios casos, tem levado a uma diminuio no tempo e nos custos de execuo

    de ensaios. Com ferramentas tipo CAE, como por exemplo o SPICE, simulador

    computacional para circuitos e dispositivos eletrnicos, possvel prever o

    comportamento de sistemas extremamente complexos, tendo-se inclusive

    resultados sobre a variabilidade de determinadas caractersticas, como tolerncia

    de componentes ou fatores ambientais (temperatura), sem que produtos reais

    sejam fisicamente medidos.

    Recomendaes

    Durante o planejamento de validao de produto, a equipe deve levar em conta os

    fatores tecnolgicos, os investimentos necessrios para t-la;

    Incluir na ISO/TS 16949 a necessidade de homologao de ferramentas e modelos

    computacionais conforme a norma ISO/IEC 14598 (ver funo Documentar

    Produto).

    d. Comparar Medidas

    Esta funo a essncia de um conceito de qualidade antigo,

    largamente aplicado no Japo na dcada de 1950, que a Adequao ao Padro.

    A comparao de parmetros com padres tem como objetivo fornecer

    dados para a avaliao do funcionamento e da durabilidade de uma pea produzida

    em relao aos requerimentos estabelecidos.

    Recomendao

    Utilizar uma ferramenta de registro dos requerimentos de homologao a serem

  • 38

    cumpridos, e respectivos resultados.

    e. Analisar Resultados

    Esta uma atividade eminentemente tcnica, onde todos os dados

    obtidos durante a execuo de experimentos so tabulados ou colocados em forma

    grfica, de modo que concluses sejam tiradas sobre o desempenho do produto. Se

    necessrio, melhorias so propostas, as quais, dependendo das circunstncias, podem

    ser incorporadas de imediato ou no. Caso no conformidades sejam encontradas,

    um plano de aes corretivas deve ser posto em prtica.

    Recomendao

    Observar elementos da norma ISO/TS 16949 em relao documentao do

    produto no caso de mudanas no projeto (elemento 7.3.7 Control of design and

    development changes) e de tomada de aes corretivas (elemento 8.5.2

    Corrective action).

    f. Avaliar Funcionamento e Avaliar Durabilidade

    Consideram-se estas funes como particularidades das atividades j

    descritas em Comparar Medidas e Analisar Resultados.

    Recomendao

    Nenhuma.

    g. Validar Tecnologia, Validar Projeto e Validar Fabricao

    A partir da aplicao direta da tcnica FAST s funes listadas na

    Tabela 7, chega-se concluso de que estas validaes ocorrem concomitantemente,

    conforme visto na Figura 4. No entanto, esta uma aproximao linear dos eventos

    que acontecem durante o desenvolvimento de um produto. Em (17), citado que

    Todos os projetos tm uma caracterstica bsica: no se desenvolvem linearmente,

    com cada etapa sendo completamente detalhada antes de se passar para a seguinte.

    (...) Um projeto se desenvolve em fases seqenciais, embora consideraes

  • 39

    pertinentes a fases posteriores sejam necessariamente utilizadas em fases anteriores.

    Este processo de desenvolvimento conhecido como Espiral de Projetos.

    A seguir, so listadas as sete fases tpicas de um projeto. Comentrios

    foram adicionados apenas s etapas pertinentes anlise destas funes.

    Estudo de Viabilidade. Diz respeito fase inicial do projeto, onde, por exemplo,

    as diversas tecnologias disponveis so analisadas quanto sua aplicao, custo ou

    maturidade. Nesta fase, diversas solues podem ser identificadas, cada uma com

    um diferente nvel de compromisso dos seus aspectos-chave.

    Projeto Bsico. Diz respeito avaliao das solues apontadas pelo estudo de

    viabilidade, e escolha de uma das solues. O projeto detalhado em

    profundidade suficiente para que as principais caractersticas CTQ, bem como as

    caractersticas que as afetam diretamente, sejam avaliadas, por exemplo, a partir

    de modelos matemticos (CAD).

    Projeto Executivo. Trata do projeto detalhado do produto, onde todas as

    caractersticas e componentes so especificados. Antes de iniciada esta etapa, uma

    deciso tomada sobre a continuidade do projeto. Isto necessrio, pois

    normalmente os maiores investimentos financeiros so feitos nesta etapa, tais

    como confeco de prottipos, ferramentais, desenvolvimento e investimento com

    sub-fornecedores, etc. Merece destaque a avaliao de caractersticas CTQ com o

    auxlio de prottipos, as quais no puderam ser avaliadas atravs da modelagem

    matemtica.

    Planejamento da Produo/Execuo. Diz respeito s instalaes fabris, mquinas

    e equipamentos, tcnicas de manufatura, controle de processos e qualificao das

    pessoas ligadas diretamente ao processo de manufatura do produto.

    Planejamento da Disponibilizao ao Cliente.

    Planejamento do Consumo ou Utilizao do Produto.

    Planejamento do Abandono do Produto.

    Pode-se concluir, portanto, que a validao de uma determinada

    tecnologia est intimamente associada fase 1 do projeto, que a validao do projeto

  • 40

    est associada s etapas 2 e 3, e que a validao de fabricao est associada etapa

    4. Alm disso, devido ao processo de projeto em espiral, as validaes de tecnologia

    e de projeto, ocorrem concomitantemente, mesmo que parcialmente, funo

    Documentar Produto. Esta concluso refora a recomendao de que o planejamento

    de validao do produto deve englobar todas as funes de validao, e deve ser

    iniciada j nas primeiras fases do projeto.

    Como comentrio final, um outro aspecto passvel de otimizao,

    tambm relacionado validao de produtos, a determinao do tamanho da

    amostra para os testes executados. Considera-se que este assunto esteja fora do

    escopo deste trabalho, uma vez que diversas publicaes disponveis relacionadas s

    cincias da Estatstica e da Confiabilidade abordam detalhadamente a matria.

    Recomendao

    Idem s j descritas na funo Documentar Produto.

    h. Documentar Resultados

    A necessidade de documentao de um plano de validao englobando

    um descritivo dos mtodos de ensaios, critrios de aceitao e resultados das

    avaliaes, bem como a necessidade de um planejamento integrado de todas as

    validaes necessrias, foram objeto de anlise das funes anteriores. A seguir,

    apresentada uma proposta de ferramenta chamada Plano de Validao Total (PVT),

    a qual deve ser encarada como uma evoluo do DVP&R (Plano de Validao de

    Projeto & Relatrio), mencionado no manual de APQP da QS-9000.

    A Figura 5, a seguir, exemplifica o PVT. Os comentrios em vermelho

    indicam o significado dos principais campos. Os comentrios em azul indicam o

    significado do campo Classe. Este campo, emprestado do formulrio de Plano de

    Controle proposto pelo APQP da QS-9000 (Figura 6), tem exatamente o mesmo

    significado e utilizao de seu similar, e est em conformidade com o elemento

    7.2.1.1 Customer-designated special characteristics. Seus possveis valores so:

    caracterstica no-chave: caractersticas consideradas como improvveis de

    impactar a aplicao, funcionalidade, segurana ou legislao em caso de

  • 41

    variaes previsveis;

    caracterstica chave ou caracterstica significativa: So caractersticas

    importantes para o cliente, ou que podem impactar a aplicao ou funcionalidade

    em caso de variaes previsveis;

    caracterstica crtica: So caractersticas que podem impactar a segurana ou o

    cumprimento de legislao em caso de variaes previsveis.

    O PVT proposto apresenta as seguintes propriedades:

    identificao da pea (nome e nmero de identificao), nome do projeto

    associado (por exemplo, o nome-cdigo do veculo) e o nome do cliente;

    identificao dos responsveis pela validao do projeto (Engenheiros de Produto

    e Manufatura);

    status de aprovao dos testes e assinatura dos responsveis, atestando o laudo de

    aprovao;

    viso em folha nica das eventuais redundncias de testes para as diversas

    validaes necessrias;

    viso dos resultados de cada teste e comentrios sobre os mesmos, quando

    aplicvel.

    Recomendao

    Utilizar o Plano de Validao Total como ferramenta de planejamento e controle

    dos testes e ensaios necessrios.

  • Figura 5 - Plano de Validao Total. Em vermelho, o significado dos seus principais campos. Em azul, significado do campo Classe.

    PLANO DE VALIDAO TOTALPLANO DE VALIDAO LAUDO DE APROVAO

    Nome da pea Nome do Projeto: Engenheiro de Produto:Nome do engenheiro responsvel Testes foram executados e aprovados: Sim No

    Cdigo da pea Cliente: Engenheiro de Manufatura: Assinatura do Engenheiro de Produto: Data:

    Nome do engenheiro responsvel Assinatura do Engenheiro de Manufatura: Data:

    Nome do teste

    Classe

    Validao Resultados dos TestesTecnologia Projeto Fabricao Tecnologia Projeto Fabricao Observaes e comentriosMtodo de execuo Critrio de aceitao Critrio de aceitao Critrio de aceitao

    Amostra Aprovao Amostra Aprovao Amostra Aprovao Rejeitos Rejeitos Rejeitos

    Em branco: caracterstica no-chaveC/S: caracterstica chave ou caracterstica significativaC/C: caracterstica relacionada com segurana e legislao (caracterstica crtica)

    Nome do teste, descrio do mtodo de execuo, referncia a especificao ou norma contendo o mtodo

    Tamanho da amostra

    Critrio de aprovao

    Quantidade de rejeitos

  • Figura 6 - Plano de controle.Campo 21 indica classificao de caractersticas. In:AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP.Advanced ProductQuality Planning and Control Plan.Southfield,EUA:AIAG,1994.p.34.

  • 44

    i. Atender Normas e Atender Legislao

    Na anlise da funo Documentar Produto, sugerido que, atravs do

    QFD, sejam identificadas as caractersticas CTQ. Estas caractersticas so

    documentadas no Plano de Controle (Figura 6), inclusive em relao a caractersticas

    chave, no-chave e crticas.

    Portanto, o atendimento por parte do produto legislao, normas e

    especificaes vigentes pode ser verificado atravs deste documento e do PVT.

    Recomendao

    Incluir o Plano de Controle e o PVT na documentao de homologao de

    produto.

    j. Aprovar Aparncia

    O elemento 8.2.4.2 Appearance items e o elemento I.2.2.14

    Appearance Approval Report (AAR) do PPAP abordam a questo de aprovao de

    aparncia. Uma anlise mais detalhada mostra que o AAR compatvel com a

    ISO/TS 16949.

    Este ltimo elemento requer o preenchimento de um formulrio

    especfico, mostrado na Figura 7, o qual tem o mrito de registrar em dados

    numricos, como visto no campo Avaliao de Cor (Color Evaluation), parmetros

    que o senso comum tende a julgar de forma subjetiva.

    Recomendao

    Utilizar o formulrio AAR, quando o produto assim o requerer.

  • Figura 7 - Relatrio de Aprovao de Aparncia. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. Production Part Approval Process, 3rd Edition.Southfield, EUA: AIAG, 1999.p. 58.

  • 46

    k. Gerar Padres

    O PPAP define a utilizao de amostra-padro como sendo a de

    auxiliar na definio de um padro de produo, especialmente quando dados so

    ambguos ou em detalhes insuficientes para que produtos sejam reproduzidos

    (manufaturados) conforme seu estado de aprovao original. A ISO/TS 16949 no

    contm informao explcita sobre a gerao de padres.

    O propsito definido pelo PPAP mostra que a existncia deste

    requerimento serve unicamente para contornar dvidas relativas documentao de

    produto. Considerando-se as modernas ferramentas de CAE e realidade virtual

    disponveis, pode-se eliminar esta funo, sem prejuzo ao processo.

    J a utilizao de amostras para ajustes de produo do cliente, um

    fato usual que pode ser tratado de forma independente da homologao do produto

    em si.

    Recomendao

    Desconsiderar esta funo do processo de homologao de produtos.

    l. Avaliar Fornecimento

    Pode-se dizer que a garantia de um fornecimento ininterrupto de peas

    assegurada pelos seguintes fatores:

    qualidade do processo produtivo e do projeto da pea, minimizando-se as

    interrupes de produo por quebra da qualidade;

    qualidade da embalagem, armazenamento e transporte da pea, evitando-se a sua

    danificao aps ter sido manufaturada.

    O primeiro item o principal foco de trabalho do processo de

    homologao de peas. J o segundo, no tratado em nenhum dos processos

    anteriormente estudados, com exceo do APQP (elemento 4.6 Packaging

    Evaluation), o qual, na verdade, um processo de gerenciamento de projetos.

    Assumindo-se que a embalagem no uma parte integrante do produto, embora seja

    essencial para que o produto chegue at o cliente em perfeitas condies, ser

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    considerada, neste estudo, a mesma prtica adotada p