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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE ODONTOLOGIA FLAVIO AUGUSTO DE CARVALHO FIALHO CISTOS ODONTOGÊNICOS E NÃO-ODONTOGÊNICOS DIAGNOSTICADOS NO LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ORAL DA UFRJ EM UM PERÍODO DE 30 ANOS Rio de Janeiro RJ, Brasil 2017

CISTOS ODONTOGÊNICOS E NÃO-ODONTOGÊNICOS …objdig.ufrj.br/50/teses/m/CCS_M_870102.pdf · 2018. 9. 25. · Cistos são cavidades patológicas revestidas por epitélio contendo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

FLAVIO AUGUSTO DE CARVALHO FIALHO

CISTOS ODONTOGÊNICOS E NÃO-ODONTOGÊNICOS DIAGNOSTICADOS NO

LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ORAL DA UFRJ EM UM PERÍODO DE 30 ANOS

Rio de Janeiro – RJ, Brasil

2017

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Fialho, Flavio Augusto de Carvalho. Cistos odontogênicos e não-odontogênicos diagnosticados no laboratório de patologia oral da UFRJ em um período de 30 anos/Flavio Augusto de Carvalho Fialho, Rio de Janeiro, UFRJ/Faculdade de Odontologia, 2017.

14f.

Orientador: Mario Jose Romañach Gonzalez Sobrinho

Dissertação (Mestrado) – UFRJ, Faculdade de Odontologia, Programa de

Pós-graduação em Clínica Odontológica, 2017.

Referências bibliográficas: f. 23-24

1. Cistos odontogênicos. 2. Cistos não-odontogênicos. 3. Patologia oral.

I. Sobrinho, Mario Jose Romañach Gonzalez. II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Faculdade de Odontologia, Programa de Pós-graduação

em Clínica Odontológica. III. Título.

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FLAVIO AUGUSTO DE CARVALHO FIALHO

CISTOS ODONTOGÊNICOS E NÃO-ODONTOGÊNICOS DIAGNOSTICADOS NO

LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ORAL DA UFRJ EM UM PERÍODO DE 30 ANOS

Aprovado em _____/_____/_____

_____________________________________

Prof. Mario José Romañach Gonzalez Sobrinho

_____________________________________

Prof.ª Márcia Grillo Cabral

_____________________________________

Prof.ª Simone de Queiroz Chaves Lourenço

Rio de Janeiro – RJ, Brasil

2017

Dissertação de Mestrado apresentado à Banca Examinadora como parte dos requisitos para conclusão do Mestrado Profissional em Clínica Odontológica da Faculdade de Odontologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientador: Prof. Dr. Mario José Romañach

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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO 1

2 OBJETIVO 13

3 MATERIAIS E MÉTODOS 13

4 RESULTADOS 13

5 DISCUSSÃO 20

6 CONCLUSÕES 24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25

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RESUMO

Os cistos odontogênicos e não-odontogênicos são observados somente nos ossos gnáticos e

casuísticas de diferentes regiões têm sido publicadas na literatura de língua inglesa. O objetivo

deste trabalho foi determinar a frequência dos cistos odontogênicos e não-odontogênicos

diagnosticados no Laboratório de Patologia Oral da UFRJ entre os anos de 1984 até 2015. Essas

lesões foram obtidas após revisão dos arquivos da instituição. As características avaliadas foram:

(1) tipo de cisto diagnosticado, (2) idade do paciente, (3) gênero do paciente e (4) localização da

lesão. Os resultados da frequência de cada tipo de cisto e suas características clínicas foram

apresentados de maneira descritiva considerando pacientes de todas as idades, pacientes adultos

(maiores que 17 anos) e pacientes jovens (menores que 17 anos). Como resultado, 1141 cistos

foram diagnosticados neste período, sendo 1026 (90%) odontogênicos e 105 (10%) não-

odontogênicos. Os cistos odontogênicos mais frequentes foram o cisto radicular (449 casos,

39,3%), cisto dentígero (195 casos, 17%) e o queratocisto odontogênico (147 casos, 12,8%). Os

cistos não-odontogênicos mais frequentes foram o cisto do ducto nasopalatino (32 casos, 2,8%),

cisto epidermóide (25 casos, 2,1%) e cisto de retenção de muco (17 casos, 1,4%). Os cistos

odontogênicos e não-odontogênicos diagnosticas no laboratório de Patologia Oral da UFRJ

parecem mostrar um perfil clinicopatológico semelhante ao encontrado em outros estudos do

mundo, com poucas variações em relação à idade, gênero e localização preferencial.

Palavras-chave: Cistos odontogênicos; Cistos não-odontogênicos, Patologia Oral.

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ABSTRACT

Odontogenic and non-odontogenic cysts are observed only in the gnathic and casuistic bones of

different regions have been published in the English-language literature. The objective of this

study was to determine the frequency of odontogenic and non-odontogenic cysts diagnosed in

the Oral Pathology Laboratory of the Federal University of Rio de Janeiro between 1984 and

2015. These lesions were obtained after reviewing the institution's files. The evaluated features

were (1) type of microscopically diagnosed cyst, (2) age, (3) gender, and (4) location of the cyst.

The frequency of each type of cyst and its clinical features were descriptivelly presented

considering patients of all ages, younger than 17 years, and older than 17 years. One thousand

one hundred and forty one cysts were diagnosed in this period, 1026 (90%) of them were

odontogenic and 105 (10%) were non-odontogenic. The most frequent odontogenic cysts were

radicular cyst (449 cases, 39,3%), dentigerous cyst (195 cases, 17%), and odontogenic keratocyst

(147 cases, 12,8%). The most frequent non-odontogenic cyst were the nasopalatine duct cyst (32

cases, 2,8%), epidermoid cyst (25 casos, 2,1%) e mucus retention cyst (17 cases, 1,4%). The

odontogenic and non-odontogenic cysts diagnosed in the Oral Pathology Laboratory of the UFRJ

seem to show a clinicopathological profile similar to that found in other studies in the world,

with few variations in relation to age, gender and preferential location.

Keywords: Odontogenic cysts; Non-odontogenic cysts, Oral Pathology.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais, Nei e Elisabeth, por serem os melhores pais do mundo. Sempre apoiando,

incentivando e estimulando o conhecimento profissional dos filhos, inclusive o meu. Vocês

merecem esse trabalho, pois sou o que de melhor vocês têm.

Dedico aos meus irmãos, Felipe e Frederico, que apesar das diferenças, o amor sempre nos uniu

e nos fez entender que é para sempre. São os melhores irmãos que poderia escolher para mim,

mesmo com todos os obstáculos que uma família pode ter, sempre estivemos e estaremos juntos.

Dedico ao meu avô, Francisco Fialho, uma pessoa que sempre me inspirou, por ser um

profissional honesto e digno, um professor exemplar na Anatomia Patológica, um avô

incentivador dos estudos e um estudioso nato, o qual eu prometi ser um excelente profissional e

espero que ele esteja assistindo isso, mesmo que pelo outro plano.

Dedico a minha avó Dulce Ferreira Pimentel, pelo amor que mostrou aos filhos e que foi passado

aos netos. Na vida, tudo com amor é mais simples, mais calmo. Obrigado por mostrar esse

sentimento tão bom que nos impulsiona para frente.

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AGRADECIMENTOS

Meu primeiro agradecimento é ao meu professor e orientador Mario Romañach, que, apesar

de todas as dificuldades em ser um professor, pois um professor não acompanha somente um

aluno e sim vários, sempre se mostrou disposto a ajudar, com calma e paciência. Apesar das

nossas diferenças pessoais, foi um grande orientador e incentivou a realização deste trabalho,

com idéias e propostas para que ficasse um trabalho digno de mestrado. Obrigado por tudo, em

todos os aspectos.

Agradeço a cirurgiã-dentista Andrezza Costa, por ser o meu alicerce, a minha segunda

metade, a minha base para enfrentar tudo e todos. Uma pessoa digna, honesta e que merece todo

o meu agradecimento pois esteve comigo durante esses 2 anos de mestrado e sabe como é difícil

realizar um trabalho desse nível, abdicando até dos nossos momentos para concretizar esta etapa.

Obrigado pela paciência e pelos bons momentos.

Agradeço ao professor Bruno Benevenuto, pela simplicidade e paciência, sempre que eu tive

dúvidas e conseguia falar com alguém, este alguém era o Bruno. Obrigado pela ajuda na

Patologia Oral da UFRJ e por ser um professor tão querido por todos.

Agradeço aos meus amigos de turma do MPCO, pois sem eles o mestrado seria uma rotina

difícil e árdua. Com eles, nos momentos de aula, tudo fluiu muito bem e positivamente para o

engrandecimento profissional tanto meu, quanto deles. Obrigado pela convivência nesses 2 anos.

Agradecimento especial a todos os pacientes que analisei as fichas e prontuários, pois sem vocês,

este trabalho não seria realizado

A todos os que não foram citados, mas que de alguma forma contribuíram para a realização

deste trabalho, obrigado por tudo.

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LISTA DE ABREVIATURAS

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

FO Faculdade de Odontologia

M Masculino

F Feminino

Max Maxila

Mand

CDN

COC

COG

Mandíbula

Cisto do Ducto Nasopalatino

Cisto Odontogenico Calcificante

Cisto Odontogênico Glandular

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LISTA DE TABELAS

PÁGINA

Tabela 1 Frequência de cistos odontogênicos e não-odontogênicos no

Laboratório de Patologia Oral de UFRJ (1984-2015).

14

Tabela 2 Frequência de cistos odontogênicos e não-odontogênicos em adultos

após 17 anos no Laboratório de Patologia Oral de UFRJ (1984-2015).

15

Tabela 3 Frequência de cistos odontogênicos e não-odontogênicos em crianças

e adolescentes até 17 anos no Laboratório de Patologia Oral de UFRJ

(1984-2015).

16

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1. INTRODUÇÃO

Cistos são cavidades patológicas revestidas por epitélio contendo material líquido

ou semi-sólido em seu interior. Os cistos odontogênicos e não-odontogênicos constituem

um assunto importante da patologia oral e maxilofacial, sendo observados somente nos

ossos gnáticos. De acordo com a nova classificação dos tumores de cabeça e pescoço da

Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017, estas lesões podem ser classificadas em

cistos odontogênicos de origem inflamatória – cisto radicular e cistos colaterais

inflamatórios (Speight & Soluk Tekkesin, 2017) – e cistos odontogênicos e não-

odontogênicos de desenvolvimento – cisto dentigero, queratocisto odontogênico, cisto

periodontal lateral e cisto odontogênico botrioide, cisto gengival, cisto odontogênico

glandular, cisto odontogênico calcificante, cisto odontogênico ortoqueratinizado e cisto

do ducto nasopalatino (Speight et al. 2017). Obviamente que nem todos os cistos descritos

na literatura estão presentes nesta classificação, de maneira que além desta classificação,

seguiremos também os critérios estabelecidos por Speight & Shear 2007.

A classificação dos tumores de cabeça e pescoço da OMS de 2005 havia suprimido

os cistos odontogênicos e não-odontogênicos, e incorporado o termo “tumor

odontogênico queratocístico”, o qual foi novamente substituído pelo retorno do termo

consagrado “queratocisto odontogênico” à atual classificação dos cistos odontogênicos

da OMS de 2017. De maneira similar, o “tumor odontogênico cístico calcificante”

presente na classificação de 2005, retornou à classificação de cistos odontogênicos em

2017 como “cisto odontogênico calcificante” (cisto de Gorlin) (Speight et al. 2017).

Cistos Odontogênicos

Cistos radicular

Os cistos radiculares são os cistos inflamatórios mais comuns. Surgem dos

resíduos epiteliais do ligamento periodontal como resultado da periodontite periapical,

morte e necrose pulpar. Podem ser chamados de cistos residuais quando permanecem nos

maxilares mesmo quando o dente envolvido foi removido. (Neville et al. 2007)

Em estudos sul-africanos, cistos radiculares corresponderam a 62% dos cistos

odontogênicos e 52,2% dos cistos maxilares. Killey et al. (1977) encontraram uma taxa

de 68% de cistos radiculares e Jones et al. (2006) observaram que 60,3% dos cistos

odontogênicos foram diagnosticados como cistos radiculares em um período de 30 anos

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de estudo.

Cistos radiculares são mais comuns na 4ª e 5ª décadas de vida, com pico de

incidência na 3ª década, sendo raros nas primeiras décadas de vida. Jones et al. (2006)

encontraram média de idade de 37,3 anos dos pacientes com cisto radicular, com maior

tendência ao gênero masculino. A sua localização é maior na região anterior da maxila

(60% dos casos). Muitos cistos radiculares são assintomáticos e são descobertos por

radiografias periapicais em dentes não vitais. São a causa mais provável de edema maxilar

e o lento crescimento, o que são normalmente a queixa dos pacientes. Uma condição

necessária para cisto radicular é a necrose pulpar, o que é raro em dentições decíduas.

(Neville et al. 2007)

Radiograficamente, vários estudos demonstram a dificuldade de diferenciar os

aspectos radiográficos dos cistos radiculares e granulomas apicais. Redondos ou ovóides

(radiolucentes) circundados por uma fina margem radiopaca que se estende da lâmina

dura do dente envolvido. Quando há infecção, essa margem radiopaca pode não estar

presente.

Microscopicamente, são limitados por epitélio escamoso estratificado de

espessura variável, podendo medir de 1 a 1,5 cm de diâmetro, raramente excedendo 3 cm.

A cápsula do cisto consiste em tecido conjuntivo fibroso denso, com infiltrado

inflamatório contendo linfócitos, neutrófilos, plasmócitos, histiócitos e, raramente,

mastócito e eosinófilos. A natureza do revestimento depende da idade ou do estágio de

desenvolvimento do cisto ou da intensidade da inflamação. A reabsorção radicular é pode

ser encontrada em alguns casos. (Neville et al. 2007)

O tratamento é a extração dentária ou o tratamento endodôntico conservador.

Lesões maiores podem ser submetidos à marsupialização ou descompressão com

acompanhamento por 1 a 2 anos. A recidiva é rara.

Cisto dentígero

O cisto dentígero é um cisto odontogênico de desenvolvimento que se origina pela

separação do folículo da coroa de um dente incluso. É o tipo mais comum de cisto de

desenvolvimento compreendendo cerca de 20% de todos os cistos epiteliais dos

maxilares. A patogênese desse cisto é desconhecida, mas aparentemente se desenvolve

pelo acúmulo de liquido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa do dente.

Embora os cistos dentígeros possam estar associados com qualquer dente incluso

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mais frequentemente eles envolvem os terceiros molares inferiores. Outros locais

relativamente frequentes são os caninos superiores, terceiros molares superiores e

segundos pré-molares inferiores. Ainda que cistos dentígeros possam ser encontrados em

pacientes de diferentes idades, eles são com mais frequência descobertos em pacientes

com 10 e 30 anos de idade. Há uma prevalência maior nos homens. Cistos dentigeros são

assintomáticos e usualmente descobertos em exames radiográficos de rotina ou quando

são feitas para determinar a razão da falha de erupção de um determinado dente. Podem

aumentar consideravelmente de tamanho e estarem associados a expansão indolor de osso

da região afetada. (Neville et al. 2007)

Radiograficamente, apresenta-se como uma lesão radiotransparente unilocular

associado a coroa de um dente incluso. Comumente, a área radiotransparente tem uma

margem bem definida e muitas vezes esclerótica, porém, um cisto infectado poderá

mostrar limites mal definidos. Variantes radiográficas considerando a relação cisto-coroa

são observadas: central, lateral e circunferencial.

Os aspectos histopatológicos incluem cápsula de tecido conjuntivo fibroso

arranjada frouxamente revestida por epitélio com 2 a 4 camadas de células achatadas não

ceratinizadas e a interface entre o epitélio e o tecido conjuntivo é plana. Pequenas ilhas

ou cordões de restos de epitélio odontogênico aparentemente inativos podem estar

presentes na capsula fibrosa.

O tratamento usual para o cisto dentígero é a cuidadosa enucleação e remoção do

dente incluso associado. Se a erupção do dente envolvido é considerada viável, o dente

pode ser mantido no local após a remoção parcial da parede do cisto. A marsupialização

pode ser uma escolha de tratamento, em casos de cisto dentígeros grandes, o que

acarretará na descompressão e redução do tamanho do defeito ósseo. Recorrência não é

esperada e o prognóstico é bom.

Cisto gengival do adulto

O cisto gengival do adulto é um cisto extra-ósseo raro derivado de restos da lamina

dentária (restos de Serres) com características microscópicas semelhantes ao cisto

periodontal lateral. Acomete preferencialmente caninos e pré-molares inferiores, em 60-

75% dos casos, de pacientes entre a quinta e sexta décadas de vida. A localização

preferencial é na mucosa alveolar ou gengival vestibulares, na região de pré-molares

mandibulares.

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Clinicamente, aparecem como tumefações indolores semelhantes a uma cúpula,

frequentemente com menos de 0,5 cm de diâmetro embora raramente possam ser maiores.

Muitas vezes são azulados ou azul-acinzentados. Na histopatologia, constituem um

limitante epitelial fino e plano com ou sem placas localizadas que contem células claras.

Pequenos ninhos dessas células claras ricas em glicogênio que constituem restos da

lamina dentária podem ser vistos circundando o tecido conjuntivo. O seu tratamento

inclui excisão cirúrgica conservadora, com bom prognóstico. (Neville et al. 2007)

Cisto periodontal lateral

O cisto periodontal lateral é um tipo incomum de cisto odontogênico de

desenvolvimento, que caracteristicamente se desenvolve ao longo da superfície lateral da

raiz de um dente. Consititui menos de 2% dos cistos limitados por epitélio dos maxilares.

É assintomático e detectado somente após exames radiográficos. Acomete a quinta e

sétima década de vida, e raramente ocorre em pessoas com menos de 30 anos de idade.

Em 75-80% ocorre na região de incisivo lateral-canino e pré-molares inferiores. (Neville

et al. 2007)

Radiograficamente, apresenta como uma área radiotransparente bem circunscrita

localizadas lateralmente a raiz do dente com vitalidade. A maioria dos cistos tem menos

de 1 cm de diâmetro. Ocasionalmente, pode ter uma aparência policística, resultando em

lesão radiolúcida multilocular. São denominados cistos odontogênicos botrióides, os

quais apresentam-se como pequenos cistos com aspecto semelhantes a um cacho de uvas.

Estas lesões são consideradas uma variante do cisto periodontal lateral possivelmente

resultado de degeneração cística e subsequente fusão de focos adjacentes de restos da

lamina dentaria. As características radiográficas do cisto periodontal lateral não são

suficientes para o diagnóstico. Um queratocisto odontogênico que se desenvolve entre

raízes de dentes adjacentes pode ter o mesmo aspecto radiográfico. Um cisto radicular

inflamatório que ocorre lateralmente a raiz em relação ao forame acessório ou um cisto

que se origine de uma inflamação periodontal podem também simular radiograficamente

um cisto periodontal lateral. (Neville et al. 2007)

Microscopicamente observa-se capsula fibrosa fina, geralmente não inflamada,

revestida por epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado com espessura de

apenas uma a três camadas e espessamentos epiteliais localizados. (Neville et al. 2007)

O tratamento é a enucleação conservadora, sem danos aos dentes adjacentes. A

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recorrência é incomum, ainda que tenha sido relatada na literatura com a variante

botrióide devido a sua natureza policística. (Neville et al. 2007)

Cisto de erupção

O cisto de erupção é o análogo do cisto dentigero no tecido mole. Desenvolve-se

como resultado da separação do folículo dentário que envolve a coroa de um dente em

erupção que está dentro dos tecidos moles sobre o osso alveolar. Consiste em uma

tumefação mole que recobre a coroa de um dente em pacientes, geralmente, menores de

10 anos de idade. Está mais associada aos primeiros molares permanentes e incisivos

superiores. Quando acontece um trauma na região, pode ser chamado de hematoma de

erupção, por conter sangue em seu interior. O revestimento do cisto, na porção mais

profunda do material, é formado por uma camada fina de epitélio escamoso não-

ceratinizado. (Neville et al. 2007)

O tratamento é uma simples excisão na lesão para promover a erupção do dente associado.

Em alguns casos, não há a necessidade da excisão, pois a lesão se rompe

espontaneamente.

Queratocisto odontogênico

O queratocisto odontogênico é uma forma distinta de cisto odontogênico de

desenvolvimento que requer considerações especiais por conta do seu comportamento

clínico e aspectos histopatológicos específicos. Alguns autores não defendem a teoria de

pressão osmótica relacionada ao crescimento da lesão e sim, fatores inerentes

desconhecidos do próprio epitélio ou com atividade enzimática na cápsula fibrosa.

Esta lesão pode ser encontrada em idades variadas, com 60% dos casos em

pacientes entre 10 a 40 anos de idade, com leve predileção pelo sexo masculino e com

60-80% de acometimento na mandíbula. As regiões de preferência na mandíbula são

região posterior do corpo mandibular e ramo ascendente. (Neville et al. 2007)

Possui diferenças clínicas quando analisado o seu tamanho. Geralmente, os

menores são assintomáticos e representam achados radiográficos. Já os maiores, podem

apresentar dor, tumefação ou drenagem, mas mesmo assim, também podem ser

assintomáticos. Possuem tendência à expansão no sentido ântero-posterior, pelos espaços

medulares, sem causar expansão óssea evidente, o que ajuda no diagnóstico diferencial,

se comparado com o cisto radicular e dentigero (geralmente associados com expansão do

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osso). Apresentam área radiotransparente bem definida com margens regulares

corticalizadas e frequentemente festoneadas. As lesões grandes podem ser multiloculares.

Em 25 a 40% dos casos um dente incluso está envolvido na lesão.

Como características histológicas possui cápsula fina e friável, difícil de ser

enucleada sem romper o osso e em seu interior possui um liquido claro, semelhante ao

transudato de plasma ou material caseoso, com aspecto de queijo que corresponde a restos

de queratina. O limitante epitelial é constituído de uma camada uniforme de epitélio

escamoso estratificado queratinizado, comumente com seis a oito células de espessura. A

separação do limitante epitelial da cápsula fibrosa é observada. A superfície luminal

possui células epiteliais paraceratinizada achatadas, que apresentam aparência corrugada

ou ondulada. A camada basal é composta por células epiteliais colunares ou cúbicas,

dispostas em paliçada, muitas vezes hipercromáticas. Quando há processo inflamatório

associado, a superfície luminal paraqueratinizada pode desaparecer e o epitélio pode

proliferar, formando projeções com perda da característica camada basal em paliçada. Se

isto acontecer, outros cortes histológicos devem ser feitos para encontrar as características

citadas acima. (Neville et al. 2007)

Para lesões grandes, o tratamento consiste na marsupialização ou descompressão

seguida de ressecção cirúrgica com osteotomia periférica. Para lesões menores a

marsupialização ou descompressão prévia podem ser desnecessárias. A enucleação ou

curetagem aumentam as chances de recidiva, que usualmente têm taxas em torno de 30%,

sendo necessário o acompanhamento clínico–radiográfico longo após a cirurgia.

Cisto odontogênico ortoqueratinizado

O cisto odontogênico ortoqueratinizado é caracterizado microscopicamente pelo

limitante ortoqueratinizado e deve ser considerado diferente do queratocisto

odontogênico, considerando seus aspectos clínicos e patológicos. De acordo com Speight

& Shear (2007), as 2ª e 3ª décadas de vida são as mais acometidas pela lesão. Sua

localização preferencial é a mandíbula, ocorrendo duas vezes mais do que a maxila, com

tendência para envolver regiões posteriores. Radiograficamente, o cisto odontogênico

ortoqueratinizado é comumente uma lesão radiolúcida unilocular bem delimitada e, em

alguns casos, multilocular. Microscopicamente, a limitante do cisto é constituída de

epitélio escamoso estratificado, que apresenta superfície ortoqueratinizada de espessura

variada. O tratamento é similar ou mais conservador ao preconizado para queratocisto

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odontogênico, pois os índices de recidiva são menores.

Cisto odontogênico calcificante

O cisto odontogênico calcificante (COC), também conhecido como cisto de

Gorlin, é um cisto incomum que apresenta revestimento por epitélio ameloblastomatoso

que contém acúmulos focais de células fantasmas.

É predominantemente uma lesão intra-óssea, apesar de 13 a 30% dos casos serem

relatados como lesões periféricas (extra-ósseas). Não há predileção por localização

(maxila e mandíbula), mas geralmente os casos ocorrem principalmente nas regiões

anteriores de incisivos e caninos. A média de idade é de 33 anos, sendo mais comuns na

2ª e 3ª década de vida. Geralmente apresenta-se como uma lesão unilocular

radiotransparente, as vezes multilocular. Em 1/3 até metade dos casos, aparecem

estruturas radiopacas no interior da lesão, sendo calcificações irregulares ou semelhantes

a dentes e em 1/3 a lesão está associada a um dente incluso, geralmente um canino. As

reabsorções radiculares são observadas em alguns casos.

Microscopicamente, observa-se uma lesão cística bem definida, com uma cápsula

fibrosa e um limitante epitelial com espessura de quatro a dez células. As células basais

do revestimento epitelial podem ser cúbicas ou colunares. O aspecto histológico mais

característico do COC é a presença de um número variável de células fantasmas no

componente epitelial, que são células com perda do núcleo, mas com manutenção do

contorno básico da célula. São essas células que sofrem alteração e geram a calcificação

observada na lesão. O tratamento de escolha é a enucleação e o prognóstico é bom, com

poucos casos de recorrência. (Neville et al. 2007)

Cisto odontogênico glandular

O cisto odontogênico glandular (COG) é um tipo de cisto odontogênico de

desenvolvimento, raro e com comportamento agressivo. Ocorrem em adultos de meia-

idade, com média de 49 anos, com 85% dos casos relatados em mandíbula,

principalmente na região anterior. Pequenos cistos podem ser assintomáticos, mas cistos

maiores podem causar expansão óssea e por consequência, dor e parestesia. Apresenta-se

como uma imagem unilocular ou mais frequentemente como multilocular com margens

bem definidas e com uma borda esclerótica radiopaca.

O COG é limitado por epitélio escamoso de espessura variável. A cápsula fibrosa

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geralmente não apresenta infiltrado inflamatório. As células epiteliais superficiais que

limitam a cavidade cística tendem a ser cuboidais a colunares e tem superfície irregular

e, algumas vezes, papilar. Aglomerado de material com afinidade pelo corante

mucicarmim muitas vezes está presente no epitélio, limitados estes por células cúbicas.

Estruturas pseudo-ductais são uma características marcante no limitante epitelial.

O tratamento de escolha pode ser enucleação ou curetagem, entretanto o cisto tem

propensão à recorrência (30%). Devido ao seu comportamento e a taxa de recorrência,

alguns autores preconizam a ressecção em bloco para esta lesão.

Cistos Não-Odontogênicos

Cisto do ducto nasopalatino

O cisto do ducto nasopalatino (CDN) é o cisto não-odontogênico mais comum nos

ossos gnáticos, ocorrendo em cerca de 1% da população. Desenvolve-se em qualquer

faixa etária, porém pacientes entre a 4ª e 5ª décadas de vida são mais acometidos,

principalmente homens. Clinicamente apresenta tumefação na região anterior do palato.

Drenagem e dor podem estar presentes. Algumas lesões podem ser assintomáticas,

descobertas apenas em exames radiográficos.

Radiograficamente mostra uma área radiotransparente bem circunscrita, próximo

ou na linha média da região anterior da maxila, entre os ápices dos incisivos centrais. A

lesão é redonda ou oval, com margem corticalizada e raramente nota-se reabsorção

radicular. O tamanho da lesão pode variar de 1 a 2,5 cm, porém há relatos de lesões com

até 6 cm. Para fins de diagnóstico, o clínico deve suspeitar da presença de um cisto do

ducto nasopalatino quando a imagem radiolúcida na linha média da maxila ultrapassa os

6 mm de diâmetro, já que imagens menores são mais indicativas de projeção do forame

incisivo. Microscopicamente, o revestimento epitelial do CDN consiste principalmente

em três tipos de epitélio: epitélio escamoso estratificado (mais comum, em ¾ dos casos),

epitélio colunar pseudo-estratificado (1/3 dos casos), epitélio colunar simples e cúbico

simples (menos comum). (Neville et al. 2007)

O tipo de epitélio pode estar relacionado com a posição vertical do cisto. Se ele

está mais na porção superior do canal – epitélio respiratório, se está mais inferior, epitélio

escamoso. O componente da cápsula do cisto auxilia no diagnóstico. Como o cisto se

desenvolve dentro do canal incisivo, nervos menores, artérias musculares pequenas e

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veias, frequentemente são encontrados na parede do cisto. Frequentemente, há uma

resposta inflamatória na cápsula do cisto (leve a acentuada), geralmente crônica,

constituída de linfócitos, plasmócitos e histiócitos. O tratamento proposto é a enucleação,

com raras recorrências e bom prognóstico.

Cisto nasolabial

O cisto nasolabial é um cisto de desenvolvimento que ocorre na região nasolabial

lateralmente à linha média, tendo como características clínicas uma tumefação do lábio

superior que causa elevação da asa do nariz. Em algumas ocasiões, pode causar obstrução

nasal e interferir no uso da prótese superior. Pacientes não sentem dor e drenagem

espontânea pelo nariz pode ser observada. Quando infectados, causam dor ao paciente.

Sua incidência é maior em adultos (4ª e 5ª décadas de vida) com preferência pelo sexo

feminino (relação M:F 1:3). Como o cisto nasolabial é originário dos tecidos moles,

alterações radiográficas não são comuns, podendo eventualmente causar deslocamento

da cortical anterior do seio maxilar. (Neville et al. 2007)

O cisto nasolabial é revestido por epitélio colunar pseudo-estratificado com

células caliciformes e ciliadas. A cápsula do cisto é composta de tecido conjuntivo fibroso

com tecido muscular esquelético adjacente. O tratamento é a remoção cirúrgica, as vezes

com parte da mucosa nasal associada. A recorrência é rara e o prognóstico é bom.

Cistos epidermóide e dermóide

O cisto epidermóide é um cisto comum de pele limitado por epitélio semelhante à

epiderme. São comuns na área da cabeça e pescoço e costas propensas à acne, com

preferência pelo sexo masculino. As lesões consistem em nódulos subcutâneos flutuantes,

inflamados ou não. Possui limitação por epitélio escamoso estratificado lembrando a

epiderme e presença de camada de células granulares bem desenvolvida com

preenchimento do lúmen por ortoqueratina degenerada. Quando há exposição da

queratina, há uma reação inflamatória granulomatosa, pois essa queratina é reconhecida

como corpo estranho. O tratamento de escolha é a excisão cirúrgica e não há recorrências.

(Neville et al. 2007).

O cisto dermóide diferencia-se do cisto epidermóide pela presença microscópica

de anexos cutâneos na sua cápsula cística. Usualmente ocorre na linha média do pescoço,

algumas vezes estendendo-se até o assoalho de boca, medialmente ou lateralmente, como

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uma tumefação sublingual podendo até deslocar a língua. A variação no tamanho é de

milímetros até 12 cm de diâmetro. Mais comuns em crianças e adultos jovens.

Assintomático, com características de borracha ou massa de pão, podendo ter infecção

secundária ou drenagem de pus para o interior da cavidade oral. O tratamento é idêntico

ao epidermóide (excisão cirúrgica e sem recorrências).

Cisto de retenção de muco

O cisto de retenção de muco é uma cavidade revestida por epitélio que se origina

dos tecidos da glândula salivar. A causa é incerta. Alguns cistos podem representar uma

dilatação ductal decorrente de uma obstrução ductal, o que cria um aumento na pressão

intraluminal. (Neville et al. 2007).

Normalmente ocorrem em adultos e a origem pode ser tanto de glândula salivar

maior quanto de glândula salivar menor. Os de glândula salivar maior são mais comuns

na parótida, de crescimento lento e como uma tumefação assintomática. Os cistos de

glândulas salivares menores ocorrem intra-oralmente, com mais frequência em assoalho

da boca, mucosa jugal e lábio. Assemelham-se as mucoceles, porém a tumefação tem a

coloração azulada, dependendo da profundidade do cisto abaixo da superfície.

Microscopicamente, o revestimento do cisto de retenção de muco é variável,

podendo consistir num epitélio escamoso cuboidal, colunar ou atrófico, circundando uma

secreção fina ou mucoide no lúmen. Os cistos isolados do ducto salivar são tratados com

excisão cirúrgica conservadora. O tratamento dos cistos das glândulas maiores pode ter

em sua associação remoção de parte da glândula. A lesão não deve recidivar.

Frequência de cistos odontogênicos e não-odontogênicos

Estudos da frequência de lesões baseados na análise de arquivos de hospitais ou

departamentos são o método mais utilizado para investigações clínicas, permitindo a

obtenção de dados que ajudem na conduta e tratamento de diferentes doenças em uma

determinada região, e sua comparação com casuísticas internacionais.

Jones et al. (2006) foram responsáveis pela avaliação da frequência de cistos

odontogênicos mais comumente diagnosticados no Departamento de Patologia Oral da

Universidade de Sheffield – Inglaterra, em um período de 30 anos. O cisto odontogênico

inflamatório mais comum foi o cisto radicular seguido pelos cistos odontogênicos de

desenvolvimento: cisto dentígero, queratocisto odontogênico, cisto periodontal lateral,

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cisto odontogênico calcificante, cisto gengival e cisto odontogênico glandular.

Em uma revisão sistemática da literatura de 1993 a 2011, 18.297 cistos

odontogênicos foram incluídos no estudo de Johnson et al. 2014, dos quais 9.982 (54,6%)

eram cistos radiculares, 3.772 (20,6%) eram cistos dentígeros e 2.145 (11,7%)

queratocistos odontogênicos.

El Gehani et al. (2008) avaliaram a frequência de 326 cistos odontogênicos

(14,8%, total de 2190 biópsias) diagnosticados no Departamento de Patologia e

Microbiologia Oral da Universidade de Ciências Médicas Al arab, Benghazi, Líbia em

um período de 15 anos. Os cistos mais comuns foram cisto radicular (222 casos, 68,1%),

seguido do cisto dentigero (49 casos, 15%), queratocisto odontogênico (43 casos, 14,1%)

A relação M:F era 1,3:1 e a região anterior da maxila foi mais afetada (132 casos, 37,4%)

seguida da região posterior da mandíbula (96 casos, 29,4%).

Um estudo sobre a frequência de cistos odontogênicos e não-odontogênicos da

Universidade de Palermo – Itália em um período de 20 anos encontrou 1.310 cistos

(10,4%, total de 12.179 pacientes), dos quais 1.273 eram de origem odontogênica e 37

eram de origem não-odontogênica. O cisto radicular (1.107 casos, 84,5%) foi o cisto

odontogênico mais comum, seguido do cisto dentígero (149 casos, 11,4%) e o

queratocisto odontogênico (17 casos, 1,4%). Os cistos não-odontogênicos em sua maioria

foram os pseudo-cistos (28 casos, 2,1%). Os cistos radiculares foram mais comumente

observados nas regiões anteriores da maxila (68,6%) e mandíbula (41,5%), enquanto que

os cistos dentígeros afetaram principalmente a região anterior da maxila (72,1%) e a

região de pré-molares da mandíbula (70,5%). Os queratocistos odontogênicos

predominaram na região de molares mandibulares (100%) (Tortorici et al. 2008).

De maneira semelhante, Açikgöz et al. (2012) avaliaram a frequência de cistos

odontogênicos e não-odontogênicos em uma população da Turquia em um período de 9

anos. Eles encontraram 452 cistos odontogênicos (98,5%) e 7 cistos não-odontogênicos

(1,5%, todos eram cisto do ducto nasopalatino), que somados representavam 3,51% de

todos os casos diagnosticados neste período. O cisto radicular foi o cisto odontogênico

mais frequente (54,7%), seguido do cisto dentígero (26,6%), cisto residual (13,7%),

queratocisto odontogênico (3,3%), e cisto periodontal lateral (0,2%).

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2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi determinar a frequência dos cistos odontogênicos e

não-odontogênicos diagnosticados no Laboratório de Patologia Oral da UFRJ entre os

anos de 1984 até 2015, buscando uma comparação em relação a outros estudos do mundo

considerando a idade média, gênero mais acometido e localização preferencial destas

lesões.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Cistos diagnosticados como de origem odontogênica ou não odontogênica no

Laboratório de Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da UFRJ (Rio de Janeiro/RJ,

Brasil) foram obtidos após revisão dos arquivos e laudos da instituição no período entre

os anos de 1984 até 2015.

O critério de inclusão estabelecido foi a disponibilidade de informações clínicas

básicas nas fichas de requisição de exame histopatológico arquivadas no Laboratório. As

características avaliadas foram: (1) tipo de cisto diagnosticado, (2) idade do paciente, (3)

gênero do paciente e (4) localização da lesão. Os resultados da frequência de cada tipo de

cisto e suas características clínicas foram apresentados de maneira descritiva

considerando pacientes de todas as idades, pacientes adultos (maiores que 17 anos) e

pacientes jovens (menores que 17 anos).

4. RESULTADOS

Durante os 30 anos, foram avaliados 10187 pacientes, dentre esses, 1141 casos

(11,2%) diagnosticados como cistos odontogênicos (1026 casos, 90%) e não-

odontogênicos (115 casos, 10%) no Laboratório de Patologia Oral da UFRJ, sendo 959

(84%) em adultos após 17 anos, 178 (15,6%) pacientes jovens até os 17 anos e 4 (0,4%)

pacientes sem idade informada. A Tabela 1 mostra os dados gerais dos casos

diagnosticados neste período. As Tabelas 2 e 3 mostram os cistos mais frequentes em

adultos e jovens, respectivamente.

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Tabela 1. Frequência de cistos odontogênicos e não-odontogênicos no Laboratório de Patologia Oral de

UFRJ (1984-2015).

Diagnóstico microscópico N (%) M/F (relação)

Idade média

(variação) Localização (n)*

Cistos Odontogênicos

Cisto radicular 449 (39,3%) 193/255 (1:1,32) 34,4(4-92) Max Ant (142)

Cisto dentigero 195 (17,0%) 100/94 (1,06:1) 19,6 (5-73) Mand Post (71)

Queratocisto odontogênico 147 (12,8%) 82/65 (1,26:1) 28,8 (3-79) Mand Post (66)

Cisto odontogênico não-classificável 98 (8,5%) 54/44 (1,22:1) 30 (3-78) Mand Post (24)

Cisto residual 67 (5,8%) 28/39 (1:1,39) 47,8 (16-84) Max Ant (21)

Cisto paradentário 18 (1,5%) 10/8 (1:1,25) 20 (10-70) Mand Post (17)

Cisto odontogênico calcificante 17 (1,4%) 6/10 (1:1,66) 32 (08-67) Max Ant (5)

Cisto odontogênico glandular 17 (1,4%) 6/11 (1:1,83) 36,8 (11-66) Mand (11)

Cisto periodontal lateral 8 (0,6%) 4/4 (1:1) 29,6 (08-47) Max Ant (3)

Cisto gengival do adulto 5 (0,4%) 1/4 (1:4) 57,2 (33-89) Mand Ant (4)

Cisto de erupção 3 (0,2%) 1/2 (1:2) 06 Max Ant (1)/ Mand (1)

Cisto odontogênico ortoqueratinizado 2 (0,1%) 1/0 13 Mand Post (2)

Total cistos odontogênicos 1026 486/536 29,5 Max Ant (176)

Mand Post (180)

Cistos não-odontogênicos

Cisto do ducto nasopalatino 32 (2,8%) 17/15 (1,1:1) 35,4 (10-69) Max Ant (25)

Cisto epidermóide 25 (2,1%) 12/13 (1:1,08) 37,7 (18 -77) Pele (6)

Cisto de retenção de muco 17 (1,4%) 5/11 (1:2,2) 52,9 (20-77) Mucosa Jugal (5)

Cisto nasolabial 11 (0,9%) 2/9 (1:4,5) 42 (29-66) Labio Sup (11)

Cisto dermóide 9 (0,7%) 7/2 (3,5:1) 30 (11-60) Assoalho Buc (4)

Cisto linfoepitelial oral (cervical) 8 (1) (0,7%) 7/2 (3,5:1) 35,8 (04-88) Lingua (4)

Cisto pilar 3 (0,2%) 1/2 (1:2) 44,3 (33-58) Pele (2)

Cisto cirúrgico ciliado da maxila 2 (0,1%) 0/2 (2) 54 (51-57) Maxila (2)

Cisto do ducto salivar 2 (0,1%) 2/0 (2) ND Labio e Palato

(2) Cisto da papila incisiva 2 (0,1%) 0/2 (2) 23 (15-27) Max Ant (2)

Cisto palatino mediano 1 (0,08%) 1 33 Palato (1)

Cisto broncogênico 1 (0,08%) 1 61 Mand (1)

Cisto sinovial 1 (0,08%) 1 34 Punho (1)

Cisto do ducto tireoglosso 0 0 ND ND

Total cistos não-odontogênicos 115 56/58 37,1 Max Ant (33)

Total geral 1141 542/594 33,5 Max Ant (211)

*53 casos sem localização – 1088 localizados

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Tabela 2. Frequência de cistos odontogênicos e não-odontogênicos em adultos com 17 anos ou mais no

Laboratório de Patologia Oral de UFRJ (1984-2015)

Diagnóstico microscópico N (%) M/F (relação) Idade média

(variação)

Localização

preferencial (n)*

Cistos Odontogênicos

Cisto radicular 424 (44,2%) 185/239 (1:1,29) 40,2 (17-92) Max Ant (138)

Cisto dentigero 108 (11,2%) 55/52 (1,05:1) 35,5 (17-73) Mand Post (52)

Queratocisto odontogênico 122 (12,7%) 70/52 (1,35:1) 40,8 (17-79) Mand Post (57)

Cisto odontogênico não-classificável 78 (8,1%) 38/40 (1:1,05) 41,9 (17-78) Mand Post (24)

Cisto residual 66 (6,8%) 28/38 (1:1,36) 50,6 (21-84) Max Ant (23)

Cisto paradentário 17 (1,7%) 10/7 (1,42:1) 25,1 (17-70) Mand Post (16)

Cisto odontogênico calcificante 12 (1,2%) 5/7 (1:1,4) 48,4 (19-67) Max Ant (3)

Cisto odontogênico glandular 16 (1,6%) 5/11 (1:2,2) 47,4 (23-66) Mand Post (5)

Cisto periodontal lateral 6 (0,6%) 3/3 (1:1) 36,2 (17-47 Max Ant (2)/ Mand Pré (2)

Cisto gengival do adulto 5 (0,5%) 1/4 (1:4) 57,2 (33-89) Mand Ant (4)

Cisto de erupção 0 0 0 -

Cisto odontogênico ortoqueratinizado 0 0 0 -

Total cistos odontogênicos 854 400/453 42,3 Max Ant (165)/ Mand Post (154)

Cistos não-odontogênicos

Cisto do ducto nasopalatino 29 (3,0%) 16/13 (1,2:1) 41,6(19-69) Max Ant (25)

Cisto epidermóide 25 (2,6%) 12/13 (1:1,08) 41 (18-77) Assoalho (5)

Cisto de retenção de muco 17 (1,7%) 5/12 (1:2,4) 56,6 (20-77) Mucosa Jugal (4)

Cisto nasolabial 11 (1,1%) 2/9 (1:4,5) 42 (29-66) Max Ant (7)

Cisto dermóide 5 (0,5%) 4/1 (4:1) 42,6 (20-60) Mandibula (2)

Cisto linfoepitelial oral (cervical) 7 (0,7%) 2/5 (1:2,5) 52,3 (20-88) Língua (4)

Cisto pilar 3 (0,3%) 1/2 (1:2) 44,3 (33-58) Pele (2)

Cisto cirúrgico ciliado da maxila 2 (0,2%) 0/2 54 (51-57) Maxila (2)

Cisto do ducto salivar 2 (0,2%) 2/0 ND Palato (1)/Lábio(1)

Cisto da papila incisiva 1 (0,1%) 0/1 27 Max Ant (1)

Cisto palatino mediano 1 (0,1%) 1/0 33 Palato Duro (1)

Cisto broncogênico 1 (0,1%) 0/1 61 Submentoniana

Cisto sinovial 1 (0,1%) 0/1 34 Punho (1)

Cisto do ducto tireoglosso 0 0 0 -

Total cistos não-odontogênicos 105 45/60 44 Max Ant (33)

Total geral 959 445/513 43,27 Max Ant (198)

*52 casos sem localização – 907 casos localizados

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Tabela 3. Frequência de cistos odontogênicos e não-odontogênicos em crianças e adolescentes com

menos de 17 anos no Laboratório de Patologia Oral de UFRJ (1984-2015).

Diagnóstico microscópico N (%) M/F (relação) Idade média

(variação)

Localização

preferencial (n)*

Cistos Odontogênicos

Cisto radicular 25 (14,0%) 12/13 (1:1,08) 11,6 (5-16) Mand Post (8)

Cisto dentigero 87 (48,8%) 45/42 (1,07:1) 11,02 (4-16) Max Ant (29)

Queratocisto odontogênico 24 (13,4%) 11/13 (1:1,18) 12,5 (3-16) Mand Post (9)

Cisto odontogênico não-classificável 20 (11,2%) 14/6 (2,3:1) 11,1 (3-16) Max Ant (6)

Cisto residual 1 (0,5%) 0/1 16 Maxila (1)

Cisto paradentário 1 (0,5%) 0/1 10 Mand Post (1)

Cisto odontogênico calcificante 5 (2,8%) 2/3 (1:1,5) 12,2 (8-15) Max Ant (2)

Cisto odontogênico glandular 1 (0,5%) 1/0 11 Assoalho (1)

Cisto periodontal lateral 2 (1,1%) 1/1 (1:1) 10(8-12) Max Ant (1)/ Mand Post (1)

Cisto gengival do adulto 0 0 0 -

Cisto de erupção 2 (1,1%) 1/1 (1:1) 6 (6) Max Ant (1)/ Fundo vestíbulo (1)

Cisto odontogênico ortoqueratinizado 2 (1,1%) 2/0 13 (13) Mand Post (2)

Total cistos odontogênicos 170 89/81 11,3 Max Ant (39)

Cistos não-odontogênicos

Cisto do ducto nasopalatino 1 (0,5%) 0/1 10 Max Ant (1)

Cisto epidermóide 0 0 0 -

Cisto de retenção de muco 0 0 0 -

Cisto nasolabial 0 0 0 -

Cisto dermóide 4 (2,2%) 1/3 (1:3) 14,2 (11-16) Assoalho (3)

Cisto linfoepitelial oral (cervical) 2 (1,1%) 0/2 9,5 (4-15) Assoalho bucal (1)/ Cervical (1)

Cisto pilar 0 0 0 -

Cisto cirúrgico ciliado da maxila 0 0 0 -

Cisto do ducto salivar 0 0 0 -

Cisto da papila incisiva 1 (0,5%) 0/1 15 Max Ant (1)

Cisto palatino mediano 0 0 0 -

Cisto broncogênico 0 0 0 -

Cisto sinovial 0 0 0 -

Cisto do ducto tireoglosso 0 0 0 -

Total cistos não-odontogênicos 8 1/7 12,1 Assoalho bucal (4)

Total Geral 178 90/88 11,5 Max Ant (41)

*1 caso sem localização – 177 com localização

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O cisto radicular foi o que apresentou maior número de casos, com 449 registros

(39,3%). Em segundo lugar, temos o cisto dentigero com 17% dos casos (195 pacientes)

e em terceiro lugar o queratocisto odontogênico com 147 casos (12,8%). Em seguida,

observa-se em ordem decrescente cisto odontogênico não-classificável (8,5%), cisto

residual (5,8%), cisto paradentário (1,5%), cisto odontogênico calcificante e cisto

odontogênico glandular (1,4%). Outros três cistos não-odontogênicos também tiveram

porcentagens similares: cisto do ducto nasopalatino (2,8%), cisto epidermóide (2,1%) e

cisto de retenção de muco (1,4%).

Considerando a idade geral, obtivemos uma média de 33,5 anos para todos os

cistos analisados. Se separarmos os odontogênicos, a média foi de 29,5 anos e os não-

odontogênicos obteve média de 37,1 anos.

Nos adultos após 17 anos, o cisto radicular ainda tem sua alta taxa com 424

pacientes (44,2%), seguido por queratocisto odontogênico com 122 pacientes (12,7%) e

cisto dentígero com 108 casos (11,2%). Já a análise em pacientes jovens até os 17 anos,

o cisto dentígero assume o posto de maior prevalência com 87 casos (48,8%) deixando o

cisto radicular em segundo lugar com 25 (14%) casos e o queratocisto odontogênico com

24 (13,4%) pacientes.

Nos dados obtidos, 594 foram do sexo feminino e 542 do masculino (F/M =

1,09:1). Em 5 casos (0,4%), a informação sobre o gênero do paciente não estava

disponível. Nos adultos, tivemos 445 homens e 513 mulheres, com taxa M:F de 1:1,15.

Já nos jovens, a quantidade de casos do sexo masculino foi 90 pacientes e 88 casos do

sexo feminino com taxa M:F = 1,02:1.

Dos 1141 casos, somente 53 (4,6%) não tiveram sua localização informada e 1088

(95,4%) casos tiveram sua localização definida. Na classificação por faixa etária e

considerando os adultos, tivemos 907 casos com localização definida e 52 casos sem

definição. Nos jovens, dos 178 casos, somente 1 caso não conseguimos identificar o local

acometido.

O diagnóstico com maior incidência foi o cisto radicular, totalizando 449 casos

(39,3%) o que pode ser observado na tabela 1. Além disso, representou um alto número

em maxila anterior com 142 casos e com preferência ao sexo feminino (taxa M/F de

1:1,32). Levando em consideração a idade dos pacientes, o cisto radicular é muito mais

comum em adultos se comparado com pacientes jovens. Nos adultos, o resultado foi de

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424 casos contra apenas 25 em jovens, o que representa 44,2% contra 14%.

Neste estudo, o cisto residual obteve 67 casos registrados (5,8%) com a maxila

anterior o local preferencial (21 casos – 31,3%). Somente 1 caso registrado em pacientes

jovens, o que retifica a teoria de que o cisto residual é a recorrência do radicular e por ter

sua maioria representada neste estudo com os 66 casos em adultos, provavelmente

persistentes de cistos inflamatórios radiculares antes de se tornarem residuais.

Cisto dentígero foi a segunda lesão verificada nos dados obtidos, com 195 casos

(17%) e com uma taxa M/F de 1,06:1. A idade média dos pacientes desta lesão foi de 19,6

anos, levando em consideração todos os pacientes. Com 71 casos, a mandíbula posterior

é o local preferencial desta lesão, porém, quando se analisa os dados de pacientes jovens,

temos 29 (40,8%) casos em maxila anterior contra os 52 (59,2%) dos pacientes adultos.

Inclusive, a diferença na quantidade de pacientes adultos e jovens não é tão larga, temos

108 (55,3%) casos nos adultos e 87 (44,7%) casos nos jovens.

O queratocisto odontogênico foi representado com 147 casos (12,8%) com a idade

média de 28,8 anos. A relação M/F foi 1,26:1 e a localização preferencial

independentemente da idade foi mandíbula posterior com 66 casos (44,9%). O seu índice

é muito maior em adultos do que em jovens (122 casos contra 25), o que representa 83%

dos casos de queratocisto neste estudo.

O cisto odontogênico não-classificável foi descoberto em 98 casos (8,5%) sendo

70 em pacientes acima dos 17 anos e 20 casos em pacientes abaixo desta idade. Mesmo

com a falta de informação da lesão, sua localização preferencial foi a mandíbula posterior

com 24 casos. Nos jovens a localização preferencial foi a maxila anterior (6 casos dos 20

encontrados).

Considerando os outros cistos odontogênicos deste estudo, temos o cisto

paradentário com 18 casos (17 registros em mandíbula posterior), cisto odontogênico

calcificante e glandular com 17 casos cada um, cisto periodontal lateral com 8 pacientes,

cisto gengival do adulto com 5 casos, cisto de erupção com 3 casos e cisto odontogênico

queratinizado com 2 casos.

Com relação aos cistos não-odontogênicos, o que representou o maior número de

casos foi o cisto do ducto nasopalatino com 32 casos (2,8%) sendo 29 pacientes adultos.

Sua idade média foi de 35,4 anos de idade e a taxa M/F foi de 1,1:1, mostrando que

homens são mais susceptíveis a apresentar a lesão.

Logo em seguida temos o cisto epidermóide, com 25 casos (2,1%), com idade

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média de 37,7 anos. Os outros cistos encontrados foram: cisto de retenção de muco com

17 casos, cisto nasolabial com 11 registros e cisto dermóide com 9 pacientes e 5 casos

relatados em assoalho bucal, temos o cisto linfoepitelial oral com 9 casos também (sendo

um deles linfoepitelial cervical, mas incluído nesta classificação por ter as mesmas

características, porém em localização diferente) e cisto pilar com 3 casos. Com 2 casos

temos alguns cistos: cirúrgico ciliado da maxila, ducto salivar e papila incisiva. Com

somente um registro de pacientes os cistos palatino mediano, broncogênico e sinovial

empataram nos dados deste estudo.

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19

5. DISCUSSÃO

Os cistos dos ossos gnáticos possuem considerável informação na literatura atual.

O presente estudo levou em consideração a frequência destas lesões diagnosticadas no

laboratório de Patologia Oral da UFRJ, de forma a contribuir com novos dados que

pudessem servir como comparação com dados de outras instituições. Apesar de sabermos

que estes cistos podem mostrar características clínicas e radiográficas bem semelhantes,

o conhecimento da frequência, média de idade de acometimento e localização

preferencial podem não apenas ajudar no diagnóstico destas lesões, mas também contribui

para o estabelecimento de um perfil clinicopatológico destas lesões em uma determinada

região.

Levando em consideração a tabela 1 os dados são semelhantes comparados com

os de Grossmann et al. 2007, Gaitán-Cepeda et al. 2010, Johnson et al. 2014, Açikgöz et

al. 2012, Tortorici et al. 2008, El Gehani et al. 2016 e Jones et al. 2006 quando

verificamos os casos de cistos radiculares. O cisto radicular foi predominante em todos

estes estudos, corroborando com os nossos achados.

Se observarmos a idade média dos cistos radiculares no presente estudo (34,4

anos), conseguimos encontrar resultados similares aos casos reportados por Tortorici et

al. 2008 (35,6 anos), Grossmann et al. 2007 (52,3% dos casos entre a 3ª e 4ª década de

vida), Jones et al. 2006 (3ª e 4ª década de vida) e Açikgöz et al. 2012 (4ª década de vida).

Ao avaliarmos o gênero dos pacientes acometidos com cisto radicular, obtivemos

uma relação M:F = 1:1,32, o que indica uma predileção pelo gênero feminino, assim como

encontrado por Grossmann et al. 2007 (51,1% dos casos sendo mulheres). Contrariando

nossos dados, Jones et al. 2006 encontraram uma relação M:F = 1,06:1, com mais casos

em homens (1914 homens e 1804 mulheres). Tortorici et al. 2008 também relataram um

índice M:F igual a 1.19 (692 homens e 581 mulheres) e Açikgöz et al. 2012 encontraram

mais homens do que mulheres (132/119 com taxa M:F igual a 1,1:1). El Gehani et al.

2016 também relataram uma taxa de M:F igual a 1,38:1.

O cisto radicular obteve como localização preferencial a maxila anterior neste

estudo com 31,6% dos casos, assim como Grossmann et al. 2007 (33,0%), El Gehani et

al. 2016 (48,6%), Jones et al. 2006 (52,3%), Tortorici et al. 2008 (68,6%) e Açikgöz et

al. 2012 (42,2%).

O cisto dentígero foi encontrado em 195 casos (17%) neste período pesquisado.

Os estudos de Jones et al. 2006 obtiveram 18,1%, Grossmann et al. 2007 relataram

B

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25,3%, Johnson et al. 2014 com 20,6%, Tortorici et al. 2008 com 11,4%, El Gehani et al.

2016 com 15% , Açikgöz et al. 2012 com 26,6% e Gaitán-Cepeda et al. 2010 com 34,5%.

A idade média dos cistos dentígeros encontrada foi de 19,6 anos, dado próximo a

El Gehani et al. 2016 (22,7 anos) e Grossmann et al. 2007 que encontraram predomínio

entre a 2ª e 3ª década de vida em 73% dos casos. Ao contrário, Açikgöz et al. 2012

mostraram que cistos dentigeros acometeram pacientes na 3ª década de vida, Tortorici et

al. 2008 mostrando idade média de 31 anos e Jones et al. 2006 com uma idade média de

40,8 anos.

A variação M:F para cistos dentigeros neste estudo foi 1,06:1, sendo um dado

obtido similar a Açikgöz et al. 2012 (1,1:1), Jones et al. 2006 (1,86:1), El Gehani et al.

2016 (1,4:1) e Tortorici et al. 2008 (1,57:1).

Os cistos dentígeros acometeram preferencialmente a mandíbula posterior (71

casos – 36,4%), assim como relatado por Grossmann et al. 2007 (43% - 303 casos),

Açikgöz et al. 2012 (65 casos – 53,2%), El Gehani et al. 2016 (20 casos – 40,8%) e Jones

et al. 2006 com 73,2% dos casos. Ao contrário, Tortorici et al. 2008 descreveu a região

de pré-molares da mandíbula (41,6%) como local de preferência.

Embora alguns autores tenham considerado o queratocisto odontogênico como um

tumor odontogênico queratocístico assim como a classificação da OMS de 2005, o

presente trabalho considera-o como cisto odontogênico, seguindo a atual classificação da

OMS recentemente publicada em 2017. Encontramos 147 casos de queratocisto

odontogênico no Laboratório de Patologia Oral desta instituição representando 12,8% dos

cistos. Nos estudos de Gaitán-Cepeda et al. 2010 foram encontrados 266 casos (20,1%),

Jones et al. 2006 encontrou 828 casos (11,6% - 30 anos de estudo), El Gehani et al. 2016

obteve 46 casos com 14,1%, Johnson et al. 2014 com 3308 casos – 12,5% (18 anos de

pesquisas), Açikgöz et al. 2012 com 15 casos (3,3%), Tortorici et al. 2008 apresentou 17

casos (1,3%) e Grossmann et al. 2007 com 7,2% (202 casos, considerando um período de

51 anos de estudo).

A idade média encontrada para queratocisto odontogênico (28,8 anos) é

semelhante ao estudo de Açikgöz et al. 2012 - 26,7% na 2ª década de vida e Grossmann

et al. 2007 que relataram maior incidência na 2ª e 3ª década de vida (59,6%). Jones et al.

2006 (41,3 anos), Açikgöz et al. 2012 (26,7% dos casos na 6ª década de vida – no mesmo

estudo) encontraram faixas etárias diferentes. Assim como Tortorici et al. 2008 com

média de idade de 39.1 e El Gehani et al. 2016 com média de idade de 36,1 anos.

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De acordo com o gênero dos pacientes com queratocisto odontogênico, Açikgöz

et al. 2012 encontraram uma maior prevalência em mulheres (66,7%), diferente dos

resultados de El Gehani et al. 2016 que relataram maior número de casos em homens

(M:F de 1,42:1). Tortorici et al. 2008 também observaram uma discreta predileção por

homens (9 casos masculinos e 8 femininos com taxa M:F de 1,12:1), assim como

Grossmann et al. 2007 que encontraram uma maior predileção pelo sexo masculino. Jones

et al. 2006 com um índice M:F de 1,27:1, mostraram resultados similares aos nossos (82

casos em homens e 65 casos femininos, M:F de 1,26:1). A localização preferencial do

queratocisto odontogênico é a mandíbula posterior com 66 casos neste estudo, em

concordância com os dados obtidos por Grossmann et al. 2007, Jones et al. 2006 com

71,1% dos casos, Tortorici et al. 2008 (94%), Açikgöz et al. 2012 (73% dos casos) e El

Gehani et al. 2016 com 26 casos representando 56,5%.

Os cistos não-odontogênicos com maior frequência neste estudo foram o cisto do

ducto nasopalatino com 32 casos (2,8%), o cisto epidermóide com 25 casos (2,1%) e o

cisto de retenção de muco com 17 casos (1,4%).

O cisto do ducto nasopalatino foi encontrado em 32 casos (2,8%) sendo 29

pacientes adultos e 3 jovens. Açikgöz et al. 2012 encontraram 7 casos (1,5%), todos em

adultos no seu trabalho. O total de Grossmann et al. 2007 foi de 64 casos (2,2%) e Uchoa-

Vasconcelos et al. 2014 citaram um número de 31 casos (43,6%) relatados em seu estudo.

Sua idade média foi de 35,4 anos de idade neste estudo. Açikgöz et al. 2012 não relataram

a idade média dos seus pacientes acometidos pela lesão, Grossmann et al. 2007 citaram

que a 3ª e 4ª décadas de vida são as mais encontradas para esta lesão e Uchoa-Vasconcelos

et al. 2014 observaram uma idade média de 47,4 anos, idade maior do que a encontrada

pelo presente trabalho. A predileção por homens nos cistos do ducto nasopalatino está

representada na proporção M:F de 1,1:1. Açikgöz et al. 2012 obtiveram uma relação M:F

de 2,5:1, o que representa uma diferença quando comparado ao nosso estudo. Grossmann

et al. 2007 encontraram uma predileção pelo sexo masculino e Uchoa-Vasconcelos et al.

2014 descreveram homens sendo acometidos em 58% dos casos. Sua localização

preferencial foi mais comum na linha média da maxila anterior em 25 casos (78,1%) no

presente estudo, assim como descreveram Açikgöz et al. 2012 (100% dos casos) e Uchoa-

Vasconcelos et al. 2014 com 30 casos (96,7%).

Estes resultados contribuirão para a compreensão da frequência dos cistos

odontogênicos e não-odontogênicos em uma população do Rio de Janeiro. Além disso,

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espera-se que os resultados obtidos sirvam de base para estudos futuros e ajudem os

profissionais a diagnosticarem e tratarem estas lesões da maneira apropriada.

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6. CONCLUSÕES

1. Os cistos odontogênicos mais comuns em uma população do Rio de Janeiro são o

cisto radicular, o cisto dentígero e o queratocisto odontogênico.

2. Os cistos não-odontogênicos mais comuns em uma população do Rio de Janeiro são

o cisto do ducto nasopalatino, o cisto epidermóide e o cisto de retenção de muco.

3. Os cistos odontogênicos e não-odontogênicos diagnosticados no laboratório de

Patologia Oral da UFRJ parecem mostrar um perfil clinicopatológico semelhante ao

encontrado em outros estudos do mundo, com poucas variações em relação à idade,

gênero e localização preferencial.

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