13
CLUSTERS DE SERVIÇOS E ANÁLISE DA COOPERAÇÃO ENTRE EMPRESAS DO SEGMENTO FINANCEIRO Agostinho Celso Pascalicchio (UPM) [email protected] Virginia do Socorro Motta Aguiar (UPM) [email protected] Carlos Eduardo Tacola Filho (UPM) [email protected] Paulo Roberto Ferres Padilha (UPM) [email protected] Este trabalho acadêmico tem por objetivo a análise de um cluster de serviços e os impactos para uma empresa do segmento. A competitividade entre empresas tornou acirrada a disputa entre diversos segmentos do mercado, expondo a necessidade ddas organizações em encontrar novas maneiras de buscar espaço no mundo dos negócios. Nesse processo de disputa de mercado, o surgimento dos clusters foi um meio encontrado pelas empresas, através da cooperação, para sua consolidação. A importância dos clusters na esfera nacional é explicada neste estudo, através da análise de suas facilidades e vantagens competitivas, o que traz grande interesse das empresas em conhecer regiões adequadas para o desenvolvimento em um determinado segmento. Para análise do local de formação de um cluster de serviços financeiros foi realizada uma pesquisa exploratória como estudo preliminar dos objetivos, assim, foram definidos os problemas a serem abordados e as técnicas mais adequadas a serem utilizadas na identificação do aglomerado de empresas de um mesmo setor. Neste trabalho foi realizado também, um estudo de caso baseado em um levantamento de dados quantitativos e qualitativos da cidade de São Caetano do Sul e analisada a formação do cluster de serviços financeiros no local, concluindo que a competitividade entre as empresas em uma região traz impactos positivos para as próprias empresas, para a região e para a população. Palavras-chaves: Clusters, competitividade, negócios XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

CLUSTERS DE SERVIÇOS E ANÁLISE DA COOPERAÇÃO … · Segundo Braga e Mascolo (1982), o sentido de concentração industrial tem uma acepção de certos tributos econômicos por

  • Upload
    hacong

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

CLUSTERS DE SERVIÇOS E ANÁLISE

DA COOPERAÇÃO ENTRE EMPRESAS

DO SEGMENTO FINANCEIRO

Agostinho Celso Pascalicchio (UPM)

[email protected]

Virginia do Socorro Motta Aguiar (UPM)

[email protected]

Carlos Eduardo Tacola Filho (UPM)

[email protected]

Paulo Roberto Ferres Padilha (UPM)

[email protected]

Este trabalho acadêmico tem por objetivo a análise de um cluster de

serviços e os impactos para uma empresa do segmento. A

competitividade entre empresas tornou acirrada a disputa entre

diversos segmentos do mercado, expondo a necessidade ddas

organizações em encontrar novas maneiras de buscar espaço no

mundo dos negócios. Nesse processo de disputa de mercado, o

surgimento dos clusters foi um meio encontrado pelas empresas,

através da cooperação, para sua consolidação. A importância dos

clusters na esfera nacional é explicada neste estudo, através da análise

de suas facilidades e vantagens competitivas, o que traz grande

interesse das empresas em conhecer regiões adequadas para o

desenvolvimento em um determinado segmento. Para análise do local

de formação de um cluster de serviços financeiros foi realizada uma

pesquisa exploratória como estudo preliminar dos objetivos, assim,

foram definidos os problemas a serem abordados e as técnicas mais

adequadas a serem utilizadas na identificação do aglomerado de

empresas de um mesmo setor. Neste trabalho foi realizado também, um

estudo de caso baseado em um levantamento de dados quantitativos e

qualitativos da cidade de São Caetano do Sul e analisada a formação

do cluster de serviços financeiros no local, concluindo que a

competitividade entre as empresas em uma região traz impactos

positivos para as próprias empresas, para a região e para a

população.

Palavras-chaves: Clusters, competitividade, negócios

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

2

1. Introdução

Aglomerações de empresas instaladas em clusters pode ser uma alternativa para o

desenvolvimento dos negócios no Brasil, já que o país tem potencial para suportar esse tipo de

negócio e as oportunidades de crescimento vêm aumentando ao longo do tempo. Em um

período no qual a competitividade entre empresas tornou a disputa de mercados cada vez mais

acirrada, a necessidade das empresas encontrarem novas formas de organização se torna

importante para proporcionar a elas um ganho maior de produtividade.

Segundo Amato Neto (2000) a maneira de se organizar em forma de aglomerados industriais

aparece como alternativa para as indústrias de maneira a promover o desenvolvimento

econômico de regiões e países, e transformar as empresas no campo da competitividade.

Porter (1989) mencionou que é possível ocorrer a cooperação em qualquer segmento de

atividade econômica, portanto, é viável também que o setor de serviços possa compor um

cluster, mesmo que o setor não tenha recebido tanta atenção quanto seus congêneres

industriais.

As dificuldades em mensurar as atividades do setor de serviços não impedem que seja visível

a grande contribuição do setor para a economia do país. O Brasil vem evoluindo na

constituição de clusters em suas regiões e é através dessa evolução que o presente trabalho

procura demonstrar os impactos que os aglomerados de empresas no setor de serviços podem

trazer para a sociedade em quase todos os aspectos.

Esse trabalho tem por justificativa a própria história e a eficiência industrial advinda do

conceito e desenvolvimento dos clusters. Vantagens dentro de um cluster podem aparecer no

compartilhamento de mão-de-obra especializada e de recursos, troca de informação,

mobilidade da mão-de-obra, além do desenvolvimento tecnológico mútuo entre as empresas

(PORTER, 1989).

O objetivo deste trabalho acadêmico foi desenvolver uma análise a respeito da cooperação

entre empresas do segmento financeiro inseridas em um cluster de serviços. Para isso foi

realizada uma pesquisa exploratória, complementada por um estudo de caso da formação de

um cluster de serviços financeiros na cidade de São Caetano do Sul.

2. Clusters

O cluster resulta de um aglomerado de empresas que de alguma forma se relacionam dentro

de uma concentração regional, e que também possuem características semelhantes. Dentro

deste contexto, as empresas buscam obter mais eficiência com colaboração entre si.

Segundo Porter (1989), um aglomerado é um concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituições correlatas numa determinada área, vinculada por elementos comuns e

complementares. Assim, os clusters se definem não apenas por um conjunto de empresas em

uma determinada região, mas também por possuir uma serie de características comuns, como

setores produtivos e comunicação eficiente entre ambas.

Com esse relacionamento mais evidente, Montgomery (1998) diz que clusters se tornaram

comum, mas por um interessante “crescimento inesperado”. Esses aglomerados de indústrias

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

3

sempre foram comuns em diversas regiões, mas não era estudado e muito menos percebido

pelos diversos tipos de negócios da época. A proximidade de empresas antigamente era vista

apenas como oportunidade de negócio, e mesmo sem a intenção dos comerciantes em juntar-

se para crescer mutuamente, era evidente a formação de polos comerciais.

Para transformar o cluster em um modelo de negócio competitivo deve-se, segundo Hoffmann

(2004), ter a necessidade de empregar métodos de inteligência competitiva que levam à

eficiência competitiva desses arranjos. Essa inteligência é uma área emergente do

conhecimento humano que trata do processo de monitoramento do ambiente para subsidiar as

decisões dos dirigentes das organizações.

3. Distritos Industriais

A concentração industrial se tornou um fenômeno recorrente em virtude de uma maior

conscientização a respeito das alusões econômicas e de políticas de concentração industrial,

fenômeno recorrente, principalmente, a partir da década de 70.

Segundo Braga e Mascolo (1982), o sentido de concentração industrial tem uma acepção de

certos tributos econômicos por correspondentes unidades de controle como, por exemplo,

indivíduos, firmas e estabelecimentos industriais o que se torna extremamente benéfico nas

áreas de investigação econômica e que essa expressão também possui emprego de categorizar

de maneira econômica métodos de mensuração e analise de problemas distintos.

Conforme Lastres e Cassiolato (2003, p. 5-6), os distritos industriais se tratam de uma

aglomeração de empresas com especialização produtiva e interdependência horizontal ou

vertical, e para os casos dos distritos industriais objetiva-se a especialização da produção.

Deste modo, existe a busca para atingir ganhos em escala de produção para as empresas de

pequeno e médio porte estabelecidas no espaço territorial delimitado, determinados como

distrito industrial.

Geograficamente além de reduzidas economias de escala e elevada cooperação entre agentes

econômicos, existem várias fases do ciclo de produção. Apresentam também reduzida

interação com agentes externos ao próprio distrito industrial com força de trabalho flexível

entre empresas além de coexistência de serviços especializados de assistência técnico-

financeira, internos ao distrito, mas exteriores à empresa com boas perspectivas de

crescimento e emprego em longo prazo.

4. Serviços

O termo serviço designa um tipo específico de bem com características de intangibilidade,

isto é, sem existência física. Distingue-se, portanto, do produto, o qual apesar de ser também

um bem, é um bem tangível. Outra forma de caracterizar um serviço é pelo fato deste não

poder ser armazenável, isto é, apenas é possível de ser consumido na hora em que for

produzido (NUNES, 2009).

Conceitualmente muitos autores procuram definir serviços como atividades ou benefícios e

satisfações de grande valor das quais o cliente possa, ou não, realizar por si próprio. Porem

para Kon (1999), as formas tradicionais de conceituação e classificação dos serviços já não

são mais suficientes para definirmos as mais recentes formas de serviços ocasionadas pela

constante transformação gerada pela introdução de novas tecnologias.

Para Brandão e Ferreira (1992), a linha de análise que mais se difundiu sobre o setor de

serviços foi aquela que segmentou o setor a partir da destinação das atividades nele

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

4

desenvolvidas. Muitas dessas atividades necessárias para a indústria, que utiliza o setor para

obter, com mais rapidez e facilidade, os insumos para produção.

4.1. Qualidade em Serviços

Para Juran (1997) as definições para qualidade podem ser vistas em conceitos como de

Características dos Produtos e Ausência de Deficiência. Para o cliente quanto melhores forem

as características dos produtos melhor será sua qualidade. Quando o autor fala de ausência de

deficiência, para o cliente, o menor número de deficiências no produto gera reconhecimento

da qualidade.

Segundo Fitzsimons (2005), para serviços, o termo qualidade surge ao longo de um processo

de prestação de serviços é definido como momento de verdade a hora em que se satisfaz, ou

não, o cliente. Sendo assim quando o serviço excede as expectativas, sua percepção é de

qualidade excepcional e o mesmo ocorre quando o serviço não atinge as expectativas que

também provoca uma percepção inaceitável.

Juran (1989 apud Renesto e Ramos, 2000) também diz que, qualidade é sustentada como uma

revolução continua que para seu sucesso deve ser um processo bem gerenciado, ou seja, para

a qualidade esse gerenciamento é dividido em três partes: planejamento da qualidade, controle

da qualidade e melhoramento da qualidade.

Para Oliveira (2006), qualidade é sinônimo de excelência absoluta e amplamente

reconhecível, onde qualquer que seja sua natureza, o entendimento do cliente não vai além da

sua percepção, pois ele a reconhece quando a vê.

Oakland (1994) diz que se qualidade é atender as expectativas dos clientes, isso poderá

implicar na inclusão de alguns aspectos como efetividade, confiabilidade, condições de

manutenção e adequação aos custos.

5. Vantagens Competitivas

Para Porter (1989) a vantagem competitiva é uma teoria de investimento e inovação e que as

indústrias internacionalmente competitivas têm a capacidade e vontade de melhorar e assim

poder manter esse tipo de vantagem.

A figura abaixo mostra o Modelo de Diamante criado por Porter, que visa mostrar os

aglomerados de setores competitivos não se dispersando, tendo a ideia de que o ambiente

competitivo promove a criação de outros setores.

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

5

Figura 1: Modelo de Diamante de Michael Porter

Fonte: Porter (1989)

Seguindo a mesma linha de raciocínio para que uma empresa se torne bem sucedida em seu

setor, ela deve procurar desenvolver vantagens competitivas ao longo do tempo, assim o

modelo “Diamante” faz prevalecer forças fomentadoras que se tornam igualmente

importantes para a competitividade.

Amorim (2007) ainda diz que, os fatores para o sucesso competitivo variam de setor para

setor que, de acordo com os padrões de concorrência vigentes, podem ser avaliados em

função se sua importância presente, bem como naquilo que se pode esperar em um futuro

próximo.

A competição em qualquer setor esta fortemente relacionada à sua forma de organização

econômica. Porter (1986 apud Toledo e Silva, 2004), sugere três estratégias competitivas

básicas que podem ser usadas de forma isolada ou combinadas: liderança no custo total,

diferenciação e enfoque.

As vantagens competitivas vêm se destacando em todos os tipos de clusters, mesmo nos de

serviços, que possuem muitos ramos e necessitam dessa competitividade como um agente

facilitador para o crescimento das empresas.

6. Ganhos de Logística

Logística, segundo Branski e Lima Jr. (2010), é a parte do processo da cadeia de suprimento

que planeja, implementa e controla os fluxos e armazenagem de bens, serviços e informações,

de forma eficiente e eficaz, desde a aquisição de matéria prima até o consumo final. O

objetivo da logística é garantir a sincronização e continuidade das atividades, evitando falhas

e interrupções (BALLOU, 2007).

Nesse contexto, pode-se relacionar a logística em clusters de serviços com os tipos de redes

de empresas que implementam e controlam qualquer tipo de fluxo e armazenagem das

informações necessárias para o abastecimento dos clientes em uma região, favorecendo todos

os negócios dependentes do cluster.

No ganho de logística, sobre fornecedores, matéria prima, distribuição de produtos e clientes,

é importante ressaltar a eficiência da produtividade e facilidade para execução do atendimento

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

6

através dos clusters industriais e/ou serviços. As redes de cooperação advindas das economias

de aglomeração (ou clusters), baseadas em vocações e priorizações de atividades podem se

tornar ágeis e alcançar resultados promissores para empreendimentos com transbordamento

benéfico para a sociedade graças à oportunidade de geração de renda e emprego que ensejam

no desenvolvimento local (CARVALHO, 2001).

Crescendo as oportunidades, a sociedade se beneficia e o desenvolvimento local torna a

existência dos clusters favoráveis para o ganho de produtividade e logística de distribuição,

tanto para os fornecedores quanto para os clientes.

As relações de cooperação entre as empresas de um mesmo segmento de atuação podem vir a

resultar na melhoria dos índices de qualidade e produtividade, redução de custos e de tempo

fabricação e, principalmente, no aprendizado entre as empresas envolvidas (LASTRES e

CASSIOLATO, 2003 apud AQUINO e BRESCIANI, 2005, p. 11-12).

Destacam-se diversas soluções logísticas que podem ser desenvolvidas para clusters, tais

como a coleta e abastecimento programado, consolidação de cargas por destinos, rotas ou

clientes, estocagem conjunta, investimentos compartilhados, unificação de call centers e de

serviços de atendimento a clientes, gestão de paletes, retirada e destinação de lixo e sucata,

gerenciamento do pedido do cliente, etc.

7. Estudo de Caso

O presente estudo, caracterizado como um estudo de caso, vem através de uma pesquisa

exploratória buscar uma análise por meio de observações de campo a respeito de uma possível

existência de um cluster de serviços na cidade de São Caetano do Sul e como se dá o processo

de instalação de uma empresa do setor financeiro na cidade.

Para a implantação de uma empresa ou planta de produção é necessário um estudo prévio de

alguns fatores que podem influenciar sua viabilidade de instalação. Para que se alcancem

esses objetivos é realizado um levantamento: da planta da região/cidade, de um estudo de

como funciona as atividades de seus concorrentes e dos dados socioeconômicos da população

local. Realiza-se então uma análise de campo para a obtenção destes dados, descritos à seguir.

7.1. Quantificação do Mercado

São necessários para uma análise “in-loco” coletas de dados bibliográficas e documentais

para verificação do como implantar uma empresa em um cluster de serviços financeiros de

uma determinada região.

Para atingir essa finalidade se buscou a análise de uma planta urbana (Guia de ruas ou mapa)

da área a ser analisada na cidade de São Caetano do Sul, bem como foram identificadas todas

as empresas na área a ser estudada e fez-se um levantamento dos endereços das empresas

concorrentes ou passiveis de aquisição. Isso se torna essencial para analisar a quantificação do

mercado na região.

A seguir, no Mapa 1, observa-se a região estudada e a identificação da formação de um

cluster de serviços financeiros, onde a disposição das 5 instituições financeiras, em azul, na

Av. Goiás, indica a possível formação de um cluster. Em vermelho, têm-se empresas do setor

de serviços que crescem e buscam a cooperação ao redor desse cluster.

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

7

Mapa 1: Disposição das empresas do setor de serviços na região estudada

Fonte: Google Maps Instituição

Finaceira

Numero de

Agências

A 4.005

B 3.945

C 5.138

D 865

E 103

C

D

A

B

E

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

8

O gráfico abaixo mostra o crescimento na quantidade de instituições financeiras de 2007 a

2010 na região. Analisando-se o trecho da Avenida Goiás em São Caetano do Sul é possível

identificar a presença de cinco instituições financeiras, o que justifica a caracterização de um

cluster do setor financeiro.

Gráfico1: Quantidades de Instituições Financeiras/ Agências Bancárias em São Caetano do Sul

Fonte: SEADE

Outro dado importante no estudo da região para inserção de uma empresa do setor de serviços

financeiros em uma região é a análise da renda da população. No gráfico abaixo se pode notar

que a renda média per capita no município de São Caetano do Sul é 47% maior que a média

do Estado de São Paulo.

Gráfico 2: Comparação entre as médias da renda per capita no Estado de São Paulo, Região Metropolitana de

São Paulo e o município de São Caetano do Sul

Fonte: IBGE

7.2. Qualificação do Mercado

Estando “em campo” para uma análise de mercado para a inserção de uma empresa em um

cluster de serviços financeiros, os principais indícios que devem ser observados são:

Qualificação do mercado, Fluxo e Forças de Atração do Mercado, e Empresas/Instituições

Financeiras no Mercado.

As variaveis observadas para a qualificação do mercado para a instalação de uma empresa em

um cluster de serviços financeiros, podem ser definidas a partir de uma análise prévia de uma

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

9

atividade economica predominante. No gráfico abaixo observa-se o predomínio da atividades

de serviços na região.

Gráfico 3: Comparação do valor adicionado bruto entre os setores de serviços e industriais em São Caetano

Fonte: IBGE

Por meio de pesquisa realizada baseada em dados disponibilizados pelo IBGE, é possivel

fazer uma análise do setor de serviços em relação à industria na cidade de São Caetano do

Sul. Observa-se um aumento consideravel no número de estabelecimentos do setor de

serviços de 2006 a 2009, o que agrega grande aumento no valor adicionado a serviços

superando o mesmo valor adicionado a indústria, conforme visto no gráfico 4.

Gráfico 4: Número de Estabelecimentos de Serviços em São Caetano do Sul

Fonte: IBGE

Além dos fatores apresentados anteriormente, a análise feita a respeito da comparação entre o

numero dos vinculos empregaticios na cidade de São Caetano do Sul, observa-se a

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

10

superioridade do setor de serviços em relação a indústria definindo o setor como principal

atividade econômica.

Gráfico 5: Comparação do vínculo empregatício entre os setores de serviços e industrial

Fonte: SEADE

7.3. Fluxo e Forças de Atração de Mercado

Para entender melhor a inserção de uma empresa do setor financeiro em um cluster de

serviços também é necessário observar o fluxo de pessoas no local. O sentido desse fluxo

facilita identificar os caminhos mais comuns para a população, as principais ruas e avenidas, e

quais seriam as direções “naturais” dos indivíduos e as possíveis razões para que esse fluxo

esteja direcionado para o cluster.

A existência e a qualidade dos serviços de transporte coletivo também facilitam o acesso dos

indivíduos ao ponto/região que é analisado.

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

11

Gráfico 6: Aumento da frota de ônibus na região

Fonte: SEADE

Outro ponto para observação da instalação de uma empresa do setor financeiro em um cluster

de serviços é a verificação da existência de pólos de atração, que também seria o motivo para

o grande fluxo de pessoas no local. Como mostra o mapa abaixo, a localização do Shopping

na cidade, no ponto A, é a grande fonte de atração de pessoas para as atividades de serviços.

Mapa 2: Localização do Shopping São Caetano

Fonte: Google Maps

7.4. Empresas/ Instituições Financeiras do Mercado

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

12

O conhecimento das agências da instituição analisada bem como as agências dos concorrentes

foi feita de maneira a observar alguns fatores como o layout dos estabelecimentos, seu

tamanho e a existência de estacionamento, pois, isso se torna um fator importante para análise

da concorrência local e a disputa de mercado.

Observando o Mapa 1 pode-se observar a localização física das instituições financeiras bem

como a importância estratégica de planejamento em relação aos seus concorrentes mostrando

e sua participação no mercado.

8. Conclusões

A pesquisa exploratória realizada sobre clusters e a identificação da formação desses

aglomerados de empresas de serviços possibilitou o entendimento do efeito de mudanças

regionais através da competição entre empresas que, na busca pelo desenvolvimento e

competitividade, acabam criando juntas vantagens competitivas e podem crescer mutuamente.

Apesar de ser pouco estudado no Brasil, o conceito de cluster de serviços vêm crescendo

junto com o setor no país. A evolução dessa estratégia competitiva pode trazer impactos

positivos não só para as empresas inseridas no cluster, como também para o desenvolvimento

socioeconômico da região, superando as indústrias em alguns aspectos.

A análise dos tipos de cluster em regiões pré-dispostas ao desenvolvimento mostra que a

aplicação dessa estratégia competitiva ainda é pouco explorada, apesar de existirem

aglomerados industriais desde o século XIX, onde as concentrações aconteciam

espontâneamente.

Através do estudo de caso, percebe-se que para a inserção de uma empresa em um cluster em

serviços foi imperativo uma análise da região e um levantamento socioeconômico da

população. A partir dos dados, identificou-se que em São Caetano do Sul existe uma

concentração de empresas do setor de serviços financeiros na Av. Goiás, localizada no centro

da cidade, que traz impactos na região devido ao fato de, uma vez instalado o cluster, espera-

se um aumento do número de empresas no local, bem como a melhora da economia do

município.

Com o surgimento do cluster constata-se que a cooperação entre as empresas cresce

naturalmente, pois a logística para distribuição do serviço e o alto número de clientes que

passam pelo local, desenvolvem todo o processo de prestação de serviços, visto que a

qualidade do serviço cresce para que possa haver competição e divisão do mercado.

Em trabalhos futuros, sugere-se que haja uma pesquisa mais aprofundada nesta área, pois a

escassez de material no Brasil impossibilitou um desenvolvimento mais aprimorado do tema.

Ressalta-se que, o campo para desenvolvimento na área é muito grande, podendo ser

abordadas diferentes variáveis de pesquisa que identifiquem outras formações de clusters em

locais pouco explorados. Assim, espera-se que este trabalho inicial possa contribuir com

informações úteis acerca do desenvolvimento do país nos setores econômicos em

crescimento, como o de serviços.

Referências

AQUINO, A. L.; BRESCIANI, L. P. Arranjos Produtivos Locais: Uma abordagem comercial – Organizações

em Contexto. Ano 1, n. 2 – dez/2005.

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

13

AMATO NETO, J. Redes de Cooperação Produtiva e Clusters Regionais, 1ª ed., São Paulo, Editora Atlas,

2000.

AMORIM, J. M.; CORRÊA, M. L. Cluster como estratégia competitiva no setor têxtil e vestuário: o caso de

Divinópolis/Minas Gerais – Revista de Administração da FEAD – Minas, Edição Especial, out/2007.

BALLOU, R.H. The Evolution and Future of Logistics and Supply Chain Management - European Business

Review, vol. 19; nº4, p. 332–348, 2007.

BRAGA, H. C.; MASCOLO, J. Mensuração da concentração industrial no Brasil. Rio de janeiro, RJ, 1982.

BRANDÃO, S. M. C.; FERREIRA, S. P. Setor Terciário: dificuldades para sua definição. Revista São Paulo

em Perspectiva, São Paulo, 1992.

BRANSKI, R. M.; LIMA JR., O. F. Logística no Setor de Serviços: Estudos de Casos com Empresas de

Utilidade Pública. XXX ENEGEP – São Carlos, SP, out/ 2 010.

CARVALHO, E. B. S. A abordagem de Clusters no setor serviços: um atalho para a competitividade e o

desenvolvimento econômico – Seminário Regional da ANPEC – 2001.

FITZSIMONS, J. A.; FITZSIMONS, M. J. Administração de serviços: Operações, Estratégia e Tecnologia

da Informação. Porto Alegre, RS, Editora Artmed, 4ªed., 2005.

FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS. Economia. Disponível em:

<http://www.seade.gov.br/index.php?option=com_jce&Itemid=39&tema=1> Acesso em: 21 mar. 2012.

GOOGLE. Google Maps. Disponível em:

<http://maps.google.com.br/maps?q=Avenida+Goi%C3%A1s,+S%C3%A3o+Caetano+do+Sul+-

+S%C3%A3o+Paulo&hl=pt-BR&ie=UTF8&ll=-23.616845,-46.546412&spn=0.054971,0.090895&sll=-

14.239424,-

53.186502&sspn=56.572795,57.919922&oq=Avenida+Goi%C3%A1s&hnear=Av.+Goi%C3%A1s+-

+S%C3%A3o+Caetano+do+Sul+-+S%C3%A3o+Paulo&t=m&z=14> Acesso em: 21 mar. 2012.

HOFFMANN, W. A. M.; GREGOLIN, J. A. R.; OPRIME, P. C. A contribuição da inteligência competitiva

para o desenvolvimento de arranjos produtivos locais: caso Jaú-SP – Revista Eletrônica Bibliotecon,

Florianópolis, Edição Especial, 2004.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades@. Disponível em: <

http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?uf=sp> Acesso em: 21 mar. 2012.

JURAN, J. M. A qualidade desde o projeto: Novos passos para o planejamento de produtos e serviços. São

Paulo, SP, Editora Pioneira, 1997.

KON, A. Sobre as Atividades de Serviços: Revendo Conceitos e Tipologias. Revista de Economia Política, vol.

19, nº 2, 1999.

LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E. Foco em Arranjos Produtivos Locais de Micro e Pequenas

Empresas. Instituto de Economia da UFRJ, 2003, p. 5-6.

MONTGOMERY, C. A. (org.); PORTER, M. E. Estratégia: a busca da vantagem competitiva. 3. ed., Rio de

Janeiro, Campus, 1998.

NUNES, P. Conceito de Serviço. Disponível em:

<http://www.knoow.net/cienceconempr/economia/servico.htm>. Acesso em: 01 mar 2012.

OAKLAND, J. S. Gerenciamento da qualidade total. São Paulo, SP, Editora Nobel, 1994.

OLIVEIRA, O. J. et al.. Gestão da Qualidade: tópicos avançados. São Paulo, SP, Editora Thomson, 2006.

PORTER, M. E. A.. Vantagem Competitiva das Nações. 10ª ed., Rio de Janeiro, Editora Campus, 1989.

TOLEDO, G. L.; SILVA, A. C. A. Estratégias Competitivas e Cooperativas em Clusters Turísticos – Um

Diagnóstico da Região dos Lagos. VII SEMEAD – FEA-USP, São Paulo, 2004.