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Crônica "Colisões e a vida" de Luísa Dal Mas, produzida para a cadeira de Redação e Produção em Jornal da Famecos/PUCRS
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Colisões e a vida
Este ano tirei a minha carteira de motorista, o sonho e o terror de
muitos jovens. Foi difícil, mas passei na prova de primeira. Logo no início não
tinha coragem de andar sozinha por aí, exigia minha mãe no banco do
carona para me ajudar, me guiar nos momentos de pânico. Afinal, é difícil
entender o trânsito assim, tão rápido.
Com o tempo, consegui conquistar as ruas sozinha, mas aí, veio a
primeira batida. Não foi nada grave, ninguém se machucou, a não ser a
minha confiança. Voltei à estaca zero e toda aquela autonomia precisou ser
reconquistada.
Fiquei pensando e cheguei à conclusão de que dirigir tem muito a ver
com viver. Passamos grande parte da nossa vida no banco do carona, seja
dos nosso pais, dos tios, dos amigos. Dependemos de outras pessoas para
chegar onde queremos e para alcançar nossos objetivos e desejos.
Então chega a hora de crescer e encarar as ruas sozinho. A carteira
de motorista é como um atestado da maturidade, como se aquele papel
dissesse: parabéns, agora você é um adulto, não depende mais dos outros
para explorar o mundo, o direito de ir e vir agora é pleno.
Quem não amaria isso? É o sonho de qualquer um, mas nem tudo que
é bom, é fácil. Na verdade, quase nada. Conquistar esse título exige esforço,
calma e dedicação, para provar que é capaz de cuidar da sua própria vida, e
às vezes da dos outros. Aquele conforto, aquela segurança que vinha dos
outros não existe mais, e isso acaba fazendo mais falta do que
imaginávamos.
Você vai encontrar obstáculos pelo caminho, as batidas são
inevitáveis, mas nos fazem crescer, nos tornam independentes e corajosos.
O susto é necessário para manter a calma na próxima vez.
Pode ser que que a primeira seja a última, pode ser que muitas ainda
estejam por vir, mas o certo é que a estrada quase nunca é reta. Existem
curvas, quebra-molas, buracos e placas de pare, e é isso que faz a vida
interessante. Afinal, se não pararmos vez ou outra em uma sinaleira, não
podemos apreciar a vista.