Com o ano da fome em 1846 e o grande número de emigrantes a partir de 1851, a população

irlandesa teve um drástico decréscimo. O número de casas habitadas diminuiu e os

arrendamentos com menos de 15 acres foram centralizados, fazendo com que seu número global

caísse (MARX).

Esse decréscimo da população gerou um decréscimo na massa de produtos e na produção da lavoura, mas houve um acréscimo na renda da terra e nos lucros por arrendamento. Tal acréscimo explica-se devido à fusão já citada dos arrendamentos e a conversão de terras cultivadas em pastagem para o gado, fazendo com que o produto excedente aumentasse. Outra ajuda foi o crescente preço inglês de mercado (MARX).

Meios de produção dispersos, que são usados apenas para subsistência e ocupação dos produtores, mas não são usados para valorização do trabalho de outros, também são considerados capital. Se uma diminuição na massa populacional também gerou um decrescimento na massa dos meios de produção utilizados na agricultura, houve um aumento na massa de capital empregada, pois os meios antes dispersos são transformados em capital (MARX).

A fome na Irlanda matou mais de 1 milhão de pessoas, mas não gerou prejuízo à riqueza do país, já que atingiu a porção pobre da população. Também, não efetuou os meios de produção, como ocorrido em eventos anteriores. Essa população pobre emigrava para os Estados Unidos e mandava porções de dinheiro e meios para que os que permaneceram no país pudessem também emigrar. Cada grupo de pessoas que emigrava num ano, levava consigo mais um grupo no próximo ano. Isso fazia com que a emigração Irlandesa fosse um dos meios mais rentáveis de atividade de exportação. Mas, o número de pessoas que saiam do país era maior do que o crescimento vegetativo podia repor, fazendo com que o nível populacional absoluto caísse (MARX).

A emigração leva também à diminuição da demanda local de trabalho e dos rendimentos de pequenos comerciantes e empresários em geral, o que influencia o mercado interno (MARX).

Para os grandes proprietários, a única coisa que importava era seu lucro e o aumento da renda que sua terra proporcionava. Tal diminuição da população contribuía para que seus arrendamentos fossem fundidos e trabalhadores expulsos e explorados.

Uma situação que exemplifica as condições dos diaristas rurais na Irlanda é o aumento que ocorria nos salários, mas que não se equivalia ao aumento dos preços dos produtos de subsistência, mascarando uma queda real nesse salário. Antes da epidemia da fome, a maioria dos salários era paga ‘in natura’, depois, o pagamento em dinheiro virou regra, o que agravava o problema do salário real (MARX).

A situação habitacional dos trabalhadores agrícolas, que moravam nas terras dos arrendatários e até mesmo eram confundidos com eles, após o ano de 1846, piorou. Tais trabalhadores diaristas, cujo número diminuía cada vez mais, ainda moravam nas terras dos

arrendatários, mas em horríveis choupanas superlotadas. Isso ocorria de modo geral, excluindo alguns condados com exceções (MARX).

Com a revolução agrária, essas choupanas foram varridas. Isso fez com que os trabalhadores fossem obrigados a procurar abrigo em aldeias e cidades. O trabalhador, agora, teria de procurar emprego em arrendamentos vizinhos e percorrer grandes distancias para chegar até eles, o que provocava fraqueza e doenças (MARX).

Algumas das queixas do proletariado Irlandês, portanto, eram a insegurança e a irregularidade da moradia. Diferentemente da Inglaterra, a reserva agrícola da Irlanda se encontra na cidade, onde se refugiavam, pois foram expulsos do campo. Eles não deixam de ser trabalhadores rurais, continuam tendo de percorrer grandes distancias de volta ao campo para encontrar trabalho(MARX).

Mesmo se esforçando para economizar o pouco que ganhavam, os trabalhadores rurais mal conseguiam suprir as necessidades de sua família e até mesmo eram mais suscetíveis à doenças. Isso gerava um grande descontentamento e a ideia fixa e compreensível de emigrar para a América (MARX).

Percebemos que a diminuição da população Irlandesa trazia benefícios aos senhores de terra e aos extratores de mais-valia. Arrendamentos pequenos eram centralizados e seus trabalhadores rurais eram expulsos do campo. A cada ano, o ganho dos extratores de mais-valia aumentava em grande escala. E o desejo desses capitalistas pela emigração e qualquer forma de redução da população, para benefício próprio, era cada vez maior.