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Comrcio Eletrnico em Angola: Impacto e Desafio Face
Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo -
Caso TAAG
Kikufi Matondo Bobo
Dissertao apresentada ao Instituto Superior de Contabilidade e
Administrao do Porto para a obteno do Grau de Mestre em
Empreendedorismo e Internacionalizao
Porto, Maio de 2014
INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAO DO PORTO
INSTITUTO POLITCNICO DO PORTO
Comrcio Eletrnico em Angola: Impacto e Desafio Face
Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo -
caso TAAG
Kikufi Matondo Bobo
Dissertao apresentada ao Instituto Superior de Contabilidade e
Administrao do Porto para a obteno do Grau de Mestre em
Empreendedorismo e Internacionalizao
Orientao pela Professora Doutora:
Ana Azevedo
Manuela Patrcio
Porto, Maio de 2014
INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAO DO PORTO
INSTITUTO POLITCNICO DO PORTO
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
i
RESUMO
Em angola as grandes empresas no perderam a oportunidade de estar presentes no
mercado digital, acompanhando as tendncias econmicas e tecnolgicas da globalizao das
economias que fazem com que haja cada vez mais competitividade seja no mercado interno ou
externo, mais segmentos do mercado e maiores consumidores online.
O Comrcio Eletrnico atua em vrios segmentos em todo o mundo, entre eles o setor de
turismo e o seu subsetor de transportes areos, causando mudanas no setor e atuando como um
novo canal de valor para as empresas areas.
Face a esta realidade, o presente trabalho pretende analisar os principais impactos
causados pela adoo do Comrcio Eletrnico (CE) na empresa TAAG (Transportes Areos
de Angola), bem como perceber se esta adoo levar a uma maior e melhor
internacionalizao para o mercado global do que o conseguido pelos tradicionais canais de
distribuio. O intuito analisar como a TAAG utiliza o seu website em termos de aspetos
relacionados com a divulgao, transao e relacionamento com seus parceiros e clientes e no
que toca a desafios referentes adoo deste novo canal.
Obviamente, a maior ameaa para uma empresa pode radicar tanto no facto de falhar
na implementao da internet como de no conseguir implement-la estrategicamente.
Adaptando-se um modelo de estudos de website ser analisado como a TAAG,
transportadora de passageiros, atua no mercado online e como utiliza o seu website a partir dos
pontos de vista de um utilizador (B2C) e de um intermedirio de negcios (B2B). e
Posteriormente, atravs da entrevista com os responsveis pretende-se verificar, a partir da
viso da empresa area, de que maneira esta analisa os servios disponibilizados no seu site
atravs de uma anlise SWOT e quais os impactos e desafios implementao deste ambiente
virtual.
PALAVRAS-CHAVE: Comrcio Eletrnico, Angola, Internacionalizao, Transporte Areo.
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
ii
ABSTRACT
In Angola the big companies have not lost the opportunity to be present in the digital
market, following the economic and technological trends of economic globalization that cause
there is increasing competitiveness both in domestic and foreign markets, more market
segments and the largest consumer online.
Electronic Commerce operates in several segments throughout the world , including
the tourism sector and its sub-sector of air transport , causing changes in the sector and act as
a new channel of value to airlines .
Considering this fact, this study aims to analyze the main impacts caused by the
adoption of Electronic Commerce (EC) to the company TAAG ( Air Transport of Angola ) ,
and if this adoption will lead to internationalize better for the global market than traditional
distribution channels , by analyzing how the lines Angola airlines uses its website - in terms of
issues related to disclosure , transaction and relationships as partners and challenges to
adoption of this new channel.
Obviously, the greatest threat to a company may be rooted in the fact that both fail in
the implementation of the internet as failing to implement it strategically.
Adapting a model for studies of website will analyze how TAAG passenger carrier and
worked in the online market and uses its website from the point of view of a user (B2C) and
business (B2B) and later through the intermediary interview with officials we intend to
investigate, from the perspective of airline, how this analyzes the available services in your
website through a SWOT analysis and what the impacts and challenges to the implementation
of this virtual environment.
KEYWORDS: Electronic Commerce, Angola, Internationalization, Air Transport.
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
iii
AGRADECIMENTOS
, acima de tudo, a dissertao o coroamento da realizao de um objetivo acadmico, o fim
de uma etapa e o incio de outra. Apesar de ser, um trabalho individual, no posso deixar de
expressar os meus agradecimentos a todos os que contriburam para a sua realizao.
s Professoras Doutoras Ana Azevedo e Manuela Patrcio, pela orientao, acompanhamento
e incentivo durante a dissertao pesquisa.
Professora Doutora Maria Clara Ribeiro, sempre bastante prestativa e atenciosa na soluo
de problemas administrativos do dia-a-dia do curso de mestrado de Empreendedorismo e
Internacionalizao.
Aos Professores Doutores da Comisso Examinadora,
Aos Professores Doutores Jos de Freitas Santos, Celsa Machado, Adalmiro Andrade Pereira, Orlando Lima Rua, Antnio Correia de Barros, pelo exemplo de dedicao Academia e
pelos ensinamentos durante as disciplinas do Mestrado.
Aos colegas da turma de Mestrado, pela parceria e partilha de conhecimentos ao projeto da
dissertao.
Aos professores Doutores Carlos Diakanamwa, Maria de Ftima, Sony Kambol Mbunga
Nzinga David, Heitor Timotio e autoridades da Universidade Kimpa Vita pelos incentivos e
oportunidades dadas.
Aos colegas professores da universidade Kimpa Vita pelos incentivos em particular: Msc.
Makiesse Mavakala, Msc Lukonda bau, Msc. Lutonadio Mavakala, Dr. Nsimba Petezi, Dr.
Kikufi Sunda, Dr. Nzau Lukoki,
Aos meus pais Kikufi Andr e Nsimba Margarida, por quem tenho muito respeito, carinho,
admirao e amor, aqueles que amarei para sempre e a quem devo muito da pessoa que sou.
minha esposa Niclette Nsakala e os meus filhos: Kikufi Andr Bena, Kikufi Matondo
Winny e Kikufi Kristy Zolana pelo amor, pacincia, compreenso e carinho.
Aos meus irmos Kikufis pelos conselhos e apoio moral assim que a toda minha famlia.
s Familias Mvutu Sebastio, Kivoloka, Tundu, Kifuanako Jacques, Zolana Matundu,
Dialukunsia pelo apoio Moral.
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
iv
Ao Inagbe pelo apoio financeiro.
Ao chefe de Escala da TAAG Porto, Sr. Fernando Jorge Susa Santos , o seu supervisor Sr.
Mario Jorge da Silva , assim que os todas balconistas pelo preenchimentos dos inquritos,
disponibilidade em conceder as entrevistas e fornecimento das demais informaes
requisitadas.
A todas as pessoas que sempre me apoiaram na realizao deste estudo, incentivando-me at
ao fim.
A Deus todo-poderoso.
A todos sou sinceramente grato.
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
v
Citao
"A vida est cheia de desafios que, se aproveitados de forma criativa, transformam-se em oportunidades"
Marxwell Maltz
" A cincia ser sempre uma busca e jamais uma descoberta. uma viagem, nunca uma chegada. "
Karl Popper
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
vi
GLOSSRIO
ACEP : Associao do Comrcio Electrnico em Portugal
AICEP: Agencia para o Investimento e Comercio Externo de Portugal
ANACOM : Autoridade Nacional de Comunicaes
B2A: Business-To-Administration
B2B: Business-To-Business
B2C: Business-To-Consumer
B2E: Business-To- Entreprise
BafD: Banco Africano de Desenvolvimento
CE: Comrcio Eletrnico
CPLP :Pases de Lngua Oficial Portuguesa
CRM : Customer Relationship Management
CRS : Sistema de Reserva Computarizado
EU: Unio Europeia
EUA: Estados Unidos de America
FMI:Fundo Monetario Internacional
GDS : Sistema Global de Distribuio
IATA: Associao Internacional de Transporte Areo
IDE: Investimento Estrangeiro Directo
OAIC: Organizao de Aviao Civil Internacional
OMC: Organizao Mundial de Comercio
OMS : Organizao Mundial de Sade
OMT :Organizao Mundial do Turismo
ONU: Organizao das Naes Unidas
OPEP: Organizao dos Pases Exportadores de Petrleo
SADC: Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral
SWOT: Strengths, Weaknesses, Oportunities, Threats (Pontos Fortes, Pontos Fracos,
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
vii
Oportunidades e Ameaas)
TAAG: Transportes Areos de Angola
TAP: Transportes Areos de Portugal
TIC :Tecnologia de Informao e Comunicao
UA: Unio Africana
WWW: World Wide Web
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
viii
NDICE GERAL
Resumo ... i
Abstract .. ii
Agradecimentos .. iii
Citaes .. v
Glossrio vi
ndice de Quadros .. xi
ndice de Grficos .. xii
ndice de Figuras xiii
1. Introduo .. 1
1.1 Problema de Pesquisa . 1
1.2. Objetivos ......... 3
1.3. Hipteses ........ 3
1.4. Justificativa . 4
1.5. Mtodos e Tcnicas Utilizadas ......... 4
1.6. Delimitao do Trabalho 5
1.7. Estrutura do Trabalho 5
Parte I : Reviso da Literatura
2. Transporte Areo ........ 8
2.1. Definio. 8
2.2. Histrico do Transporte Areo ....... 8
2.3. Caractersticas . 9
2.4. Tipo de Navegao Area ........ 9
2.5. Vantagens e Desvantagens do Modal Areo ... 10
2.5.1. Vantagens ....... 10
2.5.2. Desvantagens .. 10
2.6. Tipos de Aeronaves ......... 11
2.7. Panorama do Transporte Areo Internacional 11
2.7.1. Crise e Estratgia no Transporte Areo ... 11
2.7.2. Alianas e Parcerias Comerciais na Aviao Civil ......... 13
2.7.3. Passagem Low Cost no Setor de Transporte Areo ... 14
2.8. Sistemas de Reservas e Compras de Passagens Areas 14
2.9. Padro de Precificao das Passagens Areas .. 15
2.10. Sincronia entre Transporte Areo e Turismo .. 16
3 Internacionalizao . 18
3.1. Definio ......... 18
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
ix
3.2. Motivaes para a Internacionalizao ........ 19
3.3. Processo de Internacionalizao . 20
3.3.1. Formas de Penetrao e Abordagem ao Mercado ....... 20
3.3.2. Vantagens da Internacionalizao ........ 22
3.3.3. Desvantagens da Internacionalizao .. 22
3.4. Requisitos necessrios ao processo de internacionalizao .. 23
4. Comrcio Eletrnico (CE) .. 24
4.1. Internet ... 24
4.2. Comrcio Eletrnico .. 26
4.2.1. Definio ......... 26
4.2.2. Evoluo do Comrcio Eletrnico no Mundo 27
4.2.3. Historial de Implementao do Comrcio Eletrnico no Setor do Transporte Areo ..... 28
4.2.4. Tipos de Comrcio Eletrnico ......... 29
4.3. Modalidades de Pagamento no Comrcio Eletrnico .. 32
4.3.1. Segurana no Comrcio Eletrnico . 32
4.4. Questes Legais do Comrcio Eletrnico ........ 33
Parte II: Comrcio Electrnico em Angola : Anlise do caso TAAG
5. Viso Macroscpica de Angola ........ 37
5.1. Angola em Ficha . 37
5.1.1. Dados Gerais .. 37
5.1.2. Informao Geogrfica ....... 38
5.1.3. Informao Demogrfica ......... 38
5.1.4 Classificao no Ranking Internacional ....... 38
5.2. Evoluo dos Indicadores Macroeconmicos . 39
5.3. Relaes Internacionais e Regionais ......... 40
5.4. Dimenso Cultural segundo Hofstede (1998) .. 41
6 Comrcio Eletrnico em Angola 42
6.1. Taxa de Penetrao do Comrcio Eletrnico em Angola 42
6.2. Interesse do Governo Angolano face ao CE ... 43
6.3. Barreiras ao Desenvolvimento do CE . 44
6.4. Quadro Jurdico do Comrcio Eletrnico em Angola . 46
7. Comrcio Eletrnico na TAAG face Internacionalizao 46
7.1. Apresentao da Empresa TAAG ... 46
7.1.1. TAAG em Ficha . 47
7.2. TAAG e a Estratgia da Internacionalizao a partir do CE ........ 48
7.3. Portal do Website da TAAG ... 50
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
x
7.4. Anlise crtica face ao Website de Angola Airlines ... 51
7.5. Anlises das entrevistas ........ 52
7.5.1. Anlise SWOT do CE na TAAG ........ 52
7.5.2 Anlise baseada nos modelos do CE na TAAG .. 54
7.5.3. Anlise das formas de venda de passagens areas na TAAG ... 55
7.6. Impacto do Comrcio Eletrnico na TAAG .. 57
7.7. Discusso dos Resultados ....... 57
7.7.1 Desafios Tecnolgicos e Securitrios .. 58
7.7.2. Desafios Culturais e Jurdicos . 58
7.7.3. Desafios Organizacionais ........ 58
7.7.4. Desafios Estruturais ........ 59
7.8. Expectativas face aos Desafios ........ 59
Parte III: Concluso e Trabalho Futuro
8. Concluses e Trabalho Futuro ........ 61
8.1. Concluses . ........ 61
8.1.1. Limitaes .. 62
8.2. Trabalho Futuro . 63
Referncias Bibliogrficas 64
Anexos
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
xi
NDICE DE QUADROS
Quadro 1. Consolidao de fluxos tursticos das viagens areas nas principais regies do mundo (dados estimados) ... 17
Quadro 2. Principais Indicadores Macroeconmicos de Angola .. 39
Quadro 3. Quadro seletivo dos pases pelo nmero de utilizadores da internet .... 45
Quadro 4. Anlise crtica face ao website de Angola Airlines ... 51
Quadro 5. Anlise SWOT do CE na TAAG ... 53
Quadro 6. Anlise baseada nos modelos de CE na TAAG .. 54
Quadro 7. Volume de negcios realizados em 2012-2013 55
Quadro 8. Anlise referente s nacionalidade dos potenciais clientes na poro B2C, 2013-2013 56
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
xii
NDICE DE GRFICOS
Grfico 1. Utilizadores da Internet no Mundo .................................................................................................27
Grfico 2. Acesso da internet em Angola em comparao com Brasil e Portugal .....................................42
Grfico 3. Volume de negcios realizados em 2012-2013 ..............................................................................55
Grfico 4. Anlise das nacionalidades dos potenciais clientes na poro B2C, 2012-2013 .......................56
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
xiii
NDICE DE FIGURAS
Figura 1. Sistema turstico de Leiper (1979) ......................................................................................................17
Figura 2. Modelo de modos de entrada em mercados externos (Shama, 2000) ..........................................21
Figura 3. Modelo Integrado de possibilidades das transaes no CE ...........................................................30
Figura 4. Pagamento efetuado atravs de SET .................................................................................................33
Figura 5. Mapa de Angola ....................................................................................................................................37
Figura 6. Layout de website do Plano estratgico governao Eletrnico de Angola................................43
Figura 7. Logotipo e Slogan da TAAG ..............................................................................................................47
Figura 8. Questes bsicas do processo de internacionalizao de uma empresa ......................................48
Figura 9. Internacionalizao TAAG com a TIC .............................................................................................49
Figura 10. Portal do site online da TAAG ........................................................................................................50
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
1
1. INTRODUO
A velocidade com que a tecnologia evolui no mundo atual impe s economias uma
nova realidade, na qual as plataformas tecnolgicas servem de base para novas formas de se
distribuir conhecimento e para novas prticas de negcios entre empresas e seus clientes.
Graas ao fenmeno da Globalizao, os mercados esto cada vez mais prximos e as
distncias geogrficas parecem no intimidar a chegada de concorrentes.
At h bem pouco tempo as pessoas satisfaziam suas necessidades de compra atravs
do varejo tradicional. O consumidor buscava um ponto de venda, apresentava sua demanda
ao vendedor, conhecia a oferta de produtos e conclua o negcio.
A utilizao da internet apresenta um crescimento evidente em pases desenvolvidos e
em desenvolvimento. Essas transformaes do mundo econmico e empresarial implicam,
igualmente, grandes mudanas no mundo jurdico, sobretudo no que tange o contrato jurdico
entre o vendedor e o consumidor.
Nas ltimas dcadas, a evoluo das tecnologias de informao e de comunicao de
dados via internet marcaram uma nova fase do processo de internacionalizao da economia.
Efetivamente, as organizaes procuram, neste novo contexto, manter-se alinhadas com a
estratgia desenhada para o negcio, mas abrindo uma nova porta aos consumidores dando-
lhes acesso aos seus produtos de uma forma simples e rpida. O comrcio eletrnico
apresenta-se como um canal de vendas adicional e, como tal, influencia toda a dinmica
operacional da empresa (Carrera, 2012).
O Comrcio Eletrnico (CE) surge nesse contexto de competitividade e estabelece-se
como uma ferramenta de negcio que oferece altos ndices de crescimento no mundo, de
maneira geral.
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA
A indstria turstica, na sua globalidade, tem vindo a sofrer com a atual crise financeira
mundial. Agncias de viagens, hotis e empresas areas tm vindo a apresentar enormes
dificuldades para manter os seus negcios, alm de outros setores que indiretamente
apresentam problemas decorrentes desta conjuntura, nomeadamente os sectores automvel,
social, alimentao, entretenimento, lazer, entre outros.
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
2
Um dos sectores que tambm procura reestruturar-se no mbito desta realidade o
segmento de transporte areo, uma poro da indstria do turismo. Este subsetor, alm de
sofrer das consequncias negativas do atentado terrorista do World Trade Center, ocorrido em
Nova Iorque, nos EUA, em Setembro de 2001, da Crise Financeira Mundial de 2008, da
reestruturao da Organizao de Aviao Civil Internacional (OAIC) e da associao
internacional de transporte areo (IATA) com as famosas listas negras que proibiam
companhias areas internacionais sem normas de segurana de operar na Unio Europeia, teve
como resultante a diminuio no nmero de passageiros para as empresas areas e a
consequente desistncia de um grande nmero de empresas operando no setor.
De facto, aps o atentado foi notrio o elevado nmero de passageiros que deixaram
de voar por medo de novos ataques terroristas, e com isto o prejuzo para algumas empresas
areas foi enorme, gerando graves situaes financeiras quando empresas de renome no
mercado pediram falncia, como a Swissair, a USAir e, mais recentemente, a Ibria, Alitalia,
United Airlines, etc.
Nunca de mais afirmar que a Internet tem estado a mudar os nossos hbitos e
costumes, as nossas formas de organizao, de comunicao e at a nossa maneira de fazer
negcio. O comrcio tradicional foi revolucionado pelo aparecimento das tecnologias de
informao e comunicao (TIC) com maior incidncia para a Internet, motivando a
diversificao nos processos de negociao, reduzindo a importncia da distncia geogrfica,
reforando as foras integradoras da globalizao, incrementando a velocidade inovao,
apressando todo o ritmo de vida (Dionsio et al. 2009), e uma nova forma de contratos
jurdicos entre parceiros. Estas tecnologias tm permitido no s a proximidade entre empresa
e clientes mas tambm tem possibilitado que as organizaes ultrapassem barreiras comerciais
e excluso de forma dinmica.
Face a esta realidade conjetural e a esta nova realidade virtual, as empresas areas
foram obrigadas a reestruturar-se, mudar de estratgia e adotar ferramentas tecnolgicas
modernas para sobreviver, por fim de vender seu produto, atingir potenciais novos clientes e
enfrentar a concorrncia, cada vez mais inovadora e exigente. Esta situao tem-se conseguido
graas ao Comrcio Eletrnico.
O Comrcio Eletrnico oferece muitas vantagens, desde a facilidade de marketing
relacional, a criao de novos canais de vendas, a inovao nos produtos e servios, indo at
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
3
criao de novas oportunidades de negcio num contexto de internacionalizao e de
competitividade global.
A adoo do Comrcio Eletrnico tem sido objeto da ateno de um nmero
significativo de empresas, empresrios, empreendedores e investigadores em anos recentes.
1.2. OBJETIVOS
A presente dissertao tem como Objetivo Geral identificar os impactos de Comrcio
Eletrnico em Angola, no mbito de internacionalizao das empresas, nomeadamente a
anlise do seu embate sobre os respetivos processos de internacionalizao das Taag (Linhas
Areas de Angola).
Para atingir esse objetivo, constituem-se os seguintes objetivos especficos:
a. Apontar as razes pelas quais as empresas se disponibilizaram a utilizar a internet para fazer os
seus negcios;
b. Identificar as razes pelas quais os passageiros ou clientes procuram consultar e comprar passagens via
internet;
c. Saber se estas tecnologias tm permitido as empresas superar barreiras organizacionais, geogrficas,
temporais e se possibilitam a integrao de forma dinmica e mais competitiva, a fim de ter um melhor
e maior acesso aos recursos financeiros disponvel no mercado internacional.
Face a esta realidade apresentada, o presente trabalho tem como objetivo analisar
como a TAAG (Linhas Areas de Angola), empresa Pblica de Angola que atua no mercado
internacional transportador de passageiros, est a fazer uso da Internet e, atravs do seu website,
do Comrcio Eletrnico para realizar as transaes
de passagens areas com seus
consumidores fsicos.
1.3. HIPTESES
Para responder s perguntas de investigao colocadas, formularam-se as seguintes
questes, ensaiadas para as perguntas de pesquisas propostas:
A empresa TAAG est a utilizar a Internet como um canal de divulgao, relacionamento e
transao.
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
4
Das adoes s realizaes porque o Comrcio Eletrnico considerado como canal de
internacionalizao dos negcios.
Qual o impacto e eventuais desafios utilizao do ambiente de Comrcio Eletrnico para as
transaes diretas ou indiretas de passagens areas neste clima de competitividade e constante inovao.
Qual base do quadro jurdico de contrato entre o vendedor e comprador online na TAAG.
1.4. JUSTIFICATIVA
Hoje em dia, a globalizao faz com que as empresas necessitem de conquistar um
espao cada vez maior para conseguir obter sucesso, sendo que a internet atua como uma
poderosa ferramenta para estes fins, por ter alcance global de 24 horas por dia, 7 dias por
semana. Alm disso, o ambiente digital cada vez mais utilizado como local de transaes,
pois as empresas j perceberam o seu potencial e vantagens.
O Comrcio Eletrnico um tema que tem sido bastante investigado. Contudo, apesar
da sua importncia no cenrio atual da economia globalizada, notou-se uma carncia de
estudos e pesquisas no que se refere ao impacto causado pela sua adoo e incorporao s
atividades comerciais de uma empresa de transporte areo, no caso de Angola em particular.
Dado o interesse pelo tema, buscar o preenchimento desta lacuna foi o fator que nos motivou
elaborao deste trabalho.
1.5. MTODOS E TCNICAS UTILIZADAS
De acordo com Correia A. M. R. e Mesquita A (2012, p. 14), e para a recolha das
informaes precisas e claras para o nosso trabalho de investigao cientfica, foi necessrio
usar diversos mtodos e tcnicas.
Quanto aos mtodos, utilizamos o documentrio (ou reviso bibliogrfica), o analtico
e o histrico:
1. Mtodo documentrio, possibilitou-nos percorrer a documentao referente ao
nosso projeto;
2. Mtodo analtico, permitiu-nos analisar brevemente os dados recolhidos durante o
nosso estudo;
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
5
3. Mtodo histrico, permitiu-nos conhecer brevemente o historial desta unidade em
estudo.
Portanto, no que diz respeito s tcnicas utilizmos a tcnica de observao e a tcnica
de entrevista (Correia A. M. R. e Mesquita A. , 2012,p . 14).
1. Tcnica de Observao, permitiu-nos tomar em conta a circulao das informaes
registadas dentro dos diferentes postos de trabalhos, isto , das ocorrncias de diversas
atividades da TAAG.
2. Tcnica de Entrevista, possibilitou-nos entrar em contacto com o pessoal afetado
aos diferentes postos do sistema administrativo da instituio, a fim de recolher as
informaes inerentes ao nosso trabalho;
1.6. DELIMITAO DO TRABALHO
Como todos os trabalhos cientficos, tambm este deve ser delimitado no tempo e no
espao; quanto ao tempo delimitamos as nossas pesquisas por um perodo de dois anos , em
concreto o ano 2012 e 2013; e, quanto ao de espao, o campo deste estudo delimitou-se nas
Linhas Areas de Angola (TAAG) que passou a atuar no mercado digital, estando j
estabelecida fisicamente.
1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO
Para a realizao de uma investigao cuidada e coerente para responder s questes
anteriormente enunciadas, o nosso trabalho foi estruturado da seguinte forma:
A primeira parte, associada reviso da literatura, composta por 3 captulos,
designadamente:
2. Transporte Areo;
3. Internacionalizao;
4. Comrcio Eletrnico.
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
6
A segunda parte, que trata de Comrcio Electrnnico em Angola : Anlise do caso
TAAG , est composta por trs captulos.
5. Viso Macroscpica de Angola;
6. Comrcio Eletrnico em Angola;
7. Comrcio Eletrnico na TAAG face internacionalizao;
A terceira parte trata da concluso e trabalho futuro
8. Concluso e Trabalho Futuro
Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
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Comrcio Eletrnico em Angola:
Impacto e Desafio Face Internacionalizao de uma Empresa de Transporte Areo - caso TAAG
8
2. TRANSPORTE AREO
A histria da humanidade mostra que o homem sempre manifestou o desejo de voar.
A lenda de caro um mito grego muito conhecido que retrata esse sonho. Diz respeito a um
inventor grego, Ddalo, que com o objetivo de fugir do exlio na ilha de Minos, levando o
filho, caro, construiu dois pares de asas, usando penas de aves e cera, enfatizando o meio de
transporte areo (www.meio-de-transporte.info, 2012).
A mobilidade de pessoas, mercadorias e matrias prima no mundo foi viabilizada em
virtude de evolues e inovaes ocorridas nos meios de transporte, em particular no
transporte areo, por exemplo. O transporte areo permite a locomoo de pessoas e
determinadas mercadorias pelo ar, por meio de aeronaves, como avies e helicpteros.
O transporte areo uma das reas dentro do setor do turismo que tem vindo a
ganhar cada vez mais importncia num mundo globalizado, considerando a sua forte
influncia para o desenvolvimento das economias.
2.1. DEFINIO
De forma geral, PALHARES (2002, p. 26) define o transporte como:
a actividade meio que interliga a origem de uma viagem turstica a um determinado destino (e vice-
versa), que interliga vrios destinos tursticos entre si (primrios e secundrios) ou que faz com que os
visitantes se desloquem dentro de um mesmo destino primrio ou secundrio.
Quanto a De Andrade I. F. (2012), o transporte areo o modal de transportes pelo ar
que consiste em transportar mercadorias (cargas) e/ou pessoas atravs de aeronaves ou
helicpteros.
2.2. HISTRICO DO TRANSPORTE AREO
O transporte areo teve o seu incio no comeo do sculo passado, desenvolvendo-se
de sobremaneira at os dias de hoje. Leonardo da Vinci, no sculo XV, poca do
descobrimento do mundo, j rascunhava projetos que almejavam fazer um objeto mais pesado
que o ar para voar.
http://www.meio-de-transporte.info/
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Independente de quem foi o responsvel pelo primeiro voo da histria, sabe-se que a
Alemanha, no incio do sculo (aproximadamente em 1919), j operava dirigveis entre rotas
regulares, com o transporte regular de passageiros, partindo da cidade de Friedrichshafen para
outras localidades, sendo que a rota principal era a Berlim-Leipzig-Weimar. At o incio da
Primeira Guerra Mundial, quando o servio foi interrompido, mais de 34 mil passageiros
foram transportados e a empresa tornou-se conhecida por Deutsche Lufthansa.
A Primeira Guerra Mundial foi muito importante para desenvolver o conhecimento
at ento existente sobre hlices, motores, tcnicas de voo, entre outros elementos e para o
desenvolvimento de novas aeronaves, mas o primeiro servio areo internacional regular
dirio foi inaugurado em 25 de agosto de 1919, pela companhia inglesa Air Transport &
Travel Ltd., que transportou um ilustre cidado ingls Sir George Stevenson-Reece de
Londres para Paris (PALHARES, 2002 p. 104).
2.3. CARACTERSTICAS
O transporte areo um modal gil e recomendado para mercadorias de alto valor
agregado, pequenos volumes e encomendas urgentes. competitivo para produtos
eletrnicos, como por exemplo, computadores, softwares, smartphone, entre outros, e que
precisam de um transporte rpido em funo do seu valor, bem como da sua sensibilidade s
rpidas desvalorizaes tecnolgicas (Graham, 2006).
mais adequado para viagens de longas distncias e intercontinentais.
2.4. TIPOS DE NAVEGAO AREA
O transporte areo o nico dentro de sua caracterstica, sua atividade, que devido
velocidade, alcana com facilidade e rapidez vrios pases. Pode ser dividido como segue
(Keedi, S. 2000):
Internacional : transporte envolvendo aeroportos de diferentes pases, isto ,
aquele que representa operaes de comrcio exterior.
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Nacional : denominado de transporte domstico ou de cabotagem; embora este
termo no seja muito utilizado, significa que faz a ligao entre aeroportos de
territrio nacional de um mesmo pas.
Embora diferentes dos seus conceitos, as duas ligaes assemelham-se quanto
segurana e operacionalidade. Seguem os mesmos princpios, tanto para as cargas domsticas,
quanto s cargas internacionais, e so baseados em normas da (IATA, 2012 ) e em acordos e
convenes internacionais.
2.5. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MODAL AREO
2.5.1. VANTAGENS
Este tipo de transporte apresenta, benefcios (Iognorte, 2011) que o tornam
competitivo e insubstituvel, de entre os quais apresentamos alguns:
o mais rpido para transportar passageiros a mdias e grandes distncias;
Grande liberdade de movimentos;
dos mais seguros e cmodos:
o mais adequado para o transporte de mercadorias de alto valor (diamantes,
instrumentos de tica, produtos farmacuticos, etc.) e de mercadorias perecveis (fruta,
flores, etc.).
2.5.2. DESVANTAGENS
Quanto a questes de desvantagens, Iognorte (2011) enfatiza:
Custo elevado da sua infraestrutura;
Frete relativamente alto em relao aos demais modais/transportes;
Elevada poluio atmosfrica, devido emisso de dixido de carbono;
Algumas reas esto congestionadas, devido densidade do trfego, gerando
problemas de segurana;
Muita dependncia das condies atmosfricas (nevoeiro, ventos fortes);
Reduzida capacidade de carga (em relao a transportes martimo e ferrovirio);
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2.6. TIPOS DE AERONAVES
De acordo com Keedi, S. (2000), as aeronaves subdividem-se em:
All Cargo ou Full Cargo: serve para uso exclusivo para transporte de mercadoria.
Combi: transporte misto. Utilizadas para transporte conjunto de passageiros e cargas.
Full Pax: avio de passageiros. O deck superior utilizado exclusivamente para
transporte de passageiros, e o inferior, destinado ao transporte de bagagem. Na
eventual sobra de espao preenchido com carga.
2.7. PANORAMA DO TRANSPORTE AREO INTERNACIONAL
A Airports Council Internacional (ACI, 2013) descreve :
Que apesar da retraco econmica dos Estados Unidos e da Zona do Euro no ano
de 2012 houve um crescimento mdio no transporte de passageiros (domstico e internacional)
de 3,9%, quando comparado ao ano de 2011, sendo que para o mercado domstico o
crescimento foi de 2,8% e no internacional foi de 5,3%. Em nmeros absolutos, foram
transportados 2,92 bilhes de passageiros no ano de 2012, sendo 1,76 bilhes no mercado
domstico e 1,16 bilhes no mercado internacional. As oscilaes econmicas ocorridas na
metade do primeiro semestre de 2012 provocaram um crescimento menor no transporte areo
de passageiros.
Segundo (ESFEP, 2012), o trfego mundial de passageiros tem uma estimativa de
crescimento mdio de 5,5% a 6,5 % ao ano, entre 2012 a 2020, levando a atingir 10 milhes de
passgeiros/Ano . A indstria aeronutica j produz aeronaves com capacidade de transportar
um nmero cada vez maior de passageiros, como por exemplo o Airbus 380, aeronave
planeada com capacidade para atender at 845 passageiros com autonomia de voo de cerca de
15.000km, o equivalente a aproximadamente 15 horas ininterruptas de voo.
2.7.1. CRISE E ESTRATGIA NO TRANSPORTE AREO
A crise do transporte areo civil tem sido a razo de grandes prejuzos para a economia
mundial, motivada por diversos fatores. No mbito dos fatores psicolgicos, destaca-se, a
ttulo de exemplo, a falta de confiana no servio causado por ataques terroristas contra avies
civis tais como o famoso 11 de Setembro de 2011em Nova Iorque e a recente crise financeira
internacional de 2008. A aviao comercial sempre foi muito sensvel s oscilaes da
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atividade econmica, sanitrias, eventos sociopolticos e alguns fatores j vinham contribuindo
para o delineamento de um cenrio de retrao.
Na busca de soluo, os governos e empresas tm acelerado os processos de
liberalizao e reduo de barreiras entrada, apontando para acordos do tipo cus abertos.
Medida com efeitos no curto prazo, a liberalizao facilita a atuao de empresas estrangeiras
na explorao do mercado alheio. Fomentando a competitividade, espera-se a melhoria dos
servios e a reduo dos preos para os utilizadores.
No que se referem ao mercado, as condies devem ser estabelecidas com base na
reciprocidade. Assim, servindo ao mercado da melhor forma possvel e proporcionando
sociedade a otimizao do uso de seus recursos, atinge-se a eficincia.
Vale lembrar que o excecional dinamismo e a crescente competitividade do mercado
do transporte areo mundial propiciaram, nas ltimas dcadas, a incorporao de tecnologias
de ponta, geradas nas mais variadas reas do conhecimento humano.
Enquanto os custos decresceram em termos reais, o transporte areo foi-se tornando
uma opo concreta para um nmero crescente e significativo de pessoas. Voar, que era uma
prerrogativa exclusiva dos ricos, foi deixando de ser um luxo para se tornar uma necessidade
para a grande maioria dos utilizadores.
O avio passou a representar o grande smbolo de mobilidade, liberdade e
encurtamento das distncias e barreiras geogrficas.
No de estranhar, pois, que o governo norte-americano e a Unio Europeia estejam
dispostos a compensar as empresas areas pelos prejuzos decorrentes dos dias em que os seus
espaos areos permaneceram fechados, alm da cobertura dos custos com seguros. Por outro
lado, a atividade do transporte areo dever reestruturar-se rapidamente em escala mundial.
Ante o acirramento da competio que veio no bojo da chamada globalizao, uma das
caractersticas dos anos 90 foi a busca de alianas, acordos e parcerias para superar
dificuldades. Nesse sentido, os objetivos foram:
racionalizao de sistemas operacionais para evitar a capacidade ociosa e eliminar a
superposio de linhas e frequncias;
reduo de custos administrativos, de operao e manuteno, por meio da
padronizao de sistemas de gesto, equipamentos de voo e apoio de terra;
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maior fluidez no intercmbio de conhecimento e transferncia de tecnologia;
criao de novos servios e vantagens para o cliente;
maior capacidade de apresentar respostas criativas s exigncias de qualidade,
rapidez e convenincia.
Apesar da tendncia de liberalizao total dos acessos bsicos aos mercados
internacionais, cada Estado ser soberano para determinar o nvel de competio internacional
que deseja no seu territrio, enfatiza o Dr. Souto Marcos Juruena Villela (2008).
2.7.2. ALIANAS E PARCERIAS COMERCIAIS NA AVIAO CIVIL
Uma das mais recentes crises do setor de transportes areos data de 2008, perodo da
correspondente ao incio da atual crise financeira mundial, que casou a elevao dos custos
com combustvel por exemplo. Esse mesmo perodo corresponde poca do crescimento da
globalizao mundial, bem como adoo das medidas drsticas em relao s nomas de
segurana area na aviao civil europeia, proibindo as companhias area consideradas no
seguras de operar no espao europeu. Esses factos todos reunidos fortaleceram as criaes das
inter alianas entre as empresas areas (Graham, 2010, p.127-136).
Estas alianas entre empresas areas tm um carcter estratgico, a fim de combater a
crise do setor no momento. Atravs de uma aliana entre duas determinadas empresas areas,
elas podem compartilhar clientes, lucros e assim aumentar a extenso de seu mercado de
atuao (Cento, 2009).
J Doganis (2001, p. 65) sugere a existncia de trs tipos de alianas, sendo elas:
Alianas estratgicas;
Alianas de marketing;
Alianas geogrficas.
As sinergias proporcionadas por este tipo de alianas ultrapassam o simples
crescimento da rede, do nmero de destinos e de opes de viagem para os passageiros. De
facto, este tipo de associao permite reduzir os custos operacionais de forma significativa, ao
possibilitar a partilha de estruturas, equipamentos e pessoal (como sejam os sistemas de
reservas, os balces de check-in, os lounges, os terminais no seu todo, os servios de
manuteno, de catering, etc.).
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J Hanlon (2002, p. 237) afirma que muitas alianas que ocorrem entre empresas
areas no envolvem investimentos, sendo simplesmente limitadas a acordos de marketing e
cooperao tcnica.
2.7.3. PASSAGEM LOW COST NO SECTOR DE TRANSPORTE AREO
O ambiente competitivo da economia do mercado e o surgimento de um importante
nmero de novas empresas de transportes areos estimulou a competio e permitiu ao
transporte areo expandir-se, baratear-se e a sere mais criativo e inovador. Em consequncia,
resultou o aparecimento das companhias areas low cost, que revolucionaram todo o mercado
(Belobaba et al., 2009).
De acordo com a Tap cargo (2012), as companhias areas com passagens a baixo custo
so geralmente conhecidas por companhias low cost, low fare, no-frills ou discount airlines.
Estas designaes pretendem definir companhias areas cujos respetivos custos de passagens
so inferiores aos dos seus competidores. A Easyjet (2012) afirma que o modelo de negcio
destas companhias low cost caracteriza-se, fundamentalmente, pela simplicidade do produto,
custos operativos baixos e um posicionamento especfico, permitindo oferecer aos seus
clientes tarifas mais baixas, no fornecendo muitos dos tradicionais servios adicionais.
Dentro destas companhias low cost, temos o exemplo da Ryanair, da Easyjet, etc.
2.8. SISTEMA DE RESERVAS E COMPRAS DE PASSAGENS AREAS
O incio da tentativa de se criar sistemas de reservas computadorizados para a venda
de passagens areas deu-se no incio da dcada de 50, atravs de uma parceria entre a
American Airlines e a IBM, que criaram o chamado CRS (Sistema de Reserva
Computorizado), sendo que os primeiros programas de reservas foram desenvolvidos na
forma de sistemas internos de controlo para que as suas equipas de reservas pudessem
administrar a disponibilidade de lugares de forma mais eficiente.
A evoluo da tecnologia e ao barateamento da tecnologia contriburam muito para o
seu crescimento e sua expanso do uso dos CRSs e conduziram apario de GDSs (Global
Distribution System - Sistema Globais de Distribuio), verso mais aperfeioada na maioria
das empresas areas.Segundo Doganis (2001, p.177), os GDSs so derivados dos CRS, que
foram desenvolvidos por grupos de empresas areas, a fim de automatizar e facilitar as
reservas e emisses de passagens, tanto para as empresas areas quanto para as agncias de
viagens.
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Efetivamente, o GDS o maior sistema informtico de reservas do mundo e conecta
mais de 90,000 hotis a mais de 55,000 agncias de viagem que ajudam os hoteleiros a capturar
tanto o negcio corporativo de grande volume bem como o de lazer, confirma Doganis
(2001).
Alm destes dois sistemas principais, GDSs e CRSs, ainda existem ainda mais
sistemas integrados de reservas de passagens areas que atuam independentemente um dos
outros, tais como: Amadeus, Galileo, Wordspan, Abacus Distribution System, Axes
Internacional Network , Sabre, etc, (Doganis ,2001 ).
2.9. PADRO DE PRECIFICAO DAS PASSAGENS AREAS
Hanlon (2002, p. 183) considera complexa a maneira como as empresas areas
definem os preos dos assentos nos avies, devido multiplicidade de variveis a serem
analisadas e os diferentes preos encontrados para as passagens. Segundo o autor, os preos
das passagens variam de acordo com a data da viagem, a poca da viagem (alta ou baixa
estao), a classe da passagem (primeira classe, executiva, econmico ou turismo), a durao
da estadia no destino, entre outros fatores, alm do local e data da compra da passagem.
Algumas caractersticas so comuns, porm existem outros que no, como por exemplo a
distncia da viagem, que quanto maior for mais barato (em termos de preo/quilmetro) ser
a passagem, e quanto maior for a antecedncia da compra do bilhete mais barato ele tende a
ser.
Existem vrios meios para estabelecer preos de passagens areas, mas as estratgias
mais adotadas so, segundo PAGE (2001, p. 34) as seguintes: Tarifagem nica, Mltiplas Tarifas,
Gerenciamento de lucros, Poltica de preo com base em escalas, Expectativa de receita marginal por lugar,
Grau de competitividade no mercado.
As diferentes estratgias adotadas pelas empresas areas para estabelecer os preos de
suas passagens areas algo sujeito a diversas variveis externas, mas visando sempre o lucro
final.
2.10. SINCRONIA ENTRE TRANSPORTE AEREO E TURISMO
O transporte est intensamente associado ao turismo, uma vez que este viabiliza as
viagens. O turismo visto como uma prtica social que envolve a deslocao provisria de
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pessoas, cargas, informaes e imagens, de um local para outro, por motivaes diversas. Essa
prtica social repercute-se de diferentes maneiras em diferentes ambientes, como os
econmicos, os scio culturais e os naturais (CRUZ, 2002).
Pensar em Turismo mais do que pensar em viagens. A interdependncia entre o
transporte areo e a atividade turstica , atualmente, bastante forte, justificando a proliferao
de estudos estratgicos e acadmicos sobre o assunto, ao longo das ltimas dcadas, pois se o
segmento do lazer e turismo se constitui como uma parte significante da procura area, as
prprias transformaes ocorridas no sector areo tm vindo a moldar a atividade turstica,
promovendo novos comportamentos e formas de turismo.
Segundo Lickorish, L. J. e Carson, J. (2000), a WTO (World Tourism Organization)
estima que o turismo domstico seja responsvel por aproximadamente 75% das viagens de
turismo realizadas, lembrando ainda que o turismo domstico e o internacional causam
impactos gerais semelhantes, gerando empregos, rendas, contribuindo para o desenvolvimento
regional. E na verdade, em alguns casos, a prpria atividade de transporte uma experincia
de turismo, como no caso dos cruzeiros, dos comboios panormicos e dos passeios de carro e
bicicleta. Em algumas circunstncias o transporte prevalece sobre o prprio destino turstico, e
muitas vezes, influi na escolha do local a ser visitado, como bem lembrou Palhares (2002,
p.28).
No ano de 1998, 18 milhes de voos foram realizados no mundo inteiro. De acordo
com o World Travel and Tourism Council (WTTC , 2013) o contributo direto da rbrica Viagens
e Turismo para o PIB mundial foi, em 2012, de 2.1 trilies de dlares americanos. No
entanto, a sua contribuio total, que inclu para alm dos efeitos diretos, os efeitos indiretos e
induzidos, atingiu 6.6 trilies de dlares americanos, o que corresponde a cerca de 9,3% do
PIB mundial. Adicionalmente este contributo pode tambm ser quantificado em termos do
emprego gerado. Com efeito, tendo em conta os efeitos diretos, indiretos e induzidos, este
setor est associado a 9.1% do emprego total a nvel mundial em 2012 (WTTC, 2013).
Leiper (1979) citado por Vasconcelos (2005) elaborou um modelo concetual, com base
numa viso holstica da atividade turstica e do subsetor do transporte areo, modelo este que
facilita o transporte dos turistas da regio de origem para o local de destino. O autor
estruturou a atividade em trs reas geogrficas distintas que so ligadas por transporte: a
regio geradora, a regio recetora e a regio de trnsito, elemento de ligao das duas
primeiras, como ilustrado na figura 1.
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Figura 1. Sistema turstico de Leiper (1979)
Fonte: Almeida (2010)
O quadro 1 evidencia o considervel crescimento do nmero dos fluxos tursticos do
sector de aviao civil ao mundo dos 8 ltimos anos.
Segundo a Organizao Mundial do Turismo (OMT, 2012) 43% dos turistas em
viagens internacionais, no mundo, utilizam o transporte areo como meio de entrar no pas de
destino, o que est evidente no quadro 1.
REGIES
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
MUNDO ( TOTAL DE
TURISTAS /MILHES ) 803 847 904 922 882 940 982 1.035
EUROPA 54,6 % 54,6% 53,9% 52,9% 50,6% 51,2% 51,3% 51,7%
SIA E PACFICO 19,3% 19,7% 20,1% 20,0% 21,7% 22% 22,1% 22,5%
AMRICA DO NORTE 11,2% 10,7% 10,5% 10,6% 10,4% 10,3% 10,3% 10,2%
AMRICA DO SUL 2,3% 2,2% 2,2% 2,3% 2,6% 2,6% 2,6% 2,6%
AFRICA 4,7% 4,9% 5,0% 5,1% 5,3% 5,1% 5,1% 5,1%
ORIENTE MEDIO 4,8% 4,8% 5,7% 6,0% 6,5% 5,7% 5,6% 5,1%
Quadro 1. Consolidao de fluxos tursticos das viagens areas nas principais regies do mundo (dados estimados)
Fonte: Organizao Mundial do Turismo (2012).
De acordo com o quadro 1, apesar da crise financeira internacional dos ltimos anos,
verificou-se que o fluxo internacional de turistas tem vindo a crescer significativamente. No
mundo, o turismo movimentou, em receitas cambiais, algo em torno de US$ 1075 bilhes,
segundo a Organizao Mundial do Turismo (OMT, 2012).
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3. INTERNACIONALIZAO
O incio do sculo XXI tem sido marcado por profundas transformaes no quadro
econmico mundial. Nota-se uma reordenao da distribuio da riqueza global, com
crescente importncia dos pases em desenvolvimento (PED) e em transio (PET) face s
economias desenvolvidas (PD). Desta forma, a parcela dos pases ricos no PIB mundial, que
era de 63% em 2000, reduziu para menos de 52% em 2010, segundo dados do Fundo
Monetrio Internacional (FMI). Este processo j se havia iniciado em finais do sculo XX
com o crescimento acentuado dos pases asiticos na produo mundial de riqueza, mas
destacou-se a partir da crise financeira internacional de 2008.
Num mundo em constante mudana e com a liberalizao crescente e generalizada do
comrcio escala global, a expanso internacional tem sido a resposta das empresas ao
aumento da concorrncia s ameaas sua sobrevivncia (Dias & Ferreira M., 2007)
3.1. DEFINIO
Entre as diversas definies de internacionalizao existentes, podero ser destacadas
as seguintes:
A internacionalizao o processo pelo qual uma empresa potencia o nvel das suas
atividades de valor acrescentado fora do pas de origem, segundo Meyer R. (1996);
O processo de adaptao da operao da empresa ao ambiente internacional Calof, J.;
Beamish, P., Adapting to Foreign Markets (1995).
A definio de internacionalizao no deve confundir-se com o conceito de
globalizao, pois este conceito tem como premissa o gradual atenuar das diferenas entre
diversos e distintos mercados.
Os negcios internacionais referem-se a todas transaes empresariais, comerciais e de
investimento, envolvendo empresas de pelo menos dois pases. Estas relaes podem ocorrer
entre indivduos, empresas privadas, organizaes sem fins lucrativos ou mesmo agenciais
governamentais (Ferreira, Reis & Serra, 2011).
As principais barreiras encontradas no processo de negcios entre diferentes pases
so: idioma, contexto, maneira de ser/estar, relacionamentos interpessoais, formas de
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negociar, expectativas dos consumidores, sistema poltico, sistema econmico, quadro
jurdico, quadro fiscal e distncia geogrfica (Rocha, Angela da; Silva, Jorge Ferreira da;
Carneiro, Jorge, 2007).
3.2. MOTIVAES PARA A INTERNACIONALIZAO
Apesar de no ser recente, o fenmeno da internacionalizao tem vindo a ganhar
dimenses considerveis sendo que interessa refletir nas suas motivaes, bem como na forma
como estas tm vindo a ser descritas de forma diferente ao longo do tempo, refletindo, assim
as alteraes no pensamento estratgico empresarial. So de seguida expostas por autor as
principais motivaes para a internacionalizao (Dias e Ferreira M. C., 2007).
Na definio das principais motivaes para a internacionalizao autores como
Czinkota, M., Ronkainen, I. e Moffett, M. (1999) indicam um conjunto de onze fatores. Estes
surgem agrupados em motivaes ditas:
a. proativas (benefcios fiscais, vantagens em termos de lucros e tecnologia, produtos
nicos, a informao exclusiva, o compromisso da gesto e as economias de escala),
b. reativas (como o excesso da capacidade produtiva, a saturao do mercado
domstico, as presses da concorrncia e proximidade de clientes e portos de
desembarque) (Czinkota, M.; Ronkainen, I.; Moffett, M.,1999).
No mbito da Internacionalizao, importa ponderar as ameaas e oportunidades de
ordem nacional e internacional, no limitando as possibilidades do negcio.
A classificao das motivaes para a internacionalizao (ainda que comumente
referida como motivaes para o IDE) mais conhecida proposta por Dunning (1977, 1993,
2001) construda sobre o paradigma ecltico. Efetivamente, as motivaes no sustentam
apenas operaes de investimento mas sim, mais genericamente, de modos de entrada. Esta
classificao distingue as seguintes motivaes, como segue: Procura de recursos (resource
seeking);Procura de mercado (market seeking), (Buckley et Al., 2008); Procura de eficincia (efficiency
seeking); Procura de recursos estratgicos (strategic asset seeking) (ver, tambm, Ferreira,2005; Ferreira; Li;
Lopes; Serra, 2007; Li; Ferreira; Serra, 2009); Diminuio da dependncia da sazonalidade; Localizao
dos elementos da cadeia de valor; Diminuio da dependncia do mercado interno; e Fortalecimento da posio
comercial da empresa.
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No entanto, tambm h algumas desvantagens da expanso internacional, tais como:
Maior complexidade inerente a uma actuao em diferentes ambientes polticos, econmicos, sociais e culturais;
Maior complexidade na interaco entre a empresa e os governos (nacionais, regionais, municipais) dos pases de
destinos. Os argumentos de soberania nacional e as prticas de corrupo so exemplo; Distancia Geogrfica
(Fsica) e Cultural que dificultam o controlo sobre as operaes estrangeiras, enquanto diferentes praticas
culturais e formas de comunicao exigem maior ateno relao entre a casa me e as suas subsidiarias,
(Ferreira e Al. p. 45, 2011).
3.3. PROCESSO DA INTERNACIONALIZAO
O processo de internacionalizao deve ser iniciado com a elaborao de um Plano de
Internacionalizao que dever abordar no s a oportunidade de internacionalizao (seja de
que forma for), mas tambm fazer uma avaliao objetiva da empresa e das reas em que ser
necessrio intervir. A encerrar o plano, dever ser realizada uma projeo econmico-
financeira do impacto das aes a implementar (Ferreira e Al. 2011).
3.3.1. FORMAS DE PENETRAO E ABORDAGEM AO MERCADO
Na abordagem dos modos de entrada nos mercados estrangeiros proposto um
padro de fatores da empresa, do pas-alvo e ainda da envolvente macroeconmica do pas-
alvo, sendo evidente na Figura 2 a importncia dada pelo autor anlise e ponderao de
parmetros externos empresa e a valorizao das caractersticas do pas-alvo como
fundamental na seleo do seu modo de entrada (Shama 2000, p. 655).
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Figura 2. Modelo de modos de entrada em mercados externos (Shama, 2000)
So muito variadas as formas de sistematizao das modalidades de internacionalizao
empresarial, se bem que quanto aos dois extremos do processo, a exportao e o investimento
direto, o consenso entre os autores seja mais fcil de obter (Santos J. F., 2012), pois este
contexto depende sempre da viso empresarial dos gestores, j que as formas de abordagem
do mercado internacional so vrias, muito embora, regra geral, se possam agrupar sob uma
perspetiva econmica, numa ou numa conjugao das seguintes formas:
a. Importao/exportao: pressupe a entrada em negcios com empresas estrangeiras,
negociando a compra e/ou venda dos seus produtos e servios aos respetivos
fornecedores ou clientes. Dependo de nmero de intermedirios dita
Importao/exportao pode calhar-se ser direta ou indireta.
b. Internacionalizao contratual: quando o processo assenta num contrato entre
empresas de pases diferentes. Podem ainda diferenciar-se algumas modalidades neste tipo
de metodologia de internacionalizao (Simes, 1997):
Licenciamento (ou contrato de licena);
Franchising;
Subcontratao (Outsourcing , Co- makership);
Joint-venture;
Alianas (Consrcios)
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c. Investimento Direto Estrangeiro (IDE)
De acordo com Ribeiro M. C. (2012), IDE uma tomada de participao significativa de
uma empresa no capital de outra empresa estrangeira, dando primeira um certo controlo
sobre as decises da segunda, ou seja, corresponde ao investimento atravs do qual uma
empresa controla diretamente uma subsidiria noutro pas. O IDE pode ser:
Investimento de raiz;
Aquisio;
Obviamente, todos os modos de entrada apresentados tm vantagens e desvantagens, e
assim torna-se imprescindvel referir que no existe um padro de referncia, muito menos
qualquer adaptao terica que permita definir o mais eficiente modo de entrada.
3.3.2. Vantagens da Internacionalizao
Podemos apontar algumas das principais vantagens da Internacionalizao (LeMaire,
2000):
a. Aumento das vendas;
b. Maiores margens comerciais;
c. O efeito de sinergias ao nvel da estrutura de custos;
d. Partilha de risco do negocio;
e. Possibilidade de explorar novas oportunidades de negcio;
3.3.3. Desvantagens / Barreiras Internacionalizao
Como principais entraves ao processo de internacionalizao (LeMaire, 2000),
podemos enunciar:
a. Barreira lingustica, que pode dificultar a compreenso do ambiente econmico e
legal, bem como a procura de parceiros e a negociao.
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b. Barreira de conhecimento tcnico, ligados s questes tarifrias ou pautais, tcnicas
ou no tarifrias, de ordem qualitativa (documentao necessria, regulamentao
tcnica a cumprir, certificados, licenas, inspees), ou particularidades especficas de
um determinado mercado.
3.4. Requisitos necessrios ao processo de internacionalizao
Para que o processo de internacionalizao seja uma experincia positiva e sustentada
na estratgia empresarial, e considerando os fatores de competitividade mais importantes,
nomeadamente os de Marketing, Qualidade, Design, Inovao, Marca e Imagem, as empresas
devero reunir um conjunto prvio de condies (Teixeira, S. e Diz , H. 2005),
nomeadamente:
a. Identificar os fatores crticos de sucesso do negcio (as reas onde convm ter
excelncia).
b. Deter vantagens competitivas (pontos fortes) face concorrncia, nomeadamente
em reas especializadas ou a servir nichos/segmentos de mercado previamente
identificados.
c. Desenvolver capacidades de fazer/ produzir diferentes, transmitindo valor
acrescentado ao cliente e afirmando uma imagem corporativa de excelncia.
d. Potenciar ao mximo a informao estratgica relevante disponvel e fidedigna que
permita um conhecimento dos mercados e das oportunidades de negcio existentes.
e. Recrutar recursos humanos (quadros superiores e intermdios especializados,
motivados e com formao em internacionalizao), tcnicos (sistemas de informao
adequados) e financeiros (estrutura de capitais equilibrada) que permitam controlar e
sustentar todo este processo.
f. Deter capacidades de gesto interativa e de organizao mnimas, mas tambm
adequadas maior complexidade dos processos de exportao.
g. Criar uma estrutura mnima para as suas atividades de marketing.
h. Ter uma atuao prudente, responsvel e gradual, com aderncia realidade da
empresa.
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4. COMRCIO ELETRNICO (CE)
Diversos foram os progressos cientficos criados pelo homem no decorrer do seu
desenvolvimento, sendo que cada um deles marcou e representou um cone para a poca.
Assim foi com a inveno do telefone por Alexandre Graham Bell, que quebrou paradigmas ao
tornar muito mais fcil a comunicao entre duas entidades distantes
(wikipedia.org/wiki/Alexander_Graham_Bell ,2014). E assim foi com a criao do robot para
auxiliar o trabalho humano, com o advento da lmpada eltrica, do computador pessoal, rdio,
entre outros.
Um destes avanos, concebido ambicionando pequenas resolues, chegou
conquista de dimenses globais, falamos da Internet. Presentemente impossvel imaginar que
h apenas alguns anos ela no existia, ou ao menos no estava disponvel a todos,
independente da sua idade, preceitos e religies. Claro que a internet oferece-nos vrias
facilidades, sendo estas a disponibilidade de informao, os e-mails, ou ainda a possibilidade
de se realizar negcios 24 horas/dia e 365 dias/ano.
Deste advento da internet, surgiu o comrcio Eletrnico que um dos aspetos mais
pertinentes e inovadores, e ainda est a provocar mudanas positivas no mundo do negcio.
Esta revoluo impulsionou a uma capacidade e necessidade de adaptao a esta realidade
to moderna e futurista por parte das empresas.
4.1. INTERNET
Por encontrar-se em constante evoluo, no existe uma definio nica de Internet
como acontece com as outras cincias. Os autores tentam defini-la da melhor e mais simples
maneira possvel.
O que hoje forma a Internet comeou em 1969, como a ARPANET, criada pela
ARPA, sigla para Advanced Research Projects Agency, ou Agencia de Pesquisa de Projetos
Avanados, uma subdiviso do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Em Janeiro de
1983, a ARPANET mudou seu protocolo de NCP para TCP/IP, criando o incio da Internet
que conhecemos hoje.
A rede coletiva ganhou uma divulgao mais pblica nos anos 90. Em agosto de 1991,
Tim Berners-Lee publicou seu novo projeto para a World Wide Web, dois anos depois de
comear a criar o HTML, o HTTP e as poucas primeiras pginas no CERN, na Sua. Em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Graham_Bell
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1993 o Web Browser Mosaic 1.0 foi lanado, e no final de 1994 j havia interesse pblico na
Internet. Em 1996, a palavra Internet j era de uso comum, principalmente nos pases
desenvolvidos, referindo-se na maioria das vezes a WWW (wikipedia.orgWorld_Wide_Web ,
2014)
Independente da sua definio, uma constatao clara: a Internet passou a ser
conhecida depois que criou-se a World Wide Web (WWW) em 1989. Amor (2000) define o
WWW como um protocolo existente na Internet que possibilita a troca de informao e
permite a pessoas com pouco conhecimento de computao acessar os servios Web por toda
a Internet.
As vantagens dessa disseminao so imensas, entre elas a possibilidade do aumento
de negcios/transaes on-line.
4.2. COMRCIO ELETRNICO
O Comrcio Eletrnico registava um crescimento discreto, antes do aparecimento da
Web, sendo um fenmeno praticamente incgnito para a maioria da populao, sendo que, a
maioria das pessoas apenas se apercebeu da sua existncia atravs do uso dos cartes de
crdito, dbito e pagamento on-line.
Mas foi tambm graa ao fenmeno da globalizao dos computadores e
aperfeioamento dos recursos da internet Web Site e E-Mail no meio dos anos 90 que os
servios eletrnicos comearam a multiplicar-se em todo mundo e ganharam o seu destaque
no mundo, pois ela afetou toda a sociedade, principalmente em relao investigao,
comunicao e comrcio.
Segundo TURBAN (2000, p. 13), as aplicaes do Comrcio Eletrnico tiveram incio
no incio da dcada de 70, com inovaes como a Transferncia Eletrnica de Fundos (EFT),
um mtodo popular para pagamento eletrnico, onde uma quantia de dinheiro transferida de
uma conta bancria para outra, no mesmo banco ou no, apesar das suas aplicaes se
limitarem inicialmente a grandes empresas.
Logo aps veio o EDI (Electronic Data Interchange), uma troca eletrnica de
documentos padronizados com uma formatao especial como pedidos, contas, aprovao de
crditos, entre outros, usado principalmente para transferir eletronicamente transaes de
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_World_Wide_Web
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negcios repetitivas, fator que expandiu o uso desta tecnologia para alm de transaes
financeiras dentro das empresas. Desta forma, de acordo com TURBAN( 2000 ,p. 202) outras
aplicaes ganharam espao, sendo chamados de sistemas de telecomunicaes, e entre elas
encontram-se os sistemas de reservas de agentes de viagens. Mas foi apenas no incio da
dcada de 90, com a comercializao da Internet e o aumento do nmero de utilizadores,
possveis e potenciais consumidores, que o termo Comrcio Eletrnico passou a ser usado.
4.2.1. DEFINIO
Apesar de se tratar de um assunto recente, vrios so os autores que se dispuseram a
estudar o chamado Comrcio Eletrnico, em parte devido sua importncia e influncia no
mundo atual. Algumas destas definies revelamos a seguir:
KOSIUR (apud dos ANJOS, 1999) d a definio mais simples e clssica, sendo
comrcio Eletrnico a compra e venda de produtos e servios via Internet.
Por Comrcio Eletrnico, entende-se a realizao de toda a cadeia de valor dos
processos de negcio num ambiente Eletrnico, por meio da aplicao intensa das
tecnologias de comunicao e informao, atendendo aos objetivos do negcio
(Albertin e Al., 2002).
Laudon & Laudon (2007) enfatiza que Comrcio Eletrnico (ou e-commerce) refere-
se ao uso da internet e da Web para conduzir negcios. Diz respeito s transaes
comerciais realizadas digitalmente entre organizaes e indivduos ou entre duas ou
mais organizaes.
(Turban, p. 3, 2000) define Comrcio Eletrnico como sendo transaes realizadas
atravs de uma rede de telecomunicaes, sendo um conceito emergente que
descreve os processos de comprar, vender ou trocar produtos, servios, e informaes
via uma rede de computadores, incluindo a Internet. D-se atravs de uma
infraestrutura de computao interligada em rede, que est evoluindo como o
ambiente computacional padro. A sua implementao envolve uma srie de questes,
entre elas:
1. Como lidar com a introduo deste novo meio de se administrar? (fazer negcios)?
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2. Quais impactos da sua adoo do ponto de vista econmico, especialmente em
termos de competitividade e internacionalizao das empresas?
3. Pode usar-se extranets como uma infra estrutura B2B, B2C..?
4. Qual o papel dos intermedirios diante do Comrcio Eletrnico?
5. Pode-se melhorar os servios voltados aos clientes?
De acordo com Turban E. e King D. (2004, p. 3), o CE O processo de compra, venda e
troca de produtos, servios e informaes por redes de computadores ou por internet.
Kalakota e Whinston (1997) definem o CE a partir de seis perspetiva, concretamente:
comunicao, processo comercial, servio, on-line, cooperao e comunitria.
4.2.2. EVOLUO DO COMRCIO ELETRNICO NO MUNDO
O nmero crescente de utilizadores online est a marcar um perodo de transio do
mercado fsico ou tradicional para o mercado eletrnico. O aumento da preferncia no uso da
internet cada vez mais evidente no mundo, conforme ilustrado na grfico 1.
Grfico 1. Utilizadores da Internet no Mundo
Fonte: www.internetworldstats.com;nielsen
Utilizando a internet como meio e o e-commerce como canal, as empresas conseguem
alcanar novos mercados mais eficientemente, realizar negcios a nvel global e aumentar o
seu volume de vendas atravs de exportaes (KPMG Consulting, 1999).
http://www.internetworldstats.com;nielsen/
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As vendas atravs de comrcio Eletrnico, B2C, cresceram 21,1% para $1 trilho pela primeira
vez em 2012, de acordo com a eMarketer. Em 2013, as vendas iro subir 18,3%, para $1.298
trihes, mundialmente ().
Fonte: newmediatrendwatch.com
4.2.3. HISTORIAL DE IMPLEMENTAO DE COMRCIO
ELECTRNICO NO SETOR DE TRANSPORTE AREO
A aplicao do CE na comunidade empresarial do setor de transporte areo remonta
ao incio dos anos 50 com as primeiras tentativas de sistemas computadorizados de reservas
(CRS) por parte de uma parceria entre a American Airlines e gigante eletrnico IBM.
Entretanto, em funo das limitaes tecnolgicas da poca, o sistema no conseguiu atender
enorme demanda pelo servio, sendo que o primeiro CRS s entrou em plena atividade no
ano de 1968, pela Eastern Airlines.
Com esta introduo no mercado, todas as companhias areas e agentes de viagens
passaram a adotar os CRS, o procedimento de compra de passagens era feito por telefone,
sendo que, em caso de disponibilidade de assento no voo, o resto dos procedimentos fazia-se
manualmente tanto pelo agente de viagem como pelo representante da companhia.
Em funo da enorme quantidade de informaes geradas, da falta de padronizao
das mesmas e das normais dificuldades de comunicao da poca, muitos eram os erros
cometidos com uso desse mtodo.
Em 1971, a United Airlines lanou Apollo, seguida por tantas companhias areas da
poca. Neste processo da melhoria de um sistema de reservas adequado surgiram vrios
sistemas, tais como o System One, PARS, Reservec, Pegasus, entre outros.
Segundo Pembenton et al (2001), citado por Braga Debora cordeiro e Al (2007) os CRS oferecem
vrias vantagens competitivas, principalmente para as grandes companhias areas, incluindo:
a. Eficincia operacional;
b. Acesso a informaes dos concorrentes;
c. Informaes sobre os clientes;
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d. Aumento no nmero de reservas efetuadas nos voos das empresas proprietrias dos
CRS;
e. Disposio de voos na tela do sistema; e,
f. Fonte extra de receitas.
A partir da dcada de 1980, os executivos dos consrcios areos e dos CRS
perceberam que o transporte areo era apenas uma pequena parte da complexa experincia de
uma viagem turstica. Como os agentes de viagem tambm passaram a solicitar a possibilidade
de fazer reservas de passagens de vrias companhias areas atravs de um nico terminal de
reservas, alm de obterem outro tipo de informaes que no apenas de passagens areas,
alguns CRS transformaram-se em Sistemas de Distribuio Global (GDS).
Atualmente, os GDS disponibilizam informaes e permitem a reserva e compra
de bilhetes areos, hotis, comboios, veculos, cruzeiros martimos, teatros, eventos
desportivos, alm de fornecer informaes como a exigncia de visto para um determinado
destino, efetuar converso monetria, informar sobre condies climticas, entre outros
dados. Em suma, trata-se de um importante canal de distribuio de servios tursticos.
Assim a partir de GDS, os subsistemas tais como Sabre, Galileo, Amadeus, Apollo e
outros foram criados e desenvolvidos pelas respetivas companhias areas em parceria com
outras empresas do mesmo setor e agentes intermedirios das atividades tursticas tais como
Deltas Airlines, Air Canada, Lufthansan, SAS, Air France, Tap, British Ailines, KLM, etc.
Mas, sem dvida com o aparecimento da World Wide Web, que se revolucionou o
comrcio Eletrnico, nomeadamente com a facilidade na utilizao das solues tecnolgicas,
no que toca aos problemas de marketing relacional, de difuso e da realizao do comrcio das
mais diversas formas.
4.2.4. TIPOS DE COMRCIO ELETRNICO
Das imensas possibilidades existentes para a classificao do Comrcio Eletrnico,
como por exemplo, o tipo de produto ou servio negociado, o setor de atividade a que
correspondem, os montantes envolvidos nos negcios, o tipo de interveniente no processo ou
a tecnologia de suporte usada, a literatura tem dado um enfoque especial ao tipo de
intervenientes envolvidos nos negcios.
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De acordo com LAUDON (2004, p.116) reconhecem-se trs principais tipos de
comrcio Eletrnico quando nos referimos classificao de comrcio Eletrnico baseada no
tipo de intervenientes envolvidos nos negcios. So eles:
1. Business-to-Business (B2B);
2. Business-to-Consumer (B2C);
3. Consumer- to-Consumer (C2C);
E est lista no exaustiva de acordo com a perspetiva de Da Silva, Romo e Conde
(2003, p.7), segundo os quais, dentro desses trs tipos pr-citados desenvolveram-se novas
formas de negcios online consoante as necessidades da organizao e o tipo de atividades da
mesma. A ttulo de exemplo, temos o Business-to-employee (B2E), Business-to Administration (B2A);
Consumer-to-Administration(C2A); Consumer to Business (C2B) e no domnio da educao podemos
identificar a School to Studente (S2S), Teacher to Studente (T2S) , School to Parents (S2P). tal como
reforam Turban e King (2004,p.231 ).
De forma integral, a figura 3 ilustra a maneira como se desenvolvem as transaes no
ambiente de negcios digital.
Figura 3. Modelo Integrado de possibilidades das transaes no CE
Fonte: Delfmann et al., (2002)
1. Business-to-Business (B2B)
A Internet modificou o modo de fazer negcio entre as empresas. No que concerne
comunicao, segundo Mc Loughlin, (1995), a internet deixa de ser vinculada a uma rede
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privada e passa a ser realizada atravs de uma rede pblica que est disposio de todos. Este
facto possibilita a adoo do comrcio Eletrnico de forma menos onerosa no momento da
interligao entre empresas e fornecedores.
O formato Business-to-Business cinge a venda de produtos e servios entre empresas com
sistemas devidamente autorizados e integrados. O modelo B2B envolve, normalmente,
fornecedores, fabricantes, distribuidores, retalhistas, agentes, etc. As transaes ocorrem
diretamente entre os respetivos sistemas, usando uma rede global ou Extranet, intranet ou redes
privadas para procurar catlogos de produtos, encomend-los aos seus fornecedores, receber
as faturas e efetuar o pagamento, como afirmam Turban e King (2004, p161).
Segundo Laudon (2000, p.661) O formato B2B o de maior potencial, responsvel
por 80% das transaes de e-commerce a nvel mundial.
O comrcio B2B desenvolve-se, basicamente, em trs grandes reas: o e-Marketplace, o
e-Procurement e o e-Distribution reforam (Turban e King ,2004).
2. Business-to-Consumer (B2C)
O segmento Business-to-Consumer evidencia-se pelo estabelecimento de relaes
comerciais eletrnicas entre as empresas e os consumidores finais e, maioritariamente,
corresponde seco a retalho do CE (Turban e King, 2004).
J existem vrios centros comerciais e lojas virtuais na Web, que comercializam todo o
tipo de bens de consumo, tais como computadores, software, livros, viagens, automveis,
alimentos, produtos financeiros, publicaes digitais, e outros, sendo exemplo a empresa
Expansys.
3. Consumer-to-Consumer (C2C)
Por ltimo no C2C o tipo de CE que engloba todas as transaes eletrnicas de bens
ou servios efetuadas entre consumidores finais. Geralmente estas trocas so realizadas atravs
de uma terceira entidade (intermediao), que disponibiliza a plataforma eletrnica onde se
realizam as transaes, enfatiza Da Silva e al. (2003, p.5). O exemplo marcante do formato
B2C em Portugal da empresa OLX e a nvel mundial o e-Bay.
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4.3. MODALIDADES DE PAGAMENTO NO COMRCIO ELETRNICO
De acordo com Da Silva e colaboradores (2003), o meio de pagamento mais utilizado
no E-commerce o Carto de Crdito (Visa, Mastercard, American Express), que possibilita o
pagamento a prazo ou parcelado de produtos e servios, obedecidos aos requisitos pr-
determinados, tais como, validade, abrangncia, limite do carto, entre outros elementos
(Cobre direito, 2011).
Ainda temos mais modalidades de pagamento como por exemplo, a Transferncia
Bancaria ou Pagamento contra Reembolso em Numerrio.
Em relao ao carto de crdito e normas de seguranas, temos outros modos de
pagamentos: Digicash, Ecash, Smartcard , boleto bancrio, E-card, paypal, MBNet (Da Silva & al.
2003, p.177).
4.3.1. SEGURANA NO COMRCIO ELETRNICO
O ambiente comercial da internet possui caractersticas nicas que os diferenciam das
formas tradicionais de comrcio, trazendo um novo paradigma. Uma das funcionalidades
privilegiadas pelas compras online a maior segurana, privacidade, autentificao e
anonimato, na medida em que a proteo das informaes contra ameaas de segurana so
um pr-requisito crtico para a funcionalidade do CE (Albertin A.L., 1998).
importante realar que a questo de segurana no que se refere ao pagamento no
CE apontada como responsvel pela no-aceitao em massa deste tipo de negcio. Muitas
pessoas ainda receiam colocar o seu nmero do carto de crdito na rede. Por isso, vrias
empresas continuam a investir numa soluo que possa garantir segurana nas transaes.
Tendo por base esta preocupao, foi desenvolvido o Secure Electronic
Transactions (SET) em Outubro de 1997, que um dos softwares mais seguros
desenvolvidos em termos transaes comerciais, uma vez que o SET tem parceria com as
maiores empresas mundiais de cartes de crdito, o Visa, Mastercard e American Express, bem
como com construtores informticos.
O SET garante ao cliente que a empresa que est a oferecer os bens existe na realidade
e, por outro lado, garante que o cliente no apenas mais um pirata com ms intenes,
como ilustrado na figura 4.
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Figura 4. Pagamento efetuado atravs de SET
Fonte: (IEE Spectrum, 1997 apud Silva, 1998)
4.4. QUESTES LEGAIS DE COMRCIO ELETRNICO
A internet ultrapassou todas barreiras econmicas sociais, tnicas, raciais, e religiosas.
Regular juridicamente tais materiais pretender controlar o incontrolvel, j enfatizado por
Pereira (2001, p.5). As transaes eletrnicas ainda exigem medidas significativas do poder
legislativo no sentido de criar regras claras que regulem este tipo de comrcio, facilitando a
prtica dos fornecedores de vender seus produtos pela rede mundial de computadores, mas
sem esquecer que, do outro lado, esto os consumidores, que so, em regra geral, a parte mais
fraca da relao de consumo, como referem Turban e King (2004 p.307).
Os atores que operam no espao virtual, a que chamamos ciberespao, jamais perdem
a sua particular suscetibilidade de serem titulares de direitos e obrigaes, e sujeitos de relaes
jurdicas (Pereira, 2001).
O comrcio Eletrnico e os servios da sociedade da informao constituem uma
oportunidade para estimular o crescimento econmico e o investimento na inovao por parte
das empresas, bem como para reforar a competitividade da indstria. Consciente destes
fatores e com o objetivo de eliminar as divergncias entre as legislaes nacionais que
impediam o desenvolvimento dos servios da sociedade de informao e o funcionamento do
mercado interno europeu, por exemplo Rocha,Vaz e Lousa (2006) informam que:
A Unio Europeia optou por regular certos aspectos da sociedade da
informao, em especial do comrcio Eletrnico, atravs da Directiva n.
2000/31/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8 de Junho de
2000. Este diploma comunitrio foi transposto para a ordem jurdica
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34
portuguesa pelo Decreto-Lei n. 7/2004, de 7 de Janeiro, que, em sntese,
regula o exerccio de actividades econmicas na Internet, o regime de
responsabilidade dos prestadores intermedirios de servios, as
comunicaes publicitrias em rede e a contratao electrnica.
De acordo com Rocha e Al. (2006):
O Decreto-Lei n 7/2004, de 7 de Janeiro, habitualmente designado como
Lei do Comrcio Eletrnico (LCE), transps para a ordem jurdica
portuguesa a Directiva n. 2000/31/CE, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 8 de Junho de 2000, relativa a certos aspectos legais dos
servios da sociedade de informao, em especial, do comrcio Eletrnico,
no mercado interno.
Esta lei renovada (Lei n. 46/2012) foi publicada no dia 29 de agosto de 2012 no
parlamento europeu, relativamente ao tratamento de dados pessoais e proteo da privacidade
no setor das comunicaes eletrnicas.
Em resumo, a LCE visa (Turban e King, 2004):
Assegurar a liberdade de exerccio de atividades econmicas na Internet
e proteo de privacidade;
Determinar o regime de responsabilidade dos prestadores
intermedirios de servios;
Regular as comunicaes publicitrias em rede e proteo de direito
autoral;
Regular a contratao eletrnica entre diferentes atores;
Garantir a segurana informtica e Combater a cibercriminalidade;
O Cdigo de Defesa do Consumidor do direito informtico uma lei abrangente que
trata das relaes de consumo em todas as esferas: civil; administrativa, criminal e penal,
estabelecendo novos tipos de crimes e as punies para os mesmos.
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A regulamentao do Comrcio Eletrnico, enquanto nova forma de fazer comrcio,
passou por uma aplicao dos mecanismos jurdicos tradicionais, com ponderao das
especificidades que o caracterizam, particularmente no mbito dos contratos celebrados com
consumidores. Os desafios que o Comrcio Eletrnico coloca ao Direito dos Contratos tero,
como tal, de ser equacionados neste contexto jurdico valorativo do especial dinamismo de um
mercado Eletrnico de consumo global.
Face a esta realidade e considerando o potencial que o universo das redes digitais
apresenta, designadamente, para o crescimento econmico sustentado, a expanso do
comrcio mundial e a melhoria das condies sociais, algumas organizaes internacionais,
como a Org