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Comentário à Regra da Militia Sanctae Mariae, Preceptorado do Brasil, Junho de 2014
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COMENTÁRIO À REGRA
DA
MILITIA SANCTÆ MARIÆ - Brasil
- Capítulo de junho de 2014 –
PRÓLOGO
6 - Sem confusão de poderes, a cavalaria restabelece um elo entre a cidade terrestre e a
cidade celeste. Como a Espada flamejante do querubim à entrada do Paraíso1, a Espada
cavaleiresca protege a cristandade, contra as intrusões do mundo profano. A cavalaria é
templo interior e fortaleza exterior: opõe ao desfraldamento das forças luciferinas a muralha
inexpugnável duma fidelidade sem quebras. É uma Força ao Serviço do Direito, para proteger
tão belas e santas coisas de Deus quis que estivessem por trás da beleza e da santidade da
Espada2. O mundo inteiro está mergulhado no maligno3: com a espada da cavalheiresca, tu
recebes a missão de graça para arrancar ao Diabo a cidade terrestre.
7 - O heroísmo cristão que está na base da cavalaria constitui uma mudança radical dos valores
profanos: à exaltação de si que pretende atingir o absoluto, opõe-se ao abaixamento de Deus
feito homem; à vontade de poder, à humildade; à força deificada, à omnipotência da Cruz4. E é
também ao cavaleiro cristão que se dirige esta palavra do Senhor: Basta-te a Minha graça,
porque é na fraqueza que a Minha força se revela totalmente5. Com efeito, o que é fraco
segundo o mundo, é que Deus escolheu para confundir o forte6.
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Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Nosso país está sediando o campeonato mundial de futebol. Não posso deixar de lembrar-me,
provavelmente com outros aqui, dos dias que vivi na Jornada Mundial da Juventude, seja em
Madri ou no Rio de Janeiro. O ardor da juventude unida, o desejo do jovem de ser santo, a
1 Gen. III, 24 2 Louis VEUILLOT 3 I Jo. V, 19 4 Príncipes pour une Charte de La Chevaleria, art. 2, a 5 II Cor. XII, 9 6 I Cor. I, 27
juventude que levantava as bandeiras e gritava seu amor pelo papa, o congraçamento, os
cânticos festivos e religiosos no transporte público...
Porém, o que vemos em nosso país não é isso. O campeonato mundial tem servido como uma
espécie de lupa, para demonstrar a situação caótica que nosso país mergulhou: se os gastos
indevidos e roubos governamentais são claros, mais ainda tornam-se evidentes que estamos
abandonados a ideologias que fogem completamente não apenas da doutrina social da Igreja,
mas do próprio direito natural, vejam, por exemplo, a tal “Lei garoto Bernardo”. Há uma
movimentação com força de desestruturação. Há um fortalecimento do caos.
E estamos em época de eleição.
Enquanto o mar bravio assola a cristandade, levantamos a questão: “O que fazer?”. Um
filosofo contemporâneo, Peter Kreeft, em sua obra intitulada “Como vencer a guerra cultural”,
responde que o mundo tornou-se caótico e só se pode vencer essa guerra com uma arma: a
santidade. Ou seja, se o caos e a crise aumentam é porque o número de santos diminuiu.
Porém, devemos retirar de nossas mentes a ideia de uma santidade apenas piedosa quase de
caras e bocas. Diz São Josemaria Escrivá (É Cristo que passa, 6) que “A conversão é obra de um
instante; a santificação é tarefa de toda a vida”. A santidade é processo. É processo de oração,
processo de luta, processo de amadurecimento, processo de abertura do coração, processo de
docilidade a Graça.
Não é mais santo aquele que nunca caiu, mas é mais forte aquele que sendo ferido em
batalha, deseja retornar a ela e luta ainda mais encarnecidamente. Este é o momento de
decisão, caros irmãos, queremos lutar por nossa santidade? Queremos enfrentar o futuro que
está por vir? Colocar a bandeira do Reinado Social de Cristo a nossa frente e batalhar por ela?
Nosso hábito não é um bibelô, mas é sinal de combate, como os cruzados que saiam sem saber
se voltariam, dispostos a lutar para libertar a Terra Santa, quer daí adviesse a morte ou não.
A batalha não é fácil, nenhuma batalha é. Mas, ser cristão não é para os fracos. “Esto vir” (1Rs
2, 2) , clama a Sagrada Escritura. “Seja homem”. O momento é agora, ou lutamos bravamente
por nossa santidade, com as armas da humildade porque como diz nosso Senhor “Sem mim
nada podeis fazer” (Jo 15, 5) ou, como o cavaleiro de La Mancha, lutamos contra moinhos de
vento.
No calendário da Forma Extraordinária, celebramos hoje o sétimo dia da Oitava de
Pentecostes. Peçamos que o Espírito venha a nossos corações e os preencha com seus dons.
Abramos, escancaremos, nossos corações ao Espírito Santo e peçamos a Ele a Fortaleza.
Fortaleza nas decisões, especialmente na decisão de sermos santos, na firmeza de seguirmos
pelas sendas da santificação como Deus, pela Santíssima Virgem, quiser. E que venham as
consequências que vierem.
Para aquele que crê em Deus, e tem sua esperança no Senhor, tudo o que se tem é pouco para
se retribuir a Ele. Lutemos pois! Para isso existem os cavaleiros!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Salve Maria.
Michel Pagiossi