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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS MARIANA TRÉS CARDOSO Comparação molecular entre células-tronco mesenquimais de membrana amniótica de cão e de gato. Pirassununga 2015

Comparação molecular entre células-tronco mesenquimais de ... · concessão da bolsa emergencial de ... deterioração da função tecidual e principalmente sobre o ... Coleta

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

MARIANA TRÉS CARDOSO

Comparação molecular entre células-tronco mesenquimais de membrana

amniótica de cão e de gato.

Pirassununga

2015

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MARIANA TRÉS CARDOSO

Comparação molecular entre células-tronco mesenquimais de membrana

amniótica de cão e de gato.

Versão Corrigida

Dissertação apresentada Faculdade de Zootecnia e

Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo,

como parte dos requisitos para a obtenção do título de

mestre em Biociência Animal do programa de Pós-

Graduação em Medicina Veterinária.

Departamento:

Medicina Veterinária

Área de Concentração:

Células-tronco

Orientador:

Prof. Dr. Carlos Eduardo Ambrósio

Pirassununga

2015

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Serviço de Biblioteca e Informação da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da

Universidade de São Paulo

Cardoso, Mariana Trés

C268c Comparação molecular entre células-tronco

mesenquimais de membrana amniótica de cão e de gato /

Mariana Trés Cardoso. –- Pirassununga, 2015.

66 f.

Dissertação (Mestrado) -- Faculdade de Zootecnia e

Engenharia de Alimentos – Universidade de São Paulo.

Departamento de Medicina Veterinária.

Área de Concentração: Biociência Animal.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Ambrósio.

1. Âmnio de cão 2. Âmnio de gato 3. Células-tronco

4. Potencial carcinogênico.

I. Título.

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COMITÊ DE ÉTICA

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome: CARDOSO, Mariana Trés

Título: Comparação molecular entre células-tronco mesenquimais de membrana amniótica de

cão e de gato.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Biociência Animal da Faculdade de Zootecnia e

Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo

para a obtenção do título de Mestre em Ciências.

Data: 21/09/2015

Banca Examinadora

Prof.Dr. Felipe Perecin

Instituição: FZEA – USP Julgamento:______________________________________

Profa. Dra. Celina Almeida Furlanetto Mançanares

Instituição: UNIFEOB - Julgamento:____________________________________________

Prof.Dr. Carlos Eduardo Ambrósio

Instituição:FZEA – USP - Julgamento:__________________________________________

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Agradecimentos

Primeiramente irei agradecer a Deus por mais uma vez me guiar na escolha de um

caminho entre tantos oferecidos pela vida motivada pela certeza de que tudo fará sentido no

futuro.

Ao meu orientador Dr. Carlos Eduardo Ambrósio pela oportunidade, confiança e

ensinamentos.

Aos meus queridos pais e irmã, Djalma, Edna e Marcela pelo apoio, paciência,

compreensão, mesmo parecendo não entender exatamente aonde quero chegar, sempre

depositaram confiança nas minhas escolhas.

Ao meu namorado e amigo, Bruno Viana, pelo companheirismo, apoio, estímulo e

muita paciência sempre instigando minha calma e foco.

A todos os colegas de laboratório pelo compartilhamento de aprendizado

fundamentais para o andamento de todos os trabalhos.

Especiais: Alessandra Oliveira, Atanásio Vidane e Vanessa Cristina de Oliveira devido ao

auxilio técnico, ensinamentos, apoio psicológico, compartilhamento de alegrias e tristezas,

choros e risos, que resultaram em horas imensuráveis de parceria e peculiaridades que

guardarei para sempre.

A Médica Veterinária Mr. Juliana B. Casals que devido as suas horas incansáveis em

proporcionar bem estar animal, foi fundamental para o andamento deste projeto e obtenção

das fontes de células tronco trabalhadas.

À Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos e o programa de pós-graduação

em Biociência animal, pela oportunidade de realização do curso de mestrado.

Á Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES), pela

concessão da bolsa emergencial de mestrado.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão

da bolsa de mestrado e pelo apoio financeiro para a realização desta pesquisa (processo

2013/23850-0).

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RESUMO

CARDOSO, M. T. Comparação molecular entre células-tronco mesenquimais de

membrana amniótica de cão e de gato. 2015. 66 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de

Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2015.

As membranas amnióticas humana, felina e canina representam uma boa fonte de células-

tronco mesenquimais multipotentes. Sua obtenção não causa conflitos éticos, pois o âmnio é

comumente descartado após o nascimento do indivíduo. Devido à característica inovadora da

utilização de células-tronco na medicina regenerativa, diversos testes estão sendo realizados a

fim de sanar dúvidas sobre possíveis complicações de seu emprego, tais como: infecções no

ato da aplicação, deterioração da função tecidual e principalmente sobre o potencial

tumorigênico das linhagens celulares. O teste tumoral foi negativo nas espécies felina e

humana, viabilizando a utilização deste tipo de célula nestas espécies, porém, o mesmo teste

foi realizado em cães anteriormente com resultado positivo para formação tumoral. A

proposta deste estudo é traçar um perfil comparativo sobre as características de cultivo,

marcadores moleculares e ensaio tumoral na membrana amniótica canina e felina. Para a

obtenção das células, foram utilizadas placentas oriundas de 9 gestações caninas nas idades

entre 35 a 45 dias, 1 gestação canina de 25 dias e 3 gestações felinas nas idades de 35 a 45

dias por procedimento de cesariana seguida de castração em clínicas da região de

Pirassununga. O âmnio foi separado manualmente das outras membranas fetais e

acondicionado em placas de Petri, submetido à maceração manual, para posterior cultivo em

meio adequado para cultura de células mesenquimais. Após o estabelecimento do cultivo,

foram realizadas análises de imunocitoquímica para marcadores mesenquimais (CD73, CD90

e CD105) e tumoral (CD30) sendo que as células de origem canina mostraram-se positivas

para os marcadores mesenquimais CD73, CD90 e para o marcador tumoral CD30 e as de

origem felina mostraram-se positivas para os marcadores mesenquimais CD73, CD90 e

CD105. O ensaio in vivo realizado com a inoculação das CT’s canina e felina em

camundongos imunossuprimidos (Balb/c NUDE) pelas vias subcutânea, intramuscular e

intraperitoneal não demonstrando formação tumoral após 60 dias da inoculação. Foram

realizadas análises de citometria de fluxo onde as maiores quantificações nas células caninas

foram os marcadores de pluripotência (OCT-4 e SOX2, com 59,4% e 34,35%

respectivamente), e felinas foram os marcadores mesenquimais (CD73 e CD90, com 32,58%

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e 23,48%). A análise de qPCR das células felinas demonstrou baixa, expressão de todos os

genes testados (mesenquimais, pluripotência, hematopoiético e teratogênico). Já as células de

origem canina, demonstraram expressão maior do gene mesenquimal (CD90) e do gene de

pluripotência (SOX2 e OCT4). Os achados deste estudo demonstraram por ambas as técnicas

(citometria e qPCR) que as células da membrana amniótica felina tem um potencial

mesenquimal mais evidente do que as caninas e ambas não apresentaram potencial

tumorigênico quando submetidas ao ensaio in vivo.

Palavras-chave: Âmnio de cão, âmnio de gato, células-tronco, potencial carcinogênico.

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ABSTRACT

CARDOSO, M. T. Molecular comparison of mesenchymal stem cells from cat and dog

amniotic membrane. 2015. 66 f. Dissertation. (Master's degree) – Faculty of Animal Science

and Food Engineering, University of São Paulo, Pirassununga, 2015.

Human, feline and canine amniotic membranes are a good source of multipotent

mesenchymal stem cells. The obtaining does not cause ethical conflict because the amnion is

usually discarded after the birth. Due to the innovative feature of the use of stem cells in

regenerative medicine, several tests are being conducted to answer some questions about

possible complications of its use, such as infections during application, deterioration of tissue

function and particularly on the carcinogenic potential of amniotic stem cells. Teratoma

formation assays were proved negative in feline and human species, enabling the use of this

type of cell in these species, however, the same test was performed in dogs previously and

was positive for teratomas, condemning its application. The purpose of this study is to trace a

molecular profile and detailed teratogenic test, comparing the canine and feline amniotic

membrane model, since the experiments were favorable to the feline model, in order to find

out where they differ to justify the new data to counteract the results of previous studies using

canine amnion. To obtain cells, it were used placentas from 9 pregnant canines between 35 to

45 days of gestation, one placenta at 25 days from canine and 3 placentas from feline at 35 to

45 days. It was realized caesarean and followed ovarian salpingo hysterectomy at veterinarian

clinics on Pirassununga region. The amnion was manually separated from the other fetal

membranes and placed on Petri dishes. Then was made a manual maceration, later to be

cultivated. After culture establishment were performed immunocytochemical analyzes for

mesenchymal (CD73, CD90 and CD105) and teratogenic (CD30) markers. The canine cells

were positive to the following markers: CD73, CD90 and CD30 and the feline cells were

positive for CD73, CD90 and CD105. Teratogenic test was conducted by subcutaneous,

intramuscular and intraperitoneal inoculation of the canine and feline stem cells, in

immunosuppressed mice (Balb/c NUDE)and was not observed tumor formation after 60 days

of inoculation. Flow cytometry analyzes were performed where the largest quantifications in

canine cells were the genes of pluripotency (Oct-4 and Sox2, 59.4% and 34.35%

respectively), and the feline were performed at the mesenchymal genes (CD73 and CD90,

with 32.58% and 23.48%). PCR analysis of feline cells demonstrated low expression of all

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markers tested (mesenchymal, pluripotency, hematopoietic and teratogenic). The cells of

canine origin, showed higher expression of mesenchymal gene (CD90) and pluripotencys

genes (SOX2 and OCT4). The findings of this study demonstrated for both techniques (flow

cytometry and qPCR) that feline amniotic membrane cells has a more potential than the

canine amniotic membrane cells. Both showed no tumorigenic potential when submitted to in

vivo test.

Keywords: Canine Amnion, feline amnion, stem cells, carcinogenic potential.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Coleta e separação da membrana amniótica.............................................................29

Figura 2: Cultivo de células-tronco canina e felina.................................................................36

Figura 3: Ensaio de imunocitoquimica das células-tronco de cães..........................................37

Figura 4: Ensaio de imunocitoquimica das células tronco de gato..........................................38

Figura 5: Figura 5: Gráficos representando as expressões dos genes mesenquimais (CD73 e

CD90) das células mesenquimais caninas (azul) e felinas (Vermelho), em unidades arbitrárias,

pela técnica de qPCR................................................................................................................41

Figura 6: Figura 6: Gráficos representando as expressões dos genes de pluripotência (OCT4 e

SOX2) das células mesenquimais caninas (Azul) e felinas (Vermelho), em unidades

arbitrárias, pela técnica de qPCR..............................................................................................42

Figura 7: Figura 7: Gráficos representando as expressões do gene tumoral (CD30) e

regulador endógeno (CD34) das células mesenquimais caninas (azul) e felinas (vermelho), em

unidades arbitrárias, pela técnica de qPCR...............................................................................42

Figura 8: Figura 8: Gráfico representando a expressão do gene hematopoiético (CD34) das

células mesenquimais caninas (azul) e felinas (vermelho), em unidades arbitrárias, pela

técnica de qPCR........................................................................................................................43

Figura 9: Inoculação de CT’s em camundongos imunossuprimidos.......................................44

Figura 10: Eutanásia e necropsia dos camundongos imunossuprimidos Balb/c NUDE após 60

dias de aplicação de CT’s de cão e de gato...............................................................................45

Figura 11: Corte histológico do fígado, cérebro, baço e intestino delgado de camundongos

imunossuprimidos inoculados com CT’s de cão, sendo controle (Ctr) e inoculado

(Inoc).........................................................................................................................................47

Figura 12 : Corte histológico dos rins, pâncreas, pulmões e intestino grosso de camundongos

imunossuprimidos inoculados com CT’s de cão sendo controle (Ctr) e inoculado

(Inoc).........................................................................................................................................48

Figura 13: Corte histológico do coração, bíceps femoral e estômago de camundongos

imunossuprimidos inoculados com CT’s de cão sendo controle (Ctr) e inoculado

(Inoc).........................................................................................................................................49

Figura 14: Corte histológico do fígado, cérebro, baço e intestino delgado de camundongos

imunossuprimidos inoculados com CT’s amnióticas de cão com 25dias de gestação, sendo

controle (Ctr) e inoculado (Inoc)..............................................................................................50

Figura 15: Corte histológico dos rins, pâncreas, pulmão e estômago de camundongos

imunossuprimidos inoculados com CT’s amnióticas de 25dias de gestação de cão sendo

controle (Ctr) e inoculado (Inoc)..............................................................................................51

Figura 16: Corte histológico do bíceps femoral, coração e intestino grosso de camundongos

imunossuprimidos inoculados com CT’s amnióticas de cão com 25dias de gestação, sendo

controle (Ctr) e inoculado (Inoc)..............................................................................................52

Figura 17: Corte histológico do fígado, cérebro, baço e intestino delgado de camundongos

imunossuprimidos inoculados com CT’s de gato, sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc)....53

Figura 18: Corte histológico dos rins, pâncreas, pulmões e estômago de camundongos

imunossuprimidos inoculados com CT’s de gato sendo controle (Ctr) e inoculado

(Inoc).).......................................................................................................................................54

Figura 19: Corte histológico do bíceps femoral e coração de camundongos imunossuprimidos

inoculados com CT’s de gato sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc)....................................55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Especificação dos Anticorpos primários utilizados nas análises imunofenotípicas

das células-tronco canina e felina (Concentração

1:100)........................................................................................................................................32

Tabela 2: Especificação dos Anticorpos secundários utilizados nas análises imunofenotípicas

das células-tronco canina e felina.(Concentração

1:300)........................................................................................................................................33

Tabela 3: Especificação dos primers utilizados na avaliação de expressão de genes de

marcadores hematopoiéticos, mesenquimais, carcinogênicos e de pluripotência de CT’s de

cão.............................................................................................................................................34

Tabela 4: Especificação dos primers utilizados na avaliação de expressão de genes de

marcadores hematopoiéticos, mesenquimais, carcinogênicos e de pluripotência de CT’s de

gato............................................................................................................................................34

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 : Quantificação da expressão de marcadores hematopoiéticos, mesenquimais,

carcinogênico e de pluripotência de CT’s da membrana amniótica de origem felina(azul) e

canina(vermelha) por análise de citometria de

fluxo..........................................................................................................................................40

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO ................................................................................................................16

2.0 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................18

3.0 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................19

3.1 Membranas Fetais.......... ....................................................................................................19

3.2 Células-Tronco ...................................................................................................................20

3.3 Células-tronco mesenquimais ............................................................................................20

3.4 Âmnio..................................................................................................................................22

3.5 Tumorigênese .....................................................................................................................25

4.0 HIPÓTESE........................................................................................................................26

5.0 OBJETIVOS .....................................................................................................................27

5.1 Objetivos Gerais .................................................................................................................27

5.2 Objetivos Específicos .........................................................................................................27

6.0 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................27

6.1Animais de estudo ...............................................................................................................27

6.2 Cultivo Celular....................................................................................................................28

6.2.1 Padronização do cultivo das células da membrana amniótica ........................................28

6.2.2 Criopreservação ..............................................................................................................29

6.3 Imunocitoquímica ..............................................................................................................31

6.4 Citometria de Fluxo............................................................................................................31

6.5 Expressão gênica.................................................................................................................33

6.5.1 Extração RNA..................................................................................................................33

6.5.2 Preparação do RNA total para amplificação e PCR quantitativo em tempo real.............33

6.6 Avaliação do potencial carcinogênico............................................................................... 35

7.0 RESULTADOS.................................................................................................................36

7.1 Coleta e cultivo celular.......................................................................................................36

7.2 Imunocitoquimica...............................................................................................................37

7.3 Citometria de Fluxo........................................................................................................................40

7.4 Expressão gênica.................................................................................................................41

7.5 Análise Estatística qPCR....................................................................................................44

7.6 Teste de potencial tumorigênico.........................................................................................45

7.6.1 Histologia.........................................................................................................................47

8.0 DISCUSSÃO.....................................................................................................................57

9.0 CONCLUSÃO...................................................................................................................62

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................63

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1.0 INTRODUÇÃO

As células-tronco são células progenitoras indiferenciadas que possuem capacidade de

proliferação, autorrenovação e diferenciação em múltiplos tipos celulares. Muitas pesquisas

estão em andamento com a intenção de explorar estas características visando finalidades

terapêuticas (BYDLOWSKI et al., 2009a; PARK et al., 2012; VIDANE et al., 2013). As CTs

podem ser totipotentes, pluripotentes ou multipotentes. As totipotentes apresentam capacidade

de gerar um indivíduo inteiro, pois, além de se diferenciarem nos três folhetos embrionários

(endoderma, mesoderma e ectoderma) são capazes de produzir os anexos fetais. As CTs

pluripotentes também se diferenciam nos três folhetos embrionários, porém não podem se

diferenciar nos anexos embrionários que compõem a placenta. As CTs multipotentes estão

presentes em tecidos totalmente formados ou adultos, são pré diferenciadas para reposição

fisiológica destes, mas ainda podem se diferenciar nos três folhetos embrionários quando

especificamente estimuladas (LAKSHMIPATHY et al., 2005).

As fontes de células- tronco são variadas. Podem ser obtidas de tecidos adultos, tecido

embrionário e anexos fetais (NISHIDA, et al., 2012). A obtenção em tecido adulto fornece

células com menor capacidade proliferativa proporcional a maior idade do indivíduo. Os

tecidos fetais representam uma boa fonte em termos de qualidade celular, porém, dependendo

da fase de sua obtenção implica em morte fetal colocando assim barreiras éticas em defesa

destas células (BYDLOWSKI et al., 2009b). Os anexos fetais representam uma fonte em

evidência, pois geralmente são descartados após o parto e fornecem células com excelentes

características proliferativas e regenerativas (URÂNIO et al., 2011).

Um tipo de célula-tronco (CT’s) que está sendo estudado e até já utilizada em terapia

celular são as células-tronco mesenquimais. Estas estão presentes em tecidos adultos como

repositoras fisiológica (JURGA et al., 2006; CAPLAN, 2009). São células multipotentes que

apresentam grande capacidade de proliferação em diversas linhagens celulares que quando

cultivadas em meios específicos, possuem a capacidade de se propagar e diferenciar em

multiplas linhagens de osteócitos, condrócitos, adipócitos e neurônios (URÂNIO et al., 2011).

A membrana amniótica está se revelando uma fonte produtiva de células-tronco

mesenquimais (BACENKOVÁ et al., 2011; URÂNIO et al., 2011). Ela já é utilizada há

algum tempo como enxerto para doenças ulcerativas corneanas em equinos, caninos, e seres

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humanos com resultados favoráveis (MOREIRA et al., 2000; VITA et al., 2012). Esta que

geralmente é descartada logo após o parto, possui células-tronco já caracterizadas como do

tipo mesenquimal nas espécies felina, canina, equina e humana (BACENKOVÁ et al., 2011;

URÂNIO et al., 2011;PARK, et al., 2012; VIDANE, et al., 2014.; VITA et al., 2012).

Esta fonte está passando por diversos testes para assegurar a viabilidade de sua

aplicação clinica, porém, os artigos italianos, que muito contribuem para esta área, não

apresentam testes tumorigênicos, mas sugerem este tipo de investigação (RUTIGLIANO, et

al. 2013). A célula-tronco mesenquimal derivada da membrana amniótica felina, mostrou-se

segura sendo negativa para a formação tumoral quando aplicada em camundongos

imunossuprimidos (VIDANE et al., 2014). Esta mesma fonte foi testada com células de

origem humana mostrando os mesmos resultados após aplicação em camundongos

imunossuprimidos (HODGES et al., 2012). Estas células, quando testadas na espécie canina

demonstrou positividade no teste tumorigênico (LIMA et al., 2009).

O modelo experimental canino vem sendo estudado, pelo fato de diversas doenças

genéticas em cães apresentarem similiaridade genética em seres humanos (URÂNIO et al.,

2011). Um exemplo desta similaridade é a distrofia muscular do golden retriever e a distrofia

muscular humana de Duchenne (KERKIS, et al., 2008).

Atualmente, o mercado pet está conquistando um lugar importante na sociedade. As

famílias consideram seus animais como parte delas. A procura pela terapia regenerativa na

medicina veterinária já é uma realidade. Nossa proposta é explorar detalhes sobre a membrana

amniótica canina a fim de decifrar pontos que possam justificar o resultado tumorigênico

encontrado no trabalho de Lima et al. (2009), visto que julgamos uma fonte promissora que

mostrou características positivas em felinos e humanos. Todos os testes e procedimentos

realizados com a membrana amniótica canina, serão efetuados utilizando o modelo felino,

traçando uma comparação entre estas espécies.

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2.0 JUSTIFICATIVA

Devido à escassez na literatura em relação às características moleculares da membrana

amniótica canina, o presente estudo pretende investigar a segurança biológica das células-

tronco amniótica desta espécie de uma forma comparativa com a membrana da espécie felina

a fim de contribuir e fornecer dados para uma possível aplicação clínica futura.

A escolha da fonte celular canina e felina relaciona-se com proximidade destas

espécies na rotina clínica veterinária e foco de campanhas de castração e, além disso, ao fato

de que a placenta é um órgão geralmente descartado após o parto e, devido a isto, não

existirem entraves éticos para estudo de seus tecidos.

De acordo com a literatura já publicada, as células da membrana amniótica canina

demonstraram positividade no teste tumorigênico, porém, este mesmo trabalho sugere a

continuidade de estudos com este tecido, devido às inúmeras vantagens desta fonte de células-

tronco. A medicina regenerativa em cães deve ser explorada, pois existe grande similaridade

de disfunções genéticas ocorridas entre esta espécie e a humana. A exploração de novos

recursos terapêuticos em cães traz benefícios, tanto para medicina humana, como para a

veterinária, já que os animais domésticos são importantes modelos de estudo para futuras

aplicações na terapia e medicina regenerativa.

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3.0 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Membranas fetais

A placenta é um órgão temporário que desempenha funções metabólicas (síntese de

glicogênio, por exemplo), transporte de nutrientes e gases, produção hormonal, respiração,

proteção e excreção entre mãe e feto durante a gestação. A porção fetal é conhecida como

córion e a porção maternal como decídua basal e é derivada do endométrio (MOORE et al.,

2008b; JUNQUEIRA et al., 2011; ARALLA et al., 2013).

A placenta canina e felina é classificada de acordo com a organização das vilosidades

coriônicas como zonária, pois estas formam uma faixa equatorial que circunda os fetos. Sobre

sua relação circulatória com os tecidos maternos, ela é classificada como endotéliocoreal, ou

seja, durante o parto, o tecido uterino materno é perdido e o endotélio maternal mantém

íntimo contato com o córion (JAINUDEEN et al., 2004; WOODING et al., 2008; ARALLA

et al., 2013). A placenta da gata doméstica é classificada como zoonária incompleta, pois,

possui uma área de fissura placentária (AMBRÓSIO et al., 2004). A placenta é formada e

compartimentalizada pelas membranas fetais que ajudam na execução das diversas funções

atribuídas a este órgão, além de separar o embrião ou o feto do endométrio. As membranas

fetais são o córion, o âmnio, o saco vitelino e o alantóide (MOORE et al., 2008b). O cório

envolve o embrião e todas as outras membranas fetais e é a porção placentária que está

intimamente ligado a parede interna do útero (JAINUDEEN et al., 2004). O alantóide é o

precursor do sistema urinário. Esta vesícula é responsável por armazenar lixo metabólico

residual durante a gestação (WOODING et al., 2008). O cordão umbilical faz a ligação

vascular entre a mãe e o feto (JAINUDEEN et al., 2004).

Durante a fase de gastrulação, período em que se formam as três camadas

germinativas (endoderma, mesoderma e ectoderma), ocorre a dobra do trophectoderma sobre

o mesoderma extra embrionário revestindo o disco embrionário com uma delgada membrana

que se funde em uma região (mesamnion) dando origem a cavidade amniótica (VEJLSTED,

2010).

A membrana amniótica forma o revestimento epitelial do cordão umbilical e uma

cavidade delimitada por sua membrana onde contém liquido amniótico que envolve

diretamente o embrião/feto durante toda a gestação dos carnívoros. O liquido amniótico é

formado por secreção das próprias células amnióticas, fluido tecidual materno por difusão,

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19

troca de fluidos através da pele do feto antes da sua queratinização, secreção do trato

respiratório, urina e mecôneo do feto (MOORE et al., 2008b). As funções do liquido

amniótico são: barreira contra agentes infecciosos, permite o crescimento simétrico do

embrião, bem como sua movimentação e desenvolvimento da musculatura dos membros,

hidratação, permite o desenvolvimento normal dos pulmões, impede a aderência entre o feto e

a membrana amniótica, envolve o feto absorvendo impactos oriundos de traumas externos,

auxilia no controle da temperatura além de homeostasia dos fluidos e eletrólitos fetais

(MOORE et al., 2008b; WOODING et al., 2008).

3.2 Células-Tronco

As células-tronco são células precursoras indiferenciadas com capacidade de

autorrenovação em estado ainda indiferenciado o que confere a elas a característica de

reposição de tecidos injuriados devido a sua capacidade de se diferenciar em diversos tipos

celulares (BYDLOWSKI et al., 2009a; PARK et al., 2012). Elas podem ser isoladas de

diversas fontes teciduais, como tecido adiposo, tecido de papila dental, placenta, e medula

óssea (NISHIDA, et al., 2012). A utilização de células tronco em reparo tecidual é uma

promessa em ascensão. Porém, estudos minuciosos ainda devem ser realizados a fim de tornar

o procedimento seguro e sanar dúvidas sobre reais complicações possíveis como infecções no

ato da aplicação, deterioração da função tecidual e principalmente sobre o potencial

carcinogênico da técnica. Por isso, diversos estudos estão sendo realizados em modelos

experimentais animais antes de se propor sua aplicação para seres humanos (NISHIDA, et al.,

2012).

3.3 Células-tronco mesenquimais

São células presentes em todos os tecidos do indivíduo adulto atuando como fonte

repositora fisiológica com o objetivo de reparação tecidual individual especifica (JURGA et

al., 2006; CAPLAN, 2009). Os primeiros estudos realizados foram feitos com sangue

coletado da medula óssea (URÂNIO, et al., 2011). Segundo Bydlowski et al. (2009b) e Vita et

al. (2012), as fontes de células-tronco mesenquimais adultas, como da medula óssea, por

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exemplo, são escassas possuindo limitações na expansão contínua, já que sua proliferação, no

indivíduo adulto tem sua resposta diminuída conforme o envelhecimento. Por estes motivos,

tem se estimulado a pesquisa de novas fontes de células mesenquimais a partir de anexos

fetais (VITA et al., 2012). Elas apresentam grande capacidade de gerar diferentes tecidos

(ossos, cartilagens, músculo, neurônio, gordura) quando expostas a agentes indutores

específicos mesmo tratando-se de uma linhagem celular diferente de sua origem. Esta

capacidade é conhecida como plasticidade (BYDLOWSKI et al., 2009a; CAPLAN, 2009). As

células-tronco mesenquimais são definidas como células-tronco multipotentes, ou seja, sob

condições controladas podem se diferenciar em diversos tipos celulares in vitro e in vivo

(URÂNIO et al., 2011). Células multipotentes já apresentam um direcionamento a uma

linhagem específica para certo tipo celular, porém, ainda podem se diferenciar em tipos

celulares distintos dos tecidos relacionados (BYDLOWSKI et al., 2009a). Uma das

características particulares das células-tronco mesenquimais é que quando cultivadas in vitro,

apresentam característica de aderência ao plástico e formação de colônia mimetizando

fibroblastos (fibroblastóide) (BYDLOWSKI et al., 2009a).

De acordo com Dominici et al. (2006) que, baseado nos critérios da sociedade

internacional de terapia celular , descreve pontos característicos mínimos para a classificação

de uma célula em mesenquimal, estas células devem apresentar as seguintes características:

- positividade para os marcadores mesenquimais CD73, CD90 e CD105, negatividade

para os marcadores hematopoiéticos CD34, CD45 e CD14.

- formato fibroblastóide.

- aderência ao plástico.

- diferenciação em tecido adiposo, condroblasto, osteoblasto quando estimuladas in

vitro.

A aplicação clinica das CTs é bastante discutida e muitas vezes controvérsia. Questões

como a via de aplicação, compatibilidade, fonte, potencial tumorigênico, potencial

regenerativo, efeitos colaterais, resultados esperados de fato, são as mais abordadas e

colocadas em prova. A medicina humana coloca uma grande expectativa no potencial

regenerativo destas células, porém, a pesquisa em modelos animais precisa percorrer um bom

caminho a fim de responder todas as questões citadas acima como forma de garantir a

segurança da nova terapia (BYDLOWSKI et al., 2009a; BIANCO, et al.; 2013).

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3.4 Âmnio

A placenta tem um papel importante no desenvolvimento embrionário dos mamíferos

proporcionando proteção, oxigenação e nutrição ao feto. Ela é constituída por três camadas, o

córion, âmnio e alantóide (PARK et al., 2012; ARALLA et al., 2013).

A origem do âmnio humano, ocorre após a implantação uterina do blastocisto e sua

divisão em epiblasto e hipoblasto. Ocorre a compartimentalização do epiblasto que libera

amnioblastos formando o assoalho da cavidade amniótica (MOORE e PERSAUD, 2008;

HODGES et al., 2012). Já em carnívoros e equinos, a membrana amniótica surge na fase de

gastrulação, período em que se formam as três camadas germinativas (endoderma, mesoderma

e ectoderma), após a dobra do trophectoderma sobre o mesoderma extra-embrionário

revestindo o disco embrionário com uma delgada membrana que se funde em uma região

(mesamnion) dando origem a cavidade amniótica. Esta membrana envolve o embrião e o feto

durante todo o seu desenvolvimento e deve ser removida pela mãe ou auxiliar veterinário, em

casos de cesariana, imediatamente após o nascimento nas espécies como carnívoro e eqüino

onde a região de encontro das membranas é extremamente intima promovendo a vedação da

cavidade, podendo causar asfixia fetal. O âmnio é ainda recoberto por outra membrana, o

alantóide (VEJLSTED, 2010).

Em análises histológicas em embriões caninos, aos 10 dias de gestação já é possível

detectar uma fina camada epitelial indicando o surgimento da membrana amniótica. Aos 14

dias, a detecção é mais clara, porém nota-se ainda, um íntimo contato e aderência da

membrana com o embrião além de quantidade mínima de liquido amniótico (ARALLA et al.,

2013). Segundo Miglino et al. (2006), aos 20 dias de gestação a membrana amniótica está

completamente formada porém mantém o intimo contato com o embrião. Aos 24 dias o

embrião está mais desenvolvido e as membranas placentárias já podem ser distinguidas mais

facilmente. O âmnio nesta fase mostra-se como uma membrana delgada, transparente,

contendo considerável quantidade de liquido amniótico em seu interior.

A membrana amniótica possui um estroma avascular, é composta por epitélio cúbico

simples, colágeno tipo IV, laminina e uma membrana basal espessa (MOREIRA et al., 2000;

PARK, et al.,2012). Porém, segundo Miglino et al.(2006), o âmnio de carnívoros domésticos

é avascular nos primeiros estágios de gestação, e, por volta dos 24 dias, diversos vasos

sanguíneos de pequeno calibre da membrana interna do alantóide projetam-se em direção ao

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âmnio. Em um estudo histológico realizado por Aralla et al. (2013) aos 18 dias de gestação já

foi possível detectar projeções de micro capilares sanguíneos a partir do alantóide sobre o

âmnio. Miglino et al. (2006) afirma também que a partir dos 45 dias de gestação, a densidade

e calibre e complexidade dos vasos sanguineos placentários aumentam significativamente.

Este aumento é justificado, provavelmente devido ao período de maior demanda nutricional

fetal, pois a expansão corporal do feto nesta fase é maior. Na última semana de gestação, o

âmnio apresenta uma camada significativa de tecido conjuntivo interposto em seu epitélio

(ARALLA et al., 2013).

Estudos e aplicações clínicas da membrana amniótica humana propriamente dita são

realizados com resultados positivos para auxilio no tratamento de doenças corneanas, tais

como: defeitos epiteliais persistentes secundários a, por exemplo, queimaduras químicas,

lesões penfigóides cicatriciais e sídrome de Stevens Johnson, caracterizada, dentre outras

manifestações, por lesões ulcerativas em junções mucocutâneas de difícil cicatrização com

evolução rápida podendo ser fatal (RITTOLES, et al., 1997; MOREIRA et al., 2000). A

membrana amniótica apresenta características antiadesivas, antibacteriana, antiinflamatória,

proteção da ferida, ajuda na reepitelização por facilitar a adesão e migração das células

epiteliais basais e prevenir a apoptose e restaurar o fenótipo epitelial (MOREIRA et al., 2000).

Segundo Pontes et al. (2011) e Mahbod et al. (2014), a membrana amniótica se destaca como

importante opção estratégica em tratamento adjuvante de diversas afecções oculares, como

mostram alguns recentes estudos de Ghanavati et al. (2014) que utiliza a membrana amniótica

com resultados positivos como adjuvante no tratamento de pterígio, uma afecção

desenvolvida pela exposição crônica a raios UVA e UVB e consequente formação de uma

membrana vascularizada que pode atingir a córnea provocando dor e sensibilidade a

luminosidade e um estudo de Yang et al (2015) onde utiliza a membrana amniótica humana

como auxiliar em procedimentos de trabeculectomia, um procedimento realizado em afecções

oculares como glaucoma demonstrando boa influência na resolução dos casos.

A utilização de células tronco à partir da membrana amniótica, assim como de outros

anexos fetais apresenta vantagens éticas sobre outros métodos, pois sua obtenção não implica

em eutanásia de qualquer exemplar animal ou procedimento invasivo em um segundo

indivíduo, já que este anexo fetal é comumente descartado após o nascimento do animal

(URÂNIO et al., 2011;PARK, et al., 2012; VITA et al., 2012). Estas células apresentam alta

capacidade de diferenciação em tecido adiposo, ósseo, neuronal e cartilaginoso, in vitro, além

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da capacidade regenerativa e proliferativa (PARK, et al., 2012). Elas representam uma

importante fonte de células-tronco mesenquimais (URÂNIO et al., 2011). Segundo Vita et al.

(2012), as células tronco derivadas de anexos fetais apresentam marcadores de

pluripotenciabilidade como o OCT 4 e o NANOG.

As células-tronco derivadas de epitélio amniótico humano já são caracterizadas, sendo

que estas não expressaram marcadores para células mesenquimais ou hematopoiéticas na

primeira metade da gestação. Já as células derivadas do liquido amniótico, apresentaram

positividade para tais marcadores. Isto ocorre, provavelmente, devido à maior pureza das

células derivadas da membrana amniótica diretamente, já que o liquido amniótico possui uma

mistura de tipos celulares indefinidos (HODGES et al., 2012). O epitélio amniótico humano

mostrou capacidade de diferenciação em musculatura cardíaca, miócito, osteócito, adipócito,

células pancreáticas, hepatócitos, pulmão, células neurais e astrócitos (BYDLOWSKI et al.,

2009b; HODGES et al., 2012). As células amnióticas humanas não induziram formação

tumoral após aplicação em camundongos nudes (HODGES et al., 2012).

Além dos interesses clínicos propriamente ditos, a avaliação dos resultados positivos

ou negativos em modelos experimentais caninos tem grande importância para a extrapolação

comparativa dos resultados para a espécie humana. A maioria das doenças genéticas em cães

apresentam similaridade com as disfunções ocorridas em seres humanos (URÂNIO et al.,

2011).

As células-tronco derivadas da placenta possuem características atrativas para a

medicina regenerativa como plasticidade e imunomodulação. As células derivadas do epitélio

amniótico humano são um exemplo desta fonte (HODGES et al., 2012). Elas expressam o

antígeno leucocitário G imunossupressivo (HLA-G) como proteção da apoptose e rejeição do

feto durante a gestação (HODGES et al., 2012). A ausência de expressão de antígenos

polimórficos como HLA-A, HLA-B, HLA-C(Classe IA) e HLA-DR(Classe II) na superfície

celular e a baixa expressão de moléculas coestimulatórias CD40, CD80 e CD86 sugerem que

o tecido da membrana amniótica apresenta baixas taxas de rejeição nas aplicações

terapêuticas nos casos de alotransplantes e xenotransplantes (MOREIRA et al., 2000;

URÂNIO et al., 2011).

O conhecimento do desenvolvimento da membrana amniótica nos dá suporte para

sugerir a melhor fase para análises com a mesma visando um tecido com quantidade aceitável

de capilares sanguíneos, por exemplo, mínima quantidade de tecido conjuntivo, além de uma

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fase visível e palpável para obtenção da membrana. O intervalo intermediário dentre 35 e 45

dias foi escolhido por nós considerando todos os fatores morfológicos de desenvolvimento

citados acima.

3.5 Tumorigênese

O desenvolvimento e manutenção celular de um organismo são orquestrados por

mecanismos intrínsecos de controle. As células-tronco participam disto, principalmente no

que diz respeito à reposição celular desde a formação embrionária até a fase adulta do

indivíduo. Todo processo que envolve diferenciação celular é passível de desorganização e

rompimento destes mecanismos controladores podendo gerar erros de diferenciação

(mutações) a níveis celulares germinativos e somáticos culminando em problemas funcionais

e neoformações (BAPAT, 2007). A alteração de genes regulatórios da atividade celular é

fundamental no desencadeamento de uma desordem molecular que favorece o surgimento da

neoplasia (FARIA & ROBENHORST, 2005). Estudos in vivo e in vitro demonstram que uma

pequena quantidade de células contidas em uma neoplasia apresentam características tronco

demonstrando capacidade de autorenovação. Portanto, algumas células tumorais podem, a

partir de um estimulo externo iniciar diferenciação em qualquer outro tipo celular garantindo,

assim a perpetuação e autorenovação tumoral, enquanto outros tipos celulares presentes ali

acabam morrendo (HOUGHTON et al., 2007).

As características de autorenovação, organização seguindo uma hierarquia, resistência

a apoptose e a ação de fármaco, migração e intensa proliferação sugerem o envolvimento das

células tronco em processos tumorais. Mudanças no microambiente celular, alterações

metabólicas, disfunção no processo de divisão celular podem gerar mutações gênicas. A

amplificação destas alterações genéticas acarretam em neoplasias primária heterogênea

(BAPAT, 2007).

Uma questão preocupante que envolve as terapias com células-tronco é sobre o

mecanismo efetivo de controle da diferenciação destas células que garantam a não formação

de neoplasias (BAPAT, 2007). Por isso, os testes carcinogênicos são tão importantes antes de

se programar um estudo pré-clínico utilizando tais células.

O carcinoma embrionário é um tumor maligno derivado de células tronco que

apresenta características de máxima totipotenciabilidade sendo capaz de produzir distintos

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tipos celulares tanto malignos quanto benignos. O marcador CD30 é o principal marcador

encontrado neste tipo de neoplasia (PREDA et al., 2012). Este marcador também é detectado

em outros tipos de câncer como linfoma anaplástico de células grandes e linfoma de Hodgkin

(JUNIOR et al., 2006; SANTOS, et al., 2008).

O gene C-MYC dá origem a fosfoproteínas nucleares altamente conservadas. Pertence

a família de oncogenes Myc juntamente com as derivações Myc-1, Myc-2 e Myc-3, N-Myc,

L-Myc. É apontado como um dos principais marcadores de processos tumorigênicos em

diversos tipos de cânceres como neuroblastomas e carcinoma de pulmão. Está envolvido na

regulação do ciclo celular, diferenciação, metabolismo, crescimento, apoptose, instabilidade

genômica, enfim, todo controle de proliferação celular, portanto, é associado a neoplasias

quando há uma ativação descontrolada deste gene, secundária a uma mutação, desregulando

totalmente sua atividade e permitindo uma neoformação tumoral (FARIA & ROBENHORST,

2005).

O gene P53 é considerado um gene de supressão tumoral, pois, assim como o gene C-

MYC, está envolvido nos processos regulatórios de metabolismo e diferenciação celular,

portanto, sua presença em processos tumorais também ocorre em casos de mutações que

predispõe a alterações citogenéticas e, consequentemente a formação tumoral. Estás mutações

podem estar presentes em inúmeros tipos de tumor, como bexiga, pulmão, mama, cérebro,

ovário, próstata, entre outros (VELDHOEN et al., 1999, HOLLSTEIN et al., 1999).

4.0 HIPÓTESE

A membrana amniótica canina representa uma fonte viável de células-tronco

mesenquimais apresentando resultados negativos para a formação tumoral quando aplicada

em camundongos imunossuprimidos demonstrando características moleculares semelhantes às

células-tronco mesenquimais derivadas da membrana amniótica felina.

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5.0 OBJETIVOS

5.1 Objetivos Gerais

Obter dados comparativos entre a membrana amniótica canina e felina em relação ao

cultivo de células-tronco, identificação de marcadores mesenquimais, pluripotência,

hematopoiéticos, metabólicos e teratogênico, avaliando ainda o potencial tumorigênico das

mesmas, com intuito de viabilizar ou não a utilização da célula de origem canina para terapia

celular.

5.2 Objetivos Específicos

- Isolar células-tronco mesenquimais de membrana amniótica de fetos caninos e

felinos no intervalo gestacional de 35 a 45 dias.

- Identificar através da técnica de imunocitoquímica, citometria de fluxo e qPCR a

expressão de marcadores de origem mesenquimal (CD90, CD105 e CD73) marcador

tumorigênico (CD30), reguladores dos mecanismos de proliferação celular (P-53, C-MYC) e

marcadores hematopoiéticos (CD45 e CD34) nas culturas de células-tronco provenientes do

âmnio canino e felino na passagem P3.

- Inocular as células-tronco de membrana amniótica canina e felina em camundongos

imunossuprimidos (Nudes) na fase P3 pela via subcutânea, intramuscular e intraperitoneal

para ensaio tumoral.

6.0 MATERIAL E MÉTODOS

6.1 Animais de Estudo

O presente estudo foi realizado no Laboratório de Células tronco e Terapias Gênicas

do Grupo de Desenvolvimento de Tecnologias Inovadoras (GDTI) (www.gdti.fzea.com.br)

localizado na Unidade Didática Clínico Hospitalar (UDCH) na Faculdade de Zootecnia e

Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo- Pirassununga sob a

concessão do comitê de ética (protocolo nº1312823742). As membranas amnióticas utilizadas

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foram provenientes de úteros gravídicos de fêmeas sem raça definida oriundas de campanhas

de castrações da cidade de Pirassununga. Foram utilizados 9 gestações caninas nas faixas

etárias entre 35 a 45 dias, uma gestação canina de 25 dias e 3 gestações felinas na faixa etária

entre 35 e 45 dias totalizando 13 gestações e 28 membranas amnióticas como fonte de células-

tronco sendo que a partir dos cultivos, estas células foram divididas e destinadas as análises

propostas por este estudo. Todo o procedimento de coleta e separação da membrana foi

realizado em fluxo laminar. Os fetos foram mensurados baseados pela técnica de Crown-

Rump (CR) preconizada por Evans e Sack (1973) e recentemente por Martins et al. (2011) e

Pieri et al. (2015).

6. 2 Cultivo Celular

6.2.1 Padronização do cultivo das células da membrana amniótica

O método e protocolo de cultivo foi baseado nos trabalhos de caracterização de

células-tronco mesenquimais de membrana amniótica canina descritos por Lima et al. (2009),

Urânio et al. (2011), Park et al. (2012) e e felina descrito por Vidane et al. (2014).

Foram realizadas coletas de úteros gravídicos de acordo com a demanda de castração,

sendo 9 animais doadores da espécie canina, 3 doadores da espécie felina de idades

gestacionais variáveis (35 a 45 dias), além de 1 animal doador da espécie canina de idade

gestacional de 25 dias. A membrana amniótica de cão e gato foi separada dos outros anexos

fetais, coletada e colocada em placas de Petri (Figura 1). Estas foram lavadas em solução de

PBS, maceradas mecanicamente com auxílio de uma lâmina de bisturi até a obtenção de um

homogeneizado dos fragmentos de tecidos, em torno de 3mm de diâmetro. Estes fragmentos

foram colocados em placas de Petri de 35mm contendo meio Alpha MEM (gibco, Life

Technologies®) suplementado com 10% de soro fetal bovino (gibco, Life Technologies®) ) e

1% de antibiótico penicilina e estreptomicina (gibco, Life Technologies®) e após foram

mantidos em incubadora a 38oC com umidade relativa próxima de 80% e atmosfera gasosa de

5% de CO2.

Sobre a coleta e obtenção das células, deve-se ressaltar o cuidado minucioso da

separação da membrana amniótica propriamente dita e do alantóide devido ao íntimo contato

entre estas duas membranas, além dos cuidados de assepsia a fim de evitar contaminação. A

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obtenção de úteros gravídicos de gatas prenhas foi mais escassa, provavelmente devido aos

hábitos livres e errantes das gatas que muitas vezes acabam emprenhando e parindo longe de

sua região domiciliar.

Figura 1: Coleta e separação da membrana amniótica.

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014)

Legenda: A: Placenta zoonária canina. B: Mensuração Crow-Rump de feto canino com 7cm, indicando a

idade de 42 dias de gestação. C: Separação da membrana amniótica dos demais anexos embrionários. D:

Obtenção da membrana amniótica propriamente dita.

Quando a cultura de células alcançou 60-75% de confluência, as células foram tripsinizadas (2

ml de tripsina a 0,25%, Tryple Express, Gibco) permanecendo encubada por 10 minutos a 37ºC.

Após isto, as células foram centrifugadas em rotação de 1000rpm durante 5 minutos. O

sobrenadante contendo a tripsina foi descartado e o “pellet” celular foi ressuspendido em meio

Alpha MEM suplementado.

6.2.2 Criopreservação

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A cultura de células provenientes do âmnio foi centrifugada e o “pellet” celular

ressuspendido em meio de congelamento composto por 70% de Alpha MEM suplementado

com 20% de SFB e 10% de DMSO (Sigma, Saint Louis, USA). Este foi distribuído em

criotubos (1 ml para cada criotubo) posteriormente transferidos para o aparelho Mister Frost

(Nalgen) e mantidos em freezer -80°C overnight. Após 24 horas os criotubos foram

acondicionados em nitrogênio líquido, onde permaneceram armazenados em temperatura de -

196ºC para posterior utilização.

Os criotubos foram retirados cuidadosamente do tambor de nitrogênio líquido e

descongelados em banho Maria à temperatura de 37°C. Em seguida as células foram

transferidas para tubos tipo Falcon e adicionados meio de cultivo Alpha MEM.. As amostras

foram centrifugadas a 10000 rpm por 5 minutos, o sobrenadante descartado, o “pellet”

ressuspendido em 2 ml de meio de cultivo, e consequentemente transferido com o meio para

as placas de cultivo acondicionadas em estufa a 37,0o C.

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6.3 Imunocitoquímica

As células provenientes do âmnio de cães e gatos foram cultivadas sobre lamínulas em

placas de cultivo de 6 poços com 35mm. Após atingirem confluência de aproximadamente

60%, estas foram fixadas com paraformaldeído 4% durante 30 minutos, lavadas com 1ml de

TBS (PBS+TWEEN) 0,1% por 3 vezes de 5 minutos cada, permeabilizadas com Triton – X –

100 a 1% durante 20 minutos em temperatura ambiente. Posteriormente as placas foram

lavadas novamente com solução TBS 0,1% e bloqueadas com BSA (Soro de albumina

bovina) 0,4% durante 30 minutos. Realizaram-se 3 novas lavagens com solução TBS 0,1%.

Em seguida, as células foram incubadas overnight a 4°C com 100 microlitros de solução com

BSA 0,2% e anticorpos primários em cada placa na diluição 1:100 (Tabela 1). Posteriormente,

as placas foram novamente lavadas por 3 vezes com solução de TBS0,1% e adicionado os

anticorpos secundários diluídos na concentração 1:200 em BSA 0,2% (Tabela 2). Após 1 hora

em temperatura ambiente e ao abrigo da luz, realizou-se 3 novas lavagens com solução de

TBS 0,1% e adicionou-se o revelador Hoeschst 33342 na diluição de 1:1000 durante 8

minutos. Em seguida, as placas foram novamente lavadas por 3 vezes com solução TBS 0,1%,

as lamínulas foram retiradas das placas e coladas em lâminas com cola citológica Prolong®

Antifade (Invitrogen, P36934) e avaliadas em microscópio de fluorescência.

Como controle negativo, as células foram incubadas apenas com os anticorpos

secundários na concentração 1:200 diluídos em 0,2% de BSA.

6.4 Citometria de Fluxo

Após atingirem 80% na passagem P3, as células do âmnio de cães e gatos foram

tripsinizadas, centrifugadas, ressuspendidas e distribuídas na quantidade de 105 células em

tubos para citometria de fluxo para cada um dos marcadores a serem analisados (Tabela 1).

Em cada tubo foi colocado 1 mL de solução tampão para lavagem (DBPS (Dubelco´s

Phosphate Buffer Solution) contendo 0,25% de BSA) centrifugadas 600 x g por 8 minutos

para lavagem. As células foram incubadas com o anticorpo primário (diluído a 1:50) e

incubadas em estufa a 37,5°C durante uma hora. Após a incubação estas foram lavadas uma

vez com 1 mL de solução tampão para a retirada do excesso de anticorpo e incubadas com

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anticorpo secundário (diluído a 1:300) durante uma hora em temperatura ambiente (Tabela 2).

Após nova lavagem, foram fixadas com solução de paraformaldeído tamponado a 2%. Este

protocolo foi utilizado para quantificação de marcadores de membrana (CD34, CD45, CD73,

CD90, CD105, CD30). Para os marcadores nucleares (C-MYC, NANOG, SOX2, OCT-4)

(Tabela 1 e 2), a solução tamponada de lavagem continha PBS + 0,5% de Triton X + 0,1% de

BSA . As células foram submetidas a exposição com solução tamponada contendo 0,1% de

Citrato e 0,5% de Triton X durante 5 minutos. Após, foram submetidas à uma hora de

bloqueio em solução de BSA 10% e à partir desta etapa, passaram pela exposição aos

anticorpos primários e secundários como com os marcadores de membrana.

As amostras foram analisadas utilizando FACSAria (BD) a analise feita no programa

FCS Express V4 (DeNovo software). As populações foram estimadas pela porcentagem das

células expressando cada um de marcadores em relação ao total de células adquiridas

descontando a expressão do controle negativo quando foi o caso.

Tabela 1: Especificação dos Anticorpos primários utilizados nas análises imunofenotípicas das células-tronco

canina e felina (Concentração utilizada, 1:100).

Anticorpo Antígeno Empresa Código Espécie Mono/poli Especificidade

Endoglin (CD105) IgG2a Santa Cruz sc-71042 Rat Mono Mouse

CD34 IgG Santa Cruz sc-7045 Goat Poli Human/mouse/rat

Thy-1 (CD90) IgG Santa Cruz sc-6071 Goat Poli Human/mouse/equine/canine

CD45 IgG2a Santa Cruz sc-101839 Mouse Poli Cow

CD73 IgG Santa Cruz sc-14682 Goat Poli Human/mouse

CD30 IgG1 Santa Cruz sc-46683 Mouse Mono Human/mouse

Oct-4 IgG Abcam Ab18976 Rabbit Poli Mouse, rat, human

Cmyc IgG Santa Cruz sc-788 Rabbit Poli Human

Nanog Sox-2

IgG IgG

Abcam Abcam

Ab80892 Ab97959

Rabbit Rabbit

Poli Poli

Mouse, Monkey, Human,

Sheep, Horse, Cow, Pig

(CARDOSO, M. T., 2014)

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32

Tabela 2: Especificação dos Anticorpos secundários utilizados nas análises imunofenotípicas das células tronco

canina e felina.(Concentração utilizada, 1:300).

Anticorpo Empresa Código Antígeno Espécie Mono/Poli Especificidade Goat anti- rabbit IgG (FICT)

Abcam

ab6717 IgG Goat Poli Rabbit

Goat anti- Mouse IgG2b (FICT)

Abcam ab97249

IgG2b Goat Poli Mouse

Alexa Flúor 488(FICT)

Invitrogen A21210 IgG Rabbit Poli Rat

Alexa Fluor 488 (FICT)

Invitrogen A11078 IgG Rabbit Poli Goat

(CARDOSO, M. T., 2014)

6.5 Expressão Gênica

6.5.1 Extração RNA

O RNA total foi extraído utilizando-se o kit TRIzol (Invitrogen), tratado com DNase I

(Invitrogen), a concentração de RNA total celular foi determinada através da utilização do

espectrofotômetro Nanodrop 1000 (Thermo Scientific, Waltham, MA) e integridade determinada pela

Agilent 2100 Bioanalyzer 6000 Pico LabChip kit (Agilent Technologies, Santa Clara, Califórnia,

EUA) . O RNA extraído foi armazenado a -80 °C até o momento da análise.

6.5.2 Preparação do RNA total para amplificação e PCR quantitativo em tempo real

Após a extração do RNA este foi convertido em cDNA com o kit Enzima

Trascriptase reversa superscript III (Invitrogen), segundo recomendações do fabricante. A

amplificação do cDNA foi realizada utilizando-se os seguintes pares de primers desenhados

para os transcritos CD34, CD73, CD90, P53, CD30,OCT4 e SOX2 (Tabela 3 e 4). As

reações de PCR em tempo real foram realizadas no termociclador ABI-7500 utilizando-se o

kit SYBR Green Master Mix (Applied Biosystems). Todos os genes considerados para uma

dada amostra foram amplificados numa mesma placa de PCR. Previamente ao início das

análises, as condições de amplificação (e.g. concentração de primer, temperatura de

anelamento etc) foram testadas para se definir o melhor padrão de reação. Os valores de

expressão gênica foram expressos em relação à expressão do gene endógeno 18S. Foi

realizado o método ∆∆Ct utilizando o pool celular (3 animais) como calibrador.

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33

Tabela 3: Especificação dos primers utilizados na avaliação de expressão de genes de marcadores

hematopoiéticos, mesenquimais, carcinogênicos e de pluripotência de CT’s de cão.

Gene Nome nº acesso Primer Sequência (5’-3’)

CD34 Hematopoiétic

progenitor antigen

NM_001003341.1 Forward

Reverse

CCAAGTACCATCAAGGGAGA

TTGGGTCAGTTTTTCTTCGT

CD73 NT5E-

5’Nucleotidase ecto

XM_532221.4 Forward

Reverse

CAACCTGATTTGTGATGCAA

TGGATTCCATTGTTGCGTTC

CD90 Thy-1 XM_844606.3 Forward

Reverse

CTGTGCTCAGAGACAAACTG

TTAGCCAACTCAGAGAAAGTA

GG

P53 Tumor protein NC_006587.3

Forward

Reverse

GAAGAAGCCACTAGATGGAG

TTCCTGAACATCTCATAGCG

CD30 TNFSRF8 XM_005617984.1 Forward

Reverse

GATTCAGCAGAAGCTGCAC

TCGACCACCGATATACTCTT

Oct -4 POU5F1 XM_538830.1

Forward

Reverse

GCAGTGACTATTCGCAACGA

ATTTGAATGCATGGGAGAGC

Sox2 SRY XM_005639752.1

Forward

Reverse

CCCACCTACAGCATGTCCTA

GGAGTGGGAGGAGGAGGTAA

18S 18S Ribossomal

RNA

XM_541299.4 Forward

Reverse

CCTGCGGCTTAATTTGACTC

CTGTCAATCCTGTCCGTGTC

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014)

Tabela 4: Especificação dos primers utilizados na avaliação de expressão de genes de marcadores

hematopoiéticos, mesenquimais, carcinogênicos e de pluripotência de CT’s de gato.

Gene Nome nºacesso Primer Sequência(5’-3’)

CD34 Hematopoiétic

progenitor

antigen

NC_018739.2 Forward

Reverse

ACCATCAAGGGAGAAATCA

GTCAGTTCCTCCCCATTAC

CD73 NT5E-

5’Nucleotidase

ecto

XM_011282497.1

Forward

Reverse AACCTGATTTGTGATGCCA

TAATTGTGCCGTTGTTCCG

CD90 Thy-1 XM_003992443.3

Forward

Reverse

CTGCAGCAGCAGAGGAC

CCTGCAAGACTGTCAGCAA

P53 Tumor protein NM_001009294.1 Forward

Reverse

CCGAACCTCACTTCCTAAAA

CAGGGAACAGACCTTGATAG

CD30 TNFSRF8 XM_011284600.1 Forward

Reverse

CCATCTCCTTCCTCCTGT

ATATGCAACTCCTCAAGGC

Oct -4 POU5F1 NC_018727.2

Forward

Reverse

TGACAACAACGAAAATCTGC

TCGGTTCTCGATACTTGTTC

Sox2 SRY NM_001173447.1

Forward

Reverse GAAACCAGAGGAAAGGGTG

GATTCTCTAGAGCCACCTG

18S 18S Ribossomal

RNA

XM_006939041.2 Forward

Reverse

CCTGCGGCTTAATTTGACTC

CTGTCAATCCTGTCCGTGTC

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014)

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34

6.6 Avaliação do potencial carcinogênico

Para a análise do potencial carcinogênico das células tronco oriundas da membrana

amniótica canina e felina foram efetuadas aplicações de aproximadamente 1x106

células por

via subcutânea (região inter escapular dorsal), intramuscular (bíceps femoral esquerdo) e via

intraperitoneal em camundongos imunossuprimidos (Balb/c - Nude). O teste tumoral foi

realizado em 6 camundongos imunossuprimidos (Balb/c – Nude) que receberam uma injeção

com volume de 0,2 mililitro de solução fisiológica contendo CTM’s em cada via e um animal

controle que recebeu apenas a inoculação de solução fisiológica nas mesmas vias citadas

acima. A idade das membranas amnióticas que serviram de fonte para o teste tumorigênico foi

de 40 dias tanto para células caninas quanto para células felinas, e, uma amostra de CTM’s

oriundas de membrana amniótica de cão com 25 dias de gestação também foi inoculada em

mesma quantidade e vias em 2 camundongos imunossuprimidos (Balb/c – Nude) a fim de se

ter a avaliação teratogênica de células mais jovens com características mais primitivas. Os

animais foram inspecionados periodicamente e submetidos a eutanásia em câmara de CO2 de

acordo com as normas do Comitê de Bioética animal em vigência após 60 dias da data da

aplicação. Amostras de tecido muscular, encéfalo, fígado, rim, baço, pâncreas, pulmão,

intestino, coração, foram coletadas e fixadas em formaldeído tamponado a 4% para análise

histopatológica. Após 72 horas, este material foi processado em álcool e xilol, emblocados em

parafina, cortados com o auxílio do micrótomo LEICA® modelo 2165 na espessura de 5mm e

corados por métodos de rotina (hematoxilina e eosina) para análise histológica.

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35

7.0 RESULTADOS

7.1 Coleta e Cultivo celular

A placenta zoonária canina e felina foi coletada, as membranas fetais separadas para

obtenção da membrana amniótica e seu processamento. Em cultivo, apresentaram morfologia

fibroblastóide e aderência a placa de cultivo. O período entre passagens foi de

aproximadamente 6 dias para as células caninas e 4 dias para as células felinas (Figura 2)

Figura 2: Cultivo de células-tronco canina e felina.

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014)

Legenda: Fotografia do cultivo das células potencialmente mesenquimais da membrana amniótica canina(A e B)

e felina(C e D). A: Explante celular da membrana amniótica canina em fase P zero com 72 horas de cultivo. B:

terceira passagem com 72horas de cultivo. C: Células-tronco da membrana amniótica felina em fase P-zero com

120 horas de cultivo. D: terceira passagem com 72 horas de cultivo. Notar em todas as fotos o formato fusiforme

das células semelhantes a fibroblastos e aderência a placa de acrílico, propriedade característica de células-tronco

mesenquimais. Barras de 50 micrômetros.

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36

7.2 Imunocitoquimica

Na análise de imunocitoquimica das células caninas, foram observadas marcações positivas,

para os marcadores mesenquimais (CD90, CD73) (Figura 3A e 3B) e tumoral (CD30) (Figura 3C),

porém, marcação negativa para o marcador mesenquimal (CD105) (Figura 3D).

Figura 3: Ensaio de imunocitoquimica das células- tronco de cães.

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014)

Legenda figura 3: Expressão de marcadores de membrana em Ct’s de membrana amniótica canina: A, A’,

A’’(CD90): A: marcação nuclear com hoechst; A’ marcação de CD90(mesenquimal) na membrana celular;

A’’ Sobreposição de marcação nuclear e de membrana. B, B’, B’’: (CD73): B: marcação nuclear com

hoechst; B’ marcação de CD73(mesenquimal) na membrana celular; B’’ Sobreposição de marcação nuclear

e de membrana. C, C’, C’’(CD30): C: marcação nuclear com hoechst; C’ marcação de CD30(teratogênico)

na membrana celular; C’’ Sobreposição de marcação nuclear e de membrana D, D’(CD105): D: marcação

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37

nuclear com hoechst; D’: marcação de membrana negativa para CD105(mesenquimal). Barras de 50

micrômetros.

Na análise de imunocitoquimica das células felinas, foram observadas marcação positiva, para

os marcadores mesenquimais (CD90, CD73 e 105) (Figuras 4A, 4B e 4C,) e marcação negativa

para o marcador tumoral (CD30) (Figura 4E) e hematopoiético (CD45)(Figura 4D).

Figura 4: Ensaio de imunocitoquimica das células-tronco de gato.

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

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38

Legenda figura 4: Expressão de marcadores de membrana em Ct’s de membrana amniótica canina: A, A’,

A’’(CD90): A: marcação nuclear com hoechst; A’ marcação de CD90(mesenquimal) na membrana celular;

A’’ Sobreposição de marcação nuclear e de membrana. B, B’, B’’: (CD73): B: marcação nuclear com

hoechst; B’ marcação de CD73(mesenquimal) na membrana celular; B’’ Sobreposição de marcação nuclear

e de membrana. C, C’, C’’(CD105): C: marcação nuclear com hoechst; C’ marcação de

CD105(mesenquimal) na membrana celular; C’’ Sobreposição de marcação nuclear e de membrana D,

D’(CD45 - hematopoiético): D: marcação nuclear com hoechst; D’: marcação de membrana negativa para

CD45(hematopoiético). E, E’(CD30 -tumorigênico): E: marcação nuclear com hoechst; E’: marcação de

membrana negativa para CD30. Barras de 50 micrômetros.

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39

7.3 Citometria de Fluxo

Na análise de citometria de fluxo, as CT’s de membrana amniótica canina mostraram

baixa expressão de marcadores mesenquimais (CD73, CD90, CD105), baixa expressão de

marcadores hematopoiéticos (CD34 e CD45), e não apresentaram expressão do marcador

teratogênico CD30, porém, alta expressão dos marcadores de pluripotência (OCT4 e

NANOG). Já as células de origem felina, demonstraram maior expressão de marcadores

mesenquimais (CD73 e CD90), baixa expressão de marcadores hematopoiéticos (CD34 e

CD45), baixa expressão de marcador tumoral (CD30), marcação negativa para o marcador de

pluripotência (OCT4) e baixa expressão para o marcador, também de pluripotência (SOX2)

(Gráfico 1).

Gráfico 1 : Quantificação da expressão de marcadores hematopoiéticos, mesenquimais, tumoral e de

pluripotência de CT’s da membrana amniótica de origem felina(azul) e canina(vermelha) por análise de

citometria de fluxo.

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014)

Legenda: Os marcadores quantificados em Ct’s de origem felina estão marcados na barra azul do gráfico:

Hematopoiético CD34 (11,29%), CD45 (2,4%), mesenquimais CD73 (32,58%), CD90 (23,48%) e CD105

(0,93%), teratogênico CD30 (1,47%), regulador endógeno de proliferação C-MYC (2,1%), pluripotência Oct4

(zero%), Nanog (3,97%) e Sox2 (4,55%). Os marcadores quantificados em Ct’s de origem canina estão

marcados na barra vermelha do gráfico: Hematopoiético CD34 (2,92%), CD45 (0,32%), mesenquimais CD73

(7,64%), CD90 (10,65%) e CD105 (0,43%), teratogênico CD30 (zero), regulador endógeno de proliferação C-

myc (57,27%), pluripotência Oct4 (59,4%), Nanog (2,26%) e Sox2 (34,35).

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

CT's felina

CT's canina

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40

7.4 Expressão gênica

As análises de qPCR das células de origem canina e felina, foram realizadas em

grupos celulares de três exemplares de membrana amniótica (animal 1, animal2, animal3),

oriundas da mesma gestação (40 e 45 dias).

A análise estatística foi realizada utilizando a média ANOVA e testadas pelo teste t

student a fim de comparar os valores de significância entre as expressões dos genes das

células-tronco caninas e felinas. Houve diferença significativa apenas entre os genes CD90

(mesenquimal) e SOX2 (Pluripotência), havendo maior expressão dos mesmos em células

caninas, seguida por não expressão do gene OCT4 (Pluripotência) nas células de origem

felina. A expressão dos demais marcadores, apresentaram expressões sem diferença

significativa.

Figura 5: Gráficos representando as expressões dos genes mesenquimais (CD73 e CD90) das células

mesenquimais caninas (azul) e felinas (Vermelho), em unidades arbitrárias, pela técnica de qPCR.

Legenda: A diferença de expressão do marcador mesenquimal CD73 entre as células caninas e felinas não foi

significativa. Já a expressão do marcador mesenquimal CD90 demonstrou diferença significativa entre células

caninas e felinas, sendo sua maior expressão atribuída às células caninas.

8,5

10,5

12,5

14,5

16,5

18,5

20,5

22,5

24,5

CD73

Caninas

Felinas

Em u

nid

ades

arb

itrá

rias

6

11

16

21

CD90*

Caninas

Felinas

Em u

nid

ades

arb

itrá

rias

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41

Figura 6: Gráficos representando as expressões dos genes de pluripotência (OCT4 e SOX2) das células

mesenquimais caninas (Azul) e felinas (Vermelho), em unidades arbitrárias, pela técnica de qPCR.

Legenda: A expressão do gene de pluripotência (OCT4) mostrou-se positiva nas células caninas e negativa nas

células felinas. Já a expressão do gene de pluripotência (SOX2) demonstrou diferença significativa entre células

caninas e felinas, sendo sua maior expressão atribuída às células caninas.

Figura 7: Gráficos representando as expressões do gene tumoral (CD30) e regulador endógeno (CD34) das

células mesenquimais caninas (azul) e felinas (vermelho), em unidades arbitrárias, pela técnica de qPCR.

Legenda: A diferença de expressão do gene tumoral (CD30) entre as células caninas e felinas não foi

significativa, assim como a expressão do gene de regulação endógena (P53) não demonstrou diferença

significativa entre células caninas e felinas.

5

7

9

11

13

15

17

19

21

23

OCT4

Canina

Felinas

Em u

nid

ades

arb

itrá

rias

5

10

15

20

25

SOX2*

Canina

Felinas

Em u

nid

ades

arb

itrá

rias

15

16

17

18

19

20

21

22

CD30

Canina

Felinas

Em u

nid

ades

arb

itrá

rias

8

9

10

11

12

13

14

P53

Canina

Felinas

Em u

nid

ades

arb

itrá

rias

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42

Figura 8: Gráfico representando a expressão do gene hematopoiético (CD34) das células mesenquimais caninas

(azul) e felinas (vermelho), em unidades arbitrárias, pela técnica de qPCR.

Legenda: A diferença de expressão do gene hematopoiético (CD34) entre as células caninas e felinas não foi

significativa.

Fonte gráficos: (CARDOSO, M. T., 2015)

7.5 Análise Estatística qPCR

De acordo com as análises estatísticas utilizando ANOVA e teste T de student, houve

diferença significativa entre os genes CD90 (mesenquimal) e SOX2 (Pluripotência) caninos e

felinos, havendo maior expressão dos mesmos em células caninas, seguida por ausência de

expressão do gene OCT4 (Pluripotência) nas células de origem felina (Tabela 5).

Tabela 5: Média ± desvio padrão (M±DP) da expressão de genes mesenquimais, hematopoiéticos, pluripotentes,

tumorigênico e regulador endógeno de células-tronco derivadas da membrana amniótica canina e felina pela técnica

de qPCR calculados pela fórmula de 2-∆Ct

.

CD34 M±DP

CD73 M±DP

CD90 M±DP

OCT4 M±DP

SOX2 M±DP

CD30 M±DP

P53 M±DP

Caninas 1,28±0,40 1,22±0,75 1,33±0,19* 1,31±0,16 1,29±-0,09* 1,23±0,33 1,05±0,01

Felinas 1,31±0,14 1,03±0,08 1,12±0,14* 0 1,23±0,04* 1,30±0,07 1,07±0,15

*Diferença significativa

** Valores convertidos para base de LOG

15

17

19

21

23

25

CD34

Caninas

FelinasEm

un

idad

es a

rbit

rári

as

Grupos

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43

7.6 Teste de potencial tumorigênico

Os camundongos imunossuprimidos receberam aplicações de 1x106

células-tronco da

membrana amniótica canina e felina diluídas em volume de 200 µL de solução fisiológica

(NaCl 0,9%) em cada via de aplicação (intra peritoneal, intra muscular e subcutânea) sendo

avaliados semanalmente, durante o período de 60 dias (Figura 13).

Figura 9: Inoculação de CT’s em camundongos imunossuprimidos.

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: A) Aplicação CT’s pela via intraperitoneal. B) Camundongo imunossuprimido (Balb/c – Nude ). C)

Aplicação de CT’s por via intramuscular. D) Aplicação CT’s por via subcutânea.

Não foi observada formação tumoral macroscópica após 60 dias da inoculação celular.

Estes animais foram eutanasiados e seus órgãos submetidos a exame histológico a fim de

confirmar a ausência de neoformações (Figura 10).

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44

Figura 10: Eutanásia e necropsia dos camundongos imunossuprimidos Balb/c NUDE após 60 dias de aplicação

de CT’s de cão e de gato.

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: A)Avaliaçãoda região cervical dorsal onde foram aplicadas CT’s por via subcutânea. B)Avaliaçãoda

região de membro pélvico esquerdo onde foram aplicadas CT’s por via intramuscular. C)Avaliaçãoda cavidade

abdominal onde foram aplicadas CT’s por via intraperitoneal.

Apesar da marcação positiva para marcador tumoral, as células amnióticas de cães não

causaram formação tumoral nos camudongos imunossuprimidos. Repetimos a aplicação com

células do mesmo tipo, porém mais jovens (25 dias), pois apresenta características mais

primitivas da formação embrionária. Foram utilizadas a mesma quantidade de células (1x106

células diluídas em 200µL de solução fisiológica NaCl 0,9%) e aplicadas nas mesmas vias

(subcutâneo, intramuscular e intraperitoneal) não ocorrendo a formação tumoral macroscópica

em 60 dias, quando os animais foram submetidos a eutanásia e seus órgãos avaliados por

histopatologia.

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45

7.6.1 Histologia

A análise histológica após 60 dias de inoculação de CT’s caninas e felinas de

fragmentos dos órgãos (fígado, cérebro, baço, intestino delgado, rim, pâncreas, pulmões,

intestino grosso, coração, bíceps femoral e estômago) dos camundongos imunossuprimidos

(Balb/c – Nude). Todos os órgãos apresentaram morfologia preservada. Após processamento e

avaliação histológica, os órgãos não apresentaram alterações morfológicas em seu parênquima

nem qualquer tipo de anomalia celular (Figuras. 11 a 19).

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46

Figura 11: Corte histológico do fígado, cérebro, baço e intestino delgado de camundongos imunossuprimidos

inoculados com CT’s de cão, sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc).

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: A) Fotomicrografia do fígado evidenciando o ramo da veia porta (RVP), ramo da artéria hepática

(RAH) envoltas por hepatócitos. B) Fotomicrografia do cérebro evidenciando a camada celular molecular (CM)

e a camada granulosa (CG) do córtex cerebral. C) Fotomicrografia do baço evidenciando a divisão de seu

parênquima em polpa Branca (PB) e polpa vermelha (PV). D) Fotomicrografia do Intestino delgado

evidenciando tecido glandular por toda área submucosa das vilosidades(V). Barras de 50µm. Coloração:

Hematoxilina e Eosina (He).

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47

Figura 12: Corte histológico dos rins, pâncreas, pulmões e intestino grosso de camundongos imunossuprimidos

inoculados com CT’s de cão sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc).

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: E) Fotomicrografia dôo córtex renal evidenciando vasos interlobulares (Vint) e corpúsculos

renais(CR). F) Fotomicrografia do pâncreas evidenciando células centro acinosas (C), ácinos serosos (Ac) e

ilhotas de Langerhans (IL). G) Fotomicrografia dos pulmões evidenciando os sacos alveolares (SA) e bronquíolo

(B). H) Fotomicrografia do intestino grosso evidenciando as criptas absortivas (CA). Barras de 50µm.

Coloração: Hematoxilina e Eosina (He).

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48

Figura 13: Corte histológico do coração, bíceps femoral e estômago de camundongos imunossuprimidos

inoculados com CT’s de cão sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc).

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: I ) Fotomicrografia do coração evidenciando as fibras de purkinje (FP) e musculatura cardíaca (MC)

em corte longitudinal com núcleos centralizados. J) Fotomicrografia do músculo bíceps femoral esquerdo

evidenciando as fibras musculares separadas em endomísio (En) e perimísio (Pr) com núcleo periférico nas

mesmas. K) Fotomicrografia do estômago evidenciando as células parietais (CP). Barras de 50µm. Coloração:

Hematoxilina e Eosina (He).

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49

Figura 14: Corte histológico do fígado, cérebro, baço e intestino delgado de camundongos imunossuprimidos

inoculados com CT’s amnióticas de cão com 25dias de gestação, sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc).

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: A) Fotomicrografia do fígado evidenciando o ramo da veia porta (RVP) envolta por hepatócitos (H).

B) Fotomicrografia do cérebro evidenciando a camada celular molecular (CM) e a camada granulosa (CG) do

córtex cerebral. C) Fotomicrografia do baço evidenciando a divisão de seu parênquima em polpa Branca (PB) e

polpa vermelha (PV). D) Fotomicrografia do Intestino delgado evidenciando as vilosidades(V), camada

muscular(CM) e criptas absortivas (CA). Barras de 50µm. Coloração: Hematoxilina e Eosina (He).

Page 50: Comparação molecular entre células-tronco mesenquimais de ... · concessão da bolsa emergencial de ... deterioração da função tecidual e principalmente sobre o ... Coleta

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Figura 15: Corte histológico dos rins, pâncreas, pulmão e estômago de camundongos imunossuprimidos

inoculados com CT’s amnióticas de 25dias de gestação de cão sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc).

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: A ) Fotomicrografia do córtex renal evidenciando vasos interlobulares (Vint) e corpúsculos renais(CR)

e vasos sanguíneos. B) Fotomicrografia do pâncreas evidenciando células centro acinosas (C), ácinos serosos

(Ac) e ilhotas de Langerhans (IL). C) Fotomicrografia dos pulmões evidenciando os sacos alveolares (SA) e

bronquíolos terminais (TB). D) Fotomicrografia do estômago evidenciando as células glandulares parietais (CP).

Barras de 50µm. Coloração: Hematoxilina e Eosina (He).

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51

Figura 16: Corte histológico do bíceps femoral, coração e intestino grosso de camundongos imunossuprimidos

inoculados com CT’s amnióticas de cão com 25dias de gestação, sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc).

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: A) Fotomicrografia do músculo bíceps femoral esquerdo evidenciando as fibras musculares separadas

em endomísio (En) e perimísio (Pr) com núcleo periférico nas mesmas. B) Fotomicrografia do coração

evidenciando as fibras de purkinje (FP) e musculatura cardíaca (MC) com núcleos centralizados. C) Estômago

evidenciando as células parietais (CP), camada muscular (CM), vaso sanguíneo (VS) e células caliciformes

(CC). Barras de 50µm. Coloração: Hematoxilina e Eosina (He).

Page 52: Comparação molecular entre células-tronco mesenquimais de ... · concessão da bolsa emergencial de ... deterioração da função tecidual e principalmente sobre o ... Coleta

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Figura 17: Corte histológico do fígado, cérebro, baço e intestino delgado de camundongos imunossuprimidos

inoculados com CT’s de gato, sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc).

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: A) Fotomicrografia do fígado evidenciando o ramo da veia porta (RVP) e ramo da artéria hepática

(RAH) e sinusóides hepáticos envolta por hepatócitos. B) Fotomicrografia do cérebro evidenciando a camada

celular molecular (CM) e astrócitos (A) do córtex cerebral. C) Fotomicrografia do baço evidenciando a divisão

de seu parênquima em polpa Branca (PB) e polpa vermelha (PV). D) Fotomicrografia do Intestino delgado

evidenciando as vilosidades(V), criptas absortivas(C) e camada muscular entérica (CM). Barras de 50µm.

Coloração: Hematoxilina e Eosina (He).

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Figura 18: Corte histológico dos rins, pâncreas, pulmões e estômago de camundongos imunossuprimidos

inoculados com CT’s de gato sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc).

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: A) Fotomicrografia dôo córtex renal evidenciando vasos interlobulares (Vint) e corpúsculos

renais(CR) B) Fotomicrografia do pâncreas evidenciando células centro acinosas (C), ácinos seroso (Ac) e

ilhotas de Langerhans (IL). C) Fotomicrografia dos pulmões evidenciando os sacos alveolares (SA). D)

Fotomicrografia do estômago evidenciando as células glandulares parietais (CP). Barras de 50µm. Coloração:

Hematoxilina e Eosina (He).

Page 54: Comparação molecular entre células-tronco mesenquimais de ... · concessão da bolsa emergencial de ... deterioração da função tecidual e principalmente sobre o ... Coleta

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Figura 19: Corte histológico do bíceps femoral e coração de camundongos imunossuprimidos inoculados com

CT’s de gato sendo controle (Ctr) e inoculado (Inoc).

Fonte: (CARDOSO, M. T., 2014).

Legenda: A) Fotomicrografia do músculo bíceps femoral esquerdo evidenciando as fibras musculares separadas

em endomísio (En) e perimísio (Pr) com núcleo periférico nas mesmas. B) Fotomicrografia do coração

evidenciando as fibras de purkinje (FP) e musculatura cardíaca (MC/Cmc). Barras de 50µm. Coloração:

Hematoxilina e Eosina (He).

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55

8 DISCUSSÃO

A obtenção de CT’s da membrana amniótica nas idades estudadas (35 a 45 dias de

idade) pode representar um desafio, já que é dependente totalmente de obtenção aleatória e

esporádica em campanhas de castrações onde não há exames prévios à cirurgia. A tendência é

a diminuição destes casos devido à disseminação da posse responsável entre os novos

proprietários de cães e gatos. Estes fatores reforçam os objetivos da prática da criação de

bancos celulares. Os bancos celulares são criados para preservação de materiais biológicos de

pouca disponibilidade com o objetivo de preservá-los para futuras utilizações e até

preservação de espécies. Bons exemplos disso, são os modelos de estudo com bancos de

sangue de cordão umbilical para posterior fonte de células-tronco hematopoiéticas (TAKAO,

et al., 2010) e preservação de recursos genéticos de fauna a longo prazo, através dos

chamados bancos de germoplasma que praticam a criopreservação de sêmen, embriões e

oocistos de espécies em extinção (MARIANTE et al., 2011).

Em nossos achados de imunocitoquimica de células caninas, relatamos a não

expressão do marcador CD105 corroborando com os resultados obtidos por Lima et al. (2009)

em células tronco mesenquimais de membrana amniótica canina. Em contrapartida, Trivedi et

al. (2008), avaliou a expressão de marcadores mesenquimais em células da membrana

amniótica humana e relatou a expressão de CD105 , assim como expresso nas espécies

domésticas como felina relatadas por Vidane et al. (2014), eqüina relatada por Violini et al

(2012) e bovina relatada por Corradeti et al. (2013). Já os marcadores CD73 e CD90, que

também são caracteristicos de CT’s mesenquimais mostraram-se positivos em nossas analises.

O marcador CD30 mostrou-se positivo nas células caninas. Esta marcação é de extrema

importância já que, segundo Preda et al. (2012), o marcador CD30 é especifico para a

neoplasia carcinoma embrionário, o mesmo tipo de neoplasia detectada no teste teratogênico

realizado por Lima et al. (2009) após aplicação de CT’s da membrana amniótica canina em

camundongos imunossuprimidos.

Já na análise de imunocitoquimica de células felinas, encontramos marcação positiva

para os marcadores CD90, CD73 (marcadores mesenquimal) e negativa para CD45 (marcador

hematopoiético) semelhante aos achados em células mesenquimais felinas relatada por

Vidane et al. (2014). O marcador CD105 (marcador mesenquimal) mostrou-se positivo,

corroborando com Iacono et al. (2012) (células epiteliais da membrana amniótica felina), o

que, segundo Dominice et al. (2006), que descreve os minimos critérios para classificação de

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uma célula como tronco e mesenquimal, é esperado para células-tronco mesenquimais. Já o

marcador CD30 (carcinoma embrionário) mostrou-se negativo.

Na análise de citometria de fluxo de CT’s caninas, os marcadores mesenquimais

mostraram-se positivos, porém com baixa expressão, não corroborando com os relatos de

Park et al. (2012) onde este teve quantificações de marcadores mesenquimais CD90 e CD105

próximas de 100% em CTM’s da membrana amniótica canina. Já a marcação negativa das

proteinas hematopoiéticas CD34 e CD45 corroboraram com os dados de Park et al. (2012). O

marcador da proteína tumoral CD30 foi negativa na análise de citometria de fluxo porém, na

análise de imunocitoquímica o mesmo marcador demonstrou marcação positiva. O marcador

CD30 é importante, pois é encontrado em tumores do tipo carcinoma embrionário. Lima et al.

(2009) encontrou este tipo de formação tumoral em seu teste carcinogênico.

Em nossos achados as células mesenquimais expressaram a marcação positiva dos

marcadores de pluripotência Oct-4 e Sox-2 (59,4% e 34,35% respectivamente) corroborando

com o achado de Lima et al. (2009), porém no ensaio de imunocitoquimica.

Já na análise de citometria de Fluxo, as CT’s felinas demonstraram marcação

mesenquimal positiva para o marcador CD90 e marcação baixa para indicadores de proteínas

hematopoiéticas (CD34 e CD45) corroborando com Vidane et al. (2014) e Iacono et al.

(2012). que avaliaram os mesmos marcadores em células mesenquimais da membrana

amniotica felina.

O marcador mesenquimal (CD73) também foi positivo corroborando com Vidane et

al. (2014) e não corroborando com os achados de Iacono et al. (2012) cujo não encontrou

positividade para o mesmo marcador em CTM’s de membrana amniótica felina.

As proteínas indicadoras de pluripotência (OCT4, SOX2 E NANOG) demonstraram

baixa marcação corroborando com Rutigliano et al.(2013) quando testou estes marcadores em

células de membrana amniótica felina. O marcador característico de carcinoma embrionário

(CD30) demonstrou baixa marcação (próxima de 1%) o que era desejado e esperado já que

estas células não possuem histórico de formação tumoral.

Na análise de qPCR, as CT’s de origem canina, demonstrou expressão do gene

mesenquimal CD90 corroborando com os resultados de Park et al. (2012), porém em análise

de citometria de fluxo. Esta expressão foi significativamente maior quando comparada a

expressão do mesmo gene nas células felinas, que demonstrou expressão positiva,

corroborando com Rutigliano et al. (2013), porém estatisticamente esta expressão foi menor

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em relação as células caninas. O mesmo ocorreu com o gene de pluripotência (SOX2), cujo

foi expresso nas células caninas corroborando com Park et al. (2012) e células felinas, porém

demonstrando maior expressão em células caninas com diferença estatística significativa

quando comparado sobre sua expressão em células felinas. O gene de pluripotência OCT4 foi

expresso apenas nas células de origem canina, corroborando com os achados de Urânio et al.

(2011) e Park et al. (2012) em qPCR de CTM’s da membrana amniótica canina. Os demais

genes testados, não demonstraram diferença significativa.

Apesar das baixas expressões encontradas dos genes nas células felinas, nota-se

similaridade entre as amostras (menores valores de desvio padrão) demonstrando que estas

células são estáveis quanto a variações de expressões gênicas entre indivíduos.

Diferentemente das células caninas, no qual foi observado variações significativas (Maiores

valores de desvio padrão) entre os genes comparados entre as membranas amnióticas de

diferentes animais (1, 2 e 3), porém da mesma coleta (mãe e idade iguais). Esta diferença

encontrada nas células de origem canina, não é esperada, considerando que a coleta foi

realizada de fetos de mesma idade gestacional (40 dias), da mesma mãe, e mesma gestação.

Isto demonstra que, apesar da similaridade entre os aspectos morfológicos (idade dos animais,

tamanho, gestação), existe uma grande heterogeneidade entre os indivíduos e seus respectivos

anexos embrionários podendo demonstrar variações a nível genético.

Esta característica encontrada em nosso trabalho, pode ser a chave para a explicação

de resultados variáveis em relação a formação teratogênica positiva descrita por Lima et al.

(2009) e negativa descrita por Wink et al. (2012). O marcador CD30 não foi testado

anteriormente em outros trabalhos de células provenientes de membrana amniótica de animais

domésticos. Este gene foi testado em espécies domésticas primeiramente nesta pesquisa,

baseado no trabalho de Preda et al. (2012) em neoplasias de tecidos humanos.

Estes fatores fisiológicos evidenciam como estas duas espécies estudadas são distintas,

e, portanto, o comportamento das células geradas por seus anexos fetais mostraram-se

diferentes.

A espécie canina e felina apresentam particularidades individuais no que diz respeito a

reprodução, como por exemplo o ciclo estral e o período de ovulação, sendo mais freqüente

geração de fetos de pais diferentes com idades diferentes na mesma gestação na espécie

canina do que na felina e, portanto, o comportamento das células geradas por seus anexos

fetais mostraram-se diferentes.

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58

Após a cópula e ejaculação, os espermatozóides caninos podem permanecer viáveis

durante todo o estro. Este fenômeno é permitido devido às atividades de glândulas uterinas e

epitélio colunar que protegem as características de fecundação e motilidade dos mesmos

(KAWAKAMI, et al. 2000). Já o ovócito canino pode permanecer fertilizável por mais de

200horas (VERSTEGEN et al.,2001). Estas características peculiares da espécie canina,

permite que se tenha, em uma mesma gestação, fetos com idades e pais diferentes. Já em

gatas, a ovulação é estimulada pela cópula. A gata geralmente escolhe seu parceiro e pode

copular várias vezes em um período de 24 horas, e logo perde o estímulo, espantando o

macho. Ela pode rejeitar o parceiro imediatamente após a primeira cópula. Este fato pode

culminar em ciclo anovulatório, ou seja, aquela cópula não foi suficiente para gerar ovulação

e prenhes, ou ainda, ovulação e prenhes em uma única cópula (CONCANNON et al. 1980).

As chances de se ter filhos de pais diferentes é bem menor quando comparada a cadela. A

idade dos fetos pode variar em horas. Em nosso trabalho, no grupo de células caninas, foi

notado diferença de expressão gênica entre indivíduos da própria espécie.

Outro achado importante sobre as células caninas é a maior expressão dos genes de

pluripotência (SOX2 e OCT4) encontrada nestas células, sendo esta a diferença molecular

mais significante em relação as de origem felina. O principal fator que coloca em discussão a

segurança biológica da célula canina é devido à ótima capacidade de proliferação e

diferenciação nos três folhetos embrionários atribuída as células pluripotentes, pois, todo

processo que envolve proliferação e diferenciação celular é passível de falhas de mecanismos

de controle celular endógeno, secundários a mutações, por exemplo, culminando em

problemas funcionais e neoformações (LAKSHMIPATHY et al., 2005; BAPAT, 2007).

Segundo MIKI et al. (2005), as células epiteliais de membrana amniótica de origem humana

também demonstraram características de pluripotência (OCT4 e NANOG) e ausência de

formação teratogênica.

O teste carcinogênico com aplicação de CT’s caninas mostrou-se negativo, ou seja,

não houve formação tumoral em 60 dias após a aplicação das células. Este resultado corrobora

com o teste carcinogênico realizado por Winck (2012) que aplicou CTM’s em camundongos

imunossuprimidos da membrana amniótica canina e avaliou a formação macro e microscópica

após 60 dias. Porém, nossos resultados não corroboram com os resultados obtidos por Lima et

al. (2009), que detectou formação teratogênica do tipo carcinoma embrionário após 4 semanas

de inoculação das CT’s de membrana amniótica canina em camundongos imunossuprimidos

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(Balb/c – Nude). As CT’s felinas também não geraram formação tumoral em 60 dias quando

aplicadas em camundongos imunossuprimidos corroborando com os dados de Vidane et al.

(2014).

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9. CONCLUSÃO

- Nos testes imunológicos específicos para marcadores de membrana, as CT’s de

origem canina não demonstraram marcação mesenquimal, demonstraram marcação de

pluripotência e marcação tumoral em ensaio de imunocitoquimica. Nas análises de expressão

gênica qPCR, as células-tronco de origem canina expressaram maior expressão do marcador

mesenquimal CD90 quando comparada a expressão do mesmo em células felinas, maior

expressão do gene de pluripotência (SOX2) sugerindo que estas células apresentam potencial

mesenquimal, pluripotente e teratogênico.

- A CT’s de origem canina apresentam variações de expressões gênicas mesmo

quando falamos de grupos de origem e idade iguais, demonstrando heterogenicidade em seu

perfil gênico.

- As células felinas, como esperado, demonstraram características morfológicas

compatíveis com células-tronco mesenquimais bem como a marcações mesenquimal positiva

(CD73 e CD90).

- As células obtidas da membrana amniótica de caninos e felinos, não mostraram

formação tumoral 60 dias pós inoculação, porém, no caso dos canídeos, foi observada a

expressão de genes relacionados a pluripotência em ensaio de qPCR e expressão do marcador

tumoral em ensaio imunológico, impossibilitando a conclusão de sua segurança biológica para

testes terapêuticos.

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