85
II. Estudantes universitários regularmente matriculados em curso de Ciências Econômicas em Instituições de Ensino Superior do Estado, reconhecidas pelo Ministério de Educação - MEC ou recém formados no segundo semestre de 2013 ou primeiro semestre de 2014 escolhidos entre aqueles selecionados pelas respectivas escolas e considerados por elas as melhores monografias de conclusão do curso. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA INTENÇÃO DE CONSUMO DOS CHAPECOENSES NO PERÍODO DE NOVEMBRO DE 2012 A FEVEREIRO DE 2014

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

II. Estudantes universitários regularmente matriculados em curso de Ciências Econômicas em

Instituições de Ensino Superior do Estado, reconhecidas pelo Ministério de Educação - MEC

ou recém formados no segundo semestre de 2013 ou primeiro semestre de 2014 escolhidos

entre aqueles selecionados pelas respectivas escolas e considerados por elas as melhores

monografias de conclusão do curso.

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA INTENÇÃO DE

CONSUMO DOS CHAPECOENSES NO PERÍODO DE NOVEMBRO DE 2012 A

FEVEREIRO DE 2014

Page 2: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

RESUMO

Este trabalho tem como principal identificar quais características individuais determinaram o

comportamento de consumo dos chapecoenses no período de novembro de 2012 a março de

2014. Fez-se levantamento das principais teorias que tratam do comportamento do

consumidor no âmbito da teoria econômica. Após o levantamento dessas, optou-se por utilizar

a base teórica da teoria do consumidor e da economia comportamental como apoio na análise

dos resultados. A pesquisa caracteriza-se como aplicada, com lógica indutiva, a abordagem

utilizada é quantitativa com profundidade descritiva, além disso, valeu-se de pesquisa

bibliográfica e levantamento de dados secundários. Os dados foram obtidos no Observatório

Socioeconômico da Mesorregião Oeste de Santa Catarina e referem-se aos consumidores

chapecoenses economicamente ativos para o período de novembro de 2012 a fevereiro de

2014. Construiu-se um modelo econométrico geral com dados de 2.928 indivíduos e outro

que contempla a proxy para expectativas racionais com 705 amostras, ambos modelos

consideram variáveis determinantes do consumo. Para o tratamento desses dados, utilizou-se

o modelo de regressão não linear logit. Como resultado, identificou-se que fatores

relacionados à percepção da situação financeira pessoal e expectativa quanto ao futuro

econômico do país são mais relevantes do que variáveis elencadas como fundamentais pela

teoria neoclássica. A inclusão da variável que capta as expectativas racionais dos agentes

mostrou que ter conhecimento sobre o mercado impacta positivamente na intenção de

consumo, contrário a perspectiva da economia comportamental que vê na ausência de

racionalidade a expansão do consumo.

Palavras-chave: teoria do consumidor; economia comportamental; expectativas racionais;

consumidores de Chapecó; intenção de consumo.

Page 3: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

ABSTRACT

This paper has as main identify individual characteristics determined the consumption

behavior of chapecoenses from November 2012 to March 2014. There was an survey the

major theories dealing with consumer behavior in the context of economic theory. After

surveying these, we chose to use the theoretical basis of consumer theory and behavioral

economics to support the analysis of results. The research is characterized as applied to

inductive logic, the approach is quantitative descriptive with depth, moreover, drew on a

literature survey and secondary data. The data were obtained from the Centre for

Socioeconomic Meso West of Santa Catarina and refer to economic assets for the period from

November 2012 to February 2014 Chapecoenses consumers. Consequently it was constructed

a general econometric model with data from 2,928 individuals and another that includes a

proxy for rational expectations with 705 samples, both models consider variables determining

consumption for processing such data, we used the nonlinear regression model logit. As a

result, we found that factors related to perceptions of personal financial situation and

expectations about the economic future of the country are more relevant than as fundamental

variables listed by neoclassical theory. Finally, the inclusion of the variable that captures the

expectations of rational agents showed that having knowledge about the market positively

impacts on consumer intention, unlike the perspective of behavioral economics that sees

rationality in the absence of the expansion of consumption.

Keywords: consumer theory; behavioral economics; rational expectations; Chapecó

consumers; intends to use.

Page 4: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Curvas de Indiferença ............................................................................................................ 14

Figura 2: Restrição Orçamentária ......................................................................................................... 18

Figura 3: Maximização da satisfação do consumidor ........................................................................... 21

Figura 4: PIB principais cidades de Santa Catarina - 2010 ................................................................... 38

Figura 5: Evolução do PIB de Chapecó - SC ........................................................................................ 39

Figura 6: Função probit ......................................................................................................................... 53

Figura 7: Função logística ..................................................................................................................... 55

Figura 8: Impacto médio das variáveis - modelo geral ......................................................................... 70

Figura 9: Impacto médio das variáveis - modelo com expectativas racionais ...................................... 78

Page 5: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1:Resultados logit para o modelo geral (modelos 1 – 6) ........................................................... 61

Tabela 2: Resultados logit para o modelo geral (modelo 7 – 12) .......................................................... 63

Tabela 3:Efeitos marginais para o modelo geral (modelos 1- 6)........................................................... 65

Tabela 4: Efeitos marginais para o modelo geral (modelos 7-12)......................................................... 66

Tabela 5:Resultados logit com expectativas racionais (modelos 1-6) ................................................... 72

Tabela 6:Resultados logit com expectativas racionais (modelos 7-12) ................................................. 74

Tabela 7:Efeitos marginais com expectativas racionais (modelos 1 – 6) .............................................. 75

Tabela 8: Efeitos marginais com expectativas racionais (modelos 7 – 12) ........................................... 76

Page 6: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 7

1.1 TEMA ..................................................................................................................................... 8

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ...................................................................................................... 8

1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 10

1.3.1 Objetivo geral .................................................................................................... 10

1.3.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 10

1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................. 10

2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 12

2.1 TEORIA DO CONSUMIDOR .................................................................................................... 12

2.2 TEORIAS ALTERNATIVAS DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ................................... 24

2.2.1 Economia Comportamental ............................................................................. 24

2.2.2 Neuroeconomia ....................................................................................................... 30

2.2.3 Avaliação empírica do comportamento do consumidor: como o marketing

utiliza a teoria econômica em seus estudos ................................................................... 32

2.3 DESCRIÇÃO SOCIOECONÔMICA DE CHAPECÓ-SC ................................................................. 37

3 MÉTODOS E TÉCNICAS ............................................................................................... 41

3.1 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................................ 42

3.2 CATEGORIAS E VARIÁVEIS ........................................................................................................... 45

3.3 FORMAS DE OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................... 52

3.3.1 O modelo econométrico ......................................................................................... 56

3.3.1.1 Modelo Geral................................................................................................................. 57

3.3.1.2 Modelo com expectativas racionais .............................................................................. 58

4 RESULTADOS ................................................................................................................. 60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 79

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 81

Page 7: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

7

1 INTRODUÇÃO

Inseridos em um ambiente de constantes mudanças e consumidores cada vez mais

exigentes, os empresários são desafiados diariamente a criar algo que os diferencie e a agregar

valor sem aumentar, na mesma proporção, os custos repassados aos clientes. Analogamente,

aumentar a utilidade proporcionada aos consumidores a fim de que eles se sintam cada vez

mais satisfeitos com os produtos e serviços ofertados.

Assim, a microeconomia, especificamente a teoria do consumidor, busca compreender

como os consumidores tomam suas decisões de compra frente as restrições impostas por sua

renda. Pinheiro et al. (2006, p.15) destacam que essa teoria baseia-se na visão do consumidor

apoiada na racionalidade econômica, na qual seu comportamento é autocentrado, com

escolhas fundamentadas no maior benefício ao menor custo possível. De modo complementar,

Pindyck e Rubinfeld (2010, p.61) apresentam a teoria do comportamento do consumidor

como a forma de descrever o modo como os consumidores alocam suas rendas entre

diferentes bens e serviços, na busca de maximizar bem-estar.

Para compreender o comportamento adotado pelos consumidores, a análise pode se

valer de três etapas: 1) preferências do consumidor: descrever os motivos que levam as

pessoas a preferirem um bem a outro; 2) restrições orçamentárias: considerar o preço das

mercadorias e a renda limitada dos consumidores, o que restringe seu poder de compra; 3)

escolhas do consumidor: dadas as suas preferências e a sua limitação de renda, os

consumidores escolhem as combinações de mercadoria – cesta de mercado - que maximiza

sua satisfação (PINDYCK; RUBINFELD, 2010, p.62).

Conforme, Besanko e Braeutigam (2004, p.55-57) uma cesta de mercado é o conjunto

de quantidades específicas de um ou mais bens que são desejados pelos consumidores. Nesta,

podem estar contidas, por exemplo, vários itens de vestuário, ou então, uma combinação de

vestuário, alimentos, utensílios domésticos ou serviços que o consumidor deseja contratar.

Mas, mesmo que os consumidores optem por uma cesta de mercado que maximize sua

utilidade, cabe ressaltar que a contínua disponibilidade de determinado bem incorre na

geração de um decréscimo de utilidade para o consumidor.

Desse modo, Varian (2012, p.57) expõe que a função utilidade do consumidor consiste

em um modo de numerar as suas cestas de consumo conforme as suas preferências. Quanto

mais à direita, mais preferidas são as cestas de mercado e maiores pontuações lhes são

atribuídas. Este mesmo autor apresenta, além disso, o conceito de utilidade marginal, utilizado

Page 8: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

8

para compreender a variação da utilidade do consumidor quando este adquire um pouco mais

de determinado bem.

Porém, na vida real, essas preferências dos consumidores não podem ser observadas

diretamente, fazendo-se necessária a observação do comportamento para sua identificação

(VARIAN, 2012, p.123). Varian (2012, p.141) salienta ainda que o axioma da preferência

revelada é fundamental na identificação desse comportamento, pois, caso uma cesta de

consumo for escolhida quando qualquer outra poderia ter sido escolhida, a primeira revela-se

como preferida à segunda. Essa observação do comportamento dos consumidores é o que

pode permitir uma estimação das preferências que estão ocultas nas escolhas. Logo, quanto

maior a observação mais exatidão se tem com as previsões. Porém, além do axioma da

preferência revelada, as preferências dos indivíduos podem ser identificadas através de

questionários que visam medir a intenção de consumo.

Nesse contexto, conhecer o perfil dos consumidores e as características, como renda,

idade, gênero, grau de instrução, que influenciam sua intenção de consumo torna-se uma

ferramenta extremamente útil aos empresários. Por intermédio dessas informações, podem ser

estabelecidas estratégias que atinjam o segmento alvo, tragam vantagem competitiva à

organização e otimizem seus recursos escassos. Além disso, conhecer a intenção de consumo

das famílias auxilia na previsão do comportamento da economia em geral, uma vez que o

Produto Interno Bruto (PIB) de determinada localidade pode ser previsto de acordo com a

ótica do produto, da demanda ou da renda. Assim, identificar o comportamento dos

consumidores consiste no levantamento do consumo das famílias, o que, por sua vez gera

informações capazes de auxiliar na previsão de resultados agregados (MIRANDA, 2014).

1.1 TEMA

O tema do presente trabalho caracteriza-se como um estudo sobre as variáveis

determinantes do comportamento do consumidor chapecoense, para o período específico de

novembro de 2012 a fevereiro de 2014.

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Para melhor compreender o comportamento dos consumidores pode-se utilizar um

instrumento que mensura a satisfação e a intenção de consumo dos indivíduos, conhecido

Page 9: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

9

como Índice de Confiança do Consumidor (ICC). Esse índice é calculado pela Fundação

Getúlio Vargas (FGV) em sete das principais capitais brasileiras – Belo Horizonte, Brasília,

Porto Alegre, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Conforme a Confederação

Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), que também calcula o

índice para algumas regiões metropolitanas do país, o mesmo visa identificar o humor dos

consumidores de acordo com a percepção de suas finanças, perspectivas futuras das suas

condições bem como das condições econômicas do país.

Em Chapecó-SC o Índice de Confiança do Consumidor (ICC-Uno) é calculado desde

novembro de 2012 pelo curso de Ciências Econômicas da Universidade Comunitária da

Região de Chapecó (Unochapecó), por meio do Observatório Socioeconômico da

Mesorregião Oeste de Santa Catarina. Para obtenção dos dados do ICC-Uno entrevista-se,

mensalmente, uma amostra significativa da população chapecoense. O questionário é

estruturado com base em quatro categorias. São elas: variáveis de controle, variáveis para o

cálculo do ICC-Uno, intenção de consumo e avaliação dos governos.

A fórmula de cálculo considera questões referentes à situação atual e futura do

entrevistado, do país, intenção de consumo bem como seu endividamento e inadimplência.

Atrelando-se os temas às demais questões que compõem o questionário, obtêm-se

informações mais precisas sobre o perfil de consumo dos chapecoenses.

No município de Chapecó, ainda não foram realizados estudos que identifiquem quais

os fatores que contribuem para a elevação da intenção de consumo da população

economicamente ativa1. Cumpre ressaltar que a literatura microeconômica considera que

variáveis como renda, gênero e, escolaridade são fundamentais para compreender o

comportamento da intenção de consumo (BESANKO; BRAEUTIGAM, 2004, p.54). É

justamente nesse ponto que a presente pesquisa se insere, mensurando os condicionantes do

comportamento do consumidor em Chapecó.

Portanto, buscar maior conhecimento sobre as decisões de consumo dos chapecoenses

se torna pertinente para que os empresários da região possam tomar melhores decisões frente

a um cenário de indecisão e recursos escassos. Por meio dessa ferramenta, os empresários

podem direcionar a formulação de suas estratégias, reduzir seus custos e satisfazer mais seus

clientes, melhorando o seu desempenho econômico.

1 Indivíduos acima de 16 anos que estejam trabalhando ou procurando emprego.

Page 10: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

10

Diante do exposto, esta pesquisa visa responder a seguinte questão: Quais são as

características individuais que determinaram a intenção de consumo dos chapecoenses no

período de novembro de 2012 a fevereiro de 2014?

1.3 OBJETIVOS

Nessa sessão, descreve-se tanto o objetivo geral, como os objetivos específicos da

pesquisa.

1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral desta pesquisa é identificar quais as características individuais

determinaram a intenção de consumo dos chapecoenses no período de novembro de 2012 a

fevereiro de 2014.

1.3.2 Objetivos específicos

Como objetivos específicos citam-se:

Revisar na literatura microeconômica os fatores que determinam o comportamento do

consumidor;

Construir um modelo econométrico para estimar as características individuais que

afetam a intenção de consumo dos chapecoenses;

Analisar os dados do modelo econométrico, identificando quais os fatores que

aumentam a probabilidade de consumo entre os indivíduos da população

economicamente ativa de Chapecó.

1.4 JUSTIFICATIVA

Compreender o comportamento dos consumidores consiste em uma tarefa difícil,

porém de grande relevância. Empresas que conseguem obter informações a respeito de seu

público, da demanda de mercado para seu produto ou identificar uma nova necessidade dos

consumidores está um passo à frente dos concorrentes. Isso ocorre em função de que muitas

vezes o conhecimento do senso comum sobrepõe-se ao saber cientifico, e a utilização de

técnicas para diagnóstico do comportamento do consumidor são ignoradas.

Page 11: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

11

Do mesmo modo que as empresas se beneficiam os consumidores também podem

auferir vantagens com essas informações de mercado. À medida que as organizações

conhecem seus clientes e as necessidades destes, também conseguem descobrir o que devem

produzir, em quais quantidades e quais os preços que podem praticar. Portanto, todos os

recursos podem ser otimizados, o saldo positivo gerado pode ser repassado aos consumidores

e expandida a quantidade vendida, o que retorna em lucro para o empresário. Além disso,

quanto maior o nível de informação disponível, maior as chances de obter vantagens nas

negociações.

No âmbito acadêmico, a aplicação da Economia em assuntos do dia a dia gera grandes

contribuições e auxilia na sua compreensão. Desenvolver trabalhos em áreas ainda pouco

exploradas, como é o caso da economia comportamental, abre possibilidades para novas

pesquisas. Expor que existe algo além do tradicional, construir e/ou aplicar algo concreto

contribui para o avanço da academia. Ainda, o trabalho apresenta grande contribuição sobre a

previsibilidade da intenção de consumo para obtenção de resultados agregados.

Por fim, o presente trabalho justifica-se também pelo fato de ser desenvolvido no

município de Chapecó, situado na região Oeste de Santa Catarina, que serve de polo para mais

de 200 municípios, mas que carece de estudos científicos em diversas áreas. Assim, a

utilização de uma base de dados significativa, analisada de acordo com uma visão aprimorada

do comportamento do consumidor, gera informações que podem ser consideradas um ganho

tanto para a academia, quanto para sociedade.

Page 12: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

12

2 REVISÃO DE LITERATURA

Com o intuito de embasar a pesquisa a partir da problemática e dos objetivos

definidos, segue a revisão de literatura sobre a teoria neoclássica no campo microeconômico,

especificamente, a teoria do consumidor. Além dessa, apresentam-se teorias alternativas para

compreensão do comportamento do consumidor, como a economia comportamental, a

neuroeconomia e abordagens do marketing.

2.1 TEORIA DO CONSUMIDOR

A teoria neoclássica versa sobre a satisfação das necessidades ilimitadas dos agentes,

dada a limitação dos recursos disponíveis. A ciência econômica divide-se em dois ramos, a

macroeconomia e a microeconomia. A macroeconomia estuda a economia como um todo, ou

seja, em termos agregados, enquanto a microeconomia analisa o comportamento individual de

famílias, indústrias ou associações (BESANKO; BRAEUTIGAM, 2004, p.2).

Complementarmente, Thompson Junior e Formby (2003, p.1) citam que a teoria

microeconômica objetiva explicar e prever preços e quantidade de produção de uma firma,

escolhas dos consumidores, eficiência na produção e custos dos produtores.

A teoria do comportamento do consumidor, derivada da microeconomia neoclássica,

busca compreender de que forma os consumidores optam pelos diversos bens e serviços

disponíveis no mercado, dada a restrição imposta pela sua renda (PINDYCK; RUBINFELD,

2010, p.61-62). Miller (1981, p.14), por sua vez, indica que o indivíduo passa a ser o centro

dos estudos, para que suas preferências possam ser elencadas com o intuito de realizar

previsões testáveis sobre seu comportamento.

Os seguintes axiomas descrevem o comportamento do consumidor: 1) o consumidor

individual identifica qual a combinação de produtos lhe é preferível, ou então, quais lhe

proporcionam a mesma satisfação; 2) o consumidor possui preferências transitivas, ou seja, é

coerente em suas escolhas; 3) por possuir necessidades ilimitadas e incapacidade de saciá-las,

o indivíduo prefere mais mercadorias a menos; 4) o consumidor possui conhecimento da

disponibilidade dos bens, tecnologias empregadas e dos preços dos mesmos (MILLER, 1981,

p.14-15).

Autores como Varian (2012, p.36-38), Pindyck e Rubinfeld (2010, p.63-64) e Besanko

e Braeutigam (2004, p.55-56) resumem as quatro hipóteses descritas anteriormente em apenas

três, que são apresentadas na sequência.

Page 13: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

13

A primeira das hipóteses considera que as preferências dos consumidores são

completas. Assim, os indivíduos podem comparar e ordenar todas as cestas disponíveis no

mercado. Desse modo, caso duas cestas A e B estejam à disposição, o consumidor representa

sua preferência da seguinte forma: tem preferência pela cesta A em comparação a cesta

B (𝐴 ≻ 𝐵); prefere a cesta B à cesta A (𝐴 ≺ 𝐵); ou, é indiferente entre as duas cestas

(𝐴 = 𝐵). Resumidamente, os indivíduos valem-se de seus gostos e preferências para ordenar

as cestas de consumo a sua disposição, de modo que cada uma delas pode ser preferível ou as

duas serem indiferentes.

O segundo axioma trata da escolha baseada em mais bens que possuem percepção de

preferência diferente pelo consumidor. As escolhas são consistentes, caso o indivíduo prefira

a cesta A à cesta B, e prefira a cesta B à cesta D, para ele, a cesta A é preferível à cesta D.

Simbolicamente, isto pode ser representado por: Se 𝐴 ≻ 𝐵 e𝐵 ≻ 𝐷, então 𝐴 ≻ 𝐷.

O terceiro axioma evidencia o fato dos consumidores sempre preferirem consumir

mais, a menos bens. Isso ocorre porque as pessoas nunca estão completamente satisfeitas,

então, mesmo que por quantidades muito pequenas, prefere-se a cesta que comporta maiores

quantidades.

Varian (2012, p.38-39) mostra a explanação gráfica das preferências dos

consumidores, conhecida como curvas de indiferença. Estas, por sua vez, representam as

combinações de cestas de mercado que proporcionam o mesmo nível de satisfação ao

consumidor (PINDYCK; RUBINFELD, 2010, p.64-66).

A inclinação da curva de indiferença é representada por uma reta descendente por

considerar a hipótese de que mais é preferível a menos (MILLER, 1981, p.16). Além disso, as

curvas de indiferença representam as escolhas que os consumidores devem fazer em função

da sua renda limitada, pois estes devem abrir mão de um bem para adquirir maiores

quantidades de outro (PINDYCK; RUBINFELD, 2010, p.67). A Figura 1, abaixo, mostra as

várias curvas de indiferença que o consumidor se defronta.

Page 14: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

14

Figura 1: Curvas de indiferença

Fonte: Elaboração própria com base em Samuelson e Nordhaus (2012,p.90)

As curvas U1 e U2 representam curvas de indiferença com nível de satisfação inferior

a U3, e assim sucessivamente. Os pontos A, B, C e D, representam a mesma satisfação obtida

pelos consumidores (U3), apenas com quantidades diferentes de cada um dos bens. Miller

(1981, p.16) destaca que para cada ponto no espaço de bens, há uma única curva de

indiferença que o cruza e que essas curvas não podem se cruzar, pois isto violaria o axioma da

transitividade.

Paralelo a isso, Thompson Junior e Formby (2003, p.42-43) ressaltam que o

consumidor é indiferente às várias combinações de bens possíveis sobre uma mesma curva,

mas não é indiferente às várias combinações possíveis em curvas distintas. Os mesmos

autores afirmam que quanto mais afastadas da origem dos eixos estiverem às curvas de

indiferença, maior satisfação essa combinação propicia ao consumidor, de modo que cada

curva possa representar a fronteira entre as combinações de produtos que o indivíduo

considera mais ou menos satisfatória.

Como existem inúmeras combinações de quantidades para apenas dois bens, também

existem várias curvas de indiferença para representá-los. Para auxiliar na expressão gráfica

utiliza-se um conjunto dessas curvas, denominado mapa de indiferença, como mostrado na

Figura 1. Este mapa fornece a descrição completa das preferências dos consumidores por

meio de uma infinidade de curvas (PINDYCK; RUBINFELD, 2010, p.66; THOMPSON

JUNIOR; FORMBY, 2003,p.42-43;BESANKO; BRAEUTIGAM, 2004, p.62-63).

Page 15: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

15

Para atingir os pontos ótimos, os consumidores muitas vezes precisam abdicar de um

bem para adquirir outro. Nesse sentido, a taxa de substituição pode ser definida como taxa

marginal de substituição (TMS), que para Miller (1981, p.19) representa o número de

unidades de um bem X qualquer que o consumidor deve abdicar para obter unidades

adicionais de um bem Y. Complementarmente, Thompson Junior e Formby (2003, p.46)

indicam que a TMS “é a taxa na qual o consumidor deseja substituir um bem por outro de

forma a manter constante o seu nível de satisfação”. A representação algébrica, discreta no

tempo, proposta por esses autores consiste na razão pela qual o consumidor está disposto a

substituir um produto por outro. Assim tem-se:

𝑻𝑴𝑺 =Δ𝑌

Δ𝑋 (2)

Na equação 2, ΔY representa a quantidade do bem Y que o consumidor está disposto a

abrir mão, enquanto ΔX simboliza o número de unidades do produto X que o mesmo deseja

adquirir para suprir a falta de Y. A razão de troca não permanece constante ao longo da curva,

pois a cada unidade auferida de qualquer um dos bens o indivíduo supre seu desejo e torna-se

cada vez menos propenso a abdicar do outro bem. A TMS, no tempo contínuo, torna-se a

derivada da curva de indiferença (THOMPSON JUNIOR e FORMBY, 2003, p.46).

Besanko e Braeutigam (2004, p.64-65) afirmam que em um gráfico em que X e Y

representam o eixo horizontal e vertical, respectivamente, a TMS, em qualquer cesta de

mercado, é o valor negativo da inclinação da curva de indiferença no ponto que representa

essa cesta. Outra forma de explicar o valor negativo concerne ao ato de desistir de um produto

para conseguir outro (PINDYCK; RUBINFELD, 2010, p.67-69).

Nesse sentido, as curvas de indiferença convexas fazem com que a TMS diminua ao

longo da própria curva. Ou seja, para Besanko e Braeutigam (2004, p.65-66) a TMS diminui à

medida que aumenta-se o consumo de um dos bens. Assim, Varian (2012, p.69-70) expõe que

a TMS mede a taxa em que o consumidor se encontra na fronteira entre trocar um bem pelo

outro ou não.

Com o intuito de descrever as preferências do consumidor, que antigamente eram

visualizadas apenas como uma forma de medir a felicidade dos consumidores, hoje se procura

identificar o comportamento dos indivíduos (VARIAN, 2012, p.56-57). Similarmente,

Thompson Junior e Formby (2003, p.22) remetem à utilidade o conceito da capacidade dos

bens e serviços de satisfazer as necessidades dos indivíduos. Conforme estes autores, a

Page 16: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

16

utilidade possui características objetivas e subjetivas, de modo que se relaciona com gostos,

percepções, personalidade e estado de espírito do indivíduo.

Miller (1981, p.21-22), por sua vez, conceitua utilidade como o poder de satisfação

dos desejos. Contrariamente ao apresentado por Thompson Junior e Formby (2003, p.22-23),

Miller defende o ponto de vista de que a utilidade é puramente subjetiva, de modo que não

existe nenhuma maneira de medir a quantidade de utilidade que um indivíduo possa ter

adquirido a partir de determinado produto. Mesmo assim, destaca que utilidade é a percepção

do consumidor, e que economistas podem analisar as escolhas dos consumidores em termos

de utilidade.

Pindyck e Rubinfeld (2010, p.72) garantem que as pessoas obtêm utilidade quando

adquirem produtos que lhes dão prazer ou então evitando as que lhes trazem insatisfação.

Ainda, expõem que a utilidade se refere ao valor numérico da satisfação que o consumidor

obtém em uma cesta de mercado.

Além disso, Thompson Junior e Formby (2003, p.23) observam na utilidade uma

forma de se comparar os graus de satisfação proporcionados por diferentes padrões de

consumo de bens e serviços diversos. Samuelson e Nordhaus (2012, p.74-76) explicam que as

primeiras noções de utilidade nas ciências sociais foram formuladas por Jeremy Bentham

(1748-1831), para o qual a legislação deveria se basear na promoção da máxima felicidade

para o maior número de indivíduos. Posteriormente a isso, economistas neoclássicos como

William Stanley Jevons (1835 – 1882) ampliaram a teoria para explicar o comportamento do

consumidor. Para estes autores, a decisão de consumo era baseada na utilidade adicional ou

marginal de cada bem. A visão da utilidade cardinal mensurável passou a ser desnecessária,

quando as teorias modernas da utilidade ordinal e das curvas de indiferença desenvolvidas por

Vilfredo Pareto, John Hicks, RGD Allen, Paul Samuelson entre outros vieram à tona.

A Teoria da Preferência Revelada, desenvolvida por Paul Samuelson, foi elaborada

com o intuito de tratar a utilidade como medida ordinal, ou seja, ordenar as preferências de

acordo com escolhas dos agentes. Essa teoria possibilitou tratar os modelos econômicos por

meio de observações dos agentes (SAMUELSON, 1975 apud THEODORO, 2012, p.11-12).

Ao que concerne à ordenação das cestas, Varian (2012. P.57-61), expõe que a única

propriedade relevante para a utilidade é o modo que os consumidores ordenam as cestas de

bens. Nesse sentido, apenas a hierarquização delas faz sentido ao passo que a extensão dessa

diferença não recebe tanta ênfase. A função utilidade pode ser identificada a partir de curvas

Page 17: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

17

de indiferença quando as preferências são monotônicas2. Esse método consiste em traçar a

diagonal e rotular as curvas de indiferença com a distância desde sua origem até o final da

reta. Com esse método, obter-se-ia maior utilidade e maiores valores para as curvas de

indiferença mais afastadas da origem, convergindo com o que já foi apresentado sobre as

preferências dos consumidores.

Para elaborar uma função utilidade Pindyck e Rubinfeld (2010, p.72), esclarecem que

se trata de uma fórmula que associa níveis de utilidade a cestas de mercado individuais, de

forma que cabe ao pesquisador elaborá-la conforme sua conveniência. Nesse sentido, os

autores exemplificam ao utilizar uma função de utilidade para uma cesta que contém dois

produtos - X e Y. Essa função, de acordo com os mesmos autores, seria representada por

𝑢 = (𝑋, 𝑌) = 𝑋 + 2𝑌. Assim, as várias possibilidades de quantidades de cada um dos bens

gerariam níveis de utilidade diversos.

Quanto maior a quantidade de bens que o indivíduo consumir, maior será sua utilidade

total, ou seja, a satisfação total por consumi-los. Porém, há um ponto em que não se obtém

mais satisfação em aumentar o consumo, esse é chamado de ponto de saturação, a partir dele,

a utilidade total começa a apresentar declínio (THOMPSON JUNIOR; FORMBY, 2003,

p.23).

A fim de obter maiores informações sobre a utilidade, Besanko e Braeutigam (2004,

p.57 - 58) propõem analisar a variação no nível de utilidade em comparação com a variação

no nível de consumo através da utilização do conceito de utilidade marginal, que mede a taxa

em que a utilidade total varia conforme o consumo aumenta em uma unidade. Para representar

as curvas de utilidade total e utilidade marginal os autores salientam alguns pontos

fundamentais: a) as utilidades total e marginal não devem ser representadas no mesmo

gráfico; b) a utilidade marginal representa a inclinação da função utilidade; c) a mesma

relação apresentada pelas funções total e marginal aplica-se para outras medidas da economia,

de modo que a função marginal normalmente é a inclinação da total.

Até o presente momento foram apresentados alguns dos fatores que influenciam a

decisão dos consumidores, dada as suas preferências. Porém, sabe-se que consumidores

delimitam suas compras também em função da sua renda. Varian (2012, p.21-22) propõe a

análise de dois bens (que ele denomina como p1 e p2) e m representando a quantidade total de

renda que o consumidor tem à disposição para gastar. Desse modo, a restrição orçamentária

total poderia ser representada por:

2 O consumidor prefere consumir mais de determinado bem a menos.

Page 18: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

18

𝑝1𝑥1 + 𝑝2𝑥2 ≤ 𝑚 (2.1)

Após elaborada a função, percebe-se que a combinação de cestas de mercados obtidas

pelos consumidores deve ter um custo menor ou igual a m. Varian (2012, p. 21-22) representa

esses conjuntos de bens que se pode adquirir, de acordo com os preços e restrição

orçamentária, como o conjunto orçamentário do consumidor.

Figura 2: Restrição orçamentária

Fonte: Elaboração própria com base em Pindyck e Rubinfeld (2005, p.69)

Para compreender a limitação com a qual os consumidores se defrontam na hora de

alocar sua renda, pode-se considerar que o indivíduo conta com uma renda fixa que será gasta

com os produtos X e Y. Assim, a linha do orçamento representa todas as combinações

possíveis para que o total de dinheiro gasto na aquisição de X e Y seja igual a renda

disponível (PINDYCK; RUBINFELD, 2005, p.68). Na Figura 2, acima, pode-se observar que

o ponto B consiste na compra de 30 unidades do bem Y e 20 unidades do bem X, enquanto o

ponto D representa a compra de 20 unidades do bem Y e 40 unidades do bem X, por exemplo.

Todos os pontos que estão sobre a curva podem ser adquiridos pelo consumidor,

porém ele escolherá aquele que lhe proporcionar maior utilidade. A inclinação da linha do

orçamento é igual à razão dos preços dos bens com sinal negativo. Por fim, o intercepto

(𝐼/𝑃𝑦) com o eixo horizontal indica a maior quantidade de X que pode ser adquirida com a

renda disponível. Da mesma forma, o intercepto (𝐼/𝑃𝑦) com o eixo vertical representa a

Page 19: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

19

maior quantidade de Y que pode ser comprada com os recursos disponíveis (PINDYCK;

RUBINFELD, 2005, p.69-70).

O ponto ótimo de consumo, no qual os consumidores determinam as quantidades de

cada bem a ser adquirida, pode ser encontrado na maximização da utilidade pelo consumidor.

Pindyck e Rubinfeld (2010, p.132), utilizam o exemplo da função utilidade representada por

𝑈(𝑋, 𝑌) = 𝑙𝑜𝑔𝑋 + 𝑙𝑜𝑔𝑌, com dois bens. Assim, a utilidade marginal do bem X é dada pela

derivada parcial da função utilidade em relação a esse bem, representada pela seguinte

equação:

𝜕𝑈(𝑋,𝑌)

𝜕𝑋=

𝜕(𝑙𝑜𝑔𝑋+𝑙𝑜𝑔𝑌)

𝜕𝑋=

1

𝑋 (2.2)

De modo que a maximização da utilidade total do consumidor pode ser expressa por:

Maximizar 𝑈 (𝑋, 𝑌) (2.3)

Sendo que toda renda disponível pelo consumidor será alocada na aquisição de dois

bens apenas, utiliza-se X e Y para representar as quantidades das duas mercadorias, Px e Py

na representação dos preços, enquanto I indica a renda disponível. A condição de maximizar a

utilidade do consumidor de acordo com sua renda pode ser indicada por:

𝑃𝑥𝑋 + 𝑃𝑦𝑌 = 𝐼 (2.4)

Pindyck e Rubinfeld (2010, p.132), afirmam que a utilização da técnica de otimização

com restrições pode fornecer a demanda para cada um dos produtos, e sugerem o método dos

multiplicadores de Lagrange para resolver esse problema. O lagrangiano constitui-se de uma

função a ser maximizada ou minimizada e uma variável que multiplicará a restrição.

Inicialmente escreve-se a função a ser maximizada, que neste caso se trata da utilidade

do consumidor. Além disso, o 𝜆 corresponde a velocidade da aceleração e é a variávelque

multiplicará a restrição orçamentária. Neste caso, o lagrangiano é:

∅ = 𝑈(𝑋, 𝑌) − 𝜆(𝑃𝑥𝑋 + 𝑃𝑦𝑌 − 𝐼) (2.5)

Page 20: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

20

Para alcançar as condições necessárias à maximização, diferencia-se ∅ em relação à

𝑋, 𝑌 𝑒 𝜆, e em seguida, igualam-se as derivadas a zero. O resultado é:

(2.6)

𝜕𝜙

𝜕𝑋= 𝑈𝑀𝑥 (𝑋, 𝑌) − 𝜆𝑃𝑥 = 0

𝜕𝜙

𝜕𝑌= 𝑈𝑀𝑦 (𝑋, 𝑌) − 𝜆𝑃𝑦 = 0

𝜕𝜙

𝜕𝜆= 𝑃𝑥𝑋 + 𝑃𝑦𝑌 − 𝐼 = 0

Representa-se a utilidade marginal por 𝑈𝑀. Assim, 𝑈𝑀𝑥(𝑋, 𝑌) =𝜕𝑈(𝑋,𝑌)

𝜕𝑋, ou seja, é a

variação da utilidade ocasionada pelo aumento no consumo do bem X. Pindyck e Rubinfeld

(2010, p.133) sugerem que as equações podem ser reescritas como:

(2.7)

𝑈𝑀𝑥 = 𝜆𝑃𝑥

𝑈𝑀𝑦 = 𝜆𝑃𝑦

𝑃𝑥𝑋 + 𝑃𝑦𝑌 = 𝐼

Para apresentar a condição de maximização da utilidade e as quantidades de cada bem

que serão consumidas, pode-se igualar o 𝜆 das equações, da seguinte forma:

(2.8)

𝑈𝑀𝑥

𝑃𝑥= 𝜆

𝑈𝑀𝑦

𝑃𝑦= 𝜆

A partir disso, de acordo com a equação abaixo, tem-se que a utilidade marginal,

dividida pelo seu preço é igual para ambos os produtos:

𝜆 =𝑈𝑀𝑥

𝑃𝑥=

𝑈𝑀𝑦

𝑃𝑦 (2.9)

Page 21: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

21

Após o isolamento do 𝜆, isola-se também X e Y para se obter as demandas individuais,

conforme se segue:

𝑥 =𝑎𝑃𝑦𝑌

(1−𝑎)𝑃𝑥 (2.10)

𝑦 =(1−𝑎)𝑃𝑥𝑋

𝑎𝑃𝑦 (2.11)

As demandas individuais demonstram o quanto é requisitado pelos consumidores,

dado os preços destes bens e a renda disponível. De acordo com as equações das demandas

individuais percebe-se que elas são inversamente proporcionais à renda, o que indica que o

consumo é restringido por esta. Além disso, à medida que o consumo de Y aumenta a

demanda por X tende a diminuir. O contrario também é verdadeiro. O ponto ótimo é

encontrado quando uma das curvas de indiferença do consumidor tangencia a sua reta de

restrição orçamentária, como mostra a Figura 3 abaixo.

Figura 3: Maximização da satisfação do consumidor

Fonte: Elaboração própria com base em Pindyck e Rubinfeld (2005, p.72).

Page 22: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

22

O ponto A indica as quantidades ótimas de consumo para cada um dos bens, em

função de estar no ponto em que a linha do orçamento tangencia a curva de utilidade U2. O

ponto D poderia auferir maior satisfação por estará localizado na curva mais afastada da

origem. Porém está além do alcance da restrição orçamentária, podendo ser alcançado a partir

de um incremento na restrição orçamentária. O ponto B, em contraponto, mesmo estando

sobre a linha do orçamento apresenta uma TMS superior à relação dos preços, o que indica

que mais produtos poderiam ser adquiridos para maximizar a utilidade. A distribuição da

renda para obtenção desse ponto pode ser obtida quando se analisa que a inclinação da curva

de indiferença é igual à 𝑇𝑀𝑆𝑥𝑦, em qualquer ponto, e também à razão entre as utilidades

marginais dos dois bens (THOMPSON JUNIOR; FORMBY, 2003, p.46-47).

Quando o preço de determinado bem sofre alguma alteração ocorrem dois efeitos:

efeito substituição e efeito renda. O efeito substituição, os consumidores tenderão a comprar

mais de um bem se ele se tornar mais barato e menos dos produtos que se tornarem

relativamente mais caros, de modo que a utilidade seja mantida (PINDYCK; RUBINFELD,

2005, p.99). Mansfield e Yohe (2006, p.78) complementam a análise ao afirma que o efeito

substituição é sempre negativo, uma vez que as curvas de indiferença são convexas a partir da

origem, de modo que se o preço de um determinado bem aumenta e a renda efetiva se mantém

a constante, o consumo desse bem sempre declina. O contrário é válido.

Quanto ao efeito renda, ele consiste na mudança na quantidade demandada de um bem

em virtude da mudança na renda efetiva (MANSFIELD; YOHE 2006, p.77). O fato de um

dos bens se tornar mais barato faz com que o poder de compra dos consumidores se amplie,

de modo que se consegue comprar a mesma quantidade de bens com menos recursos

financeiros, caso o bem seja normal (PINDYCK; RUBINFELD, 2005, p.99). Se o bem é

inferior, a diminuição da renda provoca um acréscimo na demanda, elucidando que o efeito

renda pode ser tanto positivo quanto negativo (VARIAN, 2012, p.148).

Como a direção do efeito renda depende do tipo de bem em questão, cabe ressaltar que

bens normais são aqueles que apresentam correlação positiva entre mudanças na renda e no

consumo. Assim, para tais bens, um aumento na renda ocasiona a expansão do seu consumo,

como exemplo pode-se citar iogurte, refrigerante, chocolates (MANSFIELD; YOHE 2006,

p.77). Porém, nem todos os bens são normais, existem aqueles em que a quantidade

demandada cai à medida que a renda aumenta, a esses se atribui o nome de bens inferiores,

pois com um nível de renda maior os consumidores podem adquirir produtos que, de acordo

com as suas percepções, são considerados melhores, para exemplificar estes citam-se

mortadela e salsicha (PINDYCK; RUBINFELD, 2005, p.95).

Page 23: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

23

Além disso, há uma particularidade nos bens inferiores, pois Pindyck e Rubinfeld

(2005, p.100-101) destacam que há casos em que o efeito renda é grande o suficiente para

compensar o efeito substituição, de modo que a curva da demandada passe a ter inclinação

ascendente. O resultado dessa observação é que a quantidade demandada pode estar

diretamente relacionada ao preço, ao menos em uma faixa da variação do preço. Esse tipo de

bem é conhecido como bem de Giffen, produtos como pão, sal e outros produtos básicos

servem de exemplo (MANSFIELD; YOHE 2006, p.78).

De acordo com Varian (2012, p.82) a escolha ótima dos bens em análise é chamada de

cesta demandada do consumidor. Assim, é comum que quando os preços dos bens e a renda

dos consumidores variam, a escolha ótima também se modifique. Portanto, pode-se dizer que

a função demanda é aquela que relaciona a escolha ótima com diferentes valores de preços e

rendas.

Nas explanações feitas anteriormente, utilizou-se apenas um consumidor para análise.

Mesmo o mercado sendo composto por inúmeros indivíduos, cada um com a sua restrição

orçamentária, quantidades distintas de cada bem e utilidades diferentes, a partir da curva de

demanda individual pode-se obter a curva de demanda do mercado pela soma das curvas

individuais (MANSFIELD; YOHE 2006, p.61).

Pindyck e Rubinfeld (2010, p.104), afirmam que a curva de demanda de mercado se

desloca para a direita à medida que mais consumidores entram no mercado. Entre os fatores

que influenciam a demanda destacam-se preço do bem, renda do consumidor, gosto e

preferência e preços de outros bens. Estes interferem na quantidade demanda por um grande

grupo de consumidores e consequentemente também afetam a demanda de mercado.

A literatura neoclássica apresenta pressupostos de que os consumidores são racionais e

fazem suas escolhas baseados nas suas preferências dada a restrição imposta por sua renda.

Como não é possível identificar esse consumo antes que ele ocorra, os economistas valem-se

da teoria da preferência revelada na qual a partir do comportamento do consumidor

identificam-se as preferências. Sabe-se assim, que os consumidores tomam suas decisões

baseados na sua renda, gostos e preferências, no preço do bem que desejam consumir assim

como no preços de outros bens, porém isso nem sempre é suficiente para identificar como o

consumidor irá se comportar e por isso faz-se necessário avançar para outras áreas de

pesquisa.

Page 24: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

24

2.2 TEORIAS ALTERNATIVAS DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

O objetivo dessa seção é explorar os estudos recentes sobre a teoria do consumidor de

modo que se possa complementar, com novos elementos, os conceitos expostos pela

microeconomia tradicional. O foco principal é o estudo da economia comportamental, mas

também se faz menção à neuroeconomia e ao marketing, que traduz os conceitos da teoria

econômica para a administração.

2.2.1 Economia Comportamental

Nas seções anteriores, apresentou-se a mais conhecida linha de pensamento da ciência

microeconômica na qual o consumidor é considerado como otimizador e que se satisfaz com

as suas escolhas (ROCHA, 2009, p.28). Porém, Costa (2013, p.14) salienta que essa visão

sofre críticas por duas razões. Primeiramente pelo excesso de simplificações, pois seus

pressupostos não consideram questões atuais do comportamento do consumidor, como a

diferença cognitiva entre os consumidores e as particularidades de cada consumidor. O

segundo alvo de críticas refere-se à desatualização do modelo, uma vez que o mesmo foi

elaborado na primeira metade do século XX, não passando por atualizações, e mesmo assim

continuar sendo a visão da economia sobre o comportamento individual dos agentes3.

A economia comportamental não abandona as ideias da economia clássica, mas as

complementa com novos pressupostos e com análises empíricas de como os indivíduos se

comportam no dia a dia (RABIN, 2002, p.658). Mesmo assim, defensores do modelo

tradicional alegam que isso não constitui um problema, se apenas alguns agentes econômicos

tomam decisões subótimas. Ou seja, as escolhas não são realizadas da melhor forma possível,

de modo que em geral os consumidores são racionais. (COSTA, 2013, p.21).

Além disso, a economia comportamental pode ser considerada uma ciência que une a

Psicologia à Economia com o intuito de sanar dúvidas e explorar temas de interesse dos

economistas valendo-se dos conhecimentos oriundos da Psicologia. A complementaridade

existente entre a economia e a análise do comportamento deve-se ao fato de ambas terem o

comportamento humano como base de estudo. No âmbito econômico, o interesse maior está

nos comportamentos que definem a alocação dos recursos escassos, enquanto na análise do

comportamento, há um comprometimento com uma corrente filosófica (behaviorismo

3 A desatualização do modelo não é consenso entre os economistas, sendo esta uma visão particular de Costa

(2013).

Page 25: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

25

radical4) e adota como método a experimentação indutiva (FRANCESCHINI; FERREIRA,

2012, p.317).

Muitas das características e linhas de estudo da economia comportamental concernem

ao fato da mesma ter sido desenvolvida na área econômica. A Psicologia não foi determinante

nos rumos da área, porém, beneficia-se com uma gama de pessoas interessadas em suas

contribuições. A interdisciplinaridade promovida pelas áreas traz limitações, como:

estranhamentos com a linguagem, mais comum aos economistas, realização de experimentos

que comprovem a generalidade entre espécies dos resultados observados em laboratório,

pouca divulgação. Por outro lado, a grandeza de complementar as áreas está justamente no

engrandecimento dos dois campos e o aprimoramento de uma linguagem comum às áreas

(FRANCESCHINI; FERREIRA, 2012, p.324).

O argumento dos economistas comportamentais, é que as ideias provenientes da

psicologia podem aprimorar os modelos de comportamento do consumidor desenvolvidos

pela economia neoclássica. Diferentemente do proposto pela teoria tradicional, propõem que

os agentes econômicos valorizam de forma diferente ganhos e perdas da mesma magnitude,

incorrendo que a perda tenha maior valor subjetivo do que o ganho (TASSI, 2011, p.11).

De acordo com Rocha (2009, p.30) as condições necessárias para aplicar a teoria

tradicional são questionáveis e impraticáveis em função das incertezas do ambiente,

mudanças, imperfeições e desequilíbrios. Dessa forma, esta autora salienta que os

pressupostos dessa teoria acabam sendo violados devido às mudanças e ao questionamento da

racionalidade. Duas obras são citadas corriqueiramente como base para a teoria alternativa,

entre elas a teoria da racionalidade limitada de Herbert Simon, na qual, conforme expõe

Balestrin (2013, p.4), o indivíduo é limitado no conhecimento de todas as alternativas e

incapaz de estabelecer critérios para otimizar suas decisões. Ou seja, o indivíduo procura

tomar decisões que atendam aos padrões mínimos de satisfação e não de otimização. A outra

obra é o estudo desenvolvido por Daniel Kahneman e Vernon Smith sobre a incerteza e risco

no contexto da racionalidade limitada (ROCHA, 2009, p.30).

A visão heterodoxa do comportamento do consumidor apresenta o homem como um

tomador de decisão, não sendo indispensavelmente racional e maximizador de suas escolhas e

satisfação. Pressupõe que o consumidor toma suas decisões com certa racionalidade, porém

ela não é perfeita e presente a todo o momento, de modo que a contextualização do espaço-

4 Consiste na interpretação filosófica de dados obtidos através da investigação do comportamento sistemático do

consumidor (MATOS, 2013, p.6).

Page 26: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

26

temporal e a consideração de que há assimetria de informações fazem-se necessários

(ROCHA, 2009, p.31-32).

Simon (1971, apud ROCHA, 2009, p.31) expõe que o homem em vez de maximizar

busca uma ação satisfatória ou razoavelmente boa, pois o mundo que ele percebe é apenas um

modelo simplificado e confuso do mundo real. Ainda de acordo com este autor, as escolhas

desse consumidor são baseadas numa imagem simplificada da situação e considera os fatores

que julgar mais fundamentais.

Ainda sobre a racionalidade limitada dos indivíduos, Simon (1957, apud SILVA et al,

2009, p. 2) afirma que a escolha racional não ocorrer em função dos indivíduos não possuírem

informações completas, habilidades computacionais e, também, devido ao custo pela busca

ótima. Como as informações necessárias não podem ser analisadas em sua totalidade, os

gestores procuram a satisfação ao invés da maximização da decisão, aceitando boas decisões

dados os limites impostos. Portanto, para este mesmo autor, os gestores assim como os

consumidores tem a intenção de agir racionalmente, mas, em razão de suas limitações

cognitivas e computacionais, nem sempre conseguem escolher a melhor alternativa, optando

apenas por uma alternativa aceitável (FERNANDES, 2000, apud SILVA et al, 2009, p. 6).

Nesse contexto, Silva et al (2009, p.6) expõem que para a teoria da racionalidade

limitada “a racionalidade limitada é uma característica dos agentes tomadores de decisão,

enquanto a incerteza está relacionada aos estados do ambiente no qual se processa uma

transação, ou seja, o ambiente no qual o agente está inserido”. Desse modo, os autores

expõem que quanto mais incerto o ambiente de atuação dos agentes tomadores de decisão,

maiores também são as dificuldades em prever os efeitos das mudanças do ambiente e a

escolha da melhor alternativa.

Ariely (2008, p.196) exibe que, diferentemente da economia tradicional, os

economistas comportamentais “acreditam que somos suscetíveis a influencias do ambiente

imediato, a emoções irrelevantes, à imprevidência e a outas formas de irracionalidade”. Para

este autor, o lado bom dos erros cometidos consiste no aprimoramento contínuo, na

elaboração de estratégias, ferramentas e métodos que auxiliem na tomada de decisão assim

como para atingir o bem-estar geral. Com base em tal ponto de vista, uma das principais

diferenças entre a economia tradicional e a comportamental consiste na “gratuidade” de

aprender com os erros.

Neste contexto, Rocha (2009, p.31) salienta que o fator psicológico é fundamental na

determinação da escolha, pois é com base em seu conteúdo cognitivo que o tomador de

decisão adota estratégias típicas para solucionar o problema e definir a escolha. Kahneman

Page 27: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

27

(2012, p.78-92) apresenta o conceito de armadilhas cognitivas, para explicar como é definida

a escolha por parte do consumidor. Como uma das armadilhas, o autor apresenta a diferença

entre experiência e memória, explicitando que o “eu” da experiência consiste no

conhecimento que se tem sobre o presente, na qual se tem basicamente o presente como base

para tomada de decisão. Por outro lado, o “eu” da lembrança é aquele que registra e mantém

as histórias de vida, e é, principalmente, ele que serve de norte para a tomada de decisão. O

consumo, para Kahneman (2012, p.471-481), é impulsionado pela memória de algo que se

identifica com a lembrança do que foi bom, ou então pela lembrança que outra pessoa tem e

compartilha.

Sabe-se que as decisões sobre consumo são baseadas na memória de algo que foi bom

ou que foi satisfatório para outro consumidor que transmite esta informação aos demais.

Percebe assim, o quanto as decisões individuais são influenciáveis. Portanto, ao se analisar o

comportamento do consumidor, é preciso considerar a importância da publicidade que visa

induzir este comportamento (ROCHA, 2009, p.32). As empresas buscam influenciar o

comportamento dos consumidores por meio da força de persuasão exercida pelas

propagandas, de modo que aquelas que passam maior clareza e qualidade na divulgação do

produto normalmente são as que realizam as vendas (LEAL, 2011, p.32-33).

Para Schwartz (2004 apud ROCHA, 2009, p.32-33) decisões acertadas envolvem

diversas questões, entre elas: definir objetivos, relacionar alternativas, avaliar a probabilidade

de estas atenderem aos objetivos, selecionar quais alternativas foram aprovadas, utilizar as

consequências da escolha para mudar os objetivos, a importância atribuída a eles e o modo de

examinar os próximos objetivos. Vislumbra-se que a tomada de decisão pode ser um processo

difícil de administrar e influenciado por diversas variáveis que, depois de satisfeitas as

necessidades do indivíduo, são remodeladas com base nas suas necessidades ilimitadas.

Sobre as atitudes dos consumidores, Pinheiro (2009, p.42) afirma que são formadas

como resultado de uma experiência direta com o produto, com informações adquiridas de

outras pessoas ou então do modo de exposição do produto pela propaganda. Ainda, as atitudes

refletem o lado motivacional dos consumidores, o que pode influenciar ou afastar determinada

compra.

Quanto aos desvios em relação ao modelo de ação racional, pode-se destacar que os

indivíduos tendem a subestimar o risco em determinados contextos, ceder a desejos

momentâneos, resistir às mudanças, e basear suas decisões com base em informações que

estão disponíveis, facilmente acessáveis, ou então mais salientes, e que não necessariamente

são informações relevantes, incorrendo em resultados indesejados para o indivíduo e/ou para

Page 28: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

28

o coletivo (SANTOS et al., 2013). Ainda, Ariely (2008, p.198-199), salienta que existe uma

força (emoções, relatividade, normas sociais, etc.) que influencia o comportamento dos

consumidores e, que embora tenha enorme poder sobre os indivíduos, há a tendência de

subestimar ou ignorar totalmente esse poder. Essa força acomete da mesma forma,

especialistas e novatos de maneira sistemática e previsível, sendo que os erros resultantes são

apenas o modo que cada indivíduo tem de levar a vida.

Reid (2009, p.10) salienta que o conhecimento financeiro é importante, porém não

suficiente para garantir que as decisões sejam ótimas. Além disso, a renda dos indivíduos,

assim como para teoria neoclássica, é uma variável significativa para a determinação do

comportamento do consumidor. Portanto, mesmo a não racionalidade extrema sendo uma

espécie de lugar-comum, não significa que os indivíduos estejam de mãos atadas. Como

solução, cita-se a vigilância do comportamento individual, o pensar de outra maneira sobre as

decisões, e a utilização da tecnologia para superar deficiências inerentes ao ser humano

(ARIELY, 2008, p. 199).

Teoricamente a economia comportamental tem condições de agregar muito à teoria

neoclássica, porém, na prática, alguns modelos nem sempre são fáceis de concretizar. O

objetivo é verificar a influência dos fenômenos psicológicos sobre a economia, para então

extrair alternativas de pesquisa e pressupostos formais que atendam a parcimônia,

rastreabilidade e que o foco seja relevante e útil para os economistas. O ponto de partida seria

a identificação de onde e como as premissas econômicas clássicas dão errado. Porém, essa

identificação não é simples. A diferença que existe entre clareza conceitual e veracidade da

realidade comportamental é o principal problema da modelagem econômica (RABIN, 2002,

p.661).

Rabin (2002, p.672) ainda menciona que os métodos de análises econômica, tanto

empíricos, quanto os estudos mais sofisticados e exatos, possuem muitas virtudes, mas

acabam por incorrer em um problema: omitem grande quantidade de informações da

realidade. O mesmo autor alerta ainda que as análises econômicas devem incorporar mais

simplificações, modelos estilizados da cognição humana e considerar preferências e

comportamento humano.

A economia comportamental é, então, fundamental para alargar o discurso econômico,

mas esta deve torna-se mais aberta e crítica, de modo que se torne um meio de pesquisa

atuante e revolucionário em vez de um momento passageiro (RUBINSTEIN, 2013, p. 11).

Rabin (2002, p.657) exibe que a economia comportamental não pode ser uma moda

passageira, pois suas suposições sobre os agentes econômicos podem melhorar a forma como

Page 29: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

29

compreendemos a economia, uma vez que realiza considerações sobre os seres humanos de

modo psicologicamente realista.

Dessa forma, Rabin (2002, p.673-674) alerta para alguns cuidados e preocupações que

os pesquisadores devem ter com a integração entre Psicologia e a Economia. Primeiramente,

com a crescente aceitação da economia comportamental alguns economistas acabaram por

deixar de lado a visão tradicional. Porém, esse não é o objetivo. Assim, não se deve perder de

vista as premissas econômicas mais realistas, uma vez que o objetivo é substituir apenas o que

for imperfeito e incorporar aspectos realistas da natureza humana. A segunda preocupação do

autor refere-se às diferenças entre as duas áreas. Rabin (2002, p. 675) assume que não existe

uma correlação negativa entre o realismo psicológico e o gosto pela rastreabilidade,

formalismo, parcimônia e simplificação, porém, também não há uma correlação entre aqueles

que gostam de modelos matemáticos e aqueles que estudam o comportamento real. Portanto, a

preocupação consiste na separação entre comportamentalistas e modeladores, por falta de

consenso e simplificação nos estudos.

Exposta a base da economia comportamental, as variáveis que complementam e

diferem da visão tradicional do comportamento do consumidor, parte-se para explanação de

alguns modelos capazes de traduzir de melhor forma a realidade e preencher algumas lacunas

da teoria neoclássica. Entre os modelos, Thaler e Bernatzi (1995 apud MURAMATSU;

FONSECA, 2008, p.3) citam o do viés de projeção, do desconto hiperbólico e aqueles que

permitem menos de 100% de autocontrole, os quais têm obtido ótimos resultados na

explicação de anomalias e também na capacidade de explicar dados da economia real em

exercícios de calibração e simulação econômica.

O modelo de viés de projeção foi desenvolvido por George Loewenstein, Ted

O’Donoghue e Matthew Rabin em 2003. Esse modelo pode ser apresentado como previsões

de utilidade absoluta do consumo e da utilidade marginal do consumo, que normalmente

encontram-se entre os verdadeiros valores futuros e os valores do seu estado presente

(MURAMATSU; FONSECA, 2008, p.3).

A principal contribuição de tal desenvolvimento é o reconhecimento de que os

agentes apresentam dificuldades em fazer estimativas de suas preferências,

gostos, valores e emoções futuras, baseando-se por isso, fortemente em seus

estados viscerais presentes para avaliar as alternativas, e efetivamente escolher

(MURAMATSU; FONSECA, 2008, p. 3).

Portanto, o modelo faz uma crítica ao modelo tradicional que não considera os vieses

que ocorrem na mente humana e ressalta a dificuldade encontrada pelos consumidores na hora

Page 30: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

30

de escolherem o que consumir ao ponto que todas as informações disponíveis podem-no

confundir e nem sempre são suficientes para tomada de decisão ótima (MURAMATSU;

FONSECA, 2008, p.3).

Similarmente, o modelo de desconto hiperbólico é derivado do modelo de utilidade

descontada tradicional, que considera a taxa de desconto constante e assume que os agentes

não apresentam mudanças nas suas preferencias com o passar do tempo. Porém, não é isso

que ocorre, uma vez que o consumo de hoje decorre de condições passadas, atuais e futuras

(THEODORO, 2012, p. 16-17). Assim, Lowenstein e Lerner (2003 apud THEODORO, 2012,

p.17) ressaltam que como o comportamento se reflete na taxa de desconto, surge a taxa de

desconto hiperbólica, que comporta essas mudanças intertemporais das escolhas dos

indivíduos. Muramatsu e Fonseca (2008, p.105) complementam que nesse modelo “os

indivíduos descontam a utilidade a taxas decrescentes”, pois a importância de consumir algo

imediatamente diminui à medida que o horizonte temporal se expande, sugerindo assim uma

função de desconto hiperbólico.

Desse modo, a principal contribuição da economia comportamental consiste no fato de

ressaltar que os consumidores não são racionais ao extremo, contrapondo-se assim a teoria

neoclássica. Para os economistas comportamentais, os consumidores podem comprar seus

bens por impulso, induzidos pela propaganda ou pela percepção de outras pessoas, podendo

incorrer a um arrependimento, de modo que a utilidade não seja maximizada. Além disso, por

meio dessa linha de pesquisa economistas conseguem compreender melhor os consumidores e

fazer previsões mais realistas.

2.2.2 Neuroeconomia

Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre o comportamento do consumidor

na tomada de decisão, utiliza-se a abordagem da neuroeconomia. Para Costa (2013, p.3) a

neuroeconomia é resultado da união de diversas técnicas e conhecimentos de Filosofia,

Sociologia, Psicologia, Economia e Neurologia, que com a ajuda de aparelhos de diagnóstico

por imagem de ressonância magnética consegue identificar características pertinentes ao

comportamento do consumidor. A neuroeconomia objetiva mostrar um novo modo para

explicar como as decisões dos indivíduos são compreendidas, principalmente as relacionadas

ao consumo (MOREIRA; PACHECO; BARBATO, 2011, p.108). No mesmo sentido, Tassi

(2011, p.11-12) ressalta que economistas comportamentais e cientistas cognitivos visualizam

Page 31: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

31

na neuroimagem funcional um importante instrumento capaz de testar e desenvolver teorias

alternativas às neoclássicas.

Camerer, Loewenstein e Prelec (2005, p.10) argumentam que a neurociência aponta

para um novo conjunto de construções que fundamentam a tomada de decisão dos

consumidores. Para os autores, as tecnologias científicas não são apenas ferramentas

utilizadas para explorar novas áreas, mas formas de definir novos campos científicos de

estudo e apagar os limites existentes. E, é isso que tem acontecido com a economia que tem

seus limites constantemente reformulados pela matemática, econometria e métodos de

simulação. Alguns métodos como o uso imagem cerebral, medição de único neurônio,

estimulação elétrica cerebral (EBS), psicopatologia e danos cerebrais em humanos, medida

psicofísica, tensor de difusão de imagem (DTI) estão sendo utilizados para compreender o

comportamento dos consumidores (CAMERER; LOEWENSTEIN; PRELEC, 2005, p.10-15).

No contexto de evolução das técnicas de estudo sobre o sistema nervoso, a principal

contribuição pode ser atribuída aos progressos da neuroimagem que, de modo não invasivo,

permite compreender melhor a relação entre a função neural e a atividade cognitiva (TASSI,

2011, p.11). Entre os métodos supracitados, o mais comum é o da imagem cerebral que

consiste na análise e comparação de várias imagens do cérebro de pessoas que estejam

executando tarefas diferenciadas, uma “experimental” e outra de “controle”. Desse modo,

podem-se fazer comparações entre as diferentes áreas do cérebro que são ativadas a partir da

diferentes atividades. Sobre o método de imagem do cérebro existem três testes que são

básicos: eletro-encefalograma (ou EEG) que utiliza eletrodos conectados ao couro cabeludo

para mensurar a atividade elétrica sincronizada e identificar respostas comportamentais; a

tomografia por emissão de pósitrons (PET) que mede o fluxo de sangue no cérebro, sendo que

este aumenta à medida que a células neurais de determinada região incrementam suas

atividade; e, por fim, o mais atual é a ressonância magnética funcional (FMRI), que também

monitora o fluxo de sangue no cérebro, mas utilizando mudanças nas propriedades magnéticas

devido a oxigenação do sangue (CAMERER; LOEWENSTEIN; PRELEC, 2005, p.12).

No princípio dos estudos sobre racionalidade na economia neoclássica explorava-se o

pensamento racional para todas as pessoas. Atualmente, com a chegada da economia

comportamental, percebe-se que as decisões tomadas por impulso estão relacionadas à região

do cérebro ligada à emoção. Já as decisões racionais concentram-se em outra região cerebral

cujo processamento é defasado em relação à ágil organização das impressões e sentimentos

advindos das decisões intuitivas (COSTA, 2013, p.28).

Page 32: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

32

Ferreira et al (2006, p. 4) apresentam que modelos mentais são integrantes da

neuroeconomia e consistem em “imagens, pressupostos e histórias que trazemos em nossas

mentes, acerca de nós mesmos, outras pessoas, instituições e todo aspecto do mundo”. De

modo geral, esses modelos descrevem o que se vê e explicam como duas pessoas podem ver o

mesmo acontecimento e descrevê-lo de modo diferente. Esses modelos, geralmente, são

tácitos, muitas vezes não são testados e examinados.

As críticas à neurociência e, consequentemente, à neuroeconomia concernem ao fato

de que elas fornecem uma imagem das regiões do cérebro em que as coisas acontecem ou

então, mostra que o comportamento dos indivíduos é causado por uma ação do sistema

nervoso, o que parece bem óbvio. Porém, o objetivo de longo prazo dessas ciências é rastrear

quais partes do cérebro são ativadas por diferentes tarefas e quais tarefas se sobrepõem as

outras. Dessa forma, neurocientistas estão compreendendo o que as diferentes partes do

cérebro fazem como elas interagem e, também, como o cérebro resolve os mais diversos

problemas (CAMERER; LOEWENSTEIN; PRELEC, 2005, p.14-15).

Assim, a neuroeconomia visa a identificar e conhecer o comportamento dos

consumidores através de imagens cerebrais. Mas, além da economia comportamental e da

neuroeconomia que já foram apresentadas, a visão do marketing também é relevante e será

exposta a seguir.

2.2.3 Avaliação empírica do comportamento do consumidor: como o marketing utiliza

a teoria econômica em seus estudos

Para avaliar empiricamente o comportamento do consumidor, utilizam-se muitas vezes

os instrumentos desenvolvidos pelo marketing. O marketing não constitui uma ciência teórica,

porém, aproveita-se dos desdobramentos teóricos da teoria econômica para realizar sua

análise empírica. O objetivo dessa seção é evidenciar como o marketing emprega os conceitos

teóricos da microeconomia tradicional, da economia comportamental, assim como da

neuroeconomia para evidenciar, na prática, o comportamento dos consumidores.

O marketing passou a ter preocupação com o comportamento do consumidor a partir

da década de 1950, assim, a comercialização dos produtos deveria iniciar-se com a

constatação dos desejos e necessidades dos consumidores para então as empresas definirem e

ajustarem as quantidades a serem ofertadas. Mesmo com o conhecimento da importância que

essa visão tem para auxiliar a tomada de decisão empresarial muitas empresas ainda não são

orientadas para o marketing (LAS CASAS, 2012, p.181).

Page 33: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

33

Profissionais de marketing buscam estudar as compras dos consumidores para

descobrir o que, onde e quanto eles compram. Porém, descobrir esses fatores não é uma tarefa

simples em função das respostas estarem nas cabeças dos consumidores (KOTLER;

ARMSTRONG, 2007, p.112). O objetivo de estudar o comportamento do consumidor, de

acordo com Las Casas (2012, p.181), é compreender as influências e características do

comprador, para então obter condições de fazer propostas adequadas de ofertas de marketing.

Para que o marketing seja bem sucedido as empresas devem se conectar com seus clientes,

entender seu cotidiano e as mudanças que ocorrem ao longo do seu ciclo de vida para

assegurar que os produtos certos estão sendo disponibilizados aos clientes certos e da maneira

certa (KOTLER; KELLER, 2012, p.163).

O processo de decisão de compra pode ser dividido em cinco estágios, sendo eles:

reconhecimento das necessidades, busca por informações, avaliação das alternativas, decisão

de compra e avaliação pós-compra. Os mesmos serão descritos a seguir de acordo com Las

Casa (2012, p. 184-190), Kotler e Armstrong (2007, p.127-129) e Kotler e Keller (2012,

p.179-186).

O primeiro passo é o reconhecimento das necessidades. O comprador reconhece um

problema ou uma necessidade, que pode ser acionada por estímulos internos quando uma

necessidade normal dos indivíduos atinge um nível alto o suficiente para se tornar um

impulso, como mostrado pela neuroeconomia. O estimulo também pode ser externo e ocorre

quando o anúncio de uma propaganda ou a conversa com amigos induzem a pessoa a pensar

em comprar determinado produto, retomando o conceito explanado pela economia

comportamental, em que a lembrança de algo está diretamente relacionada com a compra.

Pesquisar os consumidores, identificar suas necessidades, o que as desencadeia e o que os

leva a adquirir o produto em questão é base para compreender o comportamento de compra

dos indivíduos.

Posteriormente a identificação das necessidades, inicia-se a busca por informações.

Uma das fontes mais importantes para informação sobre algum produto é a propaganda, pois

os consumidores, em geral, procuram verificar vários anúncios e comerciais antes de

decidirem qual produto adquirir. Além da propaganda, eles buscam informações em fontes

internas, aquelas que estão na memória, tanto lembranças e experiências vivenciadas, como

em fontes externas, que provém de vendedores de lojas, propagandas, folhetos e amigos.

Quando o consumidor possuir uma recordação da situação, dificilmente recorrer a outra fonte.

Isto indica o quanto a satisfação com o consumo passado interfere na compra.

Page 34: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

34

A avaliação das alternativas, próximo passo, consiste na maneira como o consumidor

processa as informações para determinar a compra. As pessoas normalmente utilizam diversos

processos de avaliação das alternativas, processos estes, que dependem das suas

características pessoas assim como da situação específica da compra. Em alguns casos, fazem

pouca ou nenhuma avaliação e compram na base do impulso e intuição. Por outro lado,

podem comprar tanto sem consultar ninguém, quanto consultando, previamente, amigos,

guias de compras e vendedores. A maioria dos consumidores, antes de realizar uma compra,

principalmente se ela for vultosa, pondera diversos atributos, o que torna o processo de

identificação de seu comportamento mais complexo e, mais difícil, o processo de influenciar

suas decisões.

Após elencados os possíveis produtos para compra o consumidor parte para a decisão

de compra, na qual mesmo tendo disposição para compra ele ainda pode desistir. A

desistência ocorre normalmente por dois motivos: adiamento ou demora na implementação e

desvio na escolha identificada. Decidir e realizar a compra pode incorrer em alguns

problemas, que fazem com que postergar a compra seja uma forma de aliviar a tensão gerada.

Além disso, questões como ameaça de perder o emprego, possibilidade de comprar de outra

pessoa com preço menor ou outros eventos inesperados podem impedir que a compra se

concretize. Já o desvio nas escolhas pode acontecer pelo produto estar em falta, a marca não

estar disponível, lançamento de novos produtos que são mais atraentes, entre outras

possibilidades.

Kotler e Keller (2012, p.164-179) e Kotler e Armstrong (2007, p.112-122) expõem

que o comportamento de compra do consumidor é influenciado por fatores culturais, sociais e

pessoais, sendo que são os culturais que exercem maiores e mais profundas influências.

Quanto aos fatores culturais, elenca-se cultura, subcultura e classe social como os mais

importantes no comportamento de compra. A cultura é o principal determinante dos desejos e

comportamentos de uma pessoa, de modo que a influência da família e outras instituições

importantes contribuem significativamente na definição dos valores culturais, estes

imprescindíveis na determinação da oferta e desenvolvimento de novos produtos. A

subcultura fornece a identificação e socialização mais especificas de seus membros, como:

nacionalidade, religião, grupos raciais, regiões geográficas. Já as classes sociais, constituem

uma espécie de estratificação social na qual os indivíduos são hierarquicamente ordenados e

cujos integrantes apresentam valores, interesses e comportamentos similares (KOTLER;

KELLER, 2012, p.164-179).

Page 35: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

35

Os fatores sociais podem ser divididos em grupos de referência, família, papéis sociais

e status. Grupos de referência exercem influência direta e indireta sobre o comportamento do

consumidor. As influências diretas são chamadas de grupos de afinidade. Alguns destes

grupos são primários, como amigos, vizinhos e familiares. Outros são secundários, a exemplo

de grupos religiosos ou profissionais. As pessoas também são influenciadas por grupos

aspiracionais, que o indivíduo se deseja pertencer, e grupos dissociativos, cujos valores ou

comportamentos são rejeitados. Quando a influência do grupo é significativa, o marketing

procura atingir os líderes de opinião desses grupos, pois, estes, normalmente são altamente

confiantes, ativos e usuários frequentes da categoria em questão, assim como exposto pela

economia comportamental (KOTLER; KELLER, 2012, p.164-179; KOTLER;

ARMSTRONG, 2007, p.112-122).

A família constitui outro grupo importante e influente no processo de compra, pois é a

mais importante organização de consumo da sociedade, sendo por isso, tão estudada. Os

membros da família podem determinar grande parte do comportamento do comprador, de

modo que é relevante conhecer os papéis que cada indivíduo desempenha e a influência do

marido, esposa e filhos na compra de diferentes bens e serviços. As crianças, são grandes

influenciadoras no processo de decisão e fazem com que produtos adquiridos por adultos

sejam decididos por elas, interferindo na decisão dos pais (KOTLER e KELLER, 2012,

p.164-179; KOTLER e ARMSTRONG, 2007, p.112-122)..

Para finalizar os fatores sociais, os papéis desempenhados pelos consumidores e o

status individual que representam nos diversos grupos aos quais estão inseridos constituem

importante fonte de informações além de definirem normas de comportamento. A posição dos

indivíduos nos grupos depende do papel que os indivíduos representam, ou seja, atividades

que desempenham, o que consequentemente define o status da pessoa (KOTLER e KELLER,

2012, p.164-179; KOTLER e ARMSTRONG, 2007, p.112-122).

Quanto aos fatores pessoais, Kotler e Keller (2012, p.164-179) citam características

como idade e estágio no ciclo de vida, ocupação e circunstâncias econômicas, personalidade e

autoimagem, estilo de vida e valores. A idade e estágio no ciclo de vida referem-se as

decisões relacionadas com comida, roupas, móveis, lazer, e gostos em geral, delimitados pela

idade. O número, idade e sexo dos membros da família moldam os padrões de consumo dos

indivíduos. Além disso, episódios como casamentos, nascimento de filhos, doenças,

divórcios, mudança na carreira e aposentadoria são cruciais para identificar novas

necessidades dos clientes, a saber: bancos, advogados, psicólogos e conselheiros

profissionais, por exemplo.

Page 36: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

36

De acordo com Kotler e Keller (2012, p.164-179) e Kotler e Armstrong (2007, p.112-

122), a ocupação e circunstâncias econômicas atuam como determinantes na identificação das

necessidades dos consumidores e definem grupos com interesse acima da média por

determinado produto ou a oportunidade de customização para satisfazer ainda mais o cliente.

Essa diferenciação só será efetivada se o cliente dispuser de circunstâncias econômicas

favoráveis: renda disponível, economias e bens, débitos, capacidade de endividamento.

Personalidade e autoimagem referem-se ao conjunto de traços psicológicos distintos,

identificado pela autoconfiança, domínio, autonomia, submissão, sociabilidade, capacidade de

adaptação. Através destes fatores desenvolve-se uma combinação específica de características

humanas que podem ser atribuídas a determinada marca, constituindo a personalidade da

marca, a qual serve de referência para atingir o público alvo (KOTLER e KELLER, 2012,

p.164-179; KOTLER e ARMSTRONG, 2007, p.112-122).

Por fim, Kotler e Keller (2012, p.164-179) apresentam que consumidores com as

mesmas características sociais e culturais podem apresentar comportamentos distintos em

função de seu estilo de vida e valores. O estilo de vida consiste no seu padrão de vida

expresso por atividades, interesses e opiniões, definidos por restrições monetárias ou de

tempo. É importante identificar a quantidade de consumidores que se depara com significativa

restrição monetária para que as empresas possam desenvolver produtos com custos mais

baixos, assim como identificar o quanto o tempo é importante e para quantas pessoas com o

intuito de criar bens e serviços convenientes.

Além destes, Kotler e Armstrong (2007, p.122-125) afirmam que fatores psicológicos

também influenciam significativamente no comportamento do consumidor. Essa interferência

ocorre através da motivação, quando uma necessidade é forte o suficiente para fazer com que

o indivíduo procure satisfazê-la. A percepção é outro fator determinante e consiste no

processo pelo qual o consumidor seleciona, organiza e interpreta informações para formar sua

visão do mundo e responder ao estado motivacional em que se encontra. Há também a

aprendizagem, que modifica o comportamento dos indivíduos a partir das experiências por

eles vivenciadas. Esse processo ocorre por intermédio de impulsos, estímulos, sinais,

respostas e reforços. Por fim, as crenças, pensamentos descritivos que as pessoas possuem

sobre algo, e atitudes, que são avaliações, sentimentos e tendências quanto a um objeto ou

ideia, são grandes influenciadores nas atitudes dos consumidores.

Todas as teorias e contribuições apresentadas são de suma importância para

identificação do perfil de consumo dos indivíduos, cada qual com um ponto de vista

específico, porém vinculado. A interdisciplinaridade que o tema abordado contempla mostra-

Page 37: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

37

se definitiva para responder a problemática do presente estudo. Porém, apenas as teorias sobre

comportamento do consumidor talvez não sejam suficientes para compreender o modo dos

chapecoenses se comportarem, assim, a seguir apresenta-se um pouco do contexto histórico

do município assim como dados atuais do município.

2.3 DESCRIÇÃO SOCIOECONÔMICA DE CHAPECÓ-SC

Localizado no Oeste do estado de Santa Catarina, Chapecó foi uma das primeiras

cidades criadas no impulso colonizador e durante vários anos serviu de sede administrativa de

um vasto território, o que lhe garantiu a centralidade que se manifesta até hoje. Os primeiros

colonizadores eram oriundos do estado do Rio Grande do Sul e vieram com o objetivo de

conquistar as próprias terras, fixando-se ao longo do Rio Uruguai (HENN, 2010, p.1).

Com uma visão um pouco divergente, Tozzo, Figueiredo e Oliveira (2009, p. 4882)

afirmam que até o ano de 1838 o Oeste catarinense era habitado por índios, e após este

período “tropeiros paulistas e imigrantes italianos e alemães vindos do Rio Grande do Sul

começaram a cruzar a região, rumo a São Paulo, para comercializar gado”. As paradas dos

tropeiros e a vinda das companhias colonizadoras intensificou o processo de migração de

outros estados, culminando no desenvolvimento econômico do município.

Henn (2010, p.2) salienta que aos poucos a mata nativa deu espaço à produção

agrícola de subsistência. A partir dessa configuração um novo perfil socioeconômico passou a

ser delineado com base na cultura de produção de excedente, mesmo que ainda de modo

artesanal (FUJITA, 2013, p.314). Em razão das dificuldades encontradas, principalmente de

transporte, o excedente passou a ser utilizado na criação de animais de pequeno porte, como

galinhas e porcos, os quais eram vendidos aos comerciantes locais que os industrializavam,

com o intuito de comercializar principalmente a banha (HENN, 2010, p.2).

O crescimento acelerado de Chapecó, de acordo com Hass (2006, p.78), iniciou a

partir dos anos 1970, na época do milagre econômico durante o regime militar. Nesse período,

houve a ampliação das agroindústrias existentes, criação de novas indústrias e modernização

da agricultura. Henn (2010, p.2) salienta que o Estado exerceu papel importante na

constituição e consolidação das agroindústrias chapecoenses, pois entre as décadas de 1970 e

1980 foram disponibilizados expressivos empréstimos para investimento em unidades fabris.

Este mesmo autor salienta, em contraponto, os problemas sociais ocasionados pela expansão

das empresas:

Page 38: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

38

A produção agrícola passa a ser controlada pelas agroindústrias, selecionando

produtos e produtores de acordo com as suas necessidades. Isso ocasionou a

falência e exclusão de pequenos agricultores e da pequena propriedade familiar

de subsistência e, consequentemente, o aumento da migração intra-regional e de

famílias sem-terra, agravando a problemática social no campo e na cidade.

(HENN, 2010, p.3).

Para Hass (2006, p. 79), ficava cada vez mais evidente a existência de espaços em

separado, para incluídos e excluídos dentro da mesma sociedade. Um cinturão de pobreza

formou-se nos arredores da cidade. E, nem mesmo todo o assistencialismo prestado pelo

poder público, consegue reverter a situação dos migrantes motivados pelo ideal de

desenvolvimento e progresso do município.

De acordo com o IBGE (2013), Chapecó registrou, no censo de 2010 183.530

habitantes situados, quase em sua totalidade, no perímetro urbano do município. Já em 2013 a

população estimada pelo IBGE foi de 198.188, mostrando o potencial de crescimento. A

cidade atua como polo para aproximadamente 200 municípios e 1 milhão de habitantes, sendo

reconhecida como capital do Oeste catarinense. Conforme Hass (2006, p.82), em Chapecó o

setor de comércio, prestação de serviços e autônomos têm crescido consideravelmente nos

últimos anos.

Sobre o posicionamento econômico de Chapecó em relação aos demais municípios de

Santa Catarina, esta cidade tem grande representatividade e consolida-se como uma das

maiores economias do Estado. A Figura 4 mostra essa relação com as demais cidades.

Figura 4: PIB das principais cidades de Santa Catarina - 2010

Fonte: Elaboração própria com base em IBGE (2014)

0.00

5,000,000.00

10,000,000.00

15,000,000.00

20,000,000.00

Page 39: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

39

Além de ocupar a 7ª posição no ranking do PIB, salienta-se que é única cidade do

oeste catarinense com esse potencial, ou seja, nenhum outro município situado na região

interiorana do Estado apresenta números tão elevados para o PIB. Conforme dados do IBGE

(2014), após Chapecó a mesorregião oeste conta com o município de Concórdia, distante

80Km da primeira, que ocupa a 14ª posição. Ainda referente ao PIB do município se percebe

a evolução do mesmo na Figura 5, os valores apresentado são em termos reais para o ano de

2000.

Figura 5: Evolução do PIB de Chapecó - SC

Fonte: Elaboração própria com base em IpeaData (2014)

De acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2014), a renda per

capita média do município cresceu 132,80% nas últimas duas décadas, o que representa uma

evolução de R$437,01 em 1991 para R$674,35 em 2000 e, por fim, aumentou para

R$1.017,34 em 2010 em termos constantes. As famílias em extrema pobreza - aquela com

renda domiciliar per capita inferior a R$ 70,00 por mês - reduziram de 10,55% em 1991 para

0,65% em 2010. Além disso, a porcentagem de pobres também reduziu no mesmo período,

passando de 28,01% em 1991 para 2,70% em 2010.

Referente ao último censo demográfico realizado pelo IBGE, em 2010 a população em

idade ativa5 do município era de 109.785 pessoas, aproximadamente 60% do total. Por outro

lado, a população economicamente ativa6 para esse mesmo ano foi de 104.752, representando

57,07% da população. Sobre a taxa de atividade do mercado de trabalho chapecoense, que 5 Pessoas com 10 anos ou mais de idade (IBGE, 2014).

6 Pessoas de 10 a 65 anos de idade classificadas como ocupadas ou desocupadas na semana de referência da

pesquisa (IBGE, 2014).

0.00

500,000.00

1,000,000.00

1,500,000.00

2,000,000.00

2,500,000.00

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Page 40: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

40

considera indivíduos com 18 anos ou mais, se percebe que em 2010 109.575 habitantes eram

considerados economicamente ativos, representando 78% da população. Por outro lado, a

população economicamente não ativa, naquele ano, era composta com 28.999 indivíduos,

correspondente a 22%. Destes 78% da população economicamente ativa, apenas 3,87% estão

desocupados (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL, 2014).

Quanto aos setores de atividade econômica, constata-se que a agropecuária ocupa o

último lugar em representatividade, mesmo que uma vez essa era a principal atividade do

município. Sobre a indústria do município está é considerada forte, porém, ainda perde

espaço para o setor de serviços, que cresce a cada ano.

Quadro 1: Setores de atividade econômica - 2010

Variável Chapecó Santa Catarina Brasil

AGROPECUÁRIA 95.800 6.225.443 105.163.000

INDÚSTRIA 1.399.134 25.317.920 539.315.998

SERVIÇOS 2.518.314 43.017.306 1.197.774.001 Fonte: Elaboração própria com base em IBGE (2014)

Assim, a partir dos dados elencados pode-se perceber o potencial do município de

Chapecó, que já possui grande representatividade no Estado e destaca-se nacionalmente pela

sua agroindústria. Além disso, destaca-se que a renda dos munícipes vem crescendo com o

passar do tempo e diminuindo a desigualdade, proporcionando a um maior número de pessoas

a possibilidade de expandir o consumo.

Page 41: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

41

3 MÉTODOS E TÉCNICAS

Com o intuito de efetivação da pesquisa, delimitam-se os métodos e técnicas utilizados

para concretização dos objetivos definidos anteriormente. Desse modo, é exposto o modo de

operacionalização da pesquisa. Conforme Marconi e Lakatos (2010, p.44- 46) todas as

ciências caracterizam-se pela utilização de métodos, de modo que não há ciência sem o

emprego de métodos científicos. Para estas autoras, o método pode ser definido como um

conjunto de atividades sistemáticas e racionais que permitem ao pesquisador atingir o objetivo

proposto a partir de um caminho traçado, no qual os erros são detectados para auxiliar as

decisões dos cientistas.

Existem várias formas de classificar as pesquisas. Neste trabalho utiliza-se a pesquisa

aplicada, uma vez que o objetivo é a aplicação de um conhecimento derivado da teoria

econômica. Essa classificação visa gerar conhecimentos para aplicação prática, com o

objetivo de solucionar problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais

(MORESI, 2013, p.8). Similarmente, Vergara (2006, p.47) apresenta que a pesquisa aplicada

é fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, tendo por

finalidade a prática.

Quanto à lógica da pesquisa, esta se caracteriza como indutiva e consiste em um

processo mental que, a partir de uma base de dados suficientes, infere-se uma verdade geral

ou universal, não contida nas partes examinadas. O objetivo dos argumentos é conduzir a

conclusões mais amplas que as premissas que basearam a pesquisa (MARCONI; LAKATOS,

2010, p.53). Como elementos fundamentais para toda indução, as autoras elencam que

primeiramente devem-se observar certos fatos e fenômenos, posteriormente agrupá-los esses

de acordo com a relação constante entre eles e, por fim, classificá-los.

Referente à abordagem, a mesma identifica-se como quantitativa, pois quando o objetivo

é medir as relações entre variáveis (associações ou causa-efeito), ou avaliar o resultado de

algum sistema ou projeto, o enfoque quantitativo mostra-se como mais adequado (ROESCH,

2006, p.130). Marconi e Lakatos (2010, p.269) complementam que no método quantitativo os

pesquisadores valem-se de amplas amostras e informações numéricas.

Ainda, quanto ao nível de profundidade da pesquisa, esta se enquadra como sendo

descritiva. A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou

fenômeno, pode estabelecer correlações entre variáveis e definir a sua natureza. Assim, ela

não precisa explicar os fenômenos que está descrevendo, mesmo que sirva de base para tal

explicação (VERGARA, 2006, p.47). Roesch (2006, p.130) complementa afirmando que se

Page 42: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

42

utiliza a pesquisa descritiva quando se pretende contar quantos ou em que proporção

identifica-se certa opinião ou característica, ou então, com que frequência certos eventos estão

associados entre si.

Quanto às técnicas utilizadas, vale-se da pesquisa bibliográfica, descrita por Vergara

(2006, p.48) como um estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em

livros, revistas, jornais, ou seja, materiais acessíveis ao público em geral, podendo ser de fonte

primária ou secundária. Conforme Dmitruk (2004, p.68) essa técnica objetiva levantar

informações sobre temas e abordagens já trabalhados por outros pesquisadores verificando as

contribuições teóricas sobre o assunto de interesse. A autora complementa expondo que a

pesquisa bibliográfica pode ser considerada o primeiro passo do trabalho científico,

independente da área de conhecimento. Outra técnica aqui utilizada é econometria, que

segundo Gujarati (2006, p.1), consiste na aplicação da estatística matemática aos dados

econômicos, utilizada para apoiar estudos empíricos aos modelos formulados pela economia

matemática e obter resultados numéricos. A pesquisa bibliográfica é utilizada em função de

necessitar de uma fundamentação teórica que forneça suporte para compreensão e análise das

características dos consumidores.

Por fim, realizou-se um levantamento de dados secundários, uma vez que estes são

coletados pelo curso de Ciências Econômicas da Universidade Comunitária da Região de

Chapecó (Unochapecó), por meio do Observatório Socioeconômico da Mesorregião Oeste de

Santa Catarina, encontram-se disponíveis e já serviram de base para outros estudos. Esses

dados são coletados com periodicidade mensal desde novembro de 2012, com uma amostra de

aproximadamente 190 questionários/mês. Portanto, esta pesquisa engloba 2.928 observações

de consumidores chapecoenses. A seguir apresenta-se o referencial teórico que servirá de base

para análise dos resultados.

3.1 REFERENCIAL TEÓRICO

Após o levantamento das diferentes teorias e modelos, que descrevem o

comportamento do consumidor, elencaram-se as mais teorias que se considerou como mais

adequadas para fornecer a base teórica de análise do trabalho. Procurou-se unir a teoria

neoclássica com a economia comportamental no intuito de incluir variáveis que não são

explicitamente levadas em conta no modelo neoclássico.

Page 43: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

43

Desse modo, a teoria neoclássica apresenta que o comportamento dos consumidores é

definido pelos fatores renda, preço do bem em questão, preço de bens substitutos e gostos e

preferência, o que nem sempre é suficiente. Nesse sentido, a teoria do consumidor apoia-se na

premissa de que o indivíduo é racional, de modo que seu bem-estar é maximizado e suas

escolhas sempre são ótimas (PINDYCK; RUBINFELD, 2010, p.61). Mas, como essa escolha

não é identificada antes da compra, economistas valem-se da teoria da preferência revelada, a

qual identifica as preferências a partir do comportamento dos agentes.

Varian (2012, p.124-127) salienta que há uma única cesta demandada em cada

orçamento, isso ocorre porque existe uma cesta ótima que deve ser melhor que qualquer outra

para o consumidor e assim se mostrar revelada perante as demais. Logo, a preferência

revelada pelo consumidor refere-se a uma relação que existe entre a cesta realmente

demandada e as cestas que poderiam ter sido demandadas dada a restrição imposta pela renda.

Assim, o consumidor maximizador irá optar pela cesta que pode adquirir e que comporte as

maiores quantidades dos bens disponíveis. Por exemplo, caso a cesta A seja preferível à cesta

B, e a cesta B preferível a cesta C, dado o pressuposto da transitividade, a cesta A mostra-se

diretamente revelada como preferível a B e indiretamente revelada como preferível à cesta C.

Nesse sentido, Varian (2012, p.124-127) afirma que o axioma fraco da preferência

revelada (AFrPR) indica que se a cesta A for diretamente revelada como preferível a B e as

duas cestas não forem idênticas, não pode ocorrer de B ser diretamente revelada como

preferível a A. Em outras palavras, se a cesta B puder ser adquirida quando a cesta A for

realmente comprada, quando a cesta B for comprada, a cesta A não estará ao alcance de

compra do consumidor. Desse modo, quando tem-se:

𝑝1𝑎1+𝑝2𝑎2 ≥𝑝1𝑏1+𝑝2𝑏2 3.1

Não se pode ter

𝑞1𝑏1+𝑞2𝑏2 ≥𝑞1𝑎1+𝑞2𝑎2 3.2

Portanto, quando o consumidor escolhe tanto a cesta A quanto a cesta B ele está

violando o axioma fraco da preferência revelada e não está adotando um comportamento

maximizador. Quando o axioma é violado, percebe-se que o comportamento desse

consumidor não é condizente com a teoria econômica neoclássica. O axioma fraco da

preferência revelada impõe uma condição observável que tem que ser satisfeita por todos os

consumidores maximizadores (VARIAN, 2012, p.131).

Page 44: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

44

Porém, há uma condição mais forte que também é útil. Deste modo, o axioma forte da

preferência revelada (AFoPR) indica que se a cesta A for revelada como preferida à cesta B,

direta ou indiretamente, e B não for igual a cesta A, logo, B não pode ser direta ou

indiretamente revelada como preferível à cesta A. Assim como no AFrPR, se o consumidor

for maximizador, ele irá satisfazer o AFoPR. Por outro lado, se as escolhas observadas

satisfazem o AFoPR, as preferências identificadas sempre serão boas, o que poderia ter

gerado as escolhas observadas. O AFoPR é uma condição necessária e suficiente para que as

escolhas observadas sejam compatíveis com o modelo econômico da escolha do consumidor

(VARIAN, 2012, p.134).

Nesse ponto, percebe-se que o comportamento dos consumidores só pode ser

identificado após a realização da compra. Caso a decisão tomada não seja ótima ocorre uma

violação tanto do axioma fraco, quanto do axioma forte da preferência revelada. Ocorre que,

dada as diversas variáveis do ambiente, as quais estão em constante mudança, dados os gostos

e preferências, as informações imperfeitas do mercado, entre outros fatores que impactam na

tomada de decisão, nem sempre os indivíduos conseguem otimizar suas escolhas (VARIAN,

2012, p.134).

Assim, outra ferramenta importante para mensurar o comportamento dos

consumidores são os índices de confiança do consumidor, que procuraram identificar o

consumo antes que ele ocorra. Na prática, são entrevistados consumidores e buscam-se

informações sobre suas características socioeconômicas, situação econômica atual e futura,

perspectivas com relação à economia atual e futura, além de produtos de preferência e

intenção de compra de algum produto específico. A partir dessas informações, pode-se ter

uma perspectiva de como esses indivíduos irão se comportar, além da geração de índices que

prospectam o seu otimismo ou pessimismo em relação ao futuro, o que tende a indicar

possível aumento ou diminuição na demanda (WEISS, 2003)

Em função da complexidade, a identificação do comportamento dos consumidores é

que se faz necessária a compreensão dos fatores que exercem influência sobre ele. Para tanto,

a teoria neoclássica, já demonstrada, apresenta algumas lacunas que podem ser preenchidas

pela economia comportamental. Esta, de acordo com Ariely (2008, p.196), engloba a

investigação das diversas formas de ação espontânea que o indivíduo pode ter, fato que gera

ganhos em longo prazo em função do aprendizado que os erros proporcionam, opondo-se à

visão da teoria neoclássica que preza pelo indivíduo racional e maximizador. O autor salienta

também que a força exercida pelo impulso na hora de tomar decisões impacta, da mesma

forma, todos os indivíduos, demonstrando ser difícil agir de modo racional sempre. Ainda

Page 45: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

45

sobre economia comportamental, Kahnemann (2012, p.78-92) explana que as armadilhas

cognitivas com as quais os consumidores deparam-se constantemente, são responsáveis por

boa parte das suas decisões de consumo. As armadilhas são formas de “enganar” o cérebro e

impedir que o comportamento seja sempre racional.

Reid (2009, p.9) explana que na visão dos economistas comportamentais não significa

que as pessoas sejam irracionais, mas sim, que existem outras formas sistemáticas e

previsíveis para evidenciar que elas se comportam de maneira diferente ao tradicionalmente

esperado. Desse modo, além de algumas variáveis expostas pela teoria do consumidor, neste

trabalho, são utilizados alguns fatores apontados pela economia comportamental para auxiliar

na identificação do comportamento do consumidor chapecoense. Entre esses fatores, pode-se

citar a percepção dos indivíduos frente à sua situação financeira atual e futura, como

“percebem” as condições econômicas do país para os próximos anos, alguns fatores pessoais

que impactam o consumo, como, por exemplo, se possuem filhos menores de 18 anos, sua

intenção de adquirir crédito que incremente a renda ou valor de endividamento já contraído.

Porém, além destas variáveis, principalmente, objetiva-se avaliar se as expectativas racionais

dos agentes impactam, ou não, na intenção de consumo.

Todos os fatores elencados captam, de alguma forma, explicações para o

comportamento dos indivíduos e fornecerem informações que vão além da visão da economia

neoclássica, englobando variáveis situacionais dos indivíduos. Dessa forma, a seguir serão

expostas as variáveis utilizadas, esclarecendo o motivo do seu uso e o impacto esperado de

cada uma.

3.2 CATEGORIAS E VARIÁVEIS

Uma variável pode ser considerada uma classificação ou medida, podem ser

quantidades, qualidades, características, magnitudes, traços, etc., que se alteram em casos

particulares e são totalmente abrangentes e mutuamente excludentes. Assim, o conceito

operacional pode ser um objeto, processo, agente, fenômeno ou problema (MARCONI;

LAKATOS, 2010, p.175-180). As autoras explanam que as variáveis quantitativas não

possuem a limitação de classificá-las em conjuntos de categorias, pois elas permitem verificar

diferenças de graus em relação à determinada propriedade ou atributo.

A população em questão são munícipes chapecoenses, porém, engloba apenas aqueles

que tenham idade igual ou superior a 16 anos e que estejam trabalhando ou procurando

emprego na semana de referência, caracterizando-se, assim, como economicamente ativos.

Page 46: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

46

Quanto à amostra dessa população, utilizam-se critérios estatísticos convencionais, com grau

de confiança de 90%, correspondendo a aproximadamente 190 questionários mensais. O

banco de dados para o mês de fevereiro de 2014 comporta 2.928 observações de

consumidores chapecoenses. Conforme apresentado, esses dados foram obtidos através do

Observatório Socioeconômico da Mesorregião Oeste de Santa Catarina, mantido pelo curso

de Ciências Econômicas da Unochapecó, que realiza a coleta dos dados para o cálculo do

Índice de Confiança do Consumidor Chapecoense.

As variáveis utilizadas na identificação de quais características individuais

determinaram o comportamento do consumidor chapecoense foram divididas entre explicada

e explicativa, em virtude da estimação do modelo econométrico. Portanto, as categorias e

variáveis correspondentes são relacionadas abaixo:

Categoria A (explicada): Intenção de Consumo: Refere-se à mensuração da intenção de

consumo dos chapecoenses no mês de referência da pesquisa do Índice de Confiança do

Consumidor Chapecoense, e entrará como dependente no modelo econométrico. A única

variável que representa essa categoria de análise é:

i) Intenção de compra: objetiva-se identificar qual é a intenção de consumo dos

chapecoenses, para tanto, utiliza-se como medida se os indivíduos consideram, no momento

da entrevista, se o mês de referência é uma boa hora para adquirir bens duráveis (tais como

geladeira, fogão, televisão, entre outros). A variável é medida por meio de uma dummy, ou

seja, assume o valor igual a 1 caso a intenção de compra seja observada, e o zero caso esta

não seja observada. Portanto, trata-se de uma proxy para a variável explicativa da teoria da

preferência revelada, descrita no referencial teórico.

Categoria B (explicativa): características individuais dos consumidores chapecoenses: É

comportada por variáveis que descrevem o perfil dos indivíduos entrevistados, sendo

relacionadas:

ii) Renda: considera-se a remuneração pelo fator de produção trabalho, representada na

pesquisa como renda individual. Essa variável é fundamental, pois, conforme defendido pela

teoria neoclássica, é ela que determina o poder de compra dos consumidores, e

consequentemente seu nível de consumo. No presente trabalho, utilizou-se o logaritmo da

renda em função dos valores apresentarem grande diferença, assim, com o logaritmo, tem-se

valores mais próximos. Espera-se que o impacto dessa variável seja positivo na intenção de

Page 47: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

47

consumo, pois a medida que a renda aumenta, espera-se que aumente também o consumo

individual, fato que corroboraria a teoria neoclássica, que elenca a renda como principal

determinante do consumo, e com a economia comportamental, que também afirma que a

renda individual tem impacto sobre o consumo.

iii) Grau de instrução: caracteriza-se como anos de estudo dos entrevistados, com

classificação de 0 a 8 anos de estudo; de 8 a 11 anos de estudo; de 11 a 15 anos de estudo e

acima de 15 anos de estudo. Essa variável é medida por meio de variáveis dummies. Sobre o

grau de instrução, acredita-se que o mesmo tem efeito positivo no consumo, uma vez que

quanto maior o nível de instrução, maiores as perspectivas de crescimento na renda, e

consequentemente, no consumo. O impacto positivo é apregoado por ambas as teorias

propostas para análise.

iv) Idade: refere-se à idade cronológica dos consumidores. Consideram-se apenas

indivíduos que tenham idade acima de 16 anos. A idade mínima estabelecida pela pesquisa

justifica-se pelo fato de que a partir dessa idade, as pessoas já podem ser contratadas pelas

empresas como menores aprendizes, receber salários e ser consideradas como

economicamente ativas. A variável idade, a priori, não tem nenhum sinal esperado, uma vez

que de acordo com a teoria revisada, as diferentes fases da vida implicam em

comportamentos, em relação ao consumo, diferenciados. Ou seja, não é possível afirmar, por

exemplo, que quanto maior ou menor a idade, maior será o consumo. Desse modo, essa

variável está inserida no modelo apenas como variável de controle e objetiva-se conhecer o

impacto da mesma sobre a intenção de consumo.

v) Estado civil: busca-se identificar o comportamento dos consumidores solteiros,

casados, com união estável ou outros tipos de estado civil. Essa variável é medida em

dummies. Acredita-se que indivíduos solteiros influenciem positivamente na intenção de

consumo, enquanto os casados, ou com união estável impactem negativamente por possuírem

maiores obrigações e estarem no estágio de vida em que devem sustentar a si e a casa.

vi) Número de filhos: identifica o número de filhos menores de 18 anos dos

entrevistados. Considera-se essa variável em função de que filhos até essa idade,

normalmente, valem-se da renda dos pais, o que tende a diminuir o poder aquisitivo dos

genitores. Desse modo, essa variável tende a apresentar impacto negativo sobre a intenção de

consumo.

vii) Aplicações financeiras: faz-se o levantamento de quais aplicações financeiras os

consumidores chapecoenses possuem. Estas podem ser: poupança, títulos públicos,

previdência privada, ações, entre outros. Essa variável identifica parte do perfil de consumo

Page 48: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

48

dos indivíduos, pois, quanto maior o nível de aplicações financeiras, menor é a renda

disponível para consumo imediato. Para fins de análise, as aplicações financeiras são dividas

em renda fixa, renda variável e outras aplicações financeiras. Essa variável é medida em

dummies e também é esperado que impacte negativamente sobre a intenção de consumo, o

que seria plausível de acordo com a economia comportamental, pois quanto maiores as taxas

de poupança menor é o consumo presente, uma vez que se torna mais atrativo poupar do que

investir.

viii) Gênero: consiste na classificação dos entrevistados entre sexo feminino e masculino,

pois ambos apresentam distintos comportamentos de compra. Desse modo, essa variável é

medida em dummy. Para isso, são computados valores igual a 1 quando o consumidor é do

sexo feminino, o que acredita-se que tem um impacto positivo na intenção de consumo.

Conforme a economia comportamental, o consumo por parte das mulheres muitas vezes é

mais elevado quando se leva em consideração o fato do consumo impulsivo, da troca de

informações sobre produtos com demais pessoas e da disposição feminina em estar em

ambientes que impulsionem o consumo, características que não estão tão presentes no gênero

masculino. Os consumidores do sexo masculino são computados pelo intercepto da equação.

ix) Proxy para expectativas racionais: busca-se identificar se os consumidores possuem

informações reais referentes ao mercado e de que forma essa variável afeta o comportamento

desses. Para mensurar o nível de conhecimento dos indivíduos sobre o mercado, utilizou-se o

questionamento sobre qual a expectativa do nível dos preços para os próximos 6 a 12 meses.

Adotou-se a margem de erro de 2,5 pontos percentuais, para mais ou para menos. Como base

para comparação, utilizou-se o valor médio da inflação7 para os 6 meses posteriores à

entrevista, o que ocasionou redução da amostra para 705 observações. Assim, as respostas

obtidas no questionamento, já considerando a margem de erro, foram comparados aos valores

da inflação para o período correspondente. Desse modo, os indivíduos que acertaram a

inflação para os 6 meses subsequentes foram considerados detentores de conhecimento no

mercado e assumiram valores igual a 1, caso contrário assumiram valor igual a 0. Essa

variável é importante para aplicação da economia comportamental, uma vez que pode ser o

principal ponto de divergência entre esta e a teoria neoclássica. Assim, objetiva-se conhecer o

impacto dessa variável, caso o impacto seja positivo a variável ratificará o exposto pela teoria

neoclássica, pois dado o conhecimento dos indivíduos sobre o aumento dos preços, espera-se

que estes antecipem seu consumo, ainda mais se tratando de produtos com valor elevado. Por

7 Utilizou-se os valores fornecidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE.

Page 49: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

49

outro lado, se o impacto for negativo a economia comportamental será representada, pois

nessa o consumo é impulsionado justamente pela falta de racionalidade.

x) Situação financeira atual: identifica-se qual a percepção dos consumidores

chapecoenses frente à sua situação financeira no momento da realização da entrevista. A

variável demonstra se os consumidores consideram que estão em uma situação melhor, pior

ou igual há um ano, sendo que se a resposta for positiva considera que estão mais propensos

ao consumo e em caso negativo, menos. Além disso, acredita-se que o impacto na intenção de

consumo exercido por essa variável seja positivo, pois com uma situação financeira melhor no

presente, comparativamente ao passado os consumidores podem prospectar um novo padrão

de consumo.

xi) Situação financeira em um ano: esta variável avalia a expectativa de consumo para o

próximo ano e identifica possíveis antecipações de demanda com a compra de bens duráveis,

adquiridos por intermédio de dívidas de longo prazo, relacionadas às expectativas de se

conseguir cumprir os contratos firmados. Como a variável imediatamente anterior, a

expectativa de melhoria financeira no futuro sugere incremento na renda além de fazer com

que os consumidores sintam-se mais confiantes com o futuro. Desse modo, acredita-se em um

impacto positivo no consumo, este que pode ser gerado via compras parceladas em longo

prazo, pois para o indivíduo sua situação irá melhorar ainda mais.

xii) Inflação: procura-se identificar qual a perspectiva dos chapecoenses frente ao

aumento generalizado e contínuo do nível de preços. As respostas variam entre maiores,

menores ou iguais, sendo que quando há expectativa de que, futuramente eles sejam maiores

pode-se consumir menos ou antecipar o consumo. No caso dessa variável, os resultados

também são medidos por meio de variável dummies e não há sinal esperado para a mesma,

uma vez que objetiva-se conhecer o impacto dela.

xiii) Casa própria: com a identificação de que o indivíduo possui casa própria, infere-se

que ele não possui despesas com aluguel, o que resulta em maior parcela da renda disponível

para consumo. Para tanto, a medida se dá por meio da utilização de uma variável dummy.

Espera-se, um impacto positivo desta variável sobre o consumo.

xiv) Intenção de adquirir crédito: a expectativa de adquirir crédito revela um possível

aumento na demanda, ocasionado pelo recurso extra. Essa hipótese contribui com a teoria

neoclássica e com a economia comportamental no que se refere ao aumento na renda. Porém,

pode contribuir ainda mais com a segunda teoria, em comparação à primeira, caso incorra em

pagamento de altas taxas de juro para realizar o consumo ao ponto da satisfação do

Page 50: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

50

consumidor não ser maximizada, o que demonstraria falta de racionalidade por parte dos

consumidores. Mesmo assim, o impacto no consumo deve ser positivo.

xv) Valor do endividamento: caso os consumidores estejam endividados, busca-se saber

qual o valor comprometido com essa obrigação, uma vez que quanto maior o endividamento

menos renda estará à disposição para consumo. Com o endividamento dos consumidores,

espera-se que essa variável impacte negativamente a intenção de consumo, pois o indivíduo

endividado, pode já ter realizado a compra de um bem durável e estar pagando o mesmo e,

ainda, a obrigação pode salientar a insatisfação com obrigações mensais, representando assim

os fatores psicológicos descritos pela economia comportamental.

xvi) Datas especiais: em função da sazonalidade do comércio, são utilizadas variáveis

dummies para representar os períodos de maior consumo. Incluem-se nessas datas: Páscoa,

Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia das Crianças e Natal, por serem as datas em que o

consumo dos indivíduos concentra-se acima da média.

xvii) Situação econômica do país em um ano: identifica-se a expectativa dos

consumidores quanto a situação econômica do país para o próximo ano. Essa variável capta

mais as propostas da economia comportamental, pois comporta variáveis do ambiente em que

os consumidores estão inseridos e de que modo suas expectativas são criadas a partir de sua

percepção acerca deste ambiente. Para esse caso, utiliza-se uma variável dummy que capta a

melhoria econômica do país como um todo para o próximo ano e, obviamente, espera-se um

impacto positivo no consumo.

xviii) Situação econômica do país em cinco anos: identifica-se a expectativa dos

consumidores quanto a situação econômica do país para os próximos cinco anos. Do mesmo

modo que a variável anterior, nessa são considerados aspectos da economia comportamental e

busca-se medir o impacto da positividade dos consumidores a partir da variável dummy.

Assim, nessa também, espera-se que o impacto seja positivo na probabilidade de consumo.

O resumo das variáveis estabelecidas para análise e o impacto que cada uma deve

exercer sobre o consumo pode ser visualizado no Quadro 2.

Page 51: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

51

Quadro 2: Sinais esperados das variáveis explicativas

VARIÁVEIS SINAL

Situação financeira atual +

Situação financeira em um ano +

Expectativas racionais Não há sinal esperado

Preços maiores Não há sinal esperado

Intenção de adquirir crédito +

Renda +

Casa própria +

Casado/União Estável -

Solteiro +

Escolaridade 8 a 11 anos -

Escolaridade 11 a 15 anos +

Escolaridade mais de 15 anos +

Renda fixa -

Renda variável -

Renda diversificada -

Datas especiais +

Gênero feminino +

Idade Não há sinal esperado

Número de filhos -

Valor do endividamento -

Expectativa do país em 1 ano +

Expectativa do país em 5 anos +

Fonte: Elaboração própria

Dessa forma, após elencadas as variáveis a serem analisadas, pode-se definir a forma

de operacionalização da pesquisa, ou seja, o modo como essas são organizadas e tratadas a

fim de fornecer informações que possam responder ao problema de pesquisa.

Page 52: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

52

3.3 FORMAS DE OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA

Na análise dos dados, valeu-se do software estatístico SPSS, através da licença da

Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó, para tabulá-los, e do

software Eviews, versão de estudantes, para estimação do modelo. Sobre a regressão

utilizada, ressalta-se que se utilizou um modelo no qual a variável dependente é binária.

Assume-se, assim, valor igual a 1 caso o indivíduo possua determinada característica e 0 caso

não possua. Esses modelos são adequados em função do objetivo da pesquisa ser identificar o

quanto cada variável selecionada afeta a intenção de consumo dos chapecoenses. Além disso,

esses modelos podem ser considerados úteis em qualquer problema econômico em que o

agente deva escolher entre duas alternativas (HILL; JUDGE; GRIFITHS, 2010, p.426-427).

Entre os modelos probabilísticos com variáveis dependentes binárias podem-se citar

três abordagens: modelo de probabilidade linear, modelo probit e modelo logit. Modelos de

escolha discreta possuem em comum a característica da heterocedasticidade, em função das

respostas variarem entre 0 e 1, o que acarreta na falta de variância constante entre os

regressores. Conforme Gujarati (2006, p.316), a presença de heterocedasticidade é mais

comum nos dados de corte transversal do que nas séries temporais, isso porque, no primeiro

caso, normalmente, trate-se de dados individuais que apresentam características diferentes.

Os modelos de probabilidade linear são estimados por meio de mínimos quadrados

ordinários, porém com a variável dependente variando entre 0 e 1. Porém esses modelos

apresentam alguns problemas: os valores estimados apresentam valores inferiores a 0 e

superiores a 1, o que ocasiona a impossibilidade de se definir a probabilidade do evento

ocorrer, pois na teoria das probabilidades não existe chance superior a 100% ou inferior a zero

de algum evento ocorrer; ausência de normalidade nos termos de erro (𝑢𝑖);

heterocedasticidade dos termos de erro (𝑢𝑖); e, geralmente apresentam valores muito baixos

para o R². De acordo com Gujarati (2006, p.170) R² mede a qualidade do ajuste da equação de

regressão, ou seja, mostra a proporção ou percentual da variação da variável dependente que é

explicada pela variável explanatória. Desse modo, esses modelos não são atrativos do ponto

de vista lógico, pois pressupõem que o efeito marginal ou incremental de X permanece

constante (GUJARATI, 2006, p.469-474).

Em função da restrição imposta por modelos de probabilidade linear, a opção

escolhida no presente trabalho foi a utilização de modelos não lineares projetados

especificamente para variáveis dependentes binárias, como, por exemplo, os modelos de

regressão probit e logit (STOCK; WATSON, 2004, p.206). O modelo probit é considerado

Page 53: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

53

um modelo de estimação que emerge da função de distribuição acumulada normal

(GUJARATI, 2006, p.490). Hill, Judge e Grifiths (2010) sugerem que para manter a

probabilidade no espaço entre 0 e 1 pode-se utilizar uma relação em forma de S entre as

variáveis explicativas e a variável explicada. Isso é possível, pois, à medida que x cresce, a

curva de probabilidade cresce rapidamente no início e depois passar a crescer a taxas

decrescentes. Portanto, os modelos probit fornecem a probabilidade de um determinado

evento ocorrer. A Figura 6 apresenta a função probit.

Figura 6: Função probit

Fonte: Elaboração própria com base em Gujarati (2006, p.496)

A inclinação, ou coeficiente angular, da curva fornece a mudança na probabilidade

para a variação de uma unidade em 𝑥.

Porém, para a operacionalização da presente pesquisa, utiliza-se uma regressão

logística, que tem como finalidade, assim como todos os modelos de regressão, descrever a

relação entre uma variável resposta e uma ou mais variáveis explicativas independentes. Em

função da variável dependente do modelo ser dicotômica, ou seja, assumir apenas os valores 0

ou 1, a análise econométrica do presente trabalho pode ser definida como um modelo de

escolha discreta.

Page 54: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

54

O modelo de regressão logit, é um modelo não-linear e assume uma função de

distribuição acumulada logística padrão, representada por F (STOCK; WATSON, 2004,

p.209). A equação deste modelo, conforme Gujarati (2006, p.481), pode ser exposta por:

𝑃𝑖 =1

1+ 𝑒−𝑍𝑖 = 𝑒𝑧

1+ 𝑒𝑧 (3.3)

Na equação acima, 𝑍𝑖= 𝛽1+𝛽2𝑋𝑖, onde os betas (𝛽) são os parâmetros da equação,

enquanto 𝑋𝑖 representa o vetor de variáveis explicativas padrão. De acordo com Gujarati

(2006, p.481), é fácil verificar que, como 𝑍𝑖 varia entre -∞ e +∞, 𝑃𝑖 varia entre 0 e 1 e se

relaciona com 𝑍𝑖 (isto é, 𝑋𝑖) de modo não linear, atendendo as exigências de que a medida

que as variáveis explicativas aumentam a variável explicada aumenta também, embora se

mantenha na faixa entre 0 e 1; e de que a relação entre as duas categorias de variáveis seja não

linear. Porém, ao resolver essas exigências incorre-se em um problema de estimação porque

𝑃𝑖 é não linear não apenas em 𝑋, mas também nos β, o que faz com que a estimação por MQO

gere estimadores não confiáveis.

Para tanto, faz-se necessária a linearização da equação. Se 𝑃𝑖, probabilidade de o

evento ocorrer, é dada pela Equação 3.3, logo (1-𝑃𝑖), a probabilidade do evento não ocorrer é:

1 − 𝑃𝑖 = 1

1+ 𝑒𝑍𝑖 (3.4)

Podendo ser reescrita da seguinte forma:

𝑃𝑖

1− 𝑃𝑖=

1+ 𝑒𝑍𝑖

1+ 𝑒−𝑍𝑖 =𝑒𝑍𝑖 (3.5)

Se o logaritmo natural for aplicado à Equação 3.5, obtém-se a linearização:

𝐿𝑖 = ln (𝑃𝑖

1−𝑃𝑖) = 𝑍𝑖 (3.6)

Portanto, L, conforme Gujarati (2006, p.482), o logaritmo da razão das chances não é

somente linear em 𝑋, mas também é linear nos parâmetros. Dessa forma, 𝐿 é denominado o

logit e, consequentemente, os modelos são denominados de modelos logit. Em função dos

dados serem referentes a famílias individuais, a estimativa por meio de MQO é inviável, o que

Page 55: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

55

implica na utilização do método da máxima verossimilhança (MV) para estimar os

parâmetros. A aplicação de modelos logit fornece o efeito marginal da probabilidade de que

determinado evento ocorra. A função logit pode ser visualizada na Figura 7:

Figura 7: Função logística

Fonte: Elaboração própria com base em Wooldridge (2006, p.519)

Cabe ainda ressaltar que o modelo logit, de acordo com Gujarati (2006, p.482), possui

algumas características próprias, a saber:

1 – Quando 𝑃 passa de 0 a 1, o logit varia de - ∞ para +∞.

2 – Mesmo 𝐿 sendo linear em 𝑋, as probabilidades do modelo não o são, contrastando o

exposto no modelo linear.

3 – Apesar de haver apenas uma variável 𝑋 inclusa no modelo, podem-se incluir quantos

regressores forem necessários.

4 – Se 𝐿 é positivo, significa que, quando o valor de um ou mais regressores aumenta, as

chances de que o regressando seja igual a 1 aumenta. Porém, se 𝐿 for negativo, as chances do

regressando ser igual a 1 diminui a medida que aumenta o valor de 𝑋.

Page 56: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

56

5 – Sobre a interpretação do modelo logit 3.6, pode-se dizer que β2 mede a variação de 𝐿 em

resposta a uma unidade de variação em 𝑋. O intercepto β1 é o valor do logaritmo das chances

favoráveis que determinado evento ocorra.

6 – A partir de um nível de renda, poder-se-ia estimar não as chances de que determinado

evento ocorra, mas sim, a probabilidade do mesmo existir.

7 – O modelo logit pressupõe que o logaritmo da razão de chances se relaciona linearmente

tanto com 𝑋𝑖 como com 𝑃𝑖 .

Além disso, os valores fornecidos pelos coeficientes após a estimação do modelo não

possuem muito significado e demandam um novo cálculo capaz de fornecer o efeito marginal

da probabilidade de cada variável. Castelar et al. (2007, p.16) utilizam a fórmula abaixo para

cálculo do efeito marginal, em que o produto 𝑥′𝛽 representa o vetor de coeficientes

multiplicado por um vetor que apresenta valores para as variáveis independentes. No presente

trabalho utiliza-se a média de cada variável.

𝑒𝑥′𝛽

1 + 𝑒𝑥′𝛽(1 −

𝑒𝑥′𝛽

1 + 𝑒𝑥′𝛽) 𝛽 (3.7)

Para interpretar os resultados obtidos após a estimação dos modelos, Wooldridge

(2006, p.523-524) ressalta que todos programas econométricos fornecem os coeficientes com

os sinais de efeito das variáveis e a significância estatística. Como medida do grau de ajuste

pode-se utilizar a percentagem corretamente prevista, esse é calculado de forma que quando a

probabilidade estimada de y for superior a 0,5 (𝑦1> 0,5) o mesmo assuma valor igual a 1, e

quando for inferior (𝑦1< 0,5) assuma valor igual a 0. Assim, a percentagem de vezes que y

previsto for igual o verdadeiro, que se sabe que é 0 ou 1, pode ser considerada a percentagem

corretamente prevista do modelo. Além disso, a estatística t e o valor p também são utilizados

para avaliar a significância estatística do modelo. O valor p sugere que para os níveis de 90%,

95% e 99% esse deve ser inferior a 0,10, 0,05 e 0,01, respectivamente, para apresentar

significância estatística (REIS, 2014).

3.3.1 O modelo econométrico

A partir da descrição das variáveis e do modelo de regressão logit, a opção escolhida,

neste trabalho, foi elaborar dois modelos - um modelo geral e outro capaz de captar o efeito

das expectativas racionais dos consumidores. A inclusão da proxy para expectativas racionais

Page 57: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

57

tem como objetivo analisar a proposta da economia comportamental que retrata os indivíduos

como não sendo racionais o tempo todo, assim, procura-se identificar se o fato de possuir

expectativas racionais afeta o consumo dos chapecoenses. Com a separação dos modelos, se

busca analisar se as expectativas racionais dos indivíduos impactam na intenção de consumo,

ou seja, se a economia comportamental pode ser descrita na prática, uma vez que essa é a

principal diferença entre as teorias. Os modelos estimados são cross section, no qual,

conforme Gujarati (2006, p.21), os dados disponíveis para análise são coletados no mesmo

ponto do tempo. Ambos os modelos são apresentados a seguir:

3.3.1.1 Modelo Geral

O objetivo do modelo geral é mensurar como a variação nas características individuais

dos consumidores chapecoenses afeta a sua probabilidade de consumo. Para tanto, baseado na

literatura econômica neoclássica e comportamental, elegeram-se algumas variáveis para

compor um modelo básico, sendo elas: a percepção do consumidor de que está em uma

condição financeira melhor do que há um ano, expectativa de um futuro melhor, expectativa

de inflação, intenção de adquirir crédito, logarítmo da renda, casa própria, estado civil, nível

de escolaridade, aplicação financeira, datas especiais medindo a sazonalidade do comércio,

gênero, idade, número de filhos, endividamento, expectativa perante a situação econômica do

país para o próximo ano e para os próximos cinco anos. Desse modo, após inclusão de todas

as variáveis, se obteve 12 modelos distintos.

O modelo é constituído da seguinte forma:

𝑌 = ƒ(𝛽1 + 𝛽2𝑋2𝑖𝑡 + 𝛽3𝑋3𝑖𝑡

+ 𝛽4𝑋4𝑖𝑡 + 𝛽5𝑋5𝑖𝑡

+ 𝛽6𝑋6𝑖𝑡 + X𝑖𝑡 + 𝑢𝑡 ) (3.8)

Na equação acima, estão descritas as variáveis base do modelo geral, sendo elas: estar

em uma condição financeira melhor agora do que um ano atrás (𝛽2𝑋2𝑖𝑡 ), expectativa de

futuro melhor (𝛽3𝑋3𝑖𝑡 ), expectativa de inflação ( 𝛽4𝑋4𝑖𝑡

), intenção de adquirir crédito

(𝛽5𝑋5𝑖𝑡 ) e renda (𝛽6𝑋6𝑖𝑡

). Além disso, a equação apresenta o termo X𝑖𝑡 contempla as demais

variáveis de controle individual, a saber: casa própria, estado civil, escolaridade, aplicações

financeiras, datas especiais, gênero, idade, número de filhos, endividamento, expectativa para

o país no próximo ano e próximos cinco anos. Além das variáveis dependentes e

independentes já citadas, o modelo conta ainda com o parâmetro 𝛽1 que representa o

Page 58: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

58

intercepto do modelo. O parâmetro 𝛽1 representa ainda a base para interpretação das variáveis

dummies, ou seja, a categoria não para cada dummy inclusa no modelo. Por fim, o modelo

ainda apresenta a variável 𝑢𝑡, com o intuito de representar o erro da equação, ou seja, todas as

variáveis omitidas no modelo, porém, que afetam 𝑌. No próximo tópico é apresentado o

modelo que inclui as expectativas racionais.

3.3.1.2 Modelo com expectativas racionais

Conforme apresentado pela economia comportamental, o principal ponto

complementar à teoria neoclássica consiste no fato de que os consumidores nem sempre são

racionais. Com o intuito de captar se o fato de possuir informações do mercado, aqui

denominado como expectativas racionais, impacta a intenção de consumo dos chapecoenses,

optou-se por realizar os mesmos procedimentos do modelo geral, porém, substituindo, a

variável “preços_maiores” - que mede, naquele modelo, a expectativa de inflação - pela proxy

de expectativas racionais, que mensura o real conhecimento da inflação pelos indivíduos.

Conforme descrito anteriormente, em função dos dados serem de apenas 4 meses se obteve

705 observações, número inferior ao do modelo geral.

O objetivo do modelo com expectativas racionais continua sendo mensurar a

probabilidade de cada variável independente explicar a intenção de consumo dos

chapecoenses. Porém, como variáveis independentes básicas, têm-se a percepção do

consumidor de que está em uma condição financeira melhor do que a um ano atrás, a

expectativa de um futuro melhor, as expectativas racionais, a intenção de adquirir crédito e o

logarítmo da renda. Posteriormente, de maneira sequencial, assim como no modelo geral,

foram acrescentadas demais variáveis independentes. Após inclusão de todas as variáveis,

obteve-se 12 modelos distintos.

O modelo será constituído da seguinte forma:

𝑌 = ƒ(𝛽1 + 𝛽2𝑋2𝑖𝑡 + 𝛽3𝑋3𝑖𝑡

+ 𝛽4𝑋4𝑖𝑡 + 𝛽5𝑋5𝑖𝑡

+ 𝛽6𝑋6𝑖𝑡 + X𝑖𝑡 + 𝑢𝑡 ) (3.9)

Similarmente ao modelo 3.8, estão descritas as variáveis base do modelo geral, que

são: estar em uma condição financeira melhor agora do que um ano atrás (𝛽2𝑋2𝑖𝑡 ),

expectativa de futuro melhor (𝛽3𝑋3𝑖𝑡 ), expectativas racionais ( 𝛽4𝑋4𝑖𝑡

), intenção de adquirir

crédito (𝛽5𝑋5𝑖𝑡 ) e renda (𝛽6𝑋6𝑖𝑡

). Além disso, a equação apresenta o termo X𝑖𝑡 que considera

Page 59: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

59

as demais variáveis de controle individual, a saber: casa própria, estado civil, escolaridade,

aplicações financeiras, datas especiais, gênero, idade, número de filhos, endividamento,

expectativa para o país no próximo ano e próximos cinco anos. Além das variáveis

dependentes e independentes já citadas, o modelo conta ainda com o parâmetro 𝛽1 que

representa o intercepto do modelo. O parâmetro 𝛽1 expressa o valor base das dummies,

quando essas estão incluídas. Por fim, o modelo ainda apresenta a variável 𝑢𝑡, com o objetivo

de representar o erro da equação, ou seja, todas as variáveis omitidas no modelo, porém, que

afetam 𝑌.

Page 60: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

60

4 RESULTADOS

Para análise do perfil de consumo dos chapecoenses e identificação de quais

características individuais que determinam seu consumo, utilizaram-se as variáveis sugeridas

pelo referencial teórico e disponíveis no banco de dados. Aplicou-se o modelo de regressão

não-linear logit e os resultados provenientes da estimação dos modelos são apresentadosna

sequência.

Os resultados apresentados na Tabela 1 se referem aos 12 modelos estimados. As três

primeiras linhas da Tabela 1 apresentam as porcentagens em que cada modelo foi estimado

corretamente. A primeira linha contém valores de 𝒀 = 𝟎 expressam a porcentagem das vezes

em que o modelo previu corretamente que o indivíduo não tem intenção de consumo.

Percebe-se que à medida que as variáveis covariadas foram incluídas o modelo registrou

menor acerto de que o indivíduo não consumiria no mês de referência.

Já na segunda linha, tem-se os valores de 𝒀 = 𝟏, ou seja, a porcentagem das vezes que

o modelo previu corretamente que o indivíduo possui intenção de consumo. Assim, os acertos

do modelo para respostas positivas a intenção de consumo aumentam à medida que os

controles são incluídos.

A terceira linha apresenta o quanto, em média, o modelo previu corretamente as

respostas dos indivíduos. Ou seja, aproximadamente em 60% dos casos o modelo previu

corretamente as respostas, sendo esse um resultado satisfatório uma vez que em modelos de

cross section o ajuste tende a ser baixo. Conclui-se assim, que em termos médios, a inclusão

das variáveis covariadas melhorou significativamente a previsão de consumo.

Page 61: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

61

Tabela 1:Resultados logit para o modelo geral (modelos 1 – 6)

MODELO 1 MODELO 2 MODELO 3 MODELO 4 MODELO 5 MODELO 6

Y=0 93,83% 93,77% 92,99% 93.64% 87.4% 87.28%

Y=1 10,75% 10,84% 11,89% 11.89% 20.72% 20.45%

TOTAL 58,63% 58,63% 58,63% 59% 59.15% 58.96%

CONSTANTE -0.3037 -0.3036 -0.4408 -0.4307 -0.4042 -0.3978

(-0.4685) (0.4687) (0.2980) (0.3271) (0.3586) (0.3673)

MELHOR AGORA 0.4064 0.4067 0.3974 0.361 0.4217 0.4219

(0,000) (0.0000) (0.0000) (0.0000) (0.0000) (0.0000)

FUTURO MELHOR 0.2457 0.2457 0.2349 0.2365 0.2406 0.2415

(0.0096) (0.0096) (0.0135) (0.0131) (0.0116) (0.0114)

PREÇOS MAIORES -0.0044 -0.0047 -0.0044 -0.0046 -0.0044 -0.0044

(0.0062) (0.0124) (0.0254) (0.0217) (0.0162) (0.0160)

CRÉDITO 0.2232 0.2228 0.2258 0.2272 0.2281 0.2280

(0.0412) (0.0416) (0.0387) (0.0379) (0.0368) (0.0368)

LOG RENDA -0.0638 -0.0638 -0.0427 -0.0430 -0.0358 -0.0351

(0.2660) (0.2654) (0.4635) (0.4695) (0.5487) (0.5575)

CASA PRÓPRIA

0.0003 0.0000 0.0001 0.0001 0.0000

(0.7448) (0.9834) (0.9594) (0.9625) (0.9677)

CASADO/UNIÃO

-0.0726 -0.0742 -0.0783 -0.0779

(0.0813) (0.0828) (0.0681) (0.0698)

SOLTEIRO

0.0734 0.0748 0.0790 0.0785

(0.0781) (0.0803) (0.0658) (0.0675)

ESCOLARIDADE 8-11

ANOS

-0.0122 -0.0189 -0.0197

(0.8625) (0.7900) (0.7815)

ESCOLARIDADE 11-15

ANOS

-0.0216 -0.0196 -0.0191

(0.7683) (0.7897) (0.7948)

ESCOLARIDADE MAIS 15

ANOS

0.0354 0.0400 0.0403

(0.7412) (0.7097) (0.7077)

RENDA FIXA

-0.2059 -0.2052

(0.0105) (0.0108)

RENDA VARIÁVEL

0.2264 0.2246

(0.6958) (0.6972)

RENDA DIVERSIFICADA

-0.0202 -0.0191

(0.9727) (0.9741)

DATAS ESPECIAIS

-0.0348

(0.6741)

Fonte: Elaboração própria (2014)

Para a análise do nível de significância estatística de cada variável, optou-se por

utilizar o valor-p, entre parênteses na Tabela 1. As variáveis que demonstraram ser

estatisticamente significativas para o modelo geral a um nível de 90% de significância são:

casado ou união estável, solteiro, valor do endividamento. Para o nível de 95% de

Page 62: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

62

significância, tem-se apenas a intenção de adquirir crédito até o 11º modelo e a expectativa

de preços maiores nos modelos 3 e 4. Por fim, com maior rigorosidade estatística, variáveis

significativas a 99%, são situação financeira melhor agora, expectativa de situação

financeira melhor no futuro, expectativa de preços maiores, nos modelos 1,2, e 5, além de

possuir aplicação financeira em renda fixa e ter expectativas positivas para economia do país

no próximo ano.

Por outro lado, as variáveis que demonstraram não ser estatisticamente significativas,

em nenhum dos níveis, são: renda, casa própria, escolaridade em todos os níveis, aplicações

em renda fixa e renda diversificada e datas especiais. A Tabela 2 apresenta os valores

encontrados para os modelos 7 a 12.

Page 63: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

63

Tabela 2: Resultados logit para o modelo geral (modelo 7 – 12)

MODELO 7 MODELO 8 MODELO 9 MODELO 10 MODELO

11

MODELO

12

Y=0 87.28% 87.15% 87.15% 87.6% 86.34% 86.40%

Y=1 20.37% 20.45% 20.63% 20.37% 23.27% 23.35%

TOTAL 58.93% 58.89% 58.96% 59.11% 59.64% 59.72%

CONSTANTE -0.3958 -0.4042 -0.4066 -0.3849 -0.4178 -0.4198

(0.3699) (0.3618) (0.3589) (0.3856) (0.3516) (0.3498)

MELHOR AGORA 0.4218 0.4230 0.4223 0.4232 0.4084 0.4081

(0.0000) (0.0000) (0.0000) (0.0000) (0.0000) (0.0000)

FUTURO MELHOR 0.2390 0.2393 0.2403 0.2444 0.2334 0.2330

(0.0123) (0.0122) (0.0119) (0.0106) (0.0152) (0.0156)

PREÇOS MAIORES -0.0046 -0.0047 -0.0047 -0.0047 -0.0044 -0.0044

(0.0129) (0.0125) (0.0121) (0.0120) (0.0159) (0.0160)

CRÉDITO 0.2266 0.2269 0.2276 0.2239 0.2048 0.2044

(0.0381) (0.0379) (0.0374) (0.0407) (0.0622) (0.0632)

LOG RENDA -0.0353 -0.0354 -0.0353 -0.0412 -0.0470 -0.0469

(0.5551) (0.5534) (0.5554) (0.4918) (0.4377) (0.4384)

CASA PRÓPRIA -0.0002 -0.0002 -0.0002 -0.0002 -0.0003 -0.0003

(0.8887) (0.9002) (0.8935) (0.8946) (0.8218) (0.8231)

CASADO/UNIÃO -0.0776 -0.0788 -0.0778 -0.0766 -0.0736 -0.0737

(0.0706) (0.0682) (0.0722) (0.0769) (0.0909) (0.0906)

SOLTEIRO 0.0780 0.0792 0.0782 0.0770 0.0739 0.0741

(0.0692) (0.0670) (0.0711) (0.0757) (0.0895) (0.0892)

ESCOLARIDADE 8-11

ANOS -0.0215 -0.0211 -0.0216 -0.0224 -0.0266 -0.0267

(0.7616) (0.7659) (0.7611) (0.7520) (0.7096) (0.7088)

ESCOLARIDADE 11-15

ANOS -0.0179 -0.0167 -0.0180 -0.0195 -0.0026 -0.0026

(0.8073) (0.8210) (0.8071) (0.7921) (0.9715) (0.9716)

ESCOLARIDADE MAIS 15

ANOS 0.0410 0.0393 0.0411 0.0434 0.0307 0.0307

(0.7027) (0.7146) (0.7026) (0.6867) (0.7765) (0.7760)

RENDA FIXA -0.2050 -0.2048 -0.2051 -0.2044 -0.2068 -0.2068

(0.0109) (0.0110) (0.0109) (0.0112) (0.0106) (0.0106)

RENDA VARIÁVEL 0.2272 0.2264 0.2290 0.1015 0.0724 0.0729

(0.6940) (0.6949) (0.6916) (0.8650) (0.9019) (0.9012)

RENDA DIVERSIFICADA -0.0222 -0.0216 -0.0238 0.1030 0.1345 0.1341

(0.9700) (0.9707) (0.9677) (0.8654) (0.8220) (0.8227)

DATAS ESPECIAIS -0.0334 -0.0334 -0.0341 -0.0381 -0.0740 -0.0739

(0.6873) (0.6867) (0.6808) (0.6459) (0.3772) (0.3773)

FEMININO 0.0005 0.0005 0.0005 0.0005 0.0005 0.0005

(0.4215) (0.4318) (0.4494) (0.4573) (0.4254) (0.4287)

IDADE 0.0002 0.0002 0.0002 0.0001 0.0001

(0.8304) (0.8526) (0.8518) (0.8902) (0.8895)

NÚMERO FILHOS 0.0001 0.0001 0.0000 0.0000

(0.7256) (0.7208) (0.8773) (0.8895)

VALOR

ENDIVIDAMENTO 0.0000 0.0000 0.0000

Page 64: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

64

(0.0620) (0.0732) (0.0731)

EXPECTATIVA PAÍS (1) 0.2735 0.2707

(0.0009) (0.0024)

EXPECTATIVA PAÍS (5) 0.0074

(0.9332)

Fonte: Elaboração própria (2014)

Quanto aos modelos seguintes, que corresponde do 7º até o 12º modelo, as variáveis

estatisticamente significativas ao nível de 90%, são: casado/união estável, solteiro, valor do

endividamento e ter a intenção de adquirir crédito, mas apenas a partir do 11º modelo. Para o

nível de 95% de significância, tem-se apenas a intenção de adquirir crédito até o 11º modelo.

Por fim, com maior rigorosidade, as variáveis significativas a 99% são situação financeira

melhor agora, expectativa de situação financeira melhor no futuro, expectativa de preços

maiores, aplicação financeira em renda fixa e ter expectativas positivas para economia do

país no próximo ano.

Sobre as variáveis que não são significativas para o modelo, em nenhum dos níveis,

são: renda, casa própria, escolaridade em todos os níveis, aplicações em renda fixa e renda

diversificada, datas especiais, ser do gênero feminino, ter filhos menores de 18 anos e possuir

expectativa positiva frente à situação econômica do país para os próximos cinco anos.

Como os resultados fornecidos pelos softwares estatísticos para modelos logit não

apresentam coeficientes interpretáveis, faz-se necessário o cálculo do efeito marginal de cada

variável, conforme a equação 3.7. A Tabela 3 apresenta os valores marginais de cada variável,

do modelo 1 ao 6.

Page 65: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

65

Tabela 3: Efeitos marginais para o modelo geral (modelos 1- 6)

VARIÁVEIS

MODELO

1

MODELO

2

MODELO

3

MODELO

4

MODELO

5

MODELO

6

CONSTANTE -0,0759 -0,0759 -0,1102 -0,1077 -0,1011 -0,0995

MELHOR AGORA 0,0997 0,0998 0,0976 0,0973 0,1033 0,1034

FUTURO MELHOR 0,0609 0,0609 0,0582 0,0586 0,0596 0,0598

PREÇOS MAIORES -0,0011 -0,0012 -0,0011 -0,0011 -0,0011 -0,0011

CRÉDITO 0,0558 0,0557 0,0564 0,0568 0,0570 0,0570

LOG RENDA -0,0151 -0,0151 -0,0104 -0,0105 -0,0088 -0,0086

CASA PRÓPRIA

0,0001 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

CASADO/UNIÃO

-0,0182 -0,0185 -0,0196 -0,0195

SOLTEIRO

0,0183 0,0187 0,0197 0,0196

ESCOLARIDADE 8-11 ANOS

-0,0031 -0,0047 -0,0049

ESCOLARIDADE 11-15 ANOS

-0,0054 -0,0049 -0,0048

ESCOLARIDADE MAIS 15 ANOS

0,0088 0,0100 0,0101

RENDA FIXA

-0,0513 -0,0512

RENDA VARIÁVEL

0,0566 0,0561

RENDA DIVERSIFICADA

-0,0050 -0,0048

DATAS ESPECIAIS

-0,0087

Fonte: Elaboração própria (2014)

Dentre as variáveis que não possuem significância estatística nos modelos descritos,

esperava-se que variáveis como a renda, possuir casa própria, possuir mais de 11 anos de

escolaridade e datas especiais fossem apresentar sinal positivo. Destas, que não foram

estatisticamente significativas, corresponderam às expectativas apenas as seguintes variáveis:

ter de 11 a 15 anos de estudo, renda diversificada, ser do gênero feminino e a expectativa

positiva da situação econômica do país para os próximos 5 anos.

Page 66: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

66

Tabela 4: Efeitos marginais para o modelo geral (modelos 7-12)

VARIÁVEIS MODELO

7

MODELO

8

MODELO

9

MODELO

10

MODELO

11

MODELO

12

CONSTANTE -0,0990 -0,1010 -0,1016 -0,0962 -0,1044 -0,1050

MELHOR AGORA 0,1034 0,1036 0,1035 0,1037 0,1002 0,1020

FUTURO MELHOR 0,0593 0,0593 0,0596 0,0606 0,0579 0,0583

PREÇOS MAIORES -0,0012 -0,0012 -0,0012 -0,0012 -0,0011 -0,0011

CRÉDITO 0,0566 0,0567 0,0569 0,0559 0,0512 0,0511

LOG RENDA -0,0087 -0,0087 -0,0087 -0,0101 -0,0114 -0,0117

CASA PRÓPRIA 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 -0,0001 -0,0001

CASADO/UNIÃO -0,0194 -0,0197 -0,0195 -0,0192 -0,0184 -0,0184

SOLTEIRO 0,0195 0,0198 0,0195 0,0192 0,0185 0,0185

ESCOLARIDADE 8-11 ANOS -0,0054 -0,0053 -0,0054 -0,0056 -0,0066 -0,0067

ESCOLARIDADE 11-15 ANOS -0,0045 -0,0042 -0,0045 -0,0049 -0,0007 -0,0007

ESCOLARIDADE MAIS 15 ANOS 0,0102 0,0098 0,0103 0,0109 0,0077 0,0077

RENDA FIXA -0,0511 -0,0510 -0,0511 -0,0509 -0,0515 -0,0517

RENDA VARIÁVEL 0,0568 0,0566 0,0572 0,0254 0,0181 0,0182

RENDA DIVERSIFICADA -0,0055 -0,0054 -0,0060 0,0257 0,0336 0,0335

DATAS ESPECIAIS -0,0083 -0,0084 -0,0085 -0,0095 -0,0185 -0,0185

FEMININO 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001

IDADE 0,0001 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

NÚMERO FILHOS 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

VALOR ENDIVIDAMENTO 0,0000 0,0000 0,0000

EXPECTATIVA PAÍS (1) 0,0681 0,0677

EXPECTATIVA PAÍS (5) 0,0018

Fonte: Elaboração própria (2014)

Ainda entre as variáveis que não possuem significância estatística para os modelos 7 a

12, esperava-se que a renda, possuir casa própria, possuir mais de 11 anos de escolaridade,

datas especiais, ser do gênero feminino e possuir expectativa positiva para os próximos cinco

anos com relação ao país fossem apresentar sinal positivo. Destas, corresponderam as

expectativas apenas: possuir casa própria até o 10º modelo, ter de 11 a 15 anos de estudo, ser

do gênero feminino e a expectativa positiva da situação econômica do país para os próximos 5

anos. A variável idade, que não possuía sinal esperado, mostrou não exercer impacto sobre a

intenção de consumo.

Entre as variáveis listadas acima que demonstraram não ser significativas aos modelos

estabelecidos, percebe-se que o log da renda apresenta sinal negativo em todos os modelos,

porém seu comportamento é instável em todos os modelos. Isso pode ser explicado em função

da propensão marginal a consumir cair à medida que o nível da renda aumenta, como as

literaturas em economia comportamental e neoclássica apontam. Esse resultado não é gratuito,

o fato de a variável estar em nível de renda importa muito, já que o nível capta nenhum efeito

Page 67: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

67

renda na função utilidade dos indivíduos. Para se captar tal efeito a variável teria que ser a

taxa de crescimento da renda, assim o efeito renda seria captado. Além da renda, a variável

gênero feminino também se esperava que contribuísse significativamente na explicação do

consumo dos chapecoenses, porém, como retrata a economia comportamental, as armadilhas

cognitivas, influência de amigos, propaganda, lembranças acometem, do mesmo modo,

homens e mulheres, não havendo distinção entre gêneros. Isso pode ser visualizado nos

resultados em que, mesmo não sendo significativo, o impacto é praticamente nulo.

Com base nos valores estimados do efeito marginal pode-se analisar o impacto de cada

variável na intenção de consumo. Para tanto, as considerações as seguir são realizadas para as

variáveis identificadas como estatisticamente significativas para o modelo. Apenas a variável

que mensura o impacto do endividamento não apresentou sinal compatível com o esperando,

de modo que a influência sobre a intenção de consumo é nula e o endividamento não afeta a

probabilidade do individuo consumir bens duráveis.

Sobre a expectativa de inflação, percebe-se que um aumento de 1% na expectativa de

preços maiores ocasiona uma redução de 0,11% a 0,12% na probabilidade de consumir,

mostrando-se praticamente constante à medida que mais variáveis são acrescentadas. Esse

resultado é contrário ao proposto pela teoria neoclássica, que parte do princípio de que os

indivíduos consideram o preço dos bens em questão e procuram consumir aqueles que lhes

proporcionam maior utilidade por um menor custo, nesse caso, se o indivíduo espera que

haverá um aumento nos preços ele tende a consumir no presente para garantir um preço

melhor. Porém, de certo modo, corrobora o ponto de vista da economia comportamental ao

ponto que traduz a não otimização dos recursos disponíveis. Além disso, esse comportamento

pode refletir a utilização da moeda como reserva de valor pelos consumidores, outro sinal que

evidencia as propostas da economia comportamental na prática, uma vez que, dada a

expectativa de inflação no futuro, o valor poupado no presente valerá menos. Isso porque,

haverá perda do poder aquisitivo dos indivíduos, se os preços aumentam é necessário maiores

valores monetários para adquirir os mesmos bens.

As demais variáveis significativas apresentaram sinal esperado. A percepção de que o

consumidor está em uma situação financeira melhor agora do que há um ano faz com que ele

aumente sua perspectiva de consumo. Desse modo, a cada aumento de 1% na percepção de

melhoria da situação financeira pessoal dos indivíduos cresce aproximadamente 10% a

probabilidade de consumo. Os valores mantêm-se com pequenas variações ao longo dos doze

modelos, o que indica que mesmo com o acréscimo de mais variáveis explicativas para a

intenção de consumo, esta variável possui um alto poder de explicação.

Page 68: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

68

A perspectiva de melhores condições financeiras pessoais em comparação com a atual

também apresentara sinal positivo, conforme o esperado. Isto corrobora a visão de que os

consumidores que acreditam que futuramente estarão em melhor condição financeira tendem

a ampliar seu consumo presente em aproximadamente 0,7%. Essa resposta fornecida pelo

modelo explicita o que a economia comportamental e teoria neoclássica afirmam, uma vez

que estar financeiramente melhor significa ampliação da renda disponível e essa expectativa,

mesmo que para um futuro razoavelmente distante, já pode interferir no consumo imediato.

Por outro lado, a economia comportamental engloba as duas variáveis como

determinantes do ambiente em que os indivíduos estão inseridos e de como ocorre seu

posicionamento nele, de modo que, os fatores psicológicos envolvidos na percepção dos

consumidores são determinantes na decisão de consumo por parte deles. Assim, para essa

teoria, o fato do indivíduo ter a percepção de estar financeiramente melhor, mesmo que sua

renda real não tenha aumentado, faz com que ele aumente seu consumo. Logo, para economia

comportamental a renda não é a única determinante, considerando-se também que caso o

consumidor tenha a lembrança de que em períodos de situação econômica favorável do país

ele também estava em uma situação financeira boa, a expectativa de melhorias ampliará seu

consumo.

A intenção de adquirir crédito por parte dos consumidores apresenta impacto positivo

na intenção de consumo, pois se configura como um incremento na renda. Esse crédito pode

ser por meio de financiamentos bancários, compras parceladas, empréstimos, enfim, alguma

forma de ampliar a renda dos consumidores e, consequentemente, expandir seu consumo.

Assim, tudo o mais permanecendo constante, o aumento na intenção de adquirir crédito,

acarreta, em média, uma ampliação na probabilidade de consumo de quase 6%, perdendo

representatividade apenas nos últimos dois modelos, mas mesmo assim mantem-se na casa

dos 5%. Logo, essa variável confirma as propostas da economia comportamental e da teoria

neoclássica em que a renda é uma das principais determinantes do consumo. Nesse caso, a

ampliação da restrição imposta pela renda possibilita maior consumo e satisfação aos

consumidores. Assim, a aquisição de crédito que está cada vez mais facilitada pelas políticas

de crédito do governo, sejam elas empréstimo pessoal ou crédito consignado, poderiam

sugerir certa endogeneidade no modelo, isso porque a intenção de consumir explicaria a

intenção de adquirir crédito. Porém, não é isso que ocorre uma vez que nem todos que

adquirem crédito o utilizam para consumir bens duráveis e, além disso, a estabilidade do

parâmetro sugere a não existência de simultaneidade.

Page 69: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

69

Quanto ao estado civil dos consumidores, pode-se perceber que estar casado ou em

união estável reduz a probabilidade de consumo em quase 2% em todos os modelos, por outro

lado, solteiros ampliam a probabilidade de consumo praticamente na mesma proporção. Isso

ocorre em função dos casados ou com união estável possuírem maiores obrigações com

manutenção das despesas domésticas, já possuírem maior experiência quanto a administração

da renda e, na maioria das vezes, já possuírem bens duráveis, sendo que estes não adquiridos

com frequência. Já os solteiros muitas vezes ainda moram com os pais, possuem maior

parcela da renda livre, podem apresentar perfil mais impulsivo e podem estar próximos de

constituírem sua família, o que demandaria aquisição de bens duráveis. Além disso, casados

ou com união estável podem estar dispostos a aplicar suas rendas na aquisição de casa

própria, terrenos, automóvel, ou seja, investir em bens de capital e não consumir, o que muitas

vezes só é possível com a renda dos dois indivíduos.

Dentre as aplicações financeiras elencadas, apenas a variável aplicações em renda fixa

mostrou-se com significância estatística para os modelos analisados. Como se esperava,

possuir aplicações em renda fixa impacta negativamente sobre a intenção de consumo, isso

porque, como tratado pela teoria neoclássica limita a renda e disponibiliza-se menor parcela

dessas para consumo ou valoriza mais investimento em poupança, por exemplo. Como esses

resultados possuem relação direta com a variável constante, que é a base das dummies e nesse

caso possivelmente trata-se de indivíduo viúvo ou divorciado, sem aplicações financeiras e

com nível baixo de escolaridade, há também a possibilidade de tratarem-se de pessoas mais

velhas que são mais avessas ao risco e preferirem aplicar seu dinheiro em algo seguro, como a

poupança.

Por fim, como última variável significativa dos modelos analisados, a expectativa de

melhoria no cenário econômico nacional para o próximo ano impacta positivamente na

intenção de consumo. Esse impacto, em ambos os modelos, é de aproximadamente 6,8%. Esta

apresentou maior efeito marginal de todos os modelos, incorrendo que a visualização do

cenário futuro para o país, a expectativa do futuro e de como estará o ambiente em que esses

consumidores estão inseridos impacta mais entre as variáveis apontadas como principais

determinantes pela teoria neoclássica e da própria economia comportamental. Ainda assim, o

destaque dessa variável é explicado pela economia comportamental, que capta os efeitos do

ambiente e assim explica o comportamento dos consumidores, para tanto, o fato de estes

possuírem perspectivas positivas sobre o futuro reduz suas incertezas e riscos relacionados às

escolhas, fazendo com que o consumo seja efetivado com maior facilidade.

Page 70: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

70

Ademais, em todas as variáveis significativas, o parâmetro variou pouco de

intensidade. Entre as variáveis significativas para o modelo, a Figura 8 apresenta as que

exerceram maior impacto.

Figura 8: Impacto médio das variáveis - modelo geral

Fonte: Elaboração própria (2014)

O maior impacto sobre a probabilidade de consumir registra-se por parte das variáveis

situacionais dos indivíduos, o que está em consonância ao que apresenta a economia

comportamental, na qual o ambiente em que o consumidor está inserido assim como a sua

percepção é que determinam seu consumo. Portanto, a ordem das variáveis que exercem

maior impacto sobre a intenção de consumo é: situação financeira atual, expectativa

econômica do país para o próximo ano, situação financeira futura, intenção de adquirir

crédito, aplicações em renda fixa (impacto negativo), solteiro, casado ou união estável

(impacto negativo), expectativas de preços maiores (impacto negativo) e endividamento.

4.2 ANÁLISE PARA O MODELO COM EXPECTATIVAS RACIONAIS

O segundo conjunto de modelos desenvolvidos tem como propósito analisar o impacto

das expectativas racionais dos consumidores na intenção de consumo. Para tanto, tem-se a

mesma variável dependente, enquanto modifica-se, no conjunto das explicativas, apenas a

expectativa de inflação pela expectativa racional. Nesse sentido, as variáveis possuem o

mesmo sinal esperado já descritos no Quadro 2 e a proxy para expectativas racionais, assim

como a variável preços maiores, permite conhecer qual o seu impacto na intenção de

-0.08

-0.04

0

0.04

0.08

0.12

MEL

HO

R A

GO

RA

EXP

ECTA

TIV

A P

AÍS

(1

)

FUTU

RO

MEL

HO

R

CR

ÉDIT

O

REN

DA

FIX

A

SOLT

EIR

O

CA

SAD

O/U

NIÃ

O

PR

EÇO

S M

AIO

RES

VA

LOR

END

IVID

AM

ENTO

Page 71: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

71

consumo. A Tabela 3 apresenta os resultados da regressão não-linear logit considerando as

expectativas racionais.

Page 72: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

72

Tabela 5:Resultados logit com expectativas racionais (modelos 1-6)

MODELO 1 MODELO 2 MODELO 3 MODELO 4 MODELO 5 MODELO 6

Y=0 20,22% 19,67% 19,67% 21,31% 21,86% 25,68%

Y=1 82,82% 83,26% 83,7% 86,78% 82,38% 81,50%

TOTAL 54,88% 54,88% 55,12% 57,56% 55,37% 56,59%

CONSTANTE 1,2330 1,2151 1,1115 0,7959 0,7296 0,6911

(0,2765) (0,2848) (0,3518) (0,5196) (0,5562) (0,5777)

MELHOR AGORA -0,0693 -0,0670 -0,0750 -0,0840 -0,0977 -0,0975

(0,7626) (0,7703) (0,7449) (0,7165) (0,6751) (0,6754)

FUTURO MELHOR -0,0232 -0,0238 -0,0239 -0,0265 -0,0097 -0,0061

(0,9286) (0,9267) (0,9265) (0,9184) (0,9703) (0,9812)

EXPECTATIVAS

RACIONAIS 0,3311 0,3336 0,3379 0,3559 0,3519 0,3510

(0,1730) (0,1704) (0,1654) (0,1444) (0,1478) (0,1476)

CRÉDITO 0,4476 0,4472 0,4518 0,4681 0,4471 0,4549

(0,0955) (0,0957) (0,0936) (0,0870) (0,1040) (0,0996)

LOG RENDA -0,1524 -0,1548 -0,1551 -0,1186 -0,1019 -0,1033

(0,3239) (0,3186) (0,3245) (0,4648) (0,5305) (0,5251)

CASA PRÓPRIA

0,0451 0,0461 0,0448 0,0579 0,0576

(0,8464) (0,8456) (0,8509) (0,8094) (0,8101)

CASADO/UNIÃO

0,1264 0,1220 0,1523 0,1331

(0,7215) (0,7315) (0,6686) (0,7094)

SOLTEIRO

0,1125 0,0522 0,0699 0,0409

(0,7571) (0,8878) (0,8497) (0,9123)

ESCOLARIDADE 8-11

ANOS

0,1527 0,1560 0,1684

(0,3800) (0,3730) (0,3386)

ESCOLARIDADE 11-15

ANOS

0,1383 0,1362 0,1441

(0,4140) (0,4210) (0,3939)

ESCOLARIDADE MAIS 15

ANOS

-0,2849 -0,2861 -0,3062

(0,2183) (0,2175) (0,1887)

RENDA FIXA

-0,1420 -0,1500

(0,4917) (0,4694)

DATAS ESPECIAIS

0,1446

(0,4815)

Fonte: Elaboração própria (2014)

Os resultados expostos nas Tabelas 5 e 6 apresentam os valores para a estimação do

modelo logit, contemplando as expectativas racionais dos consumidores. Portanto, a primeira

linha contém os valores de 𝒀 = 𝟎 que expressam a porcentagem de vezes que o modelo

previu corretamente que os indivíduos não tinham intenção de consumir. À medida que mais

variáveis explicativas são incluídas no modelo aumenta-se o poder explicativo do mesmo. Por

outro lado, na segunda linha tem-se os valores para 𝒀 = 𝟏 que representam a porcentagem de

vezes que o modelo estimou corretamente que os indivíduos teriam a intenção de consumir.

Page 73: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

73

Nesse caso, a inclusão de variáveis covariadas fez com que o modelo perdesse valor

explicativo. Mesmo assim, o nível mais baixo de acerto foi de 74,22%.

A terceira linha contém as porcentagens representativas de quanto em média o modelo

previu corretamente as respostas dos indivíduos. Os valores variam de 54,88% a 59,07%. À

medida que variáveis são incluídas no modelo percebe-se essa mudança, sendo que a

porcentagem mais alta não foi encontrada quando todas as variáveis estavam sendo

consideradas. Mesmo com o aumento do número de variáveis com poder explicativo não

representar, em todos os casos, melhoria no ajuste do modelo, os resultados podem ser

considerados positivos, pois o ajuste é satisfatório.

Page 74: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

74

Tabela 6:Resultados logit com expectativas racionais (modelos 7-12)

MODELO 7 MODELO 8 MODELO 9 MODELO 10 MODELO 11 MODELO 12

Y=0 28.96% 31.69% 32.24% 32.24% 38.25% 39.34%

Y=1 79.74% 80.18% 76.21% 75.77% 76.00% 74.22%

TOTAL 57.07% 58.54% 56.59% 56.34% 59.07% 58.58%

CONSTANTE 12.205 15.887 13.709 1.445 1.509 1.508

(0.3534) (0.2551) (0.3326) (0.322) (0.300) (0.300)

MELHOR AGORA -0.1012 -0.1202 -0.1213 -0.122 -0.100 -0.094

(0.6643) (0.6078) (0.6052) (0.602) (0.677) (0.695)

FUTURO MELHOR 0.0000 -0.0029 -0.0238 -0.024 -0.052 -0.049

(0.9999) (0.9912) (0.9274) (0.926) (0.845) (0.854)

EXPECTATIVAS

RACIONAIS 0.3879 0.3859 0.3906 0.392 0.408 0.418

(0.1110) (0.1136) (0.1107) (0.110) (0.102) (0.096)

CRÉDITO 0.4536 0.4487 0.4727 0.471 0.426 0.405

(0.1015) (0.1044) (0.0878) (0.089) (0.128) (0.152)

LOG RENDA -0.1533 -0.1492 -0.1390 -0.151 -0.183 -0.186

(0.3645) (0.3762) (0.4103) (0.394) (0.305) (0.299)

CASA PRÓPRIA 0.0558 0.0703 0.0941 0.092 0.094 0.114

(0.8183) (0.7732) (0.7018) (0.707) (0.702) (0.646

CASADO/UNIÃO 0.1124 0.0054 0.0585 0.062 0.045 0.024

(0.7560) (0.9889) (0.8825) (0.875) (0.910) (0.951

SOLTEIRO 0.0109 -0.1961 -0.1166 -0.112 -0.129 -0.156

(0.9769) (0.6736) (0.8077) (0.816) (0.786) (0.745

ESCOLARIDADE 8-

11 ANOS 0.1282 0.1218 0.1248 0.125 0.081 0.067

(0.4762) (0.4972) (0.4890) (0.487) (0.660) (0.717

ESCOLARIDADE 11-

15 ANOS 0.1336 0.1237 0.1208 0.121 0.165 0.160

(0.4313) (0.4677) (0.4803) (0.481) (0.340) (0.353

ESCOLARIDADE

MAIS 15 ANOS -0.2557 -0.2393 -0.2393 -0.239 -0.239 -0.221

(0.2839) (0.3161) (0.3171) (0.316) (0.321) (0.364)

RENDA FIXA -0.1642 -0.1650 -0.1652 -0.162 -0.236 -0.252

(0.4289) (0.4274) (0.4289) (0.438) (0.266) (0.241)

DATAS ESPECIAIS 0.1236 0.1342 0.1259 0.119 0.092 0.092

(0.5489) (0.5160) (0.5438) (0.571) (0.665) (0.664)

FEMININO -0.2375 -0.2429 -0.2439 -0.242 -0.210 -0.218

(0.2624) (0.2515) (0.2506) (0.255) (0.330) (0.311)

IDADE -0.0071 -0.0054 -0.005 -0.005 -0.006

(0.4720) (0.5937) (0.588) (0.589) (0.570)

NÚMERO FILHOS 0.0059 0.006 0.006 0.006

(0.0000) (0.000) (0.000) (0.000)

VALOR

ENDIVIDAMENTO 0.000 0.000 0.000

(0.787) (0.646) (0.629)

EXPECTATIVA

PAÍS (1) 0.428 0.409

(0.044) (0.058)

Page 75: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

75

EXPECTATIVA PAÍS

(5) 0.120

(0.584)

Fonte: Elaboração própria (2014)

Entre todas variáveis elencadas, são consideradas significativas ao nível de 90% de

significância a intenção de adquirir crédito nos modelos 1, 2, 3, 4, 6, 9 e 10, a expectativa da

situação econômica do país para o próximo ano apenas no último modelo e as expectativas

racionais também no último modelo. Com 95% de significância, demonstrou-se ser

estatisticamente significativa apenas a expectativa do país para o próximo ano no 11º modelo.

Por fim, com 99% de significância, somente a variável número de filhos até 18 anos mostrou-

se estatisticamente significativa. A Tabela 7 apresenta os efeitos marginais para as variáveis

dos modelos 1 ao 6.

Tabela 7:Efeitos marginais com expectativas racionais (modelos 1 – 6)

MODELO

1

MODELO

2

MODELO

3

MODELO

4

MODELO

5

MODELO

6

CONSTANTE 0.3083 0.3038 0.2779 0.1990 0.1824 0.1728

MELHOR AGORA -0.0173 -0.0167 -0.0187 -0.0210 -0.0244 -0.0243

FUTURO MELHOR -0.0058 -0.0059 -0.0060 -0.0066 -0.0024 -0.0015

EXPECTATIVAS RACIONAIS 0.0827 0.0833 0.0843 0.0888 0.0878 0.0876

CRÉDITO 0.1117 0.1116 0.1128 0.1168 0.1116 0.1136

LOG RENDA -0.0285 -0.0287 -0.0287 -0.0248 -0.0223 -0.0225

CASAPRÓPRIA

0.0113 0.0115 0.0112 0.0145 0.0144

CASADO/UNIÃO

0.0316 0.0305 0.0380 0.0333

SOLTEIRO

0.0281 0.0130 0.0175 0.0102

ESCOLARIDADE 8 A 11 ANOS

0.0381 0.0390 0.0421

ESCOLARIDADE 11 A 15 ANOS

0.0345 0.0340 0.0360

ESCOLARIDADE MAIS DE 15 ANOS

-0.0712 -0.0715 -0.0766

RENDA FIXA

-0.0354 -0.0374

DATAS ESPECIAIS

0.0361

Fonte: Elaboração própria (2014)

Por fim, para conclusão das análises, têm-se os efeitos marginais ocasionados pelas

variáveis nos modelos em que as expectativas racionais foram incluídas, considerando-se

apenas as variáveis que se mostraram significativas.

A intenção de adquirir crédito mostrou-se mais significativa com a inclusão das

expectativas racionais, pois o aumento de 1% na intenção de adquirir crédito impacta

positivamente a probabilidade de consumir em aproximadamente 11%. Novamente,

corroborando a teoria neoclássica e a economia comportamental, a intenção de adquirir

crédito expande a renda dos consumidores, o que reflete diretamente na intenção de consumo.

Page 76: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

76

Relacionando com as expectativas racionais, que é a diferença entre os modelos, o aumento

na influência da variável crédito pode ser justificado pelo fato de que consumidores com real

conhecimento do aumento da inflação antecipam seu consumo e, quando necessário,

adquirem crédito para que a compra se concretize. Cabe lembrar que esse crédito pode ser via

compras parceladas.

Tabela 8: Efeitos marginais com expectativas racionais (modelos 7 – 12)

MODELO

7

MODELO

8

MODELO

9

MODELO

10

MODELO

11

MODELO

12

CONSTANTE 0.3051 0.3972 0.3427 0.3612 0.3774 0.3770

MELHOR AGORA -0.0253 -0.0300 -0.0303 -0.0305 -0.0249 -0.0235

FUTURO MELHOR 0.0000 -0.0007 -0.0059 -0.0060 -0.0129 -0.0121

EXPECTATIVAS RACIONAIS 0.0968 0.0963 0.0974 0.0977 0.1019 0.1043

CRÉDITO 0.1132 0.1120 0.1180 0.1176 0.1064 0.1010

LOG RENDA -0.0286 -0.0282 -0.0273 -0.0284 -0.0304 -0.0305

CASAPRÓPRIA 0.0139 0.0176 0.0235 0.0231 0.0234 0.0283

CASADO/UNIÃO 0.0281 0.0013 0.0146 0.0155 0.0112 0.0061

SOLTEIRO 0.0027 -0.0489 -0.0291 -0.0279 -0.0323 -0.0390

ESCOLARIDADE 8 A 11 ANOS 0.0320 0.0304 0.0312 0.0313 0.0202 0.0168

ESCOLARIDADE 11 A 15 ANOS 0.0334 0.0309 0.0302 0.0301 0.0412 0.0401

ESCOLARIDADE MAIS DE 15

ANOS -0.0639 -0.0598 -0.0598 -0.0599 -0.0598 -0.0553

RENDA FIXA -0.0410 -0.0412 -0.0412 -0.0405 -0.0589 -0.0628

DATAS ESPECIAIS 0.0309 0.0335 0.0314 0.0296 0.0229 0.0230

FEMININO -0.0592 -0.0605 -0.0607 -0.0603 -0.0523 -0.0544

IDADE -0.0018 -0.0013 -0.0014 -0.0013 -0.0014

NÚMERO FILHOS 0.0015 0.0015 0.0015 0.0015

VALORENDIVIDAMENTO 0.0000 0.0000 0.0000

EXPECTATIVA PAIS (1) 0.1059 0.1013

EXPECTATIVA PAIS (5) 0.0299

Fonte: Elaboração própria (2014)

Sobre o número de filhos menores de 18 anos, essa variável se mostrou

estatisticamente significativa, demonstrando-se que o aumento de 1% no número de filhos

menores de 18 anos impacta em um acréscimo de 0,15% na probabilidade de consumir. Esse

resultado, mesmo pequeno, é contrário a expectativa inicial de que ter filhos menores de 18

anos reduziria o consumo, pois nesses casos os pais normalmente abrem mão de um consumo

próprio ou para a casa em detrimento com gastos com saúde, educação, vestuário dos filhos.

Quanto à expectativa de melhoria no cenário econômico nacional para o próximo ano,

percebe-se que o aumento de 1% nessa variável aumenta a probabilidade de consumo em

média, 10,59% no 11º modelo e 10,13% no 12º modelo. Esses valores são comparados ao

Page 77: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

77

intercepto do modelo, que capta a base das dummies, que para esse caso referem-se a homens,

com nível de escolaridade de até 8 anos, divorciados ou viúvos, que não possuem aplicações

financeiras e não possuem expectativas positivas com relação ao futuro. Percebeu-se também

que com o incremento de expectativas racionais o impacto da variável é maior, mostrando

assim que o indivíduo que considera o aumento nos preços acredita que esse poderá servir

para aquecer a economia e, consequentemente, melhorar a situação econômica do país. Essa

variável é explicada exclusivamente pela economia comportamental, uma vez que a teoria

neoclássica não a considera, e ressalta a importância de se considerar variáveis situacionais

nas análises do comportamento dos consumidores, pois o impacto delas muitas vezes é maior

do que as que estão aparentemente mais ligadas ao consumo, como renda, preço, gênero.

A última variável com significância estatística analisada é a expectativa racional. Essa

se mostra significativa apenas no último modelo em que todas as variáveis covariadas estão

inclusas. Este modelo registrou maior impacto sobre a probabilidade de consumir. Desse

modo, tudo o mais permanecendo constante, o aumento de 1% nas expectativas racionais

aumenta a probabilidade de consumir em 10,43%. Os resultados indicam que a medida que se

controla o consumo por todas as características observáveis a variável expectativas racionais

torna-se estatisticamente significativa. Ademais, o parâmetro torna-se maior com os controles.

Isso pode sugerir, que o uso de estimadores de efeitos fixos, primeira diferença pode tornar os

resultados para o modelo com expectativas racionais mais robusto.

O resultado do modelo 12 vai ao encontro da proposta da teoria neoclássica que preza

a presença constante da racionalidade e otimização nas decisões por parte dos consumidores,

especialmente do ponto de vista macroeconômico, no que tange aos trabalhos da teoria novo

clássica. Quanto ao que trata a economia comportamental, de que a racionalidade não está

presente em todas as decisões, o modelo 12 apresenta oposição a essa. Isso ocorre porque para

economia comportamental os indivíduos tomam suas decisões com base em opções

satisfatórias e nem sempre maximizadoras, ou seja, nem sempre racionais, incorrendo assim

no aumento do consumo. Portanto, quando possuir expectativas racionais impacta

positivamente no consumo a economia comportamental é refutada. Sobre as variáveis que se

mostraram significativas, a Figura 9 apresenta o impacto médio das mesmas.

Page 78: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

78

Figura 9: Impacto médio das variáveis - modelo com expectativas racionais

Fonte: Elaboração própria (2014)

De modo geral, as principais variáveis determinantes do consumo dos chapecoenses

consiste na aquisição de crédito, na lembrança que possuem do passado bem como no

sentimento em relação ao presente e ao futuro. A relação apresentada com passado, presente e

futuro é tratado apenas na economia comportamental e refere-se, basicamente, ao proposto

por Kahneman (2012) ao que diz respeito as decisões tomadas com base na lembrança.

Também, ratifica o exposto por Ariely (2008) de que os indivíduos são suscetíveis às

influências do ambiente. Além disso, tanto a teoria do consumidor quanto a economia

comportamental tiveram aplicação prática com os modelos desenvolvidos, mesmo que

algumas variáveis não corresponderam aos sinais esperados. Por fim, esse modelo, em que as

expectativas racionais foram incluídas, aparenta ter apresentado resultados piores em relação

ao modelo geral, pois menos variáveis mostraram-se significativas e, em média, o modelo

acertou menos as respostas dos indivíduos. A resposta para essa perda na qualidade dos

resultados é a redução no número de observações, uma vez que o modelo geral contou com

2.928 observações e o que incluía a racionalidade com 705 observações.

0

0.04

0.08

0.12

CRÉDITO EXPECTATIVASRACIONAIS

EXPECTATIVA PAIS (1) NÚMERO FILHOS

Page 79: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

79

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento desse trabalho objetivou o levantamento das teorias sobre o

comportamento do consumidor para avaliar em que medida as características dos

consumidores chapecoenses impactam na intenção de consumo dos mesmos para o período de

novembro de 2012 a fevereiro de 2014.

Como base utilizou-se a teoria do consumidor com a visão neoclássica de que as

determinantes do consumo são a renda, o preço do bem que indivíduo deseja comprar, o preço

de outros bens e o gosto e preferências destes consumidores. Além disso, a teoria neoclássica

preza que os consumidores são sempre racionais e tomam decisões ótimas. Valeu-se também

da economia comportamental, uma teoria relativamente nova que surgiu com o propósito de

complementar a tradicional teoria do consumidor. Para os economistas comportamentais, o

principal contraponto aos neoclássicos reside no fato de que consumidores não conseguem ser

racionais o tempo todo e acabam tomando decisões em que sua satisfação não é maximizada.

A revisão de literatura contribuiu para identificar as variáveis que serviriam de base na

identificação das características determinantes do consumo dos chapecoenses.

Diante dessa revisão, elencaram-se variáveis para a construção do modelo

econométrico a ser estimado pela técnica de regressão logística, o logit. A partir disso foram

propostas duas formas funcionais empíricas: um modelo geral com 2.928 observações, e um

modelo que inclua uma proxy para expectativas racionais dos agentes com 705 observações.

Sobre o modelo que incluía as expectativas racionais como determinante do consumo,

obtiveram-se resultados bem distintos do anterior quanto à significância, impacto e amplitude

desse impacto, o que pode ser explicado pelo número reduzido da amostra. A variável

expectativas racionais mostrou-se determinante do consumo apenas em um modelo,

esclarecendo a proposta da economia neoclássica e traduzindo o consumo antecipado por

parte dos indivíduos que sabem qual será o impacto nos preços. Por outro lado, também em

consonância com a economia comportamental, o impacto dessa variável não foi muito

expressivo refletindo que nem todos indivíduos são racionais e que a racionalidade muitas

vezes está ausente na hora de confirmar a compra.

Em geral, identifica-se que o comportamento dos consumidores chapecoenses é

melhor explicado, em ambos os modelos, por variáveis relacionadas a percepção da condição

financeira individual e expectativa de melhorias na economia nacional, sem mostrar relação

direta com as variáveis propostas pela teoria neoclássica. Os resultados dos principais

determinantes confirmam o exposto pela economia comportamental no que diz respeito ao

Page 80: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

80

impacto que o ambiente em que o consumidor está inserido exerce, considerando variáveis

situacionais do indivíduo, como expectativas, percepção, emoções e características do

momento em que as entrevistas foram realizadas.

Por fim, como sugestão para próximos trabalhos, considera-se viável a incorporação

de novas variáveis que sejam capazes de explicar em maiores proporções a intenção de

consumo, uma vez que os resultados apresentados nesta monografia, especialmente no

modelo com expectativas racionais, sugerem que componentes não observáveis afetam o

consumo dos agentes e podem estar relacionados com as variáveis explicativas dos modelos

estimados.

Nesse sentido, utilizar um painel com efeitos fixos ou um estimador de primeiras

diferenças pode melhorar os resultados apresentados nessa monografia. No entanto, esses

estimadores não são ensinados nos cursos de graduação do Brasil, o que torna sua

possibilidade de aplicação para trabalhos de graduação muito distante. Isso sugere que o

ensino de econometria nos cursos de graduação é bastante limitado, precisando ser atualizado

para que os profissionais possam realizar predições e previsões de maneira mais consistente

no mercado.

Page 81: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

81

REFERÊNCIAS

ARIELY, Dan. Previsivelmente Irracional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Perfil do Município de Chapecó,

SC. Disponível em: <http://atlasbrasil.org.br/2013/perfil_print/chapecó_sc>. Acesso em: 29

maio 2014.

BALESTRIN, Alsones. Uma análise da contribuição de Herbert Simon às teorias

organizacionais. Disponível em: <http://read.ea.ufrgs.br/read28/artigos/ARTIGO02.PDF>.

Acesso em: 09 nov. 2013.

BESANKO, David; BRAEUTIGAM, Ronald R.. Microeconomia: Uma abordagem

completa. Rio de Janeiro: S.A., 2004.

CAMERER, Colin; LOEWENSTEIN, George; PRELEC, Drazen. Neuroeconomics: How

neurosciece can informan economics. Journal Of Economic Literature, Pittsburgh, v. 43, n. 1,

p.9-64, mar. 2005. Disponível em:

<http://www.cmu.edu/dietrich/sds/docs/loewenstein/neuroeconomics.pdf>. Acesso em: 10

abr. 2014.

CASTELAR, Ivan et al. Um modelo de escolha discreta para avaliação de desempenho

em concursos públicos. In: ENCONTRO REGIONAL DE ECONOMIA, 12., 2007,

Fortaleza. Anais... . Fortaleza: ForumBnb de Desenvolvimento, 2007. p. 1 - 19. Disponível

em: <https://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Eventos/ForumBNB2007/docs/um-modelo-

escolha.pdf>. Acesso em: 15 maio 2014.

COSTA, Fernando Nogueira da. Economia comportamental: de volta à filosofia, sociologia

e psicologia. Disponível em:

<http://www.eco.unicamp.br/docprod/downarq.php?id=1803&tp=a>. Acesso em: 08 nov.

2013.

DMITRUK, Hilda Beatriz. Cadernos Metodológicos: Diretrizes do trabalho científico. 6. ed.

Chapecó: Argos, 2004.

FECOMÉRCIO. Indicadores: Índice de confiança do consumidor. Disponível em:

<http://www.pesquisasfecomercio.com.br/>. Acesso em: 15 out. 2013.

FERREIRA, D. D. M.; KELLER, J.; SPANHOL, G. K.; LEAL, D. B. Neuroeconomia: Um

apoio da neurociência à economia e à gestão do conhecimento. In: SEGeT - Sompósio de

Excelência em Gestão e Tecnologia, 2006.

FGV. Sondagens e Índices de Confiança. Disponível em:

<http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92BA032B198D

>. Acesso em: 15 out. 2013.

FRANCESCHINI, Ana Carolina Trousdell; FERREIRA, Diogo Conque Seco. Economia

Comportamental: uma introdução para analistas do comportamento. Revista Interamericana

de Psicologia, Brasil, v. 46, n. 2, p.317-326, 2012.

Page 82: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

82

FUJITA, Camila. Chapecó: estrutura e dinâmica de uma cidade média no oeste

catarinense. GeoUerj, Rio de Janeiro, v. 1, n. 24, p.312-338, jun. 2013. Disponível em:

<http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/viewFile/6918/5032>. Acesso

em: 12 abr. 2014.

GUJARATI, Damodar. Econometria Básica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

HASS, Monica. Democracia e Governança: O Planejamento Estratégico participativo de

Desenvolvimento Urbano de Chapecó-SC (2000-2004) 2006 265 f Tese (Doutorado) - Curso

de Sociologia Politica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.

HENN, Cristiane Gretzler. A INFLUÊNCIA DOS AGENTES ECONÔMICOS NA (RE)

ESTRUTURAÇÃO DAS CIDADES MÉDIAS: UM OLHAR SOBRE A CIDADE DE

CHAPECÓ– SC. In: XVI ENCONTRO NACIONAL DOS GEÓGRAFOS, 16., 2010, Porto

Alegre. Anais. Porto Alegre, 2010. p. 1 - 10.

HILL, R. Carter; JUDGE, George G.; GRIFITHS, William E.. Econometria. São Paulo:

Saraiva, 2010.

IBGE. Conceitos. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/con

ceitos.shtm>. Acesso em: 03 jun. 2014.

IBGE. IBGE Cidades: Chapecó. Disponível em:

<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=420420>. Acesso em: 20 nov.

2013.

IBGE. Produto Interno Bruto dos Municípios 2010. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pibmunicipios/2010/default_base.shtm>.

Acesso em: 29 maio 2014.

KAHNEMAN, Daniel. Rápido e Devagar: Duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva,

2012.

KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. São Paulo: Pearson,

2007.

KOTLER, Philip; KELLER, Kevin L.. Administração de marketing. São Paulo: Pearson,

2012.

LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Administração de marketing: conceitos, planejamento e

aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2012.

LEAL, Graziela Moura. A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA NO

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: UM ESTUDO DE CASO EM UMA

EMPRESA VAREJISTA EM PICOS-PI. 2011. 64 f. Monografia (Graduação) - Curso de

Administração, Universidade Federal do Piauí – Ufpi, Picos, 2011. Disponível em:

<http://www.ufpi.br/subsiteFiles/admpicos/arquivos/files/GRAZIELA MOURA LEAL.pdf>.

Acesso em: 25 abr. 2014.

Page 83: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

83

MANSFIELD, Edwin; YOHE, Gary. Microeconomia. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia cinetífica. São Paulo:

Atlas S.A., 2010.

MATOS, Maria Amélia. Behaviorismo metodológico e behaviorismo radical. Disponível

em:

<http://www.itcrcampinas.com.br/pdf/outros/behaviorismo_metodologico_behaviorismo_radi

cal.PDF>. Acesso em: 25 fev. 2013.

MILLER, Roger Leroy. Microeconomia: Teoria, questões e aplicações. São Paulo: Mcgraw-

hill do Brasil, 1981.

MIRANDA, Sílvia Helena Galvão de. Introdução à Contabilidade Social. Disponível em:

<http://www.economia.esalq.usp.br/intranet/uploadfiles/3564.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2014.

MOREIRA, Bruno César Melo; PACHECO, Ana Flávia Almeida; BARBATO, Andréa

Maria. NEUROECONOMIA E NEUROMARKETING: IMAGENS CEREBRAIS

EXPLICANDO AS DECISÕES HUMANAS DE CONSUMO. Ciências e Cognição, Rio de

Janeiro, v. 16, n. 1, p.99-111, abr. 2011.

MORESI, Eduardo (Org.). Metodologia da Pesquisa. Disponível em:

<http://ftp.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/1370886616.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2013.

MURAMATSU, Roberta; FONSECA, Patrícia. ECONOMIA E PSICOLOGIA NA

EXPLICAÇÃO DA ESCOLHA INTERTEMPORAL. Revista de Economia Mackenzie, São

Paulo, v. 6, n. 1, p.87-112, jul. 2008.

Muramatsu, Roberta; FONSECA, Patrícia. Um enigma do comportamento do consumidor no

Brasil: Análise comportamental do consumo procrastinado em um cenário inflacionário. In:

XXXII Encontro da ANPAD, 32, 2008, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro, 2010, p.1-16.

PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L.. Microeconomia. São Paulo: Pearson, 2010.

_____________. Microeconomia. São Paulo: Pearson, 2005.

PINHEIRO, Roberto Meireles et al. Comportamento do consumidor e pesquisa de

mercado. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

PINHEIRO, Luciane Ribeiro Dias. Estudo sobre o Comportamento do Consumidor

Frente à Questão ambiental. 2009 150 f Dissertação (Mestrado) - Curso de Administração

da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, 2009.

RABIN, Matthew. A perspective on psychology and economics.European Economic

Review, Berkeley, n. 46, p. 657-685, 2002.

REID, Carolina. An Apple or a Donut?: How Behavioral Economics Can Improve Our

Understanding of Consumer Choices. CommunityInvestments, San Francisco, v. 21, n. 2,

p.8-10, out. 2009.

Page 84: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

84

REIS, Marcelo Menezes. CONCEITOS ELEMENTARES DE

ESTATÍSTICA. Disponível em: <http://www.inf.ufsc.br/~marcelo/intro.html>. Acesso em:

11 jun. 2014.

ROCHA, Itana dos Santos. A tomada de decisão do consumidor à luz da economia

comportamental: desafios e percalços em economia. 2009. 62 f. TCC (Graduação) - Curso

de Ciências Econômicas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009.

ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estágio e de pesquisa em administração. São

Paulo: Atlas S.A., 2006.

RUBINSTEIN, Ariel. Discussionof “BEHAVIORAL ECONOMICS”. Disponível em:

<http://arielrubinstein.tau.ac.il/papers/behavioral-economics.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2013.

SANTOS, Ana Cordeiro et al. BEHAVE: Uma abordagem comportamental às decisões de

crédito ao consumo. Disponível em:

<http://www.ces.uc.pt/projectos/behave/pages/pt/projeto/equipa-de-investigacao.php>.

Acesso em: 23 nov. 2013.

SAMUELSON, Paul; NORDHAUS, William D.. Economia. Porto Alegre: AMGH, 2012.

SILVA, Adilson Aderito et al. Incerteza e Racionalidade Limitada: Um Estudo Empírico no

Setor Financeiro. In: XII SEMEAD, 32., 2009, São Paulo. Anais. São Paulo, 2009. p. 0 - 16.

Disponível em:

<http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/resultado/trabalhosPDF/761.pdf>. Acesso em:

28 mar. 2014.

STOCK, James H.; WATSON, Mark W.. Econometria. São Paulo: Pearson, 2004.

TASSI, Luiz Eduardo. Desempenho de ratos em jogo estratégico e modulação

dopaminérgica deste desempenho. 2011. 141 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências

Biológicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

THEODORO, Ricardo Quirino. Uma análise da importância econômica das emoções nas

escolhas intertemporais. Jovens Pesquisadores, São Paulo, v. 9, n. 2, p.8-27, dez. 2012.

THOMPSON JUNIOR, Arthur A.; FORMBY, John P. Microeconomia da firma: teoria e

prática. Rio de Janeiro: S.a., 2003.

TOZZO, Astrit Maria Savaris; FIGUEIREDO, Anelice Maria Banhara; OLIVEIRA, Luciana

de. Chapecó Criança: Cidadania em Ação. In: IX CONGRESSO NACIONAL DE

EDUCAÇÃO - EDUCERE E III ENCONTRO SUL BRASILEIRO DE

PSICOPEDAGOGIA, 9., 2009, Chapecó. Anais. Porto Alegre, 2009. p.4881 - 4892.

Disponível em:

<http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3386_1742.pdf>. Acesso em:

12 abr. 2014.

VARIAN, Hal R.. Microeconomia: Uma abordagem moderna. Rio de Janeiro: Elsevier,

2012.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São

Paulo: Atlas S.A., 2006.

Page 85: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: DETERMINANTES DA …

85

WEISS, Michael J.. Inside Consumer Confidence Surveys. 2003. Disponível em:

<http://adage.com/article/american-demographics/inside-consumer-confidence-

surveys/44734/>. Acesso em: 06 maio 2014.

WOOLDRIDGE, Jeffrey M.. Introdução à econometria: Uma abordagem moderna. São

Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2006.