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114 www.backstage.com.br SOM NAS IGREJAS Com o projeto de sonorização em mãos, foi levado em consideração tanto o custo-benefício quanto a necessidade de levar um som de qualidade a cada parte da nave e da galeria. Já que a ênfase da igreja é na exposição da palavra de Deus, seja ela cantada, encenada ou pregada, segundo o pastor Marco Antônio, com o novo sistema de som essa qualidade na arte da igreja foi alcançada. Karyne Lins [email protected] Comunidade S Evangélica Internacional da Zona Sul na Praia do Flamengo, RJ er pioneiro dentro de um segmento profissional é ser mais do que um ícone, é ser um espelho para quem busca uma referência e se a Comunidade Evangélica Internacional da Zona Sul está inserida neste perfil não é mera coincidên- cia. A CEIZS sempre foi pioneira em se tra- tando de música e som na área do gospel. Um bom exemplo é o fato de ser a primeira igreja a levar uma banda de rock para um evento na Praça da Apoteose (White Cross/1992), e essa questão da sonorização sempre acompanhou o processo de cresci- mento da Comunidade. Novos tempos, novas mudanças O pastor percebeu, no ano passado, que já era hora de mudar o sistema de som da igreja e, seguindo a filosofia de ter sempre o que há de melhor para a Comu- nidade Internacional da Zona Sul, Mar- Fotos: Flávio Fernandes / Divulgação

Comunidade - Revista Backstage · 116 SOM NAS IGREJAS de 2006, já para o evento que comemora-va o aniversário da igreja. Assim que o pastor decidiu e autori-zou a compra de equipamentos,

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SOM NAS IGREJAS

Com o projeto de sonorização em mãos, foi levado em consideração tantoo custo-benefício quanto a necessidade de levar um som de qualidade acada parte da nave e da galeria. Já que a ênfase da igreja é na exposiçãoda palavra de Deus, seja ela cantada, encenada ou pregada, segundo opastor Marco Antônio, com o novo sistema de som essa qualidade na arteda igreja foi alcançada.

Karyne [email protected]

Comunidade

S

Evangélica Internacional da Zona Sul naPraia do Flamengo, RJ

er pioneiro dentro de um segmentoprofissional é ser mais do que umícone, é ser um espelho para quem

busca uma referência e se a ComunidadeEvangélica Internacional da Zona Sul estáinserida neste perfil não é mera coincidên-cia. A CEIZS sempre foi pioneira em se tra-

tando de música e som na área do gospel.Um bom exemplo é o fato de ser a primeiraigreja a levar uma banda de rock para umevento na Praça da Apoteose (WhiteCross/1992), e essa questão da sonorizaçãosempre acompanhou o processo de cresci-mento da Comunidade.

Novos tempos,novas mudançasO pastor percebeu, no ano passado,

que já era hora de mudar o sistema desom da igreja e, seguindo a filosofia de tersempre o que há de melhor para a Comu-nidade Internacional da Zona Sul, Mar-

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co Antônio estava pronto para fazer um

investimento no sistema de P.A. Line

Array, algo que hoje é o que há de mais

avançado no mercado. “Esse tipo de

tecnologia de P.A. vem se desenvolvendo

ao longo do tempo e hoje é uma realidade

que vemos nos palcos e, agora, dentro das

igrejas”, ressaltou Augusto Macchi, técni-

co responsável pelo som.

Ter um sistema desse porte significou

mudança na infra-estrutura do templo.

O espaço foi ampliado para receber mais

400 lugares (hoje, a igreja comporta três

mil pessoas) e houve um aumento da

profundidade do templo. A equipe da

igreja estava preparada para exigir mais

do sistema em questão, pois passou a exis-

tir a necessidade de um sistema que pu-

desse fazer a maior cobertura possível,

sem que os primeiros lugares tivessem um

nível de SPL muito elevado. Por isso, a

escolha do line array e a sua aquisição

foram essenciais.

“A Comunidade Internacional da

Zona Sul tem como visão servir com ex-

celência. Nesta visão, incluímos a sono-

rização do templo. O que mais desejamos

em tudo isso, e o que nos deixa mais satis-

feitos, é fornecer um som nítido para que

as pessoas ouçam o que Deus está falan-

do aos seus corações. A CEIZS recebe

grandes nomes da música nacional e in-

ternacional, como Darlene Zschech e

Hillsong Team, Michael W. Smith,

Abraham Laboriel, Aline Barros, Eyshila,

entre outros. Temos um moderno sistema

de som para propagar a boa música gospel

e a poderosa Palavra de Deus”, comen-

tou o pastor-presidente Marco Antônio

Peixoto, que tem 26 anos de ministério.

Pesquisando oequipamentoO projeto foi iniciado em março de

2006, com o início das obras de amplia-

ção do templo. A partir daí, a equipe pas-

sou a estudar como seria a nova configu-

ração do som com as mudanças na infra-

estrutura a ser inaugurada em setembro

Ter um sistemadesse porte significou

mudança nainfra-estrutura dotemplo. O espaçofoi ampliado para

receber mais400 lugares

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de 2006, já para o evento que comemora-

va o aniversário da igreja.

Assim que o pastor decidiu e autori-

zou a compra de equipamentos, a missão

do produtor musical e Silas Fernandes e

do técnico Augusto Macchi foi pesquisar

qual sistema seria ideal para atender às

necessidades da Comunidade, já que ela

tem uma característica voltada para o

louvor.

O que foi prioridade quando se ini-

ciou a pesquisa de qual sistema usar foi a

qualidade do equipamento com suporte

técnico, um software que acompanhasse

o produto para alinhamento do sistema e

a questão estética. Apesar de a equipe

estar centrada em pesquisar um sistema

para um ambiente fechado, ela analisou

vários sistemas diferentes sendo utiliza-

dos em shows outdoors (shows em ambi-

ente aberto) e optou por aquele que

correspondesse às suas expectativas.

O sistemaO P.A., hoje, consiste em quatro caixas

D.A.S. Aero 28A e um Sub CA 215 (tam-

bém ativo) por lado e, por ter essas confi-

gurações, resultou em um sistema full-

range no alto. O line array tem hoje uma

boa cobertura de toda a nave da igreja

com uma diferença de cerca de 8dB en-

tre as primeiras fileiras e o final do templo.

Segundo o técnico Augusto, o nível

de SPL trabalhado na igreja varia muito

de acordo com o público presente em

cada reunião. “O nível de SPL do P.A.

não ultrapassa o ideal, porque sempre

trabalhamos com um volume que fique

confortável para as pessoas”.

Em relação ao direcionamento do som

para as pessoas que estão no mezanino, o line

array já faz essa cobertura sem que seja ne-

cessário elevar muito o volume do P.A. para

isso. Augusto explicou que por esse mezani-

no ficar bem distante do palco, o SPL lá aca-

ba sendo um pouco menor do que o da nave

da igreja. Em conseqüência disso, o técnico

disse que futuramente a igreja vai ampliar o

número de caixas no line array e instalar al-

gumas caixas de delay com o objetivo de re-

forçar o som no mezanino.

Lista de Equipamentos

Sistema de P.A.

8 caixas D.A.S. Aero 28A

2 caixas para subgrave D.A.S. CA 215A

4 D.A.S Sub ST 218 (chão)

3 amplificadores Hot Sound 5.0 e 2.0

Console Yamaha M2500 48 canais

1 Dual Compressor Drawmer MX 30

1 Equalizador TGE 2313XS

1 Dual Compressor dbx 166

1 Processador Alto Control 60 (Front e Subs)

2 Processadores de Efeito Alesis (Mid-

verb e Quadraverb)

1 Quadra Gate/Compressor Behringer

MDX 4600

Monitoração de palco

2 Electro-Voice T53 (Side-fill)

2 Sub Studio R Sky Sound Bass (Side-fill)

2 FZ 112

2 FZ 108

9 Monitores 12” e 15”

Console Soundcraft Spirit Monitor 2 de

40 canais

3 Powerplay Behringer HA 4700

1 Dual Compressor Drawmer MX 30

3 Equalizadores TGE 2313XS

1 Quadra Gate/Compressor Behringer

MDX 4600

5 amplificadores Hot Sound 2.0

Acessórios / Microfones

KSM9 (SLX), Beta 87A (SLX), Beta 87A

(UC), SM 58 (SLX), SM 57, Beta 57A

In ear monitor PSM 600 e PSM 200

1 Sennheiser SKM 5000

1 AKG D112

3 AKG C1000

1 Fone AKG C220

1 Kit Mic Bateria CAD

Augusto Macchi é o responsável técnico

pelo som da igreja, e conta com a ajuda

de mais três técnicos e dois auxiliares,

além das pessoas das equipes das ou-

tras filiais na cidade do Rio de Janeiro.

Lista de equipamentos da iluminação

6 moving lights DTS XR7 575

1 Pilot 2000 para os moving lights

1 Digital 48 canais para refletores

24 Par 64 FOCO #5

12 Par 64 FOCO #2

24 Par 64 FOCO #1

8 Elipsoidais 36º

2 Dimmer HPL Digital

1 Buffer Box HPL

1 Maim Power HPL Digital

Filtros e correções para TV e gel cores

variadas

Detalhes dos equipamentos de iluminação e dosistema de P.A. formado por caixas da D.A.S

Macchi, responsável pelo áudio e técnico de P.A.,utiliza uma Yamaha desde o projeto de som anterior

O line array cobre toda a nave e o mezanino semnecessidade de elevar muito o volume do P.A

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SOM NAS IGREJAS

O sistema foi alinhado por Fernando

Nanão, responsável técnico da Decomac,

em conjunto com Augusto Macchi, téc-

nico de som da igreja. Para esse trabalho

de alinhamento, foram consultadas as

plantas da igreja e essas medidas foram

passadas para o software de alinhamento

que acompanha o sistema, o Ease Focus.

Também foi utilizado um analisador de

espectro e Augusto comenta o resultado:

“As diferenças audíveis, quando mudou

do sistema tradicional para o Line, foram

além da qualidade do equipamento, uma

grande melhora na inteligibilidade do

som e na dispersão mais uniforme do es-

pectro de freqüências no templo e conse-

guimos uma maior linearidade do SPL

entre os primeiros e últimos lugares”.

PalcoNovo sistema

de P.A. significa

mudanças espe-

cíficas também

no palco. O gru-

po de louvor pas-

sou a utilizar mo-

nitoração por fo-

nes, em conjun-

to com a moni-

toração de chão

tradicional, o que,

segundo Augus-

to, trouxe exce-

lentes resultados.

Esse sistema in-

ear consiste no

uso de fones Por-

ta Pro, da Koss, com amplificação de três

Behringer HA 4700.

Para fazer a mixagem do monitor, a

igreja comprou e colocou no palco uma

console de 40 canais e 12 auxiliares da

Soundcraft (Spirit Monitor 2). São utiliza-

das 12 vias de fones e seis vias de chão,

algumas com duas caixas por via. Os side-

fill são da Electro-Voice, modelo T 53,

com sub ativo da Studio R (Sky Sound

Bass). Na frente, a monitoração é feita

com caixas FZ 102 passivas. “Em termos

de qualidade melhor do som no palco, o

line array tem uma direcionalidade me-

lhor e com isso diminui a volta do PA para

o palco. As mudanças acústicas feitas no

templo e a monitoração por fones também

contribuíram muito para a diminuição do

SPL no palco”, explicou Augusto.

Com esse sistema de monitoração por

fones, o uso de side fill se tornou funda-

mental, pois reforça o som do palco e faz o

papel do P.A. no palco, só que de forma

controlada. A mixagem dos sides é feita

de forma que se tenha no palco a mesma

sensação que o público tem do Line, ape-

nas reforçando os instrumentos e vozes

que já não estejam amplificados no palco.

Trabalhando assim, a equipe conseguiu

uma uniformidade do som na igreja.

Em relação aos subgraves, são quatro

caixas Aero28A e uma CA 215A com

falante 2x18” da D.A.S. e mais dois

Celestion como front-fill por lado. Os

subs no chão são controlados por um au-

xiliar na mesa do P.A. que endereça para

esses subs somente os instrumentos que

precisam de um reforço nessa região,

como bumbo e baixo, por exemplo. “Isso

ajudou muito a controlar os graves e per-

mite uma mixagem limpa sem sobras de

graves em canais onde isso só atrapalha”,

ressaltou Augusto.

Conhecendo anova estruturaA nave do templo tem 57 metros de

comprimento, 22 metros de largura e 12

metros de altura (aproximadamente),

acrescentando ainda o mezanino que

tem mais 15 metros de comprimento por

22 metros de largura. Não existem pare-

des paralelas e o teto é dividido em ca-

madas, o que facilita na acústica.

O que foi feito na obra especificamente

direcionado para o projeto de som foi um

trabalho acústico

nas paredes do

templo e no pal-

co foram feitos

difusores e absor-

vedores com aca-

bamento em te-

cido. Não foi pre-

ciso rebaixar o teto,

pois este é revesti-

do com material

acústico da Isover.

AcústicaO responsável

pelo projeto de

acústica foi Celso

Junto, contratado

pela igreja, que

trabalha com desenvolvimento de projetos

de acústica na empresa Drum Acústica.

Antes do projeto do sistema line array, em

relação a tratamento acústico, existia ape-

nas o básico em forro vide de Santamarina

(plástico corrugado revestido com fibra de

vidro) e alguns rebatedores planos nas pa-

redes laterais da nave. Celso disse que ain-

da está no início do processo do trata-

Detalhes de como ficou a configuração do palco após as mudanças no sistema de monitoração

118 www.backstage.com.br

SOM NAS IGREJAS

Para saber mais sobre a história, usos

e aplicações do sistema line array, confira

as edições 128 e 146 da Backstage.

Para saber mais

mento acústico, que começou pelo palco

e provavelmente se estenderá por toda a

nave. “A importância de se ter hoje um

tratamento acústico adequado para o tipo

de proposta da igreja que é o louvor é o

mesmo que o de um teatro, casa de espe-

táculo, etc: uma boa reprodução sonora, e

consequentemente, boa percepção audi-

tiva do que está se desejando transmitir ao

público. Muda a mensagem, mas o trans-

missor, o receptor e o propósito são os mes-

mos”, declarou Celso. Foram feitas apenas

algumas portas acústicas e uma tentativa

de construir ressonadores. O projetista en-

controu dificuldades, em princípio, para

trabalhar com os cálculos para o palco. Ele

disse que não foram feitos cálculos exatos,

pois não havia como fazer as medições

sem os equipamentos funcionando (palco

e P.A.). Baseado então nas solicitações dos

técnicos, Celso empregou pela primeira

vez um artefato que desenvolveu e já

usou em escalas menores. Funciona como

defletor e absorvedor ao mesmo tempo e

que, segundo ele, funcionou.

Acompanhandoo mercadoDesde a sua fundação, há quinze anos,

a igreja já fez vários projetos de sonori-

zação, sempre visando a excelência em

suas atividades. Em cada etapa realizada,

os sistemas de som em questão atende-

ram, em princípio, à proposta da igreja.

Augusto Macchi comentou que cada

época teve a sua tecnologia e a melhoria

sempre é contínua na igreja. De acordo

com a forma de trabalho organizada pelo

pastor Marco Antônio, o chefe da equipe

técnica verifica alguns pontos em projetos

que foram bem- sucedidos e dá sugestões

de como podem ser feitas adaptações para

os próximos projetos. “Certa vez, utilizamos

um P.A. Fly, que melhorou bastante o som

em relação às caixas dispostas no chão, mas

ainda não era o ideal. Depois de algum

tempo, trocamos as caixas, refizemos o

processamento das vias do P.A. e mudamos

a angulação. O resultado foi bastante

satisfatório”, lembrou Augusto.

A igreja sempre recebeu muitos pastores

da Europa, EUA, brasileiros que possuem

ministério pastoral no exterior e inclusive o

Hillsong, da Austrália, um dos grupos de

Console Soundcraft Spirit Monitor 2 de 40 canaisutilizada pelos técnicos de monitoração de palco

louvor de maior expressão no mundo. Ao

perguntarmos a Augusto se o contato com

essas pessoas ajudou de alguma forma com

informações sobre uma sonorização ideal, o

técnico disse que de uma forma direta não,

porém, a igreja sempre acompanhou de per-

to as tendências da tecnologia do áudio no

Brasil e no exterior. “Alguns pastores com-

partilham conosco suas experiências no ex-

terior em relação à sonorização de suas igre-

jas e podemos trocar informações com algu-

mas pessoas responsáveis pelo som em cada

uma dessas igrejas. Posso citar Dave Watson,

hoje production manager da Hillsong

Church na Austrália. Ele esteve aqui em

dezembro de 2003 com a equipe de louvor e

o seu pastor”, comentou Augusto. O pastor

acompanhou de perto todas as mudanças e

gostou do resultado. “No aspecto funcional,

foi bastante significativo o uso do in-ear, pois

com isso melhoramos a monitoração indivi-

dual e, em conseqüência, temos um som

mais limpo no palco. Para os ouvintes, o line

array trouxe inteligibilidade. Esse projeto nos

trouxe para um novo nível e estamos felizes,

pois sabemos que a palavra de Deus está

sendo propagada com excelência às pesso-

as”, concluiu o pastor Marco Antônio.

A house mix tem posicionamento estratégico paraque o técnico tenha controle de tudo que acontece

Rack de periféricos utilizado para o sistema de P.A.da Comunidade Internacional da Zona Sul

Certa vez,utilizamos um P.A. Fly,

que melhoroubastante o som emrelação às caixas

dispostas no chão,mas ainda não

era o ideal