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CONFLITOS NA ÁFRICA ATUAL

Conflitos Na Africa Atual

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CONFLITOS NA ÁFRICA ATUAL

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O continente africano é palco de uma série de conflitos, consequência da intervenção colonialista, principalmente no fim do século XIX e início do século XX. Esse processo interferiu diretamente nas condições políticas, econômicas e sociais da população africana.

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A divisão territorial do continente teve como critério apenas os interesses dos colonizadores europeus, desprezando as diferenças étnicas e culturais da população local. Diversas comunidades, muitas vezes rivais, que historicamente viviam em conflito, foram colocadas em um mesmo território, enquanto grupos de uma mesma etnia foram separados.

Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu um intenso processo de independência das nações africanas. Porém, novos países se formaram sobre a mesma base territorial construída pelos colonizadores europeus, desrespeitando a cultura e a história das comunidades, consequentemente inúmeros conflitos étnicos pela disputa de poder foram desencadeados no interior desses países.

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Outro fator agravante para o surgimento desses conflitos na África se refere ao baixo nível socioeconômico de muitos países e à instalação de governos ditatoriais.

Durante a Guerra Fria, que envolveu os Estados Unidos e a União Soviética, ocorreu o financiamento de armamentos para os países africanos, fornecendo aparato técnico e financeiro para os distintos grupos de guerrilheiros, que muitas vezes possuíam – e ainda possuem - crianças que são forçadas, através de uma manipulação ideológica, a odiarem os diferentes grupos étnicos.

A participação de crianças nos conflitos armados

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São vários os conflitos no continente africano, o que é pior, muitos deles longe de um processo de pacificação. A maioria é motivada por diferenças étnicas, é o que acontece em Ruanda, Mali, Senegal, Burundi, Libéria, Congo e Somália, por exemplo.

Outros por disputas territoriais como Serra Leoa, Somália e Etiópia; questões religiosas também geram conflitos, é o que acontece na Argélia e no Sudão.

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Entenda os conflitos políticos da Angola

Após Angola conquistar a independência de Portugal em 1974, três partidos lutaram para ter o poder no país: o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), a Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola) e a FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola), que acabou se unindo à Unita.

Hoje, o MPLA é o governo reconhecido internacionalmente, com o presidente José Eduardo dos Santos, e domina a capital, Luanda, e a produção de petróleo. A Unita, por sua vez, domina a maior parte do país e a produção de diamantes.

No dia 31 de março de 1991, a MPLA e a Unita assinaram um acordo de paz que previa eleições livres, supervisionadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) no ano seguinte.

No entanto, após a vitória da MPLA, a Unita contestou os resultados da votação e reiniciou a guerra civil em outubro de 1992.

Os conflitos internos deixaram cerca de 500 mil mortos e 10 milhões de minas espalhadas pelo território angolano.

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Durante a Guerra Fria...

A União Soviética e principalmente Cuba apoiavam o MPLA, que controlava a cidade de Luanda. Os cubanos não tardaram a desembarcar em Angola (5 de Outubro de 1975). A África do Sul apoiava a UNITA e invadiu Angola (9 de Agosto de 1975). O Zaire, que apoiava a FNLA, invadiu também este país, em Julho de 1975. A FNLA contava também com o apoio da China, mercenários portugueses e ingleses mas também com o apoio da África do Sul.

Os EUA, que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardaram a ajudar também a UNITA. Neste caso, o apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola.

Em Outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se e o MPLA conseguiu formar um governo socialista uni-partidário.

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Atentado em Angola

Região da Cabinda luta há 35 anos por sua independência

O ataque ao ônibus da delegação do Togo na região da Cabinda, ao Norte de Angola, foi apenas mais um entre os vários atentados que já aconteceram na região. O motivo é a tentativa de independência em relação ao país – luta que acontece desde 1975. Confira detalhes do conflito:

LocalizaçãoCabinda é uma das 18 províncias de Angola. A região está localizada ao Norte do país, entre o Congo e a República Democrática do Congo.

IndependênciaAngola conseguiu sua independência de Portugal em 1974. Desde então, a Cabinda também busca sua autonomia. Um dos argumentos é o fato de a região não estar ligada territorialmente a Angola, que não aceita a separação.

AtentadosA Frente de Libertação do Estado de Cabinda (Flec) atua há mais de três décadas em busca da independência da região. Ao longo dos anos, diversos atentados aconteceram.

Falsa paz

Em janeiro de 2006, o governo angolano assinou acordo para reconciliação com os rebeldes de Cabinda. Aos poucos, porém, o povo passou a cobrar mais ações – o que resultou no ataque desta sexta-feira.

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Entenda o conflito na República Democrática do Congo

O atual conflito na República Democrática do Congo (RDC, chamada de Zaire entre 1971 e 1997) tem raízes em choques étnicos e em interesses comerciais e políticos que já levaram a ex-colônia belga a ser palco do que foi chamado de Primeira Guerra Mundial Africana, entre 1998 e 2003.

Nações vizinhas e até países como Zimbábue e Namíbia, que não fazem fronteira com o Congo, enviaram tropas ao território congolês em apoio às facções em combate.

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A instabilidade causada pelo grande fluxo de refugiados que entraram no país em 1994, fugindo de um genocídio em Ruanda, ajudou a enfraquecer a ditadura de Mobuto Sese Seko, que estava no poder desde 1965. Ele acabou derrubado em 1997 por uma rebelião liderada por Laurent Kabila, com apoio dos regimes de Ruanda e Uganda.

Mas os dois países logo passaram a desafiar a autoridade de Kabila, que buscou apoio de outros países para manter o poder no país, renomeado por ele de República Democrática do Congo.

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Angola, Chade, Sudão, Zimbábue e Namíbia apoiaram o regime de Kinshasa, e Ruanda, Uganda e Burundi -- este último de forma não oficial -- respaldaram o rebelde ACD (Agrupamento Congolês para a Democracia). Durante os seis anos de combate, cerca de 3,5 milhões de pessoas morreram de fome, doenças ou em razão da violência.

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Tréguas provisórias

Apesar de tréguas provisórias, os combates continuaram. Em janeiro de 2001, o presidente Laurent Kabila foi assassinado por um de seus guarda-costas. Seu filho Joseph, então com 30 anos, assumiu o cargo e, em outubro de 2002, assinou um acordo de paz com as facções rebeldes para criar um governo de unidade nacional.

Após o armistício, a ACD se transformou em um partido político, com atual presença no Parlamento após eleições gerais, e suas milícias foram absorvidas pelo Exército como parte do processo de reconciliação nacional.

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Os conflitos étnicos regionais, entretanto, persistiram. O atual conflito tem como protagonistas os mesmos atores locais, as antigas milícias da ACD que se integraram nas Forças Armadas da RDC, mas que só ficaram ao lado do governo até 2004.

Nesse ano, voltaram a pegar em armas contra Kinshasa quando o governo quis substituir Laurent Nkunda e outros comandantes da etnia tutsi congolesa, conhecidos também como banyamulenge, por militares de outras regiões da RDC.

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Tutsis Nkunda lidera cerca de 4.000 soldados, todos banyamulenges, e afirma que luta

para evitar que a comunidade seja massacrada pelas tribos rivais e pela milícia hutu interahamwe, acusada de genocídio dos tutsis de 1994 em Ruanda e que fugiu ao leste da RDC quando um regime tutsi assumiu o controle em Kigali, a capital ruandesa.

Kabila, que após liderar um governo de transição foi eleito para a Presidência em 2005, tem como aliadas as milícias locais Mai-Mai, que defendem seus territórios de outros grupos, e também as Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR).

Em meio aos combates cada vez mais freqüentes, a ONU (Organização das Nações Unidas) tenta manter a assistência às milhares de pessoas que vivem em campos de refugiados no país. A organização mantém no Congo a sua maior força de paz, com 17 mil soldados.

A fragilidade do governo, que não consegue manter presença em todo o território do terceiro maior país da África, possibilita o domínio de áreas do país pelos rebeldes --algumas com ricas minas de cobre, ouro, diamante e zinco-- e alimenta o temor de que países vizinhos ambicionem novamente envolver-se de forma direta no conflito.

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Genocídio em Ruanda

Genocídio em Ruanda foi um genocídio perpetrado em Ruanda em 1994 por facções de hutus que atacaram tutsis e hutus moderados.

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É distinguido em Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário de tutsis.

Desde a independência do país da Bélgica, os seus líderes sempre foram tutsis, num contexto de rivalidade étnica agravada com o tempo devido à escassez de terras e à fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café.

Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e Ruanda perdeu 40% de sua renda com exportação. Nesta época, o país enfrentou sua maior crise alimentícia dos então últimos 50 anos, ao mesmo tempo em que aumentava os gastos militares em detrimento a investimentos em infra-estrutura e serviços públicos.

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Apurou-se que o genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas de ajuda internacionais, tais como o financiamento fornecido pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional sob um Programa de Ajuste Estrutural.

Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda — uma das nações mais pobres da terra — com 4,6 milhões de dólares gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões Hutus.

Segundo Melvern, o primeiro-ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra de gabinete teria dito que ela era "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os tutsis... sem os Tutsis todos os problemas de Ruanda desapareceriam".

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Em Abril de 1994, a morte do presidente Juvenal Habyarimana, num atentado em avião, e o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, e causou um deslocamento maciço de pessoas para campos de refugiados situados na fronteira com os países vizinhos, em especial o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em Agosto de 1995, tropas do Zaire tentaram expulsar esses refugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas foram então devolvidas a Ruanda, enquanto outras 150.000 refugiaram-se nas montanhas.

Mais de 500.000 pessoas foram assassinadas e quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.

Estima-se que foram mortos cerca de um milhão de pessoas, a grande maior parte da minoria étnica Tutsi, em atos de violência praticados pela maioria Hutu que estava governando o pais.

Talvez nunca se venha a saber quantos mortos provocou. Calcula-se entre 500 mil a 1 milhão

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Conflito entre Chade e Sudão

A atual Guerra civil no Chade teve início em dezembro de 2005. O conflito envolveu forças governamentais e de vários grupos rebeldes chadianos - estas incluem a Frente Unida pela Mudança Democrática (FUC), a União das Forças para a Democracia e Desenvolvimento (UFDD), a Reunião de Forças pela Mudança (RFC) e a Concórdia Nacional do Chade (CNT).

Ao lado dos rebeldes, está a milícia árabe Janjaweed, abertamente apoiada pelo governo do Sudão. A Líbia tem tentado intermediar o conflito, assim como diplomatas de outros países.

O Governo do Chade estimava em janeiro de 2006 que 614 cidadãos chadianos tinham sido mortos nas batalhas fronteiriças. Em 8 de fevereiro de 2006, foi assinado o "Acordo de Trípoli", que cessou a guerra por aproximadamente dois meses.

No entanto, a persistência de combates levou a várias tentativas para um novo acordo. Em 2007, surgiu uma brecha entre as duas principais tribos, a Zaghawa e a Tama. A tribo Zaghawa, a qual pertence o presidente chadiano Idriss Déby, acusa o governo sudanês de colaborar com os membros da tribo rival Tama.

A guerra civil no Chade é uma guerra regional, que tem profundas ligações a conflitos em Darfur e na República Centro-Africana.

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Chade e Sudão

Desde 2004, militantes da milícia sudanesa Janjaweed envolvidos no conflito de Darfur têm atacado aldeias e vilas no leste do Chade, roubando gado, assassinando cidadãos e queimando suas casas.

Mais de 200 mil refugiados da região de Darfur, região noroeste do Sudão, pediram asilo no leste do Chade. Refugiados da República Centro-Africana também estão entrando, sob a supervisão das Nações Unidas, no sul do Chade.

O presidente Idriss Déby acusa o seu correspondente sudanês Omar Hassan Ahmad al-Bashir de tentar desestabilizar o Chade, exportando a guerra de Darfur para o seu país.

Dois grupos rebeldes, o RDL e o SCUD (formados entre agosto e outubro de 2005), tentaram derrubar o governo do Chade, acusado por eles de corrupção e totalitarismo.

Atualmente, existem mais de 4 mil rebeldes na região fronteiriça entre Sudão e Chade.

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Acordo de Dacar

Em março de 2008, os presidentes Idriss Deby e Omar al-Bashir assinaram mais um acordo de paz que visava colocar fim a cinco anos de hostilidades entre Chade e Sudão.

Os dois líderes se comprometiam a pôr em prática pactos de não-agressão firmados nos fracassados tratados anteriores. A assinatura do novo acordo foi feita durante uma cúpula da Organização da Conferência Islâmica, em Dacar, Senegal, e contou ainda com a presença do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon e com a mediação do presidente senegalês Abdoulaye Wade.

Mas em maio, os dois países rompiam novamente relações diplomáticas.

Ofensiva rebelde

Em 12 de junho de 2008, tropas da União Europeia no leste do Chade reforçaram as patrulhas em torno dos campos de refugiados e de ajuda internacional, após os rebeldes anunciaram uma nova ofensiva.

O governo do Chade e os rebeldes davam versões conflitantes sobre as movimentações militares na região Dar Sila, perto da fronteira Sudão, onde soldados irlandeses da UE faziam a proteção dos campos de refugiados das Nações Unidas para chadianos e sudaneses.

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Entenda o conflito na Somália

A guerra na Somália se intensificou com o envolvimento de forças militares etíopes no conflito entre o governo interino somali e a milícia islâmica que controla boa parte do país.

Quem, afinal, governa a Somália?

É um governo interino - liderado pelo presidente Abdullahi Yusuf e reconhecido pela comunidade internacional - tido como fraco e cada vez mais impotente para lidar com as milícias das União das Cortes Islâmicas (UCI).

O ministro da Defesa teve que fugir com suas tropas quando as UCI avançaram sobre o porto de Kismayo, até então controlado pelo governo. O governo, cuja sede fica em Baidoa, pediu ajuda internacional. O Conselho de Segurança da ONU aprovou planos de enviar uma força de paz africana para apoiar o governo.

O apoio mais consistente ao governo vem da Etiópia, que iniciou uma incursão militar direta na Somália contra alvos da milícia islâmica.

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O que é a União das Cortes Islâmicas?

Trata-se de uma rede formada por 11 tribunais islâmicos criados na capital somali, Mogadíscio, financiados por comerciantes e empresários preocupados com a crescente anarquia na cidade.

O objetivo da UCI é restaurar e impor a Sharia, lei islâmica, e por fim à impunidade e a criminalidade na região. Moradores locais disseram que a atividade criminosa foi reduzida na cidade graças às milícias. Mas há temores de que o objetivo real das milícias seria o de transformar a Somália num Estado islâmico.

Os Estados Unidos temem que a UCI esteja dando refúgio a militantes da Al-Qaeda, e acredita-se que Washington esteja apoiando a aliança de líderes tribais formada em Mogadíscio para combater a milícia.

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Quem apóia a União das Cortes Islâmicas?A milícia tem ficado cada vez mais popular entre os residentes da capital somali, mas não se sabe ao certo de onde vêm as armas e o financiamento de sua campanha militar.

Um relatório da ONU disse que as Cortes estavam sendo providas de armas pela Eritréia, e que o governo interino somali estava sendo armado pela Etiópia. Houve quem dissesse que a UCI estaria sendo financiada pela Arábia Saudita.

Quais são as supostas ligações com a Al-Qaeda?A UCI nega qualquer ligação com a Al-Qaeda. Mas diplomatas acreditam que pequenos grupos de militantes, entre eles estrangeiros, estariam operando no país.

Houve pelo menos quatro ataques contra alvos dos Estados Unidos ou Israel em países do leste africano, todos eles ligados à Somália.

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Qual é o papel da Etiópia no conflito?

A Etiópia está preocupada com o avanço da milícia islâmica na Somália, que considera uma ameaça, e, por isso, resolveu intervir com uma ação militar no país vizinho.

O Exército etíope enviou tanques e artilharia pesada ao país, e jatos da força aérea etíope iniciaram bombardeios contra alvos da milícia islâmica. O exército da Etiópia é um dos maiores e mais bem-equipados da África, com mais de cem mil soldados treinados. Mas apesar de o primeiro-ministro etíope, Meles Zeawi, querer uma guerra "rápida e vitoriosa", a tarefa não vai ser fácil.

Vários grupos rebeldes prometeram que irão resistir ao avanço etíope. Além disso, o exército da Etiópia se vê obrigado a manter uma forte presença em duas frentes. Uma na Somália e outra na fronteira com a Eritréia, ao norte, contra quem a Etiópia foi à guerra por uma disputa territorial. A Eritréia está mobilizada e fortemente armada.

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Conflitos na Nigéria envolvem questões religiosas e disputas por terras

A origem dos conflitos entre muçulmanos e cristãos na Nigéria, segundo alguns relatos, não se limita apenas a disputas religiosas. Por trás da violência está, também, a briga por terra e recursos naturais.

O confronto étnico-religioso do Estado de Plateau, região onde o norte mulçumano da etnia fulani encontra-se com o sul cristão da etnia berom.

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Nome oficial: República Federal da Nigéria

Tipo de governo: República Federal

Capital: Abuja

Divisão administrativa: 36 estados e 1 território

População: 149.229,090

Grupos etnicos: Composto por mais de 250 grupos

Religiões: Muçulmanos 50%, Cristãos 40% e crenças indígenas 10%

Idiomas: Inglês (oficial), Hausa, Ioruba, Ibo, Fulani

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Para o nigeriano Chima Korieh, professor assistente do Departamento de História da Universidade de Marquette, nos Estados Unidos, existem aspectos religiosos que explicam os confrontos, mas não se pode descartar as questões econômicas e políticas.

“A maior parte desta região é habitada por cristãos, mas há muitos muçulmanos emigrando para lá. Isso tem feito com que haja contestação em torno dos recursos [naturais] e da terra. Os cristãos acham que os muçulmanos querem tomar o que é deles, e o governo não tem feito nada” explica Korieh.

Os fulanis são nômades e pecuaristas que foram para a região de Jos -capital do Estado de Plateau- em busca de pasto. Já os berons são agricultores e controlam as terras férteis.

“É preciso ir à raiz do problema. O problema de acesso aos recursos, [definir] a quem pertence os recursos e de quem é a terra. Se nada for feito, isso [os confrontos] continuará acontecendo”, afirma Koriech.

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Segundo explica o professor nigeriano, as disputas na região são antigas e têm crescido nos últimos anos. Os conflitos envolvendo cristãos e muçulmanos na Nigéria deixaram mais de 12 mil mortos desde 1999, quando foi implantada a sharia (lei islâmica) em 12 Estados do norte do país.

“Em 1967, antes da Guerra Civil na Nigéria começar, tivemos muitos assassinatos entre muçulmanos e cristãos no norte. [O primeiro conflito de] 1999 não foi um caso isolado, é algo que vem crescendo na Nigéria desde a década de 50 do século passado”, afirma.

O último confronto tinha ocorrido em janeiro deste ano, quando cristãos atacaram e mataram mais de 300 muçulmanos. Os ataques seriam uma vingança por parte dos fulanis.