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131 Pereira RMS, Selvati FS, Ramos KS, Teixeira LGF, Silva LR. Conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre sífilis: revisão integrativa. São Paulo: Rev Recien. 2020; 10(31):131-141. Como citar este artigo: DOI: https://doi.org/10.24276/rrecien2020.10.31.131-141 CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DE ENFERMEIROS E MÉDICOS SOBRE SÍFILIS: REVISÃO INTEGRATIVA Resumo: Este estudo teve como objetivo descrever, a partir da literatura, conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre o manejo da sífilis. Foi feita pesquisa na BVS e Portal de Periódicos CAPES, utilizando os descritores “Conhecimentos, atitudes e prática em saúde” AND “Sífilis”, com texto completo, publicados entre os anos de 2009 e 2019. Foram analisados 4 artigos e 5 dissertações. Foram encontradas deficiências na definição de casos, diagnóstico, tratamento com penicilina e também no tratamento para alérgicos a esta droga. Foram encontradas inadequações em atitudes recomendadas nos protocolos e relacionadas a convocação de parceiros para a testagem. As práticas relacionadas a abordagem do parceiro e a prescrição e administração de penicilina na UBS também apresentaram fragilidades. Conclui-se que existe um longo caminho a percorrer em busca de conformidade de conhecimentos, atitudes e práticas de médicos e enfermeiros frente ao manejo da sífilis e que a educação permanente em saúde pode ser uma saída para enfrentamento desta realidade. Descritores: Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde, Sífilis, Atenção à Saúde. Knowledge, attitudes and practices of nurses and doctors on syphilis: integrative review Abstract: This study aimed to describe, from the literature, knowledge, attitudes and practices of nurses and doctors about the management of syphilis. Research was carried out in the VHL and CAPES Journal Portal, using the descriptors “Health knowledge, attitudes and practice” AND “Syphilis”, with full text, published between the years 2009 and 2019. 4 articles and 5 dissertations were analyzed. Deficiencies were found in the definition of cases, diagnosis, treatment with penicillin and also in the treatment for those allergic to this drug. Inadequacies were found in attitudes recommended in the protocols and related to calling partners for testing. Practices related to the partner's approach and the prescription and administration of penicillin at the BHU also showed weaknesses. It is concluded that there is a long way to go in search of conformity of knowledge, attitudes and practices of doctors and nurses regarding the management of syphilis and that permanent education in health can be a way out to face this reality. Descriptors: Health Knowledge, Attitudes and Practice, Syphilis, Health Care. Conocimientos, actitudes y prácticas de enfermeras y doctores sobre la sífilis: revisión integrativa Resumen: Este estudio tuvo como objetivo describir, a partir de la literatura, el conocimiento, las actitudes y las prácticas de las enfermeras y los médicos sobre el manejo de la sífilis. La investigación se llevó a cabo en el Portal de la revista BVS y CAPES, utilizando los descriptores “Conocimientos, actitudes y práctica en salud” Y “Sífilis”, con texto completo, publicado entre los años 2009 y 2019. Se analizaron 4 artículos y 5 disertaciones. Se encontraron deficiencias en la definición de casos, diagnóstico, tratamiento con penicilina y también en el tratamiento de las personas alérgicas a este medicamento. Se encontraron deficiencias en las actitudes recomendadas en los protocolos y relacionadas con la llamada a los socios para las pruebas. Las prácticas relacionadas con el enfoque de la pareja y la prescripción y administración de penicilina en el BHU también mostraron debilidades. Se concluye que hay un largo camino por recorrer en busca de la conformidad del conocimiento, las actitudes y las prácticas de los médicos y enfermeras con respecto al manejo de la sífilis y que la educación permanente en salud puede ser una salida para enfrentar esta realidad. Descriptores: Conocimientos, Actitudes y Prácticas en Salud, Sífilis, Atención de Salud. Renata Martins da Silva Pereira Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem e Biociências da UNIRIO. Professora do UniFOA e UERJ. E-mail: [email protected] Flávia de Souza Selvati Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA. E-mail: [email protected] Karina de Souza Ramos Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA. E-mail: [email protected] Lohany Gomes Ferreira Teixeira Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA. E-mail: [email protected] Leila Rangel da Silva Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora titular de DEMI da UniRIO. E-mail: [email protected] Submissão: 24/04/2020 Aprovação: 15/08/2020

CONHECIMENTOS, ATITU DES E PRÁTICAS DE ENFERMEIROS E

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Page 1: CONHECIMENTOS, ATITU DES E PRÁTICAS DE ENFERMEIROS E

131

Pereira RMS, Selvati FS, Ramos KS, Teixeira LGF, Silva LR. Conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre sífilis: revisão integrativa. São Paulo: Rev Recien. 2020; 10(31):131-141.

Como citar este artigo:

DOI: https://doi.org/10.24276/rrecien2020.10.31.1 31-141

CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DE ENFERMEIROS E MÉDICOS SOBRE SÍFILIS: REVISÃO INTEGRATIVA

Resumo: Este estudo teve como objetivo descrever, a partir da literatura, conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre o manejo da sífilis. Foi feita pesquisa na BVS e Portal de Periódicos CAPES, utilizando os descritores “Conhecimentos, atitudes e prática em saúde” AND “Sífilis”, com texto completo, publicados entre os anos de 2009 e 2019. Foram analisados 4 artigos e 5 dissertações. Foram encontradas deficiências na definição de casos, diagnóstico, tratamento com penicilina e também no tratamento para alérgicos a esta droga. Foram encontradas inadequações em atitudes recomendadas nos protocolos e relacionadas a convocação de parceiros para a testagem. As práticas relacionadas a abordagem do parceiro e a prescrição e administração de penicilina na UBS também apresentaram fragilidades. Conclui-se que existe um longo caminho a percorrer em busca de conformidade de conhecimentos, atitudes e práticas de médicos e enfermeiros frente ao manejo da sífilis e que a educação permanente em saúde pode ser uma saída para enfrentamento desta realidade. Descritores: Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde, Sífilis, Atenção à Saúde.

Knowledge, attitudes and practices of nurses and doctors on syphilis:

integrative review

Abstract: This study aimed to describe, from the literature, knowledge, attitudes and practices of nurses and doctors about the management of syphilis. Research was carried out in the VHL and CAPES Journal Portal, using the descriptors “Health knowledge, attitudes and practice” AND “Syphilis”, with full text, published between the years 2009 and 2019. 4 articles and 5 dissertations were analyzed. Deficiencies were found in the definition of cases, diagnosis, treatment with penicillin and also in the treatment for those allergic to this drug. Inadequacies were found in attitudes recommended in the protocols and related to calling partners for testing. Practices related to the partner's approach and the prescription and administration of penicillin at the BHU also showed weaknesses. It is concluded that there is a long way to go in search of conformity of knowledge, attitudes and practices of doctors and nurses regarding the management of syphilis and that permanent education in health can be a way out to face this reality. Descriptors: Health Knowledge, Attitudes and Practice, Syphilis, Health Care.

Conocimientos, actitudes y prácticas de enfermeras y doctores sobre la sífilis:

revisión integrativa

Resumen: Este estudio tuvo como objetivo describir, a partir de la literatura, el conocimiento, las actitudes y las prácticas de las enfermeras y los médicos sobre el manejo de la sífilis. La investigación se llevó a cabo en el Portal de la revista BVS y CAPES, utilizando los descriptores “Conocimientos, actitudes y práctica en salud” Y “Sífilis”, con texto completo, publicado entre los años 2009 y 2019. Se analizaron 4 artículos y 5 disertaciones. Se encontraron deficiencias en la definición de casos, diagnóstico, tratamiento con penicilina y también en el tratamiento de las personas alérgicas a este medicamento. Se encontraron deficiencias en las actitudes recomendadas en los protocolos y relacionadas con la llamada a los socios para las pruebas. Las prácticas relacionadas con el enfoque de la pareja y la prescripción y administración de penicilina en el BHU también mostraron debilidades. Se concluye que hay un largo camino por recorrer en busca de la conformidad del conocimiento, las actitudes y las prácticas de los médicos y enfermeras con respecto al manejo de la sífilis y que la educación permanente en salud puede ser una salida para enfrentar esta realidad. Descriptores: Conocimientos, Actitudes y Prácticas en Salud, Sífilis, Atención de Salud.

Renata Martins da Silva Pereira Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem e

Biociências da UNIRIO. Professora do UniFOA e UERJ.

E-mail: [email protected]

Flávia de Souza Selvati Acadêmica de Enfermagem do Centro

Universitário de Volta Redonda - UniFOA. E-mail: [email protected]

Karina de Souza Ramos Acadêmica de Enfermagem do Centro

Universitário de Volta Redonda - UniFOA. E-mail: [email protected]

Lohany Gomes Ferreira Teixeira Acadêmica de Enfermagem do Centro

Universitário de Volta Redonda - UniFOA. E-mail: [email protected]

Leila Rangel da Silva Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora titular de DEMI da UniRIO.

E-mail: [email protected]

Submissão: 24/04/2020 Aprovação: 15/08/2020

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Pereira RMS, Selvati FS, Ramos KS, Teixeira LGF, Silva LR . Conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre sífilis: revisão integrativa. São Paulo: Rev Recien. 2020; 10(31):131-141

Introdução

O controle da sífilis torna-se necessário frente à

constatação através de dados epidemiológicos que a

apontam como uma das prioridades de atenção e

cuidados na atenção primária à saúde, visto que em

2016, a sífilis foi declarada como um grave problema

de saúde pública no Brasil. Entre outras Infecções

Sexualmente Transmissíveis (IST), o combate ao

agravo faz parte dos principais instrumentos de gestão

de estados, Distrito Federal e municípios1.

Entre 2017 e 2018 houve incremento nos

números de casos de sífilis notificados, sendo, em

2017 observados no Sinan 119.800 casos de sífilis

adquirida (taxa de detecção de 59,1 casos/100 mil

habitantes); 49.013 casos de sífilis em gestantes (taxa

de detecção de 17,2/1.000 nascidos vivos); 24.666

casos de sífilis congênita (taxa de incidência de

8,6/1.000 nascidos vivos); e 206 óbitos por sífilis

congênita (taxa de mortalidade de 7,2/100 mil

nascidos vivos). Em 2018 ocorreram (75,8 casos/100

mil habitantes) de sífilis adquirida; (21,4/ 1000

nascidos vivos de sífilis em gestantes) e a sífilis

congênita apresentou (9,0 casos/ 1.000 nascidos vivos

em 2018)1,2.

A sífilis foi à doença sexualmente transmissível

mais grave da história da saúde pública até o

surgimento da síndrome da imunodeficiência

adquirida (AIDS). Estava indissociavelmente ligada ao

trabalho sexual e tornou-se o centro das atenções da

comunidade médica global. A sua história está

associada a fatores como a história social e econômica

de cada país, a falta de conhecimento dos

profissionais de saúde em lidar com a infecção e a

desinformação dos cidadãos como um todo, os quais

contribuíram para sua propagação em todo o mundo3.

Desta forma torna-se mister em nosso tempo

discutir conhecimentos, atitudes e práticas (CAP) de

profissionais de saúde que lidam diariamente com o

manejo da sífilis. Os conhecimentos aqui discutidos

referem-se ao texto representado pelos livros e

documentações escritas, ou por taxonomias e regras,

aliado ao conhecimento tácito que advém da

experiência pessoal acumulada ao longo de muitos

anos, sendo marcado pela intuição, pelo bom senso e

insights4.

Já as atitudes denotam o movimento interno em

direção à realização das ações. Podem ser definidas

como estados mentais conscientes ou inconscientes

envolvendo valores, crenças ou sentimentos, os quais

predispõem os indivíduos ao comportamento ou à

ação5.

E por fim a prática que pode ser entendida como

o contrário da teoria, ou seja, aquilo que é realizado,

ou seja, a ação consciente sobre o objeto de cuidado

ou de saúde. Sobre a prática recaem as legitimidades

profissionais e a ética nas condutas frente aos clientes

na área de saúde. Segundo Leis e Códigos

Profissionais, interessa o que fazer nos procedimentos

técnicos e éticos, nas condutas e comportamentos

aliados aos cuidados de saúde, atentando para

segurança e qualidade de atos e operações dos

profissionais de saúde6.

Estudos realizados no sul e nordeste do Brasil

apontam que os profissionais de saúde apresentam

fragilidades quanto ao manejo da sífilis,

principalmente voltados para o diagnóstico e

tratamento de parceiros, uso de medicação alternativa

em caso de pacientes alérgicos a penicilina, e o

cuidado voltado aos parceiros para dar continuidade

ao tratamento completo e adequado. Além de

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133

Pereira RMS, Selvati FS, Ramos KS, Teixeira LGF, Silva LR . Conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre sífilis: revisão integrativa. São Paulo: Rev Recien. 2020; 10(31):131-141

demonstrarem inconformidades nas suas ações

quando comparadas aos critérios relacionados a

conhecimento e práticas recomendados pelo

Ministério da Saúde7,8.

Para enfrentar os desafios apresentados frente as

doenças infecciosas persistentes como a sífilis, torna-

se necessário voltar o olhar para a atuação dos

profissionais de saúde, dado que são pontos chave

para a assistência de qualidade e o controle efetivo da

sífilis.

Objetivo

Descrever, a partir da literatura, conhecimentos,

atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre o

manejo da sífilis.

Material e Método

A fim de analisar as produções científicas sobre

conhecimentos, atitudes e práticas (CAP) e sífilis e

discutir como se dá a relação entre conhecer, ter

atitudes e práticas corretas frente ao manejo da sífilis,

realizou-se uma revisão integrativa que de acordo com

Souza, Silva e Carvalho9, divide-se em 6 partes.

Primeiramente, foi realizado a identificação da

seguinte questão norteadora: que conhecimentos,

atitudes e práticas de enfermeiros e médicos no

manejo da sífilis, são descritos na literatura

pesquisada?

Para realizar a pesquisa foram utilizadas duas

plataformas de dados, a Biblioteca Virtual em Saúde

(BVS) e o Portal de Periódicos CAPES. Nas duas

plataformas foram utilizados os mesmos critérios de

busca: uso dos Descritores em Ciências da Saúde

(DeCS), selecionados a partir do operador booleano

(AND): “Conhecimentos, atitudes e prática em saúde”

AND “Sífilis”. E ainda foram utilizados os filtros, texto

completo, publicados entre os anos de 2009 e 2019, e

quando possível assunto principal “sífilis”.

A fim de maximizar a busca também foram

utilizadas as palavras separadas em conjunto com o

termo sífilis: “conhecimento” and ”sífilis”, “atitudes”

and ”sífilis” e “práticas” and ”sífilis”.

Na segunda etapa, realizou-se a seleção da

amostragem a partir dos critérios de inclusão e

exclusão. Foram incluídos artigos e dissertações que

tratassem de conhecimentos, atitudes e práticas de

enfermeiros e médicos frente o manejo da sífilis, nos

idiomas inglês, espanhol e português. Foram excluídos

monografias; documentos de projetos; amostras

duplicadas; artigos não disponíveis na íntegra; e

artigos com o assunto principal não relacionado ao

tema estudado.

Na terceira etapa foi realizada a categorização dos

estudos - extração de informações dos artigos que

foram selecionados. Na quarta etapa, realizou-se a

leituras dos artigos para avaliação, na quinta etapa

iniciou-se a discussão e interpretação dos dados que

responderam a questão norteadora e na sexta etapa,

reuniu-se a síntese da revisão para apresentação.

Os dados foram organizados em quadros

contendo título, autores, ano de publicação, tipo de

estudo e objetivos para facilitar a exposição dos

achados.

Resultados e Discussão

Na BVS quando pesquisado “Conhecimentos,

atitudes e prática em saúde” and “sífilis” obteve um

resultado de 78 títulos e somente 9 tratavam do

assunto pesquisado. Quando pesquisado

“conhecimento” and “sífilis” obteve um resultado de

83 textos, “atitudes” and “sífilis” obteve um resultado

de 81 artigos e “práticas” and “sífilis” obteve um

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Pereira RMS, Selvati FS, Ramos KS, Teixeira LGF, Silva LR . Conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre sífilis: revisão integrativa. São Paulo: Rev Recien. 2020; 10(31):131-141

resultado de 131 artigos, sendo 9 artigos elegíveis,

porém estes já haviam sido contabilizados na primeira

etapa.

No Periódico CAPES quando pesquisado

“Conhecimentos, atitudes e prática em saúde” and

“sífilis” não aparece nenhum artigo. Quando

pesquisado “conhecimentos” and “sífilis” aparecem 94

títulos no entanto somente 4 artigos de enquadravam

na temática. Quando pesquisado “atitudes” and

“sífilis” apareciam 49 títulos e somente 3 artigos se

relacionavam com a temática. Quando pesquisado por

“práticas” and “sífilis” apareciam 80 títulos e foram

aproveitados destes somente 2 artigos.

Sendo assim do total de 596 textos, foram lidos

os títulos e resumos excluindo aqueles que não

tinham coesão direta com a questão de pesquisa

(etapa 1); foram excluídos 9 textos repetidos (etapa

2). Diante disso, após a seleção obteve- se um

resultado de 4 artigos e 5 dissertações que fizeram

parte desta revisão (etapa 3).

Figura 1. Fluxograma das fases da revisão integrativa sobre conhecimentos, atitudes e prática em saúde e sífilis.

Fonte: Dados da pesquisa. Rio de Janeiro. 2020.

Os dados do quadro 1 apontam que a maioria dos estudos foram publicados nos anos de 2013, 2015 e 2017.

100 % foram realizados no Brasil, 88,8 % pertencem à área de enfermagem e 88,8 % apresentaram níveis de

evidência VI. No quadro 2 são apresentadas a classificação das publicações, referentes aos períodos de 2012-2017,

segundo os autores, ano de publicação, título, periódico e objetivos.

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Pereira RMS, Selvati FS, Ramos KS, Teixeira LGF, Silva LR . Conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre sífilis: revisão integrativa. São Paulo: Rev Recien. 2020; 10(31):131-141

Quadro 1. Distribuição das produções científicas por ano de publicação, contexto geográfico, perfil profissional/acadêmico do primeiro autor, nacionalidade da instituição de filiação e níveis de evidências (n=9).

Propriedade dos artigos e dos autores N %

Ano de publicação

2017 2 33,3

2015 2 22,2

2014 1 11,1

2013 2 22,2

2012 1 11,1

Perfis profissionais dos primeiros autores

Médica 1 11,1

Enfermeira 8 88,8

Níveis de evidência

Nível I - Revisão Sistemática ou Metanálise 0

Nível II - Estudo randomizado controlado 0

Nível III - Estudo controlado sem randomização 0

Nível IV - Estudo caso controle ou estudo de coorte 1 11,0

Nível V- Revisão sistemática de estudos qualitativos ou descritivos 0

Nível VI - Estudo qualitativo ou descritivo 9 88,8

Nível VII - Opinião ou consenso 0

Fonte: Dados da pesquisa. Rio de Janeiro. 2020. Quadro 2. Características Dos Textos Sobre Conhecimentos, Atitudes E Práticas em Saúde e Sífilis, contidos na BVS e Periódicos Capes, 2009 a 2019.

Autor e Ano Título Periódico Objetivos do estudo

Santos RR, et al, 2017

Conhecimento e conformidade quanto às práticas de diagnóstico

e tratamento da sífilis em maternidades de Teresina - PI,

Brasil

Revista Brasileira de Ginecologia e

Obstetrícia

Avaliar o conhecimento e a conformidade em práticas de

diagnóstico e tratamento no manejo da sífilis por ocasião da admissão

para o parto entre os profissionais de saúde atuantes nas maternidades

de Teresina

Quinteiro NM, 2017

Conhecimento, atitude e práticas de tocoginecologistas de Campinas

frente a triagem sorológica de sífilis na gestação e prevenção de

sífilis congênita

Dissertação Universidade Estadual de Campinas

Avaliar conhecimento, atitude e prática dos médicos

tocoginecologistas da região de Campinas frente à triagem

sorológica para sífilis durante a gravidez e a prevenção da sífilis

congênita

Lazarini FM, Barbosa DA, 2017

Intervenção educacional na Atenção Básica para prevenção da

sífilis congênita

Rev Latino Am Enfermagem

Avaliar a eficiência da intervenção educacional no conhecimento dos profissionais de saúde da Atenção

Básica e verificar o impacto nas taxas de transmissão vertical da

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sífilis congênita

Rodrigues RMSM, 2015

Conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais da

Estratégia Saúde da Família de Teresina para o controle da sífilis

em gestante

Dissertação FIOCRUZ

Verificar os conhecimentos, as ati-tudes e as práticas dos profissionais de saúde que atuam na ESF de Tere-sina e identificar as suas principais

dificuldades para a implantação dos protocolos assistenciais e suas pro-postas para o avanço da assistência

no controle da sífilis na gestação

Santos RR, 2015

Conhecimento e práticas dos profissionais de saúde das maternidades públicas de

Teresina, Piauí, no manejo da sífilis na gestação e congênita

Dissertação FIOCRUZ

Avaliar os conhecimentos e práticas dos profissionais de saúde atuantes

nas maternidades públicas de Teresina, Piauí, sobre o manejo da

sífilis na gestação e congênita, segundo os protocolos normatizados pelo MS

Silva DMA, et al, 2014

Conhecimento dos profissionais de saúde acerca da transmissão vertical da sífilis em Fortaleza

Texto Contexto Enfermagem

Verificar o conhecimento de profissionais da Estratégia Saúde da Família sobre ações de prevenção e controle da transmissão vertical da

sífilis

Gomes SF, 2013

Conhecimentos, atitudes e práticas dos médicos e

enfermeiros das unidades de saúde da família sobre sífilis em

gestantes na cidade do Recife- PE

Dissertação Universidade

Federal de Pernambuco

Analisar os conhecimentos, atitudes e práticas dos médicos e

enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família na assistência pré-natal das gestantes com Sífilis da cidade

do Recife

Domingues RMSM, 2013

Manejo da sífilis na gestação: conhecimentos, práticas e atitudes dos profissionais pré-natalistas da rede SUS do município do Rio de

Janeiro

Ciência Saúde Coletiva

Avaliar os conhecimentos, as práticas e as atitudes dos

profissionais pré-natalistas da rede de serviços públicos de saúde (SUS)

do município do Rio de Janeiro (MRJ) e identificar as principais

barreiras para a implantação dos protocolos assistenciais de manejo

da sífilis na gestação

Costa CC, 2012

Conhecimento, atitude e prática dos enfermeiros acerca do

controle da sífilis na gestação

Dissertação Universidade

Federal do Ceará

Avaliar o conhecimento, a atitude e a prática dos enfermeiros atuantes na Estratégia Saúde da Família (ESF)

acerca do controle da sífilis na gestação; comparar o conhecimento e a atitude com a prática em relação

à sífilis na gestação

Fonte: Dados da pesquisa. Rio de Janeiro. 2020.

Os estudos analisados demonstram em sua

maioria, ou seja 6 estudos, o forte empenho dos

pesquisadores em avaliar a atenção a gestação, parto

e nascimento, quando privilegiam para suas

discussões temas voltados para sífilis na gestante e

sífilis congênita10-14.

Dois estudos foram baseados na avaliação de

conhecimentos, atitudes e práticas de profissionais e

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sua correlação com os protocolos assistenciais

vigentes15,16.

E um estudo buscou avaliar os conhecimentos de

profissionais após uma intervenção educativa sobre

sífilis17.

Estudo realizado em Campinas/SP em 2017

buscou conhecer a prevalência do conhecimento,

atitude e prática de tocoginecologistas diante de casos

de gestante com sífilis para prevenção de sífilis

congênita e também da avaliação do contexto da sífilis

na gestante e congênita no Brasil, comparando com

outro estudo realizado em 2010. Ambos os estudos

sugerem que há um desconhecimento sobre a triagem

sorológica no diagnóstico de sífilis na gestante, sobre a

situação epidemiológica da sífilis no Brasil e uma

parcela de profissionais que demonstraram conduta

inadequada10.

Quanto à adequação do conhecimento em

relação a gestante com VDRL de alta titulação, apenas

55,3% dos médicos responderam corretamente e

quando questionados sobre o tratamento, 91%

respondeu de forma inadequada. Em gestante com

baixa titulação, 60% dos médicos souberam informar o

diagnóstico correto, porém apenas 68% soube

informar o tratamento correto10.

Em um estudo realizado em Teresina/PI que

também objetivou avaliar o conhecimento de médicos

e enfermeiros frente às práticas de diagnóstico e

tratamentos da sífilis em pacientes admitidos para o

parto. Com uma amostra de 159 profissionais, 39%

afirmaram ter recebido algum treinamento sobre o

manejo da sífilis e 66% relatou conhecer o manual do

MS sobre prevenção de sífilis. Os resultados

demonstram conhecimento deficiente em relação ao

tratamento de mulheres com alergia a penicilina, na

avaliação dos exames sorológicos maternos pós

tratamento e o intervalo entra as doses de penicilina

em gestantes. Das três unidades de saúde que

participaram do estudo somente 37% dos profissionais

relataram chamar o parceiro para realização do teste

para sífilis. E as barreiras que mais impedem o manejo

adequado é a falta do registro no cartão de pré-netal e

falta de informação das mulheres grávidas sobre os

tratamentos já realizados para sífilis11.

Em estudo anterior também realizado por Santos

(2015)12 com enfermeiros, médicos obstetras e

neonatologistas/pediatras, onde os resultados

evidenciaram uma série de lacunas do conhecimento

dos profissionais e apontaram condutas que não se

mostram em conformidade com os protocolos

normatizados, além de indicarem dissociação entre a

assistência e as atividades de vigilância

epidemiológica.

Um critério avaliado apresentou conformidade

para todos os profissionais avaliados: “fornecimento

de orientações sobre a importância do tratamento do

parceiro para evitar reinfecção” e a “conversa com o

parceiro” foi a dificuldade mais importante relatada

pelos profissionais na abordagem das gestantes com

diagnóstico de sífilis. No manejo da sífilis na gestação,

os obstetras revelaram conformidade em alguns

critérios referentes ao conhecimento sobre testes

treponêmicos e não treponêmicos, à prática de

solicitação da sorologia para sífilis, do tratamento da

sífilis de duração ignorada e de fornecimento de

orientações pós-teste, enquanto, no manejo da sífilis

congênita, os neonatologistas apresentaram

conformidade em alguns conhecimentos sobre testes

treponêmicos e não treponêmicos e na prática do

tratamento de recém-nascidos que apresentam

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Pereira RMS, Selvati FS, Ramos KS, Teixeira LGF, Silva LR . Conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre sífilis: revisão integrativa. São Paulo: Rev Recien. 2020; 10(31):131-141

neurossífilis. Entre os enfermeiros, não foi observada

conformidade com relação a qualquer um dos critérios

avaliados12.

Estudo publicado em 2014 que buscou avaliar

conhecimentos dos profissionais da Estratégia de

Saúde da Família em Fortaleza, onde participaram 269

profissionais, 60% das perguntas foram respondidas

corretamente sobre o conhecimento. Sendo que

75,8% conheciam o período de solicitação do exame

Venereal Disease Research Laboratory; 78,1%, a droga

alternativa para tratamento da gestante alérgica à

penicilina; 55,1% a periodicidade de solicitação do

VDRL para controle de cura; e 50,2%, a conduta diante

do parceiro sexual. Os profissionais de saúde

pesquisados não detinham conhecimento adequado

acerca das ações preventivas e do controle da sífilis

congênita13.

Os principais resultados de um estudo realizado

no Recife/PE mostram que os profissionais de saúde,

médicos e enfermeiros, possuem um conhecimento

parcial com relação a várias ações relacionadas ao

diagnóstico, tratamento e acompanhamento da

gestante com sífilis, apenas 57% das questões foram

respondidas corretamente pelos profissionais. Em

relação à adoção de práticas preconizadas pelo

Ministério da Saúde, o estudo evidenciou que 59% dos

enfermeiros não realizam a prescrição da medicação

para tratamento da sífilis na atenção básica14.

Estudo relata que em relação ao conhecimento

dos enfermeiros, a maioria (67,3%) foi classificada

como adequado, mas ainda 32,7% de enfermeiros

teve conhecimento inadequado e regular. Quanto à

atitude e prática, observou-se 97,1% dos participantes

tinham crenças e opiniões adequadas e 94,2% as

colocavam em prática adequadamente. Houve uma

associação estatisticamente significativa entre a

instituição de graduação e a atitude dos enfermeiros;

a autoclassificação positiva em relação ao

conhecimento acerca da sífilis na gestação com a

prática adequada; o conhecimento e a prática, bem

como entre a atitude e a prática. As principais

dificuldades percebidas pelos enfermeiros no controle

da sífilis congênita foram: a demora dos resultados

dos exames de VDRL (45,6%); a dificuldade de

convocar o(s) parceiro(s) e a sua adesão ao tratamento

(28,1%), assim como o início tardio do pré-natal

(19,9%)14.

O artigo ainda relata que os enfermeiros

entendem a importância de realizarem educação em

saúde, porém não significa que realizam. O enfermeiro

tem a função de promover educação em saúde e a

atenção básica tem um papel importante na

prevenção e promoção de saúde de tal forma que

acondicione o maior número de pessoas para ensinar

sobre sífilis. Porém para que os profissionais de saúde

desempenhem tal atividade é necessário que tenham

domínio de conteúdo e saibam como atuar na

prática14.

Em estudo realizado no Rio de Janeiro, em 2013,

que buscou avaliar conhecimentos, atitudes e práticas

de profissionais pré-natalistas, médicos e enfermeiros,

sobre as principais barreiras para a implantação dos

protocolos assistenciais de manejo da sífilis na

gestação, foram verificadas diversas barreiras

relacionadas ao conhecimento e à familiaridade com

os protocolos assistenciais, dificuldades na abordagem

das IST, questões dos usuários e contexto

organizacional, que apresentaram distribuição distinta

segundo tipo de serviço de saúde. Profissionais com

mais acesso a treinamentos e manuais técnicos

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Pereira RMS, Selvati FS, Ramos KS, Teixeira LGF, Silva LR . Conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre sífilis: revisão integrativa. São Paulo: Rev Recien. 2020; 10(31):131-141

apresentaram melhor desempenho, sendo esses

efeitos discretos. Destacou-se que independente do

conhecimento e atitude do profissional, barreiras

externas - relacionadas ao usuário, ao contexto

organizacional, ou às características de protocolos

implantados - podem afetar a habilidade do

profissional em seguir as recomendações15.

O estudo de Rodrigues16 também constatou

falhas nos conhecimentos, atitudes e práticas dos

profissionais de saúde, que estão relacionadas ao

baixo conhecimento sobre a transmissão vertical da

sífilis, testes diagnósticos, definição de casos de sífilis

congênita, situação epidemiológica desse agravo no

município e sua meta de eliminação, erros no

diagnóstico, no tratamento, no controle de cura da

doença, na abordagem dos parceiros, problemas na

aplicação da penicilina na UBS e baixa familiaridade

com o protocolo.

Os profissionais relutaram em fazer o tratamento de gestantes e seus parceiros na unidade de atenção primária, alegando que há risco de reações anafiláticas. A penicilina benzatina estava disponível em quatro das seis unidades analisadas, mas foi administrada em apenas uma unidade. Todos as outras unidades forneceram o medicamento à gestante e a aconselharam a procurar outros níveis de atendimento16.

Tais dificuldades precisam ser sanadas e medidas

gerenciais precisam ser tomadas para garantir a

minimização das inadequações e proporcionar uma

prática segura quanto ao manejo da sífilis. As causas

de tais inadequações das atitudes e práticas frente as

recomendações protocolares são variadas, e

perpassam os âmbitos pessoal, profissional e

institucional.

A educação permanente é uma das frentes de

enfrentamento possíveis para diminuir os riscos que

são impostos aos usuários por uma prática não

adequada cientificamente. Neste contexto, um estudo

publicado em Ribeirão Preto/SP cujo objetivo era

avaliar a eficiência da intervenção educacional para os

profissionais da Atenção Básica e o impacto nas taxas

de transmissão de sífilis congênita, revelou que os

profissionais da saúde não detinham um

conhecimento satisfatório sobre as medidas

preconizadas pelo Ministério da Saúde e Rede Mãe

Paraense para prevenção e controle da sífilis antes da

intervenção/treinamento, demostrando técnica

desqualificação para tratar questões sobre sífilis na

realização do Pré-natal17.

Além disso, antes da capacitação, cerca de 30 %

dos profissionais desconheciam a necessidade de

iniciar o tratamento imediato da gestante e convocar

sua parceria sexual após VDRL positivo, o que chama

atenção, visto que essa situação representa uma falha

no atendimento na Atenção Primária, elevando os

casos de sífilis congênita. O desfecho do estudo foi

satisfatório com melhora da adequabilidade das

respostas pós-capacitação e houve melhoria da

detecção precoce da sífilis gestacional e acarretou a

redução da taxa de transmissão vertical, bem como

pode ter contribuído para eliminação da mortalidade

específica por sífilis em menores de um ano em 2014 e

2015 no município pesquisado17.

A maioria dos estudos pesquisados trata de

conhecimentos sobre o manejo da sífilis e revelam

deficiências na definição de casos, no diagnóstico,

tratamento com penicilina e também no tratamento

para alérgicos a esta droga. Ainda apresentam

conhecimento ineficiente sobre o manejo dos

parceiros e sobre transmissão vertical da sífilis. O que

revela que muito ainda precisa ser feito para que os

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Pereira RMS, Selvati FS, Ramos KS, Teixeira LGF, Silva LR . Conhecimentos, atitudes e práticas de enfermeiros e médicos sobre sífilis: revisão integrativa. São Paulo: Rev Recien. 2020; 10(31):131-141

profissionais médicos e enfermeiros estejam

atendendo aos usuários de forma embasada e capaz

de conter o avanço das infecções por sífilis.

Estudo realizado no interior do estado do Rio de

Janeiro destacou que apesar de existirem facilidades

para realizar o diagnóstico da sífilis na gestante e de

seus parceiros sexuais, enfrentam dificuldades como a

baixa adesão de parceiros sexuais em realizarem a

continuidade do tratamento e o acompanhamento na

Unidade Básica de Saúde (UBS)18.

Foram encontradas inadequações em atitudes

recomendadas nos protocolos e relacionadas a

convocação de parceiros para a testagem.

As práticas relacionadas a abordagem do parceiro

e a prescrição e administração de penicilina na UBS

também demonstraram-se frágeis e apontam para

necessidade de serem adequadas no manejo da sífilis,

apesar de o COFEN19 em nota técnica de 2017

recomende que a aplicação da penicilina benzatina

pode ser realizada com segurança nas Unidades

Básicas de Saúde (UBS) mediante prescrição médica

ou de enfermagem, e ainda, a ausência do médico nas

UBS não impede que o tratamento com penicilina seja

realizado por profissionais de enfermagem, desta

forma quebrando a cadeia de transmissão da sífilis o

mais breve possível.

Observa-se que até o momento a questão dos

conhecimentos, atitudes e práticas de profissionais de

saúde sobre o manejo da sífilis na forma adquirida,

ainda não foi identificada deixando uma lacuna no

conhecimento a ser produzido na área de saúde sobre

sífilis e educação permanente para o controle da

infecção na população masculina e fora do ciclo

gravídico e puerperal.

Conclusão

Conclui-se a partir dos textos analisados que

ainda existe um longo caminho a percorrer em busca

de conformidade de conhecimentos, atitudes e

práticas de médicos e enfermeiros frente ao manejo

da sífilis.

Existem lacunas nos CAP desde a testagem,

diagnóstico, definição de casos e tratamento, até o

manejo da abordagem e seguimento dos parceiros.

Tais fragilidades não são apenas responsabilidade dos

profissionais, mas dependem de fatores internos e

externos às próprias unidades de saúde para serem

sanadas.

A educação permanente em saúde pode ser uma

proposta de enfrentamento desses desafios que se

impõe pela inconformidade dos CAP frente ao manejo

da sífilis, e torna-se uma forma de aproximação e

tomada de consciência da importância de desenvolver

competências tão necessárias para participar

efetivamente do controle da sífilis em nosso meio.

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