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Curso de Engenha CONSTRUÇÃO aria Mecânica Automação e S O DE BANCADA DIDÁTICA MO TURBODIESEL Rodolfo de Lima Oliveira Itatiba – São Paulo – Brasil Dezembro de 2008 1 Sistemas OTOR

Construção Bancada Didática Turbodiesellyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1470.pdf · dos motores de combustão interna. Apesar de ter se limitado a experimentos, o

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Curso de Engenharia Mecânica

CONSTRUÇÃO

Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas

CONSTRUÇÃO DE BANCADA DIDÁTICA MOT

TURBODIESEL

Rodolfo de Lima Oliveira

Itatiba – São Paulo – Brasil

Dezembro de 2008

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Automação e Sistemas

BANCADA DIDÁTICA MOTOR

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Curso de Engenharia Mecânica

CONSTRUÇÃO

Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas

CONSTRUÇÃO DE BANCADA DIDÁTICA MOT

TURBODIESEL

Rodolfo de Lima Oliveira

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso, do Curso de Engenharia

Automação e Sistema da Universidade São Francisco, sob

a orientação do Prof. Paulo R Tardin Jr, como exigência

parcial para conclusão do curso de graduação.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Tardin Junior

Itatiba – São Paulo – Brasil

Dezembro de 2008

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Automação e Sistemas

BANCADA DIDÁTICA MOTOR

apresentada à disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso, do Curso de Engenharia Mecânica –

Automação e Sistema da Universidade São Francisco, sob

a orientação do Prof. Paulo R Tardin Jr, como exigência

parcial para conclusão do curso de graduação.

: Prof. Dr. Paulo Roberto Tardin Junior

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Construção de Bancada Didática Motor Turbodiesel

Rodolfo de Lima Oliveira

Monografia defendida e aprovada em 16 de Dezembro de 2008 pela Banca

Examinadora assim constituída:

Prof. Dr. Paulo Roberto Tardin Junior (Orientador)

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

Prof. Dr. Eduardo Balster Martins

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

Prof. Ms. Paulo Eduardo Silveira

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

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A meus pais Fernando e Regina, sem os quais não chegaria até aqui. A minha namorada Michelle, que sempre esteve ao meu lado com muita paciência, amor sempre me incentivando. Sou eternamente grato a todos.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente ao Professor Dr. Paulo Roberto Tardin Junior, meu orientador, que acreditou em mim e incentivou-me para a conclusão deste trabalho, face aos inúmeros percalços do trajeto. Agradeço também ao Técnico Celso Godoy, Professores Eduardo Balster e Paulo Silveira companheiros de percurso e de discussões profícuas, dentro e fora do contexto deste trabalho, agraciando-me incontáveis vezes com suas paciências, conhecimentos e amizades. Alguns experimentos e vários “entendimentos” não teriam sido possíveis sem a colaboração e ajuda do colega Leonardo José de Oliveira. Eu agradeço fraternalmente a todos.

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Sumário

RESUMO.....................................................................................................................vi

ABSTRACT.................................................................................................................vii

1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 - Objetivo ................................................................................................... 1

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 3

2.1 - Primeiras Patentes ................................................................................... 4

2.2 - Primeiros passos em aplicações comerciais............................................ 5

2.3 – Lenoir ...................................................................................................... 7

2.4 - Compressão - A chave do sucesso ......................................................... 8

2.5 - A Era do Petróleo ..................................................................................... 9

2.6 – Common Rail ........................................................................................ 14

2.7 – Motor Diesel em Aviões? ...................................................................... 16

2.8 - Um novo Combustível – Biodiesel ........................................................ 17

3 - ASPECTOS TEÓRICOS ..................................................................................... 19

3.1 – Eficiência Volumétrica [Taylor, 1988] .................................................... 19

3.2 – Eficiência Volumétrica Global [Taylor, 1988] ......................................... 20

4 – METODOLOGIA EXPERIMENTAL .................................................................... 21

5 - ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ................................................... 26

6 – CONCLUSÃO ................................................................................................... 333

7 – RECOMENDAÇÕES .......................................................................................... 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... ......................35

ANEXO I.....................................................................................................................36

ANEXO II....................................................................................................................37

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo principal disponibilizar uma bancada didática

para o desenvolvimento de estudos, pesquisas e aulas práticas, assim

proporcionando a instituição mais versatilidade para os docentes em explanar os

temas envolvidos e aos alunos uma melhor maneira de aprendizagem, como por

exemplo, conhecer o funcionamento de um motor Ciclo Diesel. Com a evolução

constante dos combustíveis ecologicamente corretos, os chamados biocombustíveis,

e a evolução dos projetos de motores de Ignição por Compressão (Diesel), assim

como os sistemas eletrônicos de injeção de combustíveis, existem a necessidade

deste tipo de equipamento em funcionamento na Universidade. Foi então construída

uma Bancada Didática Turbodiesel, onde também foram instalados sensores de

temperatura e vazão, possibilitando a utilização da Interface LabView para a coleta

destes dados. Com isso estudos nas áreas de Termodinâmica, Energéticas,

Mecânica e Instrumentação contarão com um equipamento a disposição para uma

diversificação de aulas práticas. O resultado obtido foi a disponibilização do

equipamento funcionando, assim como coletados os dados para cálculo de

eficiência e levantamento das temperaturas tudo em função do regime de trabalho

do motor.

Palavras Chave: Termodinâmica; Motor Ciclo Otto; Motor Turbodiesel; Bancada Didática; Sensores; LabView.

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ABSTRACT

This work aims to build an experimental set up composed by a diesel internal

combustion engine. The engine was instrumented in a way that temperature,

pressure and rpm were acquired thru the use of a LabVIEW Interface. Several

analysis were carried out related to temperature, mass flow rates and rpm.

Key Words: Thermodynamics; Diesel Cycle Engines; Turbodiesel Engines; Sensors;

LabVIEW.

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1 - INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje as normas ambientais de emissões de poluentes na

atmosfera estão cada vez mais severas e exigentes, fazendo com que fabricantes

de todo o mundo se empenhem em atendê-las e até mesmo superá-las. Isto ocorre

em todos os seguimentos industriais e não seria diferente no ramo de fabricantes de

motores a combustão interna.

Com isso o desafio na redução de emissão dos motores de combustão

interna movidos a Diesel desencadeou muitas pesquisas, tanto na composição dos

combustíveis, quanto na melhoria nos motores. Na questão de melhorias no próprio

combustível utilizado, hoje temos a tecnologia do Biodiesel, óleo vegetal combustível

totalmente renovável, ajudando reduzir as emissões de poluentes e diminuindo seu

impacto ao meio ambiente. Ocorreram muitas melhorias nos motores, como

otimização das câmaras de combustão, sistemas de injeção mais eficientes e

gerenciados eletronicamente.

O tema deste projeto é: “Construção de Bancada Didática Motor Turbodiesel”. O

Campus de Itatiba da Universidade São Francisco, não possuía em seus

laboratórios nenhuma bancada didática de motor de combustão interna movido a

Diesel. Tal equipamento possibilitará muitas outras pesquisas e estudos nas áreas

de Ciências Térmicas, Energéticas e Mecânicas.

1.1 - Objetivo

O objetivo principal deste projeto foi disponibilizar uma bancada didática

Diesel para o desenvolvimento de estudos, pesquisas e aulas práticas, assim

proporcionando à instituição mais versatilidade para os docentes em explanar os

temas envolvidos e aos alunos uma melhor maneira de aprendizagem.

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Este projeto foi importante, pois possibilitará pesquisas na utilização de

Biodiesel, tema este que se encontra em muita evidência atualmente e permitirá o

desenvolvimento de muitos outros trabalhos de graduação. Foi também oportuno

pois supriu a falta do equipamento funcionando na instituição, trazendo benefícios

tanto para a universidade quanto para os alunos, e ao mesmo tempo viável pois a

Universidade possuía parte do equipamento necessário.

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2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O surgimento da máquina a vapor abriu novas possibilidades de produção

gerando forte demanda industrial. O conhecimento adquirido e o aperfeiçoamento

técnico que seu sucesso comercial trouxe aos meios de produção e manufatura

passou a viabilizar a materialização de idéias e inventos com muito mais facilidade.

Contrariamente, a eficiência alcançada pela máquina a vapor, principalmente depois

de Watt, dificultava a introdução de novas forças motrizes distintas que não tivessem

eficiência comparável ou outras vantagens globais. Parece ser esse o motivo que

mais contribuiu para que o aparecimento do motor de combustão interna demorasse

tanto desde as primeiras idéias até seu desenvolvimento pleno, apesar de possuir a

maior parte de seus componentes básicos conceitualmente comuns a sua

antecessora, a máquina a vapor.

Certo é que o motor de combustão interna como conhecemos é fruto de

muitos inventores e teóricos que aos poucos foram idealizando conceitos e

concebendo os diversos sistemas auxiliares que formam um motor de combustão

interna. Provavelmente muitas contribuições importantes ficaram sem registro. Por

outro lado, muitas receberam descrições pouco consistentes dificultando seu

reconhecimento.

Alguns autores consideram Christiam Huygens e Denis Papin os precursores

dos motores de combustão interna. Apesar de ter se limitado a experimentos, o

engenho dotado de cilindro e pistão construído por Huygens, por volta de 1680, e

depois refeito por Papin, em 1690, para demonstrar o poder da pressão

atmosférica, usava pólvora, que era inflamada dentro do cilindro para produzir

massa de ar quente. Essa massa de ar no cilindro produzia trabalho não por

expansão, pois a pressão no cilindro nunca era maior que a atmosférica, mas, por

depressão provocada pelo posterior esfriamento externo do cilindro com a válvula

fechada.

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Os aparatos não produziam trabalho prático, nem tinham funcionamento

cíclico. Foram substituídos nas experiências dos inventores por outros que

utilizavam água para produzir vapor no cilindro através do aquecimento externo e

que inspirou as primeiras máquinas a vapor de uso geral. Os experimentos de

Huygens e Papin não eram ainda a proposta de um motor propriamente dito, mas,

certamente os conceitos básicos ganharam registro prático e devem ter servido de

aporte e inspiração para muitos inventos posteriores que resultaram no motor de

combustão interna. [Motores de Combustão]

2.1 - Primeiras Patentes

A lista das primeiras patentes para motores de combustão interna é bem

extensa, não havendo muita conformidade entre autores. As mais comumente

citadas, entretanto são:

� Em 1794, para Robert Street

� Em 1801, para o francês Philippe Lebon, inventor do gás de hulha. A patente,

ao que consta, descrevia um motor baseado na expansão de mistura gás e ar

por inflamação da mistura. O trabalho foi descontinuado com o assassinato

de Lebon.

� Em 1807, para Isaac de Rivaz, da construção de um motor sem fase de

compressão, alimentado por hidrogênio e ar. Os esquemas mostram que a

mistura era inflamada por fagulha elétrica. O rudimentar sistema de ignição

era energizado por uma pilha de Volta. Rivaz aplicou seu motor a um veículo.

� Em 1820, para o Rev. W. Cecil, na Inglaterra, de um motor movido pela

combustão de hidrogênio e ar.

� Em 1823 para Samuel Brown de um motor de combustão aplicado a um

veículo.

Em 1838, para o inglês William Barnett de um motor funcionando em dois tempos

com pré-compressão utilizando gás de hulha. (Motores de Combustão)

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2.2 - Primeiros passos em aplicações comerciais

Por volta de 1850, na Itália, o padre, físico e cientista Eugênio Barsanti uniu-

se a um empreendedor também italiano Felice Matteucci. Juntos produziram os

primeiros motores à combustão interna práticos. O invento dos dois italianos

funcionava a gás num ciclo sem compressão de três fases e dois cursos ou tempos

mecânicos:

Primeiro curso

a} Admissão de ar e gás na primeira fração do curso do pistão

b) Inflamação por centelha e expansão da mistura na segunda fração

Segundo curso

c) Restabelecimento da pressão interna seguida pela descarga dos gases

resultantes da combustão, para todo o curso do pistão

O motor inventado por Barsanti e Matteucci tinha um sistema de conversão do

movimento alternado dos pistões em movimento de rotação bastante curioso e

original. Algo inusitado, já que o virabrequim era peça consagrada nos motores a

vapor da época. Mas, Barsanti acreditava que o acionamento direto fosse inviável

devido à força abrupta de explosão e o grande choque mecânico que se sucederia

no final do curso. Sua preocupação com o custo final também é citada como um

fator motivador para essa escolha.

O sistema aplicado por eles no primeiro motor, um monocilíndrico vertical,

possuía uma espécie de cremalheira ligada rigidamente ao pistão que acionava uma

roda dentada com uma espécie de roda livre ligada ao eixo motor. O mecanismo só

transmitia força do pistão ao eixo de saída no curso de retorno que dependia da

força da gravidade associada à depressão dentro do cilindro vertical. A depressão

era provocada pela inércia do pistão que dispunha de um curso suficientemente

longo e que tinha seu impulso provocado por uma explosão sem compressão no

início do seu deslocamento. Essa combinação resultava em pressões internas

inferiores a atmosférica para o final do curso. De modo que o motor funcionava a

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explosão, mas de forma indireta, ou seja, o trabalho no eixo era função das forças

de gravidade e pressão atmosférica. Uma variação desse arranjo foi utilizada por

Otto e Langen em um motor de 1867, conforme afirmação constante no site oficial

em homenagem aos dois inventores italianos.

Figura 2.1 - Réplica de um dos motores de Barsanti e Matteucci

Fonte: Site: <www.motoresdecombustao.eng.br/Textos/HistoricoMCInterna01.htm>; acessado em 05.abr.2008.

O invento foi reconhecido por certificação inglesa em 13 de maio de 1854. A

unidade avaliada tinha configuração de dois cilindros em paralelo e desenvolvia 5

CV, era alimentada por gás de iluminação e já possuía ignição por centelha elétrica.

Nesse as duas cremalheiras eram interligadas por uma engrenagem, de forma que

os pistões trabalhavam em movimentos opostos, defasados a 180º. O motor tinha

rendimento térmico e volumétrico baixos pelo fato de funcionar sem compressão.

Barsanti e Matteucci continuaram a evoluir seus motores. No entanto no ano de

1864, durante uma exposição na Bélgica, quando já se preparavam para produzir os

motores em série, o padre Eugênio Barsanti contraiu tifo e veio a falecer a 19 de

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abril do mesmo ano. O empreendimento foi descontinuado após a tragédia (Motores

de Combustão).

2.3 – Lenoir

No mesmo tempo em que os italianos aprimoravam seus motores, o francês

Jean Joseph Lenoir patenteou um novo motor a combustão interna, no ano de 1859.

Lenoir só concluiu seu motor no ano seguinte e em 1863 já havia construído um

automóvel com um de seus motores. Logo Lenoir passou a produzir motores com

fins comerciais. Em 1865 já havia mais de 130 motores “Lenoir” funcionando em

Paris.

Os motores construídos por Lenoir eram visivelmente inspirados nos motores a

vapor da época, tinham a constituição quase idêntica: monocilíndricos com duplo

efeito, válvulas tipo gaveta, mecanismo de virabrequim e bielas. Entretanto,

dispunham de sistema de refrigeração líquida.

Figura 2.2 - Desenho da vista lateral do motor de Lenoir

Fonte: Site:<www.motoresdecombustao.eng.br/Textos/HistoricoMCInterna01.htm>; acessado em 05.abr.2008.

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Em comparação com os motores de Barsanti, os motores de Lenoir tinham o

ciclo de funcionamento semelhante, funcionando sem compressão em dois tempos e

três fases. A ignição também era feita por centelha elétrica, no caso uma em cada

extremidade do cilindro. No entanto o motor funcionava com acionamento direto, ou

seja, o trabalho útil no eixo era produzido diretamente pela força de explosão. O

rendimento térmico era superior ao motor dos italianos.

Em comparação aos motores a vapor, que na época reinavam como força motriz, o

motor de Lenoir tinha as vantagens de partida mais rápida e de menor tamanho. Seu

sucesso atraiu a atenção de muitos empreendedores e abriu as portas para que

novos inventores continuassem aperfeiçoando o motor de combustão interna

(Motores de Combustão).

2.4 - Compressão - A chave do sucesso

O motor de Lenoir abriu o caminho para difusão do motor de combustão

interna. Mas, apesar de apresentar algumas vantagens em relação ao motor a

vapor, ainda apresentava alguns pontos fracos. Entre eles, potência e consumo de

combustível. Foi G. Schmidt que, por volta de 1859, identificou a solução para elevar

o rendimento térmico dos motores de combustão interna. Ele entendeu que era

necessário comprimir a mistura nos motores, antes de inflamá-la, para poder tirar

maior proveito da queima do combustível.

O físico francês Alphonse Beau de Rochas concebeu de forma teórica o ciclo

de quatro tempos que incluía compressão e patenteou sua idéia em 1862. Não

chegou a construir nenhum motor, mas, seu trabalho desencadeou um dos maiores

saltos no desenvolvimento tecnológico do motor a combustão interna.

O ciclo idealizado por Beau de Rochas foi aplicado em um motor construído

pelo alemão Nikolaus Otto no ano de 1866. Um motor de quatro tempos, alimentado

com gás de iluminação. Seu funcionamento confirmou o aumento de potência em

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relação ao motores sem fase de compressão, previsto por Rochas. Paralelo a isso, o

consumo de combustível se mostrou menor, de forma significativa. Diversos autores

citam que Otto afirmava desconhecer os trabalhos teóricos de Schmidt e de Beau de

Rochas. O fato é que sua patente é posterior a de Beau de Rochas.

Com a construção do motor de Otto foi estabelecida a configuração básica dos

motores a explosão de quatro tempos em conformidade com o arranjo teórico de

Beau de Rochas, que colocou os motores de combustão interna em outro patamar

de rendimento e que seria seguida até os dias de hoje. Mas, os motores ainda

haveriam de evoluir muito principalmente no que diz respeito aos sistemas

agregados como ignição, refrigeração, lubrificação e alimentação (Motores de

Combustão).

2.5 - A Era do Petróleo

A adequação entre motores e combustíveis foi um dos fatores de grande

importância na evolução e afirmação de mercado do motor de combustão interna.

Desde os motores de Barsanti o combustível utilizado era gás de iluminação. A

disponibilidade desse combustível, gerada graças aos sistemas de iluminação

pública da época, tornava o gás bastante oportuno para as aplicações

estacionárias. Gases de fornos de fundição também passaram a alimentar esses

motores no final do século XIX, a verificação de tal possibilidade integrou os motores

de combustão as atividades fabris de produção de aço e ferro, abrindo demanda

para fabricação de motores maiores. Mas, as características do motor a explosão de

baixo peso e partida imediata era um grande atrativo para que este fosse aplicado a

veículos autopropelidos de pequeno porte que servisse ao transporte individual. Vale

lembrar que as locomotivas a vapor já existiam desde 1808 e, fora dos trilhos, os

ônibus a vapor já circulavam comercialmente desde 1825. Mas, o automóvel ainda

não existia de forma concreta, havia a idéia, mas faltava a viabilidade técnica.

A visão da grande oportunidade que seria a aplicação de motores à explosão

em veículos leves fez com que vários inventores se colocassem a desenvolver

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sistemas para adequar o motor de combustão aos combustíveis líquidos. A

densidade energética e a facilidade de transporte tornavam evidentes as vantagens

do uso desse combustível em pequenos veículos. A descoberta de poços de

petróleo, por volta de 1854 nos EUA, com boas reservas e relativa facilidade de

exploração, era outro fator instigante para esse desenvolvimento.

O austríaco Siegfried Marcus é apontado por alguns autores como o pai do

carburador, peça essencial para a utilização da gasolina nos motores de combustão

interna. Seu invento teria sido aplicado num motor de dois tempos instalado em um

automóvel construído por ele em 1865. Mas, a afirmação do motor a gasolina só

vem com o trabalho de Gottlieb Daimler que, em 1883, juntamente com Wilhelm

Maybach, construiu um carburador de funcionamento convincente e associou ao

mesmo motor um novo sistema de ignição por aquecimento elétrico, controlado por

resistência, também desenvolvido por eles. O resultado do refinamento alcançado

foi um grande salto na evolução dos motores de combustão interna. O motor de

Daimler alcançava 900 RPM enquanto os motores a gás da época mal atingiam 200

RPM em regime de trabalho. Com isso, se celebrava o casamento do motor de

combustão com os derivados de petróleo, ao mesmo tempo em que se armava o

palco para o desenvolvimento do automóvel, com o qual o desenvolvimento do

motor de combustão interna estaria, cada vez mais fortemente ligado.

Na mesma década, Rudolf Diesel buscou bases científicas para desenvolver

um motor de combustão interna que tivesse o maior rendimento possível. Diesel

utilizou uma configuração mecânica semelhante à utilizada por Otto: ciclo a quatro

tempos e mecanismos de válvulas de admissão e escape similares. Mas, neste, a

combustão era provocada pela injeção de combustível na câmara de combustão, no

final da fase de compressão. A temperatura elevada do ar no cilindro, devido à alta

compressão a que era submetido, provocava a autocombustão do combustível

injetado. A idéia não era original, Usher afirma que Herbert Ackroyd-Stuart já haviam

trabalhado num motor que usava princípio semelhante e que foram obtidas muitas

patentes antes da de Diesel. Mas, Diesel foi o primeiro a conceber um motor prático

e de alto rendimento utilizando a inflamação de combustível por injeção na câmara

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com ar superaquecido por compressão, que foi patenteado em 1892. O rendimento

térmico alcançado por esse motor atingia os 34%, praticamente o triplo da máquina

a vapor e mais de uma vez e meia a dos motores a gasolina da época.

O motor diesel, como foi concebido, tinha características que o apontavam

para aplicações pesadas e, desde logo, foi visto como um forte sucessor do motor a

vapor em quase todas aplicações. Em relação ao motor a gasolina, conseguia se

destacar nas instalações de grande porte, mas era bastante pesado para competir

no transporte rodoviário e aplicações leves. De certa forma os dois tipos, motor

Diesel e motor Otto, se tornaram complementares na grande faixa de aplicações dos

motores térmicos, cada qual dominando uma fatia distinta. O binômio ”leveza x

economia” seria o parâmetro de maior definição na escolha. A evolução e o

aparecimento dos motores diesel ligeiros aumentaria em muito as aplicações em

que os motores.diesel passaria a se sobressair em relação ao motor Otto. Além das

vantagens singulares de cada um , um fator importante ajudaria a manter o equilíbrio

nessa queda de braço, os dois haviam passado a beber na mesma fonte: o petróleo.

Como o óleo diesel e a gasolina são obtidos por destilação fracionada, a

oferta de um estava ligada ao consumo do outro. É como se, do mesmo fruto, um

comesse a polpa e o outro o caroço. Essa “simbiose” fez com que os dois

encontrassem o equilíbrio na disputa e continuassem a evoluir em aplicações cada

vez mais diversas, ao mesmo tempo em que praticamente punham fim ao reinado

absoluto da máquina a vapor. O novo reinado das máquinas térmicas estava dividido

entre os motores do ciclo Beau de Rochas e de ciclo Diesel. E como em toda

convivência pacífica, estariam cada vez mais assemelhados na aparência e no

funcionamento.

Com a introdução do turbocompressor nos motores de ciclo diesel (que

aumenta consideravelmente a entrada de ar no cilindro) houve grande melhoria no

seu enchimento volumétrico, produzindo ganhos de potência em torno de até 40%

com relação aos motores diesel de aspiração normal.

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Outra grande evolução obtida nesse tipo de motor diz respeito à câmara de

combustão. O desenvolvimento de novos desenhos está tornando o seu

desempenho semelhante aos dos motores a gasolina em termos de potência,

porém, com o benefício do menor custo do combustível e menor índice de poluição

atmosférica. Esses são fatores que vêm aliados a uma prolongada vida útil, alta

confiabilidade do conjunto propulsor e menores preocupações com manutenção.

Recentes pesquisas resultaram em benefícios na redução dos ruídos de

funcionamento, nas vibrações em marcha lenta e no seu peso. Também com o

advento e a popularização do common rail ― sistema comandado eletronicamente

que recebe combustível em altíssima pressão para que haja uma queima próxima da

perfeição, tornando o diesel ainda mais econômico e potente ― eles passaram,

inclusive, a equipar automóveis de luxo, coisa impensável em um passado recente.

Os motores com gerenciamento eletrônico de injeção de combustível são

extremamente precisos em seu funcionamento. Como são isentos de manutenção

periódica, acabam gerando menor custo de operação para o usuário. Outra

vantagem dos sistemas monitorados eletronicamente é o baixo índice de emissões

― com redução de até 30% ―, além de proporcionar melhor desempenho, maior

durabilidade, economia de combustível e aumento da autonomia. Em relação aos

motores a gasolina, os diesel eletrônicos oferecem a grande vantagem de

proporcionar maior torque e eficiência operacional, principalmente no caso dos

veículos de transporte.

Motores de última geração, principalmente os que são equipados com

gerenciamento eletrônico do tipo Common Rail, têm uma característica que os

tornam excelente para as situações de muita exigência de força. Trata-se de um

propulsor que tem torque máximo, ou a maior parte desse torque máximo, em uma

faixa mais ampla de rotações. Em outros termos, esse motor teria o torque máximo

― ou sua força máxima ― já a partir das 2.000 rpm. Ou seja, praticamente desde o

início da sua aceleração ele já estaria apresentando a sua melhor performance,

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momento que outros motores só atingiriam ao alcançar as 4.000 rpm. Isso já é uma

realidade nos motores diesel.

Figura 2.3 – Curva Torque Motor gerenciamento eletrônico de injeção de combustível

Fonte: Site: < http://www.mercedes-benz>; acessado em 16.jun.2008.

Atualmente, os motores a diesel para aplicação no transporte estão cada vez

mais econômicos, menores, menos ruidosos e mais potentes, respeitando as últimas

normas ambientais sobre emissão de poluentes e com gerenciamento eletrônico de

injeção de combustível. Hoje utilizamos o chamado Biodiesel B2, ou seja, uma

mistura de 2% de óleo vegetal em sua composição, e a tendência é que essa taxa

de mistura aumente. Mas já existem protótipos que utilizam o Biodiesel B100, ou

seja, 100% de óleo vegetal.

Com isso a contribuição para a redução de emissão de gases na atmosfera

será ampliada gradativamente com a evolução dos motores e a maturação do

processo de extração e refino do Biodiesel (Motores de Combustão, Clube do

Diesel).

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2.6 – Common Rail

A tecnologia indiscutivelmente é de última geração, e vem sendo aplicada na

maioria dos veículos equipados com motores diesel da atualidade. Porém, a sua

concepção remonta ao final da década de 1960. O suíço Robert Huber foi quem

idealizou os primeiros conceitos do sistema common rail (tubo distribuidor de

combustível, tubo comum, do inglês) para motores do Ciclo Diesel.

Figura 2.4 – Detalhe do tubo distribuidor de combustível.

Fonte: Site: < http://www.clubedodiesel.com.br>; acessado em 16.jun.2008.

Mas foi somente nos anos 1990 que o Common Rail começou a ser

empregado em veículos pesados, e um caminhão japonês tornou-se o primeiro

exemplo de uso prático desse sistema, mais tarde sendo desenvolvido e empregado

em veículos leves. Este sistema mais moderno atualmente segue o mesmo principio

inicial de funcionamento da década de 1960. Este sistema de alimentação possibilita

o aumento de potência e proporciona maior torque em baixas rotações, além de

reduzir o consumo de combustível, ruído e emissões de poluentes.

O sistema eliminou a bomba injetora convencional, o mesmo opera injetando

diretamente o combustível na quantidade e tempo exatos, e é gerenciado

eletronicamente. A função do tubo comum é de garantir que a pressão do

combustível seja constante sem flutuações, devido à operação dos bicos injetores e

bomba de alta pressão. Possue basicamente uma Unidade de Controle Eletrônico

(ECU), que gerencia as informações captadas por sensores do motor, gerencia

atuadores, monitorando o funcionamento de todo o conjunto, duas bombas de

combustível, uma de baixa pressão e outra de alta pressão. Assim cada unidade

injetora alimenta um cilindro.

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A injeção de combustível ocorre em duas etapas, a pré-injeção e a injeção

principal. O tempo e a quantidade de cada etapa depende da rotação do motor e sua

solicitação. O combustível é injetado a alta pressão na câmara de combustão um

pouco antes de atingir o PMS – Ponto Morto Superior.

Existem duas linhas de pressão no conjunto, o de alta pressão que alimenta o

Common Rail (tubo comum) e os injetores e a linha de baixa pressão, que é o

excesso de combustível não utilizado que retorna ao tanque de combustível (Clube

do Diesel).

Figura 2.5 – Componentes do sistema Common Rail.

Fonte: Site: < http://www.omecanico.com.br/modules/revista.php?recid=116 >; acessado em 19.jun.2008.

Os componentes do sistema são:

1 - Reservatório de combustível 2 - Filtro com reparador de água 3 - Conexão de retorno do filtro com válvula recirculadora 4 - Bomba de baixa pressão 5 - Sensor de baixa pressão do combustível 6 - Bomba de alta pressão 7 - Tubo comum (Common Rail) 8 - Válvula reguladora de pressão do Rail 9 - Sensor de pressão do Rail 10 - Bico injetor 11 - Sensor de temperatura de combustível 12 - Resfriador do combustível de retorno

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2.7 – Motor Diesel em Aviões?

Até os dias de hoje ninguém tinha pensado que um motor automobilístico

poderia comercialmente ser empregado na aviação. Mas a empresa alemã Thielert

Aircraft Engines superou essa barreira ao lançar uma versão a diesel destinada a

aeronaves. Agora dá para voar poluindo menos, pois o avião é o meio de transporte

mais poluente atualmente, devido seu alto consumo de querosene. Os motores a

gasolina adaptados limitam-se atualmente aos ultraleves e pequenos protótipos.

Mas, além de ser o primeiro diesel aeronáutico, o produto da Thielert Aircraft tem

conceito originado na indústria automobilística.

Umas de suas vantagens é sua durabilidade muito superior aos

convencionais, isto é, uma característica já conhecida dos motores diesel. Outra

vantagem é o consumo, maior autonomia de vôo e menor emissão de poluentes.

Com o nome de Centurion 1.7, o motor diesel para aviação já foi submetido a 10 mil

horas de testes, das quais 1.500 em pleno vôo. A unidade utiliza turboalimentação,

conta com quatro cilindros e injeção do tipo Common Rail. Nessa configuração, o

diesel da Thielert Aircraft produz 135 cv de potência (Thielert Group).

Figura 2.6 - Motor Centurion 2.0 - Diesel e Querosene (flex)

Fonte: Site:< http://www.centurion-engines.com/>; acessado em 22.jun.08.

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2.8 - Um novo Combustível – Biodiesel

Devido as grandes instabilidades vividas pelos grandes produtores de

petróleo nas últimas décadas e o grande impacto ambiental causado pelo queima

dos combustíveis de origem fóssil, surgiu a necessidade de novas matrizes

energéticas, uma nova maneira de reduzir a dependência dos países de dos

grandes causadores de guerras e interesses econômicos.

Entre as muitas alternativas avaliadas, uma das mais comentadas atualmente

é o aproveitamento do éster metilico ou etílico obtido a partir da reação de

transesterificação entre os óleos vegetais e álcool. Batizado de Biodiesel e indicado

para aplicações similares às do diesel obtido do refino do petróleo, responsável pela

alimentação da esmagadora maioria da frota mundial de caminhões e ônibus, o

combustível “verde” é renovável e apresenta a características químicas suficientes

para alavancar seu uso de forma espantosa nos próximos anos.

Tal qual o álcool utilizado para substituir a gasolina, o Biodiesel provoca

menos danos ao meio ambiente, uma vez que sua queima emite menor numero de

partículas poluentes. Não é preciso ressaltar que se trata de uma vantagem enorme,

uma vez que o elevado grau de poluição dos grandes centros urbanos é um

problema que incomoda os governos de todos os países do mundo. O uso de

misturas com a presença de até 20% do combustível de origem vegetal obtido

dentro de especificações apropriadas não exige qualquer alteração no projeto dos

motores.

A idéia de aproveitar a óleos vegetais para alimentar veículos não é nova.

Rudolf Diesel, o pai do motor a diesel, propôs a possibilidade de utilizar óleo de

amendoim como combustível há cerca de cem anos, quando apresentou em Paris o

projeto que o imortalizou, mas o baixo custo do petróleo até a década de 70,

provocou o desinteresse deste tipo de projeto.

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Para que se tornasse substituto do diesel derivado do petróleo, algumas de

suas características químicas precisaram ser adaptadas para atender as

especificações exigentes proposta pelas montadoras, pois os fabricantes de ônibus

e caminhões não estavam dispostos a correr o risco de arcar com o desgaste de

imagem gerado por quebras de motores provocadas pelo uso de combustível

inadequado. Isto foi resolvido com a realização de um intenso programa de testes e

o surgimento de normas internacionais bastante rígidas assim como sua

especificação (vide ANEXO I – Tabela Especificação do Biodiesel – B100).

O Brasil apresenta condições invejáveis para se tornar um grande fornecedor

mundial de biodiesel por disponibilidade de terras agriculturáveis. Outro fator

determinante para o Brasil ser uma grande referencia no assunto é alta produção de

etanol e suas vantagens econômicas em relação ao metanol. Quando ao processo é

necessário apenas algumas adaptações. Além destas vantagens o mesmo

apresenta vantagens químicas, como a obtenção de biodiesel com poder calorífico

de 5% a 6% mais elevado, maior ponto de fulgor e número de cetana, porem para

isto é necessário utilizar etanol em sua versão anidro (álcool absoluto a 99,5%).

Um dos efeitos colaterais da fabricação do éster etílico ou metílico é a

produção de glicerina, cerca de 10% do volume total. Devido ao grande incremento

de produção previsto nos próximos anos, esse mercado deve sofrer um desequilíbrio

nos próximos anos. Mas existem algumas alternativas para amenizar este

desequilíbrio, pois muitos derivados não são produzidos hoje por causa do custo da

glicerina sintética, como por exemplo, detergentes totalmente sintéticos e

biodegradáveis e de plásticos especiais.

Os ganhos para o meio ambiente serão enormes, pois números levantados

pelos produtores de álcool estimam que com a adoção do B5 deixariam de ser

jogadas na atmosfera cerca de 4,5 milhões de toneladas de CO2 , assim como a

redução de emissão de partículas de enfroxe quais são nulas no biodiesel

(SANT´ANNA, 2003).

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3 - ASPECTOS TEÓRICOS

3.1 – Eficiência Volumétrica

A eficiência volumétrica é a relação entre a massa da mistura ar-combustível

que o motor admite e a massa correspondente para a capacidade volumétrica do

motor em função da densidade de admissão. A eficiência dos motores de combustão

de ignição por compressão (Diesel) pode ser apreciavelmente afetado pela pressão

e temperatura de admissão, e por RPM, mesmo que a razão combustível-ar seja

constante. A eficiência volumétrica é definida como a massa de mistura fresca que

passa no cilindro, em seu curso de aspiração, dividida pela massa dessa mistura

que encheria o espaço correspondente ao deslocamento do pistão, na densidade de

admissão. Expressão algébrica para calculo da eficiência volumétrica:

�� � ����� ��� ��� �� � ��������������� ���

�� = eficiência volumétrica

�� = vazão mássica da mistura admitida pelo motor [kg/h]

� = rotações por unidade de tempo [rpm]

� = volume de deslocamento total do motor [m3]

� = densidade da mistura de admissão [kg/m3]

Como não é conveniente, ou mesmo possível, se medir � na janela de

admissão; esta medida pode ser sempre medida na atmosfera, ou seja, próxima a

tomada de ar do motor, e quando medida neste ponto a eficiência volumétrica mede

o desempenho do escoamento para todos os equipamentos do sistema, entre a

admissão de ar e o cilindro, assim como a qualidade de bombeamento.

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Quando a densidade de admissão é medida desta maneira o método utilizado

é a eficiência volumétrica global (TAYLOR, 1988).

3.2 – Eficiência Volumétrica Global

Diferente da eficiência volumétrica, a eficiência volumétrica global mede o

desempenho do escoamento para todos os equipamentos do sistema entre a

admissão e o cilindro assim como a qualidade de bombeamento do cilindro em si.

O cálculo da eficiência volumétrica global é semelhante ao da eficiência

volumétrica, só diferenciando a densidade de admissão, no qual se utilizará a

densidade do ar ambiente (TAYLOR, 1988).

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4 – METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Este trabalho teve como objetivo a construção de uma bancada didática

Diesel, para levantamento dos dados de eficiência térmica, variações de

temperaturas, levando em conta a rotação de trabalho.

Para esta bancada foi empregado um motor a diesel Mercedes-Benz,

Turbodiesel, com Intercooler (resfriamento do ar após compressão), 4 cilindros em

linha de 4,0 l (3.972 cm³), Injeção mecânica, com potencia máxima de 110 cv @

2300 RPM, fabricado em 1997 e utilizado nos caminhões 914 na época (vide Anexo II –

Exemplos de aplicações atuais). Este motor era novo, ainda no pallet de madeira (vide figura

4.1), o mesmo se encontrava no Laboratório de Sistemas Térmicos da Universidade

São Francisco em Itatiba.

Figura 4.1 - Motor a ser utilizado para construção da bancada didática (condição anterior).

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Para tanto foi necessária a instalação dos sistemas de admissão, de

arrefecimento de água, resfriamento do ar admitido comprimido (Intercooler),

escape, bem como troca dos elementos filtrantes (óleo lubrificante e diesel), além da

construção de um chassi para acomodar o motor e seus periféricos (vide figura 4.2).

Muitas dificuldades foram encontradas nesta etapa de montagem dos sistemas de

arrefecimento e da própria fixação do motor no chassi, devido à falta de guincho

para o transporte do motor para a nova estrutura, pois a faculdade não dispõe deste

tipo de equipamento, sendo necessário o empréstimo do mesmo por um mecânico

da cidade. Na montagem dos sistemas de arrefecimento a dificuldade encontrada foi

devido à grande necessidade de adaptações para as conexões dos radiadores de

água e ar, pois ambos radiadores são para aplicações em motores seis cilindros.

Figura 4.2 - Motor após a instalação e montagem dos componentes.

Após esta etapa o equipamento foi instrumentado para a coleta de dados

necessária. Foram utilizados três termopares tipo J, para monitoramento das

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temperaturas de entrada de água no radiador T1 (não resfriada) (vide figura 4.3); saída

de água do radiador T2 (já resfriada) (vide figura 4.4) e temperatura dos gases da

combustão com um termopar instalado no escapamento T3 (vide figura 4.5). Os

termopares tipo J são indicados para medir temperaturas entre -210°C a 760°C. Os

termopares são construídos com uma junção de dois tipos de metais diferentes e

quando expostos a temperatura é gerada uma diferença de potencial.

Fig. 4.3 – Termopar T1 Fig. 4.4 – Termopar T2 Fig. 4.5 – Termopar T3

Já no coletor de admissão foi utilizado um LM35 para medir a temperatura do

ar admitido com a razão de se definir a Densidade de Admissão (vide figura 4.6). O

LM35 é um sensor de precisão fabricado pela National Semiconductor, podendo ser

alimentado entre 4V à 20V, tendo um range de temperatura de -55°C à +150°C,

apresentando em sua saída uma variação linear de 10mV a cada grau Celsius

medido; possui excelente custo beneficio. Um medidor de vazão tipo turbina com

diâmetro de 2” fabricado pela Contech foi utilizado para medida de vazão de ar

admitido pelo motor, sendo necessário uma adaptação, qual foi realizada com uma

curva 90° e uma luva de PVC de 2” . Quando o fluido é aspirado pelo motor o

mesmo se desloca no interior da turbina e coloca o rotor montado axialmente em

movimento. A velocidade deste rotor é proporcional a velocidade do fluído. Um

sensor (pick-up magnético) acoplado ao corpo do medidor, tem seu campo

magnético alterado a cada passagem de uma das pás do rotor, gerando um pulso

elétrico que é amplificado e processado na forma de freqüência [Hz].

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Figura 4.6 - Detalhe do LM35 e Medidor de vazão tipo turbina e seu local de instalação.

Os dados de temperatura forma coletados através de uma placa de aquisição,

um PXI (computador específico para aquisição de dados) e o software Labview,

todos estes fabricados pela National Instruments, onde os termopares e o LM35

foram conectados a placa de aquisição de dados. Para a coleta dos dados o motor

foi colocado em funcionamento e aguardada a estabilização da temperatura em

marcha – lenta. Depois de alcançado este regime foram iniciados as medições das

temperaturas T1, T2, T3 e LM35, assim como o valor de vazão de ar admitido,

varrendo faixas de RPM de trabalho do motor. Referente à leitura de rotações por

minuto, tentou-se realizar a leitura através de um sensor óptico com encapsulamento

duplo, composto de um emissor e receptor e um espaço no centro entre os mesmos

(vide figura 4.7). Para a contagem de pulsos foi fixado na polia do motor um inserto

metálico para durante o funcionamento do motor, este inserto passar entre o emissor

e receptor do sensor óptico, assim sendo possível a leitura de rotações do motor

[RPM]. Mas este conceito não foi possível devido ao excesso de vibrações do motor

em funcionamento em relação ao sensor óptico montado próximo a polia, ocorrendo

o choque entre o inserto metálico e o sensor danificando o mesmo.

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Figura 4.7 – Detalhe do Sensor Óptico, não foi possível utilizá-lo para contagem de RPM

Fonte: Site<www.sabereletronica.com.br/files/image/FotoSensor_01.jpg>;acessado em 28.nov.2008

Frente a este problema foi utilizado um tacômetro de contato, sendo realizada

a leitura de rotações manualmente, realizando o contato do rotor do tacômetro com

o eixo da polia.

Figura 4.8 – Detalhe do fluxo do Ar após ser admitido até entrada para combustão.

Entrada AR - Frio

AR Pressurizado –

Quente.

AR Pressurizado - Frio

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5 - ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Abaixo segue dados coletados (vide Tabela 5.1) varrendo 10 faixas de trabalho do

motor variando de 500 a 2500 rotações [RPM].

Tabela 5.1 – Dados coletados na Bancada Didática TurboDiesel

Rotações

[RPM]

Temperatura

entrada água

no Radiador

[°C]

Temperatura

saída água do

Radiador [°C]

Temperatura

gases Combustão

[°C]

Temperatura

do ar

admitido [°C]

Vazão

Volumétrica ar

admitido [Hz]

500 37,7 21,5 86,7 32,3 380

600 40,9 20 96,7 34,5 550

700 46,2 19,4 99,8 31,1 580

800 48,4 22,1 102,6 33 690

1000 49 23,5 106,7 33,8 760

1200 49,4 23,9 117,5 34 1090

1500 50 23,4 127,8 31,3 1120

1800 50,2 25,6 151,8 32,4 1400

2300 52,4 26,7 170,8 32,8 2304

2500 55,9 25,5 220,8 31,1 2580

Média Temp Ar admitido

32,6

Todos os dados de temperatura estão em Celsius [°C] e o dado de vazão

como dito anteriormente, foi lido em freqüência [Hz] devido ao tipo de equipamento

utilizado, sendo necessário ser realizada uma conversão para litros por hora [l/h].

A seguir gráfico das temperaturas gerados em função de cada faixa de

trabalho do motor [RPM].

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Figura 5.2 – Gráfico RPM x Temperaturas

Conforme o gráfico (figura5.2) acima foram verificados pequenas variações das

temperaturas T1 e T2 e grandes variações da temperatura T3 em função de

rotações do motor, onde:

T1= Temperatura da água na entrada do radiador (saída de água do motor, +

quente);

T2= Temperatura da água na saída do radiador (entrada de água do motor, - quente)

e

T3= Temperatura dos gases da combustão, escapamento (logo após a turbina).

Conclui-se que as pequenas variações de T1 e T2, são devidos ao sistema de

arrefecimento utilizado, ou seja, o radiador utilizado esta super dimensionado, pois o

mesmo é aplicado em motores maiores que o utilizado na bancada didática; o

sistema de arrefecimento esta de acordo com a aplicação destinada ao motor, o

mesmo sendo estacionário não possui a mesma ventilação quando aplicado no

0

50

100

150

200

250

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Temperatura entrada água

no Radiador [°C]

Temperatura saída água do

Radiador [°C]

Temperatura gases

Combustão [°C]

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caminhão, possuindo somente a ventilação forçada (ventilador). Já a temperatura T3

aumenta proporcionalmente a medida que se eleva as rotações do motor.

A temperatura obtida na entrada do ar admitido pelo LM35 verificou-se

pequenas variações mas sendo maior do que a do ambiente de 26,6°C, devido ao

gases de troca de calor dos radiadores e do próprio motor com o ambiente, pois o

ventilador puxa o fluxo no sentido da admissão, porém não possui nenhuma relação

com o regime de trabalho do motor.

Para a medição de vazão de ar admitido pelo motor através do medidor de

vazão tipo turbina (vide figura 4.6), com os dados abaixo de calibração fornecidos pelo

fabricante:

Tabela 5.3 – Calibração do Medidor de Vazão tipo Turbina – Dados Fabricante

Calibração realizada pelo fabricante

Freqüência [Hz] Vazão [m³/h]

0 0 135 18,4 376 51,2 753 102,5 1115 151,6 1859 252,7 2494 339

O medidor foi aferido com ar a uma temperatura média de 21°C, densidade

de 1,293 Kg/m³ à uma pressão de -0,039 Kgf/cm². Com estes dados foi possível

traçar a seguinte curva (vide figura 5.4) e a equação abaixo desta função (vide equação 2).

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Figura 5.4 – Curva de Calibração Freqüência x Vazão

� �� ��� ������ � � �� ��������������������

Onde:

� � = Vazão volumétrica de ar [m3/h]

� = Freqüência [Hz]

Com esta equação foi possível identificar qual vazão volumétrica que esta

sendo admitida pelo motor através da freqüência indicada pelo medidor, fazendo sua

conversão.

Tabela 5 .5 – Vazão Volumétrica pela Freqüência

RPM Freqüência [Hz] Vazão Volumétrica [m³/h]

500 380 51,71 600 550 74,81 700 580 78,89 800 690 93,84

1000 760 103,35 1200 1090 148,20 1500 1120 152,28 1800 1400 190,33 2300 2304 313,18 2500 2580 350,69

y = 0,1359x + 0,0692

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 1000 2000 3000 Frequência [Hz]

vazão [m³/h]

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Porém para o calculo de Eficiência Global é necessário o calculo de vazão

mássica, utilizando a seguinte equação.

�� � � � ���� � ������������������� Onde:

�� �= vazão mássica de ar [kg/h]

�� = densidade do ar que passa pelo medidor (ambiente) [kg/m3]

� � = vazão volumétrica de ar [m3/h]

Para o cálculo da densidade do ar na admissão, a seguinte aproximação é

utilizada nos motores Diesel:

�� � ����� ���� � ������������������

Onde:

� = pressão da mistura [kPa]

� = temperatura da mistura [K]

� = constante dos gases perfeitos

Considerando a média de temperatura do ar admitido conforme calculado na

tabela 5.1 de 32,6°C, e altitude média de Itatiba de 760m onde esta instalado o

motor, a pressão atmosférica encontrada é 91,325 KPa, com estes dados utilizando

a equação 4, a densidade encontrada na janela de admissão é ��= 1,0418 [kg/m3].

Com este dado utilizando a equação 3 foi possível encontrar a vazão mássica

em função do regime de trabalho do motor, conforme mostrado na tabela 5.6.

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Tabela 5.6 – Vazão Mássica

Rotações [RPM] Frequência [Hz] Vazão Volumétrica [m³/h] Vazão Mássica [Kg/h]

500 380 51,71 53,87

600 550 74,81 77,94

700 580 78,89 82,19

800 690 93,84 97,77

1000 760 103,35 107,68

1200 1090 148,20 154,40

1500 1120 152,28 158,66

1800 1400 190,33 198,30

2300 2304 313,18 326,29

2500 2580 350,69 365,37

Após o calculo da vazão mássica foi possível calcular a Eficiência Volumétrica

Global, utilizando a equação 1, sabendo que o volume do motor é 0,003972 m³,

resultados conforme tabela 5.7 abaixo.

Tabela 5.7 – Eficiência Global x RPM

RPM Eficiência Global - �� 500 87% 600 105% 700 95% 800 98%

1000 87% 1200 104% 1500 85% 1800 89% 2300 114% 2500 118%

Analisando os resultados obtidos o experimento confirmou a teoria, pois

segundo Taylor (1988), a eficiência global em motores sobrealimentados supera

100% e conforme os resultados obtidos a media encontrada foi de 97% entre os

regimes de trabalhos do motor medidos chegando até 118%.

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Figura 5.8 – Curva da Eficiência Volumétrica Global x RPM

Conforme o gráfico vemos variações ao longo das faixas de rotações do

motor, devido ao motor estar trabalhando sem carga e também ao momento em que

a turbina entra em operação demonstrado nas rotações mais altas.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

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6 – CONCLUSÃO

O objetivo principal deste trabalho foi alcançado, pois foi construída a

Bancada Didática, suprindo a falta do equipamento na Universidade. Foi possível

também realizar as medidas desejadas e através do calculo de eficiência global foi

possível validar a teoria, sobre os resultados para motores sobre alimentados.

O desenvolvimento deste projeto foi muito importante para evoluir meus

conhecimentos em motores de combustão interna por compressão (Diesel),

conhecimentos estes práticos e teóricos. Muitas dificuldades foram encontradas no

decorrer deste projeto, devido ao grande número de adaptações que foram

necessárias, e pouco tempo disponíveis para a finalização do mesmo.

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7 – RECOMENDAÇÕES

Com a Bancada Didática em funcionamento será possível desenvolver muitos

trabalhos com a mesma, tanto na área termodinâmica, assim como na área de

geração de energia elétrica, Instrumentação etc. Podendo até ser desenvolvido um

dinamômetro afim de se levantar dados com o motor em carregamento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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618p.

TAYLOR, F. CHARLES. Análise dos motores de Combustão Interna. Vol. 1. ed.

São Paulo: Edgard Blücher 1976. 557p.

TAYLOR, F. CHARLES. Análise dos motores de Combustão Interna. Vol. 2. ed.

São Paulo: Edgard Blücher 1976. 531p.

INCROPERA, Frank P.; DEWITT, David P.. Fundamentos de transferência de

calor e massa. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998. 494p.

SANT´ANNA, Paulo José. Biodiesel alimenta motor da economia. Revista Química

e Derivados. São Paulo, n. 414, p. 8-16, 2003.

Motores de Combustão – Disponível em:<

http://www.motoresdecombustao.eng.br/Textos/HistoricoMCInterna01.htm>. Acesso

em: 05 abr. 08.

Clube do Diesel – O primeiro blog movido a diesel Disponível em :< http://www.clubedodiesel.com.br>. Acesso em 03.jun.08. Diesel levante – Turbo & injection hi-tech solutions Disponível em http://www.turbocompressori.net/common_rail.htm Revista o mecânico Disponível em:<http://www.omecanico.com.br/modules/revista.php?recid=116>, acessado em 19.jun.08.

Thielert Group

Disponível em :< http://web.thielert.com/>; acessado em 22.jun.08.

Centurion Engines

Disponível em:< http://www.centurion-engines.com/>; acessado em 22.jun.08.

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ANEXO I – TABELA ESPECIFICAÇÃO DO BIO

Fonte: Site:

TABELA ESPECIFICAÇÃO DO BIO-DIESEL - B100

< www.anp.gov.br/doc/biodiesel >; acessado em 19.jun.2008.

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B100

>; acessado em 19.jun.2008.

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ANEXO II – EXEMPLOS DE APLICAÇÃO MOTOR MBB OM 364 LA

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Fonte: Site:< http://www.mercedes-benz.com.br/>; acessado em 29.jun.08