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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL DE TOUROS DA RAÇA NELORE EM SISTEMA DE CONFINAMENTO Tiago Pereira Guimarães Orientador: Prof. PhD João Restle GOIÂNIA 2013

CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL DE TOUROS DA … federal de goiÁs escola de veterinÁria e zootecnia programa de pÓs-graduaÇÃo em ciÊncia animal consumo alimentar residual de touros

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL DE TOUROS DA RAÇA NELORE EM

SISTEMA DE CONFINAMENTO

Tiago Pereira Guimarães

Orientador: Prof. PhD João Restle

GOIÂNIA

2013

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TIAGO PEREIRA GUIMARÃES

CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL DE TOUROS DA RAÇA NELORE EM

SISTEMA DE CONFINAMENTO

Dissertação apresentada para obtenção

do grau de mestre em Ciência Animal

junto à Escola de Veterinária e Zootecnia

da Universidade Federal de Goiás.

Área de Concentração:

Produção Animal

Orientador:

Prof. PhD João Restle - UFT

Comitê de orientação:

Prof. Dr. Juliano José Resende Fernandes - UFG

Prof. Dr. João Teodoro Padua - UFG

GOIÂNIA

2013

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DEDICATÓRIA

A DEUS.

Aos meus pais Vanderlan e Lucineides.

Ao meu irmão Flávio e minha cunhada Paula.

A minha sobrinha Julia.

Aos meus familiares.

Aos meus professores.

Aos meus amigos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pela vida, pela saúde, pela família

maravilhosa que me concedeu, pelas oportunidades, pelas amizades

realizadas durante o curso e por permitir a conclusão de um grande trabalho

que dependeu da ajuda e envolvimento de muitas pessoas.

Ao meu pai que apesar de não estar presente fisicamente, mas que

me acompanha e me proporciona muita força para realização dos meus

objetivos.

A minha mãe querida que me telefona todos os dias, com muita

saudade e vontade de estar junto comigo e que me ajuda sempre quando

preciso.

Ao meu irmão e minha cunhada, pelo companheirismo e força.

A minha querida sobrinha e afilhada que amo muito e que também

me dá forças para continuar essa luta.

Aos meus queridos avos Maria Maia, Olidor Guimarães, Maria

Cabral e José Cabral, pelo carinho, amor e as histórias que me contaram

quando criança.

A Universidade Federal de Goiás pelo acolhimento, especialmente a

Escola de Veterinária e Zootecnia, onde foi realizado este estudo.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES), pela concessão da bolsa de estudo.

Ao meu orientador Prof. João Restle, que confiou em minha pessoa

e pelos ensinamentos.

Ao meu segundo orientador Prof. Juliano José de Rezende

Fernandes, por acreditar em meu trabalho, pelas orientações e pela amizade.

Ao Prof. Emannuel Arnhold, pelos ensinamentos de estatística.

Ao amigo e Prof. Elis Bento, que me incentivou a entrar na pós-

graduação e me deu muita força para que isso pudesse ter acontecido.

Aos meus amigos da Pós-Graduação, Marcondes Dias, José Tiago,

Barbara Juliana, Flávia Martins, Fabíola Lino, Marcela Luiza, Sergio Fernandes,

Vitor Rezende, Rayanne, Alex, que me ajudaram no decorrer do experimento e

pela amizade conquistada.

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A todos os estagiários e amigos, que deram o seu “suor” e máximo

empenho para que este trabalho pudesse ser realizado. Pelas festas, almoço e

pela descontração durante os trabalhos.

Aos companheiros Marcos, Marcelo e Lucas, pela responsabilidade

e força de liderança, que também ajudaram muito para realização deste

trabalho.

A empresa de melhoramento genético Nelore Qualitas (proprietários

Leonardo e Emerson), que acreditaram no nosso trabalho e disponibilizaram os

animais para realização da pesquisa.

Aos meus tios Luiza e João, pela ajuda, apoio e suporte em sua

residência.

A Kíria Karolline, pelo companheirismo, amizade e ajuda nos

momentos mais difíceis.

A todas as pessoas envolvidas para realização deste trabalho, meu

muito obrigado.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 4

2.1 EFICIÊNCIA ALIMENTAR EM BOVINOS DE CORTE ................................. 4

2.2 MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ALIMENTAR ..................................................... 4

2.2.1 Eficiência parcial de crescimento .............................................................. 4

2.2.2 Conversão alimentar ................................................................................. 5

2.2.3 Índice de Kleiber ........................................................................................ 6

2.2.4 Consumo alimentar residual ...................................................................... 6

2.3 Seleção de animais para consumo alimentar residual ................................. 7

2.4 Respostas à seleção para consumo alimentar residual ............................... 7

2.5 Fatores que influenciam na variação da eficiência alimentar ....................... 8

2.6 Importância e benefícios da seleção para consumo alimentar residual ....... 9

2.7 Relações entre espessura de gordura subcutânea e área de olho de lombo com o consumo alimentar residual ................................................................... 12

2.8 Relações entre temperamento animal e consumo alimentar residual ........ 13

2.9 Relações entre medidas corporais com o consumo alimentar residual ...... 14

3 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 15

3.1 Local e descrição dos animais ................................................................... 15

3.2 Dieta, manejo alimentar e coleta de amostras ........................................... 15

3.3 Período de avaliação e características avaliadas ....................................... 17

3.3.1 Cálculo do CAR ....................................................................................... 18

3.3.2 Mensurações da espessura de gordura subcutânea e área de olho de lombo via ultrassom ......................................................................................... 19

3.3.3 Mensuração do Temperamento .............................................................. 19

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3.3.4 Medidas corporais ................................................................................... 20

3.4 Análise Estatística ...................................................................................... 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 21

4.1 Avaliação da eficiência alimentar pelo consumo alimentar residual ........... 21

4.2 Avaliação da espessura de gordura subcutânea e da área de olho de lombo de animais classificados pelo CAR .................................................................. 26

4.3 Avaliação das medidas corporais de animais classificados pelo CAR ....... 28

4.4 Avaliação do temperamento de animais classificados pelo CAR ............... 29

5 Conclusões .................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 33

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Relação entre consumo de matéria seca observado e estimado, expressos em kg/dia de touros da raça Nelore ................................................ 21

FIGURA 2- Relação entre consumo alimentar residual e peso corporal metabólico de touros da raça Nelore ................................................................ 25

FIGURA 3- Relação entre consumo alimentar residual e ganho médio diário de touros da raça Nelore ....................................................................................... 25

FIGURA 4- Escores de reatividade de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual, mensurada no inicio do teste .............................. 30

FIGURA 5- Escores de reatividade de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual, mensurada no fim do teste ................................. 30

FIGURA 6- Frequência de animais com diferentes escores de reatividade nos períodos inicial e final, avaliados por dois observadores.................................. 31

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Correlações entre medidas de eficiência alimentar e medidas de desempenho em bovinos de corte ....................................................................... 5

TABELA 2- Porcentagem de inclusão dos ingredientes e composição bromatológica da dieta total ............................................................................... 16

TABELA 3- Valores máximo, médio, mínimo, coeficientes de variação e desvio padrão (DP) de características produtivas touros da raça Nelore, classificados pelo consumo alimentar residual ........................................................................ 22

TABELA 4- Média e erro padrão da média das variáveis de desempenho de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual (CAR) .... 24

TABELA 5- Correlações das variáveis de desempenho, gordura subcutânea e área de olho de lombo com o consumo alimentar residual (rCAR) e conversão alimentar (rCA) de touros da raça Nelore ............................................................ 26

TABELA 6- Média e erro padrão da média da área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea entre a 12ª e 13ª costelas (EGS) e espessura de gordura subcutânea na região da garupa (EGP8) de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual (CAR) ........................................ 27

TABELA 7- Média e erro padrão da média das medidas corporais de touros da raça Nelore, classificados pelo consumo alimentar residual (CAR) ................... 28

TABELA 8- Média e erro padrão da média, valores máximos e mínimos da velocidade de fuga e do escore de reatividade de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual (CAR) ........................................ 29

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LISTA DE ABREVIATURAS

AOL - Área de olho de lombo

CA - Conversão alimentar

CAR - Consumo alimentar residual

CFDN - Consumo de fibra em detergente neutro

CMS - Consumo de matéria seca

CMSest - Consumo de matéria seca estimada

CMSobs - Consumo de matéria seca observada

CPB - Consumo de proteína bruta

CV - Coeficiente de variação

DP - Desvio-padrão

EAB - Eficiência alimentar bruta

EE - Extrato etéreo

EGP8 - Espessura de gordura subcutânea na região da garupa

EGS - Espessura de gordura subcutânea da 12ª a 13ª costelas

EPC - Eficiência parcial de crescimento

FDN - Fibra em detergente neutro

GCE - Ganho de circunferência escrotal

GMD - Ganho médio diário

GPROF - Ganho de profundidade

GPT - Ganho de perímetro torácico

IK - Índice de Kleiber

MM - Matéria mineral

PB - Proteína bruta

PC - Peso corporal

PROFI - Profundidade inicial

PROFF - Profundidade final

PMM - Peso médio metabólico

R2 - Coeficiente de determinação

VF - Velocidade de fuga

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RESUMO

Objetivou-se avaliar o desempenho em confinamento, a espessura de gordura

subcutânea, a área de olho de lombo, o temperamento e as medidas corporais

de 120 touros da raça Nelore classificados em baixo, médio e alto consumo

alimentar residual, calculado pela diferença entre o consumo de matéria seca

observado e estimado. O critério para a classificação foi o CAR ≥ 0,5 desvio

padrão abaixo ou acima da média. O percentual de animais classificados em

baixo, médio e alto CAR foi de 28,3, 36,7 e 35%, respectivamente. A idade e

peso médio inicial foram de 20 ± 1 meses e 397 ± 35 kg. Os animais foram

alocados em baias individuais providas de cochos de alimentação e

bebedouros. A dieta oferecida aos animais foi composta por 23% de volumoso

e 77% de concentrado. O peso corporal inicial, final e peso corporal médio

metabólico, não diferiram entre as classes de CAR (P>0,05). Os animais de

baixo CAR apresentaram menor consumo de matéria seca, de FDN e PB

(P<0,01) e foram mais eficientes na conversão alimentar (P<0,01) em relação

aos animais de médio e alto CAR. O ganho de peso médio diário não deferiu

entre as classes de CAR (P>0,05), com valores de 1,69 (baixo CAR); 1,82

(médio CAR) e 1,71 kg/dia (alto CAR). O CAR foi correlacionado

significativamente com o CMS (r = 0,54), CA (r = 0,53), EAB (r = -0,56). Não

foram encontradas diferenças na AOL e EGP8 final (P>0,05) entre as classes

de alto e baixo CAR. Já a EGS obtida entre a 12ª e 13ª costela foi maior para

os animais de alto CAR. Na avaliação das medidas corporais o GPT e o

GPROF foram maiores para os animais de alto CAR. Já a PROFF foi maior

para os animais de baixo CAR em relação aos de alto CAR. Não foram

observadas diferenças (P>0,05) da velocidade de fuga e da reatividade entre

as classes de CAR. Em se tratando da melhoria da eficiência alimentar, a

metodologia do CAR apresentou-se como ferramenta eficaz, pela diminuição

do CMS, e melhor eficiência alimentar dos animais de baixo CAR.

Palavras – chave: bovinos de corte, eficiência alimentar, área de olho de

lombo, gordura subcutânea, medidas corporais, temperamento.

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ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the feedlot performance,

subcutaneous fat thickness, ribeye area, temperament and body measurements

of 120 Nellore bulls classified into low, medium and high residual feed intake

(RFI), calculated as the difference between the observed and estimated dry

matter intake. The criterion for classification was the RFI ≥ 0.5 standard

deviations below or above average. The percentage of animals classified into

low, medium and high RFI was 28.3, 36.7 and 35%, respectively. The age and

initial body weight of the animals were 20 months and 397 ± 35 kg. The animals

were housed in individual pens fitted with feeding troughs and waterers. The

diet offered to the animals consisted of 23% forage and 77% concentrate. The

initial and final body weight, and the average metabolic body weight did not

differ among RFI class (P>0.05). The animals of low RFI had lower dry matter,

NDF and CP intake (P<0.01) and were more efficient in feed conversion

(P<0.01) compared to animals of medium and high RFI. The average daily

weight gain did not differ (P>0.05) among RFI classes with values of 1.69, 1.82

and 1.71 kg/day, respectively. The RFI was significantly correlated with DMI (r =

0.54), FC (r = 0.53), FE (r = -0.56). No differences (P>0.05) were detected on

ribeye area (REA) and final rump fat thickness (FTP) between high and low RFI.

The subcutaneous fat thickness (SFT) evaluated between the 12th and 13th rib

was greater for animals with high RFI. In the evaluation of body measurements

the thoracic perimeter gain (TPG) and depth gain (DG) were greater for animals

with high RFI. The final depth (FD) was greater for animals of low RFI

compared to high RFI. No differences were detected (P>0.05) on fly speed and

reactivity between RFI classes. In terms of improving the feed efficiency of the

herd, RFI was an effective tool for the reduction of DMI, and better feed

efficiency of animals of low RFI.

Keywords: beef cattle, feed efficiency, body measurements, ribeye area,

subcutaneous fat thickness, temperament

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1 INTRODUÇÃO

O rebanho brasileiro é o segundo maior do mundo com

aproximadamente 200 milhões de cabeças (ANUALPEC, 2011). O país é

favorecido por possuir um vasto território de pastagens nativas e cultivadas que

facilita a produção desses animais. Contudo, a pecuária ainda está muito aquém

com relação aos índices produtivos e econômicos, que são pouco representativos

de uma pecuária desenvolvida.

O aumento da produtividade na pecuária deve ser acompanhado por

sistemas de produção mais eficientes e competitivos, como obtido na produção de

aves e suínos, em que se obteve rápido avanço na sua padronização e eficiência

em relação aos bovinos.

A maioria dos programas de melhoramento genético de bovinos de

corte enfatiza a seleção para aumento de peso para diversas idades, ganho de

peso diário, circunferência escrotal, conformação, precocidade, intervalo de

partos, entre outras mensurações (LANNA & ALMEIDA, 2004). Somado a isso,

esses programas também deveriam considerar na seleção, a mensuração da

ingestão dos alimentos bem como a eficiência dos animais na utilização destes.

Essas mensurações podem ser obtidas mais precisamente em sistema de

confinamento, já que os métodos de mensuração de consumo em pastagem

ainda geram resultados, em algumas situações, muito inconsistentes devido ao

método de estimação de consumo.

A melhora na eficiência alimentar é economicamente importante aos

produtores de gado de corte, uma vez que no sistema de confinamento, a

alimentação representa o componente de maior importância econômica, com

cerca de 70 a 85%, quando desconsiderado o valor de compra do animal

(PACHECO et al., 2006; RESTLE et al., 2007; NASCIMENTO, 2011).

A conversão alimentar e eficiência alimentar têm sido utilizados

comumente para mensurar a eficiência de utilização dos alimentos na

transformação dos nutrientes em produto animal. No entanto, estas medidas são

relacionadas com tamanho corporal e taxa de crescimento, o que não é desejável,

visto que a seleção de animais pela conversão alimentar poderia resultar na

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escolha de animais que seriam mais pesados a cada geração (HERD & BISHOP,

2000).

Medidas alternativas de mensuração da eficiência alimentar têm sido

discutidas, como forma de contornar esses inconvenientes. Assim, a seleção

baseada no consumo alimentar residual (CAR), sugerido inicialmente por KOCH

et al. (1963), tem sido uma alternativa a ser avaliada. Esta medida poderá somar,

juntamente com outras medidas de eficiência, na melhoria do sistema de

produção de bovinos de corte reduzindo o consumo de alimentos sem alterar o

desempenho e o crescimento dos animais. Esta também seria uma alternativa

viável pela busca por maior lucratividade, principalmente pela redução dos custos

de produção, devido ao menor consumo de alimento dos animais classificados em

baixo consumo alimentar residual.

O consumo alimentar residual é definido como a diferença entre o

consumo de matéria seca observado e o consumo estimado por uma equação de

regressão, que leva em consideração o peso médio metabólico e o ganho médio

diário de cada animal, independente do peso e da taxa de crescimento dos

animais (ARTHUR et al., 2001). Sendo assim, animais com baixo CAR

apresentam consumo observado menor que o estimado para o mesmo

desempenho produtivo, sendo, portanto, considerados mais eficientes. O inverso

ocorre com animais de alto CAR, os quais apresentam consumo observado maior

do que o estimado e são considerados ineficientes.

Em alguns estudos têm-se verificado que animais mais eficientes

tendem a apresentar carcaças mais magras (ARCHER et al. 1999 e HERD et al.

2004b), com pior deposição de gordura em relação a animais menos eficientes.

Porém, os resultados têm sido muito controversos, já que outros estudos não

encontraram diferenças dos grupos de consumo alimentar residual (alto e baixo)

sobre as principais características de carcaça (PAULINO, 2006; FARJALLA, 2009;

CASTILHOS, 2010).

Diversos são os mecanismos para explicar as variações observadas na

eficiência alimentar entre animais. O temperamento tem sido sugerido como

possível influencia na variação da eficiência alimentar. Segundo CORVINO

(2009), tais expressões do comportamento de medo podem influenciar

características produtivas importantes na criação, como por exemplo, o consumo

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alimentar, o ganho de peso diário e até mesmo a qualidade do produto final, a

carne.

Diante do exposto, objetivou-se com este estudo a avaliação do

desempenho, espessura de gordura subcutânea, área de olho de lombo,

temperamento e medidas corporais de touros da raça Nelore classificados pelo

consumo alimentar residual.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 EFICIÊNCIA ALIMENTAR EM BOVINOS DE CORTE

A eficiência alimentar exerce grande impacto sobre a lucratividade da

pecuária, portanto, é essencial a busca por animais cada vez mais eficientes no

aproveitamento dos alimentos. Melhorar a eficiência alimentar do rebanho bovino

de corte pode significar grande economia para os produtores. Uma maneira de

alcançar este objetivo é selecionar touros, uma vez que a disseminação da

característica genética desejada é mais rápida e eficiente.

Segundo FERREL e JENKINS (1984), cerca de 70% do total da

energia consumida pelos bovinos de corte é destinada para mantença, e somente

5% é designada para a deposição de proteína, muito pouco quando comparado

com aves (22%) e suínos (14%).

Em bovinos de corte o gasto de energia líquida envolve algumas

funções básicas de sobrevivência do animal, como gastos com manutenção da

homeotermia, da pressão sanguínea, do tônus muscular, da atividade cardíaca,

da transmissão de impulsos nervosos, do transporte de íons através de

membranas, da ingestão de alimentos, da locomoção, entre outros, podendo

variar de acordo com o nível nutricional, estado fisiológico e raça. O restante da

energia líquida é utilizado para a síntese de tecidos, proteína e gordura, sendo

denominada energia líquida de ganho (NRC, 1996). OKINE et al. (2004)

estimaram que a melhoria de 5% na eficiência alimentar dos animais poderia

resultar em economia quatro vezes maior nos custos de alimentação quando

comparada à economia gerada pelo aumento de 5% no ganho de peso médio

diário.

2.2 MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ALIMENTAR

2.2.1 Eficiência parcial de crescimento

Uma das primeiras medidas de eficiência alimentar foi descrita por

KELLNER (1909) citado por NKRUMAH et al. (2004), como eficiência parcial de

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crescimento, sendo obtida pelo ganho de peso relativo ao consumo acima da

mantença, denominada também como eficiência energética de ganho de peso.

2.2.2 Conversão alimentar

Uma das medidas mais comuns de eficiência alimentar utilizado na

produção de bovinos de corte é a conversão alimentar (CA). A CA foi

desenvolvida por BRODY (1945), citado por NKRUMAH et al. (2004), e é

calculada como a razão entre o consumo de matéria seca e o ganho médio diário.

A conversão alimentar baixa indica maior eficiência alimentar, ou seja, é preciso

menos entrada de alimento para produção de uma unidade de ganho do que um

animal com uma CA maior, requerendo mais alimento para a mesma unidade de

ganho.

A conversão alimentar possui alguns inconvenientes potenciais que

podem ter impacto negativo sobre a produção. Numerosos estudos (TABELA 1)

têm mostrado que CA está negativamente correlacionada ao ganho médio diário

(GMD). Este índice não leva em conta o peso vivo, nem o peso final do animal, o

que acaba por selecionar animais maiores (HERD & BISHOP, 2000). Tais animais

podem ter custo de produção mais elevado, pois a maior parte da energia

metabolizável consumida pelos mesmos é gasta em mantença.

TABELA 1- Correlações entre medidas de eficiência alimentar e medidas de desempenho em bovinos de corte

CA CAR

GMD PC CMS GMD PC CMS Sexo e Raça Autores

-0,74* 0,16 0,23 -0,06 0,02 0,72* Novilhas e touros

Angus ARTHUR et al. (2001a)

-0,54* -0,08 0,48* 0,01 0,03 0,60* Touros Charolês ARTHUR et al. (2001b)

-0,63* 0,07 0,49* -0,03 -0,02 0,77* Touros Angus,

Charolês e híbridos NKRUMAH et al. (2004)

-0,71* 0,05 0,04 -0,02 -0,32 0,62* Novilhas Mestiças e

Santa Gertrudes BROWN (2005)

*P<0,05.

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ARTHUR et al. (1996), também afirmaram que a conversão alimentar

não quantifica a porcentagem de alimentos utilizados para a mantença, o que

torna impossível avaliar a variação na quantidade de alimentos utilizados para a

manutenção entre os animais.

2.2.3 Índice de Kleiber

O Índice de Kleiber (IK) é calculado pelo ganho de peso médio diário

por unidade de peso corporal metabólico (PCM0,75). Este índice foi descrito por

KLEIBER (1936), quando investigava o metabolismo energético de bovinos e

ovinos e tem sido utilizado como índice de mensuração da eficiência em bovinos

de corte (NKRUMAH et al., 2004; NASCIMENTO, 2011).

2.2.4 Consumo alimentar residual

O conceito de consumo alimentar residual (CAR) foi usado pela

primeira vez em bovinos de corte por KOCH et al. (1963), para identificar as

diferenças na mantença, no ganho de peso e os fatores que afetavam o

requerimento de alimento de bovinos em crescimento.

KOCH et al. (1963) sugeriram que a ingestão de alimentos pode ser

ajustada para o peso corporal (PC0,75) e ganho médio de peso de cada animal,

particionando o consumo de alimento em dois componentes: o consumo alimentar

estimado para determinado nível de produção e uma porção residual. A porção

residual da ingestão de alimentos pode ser utilizada para identificar os animais

que desviem do seu consumo esperado de alimento, em que os animais mais

eficientes possuem menor consumo do que o esperado, sendo então

considerados animais de consumo alimentar residual negativo.

O cálculo do CAR requer a estimativa do consumo de alimento. Esta

estimativa pode ser obtida a partir de fórmulas padrões de predição de consumo

(NRC, 1996), ou por regressão utilizando dados reais de consumo, obtidos

através de pesagens diárias da quantidade de alimento oferecido e recusado,

além do peso e do ganho de peso de cada animal, mensurados por períodos

variando entre 63 a 112 dias (ARCHER et al., 1998; WANG et al. 2006).

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2.3 Seleção de animais para consumo alimentar residual

Baseados em resultados da avaliação econômica de modelos de

melhoramento genético de bovinos de corte, ARCHER et al. (2004) concluíram

que a seleção deve ser feita em duas fases. Na estratégia de seleção, todos os

animais são avaliados primeiramente para características de crescimento. Após

essa fase, para se alcançar lucratividade máxima, cerca de 10-20% dos touros

classificados devem ser submetidos à avaliação da eficiência alimentar através da

mensuração do CAR. Os resultados devem ser incorporados a um índice de

características múltiplas para seleção final dos futuros reprodutores.

ARCHER et al. (2001) concluíram que a mensuração do CAR em

tourinhos é economicamente lucrativa para todos os sistemas de produção de

carne bovina, tanto em condições extensivas de pastejo, como em terminação no

confinamento utilizando-se dietas de alto nível de concentrado.

HERD et al. (2003) avaliaram novilhas na desmama selecionadas pelo

CAR. Os autores observaram que esses animais também foram mais eficientes

para o CAR na maturidade e apresentaram menor consumo de matéria seca.

Também foi observada alta correlação (r= 98) do CAR na desmama com o CAR

dos animais adultos. Portanto, os autores concluíram que a seleção de animais

para melhor CAR na desmama resulta em animais mais eficientes na maturidade.

2.4 Respostas à seleção para consumo alimentar residual

Poucos estudos até hoje examinaram as respostas diretas à seleção

para consumo alimentar residual (CAR) em bovinos de corte.

Em estudo australiano, touros e fêmeas de reposição da raça Angus

foram classificados divergentemente para alto e baixo CAR durante cinco anos

(cerca de duas gerações). Diferenças entre as duas linhas de seleção foi relatada

com respostas diretas para CAR equivalente a 0,25 kg/dia por ano (ARTHUR et

al., 2001c). Progênie de pais classificados para baixo CAR foram semelhantes em

peso vivo ao sobreano (384 vs 381 ± 7 kg) e GMD (1,44 vs 1,40 ± 0,03 kg/dia) em

comparação à progênie de pais selecionados para alto CAR. Porém,

apresentaram consumo de alimento 11,3% (9,38 vs 10,56 kg de MS) menor e

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melhor conversão alimentar (6,6 vs 7,8) do que os filhos de pais de alto CAR. Isto

representou economia de 15% de alimento por quilo de ganho em apenas duas

gerações.

RICHARDSON et al. (1998) avaliaram a eficiência alimentar de

novilhos alimentados em confinamento após uma única geração de seleção

divergente para CAR. Os filhos de touros de baixo CAR apresentaram CAR

inferior (-0,20 vs 0,17 ± 0,11 kg/dia), consumiram menos alimento (9,2 vs 9,8 ±

0,02 kg/dia) e tiveram menor CA (7,0 vs 7,6 ± 0,20) em relação aos animais, cujos

pais apresentaram alto CAR, embora GMD e PC dos novilhos fossem

semelhantes. Os autores concluíram que a seleção para menor CAR irá melhorar

a eficiência alimentar e a rentabilidade da progênie em confinamento.

Em estudo com novilhos de raças europeias, HERD et al. (2004a)

determinaram consumo a pasto de novilhos em pastagem de qualidade média e

demonstraram que as progênies de animais com avaliação genética favorável

para CAR de -1,0 kg/dia em confinamento cresceram 19% mais rápido, sem

aumento no consumo de alimento, tiveram CAR 26% inferior, e CA 41% melhor

em relação às progênies de touros de alto CAR.

GOMES et al. (2008) estudaram animais da raça Nelore, que foram

submetidos a situações de estresse moderado (privação de água e alimentos por

24 horas) e encontraram menores níveis séricos de cortisol nos animais mais

eficientes para CAR, indicando que existe relação da eficiência alimentar com as

respostas ao estresse de bovinos em confinamento.

2.5 Fatores que influenciam na variação da eficiência alimentar

A maioria das características de eficiência alimentar está

correlacionada com características de produção, de modo que tem sido difícil

estudar a participação dos mecanismos fisiológicos ligados à eficiência de

utilização dos nutrientes, independente do nível de produção (ARTHUR & HERD,

2008). A base fisiológica para a variação observada na eficiência alimentar é

discutida em cima de diferenças nos requisitos nutricionais para mantença,

composição corporal, proporção dos órgãos viscerais, nível de atividade física e

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eficiência da digestão, identificadas como possíveis fontes de variação (ARCHER

et al. 1999).

HERD et al. (2004b) analisaram informações publicadas com bovinos e

chegaram a alguns potenciais mecanismos fisiológicos que explicam as variações

no consumo alimentar residual. Foram identificados cinco processos principais,

sendo os que estão associados com a ingestão de alimentos, a digestão dos

alimentos, o metabolismo (anabolismo e catabolismo, incluindo a variação na

composição do corpo), a atividade, e a termorregulação. Conforme relatado por

HERD et al. (2004b), os principais fatores de variação no consumo alimentar

residual são: digestibilidade (10%), incremento calórico (9%), composição

corporal (5%), atividade física (10%), comportamento ingestivo (2%), metabolismo

e estresse (37%) e outros processos não identificados (27%).

As variações individuais nas exigências de mantença também podem

ser responsáveis pela variação no CAR, sendo que, para bovinos de corte, essa

variação tem ficado em torno de 10 a 12% (JONHSON et al., 2003). Assim, as

variações observadas no CAR podem ser devidas, em parte, por essas flutuações

individuais nas exigências energéticas de mantença. Segundo HERD et al.

(2004b), ao observarem resultados onde o consumo de energia foi restrito, em

pastos de baixa qualidade, progênie de pais de baixo CAR cresceram mais rápido

em relação aos de pais de alto CAR. Segundo os autores, as evidências

apontaram para o fato de que animais de baixo CAR possuem processos

metabólicos mais eficientes, portanto, são capazes de satisfazer as suas

exigência de manutenção com menos consumo de energia do que animais de alto

CAR. CASTRO BULLE et al. (2007) verificaram que os requisitos de energia de

mantença em novilhos foram fenotipicamente correlacionados com taxas de

degradação de proteínas (r=0,76), confirmando que o turn-over proteico é uma

fonte significativa de variação nos gastos de energia dos animais.

2.6 Importância e benefícios da seleção para consumo alimentar residual

Na seleção de bovinos de corte são necessárias estratégias para

aumentar a eficiência alimentar, mas sem prejudicar as características de

desempenho, a taxa reprodutiva ou comprometer a qualidade da carcaça. A

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eficiência alimentar, tipicamente definida como conversão alimentar é uma

medida bruta altamente correlacionada com ganho de peso e peso a idade adulta

(HERD & BISHOP, 2000; ARTHUR et al., 2001b). Segundo LANNA et al. (2003),

a seleção de bovinos pela CA leva ao aumento no tamanho adulto das vacas, o

que pode ser indesejável, principalmente por comprometer a eficiência

reprodutiva em condições limitantes, bem como reduzir a conversão alimentar no

setor de cria. Os animais resultantes dessa seleção podem ter custo de produção

mais elevado, pois a maior parte da energia metabolizável consumida pelos

mesmos é gasta em mantença.

Dados nacionais obtidos por ALMEIDA (2005), em animais da raça

Nelore, demonstraram que após anos de seleção para crescimento, a eficiência

alimentar foi comprometida. Nesse estudo, animais selecionados para peso pós-

desmame obtiveram ganhos 10% maiores em peso vivo, porém apresentaram

consumo diário de alimento 16% superior quando comparados aos não

selecionados. Os aumentos no ganho de peso foram proporcionalmente menos

expressivos que os aumentos no CMS. Por consequência, tourinhos não

selecionados para crescimento foram 6% mais eficientes (128,7 versus 121,3 g/kg

para eficiência alimentar bruta) em relação aos animais selecionados para

crescimento. Esses mesmos animais consumiram 0,263 kg MS/dia a mais do que

os animais não selecionados. Os tourinhos não selecionados foram mais

eficientes porque tinham menor tamanho corporal, e provavelmente, menor

exigência de mantença (ALMEIDA, 2005).

Desta forma, uma alternativa que vem sendo estudada para identificar

animais mais eficientes e que leva em consideração o peso dos animais é o

consumo alimentar residual (CAR), que é calculado pela subtração do consumo

observado pelo consumo estimado. O consumo observado é obtido pelas

pesagens diárias da quantidade oferecida e das sobras de cada animal após os

tratos. Já o consumo estimado é obtido através de equações de regressão

ajustadas para peso corporal metabólico e ganho de peso médio diário calculado

para um grupo de animais testados por determinado período de tempo (ARTHUR

et al., 2001a). O CAR é uma ferramenta capaz de ser utilizada em programas de

seleção, pois possui moderada herdabilidade (KOCH et al., 1963; ARTHUR et al.,

1997; ARCHER et al., 1998; ARTHUR et al., 2001b).

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Ao contrário da conversão alimentar, a seleção para consumo

alimentar residual seleciona animais de menor exigência de mantença e menor

consumo, sem alterar o ganho de peso ou peso adulto (CARSTENS et al., 2002;

BASARAB, et al., 2003). Uma crítica sobre a utilização do CAR, é que a seleção

dos animais é realizada em sistemas de confinamento, e que os animais

eficientes sob estas condições, não seriam os mais eficientes em condições de

pastagem. No entanto, resultados favoráveis podem ser observados no trabalho

de HERD et al. (2004a), que demonstraram que animais com avaliação genética

favorável para CAR de -1,0 kg/dia em confinamento produziram progênie com

conversão alimentar 41% melhor, cresceram 19% mais rápido, sem aumento no

consumo, e apresentaram CAR 26% mais baixo em relação às progênies de

touros de alto CAR. Este trabalho confirma que o uso de touros com avaliações

genéticas favoráveis para CAR em confinamento podem ser utilizados em

sistemas de pastejo.

Os benefícios para seleção baseada no CAR foram demonstrados por

ARTHUR et al. (1997), os quais relataram que animais mais eficientes

consumiram, em média, 13,5% menos alimento que o estimado, e que os menos

eficientes consumiram 14% mais que o estimado. BASARAB et al. (2003),

trabalhando com dietas de terminação, observaram correlação fenotípica entre

CAR e o CMS e a CA de 0,42 e 0,44 respectivamente. Ainda, animais mais

eficientes consumiram 10,4% menos, com melhora na CA de 9,4%, comparados

aos menos eficientes.

Conforme estimativas de LANNA & ALMEIDA (2004), assumindo

desvio-padrão fenotípico de 1,05 kg de MS/dia, herdabilidade de 34%, intervalo

de gerações de cinco anos e intensidade de seleção de 5% para machos e 50%

para fêmeas, estimaram ganho genético anual na redução do consumo de 0,102

kg de MS/dia. Portanto, a cada ano de seleção os animais consumiriam 1,3%

menos alimentos com o mesmo desempenho.

A seleção genética para baixo CAR pode resultar em progênies que

consomem menos sem o sacrifício do desempenho animal (HERD et al., 2003). A

seleção é ainda mais relevante, quando se constata que a redução do consumo

de alimentos, bem como a redução na geração de poluentes (esterco, metano,

etc.) por unidade de carne produzida, são necessidades tanto do ponto de vista

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econômico, quanto no de marketing da carne bovina (BASARAB et al., 2003).

Resultados de NKRUMAH et al. (2006) demonstraram produção de metano 28%

menor em animais de baixo CAR. Em relação à produção de esterco, animais

mais eficientes produziram 24 kg/dia contra 26,5 kg/dia produzidos pelos menos

eficientes (OKINE et al., 2003).

2.7 Relações entre espessura de gordura subcutânea e área de olho de

lombo com o consumo alimentar residual

Parte dos pesquisadores principalmente os que trabalharam com

bovinos de corte de raças europeias (ARCHER et al., 1999; CARSTENS et al.,

2002; BASARAB et al., 2003; HERD et al., 2004a; ROBINSON & ODDY, 2004),

afirmaram que o CAR estaria relacionado à composição do ganho de peso e que

os animais mais eficientes (CAR negativo) tendem a apresentar carcaças mais

magras, com menor acabamento e menor gordura intramuscular, além de menor

teor de gordura na cavidade abdominal. Sendo assim, estes fatores poderiam ter

impacto negativo na qualidade da carne, já que a gordura tem papel importante

no sabor e maciez da carne. Entretanto, SAINZ et al. (2006), não encontraram

diferença entre novilhos Angus-Hereford com alto e baixo CAR, para peso de

carcaça quente, área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea,

marmorização, massa visceral e gordura abdominal. ALMEIDA et al. (2004),

também não encontraram correlações entre CAR e espessura de gordura

subcutânea em animais da raça Nelore.

No estudo realizado por RICHARDSON et al. (2001), trabalhando com

progênies de pais selecionados para baixo CAR, encontraram pequenas

correlações entre CAR e composição corporal, sugerindo que menos de 5% da

variação do CAR dos touros testados pôde ser explicado pela variação na

composição corporal de sua progênie. Outros trabalhos também indicaram

associação do CAR com área de olho de lombo (ARTHUR et al., 2001a;

ROBINSON & ODDY, 2004). No entanto, o estudo de NKRUMAH et al. (2007)

mostrou baixa a moderada relação entre CAR e área de olho de lombo. Quando

mensurados por ultrassom no animal vivo ou diretamente na carcaça, a área de

olho de lombo e a espessura de gordura na garupa tendem a estar fraca a

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moderadamente associadas ao CAR. Sendo assim, à medida que os dados foram

sendo publicados ficou claro que estes efeitos eram pequenos, ou seja, há

apenas ligeira tendência de menor teor de gordura e área de olho de lombo em

animais de baixo CAR.

Segundo ALMEIDA (2005), o CAR pode ser ajustado com base em

medições de espessura de gordura subcutânea, avaliadas com o auxilio do

ultrassom nas costelas ou na garupa. Este parâmetro permite ajustar o valor de

CAR para composição corporal com o animal vivo, uma vez que o sacrifício do

animal é inviável. Embora haja pequena perda na variabilidade entre animais para

o CAR, assegura-se que não tenha seleção de animais mais magros.

2.8 Relações entre temperamento animal e consumo alimentar residual

O temperamento tem sido sugerido como possível influência na

variação da eficiência. Segundo CORVINO (2009), o comportamento de medo

pode influenciar características produtivas importantes na criação, como por

exemplo, o consumo alimentar, o ganho de peso diário e até mesmo a qualidade

do produto final, a carne. A mensuração do temperamento animal é uma tarefa

que exige cuidado, pois necessita de metodologias que permitam uma abordagem

consistente, eficiente, segura, de fácil aplicação e que não manipule a reação do

animal. Uma ferramenta de grande utilidade é o escore de reatividade dentro da

balança ou tronco de contenção, onde são atribuídos valores aos

comportamentos observados, como descrito por VOISINET et al. (1997) sendo, 1-

calmo, sem movimento; 2- movimento inquieto com deslocamento, 3- movimentos

frequentes com contorcimento; 4- movimento contínuo e vigoroso com agitação;

5- movimentos violentos com contínua agitação.

CORVINO et al. (2009) testaram animais da raça Nelore classificados

pelo CAR seguindo essa metodologia e correlacionaram com animais de alta e

baixa reatividade. Os autores não encontraram diferença significativa entre as

diferentes classes de CAR e as notas de reatividade dos animais. Citaram que os

animais ficaram mais agitados e inquietos nas primeiras vezes em que foram

manejados no tronco, porém, com o passar do tempo foram ficando mais calmos

nos manejos subsequentes. A ausência de diferença foi atribuída à adaptação ao

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manejo no tronco e ao manejo diário dos animais no confinamento, que os

tornaram mais adaptados a situações que possam causar estresse.

2.9 Relações entre medidas corporais com o consumo alimentar residual

Segundo DRENNAN et al. (2008), as mensurações morfológicas

realizadas nos animais são ferramentas importantes na avaliação do crescimento

e desenvolvimento corporal e possuem alta correlação com o ganho de peso. As

medidas corporais mais mencionadas na literatura para predizer o peso são o

perímetro torácico, o comprimento corporal, a altura da cernelha e da garupa e

largura da garupa (REIS et al., 2008). Inúmeras condições fisiológicas e

patológicas, assim como diferentes condições ambientais, de manejo e

alimentação podem influenciar o peso dos animais, enquanto que as medidas

morfométricas tendem a sofrer menores variações (VIEIRA et al., 2004).

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15

3 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi aprovado pela Comissão de Ética da Universidade

Federal de Goiás, conforme certificado no número de protocolo 202/11.

3.1 Local e descrição dos animais

A pesquisa foi conduzida no Confinamento Experimental de Bovinos de

Corte, localizado na Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal

de Goiás, Campus II Samambaia, município de Goiânia - GO.

Foram utilizados 120 touros da raça Nelore, os quais, após o

confinamento de 84 dias foram classificados em baixo, médio e alto consumo

alimentar residual (CAR). A idade média dos animais foi de 20 ± 1 mês, com peso

médio inicial de 397 ± 35 kg, em que cada animal constituiu uma unidade

experimental. Os animais foram provenientes de 13 propriedades que participam

do programa de melhoramento genético Nelore Qualitas. Os mesmos foram pré-

selecionados por índices de desempenho como peso a desmama, ganho de peso

pós desmama, perímetro escrotal aos 15 meses, musculosidade e mais 17 outras

medidas morfométricas.

Ao chegarem à estação experimental, os animais foram alocados em

baias coletivas para inicio da adaptação aos currais e a dieta, já que os mesmos

foram recriados em sistema extensivo em pastejo. Após a adaptação de 14 dias,

os animais foram transferidos para baias individuais, de chão batido, á céu aberto,

com 2,5 metros de largura por 10 metros de comprimento, providas de cochos de

alimentação e bebedouros.

3.2 Dieta, manejo alimentar e coleta de amostras

A dieta foi a mesma para todos os animais (Tabela 2), balanceada para

atender as exigências nutricionais de animais em fase de terminação segundo as

recomendações do NRC (2000), objetivando ganho de peso de 1,6 kg/animal/dia,

estimando-se consumo de MS de 2,0% do PV. Como os animais vieram de

pastagens, a alimentação inicial continha uma relação volumoso:concentrado de

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60:40, sendo que a adaptação dos bovinos à dieta durante o confinamento foi

realizada em 14 dias, com inclusão crescente de concentrado até a relação

volumoso:concentrado de 23:77, usada ao longo do teste de desempenho.

TABELA 2- Porcentagem de inclusão dos ingredientes e composição bromatológica da dieta total

Ingredientes % na MS

Silagem de milho sem espiga 18,0

Bagaço de cana-de-açúcar in natura 5,0

Casca de soja 24,3

Sorgo 46,8

Farelo de soja 3,5

Ureia 0,8

Núcleo mineral 1,6

Composição bromatológica da dieta % na MS

Matéria seca 61,8

Proteína bruta 14,7

Fibra em detergente neutro 36,0

Fibra em detergente ácido 24,0

Extrato etéreo 2,5

Matéria mineral 4,5

Carboidratos totais 78,0

Carboidratos não fibrosos 42,0

Nutrientes digestíveis totais 70

Os ingredientes foram misturados em um vagão, sendo que a dieta de

cada animal foi pesada em balança com uma casa após a vírgula e fornecida

manualmente no cocho. Os animais foram alimentados uma vez ao dia, sendo

realizada leitura de cocho, em que era dado escore de 0 a 5 para cada baia todos

os dias pela manhã e na hora do fornecimento da dieta por volta das 13h.

Dependo do escore aumentava-se ou reduzia a dieta fornecida aos animais,

mantendo as sobras em torno de 10% do total consumido.

A cada período de 28 dias entre as pesagens foram coletadas quatro

amostras compostas da dieta e das sobras. As amostras foram pré-secas em

estufa de ar forçado a 55°C por 72 horas para determinação do teor de matéria

parcialmente seca, e posteriormente moídas em moinho tipo “Willey” com peneira

de malha de um milímetro. Foram realizadas análises de matéria seca (MS),

proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), extrato etéreo (EE) e

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matéria mineral (MM) segundo SILVA & QUEIROZ (2002). Os teores de

carboidratos totais (CT) foram determinados segundo o NRC (2000), em que,

CT=100 - (%PB + %EE + %MM), enquanto que os carboidratos não fibrosos

(CNF) foram determinados de acordo com a equação proposta por HALL (2000),

onde, CNF = {100 – [[PB (%MS) – %PB derivada da ureia + % de ureia] + FDN

(%MS) + EE (%MS) + MM (%MS)]}. O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT)

foi estimado segundo CAPELLE et al. (2001), pela equação NDT = 91,0246-

(0,571588*FDN).

Os resultados das análises bromatológicas dos ingredientes da dieta e

das sobras foram utilizados para determinação da composição da dieta e para

determinação do consumo de matéria seca, consumo de fibra em detergente

neutro e consumo de proteína bruta dos animais de cada classe de consumo

alimentar residual.

3.3 Período de avaliação e características avaliadas

O período utilizado para mensuração da ingestão de matéria seca,

ganho médio diário, consumo alimentar residual foi de 84 dias. WANG et al.

(2006) demonstraram que a duração mínima deveria ser de 35, 63 e 63 dias para

CMS, GMD e CAR, respectivamente, sem reduzir significativamente a precisão do

teste. Já segundo protocolo de ARTHUR (2001a), é necessário pelo menos 70

dias de avaliação de consumo e ganho de peso para determinar o consumo

alimentar residual.

Os animais foram pesados quatro vezes nos dias 0, 28, 56 e 84 do

período experimental de confinamento, precedido de jejum alimentar de 16 horas. O

ganho em peso médio diário foi obtido pela diferença de peso corporal inicial,

após adaptação de 14 dias, e o peso final dividido pelo tempo de confinamento.

O consumo voluntário foi registrado diariamente, pela diferença da

quantidade ofertada da dieta e das sobras de alimento no dia seguinte. A

determinação do consumo de matéria seca, fibra em detergente neutro e proteína

bruta foram obtidas após as análises bromatológicas das sobras e da dieta, pela

subtração dos nutrientes oferecidos e os recusados.

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3.3.1 Cálculo do CAR

O cálculo do CAR foi realizado conforme proposto originalmente por

KOCH et al. (1963). O consumo de matéria seca observado (CMSobs) foi obtido

pela pesagem diária do alimento fornecido e das sobras. O consumo de matéria

seca estimado (CMSest) foi obtido por equação de regressão considerando o

CMSobs como variável dependente e o PMM e o GMD dos animais como

variáveis independentes conforme o seguinte modelo:

CMSest= β0 + β1 x (PMM) + β2 x (GMD) + ε,

Em que:

CMSest= consumo de matéria seca estimado em kg;

β0= intercepto;

β1= coeficiente do peso médio metabólico (PMM em kg);

β2= coeficiente do ganho médio diário (GMD em kg/dia);

ε= resíduo;

O CAR de cada animal foi calculado pela diferença entre o consumo de

matéria seca observado e o consumo de matéria seca estimado. Para a

determinação de possíveis diferenças nas variáveis avaliadas entre os animais

considerados mais (baixo CAR) ou menos (alto CAR) eficientes, procedeu-se a

divisão dos animais em três grupos distintos. Aqueles animais que apresentaram

valores de consumo alimentar residual meio (+0,5) desvio padrão acima da média

geral, foram classificados como sendo animais de alto CAR (menos eficientes).

Os animais cujos valores individuais de CAR foram menos meio (-0,5) desvio

padrão inferiores à média geral, foram considerados baixo CAR (mais eficientes).

Os animais cujos valores de CAR se localizaram entre os limites dos animais com

baixo e alto CAR foi agrupado como sendo médio CAR. Essa divisão é

comumente empregada em trabalhos envolvendo avaliação de eficiência

alimentar pelo CAR em bovinos de corte (BASARAB et al., 2003; RICHARDSON

& HERD, 2004; PAULINO, 2006; STIEVEN, 2012).

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3.3.2 Mensurações da espessura de gordura subcutânea e área de olho de lombo

via ultrassom

Foram coletas imagens, via ultrassom, modelo Aloka 500-V, dotado de

transdutor linear de 17,2 cm (3,5 MHZ) na região lombar compreendida entre a

12ª e 13ª costelas e na região da garupa. A interpretação das imagens, para

mensuração da área de olho de lombo (AOL), da espessura de gordura

subcutânea entre a 12ª e 13ª costelas (EGS) e espessura de gordura subcutânea

na garupa (EGP8) foi realizada utilizando software apropriado. As mensurações

foram devidamente realizadas com a imobilização dos animais em tronco de

contenção no dia da última pesagem.

3.3.3 Mensuração do Temperamento

O temperamento dos 120 animais foi avaliado no momento das

pesagens inicial e final, por meio de dois métodos:

a- Escore visual de temperamento: essa foi uma avaliação subjetiva realizada por

dois observadores posicionados de pé ao lado do tronco, atrás da cabeça do

animal, com foco sobre os movimentos dos membros e do corpo. Os critérios

foram baseados em escala de 1 a 5, como descrito por VOISINET et al. (1997),

em que: 1- calmo, sem movimento; 2- movimento inquieto com deslocamento, 3-

movimentos frequentes com contorcimento; 4- movimento contínuo e vigoroso

com agitação; 5- movimentos violentos com contínua luta.

b- Velocidade de fuga: medido por aparelho de células fotoelétricas localizadas na

saída do brete, a uma altura de 1,2 metros do solo. O tempo gasto para percorrer

a distância de 1,8 metros após a saída do brete foi armazenado em uma unidade

receptora de tempo. Animais que apresentaram menor tempo de fuga foram

considerados como mais reativos. Os valores de tempo de fuga foram

transformados em valores de velocidade de fuga (VF) em metros por segundo,

pela divisão da distância percorrida dos animais (1,8 metros) e o tempo gasto.

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3.3.4 Medidas corporais

Na ocasião das pesagens inicial e final dos animais foram realizadas as

mensurações corporais, e por diferença calculado o ganho no período total de 84

dias. Foram avaliadas as seguintes características morfométricas: perímetro

torácico (referente ao perímetro caudal à escápula passando pelo esterno e pelos

processos espinhais das vértebras torácicas); circunferência escrotal (medida na

região escrotal de maior diâmetro); largura de garupa (distância entre as

tuberosidades coxais) e profundidade (distância das vértebras torácicas ao

esterno).

3.4 Análise Estatística

O desenho experimental foi o inteiramente casualizado. O modelo

matemático foi o seguinte:

Y= µ +ti + eij, em que:

Yij = valor observado;

μ = média geral;

ti = efeito da classe do CAR;

e eij = erro experimental.

Foram realizadas análises de variância das classes de CAR com as

variáveis de desempenho no confinamento, medidas da espessura de gordura

subcutânea, área de olho de lombo, medidas corporais e velocidade de fuga, com

comparação entre médias pelo do teste de Tukey ao nível de 5% de

probabilidade. Para a variável escore de temperamento foi realizado o teste de

Kruskall-Wallis, também ao nível de 5% de probabilidade.

Foram realizadas correlações de Pearson entre o CAR e a CA com as

principais variáveis de desempenho, AOL e a espessura de gordura subcutânea

ao nível de 5% de Probabilidade.

As análises estatísticas foram realizadas no programa R Development

Core Team (2012).

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21

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Avaliação da eficiência alimentar pelo consumo alimentar residual

A equação de regressão obtida para estimativa de consumo de matéria

seca (CMSest) foi a seguinte:

CMSest= -3,1232+2,01439*GMD+0,08862*PMM; com R2 de 70,52%, (P<0,01).

A EGS entre a 12ª e 13ª costelas, a EGP8 da região garupa e a AOL

foram testados no modelo de predição de consumo, mas não mostraram

significância (P>0,05) e também não contribuíram para elevação do R2. PAULINO

(2006) e CASTILHOS (2010), também não encontraram efeito da inserção das

variáveis acima na precisão do modelo de predição de consumo, já que a

composição corporal contribui pouco na variação do consumo alimentar residual

(HERD et al. 2004b).

Na Figura 1 pode ser observado o consumo de matéria seca estimado

e o observado dos animais no experimento. O CAR é à distância do consumo de

cada animal até a linha de regressão entre o consumo observado e o estimado.

Os animais acima da linha tiveram consumo observado maior do que o estimado

e os animais abaixo da linha tiveram consumo observado menor do que o

estimado.

FIGURA 1- Relação entre consumo de matéria seca observado e estimado, expressos em kg/dia de touros da raça Nelore

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O número de animais na classe de baixo CAR foi 34 (28,3%), no médio

CAR foi 44 (36,7%) e alto CAR foi 42 (35%). A média, os valores máximos e

mínimos e o desvio padrão do consumo alimentar residual foram de 0,00; 1,66; -

1,90 e 0,61 kg de MS/dia, respectivamente (Tabela 3). Alguns resultados

brasileiros com animais da raça Nelore também mostraram variabilidade para esta

característica como foi observado nos trabalhos de LANNA & ALMEIDA (2004);

ALMEIDA (2005); BONIN et al. (2008); GOMES (2009), citando desvio padrão de

1,05; 0,69; 0,69 e 0,41 kg/dia respectivamente.

TABELA 3- Valores máximo, médio, mínimo, coeficientes de variação e desvio padrão (DP) de características produtivas touros da raça Nelore, classificados pelo consumo alimentar residual

Variáveis Parâmetros

Máximo Médio Mínimo CV% DP

Peso corporal inicial (kg) 491 397 321 9,1 36,0

Peso corporal final (kg) 667 542 419 8,5 46,0

Peso corporal médio metabólico, kg 118 101 84 6,3 6,0

Ganho médio diário, kg/dia 2,45 1,74 1,05 16,4 0,29

Consumo de matéria seca, kg/dia 12,12 9,32 6,31 12,2 1,13

Consumo de matéria seca, %PC 2,45 1,99 1,57 8,7 0,17

Conversão alimentar 7,13 5,41 3,75 0,63 11,6

Eficiência alimentar bruta 0,27 0,19 0,14 0,02 11,8

Consumo alimentar residual, kg/dia 1,66 0,00 -1,90 - 0,61

Área de olho de lombo, cm² 102,57 79,72 61,71 10,49 8,35

Espessura de gordura subcutânea, mm 14,50 6,76 1,91 34,41 2,33

Espessura de gordura da garupa, mm 13,04 7,31 3,11 31,64 2,31

A idade, o peso corporal inicial, final e peso corporal médio metabólico,

não diferiram (P>0,05) entre as classes de CAR, demonstrando uniformidade dos

animais na entrada e durante o experimento (TABELA 4). Os valores de consumo

de matéria seca expressos em kg ou % de peso corporal foram menores (P<0,05)

para os animais de baixo CAR em relação aos de médio e alto CAR. O CMS dos

animais mais eficientes foi 1,3 kg/dia menor, representando redução de 13,7%, do

que o consumo dos animais menos eficientes, com peso corporal e ganho de

peso similar (P>0,05). Valor próximos a estes, foi encontrado por SANTANA et al.

(2012), com redução de 14,58% no consumo de MS dos animais de baixo CAR

em comparação aos de alto CAR. A relação positiva de CAR e CMS é bastante

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consolidada na literatura (BASARAB et al., 2003; FOX, 2004; GOMES, 2009;

NASCIMENTO, 2011), em que os animais de CAR negativo consumem menos

alimento, com o mesmo ganho de peso dos animais de CAR positivo e médio.

A diferença no consumo de matéria seca entre os indivíduos dentro da

mesma raça possui moderada herdabilidade, entre 0,18 a 0,35 (KOCH et al.,

1963; ARCHER et al., 1998; HERD & BISHOP, 2000; ARTHUR et al., 2001a).

Esta característica indica considerável economia com alimentação e quando for

inserida no rebanho, através de reprodutores classificados pelo CAR, poderá

beneficiar os produtores e toda cadeia da carne. Confirmando essa observação,

NASCIMENTO (2011), relatou redução dos custos de produção de 4,8% dos

animais mais eficiente (baixo CAR) em relação aos menos eficientes (alto CAR).

A magnitude das diferenças individuais em relação às exigências de

mantença também podem ser responsáveis pela variação no consumo residual

(JONHSON et al., 2003), já que estão relacionados. Segundo os mesmos autores,

essa variação no consumo residual quanto às exigências de energia

metabolizável de mantença, possuem coeficiente de variação de 10 a 12%, entre

bovinos de corte. Portanto, as variações no CAR, podem ser explicadas em parte,

por essas flutuações individuais nas exigências de energia de mantença.

Os consumos de fibra em detergente neutro (CFDN) e de proteína

bruta (CPB) tiveram comportamento semelhante ao consumo de matéria seca,

sendo maior (P<0,05) para os animais de alto e médio CAR, e menor para os de

baixo CAR (Tabela 4). Este maior consumo de nutrientes é atribuído ao maior

consumo de matéria seca dos animais de alto CAR.

A conversão alimentar (CA) e a eficiência alimentar bruta (EAB)

também foram cerca de 12% melhores para os animais de baixo CAR em relação

aos de alto CAR (Tabela 4). Esta melhor eficiência também foi relatada em

trabalhos com animais da raça Nelore (NASCIMENTO, 2011; SOBRINHO et al.,

2011).

Apesar da relação positiva de CAR e CMS, é preciso avaliar com

cautela as vantagens e desvantagens da sua utilização como ferramenta de

seleção, pois este índice pode resultar em seleção de animais com desempenho

indesejável, por existir uma parcela de animais que possuem baixo CAR, porém,

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baixo ganho de peso como pode ser observado na Figura 3, o que não seria

desejável no sistema de produção de bovinos.

TABELA 4- Média e erro padrão da média das variáveis de desempenho de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual (CAR)

Variáveis

CAR

Baixo Médio Alto Valor - P

Nº de animais 34 44 42 -

Idade, dias 617 606 609 0,2662

Média de CAR -0,76c ± 0,062 0,005b ± 0,020 0,618a ± 0,047 <0,0001

PCI, kg 397 ± 6,68 402 ± 4,70 391 ± 6,28 0,4123

PCF, kg 537 ± 8,21 553 ± 5,86 533 ± 8,16 0,1023

PMM, kg 100 ± 1,14 102 ± 0,82 100 ± 1,14 0,1852

CMS, kg/dia 8,43b ± 0,17 9,58a ± 0,11 9,77a ± 0,19 <0,0001

CMS, % PC 1,80c ± 0,02 2,01b ± 0,01 2,11a ± 0,02 <0,0001

GMD, kg/dia 1,69 ± 0,06 1,82 ± 0,03 1,71 ± 0,04 0,1022

CFDN, kg/dia 3,18b ± 0,06 3,63a ± 0,05 3,66a ± 0,08 <0,0001

CPB, kg/dia 1,26b ± 0,03 1,43a ± 0,02 1,46a ± 0,03 <0,0001

CA, kg/kg 5,09b ± 0,12 5,43b ± 0,06 5,70a ± 0,09 <0,0001

EAB, kg/kg 0,20a ± 0,05 0,19b ± 0,002 0,17c ± 0,003 <0,0001 Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Peso corporal inicial (PCI) e final (PCF), peso médio metabólico (PMM), consumo médio diário de matéria seca em kg/animal (CMS) e em % do peso corporal (CMS, % PC), ganho de peso médio diário (GMD), consumo de fibra em detergente neutro (CFDN) e de proteína bruta (CPB), conversão alimentar (CA) e eficiência alimentar (EA).

Não foram observadas correlações significativas entre CAR e GMD,

PMM, PCI e PCF (Tabela 5), uma vez que, o peso corporal e o ganho de peso

foram utilizados no modelo de regressão para cálculo do CAR. Segundo

NASCIMENTO (2011), o fato do CAR ser ajustado para peso corporal metabólico

e ganho de peso o torna independente dessas características, pois, ao ser

utilizado como critério de seleção de animais eficientes o CAR possivelmente não

altera o crescimento e o tamanho adulto do rebanho (Figura 2 e 3).

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FIGURA 2- Relação entre consumo alimentar residual e peso corporal metabólico de touros da raça Nelore

FIGURA 3- Relação entre consumo alimentar residual e ganho médio diário de touros da raça Nelore

Foram encontradas correlações significativas entre o CAR e o CMS (r=

0,54), CA (r= 0,53) e a EAB (r= -0,56) (Tabela 5). Os animais de baixo CAR,

portanto, apresentaram menor CMS, melhor CA e melhor EAB. Segundo CREWS

JR. (2004), a seleção para baixo CAR resultaria em diminuição da capacidade de

consumo dos animais, podendo em futuro próximo limitar a sua capacidade de

ganho de peso, já que o desempenho está diretamente ligado à ingestão de

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nutrientes. No presente trabalho, os animais de menor CAR apresentaram menor

consumo de matéria seca, porém, tiveram melhor CA e o GMD foi semelhante

aos animais de alto CAR. Estes resultados vão ao encontro do que foi relatado

por ARTHUR & HERD (2008), em que constataram que o consumo alimentar

residual é positivamente correlacionado com a taxa de conversão alimentar, com

coeficientes de correlação genética relatadas variando entre 0,45 a 0,85. Isto

implica que o melhoramento genético para CAR resultará em melhoria na taxa de

conversão alimentar do rebanho (ARTHUR et al, 2001a, b; NKRUMAH et al,

2007).

A conversão alimentar apresentou alta correlação com o GMD (r=-0,68)

(Tabela 5). Dessa forma, uma possível seleção para estes parâmetros, resultaria

na elevação gradual do peso adulto dos animais, já que quanto maior o ganho de

peso, maior será o peso final dos animais.

TABELA 5- Correlações das variáveis de desempenho, gordura subcutânea e

área de olho de lombo com o consumo alimentar residual (rCAR) e conversão alimentar (rCA) de touros da raça Nelore

Variáveis rCAR rCA

Peso corporal inicial, kg -0,008 0,392***

Peso corporal final, kg 0,006 -0,028

Peso médio metabólico, kg 0,000 0,160

Consumo de matéria seca, kg/dia 0,542*** 0,019

Ganho médio diário, kg/dia -0,000 -0,679***

Conversão alimentar 0,527*** -

Eficiência alimentar bruta -0,563*** -0,985***

Área de olho de lombo, cm² 0,080 -0,056

Espessura de gordura subcutânea, mm 0,233* 0,087

Espessura de gordura na garupa, mm 0,151 0,012 *P<0,05, **P<0,01 e ***P<0,0001 para correlação de Pearson

4.2 Avaliação da espessura de gordura subcutânea e da área de olho de

lombo de animais classificados pelo CAR

Não foram encontradas diferenças significativas (P>0,05) para área de

olho de lombo (AOL) entre as classes de CAR (Tabela 6). A espessura de gordura

subcutânea final, medida na região da garupa (EGP8) foi menor (P<0,05) nos

animais de baixo CAR em relação aos de médio CAR, porém sem diferença

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significativa em relação aos de alto CAR. Já a espessura de gordura subcutânea

(EGS) obtida entre a 12ª e 13ª costelas foi menor (P<0,05) nos animais de baixo

CAR em relação aos de médio e alto CAR (Tabela 6). SANTANA et al. (2012)

também observaram maior espessura de gordura subcutânea em animais de alto

CAR, porém, somente na região da garupa. Neste caso, a estratégia seria a sua

inclusão no modelo de predição de consumo, o que permitiria ajustar o valor de

CAR para composição corporal (LANNA & ALMEIDA, 2004). No entanto, os

valores de EGS encontraram-se dentro dos padrões aceitáveis pelos frigoríficos,

que é de no mínimo 3 mm de espessura de gordura na carcaça.

TABELA 6- Média e erro padrão da média da área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea entre a 12ª e 13ª costelas (EGS) e espessura de gordura subcutânea na região da garupa (EGP8) de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual (CAR)

Variáveis CAR

Valor - P Baixo Médio Alto

AOL, cm2 77,3 ± 1,37 81,5 ± 1,29 79,5 ± 1,32 0,0831

EGS, mm 5,7b ± 0,27 7,4a ± 0,36 6,9a ± 0,36 0,0053

EGP8, mm 6,6b ± 0,33 7,9a ± 0,35 7,3ab ± 0,35 0,0352

Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Relatos sobre a relação entre CAR e características de carcaça têm

sido muito controversos. BASARAB et al. (2003) citaram que o CAR está

relacionado com a composição do ganho de peso, com animais de CAR negativo

exibindo carcaças mais magras, com menor cobertura de gordura e menor

proporção de gordura intramuscular do que os animais de alto CAR, sem observar

no entanto, diferenças na AOL entre as classes de CAR. Sendo assim, estes

fatores poderiam ter impacto negativo na qualidade da carcaça e da carne, já que

a gordura tem papel importante no acabamento da carcaça, na perda de líquidos

durante o resfriamento das carcaças e, influenciar na deposição da gordura

intramuscular e, consequentemente afetando o sabor e maciez da carne.

Entretanto, em vários trabalhos com animais da raça Nelore não foram

observadas correlações entre CAR e AOL, EGS e EGP8 (PAULINO, 2006;

FARJALLA, 2009; CASTILHOS, 2010) indicando que a seleção de animais

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Nelores mais eficientes em utilização dos alimentos não traria respostas

indesejáveis na qualidade da carcaça.

4.3 Avaliação das medidas corporais de animais classificados pelo CAR

Na avaliação das medidas corporais (Tabela 7), foram encontradas

diferenças significativas entre as classes de CAR (P<0,05) somente nas variáveis

ganho de perímetro torácico (GPT), profundidade inicial (PROFI) e ganho de

profundidade (GPROF).

TABELA 7- Média e erro padrão da média das medidas corporais de touros da raça Nelore, classificados pelo consumo alimentar residual (CAR)

Médias seguidas de letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey á 5% de Probabilidade. Largura de garupa inicial (LGI), largura de garupa final (LGF), ganho de largura de garupa (GLG), perímetro torácico inicial (PTI), perímetro torácico final (PTF), ganho de perímetro torácico (GPT), profundidade inicial (PROFI), profundidade final (PROFF), ganho de profundidade (GPROF), circunferência escrotal inicial (CEI), circunferência escrotal final (CEF) e ganho de circunferência escrotal (GCE).

A PROFI dos animais de baixo CAR foi maior, no entanto, os animais

de alto CAR tiveram maior GPT e o GPROF mantendo uma padronização para

essas medidas ao final do experimento.

Ao contrário do presente estudo, LAWRENCE et al. (2011)

trabalhando com novilhas da raça Simental e mestiças Simental-Holandês, não

encontraram diferenças das medidas morfométricas entre as classes de CAR. Em

estudos anteriores com animais de raças europeias, também não foram

Variáveis CAR

Valor - P Baixo Médio Alto

LGI, cm 43,2 ± 0,46 42,9 ± 0,35 42,3 ± 0,43 0,338

LGF, cm 49,3 ± 0,40 50,2 ± 0,36 49,1 ± 0,42 0,078

GLG, cm 6,1 ± 0,36 7,3 ± 0,36 6,8 ± 0,36 0,110

PTI, cm 175,0 ± 1,18 172,0 ± 0,73 171,0 ± 1,21 0,105

PTF,cm 190,6 ± 1,11 190,8 ± 0,90 190,2 ± 1,09 0,898

GPT, cm 15,6b ± 0,85 18,8ab ± 0,75 19,2a ± 0,81 0,048

PROFI, cm 62,4a ± 0,41 61,3ab ± 0,42 60,7b ± 0,44 0,027

PROFF, cm 66,5 ± 0,49 66,9 ± 0,29 66,7 ± 0,47 0,736

GPROF, cm 4,1b ± 0,41 5,6a ± 0,39 6,0a ± 0,48 0,007

CEI, cm 31,0 ± 0,47 31,5 ± 0,41 31,5 ± 0,51 0,774

CEF, cm 35,0 ± 0,43 36,0 ± 0,41 36,0 ± 0,43 0,526

GCE, cm 4,0 ± 0,26 4,5 ± 0,20 4,5 ± 0,27 0,333

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detectadas diferenças entre os grupos de CAR e as medidas morfológicas

(BASARAB et al, 2003; KELLY et al, 2010).

4.4 Avaliação do temperamento de animais classificados pelo CAR

As análises de temperamento foram realizadas no inicio e no final do

experimento. Os valores máximos, mínimos e as médias da velocidade de fuga e

da reatividade entre as classes de CAR estão descritos na Tabela 8. Não foram

encontradas diferenças (P>0,05) da velocidade de fuga e da reatividade entre as

classes de CAR.

TABELA 8- Média e erro padrão da média, valores máximos e mínimos da velocidade de fuga e do escore de reatividade de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual (CAR)

CAR

Variáveis Parâmetros

Velocidade de Fuga m/s Mínimo Máximo

Inicial Final Média

Baixo 2,40 ± 0,17 1,98 ± 0,11 2,17 ± 0,11 0,69 5,31

Médio 2,28 ± 0,10 2,14 ± 0,10 2,21 ± 0,09 0,64 4,32

Alto 2,41 ± 0,15 2,13 ± 0,09 2,22 ± 0,11 0,69 5,56

Reatividade

Baixo 2,17 ± 0,17 1,85 ± 0,18 1,74 ± 0,15 1 5

Médio 2,22 ± 0,15 1,93 ± 0,15 1,84 ± 0,13 1 4

Alto 2,31 ± 0,15 1,83 ± 0,11 1,93 ± 0,09 1 4 P>0,05.

Resultados semelhantes ao presente estudo foram relatados por

CORVINO et al. (2009), os quais avaliaram escores de reatividade em animais da

raça Nelore e também não encontraram diferenças entre as classes de CAR para

reatividade. Os autores citaram que o manejo diário realizado no confinamento

tornou os animais menos susceptíveis a estresse causado por situações de

contato humano. Este comportamento também foi verificado no presente estudo

(FIGURAS 4 e 5), pois no início havia apena 27% dos animais no grupo de escore

1 de reatividade (menos reativos), enquanto que, ao final a porcentagem de

animais no grupo de escore 1 passou para 45%, demonstrando que os animais ao

serem manejados sofreram menos estresse com o decorrer do tempo.

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FIGURA 4- Escores de reatividade de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual, mensurada no inicio do teste

FIGURA 5- Escores de reatividade de touros da raça Nelore classificados pelo consumo alimentar residual, mensurada no fim do teste

Na Figura 6 pode ser observada a frequência de animais nos diferentes

escores de reatividade e as notas dadas por cada um dos dois avaliadores. Os

escores dados aos animais pelos dois observadores foram próximos, visto que a

frequência de animais em cada escore foi semelhante.

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STIEVEN (2012) trabalhando com bovinos da raça Purunã encontrou

comportamento semelhante ao do presente estudo, não observando diferenças

significativas (P>0,05) na velocidade de fuga e reatividade entre as classes de

CAR. Os autores relataram valores menores do que o presente trabalho, para

velocidade de fuga 1,23; 1,18 e 1,38 m/s e semelhantes para escore de

reatividade 1,78; 1,63 e 1,77 para alto, médio e baixo CAR, respectivamente.

STELLA (2010), não encontrou correlações significativas entre CAR e o

temperamento pelo método de distância de fuga.

Assim, os resultados do temperamento dos animais não constituíram

fonte de variação para o consumo alimentar residual no presente estudo.

FIGURA 6- Frequência de animais com diferentes escores de reatividade nos

períodos inicial e final, avaliados por dois observadores

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5 Conclusões

O CAR é uma ferramenta eficaz de seleção de bovinos de corte, pela

melhor eficiência e diminuição do consumo de matéria seca dos animais de baixo

CAR, sem alterar o ganho de peso e o temperamento dos mesmos, podendo

promover maior rentabilidade aos produtores, embora possa acarretar em animais

com menor espessura de gordura subcutânea em relação aos animais de alto

CAR.

Portanto, a escolha de reprodutores, não deve ser baseada somente

pela característica de baixo CAR, mas também, por ganho de peso diário

satisfatório entre outras variáveis de desempenho e mensurações morfométricas

desejáveis para a raça.

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