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TOC 86 - Maio 2007
ONTABILIDADE
Os contratos swap são um instrumento financeiro especialmentepara a gestão do risco da taxa de juro, sendo utilizados para alterarveis em fluxos fixos ou vice-versa.
Contabi lização de swaps
vocacionadofluxos variá-
loão Ros Lop€s
ÍOC n." I 735
Rdilor Oficial de Contâs
Docent€ na Escola SuperioÌ
de Ceslâo deToma.
s contratos swap constituemum dos produtos derivadosde criação mais recente, re-
ferenciando-se normalmente 1981como marco inicial do mercado,dado ter sido neste ano que se cele-brou o primeiro contrato com divul-gação pública, o qual foi realizado
entre a IBM e o Banco Mundial. Con-tudo, o primeiro contrato srrap foi re-alizado em 1976, entre uma empresa
dois empréstimos simultâneos. O caso maiscomum é o de uma das partes pagar uma taxafixa e receber uma taxa variável, em que am-bos os fluxos estão indexados a um montantede referência designado montante teórico ounocional.,Exemplo:Montante nocional (teórico): um milhão de eurosMaturidade: dois anosParte A: paga semestralmente a B a taxa fixa de3,5 por centoParte B: paga semestralmente a A taxa Euribor aseis meses, em vigor no início do semestre.Tendo em conta os termos fixados, A pagará a B17 5OO euros (1 000 000 x 0,035 x 0,5) no finaldos 1.o, 2.",3." e4." semestres, e B pagaráaA umfluxo calculado tendo em conta a taxa Euribora seis meses, em vigor no início do semestre.Assim, se no início do 1 ." semestre esta taxa era3,25 por cento, o montante a pagar por B será16 250 euros (1 000 000 x 0,0325 x 0,5). Aspartes A e B, naturalmente, consolidarão osfluxos, pagando A a B somente a diferença defl uxos.Nos semestres seguintes este fluxo será ajustadoem função da taxa Euribor a seis meses, em vigorno início do semestre.Dado, como se reÍeriu, tratar-se de dois em-préstimos simultâneos com idêntico capital ematuridade, as entregas de capital no início eno fim, anulando-se reciprocamente, não serealizam.lsto é Íuncionalmente equivalente, para a parteque recebe taxa fixa, a comprar um activo quefaz pagamentos Íixos e financiar a compra à taxavariável.Os contratos swap típicos identiÍicam o mon-tante nocional utilizado para determinar osfluxos periódicos, a periodicidade dos fluxose as datas em que a taxa variável será ajus-tada.
holandesa, Bos Kalis Westminster e uma empre-sa inglesa, lCl Finance, tendo sido intermediadopela Coldman Sachs e pelo Continental lllinois.Os contratos swap tiveram a sua génese nos em-préstimos paralelos entre empresas multinacio-nais, os quais visavam ultrapassar os obstáculoscriados por alguns países, nomeadamente o Rei-no Unido, à livre circulação de capitais.A utilização de instrumentos financeiros deri-vados teve um crescimento exponencial desde1981, tendo sido este crescimento maior nosprodutos de balcão. Neste segmento, os con-tratos swap são o instrumento que tem regis-tado a maior taxa de crescimento. No final deJunho de 2006(1), o montante nocional doscontratos em aberto era de 207 322 biliões dedólares, enquanto no final de 1986(,) era de5ltt.5 DlllOeS.
Caracterização de um su/ap
Em termos simples, os swaps são permutas decash flows. De acordo com Comes Mota(3),<um swap de taxa de juro, em termos concep-tuais, pode ser perspectivado como a realiza-ção simultânea de dois empréstimos, entre ascontrapartes da transacção, de idêntico mon-tante e maturidade, reembolsados de umasó vez no vencimento, constituindo a taxade iuro o único elemento diferenciador dos
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TOC 86 - Maìo 2007
ONTABILIDADE
O crescimento significativo do mercado de swaps
conduziu ao desenvolvimento de um mercado
interbancário específico com a consequente es-
tandardização de cotações. Assim, neste merca-
do, as cotações são somente expressas em ter-
mos de taxa fixa, sendo a taxa variável calculadacom base na Euribor a seis meses (ou a Libor a
seis meses). Vejamos um exemPlo:
PrazotRS3A(4)
Compra Venda5,80 5,90
Na cotação de compra, quem cota o swap paga-
rá, anualmente, sobre o montante teórico a taxa
fixa de 5,80 por cento e receberá semestralmente
a Euribor a seis meses em vigor no início de cada
semestre. Quanto à cotação de venda, quem cota
o swap receberá, anualmente, à taxa íixa de 5,90
por cento e pagará semestralmente a Euribor a seis
meses em vigor no início de cada semestre.
Objectivo dos swaps
Os contratos swap são um instrumento finan-
ceiro especialmente vocacionado para a gestão
do risco da taxa de iuro, sendo utilizados para
alterar fluxos variáveis em fluxos fixos ou vice--versa. Assim, uma entidade que tenha emitidoum empréstimo obrigacionista à taxa variável,
perante o risco de aumento de taxa de juro,
compra a uma instituição financeira um swapde taxa fixa.Admitindo que o empréstimo obrigacionistavence a Euribor a 12 meses mais um spread de
11 por cento, e que comprou um swap com pe-
riodicidade anual, com taxa fixa de 3,5 por cen-
to, temos que no final de cada ano:- Recebe da lF: Euribor 12M x Capital nocional;- Paga à lF: 3,5 por cento x Capital nocional;- Paga aos obrigacionistas: (Euribor 12M + 1 por
cento) x Capital nocional;Enr síntese, no final de cada ano paga 4,5 por
cento t3,5 por cento + spread de 1 por cento)
\ezes o capital, ou seja, transformou um fluxo'.ar'ìárel, tendencialmente crescente, num fluxo. \,:.ì=::,':je-se clLre, no momento inicial da contrata-:i - : -..'.:1. nLln-ì mercado em equilíbrio/ o va-
: -.,: :: 'ì: iluros de recebimentos deverá ser
: - .. ,' actLral clos fluxos de pagamentos,
l-a : ::,- .:'or será zero.
De modo semelhante, uma entidade que tenha
emitido um empréstimo obrigacionista à taxa
fixa, perante uma tendência provável de dimi-nuição da taxa de juro vende, a uma instituiçãofinanceira, um swap de taxa Íixa e, consequente-
mente, transforma um Íluxo fixo num fluxo vari-
ável com tendência decrescente.Em ambos os casos o swap permite cobrir o risco
de taxa de juro.
Contabilização
No quadro normativo contabilístico nacional,
a norma que trata dos derivados é a DirectrizContabilística n." 1 7 , a qual, contudo, tem ape-
nas como objectivo o tratamento contabilís-tico dos contratos de futuros. Na ausência de
norma especíÍica, a contabilização dos swaps,
deve subordinar-se ao estipulado na DirectrizContabilística n." 1B a qual refere, e citamos:(... a adopção dos princípios contabilísticosgeralmente aceites no normativo contabilísticonacional deve subordina-se, em primeiro lugar,
ao POC e às directrizes contabilísticas e respec-
tivas interpretações técnicas e, supletivamente,pela ordem indicada, às:
1 ." Normas Internacionais de Contabili-dade, adoptadas ao abrigo do Regulamento
n." 1606/2002, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 19 de Julho;2." - Normas Internacionais de Contabilidade(lAS) e Normas Internacionais de Relato Finan-
ceiro (IFRS), emitidas pelo IASB, e respectivas
i nterpretações SIC-l FRIC. n
Assim, em conformidade com esta directriz, as
empresas e outras entidades devem aplicar na
contabilização de swaps (e outros instrumentos
financeiros) as Normas Internacionais de Conta-
bilidade n." 39 - Instrumentos Financeiros - Reco-
nhecimento e Mensuração e n.o 32 - lnstrumentos
Financeiros - Divulgação e Apresentação.
De acordo com estas normas os derivados:
- são activos ou passivos e, como tal, devem ser
reconhecidos nas demonstrações financeiras;
- o justo valor é o critério de mensuração rele-
vante para os derivados;- a contabilização de cobertura é permitida em
certas circunstâncias, que proporcionem uma
relação de cobertura claramente definida, men-surável e de uma efectividade real (documen-
tação).
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TOC 86 M.rio 2007
Definição de um derivado(s)
Um derivado é um instrumento financeiro ououtro contrato dentro do âmbito desta Normacom todas as três características seguintes:a) o seu valor altera-se em resposta à altera-ção numa especificada taxa de juro, preçode instrumento íinanceiro, preço de merca-doria, taxa de câmbio, índice de preços ou detaxas, notação de crédito ou índice de crédito,ou outra variável, desde que, no caso de umavariável não financeira, a variável não seja es-pecífica de uma parte do contrato (por vezesdenominada o <subjacente>);b) não é necessário qualquer investimento líqui-do inicial ou um investimento líquido inicial queseja iníerior ao que seria exigido para outros ti-pos de contratos que se esperaria que tivessemuma resposta semelhante às alterações nos fac-tores de mercado; ec)é liquidado numa data futura.Como foi referido, a contabilização de um sryapdepende se o mesmo se qualifica, e foi designa-do, como instrumento de coltertura e das razòespara a realìzação da cobertura.Assim, são possíveis três classiíicações:- Não é designado como instrumento de cobrer-tura;- Cobertura de justo valor;- Cobertura de fluxos de caixa.A classificação com cobertura de investimentolíquido numa unidade estrangeira, sendo possí-vel, não é usual.Vejamos cada uma destas três possibilidadesatravés de um exemplo prático(6).No dia 1 deJaneiro de XXO1, a empresa (XPTO),SA tinha no seu balanço uma aplicação finan-ceira, pelo prazo de três anos e no valor de doismilhões de euros, em obrigações à taxa vari-ável, as quais foram inicialmente emitidas, aopar, à taxa de seis por cento. A taxa anual (vari-ável) destas obrigações, em vigor para cada pe-ríodo anual, é determinada pela taxa Euribor a
12 meses, em 3l de Dezembro do ano anterior.Nessa data, a empresa tinha também um passi-vo de dois milhões de euros, referentes a umaemissão de obrigações à taxa fixa de seis porcento, e conr uma maturidade de três anos. Em
31/12/XX01, a taxa das obrigações à taxa variá-vel sobe para sete llor cento, e, em 31/12/XXO2,desce para cinco Ìtor cenÌo.Os fluxos financeiros associaclos aos activo epassivo financeiros descritos, e tendo em conra a
evolução de taxas indicada, são os seguintes:
No exemplo apresentado estamos perante uma si-tuação em que existe risco de taxa de juro, isto é,alterações de taxa induzem a alterações de valor doactivo e passivo, assim como de fluxos. De acordocom os pressupostos apresentados, os íluxos glo-bais são iguais, não existindo, contudo, um balan-ceamento perfeito entre os íluxos de rendimento edespesa. A empresa poderá cobrir o risco de taxade juro entrando num swap de taxa de juro.Assim, admitamos que a empresa compra umswap de taxa Íixa em que recebe taxa fixa e pagataxa variável, com um valor nocional de dois mi-lhões. No final cle cada período anual llrocede--se à cor.rsoliclação clos flr-rxos de lr-rros que sevencenr enr cada períoclo, liqLridanclo-se somen-te o diferencial clos mesnros. Deste modo, nofinal clo primeiro ano, em que as taxas, fixa evariável, aplicáveis eram iguais (seis por cento)não existirá qualquer troca de fluxos.Em 31/1 2/XXO1, a taxa variável subiu para setepor cento, pelo que a empresa deverá pagar setepor cento e continua a receber seis por cento.Neste cenário, a empresa espera pagar um dife-rencial de 20 mil euros em cada um dos próxi-mos dois anos, ou seja, o resultado de dois mi-lhões de vezes o diferencial (sete oor cento - serspor cento). Este diíerencial deverá ser registadoem 31 /12/XXO1 pelo seu valor actual, ou seja,36 .l
60,36 euros(20 000/(1 +0,07)+20 OOO/(1,O21n21Em 31/12/XXO2, a empresa deverá liquidar omontante de 20 mil euros, ou seia, o primerrodos dois esperados diíerenciais de juro regista-dos em 31/12/XX01. Este fluxo decomoòe-se en.r
duas parcelas: 2 531 ,23 euros, referente ao jr-rro
sobre o valor actual do swap (36 160,16 x 0,07re 17 468,77 euros, referente à recluçào cla res-ponsabilidade da empresa conr o -çrva/1.
Como, entretanto, a taxa cie jr.rro caìu ltara cin-co por cento, tal clescicla irá reflectir-se num ga-nho esperado no -çn'a/1, no valor de 20 mil euros(2 000 000 x t6 nn - 5 eãr) a receber em 31/121XX03. Este n-ìontante cleverá ser registado peloseu valor actr-ral, 19 017,62 euros (20 mil/ (1,05)),enr 3'l 112iXX02, devendo ser anulado o saldoexistente enr ltalanço no montante de 1B 691,59
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TO('Bír Mnio 2007
ONTABILIDADE
euros (36 160, 36 - 17 468,77).Esta anulação adicionada do va-lor actual do swap procluz ummontante de 37 739,21 euros(18 691 ,59 + 19 047,62) o qualdeverá ser registado em funçãoda qualificação ou não do swapcomo instrumento de coberturade risco e conforme as regras daIAS 39.Em 31/12/XXO3, data da finali-zação da operação, o swap seráliquidado, recebendo a empresa20 mil euros. Este montante deve-rá ser registado tendo em conta a
sua decomposição em duas par-celas: 952,38 euros (19 047,62x 0,05) como luros recebidos e19 047,62 euros eliminará o valor actual do .swap.
Simultaneamente, o activo financeiro e o en.ì-
préstimo obrigacionista, registados no balançoda empresa, deverão ser anulados.De acordo com a IAS 39, e conforme referidoanteriormente, são basicamente possíveis trêsclassificações: 1)O swap não é designado comoinstrumento de cobertura; 2) Cobertura de iustovalor; l) Cobertura de fluxos cle caixa.O swap não é designado como instrumento de co-bertura - Se o swap não se qualifica como cobertu-ra do risco, deverá ser mensurado inicialmente deacordo com o justo valor da retribuição recebidaou concedida. Ora, no momento cla concepção doswap, e num mercado em equrlíltrio, o valor actu-al do swap é zero. As mensurações subsequentesdeverão ser efectuados ao justo valor, devendo osrespectivos ganhos ou perdas originados pelas al-terações ao justo valor ser incluídas nos resultadosdo exercício. Assim, em cada um dos respectivosexercícios económicos, as demonstrações finan-ceiras incluirão a seguinte informação:
Proveitos financeirosCustos financeirosCustos financeiros com o swap(não realìzados)16121 rprejuízos)Balanço
Activo
Cobertura de justo valor - A classificação comocobertura, para fins contabilísticos, significa de-signar o clerivado como compensação de ga-nhos/perdas nos justos valores ou fluxos de caixado instrumento coberto. A contabilização da co-bertura é permitida na IAS 39 em certas circuns-tâncias que proporcionem uma certa relação decobertura claramente definida, mensurável e deuma efectividade actual.Para que a operação seja classificada com cober-tura é necessário que se verifiquem determina-das condições:- Existência de documentação formal no inícioda col-rertura;- Espera-se que a cobertura seja altamente efi-caz. Esta eficácia cieve ser avaliada numa base oecontinuidade e pelo menos nas datas de repor-te('). (Regra B0 por cento - 125 por cento);- A eficácia seja Íacilmente mensurável.Designa-se por cobertura de jr-isto valor, um ins-trumento financeiro derivado oLre comoensa a
empresa, da exposição ao risco, no justo valorde um activo ou responsabili-clacle. NLrnra cobertura de justovalor, para activos e responsa-bilidades, os ganhos ou perdasclo instrr-rmento financeiro sãoì nc I u ídos nos resu ltados doexercício. De igual modo, os ga-nhos ou perdas do instrumentocoberto, que contrabalançamos ganhos ou perdas do instru-mento financeiro, são também
1 20 0001 20 000
i6 160,46(36 160,461
Passivo + Situação líquidaInvestinìentos financeiros: 2 000 000 Empréstimo obrigacionista 2 000 000
Responsabilidades com o swap 36 160,46Resultados retidos (prejuízos) (36 160,46)
Proveitos financeirosCustos financeiros (1 20 000 + 2 531,23)Canhos financeiros com o -çwap(não realizados)Total (lucros)Balanço
ActivoInvestimentos financeiros: 2 000 000Swap 19 047,62
I 40 000122 531 ,23
37 739,2155 207,98
Passivo + Situação líquidaEmpréstimo obrigacionista 2 000 000Resultacfos reticJos (lucros) 19 047.62
31/12/XXO3Demonstração de resultadosProveitos financeiros (1 00 000 + 952,38)Custos ÍinanceirosTotal (Preiuízos)
1 00 952,381 20 000
(19 047,62)
BalançoTodos os activos e passivos.rssociados às operações descritas são eliminados do balanço.
2B
TO(-lì6. Mnio 2007
registados nos resultados do exercício. O resul-tado final deverá resultar numa compensação deganhos e perdas no instrumento financeiro e noinstrumento coberto. Simultaneamente, o valorcontabilístico do instrumento coberto deverá serreajustado pelo justo valor.No caso em apreço, os gestores da nXpTO> po-derão estar preocupados com os efeitos desfa-voráveis das diminuições da taxa cJe juro, queinduzirão a um aumento de valor clo emoréstimoobrigacionista(o), com consequentemente cltmt-nuição do valor da empresa. Neste caso poderãodesignar a operação clescrita com cobertura clojusto valor do passivo.Nesta hipótese, as demonstrações íinanceiras de-vem incluir em cada um dos respectivos exercÊcios económicos a seguinte informação:
No exemplo apresentado, a subida das taxas dejuro para sete por cento, provoca uma diminuiçãodo valor actual das responsabilidades com o em-préstimo obrigacionista, sendo esta diminuiçãototalmente compensada pela percla no swap.
A descida clas taxas de juro para cinco por cento,provoca uma aLlmento do valor actual das res-ponsabilidades com o empréstimo obrigacionis-ta para 2 019 017,62 euros, que corresponde àactualização, à taxa cle cinco por cento do mon-tante de 2 120 000 euros, senclo este aLtmentototalmente compensado pelo ganho no stvap.
Os custos íinanceiros no empréstimo obrigacro-nista são calculados como se segue:
Neste último exercício econó-mico, os proveitos financeirossão ca lcu lados adicionandoaos juros da aplicação íinancei-ra (2 000 000 x 0,05) o mon-tante prer,rianrente calculado de952,j8 euros referente aos jurossobre o valor actual do swap(19 047,62 x 0,05). Os cusrosfinanceiros são calculados apli-cando a taxa de cinco por cen-to sobre o montante do emprés-timo a transportar no início doexercício (2 019 047,62).
Cobertura de fluxos de caixa - Designa-se porcobertura de íluxos de caixa, um instrumen-to financeiro derivado que protege a empresada exposição ao risco associado à volatiliclaoedos cash í/ows esperados. Na medida em que
os ganhos e perdas nos instru-mentos financeiros de coberturae nos instrumentos cobertos nãoocorrem nos mesmos períodoscontabilísticos, é exigido um tra-tamento contabilístico diíerente.Os ganhos ou perdas nos instrLl-mentos financeiros cle coltertr,rrasão reconhecidos no caltital pró-prio. QLrando os fluxos de caixaocorrerem rltaganrento de juros
ou variação nas taxas cle jLrror transferem-se docapital próprio para o custo do activo/passivoquando este seia reconhecìdo, no caso de tran-sacções futuras, olt para resultados quando o rns_trLr men to col-le rto afecta r também resu ltados.No exenrltlo em análise, pode ser mais im_portante, para os gestores da empresa, prote-
ïfuros à taxa de 7% l j7 468,77Montante líquido de juros pago 120 000,00Aumento no montante a trànsportar no empréstimo 17 468,77Menos: montânte a transportar em j1/12/XXO2 (2 Ojg O47,62)Prejuízo não realizado 37 739.21€
31/12/XXO3 uatores em eurrsDemonstração dãProveitos financeiros .l
00 952,3gCustos financeiros ,l00
952.3gTotal oBalançoTodos os activos e passivos associados às operações clescritassão eliminados do balanço.
Proveitos ÍinanceirosCustos financeirosCanhos financeiros com o empréstimoobrigacionista (não realizadostPrejuízos financeiros com o srl,ap rnão realizadosrTotal
1 20 0001 20 000
r6 1 60.16l6 1 60,36
0
Activo passivo + Situação líquidaInvestimentos financeiros: 2 000 000 Empréstimo obrigacionista' I ,jol B3g,64f\
Responsabilidades com o swap 36 160.36
mProveitos financeiros ,I40
000Custos financeiros (1 963 839,54 X 0,O7 + 2 531 ,23\ 140 000Canhos financeiros com o.çwap (não realizados) 3 7 739,21Prejuízos financeiros com o empréstimo obrigacionista (não realizados) j7 739,2jTotal í)Balanço
Activo Passivo + Situação líquidaValor actual do swap 19 O47,62 Empréstimo obrigacioniita Z 019 047,62Investimentos financeiros 2 000 000
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TOC 86 - Maìo 2007
ONTABILIDADE
gerem-se do risco cle variabilidade dos ca-çh
f/ows associados à aplicação Íinanceira detaxa variável. Neste caso, podem designar a
operação em causa como cobertura de flu-xos de caixa, identificando o swap como ins-trumento de cobertura, e como instrumentocoberto os fluxos (variáveis) da aplicação fi-nanceira. O risco coberto refere-se às possí-
veis alterações nos rendimentos da aplicaçãoíinanceira associados a alterações da taxa deiuro.Sendo assim, os ganhos e perdas no swap serão
registados no capital próprio e reclassificadosposteriormente. Por exemplo, os custos finan-ceiros com o swap, no montante de 36 160,36euros, em 31/12/XXO1 são registadas no capitalpróprio, na medida em que não é registado um
ganho equivalente. Deste montante, 20 mil er-r-
ros serão reconhecidos em 3'l /12/XXO2.Considerando esta hipótese, as demonstraçòesfinanceiras devem incluir em cada unr clos res-
pectivos exercícios económicos a seguinte inior-mação:
em Outros Resultados Transitados foram os
segu i ntes:
O montante total de proveitos financei-ros resulta da soma das seguintes parcelas:100 mil euros referentes aos iuros da aplicaçãofinanceira, 952,38 euros referente aos iuros no
s\uap e 19 047,62 euros referente à reclassifica-
ção em resultados do saldo da conta Outros Re-
su ltados Transitados.No bralanço, todos os activos e passivos, asso-
ciados às operações descritas, são eliminados dobalanço.
Notas finais
De acordo com o referido ante-riormente, para que a operaçãoseja classificada com cobertura,é necessário que se verifiquemdelerminadas condições, no-meadamente espera-se que a
cobertura seja altamente eíicaz,devendo esta eíicácia ser avalia-da numa base de continuidade e
pelo menos nas clatas cle reporte.Urla cobertura é eficaz quandoo instrlrnrento financeìro cleriva-
clo apresenta capaciclacle para
gerar Ìlr-rxos qLre con.ìpensem as
alteraçoes no justo valor ou nos
flLrros cle caixa no instrumentocoberto. \o exenrplo apresen-taclo verìfica-se a existência de
Neste exercício económico, o montante doscustos Íinanceiras resulta da soma dos iurospagos no empréstimo obrigacionista, com omontante de 20 mil euros referente ao aius-tanrento, 1á antes referido, inerente ao paga-
mento no -srvap.Os movimentos registacios
uma correlação conrltreendida no intervalo (80
por cento - 125 por cento), pelo que a opera-
ção cumpre as conclições para ser contabilizadacomo cobertura de risco.Conforme se pode observar, utilizámos o mesmoexemplo parar ìlr-rstrar a contabilização como co-
Montante a transportar em 31/12/XXO1 (36 160,36)
Juros no -<nap, inerentes à passagem de um ano (2 531 ,23\Reclassificação de juros 20 000Reavaliação do contrato swap 37 739,21Menos: nrontante a transDortar em 31/12/XXO2 19 O47,62
31/12/XXO3 valores enr curos
Proveìtos íinanceiros 120 000Custos financeiros 120 oooTotal 0
31/12|XXO1Demonstração de resultadosProveitos financeirosCustos financeirostota I
BalançoActivo
lnvestimentos íinanceiros: 2 000 000
1 20 0001 20 000
0
Situação líquidaOutros resultados transitados(r'))
Prejuízos no swap (36 160,36)Passivo
Empréstimo obrigacionista 2 000 000Responsabilidades com o -swap 36 160,36
Proveitos íinanceirosCustos financeirosTotâlBalanço
Activolnvestimentos íinanceiros: 2 000 000Vaf or actual do swap 19 047,62
31/12|XXO2
1 40 000.r 40 000
0
Situação líquidaOutros resu ltados transitados
Lucro no -swap 19 O47,62Passivo
Empréstimo obrigacionista 2 000 000
30
TOC 86 - Maio 2007
bertura do justo valor e como cober-tura dos fluxos de caixa. Permitindoa norma alguma discricionariedadena escolha do método por parte dosgestores das empresas verificam-se,contudo, resultados diferentes ao nÊvel do balanço e da demonstraçãode resultados consoante o métodoutilizado. Esta discrepância tem sidoobjecto de algum criticismo, na me-dida em que, independentementedo método contabilístico utilizado,e tendo em conta a natureza eco-nómica da operação, isto é, os seus
cash flows são idênticos em ambas as situaçoes,os efeitos gerais últimos da transacção, no balançoe na demonstração de resultados deverianr ser os
mesmos. Aliás, este aspecto crítico aliado a outrascríticas(r'), como o aumento de volatilidade nasdemonstrações financeiras, tem levado alguns au-tores a Inferir uma diminuição futura de derivadosna cobertura do risco.Finalmente consideramos importante referir, e ten-do como base os diferentes resultados obtidos aonível do balanço para cada um dos métodos, que acontabilização de cobertura pode alterar rácios im-
portantes na análise do risco das empresas, comopor exemplo os rácios de endividamento e autono-nria financeira. E, adicionalmente, pode diminuira irrrtrortância clo EBITA conro inclicador de avalia-
ção clo cleserrrltenho econónrico das enrpresas. I
tTexto recebido pela CTOC ent faneìro de 2007)
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(') BIS (Nov. 2006)(r) Bls (1999)(J) Apontamentos de aulas do ISCTE(') 5rlat: cle taxa de iuro a três anos(-) Corrfornre IAS 39(") O exerrplo altresentado segue o apresentado no artigo de Richard Schroeder.(i) O nrétoclo :hort cut Pernritido pela SFAS 1 33, não é permitido pela IAS 39.(8) Nunr enrllréstirtro obrigaciorrista à taxa fixa, unra diminuição das taxas de juro no nrercaclo. tracluz-se por um aumento do valor
actual das responsabìliclacles com o empréstimo.(e) Este valor rePreseíìta o valor actu.rl clas duas prestações de juros enr Íãlta e clo ca;tital. utilizancio unla taxa de actualização sete por
cento,(ro) Corresponderá a "Other Conrltrehensive lnconte".(tt\ Vide artigo da J.P Morgan citaclo na bibliografia.
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