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1 PÁGINA 1 PÁGINA 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1 Assuntos de Direito das Obrigações TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES Ramo que abrange parte de nossas ações cotidianas relacionadas ao Direito Civil. - Teoria Geral das Obrigações (estudado atualmente) - Teoria Geral dos Contratos A Teoria Geral das Obrigações e Direitos Reais tratam de questões patrimoniais. A grande parte das questões de Direitos das Obrigações trata de patrimônio. Negócios jurídicos são fonte para o estudo do Direito das Obrigações. As coisas que não podem ser revertidas em valor pecuniário não podem ser objeto do Direito das Obrigações. Na relação obrigacional há uma pessoa que tem o direito de exigir uma prestação de outra. As obrigações se referem a duas situações: crédito e débito. Débito Quando se está obrigado a pagar; Crédito Quando se recebe o crédito. A obrigação é uma prestação de dar, fazer ou não-fazer. Na obrigação há a relação de crédito e débito. CREDOR Sujeito ativo; DEVEDOR Sujeito passivo, possui débito, obrigação de realizar conduta que vai satisfazer o credor. “No Direito Civil, a parte relativa aos vínculos jurídicos, de natureza patrimonial, que se formam entre sujeitos determinados para a satisfação de interesses tutelados pela lei, se acha sistematizada num conjunto de noções, princípios e regras a que se denomina, com mais frequência, Direito das Obrigações” (Orlando Gomes). RELAÇÃO SIMPLES: “As partes correspondem a duas pessoas, figurando cada qual, unicamente, na qualidade de credor e de devedor, ou seja, tendo uma exclusivamente direito e outra dever. Essas relações são as que derivam de contratos unilaterais. Não são as mais frequentes, por importarem gratuidade. Falta-lhes o objetivo da troca de vantagens ou utilidades, que norteia a vida econômica”. (Orlando Gomes). RELAÇÃO COMPLEXA: “As duas posições, de credor e de devedor, são ocupadas, ao mesmo tempo, pelos sujeitos da mesma relação obrigacional. Um deles é o credor e também devedor do outro em condições de reciprocidade próprias dos contratos bilaterais ou signalamáticos”. (Orlando Gomes). Toda e qualquer relação obrigacional, seja tributária, trabalhista, empresarial ou civil, é constituída pelos seguintes elementos: a) Objetivo ou objetos que compõem a relação obrigacional; b) Subjetivos ou sujeitos da obrigação e c) Vínculo jurídico ou o liame, o elo entre os sujeitos que obriga à satisfação do interesse do credor. O elemento objetivo da obrigação é o seu objeto, que se subdivide, para fins didáticos, em objeto obrigacional e objeto prestacional. O objeto obrigacional consiste no direito do credor de exigir do devedor. Tal elemento sempre irá resumir-se em dar, fazer ou não-fazer. O elemento subjetivo de uma obrigação são os sujeitos. Toda e qualquer obrigação comporta dois sujeitos: o credor e o devedor. Podem ser sujeitos da relação obrigacional pessoas físicas ou jurídicas, seja qual for a sua natureza, e também sociedades de fato.

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Assuntos de Direito das Obrigações

TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES Ramo que abrange parte de nossas ações cotidianas relacionadas ao Direito Civil. - Teoria Geral das Obrigações (estudado atualmente) - Teoria Geral dos Contratos A Teoria Geral das Obrigações e Direitos Reais tratam de questões patrimoniais. A grande parte das questões de Direitos das Obrigações trata de patrimônio. Negócios jurídicos são fonte para o estudo do Direito das Obrigações. As coisas que não podem ser revertidas em valor pecuniário não podem ser objeto do Direito das Obrigações. Na relação obrigacional há uma pessoa que tem o direito de exigir uma prestação de outra. As obrigações se referem a duas situações: crédito e débito. Débito – Quando se está obrigado a pagar; Crédito – Quando se recebe o crédito. A obrigação é uma prestação de dar, fazer ou não-fazer. Na obrigação há a relação de crédito e débito. CREDOR – Sujeito ativo; DEVEDOR – Sujeito passivo, possui débito, obrigação de realizar conduta que vai satisfazer o credor. “No Direito Civil, a parte relativa aos vínculos jurídicos, de natureza patrimonial, que se formam entre sujeitos determinados para a satisfação de interesses tutelados pela lei, se acha sistematizada num conjunto de noções, princípios e regras a que se denomina, com mais frequência, Direito das Obrigações” (Orlando Gomes). RELAÇÃO SIMPLES: “As partes correspondem a duas pessoas, figurando cada qual, unicamente, na qualidade de credor e de devedor, ou seja, tendo uma exclusivamente direito e outra dever. Essas relações são as que derivam de contratos unilaterais. Não são as mais frequentes, por importarem gratuidade. Falta-lhes o objetivo da troca de vantagens ou utilidades, que norteia a vida econômica”. (Orlando Gomes). RELAÇÃO COMPLEXA: “As duas posições, de credor e de devedor, são ocupadas, ao mesmo tempo, pelos sujeitos da mesma relação obrigacional. Um deles é o credor e também devedor do outro em condições de reciprocidade próprias dos contratos bilaterais ou signalamáticos”. (Orlando Gomes).

Toda e qualquer relação obrigacional, seja tributária, trabalhista, empresarial ou civil, é constituída pelos seguintes elementos: a) Objetivo ou objetos que compõem a relação obrigacional; b) Subjetivos ou sujeitos da obrigação e c) Vínculo jurídico ou o liame, o elo entre os sujeitos que obriga à satisfação do interesse do credor. O elemento objetivo da obrigação é o seu objeto, que se subdivide, para fins didáticos, em objeto obrigacional e objeto prestacional. O objeto obrigacional consiste no direito do credor de exigir do devedor. Tal elemento sempre irá resumir-se em dar, fazer ou não-fazer. O elemento subjetivo de uma obrigação são os sujeitos. Toda e qualquer obrigação comporta dois sujeitos: o credor e o devedor. Podem ser sujeitos da relação obrigacional pessoas físicas ou jurídicas, seja qual for a sua natureza, e também sociedades de fato.

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O credor, que também pode ser chamado de sujeito ativo ou accipiens, é aquele que tem um interesse a ser satisfeito e o direito subjetivo de exigir um comportamento certo e determinado de outrem, que é o devedor. Portanto, o devedor, também designado como sujeito passivo ou solvens, é aquele que tem o dever da prestação, o dever de um comportamento certo e determinado para com o credor. O devedor deve dar, fazer ou não fazer algo a alguém, no caso, ao credor. O vínculo jurídico resulta de diversas fontes e sujeita o devedor a determinada prestação em favor da satisfação do interesse do credor. O vínculo jurídico perfaz-se em débito e responsabilidade. O débito é o vínculo pessoal que forma o liame entre o credor e o devedor. A responsabilidade corresponde diretamente à facultas agendi. As prestações, que constituem o objeto direto da obrigação, poderão ser:

A obrigação pode ser vista a partir do ponto de vista do objeto direto ou imediato (a prestação) ou do objeto indireto ou mediato (o bem da vida). DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS DAS PESSOAS Existem posicionamentos – minoritários – que não reconhecem os direitos reais, não havendo bipartição, sendo todos obrigacionais. Também há aqueles que somente reconhecem os direitos reais. - “Hipoteca é um direito real em coisa alheia”; - Os direitos reais acompanham a coisa e os direitos obrigacionais acompanham as pessoas; - Todos os direitos reais são direitos vinculados à coisa; - “A alienação fiduciária e a hipoteca são muito parecidas”; DISTINÇÃO ENTRE DÉBITO E RESPONSABILIDADE O vínculo jurídico resulta de diversas fontes e sujeita o devedor a determinada prestação em favor da satisfação dos interesses do credor. O vínculo jurídico perfaz-se em débito e responsabilidade. O débito é o vínculo pessoal que forma o liame entre o credor e o devedor. OBRIGAÇÕES NATURAIS – São aquelas que não são exigíveis judicialmente. Os créditos cujas pretensões prescreveram, por exemplo, constituem obrigação natural. Outro exemplo são as dívidas de jogo e aposta (a não ser das legalizadas, a exemplo dos jogos da Mega Sena). Obrigação natural é a expressão, por vezes utilizada para nomear prestações não-acionáveis e, outras vezes, para designar deveres sociais ou convencionais.

Obrigações

Positivas Negativas

De dar De fazer De não-fazer

Coisa Certa

Coisa Incerta

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MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES Obrigações – Dar, Fazer (faccere), Não-fazer (non-faccere) OBRIGAÇÃO DE DAR - Não é sinônimo de “doar”, mas de entregar determinada coisa a uma pessoa. - A obrigação de dar pode consistir na entrega ou restituição de algo a alguém. É, portanto, uma obrigação positiva. - Coisa certa – Prestação determinada; - Coisa incerta – Prestação determinável; - Não existe prestação totalmente indeterminada; - A obrigação de dar transmite-se por sucessão; - A entrega consiste em dar originalmente algo, ou seja, se José comprou a moto de João, este tem de cumprir sua obrigação através da entrega. OBRIGAÇÃO DE FAZER - Existe a possibilidade de duas modalidades estarem na mesma ocasião: Por exemplo, contratar um artesão para fazer uma bolsa exatamente igual a uma pré-determinada, artesanalmente. - As obrigações de dar e fazer são positivas, ao contrário as obrigações de não-fazer, que são negativas; - A obrigação de fazer é uma obrigação positiva que se perfaz com atos executados pelo devedor. - Quando a obrigação de fazer só puder ser executada por pessoa certa e determinada, com características essenciais ou peculiares, diz-se que se está diante de uma obrigação infungível ou personalíssima. Por outro lado, quando a obrigação de fazer pode ser cumprida por terceiro, chama-se fungível ou não-personalíssima. OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER A obrigação de não-fazer consiste em obrigação negativa pela qual o devedor se obriga à abstenção de determinado ato. Tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento omissivo do devedor. As prestações são os objetos das obrigações OBRIGAÇÕES DE FAZER FUNGÍVEIS – Será fungível quando não houver restrição negocial no sentido de que o serviço seja realizado por outrem. Diz-se que a obrigação não foi pactuada em atenção à pessoa do devedor. O Código Civil de 2002 admite a possibilidade de o fato ser executado por terceiro, havendo recusa ou mora do devedor. OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEIS – Trata-se das chamadas obrigações personalíssimas (intuito personae), cujo adimplemento não poderá ser realizado por qualquer pessoa, em atenção às qualidades especiais daquele que se contratou. Tais pessoas não poderão, sem prévia anuência do credor, indicar substitutos. Classificação conforme o modo de execução: INSTANTÂNEA OU TRANSEUNTE – Aquela em que a prestação e a contraprestação ocorrem num único momento, extinguindo-se a correspondente obrigação com esse único ato isolado de satisfação do interesse do credor. Por exemplo, Carlos compra um livro de João e paga à vista. CONTÍNUA OU PERIÓDICA – Também podem ser chamadas de “trato sucessivo” ou “execução continuada”. O pagamento se protrai no tempo, por exemplo, uma compra e venda a prazo ou uma doação em forma de subvenção periódica. Conforme os elementos constitutivos:

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SIMPLES; COMPLEXAS; PRESTAÇÃO ÚNICA (OU SIMPLES); PRESTAÇÃO MÚLTIPLA (OU CONJUNTA). OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA O devedor só cumpre a obrigação se entregar objetivamente o contratado. Se entregar outra ele não está cumprindo a obrigação. O devedor deve entregar exatamente o que foi contratado, sendo que, mesmo que dê algo mais valioso, compete ao credor aceitar ou não. - “Os direitos do consumidor são irrenunciáveis”; OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA - Será indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade; - Concentração – Ato de escolha, dentro do gênero, para que se escolha qual especificidade será entregue. OBRIGAÇÃO DE FAZER - Por exemplo, um advogado para fazer um exercício de assessoria. Roberto Carlos para fazer um show; - Não há aceitação que a pessoa seja instada à força para realizar algo; - Se a obrigação for descumprida o devedor deverá responder civilmente; - Deve-se observar se é obrigação de fazer fungível ou obrigação de fazer infungível; - Se a obrigação for infungível o devedor não pode exigir que o credor aceite, obrigatoriamente, um substituto em seu lugar; - Caso a obrigação não seja cumprida por culpa do devedor, ele deve ressarcir a quantia (caso já a tenha recebido) e indenizar perdas e danos. Há casos em que a quantia é estipulada já no contrato; - Caso a obrigação não seja cumprida sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação por perdas e danos; - Art. 247 do Código Civil de 2002

Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.

- Art. 248 do Código Civil de 2002.

Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.

- Mora é o inadimplemento relativo: entregar uma parte somente (indevidamente), entregar em local errado, entregar atrasadamente. A mora não é somente “demora”.

Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.

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OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER - Por exemplo, um vizinho que não quer que seja construído um edifício de três andares ao lado de seu domicílio com dois andares porque senão perderá sua vista ao mar. Então cria uma obrigação solicitando que o vizinho não exerça seu direito de construir.

Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

- O que é Servidão?

Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.

- A obrigação de não-fazer pode ter cunho gratuito ou oneroso; - As obrigações de não-fazer costumam aparecer em âmbito de contratos nos quais haja a discussão de várias obrigações; - Por exemplo, não divulgar que certa relação de fusão está sendo desenvolvida; certa celebridade não fazer propaganda a outras empresas; OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS - É quando o objeto da obrigação recai sobre mais de uma obrigação, mas basta a realização de uma única; - Pode combinar de diversas formas: Dar X ou fazer Y; Dar X ou dar Y; não-fazer X ou dar Y. São disjuntivas (ou uma ou outra); - Se a obrigação se tornar impossível, por culpa ou não-culpa do devedor, se o devedor deve escolher, não precisará indenizar perdas e danos, bastando dar a outra parte da obrigação. Ou seja, se não satisfazer com uma, satisfaz com outra. - “Ou realiza a prestação ou indeniza perdas e danos” – Isso não é prestação alternativa; - Quando a escolha cabe ao credor ou a terceiro, se ele já escolheu e comunicou a escolha ao devedor, ela deixa de ser alternativa e passa a ser obrigação simples. Se uma delas não puder ser paga por culpa do devedor (e for justamente a que o credor escolheu), deverá indenizar o credor por perdas e danos (e ressarcir o dinheiro, se for o caso). Ou o credor pode escolher a outra. - A sistemática do Código Civil de 2002 é para facilitar a exoneração do devedor, finalizar a obrigação. - O que é compensação?

Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.

- O que é sub-rogação?

Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

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SOLIDARIEDADE ATIVA – Mais de um credor solidário da mesma obrigação; PASSIVA – Mais de um devedor solidário da mesma obrigação. Codevedores solidários. Cada um deles é obrigado pela dívida toda. A solidariedade não é presumida, pois decorre de contrato. O que é caução de ratificação? Relevância da diferença entre obrigação indivisível e obrigação solidária: No caso de não-cumprimento por impossibilidade, quando ela gera mora, por exemplo, as relações se mostram distintas; Diferenciar obrigação INDIVISÍVEL de obrigação SOLIDÁRIA (ver p. 76-78 Obriga. F. V. Figueiredo). Caso uma obrigação indivisível seja convertida em perdas e danos, ela perde seu caráter de indivisibilidade, pois o objeto passa a ser a devolução dos valores eventualmente já pagos acrescidos das perdas e danos e esse valor deixa de ser indivisível. Por outro lado, se uma obrigação solidária se converte em perdas e danos, ela mantém o seu caráter de solidariedade, uma vez que o aspecto subjetivo continua o mesmo. O vínculo de solidariedade numa obrigação solidária se dá por uma razão subjetiva. No obrigação indivisível a causa é objetiva, ou seja, a indivisibilidade se dá pela natureza do objeto, pela disposição legal ou pela vontade das partes. - A solidariedade não se presume. Resulta da lei ou da vontade das partes. A solidariedade ativa só surge por vontade das partes, segundo a doutrina, enquanto a solidariedade passiva pode surgir de duas maneiras. - Recomendação: Pesquisar e estudar as várias causas que suspendem ou interrompem a prescrição. - É mais comum aparecer solidariedade passiva do que solidariedade ativa; - Não se pode ver “fiança „pura‟” como solidariedade passiva; - Renúncia de solidariedade não é remissão de dívida; - A renúncia da solidariedade de ser expressa (quando uma parte decide não mais receber a sua parte); - As obrigações se transmitem. Pode ser “inter vivos” ou “mortis causa”; - O que é espólio? É o patrimônio de alguém que já faleceu; - O que é devedor insolvente? - Na solidariedade passiva, presume-se que as cotas a serem pagas são iguais, proporcionalmente divididas - Distinção entre PERDAS E DANOS e JUROS DE MORA. As perdas e danos não se incluem na solidariedade e os juros de mora se incluem na solidariedade; - Leitura dos Arts. 264 a 285 do Código Civil de 2002:

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.

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Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve. Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor. Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do

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insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES CESSÃO DE CRÉDITO – Pode ser gratuita ou onerosa. Normalmente será onerosa. É negócio jurídico bilateral, de caráter especulativo e, portanto, presumido como oneroso, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional. CEDENTE – É o titular originário do crédito, ou seja, aquele que transfere seu crédito; CESSIONÁRIO – Aquele que recebe o crédito e passa a ser o sujeito ativo da relação obrigacional; CEDIDO – Ele é o devedor. A sua anuência é prescindível, mas ele deve ser comunicado. OBRIGAÇÃO AMBULATÓRIA – Obrigação que segue a coisa, que está sempre anexada a algo. CESSÃO DE DÉBITO – Enquanto a cessão de crédito é mais comum, a cessão de débito é mais rara. Pode ser também denominada “assunção de dívida”. Para que haja substituição do devedor, o credor tem que anuir. EXPROMISSÃO – Sem consentimento do devedor. Pode ser liberatória, situação em que haverá uma perfeita sucessão no débito, restando, portanto, exonerado da dívida o devedor exprometido; ou cumulativa, em que o novo devedor passa a ser codevedor solidário. DELEGAÇÃO – Com o consentimento do devedor. Se dá por um contrato entre o devedor e terceiro, com o consentimento do credor, poderá ser privativa – se o delegante se desonerar da dívida –, ou cumulativa – se o devedor delegante restar subsidiariamente responsável pelo débito; SUB-ROGAÇÃO – Para a ciência jurídica, sub-rogação traduz a ideia de “substituição” de sujeitos ou de objeto em uma determinada relação jurídica. O pagamento com sub-rogação, modo especial de extinção das obrigações disciplinado pelos art. 236 a 351 do Código Civil de 2002, traduz a ideia de cumprimento da dívida por terceiro, com a consequente substituição de sujeitos na relação jurídica obrigacional originária. - Situação do fiador na cessão de crédito; - Situação do fiador na cessão de débito; SUBLOCAÇÃO; CESSÃO DE CONTRATO – Diferentemente do que ocorre na cessão de crédito ou de débito, neste caso o cedente transfere a sua própria posição contratual (compreendendo créditos e débitos) a um terceiro (cessionário), que passará a substituí-lo na relação jurídica originária. - Recomendação – Revisar os requisitos de validade do Negócio Jurídico; - Titular de Créditos Alimentícios – Personalíssima. - Quando a lei e a doutrina falam em pagamento válido, na verdade refere-se a pagamento eficaz; - O crédito penhorado não pode ser cedido.

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- O que é crédito penhorado? ADIMPLEMENTO 1. Nomenclatura; 2. Natureza Jurídica;

2.1 Negócio Jurídico; 2.2 Ato Jurídico; 2.3 Corrente Mista;

3. Pressupostos; 4. Elementos;

4.1 Sujeitos; 4.1.1 Solvens; 4.1.2 Accipiens;

4.2 Objeto; 4.3 Prova; 4.4 Lugar; 4.5 Tempo;

5. Adimplemento substancial. Arts. 304 a 323 do Código Civil de 2002:

Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento. Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor. Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.

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Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes. Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido. Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.

- Recomendação de leitura: Obrigações, de Orlando Gomes; - ADIMPLEMENTO STRICTO SENSU; - ADIMPLEMENTO LATO SENSU; - FORMAS EXTINTIVAS ANÔMALAS; - O que significa “sinalagma”? Existência de deveres recíprocos; - Segundo Pontes de Miranda, há um filtro no qual há Existência, Validade e Eficácia (nesta ordem) e o inadimplemento se situa no campo da eficácia;

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- Os elementos do adimplemento estão no art. 304 do Código Civil de 2002; - SOLVENS – Aquele que cumpre a obrigação. Normalmente é o devedor; - ACCIPIENS – Aquele que recebe o crédito. Normalmente será o credor. Pode ser também alguém que represente o credor, o qual poderá ser legal, judicial ou convencional; - REPRESENTANTE LEGAL – Por exemplo, o tutor e o curador; - REPRESENTANTE JUDICIAL – Por exemplo, o síndico, representante da massa falida; - REPRESENTANTE CONVENCIONAL; - Teoria da Aparência - Em determinadas situações, a simples aparência de uma qualidade ou de um direito poderá gerar efeitos na órbita jurídica. São acontecimentos supervenientes que alteram profundamente a economia do contrato, por tal forma perturbando o seu equilíbrio, como inicialmente estava fixado, que se torna certo que as partes jamais contratariam se pudessem ter podido antes antever esses fatos; - Fraude contra credores – O devedor se desfaz dolosamente do seu patrimônio para evitar o pagamento ao credor; - Elemento objetivo do pagamento; - Prova do Pagamento – Ou pela quitação ou pela devolução do título. É um direito subjetivo do devedor. A quitação produz efeito iuris tantum que o pagamento foi realizado através de RECIBO. - Consignação em Pagamento. - Quem tem direito a sub-rogação é o terceiro interessado. O terceiro não-interessado tem direito a reembolso; - Na sub-rogação existe a substituição da titularidade do crédito. Reembolso é o simples direito de receber a quantia novamente; - VALOR NOMINAL; - CLÁUSULA DE ESCALA MÓVEL – É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. Ela não é previsão de juros; - A correção monetária é para atualizar o valor da dívida, uma exceção ao princípio do nominalismo; - Juros moratórios – Se não se paga no vencimento, os juros alteram sempre para mais; - Juros remuneratórios; - A correção monetária incide sobre o princípio do nominalismo; - Escala móvel – Atualização da dívida; - Art. 317 – Teoria da Imprevisão – Pressupõe-se que haja uma dívida feita hoje para ser paga posteriormente, mas acontece algo que acarreta uma alteração que a torna de desproporção manifesta; - Ação Revisional de Contrato; ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (continuação) - Prova do pagamento; - Lugar do pagamento; - Tempo do pagamento; - Adimplemento substancial; - Leitura do art. 323 do Código Civil de 2002 – Se dão por quitados primeiro os juros e depois o capital. Tem como enfoque as instituições financeiras; - A mera devolução do título ao devedor (título de crédito) já consubstancia o pagamento; - Em caso de perda do título do crédito por culpa do credor poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido (art. 321 do Código Civil de 2002);

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- Princípio da Cartularidade do Título de Crédito – A existência material é que é representativa do título de crédito; - Art. 326 do Código Civil de 2002 – Invoca uma “regionalidade”. As medidas variam conforme o lugar. Os pesos e medidas serão padronizados de acordo com o local; - Leitura da Seção IV – Do lugar do pagamento;

Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem. Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.

- Art. 327 do Código Civil de 2002 – A regra é que o local do pagamento é o domicílio do devedor; - A competência que versa sobre obrigação vinculada a direito real (propter rem) é efetuar o pagamento onde se encontra o imóvel. Por exemplo, o IPTU deve ser pago no local onde se situa o imóvel; - Em relação ao local do pagamento as dívidas podem ser: QUERABLES – Terminologia francesa. “Quesível”. O ônus relativo à localização da perda para a localização do pagamento é do credor. É a regra. O domicílio do devedor funciona como local do pagamento; PORTABLES – O devedor deve entregar no domicílio do credor; TEORIA DA IMPREVISÃO; - Lei 8.2435/1991 – Lei do Inquilinato. - Art. 330 do Código Civil de 2002 – Princípio da Confiança – É um dispositivo novo que não tem correspondência no Código Civil de 1916 (Código anterior); - Leitura da Seção V – Do tempo do pagamento;

Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor. Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código: I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.

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Revisão: Modo, termo e encargo MODO – É sinônimo de encargo. Determinação acessória acidental do negócio jurídico que impõe ao beneficiário um ônus a ser cumprido, em prol de uma liberalidade maior; TERMO – Espécie de determinação acessória, o termo é o acontecimento futuro e certo que subordina o início ou o término da eficácia jurídica de determinado ato negocial; ENCARGO – Sinônimo de modo; CONDIÇÃO – É a determinação acessória que faz a eficácia da vontade declarada dependente de algum acontecimento futuro e incerto. - Leitura do art. 333 do Código Civil de 2002 – Uma exceção às condições da sistemática do pagamento; - Leitura do art. 939 do Código Civil de 2002 – Não se trata efetivamente de antecipação de tutela. Aqui ocorre que o credor apressado cobra a dívida antes da data estipulada. Então o credor terá que pagar as custas do processo em dobro:

Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.

- Leitura do art. 940 do Código Civil de 2002:

Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.

- Art. 333, alínea I – Tem correspondência com a Lei 11.101/05; - Qual a diferença de hipoteca para penhor? Hipoteca é aplicável para bens imóveis e penhor para bens móveis. Elas têm prioridade em relação ao pagamento dos credores devendo ser executados primeiramente; - O que são créditos quirografários? - Diferencie garantias fidejussórias de garantias reais. ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL - Recomendação de obra: “Obrigação como Processo” – Clóvis de Couto e Silva; - O que é adimplemento substancial? É o reconhecimento da adimplência de grande parte da dívida. - Advinda dos países de common Law, sendo ali denominada substancial performance; - O adimplemento substancial não desonera o devedor do pagamento do restante da dívida; - Leitura do art. 763 do Código Civil de 2002:

Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.

- Decreto-Lei 911/1969; - Função Social do Contrato.

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MODALIDADES ESPECIAIS DE PAGAMENTO Pagamento em consignação – Não é uma forma de pagamento strictu sensu. Ocorre nas situações de mora accipiendi ou quando houver dúvida causada pelo credor quanto aos elementos do pagamento; - Leitura do art. 334 do Código Civil de 2002:

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

- Procedimento (CPC, 890-900) – Extrajudicialmente ou Judicial; - O pagamento não é só um dever do devedor, mas também um direito; - Requisitos do pagamento em consignação; - Quais são os requisitos para que o pagamento em consignação seja válido? COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS

Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento. - Art. 335, I – Ocorrem casos nos quais o credor tem o intuito de retomar para si a posse do imóvel e elabora, de má-fé, maneiras pelas quais o devedor não consiga efetuar o pagamento. Consequentemente, poderia haver ação de despejo. Aqui cabe ação de pagamento em consignação. - Lei 8.245 de 1991 – Lei do Inquilinato – Descreve sanções para o caso de não-pagamento do aluguel por parte do inquilino; - Nenhum devedor deve pagar se o credor não apresenta a quitação (uma prova documental que houve aquele pagamento). É complicado provar só com testemunha; - Art. 335, III – Se o credor for incapaz de receber seu representante poderá; se for desconhecido pode ajuizar ação de consignação em pagamento, publicando edital; se for declarado ausente pode ser pago aos bens do curador dos bens do ausente; se residir em lugar incerto publica-se edital através de ajuizamento de ação de consignação em pagamento; se o acesso for perigoso ou difícil e o devedor quer pagar não é necessário que ele ponha em risco sua integridade física. - Art. 336 – Fala-se na consignação extrajudicial e judicial. - A fiança é uma garantia fidejussória;

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- A consignação de pagamento será feita no lugar do imóvel. Admite-se, mas é simbólico o depósito; PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO Ele é pagamento só para uma das partes da relação obrigacional. Satisfaz o credor, mas não libera o devedor. SUBROGAÇÃO REAL – Uma coisa substitui a outra com a mesma qualificação jurídica; SUBROGAÇÃO PESSOAL – Pode ser de causa legal ou de causa convencional; Lei 8.009/1990 – Proteção aos bens de família; NOVAÇÃO - Cria-se uma nova obrigação para ficar no lugar anterior;

Art. 360. Dá-se a novação: I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira. Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste. Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição. Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação. Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados. Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal. Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.

- animus novandi; - Na dúvida, há a interpretação de que não é novação. Ela não se presume; - A novação pode estar tácita; - NOVAÇÃO OBJETIVA (REAL) – Acontece quando na relação obrigacional continua a mesma em relação às partes, mas o objetivo é extinguir a primeira e substituir essa primeira; - NOVAÇÃO SUBJETIVA (PESSOAL) – Muito parecida com assunção de dívida. Existe alteração das partes (credor ou devedor). Acontece muito em famílias;

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- NOVAÇÃO MISTA; - Uma simples alteração na taxa de juros não é novação. Alterações secundárias não é novação. A alteração tem que ser substancial para que haja novação; - Qual a relação da novação com a nulibilidade e anulabilidade? - Pode-se novar obrigação prescrita? A obrigação em si continua existindo (apenas não era mais exigível). Pode sim haver novação de dívida prescrita; - O Código Civil de 2002 também permite renúncia à prescrição; - Nada impede que uma obrigação que seja objeto de lide judicial seja objeto de novação; - Não se pode novar obrigação nula. A obrigação que decorre de um negócio nulo não existe; - O que é confissão de dívida? - Pode-se novar obrigação natural? A maioria da doutrina entende que não pode. A doutrina minoritária entende que pode; - Obrigação condicional admite novação. A nova obrigação criada pode ser convencional ou não; - Diferença entre Novação Subjetiva e a Assunção de Dívida – Na novação subjetiva extingue-se a outra obrigação e inicia-se outra; - A novação subjetiva pode acontecer com ou sem o consentimento do devedor; CESSÃO DE CRÉDITO A obrigação integra o patrimônio da pessoa. Logo, é transmissível. O credor pode transferir o seu crédito para terceiro. Isso pode se dar devido a decisão judicial, por exemplo; O conteúdo da obrigação não é modificado. A alteração é apenas subjetiva. O devedor não participa. Ele é terceiro em relação ao negócio entre o cedente e o cessionário (antigo credor e novo credor, respectivamente); O devedor também é chamado de cedido. Deve ser comunicado da cessão. A cessão pode ser onerosa ou gratuita; O consentimento do devedor não tem relevância. ASSUNÇÃO DE DÍVIDA OU CESSÃO DE DÉBITO É negócio feito entre devedor e terceiro, com o consentimento do credor. Esse terceiro assume a obrigação de pagar a dívida do devedor. A importância do consentimento reside no interesse no patrimônio do devedor, objeto da obrigação. OBS. 1: A relação jurídica de fiança é entre o credor e fiador, não é o caso aqui. OBS. 2: Expromissão é quando terceiro faz acordo com credor para assumir dívida.

Cessionário

Credor Cedente

Devedor Cedido

Cessão

O consentimento do devedor não

tem relevância

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CESSÃO DE CONTRATO – O contrato inteiro é cedido a terceiro. OBS.: Há alguns créditos intransmissíveis. Restringe-se a cessão, por lei, por exemplo: títulos de crédito alimentício; por exemplo, obrigação personalíssima. O crédito penhorado também não pode ser cedido. ADIMPLEMENTO - A corrente mista só era tratada em Orlando Gomes. Fala da dificuldade de definição imediata; - Cristiano Chaves: Prestação voluntária; obedece à forma, tempo e lugar; e prestação lícita (conceito amplo). São 03 os pressupostos do adimplemento; - Art. 304 – Sub-rogação de terceiro / direitos do credor; - Art. 306 é uma exceção; - Art. 309 – Aplicabilidade da teoria da aparência (Em determinadas situações, a simples aparência de uma qualidade ou de um direito poderá gerar efeitos na órbita jurídica). O pagamento é válido. - A PROVA é por quitação ou devolução do título. Não sendo dada tal prova, direito subjetivo do devedor, o credor fica em mora. Daí o direito de retenção do devedor.

Locador

Locatário

Locação

Posse / uso

Aluguel (R$)

Locatário

Credor

Devedor

Fiador

Delegação

Expromissão

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TEORIA GERAL DO PAGAMENTO Art. 304 – Fala do interessado que paga. Sub-roga-se aos interesses do credor, tornando-se credor, então; Terceiro não-interessado pode pagar. Contudo, não se sub-roga; Art. 305 – Fala do reembolso, mas sem sub-rogação (ocupar o lugar do credor). Reembolso é simples direito à devolução. Tal é feito pelo devedor. Se este não o faz, ressalve-se por via da lei. Arts. 315 e 317 – Dívida em dinheiro é diferente de dívida de valor. A primeira está no artigo 315. A dívida de valor não segue o nominalismo. Apena-se o valor da nominal mais seus aumentos em decorrência do tempo, se ocorrer. É o valor da coisa e este valor pode variar; Art. 316 – Cláusula de Escala Móvel – Muito comum, principalmente na época de inflações; A correção monetária é uma exceção ao princípio do nominalismo (em época de inflação seria fonte de injustiça); TEORIA DA IMPREVISÃO – Acontecimentos imprevisíveis que acabam alterando de forma desproporcional a obrigação anteriormente contraída. Esse “imprescindível” vai ser analisado pelo juiz. Se exige uma cautela comum de uma pessoa comum. Tem que haver uma razoabilidade. Art. 323 – Quando o objeto for capital (dinheiro), quitam-se primeiro os juros. Só depois o principal (obrigação de dar dinheiro). A finalidade é a venda do bem por dinheiro. Art. 324 – A mera devolução do título induz à prova do pagamento. Se o título se perde, o devedor tem o direito de exigir o pagamento de volta. O credor deve provar que perdeu-o de boa-fé. Art. 325 – Despesas por conta do credor. Art. 326 – Invoca regionalidade. Presumem-se pesos e medidas do local de execução do contrato em caso de omissão no mesmo. LUGAR Art. 327 – O Código Civil de 2002 não expunha nesse sentido. Falava do domicílio do devedor. Aqui, consideram-se eventualidades de acordo com a boa-fé subjetiva e função dos contratos. Exemplo: pagamento de pensão alimentícia – ver casos dos parágrafos. Art. 329 – Teoria da imprevisão; OBS.: Obrigações quesíveis – Paga no domicílio do devedor; Obrigações portáveis – Paga no domicílio do credor; A regra do Código Civil de 2002 é a primeira, como dito (Seu Barriga vai à procura de Seu Madruga). Hoje a maioria das obrigações são bancárias, o que facilita muito; Art. 330 – Princípio da confiança – Presume-se o local como aquele em que foi efetuado o pagamento.

Devedor

Credor

Terceiro R$

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TEMPO Art. 331 – Se não for fixado, deve-se pagar imediatamente. É raro. Deve ser à vista; Art. 332 – Correlação entre modo, tempo e lugar. O credor deve provar o implemento. Notifica o devedor da condição especial, impelindo-o a pagar; Art. 333 – Exceção à sistemática do pagamento. Oportunizar ao credor cobrar uma dívida ainda não vencida; Art. 334 – Compensação do devedor (relação com o Código de Defesa do Consumidor). Freia recebimento indevido; OBS.: Contrato de locação: Em caso de silêncio, 6 dias úteis após o dia do vencimento. ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL Termo novo no Brasil. Não é citado nos manuais. Consiste num reconhecimento da adimplência de grande parte da dívida por parte do devedor visando evitar a rescisão do contrato quando se está muito próximo de obter a quitação da dívida (o devedor, no caso). Exemplo: contratos de seguro. Se já se quitou 11 das 12 parcelas, por exemplo. Aproxima-se do total cumprimento. Visa suspender a incidência de juros (art. 763). Vem trazer a questão da função social dos contratos (constitucionalização dos direitos), evitando a punição de quem não pagou uma ou duas parcelas. Não exonera o devedor do pagamento. Busca é evitar a dissolução do contrato, fazendo valer a sua função social. MODALIDADES ESPECIAIS DO PAGAMENTO 1. Pagamento em consignação. Não possui o requisito da voluntariedade. Situações: “mora accipiendi” de dívida, causada pelo credor, quanto aos elementos do pagamento (a quem se deve pagar, quem deve pagar, prova, tempo e lugar do pagamento). Art. 334 – O procedimento pode ser judicial ou extrajudicial. CPC, arts. 340 a 400; Art. 335 – Fora da primeira situação citada, de mora. Na consignação há um obstáculo por parte do credor. Está no Código do Processo Civil. Não é depósito extrajudicial, mas ação mesmo. Fala da obrigação de dar. O depósito extrajudicial é mais raro, aceito em algumas hipóteses, como em caso de impossibilidade de quitar a ação de consignação em pagamento. É muito comum em casos de locação de imóveis. Para se evitar ação do credor, o inquilino ou curador pode ajuizar uma ação de consignação. A recusa em receber o pagamento pode ser indício de má-fé e é esta que se busca suprimir. Se a recusa for justa, contudo, a ação é tida como improcedente. O réu, que é o credor, ganha a ação. O devedor está em mora, correndo juros e correção monetária até este momento. Tem de haver um cuidado com isto. Verifica-se quem tem a razão. Muitas vezes busca-se uma atitude intermediária, regulando o valor a ser pago. Se o credor for incapaz de receber, paga-se ao representante legal. Não se entra logo com ação de consignação. A ação se aplica ao credor incapaz ou desconhecido. Em caso de credor falecido também. Busca-se porque se quer pagar. Pede-se ao juiz cite os interessados por Edital nos últimos dois casos. Art. 337 – Infere-se o conteúdo do artigo 336. Durante o intervalo em que já venceu a obrigação e o depósito, caso o juiz julgue procedente, só correm os juros e moras nesse período. Contudo, se ação for julgada improcedente, o devedor pagará juros e mora durante todo o período. O levantamento do depósito pelo credor é possível em alguns casos, como dispõe o art. 338;

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Art. 338 – Quando o credor nada disser de não impugnar o depósito, o devedor poderá fazer o levantamento do mesmo. Se o credor se manifestar e deixar o devedor levantar o depósito, extinguem-se as garantias reais e fidejussórias (caso do fiador). Ou seja, os terceiros coobrigados exoneram-se da obrigação. Art. 339 – Quando a ação de consignação é julgada procedente e o devedor pede o levantamento do depósito e o credor autoriza. Se os terceiros não autorizam, não há levantamento do depósito. CONSIGNAÇÃO DE IMÓVEL – É simbólico. Refere-se à consignação das chaves. Art. 342 – A ação de consignação pode ser usada para quem o credor efetue a escolha. Após a escolha, realiza-se o depósito. Art. 344 – Duas ou mais pessoas brigam judicialmente por algo. O devedor deverá depositar e aguardar a decisão judicial. PAGAMENTO COM SUBROGAÇÃO Art. 346 – É um pagamento que satisfaz o credor, mas não exonera o devedor da dívida propriamente, pois o mesmo passa a dever para uma outra pessoa. SUBROGAÇÃO PESSOAL X SUBROGAÇÃO REAL – A primeira pode ser de causa legal ou convencional. Terceiro interessado ou codevedor – Subrogação pessoal de causa legal, expressa por lei. Terceiro não-interessado – Subrogação convencional. Subrogação Legal: Art. 346 – Traz hipóteses taxativas dela. Exemplo I: O devedor não pode ser opor. O credor 2 paga ao credor 1 por livre e espontânea vontade, por achar melhor e evitar ação judicial ou extrajudicial do devedor. Libera-se o credor 1. O credor 2 subroga-se ao credor 1. Exemplo II: O devedor é terceiro qualquer, terceiro adquirente, no contrato. Teria que haver cessão de contrato, mas com o conhecimento da Caixa Econômica Federal. A Caixa não conhece o sujeito. Tem-se que ter cuidado com a má-fé do devedor, que pode não repassar o dinheiro. A

Devedor

Credor 1

Credor 2

Credor 3

R$

Mutuário

Devedor

Mútuo

(R$)

Mutuante

Credora (quem empresta)

(R$)

(R$)

CEF

Caixa Econômica

Federal

Não há prejuízo

para ela

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Caixa só toma ciência se faz-se a cessão. Essa situação ocorre porque o devedor não quitou a sua dívida. Portanto, o sujeito paga ao devedor o que o mesmo já gastou e paga o resto à Caixa. A Caixa pode recusar a cessão. Exemplo III: Terceiro interessando, já visto, se sub-roga aos direitos do credor. Art. 347: Sub-rogação convencional por duas hipóteses contratuais ou negociais. Uma parte transmite os seus interesses à outra. Decorre de um pagamento que foi feito (diferente da cessão de crédito, que não inclui obrigatoriamente o pagamento). Ex.: Art. 348 – Aplicação das regras à cessão de crédito. Art. 349 – Sub-rogação é pessoal. Mais vantajosa que a cessão. Substitui o lugar do credor. Art. 350 – Não há, na sub-rogação convencional, a limitação característica da sub-rogação legal. Art. 351; IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO Entre o credor e o devedor há mais de um crédito. Não se pagou nada ainda. Todos têm a mesma natureza e objeto (créditos fungíveis entre si). Escolhe-se uma ou algumas pessoas para se pagar primeiro. O devedor indica o que está pagando. É direito seu tal imputação. Com R$400,00 ele pode pagar a dívida de R$300,00 e de R$100,00 ou a de R$400,00, por exemplo: Excepcionalmente, o direito pode ser do credor, quando o devedor não indica o que está pagando. O credor decide na quitação. Se não o fizer, ocorre imputação legal.

Devedor

Credor

Terceiro

R$

Empréstimo

Terceiro

Devedor

Credor

R$ 300,00

R 01

Devedor

Credor

R$ 400,00

R 02

Devedor

Credor

R$ 100,00

R 03

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O credor não pode se opor à imputação do devedor. Não pode cobrar dívida não vencida também. Raríssimas são as exceções, estabelecidas em contrato, geralmente. Para se haver pagamento parcial, o credor tem que aceitar. Se não aceitar, restitui o pagamento ao devedor. Art. 354 – Presume-se primeiro o pagamento dos juros e não do capital, senão acarreta prejuízo ao credor. Art. 352 – Dívida líquida: certa quanto à existência e determinada quanto ao objeto. Art. 355 – Imputação legal. Tem critérios da ordem de quitação. Na dívida líquida não pode fazer imputação. A dívida mais onerosa é aquela que impõe maior prejuízo ao credor ou aquela que tem garantia. Quando todos são de mesma onerosidade, o que fazer? O Código não responde. A doutrina sugere que se quite todas as dívidas, de forma parcial sobre cada uma (imputação parcial). DAÇÃO EM PAGAMENTO O credor acha mais interessante, devido à situação do devedor, receber um bem no lugar daquilo que ele realmente tem direito (o dinheiro). Gera o efeito do pagamento este negócio jurídico bilateral. A dação extingue a obrigação. Alguns a entendem apenas como uma forma especial de pagamento, indireto, e não como um negócio. Contudo, o devedor não pode impor ao credor. Este tem que aceitar, tacitamente mesmo. Se o devedor entregar e não diz nada, o credor pode entender como uma doação. Comprovando que não foi, o credor vai escolher ficar ou não com a coisa recebida. DAÇÃO EM FUNÇÃO DO PAGAMENTO – Não extingue a dívida, a obrigação. Na entrega de título de crédito, o devedor continuaria como tal até que este título de crédito seja pago. A dação pode se dar por meio de ação ou entrega de um bem. Quando o objeto for um imóvel deve ser feito por escritura pública com o registro no cartório de imóveis. Há casos de dação em que o pagamento será inválido. Ex.: Não pode entregar todos os seus bens ou de ascendente sem o consentimento dos outros, etc. Outro exemplo é sobre bem que o devedor não pode dispor, como bens penhorados. COMPENSAÇÃO São obrigações líquidas e vencidas, ambas exigíveis. Extinguem-se os créditos. As duas obrigações se resolvem. É a compensação legal. Objetos fungíveis entre si (mesma natureza). Há compensação parcial quando, por exemplo, os valores devidos não são os mesmos. Exemplo: R1 de R$10.000,00 e R2 de R$13.000,00. A R1 se resolve e o devedor da R2 só paga R$3.000,00. É legal também. Não depende de acordo entre as partes. A compensação convencional pode ocorrer quando os requisitos para a legal não estão presentes. Faz-se isso expressamente, de comum acordo.

João

Pedro

R$ 10.000,00

R 01

João

Pedro

R$ 10.000,00

R 02

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OBS.: Dar coisa esbulhada em realidade é uma obrigação de restituir. Comodato também. CONFUSÃO E REMISSÃO CONFUSÃO – Acontece sobre a mesma obrigação e objeto o débito e o crédito recai sobre a mesma pessoa.

Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela. Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade. Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior.

Ex.: Situação de herança – Filho deve R$100,00 ao pai e quando o pai morre herda sozinho os bens. Torna-se credor e devedor das obrigações. Trata-se com este exemplo de causa extintiva obrigação. A confusão transitória não extingue a dívida. Exemplo: Processo de ausência. Herda o devedor o patrimônio do ausente. Passa a ser credor e devedor da mesma obrigação. Contudo, com o aparecimento do ausente retorna a obrigação. Trata-se de uma confusão ineficaz. A confusão opera-se em todos os casos automaticamente. Art. 381 – Pessoa jurídica (A) comprou pessoa jurídica (B) que devia. Não há mais dívida. Confusão; Art. 382 – Confusão de dívida solidária; Art. 384 – Casos de confusão temporária; REMISSÃO – Ato pelo qual o credor exonera por liberalidade o devedor. Necessita de aprovação do devedor (expressa ou tácita, inequívoca). Ato bilateral, embora seja espécie do gênero. Renúncia (ato unilateral);

Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir. Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida. Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.

Remitente – Capacidade para alienar, dispor; Remitido – Capacidade para manifestar vontade; OBS.: A remissão poderá ser expressa ou tácita (rasgar, com consciência, uma promissória em frente ao devedor, num ato voluntário).

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OBRIGAÇÕES COM GARANTIAS REAIS – Penhor: Remissão do penhor não implica na extinção da obrigação, há somente extinção de uma garantia. Art. 385 a 389 do Código Civil de 2002. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES - QUESTÕES RESOLVIDAS Capítulo VII – Teoria do Pagamento GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil, Volume II: Obrigações / Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho – 11 ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2010.

Quais são os três elementos fundamentais que compõem o pagamento? O vínculo obrigacional (trata-se da causa – fundamento – do pagamento); o sujeito ativo do pagamento (o devedor – solvens); o sujeito passivo do pagamento (o credor – accipiens). Assim, em matéria de pagamento, faz-se a inversão dos polos da relação jurídica obrigacional. Quais são as formas especiais de extinção das obrigações? A consignação em pagamento, o pagamento com sub-rogação, a imputação do pagamento, a dação em pagamento, a novação, a compensação, a transação, o compromisso (arbitragem), a confusão e a remissão. Qual a natureza jurídica do pagamento? Afirmar a natureza jurídica de algo é, em linguagem simples, responder à pergunta: “que é isso, para o direito?”. Indiscutivelmente, o pagamento é fato jurídico, na medida em que tem o condão de resolver a relação jurídica obrigacional. Como se sabe, fato jurídico é todo acontecimento que produz efeitos na órbita do direito, a exemplo do que ocorre com o pagamento. Para Stolze não é possível adotar uma posição definitiva quanto à subespécie na qual se insere o pagamento. Quanto às condições subjetivas do pagamento, a respeito de quem deve pagar, diferencie terceiro interessado de terceiro não-interessado. Por terceiro interessado entende-se a pessoa que, sem integrar o polo passivo obrigacional da relação obrigacional-base, encontra-se juridicamente adstrita ao pagamento da dívida. Ex.: fiador. Por terceiro não-interessado trata-se de pessoa que não guarda vinculação jurídica com a relação obrigacional-base, por nutrir interesse meramente moral. Exemplo: o pai que paga a dívida do filho maior. O que ocorre se o terceiro não-interessado paga a dívida em nome e à conta do devedor? Neste caso não tem, a priori, o direito de cobrar o valor que desembolsou para solver a dívida, uma vez que o fez, não por motivos patrimoniais, mas por sentimentos filantrópicos. O que ocorre se o terceiro não-interessado paga a dívida em seu próprio nome? Neste caso, tem o direito de reaver o que pagou, embora não se sub-rogue nos direitos do credor. Talvez um bom exemplo do pagamento realizado por terceiro em seu próprio nome seja o da fiança criminal. ANOTAÇÃO: “Registre-se, por óbvio, que a fiança criminal deve ser prestada pelo próprio afiançado, sendo o pagamento por terceiro situação excepcional, enquanto a fiança civil é prestada necessariamente por terceiro”.

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Em que hipótese prevista no art. 306 do Código Civil de 2002 o devedor tem a faculdade de opor-se ao pagamento da dívida por terceiro? Por exemplo, mencionado por Pablo Stolze Gagliano em que “em uma determinada cidade, dois comerciantes disputam entre si o mercado de cereais. Um deles, necessitando de numerário para levar à frente os seus negócios, contrai vultosa dívida perante um determinado credor, não conseguindo adimpli-la no vencimento, embora ainda não estivesse insolvente. O seu concorrente, ciente do fato, paga a dívida, tornando-se seu credor. Ora, em tal caso, é indiscutível que a situação de devedor ficará agravada, uma vez que terá muito mais dificuldade de solver amigavelmente a obrigação, sem mencionar o fato de que o seu desafeto – o novo credor – poderá macular sua imagem na praça, alardeando informações falsas acerca de sua real situação econômica”. [...] “Ou seja, havendo o desconhecimento ou a oposição do devedor, e o pagamento ainda assim se der, o terceiro não terá o direito de reembolsar-se, desde que o devedor, obviamente, disponha de meios para solver a obrigação”. O pagamento pode ser feito a quais pessoas? Ao credor, ao representante do credor ou a terceiro. Em que consiste a teoria da aparência? Em determinadas situações, a simples aparência de uma qualidade ou de um direito poderá gerar efeitos na órbita jurídica. O que é credor putativo? No dizer de Caio Mário, “chama-se credor putativo a pessoa que, estando na posse do título obrigacional, passa aos olhos de todos como sendo a verdadeira titular do crédito (credor aparente). Para Stolze, trata-se da pessoa que se apresenta como sujeito ativo da relação obrigacional (sujeito passivo do pagamento), não havendo razão plausível para o devedor desconfiar da sua ilegitimidade”. Quais são os requisitos indispensáveis para a validade do pagamento ao credor putativo (aparente)? A boa-fé do devedor e a escusabilidade de seu erro. Quando deverão ser pagas as dívidas em dinheiro? No vencimento, em moeda corrente nacional, pelo seu valor nominal. Nada impede a adoção de cláusulas de escala móvel, para que se realize a atualização monetária da soma devida, segundo critérios escolhidos pelas próprias partes. Qual é o principal meio de prova do pagamento? A quitação. Segundo Stolze, trata-se de ato devido, imposto ao credor que recebeu o pagamento, no qual serão especificados o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor ou de quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento. Onde o pagamento deve ser feito? Em princípio o pagamento deve ser feito no domicílio do devedor. A dívida, neste caso, será quesível, ou seja, deve ser cobrada, buscada, pelo credor, no domicílio do devedor. O que é uma dívida portável? Se for estipulada que o pagamento será efetuado no domicílio do credor, estaremos diante de uma dívida portável ou “portable”. Nesse caso, o devedor incumbe buscar o credor para efetuar o pagamento.

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ATENÇÃO: Se forem designados dois ou mais lugares para o pagamento, diferentemente do que se possa imaginar, a lei determina que a escolha caberá ao credor. Em caráter excepcional, se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas ao imóvel, o pagamento será feito no lugar onde for situado o bem. O pagamento feito reiteradamente em outro local faz presumir a renúncia do credor ao lugar previsto no contrato. Além de poderem ser efetuadas no dia do vencimento, quando pode ser paga a dívida? Na falta de ajuste, e não dispondo a lei em sentido contrário, poderá o credor exigir o pagamento imediatamente. Se a obrigação é a termo, em sendo o prazo concedido a favor do devedor, nada impede que este antecipe o pagamento, podendo o credor retê-lo. Em caso contrário, se o prazo estipulado for feito para favorecer o credor, não poderá o devedor pagá-lo antecipadamente. Finalmente, é possível ao credor exigir antecipadamente o pagamento, nas estritas hipóteses previstas em lei: - No caso de falência do devedor ou de concurso de credores; - Se os bens, hipotecados ou empenhados (objeto de penhor), forem penhorados em execução de outro credor; - Se cessarem ou se tornarem insuficientes, as garantias de débito, fidejussórias (fiança, por exemplo), ou reais (hipoteca, penhor, anticrese), e o devedor, intimado, se negar a reforça-las. TEORIA DA IMPREVISÃO GAGLIANO, Pablo Stolze. Algumas considerações sobre a Teoria da Imprevisão . Jus Navigandi, Teresina, ano 5, n. 51, out. 2001. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2206>.

Segundo o Professor Miguel Maria de Serpa Lopes: "a imprevisão consiste, assim, no desequilíbrio das prestações sucessivas ou diferidas, em conseqüência de acontecimentos ulteriores à formação do contrato, independentemente da vontade das partes, de tal forma extraordinários e anormais que impossível se tornava prevê-los razoável e antecedentemente. São acontecimentos supervenientes que alteram profundamente a economia do contrato, por tal forma perturbando o seu equilíbrio, como inicialmente estava fixado, que se torna certo que as partes jamais contratariam se pudessem ter podido antes antever esses fatos. Se, em tais circunstâncias, o contrato fosse mantido, redundaria num enriquecimento anormal, em benefício do credor, determinando um empobrecimento da mesma natureza, em relação ao devedor. Consequentemente, a imprevisão tende a alterar ou excluir a força obrigatória dos contratos [...] E para que não haja dúvidas quanto à aplicação de tão importante teoria, cumpre, neste ponto, invocar a autorizada lição do Professor Arnoldo Medeiros da Fonseca, um dos juristas que melhor tratou da matéria entre nós, e que cuidou de sistematizar os pressupostos da teoria da imprevisão: A) a alteração radical no ambiente objetivo existente ao tempo da formação do contrato, decorrente de circunstâncias imprevistas e imprevisíveis; B) onerosidade excessiva para o devedor e não compensada por outras vantagens auferidas anteriormente, ou ainda esperáveis, diante dos termos do ajuste; C) enriquecimento inesperado e injusto para o credor, como consequência direta da superveniência imprevista.

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TEORIA DO INADIMPLEMENTO 1. Conceito; 2. Modalidades:

2.1. Inadimplemento fortuito; 2.2 Inadimplemento culposo;

2.2.1 Inadimplemento absoluto; 2.2.2 Inadimplemento relativo;

2.2.2.1 Mora do devedor – mora debendi ou mora solvendi; 2.2.2.2 Mora do credor – mora credendi ou mora accipiendi; 2.2.2.3 Purgação da mora;

2.2.3 Violação positiva do contrato; 3. Responsabilidade civil;

3.1 Extracontratual; 3.2 Contratual;

4. Responsabilidade patrimonial; 4.1 Prisão civil; 4.2 Regime de impenhorabilidade;

5. Consequências do inadimplemento; 5.1 Perdas e danos; 5.2 Juros legais; 5.3 Cláusula penal; 5.4 Arras.

- “A teoria do inadimplemento seria a seara patológica do direito obrigacional”, fazendo uma analogia com a medicina. - A partir do art. 389 do Novo Código Civil são dispostas normas acerca da teoria do inadimplemento; - O que é inadimplemento? - O inadimplemento fortuito caracteriza-se pela impossibilidade (que, segundo Hedemann, seriam de três tipos, jurídica, econômica ou psíquica). Já o inadimplemento culposo caracteriza-se pela imputabilidade. O inadimplemento fortuito não é passível de indenização; - Formas de impossibilidade, segundo Hedemann: - Jurídica; - Econômica – Por exemplo, um navio deve entregar uma carga e não pode se mover no rio congelado. O navio quebra-gelo tem custo maior do que o da própria carga, o que torna o seu uso inviável economicamente. - Psíquica – Uma pessoa deixa de comparecer ao pagamento de uma obrigação porque está de luto devido à morte de pessoa querida. - Caso fortuito e força maior – dificuldade na diferenciação. Ler artigo 393; - Acerca do inadimplemento culposo, segundo a abordagem a que nos aderimos, veja organograma ao lado. - O inadimplemento absoluto ocorre sempre que o cumprimento posterior da obrigação for inútil a credor. Por exemplo de inadimplemento absoluto pode-se mencionar a não-confecção de um vestido de noiva até o dia de seu casamento.

- O solvens e o devedor, nas obrigações personalíssimas, se confundem; - A obrigação de não-fazer exige uma abstenção. A partir do momento em que ele fizer, há o inadimplemento. No caso das obrigações de não-fazer, o inadimplemento sempre será absoluto (no sentido de não ser mais útil o

Culpa Lato

Sensu

Culpa strictu

sensu

Dolo

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cumprimento da obrigação; Inadimplemento relativo: - A mora – consta no art. 394 do Novo Código Civil. A mora não tem nada a ver com demora. - O que é mora? - A mora pode ser do credor ou mesmo do devedor. - O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor; - O que é mora ex re? - O que é mora ex persona? Qualquer obrigação de não-fazer ensejará esta mora. - Art. 398 – Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou; - A purgação da mora está expressa no art. 401 do Novo Código Civil; - O nosso Código Civil de 2002 não trata da Violação positiva do contrato. Os autores que melhor tratam desse tema são Cristiano Chaves e Nelson Rosenvaldi. Ela se conecta com o inadimplemento dos deveres anexos e laterais; - Por exemplo de violação positiva de contrato, quando infringe direitos de cooperação e informação. Um médico deve cumprir a obrigação de curar um paciente, e a cumpre. Porém, ao realizar a cura usa ato dispendioso, caro, que traz muito sofrimento, e deixa de usar método alternativo mais singelo, rápido e indolor. Ou na entrega de um cavalo de raça, deixa-se de acomodar e acondicionar o animal com cautela, sem deixar água e comida à vontade, e o animal chega desabilitado e machucado pelas intempéries do transporte. O animal foi entregue, mas não nas condições almejadas. - Responsabilidade Civil: Na responsabilidade civil extracontratual é preciso que a parte prove a culpa. Na responsabilidade civil contratual a culpa é presumida. - Responsabilidade Patrimonial: Prisão civil e regime de impenhorabilidade. Só existe prisão civil por inadimplemento de dívida alimentícia. PERDAS E DANOS - Inadimplemento culposo gera ao devedor a obrigação de ressarcir o credor; - As perdas e danos têm o caráter de reparar o dano, e não de apenar o dano; - A indenização por dano moral, por outro lado, também deve ter um cunho punitivo, educativo. Já no caso de dano material, não há esse cunho; - A regra é que o valor das perdas e danos seja o valor do dano; - As perdas e danos abrangem o que o credor efetivamente perdeu e o que ele razoavelmente deixou de lucrar. Ler art. 402;

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

- O que é “perda de chance”? Ocorre, por exemplo, quando uma pessoa que tem alta probabilidade de passar em um concurso público, mas na hora em que estava indo realiza-lo um taxista bate no carro dele, impedindo-o de chegar antes que o portão do prédio onde havia o concurso se feche. Alguns autores dizem que é indenizável, outros dizem que não é; - O Código Civil só obriga a indenizar o dano direto e imediatamente causado. A cadeia de prejuízos de danos reflexos não é abrangida, ou seja, em regra, não são danos indenizáveis; - A lei autoriza que o juiz determine a cobrança de juros de mora, ainda possa determinar uma indenização suplementar; - Art. 405 – Pressupõe o descumprimento de uma relação contratual;

Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

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- Em regra, a mora decorre do simples inadimplemento no vencimento; - Quando vem de um ato ilícito a responsabilidade extracontratual determina que há incidência. Os juros de mora desde o momento do dano; - Esse assunto será mais apurado na matéria responsabilidade civil; JUROS LEGAIS - Juros são acessórios sobre um principal. Existem os juros moratórios, os remuneratórios (sinônimo de compensatórios); - Juros remuneratórios são o preço para o uso do capital alheio; - Decreto 22.626 – Lei da Usura – Neste decreto que se indica a lei da agiotagem; - As instituições financeiras não têm limite nenhum para pagar os seus juros; - Os juros remuneratórios, assim como os juros moratórios, são acessórios; - Anadocismo (capitalização ou juros compostos) – Calcular juros sobre juros. A regra geral é que os juros não podem ser capitalizados; - A capitalização que se admite no Brasil, em regra, é a capitalização anual. Mas já no cheque especial a cobrança é por juros compostos; - Juros convencionais são aqueles que as partes pactuam, as partes determinam os juros. Há um limite legal. A lei determina que há uma taxa limite; - Juros legais são os convencionados por lei.

Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.