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O contributo da Web 2.0 para a inovação nos processos de trabalho nas organizações públicas - Ambiente de trabalho 2.0 Selma Vedor Fernandes Orientador(a): Doutor Juan Mozzicafreddo, Professor Catedrático, ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa Co-orientador(a): Doutor Gustavo Cardoso, Professor Auxiliar com Agregação, ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa Departamento de Ciência Política e Políticas Públicas Trabalho de projecto submetido como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração Pública

Contributo da Web 2.0 para a inovação nos processos de trabalho nas organizações públicas - Ambiente de trabalho 2.0

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Trabalho de projeto do Mestrado em Administração Pública, ISCTE, que defende a promoção de lógicas de trabalho favoráveis ao trabalho em rede e equipa, marcadas por uma dinâmica mais horizontal, multidisciplinar e colaborativa e onde a aprendizagem colaborativa e a gestão do conhecimento assumem um lugar de destaque A reforma da Administração Pública portuguesa tem tido implicações ao nível das estruturas organizacionais, práticas de gestão, emprego público e valores profissionais, impulsionando lógicas de trabalho assentes na cooperação e na constituição de redes e equipas, marcadas por uma dinâmica mais horizontal, multidisciplinar e colaborativa, e que propiciem a partilha e gestão do conhecimento. Dado o potencial que a Web 2.0 apresenta para apoiar estas lógicas de trabalho, assim como os valores associados a estas tecnologias, apelidou-se estas lógicas pela expressão “ambiente de trabalho 2.0”.

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O contributo da Web 2.0 para a inovação nos processos de trabalho nas organizações

públicas - Ambiente de trabalho 2.0

Selma Vedor Fernandes

Orientador(a):Doutor Juan Mozzicafreddo, Professor Catedrático,

ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa

Co-orientador(a):Doutor Gustavo Cardoso, Professor Auxiliar com Agregação,

ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa

Departamento de Ciência Política e Políticas Públicas

Trabalho de projecto submetido como requisito parcial para obtenção do grau deMestre em Administração Pública

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Ambientes de trabalho de trabalho

Um contexto de mudança que exige mudanças na forma como trabalhamos

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Reforma administrativa: oportunidade para a promoção de novos ambientes de trabalho

Tecido social e económico mais complexo, dimensão internacional de algumas questões, optimização do desempenho dos serviços, cidadãos mais exigentes -desenvolvimento de lógicas de trabalho mais horizontais, adopção de várias formas de cooperação em rede e de colaboração (intra e inter organizacional, interministerial e multidisciplinar). Modelos de serviço público, orientados para a oferta, requerem formas de trabalhar assentes na cooperação entre entidades, e rompem com a organização vertical por silos ministeriais da AP

A reforma administrativa alterou os 5 pilares da estrutura clássica da burocracia: hierarquia, centralização, estandardização, formalização e especialização - surgimento de arquitecturas organizacionais mais flexíveis, com estruturas hierárquicas menos densas, mais descentralizadas, geralmente organizadas em grupos de trabalho e equipas.

Afirmação de uma sociedade baseada no conhecimento exige que as organizações públicas criem mecanismos adequados aos processos de criação, retenção, partilha e re-utilização do conhecimento.

INOVAR NOS PROCESSOS DE TRABALHO

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• Necessidade de promover ambientes de trabalho que permitam às organizações públicas:– Valorizar activos intagíveis

– Impulsionar redes e a cooperação entre várias entidades

– Potenciar a colaboração e a aprendizagem colaborativa

– Lidar com envolventes heterogéneas e mutáveis

– Promover novos valores profissionais - eficácia, eficiência, inovação, flexibilidade e predisposição para o risco

– Captar colaboradores qualificados, capazes de fazer face às mudanças, gerir situações complexas, desenvolver soluções inovadoras, à medida que os principais pólos de atracção do emprego público (estabilidade e segurança) perdem expressividade.

Porquê inovar nos processos de trabalho

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• Descoordenação do trabalho colaborativo• Apoiar a aprendizagem colaborativa e a partilha de

experiências• Criar e gerir repositórios de conhecimento, que apoiem a

actualização de saberes e competências, reduzam a perda de conhecimento associada à rotatividade de colaboradores e o esforço com a integração de novos membros

• Deficiente gestão da informação• Agilizar a actualização de regras, procedimentos e a

incorporação de melhorias• Diminuir a sobrecarga de trabalho/trabalho redundante

Aspectos a melhorar

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• Contextos de trabalho alinhados com as tendências que emergem com os novos paradigmas organizacionais impulsionados pela reforma e modernização da Administração Pública:

– ambientes marcados por intensos fluxos de informação e conhecimento, assentes no trabalho em equipa e na constituição de redes, na partilha e aprendizagem colaborativa, que contemplam diversos mecanismos de participação.

Ambiente de trabalho 2.0

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Ambiente de trabalho 2.0

Valores

Aplicações

Tecnologias

•Utilizador-produtor, inteligência colectiva, beta perpétuo, facilidade de utilização

•Blogue, wiki, podcast, RSS feeds, redes sociais, motores de busca

•Ajax, XML, API abertas, microformatos, PHP, MySQL

• Contextos de actuação profissional em que as tecnologias, aplicações e valores associados à Web 2.0 são uma das suas dimenões constituintes

WEB 2.0

Adaptado de Osimo (2008)

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Dimensões constituintes do ambiente de trabalho 2.0

Conjunto de tecnologias, valores e aplicações. O que distingue estas tecnologias é o facto de partilharem um conjunto de valores -constroem-se sobre o conhecimento e competências dos utilizadores, possibilitando a emergência de um utilizador-produtor que, com base nas aplicações e tecnologias disponíveis, pode criar novos serviços/conteúdos/produtos.

Fomentar o sentido de comunidade, comportamentos adequados ao trabalho colaborativo, estimular os colaboradores a colaborar e a aprender, proporcionando-lhes o tempo e os recursos necessários.

Favorecer a constituição de redes de conhecimento entre os colaboradores, respeitar a autonomia dos colaboradores nas escolhas e utilização de meios, fixar metas claras e delegar responsabilidades.

LIDERANÇA ATRAVÉS DE REDES

WEB 2.0

AMBIENTE E CULTURA ORGANIZACIONAL

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• Proporcionar um conjunto de funcionalidades que visam não só fomentar formas de trabalhar mais produtivas, eficazes e eficientes, mas que potenciem também a partilha, a colaboração e a aprendizagem colaborativa, contribuindo para a gestão da informação e do conhecimento.

Porquê fomentar um ambiente de trabalho 2.0

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Áreas de utilização no sector público

Back-office Front-office

Regulação Prestação de serviços

Colaboração inter-organizacional eParticipação

Gestão do conhecimento Aplicação da lei

Interoperabilidade Informação sobre o sector público

Gestão de recursos humanos Comunicação pública

Compras públicas Transparência e accountability

Web 2.0 no sector público

Adaptado de Osimo (2008)

O impacto da Web 2.0 parece convergir com tendências de longo prazo no desenvolvimento das sociedades ao nível de cidadãos mais exigentes, a emergência de trabalhadores do conhecimento, a importância da aprendizagem informal e da inovação gerada pelos utilizadores, a passagem de formas de organização baseadas na hierarquia para as baseadas em redes, assim como o consumo de tecnologias da informação (Osimo, 2008).

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Contextos propícios ao desenvolvimento de um ambiente de trabalho 2.0

Área de conhecimento

em rápida mutação Versatilidade,

flexibilidade, inovação

Trabalhadores do

conhecimento

Gestão de informação

Trabalho colaborativo

Recurso à Web 2.0

Ambiente de trabalho 2.0

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• As ferramentas que suportem:

– ambientes de desenvolvimento colaborativos/realização colaborativa de tarefas (ex.: edição colaborativa de conteúdos)

– acesso remoto

– definição e monitorização de fluxos de trabalho

– manutenção do repositório de documentos, com funcionalidades avançadas (registo do histórico da actividade sobre os documentos, controlo e comparação de versões, reposição de versões anteriores, catalogação, permissões de utilização, etc.)

– criação e gestão de repositórios de conhecimento

– aprendizagem colaborativa e partilha de experiências

– aprendizagem informal

Que ferramentas para um ambiente de trabalho 2.0

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Áreas de intervenção de inciativas que promovam um ambiente de trabalho 2.0

GESTÃO DA INFORMAÇÃOProporcionar funcionalidades adequadas de gestão, arquivo, catalogação e pesquisa de informação.

PARTILHA E COLABORAÇÃOApoiar o trabalho em equipa, a aprendizagem colaborativa, a partilha de experiências e promover sinergias da colaboração.

GESTÃO DO CONHECIMENTOSuportar os processos de criação, retenção, partilha e re-utilização do conhecimento.

GESTÃO DO CONHECIMENTO

GESTÃO DA INFORMAÇÃO

PARTILHA E COLABORAÇÃO

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Open Source Software (OSS)

COLABORAÇÃO Permite uma forma de colaboração no sector público não alcançável com o software proprietário, possibilitando a partilha entre organismos de aplicações desenvolvidas internamente.

LIBERDADE Permite realizar alterações com total independência relativamente a fornecedores.

CONTENÇÃO DESPESASDiminui custos com licenciamento de software

LIBERDADE ESCALABILIDADE

COLABORAÇÃO CONTENÇÃO DESPESAS

ESCALABILIDADEFacilita a expansão futura do sistema, de forma a acomodar eventuais melhorias e desenvolvimentos futuros.

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• Partilha e colaboração

– Coordenação e optimização do trabalho colaborativo

– Gestão dos processos de trabalho

– Flexibilidade e mobilidade

– Gestão e controlo da informação produzida colaborativamente

• Gestão do conhecimento

– Manutenção da memória organizacional (reutilização de boas práticas, diminuição da perda de conhecimento e do esforço dispendido com a integração de novos colaboradores, redução de perdas de conhecimento associadas à saída de colaboradores)

– Potenciação da aprendizagem colaborativa

– Apoiar a actualização de conhecimentos

• Gestão da informação

– Gestão mais eficaz e eficiente da informação (eliminação de tarefas redundantes relacionadas com arquivo, catalogação e organização, redução das dificuldades e do tempo dispendido na pesquisa de ficheiros e na identificação das versões mais recentes)

– Diminuição da perda e uso indevido de informação

Benefícios esperados

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• Importância que no actual contexto de mudança vivido pelo Estado e pela Administração Pública assume a inovação na forma como se trabalha nas organizações públicas.

• Promover novas formas de trabalhar que não se foquem somente na qualidade, eficácia e eficiência, mas também ao desenvolvimento de lógicas de trabalho favoráveis à cooperação em rede e ao trabalho em equipa, marcadas por uma dinâmica mais horizontal e multidisciplinar, onde a aprendizagem colaborativa e a gestão do conhecimento assumem um lugar de destaque - medir e avaliar hoje a modernização administrativa não passa necessariamente por saber se a Administração Pública é mais ou menos electrónica, mas sobretudo se ela é mais ou menos colaborativa, se está mais ou menos perto do modelo em rede e como utiliza as TIC para modernizar a sua organização (Leitão Marques,2007).

Conclusões

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• Projectos de inovação nos processos de trabalho devem adoptar uma abordagem que combine intervenções a vários níveis (tecnológico, organizacional, cultural, etc.) – ultrapassar obstáculos que levam a um uso instrumental destas tecnologias e a uma inovação de carácter tecnocrático, em detrimento de mudanças e inovações mais profundas.

• Aprofundar o estudo da capacidade transformativa das tecnologias Web 2.0 na forma como se trabalha nas organizações públicas. Ex.:a capacidade destas tecnologias para promover a mobilidade e o trabalho a distância (tele-trabalho), no contexto de desenvolvimento de formas de trabalhar que ultrapassem os tradicionais limites físicos, e que respondam igualmente a preocupações de desenvolvimento sustentável.

• Para um aprofundamento das perspectivas em torno do desenvolvimento da mobilidade nos processos e dinâmicas de trabalho consultar The Future Workspace: Mobile and Collaborative Working Perspectives, Hans Schaffers et al., 2006.

Conclusões