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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO TESE DE MESTRADO CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DO INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO, RAMO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Nome do Candidato: Teresa Maria Farto Faria de Sousa Professor Orientador: Professor Doutor Rogério Fernandes LISBOA 2002

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

TESE DE MESTRADO

CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DO INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA

DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO, RAMO DE HISTÓRIA DA

EDUCAÇÃO

Nome do Candidato: Teresa Maria Farto Faria de Sousa Professor Orientador: Professor Doutor Rogério Fernandes

LISBOA2002

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TM - CB

S o u c ObJ

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DO INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA

DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO, RAMO DE HISTÓRIA DA

EDUCAÇÃO.

Nome do candidato: Teresa Maria Farto Faria de Sousa Professor Orientador: Professor Doutor Rogério Fernandes

TESE DE MESTRADO

LISBOA2002

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" A memória, onde cresce a história, que p o r sua vez a alimenta,

procura salvar o passado, para servir o presente e o futuro.

Devemos trabalhar de forma a que a memória colectiva sirva

para a libertação e não para a servidão dos homens. ”

Jacques le Goff

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

DISSERTAÇÃO:

TEMA: Contributos para a história do INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA

FERREIRA.

( 1942/1962).

S U B -TEMAS:

a) Perspectiva histórica sobre o atendimento/ educação de crianças com deficiência mental em

Portugal ( anos 30 a 60).

b) Correntes pedagógicas na Formação de Professores do Ensino Especial em Portugal.

( o trajecto de professor de classe especial a professor de apoio ).

Orientador: Prof. Dr. Rogério Fernandes.

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Contributos para a História do instituto António Aurélio da Costa Ferreira

SECÇÃO I: INTRODUÇÃO/

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

1. RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Curso de Mestrado em Ciências da Educação/

História da Educação, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de

Lisboa.

Pretende-se com esta dissertação traçar um percurso diacrónico da evolução do sub-sistema

educativo designado por Ensino Especial e em épocas mais próximas de Educação Especial,

desde as suas origens no início do século XX até aos nossos dias.

O seu enfoque, situa-se porém no estudo do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira, na

época em que Vítor Fontes foi o seu director ( 1935- 1964), propondo-se estudar as suas

múltiplas funções:

a) Centro de Observação Clínica ( modelo Child Guidance Clinic),

b) Dispensário Central de Higiene Mental Infantil;

c) Escola de formação de professores do Ensino Especial ( professores de crianças

anormais).

d) Centro de estudos e de investigação.

Propõe-se ainda perspectivar o surgimento das linhas de orientação conducentes à

integração de alunos com Necessidades Educativas Especiais no sistema regular de ensino, nas

décadas de 60 e 70.

PALAVRAS CHAVE: Ensino Especial; Educação Especial; Exclusão; Inclusão; Segregação;

Integração; Classe Especial; Instituto de Reeducação; Formação de Professores; Deficiência

Mental; Currículo.

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2. ABSTRACT- SUMMARY

This work was developed in the sphere of a Mastership course in Sciences of Education/

History of Education at the Psychology Sciences of Education School, in Lisbon University.

We intend, with this dissertation, to outline a diachronic way of the evolution of the

Portuguese Sub- educational system Known as “ Special Teaching”, and more recently as “

Special Education”, since its origins, in the beginning of the twenthieth century, till nowadays.

However its focus is the study of the “ Instituto António Aurélio da Costa Ferreira”,

when Vítor Fontes was its director ( 1935- 1964) ; it studies the several functions of this institute,

such as:

a)- centre of clinical observation ( model chid guidance clinic);

b)- central dispensary in child mental hygiene;

c)- training school for teachers of mentally disabled children;

d)- centre of studies and investigation in this area.

This work also aims to show the main conducent lines to the integration of pupils with

special educative necessities in the regular educational system, during the 60- 70 decades.

KEY WORDS: Special teaching; Special Education; Exclusion; Inclusion; Segregation;

Integration; Special class; Reeducation Institut; Teachers Training; Mental deficiency; Curriculum.

Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

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3. LISTA DE SIGLAS

IAACF- Instituto António Aurélio da Costa Ferreira.

DEE- Divisão de Ensino Especial.

COOMP- Centro de Observação e Orientação Médico- Pedagógico.

ICR- Instituto Condessa de Rilvas.

IAC- Instituto Adolfo Coelho.

INP- Instituto Navarro de Paiva.

CP- Casa Pia de Lisboa.

C.S.B.- Colónia de São Bernardino.

CE- Classe Especial.

CSMIJL-.Centro de Saúde Mental Infantil e Juvenil de Lisboa.

E.E.E.- Equipa de Ensino Especial/ Equipa de Educação Especial.

DEB- Departamento de Educação Básica

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

4. AGRADECIMENTOS

O presente trabalho só foi possível graças ao contributo de muitas pessoas, que gentilmente

se prontificaram a dar o seu apoio e a colaborar nas diversas entrevistas e contactos que foram

estabelecidos ao longo da investigação.

Assim, correndo sempre o risco de nos esquecermos de alguém, queremos em primeiro

lugar agradecer aos senhores Professores Dr. Rogério Fernandes, que orientou este trabalho e

ao Dr.António Nóvoa coordenador do Curso e ainda ao Dr. Jorge Ramos do Ó, professor do

curso.

■ No início da investigação foram-nos dadas valiosas pistas de investigação pelo sr. Professor

Dr. Albano Estrela e pelo sr. Professor Dr. David Rodrigues e ainda pelo Mestre João Pedro

Fróis.

Foram realizadas entrevistas que se afiguraram assaz importantes para o itinerário de

investigação, pelo que agradecemos a todas as pessoas que se prontificaram a concedê-las:

Professora Catilina Prudêncio.

- Dra Isabel Fialho.

Dra Ana Maria Bénard da Costa.

Professor Dr. Joaquim Bairrão Ruivo.

Dr. Sérgio Niza.

Professora Dra Isabel Lopes da Silva.

Padre João Trindade.

- Mestre Filomena Pereira e outros técnicos do Núcleo de Orientação Educativa e

Educação Especial do Departamento de Educação Básica do Ministério da Educação,

com destaque para a Dra Teresa Macedo.

- Professora Dra. Teresa Lopes Vieira.

Professora Dra. Inês Sim- Sim.

Dra Arlete Silva.

Professor Moreirinhas Pinheiro.

Dra Alda Ruivo.

Directora do Instituo Condessa de Rilvas- Dra Olímpia.

Professora Dra Maria de Lourdes Levy.

- Dr. José António Freitas Scheneeberger de Ataíde.

Sub- director do Instituto Navarro de Paiva.

Dr. João Noronha.

- Dra Leonor Fontes ( filha do Professor Dr. Vítor Fontes).

- Professor Dr. Armando Ferreira ( Assistente do Professor Vítor Fontes).

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Dra Maria José Vidigal.

Mestre Isabel Sanches.

Ao nível da investigação em arquivo queremos destacar de forma especial o apoio da D.

Conceição Alves, técnica do Instituto de Inovação Educacional, o que não seria possível sem a

autorização da sua presidente, Dra Maria Emília Brederode.

A pesquisa documental foi realizada em diversas bibliotecas, nas quais sempre encontrámos

um grande espírito de abertura e o apoio por parte dos técnicos responsáveis e dos

funcionários dos respectivos serviços. Assim, correndo o risco de nos esquecermos de algumas

Instituições, devemos destacar as seguintes: Biblioteca do Instituto de Inovação Educacional;

Biblioteca histórica da Casa Pia de Lisboa, Biblioteca do Secretariado Nacional de Reabilitação;

Bibliotecas do Ministério da Educação; Biblioteca do Instituto de Anatomia da Faculdade de

Medicina de Lisboa; Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa;

Biblioteca da Faculdade de Motricidade Humana; Biblioteca da Escola Superior de Educação de

Lisboa; Bibliotecas da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa; Biblioteca do

Colégio de S. Bernardino; Biblioteca do Instituto de Reinserção Social; Serviço documental do

Conselho Nacional de Educação; Biblioteca Nacional.

O nosso agradecimento para a prof. Maria João Brinquete que desenhou a capa ilustrativa

deste trabalho e para o meu sobrinho Paulo César Faria Costa pelo apoio informático e na

organização do trabalho e ainda à Dra Beatriz Marques da Silva que colaborou na revisão do

texto e que traduziu o Abstract.

. Por fim dedico este trabalho à memória dos meus pais, ao meu marido e aos meus filhos,

que durante muito tempo se viram privados da minha companhia.

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5. PREFÁCIO

O tema que se apresenta nesta dissertação decorre da pertinência do estudo histórico do

sistema da Educação Especial em Portugal, que se integra nos objectivos do curso de Mestrado

em História da Educação, área de Ciências da Educação.

Afigura-se bastante importante, no actual contexto educativo em Portugal, reflectir sobre o

sector educativo ou sub- sistema de Educação Especial, uma vez que as etapas percorridas

neste sector: SEGREGAÇÃO; INTEGRAÇÃO; ESCOLA INCLUSIVA, não estão claramente

limitadas no tempo e sobrepõem-se do ponto de vista organizacional, na História da Educação

em Portugal.

Importa referir que o Instituto António Aurélio da Costa Ferreira ocupou um lugar de destaque

para o estabelecimento das primeiras modalidades no atendimento a crianças com deficiência

mental em Portugal, mas são em número limitado os estudos disponíveis na área das Ciências

da Educação, sobre este instituto.

Outro vector a destacar é o da falta de recursos educativos em Portugal. É quase um lugar

comum afirmar-se que a INTEGRAÇÃO/ INCLUSÃO de crianças com NECESSIDADES

EDUCATIVAS ESPECIAIS na escola regular não é plenamente conseguida, devido à falta de

professores especializados e/ ou técnicos que prestem o apoio adequado aos professores que

leccionam turmas com alunos integrados, apresentando situações problemáticas.

Foi o nosso percurso profissional vários anos como professora de apoio a alunos com as

mais diversas dificuldades de aprendizagem- que nos motivou para esta investigação. Vivemos

directamente algumas das questões que vamos tratar neste trabalho.

Pretendemos dar o nosso contributo para o estudo do IAACF, inserindo esta Instituição na

História da Educação Especial em Portugal, abrindo portas para o manancial que está á

disposição dos investigadores nos seus arquivos. O tema foi definido logo no início da frequência

do Curso, esperamos conseguir dar resposta às diversas questões que^ nos propusémos

analisar.

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6. INTRODUÇÃO

O nosso percurso profissional e pessoal leva-nos, com frequência, a estabelecer propósitos

de investigação, que só numa fase posterior da vida académica nos foi possível concretizar. No

ano lectivo de 1989/90 iniciámos o exercício de funções como professora de apoio, no recém

criado Núcleo da Lourinhã da Equipa de Educação Especial de Torres Vedras. As funções que

passámos a desempenhar obrigavam-nos a uma certa reflexão e a um investimento forte na

auto- formação, dado que não éramos professora especializada, situação que decorreu durante

quatro anos lectivos.

Após a conclusão do ramo educacional da Licenciatura em História da Faculdade de Letras

. da Universidade de Lisboa, que nos proporcionou um contacto com a investigação em Ciêpcias

da Educação, iniciámos as funções de Orientadora da Valência de Educação Especial no Centro

da Área Educativa do Oeste- Torres Vedras. Funções que duraram três anos lectivos.

Nesta etapa profissional sentimos, de forma directa, os problemas reais das escolas do

Ensino Básico da região e as inúmeras questões colocadas aos serviços regionais e centrais do

Ministério da Educação, relacionadas com a integração em turma de alunos com Necessidades

Educativas Especiais.

Enquanto aluna do Curso de Mestrado em História da Educação da Faculdade de Psicologia

e Ciências da Educação de Lisboa, propusémo-nos desde o início analisar o sistema de

formação de professores de Educação Especial em Portugal. Este propósito conduziu-nos ao

Instituto António Aurélio da Costa Ferreira, visto ser nesta instituição que encontramos as

primeiras modalidades de formação de professores, com organização estruturada e curricular.

No entanto, em História da Educação, torna-se impensável reflectir sobre uma instituição,

sem procurarmos saber o que a antecedeu e o que lhe sucedeu. Assim este trabalho vai

percorrer todo o percurso desde a primeira etapa do Ensino Especial em Portugal, que

designamos por “Primórdios do Ensino Especial em Portugal", enquadrando-a nos movimentos

internacionais similares, até aos nossos dias. Na secção sob a designação : " Do modelo

médico- pedagógico ao modelo integrador'’- procurámos englobar os movimentos pedagógicos

de integração de alunos com Necessidades Educativas Especiais no sistema regular de Ensino.

O enfoque deste trabalho incide no estudo do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira,

visto que nos situámos na questão inicial da formação de professores de Ensino Especial em

Portugal, área em que este Instituto deu os primeiros passos para dar resposta a este problema.

O debate pedagógico, à volta desta questão, é ainda em nosso entendimento bastante actual.

Verificamos que entre os docentes que exercem funções de professores de apoio educativo

muitos não acederam a formação especializada. Esta é uma situação lacunar no nosso País,

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sendo frequentemente apontada como comprometedora no sucesso da integração de alunos

com Necessidades Educativas Especiais na Escola.

A volta desta questão, surgiram outras áreas de investigação muito importantes: a

multiplicidade de funções do IAACF- Centro de observação médico- pedagógico, enquadrando-

se no modelo das “ Child Guidance Clinics”; Dispensário de Higiene Mental Infantil e a sua

ligação a serviços de acolhimento de crianças carenciadas ao nível sócio- familiar e por fim

Centro de Estudos e Investigação.

Afigura-se-nos ainda interessante analisar outro tipo de questões as dificuldades notórias

para manter este Instituto a funcionar, os problemas no encaminhamento das crianças depois de

serem observadas na consulta do IAACF. É de referir também os problemas orçamentais, a

exigência excessiva na formação de professores e a necessidade de criar serviços congéneres,

pelo menos nas cidades do Porto e Coimbra e os problemas do acompanhamento das Classes

Especiais.

O IAACF teve um percurso histórico heterogéneo, começou por ser o sucessor do Instituto

Médico- Pedagógico de Santa Isabel, com ligação institucional à Casa Pia, ao tempo em que era

Provedor António Aurélio da Costa Ferreira e Fernando Palyart Pinto Ferreira exercia as funções

de director. Aí funcionaram os primeiros cursos de aperfeiçoamento para professores, numa

época em que Cruz Filipe e Rodrigues Miguéis foram, como bolseiros, observar sistemas de

Ensino Especial na Europa, nomeadamente o Instituto Jean Jacques Rousseau na Bélgica. Este

Instituto esteve encerrado nos anos de 1935 a 1942, para reabrir neste ano, com o regulamento

definido pelo D. L.n8 31801/41 e assumir em pleno as funções atrás referidas.

Em 1964, após a jubilação do seu director, o Prof. Vítor Fontes, o IAACF sofreu profundas

alterações. Deixou de ter a função de Dispensário de Higiene Mental Infantil, dado que

começaram a surgir outros serviços com os mesmos objectivos: Escola dos Cedros no Hospital

Júlio de Matos, Centro de Saúde Mental Infantil e Juvenil de Lisboa e o COOMP. Por outro lado,

devido a diversas indefinições do Ministério da Educação, surgiram cursos de formação de

professores no sector da Assistência Social e as primeiras tentativas de integração de crianças

cegas promovidas pelo Centro Hellen Keller, dependentes doutros Ministérios.

E toda esta conjectura que interessa analisar, porque é que um Instituto concebido de forma

modelar, integrado na época nos movimentos mais avançados ao nível da Médico- Pedagogia

se foi esvaziando das suas funções? Qual a razão de chegarmos à década de 70 com um

número tão reduzido de professores especializados? Porque surgiram alternativas de outros

Ministérios ao Ministério da Educação? Tudo isto se reflectiu no atendimento às crianças

portadoras de deficiência, ou com problemas de integração escolar e na formação de

professores.

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Sentimos que desenvolvemos um trabalho apaixonante ao longo do processo de

investigação. Se esta pesquisa vier a contribuir para a abertura de pistas para a história da

Educação Especial em Portugal cumprirá as finalidades propostas.

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7. JUSTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO

O processo de investigação desenvolvido para a concretização deste trabalho repartiu-se por

três fases:

1a Pesquisa bibliográfica em Bibliotecas, subdividida em fontes primárias e fontes

secundárias.

2a Pesquisa em Arquivos- Instituto de Inovação Educacional, Instituto de Anatomia da

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Arquivo da PIDE na Torre do Tombo.

3a Recolha de opiniões/ testemunhos através de contactos e entrevistas.

Na primeira fase que se subdividiu em duas, a investigação foi efectuada com a seguinte

metodologia:

- Recolha bibliográfica da documentação disponível sobre a temática em estudo, procurando-

se formar o enquadramento conceptual imprescindível ao estudo. Realizámos em seguida,

uma revisão da literatura disponível sobre Educação / Ensino Especial, as suas etapas e

os percursos sociológicos em Portugal; j

- Recolha de fontes primárias, onde procurámos elaborar uma listagem de trabalhos

efectuados na época em estudo e dos seus antecedentes. Assim, procedemos à recolha

documental de diversos autores com destaque para: António Aurélio da Costa Ferreira,

Fernando Palyart Pinto Ferreira, Vítor Hugo Moreira Fontes e João dos Santos.

Na segunda fase, realizámos um trabalho de pesquisa relativo à localização do arquivo do

IAACF. Em seguida procurámos obter informações sobre como conseguir a necessária

autorização de consulta. Esta foi concedida pela presidente do Instituto de Inovação

Educacional, Dra Maria Emília Brederode. Após estas diligências o trabalho de pesquisa em

arquivo foi concretizado.

Neste campo a pesquisa foi desenvolvida a dois níveis: análise de processos de alunos e

documentação diversa do IAACF e análise do espólio do Prof. Vítor Fontes, disponível no

arquivo do Instituto de Anatomia.

A recolha de dados dos processos de alunos foi efectuada por amostragem, no arquivo do

IAACF, que não se encontra devidamente organizado para pesquisa. Foram estudadas diversas

pastas, onde pudémos percepcionar a organização das classes especiais e das classes de

observação do IAACF.

Foi ainda possível consultar outras pastas relativas à observação de crianças que à época,

eram encaminhadas para Asilos da Direcção Geral de Assistência, ou no caso de serem

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consideradas débeis mentais viriam a frequentar Institutos de Reeducação, ou ainda Classes

Especiais, conforme o seu grau de debilidade mental.

Neste arquivo foi-nos ainda disponibilizada documentação significativa relativa à fase de

transição para a Escola Superior de Educação e encerramento dos diversos serviços do IAACF.

Inserido nesta fase, foi ainda desenvolvido um trabalho de pesquisa no Arquivo do Instituto

de Anatomia relativo ao espólio do Prof. Vítor Fontes. Documentação esta que está assinalada

com a designação genérica de arquivo de António Aurélio da Costa Ferreira, não assinalando o

nome do referido professor. Destaque-se ainda que nesse Instituto se encontra a colecção de

encéfalos, sobejamente referenciada em documentação escrita, que eram utilizados para estudo

da etiologia da deficiência mental no IAACF. Estes encéfalos, doados pèla-Maternidade Alfredo

da Costa ao IAACF, estão acompanhados das respectivas fichas de identificação e podem

constituir-se como objecto de outros trabalhos de investigação.

A investigação no arquivo da PIDE, na Torre do Tombo, teve como objectivo analisar as

informações da ficha do Prof. Vítor Fontes, pois os dados históricos recolhidos indiciavam que

poderia existir alguma problemática na sua relação com as estruturas do Estado Novo, devido ao

seu relacionamento científico no estrangeiro, que o obrigava a frequentes deslocações.

Na terceira fase foi realizado um trabalho de contactos pessoais, recolha de opiniões e

realização de entrevistas com diversos objectivos:

a) Recolher opiniões de investigadores que já tinham desenvolvido trabalhos em campos

semelhantes ao nosso estudo, a fim de delinearmos a nossa estratégia de investigação.

b) Contactar com especialistas nesta área das Ciências da Educação, procurando recolher

dados para a elaboração do projecto da dissertação e delimitação do campo de

investigação. Esses contactos permitiram-nos também estabelecer a terminologia a

utilizar e delimitar os conceitos em estudo.

c) Realizar as entrevistas que dão testemunho do trabalho efectuado no IAACF, dando o

seu contributo para o levantamento da realidade histórica sobre a qual incide esta

dissertação.

Realizámos outras entrevistas com o objectivo de percepcionarmos a dinâmica de

serviços e Instituições que foram surgindo a partir da década de 60 e que igualmente são

testemunhos históricos relevantes.

Esta investigação procurou abrir portas para futuros trabalhos de investigação que se

insiram na história da Educação Especial em Portugal. Concretizámos um dos objectivos

definidos no projecto de investigação, ou seja: apresentar uma extensa e pormenorizada

bibliografia, uma listagem de fontes e documentos relevantes para este estudo e para outros, na

área das Ciências da Educação.

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SECÇÃO II : OS PRIMÓRDIOS DO ENSINO ESPECIAL EM PORTUGAL

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0. PLANIFICAÇÃO DA SECÇÃO

Pretende-se nesta primeira parte traçar as linhas condutoras e os movimentos que estiveram

na origem do Ensino Especial em Portugal e na organização do IAACF, como Instituto de Ensino

Especial. Não entrando em detalhes, no entanto procuraremos analisar de forma sintáctica os

seguintes aspectos:

1. Perspectiva histórica sobre os primeiros movimentos internacionais no atendimento a

crianças com deficiência.

2. O Instituto de Surdos- Mudos e Cegos em Portugal e as primeiras formas de assistência a

crianças anormais em Portugal, o papel.percursor de Anicet Fusillier.

3. A Reforma Camoesas- 1ß corpo legislativo referenciado.

4. A Comissão nomeada por António Sérgio- proposta de funcionamento de serviços para

crianças anormais.

5. A escala de pontos dos níveis mentais das crianças portuguesas de Luiza e António

Sérgio.

6. O contributo de António Aurélio da Costa Ferreira:

a) A colónia agrícola de S. Bernardino.

b) O Instituto Médico- Pedagógico de Santa Isabel.

7. Os modelos de formação de professores, experiências na Escola Normal Primária de Lisboa

e no Instituto de Santa Isabel- Instituto Médico- Pedagógico da Casa Pia de Lisboa.

8. O contributo de Palyart Pinto Ferreira e dos bolseiros portugueses: Cruz Filipe e José

Rodrigues Miguéis.

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1. PERSPECTIVA HISTÓRICA SOBRE OS MOVIMENTOS INTERNACIONAIS NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA

«

Em diversos estudos encontramos identificadas as etapas respeitantes ao atendimento à

criança deficiente. Leonor M. Pereira (1984) num artigo sobre a evolução do estatuto do

deficiente na sociedade refere os seguintes marcos históricos: Separação, Protecção,

Emancipação e Integração, etapas estas já referenciadas por Lowenfeld.

Na época clássica " Separação" supunha a aniquilação e/ ou em simultâneo a veneração,

estas atitudes perante o deficiente integravam o pensamento mágico e religioso, os deficientes

podiam ser considerados como um perigo ou então adivinhos e até exorcistas. Platão,

Aristóteles e Séneca defendiam a condenação à morte dos deficientes.

As primeiras sociedades cristãs consideravam-nos protegidos especiais da Igreja, a

cegueira era uma forma de alcançar o céu. No século IV são fundados asilos e hospitais para

deficientes.

A primeira tentativa de educação do deficiente foi levada a cabo por Didymus de Alexandria-

teólogo e professor cego.

Walter Ehlers e outros (1982 ) referem a acção do Bispo de Myra que foi o primeiro

protector dos que eram considerados atrasados mentais. Nesta etapa, classificada de "

Protecção”, encontramos o primeiro Hospício de S. Luís de França e outras Instituições que têm

o apoio das Ordens Religiosas.

Lutero, no sec. XVI, considerava-os pessoas sem Deus, indício do descontentamento divino.

No entanto, vai coexistir ao longo da Idade Média uma ideia de causalidade da demonologia com

a anormalidade (F. Leitão, 1980) mas, em simultâneo, há também um sentimento de caridade e

humanitarismo em relação a estes seres.

Devemos ainda referir a Lei da Rainha Isabel I- Elizabeth Poor Law que obrigava a que os

deficientes, coxos, velhos e fisicamente débeis fossem colocados como aprendizes, em diversos

ofíciso.

Na fase da “ Emancipação", impregnada dos ideais iluministas { Diderot, Rousseau) é

reforçada a visão de que os deficientes se podiam tornar úteis à sociedade.

Por fim, com a “ Integração”, chegou-se à conclusão que os deficientes se podiam tornar

produtivos. Surgem preocupações com a prevenção das doenças e deficiências, as medidas

preventivas tomam-se uma prioridade no domínio dos serviços da Saúde e Segurança Social.

Mas importa analisar, mais detalhadamente, a emergência da Psiquiatria e os aspectos

científicos que passam a rodear os deficientes em diversos países.

No sec. XVIII, atraso mental e psicose constituem-se como a mesma entidade nosográfica

(F. Leitão, 1980). Esquirol, em 1818, define “ arriération" como entidade nosográfica

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independente- diferenciada na História da Loucura. Com Pinei dá-se a introdução do médico no

asilo, surge a figura do Psiquiatra hospitalar, a relação médico- doente funciona como suporte da

terapêutica.

As primeiras escolas eram Instituições de Caridade destacam-se em França as Escolas de

Surdos- Mudos:- Ponce de Léon, L’ Abbé de I’ Epée.

Em 1784 Valentin Hauy fundou em Paris um Instituto para crianças cegas.

A hipótese de os deficientes mentais poderem realizar aprendizagens é colocada por Jean

Itard em 1801 resultante dos estudos relativos ao selvagem de Aveyron. Estes trabalhos virão a

ser complementados a partir de 1846 por Séguin que, ao emigrar para os EUA, vai desenvolver

programas educacionais para crianças com problemas mentais.

Com o surgimento da escolaridade obrigatória, tornou-se necessário promover a educação

dos deficientes mentais, sensoriais e motores que tinham como “ handicap" a dificuldade ou

incapacidade de acompanhar o ritmo normal da classe, no que respeita à Leitura, Escrita e

Cálculo.

Em França, surgem em 1909 as Classes de Aperfeiçoamento. Zazzo, citado por F. Leitão (

1980), afirma que a debilidade mental veio evidenciar a incapacidade escolar para dar resposta

ao problema.

Binet e Simon introduzem a Escala Métrica em 1905, com o fim de efectuar o diagnóstico

em crianças dos 3 aos 15 anos e Stern apresenta a noção de Q.l. Nos EUA, Terman adaptou a

escala de Binet- Simon e WechsleLaperfeiçoou-o-WISC. para crianças. Os testes de Terman e

Wisc apresentam os resultados em Q.l. padrão.

Aparecem então as Instituições para deficientes físicos e os estabelecimentos destinados a

crianças com dificuldades de conduta e problemas de carácter.

Deve-se ainda referir a visão de Maria Montessori que, no princípio do século XX, concluiu

que a deficiência_mentaLé_mais_uto_problema educacional do que um problema clínico. Este

pedagoga aplicava o método d e tre ino-sensorial. ,_iá seguido por Séguin, que’vem a receber a

designação de Método Montessori.

Surgem outras correntes pedagógicas de Descoeudres, Pestalozzi, Froebel, Decroly e

Dewey que defendem que a cognição é uma forma de educação intelectual, acessível aos

deficientes mentais.

No que respeita a Instituições internacionais, formadas ao longo do século XIX e inícios do

século XX para tratamento e atendimento a crianças deficientes gostaríamos de destacar as

seguintes, dado que de alguma forma influenciaram a Instituição que nos propomos estudar:

Bélgica- Freiras de Caridade- Hospital Guislan de Gand.- 1857- P. Boncour.

Alemanha- criação duma classe para atrasados- 1867.

Suécia- a primeira instituição para deficientes mentais- 1886.

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EUA- 1846- Dr. Samuel Howe- Massachusetts- 1846-lnstituição para cretinos; 1848 são

formadas as classes Séguin- ginástica sensorial e em 1876 organização da Associação

Americana para Deficiência Mental.

Espanha- Lei Moyano- 1857 prevê a criação de escolas para crianças surdas, 1907- irmãos

Pereira- Instituto Psiquiátrico Pedagógico para atrasados mentais

França- Hospital de Bicêtre, Dr. Ferrus, 1818- escola para crianças e adolescentes; 1831-

Dr. Falret- escola comunal para alunos idiotas, imbecis e alienados, Dr. Voisin- escola ao serviço

dos idiotas no Hospício de Sèvres.

2. SITUAÇÃO EM PORTUGAL

O Instituto de Surdos-Mudos e cegos As primeiras formas de assistência a crianças anormais a Portugal

O papel percursor de Anicet Fusillier

Em Portugal, surgem tardiamente as primeiras Instituições que integram o Ensino Especial.

Devemos referir o Instituto de Surdos- Mudos e Cegos, fundado no ano de 1823, por o rdem de

D.João VI (R. Fernandes, 1989). Nesse mesmo estudo é referido uma “mestra de moucos" em

1563. em Vila Real

D. João VI manda contratar.na. Suécia Pedro Aron Borq, fundador duma escola do mesmo

tipo em Estocolmo. Este vem com o seu irmão José Hermano Borg para Portugal para orientar a

instalação desse Instituto de Surdos- Mudos e Cegos.

Em 1834, o Instituto é integrado na Casa Pia, através de decreto de Joaquim António de

Aguiar. Foi uma breve experiência, na educação de crianças com problemas sensoriais, que

vem 'a passar para a Assistência. Mas, segundo-Rogério Fernandes, encontramo-nos perante a

primeira instituição oficial portuguesa de Ensino Especial.

Reportando-nos a Merícia Nunes ( 1945) podemos referir que a 15 de Junho de 1871 surge

a primeira casa de detenção e correcção para delinquentes do sexo masculino até aos 18

anos- ao abrigo da lei de protecção aos anormais sociais.

No início de 1911 a obra de protecção moral e jurídica à infância inclui os anormais

patológicos. Visa a recuperação social das crianças sob a alçada da Justiça. São criados os

Tribunais de Menores que devem recorrer a meios reeducativos e não coercivos ( V. Fontes-

1957).

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São posteriormente criados os serviços Jurisdicionais e Tutelares de Menores. Surge então

o Instituto Navarro de Paiva que recolhe e promove a educação dos anormais delinquentes,

apresentados aos Tribunais de Menores.

No ano de 1914 Costa Sacadura realiza, no âmbito da Higiene Escolar, um inquérito sobre

defeitos de pronúncia dos alunos, seu estado mental e carácter. Pode-se considerar que a partir

de 1916 encontramos nas escolas a aplicação da Médico- Pedagogia, com os serviços de

Higiene Escolar organizados.

Anicet Fusillier, segundo opinião de João Pedro Fróis ( 1997),_ deve ser considerado um

percursor da Educação Especial em Portugal. O seu contacto com o nosso país vem do trabalho

desenvolvido com um jovem surdo- mudo, filho de um industrial de Lisboa, no Instituto de

Surdos- Mudos de Paris. Em Portugal realizou conferências sobre este assunto, no ano de 1890

e vem a propor a organização de uma classe para deficientes mentais no Hospital de Rilhafoles,

assim como a organização de uma outra classe para sur~d~õs^¥7te^m Íã de Estudos Livres.

Ao iniciar funções pedagógicas no Instituto de Surdos de Benficà, propõe a criação de uma

« secção especial para crianças e adultos atrasados, fracos de espírito e débeis. Todos eles

deviam ser educados numa perspectiva pedagógica e terapêutica, para harmonizar as funções

orgânicas com o desenvolvimento da atenção e da memória. ( J. P. Fróis 1997)

A sua visão alargada traz para Portugal as ideias médico- pedagógicas do século XIX, em

que as tarefas deviam ser graduadas em função do resultado da observação científica do

indivíduo. Os cuidados médicos acompanhavam o tratamento pedagógico, relativo aos surdos-

mudos e aos deficientes mentais.

3. PROPOSTA DE LEI DA REFORMA DA EDUCAÇÃO-1923

Reforma Camoesas

Destacamos, nesta segunda parte do nosso trabalho, esta proposta de Lei, porque

pensamos que se trata de um projecto legislativo importante. Esta Reforma da Educação está

organizada em vinte e quatro bases e na sétima propõe-se a criação de escolas para anormais.

Essas escolas seriam dos seguintes tipos:

ÇaX Internatos no campo para anormais profundos- idiotas e imbecis.

(6)^ Escolas autónomas para atrasados mentais, regime de semi- internato,

nos arredores das grandes cidades.

Do corpo da lei consta ainda o seguinte parágrafo que passamos a transcrever:

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“ A educação dos anormais pautar-se-á pelos resultados do exame médico- psicológico e

terá por objectivo conseguir o maior rendimento pessoal e social dos educandos” ( pp. 20).

Em nosso entender este parágrafo demonstra que o legislador já conhecia as correntes da

Psicometria, emanando a visão de que o deficiente quando reeducado podia tornar-se útil à

sociedade.

A divisão dos tipos de escolas para anormais também nos faz aníever as classificações

psicológicas que já estavam em curso, na Europa e que, a breve trecho, seriam também

aplicadas em Portugal.

Esta lei foi elaborada por Faria de Vasconcelos, pedagogo, formado na Bélgica e nunca foi

aplicada.

4. BASES PARA UMA ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA

A MENORES FÍSICA E MENTALMENTE ANORMAIS

Neste campo, surge- nos, publicado no Boletim do Instituto Médico- Pedagógico da Casa

Pia de Lisboa, um relatório onde estão definidas as bases para uma organização de serviços de

assistência a menores anormais. Este documento foi elaborado, sob a tutela da Inspecção Geral

de Sanidade Escolar, por uma comissão nomeada por António Sérgio, enquanto Ministro da

Instrução. A referida comissão era composta por:

- Dr. Sebastião Cabral da Costa Sacadura ( Inspector Geral de Sanidade Escolar),

- Dr. José Guilherme Pacheco de Miranda ( médico- chefe da Inspecção Geral),

Fernando Palyart Pinto Ferreira ( director pedagógico do Instituto Médico-

Pedagógico da Casa Pia),

- Prof. Vítor Hugo Moreira Fontes ( médico do Instituto Médico- Pedagógico da

Casa Pia de Lisboa).

Esta proposta foi publicada no Diário do Governo de 22 de Fevereiro de 1924, 2a série,

nc 17. ( R. Fernandes, 1983) e as suas principais linhas condutoras são as seguintes:

- Proposta de criação de Institutos Médico- Pedagógicos em Lisboa, Porto e

Coimbra, que deveriam estar articulados com os serviços de Instrução Pública-

inspecções escolares e Escolas Normais.

- O centro orientador e coordenador de serviços efectuaria a selecção e distribuição

de crianças, física e mentalmente anormais, pelas diferentes Instituições. Esse centro

assumiria as funções de centro de estudos e de preparação de pessoal docente e auxiliar

para a educação de anormais, considerados suficientemente educáveis, para poderem

fora dos asilos, viver e angariar meios de subsistência, pelo seu trabalho.

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- Organização dos serviços de Patronato, extra- escolar, para anormais.

- A direcção estaria a cargo de um médico- pedagogista, assistido por um corpo de

médicos e professores especializados.

- O apoio às famílias seria efectuado através de subsídios, pagamento de

transportes para anormais indigentes que frequentassem classes como externos e

subsídios de aprendizado e socorro a antigos pupilos.

- Promoção de classes especiais, anexas às escolas ordinárias, para educação dos

anormais pedagógicos e observação de todos os “ irregulares” de escola.

- Organização de serviços de visitação, recolha de informações sobre o meio

familiar e social.

- A assistência aos anormais começaria na Escola oficial. Consoante o grau de

desenvolvimento da sua mentalidade, os alunos seriam colocados em classes especiais

ou noutras Instituições para anormais.

- O Instituto médico- pedagógico deveria observar as crianças em idade escolar,

entre os sete e os catorze anos e as crianças que tivessem mentalidade igual à dos

normais de cinco anos, que pelo seu comportamento ou aproveitamento conviesse

excluir da classe ordinária.

- Os epilépticos, idiotas e imbecis passariam para secções especiais ou asilos,

onde se deveriam instalar serviços escolares.

- Os jovens, a partir dos dezasseis anos, considerados anormais, seriam

transferidos para escolas de reeducação, oficinas ou colónias agrícolas para anormais,

ou colocados em aprendizado em casas de particulares, secção do patronato extra-

escolar para colocação dos menores anormais.

Podemos concluir que a comissão que elaborou este relatório, lançou as bases da

Assistência aos menores com deficiência, em Portugal: Este é um dos primeiros documentos

elaborados em Portugal na época, onde estão patentes as influências internacionais na

organização desses serviços e que traduz a visão do médico- pedagogismo, do início do século

XX.

5. A ESCALA DE PONTOS ADAPTADA POR LUIZA E ANTÓNIO SÉRGIO.

Aplicação da Psicometria às crianças portuguesas

António Sérgio exerceu as funções de Ministro da Instrução Pública durante um curto

período de tempo, no governo de Álvaro de Castro, no ano de 1921. Embora as suas funções

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fossem curtas no tempo, foram bastante importantes no que se refere à assistência aos

anormais escolares.

Neste campo deve ainda ser referido o seu trabalho e de sua mulher designado por:

“ Contribuição para o estabelecimento de uma escala de pontos dos níveis mentais das crianças

portuguesas", cujo objectivo é determinar se uma criança observada tem capacidade mental

inferior, igual ou superior à média ou norma da sua idade e condição social.

Refere os primeiros trabalhos de Psicometria elaborados por Binet e Simon em 1905,

publicados no Année Psychologique, justificando que: '* para se estabelecer em Paris uma

instrução especial para anormais, tornou-se necessário um método de exame que denunciasse

objectivamente as crianças que o e r a m ( cit pp.8 )

Estes testes foram aplicados em diversos países : Bélgica, Inglaterra, Alemanha, Estados

Unidos, até à sua revisão final em Abril de 1911, publicada no Bulletin de.la Societé libre pour I ’

Étude Psychologique de I’ Enfant. A adaptação realizada pelos autores e- concluída no ano de

1918 avalia os seguintes aspectos:

1. Comparação e juízo estético.

2. Percepção e comparação de imagens.

3. Comparação de linhas e pesos.

4. Memória para dígitos.

5. Contar para trás.

6. Memória para frases.

7. Enumeração, descrição ou interpretação das estampas de Binet.

8. Disposição ordenada de pesos.

9. Comparação de três pares de objectos.

10. Definição de termos concretos.

11. Resistência à situação visual.

12. Cópia de figuras geométricas simples.

13. Associação livre.

14. Pôr três palavras numa frase.

15. Compreensão de perguntas.

16. Desenhos de memória.

17. Crítica de frases absurdas.

18. Construção de frases.

19. Definição de termos abstractos.

20. Analogias.

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Após a aplicação desta bateria de testes, o resultado da observação era expresso através

da idade mental. O estado mental corresponde à diferença entre a idade mental e a idade

cronológica e o coeficiente é a relação entre idade mental e idade cronológica.

No estudo que estamos a realizar, este trabalho parece-nos de toda a importância, pois a

observação psicológica das crianças no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira assumiu um

papel primordial nas suas funções. A referida observação psicológica recorria às técnicas de

Psicometria enunciadas.

6. O CONTRIBUTO DE ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA

~ António Aurélio da Costa Ferreira, figura notável do século XX, em Portugal, assumiu

diversas funções na Medicina, na Antropologia e até na Política. No entanto, é a sua actividade

de professor e psico- pedagogo que nos interessa para o nosso trabalho.

Parece-nos importante efectuar uma breve síntese biográfica.

António Aurélio da Costa Ferreira nasceu no Funchal em 1879. Frequentou-Filosofia mas

veio a licenciar-se em Medicina no ano de 1905._na.Uniy.ersidade. de Coimbra^Estagiou-em Paris

na clínica de Tarnier e na Maternidade Lariboisièvre, onde se especializou em Pedagogia.

_ Ocupou_vários-cargos:_professor_oo_Liceu_luís_Camões,_vereador_entre-1908 e-1911 no

_tempo-de_Braancamp_Ereire,_emJ9-1-1-foi-presidente_dpJjibunal dos Árbitros Avindores, no ano

deJ.9J.0LfpjjJeputado,pelo.Círculo-de,.S.etúbal. Nomeado director da Casa Pia de Lisboa, por

^decreto de 7/3/1911, exerceu...funções de .Provedor—Adjunto e,_ppsteriormente, Provedor _da

Assistência-Eública._QeJ.9-12.a-19-1.3-foLministro.do_Eomento,-no-tempO-de-Duarte_Leite.

^ E ntre 1915 e 1918 foi responsável pelo Curso de Pedolooia-na-Escola Normal-Rrimária-de

xJJsbpa,_onde-tambémJeccionou-Psicologia-Experimental.-Em--1919 foi naturalista do~Museu

^Bocage,-que-fundara-emJ.9:l4.-Ema9-1-7-foi-assistente-de-Medictna-e-a_partir de. 1921 professor

de^AnatomiarAntropológiear-Fóí-ainda^fundàdor de várias sociedades científicas, entre as qua[s

citamos: Sociedade de Geografia de Lisboa, Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais,

Sociedade de Estudos Pedagógicos, Sociedade de Estudos Históricos, Sociedade de Química

Portuguesa. Além de outras ligações a sociedades internacionais, é de referir ter sido

comendador da Ordem de Santiago e Benemérito da Instrução Pública. A sua vida teve um fim

trágico,^suicidou^se a 15/7/1922 em Lourenço Marques^onde tinha- ido-efectuar-estudos -de__

Antropologia.

Como director da Casa Pia de Lisboa demonstrou interesse pela educação_jto^anormais,

promovendo a reorganização da secção de surdos- mudos, sob^a-direcção-do_professpr_Nicolau

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Pavão dos Santos, a forrnacão_de_orofessores e.aJmplementaçãQ-de-estratéqias-para_alLinos.

__gagos._

Elaborou registos de anamnese dos educandos, diagnóstico através da observação médico-

pedagógica. propostas de ensino diversificado e prático de acordo com as aptidões dos alunos.

p s anormais físicos e pedagógicos que constituíam causa de indisciplina e obstáculo ao reauIar

andamento do ensino nas aulas, deveriam ser educados em classe especial. Para o efeito foram

js.riados dois serviços a Colónia Agrícola de S. Bernardino-e-0-lnstituto-Médico--Pedagógico-de

Santa Isabel.

a) Colónia Agrícola de S. Bernardino

A Colónia Agrícola de S. Bernardino foi inaugurada a 5 de Outubro de 1913, inserindo-se no

modelo preconizado^-em—18.15,-por-,Avelar—Brotério^-de-escolas-práticas dê^ágriculturar^e

economia rural ( F. da Silva s.d.).

Quando António Aurélio da Costa Ferreira era director da Casa Pia de Lisboa fundou esta

colónia agrícola como dependência, desta Instituição. Na Casa Pia iáJunçi,onava desde o ano de

— 1912, -uma-Escola-para_surdos^mudos_mas,_por_estarJocalizada _num centro urbano, não

permitia o desenvolvimento das actividades que a colónia agrícola se propunha realizar.

^ Tratava-se de^uma-escola.para-anormais—pedaaóaicos-frequentada. inicialmente-.por_35

alunos, que “ pela sua deficiência intelectual constituíam embaraço nas aulas, pela sua

desinquietação e retardamento “ . ( A.A.C. Ferreira s .d .).

Dos Anuários da Casa Pia podemos inferir que o funcionamento da Escola se organizava

em função de dois grupos de alunos: os turbulentos ou inconstantes e os apáticos ou asténicos

que podiam beneficiar do trabalho no campo e oficinas. As aulas eram nocturnas mas havia

também aulas diurnas para os linfáticos e outros mais fracos.

Ar colónia,oãp_seJimitava a-.desenvolver_actividades-agrícolas-mas_dispunhaJambém de

__oficinas-de-carpintaria-serralharia-e formação-de-pedreiro._A colónia era dirigida pelo professor

- César da Silva. O edifício foi cedido pela Provedoria da Assistência de Lisboa,_s.endo_provedor

geral da Assistência- Luís Filipe Mata.

O processo educativo era considerado de recuperação pedagógica ou, segundo as palavras

de António Aurélio da Costa Ferreira, de “ Sanatório de melhoramento para os fracos e para os

.maus” ( Anuário da Casa Pia- 1913- 7 de Maio). Os alunos obtinham_colocação em casas de

lavradores, oficinas locais de carpinteiros e ferrejros.

Em 1918, após alguns problemas com a população local, a colónia é transferida para a

cerca de Belém, em Lisboa. Parece-nos que esta iniciativa merece um estudo aprofundado.

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Xrata-se_de_uma-experiência-pedagógica'inovadora"na-época-e-a-sua-or.ganização assentou num

grande empenhamento de António Aurélio da Costa Ferreira.

b) Instituto Médico- Pedagógico da Casa Pia de Lisboa- Instituto de Santa Isabel

Em 1915 é criado.o_servico_médico-. pedagógico da Casa_Pia_de_Lisboa para os anormais

internados no Asilo de. Mendicidade de Lisboa. FoUlhe .atribuido_um.subsídio-da-Rrov.edoria da

Assistêocia-de.Lisboa. Esta instituição tinha um externato para alunos_anormais-e-para-outras

crianças deficientes, mas educáveis- “ anormais pedagógicos”. António Aurélio da Costa Ferreira

refere, em entrevista ao Jornal o Século sobre a educação dos anormais ( 1915), que a classe

do Instituto Médico- Pedagógico se destina aos “ atrazados" e retardados, os imbecis e idiotas

deviam ir para um asilo.

Em 1918, o Instituto passou a centro de observação e selecção de mutilados e estropiados

de guerra. Dois anos mais tarde, o Instituto retoma as suas funções iniciais como Instituto

Médico- Pedagógico, com a finalidade de tratamento e educação de crianças nervosas, gagos

ou portadores de outros defeitos de fala. Nele funcionava um internato para pobres e

pensionistas e um externato com consulta médico- psíquica.

As classes especiais desteJnstituto. eram_diriaidas_por_Eernando. Palvart Pinto Ferreira.

.tendo tido a colaboração do professor de Ortofonia Cruz Filipe, do professor da classe da " Arte

de Dizer”- actor Joaquim Almeida, e da professora D. Lucília Carmina Lopes de Santa Clara.

A observação clínica.e-psicolóqica-das-crianças-era-efectuadapor-António Aurélio-da Costa.

Ferreira que era simultaneamente.odirector.

Existiam também oficinas de : sapateiro, alfaiate,_empalheireiro, encadernador_eJjpógrafo,

para anormais.

Este Instituto dispunha de uma publicação trimestral- Boletim; consulta, externa para

crianças e adultos portadores de anomalia, deficiência mental ou perturbados da fala ( M. Nunes,

1945).

A 27 de Março de j!929 esta Instituição é transferida para o Ministério da Instrução Pública,

passando a ser _designada por Instituto António Aurélio da Costa Ferreira, etapa que

desenvolveremos na terceira parte deste trabalho.

7. OS MODELOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES.

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Experiências na Escola Normal Primária de Lisboa e no Instituto Médico- Pedagógico de Santa Isabel

Nas primeiras décadas do século XX, registaram-se algumas experiências de formação

especializada de professores na Escola Normal Primária_de^Lisboa.-Neste-quadro podemos

referir o Curso de aperfeiçoamento para professores... primários-.. Curso .de _PsiçoJpgia

Experimental, cujo estudo se integrava no quadro das JLsciencias naturais, os fenómenos

—psíquicos-estudados-por-métodos-objectivos;„fenómenqs de reacção nervosa... avaliação da

___educabilidade gue_é-Q~problema- psicolóaico-fundamental do professor”- { A. A.C. Ferreira-

1919).

Outro percurso formativo reporta-se ao Curso Normal Pedagógico para surdos- mudos-

formação de professores especializados para classes especiais da Casa Pia de Lisboa- {

Moreirinhas Pinheiro 1997).

O mesmo autor refere a existência de um Curso de Ortofonia leccionado pelo professor

Cruz Filipe. Esta formação procurava estudar a Ortofonia, ensino de surdos- mudos, ensino dos

cegos e ensino de atardados e outros anormais e era ministrada pelos professores: Sousa

Carvalho, viúva Branco Rodrigues e Fernando Palyart Pinto Ferreira.

O programa do Curso de Ortofonia abordava diversas temáticas: formação da palavra,

função da respiração, aparelho fonador, perturbações e defeitos de articulação e sua correcção,

perturbações da palavra nos anormais mentais, audimutismo, ecolália, higiene da palavra. Era

um curso teórico- prático com a duração de dois anos lectivos. As aulas práticas decorriam nas

escolas anexas da Escola Normal Primária de Lisboa.

Sabemos que o ensino de Psicologia era ministrado nas Escolas Normais desde 1903,

primeiramente estava incorporado na'cadeira de Pedagogia. Com a reforma de 1918 surgiu

como disciplina autónoma introduzida por Alberto Pimentel.

Na década de 30 encontramos referências a um Curso de Aperfeiçoamento para professores

de anormais, cujas lições estão publicadas na revista: " A Criança Anormal’, dirigida por

Fernando Palyart Pinto Ferreira onde são referidas algumas lições com as seguintes temáticas:

Estudo do desenvolvimento da criança, sob _o ponto de vista físico, psíquico,

pedagógico,^médico, sociaLproblem as glandulares que causam perturbações_psíquicas

e físicas, papel do professor não é diagnosticar mas esclarecer e orientar”- lição proferida

pelo Professor Vítor Fontes a 20 de Março de 1930.

“ As crianças anormais: classes de anormais, educação dos atardados, derivado dos

trabalhos realizados^para a dressage^ dos_degenerados e dos idiotas- primeiros a

merecerem a atenção de médicos e professores, mesmo que não se lhes modificasse as

capacidades, aproveitar o que restava de alguma faculdade. Métodos idênticos na

Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

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Contributos para a História do instituto António Aurélio da Costa Ferreira

instrução e educacão_dos-idiotas-e-dos-anormais-pedaQÓQicos.-métodos sincréticos ou

globais tam bém utilizados-no.ensino.de.criancas.reaulares”.- lição proferida por Fernando

Palyart Pinto Ferreira a 15 de Maio de 1930.

A|ma_.da_criança=~melhores-reaqeotes normais ao alcance dos professores”- lição

proferida por Fernando Palyart Pinto Ferreira a 5 de Junho de 1930.

“ Como se deve compreender_o^ensino_daJeitura_^material de^ensinn—umaJiçãn Hp

„leitura11- lição proferida também por Palyart Pinto Ferreira a 12 de Junho de 1930.

São proferidas outras lições pelos Professores Jaime Salazar de Sousa, Ary dos Santos

e Pinto de Miranda, António Meyreles que exerceu, ao tempo, o cargo de sub- director da

Escola Normal Primária de Lisboa. Mas este curso não teve seguimento, nem obteve

sanção oficial, terminou ao fim de algumas lições.

Podemos concluir, que encontramos nestas experiências de formação _de-professores

uma intencionalidade pedagógica, que se inseria nos movimentos pedagógicos internacionais.

Surgia como a primeira resposta às_necessidades de formação de professores para o ensjno de

crianças deficientes.-No-entanto,-estas_experiências„não têm continuidade e só iremos encontrar

cursos de formação de professores e outros técnicos a partir de 1941/42 no Instituto António

Aurélio da Costa Ferreira sob a direcção do Professor Vítor Fontes.

8. O CONTRIBUTO DE FERNANDO PALYART PINTO FERREIRA E DOS BOLSEIROS PORTUGUESES: CRUZ FILIPE E JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS

Fernando Palyart Pinto Ferreira tem o seu nome ligado à temática em estudo, na medida em

que desde o ano de 1911 começou a leccionar na Casa Pia de Lisboa. Cedo se começou a

interessar pelo ensino de crianças com problemas mentais ou de aprendizagem. Foi director do

Instituto António Aurélio da Costa Ferreira desde o ano da morte do seu fundador, em 1922 até à

sua anexação à Escola Normal Primária de Lisboa em 1929.

O seu pensamento pedagógico fornece-nos algumas indicações sobre a forma como

perspectivava o ensino de anormais. Dum artigo publicado no Anuário da Casa Pia de Lisboa (

separata de 1913/14) designado por *' Opiniões Pedagógicas”, destacamos:” Eduardo Seguin

criou o verdadeiro método de tratamento médico- pedagógico da idiotia, adaptado por Maria

Montessori", propõe ainda neste artigo que os trabalhos manuais e o desenho sejam colocados

à frente da escrita. Refere a necessidade da adaptação dos métodos para os anormais da Casa

dei Bambino.

Noutro dos seus escritos, igualmente publicado no Anuário da Casa Pia de 1914/15, cujo

título é: “ Esquisso de um programa para uma classe de anormais, tece importantes

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Contributos para a História do instituto António Aurélio da Costa Ferreira

considerações sobre o ensino das crianças com problemas escolares. Defende o princípio de

que a educação dos anormais e normais é só uma, porque deve haver uma só Pedagogia, ainda

que sejam várias as correntes pedagógicas. Visto que há diferentes formas de encarar a criança,

os métodos e processos adoptados também não devem ser iguais. O Ensino não deve ser

empírico, assentando mo método experimental. Neste artigo faz também uma análise dos

problemas de diagnóstico que resultam da aplicação de “tests” psicológicos.

Defende ainda : “ o professor de anormais deve ter maior cuidado nos efeitos dos métodos e

processos por causa da evolução mental dos alunos- ensino individual"; refere a importância do

período de iniciação na educação intelectual, na educação dos sentidos, através de exercícios e

jogos. As necessidades psíquicas devem ser satisfeitas através do acompanhamento de

trabalho manual, música, modelação e canto coral.

Destaque-se ainda que F. P. P. Ferreira emitiu esta opinião: “ Educação intelectual e

instrução: deve interessar o aluno, fazê-lo^querer, ver e fazer” , com recurso ao brinquedo, ao

jogo, à excursão- método intuitivo, lição ocasional, observação directa e experiência.

Destacamos estas opiniões pedagógicas pelo seu carácter inovador para a época. Abriram

portas a experiências pedagógicas que, muitos anos mais tarde, vêm a ser implementadas.

Sabemos que este pedagogo foi afastado das suas funções, mas o seu contributo para o

ensino das crianças com problemas de aprendizagem não pode ser esquecido.

A Junta de Educação Nacional por Dec. 16831/29 de 16 de Janeiro, quando era ministro o

Dr. Gustavo Cordeiro Ramos, atribuiu bolsas de estudo com vista ao suprimento de falhas no

sistema de ensino. Estas bolsas destinavam-se a idas ao estrangeiro de professores com vista

ao aperfeiçoamento de métodos pedagógicos adequados. Entre esses bolseiros destacamos a

acção dos que estiveram em Instituições de Ensino Especial e que trouxeram ideias novas para

Portugal.

Dentre estes citamos: Áurea Judite-do Amaral que observou serviços de protecção a

menores delinquentes na Suíca, Bélgica, Holanda e Inglaterra- ensino de deficientes mentais

( anormais psíquicos educáveis).

João de Sousa Carvalho foi professor de' surdos- mudos no Instituto Jacob Rodrigues

Pereira desde 1912, contactara com o método belga de desmutização no qual se integrava o

tratamento pedagógico dos defeituosos da pronúncia e ainda com a organização dos cursos de

Ortofonia na Escola Normal de Bruxelas.

José Claudino Rodrigues Miguéis- assistente no Instituto de Reeducação Mental e

Pedagógica do Dr. Faria de Vasconcelos, especializou-se no estudo da reeducação de crianças

anormais e delinquentes em Bruxelas- Instituto Decroly.

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Elaborou um relatório sobre o ensino de crianças anormais, retardadas ou insuficientes na

Bélgica, baseado na experiência da Liga Nacional Belga de Higiene Mental, onde se propunha

uma nova modalidade relativa ao ensino de anormais.

Visitou ainda escolas especializadas, estabelecimentos médico- pedagógicos- escolas ao ar

livre e contactou com os cursos do Instituto Brebante destinados à preparação de professores de

anormais.

Do seu relatório consta que a Escola devia ser organizada em: classes normais, classes

especiais e classes de recuperação. A Inspecção médica escolar procedia à pesquisa de

anomalias, causas de atraso escolar, classificação e tratamento médico-pedagógico das

anomalias.

José da Cruz Filipe, professor de surdos- mudos na Casa Pia de Lisboa, estudou o método

belga de desmutização, visitou Instituições de ensino e reabilitação de surdos- mudos em

Espanha, frequentou ainda o curso de leitura labial rítmica de Mlle Gervaix, sob a orientação de

Adolfo Ferrière.

Referimos neste capítulo as conclusões d a s ' visitas realizadas por estes bolseiros

portugueses, cujos estudos vieram a influenciar a organização médico- pedagógica e as

correntes científicas na formação de professores em Portugal.

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SECÇÃO III: O INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA NAS DÉCADAS DE 1940 A

1960

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

0. PLANIFICAÇÃO DA SECÇÃO

1. Introdução

2. Enquadramento legal do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira.

3. Historial do seu edifício.

4. Funções do Instituto e sua dinâmica interna.

a) Centro de observação clínica e pedagógica.

b) Dispensário Central de Higiene Mental Infantil. .

c) Escola de formação de professores para o Ensino Especial.

d) Centro de Estudos e Investigação.

5. Instituições para crianças com deficiência mental e delinquentes : Instituto Condessa de

Rilvas; Instituto Adolfo Coelho; Colégio Navarro de Paiva .

6. Os diversos modelos pedagógicos no atendimento a crianças com deficiência mental:

classes especiais, classes do IAACF: classes de observação.

7. Serviços de saúde mental infantil existentes em Portugal- o nascimento da Pedo- Psiquiatria.

8. As vicissitudes da direcção do IAACF na assistência a crianças deficientes em Portugal, o

papel de Vítor Fontes e Maria Irene Leite da Costa.

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

1. INTRODUÇÃO

O Instituto António Aurélio da Costa Ferreira marcou o Ensino Especial em Portugal no

século XX. Foi uma Instituição que fez história no sistema educativo no nosso País e que

marcou todos os que lá trabalharam, conforme nos apercebemos pelas entrevistas que

realizámos durante o processo preparatório da investigação desta tese.

Constituiu para nós um desafio efectuar a recolha dos elementos que se apresentam neste

trabalho e pensamos que o IAACF merece ser devidamente estudado. Procurámos dar um

contributo para as Ciências da Educação, no campo da História da Educação.

O arquivo deste Instituto e a sua biblioteca histórica constituem-se como um manancial para

estudos diversificados e devem merecer a melhor atenção de todos os estudiosos nesta área.

Pensamos que se trata de uma Instituição à qual ninguém ficou indiferente, à qual

unanimemente se reconhece vanguardismo pedagógico que teve, mesmo, reconhecimento

internacional. Terminou, no entanto, de forma abrupta, sem que se tivesse efectuado uma

avaliação justa e equilibrada do seu papel no atendimento a crianças com problemas escolares,

oriundas de meios sócio- económicos bastante degradados.

O que apresentamos nesta terceira parte do nosso trabalho, que é a fundamental do nosso

estudo, é o corolário de dois anos de investigação. Dois anos durante os quais vivemos

momentos de desânimo, mas também com verdadeiras descobertas entusiasmantes. Sentimos

que ainda há muito por fazer para termos, no sistema educativo em Portugal, um correcto apoio

às crianças e jovens que dele necessitam. A Escola Inclusiva ainda é um horizonte distante da

Escola portuguesa.

Foto 1 : Primeiros alunos do I.A.A.C.F.

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Citando Vítor Fontes, na lição de abertura do Curso de Magistério de anormais no ano

escolar de 1942/43, publicada na Criança Portuguesa, vols I e I I : “ A atitude do professor com a

criança anormal. Ensinamento e tratamento de crianças anormais, que por vezes são

antipáticas, más, perversas, dificílimas de aturar, implica uma conduta agradável e boa norma.

Pessoas com mundo intelectual e afectivo diverso do nosso”.

Foi esta a grande descoberta: o amor pela criança, a necessidade de afectividade na

atitude do professor que com ela trabalhava, a luta por serem construídos e organizados em

Portugal os serviços de atendimento, que se julgavam necessários na época, para a educação e

formação das crianças que estavam excluídas da Escola e da sociedade.

2. ENQUADRAMENTO LEGAL DO INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA.

O corpo legal que enquadrou a Instituição que estudámos é diversificado e deve-nos

merecer uma leitura atenta. Os pressupostos de alguns documentos são fundamentais para

percebermos a dinâmica pedagógica que vem a gerar-se posteriormente.

A listagem que se apresenta segue uma ordem cronológica, para nos permitir uma leitura

mais fácil.

a) D.L. nB 16662 /29 de 27 de Março- Desanexação do Instituto Médico- Pedagógico da

Casa Pia de Lisboa, transferência para o Ministério da Instrução Pública, atribuída a

designação de Instituto de António Aurélio da Costa Ferreira.

b) D.L. na 16825/ 29 de 8 de Maio- regulamento do Instituto António Aurélio da Costa

Ferreira- Ministro- Cordeiro Ramos.

c) D.L. n8 17974/30 de 18 de Fevereiro- criação de classes de aperfeiçoamento e

classes de ortofonia nas Escolas Primárias, classes de atardados, a especialização

cabe ao IAACF.

d) D.L. n8 18646 /30 de 19 de Julho- curso de habilitação para o Magistério especial de

anormais- organograma e competências do Instituto de António Aurélio da Costa

Ferreira, anexo à Escola de Magistério Primário de Lisboa.

e) D.L. n8 22369/33 de 30 de Março- Inspectoria dos serviços de anormais da Direcção

Geral do Ensino Primário- Conselho Superior de Instrução Pública, competências do

director do IAACF.

f) D.L. n8 25637/35 de 19 de Julho- subordinação do IAACF à Direcção Geral do

Ensino Primário.

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

g) D.L. n3 31801/ 41 de 26 de Dezembro- organização do Curso de Magistério especial

de anormais e outros agentes de ensino de anormais e reorganização do IAACF,

funções e vencimentos do pessoal do Instituto.

h) D.L. n332607/45 de 30 de Dezembro, I Série, n3 301- Orgânica e funcionamento do

Curso de Preparação de professores e outros agentes de ensino de anormais.

i) D.L. n3 35401/45 de 27 de Dezembro- redefinição de competências do Instituto

António Aurélio da Costa Ferreira- Dispensário de Higiene Mental Infantil no país,

classes especiais, pessoal em exercício no Instituto.

j) D.L. n3 35801/46 de 13 de Agosto- criação das classes especiais junto das Escolas

Primárias sob a coordenação do IAACF.

I) D.L. n3 45832/64 de 25 de Julho I Série n3 174- criação e organização do curso de

especialização de professores de crianças inadaptadas, organização pedagógica no

IAACF.

Uma breve leitura da legislação enunciada mostra-nos que se registou uma nítida evolução

dos conceitos, o que forçosamente influenciou as práticas. Pensamos que o Instituto António

Aurélio da Costa Ferreira evoluiu de acordo com o estatuto que foi adquirindo no campo

pedagógico e no sistema de formação de professores para o Ensino Especial em Portugal.

Assumiu-se como o Dispensário de Higiene Mental Infantil do País e como a única Escola

de formação de professores para o Ensino de Crianças Anormais e Crianças Inadaptadas.

Talvez este elevado centralismo lhe tenha trazido problemas. No entanto, o IAACF cumpriu

rigorosamente as funções que lhe foram atribuídas. O problema que subsistiu, durante décadas,

foi o de ser a única Instituição com estas funções no País, pelo que as respostas ficavam aquém

das necessidades de atendimento às crianças com deficiência.

3. HISTORIAL DO EDIFÍCIO DO INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA

Começar a história de uma Instituição pela história do seu edifício pode assumir alguma

diferença em relação às normas vigentes em História da Educação, no entanto, parece-nos

importante destacar algumas das etapas que envolveram o edifício onde se encontrava situado o

IAACF, hoje Instituto de Inovação Educacional de António Aurélio da Costa Ferreira.

Na fase da investigação, em arquivo realizada nesse mesmo local, nos intervalos do

trabalho, sentei-me algumas vezes no pátio interior a imaginar a vida das crianças que aí tinham

frequentado as classes de observação, a vida dos professores que frequentaram os Cursos de

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Especialização. Pareceu-me que existiam ainda marcas indeléveis desta época no próprio

edifício. Na verdade, foram muitos anos de vida institucional de Ensino Especial.

A primeira referência ao funcionamento duma Instituição neste edifício, segundo Vítor

Fontes num artigo da revista “Higiene e Hidrologist' (1939) é que nele esteve instalado o Colégio

Luso- Brasileiro, no século XIX.

Segundo ainda Vítor Fontes, em artigo publicado na revista "O s nossos fiihod\ ( 1943), no

edifício do Instituto funcionava o Asilo Municipal, criado pelo vereador Rosa Araújo, que passou

para a Casa Pia de Lisboa, ao tempo em que era seu director António Aurélio da Costa Ferreira.

Era então designado por Anexo de Santa Isabel, colégio externo da Casa Pia e servia de

alojamento para quem seguia cursos superiores ou outros que não eram ministrados na sede da

Instituição.

Como já referimos, António Aurélio da Costa Ferreira inaugurou, em 1915, o Instituto

Médico- Pedagógico da Casa Pia para anormais educáveis. O serviço dispunha de internato e

externato para as crianças da Casa Pia e outras que lá acorressem.

Este internato foi criado em 1916 para crianças do sexo masculino funcionando também a

consulta externa para perturbados da fala ou crianças com outros problemas.

Existiam ainda classes especiais de reeducação sensorial, literária e oficina!. O corpo

técnico era constituído por director, assistente, professores e mestres de oficinas. Foi nesta fase

que o Prof. Vítor Fontes começou a exercer funções como médico no Instituto.

No período da I Guerra Mundial, o Instituto passou a apoiar mutilados de guerra

provenientes de África e da Europa que eram encaminhados para recuperação em clínicas

cirúrgicas e ortopédicas ou para o Instituto de Mutilados de Arroios.

*

Contributos para a História do instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Fotos 2 e 3 : Obras no edificio do I.A.A.C.F. (1935-1939)

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

A fase de 1920 até 1935 foi um período com grandes problemas. Era então director, desde

1922, como já referimos, Fernando Palyart Pinto Ferreira, que já exercia o cargo de director

pedagógico. Nesta época voltaram a funcionar as oficinas de sapateiro, alfaiate, empalheireiro,

encadernador e tipógrafo. Em 1929 ficou anexado à Escola Normal Primária de Lisboa. No ano

de 1930, decorre nas suas instalações o Curso de aperfeiçoamento para professores de

anormais. António Meyreles exerce durante dois meses o cargo de director deste Instituto, sendo

em simultâneo director da Escola Normal Primária de Lisboa.

Em Agosto de 1935, houve uma viragem com a nomeação do Prof. Vítor Fontes, que pediu

o seu encerramento para obras e reorganização de serviços. O edifício foi reconstruído, foi

adquirido instrumental científico novo, contratado novo pessoal, implementados novos métodos

de trabalho em " função da raça portuguesa”. ( V. Fontes s.d.)

Foto 4 : Edifício do I.A.A.C.F. nos anos 40

Entramos assim na etapa fulcral do nosso estudo, aquela em que Vítor Fontes assumiu de

corpo inteiro a direcção do Instituto. A dinâmica pedagógica e o papel de destaque, que obteve

ao nível científico em Portugal e no estrangeiro, é perfeitamente surpreendente. Pensamos que

foi uma das Instituições de Educação em Portugal que maior projecção obteve nos meios

científicos da época, anos 40 a 60.

Pela observação das fotografias do edifício da época e pela sua observação actual,

verificamos que se trata de um edifício de três andares, com um grande número de salas, tendo

como anexo um pátio. Dispunha de salas com função de dormitório para os alunos, quando

internados para observação psicológica, salas de aula, refeitório, laboratórios, gabinetes

médicos.

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Portanto pensamos que este edifício tinha todos os requisitos necessários às suas funções.

4. AS FUNÇÕES DO INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA

FERREIRA/ SUA DINÂMICA PEDAGÓGICA

As funções do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira estão claramente definidas na Lei

e, através de toda a investigação que efectuámos, podemos concluir que foram

èscrupulosamente cumpridas, enquanto Vítor Fontes esteve na direcção do Instituto.

O Decreto-lei n8 31801/41 atrás referido, publicado ao tempo em que era Ministro da

Educação Mário de Figueiredo, estipula o seguinte:

No seu preâmbulo refere que a problemática da educação e assistência aos menores

anormais implica a reorganização deste Instituto. Medida que, além do interesse científico

é de grande alcance social. No entender do legislador este funcionara sempre como

asilo, no qual se recolhiam crianças classificadas de anormais e onde apenas se

ensaiava a sua educação profissional, nas oficinas existentes, embora fosse considerado

escola de reeducação de anormais. Após diversas considerações determina que o IAACF

devia ter um campo de acção demarcado, num plano geral de assistência aos menores

anormais, em colaboração com outras instituições.

Ainda no preâmbulo da lei, está claramente definida uma das funções mais importantes:

assumir o papel de centro seleccionador de anormais, dispondo para o efeito de uma

consulta externa, instalações, aparelhagem e material adequados. Dispunha ainda de

internato para um número reduzido de crianças e brigadas de pessoal técnico para

efectuar essa selecção.

- CONSULTA EXTERNA: aberta a todas as crianças em que houvesse suspeita de

anormalidade, apresentadas pelas famílias ou remetidas pelos estabelecimentos de

ensino ou assistência. No IAACF seriam observadas estas crianças e classificadas as

suas anomalias. Quando a observação o exigisse, a criança ficaria internada, a lei

estipulava que esse período nunca deveria ir além de quatro semanas. Assim o internato

não teria uma população fixa como nas Escolas de Reeducação.

As brigadas técnicas tinham por função a selecção de anormais nos estabelecimentos de

ensino e assistência, após solicitação da direcção dos mesmos.

As crianças observadas no Instituto seriam encaminhadas ou para Escolas de

Reeducação, ou para Classes Especiais para anormais orientadas tecnicamente pelo

Instituto. Em ambas as situações, tornava-se necessário formar professores e pessoal

técnico. Nalguns casos a situação aconselhável era o encaminhamento para uma clínica

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

psiquiátrica infantil; ou, quando se tratasse de anormais delinquentes estes seriam

remetidos para os serviços jurisdicionais de menores.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PESSOAL TÉCNICO* habilitação de pessoal para

tratamento e ensino de anormais, organização de cursos que atribuíam diploma para o

ensino de anormais em estabelecimentos do Estado. Previa-se ainda a existência de

Cursos de Aperfeiçoamento e de Cursos para habilitação de outros agentes da

especialidade, nomeadamente pessoal de enfermagem, visitadoras e assistentes sociais.

No que se refere ao corpo técnico do IAACF, a legislação determinava o seguinte:

a) o lugar de director devia ser ocupado por um médico especializado em Psiquiatria

Infantil ou Médico- Pedagogia, de preferência professor numa Faculdade de Medicina.

b) Os lugares de médico assistente e de médico chefe de laboratório deviam ser

providos por médicos especializados em Psiquiatria Infantil ou Médico- Pedagogia ou

em técnicas laboratoriais.

c) O lugar de professor seria provido por um licenciado em Ciências Históricas e

Filosóficas, diplomado com o curso de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras.

d) Os monitores seriam escolhidos entre professores habilitados com o Curso do

Magistério Primário. São referidos ainda os lugares de. assistente social e enfermeiro.

Em anexo ao decreto- lei surge um quadro com os lugares de pessoal administrativo,

pessoal auxiliar e menor.

A síntese que efectuámos deste decreto-lei tem como objectivo enquadrar todas as funções

do Instituto que, de seguida, analisaremos em detalhe.

Parece-nos que este corpo legislativo era tão rígido que veio a condicionar a evolução do

Instituto. No entanto, temos de reconhecer que se tratava de uma Instituição complexa, cuja

missão era dar apoio a todos os serviços de Ensino Especial existentes ou que viessem a existir

em Portugal.

a) CENTRO DE OBSERVAÇÃO CLÍNICA E PEDAGÓGICA/ DISPENSÁRIO CENTRAL DE

HIGIENE MENTAL INFANTIL

Analisar as funções do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira e a sua dinâmica interna,

implica realçar o lugar de relevo que esta Instituição assumiu na Psiquiatria Infantil e na Higiene

Mental Infantil nas décadas de 4,0 a 70 do século XX, em Portugal.

Referimo-nos já, detalhadamente, ao enquadramento legal e às atribuições do Instituto e às

suas responsabilidades na educação e na assistência às crianças anormais. Estava legalmente

estabelecido que o IAACF assumiria as funções de Dispensário Central de Higiene Mental

Infantil, numa perspectiva centralizadora. Esta situação trouxe-lhe inúmeras dificuldades para

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

conseguir dar respostas funcionais às necessidades das crianças que acorriam aos seus

serviços.

Em nosso entender, estas duas funções estão muito interligadas, daí serem abordadas no

mesmo capítulo. Na realidade havia uma consulta externa que era feita pelos médicos do

Instituto, enfermeiros e assistente social para a qual eram enviadas crianças de diversas zonas

do País. Quando necessário as crianças ficavam internadas, para uma observação mais

circunstanciada. Após concluída a observação clínica e pedagógica, as crianças eram

encaminhadas para outras Instituições.

Essa observação implicava um trabalho de equipa que envolvia os seguintes técnicos:

pedopsiquiatra, neurologista, professores especializados. Promovia-se a discussão dos casos de

forma aberta, numa perspectiva de colaboração, ou seja os casos eram analisados em grupo. O

modelo de funcionamento assentava na colaboração entre especialistas.

No entanto, encontrámos diversas referências às dificuldades no encaminhamento, visto

que não existiam Instituições complementares que dessem respostas às crianças com

dificuldades escolares ou para os casos mais complexos que necessitavam de serem integrados

noutro tipo de Instituição. A falta de recursos em Portugal, na época, é uma constante, referida

nos documentos de Vítor Fontes.

Este modelo de observação das crianças inspirava-se nas “ Child Guidance Clinics”- Clínica

Psico- Social da Infância ( J.L.Lopes- 1956). É de referir que um dos primeiros estabelecimentos

do género foi a clínica de Boston de 1917.

O pessoal técnico devia ser composto por: Psiquiatra, Psicólogo, Assistentes Sociais.

Foto 5 e 6 : Criança e jovem observadas no I.A.A.C.F.

Procurava-se estudar a criança no seu todo, em função do seu ambiente, procedia-se a um

pormenorizado exame médico. Procurava-se ainda determinar o seu nível mental, recorrendo ao

psicodiagnóstico de Rorschach. O conhecimento da casa e da escola, a pesquisa dos erros

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Contributos para a História do instituto António Aurélio da Costa Ferreira

educacionais e dos conflitos psicológicos tinham também um papel relevante para a elaboração

do diagnóstico e do encaminhamento da criança.

Vítor Fontes, em artigo publicado em a Criança Portuguesa em 1956- relatório de

actividades do IAACF- refere “ que o Centro de Observação do IAACF seguia o modelo dos

centros de prolifaxia mental da Suíça, Itália, Alemanha e América do Norte, efectuando uma

selecção precoce das crianças com vista à sua recuperação social, dado que a prevenção e a

recondução só são possíveis até certa altura do seu desenvolvimento psíquico.

Nesta consulta efectuavam-se exames psíquicos, exames físicos e inquérito social.

O exame psíquico tinha por objectivo esclarecer as causas dos problemas da criança, se

eram hereditárias, adquiridas ou constitucionais. O estudo psicológico implicava a aplicação de

testes, nomeadamente os modelos de Binet, Healy, Porteus e Terman.

‘ O exame físico diagnosticava as causas da perturbação mental. O serviço de consulta

dispunha de aparelhos para efectuar exames ao metabolismo basal e endócrinos, medições

antropométricas, electroencafalografia. Existiam diversos aparelhos clínicos, auxiliares de

diagnóstico tais como: pneumógrafo, cardiógrafo, dinamómetro e espectro-reducómetro.

A observação psíquica podia implicar a gravação audio e filmagens dos sintomas dos

doentes. Em classe de observação, nos recreios, no refeitório, a criança era permanentemente

observada sem o saber.

O estudo social da criança procurava as causas das anomalias de conduta, procedia à

observação da criança no seu meio social normal e à investigação do passado familiar e social.

Procedia-se ainda à observação do estado geral físico e psíquico do internado num prazo

máximo de 30 dias, durante o qual se devia estabelecer a terapêutica adequada.

O Internato destinava-se à observação de crianças enviadas de outras instituições, que

após três ou quatro semanas deviam ser encaminhadas para classes especiais, instituições ou

escolas de reeducação. O serviço Social orientava a família, para saber receber a criança,

quando esta regressasse.

Quando a criança era encaminhada para outros serviços: escola de reeducação, serviço de

Psiquiatria infantil (asilo para grandes anormais e epilépticos), serviços Jurisdicionais de

menores ou serviços de Assistência Pública, continuava a ser seguida pelo IAACF.

As brigadas técnicas inseriam-se neste serviço deslocando-se às Escolas oficiais, primárias

e técnicas, ou aos asilos da Assistência para fazer a selecção dos anormais. Eram compostas

por um médico de neuro- psiquiatria infantil, um assistente social e um psicólogo.

O serviço de Dispensário Central de Higiene Mental Infantil, criado pela Lei de Assistência

Psiquiátrica de 1945, obriga o Instituto a efectuar inspecções a menores para admissão, em

asilos da Casa Pia de Lisboa

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Contributos para a História do instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Foram observadas 1938 crianças nestas circunstâncias. Conforme os resultados dessas

observações, os menores eram distribuídos pelas seguintes categorias { V. Fontes, 1944):

a) Anormais educáveis para escolas de reeducação e classes especiais.

b) Grandes anormais- ineducáveis para asilos e colónias agrícolas.

c) Casos de Psiquiatria infantil- Clínica do Hospital Júlio de Matos.

d) Surdos- Mudos para asilos da especialidade

Estas duas funções implicavam a existência de serviços laboratoriais e terapêuticos, onde

se procedia a análises e outros exames clínicos. Havia ainda serviços de Raios X e

electroencefalografia e eram aplicados tratamentos ortofónicos, ou de reeducação motora

conforme os casos.

No serviço psico- pedagógico eram efectuados relatórios psicológicos de crianças nas

classes de observação, indicando as necessidades individuais. Com base nestes relatórios as

crianças eram encaminhadas para uma classe sensorial ou para uma classe especial numa

Escola Primária, ou para a terapêutica atrás referida.

Este serviço era composto por um professor, três monitores, cinco vigilantes que

desempenhavam acção educativa nas classes, nos laboratórios, nos recreios e nos dormitórios.

O serviço social realizava visitas às famílias para as apoiar, dava assistência nas consultas,

vigilância, intervenção no meio ou, quando necessário, fazia diligências para internamento de

menores em asilos e noutras Instituições oficiais.

Este modelo inseria-se na tipologia das “ Child Guidance Clinics", como já referido

anteriormente. O seu funcionamento implicava o trabalho em equipa. A comissão pedagógica

presidida pelo Director do Instituto, reunia quinzenalmente, nela participavam todos os técnicos

envolvidos na observação da criança. Nessas reuniões eram analisados todos os relatórios

incluindo os das vigilantes. ?

A grande meta era, depois de concluídas as observações e indicações terapêuticas,

devolver o menor à sociedade. Daí o- enfoque no trabalho social junto da família e a

necessidade, diversas vezes referida, de criar um serviço de Patronato extra- escolar para a

formação profissional, com o apoio do Instituto de Orientação Profissional.

Vítor Fontes, num artigo publicado em a Criança Portuguesa de 1962, intitulado “ 28 anos na

direcção do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira”, dá-nos a seguinte perspectiva destas

funções:

No âmbito de Dispensário de Higiene Mental Infantil foram examinados 18485 crianças;

os casos internados ao longo desses anos foram de 2245. As consultas na sua totalidade

abrangeram o número de 34881 crianças.

- A equipa era composta por quatro médicos especialistas, director do Instituto, dois

assistentes sociais, dois auxiliares sociais, um professor, cinco professores adjuntos

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{ entre os professores um dedicava-se à observação pedagógica mais especializada, outros

ao serviço das classes especiais).

As brigadas técnicas que se deslocavam às Escolas ou aos Asilos para observar

crianças para ingressarem em classes especiais. Crianças com alterações de conduta,

atrasos de inteligência, vícios ortofónicos, desadaptação que necessitavam de

terapêutica medicamentosa, pedagógica ou psíquica. Eram posteriormente

encaminhadas para a consulta do IAACF para serem submetidas a tratamentos

orgânicos, sessões de Psicoterapia de carácter projectivo com desenho livre e pintura

livre, fantoches, terapêutica de grupo ou tratamentos ambulatórios.

Ao nível do Serviço Social o Instituto observava as crianças, efectuava o diagnóstico,

indicava, o tratamento na intenção de fazer reentrar o menor na sociedade ( família,

escola, oficina).

Foram efectuadas por este serviço 17408 visitas, 24577 diligências com vista à

resolução de problemas familiares, 1170 inquéritos. As pessoas atendidas totalizaram o

número de 37325. Os inquéritos sociais constavam do processo de cada criança. Este

serviço devia ser extensivo às classes especiais, estabelecendo a ligação Escola-

Família.

Da análise dos processos de alunos que efectuámos, em arquivo, parece-nos importante

fazer uma síntese das tipologias dos diversos documentos que os constituíam. Através dos

exemplos que a seguir apresentamos enunciados podemos compreender a forma de

observação, realizada pelos técnicos do IAACF e os critérios pedagógicos que levavam à

tomada de decisões sobre as crianças.

PROCESSO N9 2760

FOLHA DE OBSERVAÇÃO N9 22756

IDENTIFICAÇÃO: Nascido em 1968- 7 A e 1M

Residência em Lisboa- Casal Ventoso.

1 • Irrequieto e teimoso.

2- Não consegue aprender. Foge de casa.

3- Mãe casada e pai solteiro. Pai- motorista, mãe- cozinheira, os dois irmãos residem com avó

materna de 16 e 12 anos respectivamente. Casa com duas divisões, menor dorme no quarto

dos pais. 1a classe, não frequentou ensino infantil.

4- Pai- 47 anos, saudável, alcoólico, mãe- 37 anos esteve internada em Clínica Psiquiátrica,

sofre dos rins, irmãos • saudáveis, avó faleceu com 65 anos- diabetes, avô- 49 anos-

trombose, avó - 75 anos saudável.

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b) Nasceu de termo, internamento psiquiátrico aos 5 m na gravidez, parto de cesareana, não

chorou, escarlatina, com meningite, internamento durante 3 meses, grande excitação..

5. a) Crâneo normal, face comprida, desenvolvimento não em relação com a idade.

5.b) Vê e ouve.

5.c) Vocabulário - pobre.

5.d) Observação psíquica.

5. e)

5-f)

5.g) Teimoso.

5,h) Fez electroencefalograma normal, já fez testes, consulta de Psiquiatria Infantil. .

Criança com desenvolvimento somático e psíquico não em relação com idade, maus

antecedentes hereditários e pessoais, caso para classe especial e continuar apoio clínico.

O Serviço Social vai contactar família.

Receita- Atarax- 2 comp por dia.

Criança com ligeiro atraso psíquico, maus antecedentes hereditários, integração em ensino

regular com apoio terapêutico.

Vem a ser convocado para classe especial n8 6- 2 2 lugar.

2a DOCUMENTO/ MESMO PROCESSO

Identificação.

Não tem indicações gerais.

Entrada- 3/3/1975.

Saída- 11/7/1975.

Proveniência- meio familiar.

Destino- Meio familiar.

39 DOCUMENTO/ MESMO PROCESSO

Só preenchida a identificação, contém fotografia.

ANEXOS:

Conclusão: Ver desenhos sem braços, atitude sexual, para integrar em ensino regular.

Ficha de IASE- Centro de Saúde Escolar de Lisboa solicitando consulta de Neuropsiquiatria

Infantil.

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Ofício do professor- referindo que é nervoso, tomando impossível a sua permanência numa

classe normal, opinião do psiquiatra, necessidade de ser encaminhado para classe especial e

que seja observado e tratado por técnica com conhecimentos que diz não possuir.

49 DOCUMENTO- DIAGNÓSTICO PROVISÓRIO

( Observações mensais)

1a Obs. Março de 1975- Instabilidade psico- motora, pede mudança de actividade, oposição ao

adulto, provocação evidente à professora, tentativa de fuga da classe, convidou outros colegas

2a Obs. Abril de 1975- Mais adaptado ao ambiente do Instituto, comportamento difícil.

Confrontação com professoras estagiárias, negativista, provocador, dificuldade de realização por

inibição, consciencialização da incapacidade de acção correcta, agressividade, problemas

grandes de carência afectiva, necessidade de chamar sobre si a atenção, dificuldades

perceptivo- motoras acentuadas.

3a Obs.- Maio de 1975- Dificuldades de integração social, instabilidade e agressividade que se

manifesta, capacidade de realização diminuída, falta de disponibilidade afectiva, comportamento

exibicionista perante estranhos, indisciplinado e teimoso no recreio e na sala, receptividade

muito fraca, é meigo, não consegue exteriorizar a sua ternura pelas pessoas.

4a Obs- Junho 1975- Melhoria da relação, menos teimoso, continua exibicionista, formas orais e

corporais de exteriorizar a sua ternura pelos outros, mais calmo, mais atento e colaborador,

início de processo de trabalho consciente e voluntário, não tem auto- domínio, fala muito alto,

atender às características psicomotoras para entrar em conflito, dificuldades de aprendizagem,

que implica com a observação, compreensão, memorização.

Atraso grafo- motor, ultrapassou a fase de riscar e rasgar. Exterioriza problemas sexuais, no

contacto com meninas.

RELATÓRIO

Classe de observação: Teve dificuldade de integração no grupo exteriorizando instabilidade

psico- motora, atitudes de provocação, agressividade, falta de interesse e disponibilidade para

as variadas actividades do grupo.

Problemas afectivos- problemas de saúde física e mental do meio familiar.

Permanência de 5 meses no IAACF, melhoria de relação apesar de manter insegurança e

exibicionismo, evoluiu no conhecimento e realização perceptivo e grafo- motores, compreensão

e interesse- lições de conhecimentos gerais e da realidade.

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Problemas afectivos que dificultam a sua relação e possibilidade de integração no grupo, falta de

maturidade para a aprendizagem e mantém atraso grafo- motor.

Caso para acompanhamento especial médico- social e pedagógico à criança e social à família.

Reavaliação médico- psico- pedagógica.

EXAME PSICOLÓGICO

Aplicação da escala métrica de inteligência- Binet- Terman- nova revisão 1937- forma L.

I.C.-7.

I.M.-6

Q. I.- 85.

A traso -1,01

Data-Fevereiro 1975.

Resumo das provas VI e VII.

Obs.: Dificuldade em colaborar, deseja apenas brincar, dificuldade em concentrar a atenção,

sinais de instabilidade, dificuldade na articulação de grupos consonânticos, em contar além de 3,

desenho com dificuldade o quadrado em linha, desenha o losango, referência fálica nos

desenhos.

SERVIÇO SOCIAL

( Dados relevantes)

Alterações familiares graves e abandono do pai.

Rendimento económico fraco.

Má vizinhança- vila- Casal Ventoso, frente a uma taberna.

Despejos numa pia comum, cozinha e sotão.

Casa limpa, pouco arrumada, mãe doente castiga o filho com fivela e deita-lhe pimenta na

língua.

Mãe teve ataque de loucura nos 5 meses de gravidez, pai abandonou a casa e 2 filhos-

internada no Hospital Júlio de Matos- o pai nada entrega, avó materna levou os 2 irmãos.

Não chorou quando nasceu- mãe voltou a trabalhar como cozinheira, vive com rapaz solteiro,

7 anos mais novo é amigo do garoto a quem trata por pai.

O menor não gosta de ver o "pai" beijar a mãe, traz sempre presentes para o garoto quando

vem de viagem e géneros alimentares para casa.

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Gosta do professor, gosta de estar no Instituto, mas tem saudades da outra escola, não

gosta de responder a perguntas, gosta de andar na rua, sujeitou-se quase a acto sexual com

rapaz atrasado mental, justificação dos desenhos da figura humana masculina.

TRABALHOS ORGANIZADOS POR MESES: CLASSE DE OBSERVAÇÃO:

Colagens, recorte e rasgagem.

Desenhos com legendas feita pela professora.

Figuras geométricas.

Conjuntos.

Cópia de figuras geométricas e frutos.

Contorno e grafismo , fichas de identificação.

Menor e maior, ficha de numeração.

Simetria, a mão do aluno, pintura livre.

2- FICHA DE OBSERVAÇÃO

( Assinada por professora ou outro técnico- mensal- dados relevantes)

Dados de anamnese.

Criança com boa adaptação mas grande instabilidade, espevitado, provocação constante,

guerra ao adulto, não tem descanso, agressivo, exibicionista.

- Precisa de ser medicamentado?

Criança perturbadora, instabilidade psicomotora, consciencialização de incapacidade,

poucas perspectivas de aprendizagem, grande carência afectiva- vai tomar Atarax.

Problemas de comportamento, permanente conflito com adulto, para integrar em ensino

regular, comportamento nada melhorou, sempre em conflito, problema sexual.

PROCESSO N9 2752

PROCESSO N9 22- 11 ANOS- 1975.

Trabalhos escolares em anexo- classe sensorial- anteriores.

FOLHA DE OBS.: N9 22697

Grandes dificuldades escolares- ensino especial, 1® classe- escola n9 20, repetente, pai

alcóolico, enurese nocturna esporádica. Criança com atraso psíquico- avaliação no semi-

internato.

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OBSERVAÇÕES MENSAIS

Cansado, pouco cuidado, simpático, dificuldades de coordenação global, equilíbrio, atraso na

construção de frases- raciocínio fraco, dificuldades de estruturação, raciocínio e memória,

instabilidade na frequência, reage mal aos estágios, capacidade de simbolização fraca, memória

espaço- temporal deficiente. Atraso generalizado acentuado. Situação familiar prejudicial.

CLASSE ESPECIAL:

J.C. 10 A e 3 M

I.M.- 6 A e 1M

C.I.- 59%

Observação feita pela professora.

Teste de Terman, Rouma.

Débil mental acentuado. Meio familiar desorganizado, mãe que abandona a casa, frequência

irregular da classe especial, reprovações sucessivas.

FICHA DE REGISTO ( 2fl)

Leitura- conhece as cores e vogais. Não faz cópia, traçado incorrecto de vogais.

Não faz ortografia.

Dificuldades no traçado dos algarismos.

Não faz cálculo mental.

Dificuldades acentuadas no desenho.

Trabalhos manuais- deficiência na picotagem.

Atraso profundo.

SERVIÇO SOCIAL:

10 irmãos- casa sem condições, não há higiene,mão teve assistência médica no parto, mãe teve

17 filhos, morreram 8.

ESCALA MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA:

I.C.- 11 A e5M .

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I.M.- 6 A e 3M

Q.I.- 5 6%

Dificuldade esquema corporal, ordenação espacial e temporal

PROCESSO N9 2751

NOTA: Anexos classe sensorial.

6 Meses no Instituto- 1975.

Proveniência e destino- meio familiar.

FOLHA DE OBSERVAÇÃO N9 22694

Irrequieta, 4 irmãos.

Pai operário, mãe reformada. Frequenta 1a classe pela 3a vez. Mãe epiléptica e cardíaca.

Meningite esteve internada até 4 anos, é gaga, criança com atraso somático e psíquico, maus

antecedentes psíquicos. Receita de Hidantina- vários E.E.G.s. Integração em classe especial.

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Muitos problemas com a mãe, comportamento mais calmo, inibição em relação ao adulto, volta

para a Escola com apoio médico e pedagógico

FOLHA DE OBSERVAÇÃO

( Quinzenais)

Dificuldades de psicomotricidade e coordenação visual- motora, não fala sobre meio familiar,

dificuldades grafo- motoras, está motivada para a aprendizagem, dificuldades ao nível da

estruturação espacial e temporal.

Criança com atraso afectivo- intelectual, problemas de saúde mental do meio familiar, necessita

de apoio médico- psico- pedagógico e social. Integrar no ensino regular, seguimento no Instituto.

ESCALA DE TERMAN- M ERRIL-1937

I.C.- 7 A e 3M.

I.M .-5 A e 2 M

Q.I.- 71%.

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Ritmo de trabalho irregular, criança inibida e carenciada, estrutura de inteligência diminuída,

organização espácio- temporal inferior, processos escolares inexistentes, dificuldades na

evolução sexo- afectiva.

Rendimento intelectual inferior, dificuldades instrumentais psicomotoras e afectivas.

Escolaridade- regime de ensino especial, agregado familiar- apoio social.

E.E.G.- Psicomotor variante, sujeita a diversos exames, indício de epilepsia.

RELATÓRIO SOCIAL:

Más condições de habitação, mãe epiléptica, pai ausente, criança débil e com birras, o pai

vendeu um urso de pelo que foi dado à criança.

PROCESSO N9 2758

( Não tem anexos)

FOLHA DE OBSERVAÇÃO N9 22752.

Irrequieta, alterações de conduta, dificuldades escolares, foge de casa, 4 meses no Instituto.

Pai- operário, mãe- mulher a dias. Repete 1a classe. Parto provocado-10 meses.

Teimoso, ligeiro atraso, integração em ensino regular, apoio à mãe, apoio no COOMP.

Relatório- perturbações de estruturação espacial, operações concretizadas.

BOLETIM DE OBSERVAÇÃO

DIAGNÓSTICO- REGISTOS MENSAIS

Comportamento exibicionista e difícil, provocadora, agressiva, teimosa e dissimulada, não é

aplicada, atraso na Aritmética, depois classe regular.

FICHA SOCIAL:

Boas condições de habitação.

Fez tratamento para os nervos, quando foi para a creche, mordeu a professora.

ESCALA MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA

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I.C .-8 A e 11M.

I.M. 8 A

Q.I.- 80

Pai ausente, coordenação motora deficiente.

PROCESSO N2 2753

6 Meses no Instituto.

1« Obs.- 11/11/1974- Processo n2 23.

Do meio familiar e para meio familiar.

FOLHA DE OBSERVAÇÃO N2 22691

Residência em Lisboa.

Dificuldades na aprendizagem, tímido.

Pai- operário, mãe- reformada. Repetente 1a classe- Escola 114.

Vive com avós, aspecto débil, criança prematura, situação a esclarecer do ponto de vista

psicológico e electroencefalográfico, tentar integração no ensino regular.

Frequência irregular no IAACF, problemas familiares, necessita de lentes, a mãe precisa de

acompanhamento.

FICHA DE DIAGNÓSTICO:

Iniciação na Língua Materna, inibição e insegurança, irregularidade, agressividade e confusão,

mãe em tratamento psiquiátrico, problemas em trabalho organizado e de comportamento. Para

integrar em classe regular.

E.E.G .-fora dos limites do normal. ;

Testes projectivos- esquema corporal deficiente, traumatismo afectivo, icterícia neo- natal, coma

acidente de automóvel, análise de idade afectiva.

FICHA DE SERVIÇO SOCIAL:

Boas condições de habitação.

Pai com problemas de emprego.

Problema de consaguinidade nos pais.

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FOLHA DE OBSERVAÇÃO/ BOLETIM:

Escala Métrica

I.C..- 8 A e 3M.

I.M.- 7 A e 4M.

Q.I.- 89%.

A traso-11 Meses.

Repetente. Raciocínio fraco, memória fraca, retenção, dificuldades sócio- afectivas.

ANEXOS:

Trabalhos escolares 1® classe organizados mensalmente.

PROCESSO N9 2755

FOLHA DE OBSERVAÇÃO N9 22700

1975-9 A e 9 M

Dificuldades na aprendizagem e na articulação, pais- engenheiros, meio familiar organizado.

Acompanhamento em casa por professor de ensino especializado, frequentou colégio de S.

Marco.

Cesareana, incoordenação motora, meigo e irritável. Exame psicológico para frequentar ensino

especial, melhorou com estadia no IAACF, terapêutica ocupacional.

ESCALA DE INTELIGÊNCIA:

I.C.- 9 A e 9M.

I.M.- 5 A e 9M.

Q.I.- 59%.

Atraso- 4 A

Dificuldade na coordenação óculo- manual e de pinçagem, dificuldade concentração, atenção.

QUESTIONÁRIO ESCOLAR- CLASSE ESPECIAL.

Dissimulado, medroso, servil, agressivo, trabalho escrito mal feito, distraído, dificuldades de

pronúncia e na marcha.

Observação do Centro de Saúde Mental Infantil de Lisboa

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Anóxia neo- natal, rendimento intelectual abaixo da média, deficiente organização esquema

corporal, evolução desarmónica.

BOLETIM DE OBSERVAÇÃO:

Permaneceu no IAACF 6 meses. Criança que se adaptou à classe e ao Instituto, não conversa

de forma estruturada, perturbações motoras. Sensinésias- movimentos parasitas dos braços,

coordenação fraca, atraso na linguagem, chama estúpidos e parvos aos colegas, mas também

os acaricia e beija, atraso intelectual, repetição de frases sem sentido, atraso grafo- motor

acentuado, baba-se com frequência, está em estágio, gosta dos professores, sociável,

capacidade de defesa, conversadora, sequência lógica de pensamento e expressão, dificuldades

na ordenação temporal de histórias, capacidade de simbolização e memória de ideias fraca.

Insegura, por vezes agressiva, muito afectiva, fácil relação social.

Caso para acompanhamento médico- psico- pedagógico e integração em classe, fase de

preparação profissional.

FOLHA DE DIAGNÓSTICO:

Vai para classe especial n® 33 ou 114.

ANEXOS:

Trabalhos escolares por meses- classe sensorial.

PROCESSO N® 2754, PROCESSO N® 24

1a OBS. 1975

Meio fam ilia r-1967

FOLHA DE OBSERVAÇÃO 22699

Enviado pela Escola, dificuldades na aprendizagem, frequenta 1a classe no externato Alfredo

Binet. Pai- alcóolico, trabalha na Sacor, mãe- C.T.T.

Escola oficial n® 18, frequentou ensino infantil. 10 meses de gravidez, cesareana, diversos

acidentes, internamento hospitalar por diabetes. Crâneo alto, meigo, mas instável. Criança para

integrar em ensino regular.

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OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA:

ESCALA DE INTELIGÊNCIA DE WECHSLER- WISC, ABC, BENDIR, SANTUCCI, PIAGET,

HEAD, RITMO DE STAMBAK, GOODENOUGH, FAY, FAMÍLIA, DESENHOS LIVRES.

Q.I.- 98%

Normal, médio, bom, inferior, superior e médio- diversos items.

Desorganização perceptiva, orientação e esquema corporal inferior, dificuldades psicomotoras.

Requisitada pela pedopsiquiatra assistente, enurese nocturna, resistência à aprendizagem da

leitura, ambiente familiar perturbado, irmã em. estabelecimento de ensino especial. Mãe

necessita de apoio psicoterapêutico.

ESCALA MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA- BINET- TERMAN

Q.I.- 103%.

I.C. 7 A e 6M.

I.M.- 7 A e 9M

Avanço- 3 meses.

Não consegue ler, comportamento controlado.

BOLETIM DE OBSERVAÇÃO:

Instabilidade psicomotora, agressivo e negativista, depois adaptou-se. Problemas afectivos,

acompanhamento psicológico, resistência à leitura, precisa de ser apoiado e estimulado. Criança

com mudanças de humor, memória fraca, dificuldade :de concentração, Lê de cor o livro da 1a

classe. Regressão quando mudou de professora, prejudicado por um colega, necessita de apoio

psicológico para ser integrado em ensino regular.

Aplicação no IAACF de provas de nível, testes projectivos, técnicas de psicodiagnóstico,

corroboraram observações anteriores, mais indicações do meio familiar.

FICHA DE SERVIÇO SOCIAL:

Boas condições de higiene, teve problema de diabetes, nas férias grandes ( 1a classe), perdeu o

mecanismo da leitura, irmã frequenta colégio de reeducação. Mãe com ar infeliz.

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ANEXOS:

Conjunto de trabalhos escolares considerados 2a classe e organizados por meses, leitura,

escrita com dificuldades, operações, numeração, desenhos.

PROCESSO N9 2752/PROCESSO N9 27

10 A e 5M- 5 meses no Instituto

Origem e proveniência- meio familiar.

FOLHA DE OBSERVAÇÃO N9 22753

Residência - Lisboa.

Frequenta Colégio Claparède, classe sensorial em 1971, sossegada, não tem tido resultados,

irmã, mais 2 irmãos casados, pai- engenheiro, mãe- licenciada em Matemática.

Mudou para classe de iniciação do colégio, filha mais nova, nasceu de 8 meses, choque, nasceu

débil, enurese nocturna até aos 6 anos, assimetria, vê mal, vocabulário pobre. Exame

neurológico, desenvolvimento somático não em relação com a idade, atraso psíquico, indicação

para medicação.

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Foi contrariada para classe pré- primária, trabalhadora e sossegada, precisa de apreciação do

adulto,^chora e fica aflita quando não consegue realização, dificuldades motoras, dinâmica geral,

equilíbrio rítmico, não consegue agarrar e atirar a bola, ordenação visual é deficiente, má

adaptação à prótese dentária, ansiosa em relação ao aproveitamento escolar, iniciação leitura e

escrita.

2S Observação- Abril- relaciona-se pouco com os colegas, não se defende, lenta e

perfeccionista na realização de trabalhos, pormenores, mais dificuldades na aritmética,

linguagem oral arrastada, má orientação geral lenta, fraco domínio corporal, coordenação fraca.

38 Observação- Maio- Menos cansativa, mais adaptada, maior colaboração nas lições orais,

pouca sensibilidade musical, melhor contacto com os colegas, melhor auto- domínio.

4a Observação- Junho- mantém desejo doentio de agradar aos adultos, nos recreios e no

jardim, voltou a falar da sua gordura, tendência para o estatismo.

CONCLUSÃO: Subvalorização- acção do meio familiar, ansiedade em relação à alimentação.

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Caso para integrar classe especial, ritmo de realização lento e atender aos seus problemas

motores.

Apoio médico, rejeição da mãe.

1977- Outra observação psicológica- COOMP- atraso psicomotor, deficiência instrumental

generalizada, frequência de classe de ensino especial

Outra observação psicológica- Olinda Pacheco- teste de nível de Terman- Merrill, diminuído nível

mental, acentuada instabilidade psico- motriz e deficiente coordenação, regular memória

auditiva, regular capacidade de discriminação de formas, deficiente memória visual, atraso de

linguagem.

Necessita de ensino especial em escola.

BOLETIM DE OBSERVAÇÃO:

Observações mensais: Tratamento epilepsia, hemiparésia, atraso psíquico.

Menina vagarosa, adaptada ao semi- internato, obsessiva, dependente da opinião dos adultos,

Vai para classe especial ns 33.

CLASSE ESPECIAL Nfl 33- QUESTIONÁRIO ESCOLAR:

Bloqueio à aritmética, obediente passiva, procura ser perfeita, sofre com a agressividade, copia,

conta de forma concretizada. Aplicação de teste alfa- forma abreviada.

Q.I.- 47%

TRABALHOS DE CLASSE SENSORIAL NO IAACF

Desenhos, figuras geométricas, conjuntos, simetrias, operações, contagens, legendas feitas pelo

adulto, identificação global de palavras, contornos, diferenças, rasgagem e colagem, sequências,

carimbos, fichas de cópia.

PROCESSO Ns 2759

IDADE- 6 ANOS e 11 MESES

PROCESSO Ns 29

19 OBSERVAÇÃO- 1975.

Meio familiar para meio familiar.

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FOLHA DE OBSERVAÇÃO N9 22748

Comportamento irrequieto e teimoso, enviado pela Escola, está a cargo dos tios, frequenta 18

classe, enurese nocturna, vê e ouve bem, trata bem os animais, é meigo. Criança com atraso

mental, acentuado débil físico, caso para Instituição especial. Receita de Tofremil, vai ser

tentada integração, foi reenviado para COOMP.

OBSERVAÇÃO/ RELATÓRIO- FOLHA DE CONSULTA N9 22748

Vive com tios idosos desde 1 ano de idade, más condições da habitação, problemas com outras

crianças por ser agressivo, débil físico, criança, com atraso mental, caso para instituição tipo

especial, permaneceu no IAACF em classe de observação durante 4 meses, depois classe

sensorial.

CONCLUSÃO: Criança com atraso afectivo e intelectual, meio social inadequado e sem

possibilidades de lhe dar apoio e orientação necessárias, falta de preparação psico- motora para

a aprendizagem.

OFÍCIO DO INSTITUTO DA FAMÍLIA E ACÇÃO SOCIAL:

Pedido de relatório de observação, serviço de protecção à infância e juventude.

FICHA DE OBSERVAÇÃO SEMANAL

I.C .-6 A e 11M.

I.M.- 4 A e 7M.

Criança com atraso mental acentuado, desenvolvimento somático em relação com a idade, mau

aspecto, pálido, olheiras, criança que se adaptou bem ao semi-, internato, instabilidade,

dificuldade em compreender, agressivo e meigo, faz muito xixi, enurese, parte afectiva

carenciada. To fran il-10 mg- classe especial ne 19 ou 76.

FICHA N9 22748

( Observações mensais).

Instabilidade psico- motora, acentuado atraso intelectual, pouco interesse por actividades, só as

que exigem mais acção.

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Interesses: brincar e destruir, cheira mal, pouco asseio corporal. Pouca evolução na

sociabilização, gosta de gritar, atira com mesas e cadeiras, causa ruído e reboliço, não se

estrutura no tempo e no espaço, incapacidade gráfica.

CONCLUSÃO: Precisa de fazer 2 anos de Pré- primária, apoio e orientação médico- psico-

pedagógico e social.

BOLETIM DE OBSERVAÇÃO

Desenhos e escala métrica de inteligência.

I.C.- 6 A e 11M. tI.M .-4A e 7M.

Q.I.- 65%

Oposição à aplicação do teste, instável e disperso, irrequieto, atraso profundo e possíveis

alterações de personalidade.

SERVIÇO SOCIAL:

Tios- 76 anos e 66 anos.

Habitação sem condições higiénicas, loiça por lavar, cheira a urina, 5® filho do casal, nasceu na

casa paterna, não se mexia com 1 ano de idade, quando veio para casa dos tios, é nervoso,

dizem que não aprende no Instituto. Visita os pais e irmãos, passeiam muito com ele.

Gosta de estar no Instituto, mas os tios dizem que não aprende, só faz desenhos.

ANEXOS:

Organizados por meses, classe sensorial.

Trabalhos: desenhos, colorir, conjuntos, cópia de imagens, contorno, semelhanças, grafismos,

picotagem, leitura global de palavras, operações concretas, colagem em cima e em baixo.

PROCESSO N9 2756

IDADE- Nascido em 1963

Residência- Lisboa.

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FOLHA DE OBSERVAÇÃO Ns 22742

Comportamento irrequieto, enurese nocturna, enviado pela professora, dificuldades na leitura e

escrita.

Pai- alcatifador, mãe- doméstica. Frequenta 1a classe Ensino Especial, permaneceu só 2 meses

em ensino regular. Pai alcóolico. Mãe internada em Instituição Psiquiátrica- 10 meses.

Cesareana, primeiras palavras- 2 anos. Atraso acentuado nos caracteres morfológicos, usa

óculos, ouve bem. Inteligência- remete para observação psíquica. Impulsivo embora tenha

melhorado de conduta. Receita de Tofranil.

Nota: Encaminhamento para oficina, mãe quer retirá-lo classe especial.

RELATÓRIO:

12 anos, frequenta sem êxito classes especiais, mãe hiperprotectora- tipo psicótico. Mãe entrou

em ruptura com terapeutas. Sugestão- encaminhamento para outra classe especial.

Indicação para atelier, manutenção de consultas pedo- psiquiátricas, aprendizagem pré- oficinal,

proposta de reunião para discussão de caso.

RECOLHA AVULSA DE DADOS:

Classe regular, 4 anos na classe especial n8 83, 1 ano na n8 12.

Mãe indica que houve ataques, desmaios, enurese nocturna, operação ao apêndice, susto-

entalado entre um automóvel e o elevador da Bica, usa óculos, pedia apoio, mãe- cardíaca,

espondilose, tio paterno- tuberculoso, pai alcoólico, a mãe ,é agredida.

Criança agressiva, instável, fantasiosa, superprotegida.

Agride os pequenos, tem medo dos grandes, não gosta de trabalhar, maiores dificuldades na

Língua Materna e Escrita.

Apoio 3 vezes por semana.

Diz que não vai mais aos médicos, que está farto, mãe fecha-o em casa, tentativa de separação

do pai, mãe não aceita oficina.

Aconselhado- classe especial n8 12, redução do apoio. Ida ao IAACF- iniciativa da mãe,

necessita de progresso.

PROCESSO N® 26

Proveniência- meio familiar e seu destino. 1a Obs.- 17/2/ 1975.

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TRABALHOS NA CLASSE DE OBSERVAÇÃO:

Horas desenho livre, escrita de palavras, operações, labirintos, simetrias, sons, representação

de desenhos de guerra, figuras geométricas, picotagem.

Consta ainda da ficha de observação que após tomar medicação deixou de sofrer de enurese,

queixas de como é tratado no semi- internato, vigilantes.

Reunião conjunta com Centro de Saúde Mental, Cooperativa Crinabel- tempo parcial em oficina

protegida.

ESCALA MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA- BINET- TERMAN- FORMA L- nova revisão 1937.

Q.I.- 78%.

I.M .-9A

I.C.- 11 A e 7 M .

Atraso-2 A e 7M.

Observação : Boa colaboração, muitas dificuldades de articulação de palavras.

FICHA DE REGISTO:

Observações semanais: Instabilidade psicomotora, conflituoso, gosta de pintura e modelação,

estrutura espacial e temporal suficientes. Memória deficiente, adições e subtracções

concretizadas. Reunião de equipa para discussão de casos, mãe esteve presente, quer retirar o

menino do Instituto.

FICHA DE SERVIÇO SOCIAL:

Agregado familiar- 5 pessoas.

Condição económica frágil- 3 divisões, casa com higiene, limpa e arrumada. Mãe nervosa, pai

severo e afastado da casa. Problemas de ordem afectiva, instabilidade emocional. Pai tem um

caso- amante, com apoio da sogra, daí o internamento da mãe em instituição psiquiátrica.

BOLETIM INFORMATIVO

Alcoolismo, doenças nervosas, 5 gravidezes da mãe.

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PROCESSO N9 4266

CLASSES ESPECIAIS:

1a O bservação-1971

I.C.- 8 A e 4M

I.M.-5 A e 2M.

C.I.- 62%.

Dislálias, troca de c pelo t, desenho de Fay.

Aplicação de questionário escolar, comportamento medroso, agressivo, não mantém a atenção,

indiferente a sanções, exagerada protecção materna.

Dos 5 para os 7 anos as provas passaram de todas positivas para negativas- Fay, Goodnouff e

figuras geométricas.

CLASSES ESPECIAIS

Fichas anuais:

Anos lectivos 1972/73 e 73/74

Leitura- método fonético, regressão na leitura, não adquiriu técnica de leitura, lê algumas

palavras, incapacidade de entrar num ritmo certo de aprendizagem.

Cópia- sofrível, fraca, melhorou, incerta, irregular.

Caligrafia- incerta, melhorou no traçado, sofrível, letra irregular.

Ortografia- hesitações, escreve palavras simples, dificuldades.

Contas- conhece algarismos, adiciona e subtrai sem transporte e concretizado.

Cálculo mental- mau, fraquíssimo, melhorou.

Desenho- figura humana imperceptível, contorno imperfeito, ilustra temas. Bom observador, fase

da garatuja, melhorou na riqueza de pormenores, distribuição incorrecta da cor.

Trabalhos manuais- picotagem incerta, recorte deficiente, melhorou, colagem imperfeita,

encastramento imperfeito, deficiente sentido estético.

Observação- débil, teimoso, instável. Referência ao desastre, aproveitamento fraco, não

transitou, rebelde, piorou depois do acidente, adoeceu, retrocesso, não passou, concentração

com dificuldade, débil físico, aproveitamento fraco, não passou.

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Nota:

Alguns destes processos contêm desenhos elaborados pelas crianças onde surgem

representados os seguintes motivos: paisagem, homem, senhora, casa, árvore, família.

Quando a Dra Maria Irene Leite da Costa assume a direcção do IAACF, os testes

aplicados às crianças eram os seguintes- WISC- aferição portuguesa, escala métrica de

inteligência de Stanford- Binet, Terman- Merril, 3a revisão de Terman de 1960 forma L/M.

CONCLUSÕES SOBRE OS PROCESSOS DE OBSERVAÇÃO DAS CRIANÇAS NOS

SERVIÇOS DO IAACF

A análise de toda a documentação permite-nos concluir alguns aspectos fundamentais,

que nos ajudam a perceber a dinâmica destes sectores do IAACF:

Os documentos utilizados na observação de crianças nos serviços de consulta externa

ou no Internato do IAACF mantêm uma linha condutora em que se vê, claramente, o

primado da observação clínica e psicológica sobre a observação pedagógica.

As classes especiais mantinham uma estreita relação com os serviços centrais do

IAACF. As fichas de observação efectuadas pelos respectivos professores eram enviadas

ao Instituto, constavam do processo do aluno e todas as disposições relativas às crianças

eram tomadas de acordo com os técnicos do Instituto.

Os professores das classes de observação do IAACF e das outras classes especiais

estavam preparados para aplicação dos testes psicológicos referidos nos documentos e

emitiam pareceres sobre a observação psicológica das crianças.

Tornou-se visível nesta investigação, em arquivo, a ligação estreita entre o IAACF e os

serviços da Direcção Geral de Assistência. Os menores órfãos ou sem família

organizada, eram observados no Instituto e, de seguida, encaminhados para Asilos ou

Colégios de Reeducação, conforme as conclusões a que se tivesse chegado. Após

efectuado o encaminhamento da criança para uma destas Instituições, digno de registo é

a observação de que se a criança não se adaptasse ao Asilo ou ao Colégio o IAACF

devia ser avisado.

Podemos ainda concluir que a observação clínica era efectuada com grande rigor, pelos

items e conclusões que constam dos respectivos processos. Dava-se muita importância

aos antecedentes familiares e sociais, aos dados de anamnese e às doenças da época

sifílis, tuberculose, alcoolismo. Em muitos processos a ficha de observação foi

preenchida pelo médico, professores e vigilantes.

Pela análise dos processos individuais efectuada, por amostragem, podemos ainda

concluir que muitas das crianças enviadas ao IAACF para observação não eram "

anormais” mas provinham de meios sociais e familiares carenciados, pelo que não

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obtinham sucesso escolar, daí a justificação da sua exclusão do sistema regular de

ensino.

- Neste contexto, devemos ainda referir que a educação e assistência destas crianças era

uma necessidade para a sociedade, visto que podiam tornar-se marginais e futuros

delinquentes. O Estado devia organizar estes serviços para a própria defesa da Nação.

- Outro dado significativo é de que à consulta externa do IAACF vinham crianças de todo o

País. Os serviços do IAACF começaram a ter dificuldade em dar resposta a todos os

pedidos, segundo dados recolhidos a consulta chegou a ter listas de espera de três

anos.

b) ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO ESPECIAL.

Curso de preparação de professores e outros agentes de ensino de anormais.

Este curso foi criado pelo decreto 31801/41, já referido, que regula as funções do IAACF.

O curso foi posteriormente regulamentado pelo Decreto nQ 32607 /42 de 30/12 da Secretaria

Geral do Ministério da Educação, donde constam os seguintes princípios que passamos a

enumerar:

a) O curso tinha a duração de um ano lectivo.

b) Os candidatos ao curso podiam ser indivíduos de ambos os sexos, tinham de possuir o

Curso do Magistério Primário com classificação não inferior a 16 valores de diploma, ou

um curso superior.

c) O número de candidatos a admitir não podia ultrapassar os quinze.

d) Os candidatos deviam possuir condições físicas e psíquicas indispensáveis para o

exercício do magistério especial a que se destinavam e não podiam ter mais de 35 anos.

a) O currículo constava de duas cadeiras: Psicologia dos anormais e Pedagogia dos

anormais, sendo regidas respectivamente pelo director do Instituto e pelo professor

diplomado em Ciências Pedagógicas, coadjuvados pelo pessoal técnico do Instituto.

b) A avaliação era constituída por duas provas práticas que correspondiam a observação

psicológica e morfológica de uma criança anormal e duma lição sobre ponto escrito.

c) A aprovação no exame dava direito ao diploma do curso, que constituia título

indispensável para o exercício de ensino de anormais, nos estabelecimentos do Estado. •

Em nossa opinião estes eram os princípios básicos da legislação que regulamentava o

Curso do lAACF.Sabemos que se pretendia especializar professores em Psicologia e

Pedagogia, pois a preparação inicial obtida pelos Cursos de Magistério Primário era considerada

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insuficiente. Estes professores destinavam-se a leccionar nas classes especiais e nas Escolas

de Reeducação.

A carga horária do curso era de 60h para cada uma das cadeiras e de 180 h para a

prática pedagógica. Segundo Isabel Sanches ( 1995, pp. 50), o maior enfoque situava-se na

prática pedagógica, numa perspectiva behaviorista em que a “ perfomance" se constrói com o

exercício da actividade.

O resumo do programa das duas cadeiras do curso, publicado na Criança Portuguesa no

artigo Notícias do Instituto ( 1942) é o seguinte:

Aspecto histórico e social do problema dos anormais.

Estudo da criança normal sob o aspecto físico e psíquico. Elementares noções de

morfologia, fisiologia e psicologia. Estudo do movimento, da linguagem, da sexualidade

infantil. Desenvolvimento psíquico, características psicológicas das várias idades infantis. A

actividade lúdica e o interesse da criança: centros de interesse. Métodos de observação

psicológica: psicanálise, psicologia individual, estudo e prática dos testes.

Estudo da criança anormal. Etiologia da anormalidade, classificação dos anormais, médico-

pedagogia e psiquiatria infantil, o psicopata e o oligofrónico, a criança delinquente, tipos

vários de anormais: a criança mentirosa, a indisciplinada, a instável, a emotiva. Vícios de

linguagem, ortofonia.

O meio em médico- pedagogia. Organização das classes especiais. Organização de

internatos para anormais; a orientação profissional e os anormais, o professor de anormais.

Como complemento deste programa das aulas teóricas, decorriam as aulas práticas e

estágios individuais. Estes realizavam-se nas classes sob a orientação das monitoras e

professoras, para praticarem a observação e o ensino das crianças nas classes do Instituto. Os

alunos- mestres tinham ainda de seguir um internado. Isto era considerado o seu estágio

individual. Teriam de o observar no recreio, na refeição e noutras actividades desenvolvidas no

IAACF. Estas eram as orientações do Conselho Escolar do Instituto para o curso.

Os objectivos pedagógicos do Curso surgem-nos clarificados num artigo de Vítor Fontes,

publicado na revista a Criança Portuguesa ( nfi1- 1942/43) em que este refere que os alunos-

mestres tinham de compreender noções gerais de Morfologia, Psicologia e Pedagogia infantis,

com aplicação prática e imediata ao ensino de anormais mentais, na medida em que as aulas

teóricas eram seguidas de aulas práticas com duração de 2h cada e estágio individual. Os

formandos praticavam, nas classes do Instituto, a observação e ensino de crianças deficientes.

As competências a adquirir pelos formandos seriam (V. Fontes, 1942) : dominar técnicas de

observação psicológica das crianças através de testes psicológicos; desenvolver jogos

sensoriais; compreender metodologias de leitura, escrita e lições de coisas; entender o

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comportamento dos anormais e como proceder com estas crianças; desenvolver formas de

afectividade intuitiva e compreensão sentimental dos educandos.

O estudo da criança anormal implicava o estudo da etiologia da anormalidade, classificação

dos anormais com recurso à Médico- Pedagogia, Psiquiatria infantil e Ortofonia.

Os formandos, no final do curso deviam estar aptos a distinguir os vários tipos de anormais:

psicopata, oligofrénico, criança delinquente e outros tipos: criança mentirosa, indisciplinada,

instável, emotiva e com vícios de linguagem.

Destaca ainda Vítor Fontes ( 1942) que era fundamental “ que os professores destas

crianças tivessem um estado de alma receptivo” pois iriam trabalhar com crianças com

ancestralidade degenerativa ou males adquiridos, que teriam de ser reeducados e tratados, e

que sentiam a hostilidade do meio que os escarnecia e perseguia em vez de os ajudar e

compreender. O professor assumiria um papel de formador de almas, tinha de ter faculdades

morais, “ o professor de anormais tem de fazer aparecer e desenvolver boas qualidades de

carácter” , o que obrigava a um espírito de maleabilidade, adaptação e compreensão do espírito

infantil e dos diversos tipos psicológicos.

Através dos depoimentos que recolhemos sabemos que o grau de exigência era muito

sentido pelos alunos- mestres, segundo Isabel Fialho (entrevista nc1/ 2000) e Catilina Prudêncio

( entrevista vP7! 2000) ambas formadas neste modelo de curso do IAACF, apenas concluíam o

curso um número muito reduzido de alunos- mestres. Referem que existiam outras cadeiras para

além daquelas que constavam do plano de estudos legal, nomeadamente: Didáctica,

Reeducação da Linguagem, Educação Sensorial ( Jogos educativos), manufactura de Jogos e

materiais didácticos para as aulas, observação psicológica de crianças ( para efectuar relatórios

e aplicar testes). Todas as cadeiras eram sujeitas a exames finais.

Em 1985, foi nomeado, pelo despacho- conjunto 222/MEC, um grupo de trabalho

coordenado pela Dra Inês Sim- Sim. Este grupo devia inventariar todos os cursos de

especialização em Educação Especial, realizados por Instituições ou organismos oficiais e

identificar os professores e educadores que os frequentaram com aproveitamento.

Esta comissão chegou às seguintes conclusões que constam do seu rélatório final:

Neste modelo decorreram 21 cursos. O período de formação foi de um ano lectivo entre

1942/43 a 1962/63 e foram então formados 152 professores.

Esta situação não dava resposta às necessidades do País, na medida em que as

crianças observadas no IAACF, podiam nunca vir a ingressar numa classe especial ou ter apoio

de um professor especializado devido ao seu reduzido número. Como curiosidade podemos

indicar que os primeiros professores especializados no IAACF no ano lectivo de 1942/43 foram a

Dra Aida Marçal Corrêa Nunes, que tinha como habilitação o curso de Filologia Germânica tendo

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obtido a classificação de 15 valores e a Dra Alice Aurora Severo Fortes, que era licenciada em

Filologia Clássica e que obteve a classificação de 16 valores.

Curso de especialização de professores de crianças inadaptadas

O decreto- lei n8 45832 / 64 de 25 de Julho, ao tempo em que era Ministro da Educação

Inocêncio Galvão Teles, veio alterar o modelo de formação referido no ponto anterior. No

preâmbulo do decreto são referidas as seguintes razões para a reformulação do curso de

especialização de professores do IAACF:

- A experiência proporcionada pelo funcionamento do curso destinado à preparação de

professores e outros agentes de ensino de anormais;

- Os progressos alcançados pelas Ciências da Educação na recuperação das crianças

física ou psiquicamente diminuídas;

- O desenvolvimento atingido pela Ortopedagogia ou Pedagogia Curativa, aconselhava a

actualização da orgânica do curso;

Do decreto destacamos as seguintes linhas condutoras que nos parecem fundamentais

para a caracterização deste modelo de especialização de professores:

- Eram admitidos ao curso indivíduos de ambos os sexos que não podiam ter mais de 35

anos/teriam de possuir a habilitação para o magistério primário com pelo menos 14

valores de diploma e 1 ano de exercício docente, ou professores do ensino secundário ou

outros candidatos com um curso superior.

- Deviam mostrar possuir condições físicas e psíquicas que não contra- indicassem o

exercício do magistério especial a que se destinavam.

- O número de candidatos a admitir passou a ser de 20. :

As cadeiras do curso definidas na lei eram as seguintes:

a) Psicologia da Criança e do Adolescente Inadaptado dividida em dois semestres: Técnica

Psicológica e Psicologia da Criança e do Adolescente Inadaptados- 2 h semanais.

b) Ortopedagogia- anual- 2 h semanais.

c) Educação Sensorial e R ítm ica-18 semestre- 2 h semanais.

d) Metodologia e Didáctica do Ensino Especial- anual- 2 h semanais.

e) Educação e reeducação da Linguagem-18 semestre- 2 h semanais.

O curso tinha a duração de um ano lectivo e a regência das cadeiras era assegurada pelo

director e professores adjuntos.

Os estágios seriam efectuados nas classes de observação do Instituto e nas classes

especiais. A avaliação era concluída através de exame em que era obrigatório a apresentação

de plano de lição e observação psicológica de uma criança. Do relatório constavam os

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elementos fornecidos pela observação, a sua interpretação e as prescrições de ordem

psicopedagógica

Este modelo de formação teve o seu início no ano lectivo de 1963/64 e terminou em

1974/75, quando o IAACF encerrou para reestruturação. Tiveram acesso à especialização 244

professores em 12 anos lectivos.

A prática pedagógica continuava a ser dominante no curso, diminuiu a componente

psicológica em favor da componente pedagógico- educativa ( I. Sanches, 1995). Surgiu, com

carácter inovador, a cadeira de Metodologia e Didáctica do Ensino Especial.

Pensamos que esta mudança coincidiu com um momento fundamental na história do IAACF

substituição no cargo do Prof. Vítor Fontes, que pediu a aposentação por limite de idade, pela

Dra Maria Irene Leite da Costa. A visão científica destas duas personalidades era

necessariamente diferente, até porque diferentes foram os seus percursos formativos.

De facto, o director do IAACF deixava de ser um médico, para ser uma pedagoga que tinha

feito formação, no estrangeiro, em Ciências da Educação e o IAACF sofreu algumas alterações

no seu funcionamento.

Na década de 60 em Portugal, começaram as grandes mudanças na Educação Especial,

que serão analisadas na quarta parte deste trabalho após a conclusão do estudo do IAACF, o

qual, como já dissémos é a parte fulcral desta dissertação.

d) O IAACF - Centro de Estudos e Investigação/ Psiquiatria infantil, médico* pedagogia

O IAACF assumiu as funções de centro de estudos e investigação, que lhe foram atribuídas

pelo Decreto- lei 31801/ 41, atrás enunciadas. De facto, constatámos que a sua biblioteca ó a

prova cabal do que acabámos de afirmar. A biblioteca é formada por um grande número de

obras na área da Psiquiatria Infantil, Pedagogia, Psicologia, revistas nacionais e estrangeiras.

Foto 7 : Instalações do I.A.A.C.F.

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Verificámos que o IAACF mantinha correspondência com as Universidades estrangeiras que

desenvolviam estudos na área da Psiquiatria infantil, Higiene Mental, Psicoterapia e Médico-

Pedagogia.

Mas o maior destaque vai para a publicação da revista : “ A Criança Portuguesst' da qual

foram publicados 21 volumes e, segundo Vítor Fontes, ( 1962), integrou 153 artigos de autores

nacionais e 236 de autores estrangeiros, com volumes especiais dedicados à Médico-

Pedagogia na Bélgica- vol. VIII, França- vol. X, Alemanha- vol. XII, Suíça- vol. XIV. A revista

continha ainda a secção de Notícias do Instituto e recensões de livros significativos na

comunidade científica. Foram ainda publicadas monografias sobre temáticas de médico-

pedagogia, neuro- psiquiatria, morfologia e psiquiatria infantil.

O director, Prof. Vítor Fontes, em representação do Instituto participou em inúmeros

congressos internacionais, a saber:

Lições no curso de Psychiatrie Sociale de I’ enfant.

- 1a Congresso Internacional de Psiquiatria infantil- Paris- 1937.

Unesco- Institut for Education- 1954- Hamburgo.

- Simposium da Organização Mundial de Saúde Mental- 1956- Estocolmo.

- 4a Congresso Internacional de Psiquiatria Infantil- Lisboa- 1958, o IAACF fez parte da

Comissão organizadora e da Comissão de Honra.

I Congresso da União Europeia de Pedopsiquiatria- Roma-1961'

5a Congresso Internacional de Psiquiatria Infantil- Scheveningen- Holanda- 1962.

- Congressos Internacionais de Pediatria: Copenhaga- 1957, Lisboa- 1962- secção de

neuropsiquiatria infantil.

Assumiu a presidência da Association Internationale de Psychiatrie Infantile et des

Professions affichées de I' Union Européenne de Pedopsychiatrie em Roma.

Membro do Comité directivo da Organização Mundial de Saúde durante 4 anos.

Além dos cursos atrás citados foram promovidos, no Instituto, outros cursos, que passamos a

referir:

- Curso de Psiquiatria Infantil do Instituto de Serviço Social.

- Curso de Higiene Escolar do mesmo Instituto.

Curso de Psicologia Humana da Escola Técnica de Enfermagem do Instituto de

Oncologia.

Curso para vigilantes: melhorar a conduta para com os anormais.

Conferências sobre neuro- psiquiatria infantil- destinadas a médicos.

Curso de ortofonia para resolver vícios de linguagem destinado a professores primários.

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Outra iniciativa digna de registo foi a Escola de Pais, conferências para ajudar os pais a

lidar com os filhos deficientes, com base na Psicoterapia aplicada aos pais, bastante

inovador para a época.

A actividade do Instituto, na área da formação de pais, visava a higiene mental familiar, pois

a família era considerada como o meio óptimo para uma boa formação afectiva e educacional da

criança. As situações específicas familiares deviam ser tidas em linha de conta: as reacções dos

irmãos, a situação familiar, a separação precoce mãe* filho, ou, situações de orfandade ou

ilegitimidade ou, mesmo, os casos específicos de crianças adoptadas.

Como centro de estudos o IAACF dispunha de um museu de anatomia do sistema nervoso

central, possuía uma colecção de 250 encéfalos para estudo das causas da deficiência, que

actualmente se encontra no Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina de Lisboa.

5. INSTITUIÇÕES PARA ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL E A DELINQUENTES.

Neste capítulo propomo-nos abordar três Instituições que mantiveram ligações estreitas com

o IAACF e para as quais eram encaminhadas as crianças consideradas débeis mentais. Após

observação psicológica, na consulta do Instituto, podia ser decidido que o melhor para o seu

caso era o encaminhamento para Colégios de Reeducação.

Na época a que nos reportamos, as Instituições organizadas para atendimento a crianças

com deficiência mental, na cidade de Lisboa, foram: Instituto Médico- Pedagógico Condessa de

Rilvas e Instituto Adolfo Coelho.

As crianças do sexo masculino abrangidas pelo Tribunal.de Menores e consideradas

delinquentes eram encaminhadas para o Colégio Navarro de Paiva.

a) Instituto Médico-Pedagógico Condessa de Rilvas/ Colégio de Reeducação feminino

O Instituto Condessa de Rilvas continua a funcionar nos nossos dias, na Rua de

Beneficência, como Instituição do Ensino Especial no âmbito da Segurança Social. A sua história

está ligada à do IAACF, visto que o Prof. Vítor Fontes lá exerceu funções de médico e assumiu

durante algum tempo o papel de director- clínico.

Os estatutos deste Instituto caracterizam-no como estabelecimento destinado ao tratamento

e educação de crianças anormais, recuperáveis, do sexo feminino. Visava a integração social de

meninas que, pelas suas deficiências físicas ou psíquicas, necessitavam de tratamento e

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métodos pedagógicos especializados. Assumia as funções de escola e instituto médico, não

eram admitidas à frequência crianças epilépticas.

As origens deste Instituto remontam a Dezembro de 1917, data em que foi fundada a

Associação Protectora das Florinhas da Rua, pelo Arcebispo D. João Evangelista de Lima Vidal,

com sede no Campo Mártires da Pátria. O objectivo desta Associação era a protecção das

crianças contra o abandono dos pais, a miséria e os maus tratos. Surgiam entre esta população

muitas crianças com problemas físicos e- psíquicos, que necessitavam de tratamento

especializado, daí ter sido criado este Instituto Médico- Pedagógico.

Para atingir esses objectivos esta Associação fundiu-se com a Sociedade Protectora do

Hospital de Nossa Senhora da Saúde. Instalaram-se na Rua da Beneficência, no ano de 1928.

Posteriormente, em Janeiro de 1932, a Federação Nacional das Instituições de-Protecção à

Infância cedeu o edifício às Florinhas da Rua.

Em 1943, foi deliberado, em Assembleia Geral, que o Instituto continuasse a funcionar

nessas instalações, passando a designar-se por Instituto Médico- Pedagógico Condessa de

Rilvas, situação que se manteve até 1960. Dispunha de serviços de consulta externa, para os

quais eram encaminhadas meninas mentalmente deficientes, por decisão dos Tribunais de

Menores, a fim de serem observadas.

A orgânica desta Instituição visava a recuperação social das alunas, daí que o internamento

tivesse a função de corrigir os- desvios de conduta pela frequência da escolaridade e

aprendizagem para o trabalho, em suma, prepará-las para a sua integração na sociedade.

O Instituto tinha três secções:

a) Secção Médica onde trabalhavam, em equipa, uma médica psiquiatra, uma enfermeira

psiquiatra e uma testóloga. A observação d/nica e pedagógica avaliava as possibilidades de

entrada das jovens. Essa observação era feita de três em três meses, para avaliar, a

evolução dos problemas psicopatológicos.

Esta equipa ouvia a opinião das professoras do Instituto, em reunião mensal, para avaliar a

evolução do rendimento escolar e mantinha contactos regulares com as famílias das

internadas.

b) Secção Escolar- Ensino Especial onde exerciam a docência professoras especializadas do

IAACF, as alunas estavam distribuídas por classes especiais do nível sensorial, pré-

primária e escolares ( 1a, 2a e 3a classes). Quando as jovens, ingressavam nas classes

especiais, eram-lhes aplicados testes psicológicos. As professoras elaboravam um relatório

sobre a evolução e conduta das alunas.

c) Secção de Internato- As instalações do Instituto dispunham de dormitórios para o

internamento destas jovens. Nesta situação as jovens tinham acesso a oficinas de costura,

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culinária, bordados, tapetes e tecelagem, além de actividades de ginástica, canto coral e

aulas de ortofonia.

Podemos concluir que este Instituto seguia os modelos médico- pedagógicos da época. Foi

posteriormente inserido na Segurança Social, no entanto, pelos documentos estudados

podemos concluir que apresentava alguma dinâmica inovadora. Era o único que dava resposta a

jovens do sexo feminino com problemas de aprendizagem que, na maioria dos casos, estavam

associados a problemas sócio-familiares.

b) Instituto Adolfo Coelho - Colégio de Reeducação masculino

O Instituto Adolfo Coelho integrava-se na Casa Pia de Lisboa e funcionava nas instalações

da antiga Albergaria de Lisboa, na época a que se reporta este estudo. Actualmente funciona

nas mesmas instalações o Centro de Educação Especial de Lisboa, pelo que o antigo Colégio

de Reeducação, deu origem a outra Instituição de Ensino Especial.

Organizado como internato, destinado à educação e reeducação de crianças irregulares

mas recuperáveis do sexo masculino, como afirma o seu director, o professor António Lopes do

Rego, em entrevista publicada na revista os “ Nossos Filhos” { vol. 8, n° 186- 1957). A dinâmica

do Instituto assentava nas seguintes modalidades: educação literária, educação profissional e

formação religiosa e moral, a par de ou tras '" modalidades acessórias"- educação social,

terapêutica médico- psico- pedagógica e assistência educativa, efectuada pelos vigilantes.

A escolarização dos jovens estava organizada em cinco classes: sensorial, inicial, 1a classe

atrasada e adiantada, 2a e 3a classes. O ensino baseava-se na técnica sensorial. O número de

alunos era reduzido, cerca de 10 alunos por classe.

O colégio dispunha de oficinas de sapataria, colchoaria, tecelagem,cesteiro,vassoureiro-

empalhador, carpintaria- marcenaria. Os jovens eram distribuídos pelas actividades profissionais,

consoante as suas características e após uma cuidada observação médica. Os alunos

dedicavam-se ainda a serviços agro- pecuários e de construção civil. A filosofia do ensino do

colégio, que nos foi transmitida pelo Padre João Trindade, antigo capelão, era a de que o

trabalho era prémio e não castigo para os jovens.

Refere-se, ainda nesse artigo, o trabalho em equipa entre o médico e o professor

especializado, porque as crianças do Instituto apresentavam, frequentemente, ligada à

deficiência mental, deficiência somática causada por transtornos anátomo- psico- fisiológicos, o

que implicava a intervenção da ciência médico- psico- pedagógica. Sabemos que funcionava um

Conselho Escolar, no qual participavam: o chefe de disciplina, um representante dos

professores, um representante dos mestres das oficinas.

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Quando os jovens eram integrados no mundo do trabalho tinham duas opções ou voltavam

para o seio da família ou iam residir num lar anexo ao Instituto, onde continuavam a ter apoio da

Provedoria da Casa Pia de Lisboa. Os vencimentos auferidos eram depositados numa conta na

Caixa Económica para garantir o seu futuro. A função de Assistente Social era exercida por

voluntários que estabeleciam a ligação com a família dos jovens.

Os vigilantes acompanhavam de muito perto os jovens é nas palavras do seu director: “

contribuíam para a orientação da conduta do educando”, ( idem) esses serviços deviam manter

informados os serviços médicos, morais e directivos sobre qualquer problema que pudesse ser

considerado anormal. Nesses serviços integrava-se a figura do chefe de disciplina, cujo papel

era o de substituir a família e proporcionar aos jovens um meio organizado, activo e afectivo.

Outro aspecto a destacar é que as crianças e jovens que o frequentavam não . eram

. deficientes mentais profundos. O objectivo, nas palavras do Padre João Trindade', era

completarem a 3â classe e aprenderem um ofício, ou seja, ficarem com o diploma do Ensino

Primário Oficial para efeitos de emprego.

c) Instituto Navarro de Paiva/ Instituto Médico- Psicológico.

O Instituto Navarro de Paiva foi criado pelo decreto nfi 18375 /30 de 17 de Maio, que

regulamentava a utilização do legado deixado ao Estado pelo Juiz Conselheiro José da Cunha

Navarro de Paiva, destinado à fundação de um estabelecimento de correcção de menores, no

âmbito do Ministério da Justiça e dos Cultos- Administração e Inspecção Geral dos Serviços

Jurisdicionais e Tutelares de Menores.

É referido nesse decreto que “ ouvidos o Conselho Superior dos Serviços Jurisdicionais e

Tutelares de Menores e a Federação Nacional das Instituições de Protecção à Infância, entende

dever ser aproveitada a oportunidade para a criação de um instituto para menores delinquentes

anormais do sexo masculino, prevista no decreto 10767/25 de 1.5 de Maio, ou seja menores

anormais do sexo masculino sujeitos à jurisdição das tutorias de infância

Este Instituto ficava sob a direcção do Refúgio da Tutoria Central da Infância de Lisboa, o

legado do Juiz Navarro de Paiva cobria as despesas relativas à aquisição do prédio e as da sua

instalação, ficando o funcionamento a cargo da Comissão Jurisdicional dos Bens Cultuais.

Posteriormente o decreto- lei n2 40701/56 de 25 de Julho regula alguns pontos relativos ao

referido Instituto, destacando a necessidade premente de em Portugal existir um

estabelecimento jurisdicional especializado, que pudesse facultar aos menores deficientes

delinquentes o tratamento conveniente. Esses jovens não deviam ser internados nem em

estabelecimentos jurisdicionais, nem em estabelecimentos hospitalares especializados como

acontecia nos serviços do Hospital Miguel Bombarda.

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Refere este decreto que no 2Ô Congresso da Associação Internacional dos Juizes de

Menores, realizado em Bruxelas em Julho de 1954, foi afirmado que para as crianças

inadaptadas deviam prevalecer os meios médico- psicológicos e pedagógicos sobre o

formalismo jurídico.

Os menores, abrangidos por este Instituto, deixavam de ser designados por menores

anormais e passavam a ser classificados como: “ mentalmente deficientes ou irregulares”,

ficando sujeitos à jurisdição dos tribunais de menores. O seu internamento era proposto pelos

tribunais centrais ou comarcãos, onde decorria o processo do menor.

O quadro técnico era composto por um médico de Psiquiatria infantil, um psicólogo e

funcionários diplomados com o curso de magistério de anormais do Instituto António Aurélio da

Costa Ferreira. Para os outros funcionários seria organizado, no próprio Instituto, um curso de

preparação e formação de pessoal.

Propunha-se ainda criar um serviço de patronato destinado a acompanhar, orientar e

auxiliar moral e materialmente os jovens saídos do Instituto por forma a conseguir-se a sua

plena inserção social.

O funcionamento do Instituto Navarro de Paiva já regulado pelo decreto- lei n° 43607 /61 de

20 de Abril, onde se rectifica o seu quadro de pessoal e normas de funcionamento, para que

este estabelecimento jurisdicional especializado correspondesse às necessidades de

observação e internamento dos menores sujeitos à acção reeducativa da Justiça.

Em visita ao Colégio Navarro de Paiva, onde fomos recebidos pelo sub-director, tivémos a

oportunidade de lhe colocar algumas questões que se nos afiguram pertinentes. Através do

contacto estabelecido ficámos a saber que:

O Instituto foi instalado no ano de 1956 e, tpl como está consignado na Lei, funciona

como estabelecimento de carácter educativo destinado a regenerar delinquentes

menores, oriundos de diversos estratos sociais, agentes e vítimas de crimes, para os

quais se deviam aplicar programas específicos e intervenções diferenciadas.

A instituição é caracterizada como sendo um colégio psico- pedagógico ou Instituto

Médico- Psicológico com uma perspectiva terapêutica na recuperação de menores.

No Colégio existem diversas oficinas de: marcenaria, culinária, jardinagem, tratamento de

roupa. É também desenvolvido trabalho pedagógico nas áreas específicas de Trabalhos

Manuais, Artes Visuais, Música, Educação Física.

A escolaridade básica ainda hoje é realizada no Instituto.

Ao abordarmos estes três Institutos, procurámos fazer uma resenha histórica e estabelecer

a sua ligação institucional ao IAACF, que funcionava como organismo central onde continuavam

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a ser observadas muitas crianças e formados os professores que iam leccionar nas classes

especiais destes Institutos.

Em nosso entender, eram os únicos estabelecimentos em regime de internato para

assistência a crianças e jovens com problemas de integração social e escolar, que davam, no

entanto, uma resposta exígua às necessidades do País. Não se pode falar propriamente duma

cobertura nacional, visto que os três se situavam em Lisboa.

6. MODELOS PEDAGÓGICOS NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL

Classes especiais, Classes de observação no IAACF.

As classes especiais destinavam-se a crianças consideradas deficientes mentais, foram

implementado para atrasados escolares com quociente de Stern entre 55 e 70. Deviam funcionar

em escolas oficiais e nos estabelecimentos de assistência a menores. Abrangiam igualmente

alunos instáveis, com defeitos de linguagem, fracos de visão, duros de ouvido e não se regiam

pelo programa oficial do Ensino Primário Elementar.

Segundo Vasco Coelho (Escola Portuguesa, s.d.) “ tinham como meta a educação de

crianças provenientes de meios miseráveis, ou que sofressem as consequências dos erros

pedagógicos dos professores, ou com frequência irregular na Escola. Proporcionava a todas

elas a sua recuperação numa classe com poucos alunos, leccionada por professor especializado

que recorria ao ensino individualizado e adaptado às dificuldades de cada um, libertando assim

as classes normais desse problema. M. Irene L. da Costa ( Escola Portuguesa s.d.) afirma que,

as classes especiais seguiam os princípios da Escola activa, educação sensória! e .ensino

concreto de Decroly e M. Montessori, defendendo a colocação de alunos nas classes, de acordo

com o seu nível mental e aptidões, 11 sendo o ensino facilitado quando se diminui e atenua a

heterogeneidade".

Esta forma de organização do ensinopara crianças com dificuldades escolares foi insoirar-

se nas classes de recuperação e nas classes de aperfeiçoamento, modelos existentes em

diversos países da Europa, nomeadamente em França desde os inícios do século XX.

A primeira referência legislativa a classes de aperfeiçoamento nas Escolas de Ensino

Primário Elementar está contida no decreto nc 17974/30 datado, de 21 de Fevereiro. Aí

encontramos que a primeira classe especial, junto destes estabelecimentos de ensino, surgiu em

Maio de 1929. Nesse ano foram instaladas cerca de 20 classes, nas quais receberam educação

cerca de 300 crianças distribuídas por classes para atardados. Havia também em funcionamento

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duas classes de ortofonia, cujos objectivos eram a correcção dos defeitos da fala e a

desmutização.

Importa ainda referir que as escolas do Ensino Primário estavam sobrecarregadas de

crianças mentalmente anormais ou com graves defeitos de pronúncia, que não recebiam a

devida educação porque os professores não possuíam os indispensáveis conhecimentos

especializados.

No art2 1a do referido documento, propõe-se a criação de classes de aperfeiçoamento

para crianças anormais e classes de ortofonia, junto das escolas de ensino primário elementar,

através de processo organizado pela Direcção Geral do Ensino Primário e Normal.

Estabelecia-se um mínimo de 10 alunos e um máximo de 15 para o seu funcionamento. A

selecção de alunos e maneira de o fazer seria fixada em regulamento, elaborado por uma

comissão onde estavam representados, o Instituto de António Aurélio da Costa Ferreira, uma

Escola Normal Superior e a Inspecção de Sanidade Escolar. Os professores seriam professores

diplomados para o ensino primário elementar com diploma de especialidade e certificado de

estágio, em qualquer classe da especialidade, conferido pelo IAACF.

Posteriormente encontramos no preâmbulo do decreto-lei n°31801/41, já analisado

anteriormente, a referência a classes especiais para anormais a implementar nas escolas

primárias e técnicas oficiais. Estas seriam orientadas tecnicamente pelo Instituto, que devia

habilitar os professores para estas funções.

Noutro decreto, igualmente referido em ponto anterior, o decreto- lei n2 35401/ 45 destaca-

se, no seu artigo 132. a autorizacão-do-Ministro‘ da-Educação~Nacional para serem criadas nas

escolas oficiais de ensino primário, classes especiais para crianças anormais. Estas também

funcionariam sob a orientação técnica do IAACF.

A criação destas classes seria feita conforme as necessidades das crianças e as

disponibilidades de pessoal docente. O processo era organizado pela Direcção Geral do Ensino

Primário, sob proposta fundamentada do director do Instituto. Para a regência destas classes

seriam nomeados, em comissão anual de serviço, professores do ensino primário oficial,

habilitados com o curso de magistério de anormais. Estipulava esse mesmo decreto que os

professores dessas classes teriam direito a uma gratificação mensal de 150$00, 200$00 ou

300$00. O tempo de serviço era equiparado ao prestado em classe regular e a qualificação de

serviço era feita segundo informação do director do Instituto.

Esta legislação foi complementada pelo decreto- lei n2 35801/ 46 de 13 de Agosto que

criava e regulava o funcionamento das classes especiais junto das escolas primárias. Assim,

nesse decreto ficava determinado que a criação de classes especiais de crianças anormais

dependia de despacho ministerial proferido em processo organizado pela Direcção Geral do

Ensino Primário. Desse processo teriam de constar: parecer do director do IAACF acerca da

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conveniência da criação daquelas classes, a relação de alunos necessários ao seu

funcionamento, previamente seleccionados pelo Instituto, a declaração do director do distrito

escolar de que existia o mobiliário, o material didáctico e as instalações indispensáveis.

A autorização para o funcionamento das referidas classes seria dada pela Direcção Geral do

Ensino Primário com parecer do IAACF acerca das condições higiénico- pedagógicas das

respectivas instalações. O número de alunos não deveria ser inferior a oito, nem superior a

quinze e não poderiam ser admitidos alunos com idade superior a 14 anos, à data da matrícula.

A partir das classes regulares a selecção de alunos seria feita pelos serviços do IAACF:

dispensário, internato e brigadas técnicas. Estes serviços eram requeridos pelos directores do

distrito escolar.

O funcionamento das classes especiais seria de três a quatro tempos de 40 m, sendo os

horários fixados pelo Instituto de acordo com os directores das escolas onde estas funcionariam.

A suspensão ou extinção de uma classe seria proposta pelo director do IAACF, sempre que esta

não desse rendimento.

Os professores não poderiam ter mais de 45 anos e teriam de possuir as habilitações

necessárias para a regência das classes de anormais- diploma do curso do magistério de

anormais, colocados em regime de comissão. O serviço docente era avaliado pelo director do

IAACF.

O material especial de consumo para ensino das crianças anormais era fornecido pelo

Instituto.

Como, facilmente, podemos concluir esta legislação atribuia claramente ao IAACF a

organização, responsabilidade na instalação, funcionamento e supervisão das classes especiais

e ainda a avaliação do trabalho pedagógico desenvolvido pelos docentes. Essas funções foram

exequíveis até à expansão repentina do número de classes especiais no país, que vem a ocorrer

nos finais da década de 60, inícios da década de 70. A partir desta altura tornava-se

completamente impossível ao IAACF acompanhar o seu funcionamento. Disto nos dá

testemunho Isabel Fialho ( entrevista nc 1, 2000), que afirma que o corpo técnico do Instituto não

tinha aumentado proporcionalmente ao número de classes especiais.

Por outro lado, alguns dados permitem-nos concluir que os serviços de saúde mental

infantil, na década de 60, sofreram grandes alterações e muitas crianças passaram a ser

observadas noutras instituições. Por outro lado os professores habilitados com o diploma do

curso, de especialização de ensino de anormais não eram em número suficiente para a criação

de classes especiais.

Vítor Fontes, ( Criança Portuguesa- 1962) referindo-se às classes especiais, afirmou que a

primeira fora criada em Fevereiro de 1947 e até ao fim do seu serviço de director no IAACF

tinham sido organizadas 72, que abrangiam o Continente e Açores.

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Surgiam constantemente pedidos de criação de novas classes para crianças que não

aproveitavam do ensino regular e que eram, muitas vezes, motivo de grandes perturbações

disciplinares.

Em sua opinião, as classes especiais deviam também abranger as crianças duras de

ouvido, disléxicas, amblíopes e com problemas de ortofonia.

Faz ainda o balanço'do sucesso das classes especiais, indicando'que o número médio da

sua frequência era de 8 a 15 alunos e o sucesso rondava os 54% com aprovação no exame da

3§ classe.

Os mapas do arquivo do IAACF deram-nos os seguintes números relativos ao seu

funcionamento que são bastante elucidativos:

FREQUÊNCIA DAS CLASSES ESPECIAIS

Ano Lectivo Distrito Nfi Alunos

1953/54 Lisboa 272

1956/57

Lisboa 1132

Porto 321

Coimbra 54

Ano Lectivo Distrito N6 Rapazes Nõ Raparigas1957/58 a 1959/60 Lisboa, Porto, Coimbra e Viseu 1311 681

Total 1992

Obs: A classe de Viseu começou a funcionar no ano lectivo de 1958/59.

Ano Lectivo Distrito N2 Rapazes N9 Raparigas1961/62 a 1964/65 Lisboa, Porto 978 599

Total 1577

Ano Lectivo Distrito N9 Rapazes N9 Raparigas

1965/66 a1968/69Lisboa, Porto, Coimbra, Viana

do Castelo2388 1676

Total 4064

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Ano Lectivo Distrito N9 Rapazes Ns Raparigas

1969/70 a 1972/73

Lisboa, Porto, Coimbra, Viseu,

Castelo Branco, Setúbal, Évora,

Faro, Ponta Delgada, Funchal

2403 1731

Total 4 34

Obs: Não são indicados elementos do distrito de Viana do Castelo.

Ano Lectivo Distrito Ns Rapazes N9 Raparigas

1973/74 a 1976/77

Lisboa, Porto, Coimbra, Viseu,

Castelo Branco, Setúbal, Évora,

Faro, Ponta Delgada, Funchal

989 764

Total 1753

Obs: Não sao indicados elementos do distrito de Viana do Castelo.

Ano Lectivo Distrito N9 Rapazes N9 Raparigas

1977/78 a 1980/81

Lisboa, Porto, Coimbra, Viseu,

Castelo Branco, Setúbal, Évora,

Faro, Ponta Delgada, Funchal

1594 1322

Total 2916

Obs: Não são indicados elementos dos distritos de Viana do Castelo e Viseu.

PROFESSORES DAS CLASSES ESPECIAIS:

Ano Lectivo Distrito N9 Professores

1953/54 Lisboa 18

1954/55Lisboa 18

Porto 7

1955/56

Lisboa 18

Porto 8

Coimbra 2

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Ano Lectivo Distrito N® Professores

Lisboa 271956/57 Porto 8

Coimbra 2

Lisboa 291957/58 Porto 12

Coimbra 2

Lisboa 29

1958/59 Porto 12

Coimbra 2

Lisboa 31

1959/60 Porto 14

Coimbra 2

1961/62Lisboa 39

Porto 14

Lisboa 381964/65 Porto 14

Viseu 2

Lisboa 39

Porto 151965/66 Coimbra 2

Ponta Delgada 2

Funchal 3

Lisboa 43

1966/67. Coimbra 2

Ponta Delgada 2

Funchal t4

Lisboa 53

Porto 12

1967/68Coimbra 2

Viseu 2

Ponta Delgada 2

Funchal 5

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Ano Lectivo Distrito N9 Professores

1968/69

Lisboa 60

Porto 13

Coimbra 2

Viseu 3

Ponta Delgada 2

Funchal 6

1969/70

Lisboa 58

Porto 16

Coimbra 2

Viseu 2

Ponta Delgada 3

Funchal 6

1970/71

Lisboa 53

Porto 16

Coimbra 2

Viseu 2

Ponta Delgada 3

Funchal 6

Faro 1

1971/72

Lisboa 63

Porto 16

Coimbra 2

Viseu 2

Ponta Delgada 3

Funchal 6

Faro 1

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Ano Lectivo Distrito N9 Professores

Lisboa 60

Porto 17

Coimbra 2

Viseu 2

1972/73 Ponta Delgada 4

Funchal 6

Faro 2

Castelo Branco 1

Setúbal 4

Evora 1

Lisboa 50

Porto 8

1976/77Coimbra 2

Setúbal 6

Ponta Delgada 4

Funchal 5

Lisboa 50

Porto 8

1977/78Coimbra 2

Setúbal 5

Ponta Delgada 4

Funchal 4

Lisboa 50

Porto 8

1978/79Coimbra 2

Setúbal 6

Ponta Delgada 4

Funchal 4

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Ano Lectivo Distrito N9 Professores

Lisboa 50

Porto 9

Coimbra 2

1979/80Castelo Branco 1

Setúbal 6

Ponta Delgada 4

Funchal 4

Evora 2

LISTA DAS CLASSES ESPECIAIS COM INDICAÇÃO DO INÍCIO DO SEU

FUNCIONAMENTO:

Ano Lectivo Distrito N9 de Classes Especiais

1946/47 a 1979/80 Lisboa 79

1948/49 a 1979/80 Porto 14

1979/80 Castelo Branco 1

1956/57 Coimbra 2

1978/79 a 1980/81 Evora 2

1972/73 a 1976/77 Setúbal 6

1972/73 a 1976/77 Viana do CastelO' 2

.1958/59 Viseu 1

1961/62 a 1972/73 Ponta Delgada 4

1962/63 a 1968/69 Funchal 6

Total 98

Destes dados podemos concluir que o maior número de classes especiais se situou sempre

no distrito de Lisboa, mais propriamente na cidade de Lisboa, seguida do Porto e de Coimbra.

Nos outros distritos, as classes especiais só surgiram no final da década de 60, inícios de

70. Esta estrutura manteve-se até ao ano lectivo de 1980/81, coexistindo com classes de apoio,

situação que analisaremos, mais em profundidade, na quarta parte deste trabalho.

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A frequência das classes especiais era maioritariamente de alunos do sexo masculino. A

análise dos dados mostra-nos que o aproveitamento escolar era satisfatório, atendendo a que a

meta era o diploma do Ensino Primário de 3â classe.

No nosso trabalho de pesquisa, em arquivo, tivémos acesso a diversas planificações

lectivas semanais, elaboradas por formandos do curso do IAACF, que estão colocadas em

anexo ao nosso trabalho. Parece-nos importante fazer uma síntese dos métodos e das

estratégias utilizadas com os alunos, assim como da respectiva avaliação. Esta síntese foi

elaborada por classes, visto que, em nosso entender, nos fornece uma imagem mais correcta

dos temas abordados.

PLANIFICAÇÕES SEMANAIS PARA CLASSES ESPECIAIS:

1® documento- Ano lectivo 1955/56- classe especial de 1fi e 2S classes.

Método - activo; Sistema concêntrico; Modo colectivo, tanto quanto possível

individualizado.

Assunto - O Pão.

Meios didácticos - Lições de coisas. Língua Materna- Leitura, Gramática, Redacção,

Cópia, Ditado.. Aritmética. Desenho. Trabalhos Manuais. Modelação. Recitação. Conto.

Recreios livres e condicionados.

A planificação surge subdividida em relação às 1a e à 2a classe nas actividades e,

posteriormente, organizada por dias lectivos e tempos até 6 tempos diários.

29 documento- Ano lectivo 1959/69- classe especial de 39 e 4® classes.

Método - activo; Sistema- concêntrico; Modo colectivo, tanto quanto . possível

individualizado.

Assunto - Os frutos.

Meios didácticos - Lições de coisas. Língua Materna- leitura, cópia, ditado, redacção,

gramática. Aritmética- apresentação das medidas de peso, revisão das medidas de

comprimento. Desenho- livre, de ilustração e sugerido. Trabalhos Manuais. Canto coral.

Recreios livres e condicionados.

Material didáctico a utilizar - trechos de leitura, fichas de redacção e aritmética, alguns

frutos, estampas.

39 documento- Ano lectivo de 1956/57- Classe especial- 1e classe.

Método - activo; Modo- colectivo- tanto quanto possível individualizado

Assunto - Os cereais.

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Meios didácticos - Lições de coisas. Língua Materna- Leitura e escrita. Aritmética.

Desenho. Trabalhos Manuais. Recreios livres e condicionados. Canto coral.

Material didáctico a utilizar - fichas de leitura e de aritmética, estampas, espigas e grãos

ao natural. v

Podíamos apresentar outros documentos, mas pensamos que estes nos permitem ter

uma ideia clara sibre a preparação pedagógica dos professores especializados pelo IAACF:

Todas as planificações analisadas indicam o recurso ao método activo.

Surge no trabalho pedagógico a referência- MODO COLECTIVO, mas sempre com a

ressalva de tanto quanto possível individualizado.

Os assuntos planificados, hoje considerados integradores, abrangem um leque variadíssimo

de temas que assentam no recurso à Natureza.

Nos objectivos propostos, em cada planificação, surge quase sempre a referência a : 11

contribuir para a formação do carácter, facilitar e desenvolver a sociabilidade “.

Percepciona-se uma preocupação com a motivação dos alunos visto que as lições de coisas

utilizam como estratégia a observação e o diálogo, partindo do que eles já sabem sobre o

assunto em estudo.

As lições de coisas são documentadas com estampas e, frequentemente, com objectos.

Servem como ponto de partida para o trabalho nas áreas de Língua Materna e Aritmética.

As planificações contemplam sempre as actividades de desenho- sugerido e livre- e os

trabalhos manuais são desenvolvidas actividades de: contorno, picotagem, recorte, colagem

e, nalguns casos, modelação.

Havia duas modalidades de recreios: os “ condicionados" e os “ livres". Nos primeiros os

jogos eram orientados, enquanto que nos últimos eram da livre^escolha das crianças, em

ambos os casos praticavam-se jogos colectivos.

- Todas as planificações estudadas estão subdivididas em planificações diárias e por tempos

lectivos. Frequentemente a actividade diária era iniciada por - Lições de Coisas.

Fotos 8 e 9 : Actividades ao ar livre no I.A.A.C.F.

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Pensamos que estamos perante um trabalho cuidado e exigente na formação de

professores, em que estes adquiriam competências para um desempenho com qualidade nas

classes especiais. Nos casos de professores habilitados com o diploma do Curso do Magistério

Primário, a sua formação era alargada com conhecimentos especializados nesta área.

A dinâmica pedagógica das classes especiais e das classes do IAACF

O conhecimento dos movimentos pedagógicos e das atitudes em História da Educação

pode realizar-se não só através da análise documental como a que efectuámos no ponto

anterior, mas também pelas vivências dos actores. Esta metodologia recorre às histórias de vida,

inseridas num determinado tempo histórico e pedagógico.

Efectuámos duas entrevistas com este objectivo, referimo-nos concretamente à da

professora Catilina Prudêncio e da Dra Isabel Fialho, que surgem em anexo a este trabalho.

Estas entrevistas reflectem duas histórias de vida ligadas ao IAACF mas também estão

directamente relacionadas com o tema que estamos a analisar neste capítulo- a dinâmica

pedagógica das classes especiais.

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A Dra Isabel Fialho formada no IAACF no ano lectivo de 1955/56 iniciou funções docentes

numa classe especial na Escola masculina ns 4, situada no Campo de Santa Clara, em Lisboa.

Da sua entrevista, retirámos as seguintes conclusões sobre o funcionamento das classes

especiais:

Tal como estava estipulado na lei, as classes especiais funcionavam no turno da manhã

das 9h às 12 h, havendo aulas ao Sábado. As férias escolares coincidiam com as férias

da Escola Oficial, à excepção das férias grandes. Estes alunos permaneciam na escola

durante o mês de Julho, dado que em muitos casos não tinham apoio familiar, nem

qualquer outra possibilidade de acompanhamento.

A selecção dos alunos era feita pelas Brigadas Técnicas do IAACF que para o efeito os

observavam na sede do Instituto ou na escola quando para isso houvesse solicitação do

respectivo director. Muitas situações referem-se a alunos já fora do sistema de ensino,

excluídos da escola. Nalguns casos, tinham problemas com a Justiça e estavam sob a

alçada do Juiz do Tribunal de Menores, ou tinham tido problemas graves na escola que

obrigaram à sua expulsão.

Na opinião da entrevistada as crianças eram banidas do sistema, por terem um nível

etário bastante superior à média de idade habitual no Ensino Primário.

A sua primeira atitude pedagógica, enquanto professora de classe especial, foi mudar o

espaço da sala de aula. A organização habitual da sala era desagradável para estes

alunos que sentiam rejeição em relação ao meio escolar. Como assumiu atitudes

diferentes dos professores com quem estes alunos habitualmente trabalhavam, eles

duvidavam se estariam mesmo perante uma professora.

As metodologias que utilizou, na docência em classe especial, correspondem ao método

activo indicado nas planificações atrás referidas. Constatámos que havia o recurso aos

métodos activos, à leitura e escrita funcional e ao cálculo. Tudo baseado nos centros de

interesse das crianças. “ Isto nem parece Escola, já contei ao meu pai e estou a aprender

coisas que o meu pai nem sabe" ( entrevista n® 1, 2000)

O objectivo principal para estes jovens era a conclusão do Ensino Primário Elementar- 3a

classe seguido do encaminhamento para o mundo do trabalho.

As classes tinham um número reduzido de alunos e eram masculinas ou femininas, pois

não havia coeducação no Ensino Primário.

O acompanhamento e supervisão das classes especiais eram efectuados pelos técnicos

do IAACF. Mas, quando o número de classes especiais cresceu e se alargou por todo o

País, foi muito difícil manter essa estratégia de acompanhamento.

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Foto 11 : Alunos de uma classe especial

Como conclusão final, é legítimo afirmar-se que a classe especial era um mundo à parte,

portanto uma estrutura diferente no sistema de ensino em Portugal. No entanto, a dinâmica

pedagógica era muito avançada para a época e os professores experimentavam técnicas e

metodologias que não eram, normalmente, utilizadas nas classes do Ensino Primário em

Portugal. Abordaremos estas questões na quarta parte deste trabalho, mas é da Classe Especial

que advêm as classes de apoio e todo o sistema de apoio integrado que surge posteriormente

em Portugal para crianças com Necessidades Educativas Especiais.

Da entrevista com a Prof. Catilina Prudêncio pudémos recolher elementos relativos às

classes de observação do IAACF. Esta professora formada no IAACF no ano lectivo de

1954/55, veio a exercer funções docentes numa classe especial e, logo de seguida, foi

contactada pelo Prof. Vítor Fontes para começar a exercer funções nas classes do Instituto,

nomeadamente nas classes sensoriais.

No IAACF havia classes de observação, que tinham como objectivo fundamental:

acompanhar o processo de internamento de cada criança a fim de ser estabelecido um

diagnóstico completo, seguido do devido encaminhamento. Em muitos casos funcionavam ainda

como a resposta possível para a educação de muitas crianças, cujas famílias não dispunham de

recursos. As classes estavam organizadas por níveis de desenvolvimento. Não correspondiam

às classes do Ensino Primário, embora existisse escolarização nalguns casos.

Podemos ainda concluir que as crianças, que frequentavam as classes no IAACF, eram

casos muito difíceis. Muitas estavam no âmbito do Ministério da Assistência, excluídas da Escola

e frequentemente sem qualquer resposta aos seus problemas. Os casos exigiam da professora

da classe respostas eficazes, o que frequentemente implicava pesquisa nas áreas de

Psicopatologia e Neuropsiquiatria. Percebe-se, pelo seu testemunho, que o Prof. Vítor Fontes

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acompanhava de perto o trabalho destas classes e dava o seu apoio científico ao estudo dos

casos

A actividade com as crianças colocava todo o enfoque nos trabalhos práticos, modelagens e

trabalhos manuais.

Estas classes tinham um número mais reduzido de alunos do que as classes especiais,

entre 8 a 10, dada a complexidade dos casos. Alguns apresentavam problemas graves de saúde

e a resposta pedagógica era difícil para os professores, mesmo sendo especializados.

Pensamos que as classes especiais foram a resposta possível, na época que estamos a

estudar. Contudo o seu número era reduzido para as necessidades do País. Consideramos que

se tratava duma estrutura segregadora funcionando à parte do sistema de ensino em Portugal,

mas apresentava qualidade pedagógica na educação das crianças com problemas escolares e

de integração social.

Fotos 12. 13 e 14 : Actividades com alunos de classes especiais e de clásses de observação

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7. SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL INFANTIL- O NASCIMENTO DA PEDO-PSIQUIATRIA

O IAACF exerceu durante duas décadas as funções de Dispensário de Higiene Mental

Infantil no País, atribuição conferida pelo Decreto- Lei nc 35401/ 45 de 27 de Dezembro, no qual

as funções do Instituto são redefinidas. Este documento, estipula que competia ao IAACF,' na

zona Sul do País a observação e classificação das anomalias mentais em crianças e

adolescentes. Na zona Norte e Centro competia a secções especializadas dos respectivos

serviços de Assistência Psiquiátrica que, apenas enviavam ao Instituto as crianças assistidas

que necessitassem de observação, em regime de internato.

A orientação técnica dèstas secções ficava a cargo do Instituto, a* direcção do centro de

assistência psiquiátrica da respectiva zona promovia o tratamento por internamento ou outro

meio adequado das crianças e adolescentes cujas perturbações mentais o exigissem.

"Segundo estas bases, o Instituto passará a ser o Dispensário de Higiene Mental Infantil no

País”. - situação claramente definida no preâmbulo do referido Decreto- Lei. A alínea e) do art®

1S refere ainda que o Instituto devia colaborar com os serviços de assistência psiquiátrica. O

Instituto devia ainda prestar assistência de natureza médico- pedagógica ou psiquiátrica à família

ou aos tutores de menores anormais (artQ único).

O quadro técnico do IAACF passava a ser composto pelo director, um professor, um

médico chefe de serviço, um médico chefe de laboratórios, um professor adjunto, um assistente

social de crianças anormais.

Foto 15 : Equipa técnica do I.A.A.C.F.

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Esta legislação acentuava a tónica na visão médico- pedagógica que dominava o

funcionamento do IAACF, o que enquadra o Instituto nos serviços de saúde mental existentes.

Na época já estavam criados o serviço de Psiquiatria infantil no Hospital Júlio de Matos, a

secção especial do Asilo Miguel Bombarda para crianças anormais irrecuperáveis, a Clínica

Infantil do Hospital Sobral Cid e as secções dos Centros de Assistência Psiquiátrica da zona

norte e centro- Porto e Coimbra.

A Psiquiatria Infantil surgia como nova especialidade médico- social nos seus aspectos

profiláctico e terapêutico. Visava o aproveitamento escolar na aprendizagem, melhoria da

adaptação da criança ao ambiente familiar e escolar, tendo em vista uma preparação profissional

futura.

Estas correntes científicas enquadravam-se'nos movimentos internacionais de Saúde

Mental.

Em 1937 decorreu, em Paris, o I Congresso Internacional de Psiquiatria Infantil e Juvenil,

no qual foi abordado o aspecto médico, pedagógico, jurídico e social e o aspecto médico-

pedagógico da criança na Escola, o seu aproveitamento escolar, a aplicação de técnicas de

ensino e terapêutica pedagógica.

Em 1948, realiza-se o 4Q Congresso Mundial de Saúde Mental que veio a dar origem à

Associação Internacional de Psiquiatria Infantil. A Psicologia e a Psicopatologia da infância

começam a ser abordadas no sentido da prevenção de males maiores, visando igualmente

tratamento e recuperação de crianças desadaptadas.

No decurso da pesquisa para este trabalho, estabelecemos contactos com a Prof. Maria de

Lourdes Levy , cuja especialidade é a Pediatria mas que se dedicou, desde muito cedo aos

problemas da Neurologia Infantil. O tema da sua tese de doutoramento é a Electorencefalografia

Infantil, daí ter exercido clínica numa consulta de convulsões infantis que funcionou no Hospital

de Santa Maria, numa época em que o estudo deste problema estava no seu início.

No entender desta professora era muito difícil uma distinção entre crianças com convulsões

e crianças com atrasos mentais graves. Podia ainda tratar-se de crianças com atrasos ligeiros,

mas que precisavam de apoio psiquiátrico. No encaminhamento de alguns casos contactou com

o IAACF e com os médicos que lá trabalhavam: Prof. Vítor Fontes, Dr. Scheneeberger de Ataíde

e Dra Alice Tavares. A ligação não era institucional, mas funcionava entre técnicos, visto que era

no IAACF que se procurava dar resposta aos problemas de apoio às dificuldades escolares da

criança. Não havia ainda a especialidade de Neurologia, que era considerada uma

competência clínica.

Esta situação manteve-se até aos anos 60, altura em que se dá uma viragem em relação

ao papel do IAACF na saúde mental infantil. Isto acontece com o Decreto- Lei n® 43752/61 de 24

de Junho que altera as condições de funcionamento do Instituto, com o objectivo de integrar as

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funções por este desempenhadas no Ministério da Saúde e Assistência, como dispensário de

higiene mental infantil na zona sul do País.

Neste contexto, no artfi 2° do referido documento fica separado o serviço de Dispensário de

Higiene Mental Infantil da Zona Sul que passa a estar integrado no Instituto de Assistência

Psiquiátrica do Ministério da Saúde e Assistência. Este novo serviço passava a ter competências

para observar e tratar as crianças e adolescentes da referida zona, portadores de anomalias

mentais e que necessitassem de assistência, tratamento, vigilância ou reeducação. Devia este

Instituto promover a criação de outras instituições e estabelecimentos destinados a preencher

estas finalidades. Devia colaborar com os serviços Jurisdicionais de menores e outros

estabelecimentos oficiais ou particulares, a fim de promover o tratamento e a recuperação social

dos menores psicopatas. Estipulava ainda que o director do IAACF fosse ò director do

Dispensário.

Esta legislação vem alterar o estatuto do IAACF, pelo que na década de 60 surgiram novos

serviços na área da Saúde e da Assistência, que substituíram o IAACF, perdendo este o seu

papel centralizador. Sabemos que psicólogos continuaram a exercer funções no Instituto, pelo

que ainda se vai manter a consulta externa até quase ao final do seu funcionamento, nos anos

80.

Em 1963, o Prof. Vítor Fontes termina o seu tempo de serviço como director, é substituído

pela Dra Maria Irene Leite da Costa e não, segundo a Prof. Catilina Prudêncio ( entrevista n»7-

2000) como seria do seu agrado, pelo Dr. Scheneeberger de Ataíde. Este médico vem a ser o

responsável pelo serviço de Pedo-Psiquiatria do Hospital D. Estefânia, onde surgiram novos

serviços na área da Saúde Mental Infantil.

8. AS VICISSITUDES DA DIRECÇÃO DO IAACF NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS DEFICIENTES EM PORTUGAL.

O contributo de Vitor Fontes

A vida das Instituições e a sua dinâmica interna está, frequentemente, ligada ao perfil de

quem a dirige, das correntes científicas da época e ao enquadramento legal em que se inserem.

Tudo isto pudémos observar na evolução histórica do IAACF.

Os anos marcantes do* seu funcionamento estiveram, indissociavelmente, ligados à

personalidade do Prof. Vítor Fontes, às suas ligações científicas internacionais e ainda ao

quadro legal que regulamentava a Instituição.

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Neste trabalho afigura-se-nos pertinente fazer uma breve síntese da actividade científica do

director do IAACF, que exerceu essas funções durante décadas e que, só aquando da sua

jubilação, deixou de ser o seu director.

Vítor Hugo Moreira Fontes, foi director do IAACF desde 1935 até 1963. Foi professor

catedrático de Anatomia da Faculdade de Medicina de Lisboa desde 1950. Professor de Higiene

Escolar de 1935 a 1953 no Curso de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras de Lisboa.

Leccionou as cadeiras de Higiene Mental Infantil e Higiene Escolar no Instituto de Serviço Social

desde 1935. Leccionou ainda a cadeira de Psicologia no curso da Escola Técnica de

Enfermeiras desde 1942. Teve a cargo a regência da cadeira de Psicologia no Curso de

Magistério de Anormais do IAACF.

Ao nível de organizações científicas devemos destacar as seguintes funções exercidas pelo

Prof. Vítor Fontes (documento não publicado, arquivo do IAACF):

Sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.

Sócio efectivo da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais.

Sócio efectivo da Sociedade de Biologia.

Membro titular do Instituí International d’ Anthropologie ( Paris).

Membro associado da Association des Anatomistes ( Paris).

Sócio fundador e Secretário geral da Sociedade Anatómica Luso- Hispano- Americana.

Membro da Deutsche Gesellschaft fur Neurologie und Psychiatrie.

Membro do Comitato Direttivo deli’ Istituto Intemazionale de Psychotéchnique.

Membro da Union Européenne de Pedo- psychiatres.

Membro do comité de redacção das seguintes revistas: Actas Luso- Espanolas de

Neurologia y Psiquiatria; Zeitschrift fur Kinderpsychiatrie; Rivista di Difesa Sociale; Acta

Psychotherapeutica, Psychosomatica et Orthopaedagogica;: Revue de Neuropsychiatrie

Infantile et d ’ Hygiène Mentale de I’ Enfance.

Recebeu o prémio Pestalozzi em 1954.

PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS E REUNIÕES CIENTÍFICAS:

I Congrés International de Psychiatrie Infantile- Paris- 1937.

II Congrés International de Psychiatrie Infantile- Londres- 1948.

- Congreso Internacional de Pedagogia de S.José de Calazana- S. Sebastian- 1949.

I Congresso Inter- ibero- americano de Pedagogia - Madrid- 1949.

Congrés International de Pédiatrie- Zurich- 1950.

Congrés International de Psychiatrie- Paris- 1950.

X Congresso Internacional de Psicotecnia- Guterburg-1915.

I Congresso Nacional de Protecção à Infância- Lisboa- 1952.

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Participou em actividades da O.M.S.- comité da Europa em 1953 e 1954.

IV Congresso Internacional de Psiquiatria Infantil - Lisboa- 1958.

I Congresso Nacional de Saúde Mental- Lisboa- 1960.

Seminário: A educação dos pais- UNESCO-.

Reunião internacional de pediatras, pedo- psiquiatras e juizes de menores- Suíça.

Estes são os aspectos fundamentais a destacar da actividade científica do Prof. Vítor

Fontes. Na bibliografia deste trabalho estão citados os trabalhos de sua autoria, dos quais

procurámos fazer um levantamento exaustivo.

Como dados biográficos destacamos os seguintes: nasceu em Lisboa a 15 de Outubro de

1893, frequentou o Liceu Camões. Neste Liceu foi discípulo do Dr. António Aurélio da Costa

Ferreira, que o encaminhou no estudo das Ciências Naturais e na Antropometria. Além de

participar em trabalhos de natureza médico- antropológica, começou também a interessar-se

pelos estudos anatómicos. Posteriormente frequentou a Escola Politécnica, hoje Faculdade de

Medicina. Terminou o curso com a defesa da tese em Julho de 1916.

Foi nomeado médico- inspector da Casa Pia de Lisboa em Abril de 1917, transitou em 1920

para o Instituto Médico- Pedagógico da Casa Pia de Lisboa, onde ocupou o lugar de médico

auxiliar. Em acumulação de funções foi nomeado chefe de laboratório e da secção de Psicologia

Experimental na escola de reeducação de mutilados de Arroios. Exerceu funções clínicas nos

Hospitais Civis- Hospital de S. José- Curry Cabral - D. Estefânia- durante os anos de 1915 a

1921. Na Faculdade de Medicina, foi nomeado assistente de Anatomia em 1927, e professor

auxiliar desta cadeira no ano de 1928. Em 1951 passa a professor catedrático.

No serviço de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, colaborou na observação morfológica

dos doentes internados do Manicômio Bombarda- dirigido pelo Prof. Sobral Cid.

; Em 1924, visitou estabelecimentos para a- educação de crianças anormais em França,

Bélgica e Suíça, em missão oficial. •

Em 1930, ministrou lições num curso de preparação de professores.de anormais no Instituto

Médico- Pedagógico de António Aurélio da Costa Ferreira.

Em 1933, foi nomeado Inspector- Orientador para os serviços de menores anormais da

Direcção Geral do Ensino Primário.

Em 1939, assumiu a direcção do Instituto Médico- Pedagógico “ Florinhas da Rua"- mais

tarde Condessa de Rilvas, até 1948.

Em 1951, após a jubilação do Prof. Henrique de Vilhena, assumiu o lugar de professor

catedrático de Anatomia na Faculdade de Medicina de Lisboa.

Em 1949 fundou a Clínica Psicológica Infantil.

Em 1963 foi jubilado a 15 de Outubro desse mesmo ano.

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Consultámos ainda o ficheiro da PIDE, porque tratando-se de uma personalidade científica

desta envergadura que, frequentemente, se deslocava a outros países, estaria sob a vigilância

desta Polícia.

Da sua ficha pessoal retirámos as seguintes informações:

A 29 de Maio de 1952: " Indivíduo de boa formação moral, católica e afecto à política do

Estado Novo”.

A 6 de Janeiro de 1959: “ Moral e politicamente nada se apurou em seu desabono.”

A primeira destas informações tinha como objectivo a sua provisão nos corpos gerentes da

Caixa de Previdência dos Médicos Portugueses do Instituto Nacional do Trabalho e da

Previdência. A segunda destinava-se à homologação da eleição dos corpos gerentes da Liga

Portuguesa de Higiene Escolar. .

Da sua personalidade, pelos depoimentos recolhidos, destacamos “ o seu rigor científico, a

sua aparência distante, mas afável e carinhoso para com as crianças, dava uma imagem de

exigência a quem o rodeava, mas também era atencioso e muito organizado.” ( Entrevistas nc 1-

I. Fialho e ne 7- C. Prudêncio ). Destes testemunhos também apurámos que não estava muito

integrado nas instâncias do Estado Novo e pesava contra a sua aceitação pública as suas

possíveis ligações à Maçonaria, não obstante as informações favoráveis da PIDE.

Os esforços do Prof. Vítor Fontes, para implementar um programa de assistência e

educação das crianças deficientes, foram relevantes durante os anos em que foi director do

IAACF. Num artigo publicado em 1939, ( Revista Clinica, Higiene e Hidrologia- pp. 111),

caracteriza a Médico- Pedagogia como a arte de tratar desenvolvendo as faculdades físico-

psíquicas do indivíduo deficiente no sentido do seu aproveitamento profissional e social.

Considerava esta ciência como um misto de Pedagogia e Medicina, arte de curar por processos

pedagógicos, aplicação dos .conhecimentos médicos ao tratamento de indivíduos com

deficiências psíquicas ou orgânicas. A Médico- Pedagogia é terapia pedagógica ligada à Higiene

Escolar e à Psiquiatria infantil, pressupõe a colaboração entre o professor e o pedo- psiquiatra.

Noutro artigo, já referido anteriormente " 28 anos na direcção do IAACF { Criança

Portuguesa, 1962), o autor reafirma que continuavam a faltar Instituições para crianças

epilépticas, idiotas, imbecis, psicopatas, assim como diversas modalidades das classes

especiais ( ortofonia, duros de ouvido, amblíopes, disléxicos). No seu entender, as crianças

deficientes constituíam um peso morto para a sociedade, se não fossem encaminhadas

profissionalmente, educadas e assistidas.

No 1a Congresso Nacional de Protecção à Infância, houve uma intervenção conjunta do

Prof. Vítor Fontes, do Prof. Barahona Fernandes e do Dr. João dos Santos, subordinada ao

tema: “ Estabelecimentos de índole médico- pedagógica que urge criar” , na qual se afirmava a

necessidade de asilos para epilépticos e grandes anormais irrecuperáveis, clínicas psiquiátricas

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infantis do tipo " Child Guidance Clinics”, classes especiais, escolas de reeducação e lares para

psicopatas.

Propunham também um plano de profilaxia da higiene mental infantil que devia

desenvolver-se na família, na escola, no meio social, com a criação de estabelecimentos e

preparação de pessoal especializado. Referiam ainda a necessidade do apoio extra- escolar do

Patronato para uma melhor integração dos deficientes na vida social.

Foi criada uma comissão para o estudo da higiene mental infantil. Desta comissão faziam

parte os seguintes elementos: Prof. Vítor Fontes, Dr. José Sebastião Silva Dias, Dr. Pedro de

Campos Tavares, Dr. Manuel João dos Santos Farmhouse, Dr. João Augusto dos Santos. Este

estudo foi elaborado no âmbito da Direcção Geral da Assistência, com o objectivo de estudar’e

propor um programa de higiene mental infantil, assistência e recuperação de menores

mentalmente irregulares. As instituições representadas na comissão eram: IAACF, Instituto de

Assistência aos Menores, Casa Pia de Lisboa, Refúgio do Tribunal Central de Menores e

Hospital Júlio de Matos.

No relatório elaborado e publicado na Criança Portuguesa ( 1959) considera-se que a

recuperação social se devia processar através de técnicas médicas, psicológicas e pedagógicas,

com vista à valorização do indivíduo e consequente aproveitamento social. A criança anormal

era considerada socialmente recuperável através de aprendizagem adequada, aquisição de

habilitação para alcançar um rendimento mínimo, indispensável à sua manutenção.

A profilaxia mental da criança situava-se em dois campos: na família e na escola. Na família

implicava a higiene mental dos pais, a análise de situações específicas tais como: separação

precoce mãe- filho, orfandade, ilegitimidade, adopção, reacção dos irmãos, formação dos pais. A

família era o meio ideal para a formação afectiva e educacional da criança.

Outro campo é o da criança na escola, a higiene mental infantil na Escola, ligação à saúde

escolar, programas, obrigatoriedade da frequência escolar, competência psico- pedagógica dos

professores, relação da escola com a família, serviços que deviarrr.funcionar em colaboração.

Indicava-se ainda que na formação de professores devia ser abordada a psicologia evolutiva e

as técnicas pedagógicas. Devia também ser estimulada a participação dos pais na vida escolar.

Outro vector era o patronato extra- escolar para apoiar os menores na adaptação à vida

social e profissional. Propunha-se dois anos de aprendizagem laborai para os que não

seguissem o ensino técnico ou liceal.

Em suma a profilaxia mental infantil implicava a observação de todos os desvios de conduta,

atitude educativa na formação física e mental, integrando a higiene mental na higiene geral.

Abrangia a educação familiar e escolar, a acção social, os serviços integrados nos serviços

médico- psicológicos e assistenciais. Tudo de molde a permitir à criança condições de vida para

um desenvolvimento normal físico e psíquico e garantir a protecção e o apoio familiar.

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Outros documentos por nós analisados, emanados do Prof. Vítor Fontes, enquanto director

do IAACF, fazem-nos sentir as dificuldades permanentemente verificadas na assistência e

educação de crianças deficientes. Citaremos só alguns que nos parecem mais significativos.

Num ofício, datado de 2 de Fevereiro de 1959, dirigido ao Director do Instituto de

Assistência Psiquiátrica- Hospital Júlio de Matos, o Prof Vítor Fontes refere a necessidade da

criação dum Dispensário de Higiene Mental Infantil no País,' (cit. pp.2)- “ certamente não é nos

Dispensários já existentes e aos cuja criação é proposta que se devem atribuir as funções mistas

para adultos e crianças”. Nesse documento refere também a necessidade da criação da

especialidade de Psiquiatria Infantil na Ordem dos Médicos. Propunha estudar a. possibilidade

da especialização de enfermeiros e assistentes sociais em Psiquiatria Infantil. Salientava a

necessidade da criação de mais Dispensários de Higiene Mental Infantil.

Apontava a necessidade destas novas Instituições se situarem no Porto, Coimbra.e Faro.

No Porto poderiam ser reorganizados com este objectivo os serviços do Instituto Dias de

Almeida na Misericórdia. Em Coimbra podia ser inserido no Hospital Sobral Cid.

Esta situação implicaria a reorganização do IAACF que “ pela sua tradição e maior

experiência constituiria o Centro Coordenador da Higiene Mental Infantil no País e o Centro de

preparação de técnicos" ( cit. pp. 6).

Neste documento encontramos, mais uma vez, a proposta de criação de estabelecimentos

para menores anormais recuperáveis: novas escolas de reeducação. No Norte devia ser criada

uma para 300 leitos . Em Lisboa além do Instituto Adolfo Coelho que devia aumentar a sua

população para 200 rapazes, deviam surgir duas: uma para rapazes e outra para 100 raparigas. ~

No Sul do País deviam surgir para rapazes e raparigas num total de 300 lugares.

No Norte, Centro e Sul do País deviam ainda ser criadas escolas para menores anormais

irrecuperáveis tipo asilo.

Devia haver uma permanente colaboração com os serviços de Saúde Pública e com os

Serviços de Saúde Escolar que deviam intervir nas escolas do ensino elementar. Terminava

afirmando " Acrescentei considerações... ajudei a esclarecer o problema da higiene e profilaxia

mentais, referindo-me à parte infantil e juvenil tão desprezada entre nós e de tão alto significado

na saúde mental do nosso povo” ( cit. pp. 7).

Poderíamos ainda referir outras situações, em que o prof. Vítor Fontes interveio

publicamente, em favor das crianças deficientes, da sua educação e assistência, mas tornar-se-

ia repetitivo. No entanto, importa destacar que o director do IAACF nunca teve receio de

expressar publicamente as suas opiniões, de manifestar aos poderes públicos “ que não existiam

as respostas necessárias e adequadas para estas crianças e que isso se sentiria na sociedade

como um peso morto e com efeitos socialmente negativos “.

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Cremos que o Prof. Vítor Fontes nunca considerou que a sua obra estivesse completa. A

sua vasta experiência e o contributo do IAACF neste sector educacional, não o impedem de

referir inúmeras vezes as dificuldades existentes por falta de outras instituições complementares.

Sentimos também que começavam a ser notadas as dificuldades que a legislação

regulamentadora do IAACF trazia ao seu normal funcionamento. Tratava-se duma Instituição do

Ministério da Educação que exercia funções da competência do Ministério da Saúde e

Assistência.

Além disso, a multiplicidade das suas funções acarretava problemas para o seu normal

funcionamento, o que trouxe dificuldades acrescidas. No entanto, os números falam por si e,

como pudémos observar os diversos serviços do IAACF funcionaram até certa altura de acordo

com os objectivos do seu .director.

O contributo de Maria Irene Leite da Costa

Após a jubilação do Prof. Vítor Fontes, em 1963, foi nomeada directora do Instituto a Dra M.

Irene Leite da Costa, que já exercia as funções de professora responsável pela cadeira de

Pedagogia dos Anormais. As suas funções como directora decorreram de 1964 a 1974.

Pensamos que é importante fazer uma breve síntese da biografia desta pedagoga.

A Dra Maria Irene Leite da Costa é licenciada èm Ciências Histórico- Naturais pela

Universidade do Porto e em Farmácia, especializada em Psicologia Infantil e Pedagogia pelo

Instituto das Ciências da Educação da Universidade de Genebra. Frequentou este curso como

bolseira do Instituto de Alta Cultura. Foi nomeada professora da cadeira de Pedagogia dos

Anormais do Curso do IAACF em 26 de Fevereiro de 1942- Diário do Governo - II série, ns 46.

Leccionou as cadèiras de Psicologia, Pedagogia e Educação Infantil no curso de

Enfermeiras- Parteiras- Puericultoras do Instituto Maternal, a partir de Maio de 1948. Leccionou

igualmente as cadeiras de: Psicologia Geral, Psicologia Infantil, Pedagogia e Higiene Mental

Infantil no curso de educadoras infantis, desde Novembro de 1954.

No IAACF, para além das funções docentes e de direcção, orientou o serviço de vigilância

das crianças internadas, o de observação psicológica de crianças em consulta externa e em

internato, participou nas Brigadas Técnicas para a selecção de crianças para as classes

especiais e orientou o trabalho dos professores das classes especiais.

Por despacho do subsecretário de Estado da Educação Nacional de 28 de Janeiro de 1952,

foi incumbida da orientação pedagógica das classes especiais a funcionarem no Instituto

Condessa de Rilvas.

Ao nível científico é de destacar que procurou aplicar às crianças os métodos de observação

psicológica, fruto da sua formação no Laboratório de Psicologia Experimental da Universidade

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de Genebra, dirigido pelo Prof. Claparède. Procedeu à adaptação e aferição de diversos testes

às crianças portuguesas, nomeadamente o teste do Labirinto de Rey (aprendizagem sensorial-

motriz), teste do desenho de Fay , teste de Terman. Elaboração também de fichas para a

aplicação dos testes referidos.

Participação em Congressos e Conferências Internacionais:

- XV, XVI, XVII e XVIII Conferências Internacionais de Instrução Pública em representação

do Governo português, promovidas pela UNESCO- Genebra, nos anos de 1952, 1953,

1954 e 1955 respectivamente. Na última conferência foi eleita vice- presidente de

Instrução Pública do Bureau International d' Éducation.

- XVII Congresso Luso- Espanhol para o progresso das Ciências- 1944- Córdoba.

Congresso Internacional de Psiquiatria- Paris- 1950.

- XX Congresso Luso- Espanhol para o progresso das Ciências- Lisboa- 1950.

- V Congresso Internacional dos Médicos Católicos- P a ris -1951.

- X congresso Internacional de Medicina do Trabalho- Lisboa- 1951.

- III e V Congressos do Bureau International Catholique de I* Enfance- Madrid- 1951 e

Veneza- 1955.

- I Conferência da Comissão Médico- Social e Psico- Pedagógica do Bureau International

Catholique de I’ Enfance- Roma- 1953.

- Congresso Internacional de Psicoterapia- Zurich- 1954.

- Conferência Internacional de Técnicos especializados na Educação da Infância

desadaptada- Friburgo- 1955.

Em 1946, realizou uma visita de estudo à Suíça para observação dos serviços que se ,

ocuparam de crianças desadaptadas, da preparação dos professores do ensino primário e y

tomou conhecimento da orgânica do Instituto das Ciências da Educação da Universidade de

Genebra. Em 1953, realizou uma visita de estudo a Inglaterra, onde estudou os serviços que se

ocupavam da infância deficiente e estudou a organização do sistema educativo inglês para as

idades infantis e preparação dos professores do ensino primário. Ambas as viagens foram

realizadas na condição de bolseira do Instituto de Alta Cultura.

Foi membro fundador da Sociedade Portuguesa de Psicologia e deputada à Assembleia

Nacional, onde realizou algumas intervenções, dignas de registo, sobre a problemática da

assistência a crianças inadaptadas. Destas destacamos, em seguida, alguns aspectos que nos

parecem mais relevantes.

Na primeira intervenção, publicada no diário das sessões na 154, datada 18 de Março de

1960, a deputada tece algumas considerações sobre esta problemática. Começa por afirmar que

“ a assistência às crianças e adolescentes portadores de anomalias físicas ou psíquicas é um

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dos problemas que mais preocupa aqueles que têm responsabilidades no campo educativo e

social.” ( pp. 124). Reafirma a ideia de que a falta de aproveitamento escolar era uma das

primeiras manifestações de desadaptação, “ as crianças desadaptadas, quando educadas a

tempo, são susceptíveis de aproveitamento e de adaptação à vida social, tornando-se indivíduos

úteis e colaboradores dentro da comunidade.” ( pp. 124). Tece, de seguida, considerações sobre

estes problemas ligados à obrigatoriedade escolar, afirmando que, no nosso País, não existiam

estatísticas referentes a crianças com atrasos escolares, que se tomavam em desadaptados

sociais.

Refere os objectivos da higiene mental que se destinava a manter e fortificar a saúde

psíquica, despistar e prevenir as causas das perturbações e das doenças que atingiam quer o

equilíbrio do comportamento, quer o sistema nervoso central.

A luta contra a desadaptação compreendia duas formas de agir: a prevenção e o

tratamento. Segundo a deputada a prevenção devia englobar as seguintes medidas: “eugenia ” (

respeitando a liberdade humana), consultas de orientação psicológica, organização da higiene

mental, aperfeiçoamento da educação, equilíbrio social. O tratamento realizava-se em quatro

fases: a despistagem, o diagnóstico, a cura propriamente dita ou reeducação e a pós- cura ou

reintegração social. “ Prevenção, reeducação e reintegração social devem desenvolver-se

paralelamente.” ( pp. 125).

Manifesta, de seguida, preocupação em atingir estes objectivos porque em Portugal a rede

de instituições estava longe de satisfazer as necessidades. Refere que não existia um único

serviço para internamento de uma criança grande anormal, epiléptica, psicopata. Casos que

eram tragédias sociais e familiares e para os quais uma sociedade com justiça social teria de

garantir prevenção e apoio às famílias.

Efectua, de seguida, uma síntese histórica e legislativa das funções do IAACF e do seu

contributo no campo, da Psicopedagogia, como centro de investigação e de observação

psicopedagógica, escola de preparação de professores especializados para o ensino de crianças

e adolescentes deficientes e de orientação técnica das classes especiais.

Na época, o Ministério da Saúde e Assistência efectuou um estudo para a reforma da

assistência psiquiátrica que, segundo a deputada, deveria contemplar a assistência psiquiátrica

infantil- criação de serviços especializados para o internamento de crianças portadoras de

anomalias mentais: estabelecimentos tipo colónia agrícola para desadaptados irrecuperáveis,

instituições para epilépticos, escolas de reeducação para débeis mentais, instituições para

psicopatas e clínicas psiquiátricas. Esta nova orgânica implicava a redefinição das funções do

IAACF, nas quais se deviam diferenciar os aspectos psicopedagógicos da prevenção, os do

tratamento das crianças desadaptadas e os aspectos assistenciais.

Assim propôs que as funções do IAACF passassem a ser as seguintes:

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a) Preparação de professores para o magistério de crianças desadaptadas.

b) Selecção de crianças nas escolas primárias oficiais.

c) Organização e orientação do ensino das classes especiais, colaboração com os

serviços da saúde escolar na observação e estudo das crianças com deficiente

aproveitamento escolar ou anomalias de comportamento.

d) Promoção de investigações no campo da Pedagogia e Psicologia infantil. Propôs

ainda que o Instituto deveria ter delegações nas principais cidades do País,

desempenhando assim a função de centro- piloto.

A Dra M. Irene Leite da Costa, no seu discurso, refere ainda a falta de. ortofonistas,

ergoterapeutas, fisioterapeutas, educadores especializados, professores de pedagogia curativa e

psicólogos. O Ministério da Educação deve preparar estes técnicos para trabalharem nesta área.

A resolução destes problemas implicava a interligação entre o Ministério da Educação Nacional,

o Ministério da Saúde e Assistência e o apoio do Ministério das Finanças.

Noutro discurso, na Assembleia Nacional, aquando da discussão do Estatuto da Saúde e

Assistência ( 22 de Março de 1962, Diário das Sessões n8 51) a Dra M. Irene Leite da Costa

afirma que devia ser dada preferência às medidas preventivas em vez das curativas.

Este estatuto que dava atenção à higiene mental infantil e reconhecia a necessidade da

reabilitação dos deficientes mentais e físicos e dos desadaptados psíquicos e sociais que, no

seu entender, quando convenientemente recuperados eram capazes de uma adaptação social,

útil e equilibrada.

A deputada afirma : “ No dia em que pudermos assegurar conveniente educação às crianças

deficientes, quer física, quer psiquicamente, teremos conseguido grande diminuição de

elementos inúteis ou prejudiciais à sociedade ( vadios, mendigos, delinquentes) ( cit. pp.

1208). Tece também algumas considerações interessantes sobre a educação profissional dos

deficientes, que não deviam ser deixados entregues a si próprios ou metidos em asilos ou

escolas, sem o fim imediato da educação profissional.

Noutro parágrafo refere: " A protecção e a orientação conveniente dos diminuídos, quer

física, quer psiquicamente, é por isso, missão importante de que os poderes públicos não podem

desinteressar-se”, (cit. pp. 1208). A lei indica a necessidade da existência de pessoal educativo,

convenientemente preparado para o trabalho de educação e recuperação das crianças confiadas

aos serviços da Assistência. O IAACF nesta altura ficava com funções psicopedagógicas e de

investigação, passando os problemas assistenciais para o Ministério da Saúde.

Da análise destas intervenções públicas da Dra M. Irene Leite da Costa, ressalta sempre a

chamada de atenção dos poderes públicos para a falta de recursos em Portugal para a

educação e assistência às crianças e jovens desadaptados, ou seja com problemas escolares,

familiares ou sociais. A sua posição é crítica. Nos seus discursos são referidos, frequentemente,

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os problemas causados pela falta de verbas, que puseram em causa o cumprimento das

atribuições do IAACF, definidas na lei.

Chama a atenção que para as famílias mais desfavorecidas, estes problemas eram

acrescidos registando-se muitos casos de injustiça social.

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Quando assumiu o cargo de directora do IAACF, imprimiu alguma mudança na formação de

professores. Isto aconteceu quando foi iniciado o curso de professores de crianças inadaptadas

já analisado e também quando as funções do Instituto foram alteradas.

Foi uma época de mudanças em que o Instituto teve de encontrar novos rumos. Começava

então a emergir o papel de professor de apoio e as organizações de pais de crianças deficientes.

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SECÇÃO IV: DO MODELO MÉDICO- PEDAGÓGICO AO MODELO INTEGRADOR NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS INADAPTADAS: O

PERCURSO DA CLASSE ESPECIAL À ESCOLAINCLUSIVA

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0. PLANIFICAÇÃO DA SECÇÃO

1. A evolução dos conceitos educacionais e sua implicação nos modelos de atendimento:

crianças anormais, crianças inadaptadas, crianças/ alunos com Necessidades Educativas

Especiais.

2. A evolução da Legislação.

3. As diferentes formas de atendimento/ educação de crianças com dificuldades de

aprendizagem: classe de apoio, experiências de integração em turma regular, professor de apoio

na sala, escola para todos.

4. A emergência de estruturas diferenciadas nas décadas de 60 e 70:CERCIS,Associações de

pais, COOMP, serviços de Saúde Mental Infantil.

5. O papel do professor especializado: de professor da classe especial a professor de apoio

educativo.

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1. A EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS EDUCACIONAIS E SUAIMPLICAÇÃO NOS MODELOS DE ATENDIMENTO

Crianças anormais; Crianças inadaptadas; Crianças deficientes Crianças com Necessidades Educativas Especiais

Ao longo do estudo que efectuámos procurámos traçar uma evolução histórica dos modelos

educacionais/ assistenciais e dos modelos de formação de professores que foram,

sucessivamente, implementados ao longo do sec. XX, em Portugal. Modelos que tinham a sua

filiação científica em correntes clínicas e pedagógicas, já aplicadas no Ensino Especial na

Europa e nos Estados Unidos.

Assim podemos afirmar que a formação de professores para a Educação Especial, sofreu

uma notória modificação ( A.M.B. Costa- 1995) no período que medeia entre 1942 e 1986, ano

em que foi integrada no Ensino Superior Politécnico.

As diversas denominações que foram atribuídas a estes cursos correspondem a objectivos

diferentes e, consequentemente, a uma formação diferenciada de professores:

Anos 40/50 até ao início da década de 60- Professores de crianças anormais- abordagem

médico- pedagógica.

Anos 60- Professores de crianças inadaptadas- aspectos médicos e profilácticos,

progressos alcançados pelas Ciências da Educação, inclusão da Ortopedagogia ou

Pedagogia curativa.

Anos 70- Professores de crianças deficientes

- A partir dos anos 80- Professores de Ensino Especial- Crianças com Necessidades

Educativas Especiais.

A esta mudança de nomenclatura dos cursos, corresponde uma alteração dos conceitos

relativos à educação destas crianças que se reflecte na forma como elas são designadas:

“ Anormais”, " Inadaptadas”; “ Deficientes”; Crianças com NEES". Estes novos conceitos estão

consignados nos seguintes documentos:

Public Law-142, EUA, 1975- que estabelece o direito à educação adequada e pública,

avaliação justa, estabelecimento de um programa individual, direito à inclusão num meio

mais alargado possível, procura de situação educacional adequada. Aconselha ainda o

evitar rotulações abusivas decorrentes da aplicação das técnicas psicométricas. A

educação desliga-se assim do paradigma de natureza médica { J.B. Ruivo s.d.). Procura

que as técnicas de ensino sejam adequadas aos objectivos curriculares destas crianças.

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0 Warnock Report, Inglaterra, 1978, propõe um novo modelo conceptual que implica que

a deficiência passe a ser encarada como um contínuo de necessidades específicas de

educação, ( J.B. Ruivo, s.d.) abolindo-se as características diagnósticas enraizadas no

modelo médico. Este modelo recorre a uma nova metodologia na avaliação e

identificação de crianças com necessidades educativas específicas, atribuindo deveres

às autoridades e um papel activo aos pais.

- Com a publicação do D.L. 319/91 de 23 de Agosto, surge em Portugal, o conceito de

criança com Necessidades Educativas Especiais. Conceito este que corresponde a um

desfasamento entre o nível de comportamento ou realização da criança e o que dela se

espera { K. Wedell- 1983). Deve-lhe ser facultado um curriculum especial ou adaptado ao

seu caso, o que implica dar particular atenção à estrutura social e ao clima emocional do

meio familiar da criança.

O princípio da normalização, conceito formulado por Bengt Nirje em 1969, procura tornar'

acessível a todas as pessoas com deficiência mental, os padrões e condições de vida

semelhantes às das pessoas consideradas “ normais ”. Isto pressupõe a existência de apoios e

a aceitação das pessoas com deficiência. A estas devem ser atribuídos os mesmos direitos,

responsabilidades e oportunidades. Tudo isto implica a necessidade de organização de serviços

e formação de pessoal, para promover o tréino de aptidões que os deve preparar para a vida em

comunidade. ( J.B. Ruivo 1982).

Um organismo importante, neste contexto, é o trabalho desenvolvido pela Liga Internacional

da Associação de Ajuda aos Atrasados Mentais que publica em 1968 a Declaração dos Direitos

Gerais e Particulares dos Deficientes Mentais.

No I Congresso para o Estudo Científico da Deficiência Mental que decorreu, em

Montpéllier em 1967, foi decidido instituir sociedades nacionais para desenvolverem estudos e

investigações sobre a deficiência mental e melhorarem as condições de profilaxia desta afecção

assim como o seu tratamento e recuperação. Esta visão implicava a colaboração entre médicos,

psicólogos, educadores, sociólogos, pedagogos, bioquímicos, geneticistas, juristas e

enfermeiros. Todos estes técnicos deviam ter um conhecimento mútuo dos respectivos métodos

de trabalho.

Surgiram novas dinâmicas, em relação às crianças tidas como deficientes, decorrentes das

mudanças significativas nos quadros conceptuais e nos modelos de formação de professores.

Nos anos 70, em Portugal, emergiram novos serviços que trouxeram algumas flutuações no

funcionamento do IAACF, até à inclusão dos cursos de especialização na Escola Superior de

Educação de Lisboa.

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2. A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO

A legislação em Portugal, a partir da década de 70, acompanhou os novos conceitos

educacionais que surgiram após a publicação dos dois documentos mencionados no capítulo

anterior: Public Law e Warnock Report. É quase do senso comum, que no nosso País a

evolução da legislação foi sempre mais acelerada do que a criação de novas estruturas, daí que

não existisse, nas últimas décadas, um equilíbrio entre os postulados teóricos e as práticas

pedagógicas em Educação Especial.

Na terceira secção deste trabalho, já referimos os marcos legislativos que enquadravam

o funcionamento do IAACF, neste capítulo abordaremos os principais marcos das décadas mais

recentes.

Ainda durante o funcionamento do IAACF, após a demissão da Dra Maria Irene Leite da

Costa, foram nomeadas diversas comissões que elaboraram propostas de reestruturação do

Instituto.

No âmbito desta reestruturação podemos referir um documento relativo ao APOIO

PEDAGÓGICO, resultado de um curso de reciclagem para professores de apoio, realizado em

Outubro/ Novembro de 1975, naquele Instituto, do qual constam as seguintes linhas

orientadoras:

a) A classe regular é o meio escolar normal da criança, ■ respondendo assim da melhor

forma, ao seu desenvolvimento harmónico e total.

b) As dificuldades da criança devem ser compatíveis com a sua integração na classe

regular. Essas dificuldades, globais mas ligeiras, ou específicas, podem ter apenas reflexos

num determinado sector da actividade escolar.

c) As crianças com dificuldades de aprendizagem podiam vir a necessitar de observação e

orientação com recurso a serviços técnicos tais como: o Centro de Saúde da zona, a Brigada de

Saúde Escolar, instituições especializadas como o COOMP, CSMIL, IAACF. O Instituto mantinha

as funções de coordenação dos apoios aos alunos e apoio técnico aos professores.

Outro documento foi o elaborado pelo grupo de trabalho nomeado, pelo despacho n° 82/79

de 27 de Junho, datado de 15 de Novembro de 1979. Este é o documento- base para a

elaboração do diploma de reconversão do Núcleo de Formação de Professores do IAACF no

sector de Educação Especial da ESE de Lisboa. Este documento orienta os cursos de

especialização, realizados pela Divisão de Ensino Especial da Direcção Geral do Ensino Básico,

nos anos lectivos de 1973/74 e 1974/75 e nos mesmos anos pela DEE da Direcção Geral do

Ensino Secundário. Além dos cursos já citados, o documento orienta também cursos

dinamizados pelo Ministério dos Assuntos Sociais de 1966 a 1974 e outros realizados pela Casa

Pia de Lisboa.

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Nesse documento, elaborado por uma comissão composta por: Dra Maria José Rau, Dra

Maria Emília Barroso, Dr. Jorge Duarte Silva, Dra Ainda Nunes, Dra Maria Isabel Fialho, Dra Ana

Maria Bénard da Costa e Dra Odete Leonardo, propõe-se que a formação de professores

continuasse a funcionar no IAACF até ao ano lectivo de 1982/83. Os cursos na ESE do Porto

começavam a funcionar no ano lectivo de 1981/82 e na ESE de Lisboa no ano lectivo de

1982/83. Engloba ainda pareceres sobre orientação e coordenação pedagógica e

administrativa, gestão do próprio edifício, equipamento e mobiliário. Dá igualmente normas

sobre os recursos humanos disponíveis: pessoal auxiliar, administrativo e técnico.

Outro documento a destacar é a proposta para a reestruturação do curso de formação de

professores do Ensino.Especial, datado de 28 de Setembro de 1978, que implementa o modelo

de três anos com estágio incluído.

A Portaria n® 441/86 de 13 de Agosto, que regulamenta o estipulado pelo decreto- lei n®

513/79 de 26 de Dezembro refere os cursos de especialização no domínio do Ensino Especial,

ministrados na ESE de Lisboa, indica o plano de estudos, as modalidades de formação e as

áreas de especialização no modelo de dois anos

Como sabemos, só no ano de 1973, o Ministério da Educação assume as responsabilidades

relativas ao Ensino Especial, com a criação das Divisões do Ensino Especial na Direcção Geral

do Ensino Básico e na Direcção Geral do Ensino Secundário.

Posteriormente surgem as Equipas de Educação Especial que são regulamentadas pelo

desp. Conj. 36/SEAM/SERE/88. Estas equipas funcionavam como serviços locais de educação

especial e tinham como objectivo genérico fazer o despiste dos problemas, a observação e o

encaminhamento das crianças. Desenvolver o atendimento directo a crianças e jovens com

necessidades educativas, resultantes de problemas físicos ou psíquicos. Proceder a avaliações

psicopedagógicas das crianças e jovens, organizar, em; conformidade, planos educativos

individuais e planear programas de intervenção. Promover ainda a participação activa dos

docentes do ensino regular e dos pais na elaboração, execução e avaliação dos programas

individuais. Com a aplicação deste despacho deu-se um contributo importante no sentido da

descentralização dos apoios a crianças com NEES.

No entanto, em nossa opinião, o documento legislativo mais importante dos anos recentes é

a Lei de Bases do Sistema Educativo que no seu artigo 17® define o âmbito e objectivos da

Educação Especial e no artigo 18® a organização da Educação Especial. Estabelece que a

Educação Especial visa a recuperação e integração sócio- educativa dos indivíduos com

necessidades educativas específicas. Para atingir estes objectivos a Educação Especial deve

promover actividades dirigidas aos educandos e acções dirigidas às famílias, aos educadores e

às comunidades.

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Estipula igualmente que, a organização da Educação Especial deve seguir m odelos

diversificados de integração em estabelecimentos regulares de ensino, tendo em conta as

necessidades de atendimento específico. Poderá realizar-se em instituições de Ensino Especial

quando comprovadamente o exijam o tipo e o grau de deficiência do educando. A escolaridade

básica implica a organização de currículos e programas devidamente adaptados, às

características de cada tipo e grau de deficiência. As formas de avaliação serão também

adaptadas às dificuldades específicas dos alunos.

Decorrente do estipulado na Lei de Bases do Sistema Educativo, referente à Educação

Especial, surge o D.L. 319/91 de 23 de Agosto que vem substituir a classificação de categorias

de foro médico pelo conceito de alunos com necessidades educativas especiais- NEES. Esta

designação é baseada em critérios pedagógicos, numa perspectiva de escola para todos. Este

decreto clarifica o papel dos pais como interventores directos no processo educativo e os direitos

dos alunos, que frequentam os estabelecimentos públicos do ensino básico e secundário.

Consigna ainda que o Regime Educativo Especial pode exigir equipamentos especiais de

compensação, adaptações materiais, adaptações curriculares, condições especiais de matrícula,

condições especiais de frequência, condições especiais de avaliação, adequação na

organização de classes ou turmas, apoio pedagógico acrescido, ensino especial sob a forma de

Currículos Escolares Próprios ou Currículos Alternativos.

Nesse mesmo ano é publicado o D.L. n8 190/91 de 17 de Maio, onde'são regulamentados

os Serviços de Psicologia e Orientação, estruturas especializadas de orientação educativa,

inseridas na rede escolar, para assegurarem as acções de apoio psicológico e orientação

escolar e profissional, previstas na Lei de Bases do Sistema Educativo.

Posteriormente é publicado o despacho 178- A/ ME/ 93 de 20 de Junho que clarifica o

conceito de apoio pedagógico, enuncia as modalidades e as estratégias de apoio aos alunos e

afecta os recursos e os meios necessários a uma educação de qualidade.

O conceito de apoio pedagógico é tido como o conjunto das estratégias e actividades

também concebidas e realizadas na escola, no âmbito curricular e extra- curricular. Inclui as

desenvolvidas no exterior, que tenham como finalidade que os alunos adquiram os

conhecimentos e as competências desejáveis e desenvolvam as capacidades, atitudes e valores

consagrados nos currículos em vigor.

No ano de 1996 surge a publicação do Desp. N8 22/SEEI/ 96 que regulamenta as turmas de

Currículo Alternativo no Ensino Básico. Estas turmas são formadas por grupos específicos do

ensino regular ou recorrente, que se encontrem numa das seguintes situações: insucesso

escolar repetido, problemas de integração na comunidade escolar, risco de abandono da

escolaridade básica e dificuldades condicionantes da aprendizagem. Para estas turmas devem

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elaborar-se projectos educativos de grupo que privilegiem estratégias diferenciadas, cargas

horárias e planeamento curricular, adaptado às características dos alunos.

É de referir ainda, o despacho conjunto n° 105/97 de 30 de Maio, emanado dos Gabinetes

dos Secretários de Estado da Administração Educativa e da Educação e Inovação, que define os

seguintes princípios orientadores para o enquadramento normativo dos apoios educativos:

a) Centrar nas escolas as intervenções diversificadas necessárias ao sucesso educativo

de todas as crianças e jovens;

b) Assegurar, de modo articulado e flexível, os apoios indispensáveis ao desenvolvimento

de uma escola de qualidade para todos;

c) Perspectivar uma solução, simultaneamente, adequada às condições e possibilidades

actuais, mas orientada para uma evolução gradual, possibilitando novas e mais amplas

respostas.

Neste documento dá-se destaque à colocação de pessoal docente e de outros técnicos nas

escolas, apoiados por uma retaguarda técnico- científica. A prestação dos apoios educativos

visa contribuir para a igualdade de oportunidades de sucesso educativo para todas as crianças e

jovens. Nesta perspectiva define o conceito de docente de apoio, cujas funções são prestar

apoio educativo à escola, ao professor, ao aluno e à família.

Define igualmente um novo conceito de formação especializada. Não se pretende,

exclusivamente, apoiar crianças com NEES, derivadas de deficiência física ou psíquica, mas

também outros alunos com problemas escolares. Os professores de apoio devem estar

habilitados com um curso de formação especializada para o efeito e devem exercer as suas

funções nas escolas onde a sua acção seja necessária.

Para orientação técnico- científica dos docentes, que desempenhem funções de apoio

especializado, são designadas equipas de coordenação de apoio educativo ou coordenadores a

nível concelhio.

Os alunos, que frequentam a Escolaridade Básica ou o Ensino Secundário que necessitem

de adaptação curricular no processo de ensino- aprendizagem ou exijam recursos diversificados,

devem ser indicados pelos professores do ensino regular ao professor de apoio. O professor do

ensino regular conjuntamente com o professor de apoio elabora uma proposta de

implementação de apoio educativo.

Prevê ainda este despacho que, quando não existam docentes com formação especializada

para fazer face às necessidades, podem os Directores Regionais de Educação seleccionar

educadores e professores com formação nos domínios da Psicologia, Ciências da Educação,

Sociologia ou com experiência numa das áreas da especialização a saber: educação especial,

supervisão pedagógica, orientação educativa ou animação sócio- cultural.

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Em suma, este despacho cria as condições teóricas e legais para as Escolas disporem de

meios para darem respostas educativas diferenciadas aos seus alunos, abrangendo desde a

Educação Pré- Escolar até ao Ensino Secundário.

Podemos concluir que a legislação, estabelecida nas últimas décadas, para a Educação

Especial mostra uma evolução nos conceitos, prevendo práticas inovadoras nas Escolas.

Houve a reconversão e unificação da formação especializada de professores nas Escolas

Superiores de Educação. A designação atribuída às crianças foi também alterada passaram de

crianças " anormais” a crianças " inadaptadas”. Posteriormente crianças com funcionamento

intelectual deficitário, com necessidades específicas de educação e por fim crianças com

Necessidades Educativas Especiais.

A designação atribuida aos professores acompanhou a das crianças. Primeiramente foram

referenciados na legislação como professores de classe especial ou professores especializados

para o ensino de anormais, mais tarde professores especializados para o ensino de crianças

inadaptadas, professores de apoio para classe de apoio, professores de apoio das Equipas de

Educação Especial até à designação actual de professores de apoio educativo, coordenados

pelas Equipas de Coordenação de Apoios Educativos ( ECAES).

Será que esta conceptualização jurídica foi acompanhada da necessária alteração de

práticas? Será que a integração / inclusão devidamente regulamentada de crianças em turma

regular é efectuada com a qualidade pedagógica a que têm direito? Será que temos ao nosso

dispor os recursos necessários para a construção da Escola de Todos para Todos?

Trata-se de um leque de questões que a análise da legislação nos levantou. Questões que

se encontram em aberto para outros estudos e sobre as quais daremos a nossa opinião na

conclusão do presente trabalho.

t

3. AS DIFERENTES FORMAS DE ATENDIMENTO/ EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Nas décadas que estamos a analisar, nesta secção do nosso trabalho, pretendemos

estudar as diferentes formas de educação / atendimento a crianças com dificuldades de

aprendizagem: classes de apoio, experiências de integração em turma regular, apoio em sala de

aula, numa perspectiva de escola para todos.

No plano administrativo surgem as Unidades de Orientação Educativa, os Serviços de Apoio

a Dificuldades de Aprendizagem, as Equipas de Educação Especial e as Equipas de

Coordenação de Apoios Educativos que integram o professor de Apoio Educativo, na

perspectiva da criação da Escola Inclusiva.

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As classes de apoio surgiram como estruturas de apoio nas escolas públicas, destinadas a

alunos com dificuldades de aprendizagem nos finais da década de 60, inícios da década de 70.

Estas classes coexistiram com as classes especiais.

Com base em dados recolhidos em arquivo, podemos referir que foi solicitado pelo IAACF o

número de alunos e professores das classes de apoio no ano lectivo de 1979.

FREQUÊNCIA E Ns DE PROFESSORES DAS CLASSES DE APOIO

Distrito N9 de Alunos Ns de Professores

Lisboa 519 33

Porto 168 11

Coimbra 10 2

Viseu 20 2

Setúbal - 1

Faro 27 1

Ponta Delgada 14 -

Total 758 50

Obs: Nas classes especiais o total de alunos foi de 613 e 81 professores.

Outro mapa relativo ao ano lectivo de 1985/86 regista os seguintes dados relativos à

frequência das classes de apoio pedagógico:

FREQUÊNCIA E N9 DE PROFESSORES DAS CLASSES DE APOIO

Distrito N9 de Alunos N9 de Professores

Lisboa 836 34

Porto 229 8

Castelo Branco 15 1

Coimbra 19 2

Evora 32 2

Faro 34 2

Setúbal 43 1

Total 1249 52

Obs: Nas classes especiais o total de alunos foi de 797 e 82 professores.

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Podemos apontar ainda com base em estatísticas recolhidas no arquivo do IAACF que as

médias do número de alunos que frequentaram as classes de apoio no Distrito de Lisboa entre

os anos de 1977/78 e 1983/84 foram as seguintes:

MÉDIAS DE FREQUÊNCIA DAS CLASSES DE APOIO

Ano Lectivo Média

1977/78 13,2%

1978/79 8,2%

1979/80 13,4%

1980/81 17,1%

1981/82 20,3%

1982/83 24,5%

1983/84 19,9%

Portanto, podemos concluir que a média de frequência era superior à média das classes

especiais. Estes dados permitem-nos afirmar que a frequência das classes de apoio aumentou à

medida que foi diminuindo o número das classes especiais.

Os alunos frequentavam turmas do ensino regular e deslocavam-se, durante parte do

tempo lectivo, à classe de apoio para suprirem dificuldades de aprendizagem em determinadas

áreas curriculares. Nesta fase da Educação Especial podia existir, na mesma escola, uma

classe especial e uma sala de apoio, uma dependente do lAACF-è outra da DEE.

Com a formação da Divisão do Ensino Especial surgiu, por parte, da Dra Ana Maria Bénard

da Costa, a proposta de criação de Equipas de Ensino Especial, compostas por professores

especializados em diferentes áreas.

A DEE organizou cursos de especialização em deficiência mental e motora para professores

de apoio a fim de dar resposta ao movimento crescente de integração dos alunos com

necessidades específicas de educação. Segundo a responsável ( A.M.B.da Costa entrevista ns

2-2000) houve necessidade de recorrer a professores não especializados, o que levou à

organização de cursos intensivos com a duração de três meses para suprir esta lacuna.

Em simultâneo, surgiram as Unidades de Apoio Educativo para darem orientação aos pais e

professores, numa perspectiva de intervenção sócio- educativa nas Escolas do Ensino Primário.

O trabalho era dinamizado em equipa, constituída por professores do Ensino Primário, que,

nalguns casos, tinham formação especializada. As formas de intervenção destas equipas eram:

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apoio directo às crianças; colaboração com o professor da classe; animação de projectos no

conselho escolar; intervenção na escola.

Estas equipas vêm a transformar-se nos Serviços de Apoio a Dificuldades de

Aprendizagem- SADAS, que eram também, administrativamente, geridos pelo gabinete chefiado

pela Dra Elizete Alves ( Dr. Sérgio Niza- entrevista ns 6- 2000 ). As Unidades de Orientação

Educativa vêm, posteriormente, a integrar-se nas EEES. Estes movimentos têm ligação com o

movimento pedagógico da Escola Moderna e nas palavras do Dr. Sérgio Niza ( entrevista nQ 6-

2000) “ afirmam-se como uma ruptura com o modelo e a tradição do IAACF”.

Devemos ainda referir a Conferência Mundial sobre a Educação para Todos, realizada em

Jomtien, Tailândia, em 1990. Nessa Conferência participaram vários paises, que assinaram uma

declaração, onde se propunham estabelecer programas de resposta às necessidades educativas

fundamentais, garantindo uma educação básica para todos os cidadãos, ( S. Niza, 1996), ou

seja, é aqui enunciado o princípio da Escola para Todos.

Em 1994 realiza-se em Salamanca, a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas

Especiais. Nesta conferência participaram 92 países, entre os quais Portugal. Na Declaração de

Salamanca, resultante desta Conferência são estabelecidos os fundamentos da Escola Inclusiva.

Dessa declaração constam os seguintes princípios: “ As crianças e jovens com

necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares que se lhes devem

adequar, através de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro das suas

necessidades ( S. Niza, 1996).

Posteriormente é dinamizado em Portugal o projecto das Escolas Inclusivas que tem o

apoio da UNESCO.

Nos finais da década de 90, as Equipas de Educação Especial são substituídas pelas

Equipas de Coordenação dos Apoios Educativos que funcionam como suporte técnico- científico

do trabalho pedagógico dos professores de apoio educativo.

Este quadro pretende corresponder aos princípios da Escola Inclusiva mas, como

sabemos, é inexequível a inclusão de todos os alunos na classe regular.

Torna-se inevitável a existência de outras soluções para as crianças com problemas mais

complexos. É esta a opinião unânime de todos os técnicos que entrevistámos.

Pensamos que todas estas alterações correspondem a um contínuo evolutivo, em que as

condições do sistema vão sendo modificadas de acordo com as influências científicas e

pedagógicas, dando origem, a novas respostas educativas. Todas as etapas percorridas foram

passos importantes. Todas tiveram o seu papel determinante no contexto histórico em que

ocorreram.

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Não sabemos o que o futuro nos vai ainda apresentar, mas esperamos que estes alunos

tenham mais e melhores oportunidades para atingirem não só o sucesso educativo, também a

sua integração na sociedade e no mundo do trabalho.

4. A EMERGÊNCIA DE ESTRUTURAS DIFERENCIADAS NAS DÉCADAS DE 60 E 70

Cercis e Associações de Pais, COOMP e Serviços de Saúde Mental Infantil

Assistimos nestas décadas a uma mudança na Educação Especial, em Portugal, com o

surgimento do movimento associativo, de novos Serviços de Saúde e de Assistência Social, que

vão contribuir para os primeiros esboços do movimento de integração das crianças com NEES

na Escola Pública

Neste contexto, surgem as Associações de Pais das quais destacamos a APPACDM e,

numa fase posterior, as CERCIS que, em muitos casos, foram estruturas criadas a partir de

associações de pais. A Segurança Social começa também a praticar respostas diferenciadas.

Surge o COOMP com uma equipa dirigida pelo Professor Bairrão Ruivo. No campo da saúde

mental infantil, o Dr. João dos Santos implementou um novo modelo de clínica de observação e

acompanhamento de crianças com problemas de integração social.

O Dr. João dos Santos teve um percurso profissional diversificado: colaborou com o Prof.

Vítor Fontes no IAACF, nos anos 40, mas considerava esse sen/iço centralizador e

psiquiatrizante no que respeitava à observação/ diagnóstico, tratamento e reeducação das

crianças e adolescentes que manifestassem anomalias psíquicas ( P. T. Duarte e outros, 1994).

Trabalhou no Hospital Júlio de Matos. Mais tarde foi para Paris, onde estagiou com Henri

Wallon.

Em Portugal, após a sua estadia em Paris, propôs a criação de escolas de regime externo

e de um dispensário. Este dispensário inseria-se no modelo de uma clínica de hospital

psiquiátrico e funcionava como serviço de saúde mental infantil. Os casos eram apresentados

aos diversos técnicos em seminário de observação de doentes, seguindo-se a supervisão em

grupo. Este serviço veio a dispor de um externato médico- pedagógico- a Casa da Praia.

O Dr. João dos Santos defendia que as crianças não podiam ser classificadas como

anormais, mas insuficientes, deficientes ou perturbadas. Nesta perspectiva a higiene mental

está ligada à escola e devia promover as condições favoráveis ao saudável crescimento infantil.

Este modelo inseria-se nos modelos dos centros de orientação psicológica, serviços especiais

destinados ao tratamento ambulatório de crianças com problemas neuróticos, problemas de

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comportamento e dificuldades escolares. Estes serviços deviam colaborar com os médicos-

psiquiatras, psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. Surge assim o conceito de

Pedagogia terapêutica que se assumia contra a acção educativa baseada nos diagnósticos

nosológicos, psiquiátricos e psicológicos estáticos. Os professores tinham de aprender a

observar e a compensar as crianças nas suas dificuldades.

A par do Centro de Saúde Mental Infantil, dirigido pelo Dr. João dos Santos, é organizado

outro dispensário no Hospital D. Estefânia, sob a responsabilidade do Dr Scheneeberger de

Ataíde. No Hospital Júlio de Matos surge a Escola dos Cedros dirigida pela Dra Margarida

Mendo.

Outro sector, a referir, é a emergência das associações de pais e das Cercis. Em 1962

surgiu a APPAÇDM- Associação Portuguesa de Pais e Amigos de Crianças Mongolóides- à qual

esteve ligada a.Dra Alice Tavares, médica do IAACF. A Liga Portuguesa de Deficientes Motores

surgiu em 1956. Posteriormente foi fundada, em 1971, a Associação Portuguesa para Protecção

às Crianças A u tis tas .

As Cercis- Centros de Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas, são cooperativas

que aparecem na segunda metade dos anos setenta, procurando dar uma resposta local aos

problemas das crianças deficientes mentais não integradas na Escola.

Até ao ano de 1995 o movimento Cerci corita com 46 instituições que, directa ou

indirectamente, prestam atendimento a cerca’ de 5000 pessoas com deficiência mental -ou

multideficência ( Dossier Educação Especial- 1995). A valência das Cercis com mais peso

institucional é a de Escola de Educação Especial, para a qual são autorizados destacamentos de

professores e educadores de infância, com o rácio aproximado de 1 para 5 crianças.

Muitas Cercis dispõem da valência da Formação Profissional que, em anos mais recentes,

tem o apoio do Fundo Social Europeu, sob a forma de oficinas protegidas ou na colocação em

estágio, na comunidade, dos jovens com competências sócio- profissionais.

Outra valência importante é o CAO- Centro de Actividade Ocupacional, no qual estão

inseridos jovens e adultos, a partir dos 16 anos, casos considerados mais complexos e que

apresentam maiores dificuldades no acesso à formação profissional. Aí desempenham tarefas

socialmente úteis ou de carácter estritamente ocupacional.

As Cercis deram resposta a muitas crianças e jovens que até à sua criação, em zonas fora

dos centros urbanos estavam em casa, onde permaneciam sem qualquer tipo de assistência

educacional, sobretudo nas zonas rurais.

Na Segurança Social surgiu, em 1967, o COOMP- Centro de Observação Médico-

Pedagógico, ligado ao Instituto de Assistência aos Menores da Direcção Geral de Saúde e

Assistência. O objectivo deste Centro era fazer a observação, a triagem e o acompanhamento

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das crianças que estavam sob a alçada do Ministério do Interior e que recorriam aos seus

serviços. ( Sérgio Niza, entrevista na 6- 2000).

Este Centro foi dirigido pelo Prof. Joaquim Bairrão Ruivo que procurou criar um serviço,

inspirado no modelo Centre Medico- Pédagogique de França, onde tinha estagiado. Nas

palavras do Prof. Bairrào Ruivo ( entrevista n2 4 - 2000) “ era uma instituição que, no nosso País,

não tinha antecedentes na Assistência Social. Tratava-se de um Centro Médico- Pedagógico

que, apesar de não ser um estabelecimento educativo, dispunha de salas de apoio frequentadas

por crianças “ . Era um modelo interdisciplinar integrado, o que implicava a ligação entre

diferentes Ministérios. Pretendeu acabar com as classificações das crianças com problemas de

comportamento e contribuiu para a sua Integração na escola regular. Este professor afirma,

ainda, que procurou adaptar os modelos saxónico e francês, ligando as questões da Psicologia

do Desenvolvimento às questões da Educação.

Este serviço veio posteriormente a assumir as designações de DSOIP_ Direcção de

Serviços de Orientação Infantil e mais tarde CEACF- Centro de Estudos de Apoio à Criança e à

Família. Integrado neste organismo surgirá o centro de Educação Terapêutica de A-da- Beja

com uma equipa de técnicos coordenada pelo Dr. Sérgio Niza. Esta equipa promoveu diversas

acções de formação contínua e reciclagem de professores e educadores que, já tivessem

exercido funções docentes nas classes especiais, com o objectivo de exercerem funções de

apoio.

Nesta parte do nosso trabalho, analisámos as diversas instituições portuguesas, surgidas

nas décadas de 60 e 70, que assumiram uma dinâmica diferente da do IAACF. Note-se que

falamos de instituições dependentes dos Ministérios da Saúde e da Assistência Social e ainda

outras que tiveram a sua origem em iniciativas da sociedade civil. Isto leva-nos à conclusão que,

* só muito tardiamente, o Ministério da Educação assumiu a responsabilidade dos problemas

educativos de quem nasce diferente. A Saúde Mental passou a estar incluída nos serviços dos

Hospitais. A Segurança Social assume ainda hoje um papel relevante na prestação de apoios

familiares e subsídios aos portadores de deficiência. As Cercis continuam a desenvolver o seu

trabalho, muitas delas com projectos válidos interessantes. Continua, no entanto, a existir uma

certa desagregação de serviços e dispersão de responsabilidades entre Ministérios, assim como

uma falta de coordenação entre as diversas Instituições.

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5. O PAPEL DO PROFESSOR ESPECIALIZADO DE PROFESSOR DE CLASSE ESPECIAL A PROFESSOR DE APOIO EDUCATIVO

Nesta secção do nosso trabalho apresentámos uma evolução dos conceitos relativos a x

crianças com deficiências e/ ou dificuldades de aprendizagem, da legislação aplicada nas

últimas décadas em Portugal e das implicações decorrentes da assinatura pelo Estado

Português da Declaração de Salamanca.

Referimos igualmente as diferentes instituições que foram surgindo, não directamente

criadas pelo Ministério da Educação e que, nalguns casos, se mantêm ainda hoje em

funcionamento. Falta ainda referirmos os diversos papéis que foram assumidos pelos

professores especializados ou pelos que, sem formação específica, assumiram funções na

Educação Especial a partir dos finais dos anos 60, inícios dos anos 70.

Referimos, na secção anterior, os modelos de formação de professores que decorreram no

IAACF visando a sua especialização para o trabalho pedagógico com crianças anormais/

inadaptadas, sendo essas funções docentes exercidas quer em classes especiais quer em

Colégios de Reeducação.

Numa etapa posterior, os modelos de formação de professores evoluíram no Instituto.

Surgem então os cursos de especialização de professores para crianças com dificuldades de

aprendizagem. Cursos estes que decorreram nos anos lectivos de 1976/79 e onde foram

formados 25 professores.

Outro modelo foram os cursos de formação de professores para crianças com

Funcionamento Intelectual Deficitário, realizados nos anos lectivos de 1979/82, 1981/84 e de

1982/85, tendo sido formados 96 professores para exercício de funções de apoio em EEES ou

nas classes de apoio. Qestaque-se que estes cursos tinham um tronco comum, mas os

professores saíam especializados em deficiência intelectual, em deficiência auditiva, em

deficiência visual ou em deficiência motora. Estes cursos tinham a duração de três anos lectivos,

o que corresponde ao período de permanência no Instituto do Prof. Albano Estrela.

Segundo Isabel Lopes da Silva ( entrevista ns 3, 2000), o IAACF começa a assumir a

orientação pedagógica das classes de apoio, na continuidade do apoio técnico às classes

especiais.

A Direcção Geral do Ensino Básico através da Divisão de Ensino Especial, orientada já

numa perspectiva de integração, promoveu também cursos de especialização de professores de

apoio ao ensino de crianças deficientes visuais, auditivas e motoras ( I. Sanches. 1995).

Segundo dados do documento já referido ( I. Sim- Sim, 1986), foram formados 57 professores,

sendo 14 na área da deficiência auditiva, 23 na deficiência visual e 20 na deficiência motora.

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A Direcção Geral do Ensino Secundário promoveu também um curso de especialização na

área da deficiência visual, onde foram formados 18 professores. ( idem- documento de 1986).

Mas surgiram, em Portugal, outras estruturas fora do Ministério da Educação. íniciaram-se

assim, experiências de formação de professores que vêm a assumir um certo relevo. Serviram

de suporte às primeiras práticas integradoras em Portugal, estamos a referir-nos aos serviços

da Segurança Social, nomeadamente ao CEFAPE- Centro de Formação do Pessoal da

Segurança Social.

Este serviço promoveu cursos de especialização de professores de crianças deficientes

visuais e auditivas, entre 1966 e 1975 ( I. Sanches, 1995). Foram formados pela Direcção Geral

de Assistência 191 professores ( idem, documento, 1986). Os primeiros cursos decorreram nos

anos lectivos de 1966/67 e 1967/68 e tiveram a designação de Curso de Especialização para

Professores e Educadores de Crianças Deficientes Auditivas e Visuais.

A Casa Pia de Lisboa promoveu cursos de especialização de professores para o ensino de

surdos- mudos, direccionados para a recuperação de crianças surdas e deficientes da fala. ( I.

Sanches- 1995).

Seguiu-se, em 1961, o curso de especialização de professores para o ensino de surdos e

outros deficientes da audição e da fala, que funcionou no Instituto Jacob Rodrigues Pereira.

Sucede-lhe o Curso de Especialização para Professores e Educadores de Crianças Deficientes

Auditivas com a duração de dois anos. Nesta instituição especializaram-se 56 professores

( idem, documento de 1986). Entre os anos de 1952 a 1984 foram apenas realizados quatro

cursòs.

Para além desta panóplia de cursos de especialização, surgiu a necessidade de reciclar os

professores em exercício nas classes especiais. Em A- da- Beja promove-se a formação

contínua-.dos professores de apoio a dificuldades de aprendizagem, numa ligação às correntes

do Movimento da Escola Moderna ( Sérgio Niza- entrevista n® 6- 2000).

Com a organização do Ensino Politécnico, a especialização de professores, em diversas

áreas, passou a ser da responsabilidade das Escolas Superiores de Educação. Numa primeira

fase só em Lisboa e Porto.

A Prof. Inês Sim-Sim foi nomeada para promover a transição entre o IAACF e a ESE no que

respeitava à formação de professores. É só nesta fase que o Ministério da Educação assume de

corpo inteiro a especialização de professores para crianças com dificuldades de aprendizagem /

problemas de cognição, deficiências sensoriais ou motoras. Os formadores do IAACF foram

contactados no sentido de darem continuidade ao trabalho realizado naquele Instituto e

ingressarem como formadores na ESE de Lisboa.

Os processos de transição não são fáceis. Foi o que aconteceu no IAACF, dado que a

determinada altura coexistiram os cursos de formação da responsabilidade deste Instituto e foi

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iniciado o primeiro curso da ESE, no mesmo edíficio. O objectivo era a formação de professores

de apoio para integrarem as EEES posteriormente vêm a exercer funções de apoio educativo

nas Escolas ou funções de retaguarda técnica.

E do senso comum que uma criança com deficiência visual ou auditiva necessita de um

professor especializado nesta área, na sua escola. Quando falamos de crianças com

dificuldades de aprendizagem, o problema poderá ser resolvido doutra forma. As crianças e

jovens com problemas motores, em regra, só necessitam de condições adaptadas nas salas de

aula e nos edifícios. Quando as suas limitações são maiores, a Escola tem ao seu ao dispor as

novas tecnologias que facilitam o processo ensino- aprendizagem.

O problema agudiza-se, quando nos referimos a crianças autistas ou multideficientes, essas

raramente reunem condições para serem integradas com sucesso na Escola Regular e

permanecem em Escolas de Ensino Especial ou colégios, onde devem usufruir do' necessário

apoio especializado e dos apoios estatais a que têm direito.

O projecto das Escolas Inclusivas, divulgado em Portugal pelo IIE- Instituto de Inovação

Educacional, com o empenhamento da Dra Ana Maria Bénard da Costa e de outros técnicos,

pretende contribuir para mudar as práticas e adaptar o currículo de acordo com a problemática

da criança. A escola deve mudar a “ cultura de escola" e deve promover a inter- ajuda de

professores e mudar as estratégias ( A.M.B.C.- entrevista n ^ , 2000). A Escola Inclusiva

pressupõe a existência de especialistas: psicólogo e professor especialista.

Em síntese, os modelos de formação de professores evoluíram. Como vimos há, a certa

altura, um leque variadíssimo de Instituições dependentes de diversos Ministérios que deram o

seu contributo neste campo. Podemos identificar as funções dos professores especializados, ou

que assumem esse cargo nas seguintes designações: PROFESSOR DE CLASSE ESPECIAL/

PROFESSOR DE CLASSE DE APOIO/ PROFESSOR DE APOIO EDUCATIVO.

No entanto, não deixamos de salientar que ainda subsistem lacunas no sistema, visto que

para as necessidades actuais há ainda falta de professores especializados. Não têm sido

fornecidas aos professores de ensino regular, as ferramentas necessárias para um bom

desempenho docente junto de crianças com NEES. As boas práticas têm de se enraizar numa

formação adequada às tarefas a desempenhar.

Podemos afirmar que, no nosso País, há ainda um caminho a percorrer para atingir

plenamente estes objectivos.

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SECÇÃO V: CONCLUSÃO

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CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objectivo primordial contribuir para o estudo do Instituto António

Aurélio da Costa Ferreira, enquadrando esta Instituição na evolução do Ensino Especial no

nosso País. Trata-se de um sector pouco estudado e sobre o qual ainda não foi realizada uma

avaliação sistematizada.

Seguimos uma evolução diacrónica, partindo duma breve referência sobre a forma como

eram vistos os deficientes em épocas anteriores, passando pelas abordagens científicas dos

secs XVIII e XIX, pela médico- pedagogia emergente no século XX, até às formas actuais.

Foram referidas na dissertação as diversas modalidades que ocorreram em Portugal até ao

surgimento do IAACF. Destacamos o trabalho do Prof. António Aurélio da Costa Ferreira, que fez

um' percurso notável a nível nacional nesta área. Foi com ele que assistimos ao surgimento do

Instituto Médico- Pedagógico da Casa Pia de Lisboa e da Colónia Agrícola de S. Bernardino.

Destacamos também o contributo de António Sérgio que, enquanto ministro da Instrução

Pública, nomeou uma comissão que procedeu a um estudo rigoroso sobre as necessidades do

País no ensino de crianças anormais.

Não podemos também deixar de referir a visão pedagógica de Palyart Pinto Ferreira sobre o

ensino de crianças anormais, que considerava dever revestir-se de características inovadoras.

Este ensino devia ser essencialmente ligado aos Trabalhos Manuais e englobava experiências

pedagógicas como visitas de estudo, o que era inovador para a época.

Assinalámos também o contributo dos bolseiros portugueses que se deslocaram ao

estrangeiro para observarem o ensino das crianças anormais, o funcionamento das classes

especiais e os modelos de formação de professores aí praticados.

O objecto central deste estudo foi, no entanto, o funcionamento e o papel do IAACF em

Portugal. Sentimos claramente que o Instituto assumiu um lugar de destaque na Médico-

Pedagogia; na Educação e Assistência a crianças com problemas de aprendizagem e

inadaptação escolar. Isto deve-se ao facto de ter tido à sua frente uma personalidade de cariz

científico; o Prof. Vítor Fontes, apoiado por uma equipa de técnicos especializados. Como

sabemos o Prof. Vítor Fontes exercia o cargo de professor de Anatomia, pelo que é de realçar a

sua notável vocação para lidar com a problemática das crianças ditas “anormais", tão diferente

da sua prática docente universitária.

Todo o sistema legislativo que estudámos mostra-nos que foi aplicado duma forma modelar

no IAACF. Todas as funções estavam claramente definidas e ao funcionarem em consonância,

davam uma resposta de qualidade a esta problemática. Mas, na medida em que era um

estabelecimento único, sediado em Lisboa e as famílias com crianças com problemas existiam

em todo o País, dava uma resposta exígua às suas necessidades.

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Estudámos uma estrutura que, em simultâneo, assumia e desempenhava múltiplas funções:

a) Centro de observação clínica e pedagógica;

b) Escola de formação de professores para o Ensino Especial;

c) Orientação das classes especiais do Ensino Primário e dos Colégios de Reeducação;

d) Centro de Estudos e Investigação na área da Psiquiatria Infantil, Médico- Pedagogia

e Neurologia.

Sobre as funções citadas, lembremos que, como Centro de Observação Clínica e

Pedagógica, foi durante 20 anos o único Dispensário de Higiene Mental Infantil no País, tendo

assim uma função claramente clínica.

Como Escola de formação especializada de professores, em Portugal, foi o único centro

formador nesta área, até aòs anos 60, época em surgiram novas experiências formativas,

dinamizadas pela Segurança Social- CEFAPE e Casa Pia de Lisboa.

No que se refere ao acompanhamento das classes especiais, o IAACF tinha ainda a seu

cargo o apoio aos alunos das classes especiais, além do fornecimento do material adequado à

prática pedagógico- didáctica.

A última função, mas não a menos importante, era a do Instituto funcionar também como

centro de investigação nas áreas da Psiquiatria Infantil, da Médico- Pedagogia e da Neurologia.

Neste campo acompanhava os movimentos científicos internacionais e dinamizou verdadeiras

experiências de intercâmbio com Instituições estrangeiras.

Nesta área destacou-se a publicação da revista já referida: "A Criança Portuguesa ", que

durante 20 anos publicou artigos e estudos nesta área. Esta revista, destinada a um público

relativamente restrito, foi notável não só pelos conteúdos mas também pela sua longevidade. Na

verdade, não é usual uma publicação periódica especializada assumir esta dinâmica, num

espaço de tempo tão prolongado e com a qualidade e o volume de trabalho apresentado.

A visão de Vítor Fontes, os modelos nos quais se inspirou, o ser médico de formação, tudo

isso contribuiu para a instituição que estudámos ter abarcado tantas valências. Temos também

de concluir que a sua obra não foi parcialmente acabada, dado que os recursos pelos quais lutou

nunca lhe foram atribuídos. A estrutura ficou sempre coçn algumas lacunas. As crianças eram

observadas, era-lhes feito o diagnóstico e indicado o encaminhamento pedagógico. Mas, na

maioria dos casos, não existiam respostas, dado que nem havia classes especiais em número

suficiente para as integrar, nem colégios de reeducação.

Foi contra este estado de coisas que o Prof. Vítor Fontes se insurgiu. Em vários escritos,

intervenções públicas e artigos publicados, avalia o contributo do IAACF na solução destes

problemas. Salienta, contudo, que era urgente criar outras instituições que complementassem o

trabalho desenvolvido pelo IAACF. Era necessário recorrer ao Patronato para, através do

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emprego, se concretizar a integração sócio- profissional dos jovens, para que não viessem a

constituir um peso morto na sociedade.

Quando o Prof. Vítor Fontes atingiu o limite de idade e foi jubilado, sucedeu-lhe a Dra M.

Irene Leite da Costa. Sob a a direcção desta professora assistimos a uma redução das funções

do IAACF: legalmente, deixa de ser considerado o Dispensário de Higiene Mental Infantil do

País.

O modelo na formação de professores é também alterado, embora o curso continue a

manter algumas características anteriores. O curso passa a ser designado por “Curso de

Especialização de Professores de Crianças Inadaptadas”. Ò termo “ anormais” é substituído p o r "

inadaptadas o que vai de encontro às novas concepções da época. Deixa também de ser

publicada a revista A Criança Portuguesa e o. Instituto começa a ficar mais isolado no contexto

internacional.

A Dra M. Irene Leite da Costa, enquanto deputada na Assembleia Nacional, fez duas

intervenções importantes para alertar o Estado sobre os problemas da educação / assistência às

crianças inadaptadas.

Estes problemas vêm a encontrar resposta do Ministério da Educação com a reforma do

Prof. Veiga Simão e com a criação da Divisão do Ensino Especial, em 1973, na Direcção Geral

do Ensino Básico e na Direcção Geral do Ensino Secündário.

Note-se que o IAACF esteve sempre inserido na Direcção Geral do Ensino Superior, o ;que

trouxe problemas ao seu funcionamento. O estatuto dos professores adjuntos e dos professores

das classes de observação do Instituto não estava claramente definido e o seu enquadramento

nessa Direcção Geral nem sempre foi pacífico.

Os anos 70 corresponderam a uma etapa enriquecedora no Ensino Especial, embora com

algumas ambiguidades. Houve vários Ministérios com ligações a este sector da Educação:

Saúde, Assistência, Interior além da Casa Pia de Lisboa. Por outro lado, as mudanças

conducentes à organização das classes de apoio obrigaram à formação de professores em larga

escala. Surgiram assim diversos modelos de especialização de professores, sob a alçada de

diversos Ministérios e Instituições.

No Ministério da Educação são criadas as DEES, as UOES e as EEES. Surgem ainda por

iniciativa da sociedade civil as CERCIS e as Associações de Pais. Todas elas com papéis nem

sempre bem definidos e com falta de interligação.

Além das Instituições já citadas coexistem nesta altura outros modelos tais como: as classes

especiais, os Colégios de Reeducação, as classes de apoio e as Escolas Especiais.

Podemos ainda falar do apoio integrado, sobretudo a crianças e jovens com deficiências

sensoriais; por outro lado, houve a emergência de experiências formativas importantes como A-

da- Beja e o COOMP na Segurança Social.

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Na Saúde Mental destacam-se as clínicas que funcionaram no Hospital Júlio de Matos, no

Hospital D. Estefânia, a Clínica da Encarnação e o trabalho do Centro de Saúde Mental Infantil e

Juvenil de Lisboa, todos sediados em Lisboa.

A especialização de professores passa a estar integrada no Ensino Politécnico. Em nossa

opinião, a Escola Superior de Educação de Lisboa é a herdeira da qualidade do trabalho

pedagógico realizado no IAACF. Muitos professores deste Instituto transitaram para a ESEL

onde continuam em exercício de funções. Queremos ainda referir o contributo da Dra Inês Sim-

Sim que fez a transição entre o IAACF e a ESE de Lisboa.

O nosso estudo termina com a perspectiva actual de “ Escola Inclusiva apoiada pela

UNESCO que dinamizou a formação inicial de professores para este Projecto. Este projecto tem

um rosto em Portugal: o da Dra Ana Maria Bénard da Costa e o apoio institucional do I.I.E.

Não era nosso objectivo fazer qualquer juízo de valor sobre os diversos modelos

educacionais apresentados. Podemos, no entanto, concluir que estudámos sobretudo um

modelo segregador ao separar das outras as crianças com deficiência. No entanto, os

testemunhos que recolhemos permitem-nos afirmar que o trabalho docente desenvolvido com

estas crianças era deveras inovador e com características pedagógicas muito interessantes.

Basta relembrar que nas classes especiais não era utilizado o livro único e que havia

permanente recurso à leitura, à escrita e ao cálculo de forma funcional.

Quando efectuámos o projecto de investigação para este trabalho, o que nos começou por

motivar foi a percepção da falta de recursos na Educação Especial em Portugal, sobretudo

recursos humanos.

Muitos dos professores que exercem funções de apoio educativo, não têm ainda a

necessária formação especializada. Esta questão continua a ser pertinente, porque a construção

de uma Escola para todos implica dispor de recursos adequados.

A Inclusão, conceito que vai para além do de Integração, obriga à existência de uma

resposta de qualidade aos jovens e crianças com NEES. Não podemos falar de Inclusão quando

esta só se passa ao nível da presença física na sala de aula ou no pátio do recreio.

Provavelmente, também urge incluir na formação de base dos professores de todos os graus de

ensino, metodologias que têm sido unicamente integradas nos cursos de especialização.

Perante a heterogeneidade na sala de aula, é indispensável dominar os conceitos e as

estratégias da Pedagogia Diferenciada. Não chega só a boa vontade e empenho dos

professores, para lidar com este universo multifacetado.

Um trabalho de História da Educação só faz sentido, quando traz o gosto pela descoberta e

nos leva a reflectir sobre as diversas questões que se foram levantando ao longo do percurso.

Foi o que aconteceu com esta dissertação que nos obrigou a vencer várias dificuldades.

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Foi um trabalho apaixonante, o de reunir todos os elementos que nos deram a conhecer a

dimensão do contributo que o IAACF trouxe para as Ciências da Educação no campo da

Educação Especial, no nosso País.

Tivémos ainda a oportunidade de verificar que todo este legado se encontra no I.I.E., a

funcionar nas instalações do IAACF, ponto de partida e chegada deste nosso trabalho. Não é por

acaso que este Instituto de Inovação Educacional perpetua o nome de António Aurélio da Costa

Ferreira, na sua designação completa.

Ao concluir este trabalho cremos ter conseguido salvar a memória do passado para servir o

presente e o futuro, conforme o pensamento de Jacques le Goff transcrito no início desta

dissertação.

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

INDICE

SECÇÃO I: INTRODUÇÃO.................................................................................... 31. RESUMO..................................................................................................................... 42. ABSTRACT- SUMMARY............................................... 53. LISTA DE SIGLAS..................................................... 64. AGRADECIMENTOS............................................... 75. PREFÁCIO.............................................................................................................. 96. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 107. JUSTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO....................................................13

SECÇÃO II : OS PRIMÓRDIOS DO ENSINO ESPECIAL EM PORTUGAL..................................150. PLANIFICAÇÃO DA SECÇÃO.................................................................................................... 161. PERSPECTIVA HISTÓRICA SOBRE OS MOVIMENTOS INTERNACIONAIS NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA.......................................................... 172. SITUAÇÃO EM PORTUGAL...................................................................................................... 19O Instituto de Surdos-Mudos e cegos............................................................................................ 19As primeiras formas de assistência a crianças anormais a Portugal.......................................19O papel percursor de Anicet Fusillier............................................................................... 193. PROPOSTA DE LEI DA REFORMA DA EDUCAÇÃO- 1923............................... " '" '* .2 0Reforma Camoesas.......................................................................................................................... 204. BASES PARA UMA ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA A MENORES FÍSICA E MENTALMENTE ANORMAIS.....................................................................................215. A ESCALA DE PONTOS ADAPTADA POR LUIZA E ANTÓNIO SÉRGIO....................... 22Aplicação da Psicometria às crianças portuguesas........................................................ 226. O CONTRIBUTO DE ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA........................ 247. OS MODELOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES..........................................................26Experiências na Escola Normal Primária de Lisboa e no Instituto Médico- Pedagógico de Santa Isabel........................................................................................................................... 278. O CONTRIBUTO DE FERNANDO PALYART PINTO FERREIRA E DOS BOLSEIROS PORTUGUESES: CRUZ FILIPE E JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS....................................... 28

SECÇÃO III: O INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA NAS DÉCADAS DE 1940 A 1960......................................................................................................... 31

0 .-PLANIFICAÇÃO DA SECÇÃO........................... ................ 321. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................332. ENQUADRAMENTO LEGAL DO INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA........................;.................................................................................................................343. HISTORIAL DO EDIFÍCIO DO INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA............................................................................................................................................................. 354. AS FUNÇÕES DO INSTITUTO ANTÓNIO AURÉLIO DA COSTA FERREIRA/ SUA DINÂMICA PEDAGÓGICA............................................................................................................ 385. INSTITUIÇÕES PARA ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL E A DELINQUENTES............................................................................................................................. 696. MODELOS PEDAGÓGICOS NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIAM ENTAL............................................................................................................................................74Classes especiais, Classes de observação no IAACF.............................................................. 747. SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL INFANTIL- O NASCIMENTO DA PEDO-PSIQUIATRIA............................................................................................................................................................. 898. AS VICISSITUDES DA DIRECÇÃO DO IAACF NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇASDEFICIENTES EM PORTUGAL....................................................................................................91O contributo de Vitor Fontes.......................................................................................................... 91

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SECÇÃO IV: DO MODELO MÉDICO- PEDAGÓGICO AO MODELO INTEGRADOR NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS INADAPTADAS: O PERCURSO DA CLASSE ESPECIAL ÀESCOLA INCLUSIVA............................................................................................................ 102

0. PLANIFICAÇÃO DA SECÇÃO............................................................................. 1031. A EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS EDUCACIONAIS-E SUA IMPLICAÇÃO NOSMODELOS DE ATENDIMENTO...................................................................................................104Crianças anormais; Crianças inadaptadas; Crianças deficientes Crianças com Necessidades Educativas Especiais............................................................................ 1042. A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO.................................................................. 1063. AS DIFERENTES FORMAS DE ATENDIMENTO/ EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM...................................................................................... 1104. A EMERGÊNCIA DE ESTRUTURAS DIFERENCIADAS NAS DÉCADAS DE 60 E 70 114 Cercis e Associações de Pais, COOMP e Serviços de Saúde Mental Infantil !......... 1145. O PAPEL DO PROFESSOR ESPECIALIZADO DE PROFESSOR DE CLASSE ESPECIAL A PROFESSOR DE APOIO EDUCATIVO............................... 117

SECÇÃO V: CONCLUSÃO....................................................... 120CONCLUSÃO.......................................................................... 121INDICE...................................................................................... 126BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................... 128FONTES/ DOCUMENTAÇÃO CONSULTADA EM ARQUIVO................................................155

SECÇÃO VI: AN EX O S.......................................................................................................................... 165

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Curriculum vitae de Maria Irene Leite da C o sta -1956.

Curriculum vitae de Vítor Fontes.s.d. Livraria Ferin, Lisboa.

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Curso de preparação de professores do ensino especial de anormais- ano escolar de 1949/1950, serviço de exames.

Curso de vigilantes de estabelecimentos de educação- disciplinas e programa geral.

Decreto n2 16825/ 29 Regulamento do I.A.A.C.F..

Decreto n2 16662/29, Março I.A.A.C.F.

Decreto n2 17974/30, Fevereiro- Regulamento de cursos do I.A.A.C.F.

Decreto n2 18375/30- Formação do Instituto Navarro de Paiva.

Decreto n2 41701/56 e 40703/56- Reestruturação do Instituto Navarro de Paiva.

Decreto n2 43607/61- Reestruturação do Instituto Navarro de Paiva.

Decreto n2 22339/30, Julho- Cursos do I.A.A.C.F.

Decreto n2 25637/35, Junho I.A.A.C.F.,

Decreto n2 31801/41 Dezembro- Organização do I.A.A.C.F.

Decreto n2 32611 - Orçamento do I.A.A.C.F.

Decreto n2 35401/45, Dezembro.

Decreto n9 35801/46 13 de Agosto - Classes Especiais.

Decreto n2 45832/64 - Reestruturação do I.A.A.C.F.

Delinquência juvenil, s. ref.

Despacho da Direcção Geral do Ensino Básico- 19/1/1974.

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Despacho da Direcção Geral do Ensino Secundário- 24/9/1974.

Despacho da Direcção Geral do Ensino Superior, 4 / 7 / 1975 sobre o I.A.A.C.F-

Discursos de Maria Irene Leite da Costa na Assembleia Nacional.

Documento- base para elaboração do diploma de reconversão do núcleo de formação de professores do I.A.A.C.F. no sector de Educação Especial da E.S.E. de Lisboa., elaborado pelo grupo de trabalho nomeado pelo despacho de 27/6/79, 15/11/1979.

A educação dos deficientes mentais em Internatos, tese do prof. dr. C. Steketee, Holanda, doc. policopiado.

A educação e a utilização dos surdos- mudos nalgumas das indústrias transmontanas.Ary dos Santos, Boletim do Instituto .Médico- Pedagógico da Casa Pia de Lisboa, ano II, nss 5 e 6, Junho a Setembro de 1922, Papelaria e Tipografia Casa Portuguesa, 1923, Lisboa.

L' enfant et la santé mentale, Vítor Fontes, Revue de Neuropsychiatrie et d' higyene mentale de I' enfance, quatorzième année, n8 6, Juin, 1966. pp. 419/426.

De I' examen mental quantitatif, R. Nyssen, Journal Belge de Neurologie et de Psychiatrie, n8 11, Novembre 1948, Extrait.

O Fácies psíquico e a curva das entradas na Escola, F. Palyart Pinto Ferreira, Sociedade de Estudos Pedagógicos, separata da Revista de Educação Geral e Técnica, Casa Portuguesa, 1917, Lisboa.

Factores de Insucesso Escolar, João dos Santos e Maria Borges, Separata do nB1, 4® série do Boletim do Instituto de Orientação Profissional. Lisboa 1955.

Higiene Mental da Infância, A. Fernandes da Fonseca, s. outras referências.

Higiene Mental Infantil, Vítor Fontes, O Médico, n8 19.

Informação/ relatório enviado ao Instituto de Assistência Pisquiátrica, Direcção Geral de Assistência pelo I.A.A.C.F. ( 1963).

Informação enviada ao Ministério da Saúde e Assistência/ Gabinete do Ministro- s.d.

Inspecção de entrada de menores para os serviços docentes da Assistência Pública- ficha de observação.

Instituto de António Aurélio da Costa Ferreira, ficha de observação.

Instituto Médico- Pedagógico " Condessa de Rilvas", 1936, Papelaria Guerra, Lisboa.

L' institut d1 Orientation professionnelle Maria Luisa Barbosa de Carvalho, Congrès Internationale de la Protéction de r enfance, Octobre 1931, Lisbonne, Tipografia do Reformatório Central de Lisboa, Padre António de Oliveira, Caxias.

Instrucção e política em Portugal, António Aurélio da Costa Ferreira, extraído da Alma Nacional, 1® série, nc 9, Lisboa.

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Investigação científica, Maria Irene Leite da Costa, s. outras referências.

1® lição do curso de aperfeiçoamento para professores de anormais: O anormal: definição, classificação e etiologia, Separata n2 1 de " A Criança Anormal". 1930, Imprensa Libânio da

<« Silva, Lisboa.

2® Lição do curso de aperfeiçoamento para professores de anormais, tema: diagnóstico da anormalidade, Vítor Fontes- 20/1.1/1930 no I.A.A.C.F:- publicada na revista ", A criança anormal", 12 ano, n21, Imprensa Libânio da Silva, Lisboa, Fevereiro de 1930.

5fl 1'Ção do curso de aperfeiçoamento para professores de anormais, tema: As glândulas de secreção interna e o crescimento, Vítor Fontes, 20/3/ 1930 no I.A.A.C.F.- publicada na revista " A criança anormal", 12 ano, n2 2, Março de 1930. Imprensa Lucas, Lisboa.

6® lição do curso de aperfeiçoamento para professores de anormais, tema: A linguagem, sua evolução, vícios de linguagem, a linguagem nos anormais, atitude do professor perante os vícios de linguagem, Vítor Fontes, 10/4/1930, I.A.A.C.F., publicada na revista " A criança anormal", 12 ano, n2 3, Abril de 1930, Imprensa Lucas, Lisboa.

Lições- modelo para o segundo turno de estagiários.

Lista de formandos, ano escolar de 1949/1951 do I.A.A.C.F.

Lista de pessoal técnico do I.A.A.C.F:- 25/11/1947.

Lista numérica de professores habilitados com o curso de preparação de professores do ensino de anormais, de 1942/43 a 1979/82.

Menores atrasados e delinquentes. Depoimento de Vítor Fontes, Jornal República, 18 de Agosto de 1957.

Mongoloidismo, Mário Taborda, separata dos Anais Azevedos, vol. X. n2s 4 e 5, p. 181, 1958, Sociedade Industrial Farmacêutica, Laboratórios Azevedos, Lisboa.

Monografia da Colónia Correcional de S. Bernardino, Serviços Jurisdicionais e Tutelares de Menores, Ministério da Justiça e dos Cultos, Tipografia do Reformatório de Vila do Conde, 1931 Vila do Conde.

Monographie de I* Institut de Reeducation Mentale et Pédagogique, Faria de Vasconcelos, Xa session de r association internationale pour la protection de I' enfance. Imprensa Lucas' Lisboa, 1931.

Monografia do Instituto Médico- Pedagógico Condessa de Rilvas, s. autor e s.d.

Neurose e Psicopatia, Vítor Fontes, s. outras referências.

Notícia sobre os estudos do Dr. Aurélio da Costa Ferreira acerca da gaguez. Vítor Fontes, Boletim do Instituto Médico- Pedagógico da Casa Pia de Lisboa, Junho de 1923.

Ocupoterápia dos atardados, António Aurélio da Costa Ferreira, Boletim do Instituto Médico- Pedagógico da Casa Pia de Lisboa, Março de 1922, Lisboa.

Ofício dirigido ao director do Asilo Nuno Álvares, pelo director do I.A.A.C.F., s.d. perceptível.

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Ofício dirigido pelo director do I. A.A.C.F. ao Director Geral da Assistência- 27/12/1941.

Ofício dirigido ao Director Geral de Assistência, pelo director do I.A.A.C.F.- 27/3/1942.

Ofício dirigido ao Director Geral de Assistência, pelo director do I.A.A.C.F.- 7/12/1941.

Ofício dirigido ao director do Instituto de Assistência Psiquiátrica ( Hospital Júlio de Matos), pelo director do I.A.A.C.F.- 2/2/1959.

Ofício dirigido ao Ministro da Educação Nacional, pelo director do I.A .A .C .F.-19/10/1959.

Ofício do Ministério do Interior/ Direcção Geral de Assistência ao director do I.A.A.C.F., 4/11/1941.

Ofício do Ministério do Interior/ Direcção Geral de Assistência, ao director do I.A.A.C.F.- 4/11/1941.

Ofício dirigido ao Subsecretário de Assistência Social, pelo director do I.A.A.C.F.- funcionamento do Instituto Condessa de Rilvas, s .d ..

Orientação profissional dos anormais, Maria Irene Leite da Costa, separata do n9 7 do Boletim do Instituto de Orientação Profissional, Lisboa, 1946.

A nossa galeria, F. Palyart Pinto Ferreira, Boletim do Instituto Médico- Pedagógico da Casa Pia de Lisboa, Março de 1922. Lisboa.

A Pedopsiquiatria e a audiofonologia, Vítor Fontes, Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, tomo CXXVIII, Outubro/Novembro, 1964, ncs 8 e 9, Lisboa.

Percursos da Educação Especial em Portugal: uma meta análise qualitativa de artigos publicados em revistas não especializadas desde 1940, David Rodrigues, s/ ref.

Perspectiva histórica e conceptual da Educação Especial, in Conselho Nacional da Educação. Os alunos com Necessidades Educativas Especiais, subsídios para o sistema.de educação.Joaquim Bairrão Ruivo, pp. 15/31. •••

Plano de lição de Olinda Assis Pacheco.

Plano de uma semana de trabalho, 29 classe especial, 1949/1950.

Plano para uma semana lectiva na 3® classe especial de 13 a 17 de Fevereiro, ano lectivo de 1949/1950.

Point de vue médico-légal de la délinquance infantile et juvénile, Vítor Fontes, s. outras referências.

Portaria n9 441/86 de 13 de Agosto, Instituto Politécnico de Lisboa.

A primeira clínica psicopedagógica no norte do País, Celeste Malpique, separata do Jornal do Médico, XLVI ( 986), 899/903, Dezembro, 1961.

Processos sociais de alunos- em observação no I.A.A.C.F. ( 3 casos).

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Projecto de Arruda dos Vinhos, Experiência psico- pedagógica de intervenção social.Joaquim Bairrão Ruivo.

Projecto de organização dos serviços de Assistência às crianças anormais, Vítor Fontes, s.d.

Proposta para a reestruturação do Curso de Formação de Professores do Ensino Especial, do I.A.A.C.F., 28/9/1978.

Psychologie et analyse, Emile Planchard, Lisbonne, 1944.

Psicologia, curso do magistério de anormais, ano escolar de 1951/1952.

Psico- pedanálise, Vítor Fontes, conferência realizada na Sociedade de Geografia, 30/6/1926, promovida pelo núcleo de Professores Primários Oficiais de Lisboa. Imprensa Beleza, Lisboa.

La psychiatrie infantile au Portugal, Vítor Fontes, Acta Paedopsychiatrica,;1964, vol. 31, fase. 10. pp. 340/346.

Reestruturação do I.A.A.C.F., proposta para o Secretário de Estado di Ensino Superior, 17/7/1978.

Relatório da actividade de Aida Marçal Correia Nunes. ( Maio de 1944 a Abril de 1945).

Relatório sobre a assistência às crianças anormais, Vítor Fontes, s.d.

Relatório de uma classe especial, ano lectivo de 1948, feito pelo professor.

Relatório do sub- director da Escola do Magistério Primário de Lisboa, tema: dois meses no I.A.A.C.F., 25 de Julho de 1935.

Resumo das lições de Didáctica de Língua Materna, Vasco Marques Coelho, 1949/1950.

Reuniões e Congressos de Psiquiatria Infantil, Vítor Fontes, s. outras referências.

A saúde mental e a criança, Vítor Fontes, lição de abertura do V ciclo de palestras da Escola de Pais pronunciada em 26 de Novembro de 1964.

Sobre um caso de clínica pedagógica, António Aurélio da Costa Ferreira, extraído do Jornal dos Médicos e Pharmaceuticos Portuguezes., vol. XVI, nc 118, Lisboa.

Special education in Portugal/ Ana Mfl Bénard da Costa e David Rodrigues, European Journal of Special Needs Education, vol. 14, n81, 1999, pp. 70/89. Routledge 0885/6257, 1999.

Sumários de Didáctica, diversos anos escolares.

Terapêutica pedagógica, Vítor Fontes, liçao proferida em 23 de Fevereiro de 1965, no Centro de Estudos Egas Moniz, em Lisboa e integrada no I Curso de Psiquiatria para Pós- Graduados, dirigido pelo. prof. Barahona Fernandes.

The training of child psychotherapists at the institut of child psychology, reprinted from " Bulletin", Janury, 1956, pp. 1/6.

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Tese apresentada por Simão Lopes Gonçalves ao 2® Congresso da União Nacional- tema: Assistência e educação de crianças anormais mentais, ( Abril de 1944).

Teste das 100 perguntas de Ballard- ( adaptação portuguesa).

Trabalhos realizados pela professora adjunta do I.A.A.C.F.- Olinda de Assis Pacheco.

Le traitement médico- pédagogique des retardés intellectuels, Jean Dechaume e outros, Le Journal de Médecine de Lyon.

Tutoria Central da Infância de Lisboa, Serviços Jurisdicionais e Tutelares de Menores, Ministério da Justiça e dos Cultos, Lisboa, 1931.

Unidades de Orientação Educativa, Elizete Alves, 1979 a 1988.

O valor do labirinto manual de Rey para a avaliação da educabilidade, Maria Irene Leite da Costa, separata da Criança Portuguesa, vol. V, Lisboa 1946.

ARTIGOS DA REVISTA " A CRIANÇA PORTUGUESA“, Boletim do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira, criado no ambito do D.L. 31801 de 26/12/1941.

Director: Victor Fontes Propriedade e sede, Travessa das Terras de San'Ana, 15, Lisboa.

Anselmo F., Les méthodes nouvelles, vol. VII, anos 1947/48, ano VII.

Ataíde, Schneeberger d'. A assistência às crianças anormais no nosso país e as* suas necessidades actuais, Vol. Vi, anos 1946/47, ano VI.

Ataíde, Schneeberger d', Seminário sobre a Saúde Mental da criança deficiente mental, ano XVIII, 1959.

Ataíde, Schneeberger d', Alguns aspectos da contribuição portuguesa para comemorar o Ano Mundial da Saúde Mental, ano XIX, 1960.

Augusto, António, Inteligência das crianças portuguesas, vol. VI, anos 1946/47, ano VI.

Berge, André, Les difficultés scolaires en tant que simptomes, ano XXI, 1962/63.

Bissonnier, Henry, La profession d' éducateur spécialisé et son évolution, ano XXI, 1962/63.

Broek, P. van der, Le Psychologie Scolaire, ano XX, 1961/62.

Buyse, R. Médecine et Pédagogie, ano VII; anos 1948/49, vol. VIII.

Caruso, A. O aspecto social da Higiene Mental, ano XIX; 1960.

Coelho, Adolfo, Três lições sobre assuntos de Médico- Pedagogia, vol. VI, anos 1946/47, ano VI.

3® Ciclo de palestras para pais, ano XXI, 1962/63.

I Congresso Nacional de Protecção à Infância.

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

4S Congresso Internacional de Psiquiatria Infantil, ano XVII, 1958.

I Congresso Nacional de Psicologia- Madrid, 1963, ano XXI, 1962/63.

I Congresso europeu de Pedopsiquiatria, ano XXI, 1962/63.

Costa, Ma Irene Leite da, Le problème des éducateurs spécialisés de r enfance inadaptée, ano XVII; 1958.

Costa, Ma Irene Leite da, Os professores não compreendem as aimas, vol. n®1, Dezembro, ano il, 1942/43.

Decharine, Jean, et Claude Koller, Les problèmes éducatifs par les infirmés- moteurs, ano IX, vol. 1950/51.

Décroly, O. Le traitement et I' éducation des enfants irréguliers, ano VIII, anos 1948/49, vol. VIII.

Doll, Edgar A. The maturational basis of éducation, n®s 3 e 4, vol. V. Julho/ Outubro, anos 1945/46.

D' Espallier, Éxperience de classes de récupération, ano VIII, anos 1948/49, vol. VIII.

Fernandes, Barahona, Os limites da higiene mental e a higiene do espírito, ano XIX, 1960.

Fontes, Vítor, Inqúerito psicológico, nfis 2 e3- Julho, ano II, 1942/42, I vol.

Fontes, Vítor, Notícias do Instituto, 1 ano de actividade, n8s 2 e 3, Julho, ano II, 1942/43, I vol.

Fontes, Vetor, Notícias do Instituto, lição de abertura do curso de magistério de anormais no presente ano escolar, n5 4, Outubro, ano II, 1942/43, I vol.

Fontes, Vítor, Dois anos de actividade do Instituto, Il vol., ncs 3 e 4, Junho/ Setembro, 1943/44.

Fontes, Vítor, Conferência Internacional de Psiquiatria Infantil, vol. VII, anos 1947/48, ano VII.

Fontes, Vítor, Congresso Internacional de Pedagogia, vol. VII, anos 1947/48, ano VII.

Fontes, Vítor, Le travail d'équipe à I.A.A.C.F., ano XVII; 1958.

Fontes, Vítor, O problema da criança anormal para o professor primário, ano XVIII, 1959.

Fontes, Vítor, A memória de António Aurélio da Costa Ferreira, ano XXI, 1962/63.

Fontes, Vítor, Antecedentes de "A Criança Portuguesa", ano XXI, 1962/63.

Freire, Leonardo Costa, O problema médico- social da criança portuguesa, ano XXI, 1962/63.

Gonçalves, S. Notícias do Instituto,- Assistência e educação de crianças anormais, Il vol. ano lll/IV, n8s 1 e 2, Dezembro/ Março, 1943/44.

Heuyer, G. Le rôle social du Psychiatre, ano XXI, 1962/63.

Isambert, A. L' école des parents, ano IX, vol. 1950/51.

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Lebovici, Serge, U état actuel et la Psychothorapie infantil en France, ano Ix, vol. 1950/51.

Katzenstein, Novos rumos da Psicologia para a orientação de crianças difíceis, ano IX vol 1949/50.

Katzenstein, Betti, Crianças difíceis, conversa com uma psicóloga, ano XII, 1953/54.

Krevelen, Dirk Arn Van, Sur le fonctionnement d' une clinique de pédopsychiatrie, ano XVII 1958.

Médico- Pedagogia e Psiquiatria na Suiça, ano XIV, 1954/55.

Médico- Pedagogia e Psiquiatria na Bélgica, ano VIII, 1948/49.

Médico- Pedagogia e Psiquiatria na França, vol. X, 1950/51.

Médico-Pedagogia e Psiquiatria na Alemanha, vol. XII, 1952/53.

Médico- Pedagogia e Psiquiatria Infantil na Holanda, ano XX, 1961/62.

Meritz, Elizabeth, Les instituts de plein air et la formation de leur personnel, ano IX, vol. 1949/50.

Michaux, Léon, D.J. Dreché, Rivaille, Ésquisse d' un travail d1 équipe dans I' observation hospitalière des délinquents mineurs, ano XVII; 1958.

Miller, Emannuel, The disturbed parents os disturbed children, ano XVII, 1958.

Notícias do 1e Curso de Higiene Mental em Abril de 1958 na Faculdade de Medicina de Lisboa, ano XVIII, 1959.

Notícias da Escola de Pais, 1957, ano XVIII, 1959.

Nunes, Merícia, A influência do meio numa criança psicopata, n2s 2 e 3, Julho, ano II, 1942/43, I vol.

Nunes, Merícia, A assistência às crianças anormais em Portugal, V vol. anos 1945/46, nes 1 e 2, Janeiro/Abril, pp. 93/158.

Pacheco, Olinda, A formação dos vigilantes de assistência e educação infantis, Il vol. ano lll/IV , nes 1 e 2, Dezembro/ Março, 1943/44.

Palestras sobre adolescência, ano XVIII, 1959.

Pinaud, La formation des éducateurs d 'enfants, inadaptés en France, ano IX, vol. 1950/51.

Reis, Alfredo, Estudos de investigação psico- pedagógica, ensino real e ensino formal, ano IX vol. 1949/50.

Relatório da Comissão para o estudo da Higiene Mental Infantil, ano XVIII; 1959.

Santos, Delfim, Adolfo Coelho como pedagogo, vol. VI, anos 1946/47, ano VI.

Santos, João dos, Recherches sur les probèmes d'Hygiene mentale infantile, ano XVII, 1958.

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Sechet, F. Riou, U application des méthodes pédagogiques nouvelles en France, ano IX, vol. 1950/51.

Tavares, Alice, Educação Física e a criança anormal, Il vol. ano lll/IV, nfis 1 e 2, Dezembro/ Março, 1943/44.

Trabalho de équipe em Clínica de Orientação Psicológica, Centro de Orientação Juvenil no Rio de Janeiro, ano XVII, 1958.

Utilização dos serviços de recreação pela équipe, de " Child Guidance ", centro de orientação juvenil do Rio de Janeiro, ano XVII, 1958.

Vliestra, N. Y. Development and organisation of Spécial éducation in the Netherlands, ano XX, 1961/62.

Volume dedicado a Sigmund Freud, ano XV, 1956/57.

Wurth, Tiago M. Institutos Médico- Pedagógicos, ano XIII; 1953/54.

Wurth, Tiago, Assistência à infância e adolescência inadaptadas, ano XXI, 1962/63.

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SECÇÃO VI: ANEXOS

ín d ic e d e a n e x o s

ANEXO I - ENTREVISTAS

ANEXO II - ETIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA MENTAL

ANEXO III - PLANOS DE CLASSES ESPECIAIS

ANEXO IV-LEG ISLAÇ ÃO

ANEXO V - PROCESSOS DE ALUNOS

ANEXO VI - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ENSINO ESPECIAL

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ANEXO I : ENTREVISTAS

A N E X O I - I

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ENTREVISTASENTREVISTA 1

Entrevistada: Dra. Isabel Fialho

Função: Formanda e formadora no IAACF

Data da entrevista: Janeiro de 2000

Questão (Q.) - Pode relatar-nos a sua experiência no IAACF, traçando uma retrospectiva de

formanda a formadora nessa Instituição?

Isabel Fialho (I.F.) - Fui formanda do Curso de Especialização de Professores para Crianças

Anormais no ano lectivo de 1955/56. Quando terminei o curso, logo no ano seguinte, fui

exercer para uma classe especial em Lisboa, na Escola Masculina nc4 situada no Campo de

Santa Clara.

O funcionamento das classes especiais era o seguinte: as aulas decorriam das 9h às 12

h, os professores acompanhavam as crianças ao almoço, havia aulas ao Sábado. As férias

escolares eram em simultâneo com as outras classes, no que se refere às férias do Natal e da

Páscoa, mas as aulas iam até ao final de Julho; isso era para que as crianças não ficassem

abandonadas.

A selecção dos alunos para as classes especiais era feita pelas Brigadas Médicas do

IAACF e, conforme as situações, ou se deslocavam à sede do Instituto para observação

psicológica, ou a Brigada ia às Escolas, quando o/a Director/a o solicitasse. Depois da

observação psicológica, as crianças eram ou não integradas nas classes especiais. Em muitos

casos eram crianças que estavam fora do sistema: de ensino, umas tinham sido expulsas

porque tinham agredido professores ou estavam debaixo da alçada do Juiz de Menores, outras

já estavam com 14 anos e os professores não as queriam receber na escola. Portanto eram

observadas para se ver qual o seguimento a dar ao caso.

Quando cheguei à escola tinha alunos mais altos do que eu. No fundo não eram mais

do que crianças carenciadas, a quem estava interdita a entrada na escola. Estavam à espera

dos professores especializados e não as deixavam frequentar a escola.

Q. - As Brigadas eram compostas por que técnicos?

I.F.- O responsável das Brigadas era um médico pedo- psiquiatra. Os médicos do IAACF eram

o professor Prof. Vítor Fontes, o Dr. Schneeberger de Ataíde, a Dra Alice Melo Tavares, que

fundou a Associação dos pais das crianças mongolóides ( APPACDM), a Dra Olinda Assis

A N E X O I - II

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Pacheco, que se deslocavam às escolas a pedido do director ou a pedido de familiares. No

Instituto existiam crianças em regime de Internato para observação, permaneciam o tempo

necessário, até que se fizesse um estudo sobre o caso. Depois eram encaminhadas para

classes especiais, para a Casa Pia de Lisboa para o Instituto Adolfo Coelho que era do

Ministério dos Assuntos Sociais ou para o Instituto Condessa de Rilvas, que funcionava para

raparigas.

Q. - Pode agora relatar-nos o funcionamento do curso que frequentou no IAACF, como

formanda, pode confirmar-nos se só funcionavam duas cadeiras: Psicologia e Pedagogia dos

Anormais?

I.F.- Isso era o que estava escrito no diploma oficial. Havia mais cadeiras além da Psicologia e

da Pedagogia, existiam ainda: Didáctica, Reeducação da Linguagem, Educação Sensorial

( Jogos Educativos), Manufactura de Jogos e materiais didácticos para as aulas, { não havia

material didáctico à venda), Observação Psicológica de crianças, onde se aprendia a aplicar os

testes e a fazer os relatórios. Todas estas cadeiras eram sujeitas a exames finais.

O curso tinha uma grande carga horária, de manhã era a prática, de tarde a teoria.

Havia aulas ao Sábado até às 7h da tarde, com 1 h para almoço. O primeiro estágio podia ser

feito no Instituto, o segundo era fora.

Estávamos sujeitos à apreciação dos colegas formandos e do professor da classe, do

professor do Instituto e, por fim, do professor Vítor Fontes que tinha a opinião final. No início do

Curso entrámos 16 ou 17 e saímos 5 no final.

Q. - Ao longo de aproximadamente. 20 anos só saíram formados no IAACF 140 professores,

qual a sua opinião sobre esta situação?

I.F. - O Curso era um funil, critérios muito apertados de selecção! Dizia-se na época: “ fizeste o

Costa Ferreira, estás preparado para tudo! “ mas o curso não se destinava só a professores,

era para enfermeiros e para outros técnicos. Os professores que entravam no curso, desde que

tivessem boa nota no diploma, não perdiam regalias. Recebiam o vencimento como se

estivessem ao serviço e era-lhes contado o tempo de serviço.

Q. - Pode referir-nos quem leccionava as cadeiras no Curso?

I.F. - A cadeira de Psicologia era leccionada pelo prof. Vítor Fontes, a de Pedagogia pela Dra

Irene Leite da Costa, Observação Psicológica pela Dra Olinda Assis Pacheco a de Reeducação

A N E X O I - III

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da Linguagem pela D. Aurora, a de Didáctica pelo prof. Correia da Silva e a de Jogos e

Material pedagógico pelo Dr. Vasco Coelho.

As condições de frequência não eram as melhores. Não nos era permitido circular pelo

edifício, não tínhamos acesso aos Laboratórios, nem existia sala de alunos.

Q. - As três funções do IAACF eram: formar professores, centro de estudos, Centro Clínico-

Psicológico ( observação de crianças), em sua opinião qual era a que tinha mais peso no

Instituto, na época em que lá esteve como formanda?

I.F.- Penso que eram equitativas, havia ainda outra função: Orientação das Classes Especiais.

Todos os relatórios vinham ao Instituto. Só me apercebi das outras funções quando trabalhei

lá, depois do Curso. -

Q. - O estágio era feito no final do ano?

I.F. - Não, logo desde o início. Das 9h ao meio-dia decorriam os estágios, isto nos anos 50 e

60. Havia as lições- modelo, passava-se por todas as salas do IAACF: sala sensorial e outras

salas que funcionavam por níveis de desenvolvimento, o que não existia fora do Instituto. Por

causa da organização do Ensino Primário, havia três classes no Instituto. Depois vínhamos cá

para fora estagiar.

Q. - Onde existiam classes especiais em Portugal, na época?

I.F. - Existiam em Lisboa, Porto, Coimbra, Açores, Viseu ( talvez duas), depois é que se

alargaram bastante? O prof. Vítor Fontes não era nada bem visto pelo Governo da época.

Estava ligado ao Oriente Lusitano, era “ Maçon”. Mas como havia um familiar de um Ministro

que era deficiente, este número foi alargado. Havia gente do Ultramar que vinha tirar cá o

Curso.

Q. - Pode relatar-nos o seu dia -a - dia nas classes especiais?

I.F. - As crianças eram banidas do sistema. Havia alunos mais altos do que eu. As outras

professoras comentavam: o que ela vai apanhar! No primeiro dia os garotos chegaram à sala,

onde estava tudo o que havia de pior na escola. As carteiras eram do modelo antigo, nada era

agradável para as crianças. Comecei por mudar o espaço, para que quando entrassem, o

espaço não lhes lembrasse o que poderia ter sido traumático para eles e o que lhes tinha

causado agressividade. As professoras eram muito antigas na escola. Aparece-lhes uma

a n e x o f - IV

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professora sem bata branca, com ar completamente diferente da professora tradicional, ficaram

a olhar meio incrédulos. Não houve reacção negativa nenhuma. Ficaram de pé. Eu pus uns

bancos à volta da sala e uma mesa ao fundo. Eu queria que eles estivessem à vontade. Eu

disse-lhes que se podiam sentar. Eles ficaram a olhar para a porta- a professora não é esta!

Parece que ficaram à espera de outra professora. Um perguntou: afinal é professora ou não é?,

Respondi que os meus diplomas diziam que sim, um aluno respondeu:” não parece, não usa

saltos altos". Eu levava uns sapatos de sola de borracha. Outro disse: “ não é professora, não

lhe vejo nenhuma régua”. Eu respondi: " vocês já têm idade suficiente para se despacharem

disto". Fiz-lhes ver que eles iam para ali, como os pais iam para a oficina, para trabalharem.

Não tive problemas de disciplina. Daí a pouco ensineí-os a escrever uma carta. Treinavam na

escrita e na leitura o que precisavam. Ensinei-os a preencher vales de correio e outros

impressos, a ler horários das linhas férreas da C.-P. das terras dos pais deles. Um dizia, depois-

de'um mês e tal de aulas: “ Isto nem parece escola, já contei ao meu pai e estou a aprender

coisas que o meu pai nem sabe”. Daí a pouco tempo foi o período do Humberto Delgado, ( eu

formei-me em 1955/56). Os polícias andavam na rua armados, a 2 a 2, eles vinham a casa

acompanhar-me no eléctrico.

Q. - Nessa altura a escolaridade obrigatória era a 39 classe do ensino Primário?

I.F. - Eles concluíam a 3fl classe, e eram encaminhados para o trabalho. Eu só leccionei 3 anos

em classe especial. De seguida, pedi a exoneração e fui para Paris.

Q. - Nessa classe especial orientou estágios?

I.F. - Os trabalhos escolares eram ligados à leitura funcional e cálculo. Cada criança tinha ó

seu dossier, não havia manual e claro, tínhamos de orientar estágios de alunos do IAACF. Para

o Instituto tínhamos de fundamentar o trabalho escolar, mas tínhamos liberdade absoluta. Os

trabalhos eram individuais. Achei que havia necessidade de promover o trabalho em grupo,

porque eles já eram muito individualistas. Parti do princípio que eu sabia muita coisa que eles

não sabiam, mas eles também sabiam muitas coisas que eu não sabia. Eles escolhiam do que

é que iam falar, propunham visitas. Conheci muitas coisas que faziam parte da vida deles,

numa transmissão de saberes: Cais da Ribeira, Cais de Alfama. Habituavam-se a ouvirem-se

uns aos outros.

Q. - Qual o número de alunos em cada classe?

A N E X O I - V

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I.F. - As classes eram só femininas ou masculinas e tinham até 15 alunos. No IAACF as

classes eram mais reduzidas, as crianças das classes especiais tinham mais dificuldades na

leitura do que no raciocínio prático, porque estavam habituados a fazer cálculos, a vender

jornais.

Q. - Ainda no que se refere ao funcionamento das classes especiais, quais as actividades ao

Sábado?

I.F. - Ao Sábado faziam trabalhos manuais, mas era muito difícil pô-los a trabalhar com

cartolina e tesoura, eram miúdos de 13 e 14 anos , não fazia sentido, faziam trabalhos com

arame e fiozinhos da electricidade e com outros materiais. O IAACF fornecia todo o material

necessário: lápis, materiais, borrachas, papéis, a maioria das crianças eram crianças

abandonadas, de fraco meio social ( filhos de prostitutas...). A certa altura comprei um pente,

toalha, espelho e perfume para eles fazerem higiene das cabeças, usei remédio da sarna que

matava os piolhos.

A classe especial era uma escola à parte. Na rua brincavam todos juntos, mas até os

recreios eram separados. Quando havia recreio em conjunto eles eram sempre apontados, por

exemplo quando desapareciam bolas... O IAACF fornecia todo o material para jogos { bolas de

ténis, bolas de futebol), mas nada se podia partilhar, o professor da classe estava isolado dos

outros professores. As reuniões periódicas eram no Instituto para avaliação e discussão dos

casos e encaminhamentos. Os professores das classes especiais não reuniam em conjunto

com os professores das escolas onde estas funcionavam.

Q. - Ainda no que respeita às classes especiais, considera que esta era uma estrutura

segregadora?

I.F. - As classes especiais vistas à luz da Sociologia, dos direitos das crianças, das novas

correntes, nunca deveriam estar segregadas, mas do que observei as crianças já estavam

segregadas, excluídas, eu era o "muro" para preservar a sua integridade, eram sempre

acusadas pelas outras crianças.

Os casos mais graves iam para Institutos de Reeducação, havia casos em que a família

chegava a pedir o seu internamento. O Ministério da Saúde solicitava observação psicológica

( avaliação do Q.I.), passava a ser considerado débil mais profundo, para conseguir

internamento no Instituto Adolfo Coelho ou noutros Institutos de Porto e Coimbra.

Q. - Considera que os professores depois da especialização tinham competências para " medir”

a inteligência?

A N E X O I - VI

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I.F. - Todos os anos, no primeiro mês faziam-se avaliações psicológicas das crianças, a partir

daí fazia-se o projecto de trabalho baseado nas limitações e interesses dos alunos e em função

dos recursos do local onde estávamos. Era a única situação em educação que funcionava com

projecto. Não tínhamos horário afixado, nem usávamos livro único. O trabalho escolar baseava-

se no projecto anual que se dividia em “ tranches”. Todos os dias fazíamos o projecto de

trabalho diário que, se fosse necessário, se alterava quando se chegava à sala.

Q. - Ainda que a estrutura fosse segregadora era muito avançada para a época?

I.F. - As colegas não chegavam a acreditar que aquelas crianças, que nas suas classes nunca

tinham passado do “a" ou do "o", estavam a ler. Era muito avançado, conseguia-se retirar toda

a carga negativa da aprendizagem pelo não. Uma vez um aluno disse duas palavras feias e eu

disse-lhe para ele escrever o que tinha dito. Eu não lhe dei propriamente um castigo, mas,

como ele não gostava de escrever, julgo que esta foi a atitude adequada.

Q. - Qual o estatuto dos professores das classes especiais?

I.F. - Eramos professores do Ministério, tínhamos uma gratificação, tínhamos de ter o dossier

de cada criança sempre em dia. Embora tivéssemos três horas de aulas, utilizávamos muitas

horas a pôr tudo em dia. A criança podia ir a um Psiquiatra e o Ministério da Saúde solicitar o

dossier da criança.

Q. - Qual a relação que mantinham com os pais?

I.F. - Muito boa. A imagem positiva ou negativa do professor é transmitida pela própria criança.

As mães foram lá ver que eu não usava régua, saltos altos, bibe na aula, a sala era diferente. A

professora não falava como as outras professoras. O Prof. Vítor Fontes dava indicações para

recebermos os pais, era o processo delas desmistificarem, de retirarem certos fantasmas, em

relação à escola. Sentavam-se e colaboravam. Não tinha problemas com os pais, eu tinha era

de estar segura do que estava a fazer. Só prestávamos contas ao IAACF, não prestávamos

contas aos Inspectores, não entravam na nossa sala; podiam cumprimentar-nos, mas não

interferiam em nada. Decorriam reuniões periódicas no IAACF. Os professores que estavam

em classes especiais mais distantes, também vinham a Lisboa. A Dra Irene ia fazer as

reuniões ao Porto, a D. Aurora ia fazer as reuniões de Viseu, os professores das outras

cidades deslocavam-se ao Instituto.

A N E X O I - VII

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Q. - Pode esclarecer melhor a dinâmica dessas reuniões periódicas?

I.F. - Se eu tivesse problemas em função da estratégia e metodologia a utilizar em relação a

cada criança, ou se me apercebesse de problemas no meio sócio- familiar, ou sentisse que

uma criança para além das 3h da tarde devia estar noutro sítio com acesso a outro tipo de

actividades que lhe alargasse as vivências, ou se houvesse problemas na relação professor-

aluno. Todos estes problemas eram discutidos em reunião de grupo, antes de se tom ar uma

decisão.

Q. - Depois dessa etapa pode relatar-nos o seu percurso como formadora?

I.F. - Ao fim de 3 anos pedi a exoneração. Não tive autorização para ir passar férias com o meu

marido que estava fora do país. Salazar não o permitia. Fiz directamente o pedido ao Director-

Geral, o Prof. Vítor Fontes deu-me autorização para sair e eu saí exonerada da Função

Pública.

Em França, nos anos 60, frequentei diversos cursos: frequentei as aulas de M.

Debesse- pedagogo: Curso de Formação para Orientadores das Escolas de Formação de

Professores. Estive lá 4 anos.

Q.- Como é que se sentiu no regresso a Portugal e ao IAACF?

I.F. - Quando se deu o meu regresso a Portugal, o Prof. Vítor Fontes foi jubilado por

limite de idade, veio a falecer em 1979 e a Dra Irene Leite da Costa ficou à frente do Instituto.

Não podemos esquecer que Vítor Fontes tinha contactos com grandes nomes da comunidade

científica. Organizou o 1c Congresso de Saúde Mental, a 1fi Escola de Pais que funcionou no

Instituto.

Regressei ao-. IAACF em 1966 e fui dar aulas de Reeducação da Linguagem e

Psicopedagogia da Leitura. Já no outro modelo de Curso, todos os anos tínhamos de fazer o

nosso projecto curricular das cadeiras para o Ministério, para serem aprovadas. Nunca tive

censura nas aulas. A única censura que tive foi porque no sumário referi Freinet. Foi-me dito

que não podia falar na Pedagogia Cooperativa, a directora, a Dra Maria Irene Leite da Costa

disse-me: você está em Portugal, não está em França. Para mim o IAACF foi um grande

choque. Vinha com outra abertura. Estive anos fora e a pouco e pouco fui caindo na realidade.

Fui aprendendo a não dizer a verdade completa. Sempre falei de tudo nas minhas aulas, só

que não escrevia no sumário.

ANEXO i - v i u

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Eu tinha pedido ao Dr. Sérgio Niza para ir lá falar, a partir daí comecei a aprender a

omitir. Tinha lá uma aluna que o marido era da PIDE, sem que eu soubesse. Aprendi a tornear

algumas questões.

Q. - Nos finais dos anos 60, princípios de 70, qúal o papel das consultas no IAACF?

I.F. - Podemos afirmar que houve uma diminuição no volume das consultas. Aparecem outras

valências: o Centro de Saúde Mental Infantil, o COOMP, A- da- Beja, tudo nos princípios dos

anos 70. Vieram certos “ fumos” do que estava a acontecer em França e Espanha e o IAACF

deixa de ter um papel tão centralizador .

Q. - No IAACF mantinha-se o funcionamento das classes especiais?

I.F. - Sim, havia classes especiais na Madeira e Açores, Algarve, Setúbal, Cascais, alargavam-

se em Lisboa, Coimbra, Porto, Viana do Castelo e Barreiro. O IAACF continuava com as

mesmas obrigações para com as classes especiais ao nível do fornecimento de material, o

pessoal do IAACF não aumentava e estava a cargo dos técnicos a orientação pedagógica

dessas classes. Apoiei as classes de Lisboa e Barreiro, tinha as aulas no IAACF, tinha de dar

orientações por escrito às cartas onde me eram solicitadas orientações e até por telefone,

porque não havia verbas para deslocações.

Q. - Pode agora indicar as grandes mudanças que ocorrem com o modelo do Curso de 3 anos?

I.F. - Saíram mais formandos do IAACF nessa época. O curso de 3 anos só ocorre após o 25

de Abril, com Prof. Albano Estrela. Até aí o Curso foi sempre de t ano, A Dra Inês Sim- Sim fez

a transição para a ESE. O Prof. Albano Estrela começa a exercer funções no IAACF em 1975,

vindo do INEF, formando um grupo de trabalho que fez avançar o Curso para 3 anos.

Ocorre a emergência da Pedagogia da Sociologia da Educação, neste curso.

Q. - Gostava que nos esclarecesse melhor sobre o processo de transição para a ESE?

I.F. - No edifício do IAACF ocorreu a transição. Foram convidados os professores que estavam

a leccionar no Instituto. Eu ainda terminei um Curso do Instituto e iniciei um Curso da ESE,

depois o Curso passou de 3 para 2 anos, diminuiu o plano de estudos, contracção do número

de horas das cadeiras e o número de horas práticas diminuiu. Os formandos do IAACF tiveram

de efectuar cursos na ESE para terem equivalência à sua especialização.

A N E X O I - IX

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Q. - Recuando um pouco no tempo, pode referir a ligação entre o Instituto e os novos

movimentos que vão surgindo ( Associações de Pais, CERCIS)?

I.F. - Havia CERCIS formadas por pais, outras por técnicos, onde funcionavam os estágios dos

formandos e o IAACF dava contrapartidas: apoios, possibilidade de os professores das

CERCIS terem acesso a Seminários no Instituto.

O movimento da Escola de Pais no IAACF teve um grande empenhamento- temáticas

diversas nos Ciclos de Conferências, tinham a ver com a relação pais / crianças, a criança na

estrutura familiar, outro ciclo foi o desenvolvimento físico e motor, procurava-se dar resposta às

interrogações sentidas pelos pais. As situações abordadas pelos pais nas consultas deram

origem ao desenvolvimento dessas temáticas..Os pais das crianças internadas no Instituto'

tinham dificuldade em participar.

Q. - Ainda no que respeita ao funcionamento do IAACF, pode explicitar a formação das

classes?

I.F. - A divisão das crianças em classes era feita por níveis de desenvolvimento, não tinha nada

a ver com áreas curriculares ou académicas, estavam 7,8 ou 9, mas cada uma estava ao seu

nível mental, e não propriamente pelos conhecimentos escolares.

Q. - De quem era a competência da certificação escolar das crianças?

I.F. - Os certificados eram assinados pela directora do IAACF, não iam a serviços do Ministério

da Educação, não iam à direcção da escola, embora fizessem exames oficiais. Um dos

elementos do júri era professor da escola, o professor da classe especial, professor nomeado

pela escola onde funcionava a classe especial, até à 3a classe, embora alguns fossem

admitidos à frequência da 4a classe, quando o professor assim o entendesse.

Q. - Pode dar a sua opinião sobre o aproveitamento das classes especiais?

I.F. - Nessa altura todos os professores de todos os níveis de ensino tinham de fazer um

relatório e eram avaliados por esses resultados. A criança quando podia transitar para a classe

seguinte, transitava quando os objectivos do plano fossem atingidos. Era feita uma prova, não

se esperava pelo final do ano lectivo. A criança progredia sempre, nunca era reprovada, não

era preciso esperar pelo final do ano lectivo. Só no fim da 3a classe é que a criança esperava

pelo final do ano lectivo para ser avaliada. Como o ensino era individualizado, muitas vezes

podiam-se dar conhecimentos da 4a classe, progressão no ensino, não repetir o já dado, era

A N E X O I - x

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extremamente avançado para a época, ainda que fosse segregador. Não havia livro de leitura.

Os livros eram construídos até com jornais, versos comprados na Feira da Ladra, letras de

fados, textos das crianças. Seguia-se tudo menos o livro, liam-se textos de forma funcional, o

que era extremamente inovador.

Q. - Podia transmitir-nos a imagem que guarda do Prof. Vítor Fontes?

I.F. - Era uma pessoa um pouco distante. Exercia o cargo de professor universitário, com

grande respeito pela função. Ele próprio andava a aprender, sentava-se frequentemente na

classe da D. Modesta Barrai e observava como ela desempenhava as suas funções.

O Prof. Vítor Fontes dizia-nos que depois éramos capazes de tudo, dava-nos

conselhos: “ não se acomode, construa sempre".

A relação com os professores no IAACF era muito distante, mas era o espelho da

época, a relação com os alunos era boa, mas as pessoas permaneciam distantes, convencidas

da sua sabedoria e eu estava ali para aprender. O Prof. Vítor Fontes era teimoso, não

tínhamos férias de Natal, Páscoa e Carnaval, não nos queria atender para pedirmos férias.

Residia no edifício do Instituto, no último andar, embora tivesse casa em Sintra.

Andámos sempre a pedir férias. Só no meu curso é que houve férias de Natal. A figura é a do

professor de Medicina, não era pessoa acessível. Depois conheci-o melhor. Após a sua

aposentação tornou-se mais próximo, eu mudei a minha opinião acerca dele. A distância que

eu via não era mais do que o constrangimento na relação com os alunos.

A N E X O I - XI

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ENTREVISTA 2

Entrevistada: Ana Maria Bénard da Costa

Função: Chefe da Divisão do Ensino Especial/ Directora de Serviços do Instituto de

inovação Educacional

Data da entrevista: Fevereiro 2000

Questão (Q.) - Pode fazer-nos um breve relato da sua experiência profissional e das etapas da

Educação Especial em Portugal?

Ana Maria Bénard da Costa (A.M.B.C.) - O meu percurso iniciou-se num colégio particular,

depois fui educadora no Centro Hellen Keller, onde igualmente fui directora. De seguida fui

chefiar o sector de Educação dos Deficientes Visuais em 1965 na Direcção Geral de

Assistência, onde permaneci até 1972, no âmbito do Ministério da Saúde e Assistência,

Instituto de Assistência aos Menores. Tive a oportunidade de traçar e executar um plano de

acção relativo à educação e assistência aos deficientes, de apresentar a proposta de criação

de um Centro de Observação que veio a dar origem ao COOMP. Foi implementado o sistema

de apoio domiciliário a crianças até aos 3 anos, foram estabelecidos acordos com Hospitais e

efectuadas observações clínicas das crianças, a par da dinamização de cursos de

especialização dos professores. Foram organizadas estruturas educativas, visando, nalguns

casos, a integração e noutros casos a permanência em estruturas segregadoras. Nessa

época, no Ensino Primário era impossível integrar crianças deficientes, a Direcção Geral do

Ensino Primário não autorizava. Foram criadas a esse nível escolas especiais, colégios que

abrangiam os Açores e Madeira. Ao nível do Ensino Preparatório e Secundário começou a

fazer-se a integração de crianças deficientes visuais com professores de apoio, a par da

produção de livros escolares e materiais educativos em Braille.

Em 1973 fui nomeada para chefiar a Divisão de Ensino Especial na altura da Reforma

Veiga Simão, fiz um plano em que propus a criação das Equipas de Ensino Especial. Esta

estrutura devia intervir nas escolas, no meio e nas famílias. As EEES eram formadas por

professores de várias áreas: Deficiência Visual, Auditiva e Motora e tinham uma perspectiva

da integração social, escolar e familiar. O trabalho a desenvolver era na Escola, na Família e

na Comunidade. Foram formadas sete Equipas em diversas cidades e depois foi crescendo o

seu número até à fase de encerramento do IAACF e da passagem para a ESE.

A N E X O I - XII

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Havia um hiato na formação de professores, nas Equipas de Ensino Especial deviam

existir professores especializados. Decorreram Cursos de Especialização na Assistência Social

e foram organizados outros na Direcção Geral do Ensino Básico. Estes tinham a duração de

ano lectivo e meio e incidiam sobre a Deficiência Mental e Motora. O movimento da integração

era crescente pelo que surgem vários concelhos que solicitavam a criação das EEES, daí

surge a necessidade de recorrer a professores não especializados. Começaram a organizar-se

cursos intensivos de três meses e que eram apoiados por professores especializados.

Houve sempre, no nosso país, carência na formação de professores, ainda hoje há uma

percentagem enorme de professores não especializados no terreno. A DEE constituiu-se em

Direcção de Serviços e englobou o Ensino Secundário, até 1994, ano em que transitei para o

l.l.E.

Neste sen/iço propus implementar um projecto de investigação, ao nível d o 1

desenvolvimento de Currículos Funcionais para jovens com Deficiência Mental. Depois iniciei o

projecto das Escolas Inclusivas, em ligação com a UNESCO, que se encontra-actualmente

numa segunda fase de desenvolvimento. Na primeira fase foi a divulgação do Projecto, nesta é

a concretização de trabalho directo com as Escolas que procuram mudar as suas práticas para

se tomarem Escolas Inclusivas. O projecto continua a ser divulgado através dos Centros de

Formação de Escolas, em síntese, trata-se de Projectos de Investigação- Acção em Escolas.

Q. - Pode referir as correntes que influenciaram o seu trabalho na DEE, o que é que trouxe

para Portugal de inovador?

A.M.B.C. - Desde muito cedo, quando fui para o Hellen Keller, apercebi-me de que havia

carência de informação, só existia o IAACF em Portugal. Para o meu trabalho consegui apoio

nos EUA, países nórdicos e Inglaterra. Vinham técnicos do estrangeiro que formararrr

professores, destacando-se o acordo luso- sueco, ao tempo em que era Ministro da Educação

o major Vítor Alves. Para a educação dos deficientes mentais foram implementados os

programas pré- profissionais, com o apoio do Instituto de Emprego- Holanda, Suécia, Inglaterra

e EUA. Tive acesso a uma bolsa da Fundação Luso- Americana para efectuar uma visita de

estudo durante a qual contactei com muitos Projectos que procurei implementar em Portugal.

Na fase da regionalização do Ministério da Educação, a DEE deixou de ter ligação directa às

EEES, sendo assim reduzida a capacidade de intervenção directa dos serviços.

Registou-se em Inglaterra o “ Warnock Report “donde constam as propostas de

reestruturação do Ensino Especial, deste documento veio o movimento de integração dos

deficientes mentais. Até ao momento pensava-se que só era possível integrar as crianças com

deficiências físicas. Começa a surgir o movimento da Escola para Todos, a par da mudança do

conceito de Criança Deficiente para crianças com Necessidades Educativas Especiais.

A N E X O I - XIII

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Promoveu-se um encontro apoiado pela OCDE, que também fez uma análise à situação da

educação para Portugal, nele se destacou a ideia de que era importante não só apoiar a

criança, mas mudar a Escola, note-se que existiam numerosos casos de crianças com 15 anos

na 2a classe. O grande salto veio com o Encontro de Salamanca e o conceito de Escola

Inclusiva. Integrei o primeiro grupo de trabalho das Escolas Inclusivas, com apoio da UNESCO,

como já referi, isso permitiu o apoio de consultores das diferentes áreas, contactos esses que

mantenho nas funções que desempenho no IIE.

Q. - O IAACF teve um papel percursor no Ensino Especial em Portugal, em sua opinião porque

é que perdeu a dianteira? ■

A.M.B.C. - O Instituto tinha uma-ligação muito forte a França e em minha opinião teria poucos

contactos com países anglo- saxónicos e nórdicos. Promoveu a estrutura das classes

especiais, escolas especiais, o que na altura foi a resposta possível. Na altura a classe

especial era composta por crianças de diversas idades, grupos muito diversificados, crianças

com problemas de comportamento e/ou dificuldades de aprendizagem. Esta estrutura só existia

nas cidades, portanto a sua resposta era limitada perante as necessidades do país. A classe

especial estava completamente separada da Escola, a hora de almoço e os recreios eram

frequentemente a horas diferentes, depois os alunos só tinham acesso à 3a classe, era uma

estrutura segregacionista.

Na minha primeira visita aos EUA contactei com a estrutura das salas de apoio, que

estava na sua fase inicial. Em Novembro de 1974 com o Dr. Sérgio Niza, apresentámos a

proposta aos professores que poderiam estar interessados em passar das classes especiais

para as salas de apoio, o que coincide com uma fase de transição no IAACF, este dependia da

Direcção Geral do Ensino Superior, daí que a Divisão do Ensino Especial nunca pudesse

intervir nas classes especiais do IAACF.

Nesta fase podia coexistir na mesma Escola uma, classe especial e uma sala de apoio,

aquando da criação do apoio à estrutura do ensino integrado, o IAACF podia ter-se tornado

num grande Instituto de Investigação para todos os campos da deficiência, o que ainda hoje

não existe no nosso País.*

Q. - Pode clarificar a ligação da DEE a outras Instituições, mesmo de outros Ministérios?

A.M.B.C. - A ligação com o COOMP era absolutamente necessária, um centro de observação

para a deficiência, era necessário ainda estabelecer uma forte ligação ao Ministério da

Segurança Social, pois a acção da DEE abrangia escolas especiais e Cooperativas do Ensino

Especial, APPACDM, que estavam ligadas ao Ministério dos Assuntos Sociais, que não tinham

A N E X O I - XIV

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o estatuto de escolas para o Ministério da Educação. Havia necessidade de interligar a

estrutura do apoio integrado às Escolas Especiais, não pondo de lado todo o trabalho da

Segurança Social em relação às crianças de cadeiras de rodas, com próteses e que

necessitavam de apoio social.

Depois do 25 de Abril criou-se um movimento fqrte de que a Educação Especial tinha

de estar na educação, porque até aí tinha estado sob a alçada dos Assuntos Sociais, as

estruturas do Ensino Especial, ou seja da Assistência Social. Foram criados grupos de trabalho

para se pôr a funcionar uma Direcção Geral do Ensino Especial, que foi criado pela Lei 6 / 1979

no Parlamento, o Instituto do Ensino Especial seria o organismo coordenador de todas as

Instituições de Ensino Especial: Escolas, Associações, Classes de Apoio.

De seguida foi criado um grupo de trabalho, que no prazo de 90 dias, devia elaborar o

regulamento do Instituto. Houve 4 grupos de trabalho, que durante 4 anos elaboraram diversas

propostas de funcionamento mas nunca foi regulamentado. Participei em 3 grupos, onde

estavam representantes da Educação, Segurança Social, Inspecção, chegou a fazer-se

quadros de pessoal. A Lei nunca foi revogada, nunca foi regulamentada, caiu no esquecimento.

Claro que na perspectiva actual, a Educação Especial deve estar integrada nas Direcções

Gerais, mas na altura talvez tivesse sido importante criar uma estrutura com aquelas

características.

Constantemente, surgia a necessidade da criação de grupos de trabalho, foi criado um

grupo para a intervenção precoce com apoio do Ministério da Saúde. A ligação mais forte, no

entanto, era com a Segurança Social, Saúde e claro com o Instituto de Emprego e Formação

Profissional, que começou a apoiar fortemente as CERCIS na área da formação Pré-

Profissional, apoiando oficinas profissionais. O Secretariado Nacional de Reabilitação

congregava técnicos dos diversos Ministérios, para a criação de Equipas Multiprofissionais,

para o estudo\das diversas problemáticas ligadas à deficiência e à Intervenção Precoce.\ .

Q. - Gostaria de ouvir a sua opinião sobre a permanência do modelo médico- pedagógico na

avaliação das crianças com NEES?

A.M.B.C. - Nunca se desenvolveram em Portugal estruturas fortes de avaliação médico-

pedagógica. Não houve peso estrutural forte dessa avaliação. Sobretudo nas crianças que com

deficiência que precisam de um diagnóstico fino, por exemplo como o trabalho desenvolvido

nos Centros de Paralisia Cerebral. Há sempre grupos de crianças que necessitam de apoio

clínico e psicológico.

Q. - Que pensa do projecto de implementação da Escola Inclusiva?

a n e x o i - x v

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

AM.B.C. - Este projecto de Escola levanta alguns problemas por falta de professores

especializados, porque muitas vezes os professores têm crianças com problemas. Assim é

natural que sintam necessidade de apoio externo, { seja médico ou psicológico). Há casos nas

escolas muito complicados que necessitam de uma intervenção especializada. Também há

uma tendência para situar os problemas nos alunos e não nas estratégias pedagógicas. A í o

projecto das Escolas Inclusivas traz uma nova visão, procura mudar as práticas, mudar a

perspectiva da problemática da criança para o currículo, mudança de estratégias, da cultura de

escola, aposta na promoção da inter- ajuda entre professores. A Escola Inclusiva tem de ter

especialistas, psicólogo e professor especialista. E claro, é necessário identificar as crianças

com problemas, é fundamental entender as problemáticas das crianças.

a n e x o I - XVI

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ENTREVISTA 3

E n tre v is ta d a : Isabel Lopes da Silva

F un ção : Formadora no IAACF

Data de E n tre v is ta : Fevereiro de 2000

Questão (Q.) - Pedíamos no início desta entrevista que nos fizesse uma retrospectiva do

Instituto, situada no tempo em que exerceu funções de formadora?

Isabel Lopes da S ilva (I.L.S.) - Fui contactada pela Dra. Olinda Assis Pacheco para exercer

funções no Instituto após a sua aposentação, no tempo em que a Dra Irene Leite da Costa era

directora, antes da Revolução de 1974. Entrei formalmente em Novembro de 1974, ainda

leccionei no curso de especialização de um ano para professores primários, a cadeira de

Ortopedagogia, Pedagogia Especial, procurei conhecer as práticas do Ensino Especial e visitei

as Escolas do Ensino Especial. Com a reforma Veiga Simão o IAACF foi transformado numa

instituição do Ensino Superior. A Directora procurou manter o Instituto com professores

especializados do Ensino Primário que leccionavam algumas cadeiras. Existia um diferendo

entre estes que dominavam as práticas do Ensino Especial e os professores licenciados. Neste

grupo, no qual eu estava incluída, faziam também parte a Dra Lurdes Duarte Silva e o Dr. João

Noronha que era professor do Ensino Primário mas que se tinha licenciado no ISPA.

Havia diferenças de vencimento entre estes dois grupos, o IAACF tinha um regulamento

anterior e não lhe tido sido aplicada a reforma da Função Pública. O quadro de pessoal era

anterior, daí o estatuto ser de difícil clarificação. Estava ligado à Direcção Geral do Ensino

Superior, sem ser Instituição do Ensino Superior, tudo isto gerou grande confusão burocrática.

Além disso existiam duas vertentes distintas: a consulta e as classes especiais, era um

todo que tinha algum sentido, pela visão e pela personalidade do Prof. Vítor Fontes, mas não

cabia nos padrões normais do Ministério da Educação e da Administração Pública.

O Prof. Albano Estrela, ao assumir a direcção do Instituto, remodelou o curso para três

anos e passaram a entrar professores de todos os graus de ensino. Na fase de 1976/77, o

Instituto foi dirigido pelo Dr. Teixeira de Matos para “acalmar” e controlar a Instituição. Note-se

que era um curso de três anos para professores com direito a bolsa, o que era considerado

excessivo e muito caro, segundo alguns organismos estrangeiros.

A N E X O I - XVI I

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Havia a noção de que os professores não tinham formação adequada, o 1® ano

destinava-se a contribuir para a sua formação global, porque os professores além do 5® Ano

tinham só 2 anos de formação pedagógica, depois o curso passou a 2 anos.

Q. - Pode caracterizar a formação nas diversas Instituições nessa época?

I.L.S. - Havia o Centro de Paralisia Cerebral, Classes Especiais, Centro de Saúde Mental,

existiam ainda os Institutos para cegos: o Castilho, o Centro Hellen Keller já com a perspectiva

da integração, a formação implicava a escolha da área de especialização por deficiência,

existiam também os Institutos para Surdos.

Houve um ano de paragem a seguir ao Curso de 1974/75, um curso para professores

de classes especiais, para fomentar o apoio em 1976: A orientação pedagógica das classes

especiais era competência do IAACF e continuou a dar orientação pedagógica às classes de

apoio. Houve um acompanhamento através de estudos de casos apresentadas pelos

professores de apoio que tinham reuniões periódicas no Instituto.

Q. - Os outros serviços do Instituto ainda continuaram a funcionar no IAACF?

I.L.S. - As Equipas Pedagógicas continuaram a funcionar, a consulta veio a terminar quando o

curso passou para a ESE. Outras instituições como o Centro de Saúde Mental foram

integrando os técnicos. O que terminou foram as classes especiais do IAACF.

Q. - Na sua tese de Mestrado estabelece uma relação entre “ handicap" sócio- cultural e

Dificuldades de Aprendizagem dos alunos das classes especiais, o que tem a dizer-nos sobre

isto?

I.L.S. - Isso não está explícito na tese, continuo a pensar que as crianças que não aprendem

são crianças com problemas sócio- culturais. Na altura, na comunidade científica, estava no

auge a discussão das Pedagogias Compensatórias. Na consulta do IAACF apareciam crianças

com problemas de aprendizagem, aos quais a Escola não dava resposta. Algumas tinham três

anos de atraso, mas não era preciso baterias de testes para o provar. Apareciam vários tipos

de crianças com problemas de comportamento, dificuldades de aprendizagem mas havia

poucas crianças deficientes. Entretanto foi criada a APPACDM que atendia crianças

mongolóides. Começou a haver outros serviços. Ao Instituto iam os alunos com problemas de

Insucesso, ou problemas escolares, enviados pela Escola, e que, no fundo, já não eram

recuperáveis. Iam então para a classe especial, ( actualmente, Currículos Alternativos ). O

problema ainda não está resolvido, a Escola hoje em dia, ainda não lhes dá resposta cabal.

A N E X O I - XVIII

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Q. - Qual a sua opinião sobre a perda da dianteira do IAACF?

I.L.S. - O que senti é que o Instituto era marginal ao sistema e que, a dada altura, o sistema

"agarrou" as crianças deficientes, aquando da criação da DEE. As orientações eram no sentido

de formar professores. O IAACF não foi capaz de formar professores com qualidade e em

quantidade e o sistema pretendia respostas imediatas, quase que houve um conflito entre o

Instituto e o Ministério da Educação.

Q. - Acha que o IAACF deu um contributo para o arranque da Educação Especial?

I.L.S. - O IAACF foi um plano espantoso para a época, o Prof. Vítor Fontes conseguiu conjugar

tudo o que havia de melhor no Mundo, apanhou tudo o que era de “ponta”, ideias que eram

demasiado inovadoras para a época, mas que não foram concretizadas. O problema da

centralização em Lisboa, quando era necessário dinamizar apoio a estas crianças no país todo,

não fomos pragmáticos, tínhamos ideias muito boas, mas que não davam respostas às

necessidades do País.

Q. - Qual a sua opinião sobre a permanência do modelo médico- pedagógico na formação de

professores?

I.L.S. - A visão mudou, os Psicólogos tomaram o lugar dos médicos, a ideia passou a ser de

formar professores para especialidades pedagógicas: Linguagem, Cálculo, Conteúdos. O curso

da ESE é a tentativa de ultrapassar o modelo deficitário. Temos a situação dasrdificuldades

escolares que no fundo são dificuldades sociais. As deficiências sensoriais e motoras têm

características e técnicas específicas, que implicam um atendimento específico. Além disso,

temos o grande grupo das dificuldades escolares e problemas de comportamento que, em

Portugal nunca foi considerado como deficiência como aconteceu em França. Neste país até

existiam Institutos para essas crianças.

Nas crianças com problemas intelectuais porque as fronteiras podem-se considerar

indefinidas, foi sempre complicado definir a partir do Q.l. quando é que a criança é considerada

com deficiência ligeira, média, etc. Não faz muito sentido, em minha opinião, mas a perspectiva

de apoio indiferenciado esqueceu as necessidades específicas de algumas crianças, que têm

necessidades técnicas. Estas têm de ser atendidas por especialistas. Não podemos confundir

crianças que têm apenas problemas sócio- culturais e problemas de aprendizagem aos quais a

Escola não foi capaz de dar resposta, com meninos que têm deficiências, que têm direito à

integração. As respostas têm de ser diferenciadas.

A N E X O í - X IX

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Q. - Gostaria que emitisse a sua opinião sobre a Escola Inclusiva?

I.L.S. - Os problemas da Escola Inclusiva têm a ver com a falta de preparação dos professores

para fazerem Pedagogia diferenciada, a qual implica uma gestão inovadora de espaço e do

tempo, além de esforços para motivar as crianças, na perspectiva duma nova cultura escolar.

Q. - As classes especiais do IAACF no início das suas funções eram uma estrutura fechada ou

de passagem?

I.L.S. - Teoricamente a ideia era devolver as crianças à Escola, mas na prática não se

conseguia, saíam do IAACF para outra classe especial. No Instituto existia internato, as classes

eram de observação, mas como não havia resposta as crianças iam ficando. Era local de

estágio e de observação dos formandos. As crianças posteriormente iam para uma classe

especial na Escola. As classes especiais terminaram em 1990, houve um decreto do DEB do

tempo da Dra Elizete Alves do Núcleo de Orientação Educativa que terminou com as classes

especiais e os professores foram obrigados a integrar-se nas salas de apoio ou nas EEES.

Havia ainda as Unidades de Orientação Educativa, que sucederam às Unidades de

Apoio Educativo, mantiveram-se as classes especiais do IAACF, havia o Ensino Integrado da

DEE e o apoio instituído por Elizete Alves orientado por A- da- Beja (Prof. Bairrão Ruivo e Dr.

Sérgio Niza), eram três estruturas que coexistiam: a integração dos deficientes físicos e

motores, classes de apoio, classes especiais e o apoio lançado por A- da- Beja e o Núcleo de

Orientação Educativa.

A N E X O í - X X

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

ENTREVISTA 4

E n tre v is ta d o : Prof. Bairrão Ruivo

F un ção : D irector do COOMP, Professor na Faculdade de Psico logia e C iências da

Educação do Porto.

Data da e n tre v is ta : Março de 2000

Questão (Q.) - Pode delinear-nos uma visão histórica do IAACF?

Prof. Bairrão Ruivo (B.R.) - 0 1® director do Instituto foi António Aurélio da Costa Ferreira,

como sabemos, na fase do Prof. Vítor Fontes o modelo do IAACF inseria-se no médico-,

pedagogismo, modelo ultrapassado nos nossos dias, em que as pessoas deficientes eram

consideradas pessoas doentes. A deficiência era como uma lesão irreversível que

necessariamente ia levar ao modelo médico e ao conceito de anormais.

Mais tarde com a direcção da Dra Mfl Irene Leite da Costa, formada em Biologia, a

filosofia do IAACF inseria-se nas correntes científicas da época, seguindo o modelo anglo-

saxónico, impregnado de forte cariz médico. A microcefalia e as alterações genésicas do

sistema nervoso eram consideradas muito importantes. Tardiamente perdeu essa dimensão, o

médico- pedagogismo foi o modelo responsável em Portugal pela caracterização de muitas

crianças.

A formação de professores começou nos anos 40 e até 1974, a par das classes de

observação, no exterior, o número de classes especiais era cerca de 40/50, as crianças que as

frequentavam não eram deficientes mentais, eram crianças instáveis. O IAACF acolhia uma

franja de crianças débeis m entais" borderline".

Em 1977, quando .voltei para Portugal, no terreno havia os professores de Ensino

Especial treinados nessa perspectiva tradicional, misto de pedagogias activas, influenciados

por ideias novas de Genève, trazidas por Ma Irene Leite da Costa.

Este modelo, semelhante aos dos anos 20 de Inglaterra, EUA, os Institutos Médico-

Pedagógicos- “ Child Guidance Mouvement” , era uma mistura deste modelo com o modelo

francês dos anos 60 “ Centre Médico- Pédagogique”. O Ministério da Educação votou os

deficientes ao abandono, porque estava muito preocupado com o ensino dos “ normais”. Ficou

aquele "guetto", professores do Ensino Especial isolados dos professores de normais, o IAACF

apoiava os débeis ligeiros e a Segurança Social onde eu me integrava, formava professores

para deficientes auditivos, visuais e motores.

A N E X O I - X XI

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Só muito tardiamente, após o 25 de Abril é que passou a haver ensino para

necessidades educativas especiais, fora do Instituto.

A acção do IAACF era limitada, porque devia haver um Instituto em cada distrito e a

tendência era para se transformarem em Centros de Investigação ligados às Universidades. O

problema foi que o Instituto não estava “ancorado” directamente nem no Ministério da

Educação, nem no Ministério da Saúde, ficou perfeitamente isolado. Falamos de um paradigma

confuso, reducionista. O conceito de deficiência Mental de natureza lesionai, quando eram

crianças com Q.l. de 70/80- pessoas com baixa escolaridde, os grandes deficientes não eram

atendidos. Neste " saco” iam as deficiências mentais ligeiras, tratava-se de uma visão de

diagnóstico, inserida na aplicação de testes, como o de Terman e algumas provas colectivas

aplicadas por professores.

Q. - Pode agora referir o modelo de observação que implementou no COOMP?

B.R. - Após a minha formação em França criei um serviço em Portugal, na Segurança Social,

que se inseria no modelo Centre Médico- Pédagogique de França, onde estagiei. A minha

formação é em Psicopedagogia Especial.

Até 1974, as classes especiais eram em reduzido número. O IAACF dava reduzida

resposta às necessidades do País. Não foi efectuado um estudo epidemológico da deficiência

mental em Portugal, havia uma taxa muito elevada de crianças com problemas, os cuidados de

saúde eram limitados, o que tem a ver com o sub- desenvolvimento do País nos anos 40,50,60,

até à Revolução. No IAACF fez-se uma evolução lenta até perder o modelo médico-

pedagógico. Funcionava o Dispensário de Higiene Mental Infantil e outros sectores: Formação

de Professores, Instituto de Investigação na área das Ciências. Não fazia sentido haver um só

Instituto no País, mesmo à nossa dimensão, devia haver uns 20 ou 30. ã

As limitações de concepção orçamentais, modelo técnico de abordar a deficiência,

crianças .com dificuldades de aprendizagem de meios, sócio- económicos desfavorecidos, os

deficientes mais profundos eram incluídos em estruturas da Assistência Social. A partir de 1967

foram criadas diversas estruturas por todo o País, em regime de Internato, criaram-se Institutos

para cegos, Institutos para surdos e outras Instituições privadas ( Instituto Adolfo Coelho).

Ainda hoje a cobertura da Educação Especial não deve ir além de 30%, naquela altura devia ir

até aos 5%.

Não havia investigação especializada, havia alguns trabalhos sobre genética do

mongolismo, não se registaram estudos de inovação nesse âmbito, só alguns estudos da Dra

Alice Tavares. Os deficientes foram a última preocupação do Ministério da Educação.

Q. - Pode clarificar os objectivos do COOMP?

A N E X O I - XXII

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B.R. - Era uma instituição que não tinha modelo na Assistência Social, porque havia internatos

para deficientes. O Centro Médico- Pedagógico, era ambivalente, não era um estabelecimento

de educação, mas tinha lá crianças, salas de apoio. Ainda hoje há serviços semelhantes nos

EUA ligados às Universidades. Era um modelo integrado, com dimensão inter- disciplinar,

consultas de Neurologia, Informação Genética, pessoal de enfermagem o que implicava

ligação entre diversos Ministérios. Não foi possível atingir uma dimensão investigativa, o estudo

das crianças com alterações comportamentais através da formação em serviço contribuiu para

acabar com as classificações. A equipa era composta por técnicos com formações a diversos

níveis. Depois tornou-se difícil continuar a trabalhar neste modelo que, no entanto, deu um forte

contributo para a Integração.

A Segurança Social, nos anos 60 vai sobrepor-se à Educação porque esta está

preocupada com a Escolaridade Obrigatória. Era preciso dar resposta às exigências da

Europa. Foram criadas Instituições pela Segurança Social muito pesadas. Mas houve

inovação. Esse “ Know-how” devia ter passado para a Educação. Foi uma tentativa de clarificar

conceitos relativos às crianças com problemas, porque no nosso País houve sempre grandes

confusões conceptuais.

Em relação ao IAACF houve uma tentativa de ligação à Universidade, no tempo da Dra

Irene Leite da Costa. Foram feitos vários estudos publicados na revista Criança Portuguesa.

Entre eles vários estudos sobre etiologia da deficiência, abordagem aos conceitos de

deficiência e análise dos problemas de comportamento.

No COOMP eu pretendi desenvolver uma abordagem multidisciplinar, porque não me

limitava à observação de crianças, tal como se fazia na consulta do IAACF. Ainda hoje não há

um Centro com essas características para atendimento a crianças com NEES. Falar de

Integração ou Inclusão em Portugal é impossível, .'*60% d o s ' professores não têm

■especialização. Nunca se cumpriu a fase da Segregação, nem a de Integração, como é que se

vai cumprir a da Inclusão? Torna-se necessário redimensionar os recursos. A Inclusão não

será possível por via de lei.

Q. - Quando inicia o COOMP, existiam outras Instituições, quais as formas de interligação?

B.R. - O IAACF estabeleceu uma ligação forte com diversas Instituições: Instituto Navarro de

Paiva, Instituto Adolfo Coelho que passou para a Segurança Social, Instituto Condessa de

Rilvas. Estas eram Instituições tipo “armazém” para crianças deficientes, de vários níveis de

qualidade. Não havia outros modelos, os serviços estavam de costas voltadas uns para os

outros, faltava o levantamento de quantas crianças nasciam e da etiologia de deficiência. Há

conflitos com a Educação. A Casa Pia enquadra-se na Segurança Social, a solução encontrada

A N E X O l - XXIII

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Contributos para a História do Instituto Antônio Aurélio da Costa Ferreira

era classificar as crianças e enviá-las para algum lado. Tentou abrir-se outros centros no Porto

e Coimbra, mas não foi possível e as famílias não tinham qualquer intervenção porque eram

famílias desfavorecidas. A cobertura com o nascimento das Cercis decuplicou, Instituições que

cobriam a faixa litoral do País. No entanto, podia-se ter mantido o modelo das classes

especiais do Instituto que naturalmente evoluiriam de acordo com a investigação. No fundo, o

sistema escolar não respondeu às necessidades das crianças.

Q. - Pode agora esclarecer-nos sobre o seu percurso formativo?

B.R. - Fiz formação num Laboratório de Psicologia do Desenvolvimento, realizei estudos sobre

Deficiência, tentei adaptar os modelos saxónico e francês, criar um Centro Pedagógico.

Centros que eram centros de ponta, ligando as questões da Psicologia do Desenvolvimento às

questões da Educação, numa perspectiva transdisciplinar. A Psicologia esteve incluída na

Filosofia em Portugal, em França era ainda muito teórica, nos países anglo- saxónicos os

estudos eram de cariz mais pragmático, daí o meu trabalho em Intervenção Precoce, Educação

Pré- Escolar relativo a Necessidades Educativas Especiais.

Q. - O que nos trouxe João dos Santos de inovador?

B.R. - João dos Santos trouxe inovação na área da Psiquiatria Infantil, na linha de Wallon do

pós- guerra, era Psicanalista Infantil. Trabalhou como Psiquiatra no Hospital Júlio de Matos,

criou o Centro de Saúde Mental de Lisboa, numa perspectiva dinâmica, interferindo em

diversas questões de educação. As crianças atendidas no IAACF eram crianças com

problemas cognitivos às quais eram aplicadas técnicas métricas, são claramente dois modelos

diferentes. v

Q. - Porque é que o JAACF foi ultrapassado do ponto de vista teórico e científico?

B.R. - O IAACF era um misto de “ Child Guidance", de Centro Médico- Pedagógico, abordava

questões que iam da Psiquiatria Infantil à Educação, modelos que também desapareceram em

França e Inglaterra, foram absorvidos pelas Universidades. Nestas devem existir Centros de

Investigação, ligando a teoria à prática. O IAACF ao incluir uma tão grande diversidade de

serviços teve diversos problemas. A Saúde Mental autonomizou-se, a Psiquiatria passou para

os Hospitais, criaram-se Escolas Superiores de Educação, ficou portanto como Instituto de

Investigação que é o modelo que hoje existe e que o liga à Inovação Educacional. O IAACF

ficou esvaziado pela evolução ocorrida em diversos sectores, mas deve-se tirar ilações do

legado patrimonial que as Instituições nos deixam.

A N E X O l - X X IV

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Dirigi o COOMP e depois designado DSOIP e ainda CEACF. Este último já não é do

meu tempo de director, tornou-se difícil conciliar esta função com o meu trabalho de professor

universitário na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto. No Centro eu tinha

uma equipa de 90 técnicos, consultas com diversos técnicos como: Terapeuta da Fala,

professores e educadores de infância... Senti sempre problemas orçamentais e falta de

compreensão pelo meu trabalho no Centro. Não houve respeito institucional, não houve pelo

IAACF e também não houve pelo COOMP. Houve falta de respeito pelo trabalho com as

famílias. Foi uma Instituição que sobreviveu 30 anos, onde foram observadas milhares de

crianças, tal como aconteceu com o IAACF.

Q. - Pode sintetizar as principais conclusões a que chegou no seu estudo sobre o sistema de

Educação Especial em Portugal, publicado pelo C.N.E?

B.R. - O sistema de Educação Especial já tem pernas para andar, não existe monitorização do

sistema, mas já há professores especializados. Torna-se necessário introduzir

interdisciplinaridade, trabalho conjunto de terapeutas, psicólogos, e devem ser rentabilizados

os recursos existentes. Promover a regionalização para correcção das assimetrias, deviam ser

publicados estudos estatísticos com periodicidade anual, para avaliação do sistema.

Q. - O que pensa da permanência do modelo médico- pedagógico na formação de

professores?

B.R. - Concordo. Há ausência de outro modelo conceptual. É preciso dar aos professores os

conhecimentos de ponta, como se ensina nas diversas áreas, depois é que vem toda a

panóplia da Psicologia e Pedagogia, não só da Intervenção Precoce, mas também noutras

áreas. Não se transmite aos professores coisas pragmáticas, deve também ser feita a

promoção do profissionalismo.

Q. - Gostaria que tecesse algumas considerações sobre o percurso: Segregação/ Integração/

Inclusão?

B.R. - Nos EUA, anos 10, 20 as pessoas eram institucionalizadas através da avaliação do Q.I.,

a Segregação cumpriu-se fielmente, o que trouxe eugenismo, tal como na URSS, Suécia,

Dinamarca e Finlândia: Nestes países cedo se experimentou o modelo integrado, a lei era

cumprida, não podia ficar ninguém sem educação fosse ela má ou boa. Em Portugal não se

cumpriu a Escolaridade Obrigatória, não se cumpriu o modelo das classes especiais,

passámos por um período segregativo quase episódico, de 1942 a 1974, quando funcionou em

a n e x o I - X X V

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

pleno o IAACF, mas não ficou nada escrito, nem avaliado. Depois iniciou-se a Integração, mas

neste modelo integrador em que numa turma de 25 alunos há 2 crianças com problemas,

poderá ser um modelo de colocação geográfica e não integrador. Claro que é impossível

integrar um autista no sistema regular de Ensino, mas pode estar integrado na Escola. A

Inclusão total pode não ser sempre uma meta. Nos EUA ainda hoje há 10% de população em

Instituições segregadas. Nos anos 80 era 20%. Não é por decreto que se faz a Integração e a

Inclusão, é com recursos humanos e com Investigação científica. A Inclusão é possível, mas há

uma necessidade de permanência de outros modelos. Em Portugal há um pouco a concepção

de que as coisas podem evoluir por magia, por aplicação da lei.

A N E X O I - X X V I

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ENTREVISTAS

Entrevista: Dra. Inês Sim- Sim

Função: Formadora na ESE de Lisboa, directora do IAACF na transição para a ESSE de

Lisboa.

Data da entrevista: Março de 2000

Questão (Q.) - Como é do conhecimento geral foi directora do IAACF, pode fazer-nos uma

retrospectiva do funcionamento do Instituto nessa época?

Dra. Inês Sim- Sim (I.S.S.) - Numa primeira etapa fui docente no Instituto, depois assumi as

funções de directora. Em Outubro de 1984, quando o Curso funcionou com o modelo de três

anos com diversas opções: Surdos, Cegos, Deficientes Motores, Funcionamento Intelectual

Deficitário- FIDS. O 12 ano era comum a todos os formandos, depois no 2® ano eram feitas as

especializações e o 3® ano era de estágio. Havia nota final de todo o curso, as disciplinas

existiam de acordo com os recursos disponíveis, sentia-se uma grande necessidade de

estruturar a formação de acordo com as necessidades. Foram funcionando grupos de trabalho

que elaboraram propostas de projectos de reestruturação do Instituto, reformulação do

Conselho Pedagógico, o movimento de renovação estava em curso. Fui convidada para dirigir

o IAACF, com a função de integrar a formação de professores na ESE de Lisboa.

Tomei posse do cargo, agrupei o movimento de reestruturação do curso com a Dra

Isabel Lopes da Silva, a Dra Isabel Fialho, a Dra Teresa Lopes Vieira. Foi organizado um plano

de estudos novo, com a filosofia actual, passámos para o modelo de 2 anos, embora houvesse

em comum o 1® ano e depois as especializações no 2® ano, reformulámos o estágio e passou a

existir a monitorização do APA e acompanhamento do estágio e ainda a 2a especialização

como opção. Havia a básica e depois a outra, os formandos passaram a sair com duas opções

de especialização. Tínhamos de investir mais na polivalência dos professores, dadas as

necessidades do País e pensar numa articulação na formação. Passaram a existir professores-

coordenadores de ano e as equipas que eram responsáveis pelas áreas de especialização.

Q. - Pode agora dar-nos uma síntese do seu percurso como formanda no IAACF?

I.S.S. - Fiz o Curso do Magistério Primário e no segundo ano de exercício de funções docentes

fui para o IAACF- no modelo do Curso de Crianças Inadaptadas que funcionou até 1974. Há

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um ano de paragem em 1975/76, depois foi criado um curso de profissionais de educação que

existiu até à direcção do Prof. Albano Estrela, que só funcionou durante 2 anos.

Exerci funções na Educação Especial desde 1969 até 1979, primeiro em Braga, na

Segurança Social e depois na equipa do Prof. Bairrão Ruivo. Em cada sede de distrito iria ser

criado, nos anos 70, uma Instituição similar àquela onde trabalhei, recorrendo a verbas do

Totobola, Instituição para surdos, cegos e deficientes mentais. Muitos casos eram casos

sociais, crianças com problemas de comportamento, trabalhei com essas crianças. Essas

Instituições tinham condições que não existiam nas Escolas Públicas, com aulas de música e

ginástica.

Ao fim de três anos vim para o COOMP. Fui para os EUA em 1974 onde fiz o

doutoramento. Em1985 foi nomeada a Comissão Instaladora da ESE, que ficou instalada na

sede do Instituto, os dois cursos funcionaram em simultâneo, foram posteriormente

encurtados. Abandonou-se o conceito de deficiência, a abordagem passou a ser ao nível dos

problemas de aprendizagem

Q. - Ainda trabalhou com o modelo das classes especiais, qual a sua opinião sobre as crianças

que as integravam: eram crianças deficientes ou com " handicap” sócio- cultural?

I.S.S. - Quando fiz o curso ainda existiam as classes especiais. Eram crianças dos dois tipos,

era uma estrutura muito exigente e demasiado rígida. O curso de 1 ano era composto por três

ou quatro cadeiras e estágio, entrámos quarenta e oito para o curso e saímos doze, todas as

semanas algumas pessoas eram convidadas a sair, o estágio era feito nas classes especiais,

ou nas classes do Instituto. As crianças tinham problemas de comportamento, de

aprendizagem, problemas sociais, eram filtradas pelo IAACF, as classes do Instituto tinham

casos mais pesados, compostas por crianças com deficiência, problemas mentais ou

problemas de comportamento.

No estágio passávamos pelas classes especiais e pelas classes do Instituto,-no final

havia um júri composto pelos professores do IAACF, a decisão da avaliação era publicamente

anunciada, as pessoas eram confrontadas com as dificuldades de lidar com as crianças,

porque no estágio o mais importante era ser capaz de lidar com o grupo de crianças.

Fiz a licenciatura em Psicologia, porque gostei muito da cadeira de Psicologia do

IAACF, a cadeira de Linguagem era leccionada pela Dra Isabel Fialho, muito interessante, o

que influenciou a minha carreira científica numa fase posterior.

Q. - O COOMP também nasce na Segurança Social. Pode afirmar-se que a Segurança Social

ultrapassou o Ministério da Educação nos anos 70?

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1.5. - A inovação veio da Segurança Social, donde vieram a Dra Ana Mâ Bénard da Costa, o Dr.

Sérgio Niza, donde veio o primeiro esboço de integração das crianças cegas numa Escola

Secundária. Mas o melhor que se fazia, ao nível do diagnóstico, era no COOMP. Havia

reuniões de síntese com Psicólogos, Psiquiatras, Professores, Educadores, Assistentes

Sociais, bastante enriquecedoras, numa perspectiva multidisciplinar.

No entanto, a Educação Especial deve um grande impulso a Vítor Fontes, a sua saída

da direcção do Instituto transforma o IAACF num período de águas mortas. O IAACF foi

inovador, os trabalhos de Víctor Fontes são o melhor que há em Pedagogia, embrião que

remonta à Casa Pia. Entra depois numa fase ambígua por causa de estar ligado à Direcção

Geral do Ensino Superior. Quando venho para o IAACF como professora, a Escola não se

regia como outras Instituições do Ensino Superior, o que lhe acarretou sempre problemas.de

• pessoal, de estatuto e também do ponto de vista administrativo.

Q. - No que se refere ao modelo de formação do Prof. Vítor Fontes- modelo médico-

pedagógico, sei que tentou mudar para o primado da educação, pode fazer uma comparação

entre os dois modelos de formação: do IAACF e da ESE?

1.5.5. - NO IAACF fiz o curso em 1968/69, sendo o modelo médico que predominava. Havia

uma categorização das dificuldades ou das deficiências baseada no modelo médico, mas a

intervenção era baseada no modelo pedagógico: uma dualidade observação clínica/

intervenção pedagógica. Em 1965 há a entrada da Psicologia, o ISPA nasceu nos finais dos

anos 70, já se sentia a influência da Psicologia. Os formandos aprendiam a aplicar testes às

crianças, sobretudo a escala de Binet- Simon. Os professores tinham de avaliar as crianças,

fazia parte do exame final a observação'-psicológica de uma criança e estabelecer as

respectivas orientações pedagógicas. Havia no plano de estudos a preocupação de integração

da formação em vários domínios. No plano de estudos de 1964, aplicávamos o teste de

Terman (versão espanhola), o que era inovador, ao nível da observação de crianças. Os testes

eram versões espanholas, porque não existiam em Portugal as versões utilizadas.

Q. - Qual a sua opinião sobre classes especiais e Institutos de Reeducação, as crianças

estavam segregadas?

1.5.5. - As questões de Segregação, Integração, Inclusão são contínuos, não são dicotômicos.

As classes especiais eram unidades diferentes das classes regulares, mas as crianças

estavam nas escolas. Desvantagens: nem os intervalos eram juntos, os professores tinham

horários diferentes do horário normal, funcionava só de manhã, as crianças não brincavam com

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as outras. Ao nível das estratégias pedagógicas de ensino os meninos tinham muito mais

material do que os das classes regulares.

Os Institutos da Segurança Social eram verdadeiros colégios, muitos com ginásios,

salas de música, bonitos edifícios, grupos de dez, onze meninos. Tinham oficinas equipadas

para formação profissional dos jovens, estes tinham direito a semanada, os professores

almoçavam e lanchavam com as crianças. Nalguns casos as crianças não queriam ir de férias

porque eram de estratos sociais muito baixos e a sua vida nos colégios tinha melhores

condições. Era segregador, pois existiam poucos pontos de contacto com outros jovens. No

tempo, houve um grande investimento da Segurança Social, claro não abrangia todas as

crianças, mas também nem todas estavam na Escola.

Q. - Qual o caminho percorrido a partir do IAACF?

1.5.5. - O IAACF atendeu sempre uma população minoritária, praticamente só de Lisboa, daí a

Segurança Social ter avançado com a proposta de criação de Institutos nas sedes de distrito, e

que abrangessem outras deficiências. Isto era uma melhoria, ocorreu a primeira cobertura nos

Açores e Madeira do Ensino Especial no âmbito da Segurança Social, mas claro seguindo o

modelo dos Colégios de Reeducação com Internato.

Q. - A Dra Inês Sim- Sim fez a transição para a ESE, foi uma etapa difícil?

1.5.5. - Essa etapa implicou a reestruturação do IAACF, implicou ainda a formação de

professores ao nível do Ensino Superior. Funcionavam ainda classes especiais que eram da

responsabilidade do IAACF e as equipas técnicas. O curso de formação de professores foi

reconvertido e passou a funcionar na ESE.

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ENTREVISTA 6

Entrevistado: Dr. Sérgio Niza

Função: Movimento da Escola Moderna, Técnico Superior da Segurança Social.

Data da entrevista: Abril de 2000.

Questão (Q.) - Pode fazer-nos uma retrospectiva do atendimento a crianças com deficiência

mental em Portugal, tendo como pano de fundo o seu artigo: " Da médico- Pedagogia à

Psicologia Educacional"?

tDr. Sérgio Niza (S.N.) - O COOMP, Centro de Observação Médico- Pedagógico, surge ligado

ao Instituto de Assistência aos Menores da Direcção Geral de Saúde e Assistência. As

necessidades de atendimento a estas crianças deram origem ao COOMP. Existia um conjunto

de Institutos de Assistência a Menores e à Família, teve como seus primeiros directores de

serviços: Ana Maria Bénard da Costa do Centro Hellen Keller, Dr. Antonino Armando que vinha

do Instituto Jacob Rodrigues Pereira, um professor que tinha sido director do Instituto Adolfo

Coelho ( área da Deficiência Mental), directores de outros serviços que passaram a directores

de serviço no Instituto. Foi criado o Centro de Observação Médico- Pedagógico paralelamente

ao IAACF, era seu objectivo fazer a observação, triagem e acompanhamento das crianças que

recorriam à Direcção Geral de Saúde e Assistência, que estavam sob a alçada do Ministério do «

Interior. ...

Estes serviços foram criados nos anos 60 com o apoio das verbas dos Jogos Totobola,

os seus lucros destinavam-se a apoiar este Instituto, havia dinheiro para criar .novos

estabelecimentos.'

O IAACF tinha o único serviço de observação e a certa altura, foi declarado o único

sen/iço quase universal de Higiene Mental, não tinha estruturas para desempenhar as suas

funções: observação das crianças que eram enviadas para as classes especiais, que também

eram poucas para as necessidades. Verificava-se que muitos diagnósticos não correspondiam

a verdadeiros défices. Alguns eram débeis mentais ou pseudo- mentais, tinham algumas

dificuldades mas ao serem colocados nas classes especiais porque ficavam marginalizados,

em vez de progredirem as suas dificuldades agravavam-se. A situação tornava-se

insustentável, porque não havia classes especiais suficientes. Os pais iam bater à porta da

Assistência, das suas Instituições, ou do COOMP, quando este foi criado.

A N E X O I - X X X I

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Os pontos de vista de abordagem entre o COOMP e o IAACF eram diferentes, gerava-

se uma certa conflitualidade, Ministérios diferentes, estavam de costas voltadas, o IAACF ia

fragilizando a sua acção médico- pedagógica, mantinha com alguma qualidade a formação de

professores, mas muito assente no modelo sensorialista, onde as ideias de Condillac estavam

muito presentes. Existiam ainda os aspectos mais retrógados da Maria Montessori, daí o

existirem as classes sensoriais ( Sensorial 1; Sensorial 2), o que já não era sustentável do

ponto de vista científico, mas este modelo manteve-se quase até ao 25 de Abril. O currículo

não foi actualizado, o que só foi feito com o Prof. Albano Estrela nos anos 80.

Q. - Pode agora fazer-nos uma síntese dos movimentos que emergiram a seguir à Revolução?

S.N. - A seguir à Revolução chegou-se à conclusão que as classes especiais deviam

desaparecer, para que os professores passassem a apoiar crianças no círculo interno das

Escolas, perspectiva que eu defendi. Na equipa de A- da- Beja, fizemos a actualização ou

reciclagem desses professores desde a primeira geração que acabavam por ser cerca de

quatrocentos no país todo. Fizerrios a primeira experiência de serviços de apoio a dificuldades

de aprendizagem- SADAS, administrativamente suportados pelo gabinete da Dra Elizete Alves

do Ministério da educação. Os SADAS transformaram-se em UOES- Unidades de Orientação

Educativa e vêm a integrar-se nas EEES que eram coordenadas pela Dra Ana Maria Bénard da

Costa, para apoio a Dificuldades de Aprendizagem. Existia por outro lado o Ensino Especial

para as crianças com deficiências, ideia que vem de Kirk, o seu conceito é de que há uma

discrepância entre as potencialidades duma criança e a sua realização escolar (perfomance no

plano do currículo), pressupostos que eram crianças com potencialidades mentais. Baseava-se

na medição da inteligência, as crianças tinham potencial normal. Daí a criação destas duas

respostas no sistema, a Dra Ana Maria Bénard da Costa tentou fundir e trazer as pessoas

formadas em A- da- Beja que promoviam a formação contínua de todos os professores de

apoio a dificuldades de aprendizagem, havendo ligação ao Movimento da Escola Moderna,

tratou-se de uma ruptura com o modelo e a tradição do IAACF.

O COOMP criou a divisão de serviços para acolher situações intermédias (border-line),

com a marca ainda de tradição médica. Criou-se assim uma alternativa médico- psico-

pedagógica- o COOMP foi dirigido por um psicólogo, quando ainda não existiam psicólogos em

Portugal. O IAACF foi dirigido por médicos com componente forte de Medicina Psico-

Pedagógica. A equipa de A- da- Beja introduziu ruptura pela sua componente educativa. O

IAACF teve sempre um modelo curricular pouco dinâmico.

Q. - Qual a sua opinião sobre o currículo do IAACF, no que se refere ao primado de duas

cadeiras: Psicologia e Pedagogia dos Anormais e componente forte de estágio?

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S.N. - O serviço dirigido por Vítor Fontes, declarou-se como único serviço de Higiene Mental.

Com a Dra Irene Leite da Costa, não havia dimensão para isso, equívoca amálgama de

respostas, nem sequer tinham capacidade de dar resposta ao diagnóstico que produziam. A

formação de professores estava ligada ao ensino sensorialista, porque se acreditava que a

prática do professor era muito importante. Mas as práticas pedagógicas acolhiam apenas

práticas sensorialistas, não se aflorava a teoria de Piaget, nem estava presente a visão

dinâmica- freudiana. Entroncava no Séguin, Maria Montessori, parte empírica, sensorialista.

Tinham treinos e jogos para as crianças até chegarem à possibilidade de entrarem nas

aprendizagens escolares. Havia um longo preâmbulo, visão sensorialista do sec. XVIIII-

Condillac que acreditava na tábua rasa, a criança era como cera onde se iam gravando

impressões.

Os relatórios do Dr. Itard sobre o selvagem de Aveyron são'mais progressistas do que

esta perspectiva. Séguin fundou os seus programas de trabalho de deficientes nos relatórios do

Dr. Itard. Séguin é menos dinâmico do que o Dr. Itard, Maria Montessori é muito contraditória

nas propostas pedagógicas, é muito sensorialista, como se tudo fosse veiculado pelos

sentidos. A concepção da observação- formação- prática pedagógica era modelo único. A

reflexão sobre as práticas e a inspiração das práticas era muito retrógada no plano científico.

Q. - Gostava de ouvir a sua opinião sobre a função de seleccionar e classificar crianças

anormais, se o modelo inspirado nas “Child Guidance Clinics” vai entrar em conflito com

correntes psicanalíticas e outras correntes da Psicologia?

S.N. - A tradição dinâmica é uma tradição de acompanhar, . os pedo- psiquiatras são

tradicionalmente psico- terapeutas, linha da Psicologia dinâmica: que é muito diferente da

Psicometria, que considerava que o diagnóstico era muito importante: diagnosticar era avançar.

No entanto, quando se aplicava o diagnósticoa uma pessoa sem se trabalhar com ela, podia-

se estar a condenar essa pessoa. A linha da Psicologia dinâmica não publicita o diagnóstico,

não classifica, quando muito diz que apoia ou não apoia.

Q. - O Dr. João dos Santos considerava o IAACF como uma estrutura muito psiquiatrizante, e

centralizadora, qual a sua opinião sobre esta posição?

S.N. - João dos Santos criou um novo serviço inspirado nos serviços de Claude Bernard,

franceses. Fez formação em Psicologia em França e organizou o Centro de Saúde Mental

Infantil e Juvenil de Lisboa na Rua João Penha, inspirado num serviço que funciona numa

Escola- serviço médico psico- pedagógico que trabalhava com crianças adolescentes. No

A N E X O l - X XX III

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entanto, em Portugal estava ligado à Saúde Mental, ele era um Psiquiatra Psicanalista, numa

área controlada pelos Psiquiatras. João dos Santos teve sempre muita estima pelo Prof. Vítor

Fontes de quem foi assistente, claro que Vítor Fontes foi professor de Anatomia, portanto são

duas visões diferentes.

Os anos 60 causaram a ruptura em relação aos modelos dos anos 40, 50. O COOMP

surgiu com matriz nitidamente métrica, psico- terapia, mas os técnicos, incluindo o director

aplicavam a análise, ou seja a evolução não foi linear entre as correntes psicológicas.

Q. - O IAACF é um arranque no nosso País e depois " estagna" no tempo. Que opinião tem

sobre este facto?

S.N. - O IAACF arrastou durante muito tempo certas concepções e o poder médico que veio

atrasar a reflexão e o currículo da própria Instituição. De início foi um belo serviço com recursos

e com dimensão académica invulgar. Tinha grandes especialistas, nasceu com aquela

necessidade de classificar e colocar crianças nos vários estabelecimentos. Era muito

dependente duma ideia administrativa, de administrar os casos. Os escritos de Vítor Fontes

são muito racionais, mas depois não teve meios para atingir esses objectivos. Quando se cria o

Instituto de Assistência a Menores, este foi influenciado por essa ideia de Vítor Fontes.

Em suma, a construção de respostas sociais devia estar sujeita a um quadro

mesológico, o que aconteceu nos anos 60. Tudo já estava em ruptura no mundo anglo-

saxónico, o que gerou conflitos e a inadequação de respostas sociais.

Quando surge a equipa de A- da- Beja como aposta contra as ideias institucionais do

IAACF. Por exemplo as crianças tinham direito a um diploma de 3® classe para efeitos de

emprego, mas era importante dar o diploma de 4a classe. Quando não o conseguissem e las .

entravam num curso de adultos para empregabilidade. Era importante afastar a marca do«,

diploma da 3a classe para evitar a sua marginalização no emprego.

Os professores do IAACF podiam dar respostas mais diversificadas às escolas em vez

de “ alimentarem " as classes especiais.

O Centro de Educação Terapêutica do COOMP e a equipa de A- da - Beja, equipa

coordenada por mim e com técnicos escolhidos: Júlia Soares, Lurdes Pequito, Rosalina Gomes

de Almeida, Marta Bettencourt, Marta Roque entre outros, contribuíram para a mudança.

Eu era professor da cadeira de. Psico- Pedagogia Especial no ISPA, em A- da- Beja

recebia alunos estagiários e com a professora Manuela Machado procurámos adaptàr as

correntes da Psicologia Educacional às necessidades da Escola- modelo da Psicologia

Educacional que se opôs ao modelo do COOMP. O IAACF seguiu sempre o modelo

francófono.

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ENTREVISTA 7

E n tre v is ta d a : Prof®. Catilina P rudêncio

F u n çã o : Formanda e form adora no IAACF

Data da e n tre v is ta : JANEIRO e Maio de 2000

Questão (Q.) - Pode dar-nos uma opinião sobre o seu percurso no IAACF?

Prof8. Catilina Prudêncio (C.P.) - Há muitos preconceitos. Estou profundamente marcada pela

minha afectividade ao IAACF e ao Prof. Vítor Fontes. Tenho marcas muito fortes e também

muito graves em relação ao Instituto. Fui para lá em 1955, e trabalhei até 1989 altura em que

saí.

Muitas pessoas me marcaram, destaco a Prof. Modesta Barrai, que era a professora

mais conceituada no Ensino Especial da época e o Prof. Vítor Fontes que era um investigador,

um excelente técnico, mas duma relação muito difícil, muito exigente neste campo da Ciência.

Ele analisava todos os relatórios dos alunos das classes especiais. Acabei o curso do IAACF

em 1956.

Q. - Pode agora fazer-nos um relato da sua experiência como formanda?

C.P. - Quando fui tirar o Curso;i era muito jovem, não conhecia, o mundo dos "anormais” . O

curso facilitava a fixação das professoras agregadas, facilitava a efectivação através do Ensino

Especial. Eu era agregada; como tinha uma nota alta de diploma, entrei facilmente no curso.

Depois concorri a efectiva para concorrer ao Ensino Especial. Este sistema de Ensino Especial

não tinha quadro próprio. Trabalhei três anos numa classe especial e por convite do Prof. Vítor

Fontes fui para o IAACF. Ele conhecia o meu trabalho das classes especiais, conhecia as

minhas opiniões das reuniões de discussão de casos. Havia uma vaga de professora adjunta.

Eu fiquei muito aflita porque no IAACF só estavam meninos muito difíceis, incendiários, que se

tinham tentado suicidar, etc...

Não havia ainda Ministério da Saúde! Os meninos, muito difíceis, eram do Ministério da

Assistência, eram meninos de fugas de casa, crianças muito marcadas e maltratadas e que,

naturalmente, a Escola excluía. Eles também não gostavam da Escola, que lhes reforçava

cada vez mais o sentimento de rejeição.

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O Prof. Vítor Fontes respondeu aos meus receios com a seguinte resposta:

"Para aprender temos uma vida". Estimulou-me a aceitar o lugar. Eu era muito nova e os

professores que lá estavam eram quase trinta anos mais velhos do que eu. Fui muito apoiada

pelo Prof. Vítor Fontes. Dei-me bem com toda a gente e o Prof. Vítor Fontes passava, por

vezes toda uma manhã na sala a observar, depois ficava a conversar comigo, levava-me à

biblioteca, indicava-me os livros para eu consuítar. Eu ia estudar para compreender melhor as

situações, a partir da Psicopatologia e da Neuropsiquiatria, a fim de construir as respostas

pedagógicas.

Houve uma relação especial entre mim e o Prof. Vítor Fontes, de apoio e orientação e

duma exigência tremenda. Eram os tempos do autoritarismo, do Salazarismo, eram tempos

difíceis ( O Prof. Vítor Fontes era anti- salazarista). Quando havia pais a reclamar, ele

aconselhava-os a irem para os jornais denunciar as situações ( Diário Popular, República).

Bem, o Prof. Vítor Fontes gostava de ver os pais de crianças a lutarem pelos direitos dos filhos,

que eram excluídos da Escola. Havia falta de resposta para os problemas. Éramos um país de

nível escolar e social muito baixo.

Trabalhei com o Prof. Vítor Fontes até à sua aposentação, aos setenta anos. Depois

com a Dra Maria Irene Leite da Costa, que ficou na direcção do IAACF e com quem tive a

melhor das relações. Ela foi imposta politicamente ao Instituto. Foi deputada da Assembleia -

Nacional. Era. licenciada em Farmácia. Foi com uma bolsa para a Suíça nos anos 40. A

Europa estava em guerra. Por indicação de Portugal optou por formação em Educação

Especial, em Genéve. Fez uma especialização porque tinha a garantia de um lugar no IAACF

em Portugal. É uma pessoa muito diferente do Prof. Vítor Fontes. Não tinha a sua estrutura

científica nem a postura e aprofundamento da Pedopsiquiatria. Foi bem recebida pela Escola

de Genéve onde foi aluna de Piaget, Claparéde, Bouvet. Por ser imposta ao Instituto, ao Prof.

Vítor Fontes, com quem teve sempre desentendimentos. Ela era a professora de Pedagogia.

Havia o Director e os professores- adjuntos que trabalhavam com as crianças. A D ra »

Irene Leite da Costa supervisionava a Prática Pedagógica. Os professores adjuntos eram

professores do Ensino Primário e licenciados, que tinham feito a especialização. Eram

orientados pelo Prof. Vítor Fontes e desenvolviam conhecimentos na Psicopatologia e no

desenvolvimento das crianças anormais.

O Prof. Vítor Fontes tinha um discípulo, o Dr. Schneeberger de Ataíde, médico no

IAACF. A legislação de então obrigava a que o Director do IAACF fosse um médico. O Dr.

Ataíde fez doutoramento em Neurologia Pediátrica, seria o sucessor do Prof. Vítor Fontes no

IAACF. Mas antes do Prof. Vítor Fontes se aposentar a legislação foi mudada:

- Podia ser Director do IAACF qualquer professor ligado ao Ensino Especial. A Dra Irene

Leite da Costa já tinha anos de serviço prestados no IAACF. Fica como Directora. Na parte

A N E X O I - X X X V I

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clínica, na consulta trabalhavam três médicos, na parte pedagógica os professores adjuntos e

havia ainda as ciasses especiais.

A parte clínica do Instituto era o Dispensário. Ainda no tempo do Prof. Vítor Fontes

muda, vai para o Hospital D. Estefânia. Começam as perdas do IAACF. O Instituto que tinha

nascido da Casa Pia e se tornara independente dessa estrutura, torna-se uma Instituição de

observação com Dispensário, com classes especiais e formação de professores. A cadeira de

Psicologia era dada pelo Prof. Vítor Fontes, a Dra Irene dava a cadeira de Pedagogia.

Os professores adjuntos davam as cadeiras mais práticas. De manhã decorriam os

estágios nas salas do IAACF, assim como nas classes especiais. A professora Modesta Barrai,

que utilizava estratégias mais diferenciadas, era considerada um modelo.

Com a saída do Dispensário, mantém-se uma consulta externa. O Instituto tinha

Brigadas que se podiam deslocar a qualquer parte do País para observar crianças, até iam à

■ Madeira, { a Dra Irene descrevia a realidade da Madeira- pobreza, alcoolismo, famílias que se

reproduziam em várias gerações de crianças deficientes.

Q. - Pode agora referir a organização do Curso, ao seu tempo?

C.P. - Para além das cadeiras de Psicologia e Pedagogia dos Anormais, havia cadeiras de

Didáctica, Trabalhos Manuais, Observação Psicológica com a Dra Olinda Pacheco. Esta

professora fez formação em Psico- Motricidade, em Zurique. No Instituto desenvolvia trabalho

com crianças instáveis ( que eram os grandes problemas da Escola) . Começou um trabalho

em Psicoterapia e também em movimento, absolutamente notável para a época.

O Prof. Vítor Fontes, que tinha sido discípulo de António Aurélio da Costa Ferreira, dele

passava-nos a imagem de um grande médico, do homem que amava o seu trabalho, e que foi

para Moçambique para fugir a “este Mundo", onde se acabou por suicidar. Apreciei a

admiração muito grande de um discípulo pelo seu Mestre.

Q. - Pode descrever as características das crianças das classes especiais do IAACF?

C.P. - Autistas, epilépticos com crises muito frequentes e pesadas, instáveis, agressivos.

Situações clínicas muito difíceis, estas crianças não se integravam nas escolas e não

conseguiam fazer aprendizagens. A sala mais difícil no Instituto era a sensorial, porque muitas

crianças não falavam ou falavam muito mal. Tinham grandes atrasos e muito dificilmente

aprendiam a ler.

A Dra Olinda fazia observação de casos. Havia um espelho de observação, entre o seu

gabinete e a sala da sensorial.

A N E X O I - X X X V ÍI

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A classe sensorial o máximo que tinha era oito meninos. Um dia tive na minha sala uma

sequência de crises epilépticas, parecia quase uma coisa eléctrica. Ficaram seis crianças em

crise. Vieram os médicos e a enfermeira, porque nestas situações havia os problemas de

respiração, de poderem cortar a língua, podiam bater nas paredes. Depois as crianças ficavam

absolutamente prostradas. As outras crianças ficavam assustadas e algumas entravam em

pânico. Eram salas muito especiais, nitidamente do foro clínico, mais do que do pedagógico.

Batíamo-nos mais pelos comportamentos adequados das crianças, do que pela aprendizagem

escolar.

Q. - Pode indicar quais os objectivos principais na formação do IAACF.

C.P. - O objectivo da educação nas classes do IAACF partindo da caracterização das crianças

era: aprenderem a sentar-se, pedirem licença, agradecerem, não comerem com as mãos (

porque muitos de 7,8,9 anos não o sabiam fazer), aprenderem a vestir-se, a irem fazer chichi

(abotoara braguilha).

Fazíamos exercícios de coordenação montessorianos, de preparação da motricidade

fina. Pedagogia de Montessori, de abotoar molas, as crianças não usavam sapatos de

atacadores no Verão, usavam sandálias com fivela. Procurava-se promover a sua autonomia.

Era uma maneira muito simples de estar com as crianças, uma forma de humanização, no

sentido da sua socialização. Era um trabalho que nem todos os professores eram capazes de

realizar com meninos que se babavam, mordiam, pontapeavam, que não tinham o controlo da

agressividade; qualquer coisa que os indispusesse, era logo o empurrão, o bater. Muitas vezes

podíamos levar um murro inesperadamente. Tínhamos que calmamente entrar em

comunicação com a criança, acolhê-lo e explicar o que estávamos a fazer e o que eles deviam

fazer. Não era fácil!

As situações com adolescentes eram até perigosas. Uma vez fiquei com a classe

escolar, onde tinha duas crianças de treze e catorze anos. Não eram epilépticos, mas quando

se irritavam, atiravam tudo pela janela fora. Nos momentos de zanga tinham uma força enorme

e descontrolada. Antes de darmos dois passos em direcção a eles já as coisas tinham

acontecido.

Nesse ano, com a classe escolar, o Prof. Vítor Fontes acompanhou-me muito. Um dos

miúdos já tinha estado no Hospital Júlio de Matos, com colete de forças e com

medicamentação forte e voltou para a escola. Em casa piorou muito, acabou por ser expulso

da escola, depois de agressões e destruições. Também tive crianças incendiárias. Eram

crianças tidas como perigosas no seu meio. Eram crianças rejeitadas por causa de

comportamentos anti- sociais. Com o nosso trabalho pretendíamos saber que possibilidades

a n e x o i - x x x v ií i

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havia de as enquadrar na família, na escola, na sociedade, mas o problema não era o de

aprender ou não aprender, era o seu ajustamento social que pretendíamos.

Nas classes do Instituto de observação, fazíamos o registo das observações semanais.

Os casos eram estudados em conselho técnico, com o Prof. Vítor Fontes a presidir, com os

professores, com os médicos, com os professores- adjuntos. Depois faziam-se os

encaminhamentos.

Naquele tempo, nós sabíamos que aquelas crianças não tinham uma inteligência

abstracta simbólica, mas tinham uma inteligência prática muito grande. Tinham de ser

orientadas para profissões adaptadas às suas possibilidades. O Prof. Vítor Fontes, alertou-me

para isso, podiam funcionar com coisas, alguns eram extremamente hábeis.

Nessa altura, em que os electroencefalogramas se faziam com aparelhagens muito

velhas os.técnicos que tínhamos conseguiam fazer “ milagres”, detectar o tipo de lesões das

crianças, perceber que não lhes seria possível adquirir conhecimentos escolares . Daí o

investir-se no saber fazer, nas competências sociais. A aparelhagem com que se faziam os

Electroencefalogramas era já de Museu...

No IAACF nas classes de observação, havia as classes de observação e as escolares.

Nestas tentava-se perceber a possibilidade que a criança tinha de aprender. Era o prognóstico,

para posteriormente se integrar numa classe especial. Nesta com técnicas diferentes, sem

obrigação de cumprimento dos programas, com muito mais tempo, a criança podia fazer o

exame da terceira classe e algumas serem depois integradas na 4a classe do Ensino Regular.

“ Faziam-se milagres", com aquelas crianças que eram muito agressivas, vindas de meios

muito desfavorecidos e violentos. Muitas crianças vinham com marcas de vitimização do meio

onde viviam. Seguras, na classe especial, de que ninguém as maltratava, com uma vida

regrada, -'melhor alimentadas, aprendiam. Muitos fizeram Cursos Comerciais e Cursos

Industriais. O "milagre”, era terem sido aceites no IAACF como crianças que eram. A Escola

rejeitava-os pelos maus comportamentos. A escola nunca tinha oportunidade de perceber que

aquelas crianças eram gente: só que eram vítimas de situações de grande violência, que de

facto a parte cognitiva, em função do que era pedido na Escola, não funcionava. Connosco

funcionava, algumas eram inteligentes, mas duma rebeldia enorme. Fazia-se o historial da

criança. Nós falávamos muito com as mães e estas dificilmente se libertavam dum tão grande

de peso e mau viver... O meio familiar dos pais já era negativo antes deles nascerem, famílias

numerosas, mães solteiras, crianças órfãs, imensas crianças abandonadas e / ou

negligenciadas.

Muitas crianças eram encaminhadas para a Casa Pia, que nessa altura aceitava todas

as crianças sem laços de parentesco e que não tinham família de adopção. Educavam-nas

para a formação do indivíduo e formavam-nas para uma profissão.

ANEXO I - xxxix

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As competências manuais eram maltratadas ao nível da imagem. A Escola rejeitava-as,

crianças que também eram excluídas da sociedade, com problemas na família, sem formação

profissional, sem educação, e a porta do mundo laborai não se abria...

Naquele tempo não se valorizavam as profissões manuais... Era o mundo contra as

crianças que não eram normais... Era a exclusão...

No IAACF foram atendidas imensas crianças com dislexias. Os professores do Ensino

Especial tiveram de trabalhar directamente com crianças e jovens que tinham problemas ao

nível da leitura e escrita, memória, capacidade de concentração. Houve toda uma

aprendizagem para integrar as crianças com dificuldades na aprendizagem da Leitura e Escrita

que não eram crianças com atrasos, mas quase sempre crianças inteligentes.

Q. - Pode agora dar-nos uma opinião sobre a problemática da Integração / Segregação?

C.P. - O IAACF fez a mudança das classes especiais para classes de apoio nos anos 70.

O Prof. Albano Estrela, director do IAACF, corresponde à fase da mudança no Instituto,

com a cobertura do Ministério da Educação.

Os professores do IAACF eram extremamente bem intencionados, extremamente

empenhados, e conseguiram libertar muitos meninos de bolsas de pobreza, de bolsas de

exclusão, muitos meninos fizeram a Escolaridade obrigatória e enveredaram por profissões

manuais, que os integraram na Sociedade. Outros meninos continuaram estudos.

No IAACF as crianças não eram "coitadinhos” - era preciso estabelecer empatia com

quem precisa, com quem tem dificuldade. O Prof. Vítor Fontes apostava muito na nossa

responsabilidade de fazer o melhor que fosse possível para ajudar uma criança, porque isso

era também ajudar uma família. As crianças dependentes, que estavam em Instituições, os

casos mais pesados, passavam pelo Instituto, que foi pioneiro na observação.

As Instituições da altura não podem ser vistas com os olhos de^hoje, porque o próprio

Ministério da Educação era um obstáculo à mudança. Foi uma fase muito complexa, o próprio

Ministério tentou bloquear e asfixiar o Instituto, acabar com ele. Não sabia o que lhe fazer... O

trabalho útil com crianças e famílias não era reconhecido.

Nos nossos dias temos muitas vezes crianças não integradas, “misturadas". Em toda e

qualquer circunstância não podemos esquecer o acompanhamento das crianças que têm

direito à educação, às respostas às suas possibilidades, à sua dignidade e diferença. Os pais

das crianças com problemas têm de assumir os seus direitos como cidadãos, reclamarem para

os seus filhos o apoio necessário ao seu sucesso escolar.

É em cada dia que pais e professores têm de dar o seu melhor pelo futuro dos filhos,

dos alunos.

A N E X O I - X L

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No final da minha entrevista gostava de citar Alberto Camus:

" A verdadeira generosidade para com o Futuro consiste em dar tudo no Presente".

A N E X O I - XLI

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ANEXO II : ETIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA MENTAL

A N E X O II I

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ETIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA MENTAL

GLOSSÁRIO

Neste anexo pretendemos abordar os principais conceitos respeitantes ao estudo que

efectuámos e que resultaram da investigação de diversos trabalhos de diferentes autores,

apresentamos conceitos que devem ser enquadradas no espírito científico da época.

ANORMAL: Segundo Vítor Fontes (1930) toda a criança com deficiência funcional- física ou

psíquica que, reage aos estímulos duma maneira diversa daquela que em regra se observa na

maioria das crianças.

Os anormais dividem-se em anormais físicos e psíquicos.

Os anormais psíquicos podem ser educáveis ou ineducáveis, neste segundo grupo

encontram-se os idiotas e os imbecis. Os educáveis correspondem a todos os que conseguem,

por meios médico- pedagógicos especiais, atingir uma relativa normalidade, sendo possível a

sua adaptação ao meio social. São considerados atardados ou débeis mentais quando

apresentam anomalias do foro psicológico.

ANORMAIS DE CARÁCTER: Perversos, anormais delinquentes, instáveis, volubilidade

excessiva, atenção perturbada, impetuosos, apáticos ou abúlicos, com vontade inferiorizada,

estúpidos, com raciocínio difícil, lento, viciado. Também são incluídos neste grupo os

epilépticos. ( V. Fontes, 1930)

ATRASO MENTAL: Definição da Associação Americana para a Deficiência Mental: atraso é

um estado com implicações no comportamento, cuja origem deve ser pesquisada no processo

evolutivo do indivíduo afectado. Nestes indivíduos o Q. I. é considerado inferior, necessária

adaptação social, não são considerados incuráveis.

Divide-se em quatro níveis: profundo, severo, moderado, ligeiro. Até ao nível severo há

uma lesão orgânica ou biológica. As crianças com Q.l. inferior a 20 enquadram-se no atraso

mental profundo- incapazes de responder a uma certa aprendizagem. No nível de atraso

mental severo enquadram-se as que apresentam Q.l. entre 20 e 34 e que são capazes de um

treino sistemático para aquisição de alguns hábitos. No que se refere ao atraso mental

moderado o Q.l. situa-se entre 35 e 49 podendo adquirir noções simples de comunicação,

hábitos elementares de higiene e de segurança e com capacidade manual simples, mas que

progridem na leitura. Os indivíduos que se enquadram no Q.l. entre 50 e 70 podem adquirir

A N E X O U II

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aptidões práticas e de leitura e aritmética com educação especial, podem ser orientados para

integração especial. ( Classificação da O.M. S.- S.N.R.- 1989)

CRIANÇA ANORMAL: Aquela que por deficiência ou desvio das suas faculdades intelectuais,

é considerada deficiente ou oligofrénica, volitiva difícel ou psicopata. Não corresponde à média

das crianças da sua idade e do seu meio, ao qual dificilmente se adapta. ( C. Santana, 1945)

CRIANÇAS IRREGULARES OU DEFICIENTES: Todos os indivíduos cuja conduta, devido a

deficiências físicas, mentais, ou causas sociais, revelam inadaptação às condições regulares e

exigem processos especiais terapêuticos ou educativos para poderem entrar como membros

colaboradores da colectividade social a que pertencem. Dividem-se nos seguintes grupos:

a) Crianças com dificuldades de adaptação relacionados com defeitos físicos, motores,

sensoriais, verbais, irregulares físicos.

b) Crianças com perturbações mentais, irregularidades sociais, inadaptação devida a causas

sociais, condições de família defeituosas ( M. Irene L. da Costa, 1948).

DÉBIL MENTAL: Toda a criança que sabe comunicar com os outros oralmente ou por escrito,

mas que demonstra atraso de dois anos em relação à idade cronológica, desde que não seja

por insuficiência da escolaridade. ( V. Fontes, 1930).

Débil mental educável crianças com Q.l. entre 50 e 80- inteligência lenta e concreta.

Débil mental treinável - Q.I.- entre 25 e 50- consegue seguir regras de segurança básicas,

integrar-se em ambiente de trabalho protegido e adaptar-se socialmente. Débil profundo- Q.I.-

até 25, necessitam de acompanhamento constante, nalguns casos permanentemente

acamados. (Spinthall e Sprinthall, 1993).

DEFICIÊNCIA: (ONU -1983): Qualquer perda ou anomalia da estrutura ou função psicológica, -

fisiológica ou anatómica.

DEFICIÊNCIA MENTAL / DEFICIÊNCIA INTELECTUAL : Limitação da capacidade intelectual

causando transtornos de conduta, afectivos e de comunicação, de origem constitucional,

devido a factores genéticos, pré- natais, peri-natais, pós-natais.

ETIOLOGIA DA DEFICIÊNCIA MENTAL: Causas hereditárias, adquiridas ou congénitas, por

vezes devido a sífilis, tuberculose, alcoolismo, intoxicações, epilepsia, doenças nervosas, que

vão perturbar toda a normalidade física ou psíquica da criança.

A N E X O I! Ill

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HANDICAP { ONU- 1983): Desvantagem sofrida por um dado indivíduo resultante de uma

deficiência ou incapacidade que limita ou impede o desempenho de uma actividade

considerada normal para esse indivíduo, tendo em conta a idade, o sexo e os factores sócio-

culturais.

IDADE MENTAL: Capacidade mental de um indivíduo, medida por testes em comparação com

crianças médias de diferentes idades, definido por Stern em 1912 e divulgado por Terman ( V.

Fontes s.d.)

IDIOTA: Susceptível duma certa educação para actos simples. Corresponde a toda a criança

que não chega a comunicar com os seus semelhantes por meio de palavras, que não pode

expressar verbalmente o seu pensamento, nem compreende o pensamento expresso pelos

outros. ( V. Fontes, 1930).

IMBECIL: Toda a criança que não chega a comunicar com os outros por meio da escrita, que

não lê palavras, não tendo nenhuma paralisia ou problema visual, apenas insuficiência mental.

(V . Fontes, 1930)

INCAPACIDADE ( ONU- 1983): Qualquer restrição ou falta resultante de uma deficiência, de

aptidão para exercer uma actividade de modo ou no contexto das situações consideradas

normais para um ser humano.

OLIGOFRENIA: Resulta do desenvolvimento insuficiente das funções psíquicas intelectivas:

idiotas, imbecis, débeis mentais ou cretinos, indivíduos incapazes de raciocinar. ( V. Fontes,

s.d.)

Outro conceito de Carlos Santana ( 1945) caracteriza as crianças oligofrénicas corno

apresentando pouca inteligência, com defeito de personalidade que influí na sua adaptação

social. Uma criança com inteligência deficiente tem igualmente perturbações da vida afectiva

ou volitiva.

De acordo com Haim Grunspun a oligofrenia pode dever-se a factores pré- natais:

rubéola, toxoplasmose, sífilis, irradiações de raios X, intoxicações, cretinismo da mãe, excesso

de medicamentos, traumatismos físicos durante a gravidez. Os factores natais e post-natais

são os seguintes: lesão anóxica cerebral, hematoma, infecções como a meningite, meningo-

encefalite, hipoglicémias, quadros endocrinológicos, convulsões.

O diagnóstico pode ser efectuado através de avaliação psicológica, social, linguagem,

educacional, ortopédica e ainda através de exames de laboratório.

A N E X O ti IV

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ORTOPEDAGOGIA: Tem por objecto a adaptação à vida sócio- cultural normal, quer sejam

inadaptados físicos, psíquicos, ciência que pressupõe o conhecimento da Psicologia evolutiva

infantil normal. (O . Pacheco 1970).

________________________________Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

a n e x o ti v

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

ANEXO III: PLANOS DE CLASSES ESPECIAIS

A N E X O III - I

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Ano lec tivo de 1957-58*

PLANS IB ÜilA -SK/íANA US TüABALiiD ivu 1*» classe eepecial

no

in s titu to António Aurélio da Coe ta

üe 10 a 14 de ^arço

A

'erre ira

d'9 L atag làrla*

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i 'é tO Q O AOt lV O

Sistema Concêntrico

iSOdo Colectivo, tanto quanto possível Inçllvl duallgado

Aesuntot «Ae abelhas”.

— — 000— — .

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Objectivos Imediatos a a ting ir

T raam itir conhecimentos e ampliar o vocabulário e a forma de expresso .

b )- Ensino das técnicas escolares de le r ,

escrever e contar, de acordo com os programas o f ic ia is .

c ) - Desenvolver e educar as diferentes i'an- fiOes mentais.

d)- Desenvolver o esp irito de observação

e a habilidade manual.

e)- Desenvolver o esp irito de sociabiliua- de.

«elos didácticos a u t i l iz a r

LisSo de c o lf la a .

Língua materna.

Aritmética,

dese nho .

Trabalhos manuais.

Hecreios liv re s e condiclonaebs.Canto Cora1 .

1 -

2 .

3 -

4 -

5 -

6 -

7 -

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Esquema Geral

1 - Liçdes de co isas.

- Breve conversa com os alunos sobre o

assunto da liçSo, diligenciando que tomem

parte na conversação, de forma a estarem Interessados•

- Investigação dos conhecimentos que os

alunos Jô tenham sobre o assunto da liç&>,

e cu rta expoaiç5o sobre ca rac te rís tica s

daa abelhas, modo de vida, fabrico e u t i ­lidade dos seus produtos*

- aocumentaçSo coms mel, abelhas (rainhas,

obreiras e zflngSos), favo, cera virgem, ce­ra corada, cera moldada, cera para encera­

mento de soalhos, ave moldada em cera, fós­

foros de cera, velas, colmeia e cortiço em

miniatura, centrifugador, máscara, luv&s,

fumigador, deeoperculador, estampas e foto­grafia^ .

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* • Língua materna*, v- f £ ,

f ó r m u la a í

1 - ApreeentaçSo duaa frase relacionava con o assunto da l i sao oc co isas.

2 - Destacar a palavra em ^ue hâ o fonema novo a apresentar*

3 - Marcar a silaba em que en tra o fonerua aovo a aprender*

4 - Fonuar uma l i s t a de palavras em que entre aquela sílaba*

6 - Formar uma l ie ta de palavras em que

entre o fonema em cauea junto às outran vogais.

6 - Levar os alunos a encontrar no seu vo­

cabulário palavras em que entrem aqueles sons*

7 - Formar frases em que entrem íquelca

palavras para aumento dc vocabulário e f í -

xasôo do fonema que se pretende ensinar.

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!

8 • e sc r ita dessas fra ses no quadro preto pelo professor,

9 - Cópia dessas frases para o papel ,;os alunos*

Fórmula B

1 - Leitura das frases e palecvrae estuda- das no dia anterior*

2 - FormagSo e le i tu ra de ncvos palavras,

utilizando as sílabas das palavras estuda- das.

. 3 - E scrita das palavras e frases estuda­das*

FÓraula c

1 - Apresentação no quadro ou e*n fichar.,

em c a lig ra fia destacada, da palavra en cjue se encontra o fonema novo a ensinar.

2 - decomposição ca palavra ea sílabas,

3 - ieeomposiçao da s ílab a nos seus ele­mentos*

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4 - iíBComposiçfio da palavra a p a r t i r dos seus elementos.

— oGo— -

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Para os alunos mais adiantados

FÓrmula A

1 ) - Leitura o ra l f e i t a pelo professor*

2 )- Leitura o ra l f e i t a pelos alunos,3 )- Interpretação de alguns vocábulos.

4 )- Reprodução parcelar do tex to , pelos

alunos*

6)- Cópia dt> tex to , durante a qual oe pro­

curará o aperfeiçoamento ca lig ráfico e

a correcção de posiçOes*

FÓraula B1 )- Cópia oo texto da lição*2 )- le i tu ra o ra l do texto f e i t a pelo pro­

fessor*

3 )- Explicação oe alguns vocábulos co tex­

to , f e i t a pelo professor*

4 )- Leitura o ra l do texto f e i t a peloc alu­

nos*

3 )- Reprodução parce la r do texto f e i t a pelos alunos*

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Fórmula c

1)- Cópia parcelar do trecho da 1I3& com v is ta so ditado*

2 ) - heltuxa o ra l do trecho f e i t a pelo pro­fessor*

3 )- L eitura o ra l do trecho f e i t a pelos alu­nos*

4 )— Ditado de algumas Unhas cio trecho com

as e3$ llc a $ 0es p recisas para ev ita r os erros •

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j .

Aritm ética.

hevlsfio da m atéria dada:

a)* E scrita de números»

b )- Noçfio da deeena.

Exercícios pr&tlcosi

a )- OperaçOea.

b )- Problemas.

c ) - Cálculo m ental.d )- Jogo de aritmética*

Desenho.

a )- De ilu stração dos exercícios

e sc r ito s .

b )- Livre.

Trabalhos manuais.

a)* Contorno

b )- picagem

c)- Colagem

d )- üecorte

e ) - Exercício de coser

í ) r Construjfio duo cortiço .

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- ãeerclos»

a )- Livres

b )- Oondicionacos»

Siaterial didáctico a apresentar»

Trechos; fichas da le i tu ra e de problemas;

jogo de le i tu ra ; jogo ae aritm ética; estam­

pas e fo tog rafia ; mel, abelhas (rainhas,

obreiras e zflng&oa), favo, cera virgem, ce­

r a corada, cera moldaoa, cera para encera­

mento de eoalhos, pássaro moldado em cera,

fósforos de cera, velas, colmeia e cortigo

em m iniatura, centrlfugador, máscara, lu­

vas, fumigador, desoperculadsr, estampas,

oQo—

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I

esquema diário

Ida 10 - segunda-feira.

1®. tempo - Liçfio de cola as sobre *0 mel** * Suas cor ac te - r ls t lo a o (cor* cheiro, paladar), u tilidade e proveniência*

2 ®* tempo - Lingua materna.

X Grupo - Fórmula A

11 Grupo - Fórmula D

3®* tempo - Desenho de ilustração dos trabalhos escritos*

4®* tempo - hecreio liv re

5®* tempo - A ritm ética*

X Grupo - jsscrita de ndmexos*

II Grupo - P-aaoluçfio de proble- ifltao Ilustrada o*

6®* tempo - Trabalhos manual o.

Coser as silhuetas du­

ma faca e duma colher. oOo—

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Dia XX - T erçe-feira .

1 ®* tempo — LigSo de coisas cobre "As abelhas". Caracte­r í s t i c a s e d iferencia­ção en tre a abelha mes­t r a , a obreira e o zân- gSo« O enxame - sua apanha«

2 «« tenpo - Língua matem a.

X Grupo - Féimula B

I I Grupo - Fórmula C

3®« tempo - Desenho de Ilustração dos trabalhos escritos

4®« tempo - Recreio condicionado. Jogo "A abelha e o par* dal" .

G®-« tempo - Aritmética*

I Grupo - Lxercícios de célcu- lo mental*

I I Grupo - GperaçGos*

6®« tempo - Trabalhos manuais«Recorte da s ilh u e ta du* ma abelha«

— oOo-—

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01a 12 - Q uarta-fe ira .

1®. tempo - de coisas sobro0 colmeal», A piiuitu-

r a * l$ c ia ta e apicultu­ra mobálistaj vantagens o eata c inconvenientes aaqueX^j os favos; fun­ções das abelhas na co l­meia*

0*. tempo - Língua aatexna.

X Grupo - FÓrçiula 0 I I Grupo - Fórmula B

3«. .tempo - Desenho de iluo tra -ro dos trabalhos e sc r ito s •

4®, tempo - Recreio l iv re .

õ®. tempo - Aritm ética.

I Grupo - Operoçdee ê e sc r ita de números.

XI Grupo - jixereícios de céleulo mental.

6», tempo - Trabalhos m a n u a is .Construção dum cortiço*

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;

‘ i

ttt-Q - qu in ta-fe ira ,

l 8. tempo - Li5ao õe cois&s sobre■"üa produtos das abelhas". InetalaçZb do colmeal; f lo ra apícola; fabrico e extracção do mel e da cera; apíicaçdes da ce­ra .

2®* témpo - Língua materna.

I Grupo - FÓraula B

I I Grupo - Fórmula C

3®. tempo - Desenho de llustr&çSodos exercícios escritos*

4®* tempo - itecreio condicionado.Jogo rtA colmeia e as ebolhas“.

õ®. tempo - A ritm ética.

I Grupo - Exercício de cálculo mental.

IX Grupo - OperaçOes.

6®. tempo — Trabalhos manuais.Cone lusELo do trabalho manual começado no dia an te rio r.

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d a 14 - Sexta-feira,

lo . tempo - LiçSo de coisao.Becapltulagfb dos ac- suntos eetudaá>s duran­te a semana.

2C. tempo - Língua matem a.

I Grupo - Fórmula b

IX Grupo - Fórmula C

3^. tempo - Desenho de iluetraçÊodos exercícios e sc rito s .

4 b# tempo - Kecreio livre*

5a* tempo - Aritm ética.

I Grupo - L scrita de ndmeros e o p e r a r e s .

II Grupo -i$6 0luQfio dc problemao*

69. tempo - Trabalhos manuais.Ficagem e colagem de u ten sílio s para guar­dar mel«

— — OOO .M M *

Todos os d ias haver 6 Canto Coral oportu­

namente*

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«Jogot aA abelha e o pardal".U U fa & L * J U ' O y J o

■'V

pardal

a a te r ia l - Nenhum.

Partic ipan tes - Todos os alunos da c lasse

üteposlçSb in ic ia l - Ge jogadores colocam

-se suma roda de -atlos dadas, do pernas afas- tadaet ficando um dentro da roda - a abelha;

e outro fo ra da roda - o pardal.

Xteeenvolvimento do .1ogo - ao s ina l de co­

meçar, o pardal persegue a abelha, pasoonco

un e outro por debaixo dos brados das crian ­

ças do c ircu lo , o pardal ê obrigado a faaer

exactamente o me ano percurso que © abelha.

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JOgot ha colmeia c m abelhas” ~ es tafe ta ,

c < < ( < * < — ..

C Í 1 1 Ü Z Z Z T 3m aterial - bois sacos*

participantea - rodos os alunos da classe,

jjlspoBi^So In ic ia l — Os jogadoras dlspõep-

-06 en íbas colunas, excepto dois que sSo co­

locados a d istância , cada um voltai» para

uma das colunas, um com a mSo d ire i ta nos

quadris e outro coo a m8o esquerda na meaaa poslçfio»

Os alunos cia coluna repreGentcm as abe­lhas e os dois alunos na posição do braço

cm arco representam a colmeia,e os sacos

representam os pr o ditos recolhidos pelas abelhas.

-Desenvolvimento õo joyp - sinal de co­

meçar, o !*♦ jogador de cada coluna v a i, o

mais depressa possível levar o saco à col-

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meia* em iauw -v -------do aluno que representa aquela; -assa oor

u & 8 deste aluno, apanha o saco o o o m i w ,entrega-o ao que e s tá «a 1« w wcoluna a quo pertence e tosa o âltl» lugar

da caeaaa coluna.A v lt5 r ia pertence à coluna que pri-reS»

acabar.

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'ir

ÍPITUTO ANTÔNIO AURÉLIO PA COSTA FEKREIfíA

í Ano lectivo de 1955-1956

'} PLANO

j de

-j semana de trabalho numa" classe especial"

íormada por alunos da 16. e 2^. classes

De 16 a 20 de Abril, de 1956

' í A aluna estágiária!! . •

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MjSTÖDO activo

S la t ema co ne Ont r ic o

Modo c o le o tiv o ,ta n to quanto posstfel ind iv id u a lizad o

Assunto:

"PIANÍAS H0fiTÎGÜLASfLECîUMlN03AS E MEDICINAIS"

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a ATT1TOTP

&) :i? T nflmltlr ® ampli«'e cor.r i g i r o vocabulário e a f o m de a g r e s s ã o .

to) - Ensino das táon ioaa e sc o la re s de « le r esc rever e con tar» ,de acordo com os p ro l gramas o f lo ia i s .

b) -D esen v o lv er e educar as d ife re n te s fu n - çoea m entaie.

* ' L Ü T T !1" ' * “ e í r i ' ° *• . .h ab ilidade manual.

? ) ‘ Contribuição para a form açio do c a rá c te r .

f) - P a o i l i t a r e desenvolver a s o c ia b ilid a d e .

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MEIOS DIDÁCTICOS A UTILIZAR

A - L ições de co isa s

3 « Língua mat orna( L eitu ra« C raoát i ca * Hodaoção »Cáp ia ,D ita d o ) .

C ^A ritm dtloa

D - Desenho

E - Trabalhos manuais

P - Modelação

G - Canto

H - Beóreios l i v r e s o condicionados •

M ateria l d id ác tico a u t i l i z a r

Trechos de le i tu r& tf ic h a s de l e i tu r a ,d e redaçção»de a r itn á tic a ie s ta m p a s .

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ESQÜIHA GERAL

A - l ic Oes de coisas

Breves conversas com os a lunos sobre o a s­sunto da l iç ã o ,d e forma a m antê-los in te r e s ­sados e a tomarem p a r te na conversação*

In v e s tig a r os conhecimentos que os alunos j á possuem àoerca do assun to a e s tu d a r e c u r ta exposição sobre as d ife re n te s p la n ta s h o r tíc u ­l a s , leguminosas e m edicinais e to d as as suas u t i l id a d e s não esquecendo a c u ltu ra dessas p la n ta s .

As l iç õ e s serão documentadas com v a r ia d a s e£; tampas sobre o assun to e,sem pre que p o ss ív e l com as p ró p ria s p la n ta s em estudo*.

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fóhmpla a

1 - Apresentação de uma frase relacionada como assunto dá l iç ã o de c o is a s .

2 - D estacar a p a lav ra em que há o fonema no-vo a apresen tar*

3 - Marcar a s í la b a em que e n tra o fonema no-vo a a p re se n ta r•

4 _ Formar uma l i s t a de p a lav ra s em que en treaquele fonema*

5 _ le v a r os alunos a en con trar p a lav ras noseu vocabulário ,em que entrem aqueles

sons •6 - Formar f ra s e s em que entrem aquelas p a la ­

v ra s para aumento do vocabu lário e f ix a ­ção do fonema que se p re tende e n s in a r .

7 - E s c r ita dessas f r a s e a d o quadro p re to ,pelo professor*

8 - Cópia dessas f ra s e s p a ra o papel dos a lu -

nos*

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1

2

3

1

2

3

4

5

FO H K U L A B

L eitu ra das f ra s e s e p a la v ra s estudadas no d ia a n te r io r .

Formação e l e i t u r a de novas p a la v ra e fu t i - llzando as s í la b a s das p a lav ra s estudadas.

E s c r ita p a lav ras c f r a s e s estudadas.

FflHTIULA C

A presentação no quadro ou em fichas,em c a l ig r a f ia destacada , da p a la v ra em que se encontra o fonema novo a e n s in a r .

Decomposição da p a lav ra em s í la b a s .

Decomposição da s í la b a nos seus elementos

Recomposição da p a lav ra a p a r t i r dos seus elementos*

► E s c r ita de f r a s e s p a ra ap licação das pa­la v ra s estudadas.

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FÓ R M U LA A

1 9 . L e itu ra modelo f e i t a pe lo p ro fe s so r .2®. L e itu ra s i le n c io s a pe lo s a lunos.30 . L e itu ra em voz a l t a p e lo s a lunos.4« . In te rjí& tação de v o c á b u lo s e e x p re s s õ e s ,59. In te rp O tação frag m en tad a do t r e c h o .6**. Reprodução g lo b a l do tre c h o .7 9 . Gram ática.

FÓRMULA B

19. L e itu ra s i le n c io s a .2B. Cápia do tex to da l i ç ã o .39* L e itu ra modelo f e i t a pe lo p ro fe s so r .49* L e itu ra èm voz a l t a f e i t a pe lo s a lunos.59, In te r f fe ta ç õ e s de v o cá b u lo s e e x p re s s õ e s . 69 . I n te r p r e ta ç ã o frag m en tad a do t r e c h ó .7 9 . Reprodução g lo b a l do tre c h o .

FÓRMULA C19. L e itu ra s i le n c io s a pe lo s a lunos.2fl. C d p ia ,p a re e la r ,d o tr e c h o da l i ç a o f com v is ­

t a ao ditado*.39. L e itu ra do trecho,em voz a l t a , f e i t a p e lo

p ro fe sso r.49. L e itu ra do trecho,em voz a l t a , f e i t a pelos

a lunos.

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5®* Estudo da o r to g ra f ia de algumas pa lav ras que pareçam ap re sen ta r m aiores d if ic u ld a ­des e sua e s c r i ta no quadro p re to ,p a ra os alunos as poderem co p ia r duran te o ditado

Nota: — E sta fórm ula' precede sempre o ex e ro f- oio de ditado*

DITADO

Rota: - E ste ex e rc íc io vem logo depoiô da l iç ã o de lín g u a m a te rn a ,fe i ta se­gundo a fórmula- C.

1 - Ditado de algumas lin h a s do trecho*2 - L e itu ra ,p e lo p ro fe s so r ,p a ra pontuação.3 - Auto-oorrecção p e la s crianças*4 - Correcção pelo p ro fe s so r ,5 - Correcção dos e rro s f e i t a no quadro ou no

caderno•REDACÇÃO

PARA A 26.CLASSE1 - Apresentação dé f r a s e s no quadro p a ra as '

c rianças executarem*2 - Execução da redacção no b o rrã o .3 - Correcção dos rascunhos*4 * Cópia a limpo da redacção .

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2 ; 3: 4

; i

1

2

34

ABImSgICA

P rim eira c la s se

L e itu ra e e s c r i t a de números segundo o programa o f i c i a l ,E xercícios e s c r i to s (c o n ta s ) ,CÚlculo m ental.Problemas,

Segunda c la sse

L e itu ra e e s o r i ta de números segundo o programa o f i c i a l ,E xeroíclos e s c r i to s ( con tas ) •Cálculo m ental.Problemas,

Kotai Sempre que f o r p o ss ív e l,d ad o que vamos tr a b a lh a r com 2 c la s s e s , a ss is tire m o s èxecuçEo dos problema a fim de le v a r os alunos a cumprir os passos que a reso lução de um problema comportas compreensão das condições do problem a, imaginação da solução,exocuçoo do plano ima­ginado, comprovação da so lução .

Algumas vezes os alunos serão convidados a formularem e le s prú~

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D - DESENHO

1 — Sugerido para i lu s tr a ç a o dosex e rc íc io s e s c r i to s ••

2 — Cdpia de estampas»3 - L iv re .

E - PAPAT.HQS MANUAIS

1 - Contorno*2 - Picagem.3 - Colagem.4. — C onstrução de uma ca rro ça*

F - MODELAÇÃO

1 - M odelação de um ca v a lin h o ,em b arro «

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H - CANTO

aA horta" e " t i a Rasa"de au to re s ignorados»

1 - L e itu ra pelo p ro fe s so r ,2 - In terp tetação ,3 - Fixação p a rc e la r e t o t a l ,4 - Entoação,

Nota; - 0 canto s e rá p ra tic a d o semr- p re (jue o p ro fe sso r o ju lgue ú t i l em lu g a r indeterm inado no p lano do d ia de tra b a lh o .

J - RECREIOS -

1 - Recreio condicionado,

(com jogo co lec tiv o l i v r e - ■ mente esco lh ido pe lo s a lu

2 - Recreio l iv re ^ nos*

j sem jogo c o le c tiv o .

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1 6 d e A b r i l - s e g u n d a - f e i r a

1 8 .d ia18. tempo - Lição de co isa s so h re"p lan tas

h o rtiéu la s - couve » rep o lh o , couve- - f l o r , n a b iç a , a l f a c e , a g r iõ e s .

2®, tempo - Língua m aterna _

16c la sse - Fonema ã - FÕrmula A 26 c la sse - FÓnnula B

38 . tempo - Desenho de i lu s tr a ç ã o dos t r a h a - lhos e s c r i to s .

48. tempo - Becreio l i v r e

58. -feempo - A ritm ética

ia c la sse - L e itu ra e e s c r i t a de números

2»c la sse - Operações e problemas

6». tempo - Trabalhos manuais

Construção duma carroça em ca rto l i n a ,c o r t i ç a e arame#

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17 de A b ril - t c r c a - f o i r a

28 d ia

1 8 . tempo - Lição de co isa s so b ro " ra ise s tu ­bercu lo sas t cenouras, nabos, b e t e r - ra b a s ,ra b a n e te s ; tu b ércu lo s x b a ta ­ta s" •

28. tempo - Língua m aterna

1" claooe — Edrmula B 2- c la s se — Fdrmula B

3 0# tempo - Desonho de i lu s tr a ç ã o dos t r a b a ­lhos e sc rito s#

48. tempo - Hocreio condicionadoE s ta fe ta com cenouras e nabos.

59 . tempo - Desenho l i v r e

69. tempo - Continuação da construção da car­roça#

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1 G d e A b r i l ~ Q u a r t a - f e i r a

Ifld ia

18 . tenpo - Lição de c o is a s , sobre"legumes t f e i jSo , e rv ilh a , fa v a , grao de b ico e tremoço'**

2®* tempo - Llntíua m aterna

l^claose - FónavJa A - Ponenao umq a n .

2«c la s s e - Fórmula 0

38. tempo - Desenho do i lu s tr a ç ã o do3 t r a b a - lhos e sc rito s*

4-fl# tempo — fíecreio l i v r e

5®. tempo - A ritm ética

1*o la sse - Contas 2 -c la sse - a)I>eitura e e s c r i ta do

números*b) C álculo montai

6®* tempo - Modelação de um cavaliiüiO*

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4 a d ia

i a d e A b r i ' - Q u i n t a - f e i r a

i û . tempo -

26 , tempo -

30 . tempo

Í 40* tempoii

I ■

j 50 . tempo

6«. tempo

l i ç ã o de c o is a s » s o b re " p la n t a s me­d i c in a i s s cidreira, tlliai l^anj e i r a

a v e n c a ,e u c a l ip to , p in h e i r o , l in h a ç ae m o sta rà a îr fc in o " •1& classe - Fórm ula C

26c la s s e — RedacçaoF ra s e s im p e ra t iv a s .

. Desenho de i l u s t r a ç ã o dos t r a b a -

lhos e s c r i t o s .

- R ec re io cond ic ionado "Jogo da h o r ta "

_ A r itm é tic a

XS c la s s e - C ontas28 Classe - Problemas e c o n ta s

_ co n tin u aç ão da c o n s tru ç ã o da c a r

r o ç a .

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2 0 d e A b r i l — s e x t a - f e i r a

5 3 d ia

lfl. tempo - Lição de coisasRecapitulação das noçoes aprendi­das durante a semana,

29, tempo - Língua materna

le classe - F<5rmula C - n®5 2 6classe - Fdrmula A

3°, tempo - Desenho de ilustração dos traba­lhos escritos

4fl. tempo - Recreio'livre

$9. tempo - Aritmética1®classe - a)Leitura e escrita

de ndmeroab)Problemas resolvidos

mentalmente ,2® c la s se - Problemas e contas

60. tempo - P in tu ra dos cavalos que t i nham sido modelados*

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2 0 d e A b r i l - s e x t a - f e i r a

lfl. tempo

2*1. tempo

3*** tempo

4fl* tempo

$b * tempo

6fi* tempo

$ g d ia

Lição de coisasRecapitulação das noçoee aprendi­das durante a semana*

Língua materna

1 ® c l a s s e - FÓrmula C - n 2 5

2 6 c la s se . - FÓrmula A

Desenho de ilustração dos traba­lhos escritos

Recreio livre

Aritmética1®classe - a)Leitura e escrita

de númerosb)Problemas resolvidos

mentalmente 2®classe -Problemas e contas

Pintura dos cavalos que tinham sido modelados*

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

ANEXO IV: LEGISLAÇÃO

A N E X O ÍV - I

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

LISTAGEM DE LEGISLAÇÃO

1. Decreto- lei nfi 18824/29 publicado na I Série do Diário do Governo de 7 de Maio de 1929-

regulamento do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira.

2. Decreto- lei ng 25637/ 35, publicado no Diário do Governo de 19 de Julho de 1935-

subordinação do Instituto de António Aurélio da Costa Ferreira à Direcção Geral do Ensino

Primário.

3. Decreto- lei ns 31801/ 41, publicado na I Série do Diário do Governo de 26 de Dezembro

de 1941- Funções do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira.

4 . ' Decreto- lei n° 32607/ 42, publicado no Diário do Governo de 30 de Dezembro de 1942-

curso de preparação de professores e outros agentes do ensino de anormais.

5. Decreto- lei nfi 35401/45, publicado na I Série do Diário do Governo de 27 de Dezembro de

1945- Instituto passa a ser Dispensário de Higiene Mental Infantil no País.

6. Decreto- lei ne 35801/46, publicado na I Série do Diário do Governo de 13 de Agosto de

1946- Criação e funcionamento das classes especiais de crianças anormais.

7. Decreto- lei nB 43751/61, publicado na I Série do Diário do Governo de 24 de Junho de

1961- Funcionamento do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira e integra o Dispensário

de Higiene Mental Infantil da Zona Sul no Instituto de Assistência Psiquiátrica do Ministério

da Saúde e Assistência.

8. Decreto- lei n° 45832/ 64, publicado na I Série do Diário do Governo de 25 de Julho de

1964- curso de especialização de professores de crianças inadaptadas.

A N E X O I V - II

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

ANEXO V: PROCESSOS DE ALUNOS

A N E X O V - I

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

INSTRUMENTOS DE OBSERVAÇÃO MÉDICO- PSICOLÓGICA DO IAACF

FOLHA DE OBSERVAÇÃO:

1. Residência.

2. Data de nascimento.

3. Observação:

a) Comportamento em sala de espera.

b) Causas da observação.

c) Meio familiar.

d) Antecedentes: dados de anamnese, sócio- familiares e pessoais.

4. Observação actual:

a) Caracteres morfológicos. •

b) Aparelhos sensoriais.

c) Linguagem.

d) Inteligência.

e) Atenção.

f) Memória.

9) Carácter e emotividade.

5. Conclusão.

PROCESSO INDIVIDUAL

1. Identificação.

2. Data de nascimento.

3. Naturalidade.

4. Concelho.

5. Filiação.

6. Idade.

7. Data da observação no IAACF ( 1a vez).

8. Indicações gerais.

9. Entradas.

10. Saídas.

11. Proveniência.

12. Destino.

A N E X O V - II

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

BOLETIM (Com fotografia)

1. Identificação:

a) Nome.

b) Data de nascimento.

c) Filiação.

d) Residência.

e) Data de entrada no IAACF.

2. Meio familiar e antecedentes.

a) Profissão pai e mãe.

b) Condições económicas da família.

c) Meio em que vivia.

d) Quem vivia na mesma casa.

e) Dormia só ou acompanhado.

f) Escolas que frequentou.

9) Como empregava o tempo.

h) Doenças do pai: sífilis, alcoolismo, doenças nervosas, crimes, suicídios, etc.

i) Doenças da mãe ( as mesmas indicações).

j) N.8 de gravidezes, ( filhos nado- vivos, mortos, irmãos vivos, mortos, doenças que tiveram).

k) Carácter e outras notas psicológicas sobre pai, mãe, irmãos e outros colaterais.

I) Idade do pai e da mãe à data do nascimento deste filho.

m) Consanguinidade.

3. Observações.

4. Antecedentes pessoais:

a) Ordem de nascimento.

b) Parto.

c) Primeiros passos.

d) Idade em que deixou de urinar na cama.

e) Doenças ( convulsões).

0 Gravidez.

9) Peso à nascença.

h) Primeiras palavras.

i) Dentes.

}) Idade em que andou livremente.

5. Exame somático:

ANEXO V - III

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a) Atitude, expressão e motilidade no acto da observação.

b) Dados antropométricos: peso, altura, altura do busto sentado, grande envergadura.

c) Perímetro toráxico- inspiração e expiração; perímetro abdominal- diâmetro bi-acromial,

diâmetro bi- ilíaco.

d) Cabeça- diâmetro postural, transversal, circunferência horizontal total.

e) Tipo morfológico.

f) Sistema piloso.

9) Caracteres sexuais.

h) Vida vegetativa e aparelhos, vaso- motricidade, circulação, digestão.

i) Motilidade: espontânea- marcha; provocada- reflexos.

j) Coordenação dos movimentos, tremores.

k) Observações.

6. Exame psíquico:

a) Orientação no espaço e no tempo.

b) Atenção.

c\ Memória.

d) Juízo crítico.

e)

f)

g) Instintos (tendências instintivas).

h) Medida da inteligência.

i) Vícios infantis, apetites, vómitos.

j) Terrores nocturnos.

k) Sono, sonhos.

1) Evolução da linguagem.

m) Carácter: introvertido (autístico, dissociante); extrovertido ( instável, sugestionário).

n) Principais mudanças de carácter observadas durante o crescimento.

o) Comportamento com outras crianças e animais.

P) Vida sexual.

q) Emotivo, colérico, irascível, anti-social, arrogante, orgulhoso, ansioso, voluntarioso, utilitário,

egoísta, fantasista, tímido, humilde.

r) Observações.

A N E X O V - IV

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FICHA DE DIAGNÓSTICO

1. Processo n.fl-

2. Data de entrada em observação.

3. Nome.

4. Data de nascimento.

5. I.C.- Idade cronológica.

6. I.M.- Idade mental.

7. Diagnóstico provisório.

ESCALA MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA-BINET-TERMAN. NOVA REVISÃO de 1937- forma L

1. Identificação.

2. Data.

3. I.C.- Idade cronológica.

4. I.M.- Idade Mental.

5. Q.I.- Quociente Intelectual.

6. Atraso.

7. Resumo das provas.

8. Observações.

FICHA DE SERVIÇO SOCIAL

1. Processo ne.

2. Folha de observação.

3. Ficha familiar n®.

4. Identificação.-

5. Referências à composição do agregado familiar: grau de parentesco, idade, estado,

observações.

6. Outros parentes ( mesmas observações).

7. Situação económica: profissão, salário, outras receitas, renda de casa, despesas fixas.

8. Habitação- local e vizinhança, divisões, sua aplicação, promiscuidade, condições higiénicas,

observações.

9. História da criança na família, na escola, observações.

10. Comportamento da criança: no meio familiar, fora do meio familiar, observações.

AiNlEXO v - v

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SERVIÇO DE CLASSES ESPECIAIS

1. Ficha de observação:

a) Identificação.

b) Observação actual: visâo, audição, defeitos físicos, linguagem.

2. Desenho de Goodenough.

3. Desenho de Fay.

4. Questionário escolar:

a) Frequência escolar.

b) Aproveitamento escolar: leitura, ortografia, aritmética, comportamento, vestuário, outras

informações.

CLASSE ESPECIAL DO IAACF

1. Escola: Nfl; Zona.

2. Nome.

3. I.C.- Idade Cronológica.

4. I.M.- Idade Mental.

5. C. Intelectual.

6. Observações anuais e trimestrais.

7. Aspectos observados:

a) Leitura.

b) Cópia.

c) Caligrafia.

d) Ortografia.

e) Contas.

f) Cálculo mental.

9) Desenho.

h) Trabalhos Manuais.

8. Observações.

A N E X O V - VI

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REGISTO PSICO-PEDAGÓGICO (Novo modelo utilizado nos anos mais recentes)

1. Identificação

a) Escola.

b) Indicação próximo ano lectivo.

c) Condições sócio- familiares.

d) Exame morfológico e aparência geral.

2. Observação psico- pedagógica.

a) Linguagem e comunicação.

b) Expressão oral.

c) Expressão escrita

3. Desenvolvimento percentual motor.

4. Adaptação emocional- sócial.

5. Ritmo e organização do trabalho.

6. Criatividade.

7. Confiança em si.

8. Observações

9. Data e assinatura.

FOLHA DE INSCRIÇÃO EM CLASSE ESPECIAL

1. Identificação.

2. Data de nascimento.

3. Filiação.

4. Vindo de.

5. Data de entrada.

6. Data de saída.

7. Classe.

8. N® de matrícula.

9. Classe.

10. Data.

11. Meio familiar.

12. Notas psicológicas.

13. Conclusão.

14. Destino.

15. Classes especiais

16. Movimento de matrícula e frequência. Ano lectivo

A N E X O V - VII

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17. Matrícula; frequência; passagem de classe; prova de exame (3® classe).

FICHA DE CLASSES ESPECIAIS {Anos 40)

1. Escola; Zona.

2. Ficha.

3. Data.

4. Nome.

5. Condições de vida familiar.

6. Escolas que frequentou.

7. Tempo de permanência em cada classe.

• 8. Exame morfológico.

a) Caracteres descritivos.

b) Exame clínico.

9. Exame psicológico.

a) Linguagem.

b) Inteligência.

c) Nível mental.

10. Observações.

FICHA MÉDICO- PEDAGÓGICA (Serviços de orientação pedagógica- secção de anormais)

1. Identificação.

a) Nome.

b) Sexo.

c) Idade.

d) Naturalidade.

®) Escolas que frequentou.

f) Data da 1® observação.

g) Escola n®; Zona.

2. Antecedentes hereditários.

a) Pai- idade e profissão.

b) Mãe- idade e profissão.

c) Irmãos ( quantos vivem e quantos morreram) ordem de gestação, abortos.

d) Álcool, sífilis, doenças nervosas, tuberculose, consanguinidade, crimes e suicídios.

e) Outras doenças: gravidez e parto.

f) Antecedentes pessoais: Anamnese, dentição, fala, marcha, doenças, enurese.

A N E X O V - VIII

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3. Caracteres descritivos: cefálico, tronco, caracteres sexuais, exame clínico.

4. Exame psicológico: atenção, raciocínio, quociente intelectual, conclusão.

FICHA/ SERVIÇO DE CLASSES ESPECIAIS

1. Dados biográficos.

a) Escola.

b) Identificação.

2. N2 de matrícula e data na classe especial.

a) Classe que frequenta na classe especial.

b) Informações sobre o ambiente familiar.

c) Matrícula e frequência na classe regular.

d) Morada actualizada e completa.

FICHA PROCESSO INDIVIDUAL (Modelo mais recente- anos 70)

1. Identificação do aluno.

2. Classe de apoio.

3. Professor ( de apoio e de classe regular).

4. Ambiente familiar.

5. Serviços que observaram a criança.

6. Situação escolar: curriculum, compreensão oral, expressão escrita (ao nível pedagógico).

7. Apoio: quem o pediu, razões apresentadas, data do início do apoio, áreas de apoio, n8 de

sessões semanais e respectiva duração, data de saída do apoio, razão da'sua saída, avaliação

final, observações e sugestões.

FICHA DA DIRECÇÃO GERAL DE ASSISTÊNCIA (Colaboração do IAACF)

INSPECÇÃO DE ENTRADA DE MENORES EM INTERNATOS

1. Ficha n.2 ( com fotografia)

2. Nome.

3. Data da inspecção.

4. Data do nascimento.

5. Naturalidade.

6. Nome do pai, profissão e naturalidade.

7. Nome da mãe, profissão e naturalidade.

A N E X O V - IX

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8. Escolas que frequentou e seu aproveitamento.

9. Meio social e familiar em que tem vivido.

10. Antecedentes hereditários.

11. Antecedentes pessoais.

12. Observação actual.

a) Impressão geral.

b) Caracteres morfológicos- peso- altura do vertex.

c) Órgãos dos sentidos.

d) Psico- motricidade.

e) Reflexos.

f) Linguagem.

g) Caracterização sexual.

h) Observações. —~

13. Exame psíquico (aplicação do labirinto de Porteus, cada processo tem um desenho com

legenda, escala de Porteus e Binet, inteligência global- Terman).

a) Atenção.

b) Memória.

c) Juízo crítico.

d) Inteligência.

e) Carácter.

f) Idade mental.

g) Tendências afectivas.

h) Observações.

14. Exame clínico.

a) Aspecto geral.

b) Exame da boca .'

c) Exame dos olhos,

d) Aparelho respiratório.

e) Aparelho digestivo.

f) Aparelho genito- urinário.

g) Pele e coiro cabeludo.

i) Sistema linfático.

Tj Sistema nervoso.

) Glândulas de secreção interna.

15. Conclusão.

a n e x o v - x

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16. Data.

17. Destino.

SELECÇÃO DE ANORMAIS MENTAIS

ASILO

1. Data da observação.

2. Data de nascimento.

3. Data de admissão.

4. Naturalidade.

5. Antecedentes familiares.

6. Aproveitamento escolar.

7. Informações sobre o internado

8. Observação morfológica.

a) Atenção.

b) Memória,

c) Inteligência.

d) Carácter.

e) Idade Mental.

9. Observação.

10. Conclusão.

FICHA DA ASSISTÊNCIA

1. Antecedentes familiares.

2. Criminalidade.

3. Tuberculose.

4. Alcoolismo.

5. Sífilis.

6. Epilepsia.

7. Suicídio.

8. Meningite.

9. Parto.

ANEXO V - XI

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FO LHA DE CONSULTA- IAACF

1. Data.

2. Folha de consulta n.8.

3. Nome.

4. Idade.

5. Naturalidade.

6. Meio familiar.

7. Escolas que frequentou e seu aproveitamento.

8. Antecedentes hereditários.

9. Antecedentes pessoais.

10. Observação actual.

a) Caracteres morfológicos. -

b) Aparelhos sensoriais.

c) Linguagem.

d) Inteligência.

e) Atenção.

f) Memória.

g) Carácter e emotividade.

h) Outras observações.

11. Conclusão.

12. Data.

FICHA PSICOLÓGICA IAACF

1. Data.

2. Processo n.8.

3. Folha de consulta n.°

4. Nome.

5. Idade.

6. Naturalidade.

7. Mandado pelo.

8. Motivo do exame.

9. Classe.

10. Exàme de inteligência

A N E X O v - X II

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a) Data.

b) Provas.

c) Reacções normais e anormais, prognóstico desfavorável.

11 Antecedentes pessoais

a) Meio familiar e social.

b) Resultados escolares.

c) Carácter e comportamento.

d) Características da organização psico- motora

12. Observações.

13. Conclusão.

FOLHA DE CONSULTA DO IAACF

1. Data de consulta.

2. Folha n.3

3. Nome.

4. Data de nascimento.

5. Morada.

6. Naturalidade.

7. Nome dos pais.

8. Comportamento na sala de espera.

9. Causa da consulta.

10. Meio familiar.

11. Escolas que frequentou e seu aproveitamento. .■

12. Antecedentes hereditários.

13. Antecedentes pessoais.

14. Observação actual.

a) Caracteres morfológicos.

b) Aparelhos sensoriais.

c) Linguagem.

d) Inteligência.

e) Atenção.

f) Memória.

g) Carácter e emotividade.

15. Outras observações.

A N E X O V - XIII

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16. Conclusão.

17. Datas.

18. Anexos (escala de Terman, desenho de Fay, declaração do director do IAACF).

RELATÓRIO DOS PROFESSORES DAS CLASSES ESPECIAIS

1. Nome.

2. Data de nascimento.

3. I.C. ( idade cronológica).

4. I.M. ( idade mental).

5. Frequenta a Escola.

6. Antecedentes hereditários.

7. Antecedentes pessoais.

8. Acuidade visual e auditiva.

9. Prova de Fay.

10. Test de Terman.

11 Memória auditiva.

12 Memória visual.

13. Raciocínio.

14. Comportamento dentro da classe.

ORGANIZAÇÃO DE PROCESSOS INDIVIDUAIS DAS CLASSES ESPECIAIS

(DOCUMENTOS)

1. Ficha de consulta.

2. Folha de observação.

3. Ofícios de serviços e relatórios.

4. Ficha de diagnóstico provisório.

5. Boletim com relatório psicológico.

6. Ficha de serviço social.

anexo v - x iv

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ESCALA DE IN T E L IG Ê N C IA DE WECHSLERP A R A C R I A N Ç A S

TEXO

RAL DE

DA

\ÇÃO

ELECIMENTO ESCOLAR (o) acÜ*o v**'c (%uj* IVtmG"CLASSE J * f l a g

ANO

E PROFISSÃO OS PAIS

DO EXAME W 4 O F EXAMINADOR N I ^ X a ã AÇXP

ó n ã o f r e q u e n t o q u a lq u e r e s ta b e le c im e n to e s c o la r , c o r o s h o b i l i t o c & e s l i t e r á r ia s Q ue p o s s u i.

Ano Mês Dia

a do exom e A 6 —3 — ^ £

a do r s r w . to A M . _% — £ * 3

I. _____

Porte Verbal

Parte de Reolizoçõo

Escofo Completa

Resultadosnorm olizados Qipodronizodos

4 3 . 4 11 1

oo*

4 S

< \ A 3 4* Se necessário, transformados de ocordo

com o Quodro n.° 13 do Manual.

Resul­ R esultadostados n o rm o liza d o s

bru tos pod ro n izo d o s

TESTES VERBAIS

Informação J t f _ SCompreensão t f

Aritm ética ■3

Semelhanças \V-

Vocabulário * v *

(Memória de Dígitos) J 6

S om atório

TESTES DE REALIZAÇÃO

- Complet.*0 de Grovuros V 3

Disposição de Grovuras i * .

Cubos fi . . . . f f

Composição de Objectos J O

Código 3 4 JU(Lobirintos)

S om atório H S

' 1

w çoes:

" T a C . ia Os \ \ a X 7 \A a \ \ a S x > d L > VA C- c t x ? .

u M cC*’^ *C cJd )r-á > -

^ L c c n 'x o JUA-A ï '5 ' O.' 0 Un' C CM *’ ^ L L a /w C T trO J L

t * W v ^ A J AAAÃ CJ /i • [ > V» 'p p. Ot’ ^ r<Ä jl O u V W VAa a V* O ' / V LA/i Ç ct r c L l

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V/j ^ V jcJU: x r «, Cã*

• C-V\*C*wà U»A \ a> j£ o

Exominodor

, r „ . , _ . , Tronslated ond odopted by permission. . . . . . , „f Estudos de Psicologia Copyright 1949. The Psychologicol Corporation Adoptoçoo portuguesa por j . H. Ferre.ro Morques,>? de Letros de Lisboa Néw Yofk y s A A „ rlghts resefved Professor do Foculdode de Letros de Lisboo.

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1. IN F O R M A Ç Ã O

1. ORELHAS

Ponto 1 ou C

J

11. 05 LUSÍADAS

JPonto 1 • ou C

J

|por 1 * 0

21. LISBOA — PORTO 1

2. A N IM A I___ LEITE J 12. DESCOBRIR — BRASIL 22. C. T. T.

3. PERNASJ 13. RESINA

J 23. GRÉCIA j4-

4 . FERVER — AGUA;

14. ESTÔMAGOA 24. CAPITAL — ARG ENTINA 1 „

5. LOJA — AÇÚCARj 15. ATLÂNTICO SUL

A 25. BARÓMETRO I6 . D Ú Z IA

à 16. PÔR-DO-SOLÂ 26. COR — RUBIS 1 _

7. DIAS — SEMANAà 17. 1 DE DEZEMBRO

27 . POPULAÇÃO — METRÓPOLE 18. PAR

j 18. ÓLEO — FLUTUAR 28. HIPOTECA 19. DEDO

- 19. D IA DE CAMÕES _ 29. HIERÓGLIFO

0 . ESTAÇÕES PO ANO A 20. QUILOS— Q UINTAL A 30. GENGISCÂO j

2- COMPREENSÃO I Pontos 1 12,) ou 0 j'* CORTAR-DEDO ^ tf

I 2 Ií. PERDER — BOLA (BONECA) V/C\A \/W® - 1 C

-CASA — TIJOLOS CCt^r* A o J J & ctc** l/a

► LUTA Ç y . VUj1 ° 1

COMPRAR — PÃO » VAAA ‘A-CA** t o1 ° 1

COMBOIO V\ o5c I1 ° 1

CRIMINOSOS ^ -A-- UL . 10 1

CARIDADE — PEDINTE _.

ILEIS LtW/ Lvovo j

Naufrágio \ í -rJL» } \aciu« V w » I 0 1ÃLGODÃO '9 I

oCARGOS PÚBLICOS 1 1

MANTER — PROMESSA 1 1

IEGISTAR — CARTAS 1 1 1 1

3. ARITMÉTICAProblema I Reposta1. 45”2. 45"3. 45’4. 30"5. 3 0 "

~L' 3 0 "

7. 3 0 "

1 7 3 0 "

17 3 0 "

l ã 3 0 "

11. 3 0 "

72. 60"7 3 . 30*

14. 6 0 "

1 5 .1 2 0 "

16 .120 '

Tempo[Pontos I ou 0

F \ J

£ I J

2

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4. SEMELHANÇAS Pontos 1 ou 0

1. LIMÕES — AÇÚCAR

Jl. ANDAR — ESCREVER

J1. RAPAZES — RAPARIGAS

FACA — VIDROJ

AMEIXA — PÊSSEGO Pon‘°*2,1 ou 0

. GATO — RATO

£, CERVEJA — VINHO

k * 'e í %

. PIANO — VIOLINO\V U V ju. UAJUjJV » ( cj X

PAPEL — CARVAO

QUILO — METRO O c jw H o V**

. o

TESOURA — CAÇAROLA _ C^. ^ca-AX?lc. *' « i /o* to v o la v» y a

MONTANHA — LAGO

SAL — ÀGUA

LIBERDADE — JUSTIÇA

PRIMEIRO— ÚLTIMO

49— 121

J o

TESTES SUPLEMENTARES

M EM Ó R IA DE DÍGITOS

£m sentido normal Pontos Ern sentido inverso Pontos

3 - 8 - 66 -1 -2

®3

2 - 56 - 3

22

3 - 4 - 1 - 7 ' 6 -1 -5 -8

8 - 4 ^ - / - 9 5 - 2 - 1 - 8 6

0 /4

S - / - 42 - 5 - 9 ®

©7 - 2 - 9 - Ò8 - 4 - 9 - 3 O

4

3 - 8 - 9 - 1 - 7 - 4 7 - 9 - 6 - 4 - S -3

< P6

4 - 1 - 3 - 5 - 7 9 - 7 - 8 - 5 - 2 ?

S - l - 7 - 4 - 2 - 3 - 8 9 - 8 - 5 - 2 - 1 -6-3 <P

71 - 6 - 5 - 2 - 9 - B 3 - 6 - 7 - 1 - 9 - 4 <?

1 - 6 - 4 - 5 - 9 - 7 - 6 - 32 - 9 - 7 - 6 - 3 - 1 - 5 - 4 <P

8 - 5 - 9 - 2 - 3 - 4 - 24 - 5 - 7 - 9 - 2 - 8 - 1

O7

5 . 3 - 8 - 7 - 1 - 2 - 4 - 6 - 9 4 - 2 - 6 - 9 - 1 - 7 - 8 - 3 - 5

49 .

6 - 9 - 1 - 6 - 3 - 2 - S - 8 3 - 1 - 7 - 9 - 5 - 4 - 8 - 2 < ? :

N _í + 1 3 = XòMotor n.* de digitos

LABIRINTOS

Labirinto Mó«, de erros Erros Pontos

A. 30" 2 0 1 2

B. 30" 2 0 1 2

C. 30" 2 0 1 2

1. 30" 3 0 1 2 3

2. 45 " 3 0 1 2 3

3. 60" 5 0 1 2 3

4. 120" 6 0 1 2 3

5. 120" 8 0 1 2 3

Observações:

3

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Ponto» 2.) ouO 5. VOCABULÁRIO

1. CÃO X2. CHAPÉU

/ V A o & C O 1

3 FACA % ■ tX A V A o l a c OL**

4. GUARDA - CHUVA J í à a v a Y* * &5. ENXADA

A j ' la ^ i C y ° .c o w - y

6. PREGO% * J» Y >& s -G

7. CAM IONETAX •J V WAV y x OWWA-Ã y-i -o - O a • •

B. BURRO X y W V-W ©-VA-»*

7. JOGO

). ESPADA A ^ j u J ^ e L A -1. CANIVETE X sAJLa w w Y* CCA **■ u - c ^ O ^ c a a * -1. VALENTE a l/SA A -W ««. Ã 4 "^ * CÔ1, DISPARATE A

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k LETRAa ' La V w &■ C n ‘\ & « T &

BINÓCULOQ « X xa v a w ° L / J l A -

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AFLIÇÃO

1. D IA M A N TE A _ / U W p W '* - A « 2} ^ I a c .OFENSA

PESETA- -

. DESINFECTAR A «✓TV o O cX/W » ^ ^

. QUADRA X _A* O O U a» M .. VÉSPERA —

.ESPIÃO A -» IA LA-- o l/VA --4-4^0 íp. ^ 4 -4 á " '*<—

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CALUNIAR . —

LOUVA-A-DEUS —

ESCARNECER 0 A* c. ^ L A ^ A Í/V W * .

RETROCEDER

CATACUMBAS —

CAM PANÁRIO -

LANTEJOULA

IM IN ENTE

LASTRO

HARAQUIRI

DILATÓRIO

4

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6. C0MPLETAMEN1

DE GRAVURAS

'0 1- DISPOSIÇÃO DE GRAVURASPonto» 1 Ou 0 Disposiçõo Tempo Rrsullodo Pontos

1. PENTEJ A . Côo 75 " 1 X < £ >

ABC2. m e s a J3

3 . RAPOSAy

XB. Mâe 75"

X Q4 . RAPARIGA

ÁC . Comboio 60"

X 05. GATO

6. PORTAA D. Balonça 4 5 "

3k &7. MÂO \

8. CARTA~ A —

J (Luto)

9. TESOURA i1. Fogo 4 5 "

9a o e m e

i t - io o-1 o i-o1 ! ‘ 710. CASACO À

1. PEIXE A 2. Lodrâo 4 5 " U 6 T r t11*19 9*10 1*9'

0 | 4 5 4 7 1 THUS2. PARAFUSO. — ~

3. MOSCA 3. Agricu lto r 4 5 " ^ S R TI»-I9 «.IO | . i

0 |4 .5- 6 7 1

5- PERFIL - í 4 . Piquenique 4 5 "n - ia e.io i - t

0 I 4 5 4 7 1

k TERMÓMETRO _5. Oorminhoco 5 0 "

io-a© n - io i - )0 0 1 4 S 4 7 1

p ri» c rCHAPÉU

I-. GUARDA - CHUVA — 5. Jardineiro 75"* ' • » t i - » i. ie

0 I 4 5 6 7 1VACA A w\IHCR OU F91HBW

--------------------------------------- —CASA 7. Chuvo 75" 0 2 *1-90 1 O- 20 1-»«

1 4 5 4 71

k•

A & *

9. COMPOSIÇÃO DE OBJECTOS

8. CU\ .

BOS O bjec to T e m po Pontos

Tenho Tempo Reiuliodo Pontos M a n e q u imt20"

o*iV

«•l|£0 10-30 11-10 1-100 1 2 3 0 5 4 7

45"i. ■

i 22 0 1 Cova lo 110"

31000 31-90 1 0-30 1.190 1 7 3 4 5 0 7 8 9 .

45" 1 2Foce

110" IS O *71-100 40-70 90-49 1-99

0 1 V j) 3 4 5 4 7 8 92 0 1

45" * w " X 2 A u to m ó v e ll» " i o « w 40-190 91-49 39-90 1-39

2 0 1» | M 1 4 J 4 • 9

75" tv 4 0UZ® 70-30 11.19 1-10© 5 4 7 >8

75"*1-79 10-30 11-19 1-10

0 4 5 6 7Observações:

75"*••79 31-39 ie-*0 1

0 4 S 6•197

-107

•997

75"31-79 19-30 11-19. 1

0 4 5 4

50"«0-190 40-09 90-49 1

0 4 5 4

50"• 1-190 00-00 90-09 1-99

0 4 S 4 7

,50"01-190 00.00 90-09 1-99

0 4 5 4 7

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EXEMPLOS

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2000 ex.* Março 74 - Tip. Quarto. Lda. • Lisboa6 T e m p o ( I 2 0 " I P o n to s | N . * ‘ c o r re c to s ) 3 1

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v. 'INSTITUTO ANTÓNBjg) A V A L I O DA COSTA FERREI RA

P f i . NB*

Data da Abertura do Processoi / ? - 2 9 é

Nome e Apelido,. .................... .Freguesia •Data de Nascimento / 7- ? - 6 3 - /< *

Local de Nascimento t f /9 T £ >e? ' fô C T é Z é rJ lO C^DS7~J^Domicílio

TelefoneProfissão do PaiProfissão da Mãe J lO r /é 's 7 7 C /S Nome e Idade dos Pais.Pai

MãeData do nascimento do PaiData do nascimento da M ã e ^ o - / / “IrmSos-Nomè e Idade

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3 1

_ f 0Médico assistente c o f b rrp r* * - fc & s S jtc *J

Observação pedida por, ou Sugerida aos Pais por

hv t f - n ' & Q c~ l > ^ / ± bJ Z < ^

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- 2 -

N o m e ..............Estivo da consulta:

^ 7~Í-~- f * U L / o x ^

1) Motivos referidos na consulta^ t f V C t C- « - sj —y. GA. í l i ^C í»

2) Outras hipóteses

1 _C <2 »- c. ^

Ja foi anteriormente observado?Onde? 22s\. oLx J<l. '

Quando? &L - % - ? Ä-Já esteve hospitalizado? «-"Z Oude? —Quando? —Porquê? .__Quanto tempo? —Que escola frequentou ou fcequenta? ~í2“' <~f £- /^S=H-C

jDescreva o ambiente familiar O ^ '_í^_TL J -S, -—^ ^ - /c -c A 1 * < £ . dEX,K1 J*-O U ./v> j?_ Z^u ' 0 ^ 1 .P que pensados pais da criança? -« <^o/l w

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ÍJue pensam da escola? ^R . > , ^ ' ^ > 0 c_ , /" > / »-^-O J - a -' JQ- c

^ ' £ é k í . j C . ' ^ , £- cTP que esperam do tratamento?

p x > ^omporthmento na sala de espera,

rf. C . l/V^ c_o (pCA-CC. <fi. c_ -t Cv, X>Glt"C tx c£ c_

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Nome

Motivo da Consulta, sintomas referidos (Sublinhados os que foram indicados espontaneamente)

Diagnóstico provisório(Com lista dos sintomas significativos)

Medidas terapêuticas e data da sua aplicação

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- 4 -

Nome

I-Historia da slntomatologia actual r

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NomeII«ANTECEDENTES PESSOAIS

Informações obtidas de:

Gravidez (Aceitação, evolução)

« A '/ h ' ^

A c ?

Harto (local, método, termo, apresentação, peso à nascença, anoxia, problemas médicos, atitufle face ao sexo da criança)•

Reacção da mãe e do pai ao parto (depressão) ,

■ < 5 / / ~ - ^ ' A

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Nome

Alimentação (a descrever de modo evolutivo: seguindo as vieáisitu- des da alimentação desde o nascimento)

Tipo de alimentação, desmame, dificuldades de alimenta-

( / d . r / , ( /Q j c r ^ 0 ^ s ^ e -

Sono (quarto, adormecer, qualidade de sono reacção a mãe, pertur-

/ baça“ > a '< J v o - * o » - ' ^ "

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- 7

Descrição de relação mãe/criança durante o 1® ano(Medo dos estranhos, afecto dominante na criança: triste, alegre, afectuoso, colérico).

N o m e ...........................................................................................................................................................

/ tá ^

C - / . -

desenvolvimento psico-motorCabeçaSentado ^ ô / 6 •Em pé C f % ’Marcha ^ ^ .Lateralizaçâo / V w X , ^ ^Habilidade manual •-/- -A- / J lv s Á - * / O™*Esfcabilidade (hipo ou hiper actividade) ^ConcentraçãoPerturbações(balanceamento, bater com a cabeça)Regressão do comportamento, motor

Controle dos esfincteres Aprendizagem De dia De noite Sintomas

Educação sexual Curiosidade sexual Tipo de explicação dada Atitude feminina e masculina

t á r

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- 8 -

Nome

Linguagem , ^

Primeira palavra ^Primeira frase ^/. t * ■Perturbação da linguagem

/ . ‘A t e

Separação y ^

Esqolaridade / ' J

f í c/ °

o . n 7 ^ ^ fh ^ 2 eSocialização ' _ ,

elação com outras crianças) /(Relação com adultos e com cada um dos pais) .-

u í ' . ^ ^ — Y : ^

Expressão das pulsões (Agressividade, libido)

ã p r J * s » ' s

( r < S

---------- f __________________________________________________ * _____ ^

A ^ v t ^ p , ,

f p ^ ^ - 7 , r y £ ^ v *

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- 9

N ome..........................................................Consciência (Autonomia da responsabilidade, conscencioso, furto,

mentira, etc).

História medica Doenças

Internamento em hospitais ^ / ! ^ / ^ ^

Acidentes r A f 7

Operações T)

* f ConvulsõesPerdas de conhecimento Perturbações digestivas

Sintomas diversos (medos, afectos,habituais, movimentos estereo­tipados, tiques, crises, birras, destrutivi- dade, mentira, furtos repetidos, enurese, en- coprese, etc.)

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1 0 -

N ome.III-Historia Familiar

A)MÃE-Estado civil 1) Personalidade

Hiperprotectora Autoritária

A t*' £ c ✓ Y '

AmbivalenteFria"Ausente"Rejeitante Obsessiva Ansiosa Psicótica

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2) Primeiras reàaçÕes com o doente y

Calorosas FriasRejeitantes

3 ) Relações com o doente s j Estáveis Ambivalentes

B)PAI-Estado civil 1) Personalidade

Hiperprotector Autoritário Ambivalente Frio"Ausente"R e j e i t a n t e

Obeessivo Passivo

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N ome.................................2) Primeiras relações com o doente

CalorosasFriasRe jeitantes

3 ) Relações com o doente Estáveis Ambivalentes

C- Outros familiares

D- Ambiente Famiiliiar Caloroso Frio Unido

E- Métodos Educativos Severos Obcessivos Flexíveis

F-PuniçÕes

G-Meio estimulado Sim Não

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- 1 2 -

Home* * ♦............................................................lY-Exaroe da criança-(características mais importantes)

lo-Descrição Geral da criança2 2-Relação de objecto (relação com o examinador* os pais, as

outras crianças, etc*)32-FunçÕes de EU

a)Autónomas (síntese, criação, etc,)*b)Teste de realidadec)Modos de defesa-anulação; projecção; recalcamento; isola­

mento; formação reactiva; negação; subli­mação; etc*

4 2-èfectos (tristezas, ansiedade, labilidade, afectividade ina­dequada, etc*).

59-Pulsões (Modos de Expressão da agressividade e da libido, contacto, ocupação)

62-Su per-E u (grau de i n t e r i o r i z a ç ã o )V-Projecto para o futuro

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PROCESSO N.»INSTITUTO A N T O N I O A U R É L I O DA - C O S T A F E R R E I R A

folha de observação n: £ oA ^ 3

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VÜj L_APARELHOS SENSORIA1S

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ESCOLAS QUE FREQUENTOU; APROVEITAMENTO ESCOLAR

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Hereditários :

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APARELHOS SENSOR1AIS

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O U T R A S O B S E R V A Ç Õ E S

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FO L H A DE OBSERVAÇÃO K'sLQM.U ÿ

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COMPORTAMENTO NA SALA DE ESPERA:

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CAUSAS DA OBSERVAÇÃO:

MEIO FAMILIAR:

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Heredi/ârios :

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APARELHOS SENSORIAIS

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A T E N Ç A O

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O U T R A S O B S E R V A Ç Õ E S

N C L U S A O

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FO L H A DE OBSERVAÇÃO K'£.£.á.6..>Z

COMPORTAMENTO NA SALA DE ESPERA:

CAUSAS DA OBSERVAÇÃO:

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MEIO FAMILIAR: .

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Hereditários :

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O B S E R V A Ç Ã O A C T U f f ' L

CARACTERES MORFOLÓGICOS

L I N G U A G E M

C A R Á C T E R E E M O T I V I D A D E

É â J . . . .Æ ÎM L U é

O U T R A S O B S E R V / Ç Û E S

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Contributos para a História do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

ANEXO VI: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ENSINO

ESPECIAL

A N E X O VI - I

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ETAPAS DA EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL EM

PORTUGAL

E T A P A S

1900 - 1940

M o d e lof\s ila r /a s s is tê n c i

al

1 9 4 0 - 1964

M o d e lo C lín ic o

1 9 6 4 - 1 9 7 5

M o d e loP s ic o ló g ic o

IV

1975 - 1984

M o d e loP e d a g ó g ic o

e...

80/90

1991

1994

P R A T IC A S E M O D E L O S E D U C A T IV O S

P rim e iras in s titu içõ es e as ilo s pa ra cegos , surdos e d é b e is m e n ta is

• C riação do I.A .A .C .F . (C e n tro de obse rvação , d ia g n ó s tic o e apo io m éd ico -pedagóg ico pa ra "c r ia n ça s anorm ais")

• P e rspectiva c lín ica da d e fic iê n c ia

• A be rtu ra de c lasses e sp e c ia is anexas às esco las p rim á ria s o fic ia is

A bertu ra de esco las e sp e c ia is para cegos, surdos e d é b e is m e n ta is ( in te rna tos e s e m i- in te m a to s ) In ic ia tiva p rivada no ca m p o da d e fic iê nc ia m en ta l (co lé g io s particu la res)In tegração de ce g o s nas c lasses regulares.

C riação das E q u ip a s D is tr ita is para o apo io oedagóg ico a c ria n ça s d e fic ien tes in te g ra d a s em esco las regu lares.C riação de C lasses de A p o io para crianças com d ific u ld a d e s esco la res . A be rtu ra de C o o p e ra tiv a s de E ns ino para crianças d e fic ie n te s (c e rc i's , c e e ’s ...)Im p lem en tação d a s E qu ipas deE ducaçáo E spec ia l

C onso lidação da in te g ra çã o co m o um d ire ito social

E S C O LA IN C L U S IV A

LIN H A S G E R A IS DE O R IE N T A Ç A O DA P O L ÍT IC A E D U C A T IV A

In ic ia tiva p riva d a (b e n e m e rê n c ia ).

Separação to ta l re la tiv a m e n te ao sistem a re g u la r de e n s in o .

P rim e ira in te rve n çã o o f ic ia l do M in is té rio da E d u ca çã o

Separação to ta l d a s e sco la s espec ia is face ao s is te m a re g u la r de ensino.

C riação de se rv iço s d e E d u ca çã o E specia l d e p e n d e n te s do M in is té rio da Saúde e A ss is tê n c ia

C riação de C en tros de E d u ca çã o Especia l tu te la d o s p e lo M in is té rio dos A ssuntos S oc ia is .C riação das D .E .E .(s ) do E ns ino B ásico e S e cu n d á rio do M in is té rio da Educação.

• A dopção de u m a p o lític a de in tegração das c ria n ç a s e a d u lto s de fic ien tes na S o c ie d a d e .

« D e fin ição do re g im e d e in te g ra çã o p rogress iva dos a lu n o s d e fic ie n te s nas classes re g u la res a n íve l de:

a) O rgan izaçãob) C urrícu lo esco la rc) C o labo ração do p ro fe sso respec ia lizado

Lei de Bases do S is tem a E duca tivo1986

DL. 319/91

C on fe rênc ia de S a ia m a nca

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