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Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA) Controle de qualidade em leite: análises físico-químicas Claudio Eduardo dos Santos Cruxen Gestor em Finanças - UNISUL Tecnólogo em Agroindústria - UERGS Me. em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFPel Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFPel [email protected]

Controle de qualidade em leite: análises físico-químicaslabgraos.com.br/manager/uploads/arquivo/controle-de-qualidade-do... · Serve para dissolver a membrana lipoproteica que

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Universidade Federal de Pelotas

Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel

Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial

Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA)

Controle de qualidade em leite:

análises físico-químicas

Claudio Eduardo dos Santos Cruxen

Gestor em Finanças - UNISUL

Tecnólogo em Agroindústria - UERGS

Me. em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFPel

Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFPel

[email protected]

Universidade Federal de Pelotas

Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel

Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial

Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA)

Conteúdo:

Composição físico-química do leite.

Princípios, fundamentos e interpretação das análises físico-químicas do

leite: teste de gordura, densidade, termoestabilidade (álcool)

termoestabilidade e indicador de pH (alizarol), acidez titulável, extrato

seco total e extrato seco desengordurado.

Principais substâncias fraudulentas adicionadas ao leite e suas

consequências à saúde do consumidor.

Procedimento didático: Aula teórico prática expositiva interativa

Notícia e comentário: Responsabilidade com a ética profissional

Utilizar as informações para o bem! Auxiliar produtores rurais e indústria, zelar pelos consumidores.

Análise de Formol:

tubo de ensaio com 5mL de leite, 2mL de ácido sulfúrico a 50% e 1 mL de cloreto

férrico a 2%

Aquecimento da mistura até a ebulição

cor roxa ou violácea reação positiva

cor amarela reação negativa

Curiosidade!

Efeitos do formol em humanos após exposições de curta duração

Toxicidade

Devido a sua solubilidade em água, o formol é rapidamente absorvido no trato respiratório e gastrointestinal e metabolizado. Embora o formol ou metabólitos sejam capazes de penetrar na pele humana, a absorção dérmica é mais leve, porém podem induzir a dermatites de contato. Desta forma, o formol é tóxico se ingerido, inalado ou tiver contato com a pele, por via intravenosa, intraperitoneal ou subcutânea.

Fonte: Adaptado World Health Organization (1989); IARC (1995); WHO Regional Office for Europe (1987).

Conforme definição do Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA), o leite é o produto oriundo da ordenha completa e

ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e

descansadas. O leite de outras espécies de animais deve conter o nome da

espécie de que proceda.

Definições

O leite é uma emulsão de gordura estabilizada, num soro que

contém, em solução: carboidratos, proteínas, sais minerais e pequena

quantidade de vários produtos, tais como lecitina, uréia, ácido cítrico, ácido

láctico, ácido acético, vitaminas e enzimas.

Composição físico-química do leite

Tabela 1. Composição do leite de vaca em porcentagens

Fonte: Adaptado de Tronco (2008)

Requisitos sensoriais e físico-químicos do Leite Cru Refrigerado

Requisitos sensoriais:

Aspecto e Cor: líquido branco, ou ligeiramente amarelado, homogêneo e

sem partículas/substâncias estranhas.

Sabor e odor: ausência de sabores/odores estranhos

Requisitos físico-químicos:

Densidade: 1,028 a 1,034 g/cm³

Matéria Gorda: mínimo 3%

Extrato Seco Desengordurado (ESD): 8,4%

Crioscopia: - 0,512°C

Acidez titulável: 0,14% a 0,18% em ácido láctico ou 14 a 18° Dornic

Proteína: mínimo 2,9%

Análises obrigatórias

Densidade

Tabela 1. Densidade dos componentes do leite

Densidade = massa / volume

1. O que acontece com a densidade quando é adicionado água no leite, e quando é removido a gordura ?

A densidade do leite pode variar de

1,028 a 1,034 g/cm³ ou 28 a 34° GL.

Densidade

Empuxo é uma força exercida sobre um corpo imerso em um líquido, sempre no sentido vertical e de baixo para cima.

Força do Empuxo = Massa do Líquido Deslocado.

Princípio e fundamento da técnica

MLD > Mcorpo = o corpo tende a flutuar

MLD = Mcorpo = o corpo permanece onde foi

deixado

MLD < Mcorpo = o corpo tende a afundar

Densidade

Princípio do termolactodensímetro

Leite Desnatado

Leite com densidade normal

Leite com adição de água

Determinação do teor de gordura

Butirômetro de Gerber

Método volumétrico:

• Método de Gerber

Centrífuga de Gerber

Banho Maria

Princípio e fundamento da técnica

Serve para dissolver a membrana lipoproteica que recobre a micela de

gordura pela adição de ácido sulfúrico, liberando a gordura da disposição

físico-química.

FIGURA 1 – Representação esquemática da estrutura de um glóbulo de gordura mostrando a disposição de seus principais componentes

Princípio e fundamento da técnica

Função do ácido sulfúrico com densidade ajustada ???

Função do banho maria ???

Função da centrífuga ???

Função do álcool isoamílico ???

Liberar a gordura da disposição físico-química do leite (desfaz a emulsão)

Promover maior agitação molecular e aglomeração das micelas

Separar a gordura dos demais componentes (densidade)

Auxilia na separação da gordura e promove a separação das fases

Extrato Seco Total (EST)

Disco de Ackermann

a) Métodos gravimétricos: Desidratar a amostra de leite de peso conhecido.

%EST = (peso amostra seca / peso amostra inicial) x 100

b) Método Ackermann

Extrato Seco Desengordurado (ESD)

ESD = EST - gordura

Álcool (termoestabilidade)

A prova do álcool serve para medir a

termoestabilidade do leite.

Princípio e fundamento da técnica

A adição de álcool promove a redução da

capacidade repulsiva da estrutura micelar.

Comportamento da análise com os seguintes leites:

Leite mastítico

Leite colostral

LINA

Leite com acidez aparente e acidez adquirida

Álcool alizarol (termoestabilidade e indicador de pH)

Princípio e fundamento da técnica

Mesmo princípio da técnica do álcool

com indicador de pH (alizarina).

Comportamento da análise com os seguintes

leites:

Leite mastítico

Leite colostral

LINA

Leite com acidez aparente e Acidez adquirida

Determinação da acidez por titulometria

Utiliza-se soda Dornic e fenolftaleína

como indicador

Cada 0,1 mL de solução Dornic gasto

na titulação corresponde a 1°D

Princípio e fundamento da técnica

Neutralizar a acidez do leite pela adição de

Hidróxido de Sódio NaOH a 0,1N na presença de

um indicador de pH.

Dúvidas Frequentes

Por que a adição de ácido sulfúrico libera calor?

O ácido sulfúrico quando adicionado ao leite reage com o material orgânico,

principalmente na membrana que recobre os glóbulos de gordura, acarretando na

hidrólise de muitas ligações química simultaneamente, liberando energia para o meio. O

nome atribuído a essa reação química que libera calor do meio interior para o exterior é

reação exotérmica.

Qual a diferença entre a análise do álcool, álcool alizarol e titulação?

A prova do álcool e do álcool alizarol servem para verificar a termoestabilidade

do leite, isto é, verificar se o leite é estável ou não ao tratamento térmico. Porém, o

álcool alizarol além de indicar a termoestabilidade também revela o pH da amostra por

meio da alizarina, podendo apresentar coloração amarela (ácido), tijolo (neutro), roxo

(alcalino). A titulação é uma análise de caráter quantitativo que serve para demostrar o

quanto de ácido possui na amostra.

ResultadoAmarelo e

presença de grumos

Violeta e presença de

grumos

Cor tijolo (cor da alizarina) com

presença de grumos

Cor violeta sem presença de grumos

IndicativoLeite com

acidez adquirida/

Leite colostral

Leite mastítico

Leite LINA Fraude com substância alcalina

Medida Rejeita-se Rejeita-se Rejeita-seRealizar pesquisa de

bicarbonatos/ Realizar titulação

Possíveis resultados gerados pela prova do álcool alizarol e medidas a serem adotadas

Leite termoestável (condições normais) na prova do álcool alizarol não poderá apresentar formação de grumos e sua coloração será tijolo.

Referências Bibliográficas

• BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n°62 de29 de dezembro de 2011. Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade doLeite tipo A, o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Cru Refrigerado, oRegulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Pasteurizado e o RegulamentoTécnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel.

• BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 68 de12 DE DEZEMBRO DE 2006. Métodos Analíticos Oficiais Físico-Químicos, para Controle deLeite e Produtos Lácteos, em conformidade com o anexo desta Instrução Normativa,determinando que sejam utilizados nos Laboratórios Nacionais Agropecuários.

• FOSCHIERA, J. L. Indústria de Laticínios: Industrialização do leite, análises, produção dederivados. Porto Alegre: Suliani Editora Ltda, 2004

• RAIMONDO, R. F. S.; BRANDESPIM, F. B.; PRINA, A. P. M.; JUNIOR, E. H. B. Avaliação do pHe da eletrocondutividade do leite de bovinos da raça Jersey durante o primeiro mês delactação. Ciências Agrárias, Londrina, v. 30, n. 2, p. 447-456, abr./jun. 2009.

• RODRIGUES, M. G. R. Mastite bovina e suas consequências na qualidade do leite.Especialização lato sensu em Defesa e Vigilância Sanitária Animal, Universidade CasteloBranco, Vitória, 2009.

• TRONCO, Vania Maria. Manual para Inspeção da Qualidade do Leite. 3ªed. Santa Maria:Ed. da UFSM, 2008. 206p.:Il.