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EDITOR: LARISSA TEZZARI [email protected] C ULTURA PORTO VELHO-RO . TERÇA-FEIRA, 22 DE MARÇO DE 2011 Começaram ontem as gravações de “Macho Man”, série que terá no elenco Jorge Fernando e Marisa Orth. PÁGINA C2 DIVULGAÇÃO ÉRICA PASCOAL O Festival Casarão, que acontece há 11 anos em Porto Velho, corre o risco de não ter a edição 2011. Isso porque o pagamento do convênio feito no ano passado entre o Mi- nistério da Cultura (Minc) e a prefeitura de Porto Velho, para pagar os gastos da edição do ano passado, foi cancelado. O convênio foi uma nego- ciação nacional que a Asso- ciação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) fez com o Ministério da Cultura para beneficiar os festivais do primeiro semestre de todo o País. No caso do Festival Ca- sarão, o intermédio do con- vênio foi feito por meio da Fundação Cultural Iaripuna, entre março e abril de 2010, como explica Vinícius Lemos, idealizador e responsável pelo Festival. “Todo o dinheiro que a União destina aos projetos deve ter uma contrapartida no convênio. Por isso ficou acor- dado que o Minc daria 80 mil e a prefeitura de Porto Velho, por meio da Fundação, [R$] 20 mil”, conta. O projeto foi feito e apro- vado antes da realização do Casarão, que em 2010 aconte- ceu entre os dias 16 e 19 de junho. Pouco mais de uma se- mana após o evento, quando o pagamento deveria ter sido efetuado, Vinícius recebeu um e-mail, assinado por Fabiana Arruda, representante da Se- cretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, in- formando que o dinheiro não havia sido liberado porque a prefeitura encontrava-se inadimplente com o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Fede- ral (Siafi). “O município não havia prestado conta de outros convênios antigos e, enquanto a prefeitura não regularizas- se essa situação, a verba não seria liberada”, conta, mos- trando todos os documentos, inclusive o e-mail recebido no dia 1 de julho. Ainda no e-mail, outra exi- gência: a dívida deveria ser sanada até o dia 2, já que a partir do dia 3 iniciaria o pe- ríodo eleitoral e nenhum pa- gamento poderia ser feito por parte do governo Federal. Vinícius afirma que “pelo que a Fundação explicou, a prestação de contas só foi feita no dia 5 de julho”, e por isso o pagamento foi adiado e só se- ria realizado após o segundo turno das eleições. Tendo que esperar alguns meses para efetuar os paga- mentos aos fornecedores, Le- mos renegociou as dívidas e modificou as datas. Em novembro, Vinícius re- cebeu a notícia que a Consul- toria Jurídica do Ministério do Planejamento havia anulado o Público animado na edição 2010 do Casarão convênio. Outros contatos fo- ram feitos para tentar resolver o problema, mas no dia 7 de dezembro a anulação foi con- firmada. “Eles entenderam que o valor deveria ter sido pago em julho”, explica. Vinícius ressalta que a Fundação foi totalmente cor- reta durante a construção do convênio, e o que, de fato, prejudicou o andamento, foi a inadimplência da prefeitura. Sem ter muito o que fa- zer, Lemos enviou um ofício à Fundação Cultural Iaripuna, no dia 1° de fevereiro desse ano, explicando novamente a situação e pedindo o ressarci- mento do valor, ou pelo menos o pagamento da contrapartida (R$ 20 mil) do município. A pedido da Fundação, Vinícius aguardou uma resposta até o fim do carnaval, já que “eles estavam trabalhando com os subsídios dos blocos e das escolas de samba”. Após esse período, o responsável pelo festival conta que ligou para Francisco Gregório, diretor do Departamento de Arte e Cultura da Iaripuna, que con- firmou que não teria como o pagamento ser efetuado pela Fundação. “A recomendação dele foi para que eu procuras- se a Secretaria de Finanças”, explica. “Não pode ficar por isso mesmo. Os pagamentos estão em aberto até agora. Se fosse um bloco de carnaval estariam fazendo um estarda- lhaço”. MÚSICA. Com o acordo entre o Minc e a prefeitura de Porto Velho anulado, o Festival pode não acontecer Convênio prejudica Casarão 2011 LARISSA TEZZARI [email protected] @larissatezzari Vinícius explica que as dívidas podem resultar no cancelamento da edição des- se ano. “Apesar de empresas locais terem demonstrado in- teresse em patrocinar a 12ª edição, não adianta porque eu usaria o dinheiro para pagar as contas do ano passado. As empresas de som e de serviços que contratamos em todos os eventos ligados ao Casarão são basicamente as mesmas. Estou em dívida com eles, como vou fazer pra contratá- los de novo?”, pergunta. O FESTIVAL O Festival Casarão aconte- ce em Porto Velho desde 2000, reunindo uma vasta progra- mação de debates, palestras e shows. No ano passado o evento aconteceu nos dias 16, 17, 18 e 19 de junho. Em um formato comple- tamente diferente, o Festival aconteceu entre outros pon- tos, em dois lugares históri- cos da Capital, praça Getúlio Vargas e Mercado Cultural, e ofereceu um dia com entrada franca. Com um cenário de músi- ca independente, o Casarão já trouxe em todos os seus even- tos mais de 100 bandas nacio- CANCELAMENTO nais, como “Patu Fu” e “Ratos de Porão”, e tem como objeti- vo ligar a cultura de Porto Ve- lho às culturas de fora. O nome surgiu em home- nagem ao casarão histórico da cidade, onde o evento foi rea- lizado até 2008. “Com a che- gada das usinas, não pudemos mais fazer lá, mas mantivemos o nome”, explica Vinícius. Além de ser um dos pou- cos eventos de rock de Porto Velho, Vinícius destaca o Fes- tival como uma vitrine para as bandas locais. “Várias banda, por causa do Casarão, rece- beram convites pra tocar em outros estados. Um exemplo é a banda “Hey Hey Hey” que tocou na Virada Cultural em São Paulo, por indicação do Festival”. Se a pendência fi- nanceira se resolver, os planos de Vinícius para 2011 é que o Festival aconteça em agosto, contando também com as pré- vias do evento. Pato Fu, uma das atrações nacionais do Festival O Casarão se tornou vitrine para as bandas locais

Convênio prejudica Casarão 2011

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Convênio entre Ministério da Cultura e prefeitura de Porto Velho prejudica Festival Casarão.

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editor: larissa tezzari [email protected]

CulturaPorto Velho-ro . Terça-feira, 22 de março de 2011 Começaram ontem

as gravações de “Macho Man”, série que terá no elenco Jorge Fernando e Marisa Orth.Página c2

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O Festival Casarão, que acontece há 11 anos em Porto Velho, corre o risco de não ter a edição 2011. Isso porque o pagamento do convênio feito no ano passado entre o Mi-nistério da Cultura (Minc) e a prefeitura de Porto Velho, para pagar os gastos da edição do ano passado, foi cancelado.

O convênio foi uma nego-ciação nacional que a Asso-ciação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) fez com o Ministério da Cultura para beneficiar os festivais do primeiro semestre de todo o País. No caso do Festival Ca-sarão, o intermédio do con-vênio foi feito por meio da Fundação Cultural Iaripuna, entre março e abril de 2010, como explica Vinícius Lemos, idealizador e responsável pelo Festival. “Todo o dinheiro que a União destina aos projetos deve ter uma contrapartida no convênio. Por isso ficou acor-dado que o Minc daria 80 mil e a prefeitura de Porto Velho, por meio da Fundação, [R$] 20 mil”, conta.

O projeto foi feito e apro-vado antes da realização do Casarão, que em 2010 aconte-ceu entre os dias 16 e 19 de junho. Pouco mais de uma se-mana após o evento, quando o pagamento deveria ter sido

efetuado, Vinícius recebeu um e-mail, assinado por Fabiana Arruda, representante da Se-cretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, in-formando que o dinheiro não havia sido liberado porque a prefeitura encontrava-se inadimplente com o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Fede-ral (Siafi). “O município não havia prestado conta de outros convênios antigos e, enquanto a prefeitura não regularizas-se essa situação, a verba não seria liberada”, conta, mos-trando todos os documentos, inclusive o e-mail recebido no dia 1 de julho.

Ainda no e-mail, outra exi-gência: a dívida deveria ser sanada até o dia 2, já que a partir do dia 3 iniciaria o pe-ríodo eleitoral e nenhum pa-gamento poderia ser feito por parte do governo Federal.

Vinícius afirma que “pelo que a Fundação explicou, a prestação de contas só foi feita no dia 5 de julho”, e por isso o pagamento foi adiado e só se-ria realizado após o segundo turno das eleições.

Tendo que esperar alguns meses para efetuar os paga-mentos aos fornecedores, Le-mos renegociou as dívidas e modificou as datas.

Em novembro, Vinícius re-cebeu a notícia que a Consul-toria Jurídica do Ministério do Planejamento havia anulado o

Público animado na edição 2010 do casarão

convênio. Outros contatos fo-ram feitos para tentar resolver o problema, mas no dia 7 de dezembro a anulação foi con-firmada. “Eles entenderam que o valor deveria ter sido pago em julho”, explica.

Vinícius ressalta que a Fundação foi totalmente cor-reta durante a construção do convênio, e o que, de fato,

prejudicou o andamento, foi a inadimplência da prefeitura.

Sem ter muito o que fa-zer, Lemos enviou um ofício à Fundação Cultural Iaripuna, no dia 1° de fevereiro desse ano, explicando novamente a situação e pedindo o ressarci-mento do valor, ou pelo menos o pagamento da contrapartida (R$ 20 mil) do município. A

pedido da Fundação, Vinícius aguardou uma resposta até o fim do carnaval, já que “eles estavam trabalhando com os subsídios dos blocos e das escolas de samba”. Após esse período, o responsável pelo festival conta que ligou para Francisco Gregório, diretor do Departamento de Arte e Cultura da Iaripuna, que con-

firmou que não teria como o pagamento ser efetuado pela Fundação. “A recomendação dele foi para que eu procuras-se a Secretaria de Finanças”, explica. “Não pode ficar por isso mesmo. Os pagamentos estão em aberto até agora. Se fosse um bloco de carnaval estariam fazendo um estarda-lhaço”.

Música. com o acordo entre o Minc e a prefeitura de Porto Velho anulado, o Festival pode não acontecer

convênio prejudica casarão 2011LARISSA TEZZARI

[email protected] @larissatezzari

Vinícius explica que as dívidas podem resultar no cancelamento da edição des-se ano. “Apesar de empresas locais terem demonstrado in-teresse em patrocinar a 12ª edição, não adianta porque eu usaria o dinheiro para pagar as contas do ano passado. As empresas de som e de serviços que contratamos em todos os eventos ligados ao Casarão são basicamente as mesmas. Estou em dívida com eles, como vou fazer pra contratá-los de novo?”, pergunta.

O FestiVal O Festival Casarão aconte-

ce em Porto Velho desde 2000, reunindo uma vasta progra-mação de debates, palestras e shows. No ano passado o evento aconteceu nos dias 16, 17, 18 e 19 de junho.

Em um formato comple-tamente diferente, o Festival aconteceu entre outros pon-tos, em dois lugares históri-cos da Capital, praça Getúlio Vargas e Mercado Cultural, e ofereceu um dia com entrada franca.

Com um cenário de músi-ca independente, o Casarão já trouxe em todos os seus even-tos mais de 100 bandas nacio-

cancelaMentO

nais, como “Patu Fu” e “Ratos de Porão”, e tem como objeti-vo ligar a cultura de Porto Ve-lho às culturas de fora.

O nome surgiu em home-nagem ao casarão histórico da cidade, onde o evento foi rea-lizado até 2008. “Com a che-gada das usinas, não pudemos mais fazer lá, mas mantivemos o nome”, explica Vinícius.

Além de ser um dos pou-cos eventos de rock de Porto Velho, Vinícius destaca o Fes-

tival como uma vitrine para as bandas locais. “Várias banda, por causa do Casarão, rece-beram convites pra tocar em outros estados. Um exemplo é a banda “Hey Hey Hey” que tocou na Virada Cultural em São Paulo, por indicação do Festival”. Se a pendência fi-nanceira se resolver, os planos de Vinícius para 2011 é que o Festival aconteça em agosto, contando também com as pré-vias do evento.

Pato Fu, uma das atrações nacionais do Festival

O casarão se tornou vitrine para as bandas locais