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Correa 2009 Formação Lz

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lazer

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  • Introduo A Educao Fsica com o passar dos anos

    vm ganhando destaque na sociedade, necessitando de profissionais para atuar no mercado e nos campos de estudos e pesquisas para que possam assim desenvolver iniciativas de melhoria das condies de vida da sociedade.

    Para atuar o profissional deve ter em mente a busca constante de uma formao ampla e especfica e acompanhar as transformaes acadmico-cientficas-profissionais da rea, ou seja, a formao do profissional em Educao Fsica deve assegurar a indissociabilidade teoria-prtica.

    O profissional de Educao Fsica entre outras funes dever estar qualificado para: pesquisar, conhecer, dominar, compreender, analisar de forma crtica e criativa, produzir e avaliar a realidade social e os efeitos da aplicao de diferentes tcnicas, instrumentos, equipamentos, procedimentos e metodologias para a produo, atuao e a interveno

    acadmico-profissional da rea, utilizando-se de recursos da tecnologia, da informao e da comunicao para melhor desempenho e na busca de resultados (BRASIL, 2004).

    De acordo com a Resoluo 07/04 no Art. 3 A Educao Fsica entendida como

    [...] uma rea de conhecimento e de interveno acadmico-profissional que tem como objeto de estudo e de aplicao o movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exerccio fsico, da ginstica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dana, nas perspectivas da preveno de problemas de agravo da sade, promoo, proteo e reabilitao da sade, da formao cultural, da educao e da reeducao motora, do rendimento fsico-esportivo, do lazer, da gesto de empreendimentos relacionados s atividades fsicas, recreativas e esportivas, alm de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prtica de atividades fsicas, recreativas e esportivas (BRASIL, 2004, p.01, grifo nosso)

    Entre as estas atividades de interveno profissional destaca-se o lazer e as atividades

    Motriz, Rio Claro, v.15 n.1 p.132-142, jan./mar. 2009

    Artigo de Atualizao/Divulgao

    Formao acadmica e interveno profissional de Educao Fsica no mbito lazer

    Evandro Antonio Corra

    Faculdade Anhanguera Educacional de Bauru, SP

    Resumo: Este estudo tem como proposta analisar quais elementos que permitem apontar como se d a formao e interveno do profissional de Educao Fsica no mbito do lazer. Assim, o objetivo apresentar algumas consideraes acerca da formao e a interveno do profissional de Educao Fsica no contexto do lazer. Perpassando por algumas das funes, formao, caractersticas e campo de interveno do profissional. Como justificativa considerou-se que muitos profissionais so atrados pelas possibilidades lucrativas, ignorando-se em alguns momentos a relevncia do lazer na busca de qualidade na vida dos indivduos e de alternativas para o enfrentamento dos limites scio-culturais e histricos. Trata-se de um estudo qualitativo, utilizou-se como tcnica pesquisa bibliogrfica e fonte documental. Buscou-se fomentar o debate acerca do profissional de Educao Fsica no contexto do lazer, superando as barreiras entre teoria e prtica, trabalhando em equipes multidisciplinares, procurando romper com paradigmas alienantes e atender as demandas da sociedade. Palavras-chave: Formao. Interveno. Educao Fsica. Lazer.

    Training and the professional intervention of Physical Education as part of leisure

    Abstract: This study has which proposed to analyze elements for pointing as if to give training and the professional intervention of Physical Education as part of leisure. The objective is to present some considerations about the training and professional intervention of Physical Education in the context of leisure. Exists in some of the functions, training, characteristics and scope of the professional intervention. As reasons it was felt that many professionals are lured by lucrative opportunities, was ignoring the important moments of leisure in the search for quality in the lives of individuals and of alternatives to confront the limits socio-cultural and historical. This is a qualitative research, was used as technical literature search and source documents. The aim was to stimulate debate about the training of Physical Education in the context of leisure, overcoming the barriers between theory and practice, working in multidisciplinary teams, trying to break paradigms and alienating meet the demands of society. Key Words: Training. Intervention. Physical Education. Leisure.

  • Profissional de Educao Fsica no mbito Lazer

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    recreativas, mas vale dizer que as atividades como modalidades do exerccio fsico, ginstica, jogo, esporte, dana, entre outras podem ser desenvolvidas sob a perspectiva do lazer, destacando seus contedos culturais: interesse fsico/esportivo, artstico, social, intelectual (DUMAZEDIER, 1980), virtual (SHWARTZ, 2003), espiritual (CORRA, 2006).

    Diante das diversas possibilidades de interveno do profissional de Educao Fsica torna-se necessrio uma formao consistente, com disciplinas que ofeream conhecimentos para que este profissional atue de forma coerente com as necessidades do lcus onde est inserido.

    Atualmente, encontra-se um vasto campo do lazer a ser explorado por profissionais de diversas reas (Educao Fsica, Turismo, Hotelaria, Pedagogia, Engenharia Civil etc.). Neste estudo no se pretende analisar a sua complexidade, mas entend-lo no sob uma tica disciplinar, mas sim como multidisciplinar, onde vrios campos tm a contribuir para a compreenso e atuao no lazer, com uma equipe multidisciplinar atuando em conjunto. Assim, com uma proposta interdisciplinar teria possivelmente melhores condies de realizar um trabalho efetivo. No entanto, no queremos aqui prescindir o especialista, mas prepar-lo de uma forma diferente e ciente dos riscos de sua atuao (MELO; FONSECA, 1997, p.653).

    Nesse sentido, os cursos de formao em Educao Fsica tem sua parcela de responsabilidade e devem assegurar uma formao generalista, humanista e crtica, qualificadora da interveno acadmico-profissional, fundamentada no rigor cientfico, na reflexo filosfica e na conduta tica (BRASIL, 2004, p.1). Portanto, a formao e a interveno do profissional de Educao Fsica e sua interlocuo com o lazer torna-se uma questo complexa, ponderando-se que se entra no rol de atividades especficas que no apresentam uma configurao territorial ntida ou de limites claros.

    Mediante est possvel complexidade, este estudo apresenta como problemtica a seguinte questo: quais seriam os elementos que permitem apontar como se d a formao e interveno do profissional de Educao Fsica no mbito do lazer? Como objetivo geral procurou apresentar algumas consideraes acerca da formao e interveno do profissional de Educao Fsica no contexto do lazer.

    No que se refere a justifica, por um lado levou-se em considerao que, muitos profissionais so atrados pelas possibilidades lucrativas que essa

    rea pode proporcionar e que, tambm, no se pode negar que a demanda pela formao profissional no lazer sofre influncias dessa situao. Por outro lado, muitas das vezes ignorada a importncia do lazer enquanto um passo fundamental para a busca de qualidade na vida dos sujeitos e de alternativas para o enfrentamento dos limites scio-culturais histricos de nossa realidade (WERNECK, 1998, p. 52).

    Mtodos Como procedimentos metodolgicos no

    mbito do processo arrolado esta pesquisa procurou responder questo levantada e ao objetivo proposto. Porm, Ldke e Andr (1986, p. 01) alertam que para se realizar uma pesquisa preciso promover o confronto entre os dados, as evidncias, as informaes coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento terico acumulado a respeito dele.

    De acordo com Schwandt (2006) o saber no passivo, e sim ativo, onde a mente capta as impresses, formando em abstraes ou conceitos e traz para discusso o chamado construcionismo social. Dessa forma o autor descreve que inventamos conceitos, modelos e esquemas para entender uma experincia, e testamos e modificamos continuamente essas construes a luz de uma nova experincia (p. 201). Entretanto, para que haja esta construo deve-se levar em considerao a dimenso histrica e sociocultural, pois no se constri as interpretaes isoladamente, mas contra um pano de fundo de compreenses, de prticas, de linguagem, etc., que temos em comum (p. 201).

    Sob a tica do construcionismo social esta pesquisa de ordem qualitativa, e segundo Camargo (1997), normalmente as posies qualitativas esto baseadas em duas linhas de pesquisa:

    a) os enfoques subjetivistas-compreensivistas (Weber, Dilthey, Jaspers, Heidegger, Hussert, Sartre, etc) que privilegiam os aspectos conscienciais, subjetivo dos atores como, percepo, compreenso do contexto cultural, relevncia do fenmeno para o sujeito, etc e b) os enfoques crtico-participativos com viso histrico-estrutural (Marx, Engels, Gramsci, Adorno, Horkheimar, Marcuse, Fromn, Habermas, etc) que partem da necessidade de conhecer a realidade para transform-la, ou seja, da dialtica da realidade social. (p.172-173).

    Contribuindo, ainda, para este debate Schwandt (2006, p.205) relata que a investigao qualitativa baseia-se em uma profunda

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    preocupao com a compreenso do que os outros seres humanos esto fazendo ou dizendo. Portanto, a prtica da pesquisa social (incluindo a investigao qualitativa, porm no se limitando a esta) no est imune aos efeitos das foras centrais da cultura da modernidade tecnologizao, institucionalizao, burocratizao e profissionalizao (SCHWANDT, 2006, p.207).

    Sendo assim, escolheu-se para o desenvolvimento deste estudo, como tcnica: a pesquisa bibliogrfica e a fonte documental. A pesquisa bibliogrfica compreendeu a leitura e anlise das fontes secundrias de informao (livros, peridicos etc.), com o intuito de analisar a literatura referente aos temas envolvidos no trabalho, buscando observar as pesquisas existentes sobre o assunto. J a pesquisa documental compreendeu a leitura e anlise das fontes primrias de investigao (documentos oficiais), que no caso da presente pesquisa refere-se a alguns normativos que regulamentam a Educao Fsica. Assim, a anlise e discusso dos dados deste estudo perpassaram por algumas consideraes como: formao, o papel da universidade, caractersticas e campo de interveno profissional.

    Portanto, percebeu-se a necessidade de buscar conhecimentos acerca desta temtica. Uma vez que na formao e atuao do profissional de Educao Fsica no mbito do lazer e o desenvolvimento das mais diversas atividades, exigi informaes e contedos que fornecessam subsdios para uma prtica orientada por uma proposta de reflexo/ao/reflexo.

    Nesse sentido, de acordo com Isayama (2002, p.06) a Educao Fsica vem prestando expressiva contribuio ao incremento da produo cientfica, pedaggica e cultural especfica sobre o lazer no Brasil, especialmente no ensino superior. Enfim, entre as diversas iniciativas, encontra-se em muitas IES (Instituies de Ensino Superior) a insero de questes acerca do lazer, em disciplinas especficas, na grade curricular dos cursos de Educao Fsica. Segundo o autor, o mesmo ocorre em cursos de ps-graduao em nvel lattu e stricto sensu, em eventos cientficos, publicao em peridicos, entre outras.

    Resultados e Discusso A formao do profissional de Educao Fsica sob a tica do lazer

    Quais seriam as alternativas para a formao desse profissional?

    O desafio seria formar profissionais que de um lado possam dar conta das novas demandas de mercado. Por outro lado, fornecer uma base e domnio de um determinado campo de conhecimento, procurar formar o profissional de Educao Fsica para atender s expectativas da sociedade, num contexto de melhoria da qualidade na vida e de alternativas para o desenvolvimento de indivduos crticos e criativos mediante aos possveis limites sociais-culturiais-econmicos presentes atualmente. Como tambm reverter o quadro mercadolgico, quando estas se apresentam restritas perspectiva do lucro fcil, com venda de efmeros pacotes de prazer, destinados a divertir, no sentido de desviar a ateno, por algum tempo um feriado, uma noite especial, um domingo de sol -, da realidade absurda com a qual convivemos no cotidiano (MARCELLINO, 1995, p. 10).

    Dessa forma, busca-se a formao de um novo especialista, ou seja, um profissional que atua em grupos, procurando um intercambio entres vrias reas de conhecimento, num trabalho interdisciplinar. Marcellino, (1995, p. 20) alerta que a perspectiva interdisciplinar exige mais do que a soma de conhecimentos, e o que se busca a superao dos limites de cada disciplina. Esta possibilidade do trabalho interdisciplinar

    [...] pode ser caracterizado como o nvel em que a colaborao entre em diversas disciplinas ou entre setores heterogneos de uma mesma cincia conduz a interaes propriamente ditas, isto , a uma certa reciprocidade nos intercmbios, de tal forma que, no final do processo interativo, cada disciplina saia enriquecida (JAPIASSU, 1976, p. 75).

    Dessa forma o profissional pode assumir a especialidade concreta do lazer que vem exigir um novo especialista, no o especialista tradicional superficial e unidimensional mas o que domine a sua especificidade dentro de uma viso de totalidade. Nessa viso so exigidos dois requisitos: uma slida cultura geral que permita perceber os pontos de interao entre a problemtica do lazer e as demais dimenses da ao humana e a contribuio de outras reas de ao/investigao e o exerccio constante da reflexo (MARCELLINO, 1995, p. 20-21).

    Entre os requisitos mencionados anteriormente, outros fatores como o financeiro e a possibilidade de ascenso social, se destacam e vm influenciar, Cabe, ainda, destacar que, muitas vezes, na formao profissional, a maioria das oportunidades de capacitao na rea do lazer so comercializveis, reforando ainda mais a viso alienada do lazer, sendo mais um produto de consumo.

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    Para Werneck (1998, p. 52) [...] os cursos e oficinas de treinamento, atualizao e reciclagem no lazer, amplamente divulgados e oferecidos esporadicamente por diferentes instituies em nosso pas, geralmente, abrangem apenas aspectos tcnico-metodolgicos dessa rea, enfatizando o consumo acrtico de atividades recreativas. Muitos desses cursos so ministrados por Professores de Educao Fsica e, apesar do lazer ser uma rea interdisciplinar que possibilita o envolvimento de profissionais com diferentes competncias e vises de mundo, freqentemente os tpicos desenvolvidos se resumem a vivncia dos jogos e brincadeiras tradicionais de recreao e lazer.

    Segundo Delgado e Correa (2004) ao analisarem cinqenta cursos e workshops com a temtica lazer, verificou-se a existncia do domnio da Educao Fsica, pois num total de setenta e dois professores (100%), identificaram que cinqenta e trs docentes ((73%) que ministravam estes cursos eram formados em Educao Fsica e dezenove (27%) das demais reas (turismo, pedagogia etc). Alm desta constatao, historicamente no Brasil, as atividades fsicos/recreativas e o lazer ganharam destaque durante vrios anos como um campo dominado em sua maioria pela Educao Fsica.

    Werneck (1998, p. 53) destaca que apesar de no se limitar ao aspecto fsico-esportivo, a Educao Fsica vem contribuindo no somente no que se diz respeito formao (nos nveis de graduao e de ps-graduao) de profissionais para atuarem no lazer, mas tambm preocupao destes profissionais em realizar estudos, promover cursos e eventos que possam gerar um avano no entendimento desse fenmeno em nosso meio, enquanto uma rea de interveno interdisciplinar que possibilita a formao profissional em vrias perspectivas.

    Dentre esses e outros apontamentos e mediante as configuraes estabelecidas no processo de formao do profissional de Educao Fsica, deve-se atentar para as armadilhas da rea, ou seja, a formao de meros feitores de atividades, formando robs, entendidos como meros executores de atividades. Portanto, a relao entre a teoria e a prtica um dos pontos centrais no processo de formao dos profissionais que atuam no lazer. O confronto entre a teoria e prtica propicia a reflexo e a busca por solues aos problemas surgidos.

    Entretanto, nas Instituies de Ensino Superior, os cursos de formao profissional em Educao Fsica, muitas das vezes, tm a carga horria reduzida e a disciplina de lazer no tem tempo (horas) suficiente para compreenso

    necessria e debate dessa temtica. No ensejo desse estudo, cabe, tambm, analisar a importncia da Universidade dentro do processo de formao e a sua contribuio preparao desse profissional.

    O papel da universidade na formao do profissional de Educao Fsica

    Werneck (1997, p. 192) pontua que seria ingnuo pensar que a universidade instituio scio-cultural... detm a capacidade e o poder de formar o sujeito, pois ele no representa uma pgina em branco a ser preenchida pelos ditames acadmicos uma vez que o processo de formao no comea nem termina na universidade.

    Ento o que seria a universidade na formao do profissional?

    Para Werneck (1997, p. 192) a universidade representa (ou deveria representar) um local de encontro, de reflexo e aprendizagem da vida social, lugar de preparao terico-prtica para enfrentar os conflitos e as contradies de nosso cotidiano. E, ainda, como um espao plural que anseia pela elaborao coletiva de estratgias de ao coerentes com a realidade e evita o isolamento cultural, sobretudo pela busca da interao entre os diversos componentes da complexidade scio-cultural que a constitui.

    A universidade tem um compromisso com o avanar do processo de construo do conhecimento, entretanto no a nica responsvel por esta formao. Sendo assim, torna-se necessrio que as Instituies de Ensino Superior (IES) abram as suas portas bem como outras instituies scio-culturais pblicas, privadas, ou de economia mista, com o intuito de impulsionar projetos e aes interdisciplinares relacionados ao ensino, a pesquisa e a extenso universitria (ps-graduao, mestrado, doutorado), explorando trocas de saber na vivncia da diversidade cultural em suas mltiplas nuanas (WERNECK, 1997, p. 192-193).

    Portanto, formar fecundar novas idias e pensamentos, criar dvidas que nos retirem de posies acomodao, mobilizando o outro de alguma maneira. Uma forma de

    [...] nos colocarmos avessos as certezas cristalizadas, com curiosidade e desejo de saber, permitindo o aflorar do desejo do outro, para juntos construirmos o conhecimento. Com isso, mais do que difundir respostas e solues, a formao no lazer aqui almejada busca preparar o profissional (muitas vezes j imerso no mercado de trabalho) para interrogar sobre o significado de sua ao e resolver problemas coletivamente, refletindo, assim, sobre a diversidade de prticas cotidianamente

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    construdas e sobre as contradies que as influenciam (WERNECK, 1998, p. 58).

    Nesse itinerrio faz se necessrio que se formem profissionais capazes de questionar a realidade, com uma viso crtica, criativa e significativa, para que estes profissionais possam estar frente de um trabalho interdisciplinar e, tenham a capacidade de transformao, de serem atores sociais com sensibilidade de perceber os limites de cada um e de uma sociedade, de uma cultura, poder enxergar os horizontes, lidar com as incertezas e os conflitos e correr riscos (CORREA, 2004).

    Esta formao crtica e criativa no lazer assume, assim, uma certa responsabilidade nas prticas pedaggicas construdas coletivamente. Portanto, no basta formar os profissionais para mudar a realidade, mas a formao parece ser, um meio privilegiado de ao (WERNECK, 1998, p. 59).

    Neste contexto Marcellino (2000, p. 131-132) afirma que preciso que nossas Faculdades que mais se encontram na ponta, na pesquisa dos estudos do lazer, dem ateno a vrios itens, entre eles:

    - Dem a ateno devida aos cursos de graduao;

    - Atuem com projetos de extenso, no extensionista (SAVIANI,1995), funcionando como verdadeiros laboratrios de pesquisa quase experimental (BRUYNE, NERMAN, SCHUTHEETE, 1997);

    - Promovam o intercambio com empresas e poder pblico, procurando saber suas expectativas de profissional, trabalhando a partir, mas no ficando restritas a elas, e mostrando como vem se organizando a formao profissional;

    - No forneam como se diz no jargo, receitas de atividades, mas propiciem a formao de um repertorio de atividades, vivenciadas e refletidas que possa servir de base para o inicio das atividades profissionais, com constante aprimoramento [...];

    - Equilibrem na formao dos profissionais dos profissionais, pelo menos quatro eixos, complementares: Teoria do lazer, relatos de experincia refletidas de profissionais, Vivncias dos contedos culturais, e Polticas e diretrizes gerais no campo [...].

    Entre esses e vrios outros itens descritos, pode-se dizer que a formao do profissional no mbito do lazer depende de diversos fatores, ou seja, um conjunto de informaes que so adquiridas durante a vida desse profissional.

    Dessa forma, a formao profissional deve atentar em unir a teoria e a prtica, sob a

    perspectiva de preparar melhor seus profissionais. Entende-se que as Instituies de Ensino Superior no so as nicas responsveis pela formao profissional, mas talvez seja uma das mais importantes nesse processo, fornecendo subsdios (conhecimentos) mnimos para a interveno no campo, a iniciao cientifica, pesquisas, projetos, planejamento acerca do lazer. Portanto, o profissional do lazer deve estar atento a tudo o que acontece a sua volta para que no seu trabalho (...), no se torne apenas (...) um rob (CORRA, 2004). Deve, ainda, conhecer a realidade e as necessidades da sociedade em que est inserido, bem como compreender as fases e o desenrolar histrico do lazer.

    Breve histrico a relatar O profissional a alma do lazer, quem se

    relaciona diretamente com as pessoas, conhece seus anseios, suas necessidades, podendo pensar, programar, realizar, administrar e animar as atividades de lazer para elas (CORRA, 2003).

    Teoricamente, nasce um novo profissional. Talvez no to novo assim, ao que tudo indica este profissional que atua no lazer ainda no bem definido, no valorizado, e vem passando por transformaes e se desenvolvendo.

    Pina (1995, p.119-121) menciona que em entrevista para a revista mensal Treinamento e Desenvolvimento, o psicanalista Paulo Gaudncio observou que h mais de 30 anos definiu, em bom portugus, como frescura uma ps-graduao em lazer nos Estados Unidos da Amrica (EUA), mas veio entender isso somente mais tarde, pois os americanos j preconizavam a formao no mbito do lazer h 20 30 anos atrs.

    Podemos mencionar que a profissionalizao do lazer ainda mais antiga. Nos EUA, por exemplo, Pronovost (1983) observa que no plano institucional, o movimento de profissionalizao da mo de obra do lazer comeou em 1906, com a ento Playgrund Association of America, chamada em 1910 Playground and Recreation Association. No ano de 1907, comeou a publicar o peridico mensal The Playground, e posteriormente intitulado Recreation. Neste mesmo ano realizou-se o primeiro Play Congress, na cidade de Chicago (EUA). J em 1930 a associao recebeu o nome National Recreation Association. (p.78)

    Pronovost (1983) afirma que desde o final do sculo XIX as primeiras cidades americanas se dotaram de parques urbanos e de reas de jogos. O autor (p.108) traz em seus estudos a

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    contribuio de Lundberg, mencionando que por volta de 1915, oito cidades j haviam criado seu prprio servio de parques e de recreao, e o autor contemporneo cita para o mesmo ano a quantidade de 83 cidades empregando lderes de recreao. Outro dado interessante data de 1966, apontando que cerca de 60% das 3142 cidades e condados recenseados dos EUA tinham empregados permanentes no campo da recreao e dos parques. Na dcada de 1970 a proporo passa a ser 72%, sobre 3229 cidades e condados.

    Na Inglaterra, observa-se que j existiam em 1868 mais de 260 clubes operrios, com bibliotecas, salas de leitura, sala de reunies e, s vezes, um ginsio para ginstica. Na virada do sculo, atingiam em total de um mil, aproximadamente, e nos anos de 1930 mais de 2500. A YMCA (Young Men Cristian Association) ou como conhecida no Brasil ACM (Associao Crist de Moos) teve seu primeiro clube fundado em Londres, em 1844 (PRONOVOST, 1983, p.35).

    Sobre estes indcios histricos Guerra (1988) pontua que o movimento da recreao sistematizada iniciou-se na Alemanha em 1774 com a criao do Philantropinum, por Basedow, professor das escolas nobres da Dinamarca. Nestas escolas as atividades intelectuais eram desenvolvidas lado a lado s atividades fsicas. No Philantropinum havia cinco horas de matrias tericas, duas horas de trabalhos manuais, e trs de recreao.

    De acordo com as anlises efetuadas verificou-se que, a interveno no lazer de longa data. No Brasil no se tem nada registrado, especificamente, sobre esse pioneirismo, mas com a universalizao do direito do trabalhador aos repousos dirios, semanais e anuais, ampliou-se a preocupao em torno da racional organizao das horas de lazer.

    Werneck e Santos [ca. 2003] apresentam que nas primeiras dcadas do sculo XX foram engendradas, em vrios pases, estratgias de controle social das massas trabalhadoras - dissimuladas na idia de diverso "sadia e educativa" -, visando a ocupao do tempo livre conquistado. Em diversas cidades brasileiras (Porto Alegre, Rio de Janeiro, So Paulo), o poder pblico municipal desenvolveu o chamados "programas de recreao", cujo objetivo, estava em consonncia com o pensamento eugnico-higienista e na pedagogia escolanovista, sendo destinados, at a dcada de 1930, apenas a crianas e jovens (Werneck; SANTOS, [ca. 2003]).

    Neste breve percurso histrico, a partir de 1940 so articulados programas de recreao para os trabalhadores adultos e suas famlias, destacando-se o "Servio de Recreao Operria" do Ministrio do Trabalho (WERNECK; SANTOS, [ca. 2003]).

    A partir da dcada de 1950, instituies como o Servio Social do Comrcio (SESC) e Servio Social da Indstria (SESI), bem como a criao e a instalao de clubes privados por vrios municpios do pas, se dedicaram a questo do desenvolvimento do lazer (PINA, 1995).

    Segundo Marcellino (1987, p. 30), os principais autores entre os pioneiros e abrangncia da produo terica do lazer encontram-se Ethel Bauzer Medeiros, O lazer no planejamento urbano (1971) e Educao para o lazer (1980); Renato Requixa, Conceito de lazer (1972), O lazer no mundo moderno (1974), Sugestes de diretrizes para uma poltica nacional de lazer (1980).

    No entanto, de acordo com vrios autores (SOUZA; ISAYAMA, 2004; MARCELLINO, 1996; GOMES, 2004) o trabalho de Accio Ferreira (1959), intitulado O lazer operrio, considerado um marco no mbito do pioneirismo sobre a temtica.

    Entretanto, a partir da dcada de 1970 o Brasil passou a desenvolver estudos mais sistematizados sobre o lazer ligados especialmente ao trabalho do socilogo francs Joffre Dumazedier , sendo difundido nos meios acadmicos no decorrer das dcadas seguintes, em currculos de cursos de formao profissional (Educao Fsica, Turismo, Pedagogia etc.).

    No ano de 1969 com a Resoluo n.69, o termo recreao passou a compor o rol de disciplinas dos cursos de graduao em Educao Fsica. Isso at a dcada de 80, quando da aprovao da Resoluo n.03/87, a Educao Fsica tornou-se primeira rea cuja legislao passou a prever, alm da formao bsica, um aprofundamento na graduao, possibilitando, assim, trocas com o mercado de trabalho, o respeito as peculiaridades regionais, alm, dos perfis profissionais desejados. Isayama (2002, p. 8) relata que essa resoluo determinou que uma rea de conhecimento deve ser composta por disciplinas ministradas por Institutos Superiores de Educao, sendo desenvolvidas com carter terico-prtico. Dessa forma, com a incorporao das idias presentes na Resoluo n.03/87 e com os avanos apresentados pelos estudos do lazer no Brasil, esse campo passou a ampliar o espao ocupado

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    no interior dos currculos de formao profissional em Educao Fsica.

    Verifica-se, assim, que o lazer se insere institucionalmente nos cursos de Educao Fsica a partir da dcada de 80, ampliando-se nos anos seguintes no seio das IES. Estabelecendo relaes com diversas dimenses da vida cultural (o trabalho, a economia, a educao etc.), e possivelmente constitudas, tambm, numa perspectiva transdisciplinar, corroborando para o desenvolvimento profissional no lazer, tanto na formao como na sua interveno.

    O profissional do Lazer Com a globalizao, a terceirizao de

    servios est cada vez mais presente na sociedade. Neste sentido Werneck (1998, p. 49) pontua que devido s estratgias do marketing de mercado, so criadas necessidades de consumo e impostos novos padres de vida, os quais atingem profundamente as dimenses do trabalho e do lazer em nossa sociedade.

    Existe uma demanda crescente no que se refere a prestao de servios no lazer, o que leva a um aumento no nmero de ofertas para profissionais que desejam atuar na rea. De um lado encontra-se a expanso e a conquista para a atuao de bons profissionais, do outro, pode tornar-se um risco, se o trabalho for desenvolvido em uma abordagem mercantilizada, priorizando a ao em uma perspectiva abstrata e tradicional (ISAYAMA, 2002, p. 06-07).

    Para os profissionais formados em Educao Fsica, a atuao no lazer, exige conhecimentos especficos ou a eles relacionados, como: atividades fsicas, esportes, ldico, prazer, as emoes e sensaes, entre outras. Esse aspecto pode ser visualizado, dentre vrias possibilidades, no seu trabalho com o esporte escolar, com a ginstica, com os jogos e com outros contedos culturais que propiciam vivncias ldicas, prazerosas e significativas para os sujeitos envolvidos (ISAYAMA, 2002, p. 07).

    Dessa forma, como descrever um profissional com diversas possibilidades de interveno, com objetivos muitas vezes diferentes? O que dizer de um campo profissional ainda em formao? Pode-se chamar este agente de profissional no seu sentido stricto? Uma vez que, o lazer, no constituiu uma categoria profissional que esteja consolidada no mercado de trabalho e no sistema social, ou seria ainda uma ocupao? Talvez, pelas peculiaridades de sua interveno, no se pode caracterizar como tal, de forma rgida ou institucionalizada? Estas algumas entre muitas das perguntas que se encontram em debate.

    Porm, Garcia (1995, p. 23) descreve um novo profissional

    [...] comunicativo, verstil e de muita imaginao, ele trabalha quando todos descansam e tem a pretenso de vender a cada um de ns uma pequena parte do paraso. Ou, ao menos, uma certa iluso de felicidade que, como se sabe, nunca esta onde ns estamos. Esse profissional, diz que veio pra coloc-la no devido lugar.

    O profissional que atua no lazer, ainda, apresenta as seguintes caractersticas: ter formao ampla e especfica, informao, comportamento e atitude, atualizao, imaginao, criatividade, cooperativismo, dedicao, comunicao, auto-formao permanente, bom senso e talvez a principal delas amar o que faz, no importando como o chamem ou onde trabalhe.

    No sentido de identificar algumas caractersticas, vale mencionar, tambm, os diversos nomes dados a este profissional como, por exemplo: animador, animador cultural, recreador, monitor, GO (gentil organizador), militante cultural, entre outros, dos quais sugerem moas e rapazes simpticos, aplicados e atenciosos, sempre prontos para fazer alguma animao [...] organizar uma festa ou um show [...] orientando-nos e instruindo-nos, sempre solcitos, sobre o que fazer com o nosso tempo livre. E tambm conhecidos como profissionais do lazer, o que ajuda a reforar esta primeira impresso uma caricatura, evidentemente de excessiva jovialidade e de inesgotvel otimismo (GARCIA, 1995, p. 24).

    Corra (2003) relata que no somente essa caricatura de jovialidade e inesgotvel otimismo, pois esses profissionais tm outros perfis, exerce funes burocrticas, de gerenciamento, de marketing, organizando e coordenando projetos e eventos, est envolvido em planejamento dos equipamentos e espaos de lazer.

    Garcia (1995, p. 33) em seu texto destaca o profissional como militante cultural, uma definio ainda que provisria coloca-o como

    [...] todo aquele que realiza aes no plano da cultura, no tempo livre dos indivduos, seja para estimul-los produo de bens culturais, seja para ampliar a sua participao na apropriao desses bens, tendo como motivao bsica tanto o prazer de dedicar-se a algo com se identifica fortemente, quando valores pessoais que conferem cultura papel importante para o desenvolvimento das pessoas, dos grupos, das comunidades e da sociedade em geral.

    O militante cultural no apenas um espectador, ele age, faz, participa, realiza, ressaltando, contudo, que mais tnue o sentido da transformao que estaria pretendendo. Mais

  • Profissional de Educao Fsica no mbito Lazer

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    correto seria afirmar que ele se ocupa mais em ampliar, diversificar, incorporar que propriamente em transformar. A sua ao, no romper, transgredir, alterar drasticamente certa ordem dada de coisas, mas torn-la mais flexvel, dcil e complacente, estaria assim mais voltada democratizao cultural que a uma efetiva transformao (GARCIA, 1995, p. 34).

    Outro ponto a ser considerado acerca do profissional que atua no lazer, que em muitos momentos, este confunde sua vida privada com a profissional, pois em vrias situaes o seu companheiro de trabalho o seu amigo, sua namorada, sua esposa. Neste sentido Isayama e Stoppa (1997, p. 663) assinalam que ele no consegue evitar que ambos se misturem, devido ao fato de estar vivendo dentro de um mesmo ambiente cultural.

    Essa distino entre o lazer e trabalho do profissional no bem definida nas reas de interveno. Neste sentido, Bramante (1993) pontua que o profissional em muitos momentos confunde o seu prprio trabalho com as experincias de liberdade, produo e desenvolvimento que caracterizam o lazer. Deste modo que s pessoas vem este campo de atuao como fcil e gostoso de ser realizado em comparao a outros trabalhos.

    Este trabalho considerado fcil leva muitas pessoas a aturem nesta rea, por considerarem ter uma vida boa, a possibilidade de brincar o dia todo, e o mais interessante, ser remunerado por este trabalho. As pessoas que tem essa atitude, por no conhecerem a importncia e os conhecimentos produzidos pelo lazer, acaba no estabelecendo uma prxis, mas sim um tarefismo, que o trabalho embasado em manuais recreativos da rea, que se restringem a descrever atividades a serem desenvolvidas, meros feitores de atividades, sem ao menos contextualiz-las, planej-las coletivamente, buscar metodologias diversificadas, avali-las com o grupo envolvido (ISAYAMA; STOPPA, 1997, p. 663).

    Enfim, esses profissionais, devem ter uma viso mais abrangente acerca dos contedos do lazer, poderiam se organizar melhor, numa categoria estruturada, por exemplo, criar uma associao dos profissionais do lazer, e principalmente lutar por melhores condies de trabalho e no encarar como um mero bico.

    O profissional e o campo de interveno O profissional do lazer depara-se atualmente

    com um vasto campo de trabalho, [...] com o crescimento do setor de prestao de servios na rea de lazer, vem aumentando o

    nmero de ofertas de emprego para os profissionais que desejam atuar nesta rea. O que nos leva a observar o aparecimento de uma grande diversidade de funes que estes profissionais podem assumir, tais como: o planejamento, a organizao, a administrao, a animao e a avaliao de atividades de lazer. Desta forma, podemos encontrar profissionais trabalhando com formao diferenciada em varias instituies pblicas (prefeituras universidades, secretarias) e privadas (hotis, clubes, acampamentos, academias de ginstica, empresas de viagens) (ISAYAMA; STOPPA, 1997, p. 661).

    Pina (1995, p. 118) menciona que este profissional est presente diversas organizaes, privadas e pblicas, nas vrias situaes de cotidiano das pessoas e das coletividades: desenvolvendo recreao nos hotis; programaes nas secretarias de esporte, cultura, turismo e lazer, sejam estaduais e municipais; preparando e coordenando atividades em organizaes no-governamentais, como SESC, SESI e Associao Crist de Moos ACM; atuando na imensa rede dos clubes privados no Brasil.

    Estes profissionais so encontrados atuando tambm nos clubes dos bancos, ministrando aulas sobre lazer nas faculdades e cursos tcnicos, centros culturais e esportivos inclusos os radicais, museus, bibliotecas, parques, balnerios, parques temticos e aquticos, marinas, teatros, casa de espetculos, restaurantes e lanchonetes, shoppings, igrejas, programas de TV, nibus, feiras, congressos e convenes, exposies, entre outros.

    Dessa forma o profissional encontra-se situado em vrias instncias: organizando atividades para as pessoas [...], liderando grupos e comunidades; iniciando pessoas em vrias modalidades artsticas e esportivas [...] viabilizando e administrando recursos para que grupos ou coletividades possam usufruir de atividades de lazer. Portanto, o profissional do lazer desenvolve suas atividades nos mais diferentes equipamentos e espaos de lazer, sendo considerados por Cornio e Muret (apud PINA, 1995, p. 124) como a alma do equipamento de lazer.

    Camargo (1997, p. 678) pontua que um terceiro segmento comea a se definir: (...) o setor da animao cultural urbana, ou seja, a intermediao entre a produo cultural e o consumo da populao, trabalho eminentemente baseado na comunicao pessoal e grupal. Dentre os quais esto a: recreao pblica, recreao industrial, recreao comercial, recreao escolar, recreao turstico-hoteleira, recreao ecolgica, recreao hospitalar.

  • E. A. Corra

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    Muitas dificuldades so encontradas no campo de atuao desse profissional, principalmente no setor econmico do lazer e entretenimento, to inovador e que no pode parar de inovar, trouxe a luz importncia de um profissional at ento raro no mercado: o animador cultural. No entanto, dois fatores associados emperram no momento o seu crescimento: a falta de identidade a qual j foi mencionada neste texto e a formao profissional (CAMARGO, 1997, p. 681).

    Neste contexto, Isayama (2004, p. 93) chama a ateno que lamentavelmente, ainda se pensa que, para atuar nessa rea, no necessrio ter formao especfica e aprofundada sobre o tema. Contudo, necessrio repensar os pressupostos que encaminham a formao de profissionais e como ela esta sendo processada em nosso contexto.

    Assim, ao mesmo tempo em que se abrem as novas oportunidades, torna-se mais evidente a necessidade de uma melhor capacitao profissional (PINA, 1995, p. 129), incluindo o profissional de Educao Fsica. Nesse sentido pode se cobrar dos profissionais que atuam no lazer um trabalho permanente e aprofundado de aperfeioamento nos campos prtico e terico relacionados com os temas aos quais se dedicam (p.130).

    Desse modo compreendemos o profissional que atua no lazer (entre eles o profissional de Educao Fsica) como recurso fundamental no setor de servios em qualquer organizao. Um profissional que deveria estar preparado para planejar, administrar, projetar, pensar, mediar, instigar e animar as atividades de lazer, um agente transformador procurando atender as demandas exigidas pela sociedade, bem como propiciar a quebra de possveis paradigmas de alienao.

    Consideraes Finais Com base nos indcios apresentados neste

    estudo sobre a formao e interveno profissional no mbito do lazer, o profissional de Educao Fsica teria competncias e perfil para atuar neste campo? No entanto, preciso fornecer subsdios para a consolidao do profissional de Educao Fsica com o intuito de superar as barreiras existentes entre teoria e prtica, entre a academia e o mercado. Exigindo-se, assim, um aprofundamento acerca da temtica em sua formao na graduao e num processo continuum. Esta formao profissional, seja na graduao ou numa perspectiva continuada no contexto do lazer, deve procurar unir teoria e prtica, com o intuito de preparar

    melhor seus profissionais para atuar no campo de trabalho.

    No caso do campo de interveno do lazer, apresenta um quadro com uma definio clara, contudo, pode-se constatar a necessidade de um profissional diferenciado dos demais setores de servios com caractersticas prprias. Assim, estes profissionais devem atentar e ter a conscincia das novas exigncias de qualidade e as atuais tendncias em seu lcus de atuao, conseqentemente proporcionar uma melhor integrao com a sociedade, respeitando o contexto histrico vigente.

    Fica evidente a necessidade de uma melhor capacitao profissional que vai atuar no lazer, mas como deve ser esta capacitao? As faculdades esto preparadas para oferecer uma formao adequada, que atenda as demandas de mercado? Qual seria e como se daria esta formao, especificamente nos curso de graduao em Educao Fsica? Quais so as demandas exigidas pelo mercado e pela sociedade?

    Constata-se que h um longo caminho a se percorrer no que se refere a formao profissional e interveno do profissional de Educao Fsica no mbito do lazer. Apesar do possvel domnio deste profissional no campo do lazer, torna-se necessrio que procurem uma formao ampla e ao mesmo tempo especfica, j que entre suas funes est pesquisar, conhecer, dominar, compreender, analisar de forma crtica e criativa, produzir e avaliar a realidade social e os efeitos da aplicao de diferentes tcnicas, instrumentos, equipamentos.

    Dessa forma, os profissionais de Educao Fsica devem buscar conhecimentos e vivenciar novas experincias procurando romper com os paradigmas alienantes da sociedade. Neste sentido, cabe destacar que os profissionais do lazer trabalham geralmente em equipes multidisciplinares, com o objetivo de oferecer uma gama de possibilidades, contemplando os diversos interesses do lazer interesse fsico/esportivo, social, artstico, intelectual, entre outros proporcionando a melhoria da qualidade de vida.

    Sob est tica o profissional de Educao Fsica no contexto do lazer, pode intervir em vrias instancias, como por exemplo, na ocupao de funes desde gerente, encarregados de setor, consultores dirigentes pblicos e privados, programadores, coordenadores, animadores scio-culturais, monitores de atividades, recreadores, participantes de atividades como voluntrios tanto

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    na organizao e como na realizao, trabalhando em diversos campos oferecidos pelo mercado, seja ele privado, misto (pblico e privado), pblico, ONGs etc.

    Por fim, os profissionais de Educao Fsica que atuam no campo do lazer, tm o desafio de compreender as mudanas que ocorrem na sociedade com o passar dos tempos, procurando entender realidade atual e o que o ser humano faz ou pode fazer no seu tempo disponvel em busca a felicidade, do prazer, da satisfao.

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    Esse artigo foi apresentado no IV Seminrio de Estudos e Pesquisas em Formao Profissional no Campo da Educao Fsica- NEPEF, realizado na UNESP/Bauru de 20 a 23 de novembro de 2008.

    Endereo: Evandro Antonio Corra Rua Eugenio Cantarelli, 15 - bl E - apt 11 Vila Maria Ja SP Brasil 17208-320 Telefone (14) 97221238 (14) 36267048 e-mail: [email protected]

    Recebido em: 30 de setembro de 2008. Aceito em: 1 de novembro de 2008.

    Motriz. Revista de Educao Fsica. UNESP, Rio Claro, SP, Brasil - eISSN: 1980-6574 - est licenciada sob Licena Creative Commons

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