26
Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional S.A. INFLUÊNCIA DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS E DA ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE VIDA DE PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo - 13.278-181 [email protected] [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 09 de março de 2009 Angélica Porto de Oliveira Profª Drª Hedi C. Heckler de Siqueira Curso: Enfermagem FACULDADE ATLÂNTICO SUL/PELOTAS ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. RESUMO Os exercícios físicos, realizados com orientação e a ingesta de alimentação adequada, em clientes com doenças crônico- degenerativas de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus são capazes de melhorar a sua qualidade de vida porque podem induzir modificações biológicas, sócio- culturais e espirituais. É nesta perspectiva que se entende a atividade física aliada a uma alimentação equilibrada como um dos tratamentos mais indicados para estas patologias. Para melhorar a qualidade de vida do cliente, portador dessas doenças, é necessário oferecer opções apropriadas às mudanças no seu estilo de vida. Objetiva-se com essa pesquisa avaliar a influência do exercício físico e da alimentação adequada no controle da Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus na melhoria da qualidade de vida do cliente. Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, exploratório, de cunho intervencionista, com abordagem qualitativa. Foram selecionados 10 sujeitos, entre os participantes do grupo de hipertensos e/ou diabéticos da Estratégia de Saúde da Família de Piratini/RS. Inicialmente, através de palestras, oficinas e discussões em grupo, trabalhou-se a conscientização dos sujeitos a respeito da necessidade de sua participação nos exercícios físicos e na adequação de sua alimentação. Aos sujeitos foi oferecido um programa de exercícios físicos e orientações sobre a sua alimentação, com a duração de quatro meses. Os resultados demonstram que a prática de exercícios físicos e alimentação adequada foram elementos importantes para controlar a pressão arterial sistêmica, melhorar a taxa de glicose dos clientes diabéticos, diminuir o consumo medicamentoso e favorecer o bem-estar levando a uma melhor qualidade de vida. Palavras–chave: Hipertensão; Diabete Mellitus; Atividade Física; Alimentação; Qualidade de Vida. ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008

Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional S.A.

INFLUÊNCIA DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS E DA ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE VIDA DE PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS

Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato

Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo - 13.278-181

[email protected] [email protected]

Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e

Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 09 de março de 2009

Angélica Porto de Oliveira Profª Drª Hedi C. Heckler de Siqueira Curso: Enfermagem FACULDADE ATLÂNTICO SUL/PELOTAS ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.

RESUMO

Os exercícios físicos, realizados com orientação e a ingesta de alimentação adequada, em clientes com doenças crônico-degenerativas de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus são capazes de melhorar a sua qualidade de vida porque podem induzir modificações biológicas, sócio-culturais e espirituais. É nesta perspectiva que se entende a atividade física aliada a uma alimentação equilibrada como um dos tratamentos mais indicados para estas patologias. Para melhorar a qualidade de vida do cliente, portador dessas doenças, é necessário oferecer opções apropriadas às mudanças no seu estilo de vida. Objetiva-se com essa pesquisa avaliar a influência do exercício físico e da alimentação adequada no controle da Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus na melhoria da qualidade de vida do cliente. Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, exploratório, de cunho intervencionista, com abordagem qualitativa. Foram selecionados 10 sujeitos, entre os participantes do grupo de hipertensos e/ou diabéticos da Estratégia de Saúde da Família de Piratini/RS. Inicialmente, através de palestras, oficinas e discussões em grupo, trabalhou-se a conscientização dos sujeitos a respeito da necessidade de sua participação nos exercícios físicos e na adequação de sua alimentação. Aos sujeitos foi oferecido um programa de exercícios físicos e orientações sobre a sua alimentação, com a duração de quatro meses. Os resultados demonstram que a prática de exercícios físicos e alimentação adequada foram elementos importantes para controlar a pressão arterial sistêmica, melhorar a taxa de glicose dos clientes diabéticos, diminuir o consumo medicamentoso e favorecer o bem-estar levando a uma melhor qualidade de vida.

Palavras–chave: Hipertensão; Diabete Mellitus; Atividade Física; Alimentação; Qualidade de Vida.

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008

Page 2: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 13-38

1. INTRODUÇÃO

O exercício físico é uma forma de atividade física planejada, estruturada, repetitiva que

objetiva o desenvolvimento da aptidão física, de habilidades motoras ou a reabilitação

orgânico-funcional (NAHAS, 2001, p. 30). O exercício representa um subgrupo de

atividade física com a finalidade de manter o condicionamento físico (PINTO;

MEIRELLES; FARINATTI, 2003; MARCAND, 2004).

Para Nahas (2001, p. 30),

A atividade física, entendida como uma característica inerente ao ser humano, com dimensões biológica e cultural, representa um tema interdisciplinar e complexo que tem atraído a atenção de pesquisadores, da mídia e da saúde pública em todo o mundo nas últimas décadas.

A atividade física pode, também, ser definida como qualquer atividade muscular

que gere força e interrompa a homeostase (BARROS, 1999; MARCHAND, 2004). Portanto,

pode-se dizer que durante um período de exercícios, o corpo humano sofre adaptações

cardiovasculares e respiratórias a fim de atender às demandas aumentadas dos músculos

ativos e, à medida que essas adaptações são repetidas, ocorrem modificações nesses

músculos, permitindo que o organismo melhore o seu desempenho porque entram em

ação processos fisiológicos e metabólicos, otimizando a distribuição de oxigênio pelos

tecidos em atividade (PINTO; MEIRELLES; FARINATTI, 2003). Essa otimização, quanto a

distribuição de oxigênio pelos tecidos em atividade, pode influenciar, positivamente, em

clientes com hipertensão arterial sistêmica (HAS) e/diabetes Mellitus (DM) porque os

mecanismos que norteiam a queda pressórica após exercício físico estão relacionados a

fatores hemodinâmicos, humorais e neurais (NEGRÃO, 2001).

A HAS representa uma das maiores causas de morbidade cardiovascular no

Brasil e acomete 15% a 20% da população adulta, possuindo também considerável

prevalência em crianças e adolescentes. Ela é considerada um dos principais fatores de

risco de morbidade e mortalidade cardiovasculares e representa alto custo social, uma vez

que é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo no

trabalho em nosso meio (I CNRC, 1997; III CBHA, 1998). Desta forma, a identificação e o

tratamento de pacientes com hipertensão arterial sistêmica constitui um problema de

saúde pública no Brasil, mas esse quadro pode ser modificado através da introdução de

programas de exercícios físicos disponíveis à população. A adesão a esses programas

necessita da conscientização dos benefícios que os mesmos são capazes de proporcionar

aos seus praticantes.

O DM pode ser definido como uma desordem metabólica complexa que ocorre

em virtude da deficiência total ou parcial da produção de insulina pelas células B das

Page 3: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 15

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

ilhotas de Langherans, localizadas no pâncreas. O grau de insuficiência do hormônio da

insulina determina a subdivisão do diabetes em 2 grupos: insulino-dependente ou tipo I e

não insulino-dependente ou tipo II (GOUVEA, 1999).

Escolheu-se essa temática porque, conforme literatura, estimulando a prática do

exercício físico, realizada com orientação e a adoção de uma alimentação adequada, com

clientes com doenças crônico-degenerativas HAS e DM, é possível melhorar o processo de

viver e obter um viver mais saudável dessas pessoas. A atividade física representa um dos

tratamentos mais significativos para essas patologias. Entretanto, a baixa adesão constitui-

se num dos maiores problemas enfrentados pelos profissionais de saúde, por isso, há

necessidade de conscientizar os clientes através de palestras, oficinas e vivenciar coletivo, e

assim, estimular a sua participação. Para conseguir introduzir modificações nos seus

hábitos, atitudes e comportamentos do seu estilo de vida, é indicado elencar os benefícios

advindos a partir da prática de exercícios físicos. Esses são capazes de proporcionar um

viver mais saudável e com maior qualidade.

A qualidade de vida, com base nas concepções individuais, contempla um

conceito subjetivo, variável de pessoa para pessoa. Portanto, abarca uma percepção

individual relativa às condições de saúde e os aspectos gerais da vida de cada um

(NAHAS, 2001). Olhando neste sentido é possível considerar o estilo de vida e, em

especial, o exercício físico aliado a uma alimentação equilibrada como fator capaz de

influenciar, positivamente, na qualidade de vida. Por outro lado, existem os fatores

negativos a influenciar na saúde e bem-estar, entre os quais é possível destacar: fumo,

álcool, drogas, stress, depressão, alimentação inadequada (quantidade e qualidade)

esforços repetitivos e outros que devem ser desestimulados.

Com base no exposto traçou-se a questão norteadora dessa pesquisa: O exercício

físico e a alimentação adequada influenciam no controle da Hipertensão Arterial

Sistêmica, Diabetes Mellitus e na melhoria da qualidade de vida do cliente?

Pressupõe-se que os exercícios físicos regulares aliados a uma ingesta alimentar

adequada em relação à quantidade e qualidade de ingredientes:

• ajudam a controlar a Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus;

• auxiliam a reduzir a necessidade de antihipertensivos, hipoglicemiantes orais;

• proporcionam uma melhor qualidade de vida e bem-estar ao ser humano.

Page 4: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

16 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

2. OBJETIVO

Com base no exposto e com o propósito de dar concretude à questão pesquisa elaborou-se

os seguintes objetivos:

Objetivo geral

• Avaliar a influência do exercício físico e da alimentação equilibrada no controle da Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus e na melhoria da qualidade de vida do cliente.

Objetivos específicos

• Estimular os integrantes do grupo de pesquisa de hipertensos e diabéticos a participarem dos exercícios físicos e a adequar seus hábitos alimentares conforme proposto;

• Prestar orientação sobre exercícios físicos e alimentação adequada aos sujeitos participantes da pesquisa;

• Instituir um programa de exercícios físicos e orientações sobre uma alimentação adequada;

• Desenvolver com os sujeitos selecionados, durante quatro meses, o programa instituído;

• Conhecer as mudanças que cada integrante obteve ao longo do período do programa estabelecido.

3. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caráter descritivo e exploratório com uma abordagem qualitativa

com intervenção. É de abordagem qualitativa porque estuda a mudança de hábitos,

comportamentos e atitudes (MINAYO, 2007) em relação ao estilo de vida dos clientes com

HAS e DM, sujeitos dessa pesquisa. É intervencionista por oportunizar, por quatro meses,

um programa de exercícios físicos, e orientações sobre a alimentação adequada ao estado

de saúde desse grupo e assim, oportunizar uma melhor qualidade de vida e bem-estar. É

de caráter descritivo porque descreve a forma como as mudanças ocorreram, enquanto

exploratória a pesquisa aprofunda o conhecimento da realidade, explica a razão (GIL,

2007) onde o conhecimento cientifico está assentado nos resultados oferecidos pelos

recursos.

Como local de estudo foi escolhida a UBS/ESF do município de Piratini/RS que

faz parte da 3° Coordenadoria Regional de Saúde com sede no Município de Pelotas/RS,

porque já existe um grupo composto por hipertensos e diabéticos. Atualmente e UBS/ESF

possui cadastrado um total de 230 hipertensos e 39 diabéticos distribuídos em três grupos

que freqüentam essa unidade e participam de reuniões mensais.

Page 5: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 17

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

Inicialmente, foi realizada uma palestra nos três grupos de Hipertensos e

diabéticos da UBS/ESF, para explicar o objetivo e a metodologia da presente pesquisa.

Enfatizou-se o programa de exercícios físicos a ser realizado junto com uma dieta

equilibrada, a necessidade de mudanças de hábitos, atitudes e comportamentos em relação

ao estilo de vida e os possíveis resultados positivos em relação ao seu estado de saúde,

levando a uma melhor qualidade de vida.

Com a finalidade de despertar o interesse dos grupos e auxiliar na compreensão

da temática realizou-se uma oficina como fator de sensibilização. Ao finalizar a oficina da

dinâmica foram enfatizados os objetivos, a operacionalização, os critérios de seleção dos

participantes da pesquisa e a sua forma de inscrição. Todos foram estimulados a participar

da pesquisa, deixando claro que era necessário preencher os critérios estabelecidos e que

aos primeiros inscritos seria oportunizado a participação no programa.

Os 10 sujeitos foram selecionados entre os integrantes dos grupos de hipertensos

e diabéticos observando os seguintes critérios de inclusão:

• Ser cadastrado como hipertenso e/ou diabético na UBS/ESF;

• Constar entre os dez primeiros inscritos para realizar as atividades propostas;

• Ser portador da patologia crônico-degenerativas: hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes Mellitus, há mais de um ano;

• Residir no município de Piratini;

• Ter disponibilidade de tempo e o desejo em participar da pesquisa;

• Aceitar de participar da pesquisa;

• Assinar o Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias;

• Autorizar a gravação da entrevista e permitir ser fotografado;

• Permitir a divulgação dos resultados obtidos em eventos científicos;

• Aceitar de realizar exame médico prévio para avaliação clínica do estado físico.

A opção por dez sujeitos justifica-se, não apenas pela possibilidade de desistência

que poderá ocorrer durante os quatro meses de atividades da coleta de dados, mas

principalmente, por tratar-se de trabalho em grupo. No grupo, temos a considerar um

conjunto de pessoas, que ao serem observadas poderão externar possíveis manifestações

produzidas pelas relações grupais que são passíveis de enriquecimento. Um grupo de dez

pessoas é considerado um grupo pequeno, mas muito indicado para trabalhos dessa

natureza porque permite maior interação social em grau significativo para todo o grupo

(SIQUEIRA, 1998). Conforme Bueno (1986 p. 546) “grupo é uma reunião de seres”,

definição que pode ser acrescida, conforme Siqueira (1998, p. 46), “que possuem um

objetivo em comum”, no presente caso, avaliar a influência do exercício físico e da

Page 6: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

18 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

alimentação equilibrada no controle da Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus

visando a melhoria da qualidade de vida do cliente.

A coleta de dados iniciou-se após aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê

de Ética em Pesquisa. Aos sujeitos sociais do estudo foi solicitado a assinatura do termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, em duas vias ficando uma via com o sujeito e a outra

com o pesquisador.

Com a finalidade de avaliar a influência dos exercícios físicos e da alimentação

equilibrada no controle das doenças crônico-degenerativas, HAS e DM, antes de iniciar o

programa de exercícios físicos, cada sujeito foi entrevistado, utilizando-se um roteiro de

entrevista semi-estruturado, para verificar o seu estado biopsicossocial e espiritual. Esse

mesmo roteiro foi novamente aplicado no término do período de intervenção - período

compreendido entre os meses de julho e outubro do corrente ano. Além disso, foi

verificada a pressão arterial antes e logo após cada sessão de exercícios físicos.

Com o propósito de avaliar a aptidão física dos sujeitos para participar do

programa de exercícios físicos foi realizada uma avaliação clínica, conforme acordo

previamente estabelecido com médico generalista da UBS/ESF- Piratini. Todos foram

considerados aptos para realizar o programa de exercícios físicos proposto na presente

pesquisa. Além disso, um profissional de educação física e outro de Nutrição e Dietética

foram convidados e proferiram palestra sobre a temática. um abordou as vantagens do

exercício físico na saúde, e a outra falou acerca da importância da dietoterapia para os

portadores de HAS e DM.

Avaliou-se ainda, antes do início da primeira sessão de exercícios físicos, a

dosagem de glicemia. Esse procedimento foi realizado uma vez por mês e no final da

intervenção a todos os participantes da pesquisa, enquanto que aos portadores de diabetes

Mellitus, foi realizado a cada semana durante os quatro meses.

Os dados da avaliação do estado biopsicossocioespiritual, bem como os dos

exercícios físicos, a pressão arterial e a glicemia, dados antropométricos obtidos por cada

sujeito, foram lançados numa ficha construída para essa finalidade. A avaliação constante

durante os quatro meses de intervenção tiverem como propósito observar os progressos

alcançados nos exercícios físicos, as dificuldades apresentadas pelos sujeitos para realizá-

los, os resultados da verificação da pressão arterial, no peso e da dosagem de glicose, bem

como, as modificações observadas nas atitudes, comportamentos e hábitos em relação a

alimentação, estilo de vida e qualidade de vida de cada sujeito.

Page 7: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 19

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

Os dados coletados foram transcritos na íntegra e após leituras sucessivas foram

organizados destacando-se os registros de unidade para, posteriormente, agrupá-los em

temáticas. Após essa etapa os dados foram analisados e interpretados à luz do referencial

teórico.

4. DESENVOLVIMENTO

Com a finalidade de conhecer o estado da arte a respeito da temática foi realizado consulta

online na base de dados SciELO, com os descritores: Saúde; exercício físico; hipertensão

arterial e Diabetes.

Com esses descritores nenhum artigo foi encontrado. Ao lançar nova busca com

os descritores: Exercício físico; hipertensão foram encontrados 12 artigos relacionados a

essa temática entre os quais destaco 05 porque falam sobre a importância do exercício

físico para pacientes com hipertensão arterial sistêmica (FARINATTI; MEIRELES; PINTO,

2003; CIOLAC; GUIMARAES, 2004; MONTEIRO; SOBRAL FILHO, 2004; MONTEIRO,

2005; HADDAD, 2007). Ao continuar a busca online foram lançados os descritores:

Exercício físico; diabetes. Nesta busca encontrou-se 41 artigos dos quais 07 tiveram maior

destaque porque tratam a respeito dos efeitos fisiológicos do exercício físico em pacientes

portadores de diabetes (CERVATO, 1997; ASSUNÇÃO; SANTOS; COSTA, 2002;

GUIMARAES; TAKAYANAGUI, 2002; CIOLAC; GUIMARAES, 2004; VOLPATO, 2006;

ANGELIS, 2006; FURTADO; POLANCZYK, 2007). Esses artigos evidenciam uma relação

direta entre atividade física como prevenção e tratamento de diabetes Mellitus, por isso são

necessárias ações de prevenção e, principalmente, mudanças no estilo de vida e a

importância de uma equipe de multiprofissionais junto às famílias, criando e direcionando

estratégias para cada dificuldade abordada. Entre esses destaco o artigo de Ciolac;

Guimarães (2004) porque versa, sobre as práticas regulares de exercícios físicos e os efeitos

benéficos na prevenção e tratamento da HAS e DM.

Com base nesses dados buscou-se construir o referencial teórico envolvendo,

principalmente, os seguintes aspectos: HAS e DM, exercício físico, alimentação e qualidade

de vida. O estudo da temática permitiu um aprofundamento dos conhecimentos já

construídos e revelou as influências que o exercício físico exerce sobre as manifestações

clínicas dos portadores de doença crônica degenerativa de hipertensão arterial e diabetes

Mellitus.

Page 8: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

20 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

4.1. Hipertensão Arterial Sistêmica

A HAS é uma doença crônica que, como o próprio nome diz, por elevação da pressão do

sangue dentro das artérias de todo o corpo (I CNRC, 1997; III CBHA, 1998).

Quando a pressão está alta por períodos curtos de tempo, na imensa maioria das

vezes não há problemas. Isto ocorre com freqüência em momentos de estresse emocional

intenso, estresse físico (ex.: exercícios físicos, grandes esforços, cirurgias, etc.), uso de

drogas (ex.: o cigarro eleva transitoriamente a pressão) e resposta a dor (ex.: quando uma

pessoa está com dor de cabeça causada por problemas visuais é usual a pressão subir para

níveis mais elevados que os habituais). Esta elevação transitória tende a se normalizar com

o passar do tempo e a retirada da causa. Ex.: tentar relaxar ou usar um calmante em casos

de ansiedade, apenas o repouso em casos de esforço físico, evitar cigarros, usar analgésicos

em casos de dor são suficientes para reduzir a pressão.

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) representa uma das maiores causas de

morbidade cardiovascular no Brasil e acomete 15% a 20% da população adulta, possuindo

também considerável prevalência em crianças e adolescentes. Considerada um dos

principais fatores de risco de morbidade e mortalidade cardiovasculares, representa alto

custo social, uma vez que é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria

precoce e absenteísmo no trabalho em nosso meio (I CNRC 1997; III CBHA 1998). Assim, a

identificação e o tratamento de pacientes com HAS constituem um problema de saúde

pública no Brasil. No seu tratamento são recomendadas incluir modificações no estilo de

vida, em relação ao exercício físico, alimentação adequada.

Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2007), existem fatores

como idade, sexo e etnia, consumo de sódio, obesidade, álcool, sedentarismo e fatores

socioeconômicos, capazes de configurar risco potencial para o desenvolvimento da

hipertensão arterial. A seguir esses fatores são caracterizados.

Idade: A pressão arterial aumenta linearmente com a idade. Em indivíduos

jovens, a hipertensão decorre mais freqüentemente apenas da elevação na pressão

diastólica, enquanto a partir da sexta década o principal componente é a elevação da

pressão sistólica. O risco relativo de desenvolver doença cardiovascular associado ao

aumento da pressão arterial não diminui com o avanço da idade e o risco absoluto

aumenta marcadamente.

Sexo e etnia: A prevalência global de hipertensão entre homens (26,6%; IC 95%

26,0-27,2%) e mulheres (26,1%; IC 95% 25,5-26,6%) insinua que sexo não é um fator de risco

para hipertensão. Estimativas globais sugerem taxas de hipertensão mais elevadas para

Page 9: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 21

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

homens até os 50 anos e para mulheres a partir da sexta década. Hipertensão é mais

prevalente em mulheres afro-descendentes com excesso de risco de hipertensão de até

130% em relação às mulheres brancas.

Fatores socioeconômicos: Nível socioeconômico mais baixo está associado a maior

prevalência de hipertensão arterial e de fatores de risco para elevação da pressão arterial,

além de maior risco de lesão em órgãos-alvo e eventos cardiovasculares. Hábitos

dietéticos, incluindo consumo de sal e ingestão de álcool, índice de massa corpórea

aumentado, estresse psicossocial, menor acesso aos cuidados de saúde e nível educacional

são possíveis fatores associados.

Sódio: O excesso de consumo de sódio contribui para a ocorrência de hipertensão

arterial. A relação entre aumento da pressão arterial e avanço da idade é maior em

populações com alta ingestão de sal. Povos que consomem dieta com reduzido conteúdo

deste têm menor prevalência de hipertensão e a pressão arterial não se eleva com a idade.

Obesidade: O excesso de massa corporal é um fator predisponente para a

hipertensão, podendo ser responsável por 20% a 30% dos casos de hipertensão arterial;

75% dos homens e 65% das mulheres apresentam hipertensão diretamente atribuível a

sobrepeso e obesidade. Apesar do ganho de peso estar fortemente associado com o

aumento da pressão arterial, nem todos os indivíduos obesos tornam-se hipertensos.

Estudos observacionais mostraram que ganho de peso e aumento da circunferência da

cintura são índices prognósticos importantes de hipertensão arterial, sendo a obesidade

central um importante indicador de risco cardiovascular aumentado. Estudos sugerem que

obesidade central está mais fortemente associada com os níveis de pressão arterial do que

a adiposidade total19. Indivíduos com nível de pressão arterial ótimo, que ao correr do

tempo apresentam obesidade central, têm maior incidência de hipertensão. A perda de

peso acarreta redução da pressão arterial.

Álcool: O consumo elevado de bebidas alcoólicas como cerveja, vinho e destilados

aumenta a pressão arterial. O efeito varia com o gênero, e a magnitude está associada à

quantidade de etanol e à freqüência de ingestão.

Sedentarismo: O sedentarismo aumenta a incidência de hipertensão arterial.

Indivíduos sedentários apresentam risco aproximado 30% maior de desenvolver

hipertensão que os ativos. O exercício aeróbio apresenta efeito hipotensor maior em

indivíduos hipertensos que normotensos. Assim, o exercício físico de baixa intensidade

diminui a pressão arterial porque provoca redução no débito cardíaco, o que pode ser

explicado pela diminuição na freqüência cardíaca de repouso e diminuição do tônus

Page 10: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

22 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

simpático no coração, em decorrência de menor intensificação simpática e maior retirada

vagal” (NEGRÃO, 2001).

O exercício físico crônico de baixa a moderada intensidade provoca alterações

autonômicas importantes que acabam influenciando, sobremaneira, os níveis pressóricos.

Por essa razão, o exercício físico regular deve ser incluído como uma conduta não-

farmacológica no tratamento da hipertensão arterial (NEGÃO, 2001).

• Aumentar o conteúdo de fibras da dieta

• Substituir os carboidratos simples (açúcar, mel e doces) pelos complexos (massas, cereais, frutas, grãos, raízes e legumes);

• Restringir bebidas alcoólicas;

• Aumentar a atividade física;

• Abandonar o tabagismo;

• Reduzir a ingestão de gorduras saturadas, utilizando preferencialmente gorduras mono e poliinsaturadas na dieta (III CBHA, 1998).

4.2. Diabetes Mellitus

Segundo, Volpato (2006), o DM é uma doença crônica, grave, de evolução lenta e

progressiva, que acomete milhares de pessoas em todo mundo, necessitando de

tratamento intensivo e orientação médica adequada. Existem duas formas primarias de

DM: tipo 1 e tipo 2, assim caracterizadas:

O DM tipo 1, caracteriza-se pela deficiência absoluta de insulina, sendo esta,

muitas vezes, causada por um processo auto-imune desencadeado após uma interação

complexa entre fatores genéticos e ambientais (LYRA et al., 2006). Enquanto, o diabetes

Mellitus tipo 2 “caracteriza por resistências à insulina com graus variáveis de anomalias na

secreção da insulina” (AMBROSE et al., 2007, p. 205). Portando, diabetes Mellitus (DM) é

uma condição crítica, com elevado impacto individual e coletivo em termos de carga de

doença cardiovascular. Sendo, a educação é parte essencial no controle do DM tipo 1 e

consiste em um processo contínuo de alteração de hábitos de vida que requer tempo,

espaço, planejamento, material didático e profissionais capacitados.

4.3. Exercício Físico

A par das evidências de que o homem contemporâneo utiliza-se cada vez menos de suas

potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade física é fator decisivo no

desenvolvimento de doenças degenerativas sustenta-se a hipótese da necessidade de se

Page 11: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 23

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

promover mudanças no seu estilo de vida, levando-o a incorporar a prática de atividades

físicas ao seu cotidiano e uma alimentação adequada.

Nessa perspectiva, o interesse em conceitos como “atividade física”, “estilo de

vida” e “qualidade de vida” vem adquirindo relevância, ensejando a produção de

trabalhos científicos vários e constituindo um movimento no sentido de valorizar ações

voltadas para a determinação e operacionalização de variáveis que possam contribuir para

a melhoria do bem-estar do indivíduo por meio do incremento do nível de atividade física

habitual da população.

De acordo com Nahas (2001, p. 30), “atividade física é qualquer movimento

corporal produzido pela musculatura esquelética, portanto voluntário, que resulte num

gasto energético acima dos níveis de repouso”. O mesmo autor considera que o ser

humano possui estrutura para ser ativo, mas a vida hodierna proporciona meios que

conduzem ao sedentarismo, diminuindo, conseqüentemente, o lazer ativo necessário e

indicado para a saúde e bem-estar do ser humano. Neste cenário, entende-se que o

incremento do nível de atividade física constitui um fator fundamental de melhoria da

saúde pública.

Segundo Barros (1999), exercícios físicos são movimentos orientados realizados

com repetições ordenadas, existindo assim, um aumento no consumo de oxigênio, devido

à solicitação muscular, gera trabalho. O mesmo autor conceitua exercícios físicos “como

qualquer atividade muscular que gere força e interrompa a homeostase”. Nahas (2001, p.

24), por sua vez, diz que “todas as partes corporais, se usadas com moderação e

exercitadas em tarefas a que estão acostumadas, tornam-se saudáveis e envelhecem mais

lentamente; se pouco utilizadas, tornam-se mais sujeitas às doenças e envelhecem

rapidamente”. Portanto, a atividade física consiste em exercícios bem planejados e bem

estruturados, realizados repetitivamente. Eles conferem benefícios aos praticantes e têm

seus riscos minimizados através de orientação e controle adequados.

Olhando nesta perspectiva percebe-se que a prática de exercícios físicos habituais,

além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias

associadas ao aumento dos índices de morbidade e da mortalidade. Assim, o exercício

físico deve ser incentivado e praticado com maior freqüência. Esse movimento de

incentivo ao exercício físico possui uma estrita relação com o mundo atual no qual se

observa um aumento da obesidade, que se relaciona, pelo menos em parte, à falta da

prática de atividades físicas. É o famoso estilo de vida moderno, no qual a maior parte do

tempo livre é passado assistindo televisão, usando computadores, jogando videogames,

Page 12: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

24 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

além de utilizar em grande escala o uso de automóvel e ou outro meio de transporte em

substituição as caminhadas.

A atividade física pode também exercer efeitos no convívio social do indivíduo,

tanto no ambiente de trabalho quanto na família. Algumas recomendações são

importantes:

• Uso de roupas e calçados adequados;

• Ingestão de grandes quantidades de líquidos, antes do exercício;

• Praticar atividades apenas quando estiver se sentindo bem;

• Iniciar as atividades lenta e gradualmente;

• Evitar o cigarro e medicamentos para dormir;

• Alimentar-se até duas horas antes do exercício;

• Respeitar seus limites pessoais;

• Informar qualquer sintoma.

Porém a prática de atividade física deve ser sempre orientada.

Nahas (2001 p. 3) recomenda “incorporar ao nosso dia-a-dia atividade físicas

agradáveis que tenham significado pessoal e que possam trazer benefícios a saúde”.

O que não deve ser esquecido é associar ao programa de exercícios físicos a

adoção de uma alimentação saudável.

4.4. Alimentação

Uma etapa difícil para prevenir a hipertensão e diabetes é convencer o doente de que ele

precisa mudar seu comportamento, seu estilo de vida. Essas orientações enfatizam,

principalmente, cuidados com uma alimentação saudável e a necessidade de praticar

exercícios físicos.

Segundo Nahas (2001, p. 158), “Uma dieta saudável deve observar os aspectos

quantitativos (número de calorias ingeridos) e qualitativo (composições das refeições)”,

pois, os alimentos de origem vegetal ou animal, fornecem ao ser humano os nutrientes

necessários para construir e manter as células do seu organismo.

Dieta é um termo que carrega a idéia de restrição alimentar por um período de

tempo, enquanto o conceito de plano alimentar engloba hábitos para uma alimentação

adequada durante toda a vida. Por isso, plano alimentar é o que todos nós devemos adotar

para nos manter saudáveis e prevenir as doenças.

Por outro lado, a obesidade é uma condição que aumenta o risco de morbidade

para as principais doenças crônicas: hipertensão, dislipidemia, diabetes, doença

Page 13: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 25

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

coronariana, alguns tipos de câncer e colecistite e, embora não se conheça uma estratégia

adequada de prevenção, sua prevenção e tratamento apresentam-se como um dos grandes

desafios deste século (SICHIERI et al., 2000).

Do ponto de vista da alimentação saudável, sugere-se que as recomendações

devem basear-se em alimentos mais do que em nutrientes. Assim, a Organização Mundial

de Saúde, sugere o estabelecimento de metas realísticas de consumo de alimentos

específicos, sendo estes alimentos identificados em função dos nutrientes que se

pretendam abranger.

No estabelecimento das recomendações para a população brasileira consideramos

como relevante as intervenções referentes à prevenção da obesidade, das doenças

cardiovasculares, câncer, diabetes tipo 2 e osteoporose e, quanto à definição dos

nutrientes, devem ser incluídos aqueles cujos achados são mais consistentes na literatura:

consumo de gorduras, trocar gorduras saturadas por insaturadas, de ácido fólico, vitamina

C e E, sódio, cálcio e no consumo de fibras (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE,

2003).

A proposta de uma dieta para a população brasileira tem, ainda, outros dois

pressupostos: o resgate dos hábitos alimentares saudáveis próprios da comida brasileira; e

a identificação de alimentos, ou grupo de alimentos, cujo consumo deva ser estimulado,

mais do que formular proibições.

Segundo a Organização Mundial de Saúde:

Os seguintes comportamentos trazem grande benefício à saúde:

• consumir mais frutas e verduras;

• ter atividade física diária;

• trocar gorduras saturadas de origem animal por insaturadas de óleo vegetal;

• diminuir a quantidade de alimentos gordurosos, salgados, e doces no regime alimentar;

• manter um peso corporal normal;

• não fumar.

Portanto, a dieta alimentar pode e deve ser utilizada no dia-a-dia de qualquer

pessoa, não precisando ficar restrita às pessoas que apresentam HAS ou DM, já que

atualmente, devido à velocidade com que o mundo evolui e com a falta de tempo de que

se dispõe, a alimentação está se tornando um problema de ordem social. As pessoas se

alimentam com pressa, comem lanches, comidas muito gordurosas e nada saudáveis.

Além disso, não se sentam, não mastigam, simplesmente engolem. Sendo assim, é

importante se procurar adequar à dieta alimentar. A alimentação saudável deve ser, rica

Page 14: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

26 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

em frutas, legumes, verduras e fibras, preferir o consumo de carnes grelhadas ou

preparadas com pouca gordura, realizar cinco a seis refeições por dia e mastigar bem os

alimentos.

Associar alimentação adequada, hábitos alimentares saudáveis à atividade física

no âmbito da saúde é talvez a mais importante tarefa de promoção da saúde, porque o seu

hábito pode levar a uma melhor qualidade de vida.

4.5. Qualidade de vida

Os exercícios físicos em relação à saúde vem sendo gradualmente discutidos com o

enfoque da qualidade de vida, cujo tema está obtendo uma grande relevância na

atualidade.

Nahas (2001, p. 5) considera qualidade de vida como sendo “a condição humana

resultante de um conjunto de parâmetros individuais e sócio-ambientais, modificáveis ou

não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano”. Pode-se considerar que

estilo de vida é parte da forma como as pessoas vivem, as escolhas que fazem. Diz-se que é

parte porque algumas das nossas opções estão relacionadas com o contexto com o qual

vivemos. Esse contexto envolve a cultura da região, os hábitos que são adquiridos no

ambiente familiar e social e o conhecimento acumulado sobre saúde que se dispõe em

determinados momentos. Por conseguinte, o estilo de vida da pessoa é o mesmo que falar

como ela se relaciona consigo mesmo, com os outros e com a natureza.

Neste sentido o ser humano pode ser visto como um ser multidimensional capaz

de construir, destruir e reconstruir a sua história, a partir de sua vivência com

possibilidade de agir de forma singular frente às situações que se apresentam (CHANLAT,

1996; SIQUEIRA, 2001). Isto, entretanto, não significa que o seu agir, necessariamente, seja

semelhante ou idêntico em todos os seus atos, porque ele, ao mesmo tempo sujeito e ator

de sua historicidade, é capaz de adaptar-se e dar sentido ou significado, ou até mesmo,

modificar o meio em que se encontra inserido, conforme as situações que enfrenta em

dado momento. Por conseguinte, o seu agir lhe confere uma identidade própria e singular

que deve ser vista na sua totalidade.

Ver o ser humano na sua multidimensionalidade significa vê-lo como um ser

integral, que, de forma contínua, se inter-relaciona e enquanto cada uma das suas

dimensões, biológica, psicológica, social e espiritual, exerce influência sobre as demais,

pode modificá-las. As suas idéias são expressas através do seu discurso e da sua ação, que

vão imprimindo características próprias nas relações já existentes, tecendo uma verdadeira

Page 15: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 27

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

teia relacional. Estas, com a inserção de novos membros na teia, que é construída e

reconstruída, constantemente, por cada um que dela participa, formam, assim, a história

da humanidade (SIQUEIRA, 2001).

Os interesses de cada um representam os pontos que interligam e inter-

relacionam as pessoas entre si. Assim, o ser humano é capaz através do diálogo e de sua

ação, do inserir-se no contexto e relacionar-se com o outro, inserir-se na sociedade e no

mundo e é capaz de criar e inovar, realizar-se e ter boa qualidade de vida porque suas

necessidades como ser multidimensional estão sendo atendidas de forma satisfatória

(SIQUEIRA, 2001).

Portanto, um estilo de vida saudável ajuda a manter o corpo em forma e a mente

alerta. Ajuda a proteger o ser humano de doenças e a impedir que as doenças crônicas

piorem. Um estilo de vida saudável inclui a promoção e prevenção da saúde, abarca boa

nutrição e controle do peso, recreação, exercícios regulares, o bom relacionamento consigo

e com os outros, evitar o estresse, a agitação e nervosismo, bem como, evitar substâncias

nocivas ao organismo e sentir-se bem consigo mesmo e com os que o rodeiam.

Um bom estilo de vida deve ser desenvolvido o mais cedo possível. Estes hábitos

saudáveis devem ser mantidos durante a vida toda, porque auxiliam o ser humano a

equilibrar os seus aspectos biológicos, psíquicos, sociais e espirituais. É essa harmonia que

proporciona o bem estar, a vida saudável, ou seja, uma melhor qualidade de vida.

5. RESULTADOS

Os dados coletados através de entrevista semi-estruturada foram transcritos na íntegra e a

seguir organizados e mapeados para uma melhor visualização da sua totalidade.

Procedeu-se a leitura flutuante com a finalidade de impregnação do seu conteúdo e

encontrar as unidades de registro para formar os possíveis temas para responder a questão

de pesquisa, os objetivos e os pressupostos.

Page 16: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

28 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

Tabela 1. Dados de identificações.

Pseu

dôni

mos

dos

pa

rtic

ipan

tes

da p

esqu

isa

Sexo

/Ida

de (a

nos)

Esco

lari

dade

Esta

do c

ivil

Ren

da F

amili

ar (p

er c

apit

a)

Filh

os

Mor

adia

Con

stru

ção

Poss

ui á

gua

trat

ada

Poss

ui e

sgot

o

P1 ♂ 58

1ª serie do E.F1

casado R$190,00 3 própria alvenaria sim

não

P2

♀ 60

analfabeta casada R$252,00 2 própria alvenaria sim sim

P3 ♀ 50

E.F. completo casada R$280,00 1 própria alvenaria sim sim

P4

♀ 44

3ª do E.F. casada R$800,00 1 própria alvenaria sim sim

P5 ♀ 56

E.M. completo

casada R$190,00 0 própria alvenaria sim não

P6 ♀ 33

3ª série E.F casada R$400,00 0 mista (alvenaria e madeira)

alvenaria/madeira

sim sim

P7 ♀ 50

4ª serie E.F casada R$252,00 2 própria alvenaria sim sim

P8 ♀ 53

7ª série E.F casada R$190,00 0 própria alvenaria sim sim

P9

♀ 47

5ª série E.F casada R$127,00 1 própria alvenaria sim sim

P10

♀ 78

analfabeta casada R$190,00 1 própria alvenaria sim sim

A investigação realizada com os dez sujeitos portadores de doença crônica-

degenerativa de HAS e/ou DM revelou que: 1 é do sexo masculino e 9 do sexo feminino; ;

8 são casados (as), 1 solteiro (a) e 1 divorciado (a). No que se refere a idade, 6 tem entre 50

a 59 anos; 1 de 60 à 69 anos; 1 de 33 anos e 2 de 40 a 49 anos. Em relação ao grau de

instrução, 6 completaram o ensino fundamental, 2 nunca estudaram; 1 tem o ensino

fundamental completo e outro o ensino médio. Quanto ao número de filhos 7 possuem

filhos; 3 não possuem; Quanto a residência 9 tem casa própria e 1 aluga; 9 residências são

de alvenaria e 1 é mista; 9 dos entrevistados possuem água tratada e somente um possui

não água tratada, nenhum possui esgoto.

Cabe registrar que dos 10 sujeitos participantes da pesquisa 3 permaneceram até a

oitava semana do programa e tiveram de abandoná-lo em virtude de ter conseguido 1 Ensino Fundamental

Page 17: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 29

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

emprego. Desta forma os três não constituíram-se em sujeitos, propriamente ditos, porque

a sua avaliação final ficaria prejudicada em relação aos demais.

Os dados coletados e analisados conduziram ao agrupamento de três temáticas

significativas: Influência da alimentação adequada no controle da Hipertensão Arterial

Sistêmica, Diabetes Mellitus e na qualidade de vida; o exercício físico e sua relação com

hipertensão arterial sistêmica e Diabetes Mellitus e qualidade de vida; principais benefícios

resultantes do exercício físico e da alimentação na saúde do portador de HAS e Diabetes

Mellitus.

5.1. Influência da alimentação adequada no controle da Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus e na qualidade de vida

A análise dos dados da entrevista preliminar evidencia que nenhum dos sujeitos realizava

o número de refeições diárias preconizado para uma alimentação saudável. Na entrevista

final do programa os dados se modificaram porque enquanto três permaneceram com o

número inferior ao indicado, quatro modificaram esse hábito, três alcançaram o número

ideal de 5 a 6 e o outro passou de duas para três refeições diárias.

O Ministério da Saúde (2005), refere-se ao número indicado das porções diárias

para uma pessoa: seis porções do grupo do arroz, pães, massas, entre outros do grupo, e

pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções

ou mais de frutas nas sobremesas e lanches. Sendo que, o tamanho das porções será

calculado com base em uma dieta de 2.000kcal.

Em relação ao fator de gordura obteve-se como resultado dos 7 participantes, três

eram consumidores de grande quantidade de gordura, enquanto 4 não. Atualmente os três

que eram grandes consumidores, passaram a quantidades menores conforme falas a

seguir:

“ Hoje é bem menos gordura. Comida bem magra e a carne gorda eliminamos” (P 3) “ Estou procurando a me controlar mais”. (P 5)

O Ministério da Saúde (2005, p. 210) indica: “Diminua o consumo de frituras e

alimentos que contenham elevada quantidade de açúcares, gorduras e sal.” A CBHA

(1998) recomenda reduzir a ingestão de gorduras saturadas, utilizando preferencialmente

gorduras mono e poliinsaturadas na dieta porque essas são menos prejudiciais à saúde.

Page 18: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

30 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

Ao investigar a respeito da comida hipossódica, detectou-se que dos sete

investigados o único participante com grande consumo de sal não conseguiu diminuir a

sua ingesta conforme se expressou:

“ Sim sou safada no sal. Na hora do desespero vou no saleiro e como de colher” (P 5)

As recomendações do consumo de sal segundo Ministério da Saúde (2005) é de

apenas 5g/dia, sendo que essa quantidade garante o iodo para prevenir os distúrbios das

deficiências do iodo (DDI).

Ao fazer o questionamento em relação ao tipo de alimentos ingeridos a maioria

dos participantes se manifestaram que consumiram principalmente arroz, feijão e carne.

Após o programa dois dos participantes mudaram o hábito alimentar e introduziram

legumes e diminuíram o arroz, conforme falas:

“Como carne branca, salada crua, como por exemplo: alface e arroz muito pouco agora” (P 2) “Hoje mudou bastante, arroz bem pouco, aprendi a comer verdura crua, pepino, saladas cruas. Antes eu sempre fazia couve com ovo, agora aprendi a fazer crua” (P 3).

Essa modificação do hábito alimentar vem ao encontro do que a OMS (2003)

preceitua em relação ao consumo de verduras e alimentos e considera que esse

comportamento traz grande benefício à saúde.

Ao aferir o peso dos participantes contatou-se que todos diminuíram o seu peso

ficando esse dado mais expressivo no P 2 que diminuiu 4 kg e no P 10,5 kg. O P 2

conseguiu fazer uma analogia dessa perda de peso com a forma que se sente ao ser

perguntada a respeito se ela se acha de bem com a vida e por que? Ela assim falou:

“ Parece que agora melhorou, não sei se é porque perdi a barriga, posso usar calça apertadinha, nada disso podia antes. Passava usando bata, parecia uma mulher grávida” (P 2)

Essa fala, facilmente pode levar a perceber que esse participante, provavelmente

obteve uma grande melhora na sua auto-estima porque conforme se expressa consegue

usar roupas que anteriormente não lhe era possível.

A análise dos aspectos relativos à alimentação demonstra algumas dificuldades

que os participantes possuem para processar as mudanças. A literatura traz algumas

explicações neste sentido:

[..] A formação dos hábitos alimentares se processa de modo gradual, principalmente durante a primeira infância; é necessário que as mudanças de hábitos inadequados

Page 19: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 31

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

sejam alcançadas no tempo adequado, sob orientação correta. Não se deve esquecer que, nesse processo, também estão envolvidos valores culturais, sociais, afetivos/emocionais e comportamentais, que precisam ser cuidadosamente integrados às propostas de mudanças (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005, p. 121)

Essas ponderações podem auxiliar a entender algumas das dificuldades

apresentadas pelos participantes na mudança dos hábitos alimentares. Mesmo orientados

e sabendo que alguns hábitos não eram favoráveis, não conseguiram superá-los.

5.2. O exercício físico e sua relação com hipertensão arterial sistêmica e diabetes Mellitus e qualidade de vida.

Dos sete participantes do programa de exercícios físicos dois relatam que, anteriormente,

nunca haviam realizado exercícios físicos, três em algum momento de suas vidas já

haviam realizado exercícios físicos, mas atualmente não praticavam mais, enquanto dois

são ativos.

Com o programa de exercício físico instituído os sete integrantes do grupo ao

participar expressam que:

“ Consegui alongamento dos ombros. Perdi a barriga, peso, sente o corpo, antes tinha o corpo duro. Terminou aquela “pia, pia” (dói aqui, dói ali) [...] (P 2) “Para respirar, mais disposição para caminhar e me sinto mais leve. Até para dormir me sinto melhor. Para a cabeça aquela agonia que tinha no peito passou. Não sinto mais nada” (P 3) “ [...] Esse exercício em primeiro lugar melhorou psicologicamente. Eu era muito só, por vezes amarga, no sentido de revoltada, muito triste, vazia. Isso aí melhorou psicologicamente 100% e também para eu caminhar, fazer a minha lida para sentar, para deitar melhorou, para me abaixar. Pela manhã antes não conseguia me vestir. Me sinto outra pessoa” (P 5) “ Para a cabeça, perdi peso, tudo melhorou” (P 9)

Os integrantes com seus relatos evidenciam que o exercício físico conseguiu

beneficiá-los não apenas sob o aspecto biológico, mas envolveu as demais dimensões:

psicológico, social e espiritual. A tristeza, o vazio, a revolta e a amargura e o sentir-se só,

relatado pela participante 5 confirma que o ser humano é um todo indivisível e que um

aspecto influencia nos demais. Essa relação específica a necessidade de olhar para o ser

humano na sua multidimensionalidade, ou seja, na sua integralidade e oferecer opções

para melhorar a sua qualidade de vida. Segundo Nahas, (2001, p. 25), “a inatividade física

representa uma causa importante de debilidade, de reduzida qualidade de vida e morte

prematura nas sociedades contemporâneas, particularmente nos países industrializados”.

Segundo MARCHAND (2004):

Page 20: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

32 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

“[...] o aumento das atividades físicas, por meio de um programa de exercícios físicos, é um fator importante para que ocorra a redução dos problemas de saúde, refletindo na redução da mortalidade e da morbidade. Para isso, é necessário que as atividades físicas sejam incluídas como parte fundamental de um estilo de vida saudável”.

Tabela 2. Avaliação inicial e final dos sujeitos da pesquisa. Antes de iniciar Ao término

Pseu

dôni

mos

do

s pa

rtic

ipan

tes

da p

esqu

isa

PA (m

mgh

)

Glic

emia

(mg/

dl)

Peso

(kg)

Med

icaç

ão

Dor

es /

desc

onfo

rtos

PA (m

mgh

)

Glic

emia

(mg/

dl)

Peso

(kg)

Med

icaç

ão

Dor

es /

desc

onfo

rtos

Mel

hor

Alim

enta

ção?

P1 HAS2

130/80

112 77.5 Hipertensivas e

Analgésico.

Sim 111/80

101 76.5 = Bem menos

Sim

P2 HAS e DM3

130/80

144 66 Hipertensivas, Hipoglicemiante e p/ circulação.

Sim 110/80

98 62 = Não Sim

P3 HAS

150/80

90 98 Hipertensivas e analgésico.

Sim 130/80

98 97 ↓ medicação Às vezes

Sim

P4 HAS

130/80

130 91.5 Hipertensivas. Sim

- - - - - -

P5 HAS

140/80

121 69 Hipertensivas e analgésico.

Sim 110/80

104 68 = Bem menos

Sim

P6 HAS e DM

150/80

213 58.5 Hipertensivas, Hipoglicemiante.

Sim

- - - - - -

P7 HAS e DM

170/80

217 59.5 Hipertensivas, Hipoglicemiante,

Circulação, analgésico e

tranqüilizante.

Sim 140/70

104 59 = Bem menos

Sim

P8 HAS

150/80

115 85.5 Hipertensivas, Hipoglicemiante.

Sim

- - - - - -

P9 HAS

140/80

101 53.5 Hipertensivas. Sim 100/60

80 51 ↓ medicação Não Sim

P10 HAS e DM

140/90

137 78 Hipertensivas Hipoglicemiante.

Sim 120/80

99 73 = Bem menos

Sim

Os resultados apontaram que antes do programa de exercícios físicos alguns

participantes apresentavam índices de HAS e das taxas de glicose alterados. Todos os

entrevistados sentiam desconfortos e/ou dores, consumiam muita medicação, e possuíam

esperança de melhorar a sua saúde se participassem do grupo de caminhada.

Ao analisar os resultados alcançados com os sete participantes do programa de

exercícios físicos eles evidenciam resultados positivos em todos os aspectos da saúde e que

com isso além de reduzir a morbidade também pode ser visto como fator interferente na

longevidade porque o estar melhor o sentir-se melhor pode levar a somar anos na vida. Os

sete participantes diminuíram de peso, a pressão arterial diminui consideravelmente e a

2 Hipertensão arterial sistêmica 3 Diabete Mellitus

Page 21: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 33

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

taxa de glicose apresentou diminuição. Em relação as dores e desconforto manifestados

por todos no início do programa demonstrou que desapareceu em dois participantes e nos

outros cinco a sua intensidade é bem menor do que anteriormente.

Esses resultados demonstram que a prática dos exercícios físicos e as

modificações nos hábitos alimentares é importante para melhorar pressão arterial, as taxas

de glicose, diminuir o peso, diminuir o consumo medicamentoso e favorecer o bem-estar

levando a uma melhor qualidade de vida. Além disso, é possível afirmar que ele

beneficiou a cada um, ainda que, de intensidade e maneira diversa e particular.

5.3. Principais benefícios resultantes do exercício físico realizado no grupo

Compreender a importância do estilo de vida para a saúde das pessoas amplia a

concepção de vida saudável. Quando o ser humano é capaz de compreender o valor de

um estilo de vida saudável é possível modificar a sua forma de viver. A conscientização,

provavelmente, terá assegurado a energia suficiente para avançar nesse caminho que leva

à construção de uma melhor qualidade de vida.

Uma tendência estabelece uma relação entre a prática da atividade física e a

conduta saudável. Nesta linha, Nahas (2001, p. 31) afirma “que atividade física tem sido

associada ao bem estar, à saúde e à qualidade de vida das pessoas em todas as faixas

etárias, principalmente na meia idade e na velhice, quando os riscos potenciais da

inatividade se materializam, levando a perda precoce de vidas [...]”. Por outro lado,

Wilmore (2003) refere que o exercício representa um subgrupo de atividade física

planejada com a finalidade de manter o condicionamento. No entender de Marchand e

Siqueira (2008) há necessidade de conscientizar o ser humano, mostrando claramente os

benefícios que pode obter através da prática dos exercícios físicos, com a finalidade de

promover a saúde, pois numa visão ampliada ela é um dos seus determinantes.

Olhando a saúde nesta perspectiva ela é muito mais do que apenas não ficar

doente, pois envolve aspectos biopsicossocioespirituais. O ser humano vive numa

sociedade e se encontra sujeito às regras e valores impostos por ela. Tudo isso influencia

diretamente na sua saúde e qualidade de vida (MARCHAND, 2004).

A análise dos dados em relação aos principais benefícios obtidos através do

programa de exercícios físicos realizados no grupo evidenciou que:

“ Grupo é bom. Fico bastante empolgado. Só penso coisa boa. Sinto uma coisa boa. Fazia as caminhadas (antes) mas não sentia proveito no corpo. A noite nos reunimos na cozinha de casa e fazemos alongamento que aprendi no grupo, toda família e alguns vizinhos. Até os vizinhos dizem para deixar alguma coisa, se tiver que fazer, que eles fazem, para eu ir ao grupo de caminhada” (P 2)

Page 22: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

34 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

“ Eu adoro. Me sinto super bem. Para mim é muito bom. Eu sou difícil de achar graça e quando estou aí é tudo engraçado. Aquelas nossas bobagens, tudo eu acho graça [...] (P 7) “ Muito boa porque motiva a gente para caminhar. Nem dá para sentir essa uma hora passar”(P. 10) “ O grupo “enterte” mais porque antes eu ia e vinha sozinha” (P 9) “ Acho muito bom, muito importante. A gente se motiva com aquilo ali. A gente tem aquela obrigação de fazer. Se tiver sozinha aí diz: hoje não vou fazer. Se tiver um grupo, um horário certo, já te levanta pensando que tu tens de ir para aquilo ali. É o mesmo que ir para um serviço. Chega aquela hora e já dá vontade de sair. Sozinho não tem tanta motivação, até porque a gente se descontrai”(P 3)

O trabalho em grupo torna-se mais enriquecedor porque cada membro do grupo

representa uma interdependência com o outro e possui a possibilidade de influenciar o

outro e ser influenciado pelos demais integrantes. Outro ponto importante a considerar no

trabalho em grupo é a dinâmica que o grupo é capaz de transmitir ao demonstrar o

interesse que possui em torno do objetivo comum. Assim, justifica-se que a opção por dez

integrantes se ateve, principalmente, com base nessa fundamentação objetiva e lógica da

interação dos participantes (SIQUEIRA, 1998). Entretanto, também foi levado em

consideração o benefício a usufruir pelo participante ao compartilhar dessa pesquisa, já

que a mesma buscou intervir, na medida do possível, modificando os hábitos de vida para

alcançar uma melhor qualidade de vida.

O apoio e reconhecimento manifestado pelos familiares e vizinhos pelo trabalho

de caminhada desenvolvido pelo grupo demonstra que os benefícios alcançados

ultrapassaram os integrantes e se dissiparam num espaço maior dentro da comunidade.

Essa irradiação poderá ser capaz de suscitar novos membros para, futuramente, se

candidatar para a formação de novos grupos em busca de uma melhor qualidade de vida.

Seguindo a análise, no que se refere em relação à importância do programa de

exercício físico, foi perguntado aos participantes da pesquisa: Se eles achavam que o grupo

de exercícios físicos deveria continuar? Por quê?

“[...] muito importante, porque isso traz benefício não só para mim, mas para outras pessoas, tu vê, que às vezes tem gente querendo caminhar com nós, estão vendo que a gente está melhorando. Tem gente que pensa: Ah! Vou andar caminhando por aí, mas como é um grupo, eles acham legal, minha filha faz caminhadas com outras pessoas, à tardinha, depois que chega do serviço, aí coloco todos para fazerem o alongamento e faço junto também.” (P.3) “ Sim, isso aí é uma coisa que só traz vantagens, só para melhorar.” (P.5) “ Para mim acho que deveria seguir, é maravilhoso esse grupo.” (P 7)

Page 23: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 35

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

“Sim, porque eu nem acho mais graça de caminhar sozinha, e isso é uma coisa que só traz benefício.” (P.9).

Dessa forma, observa-se a importância de incorporar ao dia-a-dia exercícios

físicos, nos quais, as pessoas se sintam bem, apresentam beneficio à saúde e que

contemplam um significado pessoal, que neste caso, a proposta de grupo foi positiva aos

participantes.

Muitos pesquisadores, entre eles, Assunção; Santos; Costa (2002); Guimarães;

Takayanagui (2002), Volpato (2006), Angelis (2006) e Furtado; Polanczyk (2007), apontam

que atitudes positivas, em relação a atividades físicas regulares podem influenciar em um

melhor conhecimento sobre os seus benefícios. Assim, os exercícios físicos afetam de

maneira positiva o desempenho intelectual, o raciocínio, a velocidade de reação, o

convívio social, ou seja, há uma melhora significativa da sua qualidade de vida. Todos

esses fatores positivos atribuídos aos exercícios físicos regulares aumentam a longevidade,

melhoram o nível de energia, a disposição e a saúde de um modo geral. Por outro lado, “a

inatividade física representa uma causa importante de debilidade, de reduzida qualidade

de vida e morte prematura nas sociedades contemporâneas, particularmente nos países

industrializados” (NAHAS, 2001, p. 25). Todas essas colocações levam a considerar o ser

humano como intrinsecamente ativo e por isso o exercício físico é indicado porque é capaz

de influenciar, positivamente, na função orgânica e funcional do organismo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo realizado utilizando um programa de intervenção de exercícios físicos aliado a

uma alimentação adequada com um grupo de HAS e/ou DM permitiu alcançar os

objetivos propostos e contemplar os pressupostos e a questão de pesquisa.

A pesquisa foi relevante porque a temática envolveu um problema sócio-político

que abarca cerca de 40% dos casos de aposentadorias precoces e é causa de elevado grau

de absenteísmo no trabalho em nosso meio. Ao realizar a intervenção através de um

programa de exercícios físicos e alimentação adequada, com um grupo de HAS e/ou DM,

esse foi capaz de influenciar, positivamente, em todos os participantes. Diminuiu a pressão

arterial, a glicose e o consumo de medicamentos, melhorou ou eliminou os desconfortos

e/ou dores e assim, melhorou a sua saúde e favoreceu bem-estar dos seus integrantes e

conseqüentemente sua qualidade de vida.

A experiência investigativa serviu para um incentivo na formação acadêmica e

pessoal da pesquisadora porque a prática do trabalho em grupo despertou grande

Page 24: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

36 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

satisfação pessoal e motivou uma reflexão profunda sobre a importância que o profissional

de enfermagem pode exercer numa atividade grupal. A receptividade dos integrantes do

grupo, juntamente com as progressivas mudanças que se manifestaram ao longo dos

quatro meses de intervenção, serviram para evidenciar que se faz necessário incentivar

programas como esse, para melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras de

doenças crônico-degenerativas.

As mudanças já mencionadas anteriormente, ocorridas com os participantes dessa

pesquisa, nos diversos aspectos do ser humano, representam um reflexo positivo na

melhor qualidade de vida. Dessa forma, os exercícios físicos, que nesse caso foi realizado

através de caminhada e o controle na alimentação mostrou-se relevante, e trata-se de um

método relativamente barato e possível de ser estendido a outros grupos.

Ressalta-se que o programa de exercícios físicos e a alimentação adequada

mostraram-se como um método coadjuvante não medicamentoso no tratamento de

doenças crônico-degenerativas e que conseguiu resultados positivos em todos os

participantes.

PARECER DE APROVAÇÃO DE COMITÊ

Pesquisa autorizada pelo Comitê de Ética da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas/RS em

28 de maior de 2008, conforme Ata 77/2008.

REFERÊNCIAS ASSUNCAO, Maria Cecília Formoso; SANTOS, Iná da Silva dos; COSTA, Juvenal Soares Dias da. Avaliação do processo da atenção médica: adequação do tratamento de pacientes com diabetes mellitus, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, 2002 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2002000100021&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008. AMBROSE, Manguerite; BELLAK, Margaret W.; BOUCHER, Mary Ann. et al. Doença de sintomatologia ao palono de alta. Traduzido por Roxane Jacobson. Ed. Guanabara, Rio de Janeiro: 2007. ANGELIS, Kátia et al . Efeitos fisiológicos do treinamento físico em pacientes portadores de diabetes tipo 1. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 50, n. 6, 2006 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302006000600005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008. BARROS, Neto T. L.; CÉSAR, M. C.; TEBEXRENI, A. S. Fisiologia do exercício. In: GHORAYEB, N., BARROS, T. L., editores. O exercício. Preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999. BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da Língua Portuguesa. 11. ed. Rio de Janeiro, 1986. BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

Page 25: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

Angélica Porto de Oliveira, Hedi Crecencia Heckler de Siqueira 37

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1-27

CIOLAC, Emmanuel Gomes; GUIMARAES, Guilherme Veiga. Exercício físico e síndrome metabólica. Rev Bras Med Esporte, Niterói, v. 10, n. 4, 2004 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922004000400009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008. CERVATO, Ana Maria et al. Dieta habitual e fatores de risco para doenças cardiovasculares. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 31, n. 3, 1997 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101997000300003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008. CHANLAT, Jean-François. O indivíduo na Organização: dimensões esquecidas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1996. V1 .FURTADO, Mariana Vargas; POLANCZYK, Carisi Anne. Prevenção cardiovascular em pacientes com diabetes: revisão baseada em evidências. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 51, n. 2, 2007 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302007000200022&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. GUIMARAES, Fernanda Pontin de Mattos; TAKAYANAGUI, Angela Maria Magosso. Orientações recebidas do serviço de saúde por pacientes para o tratamento do portador de diabetes mellitus tipo 2. Rev. Nutr., Campinas, v. 15, n. 1, 2002 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732002000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008. GOUVEIA, M. A. Associação exercícios físicos e doenças crônico-degenerativas: Aspectos preventivos e terapêuticos. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. 7, n. 1, p. 33-50, 1999. HADDAD, Sandra et al. Efeito do treinamento físico de membros superiores aeróbio de curta duração no deficiente físico com hipertensão leve. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 69, n. 3, 1997 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X1997000900005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 16 mar. 2008. I CNRC. Consenso Nacional de Reabilitação Cardiovascular. Arq Bras Cardiol. Out:1997, n.4, v.69. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v69n4/3707.pdf>. Acesso em: 17 out. 2007. III CBHA. Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial. Campos do Jordão, SP, 12 a 15 de fev., 1998. Disponível em: <http://www.sbh.org.br/documentos/consenso3_diagrama.htm> . Acesso em: 15 out. 2007. LYRA, Ruy et al . Prevenção do diabetes mellitus tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 50, n. 2, 2006 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302006000200010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008. MARCHAND, Edilson Alfredo Araújo. Construção de uma modelagem de um programa de um exercício de levanderia hospitalar. Dissertação (Mestrado). FURG - Programa de Pós Graduação de enfernagem, Rio Grande, 2004. MINAYO, MC. O desafio do Conhecimento - Pesquisa qualitativa em saúde. Hucitec: Rio de Janeiro, 2007. MONTEIRO, Maria de Fátima; SOBRAL FILHO, Dário C. Exercício físico e o controle da pressão arterial. Rev Bras Med Esporte, Niterói, v. 10, n. 6, 2004 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922004000600008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 15 mar. 2008. MONTEIRO, Carlos Augusto et al. Monitoramento de fatores de risco para doenças crônicas por entrevistas telefônicas. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 1, 2005 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102005000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008. NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina, PR: Midiograf, 2001. NEGRÃO C.E., RONDON M., KUNIYOSHI F.H.S., LIMA E.G. Aspectos do treinamento físico na prevenção da hipertensão arterial. Revista Sociedade Brasileira de Hipertensão. São Paulo: v.4, n.3, 2001.

Page 26: Correspondência/Contato ALIMENTAÇÃO NA QUALIDADE DE … · 14 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial

38 Influência dos exercícios físicos e da alimentação na qualidade de vida de portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 1 - 27

Organização Pan-Americana de Saúde/ Organização Mundial de Saúde. Doença crônico-degenerativas e obesidade: estrategia mundial sobre alimentação saudavel, atividade Fisica e saúde. Brasilia, 2003. PINTO, Liane Mattos; MEIRELLES, Vivian Ribeiro de; FARINATTI, Luísa de Tarso Veras. Paulo. Influência de programas não-formais de exercícios (doméstico e comunitário) sobre a aptidão física, pressão arterial e variáveis bioquímicas em pacientes hipertensos. Rev Bras Med Esporte, Niterói, v. 9, n. 5, 2003 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922003000500003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 16 mar. 2008. SICHIERI, Rosely et al. Recomendações de alimentação e nutrição saudável para a população brasileira. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 44, n. 3, 2000 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302000000300007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 abr. 2008. SIQUEIRA, Hedi Crecencia Henckler. O Enfermeiro e sua Prática Assistecial Integrativa: Construção de um processo Educativo. Bagé: EDIURCAMP, 1998, 144p. ______. Aptidão Física e seus componentes relacionados a saúde. IV edição. Rio Grande. <http://www.efdeportes.com/efd115/aptidao-fisica-para-a-saude-de-trabalhadores.htm>. Acesso em: out. 2008. VOLPATO, Gustavo Tadeu et al . Avaliação do efeito do exercício físico no metabolismo de ratas diabéticas prenhes. Rev Bras Med Esporte, Niterói, v. 12, n. 5, 2006 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922006000500001&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008.