CRIANÇA MALTRATADA E VIOLÊNCIA

Civilizações Antigas:•crianças com deficiência física eram abandonadas e devoradas por animais;

Período Colonial:

•afastamento das crianças índias e escravas das famílias ;•sistema da Roda dos Expostos;•orfanatos e casas correcionais;

A VIOLÊNCIA SEMPRE EXISTIU...

Séculos XIX e XX:

•asilos educandos ( formação cívica e capacitação profissional);•alta mortalidade infantil;•fugas de crianças que sofriam maus-tratos nas instituições;•1º Código de Menor – reclusões em prisões de adultos;•SAM – ações repressivas e punitivas (práticas violentas) – Ministério da Justiça – sistema penitenciário de internação;•1964 – Política Nacional do Bem Estar do Menor - FEBEM ;

A VIOLÊNCIA SEMPRE EXISTIU...

ABERTURA DEMOCRÁTICA

• Promulgação da Constituição Federal 1988 que adotou os princípios da doutrina da proteção integral para crianças e adolescentes;

• 1990: promulgação do Estatuto da Crianças e do Adolescente que coroou esta doutrina sendo considerada a única legislação da América Latina adequada aos princípios das Convenções das Nações Unidas sobre os direitos da criança e adolescente.

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

TIPOS DE VIOLÊNCIA:

S e m co nta to fís ico

C o m co nta to fís ico

E xtra - fam ilia r

In ce sto / In tra - fam ilia r

A B US O S E X U A L

T rá fic o d e pe s so as

T u ris m o se xu a l

"P ro s ti tu iç ã o c on v e n cio na l"

P orno gra fia

P ed o fi lia na in te rne t

E X P LO R A Ç Ã O C O M E R C IA L

VIO LÊNCIA SEXUAL

V IO L Ê N C IA C O N T R A C R IA N Ç A S E A D O LE S C E N T E S

Negligência

Violência Psicológica

Violência Física

Trabalho Infantil

INDICADORES FÍSICOS E COMPORTAMENTAIS DA

VIOLÊNCIA

Pré-Escolar (3 a 6 anos):Condutas hipersexualizadas;Condutas auto-eróticas;Transtorno do sono (pesadelos, terrores noturnos);Condutas agressivas;Enurese (capacidade de reter urina);Encoprese (capacidade de reter fezes);Retraimento social;Temores inexplicáveis frente a pessoas ou situações determinadas;Alterações temporárias na consciência.Latentes (7 a 11 anos):Mudanças bruscas no rendimento escolar;Problemas com figura de autoridade;Mentiras;Fugas do lar;Condutas delinqüentes;Coerção sexual em outras crianças;Excessiva submissão frente ao adulto;Fobias, aversão ao contato físico;Queixas somáticas (cefaléia, dores abdominais, etc.);Comportamentos constantes que demonstrem despersonalização, conformismo, passividade;Adolescentes (12 a 18 anos):Promiscuidade sexual;Coerção sexual a outras crianças;Drogadependência;Condutas delinqüentes;Condutas auto-agressivas;Tentativas de auto-extermínio;Inibição sexual;Anorexia, bulimia;Perda parcial ou completa das funções normais de integração das lembranças.

Sinais na família (pais ou responsáveis):

•Papéis ou funções trocadas;•Dificuldade de percepção de limites;•Pais ou responsáveis muito possessivos ou negligentes;•Isolamento, reclusão ou punições severas;•Excesso de proteção ou zelo • Negligência, depreciação pela criança/adolescente;•Confusão entre os papéis infantis e adultos;•Estímulo à criança/adolescente para práticas sexuais;•Indução ou favorecimento da criança/adolescente à exploração sexual;•Comportamento sedutor, insinuante;•Postura contraditória na prestação de informações;•Ausência no lar;•Dependência de drogas / álcool;•Histórico de violência na infância;•Relação conjugal instável e conturbada (questão socioeconômica).

FERIDAS QUE NÃO CICATRIZAM...

“Ele fingia que esquecia a toalha e sempre me gritava pra eu levar, no banheiro ele mandava eu “chupar” o pinto dele, e ele apertava a minha cabeça, depois ele me beijava, com a boca fedendo de esgoto.”“Dizia que se eu contasse pra mãe, ele me matava e matava ela também.”O-A (9 anos) Relatos de uma criança, 09 anos, durante atendimento social no CREAS – Nova Lima. Esta criança estava sob guarda provisória de um casal. O homem, policial militar reformado, praticava tais atos libidinosos e a ameaçava com arma de fogo. Através de exame de corpo de delito, foi confirmado o rompimento de hímen e a prática de sexo anal..

Pesquisas revelam a relação entre maus tratos físicos, psíquicos, sexuais e o desenvolvimento de problemas psiquiátricos.

Martin Teicher e outros realizaram pesquisas nas quais constataram que os maus tratos podem ocasionar efeitos moleculares e neurológicos, alterando irreversivelmente o desenvolvimento neuronal.

O distúrbio de personalidade limítrofe (borderline personality disorder) tem sido associado aos maus tratos na infância. Martin Teicher ao tratar de 03 pacientes borderline suspeitou ocorrer alteração do desenvolvimento do sistema límbico devido a maus tratos na infância.

O hipocampo e a amígdala são regiões límbicas importantes, localizadas abaixo do córtex, no lobo frontal. Acredita-se que o hipocampo seja atuante na recuperação da memória verbal e emocional e a amígdala refere-se à criação do conteúdo emocional da memória (por exemplo, sentimentos relacionados ao medo e a reações agressivas).

•Em 1993, estudos tentaram medir a freqüência de sintomas (formigamentos, entorpecimento, vertigem, olhar fixamente, contorcimento, enrubescimento entre outros) presentes em pacientes com ELT (epilepsia de lobo temporal) O resultado encontrado entre adultos que relataram história de violência na infância foi considerado alto em relação aos que não tem histórico de abuso.

•Estudos confirmaram a relação entre maus tratos e redução do hipocampo esquerdo adulto e que a amígdala pode ser menor também.

•Em 1997, uma pesquisa com 15 voluntários saudáveis e 15 pacientes psiquiátricos (crianças e adolescentes com histórico de abuso físico ou sexual), revelou que o hemisfério esquerdo é menos desenvolvido que o direito nos que sofreram abuso.

Em 1997, Andersen e outros, perceberam que em meninos e meninas submetidos a abuso ou abandono, as partes centrais do corpo caloso eram significativamente menores do que nos grupos de controle.

Anderson estudou a relação entre abuso infantil e produção de anormalidade no vermis cerebelar, tendo como resultados, sintomas psiquiátricos, degeneração gradual do hipocampo e irritabilidade límbica tanto nos que tinham histórico de abuso sexual quanto nos jovens adultos saudáveis.

CRIMINOSOS QUE SOFRERAM VIOLÊNCIA NA INFÂNCIA:

BENEDITO MOREIRA DE CARVALHO:

“MONSTRO DE GUAIANAZES”

JOSÉ DA PAZ BEZERRA: “MONSTRO DO

MORUMBI”

“Essa violência é reflexo do tipo de vida que os pais e os filhos têm hoje, sem uma interação forte. É preciso formar um vínculo mais seguro, buscar uma segurança afetiva. Uma família mais próxima, que conta o que está acontecendo, em que os pais brincam com seus filhos e eles se sentem amados é a melhor forma de proteção. O investimento na formação do cidadão precisa ser feito no início da vida. Depois que as crianças já cresceram muito, algumas coisas não podem mais ser trabalhadas. Os estudos de hoje mostram que o desenvolvimento do cérebro, a formação de caráter, os valores morais, a noção do eu e da sociedade começam a ser formados ainda na gestação e principalmente nos primeiros anos de vida”.

Salvador Célia.

Psiquiatra e presidente da Federação Latino-Americana de Psiquiatria da Infância e Família

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