18
1 MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DISCIPLINA: Cristalização PROFESSORA: Márcia Duarte CRISTALIZAÇÃO 1. Introdução O produto final de algumas fábricas consiste de partículas sólidas. Após a obtenção de uma solução, o sólido é obtido pela concentração da solução até a saturação e pela formação de cristais. Cristalização é um processo de separação sólido-líquido no qual a transferência de massa ocorre de um soluto de uma solução líquida para uma fase cristalina de sólido puro. Um exemplo é na produção de sucrose a partir do açúcar de beterraba, onde a sucrose é cristalizada a partir de uma solução aquosa. A cristalização é um processo onde partículas sólidas são formadas a partir de uma fase homogênea. Este processo pode ocorrer no congelamento de água para formar gelo, na formação de partículas de neve a partir do vapor, na formação de partículas sólidas a partir de um líquido fundido ou na formação de cristais sólidos a partir de uma solução líquida. Este último é, comercialmente, o mais importante. Na cristalização a solução é concentrada e resfriada até a concentração de sólido tornar-se maior do que sua solubilidade àquela temperatura. Então o soluto sai da solução formando cristais de soluto puro. Métodos para a produção de cristais: Simples Deixam-se arrefecer tabuleiros contendo soluções concentradas quentes. Complexos Processos de cristalização contínuos, cuidadosamente controlados em várias etapas, visando obter partículas de dimensões, formas, teor de umidade e pureza muito uniformes. A uniformidade de tamanho é desejável para minimizar a solidificação no empacotamento, para facilitar a lavagem e a filtração e para uniformizar o procedimento quando usado. Outras qualidades: coloração, aroma e características de torteamento. Cristal

Cristalização

Embed Size (px)

DESCRIPTION

cristalização

Citation preview

Page 1: Cristalização

1

MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

DISCIPLINA: Cristalização

PROFESSORA: Márcia Duarte

CRISTALIZAÇÃO

1. Introdução

O produto final de algumas fábricas consiste de partículas sólidas. Após a obtenção de uma

solução, o sólido é obtido pela concentração da solução até a saturação e pela formação de

cristais.

Cristalização é um processo de separação sólido-líquido no qual a transferência de massa

ocorre de um soluto de uma solução líquida para uma fase cristalina de sólido puro. Um

exemplo é na produção de sucrose a partir do açúcar de beterraba, onde a sucrose é

cristalizada a partir de uma solução aquosa.

A cristalização é um processo onde partículas sólidas são formadas a partir de uma fase

homogênea. Este processo pode ocorrer no congelamento de água para formar gelo, na

formação de partículas de neve a partir do vapor, na formação de partículas sólidas a partir de

um líquido fundido ou na formação de cristais sólidos a partir de uma solução líquida. Este

último é, comercialmente, o mais importante. Na cristalização a solução é concentrada e

resfriada até a concentração de sólido tornar-se maior do que sua solubilidade àquela

temperatura. Então o soluto sai da solução formando cristais de soluto puro.

Métodos para a produção de cristais:

Simples

Deixam-se arrefecer tabuleiros contendo soluções concentradas quentes.

Complexos

Processos de cristalização contínuos, cuidadosamente controlados em várias etapas, visando

obter partículas de dimensões, formas, teor de umidade e pureza muito uniformes. A

uniformidade de tamanho é desejável para minimizar a solidificação no empacotamento, para

facilitar a lavagem e a filtração e para uniformizar o procedimento quando usado.

Outras qualidades: coloração, aroma e características de torteamento.

Cristal

Page 2: Cristalização

2

É uma configuração muito organizada de átomos, ou de moléculas, ou de íons dispostos em

redes espaciais tridimensionais. A rede é regular, com distância e ângulos fixos entre as

partículas, e fornecem uma figura característica de difração de raios x.

Cristal invariante

Quando um cristal cresce sem o impedimento de outros cristais ou de outros sólidos e a sua

forma poliédrica mantém-se fixa.

Parâmetros característicos do cristal:

Volume

Área superficial total

Área superficial por unidade de volume

Nos processos industriais ocorrem:

Os cristais se aglomeram

As impurezas são ocluídas nas superfícies de crescimento

A nucleação ocorre não só na solução mas também sobre as superfícies cristalinas

Os cristais são fragmentados pelas bombas e pela agitação

Hábito do cristal

Afeta a pureza do produto

a aparência

Apresenta tendência a formar torrões

pulverizar-se

Influencia a aceitação dos consumidores

Fatores que influenciam o hábito da cristalização:

Grau de sepersaturação

Intensidade da agitação

Densidade de população

Dimensões dos cristais nas vizinhanças

Pureza da solução

Escolha e projeto do cristalizador afetam:

A economia e operabilidade

O hábito cristalino

A distribuição de dimensões do cristal

A coloração mercantil do produto

2. Equipamentos para cristalização

Os cristalizadores podem ser classificados pelo método usado para se obter o depósito das

partículas.

2.1. Resfriamento de uma solução concentrada e quente

Os cristalizadores que operam por resfriamento são melhores quando a curva de solubilidade

contra temperatura é bem abrupta. Curvas que apresentam inclinações intermediárias,

recomenda-se a cristalização adiabática. Sistemas que apresentam modificações da

Page 3: Cristalização

3

solubilidade com a temperatura pequena, a cristalização deve ser obtida pela evaporação

predominante do solvente.

Cristalizadores de tabuleiro

São constituídos por tabuleiros nos quais se permite que uma solução arrefeça e cristalize. São

raramente usados porque ocupam muito espaço, exigem muita mão-de-obra e levam a

produtos de baixa qualidade.

Cristalizadores descontínuos com agitação

São tanques, providos de agitação, com o fundo geralmente cônico, e que contêm serpentinas

de resfriamento. Estes cristalizadores são bastante cômodos porque têm baixo custo de

instalação, são de operação simples e bastante flexíveis. A mão-de-obra, no entanto, é

dispendiosa e levam a produto muito irregular.

Cristalizador contínuo Swenson-Walker

Opera continuamente. Consiste numa grande calha semicilíndrica, com camisa de água de

resfriamento e um misturador de fitas. Pode-se acoplar até quatro unidades, com os agitadores

acionados por um mesmo motor e pode-se usar um segundo conjunto de cristalizadores. A

Figura 19.23 (Foust) mostra um cristalizador constituído por duas unidades acopladas. A

solução quente, concentrada, é introduzida continuamente numa das extremidades do

cristalizador e flui lentamente para a outra extremidade enquanto vai sendo resfriada. A

função do agitador é a de raspar os cristais das paredes frias de unidade e agitar os cristais na

solução.

Figura 19.23. Cristalizador Swenson-Walker

2.2. Evaporação de uma solução

Evaporador-cristalizador

É o mais comum. É constituído por um sedimentador classificador, através do qual se

bombeia continuamente uma corrente da solução proveniente do corpo do evaporador. É

projetado de maneira que somente os cristais maiores sedimentem no decantador. Os finos

permanecem em suspensão e retornam ao corpo do evaporador, para crescerem. A suspensão

grossa do fundo do decantador é bombeada para um equipamento tal como filtro ou

centrifugador. A solução-mãe pode retornar ao evaporador ou pode ser descartada.

Page 4: Cristalização

4

Cristalizador Oslo

O cristalizador Krystal, apresentado na Figura 19-24 (Foust), realiza a cristalização pela

evaporação. A unidade é especialmente adaptada para a produção de cristais uniformes,

grandes e arredondados. Trata-se de um evaporador com circulação forçada, com um

aquecedor externo contendo uma combinação de filtro para o sal e de classificador de

partículas no fundo do corpo do evaporador. O aquecedor externo pode também ser usado

como resfriador, e neste caso a cristalização ocorre pelo resfriamento da solução.

O fluxo de líquido ascende pelo aquecedor externo (Figura 19.24 – Foust). O tubo de

escoamento, que transpassa o corpo do cristalizador, vai até o fundo do coletor e classificador

de cristais. Neste o escoamento é ascendente, o que possibilita o contato entre os cristais e a

solução ligeiramente supersaturada, simultâneo com a classificação dos cristais.

Esta é uma característica peculiar do cristalizador.

As partículas maiores atingem o fundo do classificador e são retiradas na forma de magna do

produto. Os cristais finos e a solução saturada saem pelo topo do leito e são reciclados, sendo

tratados para atingir a saturação, segundo um dos seguintes métodos:

Evaporação da solução

Resfriamento da solução

Enriquecimento da solução no soluto, pela adição de uma solução concentrada

Figura 19.24. Cristalizador Krystal para a produção de sulfato de amônio.

Método da evaporação da solução

Na Figura 19.24 (Foust) estão apresentados o corpo do cristalizador e o aquecedor externo. Na

parte inferior do corpo escoa ascendentemente a solução através do leiro de cristais, exercendo

dessa maneira a sua ação classificadora. O soluto correspondente à parcela da supersaturação

é depositado, em grande parte, sobre os cristais existentes. A solução saturada e os cristais

pequenos são então aquecidos no aquecedor externo. Este é mantido sob uma pressão

hidrostática suficiente para impedir a ebulição na superfície.

O líquido aquecido passa para cima, para a seção superior do corpo. Num determinado ponto

mais elevado, parte do líquido vaporiza-se instantaneamente, deixando a solução

Page 5: Cristalização

5

supersaturada. Esta é conduzida para baixo, por meio de duto central, atingindo o fundo do

leito do cristal. Os cristais grandes são descarregados pela abertura no fundo da seção inferior

do corpo.

2.3. Evaporação adiabática e resfriamento

Cristalizadores a vácuo

Nestes cristalizadores a evaporação é obtida pelo flash da solução quente num vaso a pressão

baixa. A energia para a vaporização é obtida pelo calor sensível da carga. Por isso, a

temperatura da mistura de líquido e vapor, depois do flash, é muito mais baixa que antes do

flash.

As unidades apresentadas na Figura 19.25 (Foust) podem operar contínua ou

descontinuamente. Na operação descontínua, a carga quente é bombeada para o vaso onde se

inicia a agitação. Em seguida dá-se a partida dos ejetores e a pressão e a temperatura do

sistema vão gradativamente diminuindo. Desse modo a vaporização do líquido ocorre desde a

pressão atmosférica até a pressão mínima final. Para condensar este vapor basta uma leve

compressão, portanto os ejetores podem operar com capacidade elevada. Apenas no final da

corrida a razão de compressão é elevada, fazendo-se necessário o uso de um ejetor de reforço.

Como resultado global a remoção de vapores é muito mais econômica do que a que ocorre na

operação contínua da unidade na sua pressão mais baixa.

(a) (b)

Figura 19.25. Cristalizadores a vácuo com um ejetor de reforço alimentando um condensador

barométrico. (a) Cristalizador com tubo de tiragem. (b) Cristalizador contínuo com

recirculação do magma cristalino.

A operação descontínua é impraticável nas unidades de grande capacidade (acima de 10.000

gal/h de carga) e o cristalizador deve ser operado continuamente. Adota-se nestes casos a

operação em estágios para se evitar o alto custo. À medida que o número de estágios aumenta,

o consumo de vapor aproxima-se do da operação descontínua, mas aumenta-se o custo do

equipamento. Na operação contínua, a carga é introduzida no primeiro efeito, que opera a uma

Page 6: Cristalização

6

pressão apenas ligeiramente reduzida. Escolhe-se o ponto da injeção da carga de maneira a se

ter o mínimo de superaquecimetno de qualquer parcela da solução. Geralmente o

superaquecimento é limitado a 5oF, para impedir o torteamento da unidade e a formação de

um grande número de cristais novos e pequenos. O produto que se retira do cristalizador

contém cristais e a solução-mãe é bombeada para o segundo efeito, que opera a uma pressão

inferior a do primeiro efeito. Em cada efeito ocorre uma vaporização parcial, a solução se

resfria e os sólidos se depositam, enquanto a pressão é reduzida com relação ao estágio

precedente.

Entre os cristalizadores descritos, apenas o cristalizador Oslo efetua a classificação dos

cristais formados. O controle da Distribuição Granulométrica dos Cristais (DGC) é importante

para que se tenham produtos de qualidade. O cristalizador a vácuo com tubo de tiragem e

chicana separadora apresentado na Figura 19.26 (Foust) possui uma seção de elutriação e um

sistema interno de separação de finos. Estes escoam com líquido para o circuito separador

externo, são misturados coma carga de reciclagem e depois aquecidos, sendo portanto

redissolvidos quando a corrente penetra outra vez no cristalizador, e a precipitação se faz

sobre as partículas presentes. A elutriação garante que apenas as partículas maiores caiam no

fundo do cristalizador e sejam removidas.

Figura 19.26. Cristalizador a vácuo com tubo de tiragem e chicana separadora.

Em cada uma destas unidades, foram feitas tentativas para resolver os problemas de:

Impedir a formação da torta cristalizada sobre as paredes

Separar o vapor da fase líquida

Separar o líquido dos cristais

Conseguir tanto um custo operacional como uma inversão inicial baixos

Conservar o espaço nos pisos das instalações

Promover o crescimento desejado dos cristais puros

Manter os custos de manutenção baixos

A escolha, entre os cristalizadores, para se efetuar um determinado serviço, depende:

Page 7: Cristalização

7

da economia de cada situação particular

das limitações impostas sobre o produto pelas condições gerais do mercado

3. Tipos de geometria de cristal

Um cristal pode ser definido como um sólido composto de átomos, íons ou moléculas que são

arranjados de uma maneira ordenada e repetitiva. É um tipo de material altamente organizado.

Os átomos, íons ou moléculas são localizados em “arrays” arranjos tridimensionais ou “space

lattices” espaço reticular. As distâncias interatômicas em um cristal entre estes planos

imaginários ou “space lattices” espaços reticulares são medidos por difração de raio-x assim

como os ângulos entre estes planos. O padrão ou arranjo destes “space lattices” é repetido em

todas as direções.

Os cristais aparecem como poliedros tendo faces planas e cantos pontudos. O tamanho

relativo das faces e bordas de diferentes cristais do mesmo material pode diferir enormemente.

Contudo, os ângulos entre as faces correspondentes de todos os cristais do mesmo material

são iguais e são características daquele material particular. Os cristais são classificados com

base nestes ângulos interfaciais.

Dependendo do arranjo dos eixos aos quais os ângulos se referem, existem 7 classes de

cristais:

Sistema cúbico

Sistema tetragonal

Sistema ortorômbico

Sistema hexagonal

Sistema monoclínico

Sistema triclínico

Sistema trigonal

O desenvolvimento relativo de tipos diferentes de faces de um cristal pode diferir para um

dado soluto cristalizando. Cloreto de sódio cristaliza a partir de soluções aquosas somente

com faces cúbicas. Em soluções aquosas com uma leve impureza presente seus cristais terão

faces octaedras. Ambos os tipos de cristais são do sistema cúbico mas diferem na aparência do

cristal. A cristalização em formas globais de chapas ou agulhas não tem nenhuma relação com

a aparência do cristal nem o sistema cristalino e, usualmente, depende das condições de

processo sob as quais os cristais são formados.

4. Solubilidade de equilíbrio em cristalização

Na cristalização o equilíbrio é atingido quando a solução ou licor-mãe é saturado, sendo

representado pela curva de solubilidade. A pressão tem efeito desprezível sobre a

solubilidade, porém esta depende principalmente da temperatura. Os dados de solubilidade

são fornecidos na forma de curvas onde as solubilidades, em unidades convenientes, são

plotadas versus a temperatura. Tabelas de solubilidade são dadas em muitos “chemical

handbooks”, como o Perry. Em geral, as solubilidades de muitos sais aumentam levemente ou

acentuadamente com o aumento da temperatura.

Page 8: Cristalização

8

A figura seguinte apresenta curvas de solubilidade para alguns sais típicos em água. Nessa

figura observa-se que, por exemplo, para o KNO3 não há formação de hidratos e a

solubilidade aumenta marcadamente com a temperatura.

Curvas de solubilidade para alguns sais típicos em água

A figura a seguir apresenta a curva de solubilidade para o tiosulfato de sódio (Na2S2O3). As

quebras definidas na curva indicam diferentes hidratos. A concentrações acima da linha de

solubilidade (acima de 48,2oC), os cristais sólidos formados são Na2S2O3.5H2O. A

concentrações abaixo da linha de solubilidade existe somente uma solução. O sal anidro está

na fase estável acima de 70oC.

Figura 12.11-1. Solubilidade de Na2S2O3 em água

5. Balanços de material na cristalização

Em muitos processos de cristalização industrial, a solução (licor-mãe) e os cristais sólidos

estão em contato por tempo suficiente para alcançar o equilíbrio. Portanto, o licor-mãe é

saturado à temperatura final do processo e a concentração final do soluto na solução pode ser

obtida a partir da curva de solubilidade. A produção de cristais de um processo de

Page 9: Cristalização

9

cristalização pode ser calculada conhecendo a concentração inicial de soluto, a temperatura

final e a solubilidade a esta temperatura.

Em alguns casos na cristalização comercial, a taxa de formação de cristal pode ser

completamente lenta, devido a uma solução muito viscosa ou a uma pequena superfície de

cristais expostos para a solução. Portanto, alguma supersaturação pode existir, dando uma

produção de cristais mais baixa do que a prevista.

Nos balanços de material, os cálculos são diretos quando os cristais são anidros. Nesse caso

balanços de material de soluto e água simples são feitos. Quando os cristais são hidratados,

alguma água na solução é removida com os cristais como um hidrato.

EXEMPLO

6. Efeitos térmicos e balanços térmicos na cristalização

Quando um composto cuja solubilidade aumenta com o aumento da temperatura dissolve, há

uma absorção de calor chamada de calor de solução. Ocorre uma evolução de calor quando o

composto, cuja solubilidade diminui com o aumento da temperatura, dissolve. Para compostos

cuja solubilidade não muda com a temperatura, não há evolução de calor na dissolução.

Muitos dados no calor de solução são dados com a variação de entalpia em kJ/kg (kcal/g mol)

de soluto ocorrendo com a dissolução de 1 kg mol do sólido em uma grande quantidade de

solvente a diluição infinita.

Na cristalização ocorre o oposto da dissolução. No equilíbrio o calor de cristalização é igual

ao negativo do calor de solução à mesma concentração na solução. Se o calor de dissolução da

saturação na solução a diluição infinita é pequeno, este pode ser desprezível e o negativo do

calor de solução a diluição infinita pode ser usado para o calor de cristalização. Para muitos

materiais este calor de diluição é pequeno comparado com o calor de solução, sendo esta

aproximação razoavelmente precisa. Os dados de calor de solução estão disponíveis em

inúmeras referências, como o Perry.

Provavelmente o método mais satisfatório de cálculo dos efeitos de calor durante o processo

de cristalização é usar o gráfico entalpia-concentração para a solução e as várias fases sólidas

que estejam presentes para o sistema. Contudo, somente poucos gráficos desse tipo estão

disponíveis, incluindo os seguintes sistemas: cloreto de cálcio-água, sulfato de magnésio-água

e sulfato ferroso-água. Quando se tem disponibilidade de tal gráfico adota-se o seguinte

procedimento: a entalpia H1 da solução de entrada à temperatura inicial é lida do gráfico, onde

H1 é kJ (btu) para a alimentação total. A entalpia H2 da mistura final de cristal e licor-mãe à

temperatura final é também lida do gráfico. Se ocorre alguma evaporação, a entalpia HV do

vapor de água é obtida das tabelas de vapor. Então o calor total absorvido q, em kJ é

q = (H2 + HV) - H1

se q é positivo, o calor deve ser adicionado ao sistema. Se ele é negativo, calor é evoluído ou

retirado.

EXEMPLO

7. Relações de solubilidade

Page 10: Cristalização

10

Na cristalização há transferência de massa da solução para a superfície do cristal. A

concentração necessária à formação dos cristais e à separação das espécies químicas pode ser

determinada num diagrama de solubilidade, que é um diagrama de fase em termos da

temperatura contra a composição.

Na Figura 19.27 (Foust) estão plotados os dados para o sistema Na2SO4 – H2O a pressão

atmosférica.

Nas temperaturas entre 30oF e 90,5

oF, em concentrações acima de 4,5 %, a solução saturada

está em equilíbrio com o decaidrato. Acima de 90,5oF a fase sólida é Na2SO4 anidro.

O sal anidro apresenta solubilidade inversa entre aproximadamente 103oF até cerca de 220

oF.

A esta temperatura encontra-se a solubilidade mínima, 29,5%.

Acima desta temperatura, o aumento da temperatura provoca o aumento da solubilidade.

Em concentrações inferiores a 4,5 % de Na2SO4, a fase sólida em equilíbrio com a solução

saturada, será o gelo.

Este sistema tem um eutético (crioidato) com cerca de 4,5 % de Na2SO4. Em cuja

concentração encontra-se a temperatura mínima de congelamento, a 29,84oF.

Este diagrama pode ser usado sobre uma faixa razoável de pressão, pois envolve apenas fases

líquidas e sólidas. Nos cálculos de cristalizadores, nos quais a temperatura final é conhecida e

nos quais não há evaporação, é possível determinar, a partir do diagrama de solubilidade:

A concentração da solução saturada

A massa de cristais para uma dada massa de carga inicial de concent5ração conhecida

A espécie de cristais precipitados

A resolução destes problemas exige apenas um abalanço de massa.

Problemas de cristalização que envolvem balanços de energia há:

Existência de vaporização

Temperatura final de um cristalizador adiabático desconhecida

Nestes problema é preciso dispor, além de dados de solubilidade, dados de entalpia. O

diagrama de entalpia-composição do sistema Na2SO4 – H2O está apresentado na Figura 19.28

(Foust), enquanto o diagrama do CaCl2 – H2O está na Figura 19.29 (Foust).

A maioria dos dados usados nestes diagramas aplicam-se a pressão de 1 atm. Há também as

curvas de equilíbrio V-L saturado a 0,5 atm e a 0,2 atm.

Uso do diagrama

Dentro de cada região bifásica, as massas relativas são calculadas pelo conhecida regra da

alavanca. O sistema CaCl2 – H2O tem 4 hidratos e um ponto eutético b. Os pontos c, d, e e f

representam pontos da transição de um hidrato em equilíbrio com a solução para um outro

hidrato.

Exemplo

O curso de um processo no qual uma mistura de CaCl2·6H2O e CaCl2·4H2O, com uma

composição global de 60 % de CaCl2 e 40 % de água, é aquecida sob pressão total de 1 atm.

Em temperaturas baixas, o sistema é constituído por uma mistura de CaCl2·6H2O e

CaCl2·4H2O. O uso do princípio da regra da alavanca mostra que a mistura contém cerca de

90% ponderais de CaCl2·4H2O. À medida que a mistura é aquecida, não ocorre qualquer

modificação de fase até que a temperatura atinja 86 oF. Neste ponto principia a se formar a

solução representada pelo ponto c. Esta formação ocorre, fundamentalmente, pela dissolução

da fase CaCl2·6H2O que forma a solução saturada e deixa parte residual de CaCl2·4H2O. À

medida que o aquecimento continua, a temperatura permanece constante, em 86 oF, porém o

Page 11: Cristalização

11

CaCl2·6H2O continua a se dissolver até que apenas o CaCl2·4H2O e a solução sejam restantes

no sistema. Durante este período, a composição e a entalpia da solução são representados

continuamente pelo ponto c. A partir deste ponto, a continuação do aquecimento provoca a

elevação da temperatura, até que ela atinja 113 oF. Paralelamente, parte do CaCl2·4H2O se

dissolve e forma a solução saturada; a concentração da solução e a entalpia seguem a linha c

d. Com a continuação do fornecimento de calor a 113 oF, ocorre a dissolução do CaCl2·4H2O

e uma cristalização sob a forma de CaCl2·2H2O, ficando a solução no estado do ponto d. O

processo prossegue até que não exista mais o CaCl2·4H2O no sistema. A continuação do

fornecimento de calor eleva a temperatura do sistema, dissolve o CaCl2·2H2O e forma uma

solução mais concentrada, até 190 oF, quando todo o CaCl2·2H2O se dissolve e deixa no

sistema apenas uma fase líquida. A partir deste ponto a temperatura se eleva sem modificação

de fase até que, em 290 oF, principia a ebulição. Deste ponto em diante, o fornecimento

adicional de calor eleva a temperatura, aumenta a proporção de fase vapor presente no sistema

e aumenta a concentração da fase líquida em ebulição.

EXEMPLO (19.4)

Balanços de massa e de energia nos cristalizadores.

EXEMPLO (19.5)

9. Teoria da cristalização

9.1 Teorias de nucleação

Quando a cristalização ocorre em uma mistura homogênea, uma nova fase sólida é criada.

Apesar de muitas pesquisas terem sido desenvolvidas, as diferenças entre a performance

prevista e a que de fato ocorre em cristalizadores comerciais ainda estão muito distantes.

O processo global de cristalização a partir de uma solução supersaturada consiste dos passos

básicos de formação de núcleos ou nucleação e de crescimento de cristais. Se a solução estiver

livre de partículas sólidas, então a formação do núcleo deve ocorrer antes do crescimento de

cristais começar. Novo núcleo pode continuar a formar enquanto o núcleo presente está

crescendo. A força diretriz para o passo de nucleação e o passo de crescimento é a

supersaturação, não ocorrendo em solução saturada ou subsaturada.

O grau de supersaturação depende de:

1. Número e da forma dos cristais sobre os quais ocorre a precipitação

2. Nível de temperatura

3. Concentração da solução

4. Grau da agitação

Mecanismo de nucleação

O processo inicia pela associação de moléculas do soluto, provocada pelo movimento caótico

normal das moléculas. Pode ocorrer:

A dissociação do aglomerado pela ação da atividade molecular

A adição de moléculas ao aglomerado, que principia a assumir o espaçamento regular

das moléculas e a formar uma nova fase.

Page 12: Cristalização

12

Neste ponto o aglomerado é denominado “embrião”, que normalmente tem uma existência

curta, e redissolve-se com facilidade devido o gradiente de concentração favorecer a

transferência de massa do embrião para a solução. À medida que a supersaturação aumenta, a

adição de maior número de moléculas ao embrião torna-se mais provável, o embrião cresce e

se estabiliza, formando um “núcleo” do cristal. Uma vez que o núcleo de um cristal esteja

bem formado, a sua tendência é crescer.

Nucleação primária é um resultado de rápidas flutuações locais na escala molecular em uma

fase homogênea. Partículas ou moléculas de soluto iniciam-se juntas e formam aglomerados.

Mais moléculas de soluto vão sendo adicionadas a um ou mais aglomerados, assim eles

crescem, enquanto que outros podem quebrar e reverter a moléculas individuais. O

crescimento de aglomerados tornam-se cristais e continuam a absorver moléculas de soluto a

partir da solução.

Este tipo de nucleação é também chamada de nucleação homogênea. Quanto maior o cristal

menor sua solubilidade. Os dados de solubilidade comuns aplicam-se a cristais grandes.

Consequentemente, em uma solução supersaturada um cristal pequeno pode estar em

equilíbrio. Se um cristal grande está também presente, um cristal maior crescerá e o menor se

dissolverá. Este efeito de tamanho de partícula é um fator importante na nucleação.

Uma explicação qualitativa recente de cristalização, apresentada por Miers, tenta explicar a

formação de núcleos e cristais em uma solução. Esta teoria é mostrada na figura a seguir, onde

alinha AB é a curva de solubilidade normal. Se uma amostra de solução no ponto a é

resfriada, ela primeiramente cruza a curva de solubilidade. A amostra não cristalizará até que

ela esteja superesfriada a um ponto b, onde a cristalização começa. A concentração cai para o

ponto c se nenhum resfriamento for dado. A curva CD, chamada de curva de

supersolubilidade, representa o limite no qual a formação de núcleos começa

espontaneamente e, consequentemente, onde a cristalização pode começar. Qualquer cristal na

região metaestável crescerá. O valor da explanação de Miers é que ela aponta que quanto

maior o grau de supersaturação, maior a chance de mais formação de núcleos.

Explanação qualitativa de Miers de cristalização

A nucleação secundária ou de contato, que é o mais efetivo método de nucleação, ocorre

quando os cristais colidem entre si,, com o impelidor na mistura ou com as paredes do

recipiente. Este tipo de nucleação é afetado pela intensidade de agitação, ocorrendo a baixa

supersaturação, onde a taxa de crescimento de cristais está ao ótimo para bons cristais. Os

Page 13: Cristalização

13

mecanismos precisos de nucleação de contato não são conhecidos e uma teoria completa não

está disponível para predizer estas taxas.

A nucleação heterogênea é a nucleação sobre partículas insolúveis muito pequenas, sendo a

precipitação sobre a superfície de um cristal. Na cristalização heterogênea, material estranho

constitui um sítio para a nucleação e o crescimento do cristal.

A nucleação secundária explica a maior parte da formação de sólidos e ocorre:

pela formação de novos núcleos nas superfícies e arestas de “sementes” de cristal

presentes no magma;

pela formação de núcleos em áreas de baixo teor de energia,m nas vizinhanças das

superfícies dos cristais ou das superfícies do cristalizador.

7.2. Taxa de crescimento de cristal e lei do L

A taxa de crescimento de uma face de cristal é a distância movimentada por unidade de tempo

em uma direção que seja perpendicular à face. O crescimento do cristal é um processo camada

por camada e ocorre somente na face externa do cristal, o material soluto sendo transportado

para aquela face a partir da solução global. As moléculas de soluto atingem a face por difusão

através da fase líquida. O coeficiente de transferência de massa usual ky é aplicado neste caso.

O processo global consiste de duas resistências em série. A solução deve ser supersaturada

para que os passos interfacial e de difusão ocorram.

A equação para a transferência de massa do soluto A a partir da solução global de

concentração supersaturada yA, fração molar de A, para a superfície onde a concentração é yA’,

é

)'( AAy

i

Ayyk

A

N

em que ky é o coeficiente de transferência de massa em kg mol/s.m2.mol,

AN é a taxa em kg mol A/s e

Ai é a área em m2 de superfície i.

Admitindo que a taxa de reação na superfície do cristal é também dependente da diferença de

concentração,

N

Ak y y

A

is A Ae ( ' )

em que ks é o coeficiente de reação de superfície em kg mol/s m2 mol e

yAe é a concentração de saturação.

Combinando as duas últimas equações, chega-se a:

N

A

y y

k k

K y yA

i

A Ae

y s

A Ae

1 1( )

em que K é o coeficiente de transferência global.

Page 14: Cristalização

14

O coeficiente de transferência de massa ky pode ser previsto por métodos para coeficientes de

transferência de massa convectiva, sendo necessário: correlação para transferência de massa

através de leitos fixos e fluidizados, velocidade de sedimentação terminal de partículas e o

número de Schmidt da solução saturada.

Quando o coeficiente de transferência de massa ky é muito grande, a reação de superfície é a

controladora e 1/ky é desprezada. Quando o coeficiente de transferência de massa é muito

pequeno, a resistência difusional é a controladora. Coeficientes de reação de superfície e

coeficientes de transferência global têm sido medidos e publicados. Muitas das informações

na literatura não são diretamente aplicáveis porque as condições de medida diferem

enormemente daquelas em um cristalizador comercial. As velocidades e o nível de

supersaturação em um sistema são difíceis para determinar e variam com a posição do magma

circulante no cristalizador.

Todos os cristais que são geometricamente semelhantes e do mesmo material na mesma

solução cresce à mesma taxa. O crescimento é medido como o aumento no tamanho L, em

mm, na dimensão linear de um cristal. Este crescimento no tamanho é para distâncias

correspondendo geometricamente em todos cristais. Este aumento é independente do tamanho

inicial dos cristais iniciais, providenciado que todos os cristais estão sujeitos às mesmas

condições ambientais. Esta lei é conseqüência da última equação, onde o coeficiente de

transferência global é o mesmo para cada face de todos cristais.

Matematicamente, isto pode ser escrito

L

tG

em que t é o tempo em h e

G é a taxa de crescimento, constante, em mm/h.

Portanto, se D1 é a dimensão linear de um dado cristal no tempo t1 e D2 no tempo t2, então:

L = D2- D1 = G (t2 - t1)

O crescimento total (D2 - D1) ou L é o mesmo para todos os cristais.

A lei do L falha no caso onde foi dado aos cristais qualquer tratamento diferente baseado no

tamanho. Ela, de toda maneira, não é aplicável em todos os casos, possuindo exatidão

razoável em muitas situações, particularmente quando os cristais estão abaixo de 50 mesh em

tamanho.

O crescimento dos cristais é um processo tão complicado quanto a nucleação. A teoria mais

provável imagina que ele ocorra como deslocamentos sobre a superfície. O deslocamento é

autossustentável e o cristal cresce numa sequência provocada pelas forças superficiais.

Analisa-se o crescimento do cristal usando a equação clássica da cinética, a teoria de duas

películas, estabelecendo-se equações separadas:

Para difusão do soluto desde a fronteira da camada laminar até a face do cristal

Para a transferência turbulenta do soluto desde o seio da solução até a interface

laminar.

Page 15: Cristalização

15

Partindo-se da expressão baseada na hipótese de os mecanismos de transferência de massa e

de momento serem idênticos, escrito como

D

E

D

E

N

N

4D4

As equações podem ser expressas numa única relação, aplicável desde a fronteira sólida te o

seio da fase líquida.

x

ccADEMN

N

asNAA

4

em que

NA – soluto depositado, em lb-mol/unidade de tempo

MA – massa molecular do soluto

NE - média integrada da difusidade por turbulência, aplicável a todo o percurso da

transferência, em ft2/h

D – coeficiente de difusão, em ft2/h

cs, ca – concentração do soluto na superfície sólida e no seio da solução da fase fluida, em

lb/ft3

A – área das superfícies dos cristais, em ft2

x – extensão linear coberta na transferência, em ft

γN – razão de gradientes de concentração

01

1

Γ- concentração volumar da propriedade transferível

1 – parede)

0 – centro

Coeficiente de transferência de massa na fase líquida:

x

DEk

N

NL

4

Coeficiente global de transferência:

SL

L

kk

K11

1

Não há transferência através da fase sólida, embora exista resistência à incorporação de novas

moléculas à superfície sólida (ks).

)( asLAA ccAKMN

Tomando-se A como a área de um só cristal, obtém-se:

Page 16: Cristalização

16

)( asLAA ccAKd

dmMN

m – massa de um cristal, em lb

θ - tempo, em h

É freqüente não haver modificação da forma do cristal durante o crescimento, assim:

ϕALρ = m

ϕ – fator de forma

L – dimensão característica do cristal

Para um cubo: ϕ = 1/6

6

ALm

26LA

3

2

6

6L

LLm

A Eq. (6) torna-se:

)( asL cc

K

d

dL

que afirma que a taxa do crescimento linear do cristal é independente doas dimensões do

cristal e é uma expressão da lei ΔL de McCabe.

Taxa de crescimento volumar 3'LV

dV = 3 ϕ L2 dL

' - fator de forma diferente de

A Eq. (9) expressa em termos do aumento de volume, dá:

)(3 2'

asL cc

KL

d

dV

Vale salientar:

1) Em muitos sistemas cristalizantes a taxa de crescimento é uma função das dimensões

do cristal

2) Em valores elevados de supersaturação a taxa de crescimento é constante e não varia

diretamente com o nível de supersaturação.

Aparentemente em supersaturações a velocidade de crescimento está limitada pela cinética da

nucleação superficial e não pela difusão.

Geralmente a cristalização ocorre em supersaturação muito baixa, de modo que a nucleação é

lenta. Neste caso pode-se supor que a nucleação não ocorre (número de cristais constante) e

estimar a Distribuição granulométrica dos Cristais (DGC) final péla lei ΔL de McCabe,

conhecendo-se a DGC inicial. Opera-se o cristalizador objetivando maximizar a velocidade de

Page 17: Cristalização

17

crescimento dos cristais e restringir a nucleação produzindo-se assim cristais de grande porte,

fáceis de filtrar, ouros e mais desejáveis no mercado.

Em alguns casos, o cristalizador é “semeado” com cristais finos e sobre eles pode ocorrer o

crescimento. Neste caso o cálculo da DGC pelo método acima dá apenas uma estimativa

muito grosseira da distribuição real. A nucleação não é impedida completamente,

frequentemente, ocorre também um processo de classificação no cristalizador, aumentando o

tempo de retenção dos pequenos cristais. Agitação violenta fragmenta os cristais grandes.

Inversamente, os cristais pequenos são mais solúveis que os grandes (energia superficial).

Assim os cristais grandes podem crescer às custas dos pequenos.

7.3. Distribuição de tamanho de partícula de cristais

Um fator importante no projeto de equipamento de cristalização está na distribuição de

tamanho de partícula esperada dos cristais obtidos. Normalmente os cristais secos são

peneirados em analisador providos de peneiras padrão Tyler.

Dados para partículas de uréia obtidas em um cristalizador típico são mostrados na figura a

seguir.

Distribuição de tamanho de partícula típica de um cristalizador

Um parâmetro comum usado para caracterizar a distribuição de tamanho é o coeficiente de

variação, CV. como uma porcentagem

CVPD PD

PD

100

216% 84%

50%

em que PD16% é o diâmetro de partícula a 16 por cento retido.

Conhecendo-se o coeficiente de variação e o diâmetro de partícula médio, obtém-se uma

descrição da distribuição de tamanho de partícula, se a linha é aproximadamente reta entre 90

e 10%. Para um produto removido de um cristalizador mistura-suspensão, o valor de C.V. é

em torno de 50%. Em um sistema mistura-suspensão, o cristalizador está em estado

permanente e contém uma suspensão bem misturada, com nenhum produto e nenhum sólido

entrando com a alimentação.

Page 18: Cristalização

18

7.4. Modelos para cristalizadores

Para analisar dados de um cristalizador mistura-suspensão é necessária uma teoria global

combinando os efeitos de taxa de nucleação, taxa de crescimento, balanço de calor e balanço

de material. As equações de Randolph e Larson são complicadas mas permitem a

determinação de alguns fatores fundamentais de taxa de crescimento e taxa de nucleação a

partir de dados experimentais.

Primeiramente obtém-se uma amostra de produto cristal de um cristalizador e realiza-se uma

análise de peneiras. Necessita-se também da densidade da lama e o tempo de retenção no

cristalizador. Convertendo a análise de tamanho para uma densidade de população de cristais

de vários tamanhos e plotando os dados, a taxa e nucleação e a taxa de crescimento, em mm/h,

podem ser obtidas para as condições atuais testadas no cristalizador. Então experimentos

podem ser conduzidos para determinar os efeitos de operação nas taxas de crescimento e de

nucleação.

BIBLIOGRAFIA:

FOUST, A. S.; Wenzel, L. A.; CLUMP, C. W.; MAUS, L.; ANDERSON, L. B. Princípios das Operações Unitárias, 2ª ed., Guanabara Dois, Rio de Janeiro, 1982.

GEANKOPLIS, C. J., Transport Processes and Unit Operations, 3rd. ed., Prentice-Hall

International Editions, London, 1993.