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Croniqueiros Croniqueiros Editorial Nós, Arthur Lopes e Vítor Marques , escrevemos crônicas durante o 3º período do colégio com temas como: esporte, adolescência e fatos do cotidiano. Além disso, apresentamos crônicas de grandes cronistas como: Martha Medeiros, Nelson Rodrigues, Roberto Pompeu de Toledo e outros. 3 4 5 COLE O SELO AQUI

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Croniqueiros

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Editorial

A crônica é um gênero que tem relação com a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidiano em linguagem literária, conotativa. A origem da palavra crônica é grega, vem de chronos (tempo), é por isso que uma das características desse tipo de texto é o caráter contemporâneo. Através do confronto do texto literário com textos

teóricos, o trabalho verifica a atualidade de temas como:

poder dos meios de comunicação, corrupção das pessoas e

os bastidores da política, bem como revela os detalhes que

transformam personagens e espaços reais em ficcionais,

aprisionando a atenção do leitor.

Nesta coletânea apresentaremos crônicas feitas por

nós em sala de aula durante o 3º período da 1º Série do

Ensino Médio. Crônicas de diferentes tipos como crônicas

de jornal e revista que vemos em nosso dia a dia, serão

apresentadas.

Ao fazermos as crônicas ao longo do ano , observamos

o quanto é presente as crônicas no nosso dia a dia ,

observamos que ela é muito importante para usos de

reflexão e

contar fatos que ocorrem diariamente .Esse trabalho nos

ajudou a melhorar principalmente essas qualidades de

relatar fatos e refletir.

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Nós, Arthur Lopes e Vítor Marques , escrevemos crônicas

durante o 3º período do colégio com temas como: esporte,

adolescência e fatos do cotidiano. Além disso,

apresentamos crônicas de grandes cronistas como: Martha

Medeiros, Nelson Rodrigues, Roberto Pompeu de Toledo e

outros.

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VOLTA AO MUNDO REAL

Sempre percebi que algo me observava. Desde o momento em que acordava até a hora de dormir. Sempre suspeitei que algo acontecia. Tudo na minha vida sempre dava certo e tudo o que acontecia era pu-ramente mentira. Até a morte do meu pai, minha maior tristeza até então, não era verdade. Até a semana passada nunca tinha reparado em nada. Tudo que acontecia, seja o quanto era estranho, pra mim era normal, até porque ninguém imaginaria algo parecido. Foi no domingo de manha que percebi que tinha algo de errado. Foi a primeira vez que percebi que tudo o que me acontecia era contínuo. Todos os dias antes de trabalhar, as mesmas coisas aconteci-am. Eu encontrava os atores que interpretavam os vizinho, via o fusca passar pela minha rua e também via o jovem que andava de bicicleta. Sempre encontrei as mesmas pessoas indo ao trabalho. Já no trabalho, nada de novo ocorria. O que mais me perturbava era que eu não con-seguia viajar de avião para nenhum lugar. Mas o diretor era muito es-perto. Mesmo tendo qualquer intruso no programa, se era resolvido de alguma maneira.

Aquela dúvida ficava na minha mente inconfortavelmente e ning-uém poderia saber sobre o que pensava. Decidi então fugir através do mar. Aquela imagem do diretor que veio ao céu tentando me con-vencer me deixava mais abalado ainda com a situação e mais ódio eu tinha. Um homem que se aproveitou de apenas uma criança para criar um programa de televisão e ficar famoso. Ignorei o que ele falou, segui em frente até o fim do cenário. Subi as escadas, abri a porta, olhei para trás e vi tudo aquilo que acreditei por mais de 30 anos ir por água baixo. Virei-me para a porta e fui viver o mundo que nunca tinha imagi-nado que seria o mundo real.

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Uma viajem para o outro mundo

Câmeras. Estavam em todos os lugares vem que eu passava , no banheiro ,

no carro no trabalho ,simplesmente em qualquer lugar que se possa imaginar .

Comecei a desconfiar , depois que a minha esposa ,(que realmente , nunca foi)

começou a fazer um tipo de comercial para um buraco na cozinha , não podia ser

outra coisa estavam me espionando .

Então foi no domingo do ano passado que eu descobri que morava em um

mega estúdio .Quase morrendo eu fugi , e durante muito tempo eu pensei comigo

mesmo , perdi 25 anos da minha vida não vivendo , mas atuando sem saber.

Porque alguém faria isso comigo , so por dinheiro , por fama , e gloria , minha vida

vale mais do que isso não sou um animal de estimação , sou um ser humano ,

tenho os meus direitos ,tenho a minha vida.

Tantos sorrisos ,risadas, choros, amigos , amores , abraços tudo falso ,tudo

atuado . A vida não é uma novela , ou filme , ter vida é ser livre de ninguém . Mas

durante esses meus 26 anos que tenho , ainda não sei direito o que isso , porque

eu acabei de entrar no mundo

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Um dia de Verão

Estava um incrível verão inglês naquele dia. Me perguntava porque ter

um dia tão lindo como aquele, se não fosse aproveitá-lo? Então saí do

quarto onde morava em uma casa com mais de 50 jovens da minha idade.

Estava completamente atrasado naquele dia, pois na via nenhuma

movimentação na casa. Meus amigos brasileiros já tinham saído de seus

respectivos quartos.

Era meu aniversário, o qual ninguém lembrara até então. Fui a pé à

escola onde estudava, porque conhecíamos um atalho. Era 7 horas da

manhã de uma sexta-feira e enquanto andava pela rua, sentia uma leve

movimentação perto de mim, o que era estranho porque era a única

pessoa que caminhava ali já que Bradfield possui apenas cinco mil

habitantes.

No momento em que ia cruzar a rua, um bando de meninos agarrou-

me, e eu, sem ver nada por causa da bandana que amarravam sobre meus

olhos no início do golpe. O plano havia sido muito bem executado. Não se

ouvia nada, apenas o barulho da chuva típica de verão inglês que começara

a precipitar.

Chegamos até um lugar não muito longe do local do golpe. Assim que

todos pararam de andar, fui solto. Retirei rapidamente a bandana para ver

o que acontecia. Estava tudo completamente escuro. Eu perguntava em

inglês o que acontecia, mas tudo o que ouvia eram risos. Até que uma voz

familiar chamou-me pelo nome. Minha reação foi de alívio. Perguntei com

quem falava e perguntei o que estava acontecendo. A voz apenas

perguntou se era mesmo meu aniversário naquele dia. Assustado apenas

confirmei o que ele dizia.

Enfim, as luzes se acenderam e reencontrei todos os meus amigos.

Todos estavam presentes para celebrar aquele dia que jamais esquecerei.

Tudo o que havia acontecido era um plano. Meu primeiro aniversário longe

de casa, sem dúvida, me deu motivos o suficiente para aquele dia lindo

que apenas começava.

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Sol de inverno

Era um dia de inverso , mas não era um dia frio , estava

quente, com aquele sol avermelhado e irradiante. Pessoas de

todas as idades, tamanhos e cores andavam pela praia ou pela

calçada, a maioria delas de classe média , que pareciam um

tanto estressados, poucos, dentre eles faziam aquela parada

para se desligar do cotidiano ,esquecer dos problemas, das

tristezas, de qualquer coisa que as incomoda.

Em um dia lindo como esse, não teria igual a esse, nunca

mais . Uma mistura de quente e frio ,vermelho e azul , uma

mistura de opostos. Como estava o ambiente da praia ,entre

pobres , e ricos . Sempre separados , sem qualquer

consideração um pelo outro .

Mas, quem disse que dinheiro é a felicidade do homem ?

Aquele sorriso feliz e verdadeiro das crianças e dos pais pobres

que se divertiam com um balde de plástico , me chamava

muita atenção mostrava para mim que o amor entre a família e

amigos vale mais que dinheiro

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O Soberano Nasci em Niterói, Rio de janeiro em julho de 1996. Me mudei para São Paulo logo quando tinha apenas um ano de idade. Como uma família típica carioca, minha família era dividida entre três grandes times do Rio: Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama. A tendência, sem dúvida, era de que eu me tornasse vascaíno como meu pai, meu irmão e meu avô. Mas de fato, não era o que eu queria. A escolha do meu time do coração surgiu na época em que o próprio Vasco da Gama era o grande campeão na época. Tenho que admitir que, se eu morasse no Rio de Janeiro até hoje, torceria para o "Gigante da Colina", porém meu pai resolveu me levar ao Morumbi, assistir um jogo do Tricolor. A partir disso, não teve volta . Fomos no jogo do São Paulo contra o Vasco pelo campeonato Rio - São Paulo em 2001. A torcida tinha lotado o estádio naquela tarde de Sol. A torcida do Vasco, mal se conseguia ouvir. O hoje chamado de Soberano goleou o time cruzmaltino. Aquele jogo, aquela torcida, a raça que os jogadores tinham dentro de campo me emocionaram. Até então, não revelei nada a minha família. Quando cheguei em minha nova escola, mais da metade dos alunos eram sãopaulinos. Alguns eram corinthianos e outros poucos eram palmeirenses. Após tanta influencia dos amigos, tornei-me fã desse time de tantos títulos e glórias. Hoje, digo que sou torcedor com muito orgulho desse grande time que não pode ser comparado com nenhum outro.

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Aqui é Corinthians É amanhã. Foi ontem. É hoje. Será sempre. O Corinthians não precisa de data para celebrar. Só precisa de Corinthians. Pode parecer mesquinho para os outros, onanista, até. Mas isso é Corinthians para quem de fato importa – o corintiano. Basta existir. O fiel não precisa de jogo, de estádio, de adversário, de futebol, de campeonato, de gol, de vitória, de título. Não é um bando de loucos. É um corintiano. Definição precisa e perfeita. Completa e complexa. Mas simples como um torcedor que ama o time como ama a família. Se não torce de fato mais pelos 11 que jogam por todos que pelos entes queridos. Afinal, é tudo doente. É tudo Timão. Não por acaso é nação dentro deste continente. Tem regras complicadas, tem razões malucas, tem paixões regradas. Tem de tudo e tem para todos no Parque São Jorge. Na casa por usucampeão Pacaembu. No Morumbi tantas vezes palco das festas. No Maracanã campeão mundial em 2000. Nas tantas praças brasileiras que viraram casas corintianas em títulos e troféus. Até mesmo nas dores que não murcharam amores. Até mesmo nas vergonhas nos gramados e nos sem-vergonhas das tribunas e tribunais, o Corinthians sempre soube ganhar como raros, e até soube perder como poucos. Mesmo perdendo a cabeça e perdendo o juízo. Mas jamais perdendo o coração.

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Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.

O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade . E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro . Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos . Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.

O medo do amor

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O mulherão Peça para um homem descrever um mulherão.Ele imediatamente vai falar do tamanho dos seios,na medida da cintura,no volume dos lábios,nas pernas,bumbum e cor dos olhos.Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira,1,80m,siliconada,sorriso colgate.Mulherões,dentro deste conceito,não existem muitas:Vera Fischer,Leticia Spiller,Malu Mader,Adriane Galisteu,Lumas e Brunas.Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma a cada esquina. Mulherão é aquela que pega dois ônibus por dia para ir ao trabalho e mais dois para voltar,e quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matricula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de 100 Reais. Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta, e uma família todos os dias da semana.Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta,que malha,que usa salto alto, meia-calça,ajeita o cabelo e se perfuma,mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.Mulherão é quem leva os filhos na escola,busca os filhos na escola,leva os filhos para a natação,busca os filhos na natação,leva os filhos para a cama,conta histórias,dá um beijo e apaga a luz.Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, e que de manhã bem cedo já está de pé, esquentando o leite. Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo,é quem faz serviços voluntários,é quem colhe uva,é quem opera pacientes,é quem lava roupa pra fora,é quem bota a mesa,cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão.Mulherão é quem cria filhos sozinha, quem dá expediente de oito horas e enfrenta menopausa,TPM,menstruação.Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos,fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios.Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio pra azia. LUMAS,BRUNAS,CARLAS,LUANAS E SHEILAS:Mulheres nota dez no quisito lindas de morrer, mas MULHERÃO É QUEM MATA UM LEÃO POR DIA

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Uma Raridade

Depois do jogo América x Santos, seria uma crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de “o Domingos da Guia do ataque”. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: — dezessete anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de quarenta, custo a crer que alguém possa ter dezessete anos, jamais. Pois bem: — verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racionalmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — Ponham-no em qualquer rancho e sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.

O que nós chamamos de realeza é, acima de todo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: — “Quem é o maior meia do mundo?”. Ele respondeu, com a ênfase das certeza eternas: — “Eu”. Insistiram: — “Qual é o maior ponta do mundo?”. E Pelé: — “Eu”. Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção, que ninguém reage e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.

Vejam o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompéia. Sozinho, liquidou a partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano doente estrebuchava: — “Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!”. De certa feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para frente e o caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe ao encalço, ferozmente, o terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: — sem passar a ninguém e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa rubra. Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: — a defesa estava indefesa. E, então, livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompéia e encaçapou de maneira genial e inapelável.

Ora, para fazer um gol assim não basta apenas o simples e puro futebol. É preciso algo mais, ou seja, essa plenitude de confiança, certeza, de otimismo, que faz de Pelé o craque imbatível. Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha. Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível em qualquer escrete. Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e mesmo insolente que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas-de-pau.

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O BANDEIRINHA ARTILHEIRO Antigamente, o bandeirinha era um superfósforo apagado. Funcionava como uma espécie de gandula lateral. E era patético, era comovente, vê-lo correr atrás de uma bola e devolvê-la. Esse marmanjo, esse barbado tinha uma grandeza na humildade de suas funções. Com o profissionalismo, o bandeirinha passou a ter uma súbita importância. Na pior das hipóteses, era um gandula remunerado. Continuava correndo atrás da bola, mas estava ganhando 25 mil-réis por jogo. Passa-se o tempo e, de uma maneira insidiosa, macia, o bandeirinha deixou de ser aquele são Francisco de alpercatas. Tinha voz ativa. Já não era recrutado entre os pés-rapados, os borra-botas do esporte. Vejamos: quem é o bandeirinha em nossos dias? Juízes de primeira categoria e, numa palavra, sujeitos qualificados, que entendem de futebol, de regra, que dão palpites a torto e a direito. Mas nunca, em toda a história do futebol carioca, brasileiro e mundial, houve um caso como o do Fla-Flu de anteontem. Amigos, o cronista esportivo é o cidadão mais convencional do mundo. Quando um time vence outro, o cronista repete, textualmente, o que vem dizendo desde a Guerra do Paraguai: "Vitória merecida". Nunca lhe ocorreou a hipótese, ainda que tênue, ainda que vaga, de uma vitória imerecida. Não. E mesmo quando o derrotado apresenta muito mais jogo e foi traído por um golpe de azar, o comentarista de futebol fala na "maior objetividade do vencedor". Ainda agora, no último Fla-Flu, o jornalista especializado finge não perceber a superioridade tão nítida do Tricolor. Por que venceu o Flamengo e por que perdeu o Fluminense? Para a imprensa, o Rubro-negro foi mais objetivo e dominou no segundo tempo. É, como se vê, a imagem desfigurada do clássico. Até uma zebra no Jardim Zoológico perceberia a influência capital que teve, no resultado, um dos bandeirinhas. Mas a crônica não toma conhecimento deste fato sem precedentes ou, melhor, não atribui a este fato inédito uma importância fundamental. Amigos, pela primeira vez, em toda a minha experiência futebolística e, mais do que isso, em toda a minha experiência terrena, eu vejo um bandeirinha artilheiro! Pois foi o que aconteceu no Fla-Flu. Um bandeirinha decidiu o jogo e com que tranqüila e arrepiante desenvoltura! Segundo o meu colega Nei Bianchi, o simpático auxiliar de juiz tem o apelido de "Caixa Econômica". Ele é "Caixa Econômica", como poderia ser "Banco de Crédito Real de Minas Gerais", "Banco Boavista S.A.", "Prolar". Muita gente não foi ao campo e não pode formar uma idéia, mesmo aproximada, do que aconteceu. O fato é que, em dado momento, a bola chega ao bandeirinha e do bandeirinha parte para um jogador do Flamengo. O gol resultou, só e só, dessa intervenção que eu chamaria de sobrenatural. Toda a imprensa, com uma erudição marota, diz que, como o juiz, o bandeirinha é ponto morto. Ora, meus amigos, o senso comum é o que há de mais incomum. Porque se o árbitro da peleja possuísse um pingo de senso comum, teria achado o fato estranhíssimo. Das duas, uma: ou o bandeirinha estava fora do campo e a bola saiu, ou estava dentro do campo e, nesse caso, vamos perguntar: Por quê, senhores, Por quê? Amigos, vamos falar de coração para coração, de consciência para consciência. Os jornais passam por alto sobre o episódio, citam o bandeirinha como um detalhe. Não entra na cabeça dos meus confrades que o bandeirinha não está ali para passear dentro do campo. O juiz é ponto morto porque está obrigado, funcionalmente, a permanecer no coração mesmo do jogo. Mas o bandeirinha que, sem quê, nem para quê, entra em campo e serve de tabela, está praticando uma óbvia, uma clara, uma escandalosa ilegalidade. Escrevem os meus confrades que a lei não menciona a hipótese. E daí? Não menciona, porque a coisa é evidente por si mesma.Na ocasião, o Flamengo estava vencendo por 1x0, graças a um tiro de Henrique, desferido com incrível felicidade. Mas o Fluminense, muito bem armado, seguro de si e do jogo, perseguia o empate. E, súbito, vem o magistralíssimo passe do bandeirinha, passe tão exato, preciso, perfeito, que faria Didi, ou Zizinho, ou Domingos da Guia estourar de inveja. Enfim, uma coisa é certa: se as coisas continuam assim, hei de ver, em futuro próximo, bandeirinhas cobrarem pênaltis e correrem, com Pelé, no páreo dos artilheiros.

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Sou adolescente, e daí?!

Que saudades da adolescência, a época em que as

espinhas formam um campo minado, as que os pelos não

param de crescer e aparecer, e que você vê as fotos de quando

era uma criança, e se lembra de como era inocente e ingênuo.

A voz começa o tempo inteiro a desafinar, as camisetas

começam a voltar todas suadas, “mãe, tô sem tênis”, a raiva

que você tem, que desconta em seus familiares. Tudo começa a

crescer, é sério, tudo mesmo, você não tem sorte com as

meninas, porque suas espinhas as assustam. Aquele sono do

inferno que deixa sempre a cama mais confortável de manhâ

antes de ir para a escola. Escola, odeio, é muito chata, para quê

vou isso em minha vida.

Os hormônios ao máximo não fazem você parar de

crescer ombros, altura, pés, perna, peitoral e barriga que claro,

tem que ser “tanquinho”., se não, as meninas nem dão bola.

Meninas, as quantas vezes que você se apaixona por elas, não

dá nem para contar. Mas quando você não se controlar e rolar

algo... “voila”, uma gravidez. Os amigos nessa época, parecem

ser mais importantes que os pais, que são chatos, porque não

te deixam sair. E odeio o mundo, odeio minha família, odeio

tudo. Como era bom ser adolescente.

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Nome: Arthur Lopes Nº01

Vítor Marques Nº26

Classe: 2-1MA5

Disciplina: Produção de Texto

Professor: Erika Salgado