Upload
vukhue
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Coimbra, 2013João Lopes
2013139037
Cultura, Cidadania e
Desenvolvimento
Coimbra, 2013
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Cultura, Cidadania e
Desenvolvimento
Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de
Fontes de Informação Sociológica
Docentes: Paulo Peixoto e Paula Abreu
Ano letivo de: 2013-2014
Imagem de capa:
International Flags – free digital photos (freedigitalphotos.net);
imagem publicada por: dan (nome de utilizador);
acessível em: <http://www.freedigitalphotos.net/images/Nations_g175-
International_Flags_p8006.html>
João Lopes
2013139037
Coimbra, 2013
Índice
1. Introdução............................................................................................................1
2. Estado Das Artes..................................................................................................2
2.1. Cultura, uma noção geral..............................................................................2
2.2. A relação Cidadania-Cultura.........................................................................4
2.3. A mudança Social e o desenvolvimento.......................................................7
3. Descrição detalhada da pesquisa........................................................................10
4.Ficha de Leitura...................................................................................................11
5.Avaliação da Página da Internet..........................................................................16
6. Conclusão...........................................................................................................18
7. Referências Bibliográficas.................................................................................19
Anexo 1 – Página da web avaliada
Anexo 2 – Texto de suporte da Ficha de Leitura
1. Introdução
O trabalho que se segue foi realizado no âmbito da unidade curricular
"Fontes de Informação Sociológica", lecionada pelos docentes Paulo Peixoto e
Paula Abreu na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Aqui ir-se-á abordar o tema "Cidadania Cultural e Desenvolvimento",
sendo o escolhido por mim das três opções disponíveis para consulta na
página web da cadeira.
Justifico a escolha deste tema com base na minha consulta da
bibliografia sugerida para a realização da Ficha de Leitura, dado que a deste
tema me pareceu a mais atrativa. Também contei, naturalmente, com algum
interesse meu pelo mesmo.
É de notar antes de mais que os conceitos que este trabalho tenta
abordar são consideravelmente complexos e dificilmente desenvolvidos na
integra em apenas um projeto de final de semestre. Quero com isto dizer que
a informação que se segue irá abordar os conceitos de cultura, cidadania,
cidadania cultural, mudança social e desenvolvimento numa perspetiva
inevitavelmente genérica, mas também focada em alguns pontos
convergentes com matérias da disciplina da Sociologia. Será portanto este o
meu objetivo no desenvolvimento do trabalho – o de tentar explicar ao leitor
o essencial destes conceitos, mas também de revelar uma certa autonomia
critica e exploratória dos mesmos.
A página web que me proponho avaliar é a da página oficial do Jornal
“Público” à qual eu recorri para recolher uma noticia que fosse relevante para
ilustrar o meu raciocínio a um certo ponto do trabalho. O propósito da página
é de, evidentemente, elucidar o leitor, seja qual for o seu nível de instrução,
de recentes eventos tendo assim uma linguagem clara e acessível para
qualquer um.
1
2. Estado Das Artes
2.1. Cultura, uma noção geral
A cultura, sendo um conceito extremamente complexo, não tem, nem nunca teve,
uma única definição. Contudo, existem princípios básicos transversais à maioria das
definições que possibilitam a compreensão deste conceito. Edward Tylor (1871) em
Primitive culture define o conceito como um conjunto de elementos dos quais estão
incluídos conhecimentos, arte, crenças, leis, moral, usos e outras práticas e costumes
adotados pelos indivíduos pertencentes à cultura em consideração (Crespi, 1997).
Ainda que as definições bases sejam as mesmas, a cultura (também por definição)
não é única no universo humano. Como tal, existe uma multitude de culturas
diferentes entre as várias sociedades. Franco Crespi ilustra bem esta ideia quando na
sua obra, Manual de Sociologia da Cultura (1997), faz uma breve análise ao progresso
histórico da definição de cultura (desde o recente aparecimento do termo até à
modernidade) e das interações entre as mesmas no mundo. Temos também aqui, por
exemplo, a referência à obra de Jonathan Swift, As Viagens de Gulliver (1726), que
consiste numa fortíssima critica social à cultura e sociedade Inglesa da altura, usando as
culturas "selvagens" e "perdidas para além do horizonte" para estabelecer comparações
satíricas.
Será certo dizer que a cultura, enquanto característica base de uma sociedade,
trata-se daquilo que a distingue no universo humano. Isto é, a cultura de uma
sociedade trata-se da sua identidade, caracterizada por comportamentos, normas e
valores particulares da mesma. Estes estão enraizados numa série de fatores, sendo
estes geográficos, económicos, políticos, históricos e sociais.
Apesar da existência de uma cultura dominante e mais abrangente, a mesma
nunca é única numa sociedade, especialmente se esta for de grande dimensão.
Pode-se facilmente chegar a esta conclusão partindo do princípio que a cultura
tem um enormíssimo número de variantes; isto é, uma série de identidades
diferentes associadas a diferentes grupos sociais aos quais se poderá dar o
nome de Sub-culturas. Estas identidades paralelas à cultura dominante
partilham certos traços relativos às normas e valores adotados, que garantem
a sua coexistência pacífica. A situação em que as normas e valores de uma
sub-cultura não são compatíveis com a dominante pode-se traduzir numa
forma de desvio social, protagonizado pelos indivíduos pertencentes ao grupo
desviante. No fundo, o que define e separa as sub-culturas da cultura
2
dominante são as várias diferenças de normas e valores que existem entre as
mesmas. Na minha perspetiva, a situação generalizada de haver uma
existência alargada de sub-culturas poderá ser “delicada” socialmente, mas
em especial, politicamente. Muitas Sub-culturas num país pode significar uma
maior riqueza e diversidade cultural, que inclui uma mais ampla existência de
diferentes correntes artísticas, literárias ou até mesmo formas específicas de
pensar, benéficas para o mesmo. Contudo, a nível Político, a existência de
várias Sub-culturas pode-se traduzir não só numa grande dificuldade em gerir
as necessidades de cada grupo dentro da população (por haver demasiada
diversidade das mesmas), mas também numa série de problemas de gestão
dos estatutos de cidadania. Este tema é abordado no artigo de Toby Miller
(2011) sobre o qual eu realizei uma ficha de leitura, que também está contida
no trabalho.
Noto ainda que é bastante importante ter uma noção da sub-cultura
para se depois compreender a relação que existe entre cultura e cidadania,
que será abordada noutra altura deste trabalho.
3
2.2. A relação Cidadania-Cultura
A cidadania, por definição, trata-se da qualidade de cidadão – um
estatuto atribuído (ou adquirido, em certos casos) por um indivíduo numa
nação. Do mesmo estatuto social, a sociedade espera a reprodução de um
papel apropriado – o papel de cidadão, que se distingue através do exercício
de vários direitos e deveres.
Contudo, por motivos políticos e económicos, e apesar de ser possível
adquirir o estatuto de cidadão, tal ação não é desprovida de quaisquer
requisitos. Partindo do princípio que o país permite a aquisição do estatuto de
cidadão por vias não excecionais, estes requisitos existem frequentemente
sob forma de provas linguísticas e culturais mais, naturalmente, a ausência de
um registo criminoso do pretendente ao estatuto, entre outros elementos.
Dito em poucas palavras: a cidadania é uma forma de controlo social,
exercido pelo estado da nação que visa a gestão e a contabilização da
existência de todos os indivíduos que exercem quaisquer tipo de interações na
sociedade. Através deste tipo de controlo é possível ao estado, ou melhor, aos
seus governantes, saber quem sai e quem entra no país, bem como controlar
os movimentos migratórios com as políticas apropriadas. Contudo, existe um
problema no exercício deste tipo de controlo social, e esse parte da cultura.
Esta, como já referi, é um fator chave nas provas de aquisição do estatuto de
cidadão porque permite averiguar o potencial de integração na sociedade do
indivíduo que se submete às mesmas. Ora, quando a cultura de um país já é
de tal forma complexa, que compreende um vastíssimo número de sub-
culturas, torna-se difícil a restrição da mesma a uma única sub-cultura para
efeitos de identificação do país. Aqui, mais concretamente, o problema é o
seguinte: como aplicar um controle rigoroso à atribuição de cidadania aos
imigrantes quando a cultura do país já é tão complexa que abrange a cultura
original dos mesmos? Esta problemática é abordada no artigo de Toby Miller
(2011) quando o mesmo faz uma referência a um problema semelhante nos
Estados Unidos da América.
“Muitos liberais filosóficos defendem um idioma e uma nação
comuns como pré-requisitos para uma cidadania efetiva. Mas
as diferenças culturais colocam em dúvida o que uma “vida
devidamente ordenada” pode significar em nações divididas
por línguas, religiões e sentidos de identidade de populações
4
migrantes." (Miller, 2011)
A existência deste tipo de políticas de controle não é desprovida de
motivos políticos económicos e sociais, como já terei referido, contudo, não
creio que será por este caminho que se chegue ao desenvolvimento cultural e
social. A razão pela qual a imigração (mais particularmente a ilegal) é
considerada um problema terá a ver, em parte, com a dificuldade que os
imigrantes têm, enquanto minorias étnicas, de se adaptarem à cultura dos
países de destino. Essa dificuldade advém de um assunto que também já
referi: o choque de culturas. Este fenómeno poderá resultar potencialmente
em consequências nefastas para o país de destino, tais como aumentos na
criminalidade, na pobreza, etc... Esta noção é extremamente abreviada dada
a complexidade do assunto. Esta é também a razão pela qual o trabalho não a
vai explorar detalhadamente. Penso eu que um caminho alternativo seria
talvez, no lugar da proteção contra a imigração, se investir na integração
social e cultural destes grupos de modo a que se consiga atenuar o fenómeno
do choque de culturas e tirar alguns benefícios económicos. Isto tendo em
conta que as populações imigrantes são capital humano potencialmente
produtivo, independentemente de serem (i)legais ou não qualificados.
Ser-se cidadão implica também o exercício de vários deveres e
direitos. Isto é algo que lhes garante um peso enormíssimo na política e,
consequentemente, em todas as esferas associadas. Cecilia Peruzzo (2013),
na revista científica Brasileira Comunicação e Sociedade, define este conceito
breve e apropriadamente no seu artigo “Comunicação comunitária e educação
para a cidadania”.
"Em direito internacional, cidadania diz respeito a
nacionalidade: o direito de pertencer a uma nação. Para além
dessa noção, cidadania incorpora a garantia de se ter: a)
proteção legal -- na perspetiva da igualdade, como a de que
todos são iguais perante a lei; b) o direito de locomover-se --
ir de um lugar para o outro livremente; c) participação
política - votar e ser votado; interferir na vida política; d)
direito de expressão." (Peruzzo, 2013)
Naturalmente que, enquanto cidadãos portadores destes direitos e
deveres, a sua participação política se torna num fator de absoluta
importância para as fações governantes.
5
Afinal, são os cidadãos que votam e é com eles que essas fações se têm de
preocupar em defender e sustentar via gestão de recursos nacionais. Assim o
é, pelo menos em regimes ditos democráticos. A cidadania, tal como a cultura
está também associada a fatores que variam consoante as sociedades. De
certo que haverá sociedades no médio Oriente – Teocracias Islâmicas por
exemplo – cujos valores e normas colidam com a alguns segmentos da
definição de cidadania que terei aqui exposto. Neste caso, será correto
afirmar que, por exemplo, o estatuto de cidadão na Arábia Saudita, não terá o
mesmo peso ou dimensão que em Portugal.
6
2.3. A mudança Social e o desenvolvimento
Como se tem evidenciado ao longo da história da humanidade, em
rigorosamente todas as sociedades e culturas, não terá havido uma única que
se possa considerar estática. Isto é, “estáticas” no sentido em que, ao longo
do tempo, as normas, valores e comportamentos são sempre fixos e
inalteráveis. Trata-se de um cenário irrealista, o de uma cultura estática, visto
que toda a sociedade humana é altamente suscetível de mudança seja ela
radical ou ligeira. Será mais fácil provar este argumento se nos focarmos, por
exemplo na educação de um filho, seja de qual for a geração. Ora, por mais
que tentem, o educado nunca poderá vir a ter uma educação e socialização
exatamente idêntica aos seus educadores (os pais, os avós, irmãos, etc...).
Isto é, de geração para geração existem sempre diferenças, ainda que
mínimas e quase invisíveis, nas formas de viver da sociedade em
consideração; a cultura altera-se inevitavelmente. Esta é outra característica
do conceito “cultura”. Tal como o ser humano e a sociedade, esta é sempre
dinâmica e está em constante mudança. A partir deste argumento acho que é
possível provar que, sendo a cultura dinâmica, a sociedade (associada à
cultura em consideração) está sempre em desenvolvimento. No entanto,
certos acontecimentos poderão dar origem a uma fase de desenvolvimento
relativamente mais acelerado. Esses acontecimentos catalisadores poderão
ser de causa externa à ação da sociedade, como os fenómenos naturais, ou
de causa não externa, como aparecimento de novas tecnologias e de recursos
naturais (Crespi, 1997).
Destes acontecimentos catalisadores podemos compreender que os
mesmos só levam à alteração dos modos de vida dos indivíduos de uma
sociedade porque põe em causa os valores e normas enraizados em si. Uma
catástrofe natural, como o tufão Haiyan (8 de Novembro de 2013) por
exemplo, terá levado a que os sobreviventes pilhassem o que restaria de lojas
e armazéns de modo se alimentarem a manterem hidratados. A pilhagem (de
lojas, habitações e armazéns), dado este acontecimento passou a ser uma
prática corrente que ajudou a manutenção do sustento das vidas das vítimas.
A mudança, contudo, é apenas temporária já que haverá um esforço de
recuperação, espero eu, bem sucedido para que a situação volte ao normal
em Tacloban e todas as outras comunidades afetadas (Siza, 2013).
Ainda assim, nem todas as mudanças na esfera social e cultural foram
temporárias e há vários exemplos disso na história. A Revolução Francesa de
7
1789-1799, sendo um desses exemplos, trouxe uma mudança radical e
permanente no sistema político, social, cultural e económico francês. O
catalisador aqui terá sido a expiração do bom funcionamento do sistema
político até então em vigor – o absolutismo. O elevado descontentamento com
o sistema fiscal e político imposto pela monarquia da altura terá levado os
franceses a fazerem a revolução e a implantar uma nova forma de ordem
social, cultural e política – uma mudança permanente.
Finalmente, temos outro excerto de Crespi (1997) que nos dá uma
ideia, associável aos argumentos anteriores, que designa a origem da
mudança social:
“A cultura cumpre a sua função primordial na medida
em que se articula em formas de resolução que, como tais,
são o resultado de uma absolutização de significados na
realidade sempre parciais. Como a acção e a experiência
vivida dos actores sociais possuem a sua raiz no sentido e
participam assim do seu carácter não objectivável, estas
deixam de coincidir imediatamente com os significados, os
quais, constituindo embora objectivações necessárias,
permanecem sempre, enquanto tais, relativamente
inadequados nos confrontos da complexidade do agir. E tal
inadequação original que explica a exigência de contínuas
readaptações das formas de mediação simbólica.” (Crespi,
1997)
Interpreto que, o que aqui é transmitido é que a cultura cumpre um
papel de “guião de comportamentos” que o conjunto de indivíduos na
sociedade deve seguir para que consigam lidar apropriadamente com os
acontecimentos, sejam eles externos ou não às suas ações. Este “guião
comportamental” permanece interiorizado pela sociedade é levado como
único, superando todas as outras alternativas, isto é, todas as outras formas
de viver e todos os outros comportamentos. Contudo, uma vez que os atores
sociais se deparam com uma situação em que os tais comportamentos que
foram por si interiorizados se demonstram inadequados enquanto solução,
estes são forçados a realizar readaptações na sua cultura e nas suas formas
de viver. Novas situações exigem novas medidas e soluções que implicam
uma mudança social e cultural. Será certo também dizer que este dinamismo
de que é caracterizado o conceito de “cultura” não parte só da natureza
8
humana visto que o meio ambiente também tem um grande papel nele. Com
isto refiro-me às influências que a natureza tem na atividade humana e
consequentemente na mudança que toma lugar na sociedade e na cultura;
tem-se por exemplo:
• O furacão Haiyan que devastou as Filipinas recentemente;
• Fogos florestais de causa natural;
• Bons e maus anos agrícolas;
• Terramotos e Tsunamis.
Tanto a natureza como a sociedade humana podem favorecer catalisadores
para um processo de mudança, seja ele social, cultural, político ou económico.
Mudanças que muitas vezes representam adaptações a um novo mundo e que
poderão levar, ultimamente, ao desenvolvimento.
9
3. Descrição detalhada da pesquisa
Para iniciar a minha pesquisa, procurei em primeiro lugar por algum
volume na biblioteca que me pudesse ser útil, e após algum tempo a
inspecionar a secção correspondente à Sociologia da Cultura, deparei-me com
o Manual de Sociologia da Cultura (Crespi, 1997). Este volume foi
particularmente importante para o projeto final.
Após ter feito uma leitura dos capítulos essenciais do livro resultante
da minha busca anterior, lembrei-me, já durante a formulação da estrutura do
trabalho, de um texto sobre o qual eu estava encarregado de fazer uma
apresentação a “Introdução à Sociologia”. Este texto – “Infração e censura –
repressões e percursos da sociologia do desvio” de Pedro Moura Ferreira
(2000) – articulava-se também com um ponto sobre o qual iria falar, dai a sua
seleção.
Também nesta etapa da pesquisa bibliográfica e de formulação da
estrutura do trabalho fiz uma busca através do Google Scholar e encontrei um
artigo bastante atual de Cecilia Peruzzo (2013) chamado “Comunicação
comunitária e educação para a cidadania “. Este artigo foi encontrado na
revista cientifica Brasileira “Comunicação e Sociedade”.
Numa outra pesquisa, desta vez acerca de noticias que me ajudassem
a ilustrar o meu raciocínio, acedi diretamente ao site do Jornal “Público” onde
após ter inserido no motor de busca “desastre natural Filipinas” me deparei
com um artigo de Rita Siza (2013) intitulado: “‘Precisamos de ajuda já’,
gritam do inferno de lama de Tacloban”.
Finalmente, em vários pontos da pesquisa e da realização do estado
das artes consultei a página web cujo endereço foi fornecido por ambos os
docentes desta unidade curricular. Recorri a esta página (“ESTADO DAS
ARTES”) para recapitular e refletir sobre a estrutura dessa etapa do trabalho.
10
4.Ficha de Leitura
Titulo da publicação: Cidadania cultural
Tipo de Publicação: Artigo de revista
Autor: Toby Miller
Área científica: Sociologia da Cultura e Teoria Política
Editora: MATRIZes
Volume: 4
Edição: 2ª
Local de Edição: São Paulo, Brasil.
Data de publicação: 2011
URL: http://www.matrizes.usp.br/index.php/matrizes/article/view/58
Acedido: 2013 – 10 – 19 13:36:41
Data de finalização da leitura: 20 de Outubro de 2013
ISSN: 1982-8160
Páginas: 57-74 (17pg total)
Palavras-chave: Cultura, cidadania, teoria política
Assunto: O artigo trata, em essência, de uma abordagem da cidadania
cultural numa perspetiva com base na Sociologia da cultura e da Teoria
política.
11
OBSERVAÇÕES:
1. Esta ficha de leitura foi feita a com base nas duas versões do artigo – a
Inglesa e a Portuguesa.
2. As referências às escolas de pensamento e os seus autores
correspondentes podem-se encontrar na última parte da secção do
“desenvolvimento” deste documento, dentro dos sete grupos teóricos.
3. Dado que este documento foi feito em OpenOffice, este poderá ser
submetido a alterações de formatação assim que for convertido para um
documento do Microsoft Word.
Resumo:
No seguinte artigo da Revista MATRIZes o autor aborda o conceito de
cidadania cultural através da sua definição e depois pela sua ilustração
através de exemplos. O autor expõe também o mesmo conceito através das
teses de sete grupos teóricos diferentes que o mesmo apresenta.
Estrutura
INTRODUÇÃO/ APRESENTAÇÃO: Desde sempre que a cidadania tem sido
uma questão cultural, isto é algo que, de certa forma, prova a distinção entre
os vários grupos culturais num país. É uma forma de identificação de um
indivíduo pertencente ao grupo cultural mais “enraizado” numa região
habitada. Esta tal forma de identificação, podendo ser também considerado
como uma forma de “status”, é também um mecanismo de controle da
população, utilizado pelos poderes soberanos do país em consideração. Isto é
algo que o autor do artigo ilustra frequentemente com exemplos. Esta forma
de separação das populações através da atribuição de “status” pode ser feita
com base no idioma, no património cultural, religião e identidade moral do
individuo (isto é se o mesmo terá um estilo de vida ou moralidade
respeitáveis).
DESENVOLVIMENTO: Ainda no contexto de “mecanismo de controle
demográfico” o autor refere ainda alguns obstáculos relacionados com este tal
controle, como ele ilustra no exemplo dos EUA. Sendo um país inegavelmente
multicultural (como resultado do seu crescimento demográfico se dever à
imigração de indivíduos de todas as partes do mundo), os Estados Unidos da
América permanecem com um grande problema em diferenciar os seus
12
cidadãos de imigrantes visto que o pais não possui, por assim dizer, uma
cultura única e consolidada. Como solução a este obstáculo e como é referido
no artigo, existem uma série de medidas como forma de pré-requisito que
foram tomadas para possibilitar esta distinção de indivíduos, tais como: falar
Inglês; possuir residência no país; renunciar à lealdade e obediência a outros
Estados: conhecer a história política básica do país; abdicar da poligamia;
entre outras condições que podem ser consideradas não só relevantes para a
seleção de cidadãos mas também que são cumpridas transversalmente pela
maioria dos Norte-Americanos.
Ainda dentro desta secção do artigo o autor refere que o problema do
multiculturalismo e da cidadania não só se confirma nos EUA mas também em
todos os outros países devido ao fenómeno da Globalização. Relacionado
também com este conceito vem o de cidadania global que de certa forma
pode também ser visto como um resultado do anterior. Este começa a
implicar, ainda que tenha surgindo recentemente, o aparecimento de direitos
culturais transnacionais – um tema que tem sido debatido fervorosamente
pelos representantes dos vários países do mundo. Exatamente por haver
grandes discussões centradas na concessão de direitos de cidadania cultural
às minorias da população é que o tal processo da criação de uma cidadania
Global tem avançado lenta e arduamente. É de referir também que para além
do estatuto de cidadania existe também o de imigrante em que o individuo
pertencente, apesar de ainda em algumas situações poder usufruir dos
direitos mais básicos, passa por uma série de dificuldades no mercado de
trabalho, sujeitando-se a empregos precários não contabilizados pelo Fisco.
Esta situação põe o considerado imigrante num patamar de desvantagem em
relação ao cidadão do país onde está, em oposição aos ideais democráticos.
Em seguida, o autor introduz os sete grupos teóricos que, como o
mesmo explicita, são representados por uma série de outros autores
especializados em diferentes áreas científicas. Estes mesmos autores são
citados e referenciados várias vezes e as suas teses são discutidas não só
com exemplos mas com as argumentos do autor do artigo em análise. Os
seguintes tópicos representam os grupos que são abordados no artigo tal
como os principais autores que os abordam, uma síntese das suas teses e os
seus interlocutores.
1. Tony Bennet – Sociólogo especializado em estudos culturais. Este autor
e os seus colegas de investigação apoiam a posições políticas que privilegiem
13
uma certa autonomia, independência e liberdade cultural dos cidadãos, res-
peitando e preservando simultaneamente os conhecimentos populares.
2. Renato Rosaldo – Antropólogo. Este autor e seus colegas exigem uma
série de direitos para as minorias étnicas nos Estados Unidos (por meio do de-
senvolvimento e manutenção de um património cultural distinto para cada
grupo) que garantam e preservem as identidade culturais.
3. Kymlicka – Teórico Político radicado no Canadá. Em contraste com a
posição de Rosaldo, este autor defende uma despolarização dos vários grupos
étnicos, buscando a sua aproximação. Isto é, defende o prosseguimento do
fenómeno da globalização e do multiculturalismo como forma de evitar desi-
gualdades e tensões entre os vários grupos étnicos, podendo estes ser, como
é exemplificado no artigo, o grupo de indivíduos nativos de um país e os seus
imigrantes.
4. Amélie Oksenberg Rorty – Filósofa Neoliberal. Esta autora defende que
desenvolvimento e a manutenção de uma cultura devem ser consequência do
acesso universal ao ensino.
5. Bhikhu Parekh – Teórico Político; presidente da comissão da fundação
Runnymede do Reino-unido. Tendo chegado a um resultado relativamente po-
sitivo num exame ao racismo dentro das instituições nacionais britânicas de
cultura, educação, forças de segurança e assistência social, este autor terá
sido severamente criticado pelos órgãos dos média ingleses.
6. Amy Chua – Advogada com o seus trabalho baseado nos estudos étni-
cos comparativos. Esta autora investiga os resultados das fortes reações po-
pulares contra o poderio económico das minorias mais abastadas “por meio
da rejeição maioritária da diferença cultural” (segundo o autor do artigo –
Toby Miller).
7. Bernard Lewis – Historiador especializado em Oriente Médio. Samuel
Huntington – Cientista Político da Guerra fria. Considerado o mais “poderoso”
de todos os grupos teóricos, este aborda as relações culturais conflituosas en-
tre os EUA e outras potências culturais no mundo.
14
PONTOS FRACOS E FORTES DO DOCUMENTO: É correto considerar que
um dos pontos fortes do documento serão a sua boa estruturação e organiza-
ção no que toca à separação dos vários momentos como a introdução, os sete
grupos teóricos (devidamente divididos em parágrafos o que facilita a navega-
ção) e a conclusão em si. Considero que outro ponto forte do documento seja
a sua abundância em exemplos, que, apesar de serem breves, ajudam bas-
tante à compreensão dos argumentos apresentados pelo autor.
CONCLUSÃO: Após uma reflexão sobre as teses dos autores dos sete grupos
previamente apresentados, Miller critica-as apontando que tais crenças popu-
listas e técnicas sujeitam-se inevitavelmente em contradições. Este conclui
que é necessário rearticular a cultura em torno da Economia e de uma Política
clara e assente na realidade. Finalmente o autor coloca uma pergunta, acom-
panhada com um certo retoricismo que tem como intenção deixar o leitor a
refletir no que já se debateu anteriormente: “Você ainda é um culturalista?”
REFERÊNCIAS HISTORICO-CULTURAIS: O artigo remete para várias altu-
ras e vários sítios onde se situam os exemplos relacionados com o argumento
do autor. Tem-se o exemplo dos EUA no início do séc. XX em que se faz refe-
rência aos pré-requisitos para a aquisição de cidadania por parte dos imigran-
tes. Outros exemplo farão referencia a outra altura na história que servem
também para ilustrar as teorias do autor ou dos outros igualmente referencia-
dos na secção dos sete grupos teóricos. Maior parte das referencias histórico-
culturais são contudo, relativamente atuais.
RECURSOS DE ESTILO E LINGUAGEM: Noto que o artigo tanto na versão
Inglesa como na Portuguesa se torna relativamente acessível após uma se-
gunda leitura cuidada, mas não à primeira. Tantos nas duas línguas o artigo é
dotado de alguns vocabulários eruditos, contudo esses não permanecem um
impedimento à representação do artigo.
CONCEITOS: Existem neste artigo referências aos conceitos: globalização;
imigração; racismo; impactos do desenvolvimento do Capitalismo, liberalismo
e neoliberalismo; teoria Política; Cidadania; Cidadania global; discriminação
relativa à imigração; cultura e economia enquanto fator de integração social.
15
5.Avaliação da Página da Internet
URL da página selecionada para avaliação :http://www.publico.pt
Esta página intitula-se "PÚBLICO" e trata-se da página oficial do jornal
de notícias "Público", sobre a qual irei realizar uma avaliação.
A página é apresentada exclusivamente em língua Portuguesa, não
tendo portanto quaisquer artigos publicados em Inglês, uma língua secundária
para muitos países do mundo. Apesar de ser propriedade do grupo
empresarial privado Sonae, o jornal Publico não se exprime diretamente sob
nome da sua entidade proprietária. O seu design e estrutura são também
concebidos para serem acessíveis a qualquer um, seja quais forem as suas
qualificações.
É neste espaço da Internet que se pode consultar as notícias online
escritas por jornalistas e freelancers da Empresa que edita o Publico. Aqui as
notícias são divididas em várias categorias tal como no jornal físico, sendo
estas: Portugal; Economia; Mundo; Cultura; Desporto; Ciência; Tecnologia e
Opinião. No entanto, ao contrário do jornal em papel, as notícias estão
constantemente a aparecer e a serem atualizadas em tempo real (em alguns
casos de maior importância), o que se pode considerar um ponto bastante
positivo desta página.
A navegação é feita via motor de busca interno com uma série de
filtros úteis característicos da pesquisa avançada. Este motor de busca é
utilizado somente para identificar quaisquer artigos, vídeos ou imagens
associados à palavra chave introduzida. Trata-se de um site em que a
navegação é eficaz, confortável e intuitiva acima de tudo. Os seus links estão
atualizados (o que revela que a manutenção da página é feita regularmente)
e estão idealmente posicionados de modo a garantir uma fácil e intuitiva
navegação. Tem cerca de dois a nove anúncios por página, não sendo estes
muito incomodativos para o leitor.
A nível de redação, a clareza, objetividade e a correção linguística são
evidentemente de excelência sendo que tais características são de absoluta
importância para um site (de renome) de reportagem de notícias. A
informação é sempre acompanhada por uma breve referências ao nome do
autor que a escreveu ou produziu, no caso se ser uma fotografia (geralmente
o nome).
No que toca ao aspeto gráfico da página web, vê-se um investimento
num design minimalista (com ênfase no vermelho e branco apenas), apelativo
16
e com uma boa visibilidade do texto sem muitos erros de contraste. As
imagens existem em abundância, são bastante visíveis e também
corretamente posicionadas de modo a captar a atenção do leitor.
No globalidade tenho a dizer que esta página web é dotada de uma
qualidade excecional que permite não só uma busca rápida e eficaz de
noticias ilustrativas de certos fenómenos sociais mas também manter o seu
leitor regular atualizado todas as horas com todas as novidades importantes.
Contudo, o site tem uma particularidade bastante negativa – as subscrições
pagas. Nem todas as notícias estão disponíveis para o leitor anónimo que não
queira pagar, o que põe um grande bloqueio na acessibilidade do site.
Em suma, classifico o site como sendo somente Bom, devido às suas
limitações das subscrições pagas.
17
6. Conclusão
O investimento na realização deste trabalho levou a que eu tivesse
consultado novas bibliografias interessantes assim como desenvolvidos novos
raciocínios ao articular matérias de que tenho aprendido em outras cadeira
como foi o caso do texto "Infração e censura – repressões e percursos da
sociologia do desvio" (Ferreira, 2000) da bibliografia obrigatória de Introdução
à sociologia.
Estaria no início talvez ainda pouco ciente da complexidade do tema
que escolhi, contudo devo dizer que parte daquilo que ganhei com este
esforço foi uma nova perceção sobre os conceitos que estudei e desenvolvi. É
portanto justo dizer que me sinto um pouco mais consciente e familiarizado
com vasta natureza da dimensão humana no que toca à cultura, à cidadania e
ao desenvolvimento. Falo, já agora, em especial do conceito da cidadania que,
dos que estudei, era o qual até então me tinha envolvido em menos estudos.
Com a conclusão do trabalho então, apercebi-me do papel do estatuto do
cidadão não só enquanto “alma da sociedade democrática” mas também da
sua importância a nível económico e político; isto é, como é que as diferenças
entre cidadãos e não cidadãos influenciam as decisões e situações políticas e
económicas.
Quanto às minhas dificuldades, acho que o meu maior impedimento à
rápida e eficiente realização do trabalho foi a minha incapacidade no início de
conseguir arranjar as fontes necessárias para consultar e basear o meu
trabalho. Tive portanto dificuldades logo na fase da pesquisa quando me vi
obrigado a visitar a biblioteca para procurar fontes; foi um trabalho confuso e
árduo mas bastante mais facilitado assim que adquiri a prática necessário.
Finalmente, junto também a conclusão de que o projeto que realizei
me deu um avanço bastante considerável na minha componente prática. Acho
que a experiência que terei ganho com este esforço me irá ajudar a
desenvolver trabalhos no futuro com uma rapidez e eficácia muito maior.
Daqui posso concluir que esta experiência de trabalho prático foi
extremamente positiva.
18
7. Referências Bibliográficas
Crespi, Franco (1997), Manual de Sociologia da Cultura. Lisboa: Editorial
Estampa.
Ferreira, Pedro Moura (2000), "Infração e censura – repressões e percursos
da sociologia do desvio", Análise Social, 151-152, 639-671.
Miller, Toby (2011), “Cidadania cultural”. MATRIZes, 2, 57-74.
Peruzzo, Cecilia. M. Krohling. (2013). “Comunicação comunitária e educação
para a cidadania”. Comunicação e Sociedade, 2, 651-668
Siza, Rita (2013), “‘Precisamos de ajuda já’, gritam do inferno de lama de
Tacloban”. PÚBLICO, 12 de Novembro. Acedido em 16 de Novembro de 2013,
disponível em <http://www.publico.pt/mundo/jornal/precisamos-de-ajuda-ja-
gritam-do-inferno-de-lama-de-tacloban-27387872>
19
Anexo 2
Texto de suporte da Ficha de Leitura
Miller, Toby (2011), “Cidadania cultural”. MATRIZes, 2, 57-74.