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Currículo Estruturado: implementação de programas pedagógicos Autores Maria de Fátima Minetto Caldeira Silva Ida Regina Moro Milleo de Mendonça Irene Carmen Piconi Prestes Marcos Cordiolli Maria Letizia Marchese Vilmara Sabim Dechandt Vilmarise Sabim Pessoa 2009 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br

Curriculo-Estruturado

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  • Currculo Estruturado: implementao de programas pedaggicos

    AutoresMaria de Ftima Minetto Caldeira SilvaIda Regina Moro Milleo de MendonaIrene Carmen Piconi PrestesMarcos CordiolliMaria Letizia MarcheseVilmara Sabim DechandtVilmarise Sabim Pessoa

    2009Esse material parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A,

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  • 2006 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

    S586 Silva, Maria de Ftima Minetto Caldeira. / Currculo Estrutura-do: implementao de programas pedaggicos. / Maria de

    Ftima Minetto Caldeira Silva. Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2009. 192 p.

    ISBN: 85-7638-282-2

    1. Currculos. 2. Educao. I. Prestes, Irene Carmen Piconi. II. Marchese, Maria Letizia. III. Mendona, Ida Regina Moro Mil-leo de. IV. Cordiolli, Marcos. V. Dechandt, Vilmara Sabim. VI. Pessoa, Vilmarise Sabim. VI. Ttulo.

    CDD 374.3

    Todos os direitos reservados.IESDE Brasil S.A.

    Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 Batel

    80730-200 Curitiba PR

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  • SumrioA funo social da escola .....................................................................................................7

    Atividades ................................................................................................................................................11

    Refletindo o cotidiano escolar ..............................................................................................13Aprender faz-se num contexto de interao social ..................................................................................13Aprendizagem significativa e experincia de xitos ................................................................................15Concepo do erro ...................................................................................................................................16O processo de ensino e aprendizagem .....................................................................................................16Contedos escolares .................................................................................................................................16Projeto educativo .....................................................................................................................................17Texto complementar ................................................................................................................................18Atividades ................................................................................................................................................19Para refletir ...............................................................................................................................................20

    O processo de ensino e as teorias de aprendizagem nas prticas educativas .......................21A educao centrada na pessoa uma contribuio de Carl Rogers .......................................................21Teoria da instruo e por descoberta (Bruner) .........................................................................................22Aprendizagem significativa (Ausubel) ....................................................................................................24Texto complementar ................................................................................................................................25Atividades ................................................................................................................................................28

    Aprendizagem escolar: a reconstruo da cultura na sala de aula .......................................29Escola, lugar de transmisso da cultura ...................................................................................................29O novo paradigma escolar: a lgica da incluso .....................................................................................30Texto complementar ................................................................................................................................32Atividades ................................................................................................................................................35Para refletir ...............................................................................................................................................36

    Diferentes enfoques para compreender o processo de ensino na escola ..............................37O modelo como transmisso cultural ......................................................................................................37O ensino como treinamento de habilidades .............................................................................................37O ensino como fomento do desenvolvimento natural .............................................................................38O ensino como produo de mudanas conceituais .................................................................................38A sala de aula: espao de vida? ................................................................................................................39Texto complementar ................................................................................................................................41Atividades ................................................................................................................................................42

    Os fundamentos do currculo: desenvolvimento, cultura, escolarizao e educao ..........43Humanizao, cultura e desenvolvimento a humanidade como seres com necessidades ....................43A educao e a formao .........................................................................................................................45A escolarizao ........................................................................................................................................46As heranas da cultura pedaggica brasileira ..........................................................................................46Atividades ................................................................................................................................................48

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  • Conceito de currculo e consideraes gerais ......................................................................49O que currculo? ....................................................................................................................................49Texto complementar ................................................................................................................................52Atividades ................................................................................................................................................56

    Contribuies da Psicologia ao currculo ............................................................................57Texto complementar ................................................................................................................................61Atividades ................................................................................................................................................66

    Novas possibilidades na busca da constituio do conhecimento .......................................67O que ensinar? .........................................................................................................................................67Quando ensinar? ......................................................................................................................................69Como ensinar? .........................................................................................................................................70O que avaliar? Quando avaliar? Como avaliar? ......................................................................................71Texto complementar ................................................................................................................................74Atividades ................................................................................................................................................75

    Os contedos do ensino: o que so? ....................................................................................77A aprendizagem de saberes e a arte .........................................................................................................77A ressignificao e a formao de valores e padres de conduta ............................................................79A experienciao de sentimentos .............................................................................................................81Contedos e a organizao do trabalho pedaggico ................................................................................81Atividades ................................................................................................................................................83

    A funo dos contedos do ensino no currculo ..................................................................85Atividades ................................................................................................................................................89

    A diversidade e o currculo: da excluso incluso ............................................................91H um sujeito entre as pessoas, h um sujeito na sala de aula ................................................................91Algumas sugestes para a diversidade e currculo na educao inclusiva ..............................................93Texto complementar ................................................................................................................................94Atividades ................................................................................................................................................95Para refletir ...............................................................................................................................................96

    A elaborao do projeto pedaggico na escola ....................................................................97Texto complementar ................................................................................................................................99Atividades ................................................................................................................................................101Para refletir ...............................................................................................................................................102

    As contribuies dos Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) na educao inclusiva ....103Texto complementar ................................................................................................................................105Atividades ................................................................................................................................................106

    As contribuies dos Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) na elaborao do projeto poltico-pedaggico .........................................107

    Texto complementar ................................................................................................................................110Atividades ................................................................................................................................................111

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  • A interdisciplinaridade das reas do conhecimento .............................................................113As disciplinas escolares e a organizao dos saberes ..............................................................................113A tradio disciplinar ...............................................................................................................................113reas de referncia das cincias e disciplinas escolares .........................................................................114As relaes de disciplinaridade ...............................................................................................................115Algumas notas finais ................................................................................................................................120Atividades ................................................................................................................................................121

    A interao professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem ...................................123Atividades ................................................................................................................................................126

    Interao entre alunos no processo de ensino-aprendizagem ..............................................127Sala de aula: espao de convivncia ........................................................................................................127Texto complementar ................................................................................................................................131Atividades ................................................................................................................................................132

    A funo e a formao do professor na escola inclusiva .....................................................133Texto complementar ................................................................................................................................136Atividades ................................................................................................................................................138

    Atividades independentes: uma estratgia de ao comunitria na escola inclusiva ...........139Uma experincia significativa ..................................................................................................................139Estratgias para a aprendizagem comunitria ..........................................................................................140O planejamento da aprendizagem comunitria ........................................................................................141Em sntese ................................................................................................................................................141Texto complementar ................................................................................................................................142Atividades ................................................................................................................................................145

    Entendendo a adaptao escolar ..........................................................................................147Texto complementar ................................................................................................................................150Atividades ................................................................................................................................................152

    Adaptaes curriculares: como operacionaliz-las? ............................................................153Adaptaes relativas s atividades de ensino-aprendizagem ...................................................................153Adaptaes relativas metodologia e didtica .....................................................................................154Adaptaes relativas aos modos de avaliao .........................................................................................154Adaptaes relativas prioridade de objetivos e contedos ...................................................................154Adaptaes na temporalizao ................................................................................................................155Introduo e/ou eliminao de contedos ................................................................................................155Introduo e/ou eliminao de objetivos .................................................................................................155Recursos pessoais ....................................................................................................................................156Recursos individuais ...............................................................................................................................156Recursos materiais ..................................................................................................................................157Recursos ambientais ................................................................................................................................157Em resumo ...............................................................................................................................................159Atividades ................................................................................................................................................162

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  • Avaliao: concepes tericas ............................................................................................163Texto complementar ................................................................................................................................166Atividades ................................................................................................................................................167

    Avaliao diferenciada .........................................................................................................169A avaliao diferenciada ..........................................................................................................................169Avaliao e a promoo de um aluno com necessidades educativas especiaisde uma srie para a outra .........................................................................................................................171Texto complementar ................................................................................................................................173Atividades ................................................................................................................................................175

    Pais, professores e alunos: parceiros no processo inclusivo ...................................................177Texto complementar ................................................................................................................................180Atividades ................................................................................................................................................182

    Referncias ...........................................................................................................................183

    Anotaes .............................................................................................................................189

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  • Diferentes enfoques para compreender o processo de ensino na escola

    Vilmarise Sabim Pessoa

    A prender significa adquirir conhecimentos, rever a prpria experincia, desenvolver habilida-des, mudar comportamentos, descobrir o sentido das coisas e da vida, analisar criticamente o mundo. o aluno o agente principal e responsvel por sua aprendizagem.Ensinar refere-se a instruir, saber fazer, comunicar conhecimentos, mostrar, orientar, dirigir. O

    professor o agente principal e responsvel pelo ensino.

    A escola existe em funo do aluno e da sociedade na qual se insere, e deve privilegiar a apren-dizagem deste aluno, no esquecendo que aprendizagem e ensino so processos indissociveis, que o ensinar se define em funo do aprender.

    H, entretanto, diferentes enfoques para entender o ensino. Abordaremos aqui algumas pers-pectivas e suas caractersticas.

    O modelo como transmisso culturalEste enfoque diz que o homem, ao longo de sua evoluo histrica, acumulou conhecimentos

    que foram conservados e transmitidos s novas geraes de forma lgica e agrupados nas disciplinas cientficas, artsticas e filosficas. um conhecimento reflexivo, racional e elaborado pela humani-dade. Ento, a funo da escola que ainda predomina a da transmisso deste contedo slido que constitui nossa cultura. A nfase dada s situaes de sala de aula, nas quais os alunos so instru-dos e ensinados pelo professor. Os contedos tm que ser adquiridos e os modelos imitados. um ensino que se preocupa mais com a quantidade de conceitos e informaes do que com a formao do pensamento reflexivo.

    Um dos pontos negativos desta viso a distino entre o conhecimento elaborado e o conheci-mento ainda incipiente do aluno, que est sendo desenvolvido para enfrentar os desafios do cotidiano. Dessa forma, ele no pode relacionar o contedo transmitido com seus iniciais esquemas de compre-enso, e o conhecimento ser fragmentado, memorizado e logo esquecido.

    O ensino como treinamento de habilidadesNeste enfoque, discute-se a fugacidade dos conhecimentos em que os novos tornam obsoletos os

    anteriores. Volta-se para o desenvolvimento e treinamento de habilidades e capacidades como leitura, escrita, soluo de problemas, reflexo etc.

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  • Currculo Estruturado: implementao de programas pedaggicos

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    Uma das dificuldades que se apresenta a vinculao destas capacidades ao contedo e ao contexto cultural em que essas habilidades adquirem significado, pois no dia-a-dia a criana adquire habilidades dentro do seu contexto cultural quando realiza tarefas que tm contedo e significado que lhe so prprios e fa-zem parte de sua vida. Ocorre, ento, que muitos dos conhecimentos aprendidos na escola esto dissociados da sua vida cotidiana e tornam-se motivos de aborre-cimento e desmotivadores, pois esto distanciados de sua realidade.

    O ensino como fomento do desenvolvimento natural

    Esta concepo encontra sua origem em Rousseau, que enfatizava a fora das disposies naturais do indivduo para aprender e o respeito ao desenvolvi-mento espontneo da criana. O ensino deve facilitar os meios para o desenvol-vimento e a aprendizagem do aluno, mas cabe a ele a liberdade para aprender e a direo de sua vida. Nesta perspectiva, entra a escola de Summerhill, onde educao significava liberdade e deveria ser responsabilidade, principalmente, dos alunos, e no apenas dos professores. Seu fundador, Neill, acreditava que a educao deveria formar pessoas que tivessem o direito de decidir e escolher seus prprios caminhos, e assumir a responsabilidade pelas escolhas feitas.

    A crtica a este enfoque o seu carter idealista, pois o desenvolvimento do homem condicionado pela cultura, pelas interaes sociais com o outro e com o mundo. O homem , ento, resultado desta complexa rede de interaes e produtos culturais. Assim, este enfoque favoreceria as desigualdades sociais e culturais, pois o desenvolvimento espontneo faria com que o indivduo se socializasse e crescesse culturalmente em um meio possivelmente desfavorecido, que no opor-tunizaria melhores condies de crescimento moral, social, intelectual e humano.

    Entretanto, esta perspectiva chama a ateno para que se promova o equi-lbrio na escola e na sociedade entre as tendncias que priorizam a socializao e as que defendem o desenvolvimento individual.

    O ensino como produo de mudanas conceituais

    Neste enfoque, a aprendizagem um processo de transformao e no de acumulao de conhecimentos. O aluno um elemento ativo no processo ensino-aprendizagem, e o professor um instigador e orientador deste processo. Dessa maneira, o professor deve conhecer o nvel de desenvolvimento de seu aluno, seus interesses e possibilidades de compreenso.

    Neste enfoque, situa-se Piaget com sua viso interacionista e construtivista. Segundo ele, o conhecimento se constri por meio do suporte biolgico da criana na interao com o meio. O conhecimento est sempre ligado ao, ao sobre

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  • Diferentes enfoques para compreender o processo de ensino na escola

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    a pessoa do outro, sobre o prprio corpo etc. e a inteligncia tem incio nas intera-es entre a criana e o mundo exterior.

    Nesta perspectiva, a importncia est no pensamento, na capacidade e no interesse do aluno, no no contedo. Entretanto, necessrio cuidado para no en-fatizar em excesso a capacidade do aluno em detrimento dos contedos, tambm importantes na nossa cultura.

    A sala de aula: espao de vida?O ensino em nossa sociedade acontece em instituies especializadas cha-

    madas escolas. A aprendizagem dos alunos ocorre em grupos sociais nos quais acontecem as trocas, relaes e interaes sociais. O professor, para que possa orientar o processo de construo, reconstruo e transformao do pensamento e do conhecimento na aprendizagem, precisa conhecer as leis e influncias que atuam dentro de uma sala de aula.

    Segundo Masetto (1997, p. 30) as experincias vividas em sala de aula por vezes se revestem de alegria, de satisfao e de convivncia proveitosa com o grupo de colegas. Algumas amizades que perduram pela vida afora comearam nos primeiros anos de escola [...] Outras vezes, a imagem da sala de aula mais em branco e preto, da sisudez do professor, das reguadas, dos castigos, das salas escuras, das situaes montonas e chatas.

    A seguir esto os modelos propostos por Gomez (apud SACRISTN, 2000).

    O modelo processo-produtoNeste modelo, a vida da sala de aula se reduz s relaes que se estabelecem

    entre o comportamento observvel do professor ao ensinar e o rendimento do aluno. Assim, o ensino se reduz ao comportamento observvel do docente, e a aprendiza-gem se reduz ao rendimento observvel do aluno. Este modelo criticado porque reduz a prtica educativa a modelos observveis, no h trocas e interaes, porque as relaes ocorrem em sentido unidirecional (do professor para o aluno).

    O aluno passa a ser um sujeito passivo sem liberdade para construir e participar da sua aprendizagem, desconsidera-se a importncia dos contedos, entre outros.

    Modelo mediacional centrado no professorA forma de atuao do professor depende de suas concepes e crenas

    pedaggicas. Neste modelo, o que importa so os processos de socializao por parte do professor, suas idias e teorias sobre ensino, aprendizagem e aluno. O ensino um processo complexo de relaes e trocas, no qual o professor com sua capacidade de interpretar a realidade o nico instrumento flexvel para se adap-tar a cada momento e situao.

    O aluno um ser ativo, que aprende agindo, fazendo, construindo e intera-gindo com o meio em que vive, ao invs de um ser passivo sem liberdade.

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  • Currculo Estruturado: implementao de programas pedaggicos

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    Modelo mediacional centrado no alunoEste enfoque considera que o aluno influi no processo ensino-aprendizagem

    como conseqncia de suas elaboraes pessoais. As variaes nos efeitos da apren-dizagem existem em funo das atividades mediadoras dos alunos. O professor, os contedos e a metodologia no influenciam diretamente na aprendizagem.

    Este modelo tem suas limitaes, pois limita-se ao psicologismo (tendncia a ex-plicar tudo pela Psicologia) e ao aluno, esquecendo-se dos fatores sociais, ticos, morais, as interaes sociais entre os grupos, o contexto cultural, familiar, social no qual o indiv-duo est inserido ao papel da escola, do professor e da sociedade neste processo.

    O modelo ecolgico da sala de aulaEste modelo concebe a vida da sala de aula como trocas socioculturais e en-

    fatiza a influncia recproca entre professores e alunos, o indivduo como elemento ativo de sua aprendizagem, e a importncia da troca e da criao de significados. Prope descrever os processos ensino-aprendizagem que acontecem no contexto sociocultural da aula, detectar as relaes entre meio ambiente e comportamento individual e grupal, considerar a sala de aula como um espao social, aberto, de comunicao e trocas.

    O indivduo uma realidade inacabada que se constri ao longo da aprendiza-gem. A vida da sala de aula e dos alunos que a se desenvolvem tm muitas formas diferentes de ser e de se desenvolver em virtude das trocas e interaes que ocorrem.

    A prtica do professor pode acontecer como uma atividade tcnica (intervir de forma tcnica e objetiva no processo ensino-aprendizagem mediante a prepara-o cientfica do professor). Acontece aqui a prtica baseada no modelo behavio-rista com ensino programado, livro-texto programado, controle de comportamen-to e reforos aos comportamentos tidos como certos.

    Pode acontecer, ainda, como uma dimenso heurstica (a vida da sala de aula deve ser interpretada como uma rede viva de troca, criao e transformao de sig-nificados). A interveno deve partir dos significados que os alunos trazem para a sala de aula, de sua experincia cotidiana e do compartilhamento de experincias.

    A sala de aula deve ser concebida como um espao de vivncias compartilha-das, de busca de significados, de produo de conhecimento e de experimentao na ao. O papel do docente orientar as trocas para que ocorra o conhecimento e as experincias sejam compartilhadas. um ato de criao em que professor e alunos refletem, experimentam, trocam experincias e crescem juntos. O ensino uma construo e reconstruo subjetiva, com base na experincia no mundo social e cultural no qual esto inseridos. uma atividade em que o aluno elabora seu conhecimento a partir de sua realidade, reconstruindo a cultura (conjunto de significados compartilhados por grupos sociais).

    O ensino democrtico faz com que o aluno aprenda a pensar e a atuar uti-lizando a cultura popular para transformar seu prprio pensamento e comporta-mento, construindo a realidade e elaborando a cultura ao mesmo tempo.

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  • Diferentes enfoques para compreender o processo de ensino na escola

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    Tropees da inteligncia(ALVES, 1993, p. 12)

    H a histria dos dois ursos que caram numa armadilha e foram levados para um circo. Um deles, com certeza mais inteligente que o outro, aprendeu logo a se equilibrar na bola e a andar no monociclo. Seu retrato comeou a aparecer em cartazes e todo o mundo batia palmas: Como inteligente. O outro, burro, ficava amuado num canto, e, por mais que o treinador fizesse promes-sas e ameaas, no dava sinais de entender. Chamaram o psiclogo do circo e o diagnstico veio rpido: intil insistir. O QI muito baixo...

    Ficou abandonado num canto, sem retratos e sem aplausos, urso burro, sem serventia... O tempo passou. Veio a crise econmica e o circo foi falncia. Concluram que a coisa mais cari-dosa que se poderia fazer aos animais era devolv-los s florestas de onde haviam sido tirados. E assim, os dois ursos fizeram a longa viagem de volta.

    Estranho que em meio viagem o urso tido por burro parece ter acordado da letargia, como se ele estivesse reconhecendo lugares velhos, odores familiares, enquanto que seu amigo de QI alto brincava tristemente com a bola, ltimo presente. Finalmente, chegaram e foram soltos.

    O urso burro sorriu, com aquele sorriso que os ursos entendem, deu um urro de prazer e abraou aquele mundo lindo de que nunca se esquecera. O urso inteligente subiu na bola e co-meou o nmero que sabia to bem. Era s o que sabia fazer. Foi ento que ele entendeu, em meio s memrias de gritos de crianas, cheiro de pipoca, msica de banda, saltos de trapezistas e peixes mortos servidos na boca, que h uma inteligncia que boa para o circo. O problema que ela no presta para viver. Para exibir sua inteligncia ele tivera de se esquecer de muitas coisas. E este esquecimento seria sua morte.

    E podemo-nos perguntar se o desenvolvimento da inteligncia no se d, sempre, s custas de coisas que devem ser esquecidas, abandonadas, deixadas atrs...

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    1. Leia o texto complementar Tropees da inteligncia e faa relao com o texto lido.

    2. Discuta com um ou dois colegas como o espao de sua sala de aula. Como vocs podem tornar o ensino mais reflexivo e motivador para seus alunos?

    3. Escolha um contedo a ser trabalhado e proponha que seus alunos construam esse conhecimen-to (buscando informaes em livros, revistas, com outras pessoas, discutindo o assunto, tro-cando informaes com colegas, escrevendo um texto) e comparem com um contedo pronto. Notou diferena no comportamento deles? Houve maior compreenso? As interaes sociais tornaram-se mais significativas?

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