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CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA RAFAEL CRUZ MAIA ESTUDO DO DIMENSIONAMENTO DA POTÊNCIA DE MOTORES DE POPA PARA EMBARCAÇÕES DE PEQUENO PORTE MANAUS 2017

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA RAFAEL CRUZ MAIA · O estudo da manutenção corretiva não programada nesses motores deu origem a uma nova hipótese, de que os elementos de transmissão

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CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

RAFAEL CRUZ MAIA

ESTUDO DO DIMENSIONAMENTO DA POTÊNCIA DE MOTORES DE POPA

PARA EMBARCAÇÕES DE PEQUENO PORTE

MANAUS

2017

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RAFAEL CRUZ MAIA

ESTUDO DO DIMENSIONAMENTO DA POTÊNCIA DE MOTORES DE POPA

PARA EMBARCAÇÕES DE PEQUENO PORTE

Trabalho de Conclusão de Curso II

apresentado ao Curso de

Graduação em Engenharia

Mecânica do Centro Universitário

Luterano de Manaus – CEULM-

ULBRA, como parte dos requisitos

para obtenção do grau de Bacharel

em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. MSc.João Cláudio Ferreira Soares

MANAUS

2017

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Modelo de ficha catalográfica ou dados internacionais de catalogação-na-publicação (registro das informações que identificam a publicação na sua situação atual)

LOCALIZAÇÃO: Verso da Folha de Rosto

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

R175s Maia, Rafael Cruz. Estudo do dimensionamento da potência de motores de popa para embarcações de pequeno porte./Rafael Cruz Maia. – 2017.

63 f.

Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica) – Centro Universitário Luterano de Manaus CEULM/ULBRA, Manaus, 2017.

Orientador Prof. MSc. João Cláudio Ferreira Soares.

1. Estudo do Dimensionamento da Potência de Motores de Popa para Embarcações de Pequeno Porte. 2. Manaus. 3. Conscientização. I. Maia, Rafael Cruz. II. Centro Universitário Luterano de Manaus- CEULM/ULBRA. III. Título.

CDU 626

Biblioteca Martinho Lutero / Setor de Processamento Técnico / Manaus – AM

Bibliotecária Kamile Nascimento CRB11 - 672

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RAFAEL CRUZ MAIA

ESTUDO DO DIMENSIONAMENTO DA POTÊNCIA DE MOTORES DE POPA

PARA EMBARCAÇÕES DE PEQUENO PORTE

Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia

Mecânica do Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM-ULBRA, como parte dos

requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Mecânica.

Aprovado em 18 de Dezembro de 2017.

Banca examinadora

____________________________________________________

Profª. MSc. Fatima Geisa Mendes Teixeira

Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM-ULBRA

____________________________________________________

Prof. MSc. Fagner Alves Gomes

Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM-ULBRA

____________________________________________________

Prof. MSc. João Cláudio Ferreira Soares

Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM-ULBRA

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Dedico esta pesquisa a todas as comunidades ribeirinhas da região

amazônica que tiram das matas seus sustentos e que fazem dos rios

suas estradas, utilizando os motores de popa em suas canoas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Professora Msc. Fátima Geisa coordenadora do Curso de Graduação em

Engenharia Mecânica do Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM-ULBRA, e ao

Professor e OrientadorMSc. João Cláudio Ferreira Soares pelas orientações e contribuição

para realização desta pesquisa.

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Não existe assunto tão antigo que não se possa

dizer algo novo sobre ele.

DOSTOIÉVSKY

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RESUMO

Esta pesquisa apresenta um estudo sobre o dimensionamento da potência de motores

de popa para embarcações de pequeno porte, visa estimar a potência do motor, a velocidade

da embarcação e o tipo de deslocamento, e avaliar a relação existente entre a manutenção

corretiva não programada com a falta do estudo de dimensionamento de potência do motor de

popa através do estudo da dinâmica dos fluidos. O objetivo deste estudo é desenvolver uma

metodologia para dimensionamento de potência de motores de popa para pequenas

embarcações, utilizando os respectivos objetivos específicos: caracterizar os problemas

oriundos da falta de dimensionamento, determinar os dados de entrada necessários ao

dimensionamento, definir os cálculos necessários ao dimensionamento etestar metodologia. A

pesquisa é composta de revisão de literatura composta por trabalhos acadêmicos, apostilas de

treinamentos técnicos e livros relacionados a pesquisa, bem como, pesquisa de campo com a

visita ao local conhecido como “beira” localizado na cidade de Manaus-AM para comprovar a

carência e a importância deste estudo. O resultado encontrado corresponde aos objetivos da

pesquisa, pois, conseguiu-se realizar a estimativa da potência do motor, da velocidade da

embarcação, do tipo de deslocamento desta em água, bem como, fazer uma comparação entre

valores estipulados pelo projeto dos barcos modelos da pesquisa e os estipulados pelo método

desta pesquisa.

Palavras chave: Motores de Popa, Motores de Combustão Interna, Manutenção corretiva não

programada, mecânica dos fluidos, esforços de torção e flexão.

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ABSTRACT

This research presents a study on the sizing of the power of outboard motors for small

vessels, considering an estimate of engine power, boat speed and displacement type, and

evaluate a relationship between an unplanned corrective maintenance with a fault of the study

of power design of the outboard through the study of fluid dynamics. The objective of this

study is to develop a methodology for the sizing of outboard motors for small vessels, to use

the specific features of danger: to characterize the problems of lack of design, to determine

the input data to size, to define the necessary calculations sizing and testing methodology. The

research is composed of literature review composed of academic papers, technical training

manuals and books related to research, as well as, field research with a visit to the site as

"border" located in the city of Manaus-AM to prove the lack and indicative of this study. The

result found points out the objectives of the research, because an estimation of the power of

the engine, the speed of the vessel, the type of displacement of the vessel in water, as well as,

a comparison between values estimated by the model research and estimation by the method

of this research.

Keywords: Outboard Motors, Internal Combustion Engines, Unscheduled Corrective

Maintenance, Fluid Mechanics, Torsion and Flexural Effort.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sistema biela-manivela ........................................................................................... 19

Figura 2 – Sistema curso-diâmetro “conversão de movimento” .............................................. 19

Figura 3 – 1º Tempo do ciclo de operação de motores 2º Tempos .......................................... 20

Figura 4 – 2º Tempo do ciclo de operação dos motores 2º Tempos ......................................... 21

Figura 5 – Ciclo de funcionamento dos motores de 4º Tempos ............................................... 22

Figura 6 – Ignição comandada por faisca (gasolina) ................................................................ 23

Figura 7 – Motor de popa ......................................................................................................... 24

Figura 8 – Embarcação indígena do século XV ....................................................................... 25

Figura 9 – Embarcação de pequeno porte utilizada no transporte escolar ............................... 26

Figura 10 – Função e estrutura do elemento de máquina “Pinhão” ......................................... 28

Figura 11 – Transmissão de potência de um motor de popa .................................................... 29

Figura 12 – Falha por flexão..................................................................................................... 30

Figura 13 – Falha por torção .................................................................................................... 30

Figura 14 – Barra circular puramente torcional........................................................................ 31

Figura 15 – Pressão atuando sobre uma área de um fluído ...................................................... 34

Figura 16 – Força de resistência hidrodinâmica ....................................................................... 37

Figura 17 – Relação “Vs/√Lwl” ............................................................................................... 42

Figura 18 – Medidas do casco .................................................................................................. 43

Figura 19 – Coeficiente de bloco “Cb” .................................................................................... 45

Figura 20 – Curva BHP/Δ:Vs/√Lwl ......................................................................................... 46

Figura 21 – Vista do lado esquerdo da beira em frente à cidade de Manaus ........................... 47

Figura 22 – Embarcações de transporte de passageiros e mercadorias I .................................. 48

Figura 23 – Embarcações de transporte de passageiros e mercadorias II ................................ 48

Figura 24 – Embarcações de transporte de passageiros e mercadorias III ............................... 49

Figura 25 – Relação BHP/Δ:Vs/√Lwl do barco de 5,2m ......................................................... 54

Figura 26 – Relação BHP/Δ:Vs/√Lwl do barco de 6,3m ......................................................... 56

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Dados da pesquisa decampo .................................................................................. 47

Quadro 2 – Dimensões das embarcações de transporte de passageiros e mercadorias I .......... 49

Quadro 3 – Dimensões das embarcações de transporte de passageiros e mercadorias II ........ 50

Quadro 4 – Dimensões das embarcações de transporte de passageiros e mercadorias III ....... 50

Quadro 5 – Embarcações com possível dimensionamento de potência correto ....................... 57

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Seleção do tipo deaplicação da embarcação ........................................................... 44

Tabela 2 – Dados de entrada dos barcos modelos .................................................................... 51

Tabela 3 – Valores estimados dos barcos modelos .................................................................. 57

Tabela 4 – Valores comparativos dobarco 5,2m ...................................................................... 58

Tabela 5 – Valores comparativos do barco 6,3m ..................................................................... 58

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LISTA DE ORGANOGRAMAS

Organograma 1 – Classificação das máquinas térmicas ........................................................... 18

Organograma 2 – Classificação dos tipos de manutenção ....................................................... 27

Organograma 3 – Processo para estimativa da potência instalada ........................................... 33

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEULM

PMI

PMS

ABNT

Re

Fr

Ton

Fi

Fv

Fp

Fg

Fts

Fc

α

Ct

Ca

Cr

Cp

Vs

Vs

BHP

Δ

Cb

Vs/√Lwl

BHP/Δ

C/B

B/H

FAO

Centro Universitário Luterano de Manaus

Ponto Morto Inferior

Ponto Morto Superior

Associação Brasileira de Norma Técnica

Número de Reynolds

Número de Froude

Tonelagem

Força de inercia

Força de viscosidade

Força de pressão

Força de gravidade

Força tensão superficial

Força de compressibilidade

Proporcionalidade

Coeficiente de resistência total

Coeficiente de resistência de atrito

Coeficiente de resistência residual

Coeficiente prismático

Velocidade de serviço

Volume submerso

Potência estimada em HP

Tonelagem de deslocamento

Coeficiente de bloco

Relação de velocidade da embarcação

Relação de potência do motor

Relação comprimento-boca da embarcação

Relação boca-calado da embarcação

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 16

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA ..................................................................................... 18

2.1. Motores de combustão interna e suas classificações ................................................... 18

2.1.1. Ciclo de operação dos motores de popa ................................................................. 20

2.1.2. Tipo de ignição dos motores de popa ..................................................................... 22

2.2. Motor de popa .............................................................................................................. 23

2.3. Embarcação regional de pequeno porte ....................................................................... 24

2.4. Manutenção corretiva não programada ....................................................................... 26

2.5. Elementos de máquina e os tipos de esforços.............................................................. 28

2.5.1. Elementos de máquina ............................................................................................ 28

2.5.2. Tipos de esforços .................................................................................................... 29

2.6. Mecânica dos fluídos ................................................................................................... 32

2.6.1. Mecânica dos fluídos aplicada a embarcações ....................................................... 32

2.6.2. A estática dos fluídos aplicada a embarcações ....................................................... 34

2.6.3. Dinâmica dos fluídos aplicada a embarcações ....................................................... 35

2.6.4. O estudo da análise dimensional e adimensional ................................................... 35

2.6.5. Resistência hidrodinâmica em embarcações .......................................................... 39

2.6.6. Método de seleção motor/hélice de um fabricante de motor de popa .................... 41

3. PROCEDIMENTO METODOLOGICO ...................................................................... 47

3.1. Pesquisa de campo ....................................................................................................... 47

3.2. Determinando os dados necessários ao dimensionamento .......................................... 51

3.3. Definição dos cálculos necessários ao dimensionamento ........................................... 52

3.4. Testando a metodologia ............................................................................................... 53

3.4.1. Embarcação de 5,2m............................................................................................... 53

3.4.2. Embarcação de 6,3m............................................................................................... 54

4. RESULTADOS E DISCURSÕES ............................................................................... 56

5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 59

6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 61

ANEXO A .......................................................................................................................... 63

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1. INTRODUÇÃO

A pesquisa teve início em 2014, quando o autor cursou o curso de mecânico de

motores de popa na instituição de cursos profissionalizantes do SENAI-AM, onde houve o

primeiro contato com os motores de popa e os problemas de manutenção corretiva que

ocorriam nesses equipamentos, o aprendizado inicial fez surgir à vontade de conhecer cada

vez mais sobre essas máquinas, e foi justamente através desses estudos que o autor chegou à

hipótese de que a manutenção corretiva não programada em motores de popa ocorria pela

falta do estudo da dinâmica dos fluídos aplicada a embarcações por meio da análise

dimensional e adimensional de resistência hidrodinâmica do casco.

O estudo da manutenção corretiva não programada nesses motores deu origem a uma

nova hipótese, de que os elementos de transmissão de potência são submetidos a grandes

esforços de torção e flexão devido à falta do estudo de dimensionamento da potência do

motor. Não sendo feito esse estudo, os motores trabalham com uma carga de operação fora

das suas especificações, por consequência, perda dos índices de confiabilidade dos seus

elementos de máquina, redução do ciclo de vida do equipamento e intervenção da manutenção

corretiva na substituição de peças como eixo cardãn, pinhão e engrenagens quebrados por

altos esforços de torção e flexão.

A partir da pesquisa que apontou a hipótese da manutenção corretiva não programada

em motores de popa ter como causa à falta do estudo da dinâmica dos fluídos, iniciou-se uma

nova pesquisa, agora com os seguintes objetivos.

O objetivo geral desta pesquisa é desenvolver uma metodologia para dimensionamento

da potência de motores de popa para embarcações de pequeno porte. Para isso, a pesquisa terá

como os respectivos objetivos específicos, os itens citados abaixo:

a) Caracterizar os problemas oriundos da falta de dimensionamento

b) Determinar os dados de entrada necessários ao dimensionamento

c) Definir os cálculos necessários ao dimensionamento

d) Testar metodologia

Este estudo se faz relevante por uma série de motivos, dentre os quais:

a) Trata-se dos motores utilizados no sistema propulsivo dos pequenos barcos

conhecidos popularmente como “canoa” que as populações da região utilizam como

meio de transporte pessoal e de suas mercadorias, aos quais não se tem como mensurar

a importância sobre vários aspectos, desde o social, cultural, ambiental, econômico, de

segurança e bem-estar na navegação.

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b) Por manutenção corretiva não programada, tais fatores são responsáveis pela redução

da vida útil dos componentes do motor, e por consequência do próprio motor. Fato

este que encontra explicação em um ramo da mecânica conhecida como resistência

dos materiais, onde se faz a relação de cargas externas aplicadas a um corpo

deformável e a intensidade das forças internas que reagem no interior do corpo.

Quanto maiores às forças externas, menores serão as forças internas que reagem a

essas forças, fato este que explica a quebra de um elemento de máquina ao ser

aplicado sobre ele uma tensão maior do que ele pode dissipar através da deformação.

c) Por segurança e confiabilidade na navegação, visto que todo equipamento é projetado

para realizar um trabalho de acordo com suas especificações, caso esse procedimento

não seja levado em consideração com o estudo da hidrodinâmica para determinar à

potência do motor para uma embarcação, este motor apresentará modificações nas

suas características de funcionamento durante a navegação, como consequência, o

risco constante de quebra ou falha e risco à integridade física dos ocupantes.

d) Deve-se salientar que existe uma carência em abordar esse tema, devido a poucos

trabalhos voltados para barcos de pequeno porte, e com bibliografia relacionada ao

tema.

A metodologia deste trabalho é referente a uma pesquisa bibliográfica e de campo,

onde o estudo teórico tem como base a pesquisa bibliográfica de livros, trabalhos acadêmicos

e manuais técnicos, enquanto que a pesquisa de campo tem como base à visita ao local

denominado de “beira” na cidade de Manaus–AM. Esta pesquisa contém revisão literária no

Capítulo 2, distribuída na seguinte ordem: motores de combustão interna, motor de popa,

embarcações de pequeno porte na região amazônica, manutenção corretiva não programada,

elementos de máquinas e os tipos de esforços, e mecânica dos fluídos, referentes ao objetivo

específico (a) deste trabalho. No Capítulo 3, contém o procedimento metodológico desta

pesquisa que descreve os objetivos específicos (b), (c), e (d) deste trabalho. No Capítulo 4,

contém resultados e discussões que especifica os resultados encontrados e os analisa em

tabelas e textos. No Capítulo 5, contém a conclusão da pesquisa. No Capítulo 6, contém as

referências desta pesquisa.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Motores de combustão interna e suas classificações

Conforme Martins (2004), O motor de combustão interna pertence à família das

máquinas térmicas que transformam a energia térmica em energia mecânica. Nos motores de

combustão interna a pistão, o fluído motor evolui de forma pulsante numa cavidade

volumétrica do tipo alternativo. Para o motor do tipo alternativo, o fluído ativo evolui dentro

de um cilindro e transmite a sua energia à parede móvel desse cilindroque em movimento de

subida e descida, impulsiona o veio motor pelo sistema biela-manivela.

O Organograma 1 apresenta a classificação das máquinas térmicas, com destaque na

cor vermelho ao tipo de máquina térmica ao qual pertencem os motores de popa.

Organograma 1 - Classificação das máquinas térmicas

Fonte: MARTINS (2004)

Segundo Mahle (2012), O motor de combustão interna a pistão comprime à mistura na

câmara de combustão do cilindro para iniciar a queima desta mistura, o que libera uma força

contra a cabeça do pistão, forçando este a deslocar-se na direção do virabrequim. Sendo a

biela, o elemento de ligação entre o pistão e o virabrequim, transmitindo a força atuante na

cabeça do pistão ao colo do virabrequim, girando este, convertendo-se assim, o movimento

retilíneo alternado do pistão em movimento rotativo do virabrequim.

Máquinas Térmicas

Combustão Interna

Volumétricas

Alternativas (Motor a pistão)

Rotativas

(Motor Wankel)

Dinâmicas

Rotativa

(Turbina a gás)

A reação (jacto)

Combustão Externa

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A Figura 1 apresenta a ilustração do sistema biela-manivela dos motores de combustão

interna de princípio volumétrico alternativo.

Figura 1 - Sistema biela-manivela

Fonte: MRAUTOMOTIVO (2015)

A Figura 2 apresenta a ilustração do sistema curso-diâmetro presente nos motores de

combustão interna de princípio volumétrico alternativo.

Figura 2 - Sistema curso-diâmetro “conversão de movimento”

Fonte: NTEDITORA (2014)

Pistão Biela

Virabrequim

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20

2.1.1. Ciclo de operação dos motores de popa

Segundo Martins (2004), O ciclo de operação do motor de combustão interna a pistão

corresponde ás fases de (admissão, compressão, expansão e escape) em função do curso do

pistão, podendo ser realizados em 2º ou 4º tempos. Sobre o ciclo de operação 2º tempos: No

primeiro tempo, a mistura é comprimida, a vela fornece uma faísca provocando à combustão,

o pistão é forçado para o PMI fornecendo energia a manivela, antes do fim do curso, o pistão

descobre a janela de escape, com a descida do pistão ocorre à compressão da mistura que está

no cárter, em seguida o pistão descobre a janela de transferência, permitindo que a mistura

comprimida no cárter entre no cilindro, deslocando gases queimados para fora do cilindro, a

esta fase denomina-se “lavagem”, e finalmente o pistão chega ao PMI.

A Figura 3 apresenta a ilustração do funcionamento do 1º tempo dos motores de

combustão interna de princípio volumétrico alternativo de ciclo de operação 2º Tempos.

Figura 3 -1º Tempo do ciclo de operação de motores 2º tempos

Fonte:BRITO (2013)

Conforme Martins (2004), sobre o ciclo de operação 2º tempos: No segundo tempo, o

pistão vindo do PMI sobe e fecha a janela de transferência, depois a de escape, em seguida, o

pistão vai comprimindo a mistura que permaneceu no interior do cilindro, simultaneamente o

pistão vai descomprimindo a janela de admissão e a pré-mistura vai ser admitida ao cárter, e

finalmente o segundo tempo termina com o pistão chegando ao PMS.

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A Figura 4 apresenta a ilustração do funcionamento do 2º tempo dos motores de

combustão interna de princípio volumétrico alternativo de ciclo de operação 2º Tempos.

Figura 4 -2º Tempo do ciclo de operação dos motores 2º tempos

Fonte: BRITO (2013)

Segundo Martins (2004), enquanto os motores de ciclo de operação dois tempos

eliminam os cursos de admissão e de escape, realizando essas operações de forma simultânea

quando o pistão encontrasse no PMI. Assim, um ciclo com 4º fases (admissão, compressão,

expansão e escape) é realizado em dois tempos (curso do pistão). Os motores com ciclo de

operação de 4º tempos realizam as quatro fases do ciclo (admissão, compressão, expansão e

escape) em quatro tempos, sendo o tempo de combustão o tempo motor.

Conforme Mahle (2012), sobre o ciclo de operação 4º tempos: No primeiro tempo

ocorre à admissão, o pistão vai descer do PMS para o PMI, a válvula de admissão se abre e a

mistura é aspirada para o cilindro. No segundo tempo ocorre à compressão, a válvula de

admissão se fecha, o pistão se desloca do PMI ao PMS comprimindo a mistura no interior do

cilindro. No terceiro tempo ocorre à expansão, antes de chegar ao PMS, a vela fornece uma

faísca e a mistura entra em combustão, seguido da expansão dos gases que empurram o pistão

para o PMI. No quarto tempo ocorre o escape, a válvula de escape se abre e os gases da

combustão são forçados a sair do cilindro pelo curso ascendente do pistão.

A Figura 5 apresenta a ilustração do funcionamento do 1º, 2º, 3º e 4º tempo dos

motores de combustão interna de princípio volumétrico alternativo de ciclo de operação 4º

Tempos.

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Figura 5 -Ciclo de funcionamento dos motores de 4º tempos

Fonte: NTEDITORA (2014)

Conforme Souza (2014), Pelos conceitos apresentados entende-se que os princípios do

processo de admissão, compressão, expansão e escape estão presentes em motores 2º tempos

e 4º tempos. A diferença está no trabalho útil, ao qual, no motor dois tempo é alcançado em

apenas dois deslocamentos que corresponde a uma volta no eixo motor, enquanto que no

motor quatro tempo é alcançado em quatro deslocamentos, que corresponde a duas voltas no

eixo motor. Por esta razão, espera-se que o motor dois tempos produza o dobro de potência de

um motor quatro tempos, entretanto, as deficiências nos processos em decorrência das

superposições de estágios no motor dois tempos impedem que isso aconteça.

2.1.2. Tipo de ignição dos motores de popa

Conforme Martins (2004), sobre a ignição comandada por faísca (gasolina): O motor

de combustão interna do ciclo Otto vulgarmente chamado de motor à gasolina, é conhecido

como motor de ignição comandada ou de ignição por faísca. Nesse motor no momento que o

pistão chega ao fim do curso de compressão “PMS” na parte superior do cilindro, uma faísca

elétrica de alta tensão e lançada entre os elétrodos da vela, dentro da câmara de combustão, a

mistura que se encontra comprimida é aquecida, queimando-se rapidamente “explosão”.

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A Figura 6 apresenta a ilustação da ignição comandada por faísca na câmara de

compressão-combustão de um motor de combustão interna volumétrico alternativo.

Figura 6 – Ignição comandada por faísca (Gasolina)

Fonte: NEGRY (2015)

A abordagem sobre o motor de combustão interna de princípio volumétrico

alternativo, dos ciclos de operação 2º e 4º tempos, e do sistema de ignição comandado por

faísca “gasolina”, fez-se necessário, pois, essas configurações são as mesmas que são

encontradas nos motores de popa.

2.2. Motor de popa

A apostila de treinamento de um fabricante de motor de popa (2008) descreve a

configuração do motor de popa em três grupos principais: O primeiro é o Grupo de força,

compostopor cabeçote e bloco do motor, sistema elétrico, sistema de alimentação, dutos de

lubrificação e refrigeração, e mecanismos de transmissão de movimento. O segundo é a

unidade de transmissão, composta por um eixo de transmissão, um rotor e um silencioso que

formam uma passagem para a transmissão de potência do motor para o hélice, para água de

refrigeração e gás de escape. O terceiro é a rabeta, composta por um sistema de câmbio, eixo

de hélice e hélice.

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A Figura 7 apresenta a ilustração da forma construtiva presente nos motores de popa.

Figura 7 – Motor de popa

Fonte: MIYAMOTO (2016)

A abordagem seguinte é sobre as embarcações de pequeno porte, popularmente

conhecidos na região amazônica como “canoa”, devido a grande aplicação dos motores de

popa como sendo o elemento que fornece a potência mecânica para que o hélice a converta

em força motriz para deslocar essas embarcações pelos rios da Amazônia.

2.3. Embarcaçãoregional de pequeno porte

A importância dos barcos de pequeno porte que as populações da região amazônica

utilizam como meio de transporte pessoal e de suas mercadorias não se tem como mensurar,

sobe vários aspectos desde o social, ambiental, cultural, econômico e histórico.

Para Gualberto (2009), Antes da chegada dos portugueses na amazônica, a região já

era habitada por povos indígenas que aproveitavam as potencialidades desse lugar rico em

vegetação e árvores, e as transformavam em úba ou igarité “embarcação feita de tronco

mestiço de árvore” desenvolvendo a cultura da pesca e do transporte fluvial. O conhecimento

Grupo de Força

Unidade de

Transmissão

Rabeta

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sobre a construção dos barcos mestiços foi construído ao longo do tempo, sendo a junção da

carpintaria portuguesa e indígena, estabelecendo-se em uma relação social e histórica

construída pelos membros das comunidades ribeirinhas.

Conforme Lins (2009), O primeiro construtor naval da Amazônia foi o índio, os

troncos que caíam nos rios e boiavam conforme as correntezas foram à inspiração para as suas

embarcações, que eram feitas do casco do tronco moldado com amarrações de cipó ou

construídas de um único tronco de árvore cavado a fogo ou machado. A capacidade de

construção naval do caboclo segundo especialistas é inquestionável, para muitos, o caboclo é

carpinteiro e armador naval por intuição.

Para Salorte (2010), A construção naval na Amazônia começou no século XVI quando

os portugueses perceberam a abundância de matéria-prima “madeira” e de mão-de-obra

“índios”. Atualmente a construção desses barcos em madeira é encontrada em estaleiros

informais que possuem carpinteiros navais que desenham esses barcos á partir da sua

imaginação, que os constroem e assentam motores para que naveguem pelos rios da

Amazônia. Dentre tantas aplicações, o transporte de cargas e de passageiros, por exemplo, é

realizado em barcos de madeira da floresta, o que lhes confere grande resistência e

durabilidade.

Segundo a Embrapa (2006), A aplicação desses barcos na Amazônia é vastamente

aplicada no escoamento dos produtos vindos do interior produzidos por agricultores que

praticam a agricultura familiar.

A Figura 8 apresenta a ilustração de uma embarcação típica do século XV.

Figura 8 – Embarcação indígena do século XV

Fonte: LINS Apud ANDRADE (1957)

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26

A Figura 9 apresenta a ilustração de uma embarcação de pequeno porte utilizada no

transporte escolar na Amazônia.

Figura 9 – Embarcação de pequeno porte utilizada no transporte escolar

Fonte: RESTREPO (2016)

Ao mencionar a falta do dimensionamento da potência do motor de popa como sendo

a possível causa da ocorrência de manutenções periódicas, alto custo com manutenção

corretiva não programada e baixo rendimento do equipamento, ou seja, perda dos indices de

segurança e qualidade do motor de popa. Se torna necesário uma abordagem sobre a

manutenção, em especial a manutenção corretiva não programada.

2.4. Manutenção corretiva não programada

Conforme Brito (2003), sobre o conceito genérico de manutenção: Todo equipamento

ou maquinário esta sujeito a um processo de deterioração natural, principalmente se estiver

em atividade de funcionamento. Para que este bem mantenha a função ao qual foi concebido

deverá sofrer ao longo de sua vida útil reparações, inspeções programadas, de rotina

preventiva, de substituição de peça, de trocas de lubrificantes, limpezas, pinturas, correções de

defeitos, ou seja, um conjunto de ações que se denomina de manutenção.

Segundo Viana (2002), A manutenção corretiva de acordo com a ABNT é a

manutenção que ocorre após uma pane, sendo destinada a colocar um item em condições de

executar uma função requerida. A manutenção preditiva “corretiva planejada” é baseada no

acompanhamentoda máquina por monitoramento, mediçõese controle estatístico, e desta

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forma,tentar predizer a proximidade da ocorrência da falha. Essa manutenção tem por

objetivo evitar a desmontagem para inspeção e utilizar o componente até o final da sua vida

útil.A manutenção corretiva não programada implica em alto custo de manutenção,

diminuição da vida útil das máquinas, diminuição do grau de confiabilidade e segurança do

equipamento.

Conforme BRITO (2003), A manutenção corretiva não programada implica em falta de

planejamento e alto custo de manutenção, diminuição da vida útil das máquinas, diminuição

do grau de confiabilidade e segurança do equipamento.

O Organograma 2 apresenta a classificação dos tipos de manutenção, com destaque na

cor vermelha para a manutenção corretiva não planejada.

Organograma 2 – Classificação dos tipos de manutenção

Fonte: BRITO (2003)

Em engenharia quando se fala em projetar um equipamento, uma das preocupações

dos projetistas e quanto aos objetivos de manutenção e a estratégias de manutenção para que o

equipamento opere com segurança e qualidade. A análise desses fatores é que escolhe qual

será a melhor aplicação para tratar a futura falha. Se corretivo, preventivo ou preditivo.

Conforme Brito (2003), O objetivo da manutenção e obter os níveis produtivos mais

elevados dos equipamentos, levando em consideração a segurança, ao criar condições para

detecção, avaliação e controle dos riscos que o equipamento possa oferecer aos usuários, e a

qualidade, pois o equipamento deve ter altos rendimentos em condições de higiene e controle

de poluentes.

Conforme Viana (2002), sobre a determinação da estratégia da manutenção: A

determinação da estratégia de manutenção a ser aplicada a um equipamento deve levar em

MANUTENÇÃO

MANUTENÇÃO PREVENTIVA

SISTEMÁTICA CONDICINOAL

MANUTENÇÃO CORRETIVA

PLANEJADANÃO

PLANEJADA

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consideração dentre alguns fatores, o de recomendação do fabricante, ao qual, entende-se

como sendo o fator de que o projetista ao desenvolver o projeto, projetou o mesmo visando à

sua conservação, e o de segurança e meio ambiente que consiste nas exigências do manuseio

do equipamento objetivando a perfeita interação homem, máquina e meio ambiente.

2.5. Elementos de máquina e os tipos de esforços

2.5.1. Elementos de máquina

Conforme Sarkis (2012), engrenagem é a peça de formato cilíndrico, cônico ou reto,

formada de dentadura externa ou interna, cuja finalidade é transmitir movimento sem

deslizamento e potência, multiplicando os esforços com a finalidade de criar trabalho.

Segundo um fabricante de motor de popa (2008), A engrenagem é uma peça que altera

a direção e a magnitude de uma força a ser transmitida, e é utilizada em um mecanismo de

transmissão de força motriz. Uma pequena engrenagem é posta na parte mais baixa do eixo de

transmissão e é denominada“pinhão”, este se localiza em um ângulo reto com as engrenagens

de marcha à frente e à ré, então a direção de saída é alterada em 90º.

A Figura 10 apresenta a ilustração da função e estrutura do elemento de máquina

“pinhão” na transmissão de potência em um motor de popa.

Figura 10 – Função e estrutura do elemento de máquina “Pinhão”

Fonte: FABRICANTE (2008)

Pinhão

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29

Segundo a fabricante de motor de popa (2012), No motor de popa, o motor tem

configuração no sentido vertical, se localizando longitudinalmente de modo que a árvore de

manivela se comunique diretamente ao hélice. A potência produzida no motor é transmitida

ao sistema de câmbio no interior da rabeta por meio do eixo de transmissão, o sistema de

câmbio converte a potência em força motriz e a transmite ao hélice.

A Figura 11 apresenta a ilustração da transmissão de potência em um motor de popa.

Figura 11 – Transmissão de potência de um motor de popa

Fonte: FABRICANTE (2008)

2.5.2. Tipos de esforços

Após uma pesquisa, observou-se que os tipos de esforços presentes nos elementos de

máquina engrenagem e pinhão correspondiam aos esforços de flexão, enquanto que ao

elemento eixo cardãn corresponde os esforços de torção e carga axial. Podemos intender

como funcionam esses esforços ao fazer uma abordagem sobre os ensaios destrutivos de

torção e flexão.

Conforme Norton (2013), Uma barra fina conforme mostra a Figura 12 é apoiada nas

extremidades e carregada transversalmente no centro de seu comprimento até a falha ocorrer.

Se o material for dúctil, a falha será por escoamento conforme a figura 12a, se o material for

frágil à viga se rompera como mostra a figura 12b.

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A Figura 12 apresenta a ilustração da falha por flexão em material dúctil em (a) e

material frágil em (b).

Figura 12 – Falha por flexão

Fonte: NORTON (2013)

Conforme Norton (2013), Um corpo de prova de modo que possa ser torcido em torno

do seu eixo até que se rompa. A Figura 13 mostra dois corpos de prova, um de aço dúctil

conforme a Figura 13a, e um de ferro fundido frágil conforme a Figura 13b, observa-se que as

linhas pintadas ao longo de seus comprimentos que eram inicialmente retas, com a rotação

helicoidal na linha do corpo de prova dúctil após a falha, mostra que ele girou varias vezes

antes de romper, enquanto que no material frágil a linha da amostra permanece reta após a

falha, uma vez que não houve distorção plástica significativa antes da ruptura.

A Figura 13 apresenta a ilustração da falha por torção em material dúctil em (a) e

material frágil em (b).

Figura 13 – Falha por torção

Fonte: NORTON (2013)

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A aplicação das referências é entendida quando aplicadas simultaneamente, os

elementos acima citados eixo cardãn e engrenagem, trabalham em conjunto para transmitir

movimento e potência, e assim gerar trabalho, ou seja, transformar a potência dos motores de

popa em força motriz no hélice para deslocar as embarcações.

Para Norton (2013), quando barras são solicitadas por um momento em relação ao seu

eixo longitudinal, diz-se que estão sobe torção e o momento aplicado é denominado “torque”

ou momento torçor. Essa configuração é comum a eixos de transmissão de potência em que o

vetor do momento aplicado seja paralelo ao eixo longitudinal de um corpo, em vez de se

transversal a ele como no caso da flexão, muitos elementos de máquinas são carregados com a

combinação de torques e momentos fletores.

A Figura 14 apresenta a ilustração de uma barra circular puramente torcional, em (a)

deflexão e em (b) distribuição de tensão de cisalhamento.

Figura 14 – Barra circular puramente torcional

Fonte: NORTON (2013)

Quando o motor de popa é dimensionado corretamente para aplicação em uma

embarcação, ele consegue transmitir movimento e potência sem colocar em risco os seus

elementos de máquinas com uma possível falha ou quebra por altos esforços de torção e

flexão. A forma correta de se dimensionar a potência de um motor de popa passa pelo estudo

da hidrodinâmica, e é através dela que se pode evitar que as falhas possam acontecer.

Segundo NORTON (2013), e na fase de projeto que são feitos todos os ensaios

destrutivos e não destrutivos, com o objetivo de garantir qualidade e segurança ao produto,

esses ensaios tem por objetivo observar o comportamento de um elemento sobe a ação de

forças internas e externas.

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Quando um motor de popa é projetado, o fabricante informa o tipo de trabalho que ele

pode realizar através da sua potência dada em HP, isto após ter passado por ensaios e testes

durante o período de projeto para poder ser fabricado. Dentro destes parâmetros observa-se a

3º geração da manutenção, com base na engenharia de manutenção que através desses

ensaios, determinam o ciclo de vidas dos elementos e o tempo de utilização dos componentes,

para então, realizar os tipos de manutenção no equipamento. Porém, quando um motor de

popa é colocado em uma embarcação para que o hélice em contato com a água, transforme

força motriz em deslocamento pelos rios, sem o estudo da hidrodinâmica. O projeto é

abandonado e com ele a qualidade e a segurança do equipamento.

2.6. Mecânica dos fluídos

Conforme Rodrigues (2010), A mecânica dos fluídos estuda o comportamento físico

dos fluídos e suas propriedades, seja para realizar ou oferecer resistência a um trabalho, é

aplicado ao estudo do escoamento de líquidos e gases, divididos entre a estática dos fluidos e

a dinâmica dos fluídos. Para a estática, estuda as propriedades e as leis da física que regem o

comportamento dos fluídos livres da ação de forças externas. Para dinâmica, estuda o

comportamento dos fluídos em regime de movimento acelerado sob a ação de forças externas

responsáveis por transporte de massa.

Segundo Ramalho (2007), A primeira lei sobre a estática dos fluídos foi proposta por

Arquimedes. Nela, o estudo do equilíbrio dos líquidos é descrito como sendoa quantidade de

água deslocada é igual ao volume de seu corpo,a partir dela desenvolveu-se o princípio do

empuxo. A hidrostática forneceu subsídios ao início da dinâmica dos fluídos também

conhecido como “hidrodinâmica”.

Para Zigmantas (2010), O estudo da mecânica dos fluídos é utilizado dentre tantas

áreas do conhecimento para determinar as forças de resistência hidrodinamicas da água sobre

a embarcação, e desta forma, determinar o dimensionamento do sistema propulsivo.

2.6.1. Mecânica dos fluídos aplicada a embarcações

Segundo Schoeping (2014) Apud Man (2010), O dimensionamento do sistema

propulsivo de uma embarcação começa pelo estudo da resistência de avanço, com os números

adimensionais de Reynolds (Re) e de Froude (Fr), e utiliza-se do método de regressão e séries

históricas para reduzir o tempo gasto com ensaios em escala reduzida. Depois da resistência

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ao avanço, se dimensiona e seleciona o propulsor.Por fim, levar-se em consideração o

conceito de “Margem de mar e motor”, para margem do mar utilizasse o acréscimo de 15%

até 30%, pois a embarcação nem sempre vai operar em condições de mar calmo e o seu casco

vai apresentar um nível de rugosidade mais alto com o passar dos tempos. Enquanto, que na

margem de motor, o motor deve operar em uma condição mais leve que a sua operação

máxima, entre 85% a 90% da sua capacidade máxima de operação.

O Organograma 3 apresenta o processo para estimar a potência instalada de uma

embarcação.

Organograma 3 - Processo para estimativa da potência instalada

SCHOEPING (2014)

Para Araújo (2014), A primeira fase do projeto de uma embarcação é a determinação

da resistência ao avanço do casco e o consequente dimensionamento do sistema propulsivo.

Tradicionalmente utilizasse os modelos em tamanhos reduzidos, o que representa uma

alternativa custosa. Através de análise computacional utilizasse o fator de forma para

considerar a parcela da resistência decorrente da forma do casco. Para as grandes

embarcações é necessário o ensaio experimental em tanques de reboque em laboratórios, com

modelos em escala reduzida. Atualmente os Softwares de simulação naval de dinâmica dos

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fluídos computacional são bastante utilizados na área naval para resolver problemas

hidrodinâmicos das embarcações.

Os textos acima citados são de trabalho de conclusão de curso do curso de engenharia

naval, eles trazem informações importantes para este trabalho, ao qual, conforme mencionado

pelos dois autores, o início de todo projeto de uma embarcação é a determinaçãoda resistência

ao avanço, para então estimar-se a potência efetiva com a utilização do conceito de margem

do mar e motor na potência instalada de uma embarcação.

2.6.2. A estática dos fluídos aplicada a embarcações

Para Zigmantas (2010), A estática dos fluídos estuda a pressão e a sua variação no

interior do fluído, como não há movimento de uma camada do fluído em relação a outra, não

haverá tensões de cisalhaamento, e sim forças normais de pressão.

A Figura 15 apresenta a ilustração da força de pressão atuando normal sobre uma

superfície de fronteira móvel.

Figura 15 - Pressão atuando sobre uma área de um fluído

Fonte: ZIGMANTAS (2010)

Segundo Zigmantas (2010), se um objeto estiver submerso em um líquido, em sua

superfície a força vertical que age sobre esse corpo devido á pressão do líquido é chamada de

empuxo. O fenômeno da flutuação ocorre devido o fluído possuir uma propriedade física

denominada de tensão superficial, onde a camada superficial do líquido passa a ter o

comportamento de uma membrana elástica, fazendo com que um objeto de densidade maior

que a do líquido permaneça sobre a superfície do mesmo sem afundar. Como exemplo uma

(1)

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fragata que navega em água salgada de densidade 1,025ton/m³ e tem deslocamento de 49ton.

Determine o volume submerso do casco quando navega em água do mar.

E = P (2)

ρ.g.Vs = m.g (3)

Vs = m/ρ (4)

Para que a fragata flutue, o empuxo é igual ao peso.

Vs = 4900/1,025

Vs = 4780m³

2.6.3. Dinâmica dos fluídos aplicada a embarcação

Segundo Garcia (2007), A dinâmica dos fluídos é a parte da mecânica dos fluídos que

estuda o escoamento dos fluídos, sendo estes sujeitos a forças externas que induzem o

movimento, visto que estes não oferecem resistência sobe a presença de forças de

cisalhamento sobre o mesmo ou parte dele não contido por recipiente como a superfície de

oceanos e rios. Por meio da descoberta da teoria da semelhança de Isaac Newton e do teorema

de Bridgman, conseguiu-se adotar modelos físicos para determinar o escoamento dos fluídos,

nos modelos hidrodinâmicos em oceanos usa-se a semelhança de Froude.

O estudo aplicado da análise dimensional e da análise adimensional é utilizado para

determinar a propulsão dos barcos através da resistência hidrodinâmica.

2.6.4. O estudo da análise dimensional e adimensional

Conforme Garcia (2007), Em análise dimensional as dimensões “unidades de

medidas” são grandezas algébricas, onde apenas se adiciona ou retira grandezas nas equações

quando ela tem a mesma dimensão. Trata-se de um ramo da física que se interessa pelas

unidades de medida das grandezas físicas, todas as unidades são arbitradas, tornando as

equações homogêneas, e um sistema de seis unidades básicas, das quais usasse três (massa,

comprimento e tempo) representadas pelas letras M, L e T.

A seguir, alguns exemplos das três grandezas.

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36

1- Velocidade (v)

v = ∆s (5)

∆t

v = é a velocidade.

S = é expresso em metros, e representado por L.

t = é expresso em segundos, e representado por T.

v = L/T, ou empregada na forma; v = LT­¹.

2- Força (F)

F= m.a (6)

F = é a força.

m = é expressa em kg, e representada por M.

a = é expressa em m/s², e representada por L/T².

F = ML/T² ou empregada na forma; F = MLT­².

3- Pressão (p)

p = F (1)

A

p = é a pressão.

F = é expressa em N (kg*m/s²), e representada por MLT­².

A = é expressa em m², e representada por L².

p = MLT­²/L² ou empregada na forma; p = ML­¹T­².

Para Garcia (2007), O movimento de um barco na água adota a seguinte hipótese, o

movimento é retilíneo uniforme e ao longo da viagem, a quantidade de combustível queimado

na máquina tem massa desprezível em relação à massa total da embarcação, permitindo o uso

da equação F = m.a. Ou seja, a força resultante que atua no navio é nula, daí a velocidade ser

constante, então, a força de velocidade tem que ser igual à força externa que se opõem ao

movimento, essa força é denominada de resistência hidrodinâmica (R), Assim:

F = m.a (6)

F = t*S = µ(δu/δy)*S (7)

S = área de superfície molhada, submersa da embarcação.

Para Garcia (2007), A resistência hidrodinâmica de um corpo em movimento,

submerso (parcial ou completamente) pode ser escrita como função de:

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ρ e μ= propriedades do fluído.

g = campo gravitacional local.

C = dimensões e forma geométrica do corpo.

v = velocidade do corpo em movimento.

p = pressão: altura e quantidade do fluido que agem sobre o corpo. No caso da embarcação

tem-se a atmosférica mais a altura da coluna d´água.

Onde:

R - resistência hidrodinâmica; R = MLT-² (em N ou kg*m/s²).

ρ - massa específica do fluído: água; ρ = ML-³ (em kg/m³).

μ - viscosidade dinâmica da água; μ = ML-¹T-¹ (em Pa*s).

g - aceleração da gravidade; g = MT-² (em m/s²).

C - comprimento da embarcação; C = L (em m).

v - velocidade (constante) da embarcação; v = LT-¹ (em m/s).

p - pressão (absoluta, em seção de interesse); p = ML-¹T-² (em Pa ou N/m²).

ν - μ/ρ, denominada viscosidade cinemática; ν = L²T-¹ (em m²/s).

Segundo Garcia (2007), A resistência pode ser expressa pela equação:

R = ½ρSv²f1(v/(gC)½ (8)

R = ρvC (9)

μ

A Figura 16 apresenta a ilustração da força de resistência hidrodinâmica (R).

Figura 16 – Força de resistência hidrodinâmica (R)

Fonte: GARCIA (2007)

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Segundo Zigmantas (2010), Um grupo é adimensional quando não possui dimensão, o

princípio da análise adimensional está contido nos fluídos em movimento devido às forças de

Inercia (Fi), viscosidade (Fv), pressão (Fp), gravidade (Fg), tensão superficial (Fts) e

compressibilidade (Fc). Sendo os principais grupamentos aplicados a embarcações

denominados de números de Reynolds(Re) e Froude (Fr) que são obtidos por equações e

proporcionalidades (α):

Fi = m.a = ρ.Vol.VdV,α. ρ.V²L² (10)

dL

Fv = αµVL (11)

Fp = α∆PL² (12)

Fg = αgρL³ (13)

FTS = αsL (14)

Fc = EvA, αEv.L² (15)

Logo, o número de Reynolds (Re) e Froude (Fr) é expresso pelas equações:

Re = Fi= ρV²L² (16)

Fv µVL

Re = ρVL (17)

µ

Fr² = Fi = ρV²L² =V² (18)

Fg gρL³ gL

Fr = V (19)

g.L

Segundo Zigmantas (2010), O número de Reynolds é a razão das forças de inércia

para as forças de viscosidade. O quadrado do número de Froude é definido como a razão entre

a força de inércia e a da gravidade. Para modelos com uma superfície livre, as forças

predominantes são a de inércia e de gravidade, é o adimensional predominante é o número de

Froude, o numero de Reynolds compõem o adimensional e é dado pela equação:

Re = ρVL (17)

µ

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Onde:

V (m/s) = é a velocidade do fluído.

L (m) = é o comprimento hidraulico do escoamento.

µ (Pa.s) = é a viscosidade dinâmica.

ρ (Kg.m³) = é a massa especifica do fluído.

Segundo Zigmantas (2010), Para navios, o diâmetro hidráulico é expresso pelo

comprimento (L) do casco da proa até a popa (variável). Substituindo as unidades nas

variáveis da equação, o resultado será um valor sem qualquer unidade (adimensional).

2.6.5. Resistência hidrodinâmica em embarcações

Segundo Garcia (2007), O estudo da dinâmica dos fluídos em barcos obedece à

sistemática de Froude que diz que as embarcações em movimento, independente da forma

geométrica, geram ondas e a força necessária para movimentar a embarcação esta decomposta

em duas componentes, a de atrito em decorrência da viscosidade da água, e a residual que

considera todas as demais componentes. Os coeficientes adimensionais de resistência

hidrodinâmica são:

a) Coeficiente de resistência total: Ct

Ct = Rt/(½ρSv²) (20)

Onde:

Rt = Resistência hidrodinâmica total.

ρ = massa especifica da água em que ocorre o movimento da embarcação.

S = Área da superfície submersa ou molhada da embarcação.

v = velocidade constante de operação da embarcação.

b) Coeficiente de resistência de atrito: Ca

Ca = Ra/(½ρSv²) (21)

Onde:

Ra = resistência hidrodinâmica devido ao atrito.

ρ = massa específica da água em que ocorre o movimento da embarcação.

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S = Área de superfície submersa ou molhada da embarcação.

v = velocidade constante de operação da embarcação.

c) Coeficiente de resistência residual: Cr

Cr = Rr/(½ρSv²) (22)

Onde:

Rr = Resistência hidrodinâmica residual.

ρ = massa específica da água em que ocorre o movimento da embarcação.

S = Área de superfície submersa ou molhada da embarcação.

v = velocidade constante de operação da embarcação.

Logo, o coeficiente de resistência total: Ct

Ct = Ca + Cr (23)

Para Garcia (2007), os coeficientes dimensionais de resistência hidrodinâmicas são a

forma geométrica que pode favorecer ou dificultar o fluxo do fluído em torno do corpo. Entre

os coeficientes que estão ligados a resistência hidrodinâmica, tem-se:

a) Coeficiente prismático (Cp): O coeficiente prismático indica a porcentagem que o

barco ocupa do prisma formado pela área da seção mestra ao longo de todo seu

comprimento. Quanto maior esse valor maior será os valores de resistência

hidrodinâmica para a mesma velocidade de operação:

Cp =V/(Asm*C) (24)

Onde:

Cp = Coeficiente prismático (adimensional).

V = volume de deslocamento, em m³.

Asm = Área da seção mestra da embarcação, em m².

C = comprimento na linha de água, em m.

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41

b) Relação Comprimento-Boca (C/B): Essa relação indica a esbeltes da embarcação

sobre o ponto de vista hidrodinâmica, quanto maior, menor será a resistência.

Normalmente usasse valores na ordem de: 3,0 ≤ C/B ≤ 10,0.

c) Relação Boca-Calado (B/H): Essa relação indica a dimensão exposta submetida ao

fluxo, quando B/H for grande indica placa plana horizontal (deitada) no fluxo e tende

a colabora mais com o turbilhamento do fluxo, e quando B/H for pequeno indica placa

plana vertical (em pé) e tende a colaborar menos com o turbilhamento do fluxo. Esta

relação está diretamente relacionada com a estabilidade esão aceitos valores na ordem

de: 2,0≤ B/H ≤4,0.

Segundo Garcia (2007), Deve ser observado que nas formulações apresentadas para a

determinação da resistência hidrodinâmica (R ou Rt), não foram consideradas componentes

externas como vento, correnteza e ondas. Os ventos por terem viscosidade e densidade muito

menores que a da água, é comum ser desprezada. Nas correntezas, a velocidade da correnteza

e considerada no valor da velocidade de operação. Nas ondas a resistência residual considera

é somente a das ondas geradas pela própria embarcação.

Segundo Zigmantas (2010), O navio ao navegar enfrenta sobre o casco uma resistência

à propulsão devido ao arraste ou fricção, ao qual produzira uma camada limite turbulenta ao

escoamento. A força de resistência à propulsão será então basicamente devido à fricção da

água com o casco.

2.6.6. Metodologia de seleção Motor/Hélice de uma fabricante de motores de popa

Segundo um fabricante de motor de popa (2008), para seleção de motor e hélice é

necessário conhecer as especificações do casco, classificar a embarcação, saber a resistência à

navegação e a velocidade de casco para selecionar o motor. O fabricante utiliza a equação

BHP/Δ:Vs/√Lwl, para demonstrar a relação existente entre a embarcação com a potência do

motor e a velocidade de navegação. Esse cálculo serve para selecionar o motor de popa que

proporcione a velocidade requerida pelo projeto, e assim estimar a velocidade do barco com o

motor instalado.

Como o estudo utilizará uma embarcação de pesca com fundo em V do tipo

“deslocamento”. Utilizou-se a seguinte referência do fabricante.

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Conforme a Fabricante (2008), a resistência total na navegação dos barcos do tipo

“deslocamento” na baixa velocidade é de resistência por atrito, e com o aumento da

velocidade a resistência passa a ser de geração de ondas e de geração de redemoinhos.

Conforme a relação de velocidade e comprimento (Vs/√Lwl) se aproxima de 2,6, a resistência

total aumenta drasticamente provocando uma resistência por geração de ondas extremamente

alta, a esta velocidade denomina-se de velocidade do casco. A partir daí, a velocidade da

embarcação não aumentará, mesmo que a potência do motor aumente, e qualquer aumento de

potência irá gerar apenas ondas.

A Figura 17 apresenta a relação “Vs/√Lwl” onde o valor 2,6 determina a velocidade

do casco, em 1º deslocamento, em 2º semi-planeio e em 3º planeio.

Figura 17 – Relação “Vs/√Lwl”

Fonte: FABRICANTE (2008)

Conforme a Fabricante (2008), as especificações dos coeficientes dimensionais da

embarcação são:

a) Especificação do casco

A Figura 18 apresenta a especificação do casco da embarcação.

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43

Figura 18 – Medidas do casco

Fonte: FABRICANTE (2008)

Onde:

Lwl (m): comprimento da linha de flutuação.

Bwl (m): largura da linha de flutuação.

d (m): calado a meia-nau.

Δ (ton): tonelagem de deslocamento.

b) A tonelegem de deslocamento (Δ): é o peso de água deslocada pela embarcação,

que corresponde ao peso total da embarcação, obedecendo ao princípio de

arquimedes, podendo ser calculada pela equação:

Δ (ton) = Lwl (m) x Bwl (m) x d (m) x Cb x 1,025 (25)

Onde:

Cb = Coeficiente de bloco.

1,025 = Densidade especifica da água do mar (ton/m³).

Lwl (m) x Bwl (m) x d (m) x Cb = indica o volume da parte submersa da embarcação.

c) Coeficiente de bloco (Cb): é a proporção de um bloco retângular com volume

equivalente á porção submersa da embarcação.

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44

A Tabela 1 apresenta a seleção do tipo de aplicação da embarcação, pela observação

da forma do casco e do coeficiente de bloco “Cb”.

Tabela 1 – Seleção do tipo de aplicação da embarcação

Fonte: FABRICANTE (2008)

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A Figura 19 apresenta o volume da parte submersa da embarcação “Cb”.

Figura 19 – Coeficiente de bloco “Cb”

Fonte: FABRICANTE (2008)

Na ausência do Cb quando a embarcação não e projetada, pode-se usar a equação do

volume submerso:

Vs = m/ρ (4)

Conforme a Fabricante (2008), para determinar a potência do motor e a velocidade da

embarcação utiliza-se a equação:

BHP/Δ:Vs/√Lwl (26)

a) Para estimar a potência do motor usa-se BHP/Δ, e se adiciona os fatores marítimos

em 10% e o fator de motor em 95%.Por fatores marítimos, entende-se que em

condições reais de navegação a resistência aumenta devido a ventos, ondas e

correntezas. Por fator de motor, entende-se que a eficiência do hélice diminui com

a contaminação e os danos causados pela utilização. Então, ao selecionar a

potência do motor e recomendado deixar uma margem de tolerância para esses

fatores.

b) Para estimar a velocidade da embarcação usa-se Vs/√Lwl, Obtenha BHP/Δ, depois

Obtenha Vs/√Lwl, Utilizando a curva BHP/Δ:Vs/√Lwl, desenhe uma linha

perpendicular a partir do valor BHP/Δ. Leia o valor Vs/√Lwl no ponto onde a linha

cruza uma das curvas normal, bom, fino, tipo V ou escalonado, por fim, Obtenha a

Vs.

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A Figura 20 apresenta a curva da equação BHP/Δ:Vs/√Lwl, que relaciona a forma

geométrica da embarcação, a potência do motor e a velocidade de navegação da embarcação.

Figura 20 - Curva BHP/Δ:Vs/√Lwl

Fonte: FABRICANTE (2008)

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3. PROCEDIMENTO METODOLOGICO

3.1. Pesquisa de campo

O presente trabalho fez uma pesquisa de campo no centro da cidade de Manaus, no

local conhecido como “beira” situado em frente a cidade de Manaus, mas precisamente em

frente a feira municipal de manaus para apuração de dados referentes ao dimensionamento de

motores de popa em embarcações de pequeno porte utilizados no setor de transporte de

pessoas e mercadorias.

O Quadro 1 apresenta os dados da pesquisa de campo realizado na local denominado

de “beira” em frente à cidade de Manaus.

Quadro 1 – Dados da pesquisa de campo

DADOS DA PESQUISA

Data 26/11/2017

Horário 11:00h – 13:00h

Número de amostras 12

Fonte: AUTOR (2017)

A Figura 21 apresenta a vista do lado esquerdo do local denominado de “beira”

situado à frente da cidade de Manaus.

Figura 21 – Vista do lado esquerdo da beira em frente à cidade de Manaus

Fonte: AUTOR (2017)

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A Figura 22 apresenta embarcações de transporte de passageiros e mercadorias do

local denominado de “beira” situado na frente da cidade de Manaus.

Figura 22 – Embarcações de transporte de passageiros e mercadorias I

Fonte: AUTOR (2017)

A Figura 23 apresenta embarcações de transporte de passageiros e mercadorias do

local denominado de “beira” situado na frente da cidade de Manaus.

Figura 23 – Embarcações de transporte de passageiros e mercadorias II

Fonte: AUTOR (2017)

A B

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49

A Figura 24 apresenta embarcações de transporte de passageiros e mercadorias do

local denominado de “beira” situado na frente da cidade de Manaus.

Figura 24 – Embarcações de transporte de passageiros e mercadorias III

Fonte: AUTOR (2017)

O Quadro 2 apresenta as medidas das embarcações de transporte de passageiros e

mercadorias I. Indo da esquerda para direita.

Quadro 2 – Dimensões das embarcações de transporte de passageiros e mercadorias I

Embarcação Comprimento (L) Boca (B)

70hp 6,0m 1,8m

15hp 5,5m 1,0m

15hp 5,5m 1,0m

15hp 5,5m 1,2m

40hp 5,0m 1,5m

40hp 5,0m 1,5m

Fonte: AUTOR (2017)

A B

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O Quadro 3 apresenta as medidas das embarcações de transporte de passageiros e

mercadorias II. Proprietário Sr. Erivaldo Teixeira dos Santos.

Quadro 3 – Dimensões das embarcações de transporte de passageiros e mercadorias II

Embarcação Comprimento (L) Boca (B)

(A)15hp 5,5m 1,40m

(A)15hp 5,5m 1,50m

(B)115hp 8,0m 1,80m

(B)2t/40hp 6,0m 1,50m

Fonte: AUTOR (2017)

O Quadro 4 apresenta as medidas das embarcações de transporte de passageiros e

mercadorias III.

Quadro 4 – Dimensões das embarcações de transporte de passageiros e mercadorias III

Embarcação Comprimento (L) Boca (B)

(A) 15hp 5,5m 1,0m

(B) 70hp 6,0m 1,5m

Fonte: AUTOR (2017)

Os dados apurados na pesquisa de campo serão comentados e analisados em resultados

e discussões.

Essa pesquisa de campo tem por objetivo dar sustentação e embassamento a este

trabalho, e principalmente, constatar-se a necessidade e a importância do estudo de

dimensionamento do sistema propulsivo para embarcações de pequeno porte.

A pesquisa de campo terá um melhor entendimento quando for analisada e comparada

com a proposta deste estudo, ao qual, observa-se o procedimento correto para

dimensionamento do sistema propulsivo de uma embarcação de pequeno porte. As

abordagens seguintes exemplificam de forma detalhada como funciona este procedimento.

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3.2. Determinando os dados de entrada necessários ao dimensionamento

a) A pesquisa utilizou-se do projeto para barcos de pesca com fundo em V construídos

com tabuas ou compensados da FAO documento técnico sobre pescas 134, ver. 2,

Roma, 2008.

A Tabela 2 apresenta os dados de entrada das dimensões dos barcos apresentados

modelos da metodologia.

Tabela 2 - Dados de entrada dos barcos modelos

Dimensões Barco de 5,2m Barco de 6,3m

Comprimento total 5,2m 6,3m

Boca 1,85m 1,85m

Pontal 0,72m 0,72m

Numero cúbico 6,9m³ 8,4m³

Peso 400 Kg 490 Kg

Capacidade 300 Kg 350 Kg

Peso com carga 700 Kg 840 Kg

Motor recomendado 4-6 HP 5-8 HP

Velocidade de serviço 5,5 nós 6 nós

Fonte: FAO (2008)

b) Acréscimo da margem de mar e motor segundo Schoeping (2014);

1. Acréscimo da margem de mar: 15 - 30%;

2. Acréscimo da margem de motor: 85 - 90%;

c) Acréscimo da margem de mar e motor segundo a Fabricante (2008);

1. Acréscimo da margem de mar: 10%;

2. Acréscimo da margem de motor: 95%;

d) ρ = massa especifica da água do mar = 1,025ton/m³

e) Conforme a Fabricante de motor de popa (2008), a Velocidade do casco ou pico de

velocidade máxima = 2,6 (adimensional).

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3.3. Definição dos cálculos necessários ao dimensionamento

Os cálculos necessários ao dimensionamento são:

a) A tonelagem do deslocamento (Δ), dada pela equação:

Δ (ton) = Lwl (m) x Bwl (m) x d (m) x Cb x 1,025 (25)

b) O coeficiente de bloco (Cb), equivalente à porção de água submersa da

embarcação, para que a embarcação flutue o empuxo deve ser igual ao peso,

obedecendo ao princípio de Arquimedes, dada pela equação:

Vs = m/ρ (4)

c) Estimativa da potência (BHP), dada pela equação:

BHP/Δ = Vs/√Lwl (26)

Observação: Sabendo a tonelagem do deslocamento (Δ), utiliza-se a relação velocidade e

comprimento (Vs/√Lwl) que estima o valor de 2,6 como a velocidade do casconaequação

BHP/Δ=Vs/√Lwl, Então, Estima-se a potência do motor de popa em (HP), levando em

consideração os fatores marítimos entre 10% - 30% e margem do motor entre 85% - 95%.

d) Estimativa da velocidade da embarcação (Vs), dada pela equação:

Vs/√Lwl : 2,6 (27)

Observação: Calcula-se a velocidade da embarcação (Vs), por meio de Vs/√Lwl:2,6, e

utilizando a curva da equação BHP/Δ:Vs/√Lwl, estima-se o tipo de deslocamento da

embarcação.

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3.4. Testando a metodologia

3.4.1. Embarcação de 5,2m:

a) A tonelagem do deslocamento (Δ):

Δ (ton) = 5,2m x 1,85m x 0,72m x 0,6 x1,025ton/m³ (25)

Δ (ton) = 4.259ton.

b) Coeficiente de bloco “Cb” ou volume submerso “Vs”:

Vs = m/ρ (4)

Vs= 0.7ton

1.025ton/m³

Vs = 0.68m³ ou Cb = 0,6.

c) Utilizando a equação BHP/Δ:Vs/√Lwl, em que Vs/√Lwl tido como velocidade do

casco é 2,6. Estimou-se a potência do motor de popa em (HP), levando em

consideração os fatores marítimos em 20% e margem do motor em 85%.

BHP/Δ:Vs/√Lwl (26)

BHP (HP) = Δ x 2.6

BHP (HP) = 4.259ton x 2.6

BHP (HP) = 11HP.

1. 11HP x 20% = 2.2 HP (margem de fator marítimo)

2. 11HP x 85% = 9.35 HP (margem do fator motor)

Observação: Somando-se 11HP + 2.2HP + 9.35HP = 22.55HP. Normalmente os fabricantes

de motor de popa fabricam motores de 20HP e 25HP. Então o motor de popa estimado e de

25HP. A relação BHP/Δ, com os valores calculados são 25HP/4.259ton, que é iguala 5.8 na

linha da curva da equação BHP/Δ.

d) Calcular a velocidadeda embarcação (Vs), por meio de Vs/√Lwl:2,6, e utilizando a

curva da equação BHP/Δ:Vs/√Lwl, estima-se o tipo de deslocamento do barco 5,2m.

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Vs/√Lwl = 2.6 (27)

Vs = 2.6 x √Lwl

Vs = 2.6 x 2.28

Vs = 5.928912211

Vs = 6 nós.

A Figura 25 apresenta os valores de relação BHP/Δ:Vs/√Lwl do barco de 5,2m.

Figura 25 - Relação BHP/Δ:Vs/√Lwl do barco de 5,2m

Fonte: AUTOR (2008)

3.4.2. Embarcação de 6,3m:

2.6

5.8

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55

a) A tonelagem do deslocamento (Δ):

Δ (ton) = 6,3m x 1,85m x 0,72m x 0,8 x1,025ton/m³ (25)

Δ (ton) = 6.881ton.

b) Coeficiente de bloco “Cb” = volume submerso “Vs”:

Vs = m/ρ (4)

Vs = 0.84ton

1.025ton/m³

Vs = 0.81m³ ou Cb = 0,8.

c) Utilizando a equação BHP/Δ:Vs/√Lwl,em que Vs/√Lwl tido como velocidade do

casco é 2,6. Estimou-se a potência do motor de popa em (HP), levando em

consideração os fatores marítimos em 20% e margem do motor em 85%.

BHP/Δ:Vs/√Lwl (26)

BHP (HP) = Δ x 2.6

BHP (HP) = 6.881 x 2.6

BHP (HP) = 17HP

1. 17HP x 20% = 3.4 HP (margem de fator marítimo)

2. 17HP x 85% = 14.45 HP (margem do motor)

Observação: Somando-se 17HP + 3.4HP + 14.4 HP = 34.85HP. Normalmente os fabricantes

de motor de popa fabricam motores de 25HP e 40HP. Então o motor de popa estimado e de

40HP. A relação BHP/Δ, com os valores calculados e 40HP/6.881ton, que é igual a 5.8 na

linha da curva da equação BHP/Δ.

d) Calcular a velocidadeda embarcação (Vs), por meio deVs/√Lwl:2,6, e utilizando a

curva da equação BHP/Δ:Vs/√Lwl, estima-se o tipo de deslocamento do barco 6,3m.

Vs/√Lwl = 2.6 (27)

Vs = 2.6 x √Lwl

Vs = 2.6 x 2.5

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Vs = 6.525948207

Vs = 6,5 nós.

A Figura 26 apresenta os valores de relação BHP/Δ:Vs/√Lwl do barco de 6,3m.

Figura 26 - Relação BHP/Δ:Vs/√Lwl do barco de 6,3m

Fonte: AUTOR (2017)

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Sobre a pesquisa de campo, observou-se que das 12 amostras que foram coletadas, 6

amostras estão com uma “possível” baixa potência, e que a correção deste erro é feita com a

diminuição da largura (boca) e calado (altura) da embarcação, de modo que facilite o

2.6

5.8

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57

deslocamento da embarcação pela diminuição da área de contato do casco do barco com a

água, ou seja, diminuição da resistência hidrodinâmica. Observou-se também que as outras 6

embarcações, estão relativamente dentro do padrão de dimensionamento de potência de motor

de popa, a incerteza desta afirmação se deve pelo fato de não se saber o peso das

embarcações, pois elas estavam em água na hora que as fotos foram tiradas e seus donos não

sabiam qual o peso das suas embarcações. Sem o valor ”peso da embarcação” tido como um

dos valores de entrada, não se consegue estimar se a potência do motor esta correta.

O Quadro 5 apresenta as embarcações com possível dimensionamento de potência

correto.

Quadro 5 – Embarcações com possível dimensionamento de potência correto

Embarcação Comprimento (L) Boca (B)

70hp – Quadro 2 6,0m 1,80m

40hp – Quadro 2 5,0m 1,5m

40hp – Quadro 2 5,0m 1,5m

(B)115hp – Quadro 3 8,0m 1,80m

(B)2t/40hp – Quadro 3 6,0m 1,50m

(B)70hp – Quadro 4 6,0m 1,5m

Fonte: AUTOR (2017)

Sobre a metodologia desta pesquisa, os resultados encontrados podem ser observados

em detalhe na Tabela 3, que apresenta os valores estimados com o método, em destaque

vermelho-negrito os valores de potência e velocidade tidas como modelo da pesquisa.

A Tabela 3 apresenta os valores estimados dos barcos modelos da metodologia.

Tabela 3 – Valores estimados dos barcos modelos

Descrição Equação Barco 5,2m Barco 6,3m

Tonelagem do

deslocamento (Δ)

Δ (ton) = Lwl (m) x Bwl

(m) x d (m) x Cb x 1,025 4.259ton 6.881ton

Coeficiente de bloco

(Cb) Vs = m/ρ 0,6 0,8

Potência (HP) BHP (HP) = Δ x 2.6 +

fatores de mar e motor 25 HP 40 HP

Velocidade (Vs) Vs/√Lwl = 2.6 6 nós 6,5 nós

Fonte: AUTOR (2017)

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Os resultados encontrados na metodologia podem ser analisados em detalhe através da

Tabela 4 e Tabela 5, que apresenta os valores comparativos dos barcos modelos da pesquisa.

Nela comparasse os valores de potência do motor e velocidade da embarcação, com os valores

de entrada estipulados pelo projeto da FAO e os valores estimados pelo MÉTODO.

A Tabela 4 apresenta os valores de entrada e os estimados do barco 5,2m.

Tabela 4 – Valores comparativos do barco 5,2m

Embarcação

Barco 5,2m

(valor de entrada pela FAO)

Barco 5,2m

(valor estimado pelo MÉTODO)

Potência (HP) 4 - 6 HP 25 HP

Velocidade (Vs) 5,5 nós 6 nós

Fonte: AUTOR (2017)

A Tabela 5 apresenta os valores de entrada e os estimados do barco 6,3m.

Tabela 5 – Valores comparativos do barco 6,3m

Embarcação

Barco 6,3m

(valor de entrada pela FAO)

Barco 6,3m

(valor estimado pelo MÉTODO)

Potência (HP) 5 - 8 HP 40 HP

Velocidade (Vs) 6 nós 6,5 nós

Fonte: AUTOR (2017)

A diferença entre as potências de motor se deve a uma padronização das fabricantes de

motores de popa, ao qual, produz-se na ordem de 15, 20, 25, 30, 40, 50hp..., para o barco de

5,2m o valor 22.55HP e arredondado para 25HP, para o barco 6,3m o valor 35.85HP e

arredondado para 40HP.

Os resultados obtidos mostram que as velocidades das embarcações são praticamente

as mesmas, diferindo-se em 0,5 nós entre a estipulada pela FAO e a estipulada pela

metodologia. Porém, houve uma grande diferença entre os valores de potência de motor

estipulado pela FAO e o estipulado pela metodologia. Para o barco de 5,2m o motor

estipulado pela FAO apresenta apenas 25% da capacidade requerida necessária para deslocar

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esta embarcação, enquanto que no barco de 6,3m o motor estipulado pela FAO apresenta

apenas 20% da capacidade necessária desta embarcação.

Ao analisar a curva da equação BHP/Δ:Vs/√Lwl, observou-se que os dois barcos

modelos utilizados na metodologia, terão a velocidade do tipo “deslocamento bom” que

corresponde as embarcações de velocidade média, o que representa uma boa velocidade para

embarcações do tipo “deslocamento”.

Por meio desta pesquisa, buscou-se o desenvolvimento de uma metodologia para o

dimensionamento da potência de motores de popa para embarcações de pequeno porte, ao

qual, se estabeleceu os respectivos aos objetivos específicos:

Caracterização dos problemas oriundos da falta de dimensionamento, o que foi feito

com uma revisão de literatura sobre os temas de manutenção, elementos de máquinas e seus

esforços, e mecânica dos fluidos.

Determinação dos dados de entrada necessários ao dimensionamento, ao qual,

utilizou-se do arquivo FAO documento técnico sobre as pescas 134 ver. 2 (2008), intitulado

“projetos para barcos de pesca: 2 barcos com fundo em V construídos com tábuas ou

compensado”, ao qual corresponde ao formato de casco mais utilizado na região amazônica.

Bem como, de revisão literária que possibilitou a utilização de todos os dados de entrada

necessários para serem usados nas equações.

Definição dos cálculos necessários ao dimensionamento, ao qual, utilizou-se das

apostilas de treinamento de um fabricante de motor de popa (2008) e (2012), de onde se

retirou o referencial teórico de um método deste fabricante para seleção do sistema

propulsivo.

Para testar a metodologia da pesquisa, utilizou-se dos dados de entrada do casco dos

barcos modelos da FAO, e deoutros dados obtidos com a revisão literária, ao qual, foram

aplicados nas equações dametodologia do fabricante de motor de popa, possibilitando assim,

estimar a potência do motor e a velocidade da embarcação. Bem como, o tipo de

deslocamento que a embarcação irá apresenta em água.

5. CONCLUSÃO

Por meio desta pesquisa buscou-se estabelecer que a possível causa da manutenção

corretiva não programada nos elementos de máquinas desses motores se deve a falta do

estudo da mecânica dos fluídos, porém, nada se pode afirmar sobre essa hipótese, visto que

para fazer esta afirmação é necessário colocar o motor de popa em uma embarcação de

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tamanho maior do que ele possa realizar trabalho, e acompanhar este motor desde a primeira

utilização até a ocorrência da falha ou quebra do equipamento, e então, analisa-lo por meio de

ensaios metalógrafos para saber qual o real motivo da falha.

Conclui-se com esta pesquisa que tanto o objetivo geral quanto os objetivos

específicos foram alcançados, pois, conseguiu-se realizar a estimativa da potência do motor,

da velocidade da embarcação, do tipo de deslocamento desta em água, bem como, fazer uma

comparação entre valores estipulados pelo projeto dos barcos modelos da FAO e os

estipulados pelo método desta pesquisa.

Esta pesquisa utilizou-se como suas referências os estudos de embarcações de grande

porte, ao qual, se utilizou apenas as teorias referentes ao casco e as resistências

hidrodinâmicas da água sobre a embarcação. Não foi feita uma comparação com outros

trabalhos similares, e sim, uma adaptação de trabalhos de embarcações de grande porte para

esta pesquisa referente a embarcações de pequeno porte.

Propõe-se que o presente trabalho seja ponto de partida para futuros estudos como, por

exemplo, a influência do fator forma do casco em embarcações de pequeno porte para

qualidade e segurança da navegação, a utilização deste como referência a outros tipos e/ou

formatos de casco, ou a utilização deste em comparação com o método de outros fabricantes

para que seja feita uma análise de qual metodologia proporciona os resultados mais aceitáveis,

acompanhados de testes extensivos para verificar se os valores estipulados pelos métodos são

correspondentes com a embarcação em água, testes estes, ao qual demandara altos custos de

investimento, para que seja realizada uma conclusão global sobre o tema.

Portanto, espera-se que este trabalho possa servir de ajuda para todos aqueles que

direta ou indiretamente necessitem de dimensionar a potência de motores de popa para

embarcações de pequeno porte.

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6. REFERÊNCIAS

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