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1 CURSO PRÁTICO SOBRE OS PRINCÍPIOS DE BASE DA GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS HÍDRICOS Esta versão interativa do curso prático está disponível no site www.cap-net.org . Ele pode ser telecarregado, utilisado « off line » ou adaptado para utilização própria. O curso prático está igualmente disponível em CD- Rom sob encomenda para a [email protected]

CURSO PRÁTICO SOBRE OS PRINCÍPIOS DE BASE DA … · 4 O aumento da população mundial de 6 para 9 milhões de indivíduos será o fio condutor da gestão dos recursos hídricos

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CURSO PRÁTICO SOBRE OS PRINCÍPIOS DE BASE DA GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS HÍDRICOS

Esta versão interativa do curso prático está disponível no site www.cap-net.org. Ele pode ser telecarregado,

utilisado « off line » ou adaptado para utilização própria. O curso prático está igualmente disponível em CD-

Rom sob encomenda para a [email protected]

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Índice

PORQUE A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS É IMPORTANTE PARA VOCE ? .... 3 1. O que é a gestão integrada dos recursos hídricos ? .......................................................... 3 2. Porque a GIRH? Tema chave na gestão da água ............................................................. 3 3. Principios de gestão das águas .......................................................................................... 5 4. Os utilizadores da água, pontos bons e maus .................................................................. 7 5. Criação da GIRH ............................................................................................................... 8 6. Instituições jurídica e política ............................................................................................. 9 7. Estruturas institucionais .................................................................................................... 9 Reflexões .............................................................................................................................. 10 A. Meio ambiente ................................................................................................................. 10

A1. Como o meio ambiente utilisa a água ? ..................................................................... 10 A2. Porque o meio ambiente é importante ? .................................................................... 10 A3. Como o meio ambiente é afetado pelos outros setores? ........................................... 11 A4. Impacto do meio ambiente sobre os outros setores .................................................. 12 A5. Contribuições da GIRH ao setor do meio ambiente ................................................... 12 A6. Obstáculos para a aplicação da GIRH no setor de meio ambiente ........................... 12 A7. Pré-requisitos para mudança: juridicos, institucionais, recursos humanos ................ 13

Reflexões .............................................................................................................................. 13 B. Alimentação/Agricultura .................................................................................................. 14

B1. Como o setor agrícola utiliza a água ? ....................................................................... 14 A criação de animais ......................................................................................................... 14 Aqüicultura ........................................................................................................................ 14 B2. Porque a agricultura é importante ? ........................................................................... 15 B3. Como a agricultura é afetada pelos outros setores ? ................................................. 15 B4. Impact o da agricultura sobre os outros setores ........................................................ 16 B5. Contribuições da GIRH ao setor agrícola ................................................................... 17 B6. Obstaculos à aplicação da GIRH no setor agrícola ................................................... 17 B7. Pré-requisitos para mudança: jurídicos, institucionais, recursos humanos ............... 18

C. Fornecimento de água e saneamento ............................................................................. 19 C1 Como o setor do fornecimento de água e o saneamento utilizam a água ? ............... 19 C2 Porque o setor do fornecimento de água e de saneamento são importantes ? ......... 20 C3 Como o fornecimento de água e o saneamento são afetados pelos outros setores ?21 C4 Impacto do fornecimento de água e do saneamento sobre os outros setores ........... 22 C5 Contribuições da GIRH ao setor de fornecimento de água e do saneamento ........... 22 C6.Obstáculos á aplicação da GIRH no setor de fornecimento de água e saneamento . 23 C7.Pré-requisitos à mudança: jurídicos, institucionais, recursos humanos ..................... 24

Reflexões .............................................................................................................................. 24 8. Referências e links .......................................................................................................... 25

Referências ....................................................................................................................... 25 Links .................................................................................................................................. 26

Agradecimentos .................................................................................................................... 26

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PORQUE A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS É IMPORTANTE PARA VOCE ? Atualmente, pode-se considerar como sabido que toda conferência internacional ou reunião ministerial que implique no desenvolvimento sustentável, resultará em recomendações para uma melhor gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH). Os governos são constantemente chamados para implantar ou estender uma GIRH como elemento primordial de sua agenda de desenvolvimento sustentável. Então o que entendemos por gestão integrada dos recursos hídricos? Porque isto é tão importante? O que nós perdemos sem ela? Quais as vantagens que poderemos obter se nós a aplicarmos? Se isto é bom, porque que todo o mundo ainda não a aplicou? Quais são os obstáculos que impedem a GIRH de se tornar universal? Do que temos necessidade para entender sua aplicação e colher os benefícios? Este breve manual de introdução é dirigido aos responsáveis pela política da água aos responsáveis pela gestão da água, aos formadores de opinião e educadores que queiram entender as bases dos princípios da GIRH. Ele fornece estudos de caso para uma GIRH e os argumentos contra aqueles que podem se opor a ela, em grupos institucionais ou setoriais. Outros cursos mais detalhados estão disponíveis para aqueles que estão envolvidos na implantação da GIRH (informações sobre estes cursos estão disponíveis sobre www.cap-net.org). Se você for verificar na sua própria área, ou, reconhecer os requisitos chaves dos outros (meio ambiente, agricultura, serviços locais e ou municipal de distribuição de água e de tratamento de água utilizada). 1. O que é gestão integrada de recursos hídricos?

De modo o mais simples, a gestão integrada dos recursos hídricos é um conceito lógico e intuitivamente atraente. Seu postulado é que as diferentes utilizações dos recursos hídricos são interdependentes. Isto parece evidente aos olhos de todos. As grandes necessidades da irrigação e os fluxos poluídos vindos da agricultura significam menos água doce para beber ou para o uso industrial; as águas usadas oriundas da atividade urbana e industrial poluem os rios e ameaçam os ecossistemas; se a água deve ser deixada nos rios para proteger a criação de peixes e os ecossistemas, pouca água estará disponível para as plantas.

Existem muitos outros exemplos para ilustrar o princípio fundamental, segundo o qual a falta de regulação sobre o uso dos escassos recursos de água disponíveis, é um desperdício inerentemente insustentável.

A gestão integrada significa que todas as utilizações são consideradas conjuntamente. As decisões para a gestão e a distribuição de água levam em conta os efeitos de cada utilização sobre as outras. Elas são capazes de levar em conta as metas sociais e econômicas de modo global, incluindo o sucesso de e um desenvolvimento sustentável. Como nós o veremos, o conceito de base da GIRH tem sido estendido para incorporar um procedimento participativo nas tomadas de decisão. Os diferentes grupos usuários (agricultores, comunidades, especialistas do meio ambiente...) podem influir sobre as estratégias de desenvolvimento (exploração) e de gestão dos recursos hídricos. Isto traz benefícios adicionais, porque os usuários advertidos respeitam uma autodisciplina em relação a determinações que a regulação e fiscalização centralizada não podem oferecer.

A gestão é usada no seu sentido mais amplo. Ela salienta que nós não devemos somente nos focalizar sobre a exploração das reservas de água, mas devemos concenciosamente gerenciar a exploração das reservas de água, de modo a garantir, a longo prazo, um uso sustentável para as gerações futuras.

A GIRH é, por conseguinte, um método sistemático para o desenvolvimento sustentável, uma distribuição e um acompanhamento da utilização dos recursos hídricos em função do contexto social, econômico e dos objetivos ambientais Ela se opõe ao procedimento setorial aplicado em muitos países. Quando a responsabilidade pela água potável é de uma agência, a água de irrigação é responsabilidade de outra e a água para o meio ambiente é responsabilidade de um terceira agência, , a falta de inter-relação entre setores, leva a um gerenciamento e desenvolvimento descoordenados dos recursos hídricos, resultando em conflitos, rejeitos e sistemas insustentáveis.

2. Porque a GIRH ? Tema chave na gestão da água Os fatos

Reserva global de água: 97% de água salgada, 3% de água doce. 87% da água doce não são está acessíveis, somente 13% o é (0,4% do total) ;

Hoje mais de 2 milhões de indivíduos sofrem de falta de água em mais de 40 países;

263 bacias hidrográficas são divididas entre dois ou mais países;

2 milhões de toneladas de rejeitos humanos são lançados, por dia, nos cursos de água;

Metade da população dos países em via de desenvolvimento, é exposta à fontes de água poluída, o que faz aumentar a incidência de doenças;

90% dos desastres naturais ocorridos nos anos 1990 tiveram relação com à água;

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O aumento da população mundial de 6 para 9 milhões de indivíduos será o fio condutor da gestão dos recursos hídricos para os 25 próximos anos.

O imperativo da ação A água é vital para a sobrevivência humana, a saúde e a dignidade do homem, mas também um recurso fundamental para o desenvolvimento humano. As reservas mundiais de água doce estão sob uma pressão crescente. O aumento da população, o crescimento da atividade econômica e o melhoramento das condições de vida conduzem a uma competição ferrenha, com os conflitos que dai decorrem, sob os limitados recursos de água doce. A combinação das desigualdades sociais com a marginalização econômica força aqueles que vivem numa pobreza extrema a sobre-explorar o solo e as reservas florestais, com impactos maléficos sobre os recursos hídricos. Eis algumas razões pelas quais muitos argumentam que o mundo enfrenta uma crise iminente de água: - Os recursos de água são cada vez mais sob a pressão do crescimento da população, da atividade econômica e da intensificação da competição pela água entre os usuários; - Os problemas da água aumentaram duas vezes mais rápido que o crescimento da população e atualmente, um terço da população mundial vive em países que experimentam pressões de média para alta, sobre a água; - A poluição já exarceba a raridade da água, reduzindo as quantidades utilizáveis a jusante; - A falha na gestão das águas, a focalização sobre a exploração de novas reservas, em vez de melhorar a gestão daquelas já existentes, e procedimentos de gestão dos recursos hídricos de cima para baixo resulta no gerenciamento e desenvolvimento descoordenados dos recursos hídricos; - Cada vez mais o desenvolvimento significa grandes impactos ao meio ambiente; - As inquietudes atuais sobre a variabilidade e as mudanças climáticas exigem uma gestão melhorada dos recursos hídricos para acabar com as mais intensas secas e inundações. A crise das políticas da água

Os procedimentos setoriais na gestão dos recursos hídricos, dominaram no passado e continuam a prevalecer. Isto conduz a uma exploração e gerenciamento descoordenados dos recursos hídricos. Além disso, a gestão dos recursos hídricos está nas mãos de instituições com poder de mando, cujas legitimidade e efetividade têm, cada vez mais, sido questionadas. Assim, a competição crescente por um recurso finito é agravada pela ineficiência dos responsáveis. A GIRH leva a coordenação e a cooperação entre os setores, mais uma ação de fomento quanto a participação dos responsáveis, transparência e o efetivo custo da gestão local.

Garantia de água para a população

Ainda que a maioria dos países dá prioridade para satisfazer as necessidades humanas básicas de água, 1/5 da população mundial não tem acesso à uma água potável segura e ½ da população não tem acesso à boas condições de higiene. Estas deficiências afetam em primeiro lugar, os segmentos os mais pobres da população dos países em desenvolvimento. Nestes países, a satisfação das necessidades de água e saneamento das zonas rurais e urbanas, representa o mais sério desafio para os anos futuros. Reduzir pela metade a população não tendo acesso à água e ao saneamento, até 2015, é uma das metas da Agenda do Desenvolvimento para o Milenio

1. Para que isto possa ser

alcançado, será necessária uma reordenação substancial das prioridades de investimentos, que será muito mais rapidamente alcançada naqueles países que aplicam a GIRH. (ler em C2. Porque os setores do fornecimento de água e de saneamento são importantes ?) Garantindo a água para a produção de alimentos :

As projeções sobre a população indicam que nos próximos 25 anos, será necessário alimentos para mais 2 a 3 bilhões de pessoas. A água é cada vez mais percebida como uma condicionante chave na produção de alimentos, equivalente senão mais crucial do que a escassez de terras. A agricultura irrigada é responsável por mais de 70% das perdas de água (mais de 90% de todo o consumo de água). Mesmo com uma previsão de um adicional de 15 à 25% para a agricultura irrigada, para os próximos 25 anos, o que representa provavelmente uma projeção otimista, sérios conflitos virão certamente um dia, entre as necessidades da agricultura irrigada, outros usos humanos e dos ecossistemas. A GIRH oferece a perspectiva de uma grande eficacidade, de uma gestão da conservação e demanda, eqüitativamente distribuída entre seus usuários, e um crescimento da reutilização e reciclagem dos efluentes para complementar a exploração de novos recursos. (Ler em B2 : Porque o setor agrícola é importante ?). Proteção dos ecossistemas vitais :

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Os ecossistemas terrestres em áreas à montante de uma bacia são importantes na infiltração das águas de chuvas, o recarregamento dos lençóis e o regime de vazão dos rios. Os ecossistemas aquáticos produzem uma variação de benefícios econômicos incluindo produtos como as madeiras para construções, as madeiras para aquecimento e as plantas medicinais e também servem de habitat para animais selvagens e desovas. Os ecossistemas são dependentes dos fluxos de água, da sazonabilidade e das variações de marés e são ameaçados por uma má qualidade das águas. A gestão dos recursos fundiários e das reservas de água, deve garantir que os ecossistemas sejam mantidos e que sejam considerados os efeitos adversos sobre os recursos naturais , e quando possível reduzidos, quando são tomadas decisões de desenvolvimento e gerenciamento. A GIRH pode garantir a proteção de uma « reserva ambiental » de água proporcional à importância dos ecossistemas no desenvolvimento humano (Ler A2 : Porque o meio ambiente é importante?). Disparidade de gênero:

A gestão das águas é dominada pelos homens. Mesmo que o número de mulheres tem crescido, a representação delas nas instituições do setor é ainda muito baixa. Isto é importante porque o meio pelo qual os recursos hídricos são gerenciados afeta os homens e as mulheres de maneira diferente. No setor agrícola, por exemplo, as barragens e canais podem fornecer grandes quantidades de água, vitais para a irrigação de fazendeiros ricos, predominantemente homens. Ao mesmo tempo, eles bloqueiam ou dispersam o precioso húmus, que tem, historicamente, fertilizado as várzeas inundadas onde os mais pobres, principalmente mulheres, agricultores de subsistência ganham somente para sobreviverem. Tendo a responsabilidade da saúde familiar, a higiene e abastecimento da água doméstica e da alimentação, as mulheres são mais diretamente responsáveis pela saúde e higiene da unidade familiar. Portanto, mais freqüentemente, o fornecimento de água, as técnicas de saneamento, a localização dos pontos de água, e a operação e manutenção dos sistemas são, na maioria, feitos pelos homens. A « General Water Aliance - GWA) cita o exemplo de uma bem sucedida NGO que ajudou os habitantes das vilas a instalar latrinas equipadas com descarga de água para melhorar o saneamento e a higiene, sem haver consultado, preliminarmente, as mulheres com relação aos dois litros de água suplementares, necessários para cada descarga, que elas deveriam trazer de fontes distantes da vila. Um elemento crucial da filosofia da GIRH é que os utilizadores de água, ricos ou pobres, homens ou mulheres, são capazes de influenciar as decisões que afetam sua vida diariamente. (www. genderandwateralliance.org). 3. Princípios da gestão da água:

Um encontro em Dublin, em 19922 , deu origem a 4 princípios que estiveram na base da maioria das

reformas subseqüentes do setor de água (ver tabela) A água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial à vida, ao desenvolvimento e ao meio

ambiente. Como a água é vital para a vida, uma gestão eficaz das reservas de água exige um procedimento

globalizante ligando os desenvolvimentos sociais e econômicos à proteção dos ecossistemas naturais. Uma gestão eficaz associa os usos do solo e da água, através de toda a área de captação ou do aqüífero subterrâneo.

A gestão e a exploração da água deveria ser baseada sobre um procedimento participativo e envolvendo os usuários, os planejadores e tomadores de decisões sobre políticas da água a todos os níveis. O procedimento participativo envolve uma crescente conscientização sobre a importância da água entre tomadores de decisões sobre políticas da água e o público em geral. Isto significa que as decisões são tomadas ao mais baixo nível apropriado, com uma consulta plena à população e envolvendo os usuários no planejamento e na implantação dos projetos sobre a água.

As mulheres desempenham um papel central no aprovisionamento, na gestão e na proteção da água.

Este papel axial da mulher como provedora e utilizadora da água, guardiã da vida e do meio ambiente tem sido raramente levado em consideração nos trâmites institucionais para a exploração e gestão dos recursos hídricos. A aceitação e a aplicação deste princípio exigem, políticas duras dirigidas para equipar e capacitar as mulheres para participarem em todos os níveis dos programas de recursos hídricos, incluindo tomadas de decisões e implantação, pelos meios definidos por elas.

A água tem um valor econômico em todos os seus usos competitivos e deveria ser reconhecido como um bem econômico. De acordo com este princípio, é primordial que seja reconhecido a todos os homens o direito de ter acesso a uma água potável e ao saneamento a um custo acessível. O fato de não se reconhecer o valor econômico da água, no passado, conduziu ao desperdício dos recursos e efeitos maléficos ao meio ambiente. A gestão da água como um bem econômico é um meio importante de se

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chegar a uma gestão eficaz e uso eqüitativo, e de encorajar a conservação e a preservação dos recursos hídricos.

Recurso finito:

A noção de que a água doce é um recurso finito, advém do fato de que o ciclo hidrológico médio indica a tendência de uma quantidade fixa de água durante um certo período. Esta quantidade total não pode ainda ser alterada significativamente pela ação direta do homem, embora ela possa ser, e freqüentemente é o caso, depreciada pela poluição humana. A água doce é um recurso natural que tem necessidade de ser preservada para assegurar que os serviços desejados que ela provem, sejam auto-sustentáveis. Este princípio reconhece que a água é necessária para muitos propósitos diferentes, funções e serviços; entretanto o gerenciamento deve ser holístico (integrado) e envolve consideração da demanda e as ameaças que pesam sobre o recurso. O procedimento integrado na gestão dos recursos hídricos necessita a coordenação do conjunto das atividades humanas que criam as demandas de água, determinam os usos das terras e produtos de rejeitos transportados pela água (efluentes). O princípio também identifica a zona de captação ou a bacia de rio, como a unidade lógica para fins de gestão dos recursos hídricos. O procedimento participativo:

A água é um bem da qual todo o mundo é parte responsável. A participação real é efetiva quando todas os responsáveis participam do processo de tomada de decisão. O modelo de participação dependerá de escala espacial relevante para decisões particulares de gestão e investimento. Ele será também afetado pela natureza do ambiente político no qual estas decisões são tomadas. Um procedimento participativo é o melhor meio de se chegar a um consenso durável e um acordo comum. Participação quer dizer assumir responsabilidade, reconhecer o efeito de ações setoriais sobre os usos da água e sobre os ecossistemas aquáticos e aceitar a necessidade de mudança e melhoria da eficiência do uso da água e permitir um desenvolvimento sustentável do recurso. A participação nem sempre alcança o consenso, e processos de arbitragem ou outros mecanismos de resolução de conflitos necessitam ser colocados em prática. Os governos devem ajudar a criar oportunidades e capacidades de participação, em particular junto às mulheres e outros grupos sociais marginalizados. Reconhece-se que somente a criação de oportunidades de participação não ajudará os grupos desfavorecidos salvo se sua capacidade de participar for melhorada.

O importante papel das mulheres: É amplamente reconhecido que as mulheres desempenham um papel essencial na coleta e na preservação da água de uso doméstico e, em muitos outros casos - uso agrícola, mas elas têm um papel menos influente que os homens na gestão, na análise do problema e no processo de tomada de decisão referente aos recursos hídricos. O fato de que as circunstâncias sociais e culturais variam muito de uma sociedade à outra, sugere que existe a necessidade de explorar diferentes mecanismos para aumentar o acesso das mulheres na tomada de decisão e ampliar o campo de atividades através do qual as mulheres podem participar da GIRH. A GIRH exige que se considere o gênero. Para desenvolver uma participação inteira e efetiva das mulheres a todos os níveis de tomada de decisão, deve ser levado em consideração à maneira com que diferentes sociedades atribuem responsabilidades particulares aos homens e às mulheres, nos planos social, econômico e cultural. Existe uma grande sinergia entre igualdade dos gêneros e gestão sustentável dos recursos hídricos, envolvendo homens e mulheres, conjuntamente em papéis essenciais em todos os níveis da gestão dos recursos hídricos, pode acelerar a conquista do objetivo da sustentabilidade; e a gestão da água de maneira integrada e sustentável pode contribuir de modo significativo a igualdade do gênero, melhorando o acesso das mulheres e dos homens aos serviços relacionados para satisfazer suas necessidades essenciais. Bem econômico: A água tem um valor como bem econômico e bem social. Muitos insucessos no passado sobre a gestão dos recursos hídricos são devidos ao fato de que seu valor comercial não era reconhecido. Para tirar o máximo de benefícios das reservas de água disponíveis, é necessário mudar as percepções relativas ao valor da água. Os valores e os custos são duas coisas diferentes e nós devemos distinguir claramente as fixações do valor e do custo da água. O valor da água nos seus diferentes usos é importante para a distribuição racional dela como um recurso escasso, seja por meios de regulação ou por meios econômicos. Fixar (ou não fixar) um custo para a água é utilizar um instrumento econômico para sustentar os grupos desfavorecidos, providenciar incentivos para a gestão de demanda, garantir a cobertura dos custos e indicar a vontade dos consumidores de fazer investimentos suplementares nas utilizações da água.

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Considerar a água como um bem econômico é um importante meio para a tomada de decisão de distribuição de água entre os diversos setores usuários e entre as diferentes utilizações num setor. Isto é particularmente importante quando um aumento de distribuição não é mais uma opção realizável. Na GIRH, a valorização econômica dos diversos usos da água fornece aos que decidem importantes guias quanto às prioridades de investimento, mas não deve ser o único critério. Os objetivos sociais são também importantes. Em um meio ambiente onde a água é escassa, seria certo, por exemplo, que a próxima reserva de água explorada fosse destinada a uma siderúrgica, porque ela paga mais caro pela água, do que os milhares de pobres que não podem pagar por uma água saudável? Os objetivos ambientais, econômicos e sociais todos entram em jogo na tomada de decisão da GIRH. 4. Os usuários da água, pontos bons e maus.

Agricultura

Fornecimento de água e efluentes

Mineração, indústria.

Meio ambiente

Pesca

Turismo

Energia

Transporte Cada uma dos usos da água, identificados acima, tem um impacto positivo notável. A maioria tem também efeitos negativos que podem piorar com más práticas de gestão, a falta de regulação ou a falta de motivação devido às formas de administração em vigor. A gestão dos recursos hídricos nas estruturas governamentais é dividida entre muitas agências e tende a ser dominada por interesses setoriais. Cada país tem as suas prioridades de desenvolvimento e metas econômicas, estabelecidas em função de realidades políticas, sociais e ambientais. Problemas e condicionantes estão presentes em cada domínio de utilização da água, mas a vontade e a habilidade para usar estes métodos de modo coordenado é afetado pelo mecanismo de administração da água. Reconhecer a natureza inter-relacionada das diferentes fontes de água e também a natureza inter-relacionada e o impacto dos diferentes usos da água é a etapa mais importante para a introdução da GIRH. Tabela 1. Impactos dos setores de utilização da água sobre os respectivos recursos

Efeitos positivos Efeitos negativos

O meio ambiente Ler mais na seção A4. Impacto do meio ambiente sobre a utilização de água pelos outros setores

Purificação Estocagem Ciclo hidrológico

A agricultura Ler mais na seção B4. Impacto da agricultura sobre a utilização de água pelos outros setores

Fluxo de retorno Infiltração crescente Diminuição da erosão Recarga dos lençóis Reciclagem de nutrientes

Depleção Poluição Salinização Isolamento da água Erosão

Adução de água e saneamento Ler mais na seção C4. Impacto do fornecimento de água e saneamento sobre a utilização de água pelos outros setores

Reciclagem de nutrientes

Alto nível requerido de proteção da água Poluição das águas de superfície e dos lençóis

O que você pensa ? Acrescente as suas próprias idéias nas células ( lembrar que nos registramos somente os impactos sobre as reservas de água, e não os impactos sobre a saúde, a alimentação ou de ordem socio-econômicos). Benefícios econômicos e sociais oriundos dos setores usuários da água: Eles são geralmente óbvios em termos de produção de alimentos, produção de energia, água potável, trabalho, e lazer, etc. Mas, o valor relativo destes benefícios é mais difícil de ser avaliado.

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Quando existe competição para recursos hídricos, ela introduz a necessidade de justificar a distribuição de água para um usuário ao invés de outro. Esta fixação de valor deveria levar em conta tanto os benefícios como os impactos negativos. A contribuição dos usuários, dos políticos e da sociedade é em geral necessária porque a atribuição não poderia ser eficiente se ela fosse avaliada em termos econômicos, ou aceitável se os critérios fossem somente políticos. Tabela 2. Benefícios da GIRH aos outros setores.

Setor Benefícios

Meio ambiente (Ler mais A5) Benefícios da GIRH para o setor ambiental.

- Uma voz para as necessidades do meio ambiente na distribuição da água

- Crescimento da concientização entre outros usuários das necessidades dos ecossistemas

- Proteger as captações superficiais, controle da poluição, e dos fluxos ambientais.

- Proteger os recursos comuns tais como florestas, as terras úmidas e as zonas de pesca das quais dependem as comunidades.

Agricultura (Ler mais B5). Benefícios da GIRH para o setor agrícola.

- Implicações para a agricultura do uso da água por outros setores considerados no processo de gestão

- Tomada de decisão racional no uso de água nos quais são considerados os custos e os benefícios

- Uso da água mais efetivo com o setor e conseqüentemente o aumento do retorno

- Exploração pluri-funcional do recurso hídrico e reciclagem entre setores (por exemplo, a utilização para a irrigação dos efluentes municipais).

Fornecimento de água e saneamento (Ler mais C5). Benefícios da GIRH ao setor de fornecimento de água e saneamento

- Aumento da garantia do fornecimento de água doméstica - Menos conflito entre os usuários da água - Maior reconhecimento do valor econômico da água conduzindo a

uma utilização mais racional - Aumenta o uso de gestão de demanda da água - Melhorar a gestão dos rejeitos considerando os efeitos ambientais, e

a saúde e a higiene humana. - Diminuição de custos dos serviços de fornecimento de água

doméstica

5. Implantação da GIRH A imagem da GIRH é muito forte, muitos poderiam dizer incontestável. O problema para muitos países é uma longa historia de exploração uni-setorial. Tal como a Global Water Patnership estabelece: « A GIRH é um desafio face às práticas convencionais, atitudes e certezas profissionais. Ela é confrontada com as barreiras dos interesses setoriais e exige que o recurso hídrico seja gerado de maneira global para o benefício de todos. Ninguém afirma que será fácil alcançar o desafio da GIRH, mas é vital que tenha um início agora, para evitar a crise em gestação ». A GIRH é, por tudo isto, uma filosofia. Como tal ela oferece uma rede de meios conceituais com uma meta de gerenciamento e desenvolvimento sustentáveis das reservas de água. Isto exige das pessoas, que eles mudem suas práticas de trabalho para olhar o enorme quadro que envolve suas ações e constatar que elas não ocorrem independentemente das ações dos outros. Ela procura também introduzir um elemento de democracia decentralizada na maneira como a água, é gerenciada, com ênfase na participação dos responsáveis e a tomada de decisão no nível mais baixo apropriado. Tudo isto implica em mudanças, que traz ameaças, mas também oportunidades. Existem ameaças sobre o poder e a posição de pessoas; e ameaça a elas próprias como profissionais. A GIRH exige a elaboração de plataformas para permitir aos responsáveis muito diferentes, aparentemente com divergências irreconciliáveis, de trabalhar conjuntamente. Por causa da existência de redes institucionais e legais, a implantação da GIRH requer reformas em todos os estágios do ciclo de planejamento e da gestão da água. Um plano global é requerido para examinar como a transformação pode ser alcançada e para isto é desejável que se comece com uma nova política da água para refletir os princípios de uma gestão autosustentável dos recursos hídricos. Colocar em prática esta política exige certamente reformas de leis e instituições da água. Isto pode ser um longo processo e necessita fazer consultas extensas, com as agencias afetadas e o público. A implantação da GIRH é realizada de forma melhor, por um processo de pequenos passos, com mudanças imediatas e outras requerendo muitos anos de planejamento e aquisição de capacidade.

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Figura. A GIRH e sua ligação com os outros setores (GWP) 6. Estrutura jurídica e política Pode ser arriscado trazer alguns princípios da GIRH para os setores de políticas de recursos hídricos e ter um apoio político, pois decisões difíceis têm que ser tomadas. Não será surpreendente que importantes reformas institucional e legal sejam improváveis de serem implantadas, antes que se tenham sérios problemas de gerenciamento da água. Em certos casos, a GIRH pode ser vista como uma ameaça para os programas de investimento financiados por doações. Alguns países em desenvolvimento se sentem mais relacionados com o crescimento da distribuição através de novas estruturas do que pela eficiência da água ou pela demanda por gestão da água. De fato eles receiam a nova agenda da GIRH leve a uma redução dos capitais de investimento para estes projetos. As atitudes já começam a mudar. Os oficiais estão se tornando mais concientes da necessidade para gerenciar os recursos eficientemente. Eles constatam também que a construção de infra-estruturas deve levar os ambientais e sociais e da necessidade fundamental dos sistemas para se tornarem viáveis economicamente para fins de manutenção. Entretanto, eles podem ser sempre inibidos pelas implicações políticas, tais como uma mudança. O processo de revisão das políticas da água é, entretanto, um passo chave, exigindo consultas ampliadas e um comprometimento político.

Ler mais sobre os obstáculos para a iplantação da GIRH em cada setor A6. Obstáculos para a implantação da GIRH no setor ambiental B6. Obstáculos para a implantação da GIRH no setor agrícola C6. Obstáculos para a implantação da GIRH no setor domésico

A legislação sobre a água transforma a política em lei e deveria:

- Esclarecer os estatutos e responsabilidades dos usuários e dos fornecedores; - Definir os papéis do estado em relação aos outros responsáveis; - Formalizar a transferência das alocações de água; - Dar um estatuto legal às estruturas de gestão da água do governo e dos grupos usuários da

água; - Assegurar um uso sustentável do recurso.

7. Estruturas institucionais Por diversas razões, os governos de países em desenvolvimento consideram o planejamento e a gestão das reservas de água como uma parte central da responsabilidade do governo. Esta visão é consistente com o consenso internacional que promove o conceito de governo como facilitador e regulador, mais do que executor do projeto. O desafio é de se chegar a um acordo mútuo sobre o nível a partir do qual, qualquer que seja a instância, a responsabilidade governamental deveria cessar, ou se associar com organizações autônomas de serviços de água e/ou com organizações comunitárias de base. O conceito de gestão integrada dos recursos hídricos tem sido acompanhado da concepção que faz a bacia hidrográfica a unidade geográfica lógica para sua realização prática. A bacia do rio oferece várias vantagens para o planejamento estratégico, em particular nos altos níveis do governo, sem

Água e meio ambiente

Água e agricultura

Outros usos

Gestão integrada

Estrutura

institucional

Estrutura política e

legal

Infraestrutura

s

Instrumentos

de gestão

Fornecimentode água e

esgoto

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subestimar, entretanto, as dificuldades. Os aqüíferos subterrâneos freqüentemente atravessam as fronteiras de represamento de água, e mais problematicamente, as bacias de rio raramente estão de acordo com as entidades administrativas ou estuturas existentes. Com o objetivo de colocar em prática a GIRH, são necessários arranjos institucionais para capacitar:

- O funcionamento de um consórcio de responsáveis envolvidos na tomada de decisão, com uma representação de todos os setores da sociedade, e um bom equilíbrio de gênero;

- Gestão dos recursos hídricos baseada sobre limites hidrológicos; - Estruturas organizacionais nos níveis de bacia e sub-bacia para permitir a tomada de decisão ao

nível o mais baixo apropriado ; - O governo deve coordenar a gestão nacional dos recursos hídricos através dos setores usuários

de água. Reflexões

Tendo tomado conhecimento da principal seção deste guia você provavelmente estará capacitado a estabelecer a situação do seu país, quando da implantação da GIRH. Algumas questões que você desejaria responder são : Quais são os principais setores envolvidos na exploração dos recursos hídricos no

meu país e quais são a interações entre estes setores? Existe uma urgência em gestão de recursos hídricos e saber como fazê-la melhor ?

Quais serão os benefícios para os diferentes setores? Como são os homens e as mulheres diferentemente afetados pelas mudanças na

gestão dos recursos hídricos ? Considerando as instituições governamentais do meu país, quais são as reformas

jurídicas e institucionais que são necessárias para aplicar a GIRH e quais exigências para torná-la efetiva ?

Qual é a atitude geral com relação à gestão integrada da água em meu país e quais são as proteções setoriais a serem instaladas antes que a GIRH seja implantada ?

A. Meio ambiente A1. Como o meio ambiente utiliza a água?

- Os ecossistemas aquáticos e terrestres têm necessidade de água para continuarem a existir: as plantas evaporam e transpiram água; os animais a bebem; os peixes e animais anfíbios vivem na água. A água é também utilizada para os ecossistemas de bacias de rios, florestas, arbustos e reflorestamentos.

- À jusante, as terras úmidas, as várzeas inundadas e os manguezais têm necessidade de suprimentos de água. Esta água é utilizada para manter uma dinâmica (semi) natural, freqüentemente de natureza sazonal. Para impedir a degradação e a destruição dos ecossistemas, é importante ter água suficiente de boa qualidade e de boa variabilidade sazonal.

A2. Porque o meio ambiente é importante? - Os ecossistemas produzem bens e serviços (funções) (ver Tabela 1) que beneficiam as

populações e seu bem estar. Estes benefícios geralmente não são freqüentemente reconhecidos no planejamento e na gestão dos recursos hídricos. Os benefícios totais são estimados em 8,8 bilhões de US$ por ano (IUCN).

- A destruição dos ecossistemas prejudica mais os pobres. Eles são os beneficiários de uma fonte comunitária “sem custos” (madeira como combustível, água, pescados, frutas). Eles podem também contribuir pra a degradação do ecossistema através de uma exploração desordenada. Por esta razão é importante que as comunidades de usuários estejam envolvidos nas decisões sobre a gestão da água.

TABELA 1 Os ecossistemas naturais fornecem muitos bens e serviços à humanidade, são freqüentemente negligenciados no planejamento e na tomada de decisão.

1. FUNÇÕES DE REGULAMENTAÇÃO A capacidade dos ecossistemas naturais e seminaturais para regular os processos ecológicos essenciais e os sistemas de manutenção da vida.

2. FUNÇÕES DE HABITAÇÃO Fornecer santuários para as plantas, animais (e ainda para os indígenas) para fins de manutenção da diversidade biológica e genética.

3. FUNÇÕES DE PRODUÇÃO Recursos fornecidos pelos ecossistemas naturais e seminaturais.

4. FONCTION D’ESTH2TIQUE ST DE RECREATION Fournir des occasions pour la réflexion, l’enrichissement spirituel et le développement cognitif

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Manutenção do ciclo biogeoquímico (por exemplo, a regulação da qualidade do ar da liberação de CO2 )

Função dos santuários (para indígenas e espécies migratórias)

Alimentação (por exemplo, plantas e animais comestíveis).

Attirance esthétique (par exemple mise en scéne)

Regulação do clima (por exemplo, limites do efeito estufa)

Função de confinamento (habitat para a reprodução de espécies)

As matérias primas (por exemplo, telhados de sapê).

Récréation et (eco -) tourisme

Regulação da água (por exemplo, proteção contra as inundações)

Combustível e energia (recursos de energia renováveis)

Inspiration artistique et culturel(c.-à-d. la nature comme un motif et une source d'inspiration pour la culture humaine et l’art)

Fornecimento de água (filtragem e armazenamento)

Forragem e produtos graxos (por exemplo, produtos leiteiros )

Valeurs spirituelles et historiques (basé sur les considérations éthiques et l'héritage ancestral)

Retenção de solo (por exemplo, contrôle da erosão).

Recursos medicinais (por exemplo, medicamento, modelos, teste de organismos).

Support pédagogique scientifique (c.-à-d. la nature comme un laboratoire naturel de référence)

Formação de solo e manutenção da fertilidade

Reecursos genéticos (por exemplo, resistência das culturas).

Fixação Bio-Energética Recursos ornamentais (por exemplo, aquários, souvenirs).

Ciclo nutritivo (por exemplo, manutenção da disponibilidade de elementos nutritivos essenciais)

O tratamento da águas usadas (por exemplo, depuração das águas)

Controle biológico (por exemplo, controle das doenças e da poluição)

A3. Como o meio ambiente é afetado pelos outros setores ?

As necessidades de água para a natureza, ou para o meio ambiente, são muito facilmente desprezadas nas considerações de distribuição de água. Mas, se água demais é alocada para outros setores, o impacto sobre os ecossistemas pode ser devastador.

O setor da agricultura é o mais importante como usuário de água e os impactos são maiores sobre os ecossistemas na distribuição de “cotas de água”. Retirada de água para a agricultura está levando rios a secarem, decréscimo de mananciais de águas subterrâneas, crescimento da salinidade de solos e poluição de rios. Projetos com propósitos múltiplos concebidos com cuidado podem combinar irrigação com recarga aqüífera, drenagem de solos e preservação do ecossistema. - A utilização urbana de água, em particular efluentes de esgotos, poluem os rios se não são tratados. O tratamento de efluentes é caro e, em países em desenvolvimento, não é considerado com prioridade elevada diante de outras necessidades. Quando a devida consideração é dada ao valor dos ecossistemas, a reciclagem e a re-utilização dos efluentes são vistas freqüentemente como medidas de conservação em que os custos são compensados com os benefícios.

- O setor hidroelétrico afeta os ecossistemas de rios alterando os seus regimes de águas e

sedimentos e impedindo os movimentos migratórios de peixes e anfíbios. Em alguns casos os reservatórios tornam-se novos habitats para animais e investimentos têm sido

feitos para a preservação ambiental à montante. Combinando as preocupações sobre geração de energia, controle de inundação e preservação do ecossistema pode nos levar aplicação de novas regras operacionais para a liberação de água dos reservatórios.

- A indústria tem freqüentemente impactos substanciais sobre o ecossistema de rios através da utilização e poluição das águas. A mineração, por exemplo, afetou muitos rios na América Latina. Na Europa Ocidental a poluição industrial teve suas conseqüências nos ecossistemas aquáticos durante o último século. A transferência de tecnologias de reciclagem poderá ajudar a evitar danos ao ecossistema causados pelo desenvolvimento industrial.

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A4. Impacto do meio ambiente sobre os outros setores

- A água destinada à proteção do ecossistema não está disponível para os outros usos. O meio

ambiente pode então ser visto como um concorrente pelos outros setores. É verdade que uma proporção da água disponível deve ser destinada aos ecossistemas, mas a sinergia com os outros usos pode aumentar a reserva total, encorajando as utilizações múltiplas.

- Exemplos de benefícios para o controle de vazão dos rios são: a atenuação de enchentes por

uma planície úmida, ou a limpeza de quantidades limitadas de poluição. A proteção com barragens a montante é conhecida por trazer benefícios para os picos de enchentes, especialmente em escala local.

- Ecossistemas funcionando bem dão benefícios à jusante, por exemplo, a atenuação das

inundações das várzeas inundadas das zonas úmidas, ou a limpeza de uma quantidade limitada de poluição. A proteção dos captores de superfície é também benéfica para a redução dos picos de inundação, especialmente em escala local.

- Os ecossistemas mantidos num estado saudável dispõem de água de boa qualidade que podem

ser utilizadas por qualquer outro consumidor. Rios limpos, fontes de águas subterrâneas não poluídas, nascentes em montanhas são facilmente interrompidas pela utilização não apropriada da água e do solo.

A5. Benefícios da GIRH para o setor ambiental

Os ecossistemas podem se beneficiar pela aplicação de uma ação integrada para a gestão da água dando voz às questões ambientais no debate para a distribuição de água. No presente estas questões são freqüentemente ignoradas nas mesas de negociações. - A GIRH pode auxiliar este setor despertando a responsabilidade entre os outros consumidores

sobre a necessidade dos ecossistemas e dos benefícios que são gerados para eles. Freqüentemente eles são desvalorizados e não incorporados no planejamento e na tomada de decisão

- A abordagem de ecossistema fornece um novo esquema para a GIRH que foca mais atenção

sobre uma abordagem de sistema para a gestão da água. Ele fornece uma alternativa para uma perspectiva subsetorial de competição, com mais ênfase na manutenção do ecossistema principal como um fator que pode unir os usuários no desenvolvimento de uma visão compartilhada e uma ação conjunta.

- Uma abordagem de ecossistema da gestão da água que se focalize sobre diversos níveis de

intervenção: proteção das zonas de captação superficiais (por exemplo, reflorestamento, a utilização parcimoniosa das terras boas, o controle da erosão dos solos), o controle da poluição (por exemplo, a redução das fontes pontuais, a proteção dos lençóis subterrâneos) e dos fluxos ambientais ( por exemplo, redução de bombeamentos, especiais a partir dos reservatórios, para a reabilitação das águas dos rios).

- O mais importante, o conceito de GIRH pode aglutinar comunidades, industriais, gestores de água e formadores de opinião (professores, líderes religiosos representantes dos meios de comunicação) em uma causa comum para atingir a preservação de ambos, a água e os ecossistemas.

- A6. Obstáculos para a aplicação da GIRH no setor ambiental De todos os setores, o meio ambiente é provavelmente aquele que mais se beneficiará com a implementação da GIRH. Usualmente colocado no final da fila (se não esquecido totalmente) quando a distribuição de água é realizada, o meio ambiente está sofrendo as conseqüências de escassez de água ou de pouca consciência. O desejo por um esquema de GIRH é, portanto, muito intenso no setor de meio ambiente, mas existem alguns obstáculos a serem vencidos.

- A falta de consciência é uma marca entre todos os usuários da água, é o grande obstáculo à mudança. Particularmente nos países em desenvolvimento, os impactos de uma gestão ineficiente da água estão começando a ser percebidos. As inundações, a poluição e os o

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esvaziamento dos rios começam a chamar um pouco mais a atenção das pessoas, mas a biodiversidade na água doce está ainda fora do interesse da maioria do público.

- A falta de desejo político para combater interesses adquiridos é também uma barreira importante.

Os peixes não têm voz, fazendeiros têm. Freqüentemente os interesses dos fazendeiros e de outros usuários prevalecem sobre a necessidade de água dos ecossistemas.

- A falta de recursos humanos e financeiros faz com que os ecossistemas não sejam levados em

conta no planejamento e no desenvolvimento. A falta de capacidade das agências governamentais e a ausência de recursos financeiros, sobretudo para investir em práticas viáveis, por exemplo, para a captação em superfície, causam a degradação dos ecossistemas. Os efeitos são sentidos pela perda de suprimento das fontes e o baixo estoque de peixes, a cadeia de decisão é freqüentemente efêmera e não é da responsabilidade de ninguém iniciar uma ação.

A7. Pré-requisitos para a mudança: jurídicas, institucionais, recursos humanos.

Para as perspectivas do meio ambiente, a mais importante decisão numa reforma do setor de águas é estabelecer o reconhecimento das necessidades dos ecossistemas paralelamente às demandas de água de consumidores domésticos, industriais e para a agricultura. Em muitos países, isto exige um reforço significativo dos estatutos, dos recursos humanos e financeiros e da representação política dos agentes ambientais, não somente ao nível nacional, mas também da região e da localidade e, em particular, no contexto da GIRH, ao nível da bacia do rio. - As legislações nacionais em geral necessitam ser harmonizadas e reforçadas para incluir uma

perspectiva de meio ambiente na gestão da água, outras políticas setoriais relevantes e ordenamento legal. No momento existem muitas legislações conflitantes.

- Os departamentos de águas devem funcionar cada vez mais como negociadores entre os outros

departamentos e os donos da água, ao invés de unidades independentes. Elas terão um papel importante para facilitar as negociações entre os vários usuários de água. Têm também uma importante função regulatória e de monitoramento com relação aos padrões ambientais. A participação na tomada de decisão é uma função crucial da GIRH, mas ela tem que ser enquadrada de modo a proteger o interesse comum em detrimento do interesse particular. É responsabilidade do governo (local ou nacional conforme apropriado) estabelecer e manter os padrões que impeçam os usuários a montante esgotar ou degradar as fontes de água para os usuários a jusante.

- As questões acima requerem uma competência substantiva para a simplificação, mediação,

negociação e vigilância. No momento, as equipes são geralmente mal equipadas para assumir estas responsabilidades porque elas exigem competência além daquela ensinada tradicionalmente para um engenheiro ou hidrologista.

Reflexões

Considere a situação em seu país. Você pode provavelmente, de pronto, identificar as agências responsáveis pelo fornecimento de água potável à população e que tratam os efluentes. De modo similar, é provavelmente aparente que as organizações são responsáveis pela previsão e pelo atendimento à demanda de água para irrigação. Mas, quem é encarregado de ordenar e fornecer a água do rio necessária á preservação dos ecossistemas ? E se, você pode os identificar, quais são os poderes e recursos que eles dispõem em comparação aos outros setores ? Em caso de falta de água, quem se ocupa do caso do meio ambiente ?

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B. Alimentação/Agricultura

B1. Como o setor agrícola utiliza a água?

Sem água nenhuma produção de alimentos é possível. A água é utilizada para a produção de grãos, criação de animais e na aqüicultura. As culturas - As plantações crescem melhores e produzem mais quando elas dispõem de um fornecimento

adequado de água. A água é sobretudo utilizada para a transpiração e ínfimas quantidades são estocadas nos tecidos da planta.

- As fontes de água para produção de grãos são as chuvas, os lençóis pouco profundos e a água de irrigação, que é a água tirada dos fluxos de superfície ou dos lençóis subterrâneos. Freqüentemente a irrigação substitui as chuvas, nas zonas pouco chuvosas.

- Uma forma especial de produção de alimentos é realizada nas áreas de recessão depois do período de cheia de um rio ou lago. É uma forma híbrida de agricultura sob chuvas e irrigada. Os alimentos são plantados segundo uma linha de recessão, após altos picos de água nos rios ou lagos.

- Os alimentos dependem da umidade residual do solo. Tanto como as outras fontes habituais de água de irrigação, a coleta das águas (captação de água de chuvas) torna-se, cada vez mais, uma importante fonte de água para a agricultura.

Tabela 1. Quantidade total de água necessária para produzir um quilograma de um alimento de demanda constante e óleo de soja.

Produção de 1Kg de Quantidade de água necessária (m3)

Trigo Arroz Óleo de soja

1, 3 3, 0 22

A criação de animais

- Como os humanos, os animais têm necessidade de água para seus processos metabólicos. As necessidades de água da criação de animais são principalmente providenciadas por aspiração direta de água e parcialmente pela umidade contida na sua forragem. A produção de animais requer enormes quantidades de forragem.

- Quando os animais não podem ter acesso a pastagens verdes ou que a forragem não pode ser

cultivada sob chuvas, a cultura é freqüentemente feita com irrigação. A produção de forragem exige substanciais quantidades de água.

Tabela 2. Necessidades de água estimadas para o gado.

Tipo de animal Consumo de água(litro/dia /animal)

Vacas de leite (somente para beber) Bovinos e caprinos Cavalos em pastagens Cavalos em trabalho Porcos Caprinos Ovinos Galinhas

40 – 50 45 – 55 28 45 – 55 14 – 18 10 6 – 9 0, 25 –0, 5

Fonte: Waterhouse, J. (1982) Aqüicultura

- Em aqüicultura, o peixe e as outras espécies marinhas são criadas para o consumo humano. As exigências de água são quantitativamente pequenas, mas os produtos são extremamente sensíveis à segurança e à qualidade do fornecimento de água. Como os sítios de aqüicultura são, usualmente, próximos das terras agriculturáveis, os rejeitos da agricultura determinam largamente a qualidade da água que vai para a aqüicultura.

- A integração da aqüicultura, da agricultura e da criação de animais nas fazendas na Asia, criou sistemas que se assemelham fortemente aos meios de reciclagem de nutrientes dos

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Reflexões.

Se são necessários 3m3 (3 toneladas) de água para

produzir 1kg de arroz (ver tabela 1), quanto você

pode cobrar do campones pela água de irrigação ?

ecossistemas naturais. Entretanto, a preocupações cresceram com respeito da maior intensidade de operações que desvia a água dos rios e produz uma poluição de nutrientes.

B2. Porque o setor agrícola é importante?

A agricultura é importante porque ela fornece alimentos, e representa uma parte maior da economia mundial. O acesso ao alimento é um direito fundamental do homem. Pessoas mal nutridas não podem alcançar capacidade física e mental totais, e sucumbem mais facilmente à doença. De um modo global, a agricultura tem tido sucesso remarcável na sua capacidade de fazer face às necessidades de alimentação humana e demandas de fibras. Durante o século passado, com o aumento da população, enormes esforços foram feitos para garantir que alimentação suficiente fosse produzida para alimentar a população. Como a população total vai continuar aumentando, de 6 bilhões hoje para 9 bilhões em 2030, as necessidades de alimentos irão aumentar.

- Estima-se que 40% dos fornecimentos de alimentos são cultivados sobre terras irrigadas. A irrigação é então extremamente importante para a segurança alimentar do mundo. Para satisfazer as necessidades futuras de alimentos de uma população que cresce rapidamente, a agricultura irrigada deverá crescer aproximadamente 4% ao ano. Com esta perspectiva, fornecer água a uma população crescente é um desafio maior, porque a agricultura é, de longe, a maior consumidora de água em quase todas as regiões do mundo, salvo na América do Norte e na Europa. Globalmente, a agricultura representa para mais de 70% do consumo total de água.

- Melhorar a segurança alimentar ainda é o objetivo principal para os países em desenvolvimento e em muitos lugares é a falta de confiança nas reservas de água que é a primeira (bem que não somente a única) condicionante para a segurança alimentar. O uso produtivo da água nas agriculturas irrigadas e sob chuvas é um fator chave para obter alimentos e segurança da água.

- A agricultura é particularmente importante para os países em desenvolvimento porque mais de 70% da população nestes países vive nas zonas rurais e tiram seu sustento diretamente da agricultura e de atividades conexas. Por esta razão, o crescimento da agricultura é entendido por muitos como um pré-requisito para o desenvolvimento econômico. Embora a água seja um dos numerosos integrantes da produção agrícola, ela é, talvez juntamente com o solo, o parâmetro mais crítico. A gestão da água da agricultura é assim um fator chave na erradicação da pobreza.

- A agricultura possui um potencial para contribuir enormemente no melhoramento da situação das mulheres nos países em desenvolvimento. Aproximadamente 70% dos trabalhadores agrícolas são mulheres, e a agricultura de pequena escala de mulheres, alimenta a maior parte dos povos mais pobres do mundo. Infelizmente, as práticas correntes de irrigação e gestão das terras favorecem fortemente os homens. A posse das terras, os direitos à água e os sistemas de crédito são todos devotados aos homens e o quadro institucional da gestão das águas de irrigação significa que fazendeiros de pequena escala, predominantemente mulheres, estão no fim da fila.

B3. Como a agricultura é afetada pelo uso da água nos outros setores ?

Existe uma competição pela água entre a agricultura e os outros setores, tais como, o uso doméstico, a indústrias e a mineração. Embora a agricultura dos países em desenvolvimento consuma muito mais água do que os outros setores, nos países desenvolvidos a indústria consome mais água que a agricultura.

- Os efluentes industriais e os rejeitos domésticos não tratados correndo para os rios, lagos e aqüíferos podem poluir a água em tal proporção que ela pode se tornar imprestável para fins agrícolas.

- O setor industrial pode também afetar a agricultura indiretamente pela produção de ar poluído. As chuvas ácidas, ou outros poluentes dissolvidos podem causar malefícios diretamente aos alimentos ou contaminar lagos usados como fontes de água.

- A modificação do regime de chuvas, a temperatura e a evaporação, o reaquecimento global previsto irá afetar não somente a disponibilidade de água e a demanda de água para alimentos dependentes de água da chuva, mas também os recursos de água. Em áreas semi-áridas e áridas, relativamente pequenas variações climáticas podem ter efeitos significantes na recomposição das águas subterrâneas, afetando então, grandemente, o exercício da irrigação.

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- Um problema para o setor agrícola tratar a água como um bem econômico é que os produtos agrícolas, geralmente, tem um preço muito baixo, assim como uma demanda por água muito alta. Consequentemente, quando em competição com os outros setores, pelos fornecimentos de uma água escassa, os outros setores podem freqüentemente oferecer um melhor valor de custo-benefício do que a agricultura.

- Em alguns casos a exploração de recursos hídricos para outros setores pode prover benefícios para a agricultura, particularmente se as exigências de ambos os setores são gerenciados de maneira integrada. Em outros casos, os esquemas de exploração do recurso primeiramente para a irrigação, são somente economicamente viáveis porque as barragens construídas permitem a produção hidroelétrica.

- As águas rejeitadas pelos outros setores podem ser, algumas vezes, úteis também para a agricultura, por exemplo, os rejeitos de uso doméstico para a irrigação. Esta prática não fornece somente a água, mas também nutrientes para os alimentos ou para as forragens. Pesquisas têm mostrado que o uso de rejeitos domésticos para a irrigação pode sustentar os meios de vida e gerar benefícios consideráveis na agricultura urbana ou peri-urbana, se cuidadosamente gerenciada para evitar os impactos negativos sobre a saúde.

- A degradação dos meios aquáticos é a maior ameaça direta para a produção de peixes de água doce. A degradação da qualidade da água afeta também a produção de alimentos de várias maneiras. Isto vai da toxidez direta de certos elementos sobre o crescimento da planta, a uma situação muito mais complexa onde a infra-estrutura de irrigação é utilizada para múltiplos propósitos. (ver o exemplo egípcio na caixa 1)

CAIXA 1 A utilização da água de drenagem da agricultura para irrigação é uma política para aumentar os recursos fixos limitados de água doce do Egito e cobrir a diferença entre a oferta e a demanda. A poluição dos principais drenos como resultado de uma urbanização em grande escala e à industrialização é uma preocupação crescente, pois os canais de irrigação são também uma fonte principal de água para: o fornecimento de água municipal e rural; suprimento de água industria; a natureza e pesca; o banho e a lavagem de roupas. Após os anos 1990, muitas estações de reutilização estiveram sob uma pressão crescente como um resultado deterioração da qualidade da água. De fato, 4 das 22 estações de reutilização foram completamente ou periodicamente fechadas desde 1992 (Kielen, 2002).

B4. Impacto da agricultura sobreo uso da água pelos outros setores Infelizmente os recursos hídricos são freqüentemente superutilizados na agricultura e mal utilizados, especialmente na agricultura irrigada. Isto não resultou somente em alagamentos de grande escala, salinidade e a superexploração das reservas subterrâneas de água, mas também à privação de água suficiente aos utilizadores a jusante e à poluição das reservas de água doce, com fluxos de retorno contaminados e perdas por percolação profunda. - Entre 30% e 60% da água extraída para a agricultura é retornada para os rios.

Em muitos casos, estas águas são poluídas pelos sais, fertilizantes e pesticidas, e assim, de valor limitado se for usada pelos outros setores. A dissolução dos excessos de nutrientes das fazendas nas fontes de água causa a eutroficação (processo de envelhecimento de lagos por excesso de nutrientes), que causa danos à flora aquática e à fauna pela produção de algas e redução dos níveis de oxigênio dissolvido. A presença de produtos agroquímicos na água de beber é uma ameaça reconhecida para a saúde, que exige procedimentos de tratamento caros e sofisticados. - Em certos lugares onde a irrigação depende dos lençóis subterrâneos, a água está sendo

extraída mais rápido que a taxa de reposição. Assim como a privação dos outros setores de água, tais declíneos podem ter conseqüências devastadoras sobre o meio ambiente.

- A agricultura afeta também os outros setores indiretamente através dos impactos da mudança do uso da terra sobre os recursos hídricos. A conversão de savanas e florestas em pastagens e terras aráveis altera o regime hidrológico de um captor modificando as taxas de infiltração, a evaporação e os desperdícios.

- A mudança do uso das terras deve também contribuir para a mudança de clima, não somente alterando o equilíbrio das radiações e a evaporação, mas também através do aumento das emissões de CO2. Como com as emissões industriais, a um longo prazo eles poderiam trazer mudanças sobre os recursos hídricos, afetando então todos os setores.

- O aumento das cargas de sedimentos nos rios que chegam da erosão de terras agrícolas tem um impacto negativo sobre os ecossistemas aquáticos a jusante e resulta também da limpeza dos canais a jusante, dos reservatórios e outras infra-estruturas hidráulicas.

- A exploração dos recursos de água para a irrigação pode trazer benefícios para outros setores. Nos países áridos e semi-áridos, existem freqüentemente grandes áreas onde os lençóis são salobos e as pessoas têm de tirar água destinada ao uso doméstico dos canais de irrigação.

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Uma melhor coordenação com os outros setores pode significar que benefícios como estes são mais eficazmente identificados.

- Muitos tipos de aqüicultura podem contribuir positivamente para melhorar o meio ambiente. A reciclagem de nutrientes e da matéria orgânica nos sistemas de fazendas integrados é bem conhecida.

- B5. Contribuições da GIRH para o setor agrícola

Como o único maior utilizador de água e o principal poluidor de fontes não pontuais de água de superfície e de reservas subterrâneas, a agricultura não tem uma boa imagem. Posta em paralelo com o pouco de valor agregado na produção agrícola, isto significa freqüentemente que, sobretudo no caso de escassez de água, a água é desviada da agricultura para as outras utilizações. Entretanto, uma redução indiscriminada da alocação de água para a agricultura pode ter conseqüências econômicas e sociais a um longo prazo (ver o exemplo da California na Caixa 2). Com a GIRH, os planejadores são encorajados a olhar para além dos setores economicos e levar em conta as implicações das decisões de gestão da água sobre o emprego, o meio ambiente e a igualdade social.

- Integrando-se todos os setores e responsáveis no processo de tomada de decisão, a GIRH é capaz de mostrar o valor associado da água à sociedade, como um todo, nas difíceis decisões sobre distribuições. Isto poderia parecer que a contribuição da produção de alimentos à saúde, a redução da pobreza e a igualdade dos gêneros, por exemplo, passar por cima de comparações econômicas estritas de taxa de retorno sobre cada metro cúbico de água? A GIRH pode igualmente, colocar em equação o potencial de reutilização dos fluxos de retorno agrícolas para os outros setores e estender a reutilização das águas usadas municipais e industriais para a agricultura.

- A GIRH clama para um planejamento integrado de modo que a água, a terra e os outros recursos sejam utilizados de maneira sustentável. Para o setor agrícola a GIRH procura fazer crescer a produtividade da água (i.é. mais alimento por gota de água) sob as condicionantes impostas para os contextos econômicos, sociais e ecológico de uma região particular, ou de um país. Uma mudança importante em foco na GIRH é o conceito de gestão da demanda (por exemplo, gerar a demanda de água em lugar de procurar os meios para aumentar o fornecimento).

CAIXA 2 Gestão vitoriosa Nos países onde a água é fisicamente escassa como Israel, Chypre e Malta, os governos conseguiram mudar as atividades de sua população para outros setores, incluindo a indústria, o comércio e o turismo. A agricultura é principalmente restrita aos produtos de exportação de grande valor e a maioria dos alimentos é importada em vez de ser produzida no país. (GWP 2000) Gestão fracassada Em 2001 os fazendeiros do sul do delta do Sacramento - San Joaquim, na California, receberam as menores quantidades de água depois de 1994, como resultado das mudanças de prioridades e seguida à mudança de prioridades e precipitações insuficientes. Os clientes agricultores do « Central Valley Project » da região não receberam mais que 45% do montante constante do contrato de fornecimento. A falta de água precipitou um efeito dominó de perda de campos, de perda de emprego e cidades atordoadas, dependentes das divisas que a agricultura traz. A cidade de Mendota, por exemplo, prospera quando as zonas de produção de alimentos recebem a água necessária. Virtualmente todos os empregos são ligados à agricultura, e a taxa de desemprego na cidade pode subir a mais de 40% quando os tempos são rudes para a agricultura. (Morris, 2001)

B6. Obstáculos à implantação da GIRH no setor agrícola

Uma GIRH vitoriosa exige que se considere um grande alcance de resultados de ordem política, econômica e social a uma variedade de escalas diferentes. Os obstáculos a uma implantação vitoriosa da GIRH, com o setor agrícola, incluem:

- Falhas nas políticas sobre gestão de recursos hídricos e estruturas jurídicas e de regulação.

Este é particularmente o caso nos países em desenvolvimento onde as políticas da água são freqüentemente rudimentares, e os mecanismos de regulação para a implementação e repressão fiscalização são fracos. - As pressões demográficas. O crescimento da população, principalmente nos países em

desenvolvimento, em ligação com a pobreza, é, em muitos lugares, responsável por práticas agrícolas inapropriadas e não sustentáveis associadas à utilização da água. Entretanto, freqüentemente as comunidades, mesmo se elas compreendem as conseqüências a um longo prazo de seus atos, pensam que elas não têm alternativas.

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- A falta de compreensão dos princípios e práticas da GIRH. Em muitos casos, somente algumas pessoas da hierarquia da gestão da água, conhecem e compreendem a GIRH e freqüentemente o suporte técnico para conduzir a GIRH no setor da agricultura é insuficiente.

- Informações e dados inadequados sobre como a água é utilizada na agricultura. Malgrado a necessidade reconhecida de gestão da demanda, em muitos lugares, os dados requeridos para uma análise detalhada da água (isto é, a variação temporal e espacial das quantidades de água utilizadas e fluxo de retorno) inexistem. De todos os setores, o setor da agricultura é aquele para o qual mais freqüentemente existe muito pouca informação, principalmente sobre a quantidade de água que está sendo usada.

- Deficiência do mercado. Malgrado o reconhecimento geral de que a água deveria ser tratada como um bem econômico, em muitos locais a água é fornecida aos setores agrícolas sob preços subvencionados. Em parte é por causa da necessidade pressentida por muitos governos de nações de serem auto-suficientes na produção agrícola. O resultado é que existe um pequeno incentivo aos fazendeiros para mudarem suas práticas agrícolas estabelecidas desde há muito.

As práticas agrícolas enraizadas. Muito freqüentemente os fazendeiros, como os outros grupos não querem mudar as práticas, quando acreditam que os outros continuarão a fazer o que eles têm sempre feito.

B7. Implicações da mudança com o setor agrícola : jurídicas, institucionais, recursos humanos.

A GIRH promove um uso judicioso e sustentável dos recursos hídricos. Como a agricultura sempre utilizará mais água que qualquer outro setor, os governos têm necessidade de rever cuidadosamente suas políticas agrícola e alimentar. É claro que em muitos lugares, existe uma necessidade de tempo e de recursos para melhorar a política e a estrutura institucional, bem como a capacidade para facilitar a gestão através dos setores.

Nas regiões que enfrentam uma pressão sobre a água, os governos querem tomar decisões políticas para antecipar a auto-suficiência doméstica, em vez de perseguir a garantia de alimentos através do comércio, reconhecendo então o valor da « água virtual». As políticas terão também necessidade de se focalizar sobre o crescimento da produtividade de alimentos por gota de água e por unidade de investimento. Basicamente, isto significa que a produção necessita ser aumentada, tanto para lavouras irrigadas quanto para lavouras que usam água das chuvas.

O principal desafio institucional da agricultura irrigada é de transformar as ineficientes burocracias centralizadas da irrigação dirigidas ao suprimento, em autoridades dinâmicas locais dirigidas à demanda, baseadas nas autoridades respondíveis para os camponeses. Um ponto de partida é a transferência da gestão da irrigação das agências governamentais às Associações de Usuários da Água (AUA), ou outras organizações do setor privado. A transferência da gestão da irrigação deve ser feita gerencialmente e/ou hidraulicamente. No primeiro caso, a autoridade de gestão e a responsabilidade são repartidas entre o governo e as Associações de Usuários da Água. Neste caso, somente certos subníveis são transferidos às associações. Várias formas e exemplos de transferência de gestão da irrigação existem através do mundo. É através das AUA e as reformas institucionais que os tornam efetivas, que os governos podem reforçar a influência da mulher na GIRH, potencialmente com um impacto importante sobre a eficiência do uso da água na agricultura.

As reformas institucionais e de gestão tem conseqüências muito importantes sobre o desenvolvimento dos recursos humanos. As agências para a irrigação têm a necessidade de definir um planejamento estratégico para reestruturar e identificar novos papéis a serem assumidos. Para reordenar suas relações com os fazendeiros nas novas parcerias, eles irão requerer acordos de serviço sustentados por auditorias da gestão da irrigação. Os gestores da irrigação necessitam compreender o conceito de serviço e qual tipo de serviço é desejável e possível com seu sistema de irrigação.

Os camponeses têm necessidade de um treinamento extensivo e um suporte a um longo prazo para a manutenção das associações melhorando as capacidades locais de gestão e criação de orientação de grupo.

CAIXA 3 O distrito para a irrigação de Tieshan na China foi transformado em Companhia Geral de Fornecimento de Água de Tieshan em 1992, sob um projeto de modernização financiada pelo banco mundial. A companhia Geral é composta de diversas companhias individuais incluindo as Companhias 1 e 2 de Fornecimento de Água para as Fazendas. Estas duas companhias são responsáveis da gestão, da operação e da manutenção dos dois principais canais, até do canal onde foram feitas

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conexões, onde é da responsabilidade da AUA. Sobre uma base anual, as associações submetem uma demanda global de fornecimento de água para a irrigação à companhia. No mês de março de cada ano, um acordo é assinado entre as associações e a companhia para a liberação de água para a irrigação. O preço da água da companhia é fixado em 0,032 RMB/m

3. O montante atual que é pago à

companhia é função do verdadeiro consumo de água. As associações pagam 40% da fatura do débito e o resto é pago em função do uso atual da água. As associações estabelecem seus próprios preços que elas fixam aos usuários individuais. As faturas da água incluem os custos de manutenção, custo de fornecimento de água global, de operação e gestão, e os bombeamentos ocasionais dos canais, se o fornecimento for insuficiente. Para grandes investimentos importantes como, a construção de novos canais, as associações dependem de fundos governamentais. As associações são membros do conselho de administração da companhia. C. Uso doméstico C1 Como o setor doméstico utiliza a água?

O Setor doméstico ou setor de fornecimento de água e saneamento, tem duas principais categorias de usuários: domésticos e industrial/comercial. Os usuários da água doméstica têm necessidade de serem supridos em água para beber, para a cozinha, o banho, a limpeza, a lavagem de roupas e a manutenção do lar. Eles têm também necessidade de se descartarem rejeitos humanos e águas usadas (rejeitos dos banheiros, da lavagem de roupas, etc.), de tal modo que não venham causar riscos para a saúde e danos ao meio ambiente. Os usuários industriais têm freqüentemente necessidade de grandes quantidades de água para o resfriamento e os outros processos, mas não consomem muito. Suas águas residuais são retornadas, freqüentemente contaminadas, para os cursos de água. Algumas indústrias (químicas, fertilizantes e processamento de café.) produzem efluentes altamente tóxicos ou biológicamente poluídos. Em alguns países em desenvolvimento, há grandes diferenças entre as zonas urbanas e rurais, na utilização de água e disposição de rejeitos. Somente os residentes urbanos mais favorecidos podem se permitir, a isto que é considerado como o ciclo clássico da água doméstica no mundo industrializado: residências conectadas para liberar suficiente quantidade de água tratada de alta qualidade para todas as necessidades de seu modo de vida e de conexões para coleta de águas usadas para um tratamento centralizado e retorno para os cursos de água. Em muitas zonas peri-urbanas superpopulosas a construção de poços e fossas convencionais é indisponível e impraticável. Lá os residentes dependem de pontos de água comunitários ou de vendedores de água, e freqüentemente no âmbito de caminhos não higiênicos de disposição de rejeitos humanos sólidos e líquidos. Nas zonas rurais os sistemas de águas são primeiramente baseados na comunidade.Centenas de milhões de pessoas são servidos por bombas manuais ao nível de poços e de perfurações; outras têm pontos fixos alimentados por tanques elevados e rede de distribuição. A água subterrânea é a principal fonte de alimentação, e a tarefa cotidiana de bombeamentos e de transporte da água ainda permanece sendo o maior trabalho das mulheres e das meninas, nos países em via de desenvolvimento. O saneamento rural é mais uma responsabilidade individual caseira e tem tido historicamente uma prioridade muito baixa. Sua negligência tem significado que milhões de pessoas morrem inutilmente a cada ano pelas doenças diarréicas, e esta vida é suja, insalubre é indigna para uma larga parte dos povos mais pobres do mundo. Esta situação está mudando: um dos objetivos do Desenvolvimento para o Milênio, que tem recebido alta publicidade, é a meta de diminuir pela metade a porção de pessoas que não tem acesso aos meios higiênicos de saneamento (2,4 bilhões de indivíduos ou aproximadamente a metade da população mundial que não tinha este acesso no ano 2000, segundo as estatísticas da OMS/UNICEF). Um outro uso doméstico da água é para os suportes produtivos em torno das residências. Isto inclue atividades como cultivar legumes, árvores frutíferas, dar água aos animais, fabricar tijolos e tocar atividades de pequena escala e de outras atividades industriais. As quantidades de água utilizadas para o uso doméstico, e saneamento são relativamente pequenas comparadas aos usos da água para a indústria e a agricultura. A caixa 4 mostra um cálculo das necessidades de água doméstica. Diferentes países têm diferentes normas, mas a maioria dos usos domésticos pode ser coberta de modo adequado por um fornecimento de água que vai de 25-50 l/p/d (litros por pessoa por dia). Se os usos caseiros produtivos são levados em conta, esta quantidade sobe para 50-200 l/p/d. O uso da água industrial varia enormemente de uma indústria a outra, e de um país a outro. Entre os maiores consumidores de água estão as indústrias de polpa e de papel e as siderúrgicas. As pressões ambientais e os preços da água estimularam um aumento de reciclagem e a reutilização pelas indústrias no mundo desenvolvido, mas de outra parte existe muito menos progresso nos países em desenvolvimento. Dois exemplos são sublinhados pelo Worldwatch institute: na China, a quantidade

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de água necessária para produzir uma tonelada de aço vai de 23 a 56 m3 de água, e nos USA, Japão e

Alemanha, ela é menos que 6 m3. Da mesma maneira, uma tonelada de papel produzido na China

exige aproximadamente 450 m3 de água, ou seja, duas vezes mais que nos países europeus.

Box 4 Necessidades fundamentais : Tentativa de acerto tradicional.

A tentativa de acerto tradicional «das necessidades fundamentais» excluem a água utilizada pelas atividades produtivas na residência. Tipicamente, ela recomenda 50 litros por pessoas por dia como mínimo baseado sobre as projeções seguintes: Destino Mínimo recomendado (l/p/d) Água para beber 5 Serviço de saneamento 20 Banho 15 Cozinha e refeições 10 total 50 Para países diferentes existem diferentes objetivos de necessidades fundamentais. Por vezes elas são também tão pequenas como 25 l/p/d. (Zona rural na África do Sul) e também alta como 50 l/p/d (objetivo da Índia recentemente revisto). As metas são freqüentemente inspecionadas e revistas para se adaptarem às circunstâncias. Por exemplo, a África do Sul definiu metas de curto prazo e longo prazo para tratar, pragmaticamente, dos atrasos no fornecimento de água.

Combinando as projeções de crescimento demográfico e industrial, o World Resources Institute estimou em 1997, que a demanda de fornecimento de água municipal poderia aumentar de um fator 5 ou mais nas próximas quatro décadas. Dois outros fatores distinguem os fornecimentos de água doméstica, dos outros setores: a qualidade e a confiabilidade.

Qualidade : A qualidade da água de beber é crítica para a saúde humana e o bem estar. A qualidade é assegurada por um tratamento, mas também pela qualidade da fonte. Menor a qualidade da fonte, mais oneroso é o tratamento. Existe um debate em torno da distribuição de uma água doméstica de altíssima qualidade através de conexões residênciais, quando somente 5 a 10% das águas das canalizações são atualmente utilizadas como água de beber.

A confiabilidade da fonte: os fornecimentos domésticos devem ser absolutamente confiáveis. A falta de água, mesmo por alguns dias mata pessoas. A falta de pressão nas instalações de fornecimento de água permite que as águas poluídas penetrem nas canalizações mal vedadas. A fonte deve então ser confiável a um alto grau de certeza (por exemplo: 1 em 20 anos) tanto na sua capacidade inerente de fornecimento de água, mas também em termos de possíveis reivindicações competitivas. O tratamento dos rejeitos a partir de canalizações de esgoto é caro, e consequentemente não realizado mesmo nos países com renda per cápita intermediária. Tipicamente ele pode custar até US$ 1500 por residência para coletar e tratar as águas usadas das cidades do terceiro mundo. Por hora, os custos de não tratamento são muito grandes em termos de saúde humana e de perda de potencial de reutilização a jusante. C2 Porque os setores de distribuição de água e saneamento são importantes?

A água é um direito fundamental do homem Sem a segurança e a abundância da água de beber e para saneamento, as pessoas não podem levar uma vida produtiva e de boa saúde. A água é, sobretudo crucial para a manutenção e a saúde do organismo humano. Isto toma de 2 a 5 litros de água potável por pessoa por dia (em função do clima e das atividades). Entretanto, havendo suficiente quantidade de água para beber e não para a limpeza pode conduzir a uma saúde frágil e até mesmo à morte; não diretamente, mas não menos verdadeiro que a falta de água para beber. Donde a necessidade de água para o banho e a higiene pessoal (como lavar as mãos após defecar). A água doméstica é crítica para o destino dos dejetos através dos

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esgotos ou nas fossas sépticas ou nas latrinas. Todas estas utilizações, quanto como as pequenas quantidades para a cozinha e a lavagem de louças são também essenciais ao bem estar do homem. Por isso elas são universalmente percebidas como sendo uma necessidade e um direito. Enquanto o planejamento, para acesso e uso está para ser integrado com outros setores e utilizadores, a água, para fins domésticos, é universalmente percebida como tendo a prioridade na alocação dos recursos hídricos. Alem destas exigências domésticas críticas, há um reconhecimento crescente de seu importante papel no bem estar econômico e a redução da pobreza que o fornecimento de água para um uso produtivo pode prover a nível familiar. Diz-se que por causa dos diversos benefícios econômicos e sociais, incluindo uma geração de renda, a seguridade alimentar e o melhoramento dos estatutos nutricionais, esta quantidade adicional de água deveria ser incluída no coração das necessidades domésticas como uma prioridade chave e um direito na alocação dos recursos hídricos. A igualdade dos gêneros A falta do acesso conveniente à água e ao saneamento aumenta enormemente a carga doméstica das mulheres. Isto também afeta de modo desproporcional a sua saúde e a de seus filhos. O setor da água e saneamento tem desde há muito reconhecido os benefícios principais que os serviços básicos melhorados podem trazer para a vida de mulheres e à educação das meninas quando elas serão liberadas de suas tarefas quotidianas de fornecimento de água. As perspectivas de gênero são comparativamente bem desenvolvidas no setor e são vistas como ponto de partida para alívio da pobreza, bem como carreando benefícios para a saúde e o estilo de vida.

C3 Como os fornecimentos de água e saneamento são afetados pelos outros setores?

O setor do WATSAN (water supply and sanitation) é mais seriamente afetado pelas outras utilizações de água em termos de competição ou conflito de usos e poluição. O primeiro afeta a qualidade e a confiabilidade dos fornecimentos de água doméstica. O segundo afeta a qualidade e os custos associados ao tratamento. Competição A água é um recurso econômico crítico e por isso, freqüentemente sob grande demanda. Como resultado há uma competição em muitos níveis no interior dos setores e entre eles. A maioria dos exemplos de conflito do uso da água impactando as necessidades de fornecimento de água doméstica vem do setor agrícola (água para a irrigação). Da Califórnia à Índia, casos de competição entre a agricultura irrigada e o fornecimento doméstico de água torna-se incrivelmente comuns e bem conhecidos. O exemplo da Andhra Pradesh da Caixa 5 é tipica. Ele ilustra a competição à escala da bacia, talvez a mais célebre. Entretanto a competição se faz também ao nível de escala local, por exemplo, quando a superutilização das águas subterrâneas para a agricultura irrigada conduz rapidamente ao rebaixamento do nível estático que por sua vez leva queda de vazãos dos poços domésticos, como é o caso na maior parte da Índia.

CAIXA 5 Fazendeiros causam tumulto no Escritório de Kurnool ZP Kurnool, 15 de Abril. Os fazendeiros situados abaixo do canal do Projeto de Gajuladinne invadiram o escritório de ZillaParishad, na segunda-feira, exigindo a “liberação” da águas por mais tempo além da data de fechamento prevista, para salvar as colheitas. Um grande contingente de fazendeiros chegou a Zilla Parishad e alguns se alteraram, no corredor, durante a realização de uma reunião para tratar do assunto. Seus simpatizantes no lado de fora faziam barulho batendo nas portas e janelas. Alguns dos líderes se disputaram com os coletores e os outros. O coletor de taxas disse aos camponeses que o escritório do conselho da irrigação havia formalmente decidido fechar o canal no dia 9 de Abril. Qualquer decisão de reabertura do canal teria que ser tomada pelo governo. Os fazendeiros se zangaram com os argumentos dos oficiais, dizendo que eles estavam mais interessados pelo fornecimento da água potável para a cidade de Kurnool do que pela salvação dos alimentos. Eles disseram que seria necessário molhar as plantações por mais 20 dias e exigiam o fornecimento de 100 “cusecs”. Os líderes dos fazendeiros argumentavam que a prioridade devia ser dada aos fazendeiros que dependiam do projeto e as necessidades de água potável viriam depois. Um dos camponeses ameaçou de colocar veneno nas águas do projeto para as tornar impróprias ao consumo. Tirado do THE HINDU, terça-feira 16 Abril de 2002

A poluição de fontes a partir daquelas onde fornecimentos domésticos são tirados é uma questão crucial conduzindo ao pior dos casos, à sérios problemas de saúde, e no melhor dos casos à custos crescentes de tratamento da água. A poluição é um problema para a água quando a água é de

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superfície ou subterrânea. A qualidade das águas de rios pode ser negativamente afetada pela poluição de origem agrícola ou industrial (a liberação de pesticidas e fertilizantes, a descarga de materiais perigosos etc.) ou de fato pelos efluentes humanos não tratados. Da mesma maneira, os aqüíferos podem ser poluídos pelos excessos de aplicação de fertilizantes ou a disposição de materiais perigosos vindos da indústria, ou dos depósitos municipais ou das fossas sépticas mal construídas. Os problemas de poluição das águas subterrâneas podem ser particularmente difíceis a identificar e então de remediar, tanto quanto poluição industrial requer um tratamento custoso. Finalmente, o meio ambiente por si mesmo pode ser um importante vetor de poluição para as fontes de água, com o exemplo da contaminação por arsênico das águas subterrâneas em Bengladesh, sendo o exemplo conhecido, o mais recente. O fato de que o setor do fornecimento de água é ele mesmo freqüentemente responsável pela poluição das fontes de água potável, especialmente pelos utilizadores a jusante, mostra um problema de gestão interna ou uma discontinuidade nas estruturas de gestão. C4 Impacto da distribuição de água e saneamento sobre o uso da água pelos outros setores

Problema de alocação Não é verdade a suposição de que por causa das alocações de água doméstica que são mínimas, elas terão pequeno impacto sobre os outros usos. Entretanto, por causa da importância crucial de um fornecimento sem interrupção, da necessidade de uma salvaguarda adequada nos sistema de captação ou do aqüífero para assegurar o fornecimento ininterrupto, o tempo e a natureza sazonal de muitas demandas de água (particularmente para a irrigação), sérios conflitos podem aparecer entre as atribuições domésticas e as outras necessidades. Esta competição para a atribuição de prioridade normalmente dada aos usuários domésticos pode resultar em conflito, especialmente quando os sistemas de tubulações urbanos são acusados de perdas de aproximadamente 50% da água das canalizações e de utilizar a água sem economia.

A poluição

Os dejetos humanos mal tratados são uma fonte principal de poluição ambiental, trazendo problemas para os outros setores, e ao meio ambiente, como um todo. A poluição dos rios e dos cursos de água causada pelos efluentes industriais e municipais não tratados ou tratados de modo inadequado, podem tornar estes cursos de água impróprios para o uso como fonte de água de irrigação e causar danos aos ecossistemas aquáticos. A reutilização dos efluentes municipais para a irrigação, que se faz na zona peri-urbana de várias cidades de países em desenvolvimento tem impactos positivos e negativos. A água reciclada e os nutrientes são importantes para a conservação da água, mas os riscos para a saúde são significativos a menos que haja controles estritos. Não somente os fazendeiros, por si mesmos, expostos a altos riscos devidos à patogenia, mas seus produtos são exportados para um grande público que poderia vir a sofrer em conseqüência.

C5 Benefícios da GIRH ao setor de uso doméstico

A segurança da água Acima de tudo, a aplicação apropriada da GIRH conduziria à garantia de água aos pobres do mundo e aqueles ainda não servidos. A implementação de políticas baseadas na GIRH poderia significar uma garantia adicional de suprimento de água doméstica, assim como custos reduzidos do tratamento, quando a poluição é combatida mais eficazmente. Os conflitos entre usuários de água são reduzidos. A GIRH participativa especialmente no nível da bacia ou da captação pode incluir e reforçar as pessoas que não tem voz, pobres e desfavorecidos e procurar oportunidades para desenvolvimento posterior, sob a forma de emprego, e de capacidade técnica renovada adquirida, etc. O reconhecimento dos direitos das pessoas, particularmente as mulheres e os pobres a uma repartição eqüitativa das reservas de água para os usos domésticos e produtivos da residência, conduz inevitavelmente às necessidades de assegurar uma representação correta destes grupos nos corpos que tomam as decisões da alocação da água. É um dos grandes desafios dos próximos anos para mudar as instituições que até o presente existiram para servir os interesses de grupos relativamente pequenos, poderosos e bem organizados para servir um grande grupo, difuso, de frequentemente utilizadores pobres. Utilização eficaz Um crescente reconhecimento crucial do valor econômico da água está, em parte, por atrás dos movimentos atuais em direção a uma utilização com mais eficácia. Uma maior integração na gestão dos recursos hídricos vai ajudar a reduzir os conflitos entre usuários da água, assegurando uma eficácia consensuada de utilização entre os setores em competição. Para o setor do fornecimento de

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água doméstica, o custo de entrega de pequenas quantidades de água requeridas, ultrapassa largamente o verdadeiro custo do próprio recurso. O uso crescente de uma gestão da demanda e as outras medidas tomadas para mais eficácia de utilização tem geralmente mais a ver com os custos sempre mais importantes de exploração de novas fontes e de remoção da poluição. A fixação sobre a gestão integrada e o uso eficaz deveria também estimular o setor para caminhar na direção da reciclagem, da reutilização e da redução dos rejeitos pelos utilizadores industriais. Os altos custos de poluição financiados por rígidos processos de fiscalização, conduziram a melhoramentos impressionantes na eficacidade da utilização das águas industriais nos países desenvolvidos com benefícios para o fornecimento de água doméstica e o meio ambiente. Melhoramento na gestão dos dejetos Muitos pontos negros que existem são devidos à falta de coordenação eficaz com os outros setores. O problema da destinação das águas usadas é um bom exemplo. Em lugar de trabalhar conjuntamente com os outros setores para explorar um recurso econômico potencialmente importante, a atitude tende a ser aquela fora da visão e fora do espírito. Os sistemas de saneamento passados freqüentemente se focalizam na retirada dos dejetos das zonas de ocupação humana, mantendo assim os territórios humanos limpos e sadios, mas meramente deslocando o problema dos rejeitos, freqüentemente em detrimento do meio ambiente. A introdução da GIRH vai aumentar as possibilidades para introduzir soluções de saneamento viáveis que visam minimizar os produtos geradores de dejetos e a redução de produção de rejeitos, e resolver os problemas de saneamento tão perto que possível de seu lugar de ocorrência. Benefícios econômicos e de garantia de suprimento A um nível prático local, o melhoramento da integração da gestão dos recursos hídricos pode levar a diminuir grandemente os custos de serviços de fornecimentos domésticos de água, se, por exemplo, mais esquemas de irrigação fossem projetados com os componentes da água doméstica, explicitamente envolvidos desde o início. O setor de irrigação será encorajado a reconhecer que melhorando a saúde e nutrição através da irrigação, não haverá o impacto desejado sobre a pobreza se as pessoas são constantemente doentes por causa da falta de água doméstica e as infra-estruturas de saneamento. A participação e a igualdade dos gêneros A inclusão social e a influência das mulheres na tomada de decisão foram percebidas como desejáveis por um tempo no setor de água e de saneamento. Entretanto, por causa da natureza comunitária do setor, a adoção dos enfoques inclusivos tiveram somente um efeito local e um impacto local. O enfoque de bacia da GIRH será capaz de construir a partir destes sucessos locais e estender de modo vitorioso os enfoques participativos ao mais alto nível de tomada de decisões. As comunidades estarão então muito mais alertadas sobre as implicações de sua atividade sobre os outros e serão capazes de trabalhar conjuntamente sobre planos unificados para a proteção das captações, a conservação da água e da gestão da demanda.. C6. Obstáculos à aplicação da GIRH no setor de distribuição de água e saneamento

Vontade de mudar A água doméstica, saneamento e higiene são freqüentemente repartidos através um certo número de departamentos governamentais, tais que os assuntos da água, a saúde, as administrações locais e/ou os trabalhos públicos, e sobre as duas últimas décadas muita experiência foram adquiridas por vias práticas para trabalhar conjuntamente, efetivamente, além das fronteiras departamentais. Da mesma maneira o setor WATSAN se focalizou sobre um tipo de desenvolvimento tradicional, por décadas, e esteve na ponta dos esforços de descentralização. Mais que os outros setores, água e saneamento são problemas locais que exigem soluções locais pelo povo local. Os profissionais da WATSAN estão muito mais afastados que ou outros subsetores da água da GIRH tal como ela é atualmente praticada. Tipicamente ele se focaliza sobre a gestão de fornecimento (reticulação) mais que o próprio recurso de base, que tende a ser tomado por concessão. Igualmente eles estão envolvidos para tentar trabalhar conjuntamente com uma gama de atores vindos de horizontes diversos - muitos deles não tem nada a ver com a água. Uma atenção sobre a saúde conduziu a um número de falhas, donde a mais importante pode ser a marca da cortina de resistência que persiste tanto que os usos produtivos ao nível da residência são considerados. Começando a trabalhar com o meio ambiente dos outros subsetores da água, a alimentação, a agricultura ou outros setores, que são frequentemente repartidos de modo igual nos diferentes departamentos, parece ser um grande desafio. Falta de instrumentos e de sistema para a integração

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O coração deste desafio é encontrar instrumentos e processos eficazes para alcançar uma maior coordenação e uma cooperação sem implicar em custos de transações elevadas que provocariam desperdício no processo como um todo. A GIRH poderia de um lado aumentar a cooperação e melhorar a coordenação entre os diversos departamentos (isto é, através da introdução de equipes regionais ou interdepartamentais), mas de outro lado elas poderiam destruir sistemas que tiveram aplicação durante um longo tempo e então encontrar muita frustração e rejeição pelos oficiais nos diversos departamentos. Além disso, as reformas institucionais são freqüentemente muitos onerosas que devem ser recuperadas através de uma eficacidade melhorada e uma efetividade do novo sistema de base da GIRH. Resumo dos obstáculos Existe uma boa vontade em torno do conceito da GIRH, mas grandes barreiras subsistem incluindo :

Uma falha do setor WATSAN em se engajar de modo significativo com os outros setores envolvidos na GIRH

Uma falta de modelo de conduta sobre a integração

Uma falta crucial de política e de pessoas para sua aplicação. É o conflito entre a descentralização e o desejo de manter um poder central e influência.

A dificuldade de alcançar o grande grupo difuso representado pelo setor da WATSAN para interagir significativamente com os pequenos lobes bem organizados da grande agricultura e da indústria.

Uma falta de vontade para fazer frente às implicações da necessidade crucial para a confiabilidade (e em consequência freqüentemente grandes restrições e resistências) nos fornecimentos domésticos e as conseqÜências que elas tem sobre a disponibilidade da água sobre os outros setores.

C7. Implicações para a mudança do setor doméstico: jurídicos, institucionais, recursos humanos.

As mudanças serão mais importantes para aqueles que correntemente trabalham estreitamente com setor não governamental. Por exemplo, para ONG, que trabalhou durante anos de maneira globalisante e multidiciplinar, para fazer face à pobreza e ao desenvolvimento humano, ela conhecerá poucas dificuldades para se adaptar aos conceitos da GIRH. Por outro lado, as linhas ministeriais altamente centralizadas, eles terão necessidade de sérios ajustamentos e poderiam não poder gerar a mudança de mentalidade e de estilo de trabalho que requer a GIRH. Enquanto que para certas organizações e instituições as exigências de mudança referidas acima serão muito reais e substanciais, muitas organizações do setor praticamente já adotaram a GIRH como a melhor opção para a sustentabilidade e se colocam na pesquisa de oportunidades de trabalhar com os atores dos outros setores da água. Para começar o setor doméstico deveria parar de ser considerado como um setor totalmente autônomo. A atenção deveria mudar de escala e de tipo de fornecimento, com aqueles que trabalham nos atuais setores do WATSAN em parceria com outros que se batem contra a pobreza através de uma utilização eficaz dos recursos hídricos. O direito dos pobres (e de fato de todos os povos) à uma partilha eqüitativa dos recursos disponíveis exigirá uma nova legislação e novos modelos de envolvimento dos responsáveis, tanto quanto uma defesa orquestrada. Somente quando este direito for atendido a um nível aceitável de segurança, então as reservas em excesso estarão disponíveis para os outros usos. Uma nova tentativa completamente nova para trabalhar com relação às águas usadas será também requerido - ele considerará os rejeitos como um recurso, e procurará valoriza-lo ao máximo em benefício de toda a sociedade. As exigências da GIRH para permitirem a representação dos outros responsáveis exigirão uma reordenação total em muitas organizações existentes para serem por si próprias, consultores e gestionários. Elas deverão se modificar para serem facilitadores, responsáveis e reguladores. Isto necessitará uma acomodação nas aptidões de base, com um foco particular sobre o uso das técnicas participativas. Finalmente, a GIRH pode somente ser construida a partir da experiência. Não existe modelo, nem regional nem nacional nem supranacional. As pessoas devem ter a liberdade de experimentar e encontrar soluções que lhes convenha, assim como seu meio ambiente. Reflexões

Em muitos países a adução de água potável na cidade é a primeira prioridade quando se trata de alocação de água. Qual é a situação em seu país? E mais especificamente você deve considerar

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as questões seguintes: - Em meu país qual é a situação da segurança da água e como a GIRH pode melhorá-la? - Como a distribuição da água é afetada pela utilização de água nos outros setores? - Como são geridos os desperdícios de água, existe um espaço para melhoramento? - Qual é a relação entre a disponibilidade de água e o bem estar e o conforto das populações? - Que fazemos em casa para uma utilização prudente dos recursos de água?

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