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1 DIREITO EMPRESARIAL Prof. Cristiano de Souza CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB DIREITO EMPRESARIAL Sumário CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB .............................................................................................. 1 DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................................... 1 DIREITO SOCIETÁRIO............................................................................................................... 4 1. Das Sociedade não personificada ....................................................................................... 4 1.1. Sociedade em comum................................................................................................... 4 1.2. Sociedade em conta de participação ............................................................................. 6 2. Da Sociedade personificada: .............................................................................................. 7 2.1. Local do registro ......................................................................................................... 11 3. Análise da Estrutura da Sociedade Simples (personificada e não empresária) como Teoria Geral do Direito Societário. ................................................................................................... 11 4. Classificação das sociedades personificadas (empresária ou não empresária)................... 13 4.1. Sociedade de pessoa e sociedade de capital ................................................................ 13 4.2. Sociedade contratual e sociedade institucional: .......................................................... 14 4.3. Sociedade de responsabilidade ilimitada, sociedade de responsabilidade limitada e sociedade de responsabilidade mista .................................................................................... 14 4.3.1. Responsabilidade ilimitada:..................................................................................... 15 4.3.2. Responsabilidade limitada: ..................................................................................... 15 4.3.3. Responsabilidade mista: .......................................................................................... 15 4.4. Sociedade nacional e sociedade estrangeira:............................................................... 15 5. Análise dos Tipos Societários ........................................................................................... 15 5.1. Sociedade em nome coletivo ...................................................................................... 15 5.2. Sociedade em comandita simples ............................................................................... 16 5.3. Sociedade limitada ..................................................................................................... 16 5.3.1. Constituição da sociedade limitada ......................................................................... 17 5.3.2. Requisitos especiais do Contrato ............................................................................. 18 5.3.2.1. Contribuição dos sócios ....................................................................................... 18 5.3.2.2. Distribuição dos resultados .................................................................................. 18 5.3.2.3. Pressupostos de existência .................................................................................. 19

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DIREITO EMPRESARIAL Prof. Cristiano de Souza

CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB

DIREITO EMPRESARIAL

Sumário CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB .............................................................................................. 1

DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................................... 1

DIREITO SOCIETÁRIO ............................................................................................................... 4

1. Das Sociedade não personificada ....................................................................................... 4

1.1. Sociedade em comum ................................................................................................... 4

1.2. Sociedade em conta de participação ............................................................................. 6

2. Da Sociedade personificada: .............................................................................................. 7

2.1. Local do registro ......................................................................................................... 11

3. Análise da Estrutura da Sociedade Simples (personificada e não empresária) como Teoria

Geral do Direito Societário. ................................................................................................... 11

4. Classificação das sociedades personificadas (empresária ou não empresária) ................... 13

4.1. Sociedade de pessoa e sociedade de capital ................................................................ 13

4.2. Sociedade contratual e sociedade institucional: .......................................................... 14

4.3. Sociedade de responsabilidade ilimitada, sociedade de responsabilidade limitada e

sociedade de responsabilidade mista .................................................................................... 14

4.3.1. Responsabilidade ilimitada:..................................................................................... 15

4.3.2. Responsabilidade limitada: ..................................................................................... 15

4.3.3. Responsabilidade mista: .......................................................................................... 15

4.4. Sociedade nacional e sociedade estrangeira: ............................................................... 15

5. Análise dos Tipos Societários ........................................................................................... 15

5.1. Sociedade em nome coletivo ...................................................................................... 15

5.2. Sociedade em comandita simples ............................................................................... 16

5.3. Sociedade limitada ..................................................................................................... 16

5.3.1. Constituição da sociedade limitada ......................................................................... 17

5.3.2. Requisitos especiais do Contrato ............................................................................. 18

5.3.2.1. Contribuição dos sócios ....................................................................................... 18

5.3.2.2. Distribuição dos resultados .................................................................................. 18

5.3.2.3. Pressupostos de existência .................................................................................. 19

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5.3.2.3.1. Pluralidade de sócios: ....................................................................................... 19

5.3.2.3.2. Affectio Societatis: ........................................................................................... 19

5.3.2.4. Cláusulas contratuais ........................................................................................... 19

5.3.2.4.1. Essenciais: ........................................................................................................ 19

5.3.2.4.2. Acidentais: ....................................................................................................... 20

5.4. Responsabilidade: ...................................................................................................... 20

5.5. Quotas Sociais (são bens móveis) ................................................................................ 22

5.5.1. Formas de integralização das quotas sociais (CDB) ....................................................... 23

5.5.2. Cessão de quotas (transferência) ................................................................................. 24

5.6. Deveres dos sócios: ........................................................................................................ 25

5.7. Direitos dos Sócios ......................................................................................................... 25

5.7.1. Direito de fiscalização .................................................................................................. 26

5.7.2. Direito de preferência ................................................................................................. 26

5.7.3. Direito de retirada (ou de recesso)............................................................................... 26

5.8. Administrador ................................................................................................................ 27

5.9. Dissolução ...................................................................................................................... 28

5.9.1. Casos de dissolução parcial: ......................................................................................... 28

5.9.2. Casos de dissolução total: ............................................................................................ 29

SOCIEDADE ANÔNIMA (LEI 6404/76) .............................................................................................................. 30

1. Principais Características ................................................................................................... 30

2. Espécies de S/A (art. 4) ...................................................................................................... 30

3. Constituição das S/A ......................................................................................................... 30

3.1. Constituição da cia. aberta ............................................................................................. 32

3.2. Constituição cia. fechada: .............................................................................................. 32

4. Valores mobiliários emitidos por uma S/A ......................................................................... 32

4.1. Ações ............................................................................................................................. 32

4.1.2. Forma de Integralização das Ações (CDB) ..................................................................... 33

4.1.3. Espécie de Ações ......................................................................................................... 33

4.2. Direitos essenciais do acionista (5) ................................................................................. 35

4.3. Acordo de acionistas: art. 118, LSA. ................................................................................ 35

5. Debêntures ..................................................................................................................... 36

6. Comercial paper (nota promissória da S/A) ...................................................................... 36

7. Bônus de subscrição ........................................................................................................ 37

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8. Partes beneficiárias ......................................................................................................... 37

9. Órgãos de uma S/A (antes de cristo, depois de cristo) ...................................................... 38

9.1. Assembléia Geral ........................................................................................................ 38

9.1.1. Assembléia Geral Ordinária ..................................................................................... 38

9.1.2. Assembléia Geral Extraordinária (fim específico) ..................................................... 38

9.2. Conselho de Administração ........................................................................................ 38

9.3. Diretoria (órgão de administração) ............................................................................. 39

9.4. Conselho Fiscal ........................................................................................................... 39

REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA ........................................................................................................................ 40

1. Transformação ................................................................................................................ 40

2. Fusão .............................................................................................................................. 40

3. Incorporação ................................................................................................................... 40

4. Cisão ............................................................................................................................... 40

LIGAÇÕES SOCIETÁRIAS ................................................................................................................................... 41

Principais características dos Órgãos da LTDA ....................................................................... 42

Principais características dos Órgãos da Cia. .......................................................................... 43

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DIREITO SOCIETÁRIO

Visão Geral das sociedades: Sociedade é a reunião de várias pessoas físicas que em

conjunto celebram contrato de sociedade obrigando-se reciprocamente a contribuir, com

bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

(lembro a vocês que resultado pode ser lucro (+) ou também dívida (-)).

Ainda, lembrando que pela Teoria da Empresa somente será empresário aquele

que preencher os requisitos concomitantemente e, por exclusão, quem não preencher esses

requisitos não será empresário ou sociedade empresária.

1. Das Sociedade não personificada

É aquela que não possui personalidade jurídica (não registro) , divididas em duas

espécies pelo CC/02:

1.1. Sociedade em comum

Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto

por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas,

subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade

simples.

É a sociedade que não foi registrada independente do tipo societário adotado no

ato de constituição, ela será uma sociedade em comum enquanto perdurar essa

irregularidade. (Lembro a vocês que uma das obrigações do empresário ou da sociedade

empresário é o registro na Junta Comercial antes de iniciar a atividade. Sendo assim, eis aqui

um das conseqüências dessa irregularidade)

Conseqüência do Não Registro: Se a sociedade é uma sociedade “irregular” e/ou

está em situação irregular, porque ainda não foi levada a registro, a responsabilidade dos

sócios para com os sócios será ILIMITADA e SOLIDÁRIA.

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Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações

sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou

pela sociedade.

Resp. Solidária

Resp. Subsidiária perante a sociedade

Mas, entre os sócios é solidária e ilimitada.

A regra é que entre os sócios haverá responsabilidade solidária e ilimitada. Mas

entre os sócios diante da sociedade é responsabilidade subsidiária.

Conclusão:

• A responsabilidade que o sócio tem perante a sociedade não é solidária,

mas, sim, subsidiária (art. 1.024, CC/02). Pelo art. 1.024, primeiro deve executar os

bens da sociedade e, somente se os bens da sociedade não forem suficientes, então,

partiremos para a execução dos bens dos sócios.

• O legislador tratou da responsabilidade dos sócios perante os demais

sócios no art. 990 CC/02, adotando o critério da responsabilidade solidária entre eles.

• Exceção: O sócio que contratou pela sociedade é o único que estará

excluído do art. 1.024 (benefício de ordem), da responsabilidade subsidiária, sendo

que, para ele, então, a responsabilidade é solidária perante a sociedade.

OBS: A sociedade em comum não tem patrimônio próprio. Só há um patrimônio

especial, do qual os sócios são titulares, e não a sociedade, já que ela (sociedade) não tem

autonomia patrimonial, pois falta-lhe personalidade por falta do registro.

Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios

são titulares em comum.

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Se a sociedade for registrada ela passa a ser personificada, e dependendo do ato

constitutivo saberemos qual foi a espécie de sociedade adotada

Art. 985- a sociedade adquire personalidade jurídica com o registro.

1.2. Sociedade em conta de participação

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto

social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua

própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados

correspondentes.

A sociedade em conta de participação não tem personalidade jurídica; sendo

assim, ela não pode ter nome empresarial (art. 1.162, CC/02).

OBS: Fato peculiar desta sociedade é que ela terá dois tipos de sócios:

a) Sócio Ostensivo:

� É o único que exerce o objeto social;

� Responsabilidade EXCLUSIVA perante terceiros;

� Age em seu nome próprio/individual.

b) Sócio Participante ou Oculto:

� Só participa dos resultados correspondentes, geralmente ingressa na

sociedade injetando recursos financeiros.

Ex: FLAT – a construtora entra com equipamentos e funcionários (soc. Ostensivo) e

as pessoas entram com dinheiro (soc. Participante/oculto). Neste caso que cada um dos

participantes terá uma unidade e o sócio ostensivo (construtora) terá mais algumas, além de

receber uma comissão para gerenciar as demais unidades, bem como agirá em nome próprio.

Portanto, todos os contratos são feitos para favorecer a sociedade. No entanto, os

contratos são redigidos em nome individual do sócio ostensivo e não em nome da sociedade.

No caso de eventual ação judicial, por exemplo, quem irá figurar no pólo passivo ou ativo é o

sócio ostensivo.

Art. 991: a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio

ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade,

participando os demais dos resultados correspondentes.

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OBS: A sociedade simples quando levada a registro adquirirá personalidade

jurídica. Mas, o que ocorre quando uma sociedade em conta de participação é levada a

registro? NADA.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual

inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade

jurídica à sociedade.

OBS: A eventual inscrição em registro não conferirá personalidade jurídica à

sociedade. Então, o art. 993 é uma exceção à regra do art. 985, ambos do CC/02.

Portanto, como o registro não gera nenhum efeito para a sociedade em conta de

participação, é muito comum que o registro não ocorra nesses casos. Sendo assim, não se dará

publicidade de quem são os sócios. Motivo pelo qual, se fala em sócios ocultos quanto aos

sócios participantes, até porque o sócio ostensivo tratará em nome próprio, quando for agir

perante terceiros.

O contrato gera efeitos somente entre os sócios.

2. Da Sociedade personificada:

Esta, por sua vez, adquire personalidade jurídica no momento em que realiza o

registro no órgão competente (art. 985 CC/02).

Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no

registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arte. 45 e 1.150).

OBS: Após o registro a sociedade receberá 03 atributos:

1) Titularidade negocial: a P.J. terá aptidão para realizar negócios jurídicos.

2) Titularidade processual: Terá aptidão para demandar e ser demandada em

juízo.

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3) Autonomia patrimonial: Terá um patrimônio Próprio. Os sócios terão bens

distintos da sociedade, isso só ocorre quando ela adquire a personalidade jurídica com o

registro, caso isso não ocorra, não haverá autonomia patrimonial, constituindo um patrimônio

especial conforme os arts. 986 e 988 do CC/02.

Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a

sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo,

observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da

sociedade simples.

Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do

qual os sócios são titulares em comum.

Para melhor visualizarmos essa matéria com amplitude cobrada em prova,

iniciaremos com um mapa mnemônico que criei para vocês.

Antes de passarmos ao estudo das Sociedades Personificadas em espécies, cabe

lembrá-los de algumas considerações feitas na primeira aula.

Sociedade empresária: é a sociedade que tem por objeto uma atividade própria de

empresário sujeito a registro. Art. 982 CC/02.

Sociedade simples: é a tida por não-empresária. Sociedade simples é aquela que

explora uma atividade não considerada de empresário.

A Soc. Comum após o registro será Sociedade

Empresária!!!

Nunca terá personalidade!!! Nunca será empresária!!!

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Conforme o art. 966, parágrafo único do CC/02, as atividades não consideradas de

empresário são: profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística.

No entanto, já estudamos que se o exercício da profissão intelectual, cientifica

literária ou artística for elemento de empresa ela vai ser considerada empresária e não mais

simples.

Ok, agora analisaremos as regras do art. 983, CC/02, na qual toda sociedade

empresária deve constituir-se segundo um dos tipos societários previstos no Código.

A sociedade simples pode, também, usar desses tipos, mas, se não o fizer,

subordinar-se-á às regras próprias a ela.

OBS: Portanto, quanto ao objeto, a sociedade poderá ser empresária ou simples.

Agora quanto à sua forma, a sociedade empresária deve adotar um dos tipos

societários do Código:

a) sociedade em nome coletivo;

b) sociedade em comandita simples;

c) sociedade em comandita por ações;

d) sociedade anônima (S/A); ou

e) sociedade limitada.

Além disso, há dois casos especiais previstos no art. 982, parágrafo único.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem

por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art.

967); e, simples, as demais.

Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a

sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

Conclusão:

� As sociedades por ações sempre serão empresárias (sociedade em

comandita por ações e a S/A). Isto significa dizer que uma sociedade por

ações nunca pode ser sociedade simples!

� Ainda, as cooperativas sempre serão sociedades simples.

Resumo: Por exclusão a sociedade simples pode assumir apenas as forma de:

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� Sociedade em nome coletivo;

� Sociedade em comandita simples;

� Sociedade limitada; e

� Cooperativa.

Mas, caso ocorra da sociedade simples não adotar qualquer regime da sociedade

empresária, ele, por sua vez, irá seguir o seu regime previsto nos art. 997 a 1.038 do CC/02.

Por isso que, neste caso, ela será chamada de sociedade simples pura, pois não terá a

incidência de nenhum outro tipo societário, somente as regras de sociedade simples.

Ainda, essas regras de sociedade simples são tidas pela doutrina por Teoria

Geral do Direito Societário, pois encontramos diversos artigos dentro dos tipos societários

que fazem menção as regras de sociedade simples. Ex:

� O art. 1.040 diz que a sociedade em nome coletivo se regerá pelo que

dispuser o seu Capítulo, e, no que for omisso, pelas regras do Capítulo das

sociedades simples (art. 997 e seguintes).

� Art. 1053 diz que sociedade limitada rege-se nas omissões pelas normas da

sociedade simples.

Estamos falando em sociedades personificadas das quais adquirem personalidade

jurídica com o seu registro conforme o art. 985 do CC/02.

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Mas qual o Órgão competente para efetivar o registro dos atos constitutivos?

2.1. Local do registro

Regra geral do Registro:

� Se for sociedade empresária, o registro deve ser feito na Junta Comercial.

� Agora, se for sociedade simples, o registro não é na Junta Comercial.

Diante do disposto do art. 1.150, CC/02 será registrada no Registro Civil de

Pessoa Jurídica - RCPJ.

Mas, a esta regra existem 02 exceções:

a) sociedade de advogados: que é uma sociedade simples (EOAB), porém

para adquirir personalidade deverá ser registrada na OAB (o registro de documentos em

Registro de Títulos e Documentos só serve para publicidade e guarda dos documentos);

b) cooperativa: em que pese ser uma sociedade simples, o seu registro

deve ser feito na Junta Comercial (só assim ela receberá CNPJ; se for registrada no Registro

Civil apenas ela não terá CNPJ, consoante art. 32 da Lei 8934/94.

Art. 32. O registro compreende:

II - O arquivamento:

a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de

firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;

3. Análise da Estrutura da Sociedade Simples (personificada e não empresária) como Teoria Geral do Direito Societário.

Muito importante é estudar a estrutura das Sociedades Simples, pois será a base de

quase todos os tipos societários nos caso de omissão.

Portanto, o mais interessante foi perceber que alguns institutos previstos para as

sociedades simples não aparecem nas demais sociedades, assim, no momento de estudo

precisamos sempre compará-los, porque poderão ser aplicados supletivamente quando

previsto em lei.

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OBS: Tendo em vista que as S/A são formalizadas por Estatuto com regramento próprio, as regras das sociedades simples são, na maioria das vezes, aplicadas em grande quantidade as LTDA. Sendo assim, iremos confrontar o dois institutos para trabalharmos

apenas com as diferenças, pois é assim que vem sendo cobrado em provas.

Assim, após as confrontações chegamos às seguintes conclusões: As seguintes seções das sociedades simples são de leitura OBRIGATÓRIA, pois na provas eles pedem esse conteúdo nas LTDA.

� Seção I Do Contrato Social; Seção II Dos Direitos e Obrigações dos Sócios; Seção IV Das Relações com Terceiros.

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CAPÍTULO I DA SOCIEDADE SIMPLES CAPÍTULO IV DA SOCIEDADE LIMITADA

Seção I Do Contrato Social ---------x-------

Seção I Disposições Preliminares

Seção II Das Quotas

Seção III Da Administração Seção III Da Administração

Seção II Dos Direitos e Obrigações dos Sócios ---------x-------

Seção IV Do Conselho Fiscal

Seção V Das Deliberações dos Sócios

Seção VI Do Aumento e da Redução do Capital

Seção IV Das Relações com Terceiros ---------x-------

Seção V Da Resolução da Sociedade em Relação a

um Sócio (qualquer)

Seção VII Da Resolução da Sociedade em Relação a

Sócios Minoritários

Seção VI Da Dissolução Seção VIII Da Dissolução

4. Classificação das sociedades personificadas (empresária ou não empresária)

4.1. Sociedade de pessoa e sociedade de capital

O critério adotado para essa classificação é o grau de dependência da sociedade em

relação à característica subjetiva do sócio.

Quando as características pessoais do sócio são importantes para o

desenvolvimento da sociedade, será uma sociedade de pessoa.

Quando o que importa é o capital investido pelo sócio na sociedade, e não suas

características pessoais será uma sociedade de capital.

Por isso que a sociedade anônima sempre será uma sociedade de capital, pois,

nesta, nunca importa a característica pessoal do sócio, e, sim, o capital que ele investe.

Esta classificação é importante para falarmos em 03 assuntos:

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Sociedade de pessoa Sociedade de capital

Cessão de quotas

A característica pessoal é importante; então, precisa de autorização dos sócios para a cessão de quotas.

A cessão de quotas é livre.

Ingresso de herdeiro, em caso de falecimento

de sócio/acionista.

Da mesma forma que a anterior: precisa da aprovação dos sócios.

Ingresso do herdeiro é livre.

Penhora de quotas

Impenhoráveis, pois o terceiro estranho pode comprometer a atividade da sociedade.

Penhoráveis. Por isso, as quotas de uma S/A podem ser penhoradas, por ser uma sociedade de capital.

OBS: Pela regra do art. 591, CPC o devedor responde com todos os bens presentes

e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo restrições legais. Neste caso, fazendo

uma interpretação literal do artigo, as quotas dos sócios da sociedade de pessoa também

poderiam ser penhoráveis. No entanto, o STJ entende que, neste caso, deverá ser dada

preferência aos demais sócios para que arrematem as quotas penhoradas para preservar a

Affectio Societatis. Porém, se nenhum dos sócios arrematar as quotas penhoradas, o terceiro

poderá arrematá-las. Posteriormente, esse problema foi amenizado art. 1.026 do CC/02.

Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do

devedor, fazer recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade,

ou na parte que lhe tocar em liquidação.

4.2. Sociedade contratual e sociedade institucional:

O critério adotado é o regime de constituição inicial e o regime de dissolução do

vínculo societário.

A sociedade contratual é constituída por um contrato social. Já a sociedade

institucional é constituída por um estatuto social.

No caso do contrato social incidirá sobre estes os princípios contratuais. Agora, se

a sociedade é institucional, sobre ela incidirá a Lei das S/A (6.404/76).

4.3. Sociedade de responsabilidade ilimitada, sociedade de responsabilidade limitada e sociedade de responsabilidade mista

O critério adotado é o da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais

contraídas pela sociedade.

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4.3.1. Responsabilidade ilimitada: os sócios possuem responsabilidade ilimitada.

Sendo assim, o sócio responderá com seu patrimônio próprio pelas dívidas da

sociedade. Ex.: sociedade em nome coletivo.

4.3.2. Responsabilidade limitada: o sócio não responde com seu patrimônio

pessoal pelas dívidas sociais. Ex.: sociedade limitada ou sociedade anônima.

4.3.3. Responsabilidade mista: tem sócio com responsabilidade limitada e, na

mesma pessoa jurídica, tem sócio com responsabilidade ilimitada. Ex.: sociedade

em comandita simples.

4.4. Sociedade nacional e sociedade estrangeira:

Para definir uma sociedade como nacional ou estrangeira pouco importa a

nacionalidade dos sócios.

Porém os requisitos são cumulativos:

a) Tem que ser organizada com base na lei brasileira,

b) Tem que ter a sede da administração no país.

Se faltar um desses requisitos, a sociedade será estrangeira, não importando a

nacionalidade dos sócios.

Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e

que tenha no País a sede de sua administração.

Ainda, não importa o objeto ou o tipo de atividade da sociedade estrangeira, esta

só poderá atuar no país se tiver autorização do Poder Executivo Federal.

Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem

autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos

subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista

de sociedade anônima brasileira.

5. Análise dos Tipos Societários

5.1. Sociedade em nome coletivo

Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome

coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações

sociais.

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Parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os

sócios, no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a

responsabilidade de cada um.

Principal característica é que somente pode ser sócio de sociedade em nome

coletivo a pessoa física = PF.

A responsabilidade desse sócio é solidária e ilimitada. Solidariedade entre os

sócios, e não perante a sociedade. Todos os sócios responderão com patrimônio próprio.

5.2. Sociedade em comandita simples

Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas

categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e

ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente

pelo valor de sua quota.

Neste caso temos duas categorias de sócios:

� Sócio comanditado: só pode ser pessoa física = PF. Possui

responsabilidade ilimitada.

� Sócio comanditário: pode ser tanto pessoa física = PF, como pessoa

jurídica = PJ. A responsabilidade, por sua vez, será limitada para estes.

OBS: Assim, na sociedade em comandita simples o tipo de responsabilidade é

MISTO.

Dica mnemônica: comanditado lembra advogado, e comanditário lembra

estagiário. O advogado tem mais responsabilidade e só pode ser pessoa física, enquanto o

estagiário tem menos responsabilidade e pode ser “qualquer um”.

5.3. Sociedade limitada

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao

valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do

capital social.

Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas

da sociedade simples.

Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade

limitada pelas normas da sociedade anônima.

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Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for

o caso, a firma social.

As sociedades limitadas possuem regras próprias previstas no CC/02, no entanto, o

art. 1.053 diz que nas omissões a sociedade limitada reger-se-á pelas regras das sociedades

simples. Previsão TÁCITA.

Mas, no seu parágrafo único prevê que o contrato social poderá prever, por

cláusula expressa, a regência supletiva pela Lei das S/A (6.404/76). Previsão EXPRESSA.

Ainda, nada impede que o contrato social contenha uma previsão expressa de que

a regência supletiva será feita pelas normas da sociedade simples.

5.3.1. Constituição da sociedade limitada

Ela é uma sociedade contratual. Assim, é constituída por um contrato social, que

tem que ter o que se chama de “requisitos de validade”.

Requisitos Gerais de validade do contrato social:

a) Agente capaz: a sociedade limitada pode ter como sócio tanto pessoa física

quanto pessoa jurídica. O menor pode ser sócio de uma sociedade limitada, sendo necessário

preencher três requisitos conforme decisão do STF (RE nº 82.433, STF):

I. tem que estar devidamente assistido ou representado;

II. não pode exercer a administração;

III. o capital social deve estar totalmente integralizado = 100%.

b) Objeto lícito.

c) Forma legal: o contrato pode ser tanto por instrumento público quanto

particular. Instrumento público: feito no Tabelionato de Notas. O mais usual é a minuta de

contrato, elaborada como forma de instrumento particular. Tanto o instrumento público

quanto o instrumento particular precisam de visto de advogado (lei nº 8.906/94, art. 1º, § 2º -

EOAB -), sob pena de nulidade do ato constitutivo. Exceção: Micro empresa e Empresa de

Pequeno Porte.

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5.3.2. Requisitos especiais do Contrato

5.3.2.1. Contribuição dos sócios

A contribuição dos sócios é a fonte que irá formar o capital social da atividade

empresária, esses valores serão destinados para a exploração da atividade econômica. Assim,

as contribuições são essenciais.

OBS: No entanto, as contribuições nem sempre corresponde com o valor

integralizado.

Ex.: Formação de uma papelaria na modalidade sociedade limitada. Os sócios

entendem ser necessário um capital social de R$ 100.000,00, sendo que este valor será

dividido entre os sócios nas seguintes proporções: 40% de A; 30% B; 20% C e 10% de D.

Lembrem: o capital social é o valor destinado para o exercício da atividade pela

sociedade, provindo da contribuição dos sócios. Portanto, são os sócios que contribuem para a

formação do capital social.

OBS: Não confundir Subscrição (ato de comprometimento de cada um no

momento da formação do capital social) com Integralização (entrega efetiva do valor à

sociedade).

OBS: A contribuição de cada um dos sócios é obrigatória no contrato.

5.3.2.2. Distribuição dos resultados

Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar

dos lucros e das perdas.

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Caso no contrato exista alguma cláusula que diga que um dos sócios está excluído

dos lucros ou das perdas esta cláusula será nula, pois ele tem que participar da distribuição

dos lucros.

5.3.2.3. Pressupostos de existência

5.3.2.3.1. Pluralidade de sócios: uma Ltda. tem que ter dois ou mais sócios.

E se a sociedade tem um sócio só, como ela se chama? Unipessoal. Mas a sociedade

limitada pode ser unipessoal? Originariamente não, mas pode ser incidentalmente. É o que se

chama de unipessoalidade temporária.

A fim de preservar a empresa, a lei traz uma regra razoável: a lei dá um prazo para

que exista a recomposição da sociedade. Então, admite-se a unipessoalidade temporária por

180 dias.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta

dias;

OBS: É possível sociedade entre cônjuges (sociedade marital) desde que nas

condições do art. 977, CC/02.

Art. 977. Pode, desde que não sejam casados no regime de comunhão universal ou

separação obrigatória.

5.3.2.3.2. Affectio Societatis: Fábio Ulhoa Coelho: a affectio societatis é a disposição

dos sócios em formar e manter a sociedade uns com os outros. Quando não existe ou

desaparece esse ânimo, a sociedade não se constitui ou deve ser dissolvida.

5.3.2.4. Cláusulas contratuais

5.3.2.4.1. Essenciais: são indispensáveis para a constituição da sociedade (art. 997 do

CC/02).

A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que,

além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público,

que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

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I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas

naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;

III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender

qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;

IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;

V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;

VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e

atribuições;

VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.

Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado,

contrário ao disposto no instrumento do contrato.

5.3.2.4.2. Acidentais: não são necessárias para a constituição. Ex.: cláusula que

estabelece recebimento de pró-labore.

Não deve confundir pró-labore com lucro.

Todos os sócios têm direito a participar dos lucros, mas nem sempre do pro labore.

Pro labore remunera o trabalho pela administração da sociedade.

Lucros remuneram o investimento feito pelos sócios.

5.4. Responsabilidade:

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao

valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do

capital social.

A responsabilidade do sócio está restrita ao valor de suas quotas, mas todos os

sócios respondem de forma solidária pelo que falta para a integralização do capital social.

Caso todos os sócios integralizarem suas quotas, eles não terão mais

responsabilidade alguma, salvo os casos de desconsideração da personalidade jurídica

previsto em lei.

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Diferentemente, na S/A, caso o capital social não seja integralizado os demais

sócios não são solidariamente responsáveis pelo valor das ações, sendo assim, somente o

acionista é responsável pelo valor não integralizado.

OBS: Os sócios que integralizaram terão direito de regresso contra aqueles que

não integralizaram. (Ação própria)

Ex: se um banco emprestar R$ 150.000,00 para uma empresa que tem como capital

social R$ 100.000,00, e se este capital social estiver completamente integralizado, os sócios

não terão qualquer responsabilidade pessoal, apenas podendo o banco cobrar, portanto, os R$

100.000,00 que compõem o capital social, sendo que os R$ 50.000,00 restantes entrarão como

prejuízo do banco.

No entanto, caso um dos sócios não integralizou sua quota, ele será um sócio

remisso. Este sócio remisso tinha no capital total de R$ 100.000,00 participação em 20%. O

banco sabe que não terá direito sobre os R$ 50.000,00, mas quer receber os R$ 100.000,00

que deveriam compor o capital social, apesar de ter, na realidade só R$ 80.000,00

integralizados. Neste caso, como não houve a integralização ainda de 100%, todos os sócios

respondem solidariamente pela integralização daquela quota faltante (20%).

EXCEÇÕES à limitação da responsabilidade (ainda que continue a ser uma

sociedade limitada, há casos em que a responsabilidade dos sócios passa a ser ilimitada):

� Dívida trabalhista.

� Casos de desconsideração da personalidade jurídica.

� Violação ao art. 977, CC/02. (soc. entre cônjuges)

� Quando a sociedade não for registrada. (Soc. em Comum)

Em todos os casos até aqui todos os sócios que compõem o quadro social terão

responsabilidade ILIMITADA.

OBS: Débitos com o INSS: MP 449/08 agora o sócio não responde mais por dívida

com o INSS.

Casos especiais:

� Art. 135, inc. III, CTN:

Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a

obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou

infração de lei, contrato social ou estatutos:

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III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito

privado.

Quem irá responder de forma pessoal é o administrador e não os demais sócios,

desde que tenha agido com excesso de poder, infração a lei ou contrato.

� Art. 1.080, CC/02. Somente os sócios que decidiram de forma contrária à lei

ou ao contrato é que terão responsabilidade ilimitada. Somente daqueles

que a aprovaram.

Art. 1.080. As deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a

responsabilidade dos que expressamente as aprovaram.

� Art. 1.003, § único do CC/02. No caso de saída do sócio da sociedade ele

ainda responde pelo prazo de 02 anos pelas obrigações que ele tinha como

sócio. Conta-se só depois da averbação da alteração do contrato na Junta

Comercial.

Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do

contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a

estes e à sociedade.

Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato,

responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e

terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.

� Os sócios que entram respondem pelas dívidas anteriores conforme art.

1.025 CC/02. Mas, nesse caso deve obedecer ao tipo de responsabilidade

adotado pela sociedade.

Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas

sociais anteriores à admissão.

Então ele responde juntamente com os demais sócios por toda a dívida da

sociedade, mesmo que tenha uma cláusula contratual o eximindo, esta será ineficaz, pois a

regra do art. 1.025 é de ordem pública e não pode ser alterada pelas partes.

5.5. Quotas Sociais (são bens móveis)

O capital social da Ltda. está dividido em quotas sociais, que são bens móveis. As

quotas sociais são frações do capital social que conferem ao seu titular direito de sócio de uma

sociedade limitada.

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5.5.1. Formas de integralização das quotas sociais (CDB)

A) Com dinheiro:

B) Com bens: um caminhão, um computador, uma patente, por exemplo, sendo

bens móveis ou imóveis. Quem integraliza com bens tem a mesma responsabilidade que um

vendedor; portanto, responde pela evicção.

C) Com créditos: nota promissória, duplicata, letra de câmbio, por exemplo. Quem

integraliza com créditos responde pela solvência (pagamento) destes.

OBS: Quem integraliza com bens = responde pela evicção (art. 1.005 do CCB) e

Quem integraliza com créditos = responde pela solvência;

Art. 1.005. O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio, posse ou uso,

responde pela evicção; e pela solvência do devedor, aquele que transferir crédito.

OBS: O que é Capital Aguado? É quando os sócios integralizam com bens

supervalorizando esses bens.

Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou

diversas a cada sócio.

§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem

solidariamente todos os sócios, até o prazo de 05 anos da data do registro da

sociedade.

Prazo de 05 anos da integralização

I – Momento da integralização II – Todos os sócios respondem solidariamente pelas DIFERENÇAS da supervalorização.

OBS: E se integralizar com bem imóvel, ele será transferido para a sociedade e por

disposição constitucional não haverá incidência do ITBI se for feita como forma de

integralização de sua quota social (art. 156, II c/c §2º,I, CF/88).

Questão de Prova: Na sociedade limitada não pode integralizar com a prestação

de serviços.

Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou

diversas a cada sócio.

§ 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.

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5.5.2. Cessão de quotas (transferência)

Regra: Na Sociedade de Pessoas as características dos sócios são indispensáveis

para o desenvolvimento da atividade da sociedade.

Regra: Na Sociedade de Capital a característica do sócio é dispensável, o que

importa é o capital social da empresa.

Conclusão: Assim, se for uma sociedade de pessoas precisará de autorização para

ingressar na sociedade, enquanto na sociedade de capital o ingresso é livre.

Na OMISÃO do contrato social quanto ao ingresso de novos sócios:

Art. 1.057. Na OMISSÃO do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou

parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a

estranho, se não houver oposição de titulares de mais (+) de 1/4 quarto do capital

social.

Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para

os fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo

instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.

OBS: É possível a penhora de quotas sociais? Depende se a sociedade é de pessoa

ou de capital.

Regra: Se a sociedade for de pessoas não é possível a penhora, pois correrá o risco

de um estranho passar a ser sócio da sociedade sem haver affectio societatis. Deve ter uma

cláusula dizendo que a cota é impenhorável, onde não é possível a cessão de cotas.

Se a sociedade for de capital, pouco importando a característica dos sócios, as cotas

são penhoradas.

STJ: No entanto, para o STJ não importa se é sociedade de pessoa ou de capital a

cota será é penhorável. Porém, se for sociedade de pessoas será dada preferência para o sócio

da sociedade para que adquira as quotas.

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5.6. Deveres dos sócios:

1) Formação do capital social: é dever do sócio integralizar o capital subscrito

(intenção). Se ele deixa de pagar total ou parcialmente suas cotas é chamado de sócio

remisso.

Penalidades ao sócio remisso: (Art. 1.004, § único)

a) Excluí-lo por maioria;

b) Buscar a indenização judicialmente

c) Redução da quota.

2) Dever de lealdade: é dever dos sócios colaborarem com o desenvolvimento da

sociedade, abstendo-se de praticarem atos que possam prejudicar a sociedade. Ele deve porta-

se, em outras palavras, com lealdade em relação à sociedade limitada. Não pode por exemplo,

tumultuar o ambiente de trabalho, desautorizar atos de gerência ou, de modo geral, concorrer

com a sociedade.

5.7. Direitos dos Sócios

a) Direito de participação nos lucros;

b) Direito de deliberações sociais na Assembléia ou Reunião.

O sócio tem o direito de participar das deliberações sociais.

Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão

tomadas em reunião ou em assembléia, conforme previsto no contrato social,

devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no

contrato.

§ 1o A deliberação em assembléia será obrigatória se o número dos sócios for

superior a dez.

Questão de prova: No entanto, se a Ltda. possuir mais de 10 sócios, é obrigatória

a realização de Assembléia.

Questão de prova: Se a Ltda. for microempresa ou empresa de pequeno porte é o

quorum do art. 70 da LC 123/06.

Art. 70. As microempresas e as empresas de pequeno porte são desobrigadas da

realização de reuniões e assembléias em qualquer das situações previstas na

legislação civil, as quais serão substituídas por deliberação representativa do

primeiro número inteiro superior à metade do capital social.

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5.7.1. Direito de fiscalização

Esta fiscalização será mais efetiva se a sociedade limitada tiver um Conselho Fiscal,

pois a lei diz que é facultativo.

Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembléia dos sócios, pode o contrato

instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos suplentes,

sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembléia anual prevista no art. 1.078.

Questão de prova:

� Na Ltda., o Conselho Fiscal é facultativo.

� Na S/A ele é obrigatório.

5.7.2. Direito de preferência

Se a sociedade limitada resolver aumentar o seu capital social, e, por conta disso,

também ter novas quotas sociais, estas deverão ser oferecidas preferencialmente para os já

sócios as adquirirem.

Art. 1.081. Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser

o capital aumentado, com a correspondente modificação do contrato.

§ 1o Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do

aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares.

5.7.3. Direito de retirada (ou de recesso)

O direito de retirada, ou direito de recesso, é o direito de o sócio sair da sociedade

por livre vontade.

Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode

retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais

sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado,

provando judicialmente justa causa.

Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios

optar pela dissolução da sociedade.

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5.8. Administrador

O administrador pode ser nomeado na Soc. Ltda., no próprio contrato social

(inicial) ou em ato separado (reunião ou assembléia).

Ainda, o administrador pode ser um sócio como também um não-sócio. Mas para

que o não-sócio seja administrador de uma Ltda. será necessária a presença de dois

requisitos: i) tem que ter expressa previsão no contrato social de que isto é possível; ii) tem

que ter a aprovação dos sócios, com a presença de um determinado quórum

OBS: Contudo, precisamos saber se o capital social está totalmente integralizado ou

não. Se estiver, será necessária a provação de 2/3 do capital social. Agora, se o capital social

não estiver totalmente integralizado, só poderá ser administrador o não-sócio se os sócios em

unanimidade o aprovarem. Justifica-se essa atitude pelo fato de que, não havendo o capital

integralizado, os sócios respondem de forma solidária pela integralização do capital social, se

o administrador fizer algo que incorra na responsabilização da empresa.

Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas

designadas no contrato social ou em ato separado.

Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se

estende de pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade.

Art. 1.061. Se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles

dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver

integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a integralização.

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O administrador não pode ter qualquer impedimento legal para exercer tal função.

As hipóteses de impedimento estão previstas no art. 1.011, § 1º, CC/02.

5.9. Dissolução

a) Dissolução parcial: ocorre quando um ou mais sócios saem da

sociedade, mas ela é mantida, preservada.

b) Dissolução total: ocorre a extinção da sociedade.

5.9.1. Casos de dissolução parcial:

1) Falecimento do sócio: em caso de falecimento, por óbvio ele sairá da

sociedade, ocorrendo à dissolução parcial. Qual a regra geral para o ingresso do herdeiro na

sociedade? É a do art. 1.028, CC/02: no caso de morte de sócio, liquidar-se-á o valor da quota

do falecido.

2) Falência de sócio: se o sócio for empresário individual, a falência do sócio pode

provocar a dissolução parcial.

3) Direito de retirada: possibilidade de o sócio sair da sociedade (já visto).

4) Liquidação da quota, a pedido de credor do sócio.

5) Exclusão de sócio: poderá ser judicial ou extrajudicial.

� Hipóteses de exclusão Judicial:

a) Sócio majoritário;

b) Falta grave ou incapacidade superveniente (art. 1.030, CC/02); Apesar de

ser judicialmente precisará de motivação da maioria dos sócios.

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c) Ausência dos requisitos do art. 1.085, CC/02 caberá para o sócio

minoritário (justa causa)

OBS: Lembro a vocês que a LTDA poderá ser de pessoa, neste caso admite a

exclusão por incapacidade superveniente. No entanto, caso a LTDA seja de capital isso não

interessa, pois o que se leva em consideração é o capital.

� Hipóteses de exclusão Extrajudicial:

a) Sócio minoritário (Art. 1085, CC/02): ato de inegável gravidade +

contrato social precisa ter uma cláusula que contenha exclusão por justa causa + exclusão só

poderá ocorrer em assembléia.

b) Sócio remisso: art. 1.030, § único, CC/02: falência do sócio com a

liquidação da quota.

5.9.2. Casos de dissolução total:

a) Vontade dos sócios;

b) Decurso do prazo: se no final do prazo ninguém pedir para encerrar haverá

prorrogação por prazo indeterminado.

c) Valência da sociedade:

d) Extinção de autorização para funcionamento.

e) Unipessoalidade por mais de 180 dias.

f) Inexequibilidade ou exaurimento do objeto social;

g) Anulação do ato constitutivo.

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SOCIEDADE ANÔNIMA (LEI 6404/76)

CONCEITO: é a sociedade cujo capital social está dividido em ações. Não tem

sócio, pois são chamados de acionistas.

1. Principais Características

1) a S/A sempre será empresária;

2) É Institucional: o ato constitutivo é um estatuto social, sobre a S/A não incide

os princípios contratuais, só incide a Lei da S/A.

2. Espécies de S/A (art. 4)

a) Cia aberta: é aquela em que seus valores mobiliários são admitidos a

negociação no mercado de valores mobiliários.

b) Cia fechada: é aquela em que seus valores mobiliários não são admitidos a

negociação no mercado de valores mobiliários.

OBS: Valores mobiliários são títulos de investimento que a S/A emite para

obtenção dos recursos que necessita. Ex.: ações, debêntures.

3. Constituição das S/A

Tanto a companhia aberta quanto a fechada devem ter os requisitos preliminares,

que estão no art. 80 da Lei nº 6.404/76.

Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes

requisitos preliminares:

I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se

divide o capital social fixado no estatuto;

II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de

emissão das ações subscritas em dinheiro;

III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário

autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em

dinheiro.

Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as

quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social.

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a) Pluralidade de sócios: dois ou mais sócios para a sua constituição.

Esta é a regra, mas há 02 exceções em que a S/A será unipessoal, e isto pode

ocorrer já na sua origem nos dois casos.

1) Empresa Pública que pode ter apenas um acionista, como a União, por

exemplo.

2) Subsidiária Integral (art. 251, Lei S.A.), sendo o único acionista uma

sociedade brasileira, nacional, é aquela organizada de acordo com a

legislação brasileira e tem a sede no país (ex.: Transpetro, que tem como

único acionista a Petrobrás).

OBS: Existe a possibilidade da unipessoalidade temporária na S/A pelo prazo de

01 ano. Diferentemente da LTDA que o prazo é de 180 dias para retomar a pluralidade de

sócios.

Art. 206. Dissolve-se a companhia:

I - de pleno direito:

d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembléia-geral

ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte,

ressalvado o disposto no artigo 251;

b) Segundo requisito preliminar: realização como entrada, de 10% (dez por

cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro (art. 80, II).

OBS: Quando se constitui uma S/A tem que ser pago 10% em dinheiro. No

entanto, a esta regra existe uma exceção.

EXCEÇÃO: tratando-se de instituição financeira este percentual mínimo passa

de 10 para 50%.

C) Depósito no Banco do Brasil ou em outro estabelecimento bancário autorizado

pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Além dos requisitos preliminares, a constituição de uma S/A passa por uma

constituição propriamente dita. Neste momento é que faremos a diferença entre cia. aberta ou

fechada:

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3.1. Constituição da cia. aberta

Subscrição pública (ou sucessiva)em três etapas.

a) Registro de emissão na CVM. Este registro vai ter o prospecto, o projeto, o

Estatuto da S/A, e tudo isso é levado à apreciação da CVM. Se esta autorizar a emissão de

ações, aí iremos para a segunda etapa.

b) Colocação de ações junto aos investidores, com a contratação de uma instituição

financeira.

c) Assembléia de fundação.

3.2. Constituição cia. fechada:

Subscrição particular (não há oferta pública de ações), ou também chamada de

simultânea. A outra é chamada de sucessiva, pois tem que passar por etapas; enquanto, isso,

na fechada é simultânea, pois não precisa passar por todas aquelas etapas. Serão os acionistas

que decidirão se farão uma escritura pública ou uma assembléia de fundação para

constituir a sociedade.

4. Valores mobiliários emitidos por uma S/A

O que e quais são os valores mobiliários? São títulos de investimento que a

sociedade anônima emite para obtenção dos recursos que necessita.

Os valores mobiliários são classificados em:

4.1. Ações

São frações do capital social que conferem ao seu titular direito de sócio de uma

sociedade anônima. Então, quem tem ações de uma S/A é acionista desta.

Ainda, a principal responsabilidade do acionista numa S/A está limitada ao preço

de emissão de suas ações.

OBS: Na dicção do art. 1.052, CC/02, na sociedade Ltda. a responsabilidade de cada

sócio é limitada a sua quota; porém, se o capital não está totalmente integralizado todos os

sócios responderão pela parte não integralizada de forma solidária. No entanto, na S/A isso

não ocorre, até porque, muitas vezes, nem se sabe quem é o outro acionista (aliás, por isso que

o nome é sociedade anônima).

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4.1.2. Forma de Integralização das Ações (CDB)

A integralização pode se dar com dinheiro, bens ou créditos. Quem integraliza com

bens responde pela evicção, e quem integraliza com créditos responde pela solvência. É

vedada, entretanto, a integralização com prestação de serviço.

4.1.3. Espécie de Ações

Temos as ações ordinárias, as preferenciais e as de gozo/fruição.

1) Ações ordinárias:

Conferem direitos comuns ao acionista. Ex. de direitos comuns: participação

nos lucros, fiscalização.

O art. 110, LSA, diz que toda ação ordinária tem direito de voto.

Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da

assembléia-geral.

OBS: As ações ordinárias são de emissão obrigatória.

2) Ações preferenciais:

São as que possuem vantagens econômicas ou políticas.

Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir:

I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;

II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou

III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II

As ações preferenciais poderão ter prioridade de recebimento (se a S/A receber

um lucro, primeiro receberá quem tiver as ações preferenciais).

Outra vantagem econômica permitida pelo art. 17, §1°, inc II, é que a ação

preferencial pode receber, no mínimo, 10% mais que uma ação ordinária.

Mas por que a S/A permite essas vantagens econômicas a quem tem ações

preferenciais? Em contrapartida, a S/A quer a sua “alma”, ou seja, as ações preferenciais não

têm voto ou têm um voto limitado. Não tem emissão obrigatória.

OBS: Embora não seja obrigatório a sua emissão, a LSA cuidou de limitar o número

máximo de ações preferenciais sem voto que uma cia. pode emitir no percentual de 50%.

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Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a

seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição.

§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição

no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total

das ações emitidas.

As vantagens políticas são importantes no caso de desestatização (privatização). O

Estado tem o controle de uma S/A, tendo como acionista controlador o que tem maioria de

ações com direito de voto, nem sempre é o majoritário, e tem que efetivamente exercer o

poder.

Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o

grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:

a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a

maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a

maioria dos administradores da companhia;

As ações preferenciais com poder de veto são chamadas de “golden share”, é um

instrumento de defesa dos interesses nacionais efetivamente relevantes, possibilitando, desta

forma a retirada do Estado da atuação direta na atividade econômica.

Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir:

§ 7o Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação preferencial

de classe especial, de propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto

social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o poder de veto às

deliberações da assembléia-geral nas matérias que especificar.

3) Ações de gozo e fruição

Ela ação está ligada com a palavra “amortização”, que significa antecipação de

pagamento/liquidação antecipada. Assim, não tem relação com a palavra usufruto.

As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição,

com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a amortização;

em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as ações amortizadas só concorrerão

ao acervo líquido depois de assegurado às ações não a amortizadas valor igual ao da

amortização, corrigido monetariamente.

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Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária pode autorizar a aplicação

de lucros ou reservas no resgate ou na amortização de ações, determinando as

condições e o modo de proceder-se à operação.

§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de

fruição, com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que

deliberar a amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as

ações amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações

não a amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente.

4.2. Direitos essenciais do acionista (5)

Nenhum Estatuto Social nem mesmo a Assembléia Geral podem privar o acionista

desses direitos.

1) Participação nos lucros.

2) Participação no acervo da cia. em caso de liquidação.

3) Direito de fiscalização.

4) Direito de retirada (possibilidade do acionista sair da S/A).

5) Direito de preferência na subscrição de novas ações, debêntures

conversíveis em ações, partes beneficiárias conversíveis em ações e bônus

de subscrição.

Questão de Provas: o direito de voto não é essencial, tanto é que a ação

preferencial não tem voto.

4.3. Acordo de acionistas: art. 118, LSA.

É possível acordos entre acionistas, sobre a compra e venda de suas ações,

preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser

observados pela companhia quando arquivados na sua sede.

O acionista pode ser tanto pessoa física quanto jurídica. Quando são pessoas físicas

que compõem a S/A é bom, para que exista uma estabilidade nesta relação, que se faça um

CONTRATO PARASOCIAL, que é um acordo entre os acionistas que deverá ser arquivado na

S/A.

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5. Debêntures

Definição: são títulos representativos de um contrato de mútuo, em que a

companhia é mutuária e o debenturista é o mutuante.

Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares

direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se

houver, do certificado

Se uma S/A está precisando de dinheiro, ela tem duas alternativas: ou faz um

empréstimo bancário e neste caso quem define os juros e o prazo de pagamento é o banco; ou

pode, já que muitas vezes o empréstimo pode ser ruim para a sociedade, emitir debêntures.

Ex.: uma S/A emite 2 milhões de debêntures a R$ 1,00 cada, visando receber 2

milhões de reais de volta. A S/A coloca estipula que em 8 anos ela fará o reembolso, com

correção e juros, igualmente definidos na própria debênture podendo colocar até mais algum

atrativo para atrair o debenturista.

Então, a debênture é uma “espécie de empréstimo”, só que aqui é a própria

sociedade que determina a correção e juros. E este título é muito útil em diversas situações,

pois é um título que pode se valorizar no mercado ou mesmo utilizar como garantia para

algum outro negócio.

Pelo art. 585, inc. I do CPC é um título executivo extrajudicial. Assim, o

debenturista tem um direito de crédito contra a companhia.

OBS: Debênture poderá ser conversível em ação, mas não é sempre. Aliás, na

maioria das vezes não é conversível em ação.

OBS: O reembolso é a médio ou longo prazo.

6. Comercial paper (nota promissória da S/A)

Tem o mesmo mecanismo e a mesma finalidade da debênture. No entanto, no

comercial paper Instrução Normativa da CVM nº 134 diz que o reembolso será: se for uma cia.

aberta esse reembolso tem que ser de 30 a 360 dias, e se for de uma cia. fechada tem que ser

de 30 a 180 dias, ou seja, sempre a curto prazo.

OBS: O reembolso é a curto prazo.

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7. Bônus de subscrição

Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital

autorizado no estatuto (artigo 168), títulos negociáveis denominados "Bônus de

Subscrição".

Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas

condições constantes do certificado, direito de subscrever ações do capital social,

que será exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do

preço de emissão das ações.

Então, resumindo, o bônus de subscrição é o título que confere direito de

preferência.

Quando a S/A percebe que no mercado de ações há muita procura por suas ações,

mas não tem muita oferta, ela pode emitir bônus de subscrição, para que, quando a sociedade

emitir novas ações, quem tiver os bônus poderão adquirir essas novas ações

preferencialmente. E se você estiver interessado na compra, quando forem emitidas as novas

ações, você não recebe nada de volta, pois pagou pela preferência, bem como não receberá de

volta se disser que não está mais interessado.

OBS: Quem tem bônus prefere inclusive ao acionista sem bônus, mesmo que o

possuidor do bônus não seja acionista.

8. Partes beneficiárias

Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor

nominal e estranhos ao capital social, denominados "partes beneficiárias".

§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito

eventual contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais (artigo

190).

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São títulos negociáveis sem valor nominal e estranhos ao capital social, que

conferirão aos seus titulares direito de crédito eventual contra a companhia, consistente na

participação nos lucros anuais por um determinado tempo.

O titular de uma parte beneficiária participará dos lucros por um certo tempo,

sendo que ele só recebe algo se a sociedade tiver lucro(+).

OBS: Diferença de uma ação para uma parte beneficiária: as ações são frações do

capital social, enquanto a parte beneficiária é estranha ao capital social.

OBS: Assim, participa dos lucros, mas não é acionista (não tem direito de voto, não

tem direito de retirada).

OBS: É vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias.

OBS: prazo máximo de participação é de 10 anos.

9. Órgãos de uma S/A (antes de cristo, depois de cristo)

9.1. Assembléia Geral

É o órgão deliberativo máximo da S/A. Sendo que poderá ocorrer de forma

Ordinária ou Extraordinária.

9.1.1. Assembléia Geral Ordinária

Sua competência privativa:

1) Destinação dos lucros;

2) Eleição de Administradores e membros do Conselho Fiscal;

3) Tomar as contas dos administradores;

4) Aprovação da correção da expressão monetária do capital social.

9.1.2. Assembléia Geral Extraordinária (fim específico)

1) Todo e qualquer assunto que não seja da competência privativa da A.G.O.

Ex: Alteração do objeto social, destituição de administradores.

9.2. Conselho de Administração

Este é o único, entre todos os órgãos da S/A, que via de regra é facultativo. No

entanto, como existe a exceção a esta regra.

OBS: Conselho de Administração será obrigatório apenas em três casos:

a) Quando for uma cia. aberta (art. 138, §2°);

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b) Quando for uma sociedade de economia mista (art. 238);

c) Quando for uma sociedade de capital autorizado (art. 138).

O art. 168 explica que a sociedade de capital autorizado é aquela que tem previsão

no Estatuto de que a S/A pode aumentar seu capital sem precisar de alteração no próprio

Estatuto.

Composição do Conselho: no mínimo 03 membros, e todos devem ser acionistas e

pessoas físicas = PF.

OBS: a cia. aberta pode ser composta por dois acionistas? Não, pois a cia. aberta

tem que ter Conselho de Administração que deve ter ma composição mínima de três

acionistas.

9.3. Diretoria (órgão de administração)

Composição: mínimo de dois membros, acionistas ou não, porém residentes no

país.

OBS: Quem elege a Diretoria via de regra é o Conselho de Administração. No

entanto, quando não tem Conselho será a A.G.O.

9.4. Conselho Fiscal

Composição: mínimo de 03 e máximo de 05, com igual número de suplentes,

acionistas ou não, porém residentes no país.

OBS: a cia. terá um Conselho Fiscal, e o Estatuto disporá sobre seu funcionamento,

de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas.

Art. 161. A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu

funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado

a pedido de acionistas.

OBS: o Conselho Fiscal é órgão de existência obrigatória. Além disso, ele pode ser

permanente ou ficar desativado e ser ativado quando os acionistas quiserem.

Questão de Prova: O Conselho Fiscal é órgão de existência obrigatória, mas de

funcionamento facultativo!

Questão de Prova: Os órgãos de administração da S/A são o Conselho de

Administração e a Diretoria; ou apenas Diretoria, quando o Conselho não for obrigatório.

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REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA

1. Transformação

É a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e

liquidação, de um tipo societário para outro.

Ex.: era uma sociedade limitada que passou a ser uma S/A.

OBS: Não ocorre extinção da pessoa jurídica pois só mudou o tipo societário.

2. Fusão

Ocorre quando duas ou mais sociedades se unem, dando origem a uma nova, que

lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.

Ex.: A e B se unem dando origem a uma C (Antártica e Brahma se unem dando

origem à Ambev).

OBS: Ocorre a extinção de A e B.

3. Incorporação

É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes

sucede em todos os direitos e obrigações.

Ex.: A e B, sendo “A” a incorporadora e “B” a incorporada. B será absorvida, sendo

extinta por isso mesmo, enquanto A é preservada, apenas acrescentando B a ela.

OBS: Ocorre a extinção da soc. incorporadora.

4. Cisão

É a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma

ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia

cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a

versão.

Ex: cisão parcial: A vende parcela de seu patrimônio para B, mas não o todo, não

havendo a extinção da sociedade cindida.

Ex: cisão total: A vende parcela de seu patrimônio para B e a outra parcela

restante para C. Neste caso, como houve a versão total de seu patrimônio, a sociedade A

(cindida) será extinta.

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Motivação e sacrifício

"É impossível avaliar a força que possuímos sem medir o tamanho do obstáculo que

podemos vencer, nem o valor de uma ação sem sabermos o

sacrifício que ela comporta." (H. W. Beecher)

OBS: Só ocorre a extinção da soc. na cisão total.

LIGAÇÕES SOCIETÁRIAS

Também chamada de sociedades coligadas prevista no art. 1.097 e seguintes,

CC/02.

Ainda, das coligações teremos a sociedade filiada (art. 1.099), Sociedade de simples

participação (art. 1.100), Sociedade controladora/controlada (art. 1.098)

SOCIEDADES COLIGADAS

Filiada (art. 1.099)

Simples participação (art. 1.100)

Sociedade controladora (art. 1.098)

Ocorre quando uma

sociedade participa do

capital social da outra com

10% ou mais, sem controle.

Ocorre quando uma

sociedade participa do

capital social da outra com

menos de 10%, mas com

voto.

Quando possui a maioria de

votos da outra sociedade e

precisa do poder de eleger a

maioria dos

administradores da outra

sociedade.

(Filho) (Mulher) (Sogra)

Bom estudo!!!

Prof. Cristiano de Souza

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Principais características dos Órgãos da LTDA ASSEMBLÉIA dos

COTISTA CONSELHO ADM DIRETORIA CONSELHO FISCAL

Reunião de quotistas, destinada a resolver todos os negócios de interesse da sociedade. É órgão máximo de deliberação, podendo o contrato conferir ao conselho de administração poder originário da assembléia. Possui existência obrigatória em todas as sociedades limitadas com número de sócios superior a dez (até dez, as decisões podem ser tomadas em reunião de sócios). Acontece nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, podendo ser convocada em outra época qualquer. Suas atribuições estão discriminadas no art. 1.071 do CC/02: • designar, quando em ato separado, destituir e aprovar as contas dos administradores e membros do conselho fiscal;

modificar o contrato social; autorizar o pedido de

concordata (Rec. Jud.); autorizar a incorporação,

fusão e dissolução, ou cessação da liquidação. Deve obedecer ao seguinte quórum: para instalação - 3/4 do capital social em primeira convocação e qualquer número em segunda; para deliberação: • 100% do capital social para indicar administrador não-sócio (quando o capital não estiver todo integralizado), ou dissolução antes do prazo determinado; • 3/4 para alterar o contrato social, incorporação e fusão, cessação da liquidação e dissolução da sociedade por prazo indeterminado; • 2/3 para designação de administrador não-sócio, no caso de o capital já se encontrar totalmente realizado e destituição de administrador sócio, que tenha sido nomeado no contrato social; • maioria absoluta para designação de administrador sócio, quando feita em ato

Colegiado de caráter deliberativo, com existência facultativa, raramente encontrado numa limitada. Suas atribuições geralmente são originárias da assembléia, porém, a fim de trazer agilidade às decisões, são transferidas ao conselho, com permissão do próprio contrato. Suas decisões não têm força de obrigar a sociedade para com terceiros. Compõe-se de três membros, todos sócios, residentes ou não no Brasil, eleitos e destituíveis pela assembléia.

Órgão de representação da limitada, com existência obrigatória, responsável por executar seu objeto. Seus atos obrigam a sociedade tanto interna como externamente. Compõe-se de sócios ou não, todos residentes no país, eleitos e destituíveis pela assembléia.

Órgão de fiscalização dos negócios da sociedade, cuja existência é facultativa. Possui atribuições para opinar a respeito dos relatórios anuais dos administradores, fiscalizando seus atos e denunciando irregularidades, além de prestar parecer nas demonstrações financeiras, dentre outras. Compõe-se de um mínimo de três membros, com suplentes em igual número. São eleitos pela assembléia, dentre sócios ou não, mas residentes no país. Não se permite participarem membros de órgão de administração e empregados da pessoa jurídica, além de parentes até terceiro grau dos administradores.

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separado, autorização de concordata, fixação da remuneração dos administradores, expulsão de sócio por justa causa e destituição de administrador, sócio ou não, que não tenha sido nomeado pelo contrato social; • maioria simples para aprovação das contas dos adm1nistradores, e demais assuntos que não exijam quórum qualificado.

Principais características dos Órgãos da Cia. ASSEMBLÉIA GERAL CONSELHO ADM DIRETORIA CONSELHO FISCAL

Reunião de acionistas da companhia. É órgão máximo de deliberação, podendo o estatuto conferir ao conselho de administração poder pertencente à AG, menos os descritos no art. 122, por serem de sua competência privativa, tais como: reforma do estatuto, eleição no conselho fiscal, emissão de debêntures etc. Pode ser: ordinária - acontece sempre nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, para tratar de assuntos rotineiros descritos no art. 132, como tomar contas dos administradores, votar as demonstrações financeiras, deliberar sobre destinação do lucro, eleição dos administradores e membros do conselho fiscal; extraordinária - realizada em qualquer época para tratar de temas não-rotineiros, como reforma do estatuto, emissão de debêntures e partes beneficiárias, mudança de objeto, transformação, autorização aos administradores a confessar falência ou pedir concordata etc

o quórum obedece às seguintes regras:

para instalação - em

Colegiado de deliberação, com existência facultativa, salvo nas sociedades anônimas de capital aberto, de capital autorizado e nas de economia mista. Suas atribuições estão no art. 142 da Lei das S.A. Geralmente, são originárias da assembléia geral, porém, a fim de trazer agilidade às decisões, são transferidas ao conselho, com permissão do próprio estatuto, senão, vejamos: deliberar sobre a emissão de ações e bônus de subscrição (exigível autorização estatutária), orientação geral dos negócios, eleição e destituição dos diretores, além de auditores independentes, se houver. Suas decisões não obrigam a companhia para com terceiros. Compõe-se de três membros, todos sócios, residentes ou não no Brasil, eleitos e destituíveis pela assembléia geral.

Órgão de representação da companhia, obrigatório em todas as sociedades anônimas, responsável pela execução de seu objeto. Seus atos obrigam a companhia, tanto interna como externamente. Compõe-se de, pelo menos, dois membros, acionistas ou não, residentes no país, eleitos e destituíveis pelo conselho de administração ou pela assembléia geral. O mandato é de três anos, permitida a reeleição.

Órgão de fiscalização dos negócios da companhia, obrigatório em todas as sociedades anônimas, mas de funcionamento permanente facultativo, salvo nas de economia mista. Sua função é opinar a respeito dos relatórios anuais dos administradores, fiscalizando seus atos e denunciando incorreções, além de prestar parecer nas demonstrações financeiras. Compõe-se de três a cinco membros, com suplentes em igual número. São eleitos em assembléia geral, dentre acionistas ou não, mas residentes no país. Não podem participar do conselho membros de órgão de administração, empregados da companhia ou parentes até terceiro grau dos administradores.

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primeira -convocação, 1/4 do capital social com direito a voto. Em segunda, vale qualquer número. Para reforma do estatuto, são 2/3 do capital social votante, e qualquer número em segunda; para deliberação - a regra é a maioria dos acionistas com poder de voto presentes à reunião. Excetuam-se as hipóteses do art. 136, passando à metade do capital social com direito a voto (em ambos se respeita a participação de cada sócio no capital social). Unanimidade é para a aprovação de transformação, salvo se houver no estatuto.